231
Livros, literatura & história PASSAGENS BRASIL - FRANÇA SANDRA REIMÃO | MICHEL RIAUDEL organizadores ESCRITÓRIO DO LIVRO

Livros, literatura história PASSAGENS BRASIL FRANÇAcensuraalivroseditadura.org/papers/livros-literatura-e-historia... · A Imprensa Régia deteve o monopólio do direito à impressão

Embed Size (px)

Citation preview

  • Livros, literatura & histria

    PASSAGENS BRASIL - FRANA

    SANDRA REIMO | MICHEL RIAUDEL organizadores

    ESCRITRIO DO LIVRO

  • Livros, literatura & histria

    PASSAGENS BRASIL - FRANA

    SANDRA REIMO | MICHEL RIAUDEL organizadores

    ESCRITRIO DO LIVRO

  • SandraReimo,MichelRiaudeleautores.

    Preparao:

    ThoBonin

    Normatizaoereviso:

    BiancaMelynaFilgueira

    Projetogrficoeeditorao:

    EscritriodoLivro

    Imagemdecapa:

    TorredeBabel,PieterBrueghel,c.1563(detalhe)

    Vinhetas:

    DetalhesdeesboosdeVanGoghparaBarquesdepcheauxSaintesMaries(1888).

    DadosdaCatalogaoAnglo-AmericanCataloguingRulesaacr2

    MarceloDiniz-Bibliotecrio-crb2/1533

    L784

    Livros,literaturaehistria:passagensBrasil-Frana./Organizadores,SandraReimoe

    MichelRiaudel;Colaboradores,FelipeQuintino[etal].

    Florianpolis:Escritrio

    doLivro,2017.

    230p.;il.

    Coletneadeartigos

    isbn-13:978-85-94157-00-3(livroeletrnico)

    1.Literatura-BrasilFrana.2.Histria-CulturaBrasileFrana.3.Histriada

    literatura francesa e brasileira - Cultura. 4. Estudos literrios comparados. i. Reimo,

    Sandra.ii.Riaudel,Michel.iii.Quintino,Felipe.iv.PassagensBrasil-Frana

    cdu82.091(81+44)

    cdu B869

    840.9

    EscritriodoLivro

    DorothedeBruchard,editora

    www.escritoriodolivro.com.br

  • Sumrio

    Notaprvia 7

    Teriahavidoumboomlatino-americano? 11

    MichelRiaudel

    ZuenirVentura,histriaeculturanaFrananadcada

    49

    de1960:jornalismo,relaesdeamizadeevivnciasna

    CasadoBrasil

    FelipeQuintino

    ApublicaodeGuimaresRosanaFranadosanos1960 79

    MrciaValriaM.deAguiar

    DaTireusedecartesCartomancienne,obruxodoRio 103

    retraduzidonaFrana

    milieAudigier

    Anlisedopapelehistriadolivronosculoxx: 115

    consideraes apartirdocasodaEditoraBrasiliense

    noBrasildofinaldaIIGuerraMundial

    PauloTeixeiraIumatti

  • Coetzee,leitordeBarthes

    AdrianoSchwartz

    151

    Cndido,ouootimistamultimiditico:daliteratura

    francesaaocinemaetelevisobrasileiros

    163

    MariaCristinaPalmaMungioli

    DanielaJakubaszko

    AndersonLopesdaSilva

    Frana,1971;Brasil,2013:duasediesdolivro

    Paudeararaeamemriadarepresso

    SandraReimo

    FlamarionMaus

    JooEliasNery

    195

    Organizadores/Autores 228

  • Notaprvia

    Aimprensanobrasilcomeoumuitotardiamente.At1808,no

    Brasil,colniadePortugal,eramproibidaspelametrpoleaexis

    tncia de oficinas tipogrficas e a produo de qualquer tipo de

    impresso.Em1808,atransfernciadaFamliaRealPortuguesade

    Lisboa para o Rio de Janeiro propiciou a instalao da Impressa

    Rgia,e,comela,houveoinciodaproduodelivrosnoBrasil.

    AImprensaRgiadeteveomonopliododireitoimpressono

    pasat1821.

    Apartirde1821,comofimdomonopliorealparaimpres

    soeumanovalegislaoabolindoacensuraprvia,comeama

    chegaraoBrasilestrangeirosqueiniciamaindstriaeditorialno

    pas. Entre os franceses, destaquemos Pierre Franois Plancher,

    quechegouem1922eeditoualgunsperidicos,pequenasnovelas

    e o Almanach Plancher; Eduardo Laemmert, que veio, em 1827,

    paradirigirafilialbrasileiradaeditorafrancesaBoussageeAillau

    ne,edepoisfundouaLivrariaUniversaleaLaemmerteditora;e

    BaptisteLouisGarnier,quechegounoRiodeJaneiroem1944para

    abrirumafilialdaLivrariaGarniereacabouexpandindoseusne

    gcios, atuando tambm em edio. Por esses exemplos, v-se

    como os editores franceses estiveram presentes na vida editorial

    brasileiradesdeseusprimrdios.

  • 8

    Osestudosreunidosnestelivroenfocaminter-relaescultu

    rais entre Brasil e Frana no mbito da edio e da cultura im

    pressaduranteosculoxx.

    AbordandoatraduodaliteraturabrasileiranaFrana,Mi

    chelRiaudelanalisacomonasdcadasde1950a1970houveuma

    explosoeditorialemtornodaliteraturalatino-americana,desta

    cadamente aquela vinculada ao realismo fantstico, e como esse

    boomdeixoude ladoa literaturabrasileiranaquelemomento.O

    instigante ttulo do artigo : Teria havido um boom latino-

    americano?

    Foi na Frana que Zuenir Ventura buscou formar-se como

    jornalista.OartigodeFelipeQuintino,ZuenirVentura,histria

    e cultura na Frana na dcada de 1960: jornalismo, relaes de

    amizadeevivnciasnaCasadoBrasilreconstituiopercursode

    Zuenir Ventura na dcada de 1960, momento em que a Frana

    passaporprofundastransformaes.Ganhadordeumabolsado

    governo francs, o jornalista estudou por um ano no Centre de

    formationdesjournalistes,emParis.

    Os artigos Da Tireuse de cartes Cartomancienne, o

    bruxodoRioretraduzidonaFranaeApublicaodeGuima

    res Rosa na Frana dos anos 1960, respectivamente de milie

    AudigiereMrciaValriaM.deAguiar,debruam-sesobreques

    tesrelacionadasatradueseediesfrancesasdeobrasdedois

    autoresclssicosdaliteraturabrasileira,MachadodeAssiseGui

    mares Rosa, e vinculam essas questes com os diferentes mo

    mentos histricos das publicaes: incio da I Guerra Mundial

    (1914),IIGuerraMundial(1939-1945)einciodosanos1960.

    Paulo Teixeira Iumatti, em Anlise do papel e histria do

    livronosculoxx:consideraesapartirdocasodaEditoraBra

  • 9

    siliense no Brasil do final da II Guerra Mundial, observa como

    informaes laboratoriais das propriedades do papel podem ser

    utilizadasporhistoriadoresdo livrocontemporneodequalquer

    continentecomodadoscomplementaressobservaessociocul

    turaiseeconmicas.

    NoartigoCoetzee,leitordeBarthes,opesquisadorAdriano

    Schwartz aborda o escritor sul-africano J. M. Coetzee, vencedor

    doPrmioNobeldeLiteraturaem2003,cujaobratraduzidano

    Brasilhmuitosanos,tendosido,inclusive,comorarocomau

    toresestrangeirosentrens,objetodeumvolumedeensaiosde

    dicadosaele,comtextosdevriospesquisadoreslocais.Adria

    noSchwartzabordaespecificamenteumromancedoautor,Di

    riodeumanoruim,edemonstracomoessetextopossuiuminespe

    radovnculocomaobradopensadorRolandBarthes.

    Duasreleiturasbrasileirasparaocinemaeatelevisodaobra

    Cndido,ouoOtimismo,dofilsofoeescritorfrancsVoltaire,so

    enfocadas no artigo: Cndido, ou o otimista multimiditico: da

    literaturafrancesaaocinemaetelevisobrasileiros,deautoria

    deMariaCristinaPalmaMungiolieequipe.Asreleiturasanalisa

    das so o filme Candinho (VeraCruz,1954), do diretor, produtor e

    ator Amcio Mazzaropi (1912-1981), e a telenovela ta mundo

    bom! (Globo,2016).

    Oltimoartigodacoletnea,Frana,1971;Brasil,2013:duas

    ediesdo livroPaudearara e amemriada represso, foi es

    crito a seis mos por Sandra Reimo, Flamarion Maus e Joo

    EliasNery.OestudoenfocaolivroPaudearara:laviolencemili

    taireauBrsil,publicadoemfrancspelaeditoraFranoisMaspero

    em1971,equesveioaserlanadonoBrasil,emportugus,em

    2013, mais de quarenta anos depois da edio francesa. O artigo

  • 10

    abordaatrajetriadosautoreseaorigemdomaterialpublicado,

    inserindo esta obra no conjunto das denncias contra a tortura

    executadaporagentesdoregimeditatorialbrasileiro.

    Osestudosaquireunidosanalisam,pordiferentesperspecti

    vas,casosdecorrelaesdeculturaimpressaentreBrasileFrana

    nosculoxxcorrelaesestasqueseinserememumalongeva

    histriadepermutasepassagens,naqualhmuitoscaptulosain

    daaseremescritos.

    Osorganizadores

  • Teriahavidoumboomlatino-americano?

    MichelRiaudel

    A expresso boom latino-americano esconde o desnvel

    considervel existente entre a recepo, na Frana, de uma nova

    geraodeescritoreshispano-americanosnosanos60,eoconco

    mitante refluxo da literatura brasileira. Por razes conjunturais e

    estruturais,aediofrancesaeraentomaisvoltadaparaquestes

    sociaisepolticas.Anica revelaodoperodo, JooGuimares

    Rosa, do qual foram publicados quatro ttulos naquela dcada,

    tambmahistriadeumdesencontro,precipitadopelamortedo

    autorem1967.Serianecessrio,defato,esperarosanos80paraum

    realreconhecimentodocampoliterrio,que,aindahoje,frgil.

    Digamosdesdejoquantoabusivaeenganosaaexpresso

    boomlatino-americano,anoserquenoseconsidereoBrasil

    como um componente da Amrica Latina. O exame do fluxo de

    tradues revela, com efeito, fortes disparidades entre um pas e

    outro do subcontinente e, sobretudo, um ntido descompasso de

    recepoentreomundoherdadodadominaohispnicaeaquele

    originadodacolonizaoportuguesa.Severdadequealiteratura

    brasileirasebeneficioudaprimeiraondalatino-americanadops

  • 12

    guerra,elapermaneceualijada,noentanto,dagrandeviradarepre

    sentadapeloboomdosanos601.

    Aexpressoboomlatino-americano,noqueabsolutizauma

    unidadegeoliterriabastanterelativa,perpetuaumailusocredita

    da notadamente pela trajetria francesa da inveno da Amrica

    latina, construo que se viu reinvestida no ps-guerra, em um

    momentoemquearegioocupavaumlugarprivilegiadonocru

    zamentodaspolaridadesLeste-OesteeNorte-Sul.Sobreelarepou

    savam ento parte das esperanas revolucionrias dos socialistas

    maisoumenosortodoxoseumaalternativahegemoniaestaduni

    densenoOcidente.Espaodeumadescolonizaopercebidacomo

    inacabada,cadanarbitadadoutrinaMonroeapster-seemanci

    pado das tutelas europeias, mas tambm terra herdeira de uma

    longahistriadeutopias,aregioinspiravaaosintelectuais,majo

    ritariamenteprogressistas,sonhosdeumdesenvolvimentosoci

    almenteequilibrado,menospredatrio dohumano queasprece

    dentesrevoluesindustriais,eumapossvelreconciliaoentreas

    tradies,oprimitivoeamodernidade;aparecia,almdisso,como

    suscetveldereforara ligadosnoalinhados,emumtempoem

    que o modelo sovitico j havia, para muitos, mostrado os seus

    limites.

    UmolharmacroscpicosobreaspublicaesvindasdoBrasil

    aolongodessasdcadaspermiteconfirmaresseinteresseregional

    provisoriamente homogneo por parte dos franceses, logo altera

    do,porm,porumdiferencialconsidervelentreosautoresbrasi

    leiros e seus vizinhos. Rigorosamente, deveramos ento falar de

    boom hispano-americano. Contudo, mais do que tentar corrigir

    umaverdadeapressadamenteformulada(queaindatem,decer

    to, muito tempo pela frente e saber sobreviver aos fatos, menos

  • 13

    teimosos que as ideias feitas), parece-nos til transformar esse

    equvoco em uma alavanca para a compreenso dos respectivos

    mecanismos derecepooperantes,retraandoachegadadalitera

    turabrasileiranaFrananoperodoquevaidosanos40aos802.

    Seaproduodoperodo1940-1945evidentementemuito

    fraca(seisobrasdeautoresbrasileiroslanadasemfrancsemseis

    anos), os anos 1946-1960 veem decolar as publicaes: perto de

    quatrotraduesporano3,sendomaisdedoisterosassociados

    literatura. A mar continuaria subindo nas dcadas seguintes:

    maisdecincottulosanuaisnosanos60,pertodedozenopero

    do 1971-1980, quase vinte entre 1981 e 1990. Mas essa expanso

    nocontemplaaproduoliterria,quepassaaosegundoplano:

    jno representariamaisqueum terodos livrospublicadosna

    Frananosanos1961-1970enoaumentariasubstancialmentena

    dcadaseguinte.Seriaprecisoesperarosanos80paraquealitera

    turabrasileiravoltasseaocuparafrentedacena,comquasedois

    terosdoslanamentos,comonops-guerra.Emoutraspalavras,

    assistimosconcomitantemente,nosanos60,aoapogeudoboom

    hispano-americanoeaorefluxorelativodaliteraturabrasileirano

    mercado francs.Uma evoluo em sentidos contrrios que uma

    anlisedetalhadavaipermitirafinaretentarcompreender.

    Em perodo de guerra, as condies editoriais e das circulaes

    literriassofatalmentemuitoatpicas.Entre1940e1945,contam-

    seseisttulostraduzidosdoportugusdoBrasiltrsdosquais,

    de maneira pouco surpreendente, envolvem discusses geoestra

    tgicas ou de direito internacional. Graa Aranha, introduzido

    nos meios diplomticos franceses no incio do sculo, prefacia

  • 14

    umacoletneade textosdopensadore estadista JoaquimNabu

    co4.PublicadapeloInstitutoInternacionaldeCooperaoIntelec

    tual,antecessordaUnescosediadoemParis,essaantologia, sem

    correspondentenoBrasil5,resultamanifestamentedeumavonta

    de poltica, transmitindo um sinal pr-aliados em um momento

    emqueoEstadoNovodeGetlioVargasaindanoescolheraofi

    cialmente o seu lado. O Trait de droit international public de

    Hildebrando Acioli transcreve trs volumes publicados poucos

    anosantespelaoficialssimaImprensaNacional6.Em1943,lan

    adoquasesimultaneamenteemportuguseemfrancsoTrait

    de dlimitation de la frontire Nord du Brsil, de Brs Dias de

    Aguiar7.Essabrochuradecercadesessentapginastalvezvisasse

    asnegociaesdops-guerrasobreanovarepartiodomundo,

    mas no aborda a fronteira franco-brasileira, cujo traado fora

    decididoem1900,apsaarbitragemsuaencerrarumsculode

    litgios. Em 1943-1944, algumas iniciativas atestam um esforo

    recprocodeestreitaroslaosculturaisentrefrancesesebrasilei

    ros:deumlado,oopsculodeCludiodeSousasobreumdrama

    turgo emblemtico do esprito de independncia francs, Beau

    marchais8. De outro, Charles Ofaire, um francs prximo dos

    meiosdaresistnciagaullista,fundanoRiodeJaneiroumaedito

    ra,aAtlntica,queeditaGeorgesBernanosepublicadoisclssi

    cosdoromancebrasileirodosculoxix:Mmoiresdunsergentde

    la milice9, traduzido pelo erudito hngaro refugiado no Brasil,

    PauloRnai;eMmoiresdoutretombedeBrsCubas,docanni

    coMachadodeAssis,emumaretraduodogeneralChadebecde

    Lavalade10.Semsurpresas,atrocasedentoprincipalmenteem

    sentidonico,doBrasilparaaFrana,efortementecondiciona

    dapelopanodefundogeopoltico.

  • 15

    Esse quadro vai mudar completamente no perodo 1946

    1960.Emumlapsodetempodecertotrsvezesmaior,ovolume

    decirculaesBrasil-Frana irdecuplicar,comcinquentaesete

    ttulosemvezdosseisdafaseprecedente.Ouseja,umatriplica

    o do ritmo anual das tradues. Mas vai sobretudo se tornar

    muitomaissignificativodointeressefrancs.

    Como vimos, dois teros das obras pertencem literatura.

    Nove so coletneas de poemas. Apesar do que escreveu Benja

    minPret11contraoengajamentodeseusparesjuntoresistn

    cia francesa, a poesia, instrumento pico-lrico de mobilizao e

    consolo,eraentoumgneroparaograndepblico.Otrabalho

    editorial de Pierre Seghers, ele prprio antigo resistente, mostra

    isso,mesmoporquesuacoleoAutourdumondeconvergecom

    apreocupaodoMinistriodasRelaesExterioresemtrabalhar

    peladifusodaculturafrancesa,oquepressupe,apartirdeen

    to,tantotraduzirquantosertraduzido.

    Seghersabreo leitor francsparaumgrandenomedomo

    dernismobrasileiro,ManuelBandeira12.PublicaMuriloMendes13.

    CasadocomMariadaSaudadeCorteso,filhadograndeintelec

    tual e historiador portugus Jaime Corteso, Murilo Mendes se

    estabelecenaItliaapartirde1957,depoisdeterpercorridoaEu

    ropa de 1953 a 1955. De seus contatos decorrem alguns retratos-

    relmpagodepoetasfrancesese,semdvida,atraduode1956.

    Trs anos antes, Seghers conhecera Vincius de Morais, recente

    mente nomeado segundo secretrio da embaixada em Paris, no

    anodapublicaodesuasCinqlgies14.Outracoletneadeseus

    poemasserialanadaem1960,novamentepelaSeghers15.

    Modernistadesegunda linha,RibeiroCoutotambmmere

    ceu, por duas vezes, a ateno dessa casa editora16. Ele j havia

  • 16

    publicado Rive trangre em 1951, na Presses du Livre franais,

    ilustradomoporelemesmo.RivetrangreeJeuxdelapprenti

    animaliernopossuemaparentementecorrespondentebrasileiro,o

    quepodeserexplicadopelaresidnciafrancesadessepoetadiplo

    mata.Almdisso,umapequenabrochuradeAdalgisaNeri,Au

    del de toi, j havia sidoadaptada pelo poeta editor a partir de

    uma traduo de Francette Rio Branco (Seghers, 1952). Paralela

    mente,AntonioDiasTavaresBastosselecionava,prefaciavaetra

    duziauma Anthologie de la posie brsilienne contemporaine17.

    Emmeioaesse fervilhar,duaspeasde teatromenores tambm

    conseguemseuespao18.

    Masessaexpanso,evidentemente,beneficiaemprimeirolu

    garoromance,umsetorqueparecedependermenosdecontatos

    eafinidadespessoaisdoqueapoesia.Contam-sealgunsclssicos

    patrimoniais: Jos de Alencar19, Alusio Azevedo20, Machado de

    Assis21, Euclides da Cunha22; e tambm vrios contemporneos.

    Osromancistasregionalistassurgidosnosanos30,sejamelesdo

    Sul, como rico Verissimo23 ou, mais ainda, do Nordeste, como

    JosLinsdoRego24eGracilianoRamos,25sobemrepresentados,

    sinaldequeprevaleceumgostopeloestranhamentotropical,uma

    buscadopitoresco.Oseditorestambmapostamnoromanceso

    cial,mesmoquedequalidademedocre26.Eaediofrancesaper

    maneceatentaprosamaisjovem,emparticularcomodiriode

    Helena Morley27 e Prs du cur sauvage, de Clarice Lispector28.

    Osdoisfenmenosmarcantesdoperodoso,contudo,acriao

    deLaCroixduSudeosucessoconsiderveldeJorgeAmado.

    Acoleo,planejadapelaGallimard29desde1945einaugura

    da em 1952, confirma algumas constataes enunciadas acima.

    Estamos ainda em um quadro de recepo latino-americana em

  • 17

    que o Brasil tratado paritariamente com o conjunto hispano

    americano30.A iniquidadedasrepresentaesnacionais,svezes

    criticadaemseudiretor,RogerCaillois,cujoenraizamentoargen

    tino conhecido,visade fatooutras reas: aAmricaCentral, a

    Colmbia,aBolvia...Soapreciadosos textosque fazemdesco

    brir sociedades distantes e, como escreve Roger Bastide, trazem

    materiaisqueseroretomadospelosocilogoaomesmotempo

    em que nos levam da floresta tropical at os pampas varridos

    peloventodaAntrtica31.Convivem,nacoleo,literaturaecin

    cias sociais. At 1970, quando se encerra sua primeira fase, so

    publicadas cerca de cinquenta obras, sendo sete brasileiras: dois

    ensaiosdeGilbertoFreyre32eumdeViannaMoog33,assimcomo

    quatro romances, dois de Graciliano Ramos34, um de Gerardo

    Mello Mouro35 e outro de Jorge Amado36. Trs escritores que

    tmemcomumaorigemnordestina,ecujoengajamentopoltico

    deumargematratamentosarbitrrioseperseguies.

    Traduzidaem193837,aobradoescritorbaianoerapublicada

    naFrana,apsaguerraeat1960,aoritmodecercadedoisli

    vrosacadatrsanos38.DemaneiraquesuapresenaemLaCroix

    duSud,toprezadaporoutrosescritores,apenasumaetapade

    suacarreira,peripciaqueeleprprionoquisprolongar.Escri

    tor popular, seno populista, temia ver-se enclausurado em um

    circuitodemasiadolocaleelitista,preferindofalarhumanidade

    atravsdoscanaisquecorrespondiamaseumilitantismodomo

    mento: Les diteurs franais runis, da galxia comunista, Les

    Tempsmodernes,Nagel...Eleitodeputadopelopcbem1945,exi

    lou-senaEuropanoinciode1948,apsainterdiodeseuparti

    doeacassaodosdeputadoscomunistas.Seuativismocolocou-

    onocentrodosmeiosintelectuaisparisienses:

  • 18

    ConvivitambmcomLouisAragon,trabalheicomele

    emtarefaspartidrias,Aragonfeztraduzirepublicar

    doislivrosmeus.SearaVermelha,antesdaedioem

    livro saiu em Lettres Franaises com xilogravuras de

    Scliar;paraodesconhecidoescritorbrasileiro,queeu

    era,umaglria.ComAragonnofuialmdaestima

    literriaedaconvivnciapartidria,pormaisdeuma

    vezesbarramosumnooutro:Aragonesuacorte,no

    nascicorteso,nasciamigo.39

    Em1949,seunovocargodesecretriodoPrmioMundialda

    Paz,financiadopelaurss,nomenosestratgico.Oescritornos

    contatambmque,em1950,Jean-PaulSartrepublicaCacaoem

    Les Temps modernes, em 1961 foi avezde Quinquin la Flotte40.

    Percebe-seoefeitomultiplicadordessasredesparaasuadifuso.

    Massucessonoreconhecimento,eaaopolticatambmter

    o seu preo: em 1950, ele expulso e permanecer proibido de

    entrarnoterritriofrancspordezesseisanos41.Amadoencontra

    refgionospasesdoLeste,particularmentenaTchecoslovquia,

    onderecebeoprmioStlinem1952,antesderompercomoseu

    engajamentopolticoemmeadosdosanos50evoltaraoBrasil.

    SeimportanteobservardepertoarecepodeJorgeAma

    do,porqueelaexemplareedificanteamaisdeumttulo.Sua

    obranoentrounaFranapeloscanaislatino-americanos,ape

    sardeeleosterfrequentado,naturalmenteequasepelaforadas

    coisas.Aeficciadasafinidadespolticasdequeelesebeneficiou

    s encontrava ento equivalente nos meios cristos. Contudo,

    contrariamenteimpressoquesepossaterdeumreinadoabso

    lutodoescritorbaianoentreos franceses,nessasegundametade

    dosculoxx,astraduesdeJorgeAmadosofreriamumainter

    rupodeumadcada,sendoretomadasapenasem1970comLes

  • 19

    Ptres de la nuit, dessa vez pela Stock42. Em outras palavras, os

    anos 60, precisamente os do boom, passam paradoxalmente em

    branco para o mais conhecido dos escritores brasileiros. A obra

    disponvel de Jorge Amado continua evidentemente a circular,

    mas ele no est mais l para promov-la. Pode-se explicar esse

    refluxomomentneoporseudesengajamentocomocomunismo,

    oupelainflexoemsuacriao,menospanfletriaemaispitores

    caapartirdeGabriela,cravoecanela.Oupode-seobservarqueo

    boomdizrespeitoaumanovageraodeescritoresenoaosno

    mesjreconhecidos.

    No tocante s letras brasileiras, para alm do caso Jorge

    Amado,adcadamarcaainversodoscentrosdeinteresse:avi

    trineliterriadops-guerracedelugaraodocumento.Aquiloque

    estavaantes emsegundoplanonaproduo,embora jbastante

    presentecomosclssicosdeGilbertoFreyre,mastambmcomos

    dogegrafoJosudeCastro43,livrossobreaquestotnicaemi

    gratria44, a f nas comunidades camponesas45, as relaes inter

    nacionais46ouosdebatespolticos47,passamaocuparafrenteda

    cena editorial francesa nos anos 60. Ao lado de curiosidades48,

    algumasdecarterinstitucional49,esseslivrosindicavamostemas

    que iriam crescer em importncia na dcada seguinte, que seria

    tantomaispolticapelofatodehavernaFranaumamobiliza

    o contra o Golpe de Estado de 1964 e a subsequente ditadura

    militar.

    No que os anos 60 tenham virado as costas aos assuntos

    brasileiros:contam-secercadequarentatradues,dasquaisape

    nasumquarto,porm,envolvealiteratura strictosensu.Seghers

    reduzoritmodeseutrabalhodesbravadorcomumanovacolet

    nea consagrada a Manuel Bandeira50 e uma antologia de Ceclia

  • 20

    Meireles51.AFranapermanecehermticasaudciasdomoder

    nismo, Mrio de Andrade, Oswald de Andrade, Drummond...,

    preferindo o lirismo, de qualidade, porm mais convencional.

    EntreBandeiraeCecliaMeirelesvemesgueirar-seumareedio

    panormica de La Posie brsilienne contemporaine 52. O editor

    abre-secrnicasutildeRubemBraga53,masignoraadensidade

    construtivistade seuamigo Joo CabraldeMeloNeto,dequem

    aindahojeesperamosumacoletneaindividual.Epublicaomusi

    clogoVascoMariz,especialistaemVilla-Lobos54.

    A Michel Simon, tradutor habitual de Seghers, que deve

    mosapublicaodoromancenaturalistadeAlusioAzevedo,Le

    Multre,traduzidoporPierre-ManoelGahisto55.Acrescentemosa

    esse clssico j antigo uma novidade romanesca, La Barque des

    hommes, do romancista mineiro Autran Dourado56. Tradicional

    mente voltada para a literatura estrangeira, a Stock publica seu

    primeiro ttulobrasileiroem1962,oqual, sintomaticamente,o

    comoventedepoimentodeumamoradoradefavela,CarolinaMa

    riade Jesus57.Diriodeumamulherquevivedacatado lixona

    periferia norte de So Paulo, o livro tornou-se emblemtico da

    literatura dos excludos. O editor reincide dois anos mais tarde

    com Ma vraie maison58. Mesma autora, mesma tradutora59, a

    quem j devamos a verso francesa de trs romances de Jorge

    Amadonosanos1950,edoisttulosdaCroixduSud.Gallimarda

    incumbiriadosegundoromancedeClariceLispectoraserpubli

    cadonaFrana,LeBtisseurderuines 60.

    A grande aposta editorial da dcada ainda , contudo, Joo

    Guimares Rosa, que tem quatro livros publicados. Seu conto

    LheureetlachancedAugustoMatragahaviafigurado,em1958,

    emumaantologia latino-americana61.Seu tradutor,omesmodo

  • 21

    ContinentdeVerissimoedoprimeiroromancedeAutranDourado

    a cruzar o Atlntico, assina as trs coletneas de contos da di

    tions du Seuil62, e o romance, cujos direitos haviam sido previa

    menteadquiridospelaAlbinMichel63.Provadequeosprofissio

    naisexperientesestoespreita.Emjaneirode1965,ocrticoAn

    tonio Candido escreve um bilhete ao romancista, quando se en

    contramambosemGnovaparaocongressoTerceiromundoe

    comunidademundial,promovidopeloColumbianum:

    MeucaroEmbaixador,

    OntemconversandocomocrticouruguaioMonegal,

    ouvidelequeconsideravocomaiorescritorempro

    sadaAmricaLatina.Acheipouco.Mais tarde,con

    versandocomoUngaretti,disse-meelequeoCaillois

    consideravocomaiorescritoremprosadomundo,

    nestemomento.Comov,averdadeprogride.Maseu

    lhepeolembrarqueoprimeiroadiz-lofoiesteseu

    criado64

    Comoexplicarqueessaspublicaesnosetenhamconver

    tido em um reconhecimento pblico e durvel? De fato, temos

    queadmitirqueCortzar,VargasLlosa,Fuentes,Onetti,Sbato,

    Garca Marquez, citados assim ao acaso, so, em graus diversos,

    nomesbemmaisevocadoresparaoleitorfrancs.Asexplicaes

    nopodemsersimplesnemunvocas.Oprimeirofeixedehipte

    sesdiz respeitodiferena lingustica.Tantoemmatriade tra

    dutores quanto de recursos universitrios, a comunidade hispa

    nistaincomparavelmentemaisbemrepresentadanaFranaque

    a dos lusitanistas65. O nvel de receptividade, de capacidade de

    intervirnaimprensa,especializadaouno,aamplitudedobocaa

    boca, a mutualizao dos meios (traduo, mediao...) entre as

  • 22

    diversas reas nacionais hispanfonas apresentam, comparativa

    mente,umpotencialderessonnciasemequivalente.

    Alnguatambmumafronteiraculturalquedefinefrater

    nidades mais ou menos fortes. A latino-americanidade uma

    conscincia sustentada por metanarrativas diferentemente parti

    lhadas.Asolidariedadehispano-americanarepresentaumpaliati

    voparaafragmentaodomundohispnicoemdiversasnaes,

    enquanto podemos citar vrios exemplos de reaes centrpetas,

    voltadasparaoseuprpriopas,porpartedeescritoresbrasilei

    ros.AocontrriodeviageiroscomoOswalddeAndradeouMuri

    lo Mendes, ou de diplomatas como Vincius de Morais ou Joo

    Cabral, o turista aprendiz Mrio de Andrade no foi alm de

    Iquitos e da fronteira amaznica Brasil-Bolvia. Carlos Drum

    mond s viajou at a Argentina para ver sua filha, que ali fixara

    residncia. Clarice Lispector desinteressou-se da traduo de

    195466. No se trata de uma verdade geral: Guimares Rosa era

    extremamenteatentocirculaodesuaobranoexterior,como

    mostraavolumosacorrespondnciaquemantevecomseustradu

    tores alemo, italiano, francs, estadunidense... Poliglota, ele po

    dia, alm disso, apreciar as verses que lhe eram apresentadas.

    Mas essas trocas, espontneas, no pressupem a insero em

    umacoalizoregionaldeescritores.Oboomhispano-americano

    repousou tambm sobre o efeito coletivo, que pressupunha uma

    massa crtica suficiente para dar a impresso de um movimento

    geracional. Uma andorinha, mesmo chamada Guimares Rosa,

    nobastaparafazervero.

    No cu literrio dos anos 60, Guimares Rosa poderia ter

    sido a estrela brasileira da constelao latino-americana. Mas,

    almdosobstculosanteriormentecitados,odispositivodoboom

  • 23

    passou por Barcelona, onde Carmen Barcells e Carlos Barral fo

    ram, para muitos, a porta de entrada na Europa. O elo francs,

    que ainda gozava de algum prestgio na repblica mundial das

    letras, veio dar repercusso a esses recm-chegados. Lisboa no

    podiaservirdetrampolimaosescritoresbrasileiros,quandomais

    no fosse pelas distncias de todo tipo estabelecidas, de parte e

    outra,entreaantigametrpoleeaantigacolniaoudareserva

    demercadoquenopermitiaacirculaodoslivrosentreelas.A

    situao poltica de Portugal, uma ditadura mais antiga e mais

    estritaqueadeFranco,afundadaemumaguerrasujaparadefen

    deroque lherestavade imprio,semCatalunhaparadeixaren

    trarumarmais fresco,spodiaseduzir intelectuaisconservado

    res,comoiriasetornar,demodocadavezmaismarcado,Gilberto

    Freyre67.

    Quem poderia ter encarnado a cor brasileira de um boom

    verdadeiramentelatino-americano?Aalmadomodernismo,M

    rio de Andrade, partira em 1945, aos 52 anos. Graciliano Ramos

    estavamortohaviaonzeanosquando,em1964,saiusuasegunda

    traduonaCroixduSud.Apsum inciopromissor,aobrade

    ClariceLispector,demasiadoalheiaaoslugares-comunsdalitera

    tura nacional, penava para ser editada e s comeou a ser reco

    nhecidanoBrasilnasegundametadedosanos60.JorgeAmado,

    comovimos,erapersonanongratanaFranaat1966.Ofrmito

    GuimaresRosafoimitigadopeladificuldadedaobra,queexigia

    muitodotradutoredosleitores.Omonumentoqueera,jemseu

    ttulo,Grandeserto:veredas,comasuaredundnciaaumentati

    vadesuperfcie(grande+sufixo-o),suaanttese(vastosespaos

    semidesrticosvsosis68)seviupopularizadonaFranasobaim

    provvel reduodeDiadorim.Oqueduma ideiadosdesafios

  • 24

    comosquaissedeparavaotrabalhodetransferncia,emumcon

    textoderecursosemediaeseruditasbastantelimitados.Houve,

    almdisso,entreosfatoresincidentais,ofalecimentoprecocedo

    escritorem196769.Emummundoliterrioemquecresciaopapel

    damdia,dasentrevistas,doseventos,emqueescrevercomeava

    anobastar,emqueerabomassumirpessoalmenteadivulgao

    dosprprioslivrosesteoutrotraodoboom,facilitadopela

    presenaemParisdevriosde seusautores,GuimaresRosa

    logonoestavamaislparasustentarsuaprosa,quepermaneceu

    nolimbo,porassimdizer,atosanos9070.

    Alm disso, nesses tempos, a cabea do pblico era, no to

    canteaoBrasil,maispolticadoqueliterria;dacertascrticasa

    esseuniversosvezesjulgadodemasiadoetreo71.Apsarevolu

    ocubana,astensesrecrudescerameosEstadosUnidoscuida

    vamdenodeixarumapeamestradesuaboavizinhanapas

    sarparaoladosocialista.Jem1959,FidelCastrohaviasidorece

    bidopelopresidente JuscelinoKubitschekepelodeputado Jnio

    Quadros, destinado a suced-lo no comando da nao. Sinal de

    forte instabilidade, este ltimo renunciou j em 1961, oito meses

    depoisdetomarposse,deixandoasrdeasdopoderaopopulista

    Joo Goulart. Enquanto se discutia a nacionalizao dos setores

    estratgicos, enquanto os movimentos sociais agitavam o pas,

    enquantoasligascamponesaspressionavamogovernoaproceder

    aumareformaagrria,osmilitareseaalaconservadoraprepara

    vamumGolpedeEstado,entrandoemaoem31demarode

    1964.Aalaprogressista,hegemnicaentreosintelectuaiseosar

    tistas,semobilizou,algunssendoforadosaoexlioeescolhendo

    omaisdasvezesPariscomoresidncia,eaatenofrancesator

    nou-secadavezmaissensvelsuacausa.

  • 25

    AosquatronovosttulosdeJosudeCastro72,vieramseso

    mar,nessadcada,duastraduesdeFranciscoJulio73,lderdas

    Ligascamponesas,duasdoarquitetocomunistaOscarNiemeyer74,

    duasdoeconomistasocialistaCelsoFurtado75,umlivrodeMiguel

    Arraes76eoutrodosocilogodadependncia,FernandoHenrique

    Cardoso77.Emplenaefervescnciaps-68,eemummomentoem

    quearesistnciabrasileiraseradicalizavana lutaarmada,oma

    nual de guerrilha urbana de Carlos Marighella foi apadrinhado

    por um coletivo de vinte e trs editores, em resposta censura

    gaullista78.

    Tambm encontraram espao os ensaios de cristos huma

    nistas que antecedem o sucesso do popularssimo dom Helder

    Cmara79.Oespectroamplo, indodeAlceuAmorosoLima80

    Igrejadosoprimidos81.OdominicanoFreiBetto82eofranciscano

    LeonardoBoff83logoretomariamessabandeira.Pode-severnisso

    umdosefeitosdoVaticanoII,nessaqueseguesendoumaterrade

    misso. Certos ttulos desse universo, como os de Pierre Weil84,

    situam-sena fronteiradascinciassociais.Na insistnciados te

    masetnogrficos,namarcaafricana85ounoprocessodeurbaniza

    osedelineiaumreconhecimentodosmeiosintelectuais,certos

    nomesassinalandoumrelativoenriquecimentodastrocasuniver

    sitrias86.

    Se os anos 60 constituram um perodo de declnio para a

    literatura brasileira, as curvas iriam muito progressivamente se

    reequilibrarao longodadcadaseguinte.Emproporo,aparte

    literria(strictosensu)permanecesensivelmenteamesma,pouco

    maisdeumquarto,masaduplicaodovolumedettulosassocia

    dos ao Brasil faz com que aumente em nmeros absolutos87. A

    uma maior diversificao dos escritores corresponde um melhor

  • 26

    acompanhamentoporpartedaediofrancesa,maissintonizada

    comaatualidadebrasileira.Ofatomarcanteoforteretornode

    JorgeAmado.Tendo-setornadoaexclusividadedomomentoda

    Stock, esta recupera o tempo perdido com seis inditos88, uma

    reedio89 e uma retraduo90. O percurso de Clarice Lispector

    continua um pouco catico: a Gallimard assume um romance

    difcil91,prevumacontinuaocomomagistralPassionselonG.

    H., paga uma traduo que desistir de publicar, escaldada por

    umarecepotmidaepela incertezaeconmicaconsecutivaaos

    doischoquespetrolferosde1973ede1974.Olivropassarparaa

    ditions des Femmes92, incio de uma longa aventura. Dois ro

    mancesdeOsmanLins,obraexigente,soeditadosporDenol93,

    aoscuidadosdamesmatradutoracujonomeiriacontarnasdca

    das seguintes, associado ao de Cllia Pisa (que atua como uma

    espciedeagente)eaodeAliceRaillard,prximadeAmadoeque

    contaagoracomaconfianadeGallimard.elaqueintroduzAn

    tnioOlintonaStock94,CamposdeCarvalhonaAlbinMichel95e

    Joo Ubaldo Ribeiro na rua Sbastien Bottin96*. Michel Simon-

    Brsilqueimaseusltimoscartuchosdepassadorcomumensaio,

    para a Seghers, do prolfico romancista maranhense Josu Mon

    tello97e,paraaGallimard,comaclebrepeadeArianoSuassu

    na98,queentrariaemcartaznoThtredelOdonem1971,antes

    de ser retomada no Festival de Avignon no ano seguinte. O ro

    mancecentraldeAntonioCalladoseriaaterceiraeltimatradu

    odeConradDetrez99,umlivroqueseassemelhasrupturase

    descobertasdesseantigoseminaristabelganocontatocomoBra

    sil dos anos 1960. Paralelamente Stock100 e Gallimard101, a

    Flammarion investeporsuaveznas letrasbrasileiras,particular

    mentecomumautorderomancenoirdestinadoafazersucesso,

  • 27

    Rubem Fonseca102 e, sobretudo, com o esforo pioneiro de Jac

    ques Thiriot em dar a descobrir aos franceses alguns expoentes

    domodernismo103.

    Apoesiaempartetributriadeumalricadevotaeenga

    jada104,aopassoqueMasperopublicaumacuriosidadedeumm

    dicoleitordeBaudelaireedasMileumanoites,proibidanoBra

    sil105. Toma-se a liberdade de adaptar mais do que traduzir, de

    comporantologias106.nicaverdadeiraexceoaessalista,acole

    tnea preparada por Jean-Michel Massa107, que anuncia a tardia

    atualizaofrancesa,logoprolongadapelastraduesdeMriode

    AndradeeOswalddeAndradenaFlammarion.

    O exlio do dramaturgo Augusto Boal, criador do teatro do

    oprimido, e sua particular colaborao com a cfdt [Confdra

    tionfranaisedmocratiquedutravail],sindicatoquedefendiana

    pocaumalinhaautogestionria,nosvaleramduasobrassituadas

    nafronteiraentreacriaoeaintervenopoltica108.Aomesmo

    tempo,emergeumimaginriobrasileirosuscitadopela literatura

    infantojuvenil,tendofrenteoimensosucessodeJosMaurode

    Vasconcelos,queincentivaStockaperseverar109.Nadamenosque

    dezesseisttulosrecenseados110,oquefazlembrarqueastemticas

    brasileirasnoestiveramausentesdaliteraturajuvenilfrancesano

    sculoxix111.EssavogabeneficiaalgunsnomescannicosnoBra

    sil,comoMonteiroLobato112,autorparaadultosquetambmem

    balougeraesinteirascomseuStiodoPicapauamareloesuas

    adaptaes de lendas do mundo inteiro. Ou o grande folclorista

    LusdaCmaraCascudo113.Certosautores,svezesestabelecidos

    naFrana,setornariamfamiliaresentreascrianas114.

    Mencionemosrapidamenteoscercadesessentadocumentos,

    ensaioseobrasdecinciassociais,dequejcitamosalgunsttulos

  • 28

    emnota.Aveiacrist115continuaacruzaroscaminhosdaoposi

    oao regimemilitar116, emum tempoemquea IgrejaCatlica

    brasileira abriga inmeras expresses da resistncia ditadura.

    Emergemnovasvozesqueiroconquistarrenomeinternacional:

    otericodaeducaoPauloFreire117,oantroplogoDarcyRibei

    ro, que alerta sobre a situao dos amerndios118. Nesse perodo,

    muitosuniversitriosbrasileiros,exiladosouno,passamporPa

    ris, onde realizam e publicam suas pesquisas, como Milton San

    tos119, Luciano Martins120, Gerd Bornheim121ou Jos Guilherme

    Merquior122. Ktia de Queirs Mattoso, que ocupar nos anos

    1980-1990aprimeiracadeiradeHistriadoBrasildeParisiv,es

    creveemfrancssuaprimeiraobradereferncia123.

    1980foioanodaanistiapolticaemBraslia,edavoltadoslti

    mosexilados.Osmilitarescontinuavamnopoder,mastratava-se

    agoradeencontrarumcompromissoparaorestabelecimentode

    umregimecivil,umatransioqueaindairiadurarcincoanos.A

    presenaemParisdemuitosbrasileirosforasemdvidaumdos

    fatores que favoreceram o reconhecimento da produo intelec

    tuale literriadeseupas.Seosanosdoboomforamparaesses

    escritores uma sucesso de desencontros, os anos 80 seriam, de

    algum modo, o do boom luso-americano. A implantao do

    ensino do portugus passara por uma expanso significativa nos

    anos70,preparandoaestruturaodeumacadeiaeducativamais

    consistente,dosegundograuaoensinosuperior.Em1984,teriam

    lugar as Assises du portugais, trs dias intensos que mobiliza

    ramemParis todosossetoresdeatividade:economia,educao,

    cultura, diplomacia... As Assises prepararam os anos Frana

  • 29

    Brasil (1986-1988), ao longo dos quais os poderes pblicos e a

    equipedirigidaporGuyMartinireestimularamastrocaseacoo

    peraoemtodososnveis.PoriniciativadoministroJackLange

    dogovernosocialistaocorreraaprimeiraediodoBellestran

    gres*, em maro de 1987, paralelamente ao Salon du Livre de

    Paris,homenageandoosescritoresbrasileiros,cercadetrintano

    mestendosidoconvidadosparaaocasio.

    Com a quase duplicao do ritmo anual de publicaes de

    autores brasileiros entre os anos 70 e a dcada seguinte, a curva

    ascendente se prolongaria at o final do sculo. Pouco a pouco,

    recuaaprimaziasocialepoltica:doisterosdaspublicaescon

    cernem,denovo,literatura.Anne-MarieMtailicria,comMa

    rio Carelli, a primeira coleo de Littrature brsilienne, antes

    do surgimento da ditions Chandeigne em 1992. As manifestas

    lacunas so progressivamente preenchidas: Machado de Assis,

    Lispector,novosautoresaparecem

    Pormotivosdediplomaciacultural,oudevidoaumamudan

    adeolhar,aFranadavaa impresso (provisria? ilusria?)de

    ter superado os descompassos de estratgia, debate e interesse

    entresuaproduoliterriaeadoBrasil.Talveztenhasidoneces

    srio, neste sentido, que as letras brasileiras ganhassem autono

    mia, tanto em relao ao conjunto lusfono quanto ao bloco da

    Amricalatina.Ohiatodochamadoboomlatino-americanote

    riaacasopreparadoascondiesdeumdivrcioqueseriamtam

    bmasdesuaemancipao?Edefuturas,elivres,concubinagens?

    Traduo

    MrciaValriaMartinezdeAguiar

  • 30

    notas

    1. Sem entrar nos debates historiogrficos sobre os limites cronolgicos do

    boom, acompanhamos aqui Emir Rodrguez Monegal (El boom de la novela

    latinoamericana.Ensayo.Caracas:TiempoNuevo, 1972),queidentificaaspubli

    caes (1963) e as tradues francesas (1966) de Rayuelae de La ciudad y los

    perroscomoummomentocentraledecisivodofenmeno.Assinalemosdesde j,

    entreoutrostraosdessafase,ainflexoliterriadotratamentoedastemticas

    romanescasintroduzidaporumanovageraodeautores,assimcomoareao

    quaseimediatadarecepoeuropeia,particularmenteafrancesa.

    2. Tomamos por base o levantamento estabelecido por Estela dos Santos

    Abreu(OuvragesbrsilienstraduitsenFrance=Livrosbrasileirostraduzidosna

    Frana. 5a ed. Rio de Janeiro: Edies Biblioteca Nacional, 2004,), e o que ns

    mesmos realizamosparaoboletimmensal Infos Brsil apartirdemeadosdos

    anos80.

    3. O ritmo das publicaes francesas de obras de autores brasileiros no en

    treguerraseradedois livrosa cada trsanos.Essesdados, evidentemente, tm

    umvalorapenasrelativoedevemserrelacionadoscomocrescimentoconstante

    da produo editorial. Permitem, contudo, avaliar uma tendncia. Para um

    estudonolongoprazo,vernossoprefcioaocatlogobibliogrficoFranceBrsil

    queorganizamos(adpf,2005,hojedistribudopelaDocumentationfranaise)e

    nosso artigo Literatura brasileira na Frana: veredas (In: D.O. Leitura. So

    Paulo,anoxviii,n10,out.2000,p.22-26,en11,nov.2000,p.27-30).

    4. Nabuco, Joaquim. Pages choisies. Traduo Victor Orban; Mathilde Po

    ms.Paris:Institutinternationaldecooprationintellectuelle,1940.

    5. Teremos ocasio de citar, a partir do levantamento de Estela dos Santos

    Abreu,algunsttulosque,apesardeteremsidoaparentementetraduzidos,noo

    foramapartirdeumaediobrasileirapreexistente.Omaisdasvezes,contudo,

    levamo-losemconta,pordiversosmotivos.Umdelesquesotestemunhode

    umavontadeporpartedequemosproduz,ouatendemaumdesejodaquelesa

    quem se dirigem. Em todos os casos, so sintomticos de um quadro de

  • 31

    recepo. s vezes, so escritos por brasileiros que residem na Frana. Uma

    edio brasileira pode t-los sucedido, significando uma circulao s avessas,

    tambmelaricadesentidos.Enfim,apartirdosanos60,essastraduesrfs

    semultiplicam:trata-seentodeinstrumentosdesensibilizaoquecontornam

    a censura brasileira. O que tambm eloquente do papel atribudo Frana

    nessecontexto.

    6. Acioli, Hildebrando. Trait de droit international public. Traduo Paul

    Goul. Paris: Sirey, 1940-1942. 3 vol. [Tratado de direito internacional pblico.

    RiodeJaneiro:ImprensaNacional,1933-1935].

    7.Aguiar,BrsDiasde.TraitdedlimitationdelafrontireNordduBrsil.

    TraduoLaMhaut.[s.l.]:[s.n.],1943[NasfronteirasdaVenezuelaeGuianas

    britnicaeneerlandesa,1943].

    8.Sousa,Cludiode.LeSieurdeBeaumarchais.RiodeJaneiro:Graf.Olmpi

    ca,1943(semoriginalbrasileirocorrespondente).

    9. Almeida, Manuel Antnio de. Mmoires dun sergent de la milice. Tra

    duoPauloRnai.RiodeJaneiro:Atlntica,1944[Memriasdeumsargentode

    milcias, 1854-1855]. provvel que o livro tenha contado com uma recomen

    daodeBernanos,queapreciavaparticularmenteesseromance.

    10. Machado de assis. Mmoires doutretombe de Brs Cubas. Traduo

    RendeChadebecdeLavalade.Riode Janeiro:Atlntica [Memrias pstumas

    deBrsCubas,1881].AtraduoseriareeditadapelaAlbinMichelem1948,com

    um prefcio de Afrnio Coutinho e um estudo de AndrMaurois. A primeira

    traduo,publicadaem1911,eradeAdrienDelpech.

    11.Cf.Pret, Benjamin.Ledshonneurdespotes.Paris:Milleetunenuits,

    2003[1aed.:fevereirode1945].

    12.Bandeira,Manuel.Pomes.TraduoManuelBandeira;AnbalFalco;F.

    H.Blank-Simon.Paris:Seghers,1960.Aseleofoifeitapeloprpriopoeta.

    13. Mendes, Murilo. Office humain. Traduo Dominique Braya; Saudade

    Corteso. Paris: Seghers, 1956. A seleo feita a partir das coletneas As

    metamorfoses(1944),Mundoenigma(1942)ePoesialiberdade(1947).

    14.TraduoJean-GeorgesRueff.CincoelegiasforampublicadasnoBrasilem

    1943.

    15. Recette de femme et autres pomes. Traduo Jean-Georges Rueff. Paris:

    Seghers,1960.

  • 32

    16. Jeux de lapprenti animalier.Paris: Seghers, 1955eLe jour est long.Paris:

    Seghers, 1958. A coletnea autotraduzida origina-se de uma edio portuguesa:

    Dialongo.Lisboa:1944.

    17.Paris:P.Tisn,1954.

    18. figueiredo, Guilherme. Un dieu a dormi dans la maison. Traduo Vi

    vianneIzambard;GrardCaillet.Paris:FranceIllustration, 1952.Ooriginalem

    trsatos,Umdeusdormiu lemcasa,datade1945.Edaautoraparacrianas,

    MariaClaraMachado,Pluft, le petit fantme.TraduoJean-PierrePerret;Mi

    chelSimon-Brsil.Paris:LAvant-scne,1960.Pluft,ofantasminhade1957.

    19. Alencar, Jos de. Le Guarany. Traduo eadaptao Vasco de Lacerda.

    Paris:LaSixaine,1947[OGuarani,1864].

    20. Azevedo, Alusio. Botafogo, une cit ouvrire. Traduo Henry Gunet.

    Paris:ClubbibliophiledeFrance,1953[Ocortio,1890].

    21. De Machado de Assis, alm da j mencionada reedio de Mmoires

    doutretombe,AlaindeAcevedoproduzumQuincasBorbaparaaNagelem1955

    [Quincas Borba, 1891]; e Francis de Miomandre traduz Dom Casmurro para a

    Albin Michel em 1956 (traduo revisada por Ronald de Carvalho [Dom

    Casmurro,1899]).

    22.Cunha,Euclidesda.LesTerresdeCanudos.Paris:Julliard,1947,comum

    prefciodeAfrnioPeixoto [Os sertes, 1902]. Amesma traduopublicada

    simultaneamente no Rio pelas edies Caravela. O crtico oficial Afrnio

    Peixoto recebe, alm disso, as atenes de um reconhecido tradutor da prosa

    portuguesa do incio do sculo: Sinhazinha. Traduo Pierre-Manoel Gahisto.

    Paris:Fasquelle,1949[Sinhazinha,1929].

    23.Verissimo,rico.LInconnu.TraduoArmandGuibert.Paris:Plon,1955

    [Noite,1954];LeTempset levent.LeContinent.TraduoJean-JacquesVillard.

    Paris:Julliard,1955[primeirovolumedeOtempoeovento:Ocontinente,1949].

    24. Rego, Jos Lins do. LEnfant de la plantation.Traduo Jeanne Worms-

    Reims. Paris: Les Deux Rives, 1953 [Menino de engenho, 1932]; e Cangaceiros.

    TraduoDenyseChast.Paris:Plon,1956[Cangaceiros,1953].

    25.Ramos,Graciliano.Enfance.TraduoG.Gougenheim.Paris:Gallimard,

    1956(LaCroixduSud)[Infncia,1945].

    26. Dupr, Leandro [Maria Jos Dupr passou a assinar pelo nome do

  • 33

    marido].Noustionssix.TraduoClaudeLeLorrain.Paris:d.delaPaix,1949

    [ramosseis,1943];Queiroz,DinSilveirade.Lleauxdmons.TraduoAn

    dre Gama Fernandez. Paris: Julliard, 1952 [Margarida La Rocque, A ilha dos

    demnios, 1949]; Lisboa, Rosalina Coelho. Les moissons de Can. Paris: Plon,

    1955[AsearadeCaim,romancedarevoluonoBrasil,1952].

    27.Morley,Helena.JournaldHelenaMorley.Cahiersdunepetiteprovinciale

    la fin du xixe sicle. Traduo Marlyse Meyer. Paris: Calmann Lvy, 1960

    [Minhavidademenina,cadernosdeumameninaprovinciananosfinsdosculo

    xix,1942].GeorgesBernanos,queprefaciaolivro,foiumintermediriodecisivo

    (cf.Meyer,Marlyse.Umatraduoesuascircunstncias.LiteraturaeSociedade,

    n9,SoPaulo,p.278-290,2006.Disponvelem:.Acesso

    em:13ago.2016.

    28.Lispector,Clarice.Prsducursauvage.TraduoDeniseMoutonnier;

    TerezaMoutonnier.Paris:Plon-Julliard,1954[Pertodocoraoselvagem,1942].

    29. Um contrato assinado em 25 de outubro de 1945 estipula que o senhor

    GastonGallimardencarregaosenhorRogerCaillois,queaceita,decomporuma

    coleo de obras espanholas e portuguesas e ibero-americanas cujo ttulo ser:

    LaCroixduSud,conformeprogramaaseracordadoentreeles.Prev-seum

    ritmo anual de pelo menos quatro tradues. Cf. Mrian, Jean-Yves. Jorge

    Amado na coleo La Croix du Sud de Roger Caillois. Amerika. Disponvel

    em:.Acessoem:11ago.2016.

    30. Esta mesma convergncia latino-americana preside Anthologie de la

    posieibroamricaine,estabelecidaetraduzidaporFedericodeOns,naColeo

    Unesco de obras representativas (prefcio de Ventura Garcia Calderon, Nagel,

    Srie ibro-amricaine n 9, 1956, edio bilngue). Ali encontramos uma

    consistente seleo de poemas de Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida,

    Mrio de Andrade, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Ceclia Meireles, Carlos

    DrummonddeAndradeeAugustoFredericoSchmidt.

    31.Bastide,Roger.SousLaCroixduSud:LAmriquelatinedanslemi

    roirdesalittrature.Annales.conomies,Socits,Civilisations,13eanne,n1,

    p.31,1958.Disponvelem:.Acessoem:20ago.2016.

    32.Freyre,Gilberto.Matres&esclaves.TraduoRogerBastide,1952[Casa

    grande e senzala, 1933] e Terres du sucre. Traduo Jean Orecchioni, 1956

    [Nordeste,1937].

    https://goo.gl/sDanXUhttp://amerika.revues.org/4992http://goo.gl/zyYX6T

  • 34

    33.Moog,Viana.Dfricheursetpionniers:Parallleentredeuxcultures.Tra

    duoViolantedoCanto,1963[Bandeirantesepioneiros,1954].

    34. A Enfance, j mencionado, deve-se acrescentar Scheresse. Traduo

    Marie-ClaudeRoussel,1964[Vidassecas,1938]

    35. Mouro, Gerardo Mello. Le valet de pique. Traduo Wanda Pnicaut;

    ViolantedoCanto,1966[Ovaletedeespadas,1965].

    36.Capitainesdessables.TraduoVanina,1952[Capitesdeareia,1937].

    37. Bahia de tous les saints. Traduo de Michel Berveiller; Pierre Hourcade.

    Paris:Gallimard[Jubiab,1935].

    38. A Capitaines des sables vm somar-se: Terre violente. Traduo Claude

    Pessis.Paris:Nagel,1946[Terrasdosemfim,1942];LeChevalierdelEsprance.

    ViedeLusCarlosPrestes.TraduoJuliaSoria;GeorgesSoria.Paris:d.Fran

    ais runis, 1949 [O cavaleiro da esperana: vida de Lus Carlos Prestes, 1942];

    Mar morto. Traduo Nol-A. Franois. Paris: Nagel, 1949 [Mar morto, 1936];

    Cacao. TraduoJeanOrecchioni. PrefcioJean-Paul Sartre. Paris: Les Temps

    modernes, 1954 (reeditado no ano seguinte por Nagel [Cacau, 1933]); Les Che

    mins de la faim. Traduo Violante do Canto. Paris: d. Franais runis, 1951

    [Seara vermelha, 1946]; La Terre aux fruits dor. Traduo Violante doCanto.

    Paris:Nagel,1951[SoJorgedosIlhus,1944];Gabriela,filleduBrsil.Traduo

    ViolantedoCanto;MauriceRoche.Paris:Seghers,1959[Gabriela,cravoecanela,

    1958]; Les Deux morts de QuinquinlaFlotte. Traduo Georges Boisvert. Paris:

    LesTempsModernes,1960[AmorteeamortedeQuincasBerrodgua,1961].

    Ouseja,novettulosnoperodo1946-1960.

    39.Amado,Jorge.Navegaodecabotagem.Apontamentosparaumlivrode

    memriasquejamaisescreverei.RiodeJaneiro:Record,1992,p.101.Vertambm

    suasConversationsavecAliceRaillard.Paris:Gallimard,1990.

    40.Amado.Jorge.Navegaodecabotagem,op.cit.,p.209.JorgeAmadoerra

    porumano:comodissemos,QuinquinlaFlottelanadoem1960.

    41.Ibid.,p.551.

    42.Amado,Jorge.LesPtresdelanuit.TraduoConradDetrez.Paris:Stock,

    1970[Ospastoresdanoite,1964].

    43.Freyre,Gilberto.Gographiedelafaim:lafaimauBrsil.PrefcioAndr

    Mayer. Paris: d. ouvrires, 1949 [Geografia da fome, 1946]; Les problmes de

  • 35

    lalimentationenAmriqueduSud.Paris:Dunod,1950[Osproblemasdaalimen

    taodaAmricadoSul,1949];Gopolitiquedelafaim.TraduoVivianeIzam

    bard.Paris: d.ouvrires,1952[Geopolticadafome,1951].

    44. Ramos, Artur. Le mtissage au Brsil. Traduo M. L. Modiano. Paris:

    Hermann,1952[AmestiagemnoBrasil,2004];Azevedo,Talesde.Leslitesde

    couleurdansunevillebrsilienne.Paris:Unesco, 1953[Aselitesdecornumaci

    dadebrasileira.Umestudodeascensosocial,1955];vila,FernandoBastosde.

    Limmigration au Brsil. Contribution une thorie gnrale de limmigration.

    Genebra: Institut International Catholique de Recherches Socio-ecclsiales/Rio

    deJaneiro:Agir,1956.

    45.Chaves,MariadeMelo.Pionniersde la foi(tablissementduprotestan

    tismeparmilespaysansduBrsil).TraduoEmileG.Lonard.Paris:LaCause,

    1955(semcorrespondentenoBrasil).

    46. Castro, Sylvio Rangel de. Discours prononc Athnes par lambassa

    deur,souslesauspicesdelAssociationhellniquepourlesNationsUnies.Grfica

    Chantenay,1952.OuVallado,Haroldo.Messageauxjuristesdelapaix.Paris:

    Sirey, 1953 [Aos juristas da paz, 1947]. Tambm de H. Vallado, em 1962: D

    mocratisationetsocialisationdudroitinternational:limpactlatinoamricainet

    afroasiatique.Paris:Sirey,1962[DemocratizaoesocializaodoDireitoInter

    nacional:osimpactoslatinoamericanoeafroasitico,1961].

    47. Oliveira, Plnio Corra de. Rvolution et contrervolution. Prefcio D.

    Pedro Henrique de Orlans e Bragana. So Paulo: ed. Catolicismo, 1960 [Re

    voluo e contrarevoluo, 1959]. E, em 1975, Lglise et ltat communiste: la

    coexistence impossible. Paris: d. Tradition, famille, proprit [A liberdade da

    IgrejanoEstadocomunista,1963].

    48.Citaremos,entreelas,doisopsculossobreopioneirobrasileirodaavia

    o:Napoleo,Aluizio.SantosDumontet la conqutede lair.TraduoHor

    tencia Homoir Rio-Branco. Rio de Janeiro: Ministrio das Relaes Exteriores,

    1947;eVillares,HenriqueDumont.SantosDumont, leprede laviation.So

    Paulo:[s.n.],1956[SantosDumont,Opaidaaviao,1956,resumodeQuemdeu

    asasaohomem,1953].UmGuidedOuroPreto,deautoriadopoetaManuelBan

    deiralanadoem1948(traduoMichelSimon-Brsil.RiodeJaneiro:Minist

    riodasRelaesExteriores,1948[GuiadeOuroPreto,1938]).EolivrodePaulo

    EmlioSallesGomessobreJeanVigo,queserinicialmenteescritoemfrancse

  • 36

    depoistraduzidonoBrasil(Seuil,1957[JeanVigo.TraduoElisabethAlmeida,

    1984]).OautorhaviatrabalhadonaCinmathquefranaisecomLanglois,antes

    defundarumaCinematecaequivalenteemSoPaulo.

    49.Esses livros,nascidosdeumamanifestavontadepoltica,stm,defato,

    umacirculao restritaemarginal.Houvevriosexemplos,vindosdeorganis

    mos oficiais, do mundo diplomtico, s vezes editados no Brasil mesmo. Sem

    leitoresouquase,so,emgeral,fadadosaumrpidoesquecimento.

    50. Bandeira, Manuel. Manuel Bandeira, estudo, seleo de textos e biblio

    grafiaporMichelSimon.Paris:Seghers,1965.

    51.Meireles,Ceclia.Posies.TraduoGisleSlesingerTygel.Paris:Seghers,

    1967.

    52. Ainda dirigida, prefaciada e traduzida por Antonio Dias Tavares Bastos,

    essa nova edio, publicada inicialmente em 1954, publicada em 1966 pela

    Seghers.

    53. Braga, Rubem. Chroniques de Copacabana, de Paris et dailleurs. Tra

    duoMichelSimon-Brsil.Paris:Seghers1963[Aideti,Copacabana!,1960].

    54. Mariz, Vasco. Hector VillaLobos: lhomme et son uvre. Paris: Seghers,

    1967[HeitorVillaLobos:compositorbrasileiro,1989].

    55.Azevedo,Alusio.Le multre.Paris:Plon, 1961 [O mulato, 1881].Michel

    Simoncomplementaatraduocomumprefcio,umanotabibliogrficaeum

    glossrio,oqueparaeleummododeprestarhomenagemaotradutor,falecido

    em1948.SobrePierre-ManoelGahisto,verRivas,Pierre.Encontrosentrelitera

    turas.Frana,Brasil,Portugal.TraduocoordenadaporDurvalrticoeMaria

    LetciaGuedesAlcoforado.SoPaulo:Hucitec,1995,p.153-160.

    56. Dourado, Autran. La Barque des hommes. Traduo Jean-Jacques Vil

    lard.Paris:Stock,1966[Abarcadoshomens,1961].

    57.Jesus,CarolinaMariade.LeDpotoir.TraduoViolantedoCanto.Paris:

    Stock,1962[Quartodedespejo,diriodeumafavelada,1960].

    58.Jesus,CarolinaMariade.Mavraiemaison.TraduoViolantedoCanto.

    Paris:Stock,1964[Casadealvenaria,diriodeumaexfavelada,1961].

    59.ViolantedoCantoentocompanheiradeMauriceRoche,engajado,por

    seulado,nasvanguardasparisienses:TelQuel,Jean-PierreFaye

  • 37

    60. [A ma no escuro, 1961].ViolantedoCantocontinuara traduzirato

    inciodosanos2000,assinandoseusltimostrabalhoscomYvesColeman.

    61.Rosa,JooGuimares.LesvingtmeilleuresnouvellesdelAmriquelatine.

    SeleoeprefcioJuanLiscano.Paris:Seghers,1958.DoBrasil,encontra-seain

    daNiziaFigueira,pourvousservir,deMriodeAndrade,contotambmtra

    duzido por Antonio e Georgette Tavares Bastos. O conto de Guimares Rosa

    fecha sua primeira coletnea, Sagarana, publicada em 1946. Sobre a recepo

    francesadoescritor,remetemosaoestudodeAguiar,MrciaValriaMartinez

    de.ApublicaodeGuimaresRosanaFranadosanos1960,p.79dopre

    sentevolume.

    62.Rosa,JooGuimares.Buriti.Paris:Seuil,1961[Do-lalalo,Orecado

    domorro,UmaestriadeamorsoemprestadosdeCorpodebaile,de1956].

    Les nuits du serto. Traduo Jean-Jacques Villard, 1962 [Buriti, tambm de

    Corpo de baile].E Hautes Plaines, 1969 [AestriadeLlio e Lina, Cara-de

    bronze,Campogeral,sempredeCorpodebaile].

    63.Rosa, JooGuimares.Diadorim.Paris:AlbinMichel, 1965[Grande ser

    to:veredas,1956].

    64. Correspondncia do Fundo Joo Guimares Rosa (Instituto de Estudos

    Brasileiros).

    65.Hojeexistemseisprofessoreshispanistasparacada lusitanistanoquadro

    daxivaseodocnu[Conseilnationaldesuniversits]delnguasromnicas.

    66.leituradasprovas,elaficoupreocupadacomosalongamentoseenobre

    cimentosdeDeniseTeresa-Moutonnier.AcorrespondnciacomoeditorPierre

    deLescuretambmpermitesuporquealgumascartasnochegaramatela.Ela

    dirmaistardelamentarsuaindiferenadomomento.VeracronologiadeNa-

    diaGotlibnodossiqueorganizamossobreClariceLispector.(Europe,n1003

    1004,Paris,p.118-181,nov.-dez.2012).

    67.Oquepodeser ilustradoporumdosramosdeseu lusotropicalismo:Les

    Portugaiset les tropiques.Considrationssur lesmthodesportugaisesdintgra

    tion de peuples autochtones et de cultures diffrentes europennes dans un nou

    veau complexe de civilisation: la civilisation tropicale. Traduo Jean Haupt. A

    obralanadajustamenteemLisboa,editadapelaComissoExecutivadasCo

    memoraes do Quinto Centenrio da Morte do Infante Dom Henrique, o

  • 38

    Navegador, em 1961. Paradoxalmente, no momento em que os intelectuais

    francesesdeesquerdaacolhiam-noabertamente,reconhecendoneleoinovador

    queeleeraeumpensadordadiversidadetnica,elesepeatecer louvoresao

    Mundoqueoportuguscriou,paraimensaalegriadaditadurasalazarista.

    68.Veredas,termopoucocomum,maisfrequentementeassociadoideiade

    trilhas.JooGuimaresRosabuscaentoduasvezesararidade,brincandocom

    asharmoniasdapalavra e evocando simultaneamenteapassagem,aviagem,a

    travessia,outroconceitochavedeseuuniverso.Suamortetambmalteroucon

    sideravelmente as condies de gesto dos direitos autorais e de traduo da

    obra,agoranasmosdeseusherdeiros.

    69.AjovemditionsMtailifariaumanovatentativaem1982,aparentemen

    tepoucoconclusivajquesemprosseguimento:Rosa,JooGuimares.Premi

    resHistoires.TraduoInsOseki-Dpr[Primeirasestrias,1962].Ressurgeum

    interessenadcadaseguinte,marcadapelanovatraduodeDiadorimrealizada

    porMaryvonneLapouge-Pettorelli(AlbinMichel,1991),eareediodeHautes

    plainespelaSeuilnomesmoano.E as trs traduesde JacquesThiriot:Rosa,

    JooGuimares.Toutamia. Troisimes histoires.Paris: Seuil, 1994 [Tutamia:

    terceiras estrias, 1985]; Sagarana. Paris: Albin Michel, 1997 [Sagarana, 1946];

    MonOncleLe Jaguar.Paris:AlbinMichel, 1998[Meutiooiauaret.In:Estas

    estrias,1967].Finalmente,aespciedeconsagraoquerepresentamosforma

    tosdebolsodeDiadorim (traduoM.Lapouge-Pettorelli.Paris: 10/18, 1995)e

    deMononcleLeJaguar(Paris:10/18,2000).

    71.Ver,p.79dopresentevolume,Aguiar,Mrcia.ApublicaodeGuima

    resRosanaFranadosanos1960.

    72. Castro, Josu de. Le livre noir de la faim. Paris: d. Ouvrires, 1961 [O

    livronegrodafome,1957];Gographiede la faim.Ledilemmebrsilien:painou

    acier. Traduo Jean Dupont. Paris: Seuil, 1964, nova traduo [Geografia da

    fome, 1946];Unezoneexplosive: leNordesteduBrsil.TraduoChristianePri

    vat.Paris:Seuil,1965[Setepalmosdeterraeumcaixo,1965];Deshommesetdes

    crabes. TraduoChristianne Privat. Paris: Seuil, 1966 [Homens e caranguejos,

    1967].Uma terceira ediode Gographie de la faim, revista e aumentada, em

    uma nova traduo de Lon Bourdon, ser lanada em 1973, sempre pela di

    tionsOuvrires,umdoscanaisdaaocatlica(deesquerda).

    73. Julio, Francisco. Les Ligues paysannes au Brsil. Paris: Maspero, 1966

    [Queso ligascamponesas?,1962];Cambo(le joug).LafacecacheduBrsil.

  • 39

    TraduoAnnyMeyer.Paris:Maspero,1968.Essettulonotemcorrespondente

    no Brasil: a edio estrangeira torna-se vital para tirar do isolamento a resis

    tnciaaoGolpedeEstado.

    74.Niemeyer, Oscar. Mon exprience Brasilia.Traduo JeanPetit.Paris:

    ForcesVives,1963[MinhaexperinciaemBraslia,1961];Textesetdessinspour

    Brasilia. Traduo Jean Petit. Paris: Forces Vives, 1965. Dele sero publicados,

    mais tarde, sinal de uma presena duradoura: Centre musical e Universits en

    Algrie.Paris: Separc, 1973; La forme en architecture.Paris:Metropolis, 1978 [A

    formanaarquitetura,1978].

    75.Furtado,Celso.LeBrsillheureduchoix.Lapolitiqueconomiquedun

    paysenvoiededveloppement.TraduoJeanChouard.Paris:Plon,1964[APr

    Revoluo brasileira, 1962]; Dveloppement et sousdveloppement. Paris: puf,

    1966[Desenvolvimentoe subdesenvolvimento, 1961].MinistrodoPlanejamento

    deJooGoulart,CelsoFurtadodefenderaseudoutoradoemeconomianaSor

    bonne.Nadcadaseguinte,elepublicanaFrana:LAmrique latine.Traduo

    EdouardBailby.Paris:Sirey,1970[Aeconomialatinoamericanaserpublicada

    noBrasilem1975];Leseuaet le sousdveloppementde lAmrique latine.Tra

    duoAblioDinizdaSilva.Paris:Calmann-Lvy,1970[Subdesenvolvimentoe

    estagnaonaAmricaLatina/ProjetoparaoBrasil,1966et1968];Thoriedu

    dveloppementconomique.TraduoAblioDinizdaSilva;JaninePeffau.Paris:

    puf,1970[Teoriaepolticadodesenvolvimentoeconmico, 1967];Politiqueco

    nomique de lAmrique latine. Traduo Edouard Bailby. Paris: Sirey, 1970; La

    FormationconomiqueduBrsil,delpoquecolonialeauxtempsmodernes.Tra

    duoJaninePeffau.Paris:Mouton/DeGruyter,1973[Formaoeconmicado

    Brasil,1959];Lanalysedumodlebrsilien.TraduoEddyTreves.Paris:Anthro

    pos,1974[Anlisedomodelobrasileiro,1972].

    76.Arraes,Miguel.LeBrsil, lepouvoiretlepeuple.TraduoRochFaturi.

    Paris: Maspero, 1969. Uma nova edio ampliada seria publicada no ano se

    guinte. O governador de Pernambuco fora destitudo e preso pelos militares.

    TendoaFranaserecusadoaacolh-lo,exilou-senaArglia.

    77.Cardoso,FernandoHenrique.SociologiedudveloppementenAmrique

    latine. Paris: Anthropos, 1969 [Mudanas sociais na Amrica Latina, 1969]. Se

    riam publicados a seguir Politique et dveloppement dans les socits dpen

    dantes.TraduoMylneBerdoyes.Paris:Anthropos, 1971[Polticaedesenvolvi

    mento em sociedades dependentes. Ideologias do empresariado industrial brasi

  • 40

    leiro e argentino, 1971] e Dpendance et dveloppement en Amrique latine.

    Traduo Annie Morvan. Paris: puf, 1978 [Dependncia e desenvolvimento na

    AmricaLatina:ensaiodeinterpretaosociolgica,1970].Oautorviveualguns

    anosexiladoemParis,antesdevoltaraoBrasileseengajarnapoltica.Foipresi

    dentedaRepblicade1995a2002.

    78.Marighella,Carlos.Pour la librationduBrsil.TraduoConradDe

    trez. Paris: Flammarion, Robert Laffont, Minuit, Maspero, Gallimard, Grasset,

    Seuil,1969.Propondoumaversourbanaparaateoriaguevaristadofoco,esse

    militantedaAlianaLibertadoraNacionalfoipegoemumaemboscadaeabatido

    em4denovembrode1969.

    79.Citemos,apenasnosanos70:Cmara,DomHelder.Lesconversionsdun

    vque(entretiensavecJosdeBroucker).Paris:Seuil,1970;Pourarrivertemps.

    Traduo annima. Paris: Descle de Brouwer, 1970; Rvolution dans lapaix.

    Traduo Conrad Detrez. Paris: Seuil, 1970 [Revoluo dentro da paz, 1968];

    Spirale de violence. Traduo annima. Paris: Descle de Brouwer [Espiral de

    violnciaspublicadonoBrasilnoanoseguinte];Ledsertestfertile.Feuillesde

    route pour les minorits abrahamiques. Traduo annima. Paris: Descle de

    Brouwer,1971[Odesertofrtil,roteiroparaasminoriasabramicasspubli

    cadoemportugusem1976];Prirepourlesriches.Zurique:PendoVerlag,1972

    (semcorrespondente);Jaientendulescrisdemonpeuple.Traduodial.Paris:

    La Procure-Croissance des Jeunes nations, 1975 [Eu ouvi os clamores do meu

    povo(xodo,iii,7),DocumentosdosBisposeSuperioresreligiososdoNordeste,

    1973].Apartirde1971,oDial(DiffusiondelinformationsurlAmriquelatine),

    animadoporCharlesAntoine,desempenharumpapelessencialnatransmisso

    dasnotciasrelativasaoBrasileIgrejaengajada.

    80.UmapequenabrochuraassinadaporTristodeAtade(ouAthayde,pseu

    dnimodeAlceuAmorosoLima),LInfluencedelapensefranaiseauBrsil,

    publicadaem1968naAcadmiedes sciencesmorales etpolitiques (Institutde

    France).TendopassadopelocentroDomVital,redutodoconservantismocat

    lico,A.AmorosoLimaevoluiprogressivamenteparaumaoposiomoderadaao

    regime militar. Essa edio, assim como o discurso de Remise de la mdaille

    MachadodeAssisdelAcadmieBrsiliennedeLettreslAcadmieFranaise,em

    7de junhode1973, lanadopelaFirmin-Didotnomesmoano,mostraos laos

    entre acadmicos, Amoroso Lima tendo sido eleito para a Academia Brasileira

    deLetrasem1935.

  • 41

    81.Fragoso,Dom.vangileetrvolutionsociale.TraduoP.J.P.Barruelde

    Lagenest.Paris:LeCerf,1969.Umanoantesnasceraateologiadalibertao.

    Tendoemsuasfileiraspadresextremamenteengajados,algunsdosquaisforam

    torturados, a ordem dominicana foi, com a sua editora, um canal muito ativo

    parasensibilizarosfrancesesparaasituaobrasileira.

    82.Lglisedesprisons.TraduoCharlesAntoine.Paris:DescledeBrouwer,

    1972[Dascatacumbas:cartasdapriso,19691971,publicadonoBrasilem1978].

    Nessa mesma rbita dominicana: Alves, Mrcio Moreira. La paix est morte.

    Traduo(doespanhol)PauleEscudier;GilbertManuel.Paris:DescledeBrou

    wer, 1973 (no publicado no Brasil); Lglise et la politique au Brsil. Paris: Le

    Cerf, 1974 [A Igreja e a poltica no Brasil, Brasiliense, 1979]. Mrcio Moreira

    Alves tambmoautordeumlivro sobreoPortugaldosCravos, semcorres

    pondentebrasileiro:LesSoldatssocialistesduPortugal.Paris:Gallimard,1975.

    83. Boff, Leonardo. glise en gense: les communauts de base rinventent

    lglise.TraduoFranoisMalley.Paris:DescledeBrouwer,1978[Eclesiognese:

    ascomunidadeseclesiaisdebasereinventamaIgreja,1977].

    84.Weil,Pierre.Relationshumainesdansletravailetlafamille.Paris:Dunod,

    1964 [Relaes humanas no trabalho e na famlia. Civilizao brasileira, 1958];

    Relationshumainesentrelesenfants,leursparentsetleursmatres.Paris:Dunod,

    1964[Acriana,o lar,aescola, 1959].Depois,Rpressionet librationsexuelle.

    Paris: [s.n.], 1971 [Mstica do sexo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1976]; Le Sphinx:

    mystre et structure de lhomme. Traduo Marie-Rose Grosjean. Paris: Lpi;

    DescledeBrouwer,1972[Aesfinge:mistrioeestruturadohomem,1970].

    85.Dieguesjr.,Manuel;Carneiro,Edison.LacontributiondelAfriquela

    civilisation brsilienne. Traduo Michel Simon-Brsil; T. Tavares; G. Binon et

    alii. Marselha: Imprimerie Sopic, 1967. O texto relaciona-se com um congresso

    ocorridoemParis.EdisonCarneirotematriplaqualidadedeserumfolclorista

    quetrabalhasobreaheranaafro-brasileira,ummilitantecomunistaeumamigo

    deJorgeAmado.

    86.DeMariaIsauraPereiradeQueiroz,quefoialunadeRogerBastide,pro

    fessor da usp de 1938 a 1954: Os cangaceiros: les bandits dhonneur brsiliens.

    Paris: Julliard, 1968 [manuscrito francs, Os Cangaceiros, 1977]; e, no mesmo

    ano, Rforme et rvolution dans les socits traditionnelles. Paris: Anthropos

    (nopublicadonoBrasil).EatesedeMariaLuizaMarclio,LaVilledeSoPau

    lo:peuplementetpopulation,17501850.Rouen:d.delUniversitdeRouen,1968

  • 42

    [AcidadedeSoPaulo:povoamentoepopulao,17501850,1973],queteruma

    novaedioem1973.

    87.Trintaedoisttulosparacentoedezesseislivrosdeautoresbrasileiros.

    88.Amado,Jorge.LesPtresdelanuit.TraduoConradDetrez.Paris:Stock,

    1970[Ospastoresdanoite, 1964];DonaFlor et sesdeuxmaris.TraduoGeor

    getteTavares-Bastos.Paris:Stock1972[DonaFloreseusdoismaridos,1966];Te

    rezaBatista.TraduoAliceRaillard.Paris:Stock, 1974[TerezaBatistacansada

    deguerra,1972];Laboutiqueauxmiracles.TraduoAliceRaillard.Paris:Stock,

    1976[Tendadosmilagres,1969];Levieuxmarin.TraduoAliceRaillard.Paris:

    Stock,1978[Osvelhosmarinheiros,1961];TietadAgresteouLeretourdelafille

    prodigue.TraduoAliceRaillard.Paris:Stock,1979[TietadoAgreste,1977].

    89.Amado, Jorge.LesdeuxmortsdeQuinquinlaFlotte.TraduoGeorges

    Boisvert.Paris:Stock,1971.

    90. Amado, Jorge. Gabriela, girofle et cannelle. Traduo Georges Boivert.

    Paris:Stock,1971.

    91.Lispector,Clarice.Le Btisseur de ruines.TraduoViolantedoCanto.

    Paris:Gallimard,1970[Amanoescuro,1961].

    92.Lispector,Clarice.Lapassionselong.h.TraduoClaudeFarny.Paris:

    d.desFemmes,1978[Apaixosegundog.h.,1964].Em1977,ClliaPisaeMa

    ryvonne Lapouge haviam dirigido uma coleo de retratos de brasileiras, um

    deles dedicado escritora: des Brsiliennes. Paris: d. des Femmes. Clarice

    morreemdezembrode1977.

    93.Lins,Osman.RetabledesainteJoannaCarolina.Paris:Denol,1971[Nove,

    novena,1966];Avalovara.Paris:Denol,1975[Avalovara,1973].Ambostraduzi

    dosporMaryvonneLapouge.

    94.Olinto,Antnio.Lamaisondeau.TraduoAliceRaillard.Paris:Stock,

    1973[Acasadgua,1969].

    95. Carvalho, Campos de. La Lune vient dAsie. Traduo Alice Raillard.

    Paris:AlbinMichel,1976[Aluavemdasia,1956].

    96. Ribeiro, Joo Ubaldo. Sergent Getlio. Traduo Alice Raillard. Paris:

    Gallimard,1978[SargentoGetlio,1971].

    *NarueSbastienBottin,emParis,encontra-seasededaGallimard(n.t.).

  • 43

    97. Montello, Josu. Un matre oubli de Stendhal, labb de SaintRal.

    TraduoFrancetteRioBrancoDeramond;MichelSimon-Brsil.Paris:Seghers,

    1970.

    98.Suassuna,Ariano.LeJeudelamisricordieuseouLeTestamentduchien.

    TraduoMichelSimon-Brsil.Paris:Gallimard,1970[Oautodacompadecida,

    1957].Acrescentemos,deseuamigoHermiloBorbaFilho,oprimeirovolumede

    uma tetralogia: Un chevalier de la seconde dcadence. Traduo Maryvonne

    Lapouge.Paris:Stock,1975[Umcavaleirodasegundadecadncia,vol.1:Margem

    daslembranas,1966].

    99. Callado, Antnio. Mon pays en croix. Traduo Conrad Detrez. Paris:

    Seuil,1971[Quarup,1967].

    100. Pion, Nlida. La maison de la passion. Traduo Genevive Leibrich.

    Paris:Stock,1979[Acasadapaixo,1973].

    101.Carvalho,JosCndidode.LeColonelet le loupgarou.TraduoJos

    CarlosGonzales.Paris:Gallimard,1978[Ocoroneleolobisomem,1964].

    102. Fonseca, Rubem. Le Cas Morel, seguido de Bonne et heureuse anne.

    TraduoMargueriteWnscher.Paris:Flammarion, 1979 [O caso Morel, 1973,

    Feliz ano novo, 1975].Oeditorpublica tambmoromancede Ivanngelo,La

    fteinacheve.TraduoMargueriteWnscher.Paris:Flammarion,1979[Afesta,

    1976].Em1975,elehaviatraduzidoopintorJuarezMachado,Uneaventureinvi

    sible[Idaevolta,1976].

    103. Andrade, Mrio de. Macounama. Traduo Jacques Thiriot. Paris:

    Flammarion,1979[Macunama,1928].Em1982,otradutorreneumaantologia

    degrandestextosdeOswalddeAndrade:Anthropophagies;Mmoiressentimen

    tauxdeJanotMiramar;SraphinGrandPont;ManifestedelaPosieBoisBrsil;

    e Manifestes et textes anthropophages. Traduo Jacques Thiriot [Memrias

    sentimentais de Joo Miramar; Serafim Ponte Grande; Do paubrasil antro

    pofagiaesutopias].

    104. De um bispo da libertao: Casaldliga, Dom Pedro. Fleuve libre,

    mon peuple. Traduo Charles Antoine. Paris: Le Cerf, 1976 (coletnea de

    poemas).Eumpoucomaisaonorte,Mello,Thiagode.Chantdelamourarm.

    Paris:LeCerf,1979[seleodeAcanodoamorarmado,1979;Fazescuromas

    eucanto,1965].

  • 44

    105. Haddad, Jamil Almansour. Avis aux navigateurs. Le premier livre des

    Sourates.Paris: Maspero, 1977 [Aviso aos navegantesou A Bela Adormecida no

    Bosque.PrimeirolivrodasSuratas,1980].

    106. Posies du Brsil. Transposio Nole Piot; Andr Piot. Paris: Presses du

    compagnonnage,1972,incluiemversobilnguepoemasdeCarlosDrummond

    de Andrade, Mrio de Andrade, Manuel Bandeira, Raul Bopp, Jorge de Lima,

    Henriqueta Lisboa, Ceclia Meireles, Murilo Mendes, Vincius de Morais, Joo

    Cabral de Melo Neto, Augusto Frederico Schmidt, Ascenso Ferreira, Joaquim

    Cardozo, Antonio Brasileiro, e at um poema amerndio. E Michel Claude

    TouchardassociaumacoletneadeVinciusdeMoraiseFerreiraGullarafoto

    grafiasdeBernardHermannparailustrarRiodeJaneiro(Papeete,Taiti:d.du

    Pacifique. Paris: Hachette, 1977). Poderamos acrescentar as medocres colet

    neasdePedroVianna,Changeonsen lerythme.Autoedio, 1977;LeDcretse

    cret.TraduoDenisePeyroche.Paris:J.Guyot,1977,cujasobrashojeestodis

    ponveisonline.EospoemasdaartistaLliaAparecidaPereiradaSilva:Fleurs

    deLlia eCredo incroyable,duascoletneas traduzidasporClaudeCotti.LaVa

    renne-Saint-Hilaire:SocitacadmiquedesartslibrauxdeParis,1971e1978.

    107.Andrade,CarlosDrummondde.Runion/Reunio.TraduoJean-Michel

    Massa.Paris:Aubier-Montaigne,1973,ed.bilngue[seleodeReunio,1969].

    108.Boal,Augusto.Thtrede lopprim.TraduoDominiqueLmann(es

    panhol). Paris: Maspero, 1977 [Teatro do oprimido e outras poticas polticas,

    1975];eJeuxpouracteursetnonacteurs.TraduoRgineMellac.Paris:Maspe

    ro,1978[200exercciosejogosparaoatoreonoatorcomvontadededizeralgo

    atravsdoteatro,1977].

    109.Vasconcelos,JosMaurode.Monbeloranger.TraduoAliceRaillard.

    Paris:Stock,1971[Meupdelaranjalima,1968];Rosinhamoncano.Traduo

    AliceRaillard.Paris:Stock,1974[Rosinha,minhacanoa,1963];Allonsrveillerle

    soleil. Traduo Alice Raillard. Paris: Stock, 1975 [Vamos aquecer o sol, 1974];

    Bananabrava.TraduoAliceRaillard.Paris:Stock,1979[Bananabrava,1942].

    110.Paraopblicojovem:Ferraz,Enias.Symphonieenfantine.Paris:dHal

    luinetCie,1970.Paracrianas,trsttulosdeMariaAntonietaDiasdeMorais,

    que jhaviapublicadoem1966 La baguette de Caapora pelaLaFarandole: La

    Catharinette,peaemumato,adaptaoAnneBocquet-Roudy.Paris:Magnard,

    1973(inspiradanotemafolclricodeAnaucatarineta);TroisgaronsenAmazo

  • 45

    nie.TraduoLcia deAlmeidaRodrigues.Paris:Nathan,1973[Trsgarotosna

    Amaznia,1975];Tonicoetlesecretdtat.TraduoAnne-MarieMtaili.Paris:

    Nathan, 1975 [Tonico e o segredo de Estado, 1980]. E tambm: nunes, Lygia

    Bojunga. Anglique a de bonnes ides. Traduo Nomi. Paris: Messidor-La

    Farandole,1979[Anglica,1975].EOstrovsky,Vivian.LesOreillons.Paris:J.P.

    Delarge,1978[Caxumba!,1976].

    111.VernossanotaLeBrsilpourlajeunesse,noportalLaFranceauBrsil

    daBibliothquenationaledeFranceeFundaoBibliotecaNacional.Disponvel

    em:.Acessoem:30ago.

    2016.

    112. La Vengeance de larbre et autres contes. Traduo Georgette Tavares-

    Bastos.Paris:d.Universitaires[Urups,Negrinhaeoutroscontos,1918].

    113.ContestraditionnelsduBrsil.TraduoBernardAllgude.Paris:Maison

    neuveetLarose,1978[ContostradicionaisdoBrasil:confrontosenotas,1946].

    114. Tanaka, Batrice. La fille du grand serpent et autres contes du Brsil.

    Paris:LaFarandole,1973;Mayaoula53esemainedelanne.Paris:LaFarandole,

    1975 [Maya ou a 53a. semana do ano, 1978]; La Montagne aux trois questions.

    Paris: La Farandole, 1976 [A montanha das trs perguntas, 1987]; Pereira,

    Nunes;Tanaka,BatriceBahira.LesageBahiraetsonfils.Paris:LaFarandole,

    1979[Bahira.TraduoBatriceTanaka,1982].BatriceTanakafugiudaRom

    nia, pas em que nasceu, no momento da ocupao alem em 1944. Viveu na

    Palestina, depois morou por diversas vezes no Brasil, entre 1947 e 1960, onde

    estudoudesenho.Tendoemseguidasetornadoparisiense,contribuiuparapo

    pularizar junto s crianas francesas as culturas brasileira e vietnamita, entre

    outras.DajornalistaLenyWerneck,queviveumuitosanosnaFrana:Mando

    line.Paris:LaFarandole,1977[Bandolim,1980].

    115.Demesters,Carlos.Adam: la condition humaine selon laGense.Tra

    duoCharlesAntoine.Paris:d.duChalet,1970[Parasoterrestre:saudadeou

    esperana?, 1971] e Dans les soussols dhumanit. Traduo e prefcio Charles

    Antoine.Paris:DescledeBrouwer,1978[Seisdiasnosporesdahumanidade,

    1977]. A brochura coletiva Marginalisation dun peuple. Des vques brsiliens

    prennent laparole.TraduoDial.Paris:Faimetdveloppement,1973[Margi

    nalizao de um povo. Grito das Igrejas. Documento dos bispos do centrooeste,

    1973].EtrsobrasdeCndidoMendesnascemnaFrana,semcorrespondente

    https://bndigital.bn.br/francebr/frances/bresil_jeunesse.htm

  • 46

    brasileiro:Justice, faimde lglise.TraduoFranoiseBonnal.Paris:Desclede

    Brouwer,1977;LeMythedudveloppement.TraduoFranoiseBonnal.Paris:

    Seuil,1977;ContestationetdveloppementenAmriqueLatine.TraduoFran

    oiseBonnal.Paris:puf,1979.

    116. Lopes, Aderito. LEscadron de la mort. So Paulo 19681971. Traduo e

    adaptao Antonio Tavares Teles. Paris: Casterman, 1973 (sem correspondente

    brasileiro)eBicudo,Hlio.Montmoignagesurlescadrondelamort.Traduo

    Yves Materne. Prefcio Louis Joinet. Paris: Gamma, 1977 [Meu depoimento

    sobreoEsquadrodaMorte,1976].NopublicadosnoBrasil:Annimo,Paude

    arara.LaviolencemilitaireauBrsil.Paris:Maspero,1971(cf.,p.195dopresente

    volume, artigo de Reimo, Sandra, Maus, Flamarion e Nery, Joo Elias,

    Frana, 1971;Brasil, 2013:duas ediesdo livro Pau de Arara e amemriada

    represso); e o dirio de Dinalva da Silva Ramos, Dinalva, jeune travailleuse

    brsilienne.TraduoAngelo.Paris:d.Ouvrires,1971.

    117.Freire,Paulo.Lducation:pratiquedelalibert.Traduosr.esra.Mar-

    tialLesay.Paris:LeCerf,1971[Educaocomoprticadaliberdade,1967];Pda

    gogiedesopprims,seguidodeConscientisationet rvolution.Traduocoletiva.

    Paris:Maspero, 1974 [Pedagogia do oprimido, 1974eConscientizao: teoriae

    prticadalibertao,1979];Lettres laGuineBissausurlalphabtisation:une

    exprienceencoursderalisation.TraduoAlfredHerv-Guyer.Paris:Maspero,

    1974[CartasGuinBissau: registrosdeumaexperincia emprocesso, 1977].E

    cedal-Collectif Paulo Freire. Multinationales et travailleurs au Brsil. Paris:

    Maspero,1977[MultinacionaisetrabalhadoresnoBrasil,1979].

    118. Ribeiro, Darcy. LEnfantement des peuples. Traduo Franois Malley

    (espanhol). Paris: Le Cerf, 1970 [O dilema daAmrica Latina, Vozes, 1978]; e

    Frontires indignes de la civilisation. Traduo ChristianeBricot-DAns. Paris:

    10/18, 1979 [Os ndios e a civilizao: a integrao das populaes indgenas no

    Brasilmoderno,1970].

    119.Santos,Milton.LesVillesdutiersmonde.Paris:M.-Th.Gunin,Librai

    ries techniques, 1971 [A urbanizao desigual. A especificidade do fenmeno

    urbanoempasessubdesenvolvidos.TraduoAntoniaDaErdens;MariaAuxi

    liadoradaSilva,1980;depois,Manualdegeografiaurbana,1981];LEspaceparta

    g.Lesdeuxcircuitsdelconomieurbainedespayssousdvelopps.Paris:M.-Th.

    Gunin, Librairies techniques, 1975 [O espao dividido. Os dois circuitos da

  • 47

    economiaurbanadospasessubdesenvolvidos,1979].AcrescentemosqueRivaldo

    PintodeGusmoescrevecomOrlandoValverdeeogegrafoRaymondPbayle,

    Aspects de lagriculture commerciale. Talence: Centre dtudes de gographie

    tropicale,1973.Equeocicredpublicaem1975umtrabalhodocebrap(Insti

    tuio independente financiada pela Fundao Ford), La Population du Brsil:

    monographiepourlannemondiale.

    120. Pouvoir et dveloppement conomique: formation et volution des struc

    turespolitiquesauBrsil.Paris:Anthropos,1976.

    121.Bornheim,GerdAlberto.Heidegger.Ltreetletemps.Paris:Hatier,1976.

    122.Merquior,JosGuilherme.LEsthtiquedeLviStrauss.Paris:puf,1977

    [AestticadeLviStrauss, 1975].Ocrticoefilsofoserviucomodiplomatana

    EmbaixadadoBrasilemParisde1966a1967.Foiemseguidaembaixadorjunto

    Unescoem1990.DefendeuseudoutoradonaSorbonneem1972.

    123.Mattoso,KtiadeQueirs.treesclaveauBrsil,xviexixesicles.Paris:

    Hachette,1979[SerescravonoBrasil,1988].

    *ProgramadoMinistriodaCultura,realizadoatravsdoCentrenationaldu

    livre,quevisapromoo,naFrana,dediferentesliteraturasnacionais.(n.t.)

  • Zuenirventura,histriaeculturanafrana

    nadcadade1960:jornalismo,relaesde

    amizadeevivnciasnaCasadoBrasil

    FelipeQuintino

    EsteestudoreconstituiopercursodojornalistaZuenirVentura

    naFrananadcadade1960,bemcomoasrelaesdeamizadee

    experinciasvividasporeleemmomentodeprofundastransfor

    maesnopas.Ganhadordeumabolsadogovernofrancs,Zue

    nirestudouporumanonoCentredeformationdesjournalistes,

    em Paris. Nesse perodo, enviou reportagens, como correspon

    dente,paraojornalTribunadaImprensasobreapolticalocal,as

    produesculturais,temasdocotidianoeapassagemdacomitiva

    dovice-presidente JooGoulartnacidade.AsvivnciasnaCasa

    doBrasil,ondeojornalistamorou,asdescobertasdavidacultural

    eosimpactosdaGuerradaArgliaforamalgunspontoscitados.

    AescolhadeZuenirporParistemrelaodiretacomasdiversas

    possibilidades e encontros que a cidade poderia proporcionar,

    comoumgrandecentrodeculturaedeirradiaodeideias.

    Em seu estudo sobre o sculo xx na Frana, e em busca de

    uma reflexo sobre a historiografia desse perodo, o historiador

    Jean-FranoisSirinellidefendeahiptesedequeoquesedeuno

    pasdesdeoinciodosanos1960provmdeumaoutrabaciade

  • 50

    escoamentoededecantaohistricas1.Marcadaporumahist

    riadeguerrasporquaseumsculo(de1870a1962),aFranapas

    sarianosanos60porprofundastransformaesdeordempolti

    ca,econmicaecultural.DeacordocomSirinelli,opasfoiarras

    tadopelamutaomaisrpidadesuahistria,abrindocaminho

    paraumafaseampla,decercadevinteanos,

    emqueessamudanaprossegueeproduzseusefeitos

    em profundidade, a tal ponto que se pode falar de

    umaverdadeirametamorfosedopas,emsuamorfo

    logia social, mas tambm nas regras e normas que

    regemebalizamemseuseiooscomportamentosindi

    viduaisecoletivos.2

    Em1958,erainstitudanaFranaaVRepblica,assumindoa

    presidnciaogeneralCharlesdeGaulle.Em1959,foicriadooMi

    nistrio da Cultura, dirigido por Andr Malraux. A dcada de

    1960marcaomomentoemqueosvaloreseasprticasculturais

    sofrem uma reviravolta considervel3. Alguns fatores, como o

    crescimentoeconmico,oimpulsodemogrfico,oprolongamen

    todaescolaridadeeomododevidaurbanocontriburamparao

    desenvolvimentodosetorculturaleparaaentradadopasnacul

    turademassa.Duastendnciasforampercebidasnotadamente:o

    desenvolvimentodeumaculturajovemeaascensodateleviso4.

    Amparadapelachegadadageraobabyboomeradolescnciae

    suaprogressivapresenanasociedadedeconsumo,essatransfor

    maodopasbeneficiatambmaimprensacotidiananacionale

    regional.Entre1959e1968,adifusototalpassade6,9milhesde

    exemplaresparamaisde8milhes,naimprensaregional.Nana

    cional,chegaa5milhesdeexemplares5.

  • 51

    Emmeioaessasvriasmudanas,ojornalistaZuenirVentu

    rachegavaemParisemoutubrode1960,com29anos,paraestu

    darnoCentredeformationdesjournalistes(cfj).Eleeojornalista

    RobertoMuggiatiganharam,nomesmoano,bolsadeestudosdo

    governo francs para a formao no Centro. No ano anterior, o

    ganhadordabolsanoBrasilforaojornalistaLuisEdgardeAndra

    de,queatuouemOCruzeiro,JornaldoBrasil,entreoutrosvecu

    losdecomunicao.

    Criadoem1946pelos jornalistasPhilippeViannaye Jacques

    Richet(queatuaramemumgrupoderesistnciadurantea inva

    sonazista),oCentredeformationdesjournalistesseinstalouem

    1955na ruadoLouvre,onde funcionaathoje.Comoestabeleci

    mentodeensino tcnicoeprofissional,oCentroera,naocasio,

    uma das poucas escolas de jornalismo na Frana6. Considerada

    referncia por seus compromissos de tica e dignidade, a escola

    tinha a tradio de receber inscries de candidatos estrangeiros

    devriaspartesdomundo.Noanoda seleodeZuenireMag

    giati,foramrecebidas580inscries,sendo483daFrana,eores

    tante,deentidadesprofissionaisedoestrangeiro,principalmente

    de candidatos africanos. Os brasileiros tiveram como colegas de

    cursoafricanosdoTogo,CostadoMarfim,CamareseAltoVol

    ta,pasesquetinhampassadopelaconquistadeindependncia.

    EmParis,elesacompanharamasdiscussespelomovimento

    delibertaodaArgliadodomniofrancsetambmosatosvio

    lentos perpetrados pela Organizao do Exrcito Secreto (oas).

    ViramosimpactosdoManifestodos121,emqueintelectuais,es

    critores e artistas (Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Andr

    Breton,MargueriteDuras,FranoisTruffaut,entreoutros)contes

    tavam a poltica francesa e alertavam a opinio pblica sobre a

    violnciacometidapelastropasfrancesasnaArglia.

  • 52

    O professor Bernard Voyenne foi um dos que ministraram

    aulaparaaturma.OprogramadocursotinhaasmatriasLngua

    francesaeredao,Informaonasociedadecontempornea,Es

    tudosprticosdaimprensa,Histria,instituiesegeografiaeco

    nmica.Nesseperodo,a instituioerapresididapelo jornalista

    Raymond Manevy, que esteve frente da escola de 1950 a 1961.

    Autor de livros sobre a histria da imprensa francesa, Manevy

    morreuem1961.Assumiuo jornalistaXavierDuguet,presidente

    dainstituiode1961a1973.

    Na lista dos alunos estrangeiros que estudaram na escola,

    publicadapelaAssociaodosEstudantes (LAssociationdesan

    cienslvesducfj),almdeZuenireMuggiati,constamos jor

    nalistas brasileiros Luiz Amaral, Lus Edgar deAndrade, Snia

    ArajoeJosRangel.Adocumentaodaescolarelataodesem

    penhodeZuenirnossemestreseasatividadesqueestavampro

    gramadasparaas friasdePscoa.Zuenir tevecomo tarefauma

    pesquisanaregiodeGrenobleeestgionojornalDauphinLi

    br. Para Muggiati, a escola programou pesquisa na regio de

    MontpelliereestgionojornalMidiLibre.

    Durante o perodo na Frana, Zuenir enviou matrias e re

    portagensparaojornalTribunadaImprensa,depropriedadedo

    polticoCarlosLacerda.Comocorrespondentedojornal,ondeele

    atuava antes da viagem, escreveu textos sobre poltica, esportes,

    cultura e cotidiano da Frana nos anos 60. O primeiro recebeu

    avisodoredatordeplantonaediodecapadodia25deoutu

    bro de 1960: Zuenir Ventura, correspondente do seu jornal em

    Paris, mandou o seu primeiro artigo. Leia, hoje, na pgina 6.

    ComottuloAforanuclear,oartigoabordouadiscusso,no

    Palcio Bourbon, do projeto do governo francs de execuo de

  • 53

    umprogramadedefesanacionalqueincluaoestudoeafabrica

    odearmasatmicas.Zuenirnoticiavaque,nofosseogeneral

    DeGaulleo inspiradordoprojeto,haveriapoucaspossibilidades

    deaprovao,jqueamaioria,pormotivosdiversos,seriahostil

    sconcepesdedefesadogoverno.Otextotambmapontouas

    divergnciaseresistncias,almdesustentarque,

    na verdade, o que o governo quer, com a aprovao

    doprojetodedefesa,aplicarateoriadapersuaso,

    que consiste no princpio de que para incio de con

    versaopasdeveestar forte,pois sassimestar em

    condies de persuadir um eventual inimigo que

    queiraperturbaraordem.7

    Emnovembro,Zuenirinformavaosleitores,noSegundoCa

    derno, sobre o lanamento em Paris do filme Os bandeirantes,

    dirigidopelocineastafrancsMarcelCamusecomaparticipao

    noelencodasatrizesbrasileirasLourdesdeOliveiraeLeiaGarcia.

    Porcontadosucessodepblico,nacidade,deOrfeuNegro,seu

    filmeanterior,anovaproduoeraaguardadacominteressepela

    crtica.SegundodescriodeZuenir,LourdeseLeia,vestidasdos

    ps cabea por Dior e falando um francs que surpreendeu os

    locutoresdaRdioeTelevisoFrancesa,foramamaioratraodo

    coquetelqueosrealizadoresdofilmeofereceramimprensapari

    siensenaCasadaAmricaLatinaparacomemorarolanamento.

    AestreiaocorreunocinemaMarignan,comapresenademile

    seiscentos convidados. Apesar de o filme ter sido recebido com

    entusiasmo pela plateia, que durante a projeo o aplaudiu trs

    vezes,Zuenirapontouasfragilidadesdaproduo:

  • 54

    Nasada,trechosdamsica(principalmentedasbra

    sileiras)realmenteamelhorcoisadofilmeeram

    assoviadas e os comentrios elogiavam sobretudo o

    aspectoexticoepitorescoasmsicas,ocostume,

    ofolclore;que,noentanto,foitratadocomexageroe

    impreciso,apontodedarumafalsaideiadoBrasile

    de algumas regies que o compem e onde foram

    tomadas vrias cenas, como Cear, Bahia, Braslia.

    Alis,estapreocupaoquasequetursticadequerer

    mostrar a terra, transforma o filme numa sequncia

    animadadecartespostaisetransfereparaumsegun

    doplanoodesenrolardatrama,jporsissemmuita

    consistncia.8

    Tambm na rea de cinema, Zuenir escreveu logo depois

    sobreumaquestodanouvellevague 9,dizendoqueamaioriadas

    vedetesnofrequentaraaulasdeescolasdramticas,mastinham

    emcomumapassagempelasfotografiaseoramodapublicidade,

    principalmente em anncios de marcas de sabonetes. Segundo

    constataodeZuenir,

    h dez anos que essa instituio, conhecida como

    conservatrio do sabonete, vem fornecendo artistas

    para o cinema e depois que isso aconteceu pela pri

    meiravez,malamoa-propagandasaidabanheira e

    ummetteurenscnejaconvidaparaocinema.10

    Para comprovar a tese, citava na matria dados biogrficos

    dasatrizesJulietteMayniel,MylneDemongeoteAlexandraSte

    wart(comsuasfotospublicadasnapgina),almdeinformarque

    aprocuradosrealizadoresdecinemaporesseperfilnochegoua

    criarproblemasparaosfilmespublicitriosporqueantesdaba

  • 55

    nheiraesvaziarumaoutramocinha j seapresentaparaalardear

    asqualidadesdetalouqualsabonete.

    RealizadanoMuseudeArteM