Na última quarta feira (05/09/12) houve a visita às antigas instalações da biopuster, local onde a prefeitura propôs para transferir algumas cooperativas que estão com problemas de licenciamento nos terrenos aonde se encontram atualmente.Estavam presentes na visita alguns representantes das cooperativas:  Coopernorte, Copermaringá, cooperpalmeiras, Coopercentral (  são só estas ?), O instituto lixo e cidadania, ministério público do trabalho, representantes da Unitrabalho e prefeitura.

Dados Gerais do local. O local se encontra na região Sul da cidade de Maringá, Coordenadas: 23°28'37"S   51°57'25"W, ao final da Estrada São José, (continuação da Av. Carlos Borges sentido sudoeste) S/N.

O local proposto pela prefeitura se encontra às margens da fonte de extração da pedreira ingá, antigo local onde foi realizado o projeto piloto pela Prefeitura Municipal com a Biopuster. * Um breve histórico da Área.

“A Prefeitura de Maringá e o Consórcio Biopuster iniciam oficialmente nesta sexta-feira (11) o tratamento do lixo urbano com tecnologia alemã, inédita na América Latina. O investimento total vai alcançar R$ 3.076.187,26. O município realizou as obras de infra-estrutura para a instalação do empreendimento, aplicando R$ 398.135,00 de recursos próprios. O consórcio está investindo R$ 2.678.052,26.     Mesmo se tratando de um termo de cooperação técnica entre o município e o consórcio, aprovado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), os investidores alemães apostam no sucesso do empreendimento. A tecnologia, utilizada há 14 anos na Europa, tem mais condições de resultados positivos em Maringá pelas condições de clima e o tipo de lixo do município, segundo o engenheiro Michael Struwe, integrante do Consórcio Biopuster. (...) A tecnologia foi desenvolvida na Alemanha para liberar áreas contaminadas e permitir o crescimento urbano de algumas cidades. Através da injeção de ar comprimido enriquecido com oxigênio nos patamares de lixo, o sistema torna os resíduos estéreis, sem risco de contaminação ambiental. O material é então selecionado através de peneiras gerando recicláveis, matéria orgânica de uso agrícola e resíduos livres de contaminação.     O mesmo processo é utilizado com o lixo que chega ao aterro. O material inicialmente passa por peneiras para separar especialmente resíduos orgânicos. A maior parte segue em esteiras onde os recicláveis são separados manualmente por classe, restando apenas o lixo inservível no final do processo. Estes resíduos são confinados em células de tratamento. “ (ZANATTA, Marcelo. “ Maringá inaugura projeto inédito de tratamento do lixo urbano” Maringá, 10/04/2008. <http://www2.maringa.pr.gov.br/site/index.php?sessao=b79b5209e355b7&id=6094> acessado em 06/09/2012>)

Desde 1992 começou a discussão com o RSU na cidade de Maringá. Em 92 um inquérito civil dava os primeiros passos nesta longa discussão, apenas em 2000 o Ministério Público entrou com uma ação civil publica colocando algumas determinações acerca do tema. Impossibilitou a utilização do aterro, uma vez que encontra-se irregular e é de responsabilidade da prefeitura fazer adequações no local, e também, que a prefeitura retirasse as pessoas que trabalhavam no antigo lixão produzindo um plano de gerenciamento ambiental implementando a coleta seletiva no Município. Em 2002 foi pedido uma nova área ao IAP para ser licenciada, mas não foi atendido a solicitação, no mesmo ano foi determinado paralisação imediata dos depósitos dos RSU. Com todos esses problemas medidas emergenciais foram sendo tomadas para cessar a questão do lixo em Maringá. Enquanto não se resolviam a situação do RSU a prefeitura continuou a mandar o lixo para o aterro o que acarretou em enormes multas para a prefeitura. O projeto piloto da Biopuster, desde 2007 vinha sendo especulado a sua implantação, é quando em 2008 de fato foi efetivado o contrato, com vigência de um ano, após quatorze meses finalizou-se o contrato e a prefeitura continuou sem um espaço para depositar o lixo. Em agosto de 2009 foi dado o inicio do processo licitatório, a prefeitura ao inicio realizara uma licitação com vigência de 06 meses, posteriormente alterou para 1 ano, fazendo com que juízes pedissem liminares suspendendo o processo. O processo voltou a ter andamento em 15 de outubro quando a empresa Pajoan venceu a licitação, mas, sua licença ambiental deixava bem claro que todo o recebimento em seu aterro seria apenas do RSU proveniente da cidade de Sarandi, logo após, foi a vez da Biopuster ser inapta a realizar as atividades de destinação final do RSU. Dia 04 de Dezembro houve uma nova licitação sendo a

vencedora a empresa Constroeste. A empresa veio com a proposta de depositar o RSU ao custo de R$ 65,90 a tonelada, propôs depositar o RSU nas cavas da pedreira, próximo ao antigo aterro, onde é tomada esta medida até os dias de hoje. Em 2010 a prefeitura lançou seu Plano Municipal de Resíduos Sólidos, contendo a proposta de implantação de uma usina de Incineração de lixo, por meio de mobilizações sociais a câmara dos vereadores aprovou a Lei Pró-Catador, que ainda está em fase de estruturação.

Dados sobre a Área

O local que a prefeitura ofereceu às cooperativas está abandonado a aproximadamente 03 anos podemos observar nas fotos abaixo a situação das instalações.

*Antigas instalações da Biopuster, ainda em funcionamento; Foto de 2008

Nas fotos abaixo percebemos as instalações já abandonadas, não possuem mais os containers onde o RSU era processado, o piso de concreto e as marcas evidenciam a história do local.

Dados sobre as Instalações

As instalações eram utilizadas pela empresa contratada pela prefeitura para realizar a triagem do material reciclável na época em que a Biopuster desempenhava suas funções no local. Observamos as fotos abaixo da situação atual do local.

Prensa presente no local:A prensa não possui motor e todos os cabos e entradas de energia foram roubados devido ao abandono.

Vista sentido Norte - Sul. Divisórias gradeadas por onde o material separado na parte superior “cai” e são alojados separadamente.

Imagem da parte superior da estrutura onde conseguimos observar as esteiras aos lados, as caixas coletoras, e os tubos por onde entra o RSU e giram facilitando a separação do material que chega da coleta e por ali entra na cadeia de separação.Podemos perceber a ausência de toda parte elétrica das máquinas de processamento do material.

Na grade que serve como piso da parte superior da estrutura, percebemos diversos pontos danificados, a altura do local traz perigo aos trabalhadores se o assoalho em que se encontram não estiver adequado. Na parte inferior, encontramos 400m² livres para alojar o material já prensado (não está incluso na conta as áreas que se encontra com grades separadas)

Local onde o material é depositado para começar o processo de triagem.

Sobre o Refeitório.

O refeitório, como já exposto, encontra-se a aproximadamente 250m do local onde os trabalhadores desempenhariam suas funções, conta com 3 escritórios, 2 banheiros ambos com 3 privadas, 3 chuveiros e 2 pias, exceto o banheiro masculino que possui mais dois mictórios. Há presença de poeira é intensa no local. Por se encontrar a poucos metros de um ponto de extração da pedreira pudemos identificar grande quantidade de poeira e em poucos minutos no local esboçamos reações negativas à poeira.

Podemos perceber a grande quantidade de poeira gerada pelas atividades próximas do local.

Considerações Finais

A prefeitura alega irregularidades nos licenciamentos de algumas cooperativas e encontram neste local um espaço, que na opinião deles, se houver as suas devidas modificações e adequações é um bom lugar para estar recebendo as cooperativas de catadores de recicláveis. De fato, as cooperativas de lixo estão com problemas em seus licenciamentos, o problema é que a mais de 4 anos alguns empreendimentos solidários buscam na prefeitura suporte técnico para viabilizarem seus espaços de trabalho, conforme o recorte da lei 12.193/11

E o que de fato muita coisa durante este tempo não foi realizada. Possuímos hoje na cidade de Maringá apenas duas cooperativas em estado regular de funcionamento, ambas desempenhando suas funções com materiais recicláveis específicos.Sobre o local vale ressaltar os seguintes pontos: - O local onde a estrutura está alojada fica na parte externa da cidade, um local de difícil acesso aos cooperados, o poder público deve garantir via contrato a disponibilidade de transporte tanto no início quanto no final do expediente. - A Pedreira ali próxima despeja muitas partículas de sedimentos que podem ser nocivas à saúde dos trabalhadores, deve ser realizada uma pesquisa para saber o nível de exposição ao passivo ambiental ali presente e qual o grau de danos à saúde do trabalhador. - Todas as máquinas ali presentes estão danificadas, seriam necessários reparos imediatos e verificação das instalações elétricas presentes. Tanto os transformadores quanto todos os cabos, motores, fios, etc foram roubados, portanto, devem ser corrigidos para poderem receber os cooperados. - Tanto o Barracão quanto a área onde são despejados os materiais são cobertos, porém, todos vazados em suas laterais. Em dias cujo as intempéries podem ser intensas não garantem total segurança e abrigo para que os cooperados possam trabalhar adequadamente. - Para que os processos de triagem e armazenagem fossem efetivos, seriam necessários a disponibilidade de um pequeno trator para empurrar os RSU’s e periodicidade na coleta dos rejeitos provenientes do processo de separação. - Os banheiros e toda parte hidráulica do barracão devem ser verificados, arrumados e em se encontrar em bom estado de uso. - No refeitório devem ser feitos adequações em todos os banheiros e áreas sociais, telhas, portas, maçanetas etc.

Cabe às cooperativas avaliarem a situação e deliberar sobre a aceitação ou não do local.