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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE QUÍMICA CURSO DE QUÍMICA COM ATRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL DE CURSO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O LIXO ELETRÔNICO Alunos: Carlos Eduardo de Farias Cândido Wagner Campos da Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA

INSTITUTO DE QUÍMICA

CURSO DE QUÍMICA COM ATRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA

MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL DE CURSO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

O LIXO ELETRÔNICO

Alunos: Carlos Eduardo de Farias Cândido

Wagner Campos da Silva

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DEZEMBRO DE 2007

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA

CURSO DE QUÍMICA COM ATRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O LIXO

ELETRÔNICO

Carlos Eduardo de Farias Cândido Wagner Campos da Silva

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RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar aspectos tecnológicos e

ambientais ligados a um dos maiores desafios da civilização: a destinação final e a

gestão do lixo tecnológico (ou high-tech), exemplificado nesta monografia pelo lixo de

informática (computadores e periféricos obsoletos ou inservíveis) e celulares.

É evidente a extraordinária inserção dos computadores e celulares em todos os

aspectos do cotidiano, chegando mesmo a se constatar que a sociedade moderna teria

sérias dificuldades em se manter sem o concurso deles. Ao mesmo tempo, essa febre de

consumo e utilização leva a constantes trocas de versões, com o lançamento de produtos

cada vez mais poderosos e capazes de realizar um número cada vez maior de tarefas

com maior rapidez e flexibilidade. Isso, contudo, tem um preço: a geração de uma

quantidade cada vez maior de produtos usados, sem condições de emprego com os

atuais programas (softwares) ou por falta de peças de reposição. A destinação final

destes materiais revela um escândalo, na medida em que, por uma pretensa “inclusão

digital”, eles vêm sendo exportados para países pobres da Ásia, onde acabam sendo

desmantelados sem quaisquer cuidados com a higiene e a saúde ocupacional e o meio

ambiente.

Além de sua utilização normal como ferramenta auxiliar de ensino (por meio de

programas de simulação), o computador e seus periféricos usados podem se constituir

num elemento que facilita o aprendizado de conceitos da Química vistos no Ensino

Médio. Em primeiro lugar, o produto é a junção de inúmeros componentes, os quais têm

diversas funções conforme as propriedades físicas e químicas de cada um deles. O

exame dos componentes presentes no interior dos computadores e periféricos permite ao

aluno reconhecer a importância da Química na concepção de materiais que fazem as

maravilhas tecnológicas de hoje. Conceitos como metais e não metais, polímeros, ligas

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eutéticas, condutividades elétrica e térmica, densidade, rigidez mecânica, etc. podem ser

abordados numa perspectiva realística. Ao mesmo tempo, a Educação Ambiental entra

em cena com os aspectos referentes ao impacto ambiental decorrente do descarte de

eletrônicos usados. Muitos dos elementos presentes são tóxicos à vida e ao ambiente.

Nessa visão, o aluno é levado a debater a reciclabilidade dos componentes eletrônicos

usados, verificando que existem constituintes facilmente recicláveis e outros que

aguardam ainda uma solução.

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SUMÁRIO

Introdução 7

Capítulo 1 - Os Componentes de um PC e de um Celular 8

1.1) Monitor e display de celular 8

1.2) Impressora 10

1.3) Torre ou Gabinete e capas de celulares 11

1.4) Outros periféricos 12

1.5) Composição média de um PC e de um celular 13

Capítulo 2 - A questão das versões obsoletas 16

2.1) Consumo mundial e a velocidade de troca das versões 16

2.2) Upgrade 18

2.3) A inclusão digital 19

2.4) A posição do Brasil neste contexto 21

Capítulo 3 - Destino final dos equipamentos eletrônicos obsoletos 25

3.1) Porque o equipamento eletrônico usado é um problema ambiental? 25

3.2) A periculosidade dos componentes eletrônicos 26

3.3) Quando o upgrade e a inclusão digital não adiantam mais 30

3.4) A destinação para a Ásia e outros locais do terceiro mundo 33

3.5) Políticas de destinação final dentro dos EUA e Europa 36

3.6) A situação brasileira 37

Capítulo 4 - Identificação dos componentes 39

4.1) Os polímeros 39

4.2) A reciclagem de polímeros 41

4.2.1) Reciclagem Química 41

4.2.2) Reciclagem Mecânica 42

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4.2.3) Reciclagem Energética 43

4.3) Metais 44

4.4) Vidro 46

Capítulo 5 – Educação Ambiental 47

Conclusões 49

Bibliografia 50

ÍNDICE DAS TABELAS

Tabela 1: De que é feito o computador 13

Tabela 2: Elementos presentes em um PC 14

Tabela 3: Materiais de computadores descartados até 2004 (em toneladas) 27

ÍNDICE DAS FIGURAS

Figura 01: Monitor de um PC 10

Figura 02: Imagem de uma Torre ou Gabinete 11

Figura 03: Cabos, conectores e outros componentes de um PC 27

Figura 04: Carcaças de computadores descartadas 35

Figura 05: Os rejeitos dos rejeitos 35

Figura 06: Estruturas internas do computador que contêm polímeros 40

Figura 07: Ciclo de reciclagem mecânica de polímeros termoplásticos 43

Figura 08: Controladora e placa-mãe do computador, constituídas por metais 45

Figura 09: Desenho esquemático de um tubo de imagem CRT 46

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INTRODUÇÃO

O QUE É LIXO ELETRÔNICO (e-lixo)?

Esta é a designação popular dada aos resíduos de dispositivos eletrônicos que vão

desde eletrodomésticos como geladeiras, televisores, máquinas de lavar, microcomputadores,

telefones celulares a aparelhos de CD ou mp3.

O que, à primeira vista, são equipamentos inofensivos, muitas vezes, de uso normal e que são

confeccionados para nos trazerem comodidade e conforto, podem em pouco tempo se

transformarem num grande desastre ambiental, se as autoridades brasileiras não tomarem

providências urgentes para o descarte seguro de equipamentos eletrônicos. Antes feitos para

durar, os eletrônicos de consumo são hoje projetados para serem substituídos quando quebram

ou quando se tornam obsoletos. O ciclo de vida dos eletroeletrônicos é, em geral, curto. A

cada dois anos um microcomputador é substituído por outro. A taxa de renovação de celulares

é ainda mais impressionante. Aliado ao curto ciclo de vida e a alta taxa de renovação, os

preços do desmantelamento e tratamento dos elementos químicos encontrados nos

eletroeletrônicos são muito altos. Esse quadro é agravado pela falta de políticas públicas.

Tudo isso, pode fazer da revolução digital uma catástrofe ambiental. Afinal, já são jogados

fora no mundo, anualmente cerca de 50 milhões de toneladas de novos resíduos eletrônicos.

No Brasil, são mais de 40 milhões de microcomputadores e de 130 milhões de celulares. Fica

a pergunta para onde vai tudo isso, quando se transforma em lixo?

Nesta monografia trataremos apenas dos microcomputadores e dos celulares.

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Capítulo 1 - Os Componentes de um PC e de um Celular

Com o desenvolvimento da informática e das telecomunicações, vemos os

computadores e celulares se sofisticarem propiciando aos usuários uma interface perfeita entre

homem e máquina. Porém, embora tenham se popularizado bastante, um grande esforço de

tecnologia e engenhosidade é necessário para conceber essas maravilhas da vida moderna. À

primeira vista notamos que o computador e o celular são compostos por vários segmentos

que, se não estiverem perfeitamente sincronizados como um relógio, prejudicam

sensivelmente o seu funcionamento. Neste capítulo são apresentados estes componentes que

ajudam a conceber esse incrível conjunto.

1.1) Monitor e Display de Celular

Estes equipamentos (Figura 01) são responsáveis pela interface direta entre usuário e

máquina, pois é através deles que o usuário consegue identificar todo tipo de mensagem

codificada por eles, principalmente mensagens gráficas e textos; em outras palavras podemos

definir o monitor e o display como principais periféricos de saídas.

No entanto para se fabricar um monitor é preciso o emprego de tecnologia sofisticada,

pois este tem o mesmo princípio de funcionamento de um monitor (cinescópio) de aparelho

de televisão, ou seja, ele precisa de componentes que permitam mostrar com total nitidez as

imagens e ao mesmo tempo deve ser feito de um material resistente e leve para seu fácil

manuseio.

Basicamente o monitor é composto por circuitos que possuem vários chips de silício

tratado quimicamente, uma tela que é protegida por um gabinete fabricado com resinas

termoplásticas, e pelo vidro, cuja transparência foi obtida com a inclusão de cério5 em sua

formulação. Com isso vemos que é necessário um grande conhecimento de ciência dos

materiais a serem utilizados para a concepção do produto.

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O silício tratado quimicamente serve como excelente semicondutor para os contatos

elétricos das placas e seus respectivos chips. Já as resinas termoplásticas que compõem o

gabinete que protege o monitor são polímeros, ao mesmo tempo leves para o fácil transporte

do monitor e resistentes ao fogo e altas temperaturas; em caso de superaquecimento de uma

placa e eventual queima do monitor este não propagará as chamas, evitando maiores danos ao

seu usuário.

Existe ainda alguns painéis de vidro de monitores que levam chumbo, mais

comumente os de raios catódicos do tipo CRT (sigla em inglês de tubo de raios catódicos).

O cádmio é utilizado em chips de resistores, detectores de infravermelho e

semicondutores, e ainda em alguns tipos de CRT. Além disso, o elemento é usado como

estabilizador para plásticos6.

Em se tratando de plásticos, são nada mais nada menos que 6,3 kg em um computador

médio, sendo que o PVC [Poli(cloreto de vinila)] compõe 26% m/m do total de plásticos

usados na fabricação de monitores e outros periféricos. O PVC é largamente usado para

exercer a função de retardador de chama, pois além da resistência mecânica ele propaga

pouco o fogo. Além dos monitores ele também é encontrado em cabos e gabinetes. Outras

opções de plásticos estão sendo utilizadas na fabricação de monitores como o ABS

(Acrilonitrila-Butadieno-Estireno), polietileno de baixa densidade e olefinas termoplásticas6,

que são menos agressivos ao ambiente.

Além de plásticos, chumbo, cádmio e sílica são usados também fósforo e aditivos, que

revestem o interior do CRT, afetam a resolução do display e a luminosidade das imagens

vistas no monitor; o revestimento de fósforo contém metais pesados como aditivos, por

exemplo, cádmio, zinco e vanádio.

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Figura 01: Monitor de um PC

1.2) Impressora

As impressoras, assim como os monitores, são importantes periféricos de saída. No

caso da impressora ela mostra o resultado final de um trabalho, quer seja esse trabalho um

texto redigido, um desenho feito no computador ou uma foto.

Com o avanço e desenvolvimento do computador pessoal os periféricos sofreram

concomitantemente o mesmo grau de evolução, e isso não foi diferente com as impressoras.

Com o passar dos anos vemos cada vez mais tipos de impressoras especializadas em

um tipo de impressão, quer seja pela superfície do papel, quer seja pelo tipo de tinta

empregado. Até bem pouco tempo atrás tínhamos as impressoras matriciais, usadas

principalmente por escritórios e instituições financeiras para imprimirem folhas de pagamento

e contra-cheques de funcionários. Depois veio o advento das impressoras a jato de tinta, que

com apenas um toque (sinal eletrônico) no cartucho de ABS, fazem entrar em ação todos os

corantes, contendo em sua composição nitratos orgânicos, solventes e o pentanodiol, que

constituem as tintas da impressora, normalmente envasadas em um tubo de polipropileno ou

de polietileno de alta densidade5 posicionado dentro do cartucho.

E hoje na vanguarda da tecnologia de impressão, temos as impressoras a laser cujo

toner utilizado é um composto de copolímero estireno-acrilato, negro de fumo, polipropileno

e óxido de ferro5.

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Atualmente os modelos de impressora multifuncional estão tomando conta do mercado

mundial, pois além das várias funções que realizam, como tirar cópias e enviar fax, sua

velocidade e resolução de impressão (nitidez) são muito superiores àquelas das versões

anteriores.

1.3) Torre ou Gabinete de computador e capas de celulares

Dentro destes componentes estão todos os mecanismos que dão vida ao PC e ao

celular. Placa-mãe, no caso dos PC, placa de chips integrados, no caso dos celulares,

controladoras de som, vídeo, modem e vários processadores que são feitos a partir de ligas

metálicas e outros metais como mercúrio, empregado nas baterias dos circuitos integrados das

placas, e o chumbo, largamente utilizado nas soldas, na fabricação de chips e em ligas

eutéticas com o estanho, são “guardados” por uma “embalagem”, que é a torre, no caso do

PC, e a capa, no caso do celular, especialmente projetada para ser leve e resistente (Figura

02).

Este item é o grande responsável pela proteção interna dos eletrônicos. Esta proteção é

basicamente feita de polímeros com propriedades termoplásticas e vários retardadores de

chama que consistem de substâncias orgânicas halogenadas ou compostos contendo fósforo.

Figura 02: Imagem de uma Torre ou Gabinete

1.4) Outros componentes

Outros componetes fazem parte do computador e do celular, e que têm como função

ajudar no processamento de informações (isto é, promovendo a entrada de dados e a saída dos

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resultados do seu processamento). O que deve ser considerado é que todos eles em conjunto

colaboram para a perfeita interface entre o ser humano e a máquina.

Pode-se citar alguns desses componentes incorporados à arquitetura de um

computador e de um celular, como teclado (para computador e celular), mouse, scanner, cd-

rom, pendrive e drivers para disquetes. Por exemplo, o scanner que é o periférico de entrada

responsável por digitalizar imagens, é basicamente feito de vários tipos de plástico; o teclado,

outro periférico de entrada, é constituído de um plástico especial o ABS. No mouse, a esfera

que está em seu casulo é feita de borracha sintética. No que diz respeito ao Cd-rom aparece o

alumínio metálico, o policarbonato e outros plásticos especiais como PVC e polietileno de

alta densidade.

Além desses existem também os hubs e switchs. Esses periféricos são responsáveis

pela interface entre computadores de uma rede e seu servidor e também pela conexão à

Internet destes computadores que pertencem à referida rede. Os hubs e switchs codificam os

dados que trafegam entre os usuários de uma rede. Estes equipamentos possuem em suas

partes internas uma infinidade de transistores e chips em seus circuitos integrados. Nestes

circuitos há várias soldas de ligas eutéticas de chumbo e estanho, além de ouro para os

conectivos e conexões, e o cádmio, metal extremamente tóxico e largamente empregado na

fabricação de baterias e chips.

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1.5) Composição média de um PC e de um celular

As Tabelas 1 e 2 mostram que um grande número de elementos químicos da Tabela

Periódica se acham presentes nos computadores atuais (cerca de 30!).

Tabela 01: Composição média de um computador

MATERIAL PERCENTUAL EM MASSA

Plástico 40%

Metais 37%

Dispositivos eletrônicos 5%

Borracha 1%

Outros 17%

Materiais recuperáveis 94%

Materiais não recuperáveis 6%

A multiplicidade de elementos se justifica pelas diversas funções necessárias ao

funcionamento do equipamento eletrônico. Para que isto ocorra, a escolha dos materiais deve

levar em conta as propriedades químicas, físicas e mecânicas de cada um, haja visto a

necessidade de combinar diversas funcionalidades, como: resistência mecânica, condutividade

elétrica, retardação de propagação de chama, isolamento elétrico, etc...

Portanto, a construção de um eletrônico só é possível graças à combinação das

propriedades dos diversos componentes, tornando-se assim um notável exemplo de aplicação

do conhecimento na concepção de um produto fortemente inserido no cotidiano moderno. Ao

mesmo tempo, é um exemplo da dificuldade em se reciclar o produto velho, dada a forma

como é feita a junção de muitos de seus componentes presentes em pequenas quantidades

(ligas, soldas, etc), fato esse não previsto quando da concepção do produto, ainda que eles

componham apenas cerca de 6% da massa de um PC, conforme os dados da Tabela 1.

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Assim como outros equipamentos eletrônicos, os celulares contêm substâncias tóxicas

como arsênico, chumbo, antimônio, cádmio, níquel, zinco, retardantes de combustão, além da

solda usada nos circuitos internos, que podem ser nocivos ao planeta25

Tabela 02: Elementos presentes em um PC

Material % m/m

% Reciclável, m/m Localização/finalidade

Al (alumínio) 14,1720 80 estrutura, conexões

Pb (chumbo) 6,2980 5 circuitos integrados, soldas,

baterias

Ge (germânio) 0,0010 0 semicondutor

Ga (gálio) 0,0010 0 semicondutor

Fe (ferro) 20,4710 80 estrutura, encaixes

Sn (estanho) 1,0070 70 circuito integrado

Cu (cobre) 6,9280 90 condutor elétrico

Ba (bário) 0,0310 0 válvula eletrônica

Ni (níquel) 0,8500 80 estrutura, encaixes

Zn (zinco) 2,2040 60 bateria

Ta (tântalo) 0,0150 0 condensador

In (índio) 0,0010 60 transistor, retificador

V (vanádio) 0,0002 0 emissor de fósforo vermelho

Be (berílio) 0,0150 0 condutor térmico, conectores

(liga Be-Cu)

Au (ouro) 0,0016 98 conexão, condutor

Ti (titânio) 0,0150 0 pigmentos

Co (cobalto) 0,0150 85 estrutura

Mn (manganês) 0,0310 0 estrutura, encaixes

Ag (prata) 0,0180 98 condutor

Cr (cromo) 0,0060 0 decoração, proteção contra

corrosão

Cd (cádmio) 0,0090 0 bateria, chip, semicondutor,

estabilizadores

Hg (mercúrio) 0,0020 0 baterias, ligamentos,

termostatos, sensores

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Capítulo 2 - A questão das versões obsoletas

2.1) Consumo mundial e a velocidade de troca das versões

A tendência geral de um crescente consumismo no segmento de equipamentos

eletroeletrônicos (EEE), com seus lançamentos simultâneos e quase que diário. Trata-se de

uma verdadeira febre mundial por novidades. Há logo o desejo por parte dos usuários de

substituir os equipamentos de versões antigas pelos mais recentes. Estudos mostram que a

cada dois anos e meio um chip dobra de capacidade e o anterior sai de cena. Por conta disso,

face ao constante avanço da tecnologia, o tempo de vida útil dos eletrônicos está cada vez

mais curto, ou seja, está se tornando cada vez mais rápida a troca por versões mais novas.

Pode-se dizer que este consumo cresce exponencialmente em relação há alguns anos atrás, se

via poucas pessoas com PCs e celulares.

Isso ocorre devido à grande demanda por novos computadores e periféricos que são

capazes de “rodar” programas cada vez mais poderosos e versáteis, e também de realizar

diversas novas tarefas antes inexistentes nas versões anteriores: programas de editoração

gráfica, obtenção e tratamento de imagens, etc... Além disso, existe uma constante busca de

informações em tempo real, dada a imensa esfera de dinamismo em que o mundo globalizado

de hoje está envolvido; portanto, a capacidade de conectar-se e de “navegar” na Internet

(inclusive “baixando” arquivos cada vez maiores) é outro atributo primordial nesta tomada de

decisão. Hoje várias empresas privadas e órgãos governamentais estão interligados, e decisões

importantes são tomadas a todo instante graças a este imenso avanço da tecnologia. Em

virtude disso tanto empresas como órgãos dos governos e pessoas comuns buscam a cada dia

mais equipamentos de última geração para se manterem competitivas e atraentes aos mais

diversos tipos de clientes, para solucionarem seus problemas e realizarem os mais variados

serviços.

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Dados estatísticos mostram que nos países desenvolvidos este tempo de vida útil caiu

de seis para apenas dois anos entre 1997 e 20057. Os números da produção de computadores

são verdadeiramente astronômicos: só em 2004 a indústria de informática vendeu 183 milhões

de computadores novos, 11,6% a mais do que em 20037. As estimativas mostram que se esse

ritmo prosseguir em 2010, Estados Unidos, Europa e Pacífico Asiático já terão acrescentado

150 milhões de PCs ao acervo atual, enquanto os mercados emergentes vão ter contribuído

com outros 566 milhões; até lá haverá nada mais nada menos que 178 milhões de usuários

novos de informática na China e 80 milhões na Índia. No México teremos 46% dos habitantes

com computador em casa enquanto no Brasil esse número deverá ultrapassar a marca dos 30

milhões de usuários.

No caso dos celulares somente no primeiro trimestre de 2005 foram vendidos 180,6

milhões de aparelhos celulares em todo o mundo. É quase a população brasileira, composta

por mais de 183 milhões de pessoas25.

Todas as razões arroladas acima impulsionam as pessoas a seguirem esse ciclo vicioso

do consumo, fazendo este mercado crescer assustadoramente nos últimos anos,

principalmente nas áreas desenvolvidas como os Estados Unidos, Europa e parte da Ásia. Este

crescimento, que movimenta a economia mundial e traz desenvolvimento, aparentemente não

apresenta problema algum se formos olhar do ponto de vista da política de inclusão digital e

do acesso à informação a todos; no entanto se observarmos por um outro ângulo, veremos que

a coisa não é bem assim. Do ponto de vista ambiental essa produção cada vez maior e mais

rápida de novos eletrônicos traz um grande risco à humanidade, não só para os países que

produzem em massa estes equipamentos, mas também para o mercado consumidor, enfim, o

mundo de um modo geral. Isso se traduz num elevado consumo dos recursos naturais

empregados na fabricação dos mesmos, e principalmente no que diz respeito ao modo de

descarte e à má gestão destes recursos. Se dermos maior atenção ao consumo de recursos,

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encontraremos estudos que mostram que, para se fazer um computador novo e seu monitor,

são consumidos pelo menos 240 kg de combustível, 22 kg de produtos químicos e 1,5 t de

água. “A fabricação de microprocessadores é uma das causas desta disparidade, devido à sua

massa extremamente baixa em relação à enorme quantidade de energia e produtos químicos

necessários para fabricá-los", explicou um dos autores do relatório da pesquisa, Ruediger

Kuehr, pesquisador contratado pela ONU16.

As Tabelas 1 e 2 (item 1.5 desta monografia) mostram que até cerca de 50 elementos

da Tabela Periódica se acham presentes nos computadores atuais, alguns deles bastante

tóxicos aos seres vivos. Isso realmente indica que eles requerem muitas fontes minerais para

que os elementos que os compõem sejam obtidos, e que podem se configurar num problema

ambiental sério caso o computador velho tenha uma destinação final inadequada.

Daí vem a pergunta: o que fazer com os computadores e celulares de versões antigas?

2.2) Upgrade

Uma maneira de minorar o problema colocado no parágrafo precedente é o chamado

upgrade das versões mais antigas de computadores. Este procedimento consiste,

principalmente, em aumentar o espaço de memória para armazenamento (no caso das

memórias RAM), ou melhorar a velocidade de processamento das informações em placas de

vídeo e controladoras de som. Pode-se também fazer um aumento colocando mais periféricos

como entrada de CD-ROM e gravadores de CD e DVD.

Em suma, fazer upgrade dessas versões é uma solução viável tanto para hardware

(parte física de um computador) como para software (o programa). No caso dos softwares, o

upgrade seria feito trocando-se as versões dos programas por outras mais recentes a fim de se

melhorar os recursos oferecidos por eles, ou uma troca de versão do sistema operacional com

o qual se está trabalhando. Nesse particular o emprego de um software livre e gratuito, cujo

código-fonte - conjunto de instruções de programação - é aberto, e pode ser modificado de

acordo com a necessidade de quem usa, dá uma flexibilidade muito grande, permitindo que

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ele seja adaptado para funcionar em computadores antigos e de poucos recursos. O Linux é

um bom exemplo de software gratuito.

O software livre é uma grande “arma” para prolongar a vida útil de computadores

usados, evitando a troca prematura por um computador novo.

Por outro lado, pode acontecer que, na verdade, a atualização do hardware apenas visa

satisfazer nosso impulso consumista e mercadológico, e não propriamente uma necessidade

de se obter mais capacidade de processamento ou maior espaço de memória. É o que ocorre

no que se diz respeito aos celulares, pois o upgrade nesse caso é simplesmente trocar o celular

antigo por um novo. Antes de trocar de computador e de celular, as pessoas deveriam refletir

e ver se é realmente necessária a troca do equipamento.

Infelizmente o upgrade não é uma solução definitiva para o problema do computador e

seus periféricos usados. Pode acontecer de não existir mais peças de reposição para as versões

mais antigas, as placas-mãe e seus processadores não conseguirem “rodar” os programas que

o usuário deseja, ou ainda o custo do upgrade superar o de um produto novo e atualizado.

Uma pergunta recorrente entre aqueles que trabalham para solucionar esta questão é: o que se

fazer com esses materiais quando o upgrade não mais resolve o problema?

2.3) A inclusão digital

Nos dias atuais, o avanço da informática e a maior velocidade de processamento e

transmissão de informações unem um número cada vez maior de pessoas de diferentes etnias,

religiões, classes sociais, nacionalidades, instituições e órgãos governamentais. No entanto,

embora a informática propicie a democratização e o acesso a toda e qualquer tipo de

informação, nota-se ainda um importante desnível nesse acesso quando são comparados os

diversos países e as pessoas que circulam pela grande rede.

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Com a globalização crescente e o estreitamento de relações entre os povos, tem sido

imprescindível a troca de conhecimento e tecnologias entre as diversas culturas para um

desenvolvimento satisfatório e manutenção das relações interpessoais em todo o mundo.

Embora o número de pessoas que dispõe hoje de um computador com acesso à

Internet em casa tenha aumentado significativamente, ainda há um grande contingente de

“excluídos digitais” em todo o mundo. Isso se torna mais evidente quando analisamos os

países subdesenvolvidos da América Latina, África e Ásia. Dados mostram e reiteram a

brecha digital na África. Por exemplo, há apenas três linhas de telefone fixo para cada cem

habitantes12, enquanto vinte países apenas detêm 80% da banda larga (internet de alta

velocidade) mundial e o número de usuários da rede no G-8 (Grupo dos sete países mais ricos

do mundo mais a Rússia) é igual ao número de usuários no resto do mundo.

Com o intuito de minimizar essa enorme discrepância a Organização das Nações

Unidas (ONU), na pessoa do Secretário-Geral Kofi Annan, vem realizando diversas

conferências para debater e achar soluções para a exclusão digital que atinge essas regiões do

mundo.

Uma conferência neste sentido foi realizada em 2003 em Genebra onde representantes

de 170 países criaram o Fundo de Solidariedade Digital. Infelizmente, após dois anos,

verificou-se que não havia muito interesse dos países ricos em doar dinheiro para os países

pobres. No ano de 2005 em Túnis (capital da Tunísia) foi realizada uma reunião entre países

latino-americanos e do Caribe para implementar políticas de inclusão digital em comum entre

aqueles países12. Nessa reunião de cúpula, foi apresentado o laptop de US$ 100 que foi criado

especialmente para crianças por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussetts

(MIT). O aparelho tem a vantagem de poder operar em locais com rede elétrica insuficiente, e

essas máquinas possibilitarão o aprendizado mais ativo às crianças. Brasil, Tailândia, Egito e

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Nigéria seriam os primeiros países a receber remessas desses laptops segundo informações do

presidente do laboratório de mídia do MIT, Nicholas Negroponte12.

Contudo tais medidas ainda não consistem em soluções definitivas para acabar com

esse verdadeiro abismo existente entre as nações ricas e pobres; o que poderia ser feito é

aumentar em grande escala o acesso à informática e a todos os meios de mídia, a começar

pelas escolas dos países subdesenvolvidos.

2.4) A posição do Brasil neste contexto

O Brasil, segundo um estudo realizado pela Comissão Econômica para a América

Latina e o Caribe (Cepal), em 2005 ocupava o décimo lugar no mundo com um contingente

de 23 milhões de usuários12. Considerando o tamanho da população brasileira isto é pouco, e

com o objetivo de minorar esta enorme disparidade o governo, junto com institutos de

pesquisas, universidades e ONGs, vem adotando medidas para democratizar cada vez mais o

acesso à Internet de grande parte da população.

Durante o 7º Fórum Internacional de Software Livre realizado em abril de 2006 em

Porto Alegre, além de um balanço das ações do governo na área da tecnologia da informação

e comunicação, o presidente Lula reiterou o seu apoio e compromisso com a ampliação do

acesso de todos aos computadores e à internet, por meio de programas como o Casas Brasil,

Ponto de Cultura e Computador para Todos, segundo informações do Instituto Nacional de

Tecnologia da Informação (ITI)13. Em nota lida pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio

Rezende o presidente Lula informou que o governo está empenhado em colocar o Brasil no

mais alto patamar da produção tecnológica, mas diferentes prioridades continuam travando os

avanços do software livre. Disputas internas e visões diferentes sobre prioridades nos projetos

de migração ao código aberto fazem com que as políticas para o mesmo ainda patinem no

país13.

Em algumas escolas de São Paulo a lousa tradicional já está sendo substituída por

lousas digitais, mas o fosso digital entre escolas públicas e particulares ainda é grande.

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Enquanto as escolas particulares dispõem de sofisticados e caros equipamentos, as escolas

públicas contam apenas com laboratórios simples e com manutenção deficiente para uso

básico.

Segundo fontes de pesquisa existem dois universos bem distintos quando o assunto é o

uso da tecnologia como ferramenta pedagógica: algumas escolas particulares adquirem

equipamentos supersofisticados, e fazem disso um meio para atrair mais alunos. Já as escolas

da rede pública usam versão básica para dar a muitos estudantes seu primeiro contato com o

mundo digital15.

Nas escolas particulares, lousas eletrônicas abrem novas possibilidades de

interatividade entre professor e aluno. Programas para a criação automática de provas

impedem a cola. E o “Video Presenter”, uma versão moderna dos retroprojetores, permite

exibir para toda a classe a imagem de um microscópio eletrônico, por exemplo. Os alunos

dessas escolas estão acostumados aos PCs desde pequenos, em suas casas. De suas mesas

nessas salas de aula hi-tech, com um simples comando no computador, podem ter em mãos,

impressa, a aula que o professor acabou de dar15. Já nas escolas públicas, os laboratórios de

informática são mais tradicionais. Muitos têm máquinas novas, usadas para trabalhos

escolares e pesquisas na internet. São usadas também para ensinar rudimentos de informática

àqueles que nunca tiveram antes a oportunidade de colocar as mãos em equipamentos como

esses15.

Experiências comprovam que a um grande desnível no uso da informática nas escolas

públicas e particulares. O Colégio Bandeirantes, de São Paulo, por exemplo, tem DVD player,

projetor e computador em quase todas as salas de aula. Além de um laboratório com PCs e

outro com notebooks interligados por rede sem fio. Tem também duas lousas digitais Smart

Board, da “Smart Technologies”. Mas o destaque de lá é o Classroom Performance System,

um sistema para o aluno responder questões de múltipla escolha exibidas no telão por um

Page 22: lixo eletronico

22

controle remoto. Cada controle numerado é entregue ao estudante de acordo com seu número

de chamada. Assim, o professor sempre sabe quem respondeu o quê15.

Já nos laboratórios de informática da rede pública, os alunos complementam o que

aprendem em sala de aula e compartilham outras experiências, como o uso de câmeras e

filmadoras digitais. A utilização dos equipamentos é comunitária: professores e alunos têm os

mesmos direitos. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Roberto Patrício, um

dos estabelecimentos-modelo da Secretaria Municipal da Educação, é assim. Se alguém

precisar dos equipamentos para um projeto ou trabalho, tem de marcar hora15.

Para Lilian Starobinas, coordenadora do Programa Educar na Sociedade da

Informação da Cidade do Conhecimento da USP, é o método pedagógico e não o

equipamento que prepara o aluno para a vida acadêmica e profissional15, "o equipamento por

si só é apenas uma bandeira de mercado", acredita Lilian. "Se um professor usar o aparelho da

forma tradicional, não estará acrescentando nada à classe. Ele poderia, da mesma forma, estar

usando as fotos e as transparências de sempre”15.

E onde entra o computador velho e obsoleto nessa política de inclusão digital? A

resposta é bem simples: através de doações feitas para escolas, ONGs e outras instituições que

realizam este tipo de trabalho, dentro da premissa “o que não serve mais para mim pode servir

para quem não tem acesso a um computador”. Mais recentemente, observam-se campanhas de

doação desses equipamentos usados, com a justificativa de permitir o acesso à informação

digital de quem não teve até hoje essa possibilidade. Iniciativas desse tipo são desenvolvidas

por grupos como o Meta Reciclagem, que participa de um projeto da prefeitura de Santo

André e irá trabalhar também com o governo municipal de São Paulo na recuperação de

computadores usados e na transformação de sucata digital em PCs, para serem usados por

quem hoje não tem acesso à Internet. A prefeitura é parceira do governo federal no projeto

Page 23: lixo eletronico

23

Computadores para Inclusão Digital, para reciclagem de computadores com software livre,

como o sistema operacional Linux.

Embora seja indiscutível o benefício prestado às pessoas que, de outro modo,

continuariam “excluídos digitalmente”, a doação de computadores e periféricos antigos pode,

a rigor, representar apenas uma subinclusão digital dessas mesmas pessoas. Os indivíduos que

doam os equipamentos podem, na verdade, apenas estar “se livrando” de entulho que ocupa

espaço e não tem mais utilidade. E as versões postas à disposição das pessoas tenderão a estar

enormemente defasadas em relação “à última palavra” em matéria de informática em geral.

Assim, pode-se discernir entre mundo “desenvolvido” e “subdesenvolvido” em termos

digitais, tal como ocorre nas áreas de desenvolvimento econômico e social das diversas

nações do mundo.

Page 24: lixo eletronico

24

Capítulo 3 - Destino final dos equipamentos eletrônicos obsoletos

3.1) Porque o equipamento eletrônico usado é um problema ambiental?

Estamos caminhando para um quadro cada vez mais preocupante; é difícil refrear este

imenso boom de consumo e verdadeira obsessão por computadores e celulares cada vez mais

sofisticados, e que vêm acompanhados de novos e moderníssimos acessórios, como caixas de

som, o que aumenta de maneira considerável a quantidade de eletrônicos obsoletos e

ultrapassados por unidade de tempo.

O computador e o celular usado é um problema ambiental a ser enfrentado dentro do

quadro de consumo hoje verificado no mundo. O grande consumo de materiais eletrônicos e o

descarte de seus rejeitos se apresentam como um dos maiores problemas ambientais que o

mundo moderno enfrenta atualmente. O crescimento exponencial da quantidade de

equipamentos vendidos e também descartados é o que mais preocupa no lixo digital. O

aumento da produção e consumo em massa de computadores e celulares têm colocado o

mundo inteiro de frente para um problema que até então somente os países desenvolvidos

tinham, que era como se desfazer da “sucata” produzida pelas versões antigas. Daí vem a

pergunta: para onde vão esses computadores e celulares descartados pelos usuários?

Entre 1988 e 2002 o número de computadores pessoais no mundo cresceu cinco vezes

e estima-se que são em torno de 500 milhões de máquinas e 1,5 bilhão de celulares que, ao

serem descartadas, ganham os mais variados e quase sempre equivocados destinos finais7 e 25.

Na maior parte das vezes vão parar em lixões, ou às vezes em aterros sanitários como

resíduos urbanos comuns. Isso tudo ocorre por falta de políticas e leis que determinem o

descarte e tratamento ideais para estes resíduos provenientes de equipamentos eletrônicos, e a

falta de incentivo para a prática da reciclagem.

''O condado de Santa Clara, na Califórnia, o berço da indústria de semicondutores,

contém mais zonas de lixo tóxico que qualquer outra região dos Estados Unidos'', explica

Page 25: lixo eletronico

25

Radhika Sarin, ativista da organização ambiental Earthworks. O governo americano estima

que três quartos de todos os PCs que já foram vendidos no país estejam jogados em porões,

esperando por um destino final. Os que vão para o lixo terminam em aterros sanitários ou

incineradores. Cerca de 70% dos metais pesados dos aterros vêm de lixo eletrônico11.

A destinação final dos componentes eletrônicos é uma parte importante no processo de

tratamento dos resíduos provenientes das sucatas de computadores e celulares que hoje

assolam a sociedade moderna, com tendência de agravamento da situação no futuro. O

cuidado na deposição final desses rejeitos, incluindo suas respectivas etapas, mostra não

apenas cumprimento da lei, mas grande responsabilidade ambiental.

Em vista deste grande impasse os órgãos ambientais de diversos países (inclusive do

Brasil) em conjunto com ONGs, representantes governamentais e indústrias de cerca de 120

países elaboraram, com base na Convenção da Basiléia de 1989, as regras e procedimentos

para a reciclagem de computadores. Através desta convenção, a sucata eletrônica entrou na

lista dos componentes vetados; em outras palavras, essa regulamentação internacional visa

proibir a movimentação de resíduos perigosos entre as fronteiras dos países participantes.

Neste contexto várias pessoas e grupos estão se mobilizando e criando alternativas

para ao mesmo tempo diminuir o impacto ambiental provocado pelo descarte destes resíduos,

e proporcionar o acesso ao “mundo digital” a muitas pessoas.

3.2) A periculosidade dos componentes eletrônicos

Olhando-se a figura 03 (parte interna de um computador) notamos a combinação de

propriedades de vários elementos químicos que foram unidos para dar forma a um produto

acabado com imensa utilidade para toda humanidade.

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26

Figura 03: Cabos, conectores e outros componentes de um PC

Muitas peças eletrônicas contêm metais pesados, como mercúrio, níquel, cádmio,

arsênio e chumbo, plásticos como PVC e substâncias bromadas como retardadores de chama,

todos com efeitos tóxicos para a saúde do ser humano e os seres vivos em geral. Com base no

descarte até 2004, a Tabela 3 mostra o quanto de metais pesados foram dispostos no meio

ambiente, quase sempre sem o devido cuidado.

Tabela 03: Materiais de computadores descartados até 2004 (em toneladas)16

Componente Quantidade

Plásticos 2.000.000

chumbo 600.000

cádmio 1.000

cromo 600

mercúrio 200

A liberação de metais pesados para o meio ambiente causa diversas alterações na

fisiologia dos diversos componentes da cadeia alimentar, não raro levando também ao

fenômeno de bioacumulação na mesma. Assim, os consumidores finais, como o homem,

podem estar ingerindo quantidades muito maiores de metais pesados do que aquelas presentes

nos organismos produtores (algas, plâncton etc.). Isso significa que esses metais pesados são

uma ameaça em curto, médio e longo prazos à saúde humana e ao ambiente em geral, uma

bomba relógio cuja “detonação” não tem prazo para ocorrer. A presença de metais pesados no

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27

organismo humano pode causar diversas degenerações e doenças graves, como o câncer.

Alguns exemplos são vistos a seguir:

a) chumbo: presente especialmente na solda de bordas de circuitos impressos e de outros

componentes eletrônicos, e na formulação de painéis de vidro de monitores (tubo de raios

catódicos do tipo CRT), ele interfere nas funções celulares, especialmente através da

formação de complexos. É importante a ligação do metal a grupos sulfidrila (SH) de

proteínas. Os órgãos críticos são a medula óssea, os rins e ainda o sistema nervoso. Tem a

capacidade de bioacumulação, apresentando tanto efeitos crônicos como agudos em plantas,

animais e até em microorganismos. Cerca de 40% m/m do chumbo encontrado em aterros

sanitários norte-americanos é proveniente dos EEE (equipamentos eletroeletrônicos). Com

base nos dados da Tabela 3, o lixo eletrônico é um importante contribuinte desse fato. O

maior temor quanto à presença do chumbo em aterros sanitários é a possibilidade de

lixiviação e contaminação de águas e lençóis freáticos.

b) cádmio: os compostos de cádmio, utilizados em chips de resitores, alguns tipos de tela

CRT e como estabilizante de plásticos, são classificados como tóxicos com possível risco de

efeitos irreversíveis ao ser humano. São também enquadrados como agente cancerígeno classe

II ao homem. Sua meia-vida biológica vai de 20 a 30 anos; o órgão-alvo principal é o rim.

c) mercúrio: estima-se que 22% do consumo anual deste elemento seja na indústria de EEE.

Tal emprego se dá basicamente em termostatos, sensores, relés, lâmpadas de descarga e

baterias de celular de modelos antigos. O mercúrio é um elemento de alto efeito tóxico e

cumulativo. Possui elevada afinidade por grupos funcionais de proteínas e outras estruturas

biológicas, interferindo no funcionamento delas, e causando lesões nos órgãos em que se

encontram. O cátion metil-mercúrio (CH3-Hg+) acumula-se facilmente em organismos vivos e

concentra-se na cadeia alimentar, particularmente através dos peixes. Basta lembrar do caso

da Baía de Minamata, ocorrido no Japão em meados do século passado. Apesar da quantidade

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28

de mercúrio em um computador ser pequena, os dados da Tabela 3 indicam cerca de 200 t do

elemento descartados6.

Outros componentes que merecem destaque são:

a) retardadores de chama: consistem principalmente de substâncias orgânicas halogenadas

ou compostos contendo fósforo; no passado, os compostos bromados (BFR) eram

extensivamente usados (o tratamento de retardo de chama é chamado ignifugação).

Os computadores e demais equipamentos eletrônicos são dos produtos que mais

contêm retardadores de chama bromados. Na Europa, a partir de dezembro de 2006, será feita

a separação dos BFR antes da recuperação e reciclagem dos equipamentos eletrônicos, de

acordo com a portaria Waste on Electric and Electronic Equipment. A partir de 1º de julho,

tornou-se proibido o uso de penta-BDE (éter pentabromodifenílico), octa-BDE (éter

octabromodifenílico) e polibromobisfenil (PBB) em novos equipamentos eletrônicos6.

b) plásticos: eles podem constituir até 6,3 kg de um PC médio, sendo que o PVC [poli(cloreto

de vinila)] corresponde a 26% m/m do total dos plásticos usados na área eletroeletrônica. O

PVC é primariamente encontrado em cabos e gabinetes de computadores, apesar das versões

mais recentes empregarem plásticos do tipo ABS, menos agressivos. O PVC era preferido por

suas propriedades retardadoras da chama. Como muitos outros compostos que contêm cloro, o

PVC pode formar dioxinas e furanos que estão entre as substâncias mais tóxicas que o homem

conhece quando incinerado de forma inadequada. Por isso, existe uma pressão para que se

procurem alternativas à utilização do PVC, como polietilenos de baixa e alta densidade e

olefinas termoplásticas6.

O PVC é um produto difícil de ser reciclado e contamina outros plásticos durante esse

processo. Além de seu uso na área de EEE, ele é comumente encontrado em embalagens de

produtos; a incineração de produtos domésticos é a maior causa de formação de dioxinas em

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29

incineradores. Hospitais estão começando a eliminar o uso de produtos com PVC devido ao

risco de gerar esses produtos na queima.

Muitas autoridades européias têm políticas de restrição ao uso do PVC na construção

civil, em tubulações, pisos, janelas e embalagens. Até mesmo em brinquedos o PVC vem

encontrando restrições, porque ele pode ser liberado do produto que o contém na boca da

criança por contato com a saliva6.

c) fósforo e seus aditivos: aplicados como revestimento do interior das telas de vidro dos

monitores, contêm metais pesados como cádmio, zinco e vanádio. Assim, a desmontagem de

um monitor de forma inadequada expõe a pessoa ao contato com esses elementos perigosos à

sua própria saúde.

A queima de produtos eletrônicos libera metais pesados, como chumbo, cádmio e

mercúrio na atmosfera em forma de cinzas. A incineração despeja na atmosfera substâncias

tóxicas e cancerígenas, como as dioxinas; retardadores de chama bromados geram poluentes

tóxicos quando são incinerados7. Por isso, a incineração jamais deve ser usada como forma de

tratamento do lixo de informática e dos EEE em geral.

Mesmo quando não incinerados, os elementos tóxicos presentes nos equipamentos de

informática difundem-se no solo com o tempo, afetando assim o ambiente e as comunidades

nos arredores. Na Europa o descarte em aterros já foi proibido, mas em países como a China

esta prática continua sendo usada; em Hong Kong, estima-se que entre 10% e 20% dos

computadores velhos vão parar em aterros7.

3.3) Quando o upgrade e a inclusão digital não adiantam mais

No capítulo 2 falou-se sobre fazer upgrade e repassar o produto usado como medidas

para minimizar o descarte de computadores antigos e seus periféricos. Há algum tempo a

ONU vem pressionado os países a fim de elaborarem políticas de reciclagem de computadores

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30

velhos e o prolongamento de sua vida útil, devido ao impacto ambiental destrutivo dos

componentes dessas máquinas, como revelou um estudo divulgado pelas Nações Unidas16.

Essa pesquisa revelou que a fabricação de um computador de 24 kg exige pelo menos

dez vezes mais a sua massa em combustível fóssil e produtos químicos. Um simples chip

eletrônico, menor que a unha de um dedo mínimo, exige 72 g de substâncias químicas e 32 L

de água para ser produzido. Como comparação, a fabricação de um carro ou uma geladeira

precisa de apenas o dobro de sua massa em recursos naturais.

Treze países, a maioria deles europeus, aprovaram as normas que prevêem a

obrigatoriedade de reciclar computadores, destacou Eric Williams, co-autor do trabalho

"Computadores e Meio Ambiente", que contém as iniciativas do Japão e de Taiwan neste

sentido11.

Os Estados Unidos, país que mais produz e compra computadores individuais, ainda

não começaram a refletir sobre a maneira de reciclar as máquinas. Para se ter uma idéia, até

2004 foram descartados 315 milhões de micros em todo o planeta, segundo dados colhidos

pelo Conselho de Segurança Nacional Americano8.

O entulho conta com a contribuição dos brasileiros: calcula-se que 850 mil máquinas

ficaram obsoletas no Brasil até o fim de 2001. O problema é maior do que o espaço que

monitores ou teclados ocupam no lixo.

Dados da empresa italiana Geodis Logistics mostram que, além de ambientalmente

correto,a reciclagem de partes dos computadores que possuem metais preciosos em sua

composição, como a prata e o ouro é lucrativa. 98% do ouro e da prata podem ser reutilizados.

A reciclagem, embora represente uma saída inteligente, traz um problema: os

elementos químicos perigosos presentes nos computadores e celulares podem afetar pessoas

que trabalham no campo de reciclagem, assim como a vizinhança e o ambiente. Em países

desenvolvidos o processo ocorre em locais específicos e mais controlados; no restante do

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31

mundo essa operação na grande parte das vezes não sofre fiscalização, e com isso o

desmanche é feito à mão quase sempre por crianças e pessoas inabilitadas e sem qualquer

proteção. A reciclagem, portanto, precisa estar acompanhada de medidas de proteção coletiva

e pessoal.

Especialistas avaliam que 94% dos componentes dos computadores podem ser

reciclados (Tabela 1 do capítulo 1). Empresas como a Itautec descobriram isso no ano de

2003; ela faturou 195 mil com a venda de material usado reaproveitado dos PCs que estavam

obsoletos nos escritórios da empresa. ”Poucas empresas se conscientizaram da reciclagem. O

que antes era resíduo passa a ser matéria-prima rentável”, comenta João Carlos Redondo,

gerente de administração patrimonial da Itautec. Quanto às placas eletrônicas estas são

mandadas para reciclagem em Cingapura8. Os 6% não recicláveis correspondem a

componentes contendo uma grande junção de ingredientes de natureza química e física

totalmente diversas (metais, polímeros, soldas, resinas), como no caso dos circuitos

impressos. Por isso, as empresas vem investindo em tecnologias que visem projetar

computadores que consumam cada vez menos elementos tóxicos e que sejam mais fáceis de

serem desmontados quando da reciclagem, tal como ocorre hoje com a televisão.

Outra firma que aproveita os computadores usados é a Planac, que compra PCs de

clientes corporativos como a IBM7. Atitudes como essa ajudam a diminuir o nível de descarte

de componentes de informática.

Estes dados mostram que é perfeitamente possível se valer da reciclagem e de técnicas

de reaproveitamento dos elementos químicos presentes nos computadores e em outros

periféricos de informática; o que é preciso é uma maior consciência por parte do setor

produtivo destes artigos e dos consumidores, incluindo-se incentivos em pesquisa e

desenvolvimento. Em países onde o movimento ambientalista é mais forte, a reciclagem é o

método mais incentivado. "Japão, França, Suécia, Alemanha e Estados Unidos desestimulam

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32

a manutenção dos aterros com a cobrança de impostos elevados", diz a química Glória Nair

Freire de Araújo, do Ceped (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento) O rigor das legislações

ambientais nesses países coloca os fabricantes diante de um dilema: como tratar e lidar com

os rejeitos produzidos por eles próprios? Contudo, além de terem que obedecer a rigorosas

especificações de tratamento, transporte e manuseio, a reciclagem dos componentes do

computador nem sempre é viável economicamente, o que estimula pesquisas nesse sentido.

No caso dos celulares a empresa de telefonia móvel Vivo assinou um contrato com a

empresa de reciclagem americana Recellular, empresas de fabricação de celulares estão

também patrocinando pesquisas para diminuir os índices de metais pesados em seus celulares,

mas no âmbito da reciclagem já é outra história.

Uma pesquisa realizada pelo Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor nos

sites das empresas que fabricam telefones celulares mostrou que poucas fazem algo pra

reaproveitar seus celulares obsoletos26.

Já no Brasil e em outros países emergentes isso já não ocorre, como podemos

constatar ao passar por lixões e aterros em todo o país17.

3.4) A destinação para a Ásia e outros locais do terceiro mundo

A prática de reuso de um computador antigo, como no caso da inclusão digital ou do upgrade,

é de início uma boa maneira de destinação de um produto usado, pois prolonga-se a sua vida

útil. Verifica-se, inclusive, que computadores antigos do primeiro mundo são exportados para

países em desenvolvimento. Os benefícios imediatos deste método são claros já que os

aparelhos demoram mais a virarem lixo. O problema desta prática é que quando viram

resíduos, estão em áreas menos preparadas para lidar com esse material, o que significa que

vão tomar um destino pouco ecológico. Além disso, o imposto e o emprego foram gerados no

estrangeiro, e o passivo do lixo high-tech fica com o país comprador. Esse panorama é similar

ao caso do pneu importado.

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33

Para países desenvolvidos da Europa e os Estados Unidos, é sempre um problema

latente a destinação final das versões desatualizadas para impedir a contaminação ambiental

gerada por alguns componentes eletrônicos, destacaram alguns autores. ”A conscientização

dos problemas ambientais no terceiro mundo é certamente muito inferior nos Estados Unidos

do que na Europa", acredita Williams. Isto se comprova na medida em que vemos que tanto

os Estados Unidos como países da Europa e Japão exportam suas “sucatas eletrônicas” para

países em desenvolvimento como China e Índia, apesar da Convenção da Basiléia proibir tal

prática para além das fronteiras do país que os produz. Essa atitude é recorrente, pois um

computador inteiro não pode ser considerado como resíduo (pois pode servir para práticas

como a inclusão digital), e com isso consegue-se furar o bloqueio imposto pela Convenção

acima, transformando países do terceiro mundo em verdadeiros depósitos de sucata tóxica que

vem dos Estados Unidos, Europa e Japão. Com exceção dos EUA, todos os países são

signatários da Convenção de Basiléia. Na Ásia, a legislação ambiental é fraca ou mesmo

inexistente, o que facilita a recepção dos produtos high-tech usados do primeiro mundo.

Uma inspeção de 18 portos europeus, feita em 2005, levantou que 47% dos resíduos

destinados à exportação eram ilegais. Somente no Reino Unido 23.000 toneladas métricas de

lixo eletrônico foram despachadas para a Índia, África, China, Indonésia e outros países do

Extremo Oriente em 2003. Calcula-se que, nos EUA, entre 50% e 80% do lixo eletrônico

tenha tido o mesmo fim7.

Em países que se vêem assolados pela fome e pelo subemprego, como China e Índia,

esta atividade tornou-se um grande mercado. As casas chinesas se tornaram verdadeiros

galpões de desmonte deste material que vêm em contêineres para serem desmantelados, Esta

prática traz risco à saúde de mães e crianças que fazem esse trabalho em condições precárias,

e muitas das vezes sem qualquer tipo de proteção. A região onde o processamento do lixo

eletrônico é mais intensa é o sudeste do país7.

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34

Este trabalho de desmonte (Figuras 04 e 05) consiste em um verdadeiro garimpo onde

o que tem valor comercial, como os metais preciosos usados nas soldagens, é vendido; o que

não tem acaba na beira de um rio, num terreno baldio, em fim, num lixão, onde entra

diretamente em contato com o meio ambiente.

Figura 04: Carcaças de computadores descartadas

CLAGEM

Figura 05: Os rejeitos dos rejeitos

Na China, o sistema de reciclagem é ruim, a coleta de lixo é pouco organizada e cobre

todo tipo de resíduo, sem a preocupação de selecioná-lo por tipo ou natureza. A destinação é,

quase sempre, um lixão.

A exemplo da China, a maior parte do lixo na Índia vem dos fabricantes que descartam

chips, placas-mãe e periféricos defeituosos; não há maquinário ou equipamento de proteção

adequados para isolar os materiais para a reciclagem; o trabalho é feito manualmente e sem

luvas por mulheres e crianças com auxílio de chaves de fenda e martelos 7.

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35

3.5) Políticas de destinação final dentro dos EUA e Europa

Nos EUA e países da Europa a política de destino final dos rejeitos é bem rigorosa,

onde a responsabilidade de cada resíduo gerado é de responsabilidade do fabricante. Esta

mentalidade visa à minimização da poluição e redução do consumo de energia e recursos

naturais. Este conceito implementado na União Européia (conforme portaria 2002/96/EC) é

chamado Extended Producer Responsibility (EPR)6, e se foca na responsabilidade do

fabricante com o produto até o fim de toda sua vida útil. Esta medida tem se mostrado

bastante eficaz. Isto faz com que se reduza de maneira satisfatória esse enorme descarte de

componentes e computadores nos países que adotaram essa medida, que espera prevenir a

poluição e reduzir o consumo de energia e recursos naturais empregados para a fabricação de

produtos de informática e eletroeletrônicos em geral. A forma mais corriqueira é o leasing,

onde a empresa continua sendo dona do produto. No entanto, isso não se mostra viável para a

maioria dos bens de consumo, mas em longo prazo essa política da EPR implicará na

diminuição da geração de resíduos, na eliminação do uso de materiais e processos tóxicos, e

no desenvolvimento de produtos mais duráveis e fáceis de reutilizar e reciclar6.

Na Europa países como a Suíça adotam dois sistemas de retorno ao fabricante com

taxas prévias de reciclagem, um para aparelhos elétricos (de secadores de cabelo a geladeiras)

e outro para eletrônicos (computadores, celulares e afins). Assim como nos EUA os

fabricantes e importadores são responsáveis por seus produtos até o fim de sua vida útil e

devem garantir um processo limpo e eficiente de reciclagem, onde somente 3% do lixo

eletrônico vai para aterros que estão sujeitos a controles extremamente rígidos7.

No que diz respeito às políticas de controle ambiental os EUA, por exemplo, tem a

Agência para Proteção do Meio Ambiente (Environmental Protection Agency - EPA), através da

divisão de resíduos sólidos (Office of Solid Waste – OSW)6, órgão que regula e fiscaliza toda

a disposição dos resíduos sólidos produzidos em solo americano, tratando de sua reciclagem e

recuperação.

Page 36: lixo eletronico

36

3.6) A situação brasileira

No Brasil também não há uma regulamentação eficaz no que se refere ao lixo

eletrônico; por enquanto, somente o descarte de pilhas e baterias é regulamentado pelo

Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), por meio das resoluções 257 e 263/99.

Para os resíduos provenientes de aparelhos eletrônicos como computadores celulares,

não há até o momento regulamentação específica, mas, alguns governos estaduais como os de

São Paulo e Santa Catarina estão se mobilizando para elaborar regulamentações acerca destes

resíduos. O Rio de Janeiro também caminha para essa regulamentação: desde agosto de 2004

tramita na Assembléia Legislativa (Alerj) um projeto de autoria do deputado Carlos Minc que

estabelece normas para o gerenciamento e a destinação do lixo que provém de aparelhos

eletrônicos14.

Entre as normas do projeto estão a divulgação, pelas empresas, dos componentes

tecnológicos dos produtos e as quantidades vendidas, assim como a obrigatoriedade de se

traçar um plano de coleta e destinação final adequada para evitar a contaminação do solo14.

No caso dos celulares, a empresa de fabricação de celulares LG firmou uma parceria

com o CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), em Campinas

(SP), para fazer pesquisas de como reciclar baterias de íon-lithium aqui no Brasil. A

fabricante de celulares investiu 1 milhão de reais na pesquisa de reciclagem e deu entrada nos

processos de patente do projeto junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

“A idéia é terceirizarmos o processo com uma empresa especializada e vendermos o

projeto a outros fabricantes de aparelhos”, conta Ciro Hernandes, gerente geral de pesquisa e

desenvolvimento da LG. Atualmente, as baterias de celular coletadas em revendas de

aparelhos e lojas de operadoras, são levadas a um aterro, mas não passam por um processo de

reciclagem. “As baterias passam por um rolo compressor, o resíduo é embalado em sacos

especiais e encaminhado a um aterro”, explica Hernandes.

Page 37: lixo eletronico

37

Estima-se que todos os anos, sejam descartados cerca de 20% dos mais de 94 milhões

de aparelhos celulares que circulam no País. A média de duração de uma bateria é de dois

anos, segundo a LG.

A ampliação do processo de reciclagem a baterias de noteooks e PDAs também pode

entrar nos planos da empresa 27.

Outra medida para as baterias será a certificação que a Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel) tornará obrigatória em baterias de lítio utilizadas nos telefones

celulares. A certificação será uma das etapas necessárias para que o equipamento obtenha a

homologação da Agência, sem a qual os aparelhos não podem ser comercializados no País 27.

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38

Capítulo 4 - Identificação dos componentes

4.1) Os polímeros

Da grande diversidade de materiais quem compõem materiais eletrônicos, os

polímeros reúnem uma enorme gama de características que ajudam no fabrico de

computadores e celulares. Dada a extraordinária inserção desses materiais em nosso cotidiano,

será dada uma abordagem aprofundada sobre eles.

Polímeros são macromoléculas compostas por várias unidades chamadas monômeros;

estes conferem ao polímero, as suas propriedades físico-químicas. O termo plástico

corresponde a um produto à base de polímeros contendo outros aditivos (corantes,

plastificantes, etc.).

Os polímeros são classificados em dois grandes grupos: os termoplásticos e os

termofixos.

Polímeros Termoplásticos

Não sofrem alteração em sua estrutura química durante o aquecimento, e após serem

resfriados podem ser novamente moldados. Entre estes polímeros podems citar o

polipropileno (PP), o PVC (Poli[Cloreto de Vinila]), o polietileno de alta densidade (PEAD),

o poliestireno (PS), etc23.

Polímeros Termofixos

Diferentemente dos citados acima, uma vez moldados, não podem ser fundidos e

remodelados novamente. Entre eles se incluem o poliuretano (PU), poliésteres, resinas

fenólicas (como a araldite e a baquelite) etc23.

Pode-se dizer que os polímeros são a base de um computador, pois as sua diversas

propriedades (termorrígidas, termoplásticas, condutoras e elastométricas) permitem a inserção

de outros componentes existentes no computador (ligas, soldas, fios condutores, contatos,

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39

circuitos impressos, CPU etc.). Não se pode esquecer que o polímero responde por um

percentual considerável em massa de um computador.

Inúmeros são os polímeros existentes, por suas diversas propriedades gerais onde se

destacam: processabilidade (polímeros que são facilmente modeláveis), baixo peso (polímeros

que são menos densos que o vidro e metais), elevada resistência mecânica (polímeros que não

quebram, não formam pontas e nem estilhaçam), baixo coeficiente de atrito, e isolamento

elétrico e acústico. O exame da Figura 06 mostra, pela coloração característica, a existência de

vários polímeros presentes na composição de partes internas de um computador. As

propriedades mais relevantes no emprego em informática são a resistência mecânica e

térmica. Por exemplo, o polímero da base da placa deve resistir à temperatura da solda das

ligas eutéticas e suportar furações e colagens de dezenas de outros componentes.

Figura 06: Estruturas internas do computador que contêm polímeros

Na década de 1970 foi descoberto no Japão que polímeros podem apresentar

propriedades condutoras (poliacetileno, polianilina, polipirrol, politiofeno e outros). Tais

substâncias têm vastas aplicações no mundo atual; através deles podem ser produzidos

componentes eletrônicos extremamente pequenos, como os encontrados na fabricação de

computadores portáteis, além de poderem ser utilizados para o aprimoramento de telas de TV

(plasma) e visores de telefone celular21-22.

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4.2) A reciclagem de polímeros

Quando falamos de reciclagem os polímeros são separados em dois grupos, os descartes

pós-industriais e os pós-consumo. Os primeiros provêm do refugo de processos de produção e

transformação nas indústrias. Os descartes pós-consumo são oriundos dos consumidores, sendo

constituído principalmente por embalagens (como os sacos plásticos de supermercado, garrafas

PET, etc.).

4.2.1) Reciclagem Química A reciclagem química re-processa plásticos, transformando-os em petroquímicos

básicos, que servem como matéria-prima em refinarias ou centrais petroquímicas. Seu

objetivo é a recuperação dos componentes químicos individuais para reutilizá-los como tais

ou para a produção de novos plásticos.

Os novos processos desenvolvidos de reciclagem química permitem a reciclagem de

misturas de plásticos diferentes, com aceitação de determinado grau de contaminantes como,

por exemplo, tintas, papéis, dentre outros.

Entre os processos de reciclagem química existentes, destacam-se:

Hidrogenação: As cadeias são quebradas mediante o tratamento com hidrogênio e calor,

gerando produtos capazes de serem processados em refinarias;

Gaseificação: Os plásticos são aquecidos com ar ou oxigênio, gerando-se gás de síntese

contendo monóxido de carbono e hidrogênio;

Quimólise: Consiste na quebra parcial ou total dos plásticos em monômeros na presença de

glicol/metanol e água;

Pirólise: É a quebra das moléculas pela ação do calor na ausência de oxigênio. Este processo

gera frações de hidrocarbonetos capazes de serem processados em refinaria23.

4.2.2) Reciclagem Mecânica

A reciclagem mecânica consiste na conversão dos descartes plásticos pós-industriais

ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na produção de outros produtos,

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como sacos de lixo, solados, pisos, conduítes, mangueiras, componentes de automóveis,

fibras, embalagens não-alimentícias e outros.

Este tipo de processo, aplicável a materiais termoplásticos, passa pelas seguintes

etapas:

Separação: separação em uma esteira dos diferentes tipos de plásticos, de acordo com a

identificação ou com o aspecto visual. Nesta etapa são separados também rótulos de

diferentes materiais, tampas de garrafas e produtos compostos por mais de um tipo de

plástico, embalagens metalizadas, grampos, etc. Por ser uma etapa geralmente manual, a

eficiência depende diretamente da prática das pessoas que executam essa tarefa. Outro fator

determinante da qualidade é a fonte do material a ser separado, sendo que aquele oriundo da

coleta seletiva e mais limpo em relação ao material proveniente dos lixões ou aterros;

Moagem: Após separados os diferentes tipos de plásticos, estes são moídos e fragmentados

em pequenas partes;

Lavagem: Após triturado, o plástico passa por uma etapa de lavagem com água para a

retirada dos contaminantes. É necessário que a água de lavagem receba um tratamento para a

sua reutilização ou emissão como efluente;

Aglutinação: Além de completar a secagem, o material é compactado, reduzindo-se assim o

volume que será enviado à extrusora. O atrito dos fragmentos contra a parede do equipamento

rotativo provoca elevação da temperatura, levando à formação de uma massa plástica. O

aglutinador também é utilizado para incorporação de aditivos, como cargas, pigmentos e

lubrificantes;

Extrusão: A extrusora funde e torna a massa plástica homogênea. Na saída da extrusora,

encontra-se o cabeçote, do qual sai um "espaguete" contínuo, que é resfriado com água. Em

seguida, o "espaguete" é picotado em um granulador e transformando em pellet (grãos

plásticos)23.

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Os processos de reciclagem mecânica seguem o esquema da Figura 07.

Figura 07: Ciclo de reciclagem mecânica de polímeros termoplásticos

4.2.3) Reciclagem Energética

É a recuperação da energia contida nos plásticos através de processos térmicos. Não se

aplica a materiais contendo metais pesados volatilizáveis (Hg, Cd, Tl, etc.), pois poluirão o

ambiente através de fumos liberados nos gases de chaminé. Por isso, incinerar circuitos

impressos, placas-mãe etc. é um fato extremamente grave porque tais metais estão presentes

nesses materiais.

A reciclagem energética distingue-se da incineração por utilizar os resíduos plásticos

como combustível na geração de energia elétrica. Já a simples incineração não reaproveita a

energia dos materiais. A energia contida em 1 kg de plástico é equivalente à contida em 1 kg

de óleo combustível. Além da economia gerada pela recuperação de energia, com a

reciclagem energética ocorre ainda uma redução de 70 a 90% da massa do material, restando

apenas um resíduo inerte a ser disposto em aterros industriais (para materiais perigosos classe

I segundo a norma NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT)23.

Testes em escala real na Europa comprovaram os bons resultados da co-combustão

dos resíduos de plásticos com carvão, turfa e madeira, tanto técnica, econômica, como

ambientalmente. A queima de plásticos em processos de reciclagem energética reduz o uso de

combustíveis (economia de recursos naturais).

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A reciclagem energética é realizada em diversos países da Europa, EUA e Japão e

utiliza equipamentos da mais alta tecnologia, cujos controles de emissão são rigidamente

seguros, reduzindo sensivelmente os riscos à saúde ou ao meio ambiente23.

4.3) Metais

Como toda máquina eletrônica, o computador e o celular possuem em sua parte interna

metais responsáveis pela interface energética do produto. Tais elementos possuem

propriedades que contribuem no conjunto para o perfeito funcionamento desta maravilha

tecnológica moderna.

Além de serem bons condutores de eletricidade, metais são bons dissipadores de calor,

o que ajuda no contato e na conexão com outras partes do computador, e possuem grande

resistência térmica; são dúcteis e maleáveis, podendo ser moldados e acondicionados da

melhor maneira possível ocupando o menor espaço.

Com base nessas características os metais se destacam também ao formarem ligas

eutéticas, geralmente encontradas em soldas na placa-mãe e outras controladoras, e ao serem

empregados puros em chips e fios, além de parafusos e carcaças de torres (gabinetes). Ainda

se destacam baterias (como por exemplo a de Li/MnO2, encontrada na maior parte dos

processadores atuais) e os capacitores eletrolíticos, os quais contêm sais de metais do tipo

NaCl, KCl, Na2SO4 etc. (Figura 08). O uso de ligas eutéticas (que têm ponto de fusão

constante) deve motivar no professor a conexão com o conceito de misturas azeotrópicas

(com ponto de ebulição constante), tal como observado no caso de misturas álcool-água.

Dento de um PC existem partes metálicas facilmente separáveis e recicláveis (fios,

chips, processadores, chapas, parafusos...) e aquelas que não podem ser diretamente recicladas

(soldas, contatos, conectores...) por estarem ligadas a materiais totalmente diversos

(polímeros). Os baixos teores de muitos dos metais presentes em um computador justificam a

sua reciclagem e o trabalho para tal, como se vê em países da Ásia?

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Figura 08: Controladora e placa-mãe do computador, constituídas por metais

Entretanto, para gerenciar de maneira eficiente os resíduos contendo estes metais, é

extremamente necessário o conhecimento de suas propriedades químicas e interações com o

meio ambiente.

Atualmente as pesquisas de desenvolvimento de novos materiais vêm proporcionando-

nos grandes avanços nesta área, visto que em um futuro próximo teremos em nossas casas

computadores com fibra ótica e outros tipos de materiais com potenciais e inimagináveis

aplicações que continuarão a transformar o nosso cotidiano.

4.4) Vidro

Atualmente existem diversos tipos de monitores e tela de celulares com as mais

diversas tecnologias, por exemplo, monitores de plasma e os monitores LCD (Liquid Cristal

Display), mesma tecnologia empregada nas telas de celular, que já é utilizada em

computadores portáteis.

Apesar disso ainda é largamente usado o monitor de CRT, cujo funcionamento

consiste em um tubo de imagem (Figura 09) com um vidro revestido de “fósforo” e metais

como cádmio, zinco, lantanídios e vanádio, empregados como aditivos para aumentar a

resolução do display e a luminosidade quando este é bombardeado continuamente por um

feixe de elétrons formando a imagem. A quantidade de vezes por segundo que este feixe

atualiza a imagem é chamada taxa de atualização 24.

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Figura 09: Desenho esquemático de um tubo de imagem CRT

O vidro de um monitor CRT, embora reciclável, deve ser separável do “fósforo”

aderido à parte interna do mesmo (conforme Figura 09), constituindo-se numa dificuldade

técnica ainda não totalmente superada. É o mesmo problema do tipo que ocorre com os “tubos

de imagem” (cinescópios) de televisões.

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Capítulo 5 - Educação ambiental

Com todos os avanços tecnológicos, dos quais temos sido testemunha quase que

diariamente, não podemos deixar de atentar para um lado que cada vez mais vem

preocupando as autoridades. O crescente número de computadores obsoletos que a cada dia

que passa se avoluma de maneira impressionante em escritórios, repartições, instituições

públicas e privadas, órgãos do governo, e principalmente nas casas dos usuários comuns,

como os celulares também se amontoam em gavetas, sem que nenhuma resolução seja tomada

quanto ao seu descarte e posterior reciclagem. Falta uma política tecnológica e educacional

séria para encarar esse desafio no Brasil e na maior parte do mundo.

Atualmente no Brasil não existe nenhuma regulamentação para disposição de

computadores e celulares obsoletos; devemos lembrar que eles são um conglomerado de

substâncias químicas, incluindo-se entre elas metais pesados e tóxicos, além de outras como

organofosforados e organobromados, que podem causar grandes prejuízos à saúde e ao meio

ambiente se não forem tratados e manuseados adequadamente.

Se não há regulamentação, o que fazer? Esta é a pergunta chave para começar a se

propor medidas que ajudem a minorar este problema. Antes de mais nada, deve-se

implementar em todo lugar e principalmente nas escolas como disciplina ou conteúdo de

abordagem nas disciplinas tradicionais do ensino médio a Educação Ambiental. Ela se

configura no maior instrumento que irá ajudar a criar um desenvolvimento sustentável da

sociedade e gerir adequadamente os resíduos da sociedade moderna; em segundo lugar leis

mais rígidas são necessárias para coibir a deposição inadequada destes rejeitos em áreas como

rios, solos, etc.

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A conscientização de nossos adolescentes e jovens para este problema se torna

extremamente importante para uma melhor gestão de nossos recursos naturais no futuro. Ao

verem exemplos reais o interesse para se chegar à conscientização é alcançado.

No que diz respeito à educação ambiental como conteúdo obrigatório no ensino médio,

a abordagem seria não só por meio de aulas expositivas, como também de palestras de

diversos profissionais da área como biólogos, engenheiros, químicos, etc. Outra parte deste

projeto de abordagem seria o agendamento de visitas e excursões a empresas de reciclagem e

tratamento de rejeitos, primando pela interdisciplinaridade, principalmente com a Geografia e

a Biologia, que são áreas que também acompanham de perto este aspecto.

Após tudo isso a discussão entre os alunos em grupos na sala de aula com o professor e

uma posterior apresentação de seminários interdisciplinares, onde estejam envolvidos não só o

professor de Química, mas o de Geografia e Biologia, já que esta apresentação tocaria em

diversos aspectos da poluição, como por exemplo, o impacto no clima, na fauna, flora e na

economia de uma região com potencial agrícola ou pesqueiro contaminada com rejeitos de

computadores e outros de nossa civilização.

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Conclusões

Iniciaremos nossas conclusões, com a seguinte pergunta. O que devemos fazer com o

nosso lixo eletrônico?

Antes de tudo é importante que o poder público elabore uma legislação específica que cubra o

ciclo completo – da fabricação dos microcomputadores e telefones celulares ao descarte

seguro do lixo eletrônico. Que as autoridades municipais e estaduais, em parceria com os

fabricantes, criem tele-centros com postos de coleta de lixo eletrônico, em cidades e

municípios com mais de 50000 habitantes.

Compete aos estudantes de química, sob a supervisão de seus professores, a

responsabilidade de ministrar treinamentos para a qualificação de técnicos para o

desmantelamento e reciclagem segura dos elementos químicos nobres de alto valor agregado.

Por exemplo, as reservas de alguns minerais cujos elementos são usados em telas de

microcomputadores e de celulares estão se esgotando rapidamente.

As autoridades das instituições, principalmente do ensino superior deveriam criar

normas específicas para alienação de patrimônio, por exemplo, de microcomputadores. A

baixa destes equipamentos poderiam ser feitas pela internet mediante regras estabelecidas

pelos conselhos superiores das universidades.

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Referências

1) www.ime.usp.br/~macmulti/histórico/histocomp1_html, acessado em 20 de agosto de

2007.

2) www.cotianet.com.br, acessado em 20 de agosto de 2007.

3) www.brasilescola.com, acessado em 25 de agosto de 2007.

4) www.Historia da internet Brasil.htm, acessado em 25 de agosto de 2007.

5) www.abiquim.org.br/química dos bytes, acessado em 17 de julho de 2007.

6) Lignani, L. K.; O Lixo Tecnológico de Informática, Trabalho de conclusão da disciplina

Análise de Resíduos I, Pós-Graduação em Química Analítica, Instituto de Química da UFRJ,

2005.

7) Revista Galileu, edição no 565, 22/09/2005.

8) www.pfilosofia.pop.com.br, acessado em 17 de julho de 2007.

9) www.aisa.com.br, acessado em 10 de junho de 2007.

10) www.ibama.gov.br, acessado em 04 de setembro de 2007.

11) Revista Época, edição no 343, 13/12/2004.

12) Jornal O Globo, Seção Meio Ambiente, edição de 17/11/2005 (Por Mônica Yanakiew).

13) http://.idgnow.uol.com.br, acessado em 05 de outubro de 2007.

14) Jornal O Globo, Seção Economia, edição de 06/11/2005 (Por Alba Valéria Mendonça).

15) www.estadão.com.br, acessado em 22 de setembro de 2007.

16) www.elvis.eti.br, acessado em 18 de outubro de 2007.

17) www.galileuon.com.br, acessado em 18 de outubro de 2007.

18) www.recicláveis.com.br, acessado em 03 de novembro de 2007.

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20) www.computadoresusados.com.br, acessado em 11 de novembro de 2007.

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21) Halliday, D.; Resnick, R. ; Walker, J.; Fundamentos de Física, Rio de Janeiro, Livros

Técnicos e Científicos,1996.

22) Lee, J. D.; Química Inorgânica Não Tão Concisa, São Paulo, Edgard Blucher, 1995.

23) www.ambientebrasil.com.br, acessado em 26 de novembro de 2007.

24) www.guiadohardware.net, acessado em 26 de novembro de 2007.

25) http://www.rio.rj.gov.br/comlurb, acessado em 26 de novembro de 2007

26) www.idec.org.br/arquivos/quadro_sites_celulares.doc, acessado em 27 de novembro de

2007.