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LÍNGUA PORTUGUESA: ENTRE A LINGUAGEM E A GRAMÁTICA

Cristina Nunes dos Santos1 Ana Cleide de A. Gondim2

RESUMO Este trabalho versa sobre o dilema entre ensinar o que é de competência da linguagem, ou da gramática na escola, todavia ambas são importantes na medida em que elas se completam para melhor atender as emergências dos alunos. De fato, essa pesquisa justifica-se pela constatação de problemas na escrita, pelo crescente índice de insatisfação dos alunos nas aulas de língua materna, bem como pelo descontentamento das instituições de ensino, sobretudo porque precisam atingir seus objetivos. Diante de tal discussão, esse artigo tem por fonte de pesquisa obras bibliográfica, quanto ao objetivo é descrever sobre a importância de trabalhar concomitantemente a linguagem e a gramática nas escolas. Palavras-chave: Língua Portuguesa. Linguagem e Gramática.

ABSTRACT This work deals with the dilemma between teaching what is competence of language, and the grammar school, but both are important insofar as they are completed to better meet the emergencies of the students. In fact, this research is justified by the finding problems in writing, by the increasing rate of dissatisfaction of students in language classes, as well as the discontent of educational institutions, especially because they need to achieve their goals. Faced with this discussion, this article is source of bibliographic research works, as the aim is to describe the importance of working concurrently language and grammar schools. Keywords: Portuguese Language. Language and Grammar.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo versa por uma abordagem a partir das pesquisas sobre

linguagem e gramática na escola, tendo como principais autores norteadores, Maria

Helena de Moura Neves com a obra: Que gramática estudar na escola? e Língua e

Didática de Simone Selbach. O objetivo é descrever sobre a importância do trabalho com

1Graduanda em Pedagogia-UFS. Pós-Graduanda em LIBRAS pela FSLF (2013). É licenciada em Letras Vernáculas pela Faculdade Ages (2012). Faz parte do GPGFOP/Unit/CNPq. Aluna regular do curso de extensão Universitária/LIBRAS-UFS. Email: [email protected]. 2 Coautora, Pós- Graduanda em Docência e Tutoria online pela Universidade Tiradentes - UNIT. Cursando Extensão Universitária na UFS. Licenciada em Letras pela Universidade Tiradentes – UNIT. E-mail: [email protected]

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a linguagem e a gramática nas escolas. Releitura que deve ser feita pelo docente, uma

vez que está à frente do ensino.

A pesquisa propõe responder o seguinte questionamento: o que priorizar nas aulas

de Língua Portuguesa, se o trabalho com a linguagem ou com a gramática? Esse assunto

é motivado pela constatação de problemas na disciplina de língua materna, bem como

pela insatisfação das escolas, porque necessitam atingir objetivos e competências tais

como: boa leitura, interpretação e escrita, pois estas são necessárias à formação do

aluno, e por tal motivo, não pode ficar a quem na instituição de ensino.

A escrita e a linguagem sempre foram um meio de comunicação entre os sujeitos,

porém ambas têm sofrido grandes impactos, um deles é o midiático que constantemente

influência na fala e na produção textual. Diante tal discussão esse artigo se constitui de

uma natureza teórica com uma abordagem qualitativa e tem por fonte de pesquisa, as

leituras bibliográficas de autores que partilham dessa problemática, ao tempo que

traçam um novo olhar e importância da linguagem e da gramática normativa trabalhadas

na sala de aula.

2. LINGUAGEM

A palavra Linguagem no dicionário de Scottini (2009 p.338) diz respeito ao poder

de expressão do homem; (2) conjunto de faculdades que o homem possui para

comunicar-se com os seres. Conforme Steffen (1987) a linguagem é um método

puramente humano e não instintivo de se comunicar ideias, emoções e desejos por meio

de símbolos voluntariamente produzidos. Já para Bock (1968, p.158) “é a instituição pela

qual os humanos se comunicam e interagem uns com outros por meios de símbolos

arbitrários orais auditivos habitualmente utilizados”.

Mediante definições acima, conclui-se que o homem possui diversas formas de

entendimento do que é linguagem e seu uso na comunicação, o que pressupõe que é

capaz de comunicar-se verbalmente ou não, pois existem muitas formas de linguagem e

dentre elas estão a verbal e a não verbal. Estas têm o poder de comunicar, informar,

convidar, denunciar. Estes poderes da linguagem são observadas, também em outras

vertentes, as quais não farão parte desse estudo. Voltando a centralidade do assunto,

Jonh Lyons explicita que:

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A linguagem, portanto, pode ser legitimamente considerada sob um ponto de vista comportamental (embora não necessariamente comportamentalista). Mas a linguagem e as línguas ainda podem ser consideradas sob pelo menos dois outros enfoques. Um deles, associado à distinção terminológica estabelecida por Chomsky entre ‘competência’ e ‘desempenho’; o outro, com respeito à distinção um pouco diferente, estabelecida no início do século por Ferdinand de Saussure, em francês, entre ‘langue’ e ‘parole’. (LYONS, 1981 p.7)

Nota-se no posicionamento de Lyons, que a linguagem pode ser considerada a

partir do pressuposto comportamental, porém a língua não, haja vista que pode ser

observada em dois aspectos, uma centrada na ideia de Chomsky e a outra voltada para o

pensamento de Saussure.

Importante frisar, que a linguagem é um fator que está presente em todas as

manifestações do homem, sendo que a mesma é também responsável por estudos em

outras áreas científicas como a antropologia, que partir do entendimento cultural do

sujeito, e suas manifestações linguísticas. Os antropólogos fazem uso dos mecanismos

da linguagem para obtenção de informação de uma dada comunidade.

A saber, é na linguagem que se encontra e se confrontam diferentes modos de ver

o mundo e de falar sobre ele. Segundo Saussure (1916) a linguagem é uma faculdade

humana com grande capacidade, na qual possibilite o indivíduo produzir, desenvolver e a

compreende outras manifestações culturais e sociais. Ainda de acordo com ele, a

linguagem se constitui como heterogênea3 - ela tem aspectos físicos e psíquicos, e

pertencem tanto ao domínio individual quanto ao social, o que a torna cada vez mais

importante e necessária para sujeito, pois é na linguagem e pela linguagem que existe a

comunicação, seja ela escrita ou não. De acordo o PCN’s, de Língua Portuguesa (1997

p.19) “pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, tem acesso à informação,

expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo,

produzem cultura”.

Tacitamente a concepção de linguagem enquanto processo de comunicação é

inegável na vida do sujeito. O acesso ao mundo da linguagem é de grande valia, pois é

através dela que negociamos, contratamos e solucionamos possíveis problemas. Daí mais

3Heterogenia (1) diferente na natureza (2) composto de partes de diferente da natureza. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. pág. 363.

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uma razão, para que esta não fique a mercê nas aulas de língua materna, pois a

linguagem interfere nos processos de ensino/aprendizagem, ainda que não se percebam.

Sua presença é marcante, compreendendo assim, grande valia para as aulas de

Língua Portuguesa, essa que deve primar por ações dos alunos como: a fala, a escuta, a

leitura, a interpretação e a escrita. O que de fato, não ocorre em algumas realidades, pois

as dificuldades no campo da leitura impedem que esta construção seja sistematizada.

É notório que o professor de Língua Portuguesa perceba as barreiras que o

impedem de um trabalho mais usual com a linguagem, para que então, possa ajuda ao

aluno a resolver tal implicância. Nessa perspectiva, cabe também à escola primar pela

garantia da aprendizagem da linguagem, de forma que oportunize o educando a se

comunicar com o outro e com o mundo.

Sabe-se que a linguagem representa a identidade de um povo apesar dela ser

ampla e não uniforme, porém quando inserida em uma totalidade sociocultural e

ideológica passa a não ter direção definida e por tal motivo, presume-se que o docente

precisa atentar-se para a concepção política e ideológica nela incutida, tendo em vista

que necessita de imediato, contornar essa estreita relação de poder que tende a persuadir

a favor de grandes interesses da minoria. Lembrando que, existe uma precisão de se

detectar esse poder centrado na linguagem que é produzido no meio social e que adentra

a escola, haja vista que ela resulta da interação entre sujeitos.

Para Suassuna (1995, p.121)

A talvez existência da dificuldade de se trabalhar a linguagem, é porque ela tem sempre um cunho político e ideológico. O que perfaz a necessidade do professor de Língua Portuguesa, em perceber que o ensino é uma técnica, mas que implica em seu estudo as amarras cotidianas como forma de adentrar no contexto imediatista.

Assim sendo, mesmo que o educador queira e possa desenvolver atividades com a

linguagem, é necessário certo cuidado, pois diante as mudanças que o mundo vem

passando não se sabe ao certo o que contribuirá de forma positiva ou negativa com

formação do discente, ou o que o levará a caminhos que anseiam outras vertentes.

É claro que no sistema social em que vivemos estamos falando apenas receber linguagens que não ajudamos a produzir, que somos bombardeados por mensagens que servem para inculcação de valores que se prestem ao jogo de interesses dos proprietários dos meios de produção de linguagem e não aos usuários. (SANTAELLA, 1983, p.12)

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Para Santaella a linguagem deveria auxiliar a compreensão de uma dada

mensagem, e não “inculcar” ideias ideológicas provinda de uma minoria intelectual. Assim

sendo, os professores de português precisam priorizar em suas aulas, também o trabalho

com frases e sentenças, contextualizando com realidade do aluno, de maneira que se

possa perceber que uma palavra pode não só denotar apenas um entendimento, mas

denotar e conotar variados sentidos, tornado assim, sua aprendizagem possível e

significativa. Todavia, ainda que existam esses pormenores, cabe ao docente fazer uso

da linguagem nas aulas de Língua Portuguesa como promoção de aprendizagem aos

seus. Importa aqui dizer que é de responsabilidade profissional analisar quais são as

fragilidades dos estudantes e oportunizá-los com métodos que melhor se adéqua à

realidade, assim levando-os a construção dos conhecimentos e saberes necessários para

sua vida.

A respeito disso, é que se torna favorável que o docente incentive ao aluno a

gostar do universo da linguagem, da leitura, da escrita, da fala, da interpretação e dos

princípios gramaticais que circundam o universo da comunicação, pois os saberes da

Língua Português auxiliam na compreensão das demais ciências desenvolvidas na

escola.

3. LÍNGUA PORTUGUESA: A GRAMÁTICA

A gramática porta regras, normas e padrões de como melhor escrever. Nela está

centrados moldes que são aceitos tanto na sociedade quanto na escola. Dentre os tipos

de gramática existente, a normativa é a mais usada. O manual como também é conhecida

esse tipo de gramática trás variados conceitos, classificações, flexões e até casos

especiais dos quais auxiliam a escrita. Sua abordagem é centrada para lápide da palavra

desde a sua forma até sua funcionalidade, seja em pequenas ou grandes sentenças.

Conforme Neves (2011, p.79):

Uma questão que tem incomodado a todos que trabalham com a língua é a linguagem nos diversos graus de ensino-especificadamente no Ensino Fundamental e no Médio – é tratamento da gramática na escola, e, no fundo, a concepção de que a sociedade tem dessa disciplina. Gramática é uma palavra marcada (negativamente) tanto o na visão dos profissionais

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da palavra como na visão do público geral: alunos, pais, enfim, toda comunidade linguística.

A gramática é emergente na sociedade. Ela está a serviço do bem escrever, o que

de fato permite também uma boa comunicação social. Os falantes da língua materna

produzem construções que são inaceitáveis enquanto registro, pois são criações que por

vezes implicam na compreensão de uma dada mensagem, e isso, de certa forma, termina

por considerar os manuais como “instrumentos” de exclusão, porque o seu foco é a língua

culta.

Assume-se que a disciplina de Língua Portuguesa está desvinculada do uso da

gramática normativa. É sabido que a sua presença nas aulas de Português é constante e

de grande relevância nos escritos dos discentes, visto que a padronização tem espaço

sob o informal advindo dos alunos. A informalidade se tornou um verdadeiro empecilho,

se não, um grande impasse para o distanciamento do desejado pela escola, professor e

disciplina.

É perceptível nas escolas um tipo de discente que carrega as marcas de fala de

suas famílias, em sua maioria são pessoas de baixa escolaridade com desvio de fala e de

escrita, o que proporciona ao estudante uma repetição de falares que são intoleráveis

pela escola. Percebe-se que instituição e o professor tenta cumprir o seu papel de

formador, ainda que não atendam a todas essas necessidades sociais. Espera-se que o

tratamento escolar com os manuais seja como um “instrumento” de consulta, evitando

assim, a existência de uma construção muito mecânica e irrefletida de seu objetivo. A

pretensão é que se trabalhe a partir da percepção contextual, de forma que contribua para

promoção da aprendizagem necessária dos discentes.

3.1 Ensino Gramático

Uma língua não se reduz ao ensino puro da gramática; ela é necessária por

apresentar de forma escrita, mensagens e informações em uma dada comunicação.

Conforme já se sabe, o objeto que permeia o ensino da Língua Portuguesa é discutir o

universo da linguagem e da gramática, de maneira que o discente aprenda e possa

utilizar-se no seu cotidiano; pelo menos é o que objetiva esta disciplina. Por tais razões, é

que se torna indispensável que o educador lance mão do entendimento da gramática para

que assim, possa oportunizar ganhos para os alunos nas aulas de Língua Portuguesa.

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Sendo que uma das funções primeira do professor é perceber e conhecer que

existe uma gramática tradicional e funcional. Outro fator é à percepção deste na condução

de suas aulas, pois o professor precisa primeiramente constatar as “lacunas”

principalmente, as mais emergentes, a fim de suprir o que ainda não se aprendeu.

Ensinar gramática na escola vai além da conceituação, classificação e a análise de

termos, frases e orações. Seu ensino justifica-se pela precisão de produzir textos em

diferentes esferas sociais. A escrita também, por sua vez dependente das regras

gramaticais, e não apenas as leituras, pois elas são responsáveis por tornar o texto mais

coeso e coerente para o leitor ou ouvinte. De acordo com Britto (2000) a gramática é um

conjunto de regras e princípios de construção e transformação das expressões de uma

língua natural que as relacionam com seu sentido, e possibilitam a interpretação ou

“multinterpretações”.

Ainda de acordo com o estudioso Britto (2000) a gramática é uma totalidade de

regras que tem por função somar-se à língua natural do sujeito, ao tempo que ele possa

organizar melhor o seu discurso na modalidade escrita, ampliando assim a comunicação

e interpretação de leitor.

Tacitamente, os manuais permitem que os sujeitos conheçam melhor a sua língua

materna e se proponha usá-la da melhor forma possível. Diante do exposto Possenti

(1996, p. 54) diz que “não vale a pena recolocar a discussão pró contra a gramática, mas

é preciso distinguir seu papel da escola – que é ensinar língua padrão, isto é, criar

condições para o seu uso efetivo”.

De fato, a escola tem um propósito, um ideal perante o ensino de línguas:

proporcionar que seus alunos possam fazer o bom uso, quando assim necessitar.

Lembrando que, ao se discutir sobre o ensino da gramática prescritiva, não se é levado

em conta a sua emergência nas produções textuais, visto que ela não é idealizada com

essa finalidade, contudo tanto as produções como as leituras são desenvolvidas distantes

dos manuais.

Para Ferrarezi (2008, p.26)

A gramática de normas, aliás, e pelo que se tem notícia, surgiu na Índia justamente com o intuito de corrigir os erros cometidos pelas pessoas quando recitavam versos sagrados. E lá ia o gramático dizer que não era “assim”, mas “assado” que se deveria dizer. Isso tem seu lugar e tem grande importância na sociedade. É importante que haja um formato de prestígio na língua, e haja quem defenda. Em todas as culturas do mundo

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existem formatos de prestígio para a língua, mesmo naquela em que não há gramáticos “stricto sensu”.

Nesse contexto do surgimento da gramática, analisa-se que desde muito tempo,

existia apenas, um olhar para a gramática; sendo então, na ideia no falar “certo” ou

“errado”. Sobretudo se corrigia um desvio de fala, como um erro fadado a preconceitos,

por outro lado eram erros que proviam de uma grande parte da população que não

sabiam ler, e, portanto sofriam certa represália da época.

A gramática é portadora de conceitos que se confundem entre escritores e falantes

formais e informais, pois o seu poder sobre o indivíduo está além uma rede de

comunicação que precisa está bem articulada para que então, haja sempre a

compreensão e a comunicação.

Presume-se que a escola recebe alunos que já falam e ouvem; já sabe de forma

oral formar frases completas, porém não sabem aplicar esse conhecimento na

modalidade escrita. As atividades gramaticais são importantes, também para suprir essa

defasagem, entretanto não pode ser o único meio de solução, porque não apenas

conceitua e classificam as frases e palavras, mas auxilia na produção textual. Assim

sendo, a função primeira da escola: é ensinar o padrão de escrita e sua aplicabilidade.

Entende-se que em meio ao mundo globalizado a escrita padrão é a mais

prevalecente. De acordo com Neves (2011, p.22), “a natureza da gramática que se

defende para uso escolar é, pois a de uma gramática não desvinculada dos processos de

constituição do enunciado, ou seja, dirigida pela observação da produção linguística

efetivamente aprovada”.

Assim sendo, o caráter do trabalho em sala de aula com os manuais tem que

possuir função significativa e não apenas análises, nas quais o discente faz um

verdadeiro garimpo por palavras e as classificam, pois essa prática tem sido constante e

preocupante, porque nesse tipo de atividade, o aluno não consegue perceber as nuances

que trazem aquela produção, não obstante essa prática tende a condicionar o sujeito à

percepção de produção textual enquanto um mecanismo da aula de gramática;

considerando assim, apenas uma parte e não um todo da aula.

Segundo Possenti, (1996, p.30), “no dia em que as escolas se derem conta de que

estão ensinando aos alunos o que eles já sabem, e que é em grande parte por isso que

falta tempo para ensinar o que não sabem, poderia ocorrer uma verdadeira revolução”.

Neste sentido, nota-se que as escolas têm por muito tempo tentado ensinar ao seu

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estudante como melhor falar sem se dá conta que do quê eles precisam para melhor

escrever, pois não dá para negar que a cobrança social é pela melhor escrita possível.

3.2 O professor de Gramática

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro

Oswald de Andrade

O poema acima foi escrito pelo poeta Oswald de Andrade, e reflete a ideia de

conceituação e estrutura, embora o fizesse pensado no movimento radical modernista,

ainda assim, traduz o pensamento entre o que é “certo” e o que “errado”. De certa forma,

uma menção a forma padronizada pensada por uma escola literária que influenciava

muitos escritores na época da qual antecederam a semana de arte moderna que

aconteceu entre os dias 13 (treze) 15 (quinze) e 17 (dezessete) em fevereiro de 1922, na

cidade de São Paulo.

O fenômeno entre o “certo” e o “errado” é bastante corriqueiro nas aulas de todas

as disciplinas na escola, embora que na língua materna é mais constante, visto que existe

certo reforço por parte de muitos docentes, que assim como os gramáticos através das

mídias e outros, reforçam a ideia do “certo” e “errado” sem considerar a natureza dos

fatos antecedentes de tal ocorrência. De fato, essa exigência, já é um reflexo da

sociedade e suas massacrantes cobranças.

Já é de praxe que o trabalho com a gramática na escola valoriza a linguagem da

elite, meio encontrado para dar aos alunos acesso às leituras mais pertinentes a sua

formação cidadã e pessoal, da qual foi aos poucos, desvinculando-se do seu sentido

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usual. Para Neves (2011) a escola como espaço de formação do sujeito, tende a

privilegiar e parametrizar o ensino; razões as quais se torna uma guardiã da norma

padrão, amparado na valorização do culto disseminada pela classe mais favorecida da

população.

Muitos autores se voltam para esse tipo de estudo, e defendem que esse

pensamento é o centro da compreensão por parte daquele que está à frente do ensinar e

do aprender, já que o caos em que vive a educação contemporânea tem contribuído para

tal insatisfação. A saber, a tensão entre o “certo” e o “errado” tem sido causadora de um

dos fenômenos na condução de preocupações entre os discentes.

O tratamento escolar dado à linguagem e à gramática é diferente, visto que teriam

que somar-se na construção de sentido para que o estudante efetivasse na prática uma

boa escrita. Para Neves (2011, p. 156)

A proposta e a manutenção de uma dicotomia com o ‘certo’ x ‘errado’, no exame de uso linguístico, não são condenáveis, simplesmente pelo que elas poderiam representar de antidemocrático e preconceituoso, mas, especialmente, pelo que elas representam de anticientífico e antinatural.

O “certo” e o “errado” são categorias advindas da própria língua e que se

sustentam por uma autoridade social legítima. No contexto entre o “certo” e o “errado”

trazido por Neves (2011) é, vislumbrada a sistemática de uma reflexão do universo da

língua materna na escola, pois se o que implica a aprendizagem é o fato do educador

atribuir o “certo” ou “errado”, não se sabe que gramática trabalhar na escola. Logo, não

se deve perder de vista a sua importância ainda que seja vista como um “manual de

normas”, pois as normas dizem bem mais a respeito da escrita do que da fala, posto que,

as normas são centradas na escrita padronizada, cabendo ao escritor melhor escolher

suas palavras para melhor se comunicar.

O termo “norma” tem duas significações básicas: a primeira estar voltada para a

modalidade linguística, ou seja, “normal comum”. A segunda compete ao entendimento de

norma enquanto uso regrado como modalidade sabida por alguns e não por todos.

Segundo Neves (2011, p.43):

Nas duas concepções insere-se a norma na sociedade. Na primeira, o que está em questão é o uso, e, então, a relação com a sociedade aponta para a aglutinação social. Na segunda, trata-se de bom uso, e a relação com o meio aponta para a discriminação, criando-se por aí, estigmas e exclusões.

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Em síntese, a norma está interligada na sociedade mesmo que esta não a perceba.

É pertinente ressaltar que seu uso correto não está situado somente nas questões de

múltiplas escolhas, mas também no uso correto da escrita. Nesse sentido, se faz

necessário que o manual ou livro didático do aluno consiga expressar tal função, além do

domínio dos conteúdos pelo mestre, o qual deve em parte contribuir para aprendizagem

dos alunos.

Lembrando que, existe na aula, e fora dela a desvinculação dos conteúdos

gramaticais a partir do princípio da fala, pois os alunos que frequentam a escola falam de

um jeito e têm que escrever de outra forma, priorizando o entendimento da elite

intelectual. Em suma esse público termina por não gostar do que é exigido, causando aí o

“dis” sabores em aprender aquilo que te serve de base e fundamentação para sobreviver

em meio às cobranças sociais.

4. AULAS DE PORTUGUÊS

Falar em aula condiz falar da relação professor e aluno, ensino e aprendizagem,

didática, procedimentos, planejamentos, abordagens, objetivos, competências e

avaliação. Segundo o dicionário Aurélio (2001, p.75) “aula é sala onde se leciona lição”.

Numa concepção ampliada possível de discussão, aula é espaço de debate e construção

de conhecimento com orientação didática e pedagógica.

A aula da disciplina Português nas escolas tem trazido muitos questionamentos,

um deles é sobre a garantia das competências que o aluno deve possuir no decorrer dos

(09) noves anos? Segundo Valente (1999, p.7)

Não se pode deixar de reconhecer, no entanto, que tem aumentado o número de professores desejosos de mudança no ensino de Língua Portuguesa. Afinal, depois de três décadas de tentativas de reforma, há que se ter alguma esperança de transformação para o novo milênio. Algumas experiências em sala de aula ou em livros didáticos – sinalizam que existem esperanças de reformulação.

Neste cenário apontado pelo autor é observável a busca do docente da disciplina

português por mudanças que colabore com suas aulas, pois não é tarefa fácil o ato de

ensinar, tendo em vista que ainda é o professor o mero responsável pelo universo da

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leitura, interpretação, reflexão, escrita, entre outros. E apesar de a leitura estar contida

em todas as disciplinas, ainda assim, é vista como uma competência que o discente deve

possuir a partir das aulas de português, o que de fato coloca seu mestre em grande

responsabilidade com seu sucesso e insucesso.

É importante frisar, que são muitas as tentativas para que uma aula der certo, na

medida em que seus conteúdos sejam capazes de atingir os objetivos e as competências

pertinentes ao aprendizado.

Compreende-se que no contexto de sala de aula, os conteúdos são os que menos

interessam aos discentes, já que ambos não têm relação com a língua falada. Outro ponto

a ser considerado, é quanto à conceituação trazida por diversos manuais que implicam

em muitos casos, uma incompreensão por parte dos discentes, pois os conceitos trazidos

pelos manuais não condiz nitidamente o que pressupõe o assunto abordado. Como

veremos nas tabelas abaixo:

Tabela - I Curso Prático de Gramática - Ernani Terra

Frase É todo enunciado linguístico de sentido completo, capaz de estabelecer comunicação de acordo a situação em que acham os interlocutores.

Oração É a frase ou membro de frase que se organiza ao redor de um verbo (ou de uma locução verbal).

Período É a frase constituída por uma ou mais orações.

Fonte:TERRA, Ernani. Curso prático de Gramática. 6° ed. São Paulo: Scipione, 2011, p.198-200

Tabela - II Gramática – Faraco e Moura

Frase Á unidade mínima de comunicação linguística dá-se o nome de frase.

Oração É a frase ou parte de uma frase que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal.

Período É a frase constituída de uma ou mais orações.

Fonte:FARACO & MOURA. Gramática. 12° ed. São Paulo: Ática, 2000, p 429-430.

No quadro acima é possível observarmos que o conceito de frase, oração e

período são iniciados com conceito de uma frase, todavia como uma oração e um período

podem ser conceituados como frase? Bem, isso é o que pregam essas e muitas outras

gramáticas, posto que elas terminam por trazerem para o estudante uma confusão na

compreensão, pois cada conceito deveria ser independente, contudo se trata de um

conceito que faz parte da sua aprendizagem. E mesmo que o conceito não seja o todo

para a aprendizagem do aluno, ainda assim é base importante e indispensável para que

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cada um construa seu próprio entendimento.

Diante o exposto Selbach (2010, p.50) diz que:

Ensinar Língua Portuguesa não é tarefa para qualquer pessoa, ainda que todas as pessoas que vivem no Brasil saibam falar e conheçam, ainda que muitos, infelizmente, muito mal a Língua Portuguesa. Para que possa ensinar a língua e produzir a mágica de uma aprendizagem significativa de uma capacidade de expressão oral e escrita significativamente satisfatória é essencial que três “personagens” estejam bem articulados: O aluno que o saber que conhece é o sujeito de seu processo de aprendizagem; os conteúdos conceituais, o conhecimento que constitui fundamentos que transformarão o aluno no domínio de sua linguagem, e caberá organizar a mediação entre o aluno e os conhecimentos. Sua ação é ensinar, portanto, não transmitir informações, mas ajudar o aluno a aprendê-las de forma significativa.

Observa-se que na relação ensino e a aprendizagem, a aula deve ser

sistematizada, o que implica dizer que o mestre não pode ser uma pessoa qualquer,

contudo alguém que goste e sinta prazer do que faz e faça, de modo que estimule seu

aluno a buscar cada vez mais o aprender, pois já se sabe que aprender os “macetes” da

linguagem e da gramática vai além de conteúdos conceituais.

Segundo Simone Selbach (2010) o docente precisa realizar o seu planejamento

considerando a didática a ser aplicada, porque tem sido trivial nas aulas de Língua

Portuguesa, o professor expor os conteúdos e deixar que seus alunos deem conta das

atividades procedimentais. Contudo, não se trata aqui, de explicitar se a prática é correta

ou não, porém algumas atividades cobradas nas aulas de linguagem e gramática

precisam ser reavaliadas, ou até melhores elaboradas, para assim, atingir o alvo

pretendido.

Lembrado que, com métodos tradicionais ou não, a aula de língua materna tem se

concretizado cada vez mais como cansativa para os educandos. Estes não se sentem

mais desafiados a buscarem respostas em seus próprios entendimentos, tão pouco

consultarem o material de base.

Em síntese, o ensino da Língua Portuguesa não pode afastar-se de seus

propósitos cívicos em tornar as pessoas cada vez mais críticas, participativas, política e

socialmente autores de seu progresso. Em momento algum, o seu objetivo deve

distanciar-se de seu público falante, todavia a circunstância, é que se anseia em persistir

sob uma prática que mobilize e desafie os alunos a aprenderem aquilo de que propõe a

natureza da disciplina, sem perder de vista, a centralidade de um bom trabalho com a

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linguagem e a gramática.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão trazida pelo artigo apresentou um novo olhar para aulas de Língua

Portuguesa, principalmente no que diz respeito à condução das aulas de linguagem e

gramática, as quais trazem diversos entendimentos sobre o que pensam e exige a

sociedade e a escola, bem como a importância de desenvolver um melhor ensino com a

linguagem e a gramática. Ambas são necessárias para o aprendizado, o que a faz tão

relevante e indispensável para as aulas e atividades.

Assim sendo, conclui-se que tanto a leitura, a linguagem e a gramática

contribuem bastante para os estudantes, ainda que para eles, isso venha ser

insignificante. A saber, o campo da linguagem e da gramática é destinado a todos que

desejam estudar e empregar a norma culta da Língua Portuguesa, pois o padrão é uma

determinação entre a sociedade e a escola, que por sua vez tenta cumprir com tais

garantias, por isso “erros” são condenáveis e caracterizados como uma transgressão.

Para tanto, o ensino de linguagem e gramática apresentam estruturas de acordo

com os novos parâmetros da língua materna, pois elas têm o propósito voltado para seu

bom uso, sendo que o texto é o ponto de partida e, lugar no qual se encontra as

linguagens de todas as formas possíveis. Portanto, essa discussão não se encerrar nesse

artigo, pois o peso e importância dos fenômenos aqui descritos podem ser utilizados para

novas pesquisas, análises ou retomados em sua abordagem.

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