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Lógica e Dinâmica de Cooperação entre Moçambique e os Novos Actores Globais: o caso da China e Índia

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Trabalho de Curso

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

Departamento de Ciência Política e Administração Pública

Licenciatura em Ciência Política

Lógica e Dinâmica de Cooperação entre Moçambique e os Novos Actores

Globais: o caso da China e Índia

Trabalho de Fim de Curso

O Licenciando: Justino Quina 

Supervisor: Eduardo J. Sitoe, PhD 

Maputo, Agosto de 2011

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Lógica e Dinâmica de Cooperação entre Moçambique e os Novos Actores Globais: o

caso da China e Índia

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência Política e Administração Pública da

Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, como parte dos

requisitos necessários para obtenção do grau de Licenciatura em Ciência Política.

Júri

O Presidente

_________________________________

O Oponente

_________________________________

O Supervisor

_________________________________

Maputo, Agosto de 2011

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Declaração de Honra

Declaro que este trabalho nunca foi apresentado, na sua essência, para obtenção de qualquergrau, e que ele constitui o resultado da minha investigação pessoal, estando indicado no texto

e na bibliografia as fontes que utilizei.

Maputo, Agosto de 2011

O Licenciando

_________________________________

(Justino Quina)

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Dedicatória

 Aos meus sobrinhos Tocqueville, Leonito, Jéssica, Amisse, Jordina, Filó, Amina, China, Deue Dino, de modo particular, espero que ao longo da vida busquem e trilhem pelos caminhos

do coração!

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Agradecimentos

Este trabalho não seria possível sem a paciência e entrega do meu supervisor, o Prof. Dr

Eduardo J. Sitoe. Pela orientação metodológica e pragmática, aqui vai o meu muito obrigado.Agradeço igualmente à todos professores desta Universidade, que ao longo desta trajectória

me ensinaram a dar os primeiros passos de inferência em Ciências Sociais com particular

enfoque em Ciência Política;

Aos Drs Domingos do Rosário, Amilcar Pereira, Adriano Nuvunga, Sérgio Chichava,

Francisco da Conceição, Salvador Jeremias, pela passagem do testemunho;

Também expresso a minha imensa gratidão aos Drs Castro Lidaia, Amana Daíne, Manuel

Mário, Joaquim Kanambanga, Susete Salvador, Caldina Malate, Anabela Jamaldine, ao Eng°Fernando Gemo, à Santos, Dona Neide, Francisca Ribeiro e Marta Mahanjane, pelos

aconselhamentos;

Aos amores da minha vida, Quina Mucoroma e Rosa Laimo, um beijo carinhoso.

Meus irmãos China, Chomar, Assane, Laimo, Juma, Atija, Delfina, Joaquina – à voces um

abraço forte!

Aos meus tios e primos: Carlos e Ncozi que Deus lhes dê eterno descanso, Paulino,

Nawanele, Suaile, Abú, Agostinho, Cristina, Casotia, Buana.

Meus colegas e amigos: Sara Talapa, Manhiça, Muendane, Mausse, Feniasse, Hélder dos

Santos, René, Guiliche, Íris, Cinthia, Banu, Malute, Chiti Irachi, Xavier Bonga, Rui Sitoe,

Jango, Agnevs, Givina, Cri Cri, Calisto Muledzera, Vidoica, Liessy, Deoladeu, Bakudy,

Guerreiro, Zita, Marla, Maguni, Elvick, Nepa, Levim, Aissa, Alima, Margarida, Amicina.

Por último, meu agradecimento vai para o Ministério dos Negócios Estrangeiros e

Cooperação, ao pessoal da Direcção Nacional dos Transportes e Logística, ao Instituto

Superior das Relações Internacionais e a High Commission of India, pelo apoio bibliográfico

e documental.

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Lista de Abreviaturas

APD Ajuda Pública para o DesenvolvimentoBM Banco Mundial

BRICs Brasil, Rússia, Índia e China

CPI Centro de Promoção de Investimentos

EUA Estados Unidos de América

EXIMBANK Export and Import Bank, China

FAO Food and Agriculture Organization

FMI Fundo Monetário Internacional

FOCAC Fórum de Cooperação Sino-Africana

FRELIMO Frente de Libertação de Moçambique

IDE Investimento Directo Externo

IPEX Instituto para a Promoção de Exportações

LoC Linhas de Crédito

MIC Ministério da Indústria e Comércio

MINEC Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação

MOU Memorando de Entendimento

OCDE Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento

ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio

PIB Produto Interno Bruto

RPC República Popular da China

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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Índice

Declaração de Honra…………………………………………………………………………...i Dedicatória……………………………………………………………………………………. ii 

Agradecimentos........................................................................................................................iii 

Abreviaturas..............................................................................................................................iv 

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1

CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................. 3

Problema de Pesquisa ................................................................................... 6Justificativa ............................................................................................... 8

Objectivos de Pesquisa .................................................................................. 9

Objectivo Geral .......................................................................................... 9

Objectivos Específicos .................................................................................. 9

CAPÍTULO I ........................................................................................... 18

1. ENFOQUES PARADIGMÁTICOS ............................................................ 181.1 Revisão da Literatura ............................................................................ 18

1.2 Enquadramento Teórico ......................................................................... 20

1.3 Definição de Conceitos ........................................................................... 22

CAPÍTULO II .......................................................................................... 24

2. Metodologia .......................................................................................... 24

CAPÍTULO III ......................................................................................... 253. COOPERAÇÃO ENTRE MOÇAMBIQUE E OS NOVOS ACTORES GLOBAIS . 25

3.1 Dados Gerais do País ............................................................................. 25

3.2 A China em Moçambique ....................................................................... 28

3.3 Índia em Moçambique ........................................................................... 31

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CAPÍTULO IV ......................................................................................... 34

4. Vantagens e Desvantagens de Moçambique na parceria com a China e Índia  ........ 34

4.1 Vantagens ........................................................................................... 34

4.2 Desvantagens ....................................................................................... 29

4.3 Desafios .............................................................................................. 39

CAPÍTULO V .......................................................................................... 40

5. Conclusão e Recomendações ..................................................................... 40

5.1 Conclusão ........................................................................................... 40

5.2 Recomendações .................................................................................... 41BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 42

ANEXOS ................................................................................................. 49

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INTRODUÇÃO

Neste documento apresentamos os resultados de um projecto de pesquisa, realizado no

âmbito da elaboração do trabalho do fim de curso para a obtenção do grau de licenciatura em

Ciência Política na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo

Mondlane.

O tema aqui estudado Cooperação entre Moçambique e os Novos Actores Globais   é suis

generis e, tem despertado interesse aos especialistas de muitas áreas de saber. Aliás, as novas

alianças, juntando os países menos ricos e os novos actores globais, têm vindo a condicionar

decisões finais, que antes eram feitos em panoramas estreitos da diplomacia, dominados pelos

Estados Unidos e Europa1.

O colapso do Campo Soviético e a desintegração da própria URSS completaram o

desmantelamento da ordem internacional bipolar, baseada na Guerra Fria e institucionalizada

em Versalhes e Ialta. No plano diplomático, militar e estratégico, emergem os contornos de

uma unipolaridade, sobre a qual os Estados Unidos conservam uma posição dominante

(Vizentini, 2002:7).

Contudo, quando se levam em consideração as tendências emergentes e, principalmente, o

avanço económico-tecnológico, o cenário que se desenha possui traços de multipolaridade.

Esta aparente contradição adquire lógica quando consideramos que o sistema internacional se

encontra em transição, numa fase nitidamente pós-hegemônica e caracterizada pela diluição

do poder mundial (idem).

Segundo Maia (2009), no início dos anos 90 do século XX, uma série de transformações vem

ocorrendo no cenário mundial, alterando de forma rápida a configuração de poder económico

e político entre os estados-nação, com repercussões que se propagam nos âmbitos do

comércio à segurança, dos direitos humanos ao meio ambiente, das finanças ao regionalismo,

acelerando movimentos transnacionais, inserindo novos actores não-estatais e subestatais,gerando distintas configurações de poder e impondo novos desafios à governança global.

Esta dispersão de poder por novos  players envolve novas regras de jogo, deixando de existir

uma única “comunidade internacional” composta por Estados-Nação. O expectável

1  LOPES, Carlos. “África e os Novos Actores Globais”. Conferência Económica in: o país económico, sexta-

feira 12 de Novembro de 2010.

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enfraquecimento das alianças ocidentais tende a aumentar os riscos, além do que os modelos

económicos ocidentais perdem atractividade em detrimento do modelo chinês. A emergência

de novas potências, uma economia globalizada, uma transferência histórica da riqueza e

poder económico do Ocidente para Este e uma crescente influência de actores não estatais sãoelementos pré-determinados de um sistema que se torna multipolar (Azevedo, 2008:3).

Com efeito, os desenvolvimentos recentes ao nível mundial, regional e doméstico obrigam à

necessidade de rever a estratégia de cooperação de modo a adequá-la ao ambiente económico,

político e social prevalescentes2.

O trabalho obedeceu a seguinte estrutura: apresenta-se a introdução que é seguida pela

contextualização, o problema de pesquisa, a justificativa e os objectivos do trabalho. No

primeiro capítulo apresentam-se os enfoques paradigmáticos compostos pela revisão daliteratura, o enquadramento teórico e a definição dos conceitos. O segundo capítulo,

comporta a metodologia usada para a realização do trabalho.

No terceiro capítulo, aborda-se a presença do investimento chinês e indiano em Moçambique,

antecedido pela apresentação dos dados gerais do país. O quarto capítulo, corresponde o

desenvolvimento dos objectivos do trabalho. Pretende-se com este capítulo, abordar os

contornos da cooperação de Moçambique com os Actores Globais, problematizando o

relacionamento do país com a China e Índia.

Igualmente, procura-se discutir as vantagens que o país tira nesta parceria assim como os

constrangimentos oriundos dela, e finalmente faz-se referência aos desafios colocados ao país

com vista a promover o desenvolvimento, e incrementar esforços de convergência na

cooperação internacional. No quinto capítulo, apresentam-se as conclusões do trabalho e as

recomendações, este último com o objectivo de melhorar o ambiente económico do país no

seu todo. Por último, apresenta-se a bibliografia e os anexos.

2  Boletim da República (2009), Estratégia para o Desenvolvimento Integrado do Sistema de Transportes, de 30

de Junho, I Série n° 25, Publicação Oficial da República de Moçambique. Maputo

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Os contactos e o comércio entre a Ásia e o litoral africano do Oceano Índico possuem raízes

históricas muito antigas. O advento da civilização comercial árabe-muçulmana, mais tarde,deu a esses fluxos um carácter mais denso e contínuo. Além disso, diversos reinos e impérios

da Índia e da China fizeram contactos directos com a África oriental, o mais famoso dos

quais foi o da imensa frota chinesa no século XV, durante a Dinastia Ming (Vizentini,

2010:14).

Ao longo do colonialismo mercantilista e do imperialista, a Inglaterra transferiu contingentes

de indianos para diversos pontos de seu império, inclusive a África, e muitos permaneceram.

Da mesma forma, a mão de obra chinesa foi agenciada para a construção de ferrovias,

enquanto outros se estabeleciam como pequenas comunidades de comerciantes.Posteriormente, a Revolução Chinesa e seu triunfo, bem como a vitoriosa luta indiana pela

independência, tiveram enorme impacto na África (idem).

As relações entre a China e Moçambique datam da década de 1960, quando a China ofereceu

apoio à Frelimo na sua luta contra o colonialismo português (Horta, 2007:1). Dadas as

potencialidades do país em recursos naturais, Beijing tem vindo a reforçar e alargar os seus

laços com Moçambique em todos os sectores que tenham ou possam vir a ter interesse para a

economia chinesa (Rosinha, 2009:63).

Segundo Carriço (2008:4), inúmeras foram as visitas oficiais de líderes chineses a

Moçambique das quais se realçam: as do Vice-Ministro Li Xiannian (Janeiro de 1979),

Ministro dos Negócios Estrangeiros Huang Hua (Abril 1980), Ministro dos Negócios

Estrangeiros Wu Xueqian (Maio 1987), Ministro dos Negócios Estrangeiros Qian Qichen

(Agosto 1989), Vice-Secretário do Comité Permamente do Congresso Nacional do Povo

Chen Muhua (Julho 1990), Vice-Primeiro Ministro Zhu Rongji (Julho 1995),

Primeiro-Ministro Li Peng (Maio 1997), Vice-Secretário da Comissão Militar Central e

Ministro da Defesa Chi Haotian (Novembro 1998), Ministro dos Negócios Estrangeiros Tang

Jiaxuan (Janeiro 2000), Vice-Secretário do Comité Permanente do Congresso Nacional do

Povo Tian Jiyun (Novembro 2000), Presidente da China Hu Jintao (Fevereiro 2007).

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Do lado moçambicano visitaram a China: o Presidente Samora Machel (Maio 1978 e Julho

1984), o Presidente Joaquim Chissano (Maio 1988 e Março 1998), o Primeiro-Ministro Mário

Machungo (Outubro 1987 e Maio 1993), o Primeiro-Ministro Pascoal Mocumbi (Outubro

1997 e Outubro 2002), o Ministro dos Negócios Estrangeiros Joaquim Chissano (Setembro1983), o Ministro dos Negócios Estrangeiros Pascoal Mocumbi (Agosto 1990 e Dezembro

1992), o Ministro dos Negócios Estrangeiros Leonardo Simão (Fevereiro 1998), o

Secretário-Geral da FRELIMO Manuel Tomé (Janeiro 1996, Fevereiro 1998 e Março 2000),

o Secretário-Geral da FRELIMO Armando Guebuza (Abril 2000). Os Ministros dos

Negócios Estrangeiros e do Comércio e Indústria (Leonardo Simão e Carlos Morgado)

participaram em Pequim em Outubro de 2000 no primeiro Fórum China-África, tendo o

Presidente Armando Guebuza estado presente na terceira edição deste fórum em Pequim em

Novembro de 20063

.

Em Fevereiro de 2007 durante a visita de Hu Jintao a Moçambique o seu homólogo

moçambicano reiterou a prossecução da linha de conduta das relações bilaterais assente em

três pilares: na troca e intercâmbio de visitas ao mais alto nível quer de membros do governo,

poder legislativo e Partidos políticos; legislativo e Partidos políticos e fortalecimento da

coordenação e cooperação bilateral para questões de natureza internacional e regional

(http://www.fmprc.gov.cn/).

Segundo High Commission of Índia (2010), Moçambique e Índia, tem relações intímas e

cordiais criadas a partir de laços tradicionais que datam desde o período pré-colonial.

Comerciantes e mercadores do sub-continente Indiano aportaram a Moçambique séculos

antes de Vasco da Gama aparelhar as suas velas e rumar para África e a Índia. Estes laços

tradicionais foram se fortalecendo ao longo dos tempos, como resultado de que hoje

Moçambique e a Índia encontram muitos pontos de cooperação entre ambos para benefício

mútuo.

Moçambique alcançou a sua independência em 1975 e no mesmo ano foram estabelecidas

relações diplomáticas, tendo a Índia sido um dos primeiros países a abrir a sua Embaixada

logo após a Independência. O Embaixador Indiano esteve entre os que presenciaram o arriar

3  Actualizado a partir do website do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Disponível em

http://www.chinadaily.com.cn/china/2007-01/26/content_793510.htm.

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da bandeira Portuguesa e o hastear da bandeira Moçambicana em Junho de 1975. O primeiro

presidente do Estado Moçambicano Samora Machel fez uma visita de estado à Índia em

1982, a qual foi reciprocada pela visita da falecida primeira-ministra da Índia Srª. Indira

Gandhi no mesmo ano (High Commission of Índia, 2010).

Este relacionamento cordial tem continuado através de visitas ministeriais de ambas as partes.

Visitas mais proeminentes incluem o Ministro da Defesa General Tobias Dai à Índia em

Março 2006, Ministro da Ciência e Tecnologia em Julho 2006, dos Recursos Minerais Srª.

Esperança Bias à conferência da CII em Nova Deli em Outubro 2006, Ministro da

Agricultura Tomás Mandlate em Novembro 2006 (idem).

Em Julho de 2007 o MNE Sr. Anand Sharma visitou Moçambique, chefiando uma delegaçãode homens de Negócios ao CII Conclave regional “Índia – África”, o qual foi realizado em

Maputo. O Ministro Indiano para os Assuntos Ultramarinos também visitou Maputo em

Novembro de 2007, tendo o Vice-Ministro Moçambicano dos Recursos Minerais, Sr. Abdul

Razak Noormahomed visitado a Índia para participar na conferência Índia – África de

Hidrocarbonetos realizada em Nova Deli a 6 e 7 de Novembro 2007 (ibidem).

Em 2010 os governos dos dois países assinaram um memorando de entendimento para a

cooperação no domínio da geologia e recursos minerais durante a visita do Presidentemoçambicano, Armando Guebuza, à Índia, em Setembro de 2010. Recentemente o Primeiro-

ministro Aires Ali assim como o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Oldemiro

Balói visitaram Índia no âmbito do reforço dos acordos de cooperação entre os dois países

(Agência Noticiosa Moçambicana AIM, 2011).

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Problema de Pesquisa

O acrónimo BRICs4, usado originalmente para identificar economias “emergentes” com

grandes dimensões geográficas e demográficas, tem se convertido na prática numa categoria

de análise. Esses países passaram a ser considerados não mais apenas como “outros países em

desenvolvimento”, mas como candidatos a desempenhar papel de crescente importância no

cenário mundial (Baumann; Araujo & Ferreira, 2010).

O desempenho recente dessas economias e seus indicadores macroeconómicos contribuíram

para consideração mais cuidadosa de suas possibilidades. Grandes mercados internos

aumentam a chance de obter “exportações viabilizadas pelo crescimento”, mais que um

“crescimento liderado por exportações”, o que implica maiores espaços para um papel activo

nas relações internacionais (idem).

Como afirma Pisani-Ferry (2008:5), “uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos

Estados Unidos e pela Europa é lidar com a  integração dos novos participantes, sobretudo

os Brics, na economia mundial e no sistema multilateral global.

Com quase metade da população mundial, 20% da superfície terrestre e economias

diversificadas com elevado rítmo de crescimento, esse grupo de países já tem uma

participação no PIB mundial equivalente à dos Estados Unidos e superior à dos países da

zona do euro (idem).

Segundo dados do FMI, em 2007, a participação dos Estados Unidos, dos países da zona do

euro e do Japão no PIB mundial foram, respectivamente de 21,4%, 16,1% e 6,6%. China,

Brasil e Índia, por seu turno, participaram com 10,8%, 2,8% e 4,6% respectivamente.

Enquanto o conjunto das economias avançadas participou com 56,4% do PIB mundial, as

economias emergentes, lideradas pelos Brics, participaram com 43,6%.

4  Os BRICs são a designação do acrônimo criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O´Neill - do

grupo Goldman Sachs - para designar os 4 (quatro) principais países emergentes do mundo (Brasil, Rússia, India

e China) no relatório "Building Better Global Economic Brics". Usando as últimas projecções demográficas e

modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as

economias dos países BRICs até 2050, especulando que esses países poderão se tornar a maior força na

economia mundial.

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Há pouco mais de vinte anos e, desde que se juntou a Organização Mundial do Comércio em

2001, a China vem rapidamente se tornando uma força económica, aumentando

consideravelmente sua parcela na oferta mundial de manufacturas, provocando um boom no

mercado de commodities e acumulando cerca de 2,2 trilhões de dólares em reservas (Ribeiro,2010 apud People’s Bank of China, 2009).

Segundo Goes & Tiburcio (2010), a China encontra-se à frente e distancia-se mais

rapidamente a cada ano. Dois terços do fluxo comercial BRIC-África está em seu controle,

dos 54 países do continente, 32 tem a China entre os 5 principais parceiros de importação. Já

os números da Índia na África são modestos quando comparados aos chineses. Suas

necessidades, no entanto, são da mesma ordem, visto a dependência energética externa.

Como sustenta Langa (2010), ao nível global, apesar do massiço papel da China e da Índia na

redução do número de pessoas que morrem à fome e vivem na pobreza extrema (80% dos

cerca de 400 milhões que saíram da pobreza, nos últimos anos, estão nestes dois países), as

estatísticas continuam perturbadoras: a cada seis segundos morre uma criança no mundo

devido a problemas provocados pela fome e 925 milhões de pessoas continuam subnutridos

no mundo inteiro, em 2010 – 30% dos quais na África subsahariana.

Desde a economia estabilizada recentemente; Mão-de-obra em grande quantidade e emprocesso de qualificação; Níveis de produção e exportação em crescimento; Boas reservas de

recursos minerais; Investimentos em sectores de infra-estrutura (estradas, ferrovias, portos,

aeroportos, usinas hidroeléctricas); PIB (Produto Interno Bruto) em crescimento; Índices

sociais em processo de melhorias; Rápido acesso da população aos sistemas de comunicação

como, por exemplo, celulares e Internet; Mercados de capitais (bolsas de valores) recebendo

grandes investimentos estrangeiros (Lotta, 2010), o certo é que cada país pertencente a esta

associação (BRICs) tem um desafio a vencer para chegar às condições projectadas pelos

especialistas.

Sendo assim, cabe questionar como é que Moçambique sendo um país periférico e com

limitadas bases de crescimento mas com ilimitadas fontes para o crescimento, pode tirar

vantagens numa eventual cooperação mutuamente vantajosa com as potências emergentes?

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Justificativa

Na lógica de funcionamento da política internacional, a inclusão de novos actores é um passo

decisório na afirmação do multilateralismo (Ferreira, 2009:114). As relações de cooperação

entre Moçambique e os novos actores globais como são os casos da China e Índia enquadra-

se naquilo que se denomina de nova fase do Scramble for Africa, em que as economias

emergentes, à semelhança do que fizeram as economias capitalistas ocidentais mais

intensamente a partir de finais do séc. XIX, se lançam na competição por recursos naturais

(terra, água, recursos minerais e energéticos), na competição por oportunidades de expansão

comercial e financeira, e na competição por oportunidades para imigração de zonas

densamente povoadas (Castel-Branco, 2010:2).

A escolha do tema para objecto do trabalho e consequente relevância para o Curso de

Licenciatura em Ciência Política, circunscreve-se no entendimento e reconhecimento que a

cooperação internacional ou concretamente as relações entre os países num mundo

globalizado é fundamental para qualquer nação, tanto em âmbito externo, devido às projeções

internacionais que se pode alcançar, quanto interno, devido à maneira como os impactos

desta inserção acometem as suas populações.

Como bem alerta Amaral (2008), a capacidade de se entender o processo global e seu rumo,

antecipar decisões e políticas, dar uma resposta adequada às novas realidades, é, em boa

medida, o que distingue o êxito do fracasso, a capacidade de liderar ou ser simplesmente

objecto dessas transformações. No mesmo diapasão, refira-se que o grau de abertura de uma

economia para com o exterior pode determinar a sua habilidade para a cooperação, o que

pode propiciar mais criação do comércio e aumento do bem estar das populações5.

Para o caso da China e Índia, escolhemos por serem os países que vem aumentando a suaactuação no continente, por meio de cooperação económica, intercâmbio intelectual e no

estreitamento de relações sócio-culturais.

5  Chichava, José António da Conceição. (2007), As vantagens e desvantagens competitivas de Moçambique na

Integração Económica Regional.

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De acordo com a South Africa’s Bank (2008), a China é a grande líder e já é o maior parceiro

comercial da África no mundo, tendo superado, inclusive, os Estados Unidos. Como

afirmado, em 2008, foram apresentados 107 biliões de dólares nas relações comerciais, com

86 projectos em Investimentos Directos Externos, mas o gigante asiático tem a intenção deaumentar gradativamente esses números, com o intuito de se tornar maior o parceiro em

todos os sectores com o continente africano.

A Índia é outro membro dos BRICs que vem obtendo resultados de crescimento com o

continente africano, anunciando um aumento de US$ 4, 9 biliões para 32 biliões de dólares,

com trajectória similar à brasileira (idem).

Objectivos de Pesquisa

Objectivo Geral

•  Analisar a estratégia de cooperação de Moçambique com os Novos Actores Globais.

Objectivos Específicos

•  Descrever a génese, evolução e contornos de cooperação entre Moçambique e países

como China e Índia; 

•  Explicar os desafios, as vantagens e desvantagens de Moçambique face a abertura de

cooperação com a China e Índia; 

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CAPÍTULO I

1. ENFOQUES PARADIGMÁTICOS

1.1 Revisão da Literatura

Para Bukharin (1986), o desenvolvimento do capitalismo, e sua nova configuração na forma

do chamado capital financeiro, conduziu os Estados capitalistas contemporâneos a objectivos

de conquista, tais como: a posse dos escoadores de mercadorias, dos mercados de matérias-

primas e das esferas de investimento de capital.

Segundo Ribeiro (2010), a partilha do continente africano, definida na Conferencia de Berlimem 1884-1885 é um episódio ilustrativo dessa nova fase do capitalismo, além, é claro, das

guerras que marcariam a primeira metade do século XX, envolvendo as principais potências

capitalistas.

Como ressalta Fukuyama (1992), a grande maré capitalista que tomou conta do mundo,

particularmente após a derrocada dos regimes estabelecidos nos países do Leste Europeu e na

extinta União Soviética, não significou somente a explosão das propostas neoliberais nos

terrenos económicos e políticos. Implicou, também, uma ofensiva sem precedente da

ideologia burguesa-imperialista visando à conquista dos corações e mentes em escala global.

Assim, os conflitos que marcaram a primeira metade do século XX representaram, em grande

medida, o ápice das divergências entre estas potências com relação as disputas por áreas de

dominação em todo o mundo (Harvey, 2003).

Posicionamentos pro-independência e as divisões ideológicas da Guerra Fria, em larga

medida, explicam a abertura das actuais lideranças políticas em relação aos BRICs, já que um

número ainda expressivo daqueles que estavam a frente dos movimentos de libertação

nacional nos anos 1970 permanece no poder (Goes & Tiburcio, 2010).

Raymond Lotta (2008), vê alterações na distribuição do poder económico global e o

surgimento de incipientes constelações de potências geoeconómicas e geopolíticas, isto é,

potenciais blocos de países com uma crescente capacidade para desafiarem o domínio global

dos EUA. A China é um elemento altamente dinâmico dessa equação.

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De acordo com Myrdal (1967), no plano nacional, não se poderá falar da cooperação

económica enquanto subsistir uma acentuada diferença entre as regiões e classes sociais. A

verdadeira cooperação caracteriza-se pelo “desenvolvimento da solidariedade, que se exprime

pela aceitação de determinados sacrifícios por parte dos mais favorecidos, a fim de beneficiaros menos protegidos, no interesse comum”. No plano internacional, entende-se por

cooperação económica a realização do ideal da igualdade de oportunidade nas relações entre

povos de nações diferentes (idem).

Bela Balassa (1961), sustenta que “a cooperação inclui uma acção tendente a diminuir a

discriminação entre os países no plano multilateral. Gobbo (2001), advoga que a cooperação

económica consiste “na adopção de medidas voltadas a reduzir os níveis de discriminação

entre os países. Baseia-se em acordos que não contemplam cessão de soberania por parte dosEstados signatários e persegue a adopção de medidas encaminhadas a reduzir os níveis de

discriminação entre os países no âmbito comercial, sem pretender, entretanto, a total

eliminação do poder soberano”.

Segundo MINEC (2006:6), a cooperação comporta a interacção conjunta entre os actores

nacionais, estatais e não estatais com parceiros internacionais com o objectivo de

complementar a materialização da agenda de desenvolvimento nacional, com destaque para o

reforço da democracia e da boa governação, a promoção de crescimento económico, odesenvolvimento do capital humano e a mitigação do impacto do HIV/SIDA no

desenvolvimento sustentável do país.

Já Keohane (1984), aborda a cooperação internacional pelo cálculo de custos e beneficios

pelos Estados: “a state do not typically cooperate out of altruism or empathy with the plight

of others no for the sake off pursuing what they conceive as international interest. They seek

wealth and security for their own people, as search for power as a means to these ends.” 

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1.2 Enquadramento Teórico

Para a análise dos dados em torno da Cooperação entre Moçambique e os Novos Actores

Globais, privilegiamos a teoria Neo-realista das relações internacionais cujas ideias chaves

são descritas por Kenneth Waltz6.

A tradição realista forneceu ampla base para a formação daquilo que ficou conhecido como

perspectiva neo-realista da teoria das relações internacionais. Uma teoria de tipo neo-realista

concederia maior rigor à tradição realista através da definição mais clara e consistente dos

conceitos centrais (Dougherty e Pfaltzgraft, 2003:29).

Para o neo-realismo, o poder permanece uma variável-chave, embora consista menos num

fim em si mesmo do que numa componente inevitável e necessário de qualquerrelacionamento político. Entre os proponentes do neo-realismo encontramos Gortfried-Karl

Kindermann. De acordo com este autor, “tal como o mecanismo do poder e das acções não

esgota a natureza da lei, também a natureza da política não se esgota nas referências ao

 poder enquanto instrumento de maior importância” (idem).

Para o realismo estruturalista, a política internacional é mais do que o somatório das políticas

externas dos estados e do contrapeso exercido por outros actores do sistema. Deste modo,

Kenneth Waltz sustenta uma perspectiva neo-realista baseada em relacionamentospadronizados entre os actores no interior de um sistema anárquico. A atenção do realismo

estruturalista está concentrada na organização e acomodação das partes do sistema

internacional. Assim sendo, os estados comprometem-se em esforços internos para

incrementar as suas capacidades económicas, militares e políticas para desenvolverem

estratégias eficazes.

Como avança David (2004), o estruturo-realismo valoriza a estrutura do sistema

internacional, isto é, a maneira como a distribuição das capacidades, especialmente militares,entre grandes potências e a configuração do equilíbrio entre as mesmas determinam a

estabilidade ou instabilidade do sistema. O comportamento dos mesmos é pois amplamente

ditado pela sua pertença ou pela sua contestação da estrutura.

6  WALTZ, Kenneth. (1979), Theory of International Politics. Reading: Addison-Wesley.

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Desde a sua exposição por Aron (1962) e sobretudo por Waltz (1979), o estruturo-realismo

fez muitos adeptos nos Estados Unidos e os discípulos (antigos estudantes) de Waltz são

numerosos: entre outros Stephen Walt (1987) sobre as alianças, Jack Snyder (1984), Barry

Posen (1991) e Stephen Van Evera (1998), sobre os méritos de um realismo defensivo (deimposição e de conquista). Estas investigações mostraram-se particularmente pertinentes para

as opções estratégicas norte-americanas.

Os neo-realistas estimam a cooperação entre Estados possível e desejável para diminuir os

riscos de insegurança e garantir para cada um deles ganhos relativos, não absolutos. O

contexto anárquico internacional pode mostrar-se menos severo quando a competição entre

Estados se rege por mecanismos de segurança cooperativa. Estes mecanismos reduzem a

batotice, a falta de confiança e maus cálculos.Assim, a anarquia pura dá lugar à anarquia ponderada. Por consequência, as hipóteses de

guerra são menores. O neo-realismo “cooperativo” está bem expresso nos escritos, por

exemplo, de Joseph Grieco (1993) e de Charles Glaser (1997). Converge igualmente com

uma antiga forma de realismo “liberal”, que entronca na escola inglesa de Hedley Bull (1977)

e John Vincent (1947), para quem os estados podem ultrapassar a anarquia pela constituição

de regras elementares que facilitem a coexistência e dissuadam a agressão.

Nesta ordem de ideia, o realismo estruturalista desenvolvido por Buzan, Jones e Little rejeitao pressuposto realista de que o sistema internacional é dominado por anarquia e que, em

contraste, as unidades são hierárquicas no que toca às suas estruturas domésticas. Pelo

contrário e de acordo com estes três teorizadores, as unidades dispõem de diferentes

estruturas que vão dos impérios às repúblicas e incluem actores estatais e não estatais7.

Além do mais, e nas suas acções internacionais, as unidades exibem tanto um comportamento

cooperativo quanto competitivo. Com o fim de promover a cooperação internacional, elas

desenvolvem alianças, coligações, regimes, normas e instituições. Estes traços comuns no

sistema internacional, são explicados tomando por referência a estrutura do sistema

internacional. Embora a sociedade anárquica produza estados soberanos, a sua soberania não

significa que a anarquia seja incompatível com a cooperação e a interdependência.

7  GOLDSTEIN, Joshua S. (1999), International Relations. New York: Longman

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Deste modo, Buzan, Jones e Little procuram alargar a teoria neo-realista com o propósito de

abarcar a cooperação assim como a competição. A teoria neo-realista de Waltz, alargada por

Buzan, Jones e Little, mantêm todavia a análise estrutural enquanto conceito teorético central.

Mantêm-se ainda o conceito de sistema internacional baseado na anarquia mas agoraincluindo padrões de cooperação.

Os sinais da emergência de uma nova teoria da cooperação são os autores que vêem as

questões actualmente de forma não linear, interdisciplinar, descentralizada e evoluindo num

processo aberto de participação de múltiplos actores seja dos países financiadores seja dos

receptores da ajuda, que pode ter um impacto local e no sistema internacional.

1.3 Definição de Conceitos

Com base na nossa perspectiva de abordagem, torna-se proeminente tomar em consideração o

conceito de Globalização de George Soros e Joseph Stiglitz.

Para Soros (2003), a globalização corresponde ao desenvolvimento de mercados financeiros

globais, à criação de empresas transnacionais e ao seu domínio crescente sobre as economias

nacionais. Para este autor, a característica mais notória da globalização é a de permitir que o

capital financeiro circule livremente; em contrapartida, a circulação das pessoas continua aser fortemente controlada.

De acordo com Stiglitz (2004), a globalização é a integração mais estreita dos países e dos

povos que resultou da enorme redução dos custos de transporte e de comunicação e a

destruição de barreiras artificiais à circulação transfronteiriça de mercadorias, serviços,

capitais, conhecimentos e em menor escala pessoas.

A diferença existente entre os dois autores reside no facto do primeiro, considerar aglobalização como um fenómeno desejável enquanto o segundo, como um fenómeno

negativo para a sociedade.

Como se pode depreender, a globalização é uma evolução desejável por muitas razões: as

empresas privadas movem-se melhor na criação de riqueza do que o Estado. Além disso, o

Estado tem tendência a abusar do seu poder; a globalização proporciona um nível de

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liberdade individual que nenhum Estado pode assegurar. A livre concorrência à escala global

libertou talentos inventivos e empreendedores e acelerou a inovação tecnológica (Soros,

2003: 19).

Para Stiglitz, hoje a globalização não está a funcionar para muitos dos países pobres do

mundo. Não está a funcionar para o ambiente. Não está a funcionar para a estabilidade da

economia mundial. A transição do comunismo para a economia do mercado foi tão mal

gerida que, com a excepção da China, do Vietname e de alguns países da Europa de Leste, a

pobreza aumentou e os rendimentos diminuíram (Stiglitz, 2004:271).

Stiglitz ressalta que o problema não está na globalização, mas na maneira como tem sido

gerida. O problema reside em parte nas instituições económicas internacionais, o FMI, oBanco Mundial e a Organização Mundial de Comércio, que ajudam a definir as regras do

 jogo. E, muitas vezes, serviram os interesses dos países industrializados mais avançados – e

interesses específicos existentes nesses países – e não os do mundo em desenvolvimento. Não

só agiram em função destes interesses, como muitas vezes abordaram a globalização com

uma estreiteza de espírito ditada por uma visão muito particular da economia e da sociedade

(idem). Por isso o autor, considera a globalização como a grande desilusão.

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CAPÍTULO II

2. Metodologia

Segundo King, Keohane e Verba (1994), a pesquisa nas ciências sociais consiste na busca

pela lógica da inferência, seja em estilo quantitativo ou qualitativo. Os distintos estilos, desde

que voltados para a produção de boa pesquisa, são aproriados para a produção de inferência

sobre os fenómenos sociais na ciência política, na antropologia, na historia, ou mesmo em

áreas não disciplinares, como a pesquisa em educação ou estudos legais (1994: 3 e 4).

No texto Designing Social Inquiry, central metodológica das disciplinas de Ciência Política e

Relações Internacionais, os três autores refutam a perspectiva de conferir superioridade aos

estudos quantitativos em ciências sociais, apontando que o trabalho sistemático e científico

pode ser aplicado aos dois estilos, em caso de atenderem às regras da inferência.

O estudo recorreu a abordagem qualitativa envolvendo o uso de estudo de caso, onde foram

escolhidos dois países, entre o grupo das economias emergentes e particularmente os BRICs

nomeadamente a China e Índia.

Para Santos (2000), um estudo de caso é a selecção de um objecto de pesquisa restrito, com oobjectivo de aprofundar os aspectos característicos desse, cujo objecto pode ser qualquer

facto ou fenómeno individual, ou um de seus aspectos. Yin (2001), mostra que um estudo de

caso é uma investigação empírica a cerca de um fenómeno contemporâneo dentro do

contexto de realidade.

Usamos também o método indutivo que consistiu na pesquisa bibliográfica e documental

(memorandos de entendimento, acordos de cooperação, relatórios, programas

governamentais). Os artigos científicos, jornais, revistas, blogs, monografias,debates/programas televisivos e sites da Web serviram de complemento na abordagem dos

capítulos do trabalho.

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CAPÍTULO III

3. COOPERAÇÃO ENTRE MOÇAMBIQUE E OS NOVOS ACTORES GLOBAIS

3.1 Dados Gerais do País

A República de Moçambique situa-se na costa oriental de África, com uma área de 802 000

km2 e 2700 km de costa. Possui uma população cerca de 21.530 milhões de habitantes e faz

fronteira com seis países a norte com a Tanzânia, a oeste com Zâmbia, Zimbabué e o Malawi,

a sul com a Swazilândia e África do Sul e, Este com o Oceano Índico.

Independente desde 25 de Junho de 1975, Moçambique é uma república presidencialista e

multipartidária. Em Outubro de 1994 realizaram-se as primeiras eleições legislativas.Armando Emílio Guebuza é o actual Presidente da República e Chefe de Estado. A moeda

oficial é, desde 1 de Junho de 2006, o Novo Metical (Mtn) e a língua oficial, o Português8.

A economia moçambicana continua a ser considerada pelos observadores internacionais

como um caso de sucesso em países com experiências recentes de guerra. A adequada

implementação de políticas de estabilização e o sucesso na pacificação do território têm sido

os principais responsáveis pelo bom desempenho da economia. Adicionalmente, as entradas

de investimento estrangeiro direccionado a grandes projectos de investimento e ajudas dos

doadores internacionais continuam a desempenhar um papel fundamental para o

enquadramento favorável que tem caracterizado o país9.

Em 2007, o crescimento da actividade económica foi mais moderado que no ano anterior,

reflexo do aumento do preço do petróleo e de uma queda nas exportações tradicionais. O PIB

expandiu-se 7%, em termos anuais (8% no ano anterior). Para 2008 e 2009, a média das

previsões apontava para um ligeiro abrandamento da actividade económica, fruto de um

menor contributo de investimento e reflexo de operações esperadas nos preços dos principais

produtos exportados, ainda que estes factores sejam parcialmente compensados pela

progressiva entrada em funcionamento da segunda geração de grandes projectos – expansão

da capacidade de produção na mina das areias pesadas de Moma, entrada em funcionamento

8  www.portaldogoverno.gov.mz9  Estudos Económicos e Financeiros (2008), Moçambique. BPI, Julho

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das minas e carvão de moatize, duplicação de exportações através do pipeline da sasol,

construção de um segundo pipeline para África do Sul (EEF, 2008: 1).

No entanto, o rítmo de crescimento económico em 2010 deverá ter-se situado próximo de8%, superando uma vez mais as expectativas. Recorda-se que as previsões oficiais apontavam

para uma expansão de 6.2%; no Outono, o Fundo Monetário Internacional antecipava 7.2%, e

a OCDE, na Primavera previa 5.8%. Em comparação com os seus pares, Moçambique surge

também posicionado: o FMI estima um crescimento da região da África Subsaariana na

ordem dos 4.9%, enquanto os países da região costeira, com economias pouco dependentes

dos recursos naturais, deverão ter registado uma expansão de 3.5% (EEF, 2011:1).

A taxa de inflação deverá ter-se situado 12.7% em 2010, próxima das estimativas oficiais masacima do ano anterior (2009: 3,3%). A depreciação do metical, encarecendo os produtos

importados, o aumento dos produtos energéticos e alimentares nos mercados internacionais e

a retirada dos subsídios aos preços de alguns bens e serviços de primeira necessidade,

 justificou esta evolução. Em 2011, a inflação deverá desacelerar dada a reintrodução de

alguns dos subsídios do ano passado, a maior estabilidade cambial e a previsão de uma

evolução moderada dos preços energéticos e alimentares nos mercados internacionais. A

estimativa das autoridades aponta para uma taxa de inflação média anual de 8%, previsão que

se poderá revelar optimista dada a forte dinâmica da procura interna (EEF, Idem).

Não se antecipam alterações ao padrão da evolução da economia moçambicana ao longo dos

próximos anos, sendo de prever que o rítmo de expansão da actividade continue a

surpreender favoravelmente, suplantando os seus pares na região. Este cenário positivo tem

subjacente, a progressiva entrada em funcionamento e diversos mega-projectos, sobretudo

nos sectores energético e de exploração mineira. Refira-se que o FMI projecta uma taxa de

expansão real média de actividade económica entre 2012 e 2015 na ordem dos 8%, enquanto

os outros países da África Subsaariana deverão apresentar um crescimento médio em torno de

5.5%.

No quadro de potencialidades e oportunidades de investimento em Moçambique, o CPI

(2010), para além da localização geoestratégica e estabilidade política do país, aponta que os

procedimentos de migração estão facilitados, o visto podendo ser obtido na fronteira, ou seja,

existem facilidades na obtenção de residência para investidores; há uma redução de 50% da

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taxa de SISA na aquisição de imóveis destinados à Indústria, Agro-Indústria e hotelaria,

desde que adquiridos nos primeiros 3 (três) anos a contar da data da autorização de

investimento; Crédito Fiscal por Investimento (CFI) Cidade de Maputo 5% e restantes

províncias 10%.

Nos principais produtos, para exportação o país conta com electricidade, gás, alumínio,

camarão e lagosta, madeira, açúcar, castanha de caju, algodão, artesanato e importa

equipamentos de transporte e eléctrico, maquinaria diversa, produtos petrolíferos,

medicamentos e livros10. Para a Europa, o país exporta camarão, algodão, peixe fresco,

lagosta, crustáceos, pedras preciosas, amêndoa de caju, madeira, tabaco, produtos de

artesanato, sisal, açúcar e exporta máquinas e aparelhos, material eléctrico, livros e

brochuras, móveis, medicamentos, vinhos/bebidas e veículos.

Nas áreas de investimento11, dados do IPEX (2010), apontam para agricultura (com uma

disponibilidade de terra para uso múltiplo: pecuária, agro-indústria e florestal,

biocombustíveis e com excelentes condições climáticas. Nos produtos, tem arroz com (défice

estimado em 316 mil toneladas), milho (exemplo para produção de ração), trigo (défice

estimado em 470 mil toneladas) etc.

Nas pescas (um dos maiores suportes da economia), potencial de exploração avaliado em 300

mil tons por ano (défice estimado em 5.400 toneladas). Para além de camarão, outras espéciesincluem gamba, lagosta, lagostim e peixe. Na albufeira de Cahora Bassa pesca de Kapenta.

Na indústria, tem processamento de produtos agro-pecuários, testêis e confecções, mobiliário,

indústria de couro e curtume, indústria gráfica, material de construção e embalagens. Na

produção e exploração de minerais, o país possui Bauxite, Mármores, agregados para

construção, calcário, diatomite e bentonite.

Na construção, ou seja, nas infra-estruturas, o país detém estradas, pontes (ponte sobre

zambeze em Tete; Ponte sobre baía de Maputo), Linha Férrea Moatize- Nacala (500 milhões

10  Refira-se que estes produtos são exportados para os principais mercados Bélgica, África do Sul, Zimbabwe,

Suiça, Portugal, Alemanha, Espanha, China, Índia, Reino Unido, Malawi e Finlândia. A importação é da África

do Sul, Kuwait, Portugal, Países Baixos, EUA, Índia, China, Tailândia, Malawi e Alemanha.11  Para mais informação ver [email protected]

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USD, a iniciar em breve), Edifícios públicos e privados, Barragens, Diques, Parques

imobiliários e industriais, Parques de estacionamento, etc.

Na energia: potencial hidroeléctrico 12-14.000 MW (100 locais identificados), capacidadeinstalada: 2.500 MW, Gás Natural: 5 TCF (Triliões de pés cúbicos), Carvão Moatize: 10

Bilhões de toneladas, produção de energias: solar, fotovoltaica, eólica. Em termos de

projectos nesta área inclui desde a Linha transporte energia Tete-Maputo (2,3 biliões de

USD); Linha de transporte energia Tete-Malawi (93 milhões de USD); Refinaria de petróleo

na Província de Maputo (8 biliões de USD); Oleoduto Beira-Malawi (150 milhões USD);

Central de Carvão de Moatize de 1.500 MW (2,8 biliões de USD); Barragem hidroeléctrica

de Mpanda Nkuwa e Cahora Bassa Norte.

Por último, refira-se a existência de um potencial turistíco 2.700 km de costa marítima; Belas

praias de águas quentes durante todo o ano; Infra-estruturas para desportos aquáticos;

Formação; Exploração de coutadas ricas em fauna e flora; Hotelaria, restauração, espaços de

lazer, etc (IPEX, Idem)12.

3.2 A China em Moçambique

As relações sino-africanas ganham maior dinamismo num contexto em que o enorme

crescimento económico da China faz o país aumentar a sua demanda por recursos naturais e

energéticos e oportunidades comerciais, e uma das regiões onde Pequim está com os olhos

postos é a África (Sant’anna, 2008:6).

Com relação a Moçambique, o incremento cooperativo também nota-se nas áreas de

comércio e dos investimentos, sendo que a agricultura e as infraestruturas correspondem os

sectores de destaque nas relações com a China (idem).

Em termos económicos, a relação de África com a China continua sendo a mais significativa

entre as nações emergentes. O valor do comércio entre a África e a China era estimado em

12  Dados sobre o Crescimento do Sector de Turismo vide Anexos.

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107 biliões de dólares, em 2008, fazendo Pequim o segundo maior parceiro comercial do

continente depois dos Estados Unidos (O país, 12 de Novembro de 2010).

Em 2 anos, Beijing passou de 26º para 6º maior investidor em Moçambique fazendo uso da

concessão de empréstimos “sem condicionalidades”. Estes empréstimos têm sido a porta deentrada em Moçambique de várias empresas e consórcios chineses e macaenses (Rosinha,

2007: 64).

No plano das relações comerciais, económicas e da cooperação técnica ambos os países

assinaram um Acordo de Comércio e um Acordo de Promoção e Mútua Protecção do

Investimento, tendo estabelecido uma Comissão Económica e Comercial Conjunta em 2001

(Carriço, 2008:5).

Em 2002, Moçambique assinou um memorando de entendimento com a China válido por umperíodo de cinco anos, delineando cooperação em diferentes domínios, nomeadamente

florestas, produção de arroz, biotecnologia, pecuária, processamento, controlo de doenças e

pestes e investigação (Chichava, 2011:382).

No plano cultural, educacional e da saúde, Xangai e Maputo são actualmente cidades

geminadas. Pequim tem oferecido anualmente desde 1992 cinco bolsas de estudos

universitários a nacionais moçambicanos, tendo desde aquele ano estudado na China cerca de

80 moçambicanos. Pequim tem enviado anualmente para Moçambique cerca de uma dúzia demédicos e enfermeiros para trabalharem no hospital de Maputo e na província de Sofala, ao

mesmo tempo que tem facilitado a importação por Moçambique de uma grande volume de

medicamentos anti-maláricos (como o Harenate e o Alfand) e retro-virais e equipamento

médico de fabrico nacional, permitindo a Maputo a redução na despesa da saúde através da

eliminação de intermediários (Diário de Moçambique, 9 de Setembro de 2010).

No domínio agrícola, a China investiu 800 milhões de dólares para multiplicar por 5 a

produção de arroz em Moçambique, como contrapartida pela construção de estradas e

barragens. A região do Vale do Zambeze é tida como o território eleito para a produção de

arroz para o mercado chinês, que se deparará com aumentos de consumo e cada vez menos

terra arável (mediaFAX, 2008:1).

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Um dos grandes destaques da cooperação entre Moçambique e China no sector agrícola é o

estabelecimento de um centro de tecnologias agrárias em Boane, no sul de Moçambique.

Avaliado em 55 milhões de dólares, o Centro de Tecnologias Agrárias está ser estabelecido

com ajuda do governo da província de Hubei, e é o primeiro de entre os 14 centros que aChina prevê em África (Chichava, 2011:382).

Na defesa, referir que em 2006, o General Liu Xian Hua visitou a Academia Militar onde

reiterou a possibilidade da China poder vir apoiar a frequência de cursos de aperfeiçoamento

para os futuros pilotos-aviadores moçambicanos (STV: 15 de Novembro de 2010).

Moçambique e China assinaram, em Maputo, memorandos de entendimento que vão permitir

a realização de diversos projectos chineses nos sectores da indústria, mineração, energia eturismo. Os projectos incluem, entre outros, a construção de uma cidadela em Catembe, de

outro lado da baía de Maputo e uma fábrica de automóveis (Portal do Governo, 2010).

Por sua vez, o Primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, de visita a China em Junho de

2010, conferenciou com Dirigentes de dois bancos chineses na qual, asseguraram que iriam

financiar três mega-projectos económicos em Moçambique, orçadas em 165 milhões de

dólares norte-americanos. Deste montante, 65 milhões de dólares destinaram-se ao

financiamento da segunda e última fase da modernização do Aeroporto Internacional deMaputo. Outro montante no valor de 80 milhões de dólares, destinou-se para a construção de

uma fábrica de cimento na província central de Sofala, com capacidade para a produção de

500 mil toneladas por ano (Agência Noticiosa Moçambicana AIM, 2010).

Na mesma viagem efectuada pelo Primeiro-ministro moçambicano à China, prometeram

financiamento para a construção da barragem Moamba-Major no sul de Moçambique,

montante de 104,7 milhões de dólares para a conclusão do Estádio Nacional e de Infra-

estruturas adjacentes, avaliada em 50,2 milhões de dólares, e a contrução do centro de sessões

do Conselho de Ministros, orçado em cerca de 17 milhões de dólares (O país, 18 de Junho de

2010).

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3.3 Índia em Moçambique

Não há dúvidas que os programas Focus Africa e Team-9 lançado pela Índia através do Exim

Bank em 2002 e 2004 e dotados, respectivamente, de uma linha de crédito de 550 e 500milhões de dólares, simbolizaram o começo de uma nova era nas relações entre este país e

África (Chichava, 2011:378).

Há anos que Moçambique está a ser um destino privilegiado de homens de negócios, atraídos

pelo potencial de recursos minerais, com destaque para carvão, areias pesadas, pedras

preciosas e semi-preciosas, entre outras (macauhub, 24 de Abril de 2011).

A Índia tem vindo a prestar assistência a Moçambique de várias formas, incluindo através deLinhas de Crédito (LoC). O governo da Índia aprovou 3 Linhas de Crédito de 20 milhões

cada para Moçambique. A primeira LoC foi concedida em Setembro de 2004 para

electrificação rural, gestão de águas, e um projecto de aproveitamento de cascas de coco na

província da Zambézia. Outro LoC de US 20 milhões foi concedido em 2006 para

electrificação da província de Gaza. O terceiro LoC de US 20 milhões foi oferecido a

Moçambique em Abril de 2008, com a finalidade de financiar a transferência de tecnologias

de furos de água e equipamento desde a Índia (High Commission of India, 2011).

Na área da educação, referir que actualmente, 20 vagas para bolsas de curta-graduação para

cursos profissionais são concedidas anualmente sob o programa Special Commonwealth

Assistance for Africa (SCAAP), e 15 bolsas para cursos selectos de graduação e pós-

graduação são concedidos sob os aupícios da (GCSS) – General Cultural Scholarship Scheme

do (ICCR) – Indian Council for Cultural Relations. Contudo, recentemente o número de

vagas para bolsas de estudo sob os auspícios do SCAAP foi aumentado para 30, desde os

anos 2008-2009 (idem).

Devido à dimensão da sua diáspora no país, a Índia assinou um memorando de entendimento

ao nível da cooperação militar, o qual foi proposto inicialmente por Moçambique e assinado

em 5 de Março de 2006 aquando da visita do Ministro da Defesa Tobias Dai. O memorando

contempla a cooperação nas áreas técnica, de apoio logístico, ensino e treino. Nele ficou

acordado a execução de patrulhamentos conjuntos da costa moçambicana, aquisição e

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manutenção de viaturas, navios e aviões, e reabilitação de infra-estruturas militares

(http://www.panapress.com).

Moçambique e Índia assinaram dois acordos de cooperação para a promoção do comércio,

investimento e reforçar a cooperação económica, cultural, científica e técnica entre os dois

países. Os acordos foram assinados no término da segunda reunião da Comissão Conjunta em

Nova Deli, capital indiana. Assinaram os referidos acordos o Ministro moçambicano dos

Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, e o seu homólogo indiano, Anand Sharma13.

O Governo da Província de Inhambane assinou um MoU com a empresa Indiana  Aar Ess

Exim Pvt. Ltd   para a construção de uma fábrica de cimento na localidade de Pambara. O

custo estimado foi cerca de US 65 milhões (High Commission of India, 2010).

RJ Corp India (51%) uniu-se com as Indústrias Pilivi de Moçambique (49%) para a

montagem de uma fábrica da Pepsi-cola nos arredores de Maputo. A unidade de produção

entrou em funcionamento a princípios de Junho de 2008. Tata Steel, o 6° maior fabricante de

aço do mundo, adquiriu um interesse de 35% numa joint-venture com a Riversdale Mining,

uma empresa listada a Bolsa Australiana, para desenvolver a mina de carvão de coque em

Moçambique. A Petromoc anunciou publicamente a assinatura, a 28 de Setembro 2007 de um

memorando de entendimento no valor de US 30 milhões com a Rusni Bio-Fuels da Índia,

para a produção de Etanol a partir de cana-de-açúcar (idem).

Em meados de 2010, uma importante delegação de empresários indianos visitou o país com o

intuito de se inteirar do potencial mineral existente, bem como explorar as facilidades de

investimento nesta área, tendo prometido igualmente financiar um trabalho de inventariação e

localização de recursos14.

Para além de discutir aspectos concretos sobre a cooperação bilateral bem como a

participação das empresas indianas nas pesquisas e exploração do carvão mineral

moçambicano, o Ministro indiano do carvão, Sriprakash Jaiswal, efectuou uma visita ao país

13  Jornal Notícias. “Moçambique e Índia reforçam cooperação”. 11 de Janeiro de 2011

14  Macauhub. “Índia vai ajudar Moçambique a cartografar recursos minerais”. 29 de Abril de 2011 

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com vista a assinatura de vários acordos dentre os quais dois memorandos de entendimento

para o financiamento da construção de dois institutos vocacionados à formação técnico-

profissional na área do carvão. Os referidos institutos deverão custar cerca de 40 milhões de

dólares norte-americanos e, segundo Esperança Bias, o Governo moçambicano gostaria queos mesmos se localizassem nas províncias de Tete e Niassa duas áreas nas quais se prevê que

venham a conhecer grandes actividades mineiras15.

A EMPRESA indiana JSPL Mozambique Minerais, Lda, recebeu luz verde do Governo

moçambicano para iniciar com as operações visando a exploração, em 2011, das reservas de

carvão mineral situadas na região entre Changara e Cahora Bassa, na província de Tete. As

duas partes assinaram, em Maputo, o contrato de concessão, válido por 25 anos, que abre

espaço para um investimento inicial estimado em mais de 180 milhões de dólares norte-americanos. No geral, a companhia indiana compromete-se a produzir 6,7 milhões de

toneladas de carvão comercializáveis, das quais 5,36 milhões de toneladas para a exportação

e as restantes 1,3 milhão de toneladas para o mercado interno16.

No que concerne aos investimentos indianos recentes, referir que a Tatas  conseguiu uma

subsidiária e a M/s Mahindra uma agente em Moçambique, no ramo automóvel. O grupo

Essar e a Jindal Steel Works têm escritórios em Maputo; são concessonários de uma

exploração de carvão na província de Tete ( AFRICA 21, 28 de Março de 2011).

Até este ano (2011), a Índia poderá investir em Moçambique, mais de mil milhões de dólares

(quase 800 milhões de euros), segundo o volume de projectos que estão a ser avaliados pelas

autoridades moçambicanas. O número foi lançado por Mohamed Rafik, director do Centro de

Promoção de Investimentos (CPI), entidade que gere e apoia os investimentos estrangeiros

em Moçambique (Jornal Notícias, 4 de Abril de 2011).

15  Jornal O País. “Indianos negoceiam mais blocos de carvão”. 12 de Janeiro de 2011

16  Jornal Notícias. “Luz verde para carvão de Changara”. 8 de Fevereiro de 2011

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CAPÍTULO IV

4. Vantagens e Desvantagens de Moçambique na parceria com a China e Índia

4.1 Vantagens

A enorme demanda por recursos naturais, fontes de energia e alimentos pela parte da China e

Índia tem impactado o continente africano, que em troca representa um mercado em expansão

e recebe investimentos e ajuda (Vizentini, 2010:1).

Nas últimas seis décadas, apesar de concentrar forças no próprio desenvolvimento, a China

não deixou de auxiliar outros países em desenvolvimento. Através da elaboração de projectos

de assistência, redução e isenção de dívidas, cooperações tecnológicas e formação de pessoal,

a China contribui significativamente com o progresso económico e social dos países

beneficiários (CRJ Online, 17 de Setembro de 2010). 

Até agora, a China concedeu a Moçambique 70 empréstimos, concluiu 20 projectos de

construção, cumpriu 18 projectos de cooperação tecnológica e ofereceu mais de 30 lotes com

diversos tipos de materiais (Portal do Governo, 2011).

Os prédios do Ministério da Justiça e da Procuradoria, bem como o Estádio Nacional e o

Aeroporto Internacional de Maputo, erguidos com apoio chinês, são hoje referências na

capital moçambicana. Estes projectos, não apenas beneficiam as condições de trabalho do

governo moçambicano, como simbolizam a amizade entre os dois povos. Igualmente, o

governo chinês construiu e ofereceu a Moçambique os edifícios-sede do Ministério dos

Negócios Estrangeiros e Cooperação e da Assembleia da República, bem como o único palco

existente em todo o país, Centro de Conferências Joaquim Chissano (Folha online, 10 de

Maio de 2011).

Como avança a Ministra moçambicana do Trabalho, Helena Taipo “o investimento chinês em

 África não representa nenhum perigo para o país e para todo o continente, como

contrariamente certas correntes ocidentais advogam [...] os investimentos da China deixam

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marcas visíveis em África, especificamente na componente infra-estrutural e do

conhecimento que são pressupostos essenciais para que o continente consiga descobrir

caminhos para a sua auto-sustentabilidade. Para além da construção de um edifício

aeroportuário moderno na capital do país e do previsto porto de raiz em Nacala, uma zonade águas naturais profundas, para servir o Norte do país e os países visinhos do ‘hinterland’

dentre outras infra-estruturas e investimentos em curso e em carteira.”17  

No mesmo diapasão, o embaixador da China em Moçambique, Huang Songfu assevera que

“ por um longo tempo, a China vem oferecendo apoio médico a Moçambique. Vários

 profissionais da área foram enviados pela China para prestar serviços neste país africano,

obtendo elogios do governo e povo moçambicano [...] O nosso apoio à África é um tipo de

ajuda mútua entre países em desenvolvimento. China e Moçambique possuem fortecomplementaridade.

Segundo estudo do Afrobarometer de 2010, denominado “African Perspectives on China-

 Africa” que aborda a percepção da opinião pública africana com relação à presença chinesa,

aponta que a grande maioria dos africanos – 66% de uma amostra de 7072 pessoas africanas

– considera como boa ou muito boa a presença dos chineses na África. Quando perguntados

sobre a importância do investimento externo chinês na África, a resposta segue a mesma

proporção. Isso significa que investimentos chineses, sob a forma de cooperação ou ajudaeconômica e negócios internacionais, são bem-vindos para os africanos porque criam

oportunidades de emprego e renda.

No caso da Índia, dizer que abriu uma linha de crédito de 500 milhões de dólares, um

montante aplicado no financiamento de vários projectos nas áreas de infra-estruturas,

agricultura e energia. Igualmente, apoia a formação e planeamento de instituições

moçambicanas (Jornal Notícias, 11 de Janeiro de 2011).

O Presidente da República, Armando Guebuza afirmou “o que sabíamos é que esta linha não

 passaria dos 200 a 300 milhões de dólares, mas, de repente, eles decidiram nos dar estes 500

milhões, o que é muito bom porque vai nos ajudar a acelerar o desenvolvimento do país [...]

17  Discurso proferido pela Ministra do Trabalho, Helena Taipo, a propósito do Fórum Económico Mundial,realizado na cidade chinesa de Tanjin.

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o apoio financeiro e os investimentos que a Índia e os seus empresários pretendem fazer em

 Moçambique são mais vastos que não se pode arrrolar num simples briefing [...] temos a

construção de uma fábrica de painéis solares e o projecto de extracção de carvão como

apenas alguns exemplos que mostram que há muito mais tempo que este país asiático faráem território moçambicano nos próximos anos”.18 

Igualmente, Mohamed Rafique, representante do CPI, entidade que gere projectos de

investimento externo sublinhou que “a economia indiana está a modernizar-se e a produzir

bens competitvos e com durabilidade, a um terço do preço dos produtos idênticos que

 Moçambique importa de mercados europeus e norte americanos [...] Moçambique vai

importar daquele país equipamentos, maquinarias, bens de consumo, incluindo

medicamentos”.19

 

Empresários indianos vão construir uma fábrica de sementes em Moçambique, ao mesmo

tempo as trocas comerciais poderão chegar até 2013 um bilhão de USD.20 

Em suma, a Índia constitui um parceiro estratégico de Moçambique nas aspirações políticas a

nível internacional; busca a apropriação de conhecimentos e de tecnologia desenvolvida pela

Índia e que possam ser adaptáveis à cultura e realidade moçambicana, visando complementar

os esforços nacionais de combate à pobreza absoluta, através da capacitação da populaçãopara transformar os recursos naturais disponíveis em riqueza e criação de oportunidades de

emprego; a Índia representa o veículo para a promoção de exportações Moçambicanas para o

vasto mercado asiático (Patel, 2008).

18  Diário de Moçambique (Sociedade Comercial de Notícias da Beira S.A.R.L), 4 de Outubro de 2010.19  Jornal SAVANA, 9 de Julho de 2010.20  TVM, Telejornal. 26 de Maio de 2011

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4.2 Desvantagens

O constrangimento oriundo da cooperação com a China, verifica-se sobretudo no

investimento chinês na área de gestão e exploração de recursos naturais. Pela incapacidadedo país em pagar em tempo os empréstimos contraídos junto de Pequim, as cláusulas de

compensão contemplam a possibilidade de o país poder amortizar a dívida em

matérias-primas e recursos naturais ou através de concessões de exploração das mesmas

(http://macua.blogs.com/).

O outro factor tem a ver com o excesso de mão-de-obra que se faz sentir na China. Portanto,

numa tentativa de evitar tensões sociais resultantes do crescente desemprego, Pequim envia

trabalhadores para a construção de Infra-estruturas em África o que de certa forma contribuina desvalorização dos recursos humanos locais (Mendes, 2010).

Pese embora o bom ambiente que se vive na cooperação entres os países acima referidos,

alguns analistas são céticos em relação às reais pretensões do gigante asiático em

Moçambique, tendo em vista às vantagens comparativas que podem resultar das parecerias

que se estabelecem.

Este ceticismo por parte dos analistas é originado pelas evidências de que a cooperação entre

China e Moçambique seja afectada e determinada por uma complexa equação de relações,

pressões, tensões e competição, que envolvem os diferentes países africanos, as economias

emergentes (com destaque, além da China, para o Brasil e a Índia) e as restantes economias

mundiais. Isto quer, portanto, dizer que um entendimento acerca das iniciativas chinesas

demanda um enquadramento nessa complexa equação de relações, tensões, pressões e

competição múltiplas e que se afectam mutuamente21.

21  Observatório dos Países de Língua Oficial Portuguesa “Intensifica-se Cooperação entre Moçambique

e China”. Boletim 1.7, 2 de Maio de 2011.

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De acordo com uma corrente de economistas moçambicanos, o país tem sido apresentado

como um alvo de grande expansão da China. Para estes, se as notícias dos jornais

internacionais e nacionais fossem todas verdadeiras, Moçambique estaria a receber

actualmente mais de US$ 1 bilhão por ano de créditos ao governo e investimento privadochinês. O problema é que a informação sobre as relações com a China é extremamente

escassa, contraditória e exagerada num sentido ou noutro. O mundo das relações China-

Moçambique é quase impenetrável, às vezes assemelhando-se a uma sociedade secreta.

Do ponto de vista financeiro, o financiamento chinês parece bastante favorável, com o yuan

desvalorizado e com taxas de juro muito baixas. Mas convém também analisar as

contrapartidas destes financiamentos, a China é uma grande economia e tem necessidade de

consumir imensos recursos para manter o dinamismo e o crescimento da sua economia, essa

voracidade pelos recursos africanos têm deixado marcas negativas no continente africano,

porque implicam um rápido esgotamento dos recursos sem o correspndente retorno financeiro

(Perspectiva Lusófona, 12 de Maio de 2011).

Do lado indiano, refira-se o facto do seu investimento estar intensivamente direccionado a

outras áreas diferentes da prioridade de Moçambique (agricultura), limitando-se nos recursos

minerais/energéticos.

Este ponto tem o seu pico, na razão da economia indiana depender fortemente do carvão

como fonte energética e, como consequência, necessita de quantidades elevadas do mesmo

para poder alimentar as suas indústrias. A Índia passa por uma crise energética interna que já

vem perturbando o país a anos. É um país que transformou-se de um exportador de matérias-

primas para produtor de bens manufacturados onde as suas necessidades em termos

energéticos tornaram-se importantes nos últimos tempos, e os mesmos já não podem ser

satisfeitas somente com os seus recursos internos (Patel, 2008).

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4.3 Desafios

O quadro dos desafios está intimamente ligado as oportunidades assim como as desvantagens

que o país detém em relação aos actores globais (China e Índia), e outros parceiros decooperação. Deste modo, urge uma necessidade para os governantes de:

•  Encontrar o equilíbrio adequado entre liberalização e protecção de sectores

vulneráveis como o agrícola e a indústria incipiente;

•  Formular uma estratégia que ajude Moçambique a conseguir o crescimento rápido das

exportações, ao mesmo tempo que o referido crescimento cria oportunidades

económicas e maior rendimento para os pobres;

•  Promover a boa governação, harmonização das políticas de vários ministérios e

sectores de forma a cooperar eficazmente;

•  Dar trabalho nas cidades aonde continuam a acorrer milhares de moçambicanos, em

paralelo, deve ser dado um maior investimento na área de infra-estruturas sobretudo

nas zonas rurais;•  Combater a corrupção, analfabetismo e a dependência externa22;

•  Definir estratégias a nível local, regional e internacional, que possam a médio prazo,

assegurar a consecução dos ODM e a erradicação da pobreza23;

•  Melhorar o ambiente favorável ao negócio para estimular o investimento nacional e

estrangeiro nos sectores de trabalho intensivos da economia;

• 

Atrair mais Investimento Directo Estrangeiro dos países emergentes para o país;

•  Promover o diálogo público-privado com vista a consolidar a comunidade

empresarial.

22  Observa-se com mais detalhes no Relatório do Mecanismo Africano de Revisão de Pares – MARP (2011).23  Para mais informação vide a estratégia do Banco Africano de Desenvolvimento – BAD.

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CAPÍTULO V

5. Conclusão e Recomendações

5.1 Conclusão

Em jeito de conclusão do trabalho, importa a priori, deixar claro um ponto fulcral no que

concerne a temática em estudo.

Na elaboração do tema, procuramos não delimitar uma área específica de Cooperação de

Moçambique com as “economias emergentes”, abordando em todas vertentes, para torna-lo

mais abrangente e para efectivamente perceber as reais vantagens e desvantagens no geral, e

sobretudo os desafios acrescidos ao país com vista a estancar a pobreza absoluta e poder

promover o desenvolvimento. Por que pensamos que o desenvolvimento é um processo

multifacetado, envolvendo a harmonização de todos os sectores de actividade.24 

O objectivo geral do trabalho visava analisar a estratégia de cooperação de Moçambique com

os Novos Actores Globais. Tendo em conta este objectivo, verificamos que falta para o lado

de Moçambique uma estratégia específica e clara de cooperação com os Actores Globais.

Refira-se a existência de fragilidades em alguns sectores chaves como agrícola, mineiro e

industrial, constituindo assim, um constrangimento na relação com as potências emergentes.

Os objectivos específicos do trabalho consistiam em descrever a génese, evolução e

contornos de cooperação entre Moçambique e países como China e Índia, explicar os

desafios, as vantagens e desvantagens de Moçambique face a abertura de cooperação com os

actores globais.

Tomados em consideração estes elementos, verificamos que as relações entre Moçambique

com a China e Índia datam de há muitos anos, e fazem parte no grupo dos principais motores

do comércio e dos investimentos no país. A maior participação das potências emergentes no

comércio de Moçambique e da África no geral, levou a um menor intercâmbio com a Europa

assim como a América do Norte, embora ainda registar-se maior número de importações em

detrimento das exportações. A cooperação com os emergentes facilita a transferência de

24  Sobre o Conceito de Desenvolvimento ver Sen (1995), Mazula (2002), Bordenavel (1996), Nunes (1978) e

Banco Mundial (1991).

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tecnologia e conhecimentos, mas há uma necessidade de criar um novo panorama de

relacionamento que reverta a tendência do país ser vendedora de matéria-prima e compradora

de mercadorias. A preocupação fundamental deve ser a de ajustar as expectativas/interesses

das economias emergentes com as necessidades de Moçambique, de forma, que o resultadodesta relação seja harmonioso e satisfatório para ambas as partes.

Dentre outros factores, diga-se entre linhas que a cooperação com os emergentes veio a

contribuir com que muitos países, sobretudo em vias de desenvolvimento, encontrassem nos

mercados asiáticos uma alternativa a cooperação Norte-Sul como é o caso de Moçambique.

5.2 Recomendações

•  Moçambique deve criar uma estratégia específica de cooperação com vista a

equilibrar os custos e benefícios da Cooperação com as economias emergentes;

•  O país deve adoptar uma posição activa, planear projectos económicos de longo prazo

e fazer valer as suas próprias necessidades internas nas negociações dos acordos de

cooperação com a China e Índia;

•  O país deve se concentrar em desenvolver a sua própria capacidade produtiva, com

vista a estabelecer um variado número de produtos competitivos sobretudo, nas

relações de cooperação com os emergentes;

•  Investir no capital humano local, de forma que os projectos provenientes dos

investimentos chineses e indianos se garanta a sustentabilidade dos mesmos.

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Jornais/Revistas/Blogs

  Diário de Moçambique - Sociedade Comercial de Notícias da Beira S.A.R.L (9 de

Setembro de 2010 e 4 de Outubrro de 2010

  Jornal SAVANA (9 de Julho de 2010)

  Jornal “O País” (18 de Junho, 12 de Novembro de 2010 e 12 de Fevereiro de 2011)

  Langa, Jeremias (2010), Os dez anos da Declaração do Milénio in: jornal “O País”,

Edição fim-de-semana, 25 de Setembro de 2010

  Perspectiva Lusófona (12 de Maio de 2011)

  Observatório dos Países de Língua Oficial Portuguesa (2 de Maio de 2011)

  Jornal Notícias (28 de Março de 2010, 11 de Janeiro e 4 de Abril de 2011)

  Mediafax (7 de Setembro de 2008). 

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   AFRICA 21 (28 de Março de 2011). 

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Legislação 

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Maputo.

Programas Televisivos

Telejornal, TVM, 26 de Maio de 2011

Telejornal, STV, 15 de Novembro de 2010

Programa O País Económico – Conferência Económica, STV, 12 de Novembro de 2010

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2011).

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 Agência Noticiosa Moçambicana - AIM  (consultado nos dias 2 de Novembro de 2010 e 8 de

Março de 2011.

 Macauhub (consultado no dia 24 de Abril de 2011).

http://southafricasbank.org/  (acedido a 3 de Abril de 2011)http://www.chinadaily.com.cn/china/2007-01/26/content_793510.htm  (acedido a 20 de

Fevereiro de 2011)

http://english.focacsummit.org/

www.cpi.co.mz

[email protected]

www.ipex.gov.mz

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ANEXOS

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Anexo 1.

Crescimento do Sector do Turismo

2004

(Base)

2005 2006 2007 2008

Receitas Internacionais

(em milhões de USD) 95.3 129.6 139.7 163.4 185.4

Chegadas de Visitantes 711.060 954.434 1.095,000 1.259,000 1.508,054

Investimentos Aprovados(em milhões de USD)

67.159 83.690 604.252 977.201 739.635

Expansão da Capacidade

de Alojamento

13.807 14.827 15.740 17.035 17.505

Fonte: CPI

Anexo 2.

As Trocas Comerciais Sino-Moçambicanas

Ano Volume

2002 48 milhões de dólares

2003 76 milhões de dólares

2004 119 milhões de dólares

2005 154 milhões de dólares

2006 208 milhões de dólares

Fonte: China’s Diplomacy 

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Anexo 3.Números do Comércio Índia/Moçambique durante o ano 2006 (Fonte: INE)

Type of Goods USD (em milhares)

Importações da Índiadesde Moçambique Castanha de Caju e Coco 19,663

Sucata de ferro fundido 3,375Legumes de vagemsecos/grão 988Barcos-faróis, barcos-bombas

Dragas e guindastes

837

Sementes de oleaginosas 510Pó e escamas de alumínio 287

Exportações da Índia paraMoçambique Medicamentos em bruto 9,196

Motorizadas/Bicicletas 9,116Gasolina, Betumes 4,675Veículos especiais 2, 015Cimento 3, 739

Instrumentos p/cirurgiaplástica 1,749Instrumentos p/medição dasirrigações 1, 589Canos de plástico 1, 749Sangue animal p/terapias 1,401Equipamentos domésticos 1,363Equipamentos eléctricos 1, 363Equipamentos deaquecimento 1,363

Pnéumaticos novos deborracha 1,265Obras de borrachavulcanizada não endurecida 1,256Sacos de plásticop/embalagem 1,078

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Anexo 4.

Interesse das Potências Emergentes (China e Índia) em Moçambique – No âmbito do

Sistema Internacional.

Índia:

  Contar com o apoio de Moçambique no quadro da reforma das Nações Unidas e na

sua pretensão de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança das Nações

Unidas; 

  Apoio as Candidaturas indianas nos Organismos Internacionais tais como a OMC; 

  Obter apoios e Consensos relativamente às questões da agenda e actualidade

internacional nomeadamente mudanças climáticas e terrorismo internacional; 

  Apoio de Moçambique na sua estratégia para a busca de solução na disputa entre a

Índia e o Paquistão sobre o território de Caxemira. 

China:

  Contar com Moçambique no reconhecimento de Taiwan como um estado soberano, e

procurar reduzir as bases de apoio de Taipé na cena internacional;

  Cooperar com Moçambique com vista a aumentar o número de aliados em fóruns

internacionais, nomeadamente na ONU, obtendo apoio não só em relação a Taiwan e

à política da “China única”, mas também na recusa de interferências externas

relativamente às questões do Tibete, Xinjiang e violações de direitos humanos;

  Contar com Moçambique nos esforços de consolidação da Cooperação Sul-Sul;