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Lógica
Fernando Fontes
Universidade do Minho
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 1 / 65
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1 Introdução
2 Implicações e Equivalências Lógicas
3 Mapas de Karnaugh
4 Lógica de Predicados
5 Argumentação Matemática
6 Indução Matemática
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 2 / 65
Introdução
Lógica
Importância da lógica:
Precisar argumentos matemáticosVerificar a sua validadeProgramação de computadoresVerificar a correcção de algoritmosCircuitos electrónicos digitais
DefiniçãoUma proposição é uma afirmação que pode ser classificada comoverdadeira ou falsa.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 3 / 65
Introdução
Exemplos de proposições:
Guimarães é a capital de Portugal.x + y = y + x para quaisquer x , y ∈ R.A milionésima casa decimal de π é 5.(Não precisamos de saber o valor para considerarmos se é proposição)
4 é positivo e 3 é negativo.Se hoje é Domingo, então 1 + 1 = 3.
Contra exemplos:
Vamos almoçar?Estejamos atentos!x − y = y − x(Para que valores de x e y?)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 4 / 65
Introdução
Cálculo Proposicional I
Valores Lógicos:Verdadeiro, representado por V ou 1.Falso, representado por F ou 0.
Operadores Lógicos:
Negação: Negação de p é representado por ¬p (tambémrepresentado por p em expressões lógicas).
¬p é verdadeiro se p for falso e é falso se p for verdadeiro.
Exemplo:p: Hoje é Domingo.¬p: Hoje não é Domingo.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 5 / 65
Introdução
Cálculo Proposicional II
E(Conjunção): A conjunção de p e q é representada por p ∧ q(também por p.q ou pq).
p ∧ q é verdadeiro se p e q forem ambos verdadeiros. É falso se pfor falso ou se q for falso (ou ambos).
Exemplo:q: Hoje está a chover.p ∧ q: Hoje é Domingo e está a chover.
OU(Disjunção): Disjunção de p ou q é representada por p ∨ q.
p ∨ q é verdadeiro se p for verdadeiro ou se q for verdadeiro. Éfalso se p e q forem ambos falsos.
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Introdução
Tabelas de verdade I
NEGAÇÃO
p ¬p0 11 0
CONJUNÇÃO
p q p ∧ q0 0 00 1 01 0 01 1 1
DISJUNÇÃO
p q p ∨ q0 0 00 1 11 0 11 1 1
(Tem que explicitar todas as combinações possíveis.)
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Introdução
Tabelas de verdade II
(p ∧ q) ∨ (¬r)
p q r p ∧ q ¬r (p ∧ q) ∨ (¬r)0 0 0 0 1 10 0 1 0 0 00 1 0 0 1 10 1 1 0 0 01 0 0 0 1 11 0 1 0 0 01 1 0 1 1 11 1 1 1 0 1
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 8 / 65
Introdução
Outros Operadores Lógicos I
OU EXCLUSIVO: representado por p ⊕ q.p ⊕ q é verdadeiro quando exactamente uma das proposições pou q é verdadeira. É falso quando p e q tiverem o mesmo valorlógico.
p q p ⊕ q0 0 00 1 11 0 11 1 0
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Introdução
Outros Operadores Lógicos II
IMPLICAÇÃO (material): p implica q é representado por p → q.p → q é falso quando p é verdadeiro e q é falso. É verdadeiro emqualquer outro caso.
p q p → q0 0 10 1 11 0 01 1 1
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 10 / 65
Introdução
Outros Operadores Lógicos III
Podemos ler p → q como:
p implica qSe p então qp é condição suficiente para qq é condição necessária para pq sempre que pq se p
Numa implicação p → q chamamos:
A p a hipótese, o antecedente ou a premissa.A q a conclusão, ou consequência.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 11 / 65
Introdução
Outros Operadores Lógicos IV
EQUIVALÊNCIA (material): p equivale a q, ou p se e só se q,representado por p ↔ q.p ↔ q é verdadeiro se p e q tiverem os mesmos valores lógicos.É falso no outro caso.
p q p ↔ q0 0 10 1 01 0 01 1 1
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 12 / 65
Introdução
Expressões Lógicas I
Regras de Precedência:
¬ precedência mais alta∧,∨,⊕ nível de precedência seguinte→, ↔ precedência mais baixa
Exemplo:
p ∨ ¬q → ¬p ∧ q deve ler-se como:
(p ∨ (¬q)) → ((¬p) ∧ q)
Atenção a expressões ambíguas do tipo p ∨ q ∧ r ou do tipop → q → r .
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 13 / 65
Introdução
Expressões Lógicas II
Exercício:
Verifique que (p ∨ q) ∧ r tem uma tabela de verdade diferente dep ∨ (q ∧ r).
Verifique que (p → q) → r tem uma tabela de verdade diferentede p → (q → r).
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 14 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas I
DefiniçãoUma expressão lógica que seja sempre verdadeira (quaisquer quesejam os valores lógicos das proposições que a compõem) échamada uma Tautologia.
DefiniçãoUma expressão lógica que seja sempre falsa é chamada umaContradição.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 15 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas II
Exemplo
p → p é uma tautologia.
p p → p0 11 1
p ∧ ¬p é uma contradição.
p p ∧ ¬q0 01 0
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 16 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicações e Equivalências Lógicas III
Exercício
Verifique que são tautologias as seguintes expressões:
1 (a ∨ b) ∨ (¬a ∧ ¬b)
2 (a → b) ↔ ((¬a) ∨ b)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 17 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) I
Dizemos que uma expressão lógica f1 é logicamente equivalente aoutra expressão f2 se e só se os valores lógicos de ambas asexpressões forem iguais quaisquer que sejam os valores lógicos dasproposições que as compõem.
Isto é, as últimas colunas das tabelas de verdade de f1 e f2 são iguais.
Conclui-se que:
f1 ⇔ f2 se e só se f1 ↔ f2 é uma tautologia.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 18 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) II
As equivalências lógicas são úteis para simplificar expressões.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 19 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Equivalência Lógica (⇔) III
Exercício:Verifique as leis de De Morgan:
¬(p ∨ q)⇔ (¬p ∧ ¬q)¬(p ∧ q)⇔ (¬p ∨ ¬q)
Verifique p → q ⇔ ¬p ∨ q
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 20 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) I
Dizemos que uma expressão lógica f1 IMPLICA LOGICAMENTE outraexpressão f2 se e só se quaisquer que sejam os valores lógicos dasproposições que compõem f1 e que tornam f1 verdadeira, tambémtornam f2 verdadeira.
Isto é, sempre que na última coluna da tabela de verdade de f1 ocorrerum valor verdadeiro, terá que ser também verdadeiro o valorcorrespondente na última coluna da tabela de verdade de f2.
Conclui-se que:
f1 ⇒ f2 se e só se f1 → f2 é uma tautologia.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 21 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) II
As implicações lógicas são úteis na demonstração de argumentos matemáticos.
Exercício:Verifique o seguinte argumento de redução ao absurdo:Se ¬p implica uma contradição, então p é verdadeiro.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 22 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Implicação Lógica (⇒) III
Forma normal disjuntiva:Expressão na forma de disjunção de termos compostos porconjunções e negações.
Exemplo:
(¬p ∧ q ∧ r) ∨ (p ∧ q¬r) ∨ (¬p ∧ r)
Forma normal conjuntiva:Expressão na forma de conjunções de termos compostos pordisjunções e negações.
Exemplo:
(¬p ∨ q ∨ r) ∧ (p ∨ q¬r) ∧ (¬p ∨ r)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 23 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas deverdade. I
Exemplo:
p q p ⊕ q0 0 00 1 11 0 11 1 0
1 Considere as linhas da tabela que dão resultado verdadeiro.No exemplo 2a e 3a linhas.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 24 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas deverdade. II
2 Para cada uma dessas linhas conjugue as entradas verdadeirascom a negação das entradas falsas.No exemplo: 2a linha: ¬p ∧ q3a linhas: p ∧ ¬q
3 Faça a disjunção das expressões obtidas para cada linha.No exemplo: (¬p ∧ q) ∨ (p ∧ ¬q)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 25 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas deverdade. III
Exercício: Transforme na forma normal disjuntiva as seguintesexpressões:
1 (p ∧ ¬q) → r2 (¬p → q) ∧ (r ∨ p)
Expressões na forma normal disjuntiva são habitualmente escritasrepresentando a conjunção a ∧ b por a · b ou ab (com precedênciasuperior à disjunção) e a negação ¬a por a.
Assim, (p ∧ q ∧ ¬r) ∨ (p ∧ q¬r) poderá ser representado comopqr ∨ pqr
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 26 / 65
Implicações e Equivalências Lógicas
Obtenção da Forma Normal Disjuntiva a partir de tabelas deverdade. IV
Uma das simplificações mais usuais de expressões na forma normaldisjuntiva é agrupar termos que diferem apenas no valor de uma dasvariáveis. (termos adjacentes)
Exemplo: abc ∨ abc = ab(c ∨ c) = ab ∧ 1 = ab
Se tivermos expressões mais complexas poderá não ser tão fácilidentificar as possíveis simplificações.
Exemplo: abcd ∨ abcd ∨ abcd ∨ abcd ∨ abcd =? poderemos recorrera métodos gráficos para simplificar.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 27 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh I
Método gráfico para simplificar expressões lógicas na forma normaldisjuntiva que não tenham um número muito elevado de variáveis(tipicamente até 6 variáveis).
Mapas de Karnaugh para expressões de 2 variáveis
a) xy ∨ xyb) xy ∨ xyc) xy ∨ xy ∨ xyd) x ∨ y
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 28 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh II
Objectivo: Agrupar células adjacentes formando blocos.
Blocos com 2 células → termos com uma variávelBlocos com 1 célula → termos com 2 variáveis.
Cobrir o mapa com blocos de tamanho o maior possível.
a) y b)xy ∨ xy c) x ∨ y d) x ∨ y
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 29 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh III
Mapas de Karnaugh para expressões de 3 variáveis
f = f (x , y , z)
Células adjacentes diferem apenasnuma variável.
1a célula é adjacente à 4a coluna!
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 30 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh IV
Blocos com 1 célula → termo com 3 variáveisBlocos com 2 células → termos com 2 variáveis.Blocos com 4 células → termos com 1 variável.
Exemplo
xyz ∨ xyz ∨ yz ∨ x
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 31 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh V
Objectivo da simplificação:
Cobrir o mapa com blocos (formados por células adjacentes) de tamanho omaior possível (e com o menor número possível de blocos).
Questão: Como cobrir o mapa anterior com 3 blocos de 4 elementos.
Solução:
x ∨ y ∨ z
Exercício: Simplifique as seguintes expressões:xy ∨ xyz ∨ xyzyz ∨ xyz ∨ xy
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 32 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh VI
Mapas de Karnaugh para expressões de 4 variáveis
Células adjacentes diferem apenas numa variável
1a coluna é adjacente à 4a coluna!1a linha é adjacente à 4a linha!
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 33 / 65
Mapas de Karnaugh
Mapas de Karnaugh VII
Exemplo:
f (x , y , w , z) = xywz ∨ xywz ∨ xywz ∨ xywz
Um bloco de 4 células adjacentes!
f (x , y , w , z) = yz
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 34 / 65
Lógica de Predicados
Lógica de Predicados
Considere as afirmações:
P(x): x > 3Q(x , y): x = y + 3R(x , y , z): x + y − z é par
Estas afirmações não podem ser classificadas como verdadeiras oufalsas enquanto os valores para as variáveis não forem especificadas.Mas,
P(2) é falsoQ(6, 3) é verdadeiroR(2, 2, 3) é falso
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 35 / 65
Lógica de Predicados
Quantificadores
Definição:Um predicado ou função proposicional é uma afirmação envolvendovariáveis tal que qualquer substituição de cada variável por um pontodo seu domínio, torna a afirmação numa proposição.
Quantificadores
Uma alternativa a atribuir valores específicos às variáveis de umpredicado é utilizar quantificadores que também transformam ospredicados em proposições.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 36 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Universal ∀ I
∀x P(x)
Para todo o x P(x)
Qualquer que seja x P(x)
“Para todos os valores de x pertencentes ao universo do discurso, aproposição P(x) é verdadeira.”
O universo poderá (e deverá) ser especificado quando háambiguidades
Exemplo:∀x∈R x2 ≥ 0 é uma proposição verdadeira.∀x∈C x2 ≥ 0 é uma proposição falsa.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 37 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Universal ∀ II
Quando o universo do discurso é finito
Exemplo:x ∈ {1, 2, 3, 4}A proposição
∀x∈{1,2,3,4} P(x)
pode ser escrita como conjunçãoP(1) ∧ P(2) ∧ P(3) ∧ P(4)(i.e. P tem que ser verdadeiro para 1, 2, 3 e 4)
Exercício: ∀x P(x , y) é Predicado ou Proposição?
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 38 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ I
∃x P(x)
Existe um x tal que P(x).
Existe pelo menos um x tal que P(x).
“Para algum x pertencente ao universo do discurso a proposição P(x)é verdadeira.”
Da mesma maneira o universo poderá ser especificado
∃x∈R 2x = 1 é verdadeiro∃x∈N 2x = 1 é falso
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 39 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ II
Quando o universo é finito a proposição
∃x∈{1,2,3,4} P(x)
é o mesmo que a disjunçãoP(1) ∨ P(2) ∨ P(3) ∨ P(4).
Exercício: Justifique que (∀x P(x)) ⇒ (∃x P(x)).
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 40 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ III
∀x P(x)
Para ser verdadeiro, P(x) tem que ser verdadeiro para todos osvalores de x .
Para ser falso basta que arranjemos um exemplo para o qual P(x)é falso.
Logo,
¬(∀x P(x)) ⇔ ∃x(¬P(x))
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 41 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ IV
∃x P(x)
Para ser verdadeiro, basta que encontremos um exemplo de x parao qual P(x) é verdadeiro.Para ser falso teremos que mostrar que não há nenhum exemplode um valor de x para o qual P(x) seja verdadeiro. Por outraspalavras, para ser falso, P(x) tem que ser falso para todos osvalores de x .
Logo,
¬(∃x P(x)) ⇔ ∀x(¬P(x))
Exercício: Utilize as Leis de Morgan para verificar as expressõesanteriores para um universo finito {1, 2, 3, 4}.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 42 / 65
Lógica de Predicados
Quantificador Existencial, ∃ V
Atenção à ordem dos quantificadores!
Exemplo: Qual o valor lógico das seguintes proposições?
P : ∀x∈{1,2} ∃y∈{1,2} x = yQ : ∃y∈{1,2} ∀x∈{1,2} x = y
P é verdadeiro!Q é falso!
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 43 / 65
Lógica de Predicados
Tradução de linguagem natural para expressões lógicas I
Exemplo 1:“Toda a gente tem um bom amigo.”Seja B(x , y) : y é um bom amigo de x .
∀x∃y B(x , y).
Exemplo 2:“Há alguém que é bom amigo de toda a gente.”
∃y∀x B(x , y).
Exemplo 3:“Toda a gente tem exactamente um melhor amigo.”Seja M(x , y) : y é o melhor amigo de x .
∀x∃y∀z (M(x , y) ∧ (z 6= y)) → ¬M(x , y).
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 44 / 65
Lógica de Predicados
Tradução de linguagem natural para expressões lógicas II
Exemplo 4:“O Marco Paulo tem pelo menos 2 amores.”Seja A(x): x é o amor do Marco Paulo.
∃x∃y A(x) ∧ A(y) ∧ (x 6= y).
Exemplo 5:“O Marco Paulo tem exactamente 2 amores.”
∃x∃y∃z [A(x) ∧ A(y) ∧ (x 6= y) ∧ (x 6= z) ∧ (y 6= z)] → ¬A(z).
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 45 / 65
Argumentação Matemática
Argumentação Matemática I
Como verificar se um argumento matemático está correcto?Como cosntruir argumentos matemáticos que permitam mostrarque uma proposição ou teorema são verdadeiros?
Um TEOREMA é uma afirmação que se pode mostrar ser verdadeira.
Um teorema é habitualmente escrito na forma:
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ⇒ C
em que as proposições:
H1, H2, . . . , Hn são as HIPÓTESESC é a CONCLUSÃO.
Lemas e Corolários são casos particulares de teoremas.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 46 / 65
Argumentação Matemática
Argumentação Matemática II
Lemas sem importância própria, usados na demonstração de outrosteoremas.
Corolários são casos particulares de um teorema.
Uma Demonstração de um teorema consiste numa sequência deproposições que termina na conclusão (C) e que são Válidas.
Para uma proposição de uma demonstração ser válida deverá ser:
ou uma das hipóteses (H1, H2, . . .),
uma tautologia conhecida,
derivar de uma proposição anterior por substituição de variáveis livres(ie variáveis não associadas a um quantificador),
ou derivar de proposições anteriores por Regras de Inferência.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 47 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência I
P1P2...
Pk∴ Q
lê-se: P1, P2, · · · , Pk logo Q
Significado: P1 ∧P2 ∧ . . .∧Pk ⇒ Q
Algumas regras de inferência mais usuais:
Regra Tautologia Nomep
∴ p ∨ qp → (p ∨ q) Adição
p ∧ q∴ p
(p ∧ q) → p Simplificação
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 48 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência II
Regra Tautologia Nomep
p → q∴ q
[p ∧ (p → q)] → q Modus Ponens (destacamento)
¬pp → q
∴ ¬p[¬q ∧ (p → q)] → ¬p Modus Tollens
p → qq → r
∴ p → r[(p → q) ∧ (q → r)] → (p → r) Silogismo de hipótese
p ∨ q¬p
∴ q[(p ∨ q) ∧ ¬p] → q Silogismo de Disjunção
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 49 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência III
Exemplo 1
Verifique formalmente o seguinte argumento:
“Está frio. Logo está frio ou está chuva.”
p: “está frio”q: “está chuva”
1 p por hipótese2 p ∨ q por 1 e adição.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 50 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência IV
Exemplo 2
Verifique o argumento:
“Se hoje estiver sol vou à praia.Hoje está sol. Logo vou à praia.”
p: “está sol”q: “vou à praia”
1 p → q por hipótese2 p por hipótese3 q por 1,2 e Modus Ponens.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 51 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência V
Exemplo 3
Verifique o seguinte argumento:
“Se eu estudar ou se eu for um génio, então vou passar a MD Se eupassar a MD vou ter umas boas férias. Logo, se eu não tiver umasboas férias não sou um génio.”
Uma possível demonstração:
e: “eu estudo”g: “eu sou um génio”p: “vou passar a MD”f : “vou ter umas boas férias”
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 52 / 65
Argumentação Matemática
Regras de Inferência VI
1 e ∨ g → p por hipótese2 p → f por hipótese3 g → e ∨ g adição4 g → g ∨ e 3, comutatividade da disjunção5 g → p 4,1, silogismo da hipótese6 g → f 5,2, silogismo da hipótese7 ¬f → ¬g 6, contrapositivo.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 53 / 65
Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração I
Demonstração Directa
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ⇒ C
Começando pelas hipótese e usando as regras de inferência,tautologias e outras proposições válidas tentar chegar àconclusão C.
Demonstração por Contradição (redução ao absurdo)
H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn ∧ ¬C ⇒ contradição
Demonstração do contrapositivo
¬C ⇒ ¬(H1 ∧ H2 ∧ . . . ∧ Hn)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 54 / 65
Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração II
Demonstração por enumeração dos casos
Usa o facto queH1 ∨ H2 ∨ . . . ∨ Hn ⇒ C
é equivalente a
(H1 ⇒ C) ∧ (H2 ⇒ C) ∧ . . . ∧ (Hn ⇒ C)
Cada um pode ser mostrado separadamente.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 55 / 65
Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração III
Exemplo
Mostre que se 3n + 2 é ímpar, então n também é ímpar
i) por contradiçãoii) por contrapositivo
i) Por contradição(3n + 2 é ímpar) ∧ (n é par) ⇒ contradição
Por hipótese:3n + 2 = 2k + 1 para algum k inteiron = 2l para algum l inteiro
Mas3n + 2 = 3(2l) + 2 = 6l + 2 = 2k + 1
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 56 / 65
Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração IV
Da última igualdadek = 6l+1
2 = 3l + 12
Como k e l são inteiros, temos uma contradição.
ii) Pelo contrapositivo (n par) ⇒ (3n + 2 par)Por hipótese
n = 2k , k inteiro
Donde4n + 2 = 3(2k) + 2 = 2(3k + 1) é par.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 57 / 65
Argumentação Matemática
Técnicas de Demonstração V
Exemplo:
Mostre que se n não é divisível por 3 então a divisão de n2 por 3 dásempre resto 1. (Sugestão: use enumeração de casos)
i) Resto 1. n = 3k + 1, k inteiro
ii) Resto 2. n = 3k + 2, k inteiro
i) n2 = (3k + 1)2 = 9k2 + 3k + 1 = 3(3k2 + k) + 1, resto 1.
ii) n2 = (3k + 2)2 = 9k2 + 6k + 4 = 3(3k2 + 2k + 1) + 1, resto 1.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 58 / 65
Indução Matemática
Indução MatemáticaTécnica de demonstração de teoremas do tipo:
“P(n) é verdadeiro para qualquer inteiro positivo n.”
Exemplo:
Mostre que o somatório dos n primeiros inteiros é igual a n(n+1)2 , para
qualquer n inteiro positivo n.
É fácil verificar para os primeiros
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 59 / 65
Indução Matemática
1 = 1
1 + 2 = 21 + 2
2= 3
1 + 2 + 3 = 6 = 31 + 3
2
1 + 2 + 3 + 4 = 10 = 41 + 4
2
Mas por enumeração não conseguimos mostrar para todos os inteirospositivos n.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 60 / 65
Indução Matemática
Indução Matemática I
1 Passo de Base: Mostrar que P(1) é verdadeiro.2 Passo de Indução: Assumindo que P(k) é verdadeiro, mostrar
que P(k + 1) também é verdadeiro, para qualquer k . (i.e.P(k) → P(k + 1),∀k )
Expressando a Indução Matemática como uma Regra de Inferência:
P(1)P(k) → P(k + 1),∀k∈N∴ P(n),∀k∈N
Ou como
[P(1) ∧ (P(k) → P(k + 1), k ∈ N)] ⇒ P(n),∀n∈N
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 61 / 65
Indução Matemática
Indução Matemática II
“O somatório dos n primeiros inteiros é igual a n(n+1)2 ”
Demonstração por indução matemática
1 Passo de base
P(1) : 1 = 1·22 = 1 verdadeiro
2 Passo de indução (P(k) → P(k + 1))
P(k) : 1 + 2 + . . . k = k k+12
P(k + 1) : 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = (k + 1) · k+22
P(k) → 1 + 2 + . . . k = k(k+1)2
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = (k+1)(k+2)2 + (k + 1)
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 62 / 65
Indução Matemática
Indução Matemática III
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = k(k+1)+2(k+1)2
→ 1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = (k+1)(k+2)2
→ P(k + 1)
Verdadeiro
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 63 / 65
Indução Matemática
Interpretação I
O primeiro dominó tomba.Se um qualquer dominó tombar, então o seguinte tomba também.
∴ todos os dominós tombam.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 64 / 65
Indução Matemática
Interpretação II
Exercício:
Mostre a fórmula da soma de uma progressão geométrican∑
n=1
r i = rrn − 1r − 1
.
Mostre que 2n < n! para n ≥ 4.
Se o cardinal de um conjunto A for n, então o número desubconjuntos de A é igual a 2n. Mostre por indução.
Fernando Fontes (Universidade do Minho) Lógica 65 / 65