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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LOGÍSTICA ESTRATÉGICA E SISTEMAS DE TRANSPORTES LOGÍSTICA REVERSA: MODELO DE PROCESSO LOGÍSTICO REVERSO PARA OS RESÍDUOS PAPEL E PAPELÃO Cristiano Ferreira Campos Orientador: Prof. Dr. Antônio Artur de Souza BELO HORIZONTE 2009

Logistica Reversa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LOGÍSTICA ESTRATÉGICA E SISTEMAS DE

TRANSPORTES

LOGÍSTICA REVERSA: MODELO DE PROCESSO LOGÍSTICO REV ERSO PARA

OS RESÍDUOS PAPEL E PAPELÃO

Cristiano Ferreira Campos

Orientador: Prof. Dr. Antônio Artur de Souza

BELO HORIZONTE

2009

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CRISTIANO FERREIRA CAMPOS

LOGISTICA REVERSA: MODELO DE PROCESSO LOGÍSTICO REV ERSO PARA

OS RESÍDUOS PAPEL E PAPELÃO

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Logística Estratégica e Sistemas de Transporte, da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Logística Estratégica e Sistemas de Transporte.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Artur de Souza

BELO HORIZONTE

2009

Page 3: Logistica Reversa

Este trabalho foi analisado e julgado adequado para a obtenção do título de

Especialista em Logística Estratégica e Sistemas de Transporte e aprovado em sua

forma final pelo orientador e pelo Coordenador do Programa de Pós-graduação em

Logística Estratégica e Sistemas de Transporte.

_______________________________________ Prof. Antônio Artur de Souza, Dr.

Orientador ____________________________________ Prof. David José A. V. de Magalhães, Dr.

Coordenador

BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Antônio Artur de Souza Orientador Prof. Dr. Ronaldo Guimarães Gouveia Avaliador

Page 4: Logistica Reversa

RESUMO

A logística reversa é um termo bastante amplo, que abrange todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Trata-se de uma nova área que busca o retorno de bens e materiais após o seu consumo e venda. Nesse contexto, o objetivo deste estudo de caso é propor um modelo de processo para coleta, seleção, desmontagem, armazenagem e disposição dos resíduos papel e papelão para a empresa Metform S/A. A realização deste modelo é de grande importância para a empresa, pois possibilitaria o reaproveitamento e a reciclagem de materiais já utilizados de uma forma mais eficiente, minimizando, assim, o impacto ao meio ambiente. Além disso, auxiliaria a empresa na elaboração de novas formas de estratégias de preservação de sua imagem corporativa, de modo a tornar-se proativa no aproveitamento de oportunidades por meio da introdução de novos métodos de trabalho capazes de gerar algum tipo de ganho ou benefício. O trabalho foi estruturado em quatro partes, a saber: na primeira, elaborou-se uma introdução à logística reversa, descrevendo-se os conceitos e a estrutura de suporte ao estudo de caso e às conclusões do trabalho; na segunda, apresentou-se a metodologia de previsão de demanda futura na qual foi baseado o estudo de caso proposto; na terceira, descreveu-se a situação atual do processo de logística reversa; na quarta, procurou-se vincular os conceitos apresentados da logística reversa ao modelo de processo logístico proposto para os resíduos papel e papelão, definindo-se os dados a serem utilizados na aplicação dos modelos, fazendo-se as devidas análises, tirando-se conclusões a respeito dos resultados obtidos e indicando-se possíveis desenvolvimentos futuros para o trabalho. O estudo de caso busca trazer a logística reversa dos bens de pós-consumo na Metoform S/A, que tem como foco a fabricação de telhas, 1steel deck e acessórios, com ou sem pintura, e que, devido a exigências de órgãos federais e municipais, teve que iniciar atividades voltadas para a logística reversa. Concluiu-se que a Metform S/A realiza métodos de logística reversa, mesmo ainda que primária. Logo, a implementação do modelo para coleta, seleção, desmontagem, armazenagem e disposição dos resíduos papel e papelão poderia apresentar benefícios para a Metform S/A, dentre os quais se destacam: o mapeamento dos processos produtivos geradores dos resíduos; a quantificação dos resíduos gerados durante o período analisado; a identificação do valor aplicado para venda dos resíduos no mercado de reciclagem; e proposição dos métodos que possibilitem a previsão de geração dos resíduos, visando a um processo eficiente de logística reversa que possa ser um importante diferencial para a empresa, proporcionando-lhe uma vantagem competitiva traduzida em custos menores ou melhoria no serviço e em mudanças no comportamento dos seus funcionários. Palavra-chave: logística reversa; previsão de demanda; pós-consumo.

1 Steel Deck é um produto fabricado em aço galvanizado que possui dupla função: como fôrma para concreto durante a construção e como armadura positiva de lajes para as cargas de serviço.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Logística reversa – área de atuação e etapas reversas. ................................................. 17

FIGURA 2: O processo da logística verde. ............................................................................................. 18

FIGURA 3: Fatores de influência na organização dos canais reversos de pós-consumo. ............. 21

FIGURA 4: Canais de distribuição diretos e reversos. ......................................................................... 24

FIGURA 5: Estrutura simbólica da cadeia produtiva reversa de pós-consumo. ............................... 26

FIGURA 6: Recuperação de bens de pós-consumo ............................................................................. 26

FIGURA 7: Canais de distribuição de pós-consumo: diretos e reversos. .......................................... 29

FIGURA 8: Ciclo de produção de consumo. .......................................................................................... 34

FIGURA 9: Subsistemas de recuperação dos bens. ............................................................................. 35

FIGURA 10: Exemplos de canais reversos de ciclo aberto. ................................................................ 37

FIGURA 11: Canais de distribuição de pós-consumo: diretos e reversos. ........................................ 38

FIGURA 12: Relação entre precisão e custo da previsão. ................................................................... 42

FIGURA 13: Fluxo de Geração de Resíduo Papelão dentro do Processo Produtivo. ..................... 55

FIGURA 14: Fluxo Reverso dos Resíduos Sólidos Industriais na Metform S/A Atual ..................... 56

FIGURA 15: Fluxograma geral do processo compartilhado................................................................. 63

FIGURA 16: Modelo de gestão de resíduos sólidos. ............................................................................ 66

FIGURA 17: Fluxograma do processo de logística reversa dos resíduos papel e papelão. ........... 67

FIGURA 18: Caracterização dos resíduos sólidos gerados. ................................................................ 68

FIGURA 19: Classificação e Separação. ................................................................................................ 68

FIGURA 20: Destinação final dos resíduos. ........................................................................................... 69

FIGURA 21: Fluxo de Geração de Resíduo Papelão dentro do Processo Produtivo. ..................... 71

FIGURA 22: Fluxo Reverso dos Resíduos Papel e Papelão na Metform S/A Proposto. ................ 72

GRÁFICO 1: Geração do resíduo papelão. ............................................................................................ 58

GRÁFICO 2: Geração do resíduo papel branco. ................................................................................... 58

GRÁFICO 3: Geração do resíduo papel diverso .................................................................................... 59

GRÁFICO 4: Receita com Modelo Atual de Processo Logístico. ........................................................ 78

GRÁFICO 5: Receita com Modelo Proposto de Processo Logístico. ................................................. 78

Page 6: Logistica Reversa

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Estrutura da monografia .............................................................................................. 14

TABELA 2: Caracterização dos itens no fluxo reverso, por tipo e origem .................................... 19

TABELA 3: Atividades comuns da logística reversa ...................................................................... 31

TABELA 4: Exemplos de canais reversos de ciclo fechado .......................................................... 37

TABELA 5: Resumo de aplicabilidade dos modelos de previsão .................................................. 50

TABELA 6: Custos médios de mão-de-obra com gerenciamento de resíduos ............................. 57

TABELA 7: Resíduos gerados / ano 2007 ..................................................................................... 57

TABELA 8: Custo médio dos resíduos vendidos ........................................................................... 59

TABELA 9: Previsão de demanda do resíduo papelão ................................................................. 74

TABELA 10: Previsão de demanda do resíduo papel diverso ...................................................... 74

TABELA 11: Previsão de demanda do resíduo papel branco ....................................................... 75

TABELA 12: Custos médios de mão-de-obra com gerenciamento de resíduos ........................... 76

TABELA 13: Custo médio dos resíduos dos materiais vendidos no processo ............................. 77

Page 7: Logistica Reversa

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8

1.1 Tema e Problema................................................................................................................. 8

1.2 Objetivos .............................................................................................................................. 9

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 9

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 9

1.3 Justificativa e Relevância ................................................................................................... 10

1.4 Metodologia ........................................................................................................................ 11

1.4.1 Coleta de Dados ........................................................................................................ 13

1.4.2 Análise dos Dados ..................................................................................................... 13

1.5 Estrutura da Pesquisa ........................................................................................................ 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................... ........................................................................ 16

2.1 Logística Reversa .............................................................................................................. 16

2.2 Logística Reversa no Brasil ............................................................................................... 17

2.3 Fatores de Influência na Organização das Cadeias Reversas ......................................... 19

2.4 Canais de Distribuição Reversos ....................................................................................... 23

2.5 Logística Reversa de Pós-Consumo ................................................................................. 25

2.6 Classificação dos Bens de Pós-Consumo ......................................................................... 28

2.7 Logística Reversa de Pós-venda ....................................................................................... 29

2.8 Devolução de Produtos ...................................................................................................... 31

2.9 Armazenagem e Separação dos Resíduos ....................................................................... 32

2.10 Disposição Final dos Bens ............................................................................................ 34

2.11 Reciclagem .................................................................................................................... 36

3 SISTEMA DE PREVISÃO DE DEMANDA .................. ........................................................... 41

3.1 Previsão de Demanda ....................................................................................................... 41

3.2 Definição do Problema ....................................................................................................... 42

3.3 Coleta de Informações ....................................................................................................... 43

3.3.1 Montagem do Banco de Dados ................................................................................. 43

Page 8: Logistica Reversa

3.3.2 Classificação dos Produtos ....................................................................................... 44

3.3.3 Definição dos Níveis de Agregação .......................................................................... 44

3.4 Seleção do Pacote Computacional .................................................................................... 44

3.5 Escolha e Validação dos Modelos ..................................................................................... 45

3.6 Características da Série Temporal .................................................................................... 46

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................................ 52

4.1 Apresentação da Empresa ................................................................................................ 52

4.2 Descrição do Processo Atual ............................................................................................. 54

5 MODELO PROPOSTO ........................................................................................................... 61

5.1 Apresentação do Modelo ................................................................................................... 61

5.2 Etapas do Modelo .............................................................................................................. 64

5.2.1 Descrição da Aplicação do Modelo ........................................................................... 70

5.2.2 Previsão de Demanda ............................................................................................... 73

5.2.3 Discussão sobre a Utilização do Modelo .................................................................. 78

6 CONCLUSÃO........................................ .................................................................................. 80

6.1 Literatura Específica sobre Logística Reversa .................................................................. 80

6.2 Conclusão sobre o Estudo de Caso .................................................................................. 81

6.3 Recomendações para Empresa ........................................................................................ 85

6.4 Pesquisas Futuras ............................................................................................................. 86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ..................................................................... 88

Page 9: Logistica Reversa

8

1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema e Problema

A crescente competitividade entre as organizações tem se constituído

como o principal desafio à sobrevivência das empresas, as quais, em um ambiente

desfavorável, buscam aumento da produtividade, melhoria dos resultados, inovação

em processos, estratégias em tecnologia, crescimento e desenvolvimento do

negócio. O aprimoramento dos métodos de trabalho já conhecidos e dominados

possibilita o surgimento de opções mais vantajosas às organizações, gerando algum

tipo de benefício, ganho ou melhoria nos resultados da empresa. Nesse contexto,

uma área que ganha importância a cada dia é a de logística reversa, que pode ser

assim definida:

Logística reversa se refere ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, disposição de resíduos, forma, reparação e remanufatura (STOCK, 1998, p. 20).

A logística reversa possibilita que os produtos e materiais já descartados

(i.e., partindo do consumidor final) façam o caminho inverso para que possam ser

reutilizados dentro do mercado. Essa prática possibilita o reaproveitamento e a

reciclagem dos materiais, além de minimizar os impactos ao meio ambiente. Cabe

às empresas elaborar estratégias diferentes na busca de preservação de suas

imagens corporativas, de modo tal que consigam ser proativas no aproveitamento de

oportunidades que, por meio da introdução de novos métodos de trabalho, gerem

valor aos clientes.

Empresas que incorporam o aspecto ambiental dentro de uma visão

estratégica de recuperação de seus produtos tendem a ter uma vantagem distinta

frente à concorrência. Os processos de logística reversa têm trazido ganhos para as

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9

empresas que estimulam os esforços em desenvolvimento e melhorias dos

processos, além do reaproveitamento de materiais. Certamente, o objetivo

estratégico econômico, ou de agregação de valor monetário, é ainda hoje o mais

evidente na implementação da logística reversa nas empresas.

Diante do exposto, este trabalho busca demonstrar, a partir de um estudo

de caso com a empresa Metform S/A, canais de distribuição reversos dos resíduos

papel e papelão no pós-consumo, a partir do processo de fabricação de telhas, steel

deck e acessórios, com ou sem pintura. Mais especificamente, pretende-se

apresentar um modelo de processo logístico que possibilite algum tipo de benefício,

ganho ou melhoria nos resultados da Metform S/A a partir de um planejamento para

reutilização desses resíduos e preservação do meio ambiente. Trata-se de uma

abordagem que vem merecendo destaque nos programas de gestão de resíduos, os

quais enfatizam as questões associadas ao desenvolvimento sustentável do meio

ambiente, como canais reversos de reciclagem, reuso e desmanche.

1.2 Objetivos

Os objetivos da pesquisa são classificados em geral e específicos.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desta pesquisa consiste em propor um modelo de

processo logístico para coleta, seleção, desmontagem, armazenagem e disposição

dos resíduos papel e papelão para a empresa Metform S/A.

1.2.2 Objetivos Específicos

Constituem objetivos específicos deste trabalho:

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10

– Descrever o processo produtivo da empresa Metform S/A;

– Identificar e descrever a maneira como os resíduos papel e papelão

são gerados dentro do processo de fabricação de telhas, steel deck

e acessórios;

– Levantar as quantidades dos resíduos papel e papelão gerados

durante o período correspondente ao ano de 2007;

– Levantar os preços de venda no mercado ofertados para os

resíduos papel e papelão;

– Desenvolver um modelo de processo logístico dos resíduos papel e

papelão; e

– Realizar uma simulação da aplicação do modelo de processo

logístico proposto para a Metform S/A.

1.3 Justificativa e Relevância

A sociedade, de maneira geral, mostra-se cada vez mais preocupada com

os recursos naturais utilizados nos processos de produção e com a realização de

ações que minimizem os impactos ambientais deles provenientes. A logística

reversa torna-se, então, um importante caminho a ser seguido, viabilizando a

implementação de processos eficientes que possibilitem a competitividade das

empresas no mercado. Essa logística é responsável pelo retorno dos bens de pós-

venda e pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, agregando-lhes

valor.

Planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar apropriada disposição (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999, p. 2).

Page 12: Logistica Reversa

11

Nesse contexto, esta pesquisa se justifica devido às novas necessidades

de operações logísticas que surgem para o atendimento dos canais de distribuição

reversos, além de favorecer a redução dos custos globais e constituir um diferencial

competitivo para a Metform S/A dentro do mercado que está exigindo

responsabilidade após a venda dos produtos por parte dos fabricantes a partir das

dificuldades da sociedade em equacionar o desembaraço dos bens produzidos em

larga escala, com ciclos de vida cada vez mais curtos e com valores residuais que

não apresentam interesse. Tais operações também favorecem uma redução no uso

de insumos da natureza a partir da utilização de fontes de energia alternativas

(biodiesel, biomassa, energia eólica etc.) e de uma postura ecologicamente correta

quanto aos materiais que seriam descartados.

1.4 Metodologia

Existem vários conceitos sobre pesquisa, uma vez que os estudiosos

ainda não chegaram a um consenso sobre o assunto, como afirmam Marconi e

Lakatos (1999). Ander-Egg (1978) define pesquisa como um “processo que permite

descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do

conhecimento”. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para

se descobrirem verdades parciais.

Foi elaborado um estudo de caso para a proposição de um modelo de

processo logístico dos resíduos papel e papelão originados no processo de

fabricação de telhas, steel deck e acessórios, com ou sem pintura, na empresa

Metform S/A. Esse estudo foi proposto buscando identificar práticas que auxiliem a

empresa na implementação de ações que aumentem sua produtividade e

Page 13: Logistica Reversa

12

competitividade e, ao mesmo tempo, reduzam os impactos ambientais gerados pelo

acúmulo de resíduos no meio ambiente.

De acordo com Marconi e Lakatos (1999), os critérios para classificação

dos tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque de cada autor. Ander-Egg

(1978), por exemplo, apresenta dois tipos de pesquisa:

a) Pesquisa básica pura ou fundamental: é aquela que procura o

progresso científico e a ampliação de conhecimentos teóricos,

tendo por meta o conhecimento pelo conhecimento.

b) Pesquisa aplicada: como o próprio nome indica, caracteriza-se por

seu interesse prático, isto é, pelo uso imediato de seus resultados,

para a resolução de problemas que ocorrem na realidade.

Já Rummel (1972) define ainda quatro tipos de pesquisas distintas das

citadas anteriormente, quais sejam:

a) Pesquisa bibliográfica: quando são utilizados materiais escritos.

b) Pesquisa de ciência da vida e ciência físico-experimental: quando

se tem como campo de atividade o laboratório.

c) Pesquisa social: quando o objetivo é melhorar a compreensão de

ordem de grupos e de instituições sociais e éticas.

d) Pesquisa tecnológica ou aplicada-prática: quando se busca a

aplicação dos tipos de pesquisa relacionados às necessidades

imediatas dos diferentes campos da atividade humana.

Quanto à abordagem, este estudo de caso realizou uma pesquisa aplicada

por meio de uma observação não-participante e uma entrevista não-estruturada

acerca do processo de fabricação de telhas, steel deck e acessórios da empresa

Page 14: Logistica Reversa

13

Metform S/A. Foi também realizada uma pesquisa bibliográfica para levantamento

dos dados históricos presentes nos arquivos da Metform S/A.

1.4.1 Coleta de Dados

A coleta de dados para elaboração do estudo de caso foi realizada por

meio de observação não-participante no processo de fabricação da Metform S/A, no

período de janeiro a junho de 2007, de maneira a viabilizar um mapeamento do atual

processo gerador dos resíduos papel e papelão. A partir desse mapeamento, foi

possível identificar qual tipo de resíduo e as respectivas quantidades geradas

nesses processos.

Foi realizada ainda uma entrevista não-estruturada com o responsável

pelo gerenciamento e pela destinação dos resíduos da Metform S/A, com vistas a

compreender como são realizadas as atividades de coleta, seleção, armazenamento

e disposição final dos resíduos papel e papelão. Essa entrevista também se

estendeu aos funcionários dos processos geradores dos resíduos, com o objetivo de

identificar como estes são gerados durante o processo de fabricação de telhas, steel

deck e acessórios.

Como forma de complementar a coleta de dados, foi realizada uma busca

em arquivos e uma pesquisa documental nos relatórios de automonitoramento

(referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2007) feitos pela Metform S/A em

atendimento às exigências da Fundação Estadual do Meio Ambiente.

1.4.2 Análise dos Dados

Com base na observação não-participante e nas entrevistas não-

estruturadas, elaborou-se um desenho do processo de fabricação de telhas, steel

Page 15: Logistica Reversa

14

deck e acessórios, no qual foram incluídas as áreas administrativas e identificados

os tipos de resíduos gerados nesses processos. A partir dessa identificação, foi

realizado, junto aos relatórios de automonitoramento elaborados pela Metform S/A,

um levantamento das quantidades geradas de cada tipo de resíduos em função dos

processos geradores. Com isso, foi possível realizar a estratificação dos resíduos

papel branco, papel diverso e papelão, pois, até então, os resíduos papel branco e

papel diverso eram destinados ao mercado sem essa separação. Embora colete

esses resíduos nos processos geradores de forma separada, levantando as

respectivas quantidades, a Metform S/A realiza sua destinação de maneira única.

Todos esses dados coletados ao longo do ano de 2007 foram dispostos

em tabelas e apresentados em forma gráfica para possibilitar um melhor

entendimento e análise da aplicação da metodologia de previsão de demanda para

os períodos futuros apresentados neste estudo de caso.

1.5 Estrutura da Pesquisa

A TAB. 1 mostra, incluindo esta introdução, a organização desta

dissertação acerca do modelo de processo logístico dos resíduos papel e papelão.

Apresenta-se cada capítulo, além do respectivo título e conteúdo.

TABELA 1: Estrutura da monografia

Capítulo Título Conteúdo

1 Introdução Tema e problema da pesquisa; justificativa e relevância; objetivos da pesquisa; metodologia e organização da monografia

2 Logística Reversa

Revisão da literatura, englobando os aspectos relacionados à logística reversa, tais como: conceitos, origem, atividades, processos, importância, fatores motivadores, barreiras à execução

3 Sistema de Previsão de Demanda

Conceituação do sistema de previsão de demanda, englobando os aspectos relacionados a decisão, planejamento e características dos modelos de séries temporais

Page 16: Logistica Reversa

15

4 Estudo de caso

Caracterização da empresa estudada e descrição do processo logístico de bens de pós-consumo

5 Modelo Proposto

Apresentação do modelo de processo de logística reversa; confronto do modelo com a prática tendo como base a empresa escolhida; avaliação dos resultados obtidos

6 Conclusão Considerações finais e recomendações

Page 17: Logistica Reversa

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo trata da evolução dos conceitos de logística reversa, além de

apresentar a sua área de atuação e as fontes que geram os fluxos de retorno.

2.1 Logística Reversa

Para Chaves e Martins (2005), abordagens sobre logística reversa

emergem nos anos 1990 com a preocupação com perdas por parte das empresas e

com as exigências da legislação dos órgãos do governo estadual e federal que

buscam atender às necessidades de recolhimento de materiais provenientes do pós-

consumo e pós-venda. O Council of Logistics Management (CLM)2 (1993, p. 323)

define logística reversa como:

Um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens [...].

Já em Dornier et al. (2000, p. 39), encontra-se a definição:

Logística é a gestão de fluxos entre as funções do negócio. A definição atual de logística engloba maior amplitude de fluxos do que no passado. Tradicionalmente, as empresas incluíam a simples entrada de matérias-primas ou o fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações [...].

A logística reversa busca tornar possível o retorno dos bens e/ou de seus

materiais constituintes ao ciclo produtivo, agregando-lhes valor em um fluxo que vai

desde a coleta, consolidação, separação e seleção até a reintegração ao ciclo

(LEITE, 2003; CLM, 1993; FULLER, ALLEN, 1995). A FIG. 1 mostra as áreas de

atuação e as etapas reversas.

2 O Council of Logistics Management é uma organização de gestores, educadores e profissionais da

área de gestão e logística, criada em 1962 para incentivar o ensino e o intercâmbio de idéias nesse campo (BALLOU, 2006).

Page 18: Logistica Reversa

17

FIGURA 1: Logística reversa – área de atuação e etapas reversas. Fonte: Leite (2003, p. 17).

Logo, verifica-se que a logística reversa pode ser entendida como a área

da logística empresarial que visa equacionar o retorno dos bens ao ciclo produtivo

ou de negócios através de canais de distribuição reversos de pós-venda e de pós-

consumo, agregando-lhes valor.

2.2 Logística Reversa no Brasil

A logística reversa no Brasil ainda não possui um canal logístico

estruturado que permita um caminho de retorno eficiente de todos os resíduos,

embalagens e produtos gerados pelo mercado (VIEIRA, 2001). Em contrapartida,

tem-se a logística direta, que possui uma estrutura consolidada, com um importante

processo de fornecimento, armazenagem, estocagem, produção e distribuição de

produtos aos consumidores.

Ainda segundo Vieira (2001), essa falta de estrutura cria dificuldades de

se implementar um processo de logística reversa que chegue a influenciar na

decisão das empresas quanto a implementá-las e buscar eficiência nos processos

ou deixar de fazê-lo para não desviar o foco da atividade principal. Entretanto,

verifica-se que existem oportunidades de se iniciarem novos empreendimentos

focados na logística reversa (MOURA, 2000). A FIG. 2 mostra um exemplo de

Page 19: Logistica Reversa

18

processo de logística verde estruturado de maneira a buscar a preservação do meio

ambiente e, conseqüentemente, a geração de benefícios para sociedade, como a

prestação de serviços especializados.

FIGURA 2: O processo da logística verde. Fonte: Moura (2000).

Consoante Moura (2000), o ciclo reverso tem um importante papel dentro

da sociedade, pois a empresa que possui a matéria-prima (que é o resíduo) passa a

transformá-la através de processos de reciclagem, compostagem ou outro processo

gerador de energia e tem como produto final a matéria-prima para outras empresas

realizarem suas atividades. RevLog (1999) aponta algumas razões para

implementação da logística reversa nas empresas, a saber:

a) a Legislação Ambiental, que cobra maior responsabilidade dos

fornecedores sobre seus produtos e subprodutos;

b) a redução de custos com o retorno dos produtos/matérias ao centro

de produção, evitando maiores gastos com o descarte correto do

lixo; e

c) a crescente conscientização ambiental dos consumidores.

Page 20: Logistica Reversa

19

Rogers e Tibben-Lembke (1999) apontam outros motivos para essa

implementação:

a) razões competitivas e diferenciação do serviço;

b) limpeza do canal de distribuição;

c) proteção da margem de lucro; e

d) recaptura de valor e recuperação de ativos.

Ainda segundo Rogers e Tibben-Lembke (1999), a TAB. 2 mostra

algumas razões de um produto entrar no fluxo reverso. Caso o produto seja oriundo

do cliente, pode ser que a razão consista em um defeito do produto ou no fato de

que este não alcançou o final do ciclo de vida. Se o produto já alcançou o final de

vida útil, o cliente, em alguns casos, pode devolvê-lo ao fabricante.

TABELA 2: Caracterização dos itens no fluxo reverso, por tipo e origem

Parceiros da Cadeia de Suprimentos Final de Uso

Pro

duto

s

Estoque balanceado de devolução Devolução de Marketing Final de vida / estação Danos no transporte

Defeituosos / não procurados Retorno em garantia Recalls Disposição ambiental

Em

bala

gens

Paletes reutilizáveis Embalagens desmontáveis Condições de disposição

Reutilização Reciclagem Restrições para disposição

Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1998b).

Assim sendo, se um cliente retorna um produto, é porque a empresa produziu

em excesso ou porque esse produto pode ter sido danificado em trânsito ou está

próximo do vencimento (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1998).

2.3 Fatores de Influência na Organização das Cadeia s Reversas

Para Fuller e Allen (1995), na coletânea Environmental Marketing, de

Polonky, muitos são os fatores que influenciam as organizações na implementação

Page 21: Logistica Reversa

20

da logística reversa. Os autores destacam alguns fatores-chave para o

desenvolvimento dos produtos reciclados no mercado:

– um consumidor comprometido com o denominado produto ‘verde’;

– o aumento dos custos ecológicos nos negócios;

– um suporte legal e político;

– o avanço em tecnologia de reciclagem e o projeto de produtos

visando à sua utilização após descarte pela sociedade;

– a localização dos utilizadores de reciclados perto das fontes de pós-

consumo.

Esses fatores fazem com que estratégias institucionais sejam valorizadas

e os negócios repensados, pois a compatibilização dos interesses econômicos com

a proteção do meio ambiente permite uma utilização mais racional dos recursos e

evitando que a sociedade se vulnerabilize econômica e ecologicamente diante de

futuros danos ambientais (BURSZIYN, 1994).

Empresas com esse posicionamento estratégico exigem comportamentos

éticos e de responsabilidade ambiental de seus parceiros de negócio, rede de

fornecedores e clientes, buscando sempre o desenvolvimento sustentável de

maneira que o processo de transformação de recursos, a direção de investimentos,

a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se

harmonizem para atender às necessidades e aspirações humanas (LEITE, 2003).

Em ambientes de crescente percepção dos possíveis danos que produtos e

processos produzem ao meio ambiente, é fundamental converter suas imagens

corporativas, mesmo quando o impacto ambiental não for de extrema gravidade.

O Council of Logistc Management (1993) salienta também que os fatores

como legislações reguladoras e reivindicações da sociedade de maneira geral

Page 22: Logistica Reversa

21

também podem influenciar nessas atividades. No esquema apresentado na FIG. 3,

identificam-se outros fatores que podem influenciar a organização dos fluxos

reversos.

FIGURA 3: Fatores de influência na organização dos canais reversos de pós-consumo. Fonte: Leite (2003, p. 90).

Logo, a diferença entre o fluxo direto e o fluxo reverso, que não é

reaproveitada, constitui o excesso, o qual é enviado à destinação final correta ou se

transforma em poluição (LEITE, 2000). De acordo com Krikke (1998, p.154) e Muller

(2005), existem algumas diferenças entre os fluxos diretos e reversos, dentre as

quais se destaca:

– Na logística direta, os produtos são puxados pelo sistema, enquanto,

na logística reversa, existe uma combinação entre puxar e empurrar

os produtos.

– O processo de fluxo reverso ultrapassa os limites das unidades de

produção, saindo das dependências da empresa.

Page 23: Logistica Reversa

22

– Ao contrário da logística direta, o processo reverso possui um nível

de incerteza bastante alto, de modo que é difícil controlar questões

como qualidade e demanda.

Kim (2001) destaca que, como a logística direta foca suas atividades na

eficiência de distribuição dos produtos, a logística reversa aparece como uma

alternativa para as atividades em retornos de crédito, substituição de garantia,

trocas, reparos e perdas, haja vista que os sistemas tradicionais da logística direta

têm se mostrado ineficientes para lidar com essas novas condições e para avaliar o

valor do retorno. Para Penmam e Stock (1995), os canais reversos buscam uma

relação eficiente e equilibrada entre o fluxo reverso de materiais e produtos e a

disponibilidade de bens de pós-consumo correspondentes, buscando encontrar, nas

diversas etapas, resultados financeiros compatíveis com as necessidades do

mercado. Contudo, para que isso aconteça, é necessário que haja mercado para os

produtos fabricados com materiais reciclados, o que refletirá nas demandas de

reciclados.

Segundo Leite (2003), a falta de algum tipo de ganho nos elos do fluxo

reverso resulta em desequilíbrio entre a oferta e a demanda dos produtos. Para o

IPEA/CEMPRE (1995, p. 1), essa visão econômica enfoca uma estruturação da

cadeia reversa e busca melhores resultados financeiros, o que estabelece uma

verdadeira concorrência entre os diferentes materiais de pós-consumo. Esses

interesses econômicos possivelmente identificarão melhores oportunidades em

certos produtos por terem extração mais vantajosa, pelas quantidades disponíveis

serem melhores ou pelo valor intrínseco comercial do material. O Council of Logistics

Management (1993, p. 92) ressalta ainda que a condição natural do mercado deve

permitir o estabelecimento de ganhos adequados aos diversos agentes reversos.

Page 24: Logistica Reversa

23

2.4 Canais de Distribuição Reversos

Consoante Ballou (2001), o ciclo de vida de um produto não termina com

sua entrega ao cliente. Existem outras etapas pelas quais os produtos passam após

essa fase, como: os produtos tornam-se obsoletos, danificam-se ou estragam e são

levados aos seus pontos de origem para conserto ou descarte. Segundo Fuller e

Allen (1995:243) e CLM (1993:284), como um produto ainda em condições de uso é

constituinte de vários materiais, existem algumas formas de comercialização destes,

as quais acontecem desde a captação dos bens de pós-consumo ou dos resíduos

industriais até a sua reutilização pelo mercado. O fluxograma da FIG. 4 procura

mostrar a amplitude e a inter-relação dessas etapas logísticas.

Page 25: Logistica Reversa

24

FIGURA 4: Canais de distribuição diretos e reversos. Fonte: Leite (2003, p. 5).

Com base na FIG. 4, observa-se que, depois de finalizada a utilidade dos

bens de pós-consumo originados, estes retornam ao ciclo produtivo ou, na

impossibilidade dessas revalorizações, são incinerados ou direcionados para a

disposição final em aterros sanitários3. Já os bens de pós-venda, como afirma Leite

(2003), fluem no sentido inverso. O autor ainda aponta que a redução do ciclo de

vida dos produtos e materiais ocorre devido à inclusão de novos materiais, à

obsolescência planejada e à busca de redução de custos no processo, as quais têm

gerado excessos de bens e materiais descartados pela sociedade e aumentado,

dessa forma, as disposições inseguras desses produtos.

3 “Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à segurança, minimizando

os impactos ambientais. Esse método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário” (NBR 8419).

Page 26: Logistica Reversa

25

Segundo Leite (1999), as quantidades movimentadas nos fluxos reversos

são, de modo geral, inferiores às quantidades dos canais diretos devido ao seu

baixo valor. Para o autor, o retorno de produtos pós-venda ainda é considerado, em

alguns casos, um verdadeiro “problema” empresarial a ser equacionado. Assim,

verifica-se a necessidade de uma melhor estruturação desse mercado de maneira a

viabilizar a implementação dessas atividades.

2.5 Logística Reversa de Pós-Consumo

Para falar em pós-consumo, é preciso falar em ciclo de vida ou vida útil de

um produto. Consoante Leite (2003, p. 34), “[a] vida útil de um bem é entendida

como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o

primeiro possuidor se desembaraça dele”.

A logística reversa de pós-consumo é a área que busca agregar valor a

um produto que foi descartado. Esse produto, reutilizado, pode gerar outros bens a

partir da reciclagem e/ou do desmanche (LEITE, 2003, p.18). Esse retorno ao

mercado é um dos objetivos dos fluxos reversos de pós-consumo (LEITE, 2003, p.

33). Para Fuller e Allen (1995:244), CLM (1993:19) e Leite (1999), quando esses

produtos não retornam ao mercado em quantidades adequadas, ocorrem acúmulos

que excederão, em alguns casos, a capacidade de estocagem, o que dá origem a

problemas ambientais. A FIG. 5 apresenta uma estrutura simbólica para uma cadeia

reversa produtiva de pós-consumo.

Page 27: Logistica Reversa

26

FIGURA 5: Estrutura simbólica da cadeia produtiva reversa de pós-consumo. Fonte: Leite (2003, p. 84).

A consolidação que se inicia no varejo e estende aos distribuidores são

realizados por empresas que apresentam maiores recursos tecnológicos e

especializados na natureza do material constituinte, reunindo quantidade e

qualidade de separações suficientes para a comercialização com as indústrias de

reciclagem (LEITE, 2003). A reintegração do produto ao mercado deve permitir

rendimentos compatíveis com os processos, pois, geralmente, as condições do tipo

de coleta e processamento influem na qualidade da matéria-prima secundária,

chegando a inviabilizar a utilização do produto reciclado. A FIG. 6 mostra as

possíveis aplicações dos produtos de pós-consumo.

FIGURA 6: Recuperação de bens de pós-consumo. Fonte: Leite (2003, p. 42).

Page 28: Logistica Reversa

27

Arima e Battaglia (2003) ressaltam os possíveis destinos para os produtos

de pós-consumo que chegaram ao final de sua vida útil, a saber:

– os mercados de segunda mão, onde produtos semi-novos são

remetidos a áreas mais carentes de recursos ou oportunidades de

compra;

– a retirada de componentes em perfeito estado de um produto para a

sua utilização na produção de um novo ou no recondicionamento de

outro similar, porém usado;

– a reciclagem;

– a remanufatura, em que o produto é revisado e volta ao mercado com

custo menor;

– os aterros sanitários públicos, onde a disposição em geral é feita de

forma segura, nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas

são ‘estocados’ entre camadas de terra, para que ocorra sua

absorção natural, ou são incinerados, obtendo-se a revalorização

pela queima e pela extração de sua energia residual; e

– a disposição final não controlada, constituída pela deposição desses

resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios,

terrenos etc., prática comum que degrada o meio ambiente e é fruto

da ausência de fiscalização adequada.

Verifica-se que há viabilidade de especialização das operações reversas

das empresas, já que, hoje, não existem, no mercado, muitas empresas

especializadas nesse seguimento de atividade.

Page 29: Logistica Reversa

28

2.6 Classificação dos Bens de Pós-Consumo

A classificação dos bens de utilidades, segundo Leite (2003, p. 33),

refere-se:

À duração de sua vida útil, por ser mais adequada, na medida em que a preocupação principal da logística reversa é o equacionamento dos processos e caminhos percorridos por esses bens ou por seus materiais constituintes após o término de sua vida útil.

Leite (2003, p. 34) considera três grandes categorias de bens produzidos:

bens descartáveis, bens semiduráveis e bens duráveis. Os bens descartáveis

possuem uma vida útil média de algumas semanas, raramente superior a seis

meses, sendo constituídos de produtos de embalagens, materiais de escritório,

artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais e revistas,

dentre outros. Já os bens semiduráveis apresentam uma vida útil de alguns meses,

sendo representados por baterias de veículos, óleos lubrificantes, baterias de

celulares, computadores e periféricos, revistas especializadas, dentre outros. Os

bens duráveis têm uma vida útil de alguns anos e correspondem a automóveis,

eletrodomésticos, eletro-eletrônicos, máquinas e equipamentos industriais, edifícios

de diversas naturezas, aviões, construções civis, navios, dentre outros. A FIG. 7

apresenta algumas das possibilidades de comercialização desses bens de pós-

consumo.

Page 30: Logistica Reversa

29

FIGURA 7: Canais de distribuição de pós-consumo: diretos e reversos. Fonte: Leite (2003, p. 47).

Observa-se que os diversos tipos de materiais tornam-se as principais

fontes de matéria-prima de produtos de pós-consumo e iniciam os canais de

distribuição reversos.

2.7 Logística Reversa de Pós-venda

Segundo Rodrigues et al. (2002), a logística reversa de pós-venda

geralmente está relacionada à qualidade de algum produto e à substituição de seus

componentes. O destino dos bens de pós-venda pode ser a reciclagem, a

remanufatura, o ciclo de negócios partindo do mercado secundário ou um destino

Page 31: Logistica Reversa

30

final quando não houver possibilidade de reaproveitamento. Para Leite (2003, p.

206), a logística reversa de pós-venda pode ser conceituada como:

[...] a área específica da logística que se ocupa do equacionamento e da operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes aos bens de pós-venda sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diversos elos da cadeia de distribuição direta [...].

De maneira estratégica, a logística reversa busca inserir um produto na

cadeia produtiva agregando-lhe valor (LEITE, 2003). Já para Zimermann e Graeml

(2003), os bens de pós-venda “são aqueles produtos com pouco ou nenhum uso

devolvidos pelo consumidor final por diversos motivos e que retornam à cadeia de

suprimentos”. Esses autores relatam alguns motivos para a realização do fluxo do

retorno dos bens de pós-venda:

– retorno por falta de qualidade ou por utilização do serviço de garantia:

recall e devolução;

– redistribuição de produtos em virtude do prazo de validade próximo

ao vencimento e da sazonalidade de venda;

– retorno de materiais obsoletos, “canibalizados” pelo lançamento de

novos produtos; e

– limpeza (retorno) de estoques nos canais de distribuição para liberar

espaços na empresa .

Resende (2004) ressalta ainda que o fluxo reverso de pós-venda origina-

se em diferentes momentos da distribuição direta. Isso implica que a empresa

necessita acabar com os retornos, eliminando, assim, a necessidade da logística

reversa de pós-venda, pois se preparar para ela é o mesmo que reconhecer falhas

no processo.

Page 32: Logistica Reversa

31

2.8 Devolução de Produtos

De acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1998), é importante conhecer

as atividades mais comuns que compõem o mercado de logística reversa, pois são

as limitações desse mercado que definirão o destino dos bens devolvidos. A TAB. 3

mostra algumas das atividades que fazem parte desse processo logístico.

TABELA 3: Atividades comuns da logística reversa

At ividades Comuns da Logística Reversa Material Atividades da Logística Reversa

Produtos

. Retorno ao fornecedor

. Revenda

. Recondicionado

. Renovado

. Remanufaturado

. Recuperação de materiais

. Reciclado

. Aterro sanitário

Embalagem

. Reutilização

. Renovada

. Recuperação de materiais

. Reciclagem Fonte: Rogers e Tibben-Lembke (1998).

Lacerda (2002) lista alguns fatores de sucesso nos casos de logística

reversa: bons controles de entrada, processos padronizados e mapeados, tempo de

ciclo reduzido, sistemas de informação, rede logística planejada e relações

colaborativas entre clientes e fornecedores.

Os bons controles de entrada consistem na identificação do estado dos

materiais a serem retornados e a decisão de se o material pode ou não ser

reutilizado. Dessa forma, a padronização e o mapeamento do processo seriam de

grande importância, uma vez que têm como objetivo tornar um processo esporádico

e de contingência em um processo regular, utilizando-se de documentação

adequada para a formalização de procedimentos e estabelecendo-se controles para

implementação de oportunidades de melhorias.

Page 33: Logistica Reversa

32

O tempo considerado entre a identificação da necessidade de reciclagem,

disposição ou retorno de produtos e o seu efetivo processamento torna-se um

importante diferencial para a execução dessa atividade. Logo, a utilização de um

sistema de informação aparece como uma importante ferramenta que viabiliza o

atendimento de requerimentos necessários para a operação, permitindo a

centralização da informação, confiabilidade e rastreabilidade.

Já para o planejamento de uma rede logística, há a necessidade de uma

infra-estrutura adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e

os fluxos de saída de materiais processados envolvendo instalações, sistemas,

recursos (financeiros, humanos e máquinas), dentre outros. Assim, uma boa relação

entre clientes, fornecedores e outras partes interessadas permite também uma maior

confiabilidade das informações que serão discutidas entre os envolvidos do

processo, tornando-o mais eficiente.

Para Kim (2001), gerenciar os produtos e entender os motivos do seu

retorno é mais do que decidir o que fazer com ele. Porém, atuar sobre as causas da

insatisfação dos clientes e implementar um processo rápido e eficiente para estes

pode, de alguma como forma, fidelizá-los e, até mesmo, criar novas oportunidades

de negócios (FIGUEIREDO, 2002).

2.9 Armazenagem e Separação dos Resíduos

As diversas etapas dos processos podem gerar rejeitos. Cada tipo de

resíduo deve receber uma disposição correspondente à sua classificação.

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e

Page 34: Logistica Reversa

33

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (NBR 10.004, 2004)

Conforme orienta a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT

10.004, 2004), os resíduos sólidos industriais podem ser classificados em três

grupos em função de suas particularidades: classe I, classe II A e classe II B. Os

resíduos da classe I são considerados perigosos por apresentarem risco à saúde

pública e ao meio ambiente, provocando mortalidade, incidência de doenças ou

acentuando seus índices. Os resíduos da classe II são considerados não perigosos

e dividem-se em:

� resíduos classe II A (não inertes): aqueles que não se

enquadram nas classificações de resíduos classe I (perigosos)

ou de resíduos classe II B (inertes), nos termos da Norma

10.004 (ABNT, 2004). Os resíduos classe II A (não inertes)

podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,

combustibilidade ou solubilidade em água.

� resíduos classe II B (inertes): quaisquer resíduos que, quando

amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT

NBR 10007 (2004), e submetidos a um contato dinâmico e

estático com água destilada ou deionizada, à temperatura

ambiente, conforme ABNT NBR 10006 (2004), não tiverem

nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações

superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se

aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Após a classificação, procede-se à coleta dos resíduos gerados nos

processos, sendo necessário armazená-los separadamente em local definido, para

que se providencie a destinação final (NBR 11174, 1990). No caso especial dos

Page 35: Logistica Reversa

34

resíduos papel e papelão que saem das empresas, estes podem ir para o processo

de reciclagem ou para um aterro sanitário.

2.10 Disposição Final dos Bens

Para Leite (2003, p. 41), disposição final segura “é o desembaraço dos

bens usando-se um meio controlado que não danifique, de alguma maneira, o meio

ambiente e que não atinja, direta ou indiretamente, a sociedade”. Em oposição a

ela, tem-se a disposição não-segura, que corresponde ao “desembaraço dos bens

de maneira não controlada, tal como em locais impróprios (terrenos baldios, riachos,

rios, mares, lixões etc.) em quantidades indevidas”. Fuller e Allen (1995:244)

destacam em seu modelo apresentado na FIG. 8 as fontes dos resíduos e as

alternativas de disposição.

FIGURA 8: Ciclo de produção de consumo. Fonte: Fuller e Allen (1995, p. 244).

Conforme aponta Leite (2003), quando o descarte de bens e materiais

residuais realizado de maneira não controlada pode gerar impactos ambientais,

causando acúmulo desses resíduos e poluição. Por outro lado, bens de pós-

Page 36: Logistica Reversa

35

consumo, às vezes considerados inofensivos à saúde humana, podem provocar a

saturação dos meios tradicionais de disposição final dos resíduos, gerando poluição

de maneira indireta (porém, tão nociva quanto a primeira). Apresenta-se na FIG. 9

algumas das possibilidades de recuperação desses resíduos, os quais alimentarão

as vias de disposição final em aterros sanitários seguros ou serão reintegrados ao

ciclo produtivo.

FIGURA 9: Subsistemas de recuperação dos bens. Fonte: Fuller e Allen (1995, p. 44). Tradução livre do autor

Para Leite (2003, p. 42), o sistema de reciclagem agrega valor

econômico, ecológico e logístico aos bens de pós-consumo, criando condições para

que o material seja reintegrado ao ciclo produtivo, substituindo as matérias-primas

novas e gerando uma economia reversa. Já o sistema de reuso agrega valor de

reutilização ao bem de pós-consumo; e o sistema de incineração agrega valor

econômico, pela transformação dos resíduos em energia elétrica.

Page 37: Logistica Reversa

36

2.11 Reciclagem

Como afirma Leite (2003, p. 7), a reciclagem tornou-se uma importante

atividade econômica devido ao seu baixo impacto ambiental. Ela pode ser definida

como:

[...] o canal reverso de revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos.

Ainda segundo o autor, para que a reciclagem possa ser aplicada de

forma eficiente, é necessário que existam certas condições, quais sejam:

– facilidade de transporte para que os custos não sejam muito

elevados;

– facilidade de desmontar, sem necessidade de equipamentos ou

ferramentas especiais;

– facilidade para a remanufatura;

– facilidade de separação das partes importantes após sua coleta;

– facilidade de extração do material constituinte dos produtos;

– manutenção de suas propriedades originais quando reciclados;

– manutenção de suas características originais mesmo quando

reciclados várias vezes; e

– possibilidade de substituição total ou parcial de matérias-primas

virgens.

Segundo Carlini (2002), o processo de reciclagem de produtos de pós-

consumo divide-se em “ciclos fechados” e “ciclos abertos”. O autor destaca que, nos

ciclos fechados, os produtos de pós-consumo retornam ao mesmo ciclo produtivo

para serem utilizados como matéria-prima na fabricação do mesmo produto. A TAB.

Page 38: Logistica Reversa

37

4 apresenta exemplos em que os materiais constituintes, após serem descartados,

são reintegrados, retornando ao processo de fabricação.

TABELA 4: Exemplos de canais reversos de ciclo fechado

Produto -origem de pós -consumo

Principais materiais extraídos Novo produto

Óleos lubrificantes usados Eliminação de impurezas e acréscimo de aditivos

Óleos lubrificantes

Baterias de veículos descartadas Extração de chumbo e plástico

Baterias de veículos novas

Latas de alumínio de embalagens descartadas

Extração da liga de alumínio Latas novas de alumínio

Fonte: Leite (2003, p. 53).

De acordo com Leite (2003), no ciclo aberto, os produtos de pós-consumo

não voltam ao ciclo produtivo do fabricante do produto inicial, mas os fabricantes

assumem a responsabilidade de coletar e encontrar um mercado para aqueles. A

FIG. 10 apresenta exemplos de produtos que participam do ciclo aberto.

FIGURA 10: Exemplos de canais reversos de ciclo aberto. Fonte: Leite (2003, p. 52).

Carlini (2002) aponta que existem diferenças entre os ciclos abertos e

fechados. Uma delas é que, no mercado de produtos dos ciclos fechados, o valor do

material reciclado não sofre muitas flutuações de preços, pois esse material volta ao

Page 39: Logistica Reversa

38

fabricante original. Em contrapartida, os ciclos abertos sofrem oscilações

significativas nos preços dos materiais reciclados.

Leite (2003, p. 55) apresenta algumas das possibilidades de retorno ao

ciclo produtivo, o qual que se inicia na fase de fabricação dos produtos até sua

colocação no mercado, conforme se pode observar no fluxograma da FIG. 11.

FIGURA 11: Canais de distribuição de pós-consumo: diretos e reversos. Fonte: Leite (2003, p. 55).

Segundo Lacerda (2002, p.4), para que o processo logístico reverso

referente a devoluções de produtos, retorno de embalagens, reutilizações, dentre

outros aspectos, atinja a sua eficiência, é necessário levar em consideração alguns

fatores crítico, a saber:

Page 40: Logistica Reversa

39

– Bons controles de entrada: no início do processo, é preciso identificar

corretamente o produto que será manuseado;

– Processos padronizados e mapeados: ter processos corretamente

mapeados e procedimentos formalizados é condição fundamental

para se obter controle e conseguir melhorias;

– Tempo de ciclo reduzido: refere-se ao tempo entre a identificação da

necessidade de reciclagem, disposição ou retorno do resíduo e seu

efetivo processamento;

– Sistemas de informação: a capacidade de rastreamento do caminho

seguido pelo resíduo, a medição dos tempos de ciclo e a mensuração

do desempenho dos serviços permitem obter informações cruciais

para negociações e melhoria de desempenho;

– Relações de parceria entre clientes e fornecedores: é importante que

as organizações envolvidas na logística reversa desenvolvam

relações mais colaborativas.

Lacerda (2002) também aponta que existem algumas restrições legais

que influenciam a logística reversa de pós-consumo e podem provocar mudanças de

comportamentos no mercado devido às novas regulamentações. Segue abaixo

alguns exemplos de legislações existentes:

– Legislações sobre proibições ou impedimentos quanto à criação de

aterros sanitários e incineradores;

– Legislações sobre implantação de coletas seletivas para redução das

quantidades que vão para os aterros e incineradores, possibilitando a

criação de outras atividades;

Page 41: Logistica Reversa

40

– Legislações sobre a obrigação dos fabricantes recolherem seus

produtos após o término de sua vida útil; e

– Legislações sobre a proibição da entrada de alguns produtos nos

aterros sanitários devido ao grande volume e à presença de

substâncias perigosas.

Dessa forma, pode-se perceber que, para que se possa planejar uma

rede reversa de pós-consumo que proporcione algum tipo de ganho à empresa e

para que essa atividade seja bem-estruturada e corretamente implementada, é

necessário levar vários aspectos em consideração. Observa-se que algumas das

aplicações da logística reversa se apresentam mais desenvolvidas, sendo possível

inclusive encontrar alguns movimentos em busca de uma maior conscientização da

sociedade para os problemas dos produtos de pós-consumo. Para outras

aplicações, contudo, ainda há a necessidade de uma melhor estruturação para que

as atividades sejam realizadas de maneira correta nos diversos elos da cadeia

reversa.

Page 42: Logistica Reversa

41

3 SISTEMA DE PREVISÃO DE DEMANDA

3.1 Previsão de Demanda

Para Chopra e Meindl (2003, p. 68), previsões de demanda são a base

para todas as decisões estratégicas e de planejamento, podendo ser aplicadas em

diversas áreas na gestão de organizações. Segundo Mentzer e Cox (1984), as

previsões de demanda são elaboradas utilizando métodos quantitativos, que utilizam

a análise de séries temporais (dados que descrevem a variação da demanda ao

longo do tempo), e métodos qualitativos, que se baseiam em opiniões de

especialistas, sendo vulneráveis a tendências que podem comprometer a

confiabilidade de seus resultados ou ambos. Sanders e Manrodt (1994) salientam

que, apesar de apresentarem um baixo grau de precisão, os métodos qualitativos

continuam sendo amplamente utilizados nas empresas. Para Dias (1999), a

utilização desses métodos pode estar relacionada ao fato de as previsões por eles

geradas corresponderem às metas de demanda estabelecidas pelas empresas.

Segundo Makridakis et al. (1998), a aplicabilidade de um sistema de

previsão depende de três condições:

– Disponibilidade de informações históricas;

– Possibilidade da transformação das informações históricas em dados

numéricos; e

– Suposição da repetição de padrões observados em dados passados

no tempo futuro. Essa consideração é conhecida como suposição de

continuidade, a qual é uma premissa básica para a utilização de

métodos de previsão, bem como de diversos métodos qualitativos.

Page 43: Logistica Reversa

42

3.2 Definição do Problema

Em consonância com Collopy, Adya e Armstrong (2001), em algumas

aplicações de previsão de demanda, a definição do problema pode ser a etapa mais

complexa, pois devem ser analisados diversos fatores: como a previsão será usada,

onde será usada e como ela se encaixa dentro da organização. Uma análise

adequada desses fatores é fundamental para se desenvolver uma técnica de

previsão apropriada e evitar resultados tendenciosos.

Segundo Chopra e Meindl (2003, p. 74), o custo da análise está

diretamente ligado à precisão requerida, pois as decisões serão tomadas tendo essa

análise com base. A FIG. 12 apresenta a relação de 4trade-off entre o custo da

previsão e as perdas causadas pela incerteza: assim, após determinado ponto, os

recursos investidos não implicam mais aumentos expressivos na previsão da

demanda e passam a ser toleráveis.

FIGURA 12: Relação entre precisão e custo da previsão. Fonte: adaptado de Montgomery et al. (1990).

O horizonte como comenta Chopra e Meindl (2003. p. 73), é um

importante fator a ser levado em consideração durante a análise da previsão de

demanda, pois terá como base o ponto em que o evento previsto ocorrerá. O

horizonte está relacionado com a capacidade de resposta da organização; logo, 4 Trade-off é a relação de compensação entre o custo da previsão e as perdas causadas pela incerteza.

Page 44: Logistica Reversa

43

quanto menos flexível for à organização, maior será o horizonte; quanto mais ágil,

menor o horizonte. A organização deve estimar o horizonte de previsão desejado.

Para Montgomery et al. (1990), o intervalo também pode auxiliar na

determinação do modelo a ser utilizado, pois é através dele que será definida a

freqüência com que as novas previsões serão preparadas. Logo, cabe ao

responsável pela elaboração do sistema de previsão consultar, durante a fase de

definição do problema, todos aqueles envolvidos na coleta de dados, na

manutenção do banco de dados e no uso das previsões para o planejamento futuro

ou que venham a influenciar a demanda.

3.3 Coleta de Informações

De acordo com Makridakis et al. (1998), dois tipos de informações devem

estar disponíveis na elaboração de um sistema de previsão: dados estatísticos

(geralmente numéricos) e dados subjetivos oriundos de julgamento e perícia de

especialistas (empregado, principalmente, na avaliação da qualidade dos dados a

serem utilizados no sistema).

3.3.1 Montagem do Banco de Dados

Collopy, Adya e Armstrong (2001) apontam que o banco de dados deve

ser realizado de maneira a possibilitar o armazenamento de dados estatísticos que

serão utilizados na previsão de demanda. De acordo com o autor, esse banco deve

conter informações que permitam filtros, os quais devem permitir o agrupamento de

dados para a realização da previsão de demanda e permitir atualização das

informações.

Page 45: Logistica Reversa

44

3.3.2 Classificação dos Produtos

Segundo Chopra e Meindl (2003, p. 74), para se identificarem os produtos

de maneira a tomar decisões e compreender os segmentos dos produtos, pode ser

necessário agrupá-los por similaridade. Dessa forma, pode-se estratificá-los por

exigências de serviços, volume de demanda, freqüência de pedidos, volatilidade da

demanda e sazonalidade, dentre outros aspectos.

3.3.3 Definição dos Níveis de Agregação

A agregação permite a homogeneização dos dados, menor horizonte de

previsão e variabilidade na demanda, possibilitando uma maior precisão na previsão

de demanda e maior confiabilidade dos dados de entrada do método escolhido

(MAKRIDAKIS, 1998; COLLOPY; ARMSTRONG, 1992; COLLOPY; ADYA;

ARMSTRONG, 2001).

Montgomery et al. (1990) apresentam algumas das forma de realização

das agregações temporais: produtos, preferências gerenciais e disponibilidade dos

dados de demanda. Mesmo assim, após várias agregações temporais, nenhuma

característica no comportamento da série pode ser encontrada, de modo que os

dados da demanda podem apresentar um comportamento exclusivamente aleatório,

o que poderia comprometer a precisão de previsões futuras.

3.4 Seleção do Pacote Computacional

Segundo Makridakis et al. (1998), a escolha adequada de um pacote

computacional para realização da previsão de demanda não é fácil, mesmo com a

grande variedade de produtos disponíveis no mercado. A definição de um pacote

computacional deve ser determinada de acordo com a complexidade do estudo a ser

Page 46: Logistica Reversa

45

realizado para elaborar a previsão de demanda. Além disso, esse pacote deve

permitir o gerenciamento das informações, bem como a apresentação gráfica e

relatórios dos resultados obtidos na análise.

É recomendável que o pacote seja de fácil utilização e aprendizado, além

de possuir ferramentas que permitam geração de previsão individual de um conjunto

de dados envolvendo milhares de séries temporais e dispor de capacidade de

processamento bastante extensa (MAKRIDAKIS et al. 1998). Esta última

característica é de grande importância quando se necessita analisar muitas séries.

3.5 Escolha e Validação dos Modelos

Chopra e Meindl (20003, p. 70) afirmam que, ao selecionar uma técnica

de previsão adequada, a empresa deve compreender as dimensões que serão

relevantes para a previsão. Sendo assim, antes de a empresa selecionar um modelo

de previsão, é necessário estar certa sobre qual o tempo de resposta do seu

processo. Para isso, ela deve analisar os seguintes fatores:

– demanda passada: os dados históricos da demanda auxiliam na

realização da previsão de demanda para os períodos futuros;

– conjuntura econômica: devido a alguns aspectos da economia, a

demanda pode ser influenciada de maneira a não traduzir a

realidade;

– oscilação na produção: demandas podem ser afetadas por

sazonalidades decorrentes de oscilações de produção, devendo ser

analisadas ; e

– planejamento de campanhas promocionais ou de marketing.

Page 47: Logistica Reversa

46

Compreendidos esses fatores a empresa pode escolher o modelo

requerido de previsão, como comentam os referidos autores.

3.6 Características da Série Temporal

Segundo Chopra e Meindl (2003, p. 71), o modelo de séries temporais

utiliza dados históricos da demanda para fazer a previsão, a qual pode ser realizada

a partir de seus componentes (ex: sazonalidade e tendência). Uma vez tendo os

modelos e dispondo seus parâmetros estimados apropriadamente, sua utilização na

predição da demanda futura pode ser testada, pois se considera que ele está

concluído. Nesse momento, tem início o seu processo de manutenção.

Chopra e Meindl (2003, p. 72) afirmam que uma das técnicas mais

comuns e eficazes é o modelo de previsão de séries temporais, que pode ser

dividido em duas categorias básicas:

– Estático: as organizações fazem estimativas para diversas partes (ex:

nível, tendência e sazonalidade) do componente sistemático da

demanda uma vez e, posteriormente, não atualizam essas

estimativas mesmo que percebam novas demandas. Esse tipo de

modelo lida com todo o erro de previsão futura como parte do

componente aleatório.

– Adaptável: as organizações atualizam suas estimativas para diversas

partes (ex: nível, tendência e sazonalidade) do componente

sistemático da demanda após terem feito a observação de cada

demanda. Uma parte do erro é atribuída à estimativa incorreta do

componente sistemático, sendo que o restante é atribuído ao

Page 48: Logistica Reversa

47

componente aleatório. Dessa maneira, esses modelos atualizam o

componente sistemático após cada observação da demanda.

Além disso, Chopra e Meindl (2003) apontam que os modelos de previsão

estáticos incluem a descoberta dos valores médios (ou a obtenção de estimativas de

regressão) de tendência e sazonalidade. Em contrapartida, os métodos adaptáveis

incluem médias móveis, suavização exponencial simples e suavização exponencial

de séries com tendências e com variação de estação. Apresenta-se, a seguir, a

explicação dos diversos métodos de previsão de séries temporais de modelos

adaptáveis, quais sejam:

– Suavização exponencial simples;

– Suavização exponencial de séries com tendência (modelo de Holt); e

– Suavização exponencial de séries com tendências e com variações

de estação (modelo de Winter).

O modelo de suavização exponencial simples é adequado quando a

demanda não apresenta tendência ou sazonalidade, de modo que o componente

sistemático de demanda é igual ao nível. A estimativa inicial de nível L0 é realizada

com a média de todos os dados históricos. De posse das informações sobre o

período 1 da demanda, apresenta-se o seguinte:

L0 =

Dessa forma, a previsão atual para todos os períodos futuros é igual à

estimativa atual do nível e é dada por:

Ft +1= Lt e Ft +n= Lt

A partir da demanda Dt +1, para o período t + 1, atualiza-se a estimativa do

nível:

Lt +1= Dt+1 + (1 - )Lt

Page 49: Logistica Reversa

48

A letra grega (alfa) identifica uma constante de suavização para o nível,

0 < < 1. Logo, o valor revisado do nível é a média ponderada entre o valor

observado do nível (Dt+1) no período t + 1 e a antiga estimativa do nível (Lt) no

período t. Utilizando-se a equação descrita a seguir, pode-se expressar o nível em

um determinado período como uma função entre a demanda atual e o nível no

período anterior.

Lt +1= nDt +1-n

Logo, a estimativa atual do nível é a média ponderada de todas as

observações anteriores de demanda, com observações recentes com peso maior

que as antigas observações. Um valor mais alto de corresponde a uma previsão

mais responsiva a observações recentes, ao passo que um valor mais baixo de

representa uma previsão mais estável e menos responsiva a observações recentes

(CHOPRA; MEINDL, 2003).

O modelo de suavização exponencial de séries com tendência (modelo de

Holt), por sua vez, é adequado quando a demanda possui um nível de tendência no

componente sistemático, mas não apresenta sazonalidades. Estabelece-se uma

estimativa inicial de nível e tendência executando a regressão linear entre a

demanda D e o período t do seguinte modo:

Dt = at + b

A constante b mede a estimativa de demanda no período t = 0 e é uma

estimativa do nível inicial L0, sendo que a inclinação a mede a taxa de mudança na

demanda por período e é a estimativa inicial de tendência T0. Desse modo, no

período t, dadas as estimativas de nível L e de tendência T, a previsão para os

períodos futuros é assim expressa:

Ft+1 = Lt + Tt e Ft+n = Lt + nTt

Page 50: Logistica Reversa

49

Após a observação da demanda para o período t, revisam-se as

estimativas de nível e de tendência da seguinte forma:

Lt+1 = Dt+1 + (1- )(Lt + Tt)

Tt+1 = (Lt+1 - Lt) + (1- )Tt

Conforme Chopra e Meindl (2003) destacam, neste caso, a letra grega

(alfa) caracteriza-se como a constante de suavização para o nível, 0 < < 1, e é a

constante de suavização para a tendência, 0 < < 1. Observe-se que, em cada uma

das atualizações, a estimativa revisada (de nível e de tendência) é a média

ponderada entre o valor observado e a antiga estimativa.

Já o modelo de suavização exponencial de séries com tendências e com

variações de estação (modelo de Winter) é aplicado quando o componente

sistemático da demanda possui nível, tendência e fator de sazonalidade. Adota-se a

periodicidade da demanda como p. No período t, dadas as estimativas do nível Lt,

tendências Tt e fatores de sazonalidades S1.........St-p+1, a previsão para os períodos

futuros é expressa do seguinte modo:

Ft+1 = (Lt + Tt)St+1 e Ft+n = (Lt + nTt)St+1

A partir dessa observação da demanda para o período t + 1, revisam-se

as estimativas para nível, tendência e fatores de sazonalidade

Lt+1 = (Dt+1/St+1 + (1- )(Lt + Tt)

Tt+1 = (Lt+1 - Lt) + (1- )Tt

St+p+1 = y(Dt+1/Lt+1)+ (1-y) St+1

Assim, observa-se que a letra grega (alfa) é a constante de suavização

para o nível, 0 < < 1, é a constante de suavização para a tendência, 0 < < 1,

e y é a constante de suavização para o fator de sazonalidade, 0 < Y < 1, sendo que,

após cada uma das atualizações (nível, tendência ou fator de sazonalidade), a

Page 51: Logistica Reversa

50

estimativa revisada é a média ponderada entre o valor observado e a antiga

estimativa. A TAB. 5 apresenta uma síntese desses modelos de previsão.

TABELA 5: Resumo de aplicabilidade dos modelos de previsão

Modelo de Previ são Aplicabilidade Média Móvel Demanda não apresenta tendência nem sazonalidade

Suavização Exponencial Simples Demanda não apresenta tendência nem sazonalidade Modelo Holt Demanda apresenta tendência, mas não sazonalidade

Modelo de Winter Demanda apresenta tendência e sazonalidade Fonte: Chopra e Meindl (2003, p. 86).

A medida de erro da previsão é importante porque estima o componente

aleatório da demanda e também ajuda a identificar os casos em que o modelo de

previsão adotado não é adequado (CHOPRA; MEINDL, 2003).

Em consonância com Chopra e Meindl (2003), dependendo do

comportamento da série temporal que se deseja analisar, vários modelos podem ser

empregados na previsão de seus valores futuros. A escolha do modelo mais

apropriado é feita a partir do somatório dos erros gerados pelo modelo (Et = Ft - Dt).

Uma vez que o cálculo dos erros pode resultar em valores positivos e negativos,

zerando assim o seu somatório, diferentes formas de cálculo para o somatório dos

erros podem ser empregadas. Uma das medidas de erro de previsão é o erro

quadrático médio (EQM), que estima a variação do erro de previsão:

EQM= t

t

Já o desvio absoluto no período t, At, pode ser entendido como o valor

absoluto do erro no período t, ou seja:

At = I Et I

Por sua vez, o desvio absoluto médio (DAM) apresenta-se como sendo a

média do desvio absoluto em todos os períodos.

DAMn= t

Page 52: Logistica Reversa

51

O DAM pode ser usado para estimar o desvio-padrão do componente

aleatório, supondo que o componente aleatório seja distribuído normalmente. Nesse

caso, o desvio padrão do componente aleatório é: α= 1,25 DAM. Estima-se a partir

daí que a média do componente aleatório é o 0 e que o desvio-padrão do

componente aleatório da demanda é o α.

O erro absoluto médio percentual (EAMP) é o erro absoluto médio como

percentual de demanda e se expressa da seguinte forma:

I 100

EAMP= ________________ n

A consistência de um modelo de previsão pode ser verificada por meio da

soma dos erros de previsão. Desse modo, verifica-se se os resultados da previsão

superestimam ou subestimam a demanda. O viés da previsão (VP) é uma

ferramenta que auxilia o responsável pela previsão em sua análise, oscilando em

torno de 0 se o erro for verdadeiramente aleatório e não enviesado de uma forma ou

de outra. O ideal é que se demonstrados todos os erros, a inclinação da reta seja 0.

Viesn= t

A razão de viés (TS) apresenta-se como a razão entre o viés da previsão

e o DAM. Caso o TS em qualquer período esteja fora da faixa +6, isso significa que

a previsão está enviesada e pode estar subestimada (razão de viés abaixo de -6) ou

superestimada (razão de viés acima de +6). Logo, com base em um dos critérios de

cálculo, o modelo adequado será aquele que apresentar o menor erro associado

(CHOPRA; MEINDL, 2003, p. 86).

TSt=__viést__ DAMt

Page 53: Logistica Reversa

52

4 ESTUDO DE CASO

Conforme assinalado no início desse trabalho o seu objetivo é propor um

modelo de processo logístico para o gerenciamento dos resíduos papel e papelão

dentro das instalações da Metform S/A. O referido modelo busca a redução dos

custos de administração dos resíduos e poderá, por meio de plano de ação

específico, maximizar o lucro da empresa.

4.1 Apresentação da Empresa

Instalada em uma área de 11.200 m2, em Betim/MG, a empresa sob

escrutínio foi fundada em 1990 com o nome de Spray Pinturas Especiais Ltda.,

prestando serviços de pintura por processo eletrostático a pó para terceiros em um

galpão industrial de 1.500 m2. Naquele mesmo ano, alterou sua razão social,

passando a chamar-se Spray Pintura Eletrostática Ltda.

Em 1996, após adquirir uma perfiladeira e ampliar suas instalações

industriais e administrativas para 4.400 m², passou a prestar a terceiros serviços de

perfilação em telhas metálicas e steel deck, produto inovador, até então pouco

utilizado no Brasil. A utilização do Steel Deck permite a execução de lajes sem

escoramentos e elimina a necessidade de armaduras, proporcionando economia no

peso e rapidez de montagem das estruturas metálicas e possibilitando a

alavancagem da construção de edifícios de múltiplos andares em estruturas

metálicas.

Em 1999, após alteração no controle acionário, passou a chamar-se

Codeme Produtos de Aço S/A. A partir de então, se reestruturou, profissionalizando

sua direção, criando um Departamento Comercial e passando a operar com estoque

Page 54: Logistica Reversa

53

próprio, comercializando os produtos: telhas, steel deck e acessórios galvanizados,

com ou sem pintura. Em novembro de 1999, alterou sua razão social, passando a

chamar-se Metform S/A.

Em setembro de 2000, foi inaugurada uma filial em Taubaté/SP, instalada

em uma área de 51.200 m2, contando com 4.720 m2 de instalações industriais e

administrativas, com o objetivo de produzir perfis formados a frio, fruto de um

contrato de transferência de tecnologia firmado com a Metsec, grupo inglês líder

nesse segmento na Europa. Esse produto, altamente inovador, é fabricado em

equipamentos CNC5 de alta precisão, possibilitando que sejam entregues nas

medidas solicitadas e furados. A partir do fim de 2002, com instalação de duas

perfiladeiras, a Metform S/A passa também a produzir Telhas Metálicas.

Em abril de 2001, devido a uma exigência da Fundação Estadual do Meio

Ambiente do Estado de Minas Gerais, foi construída uma Estação de Tratamento de

Efluentes Sanitária e Industrial, além de um Depósito Temporário de Resíduos. A

empresa está habilitada a gerenciar resíduos sólidos Classes I e II através de

Licença de Operação.

Com base no mapeamento do processo de fabricação de telhas, steel

deck e acessórios, com ou sem pintura, as operações podem envolver atividades

que vão desde a coleta, classificação e separação até a descaracterização ou

destruição, armazenagem, transporte e destinação (que pode ser a reutilização, a

reciclagem e a disposição final).

5 CNC são as iniciais de Computer Numeric Control ou, em português, Controle Numérico Computadorizado.

Page 55: Logistica Reversa

54

4.2 Descrição do Processo Atual

O processo origina-se com o recebimento e o armazenamento da

matéria-prima, que são as bobinas e chapas de aço utilizado para a fabricação das

peças citadas anteriormente. Após o recebimento, inicia-se o processo de perfilação,

que é responsável por dar forma à matéria-prima de acordo com a solicitação do

cliente, podendo resultar em uma telha, steel deck ou acessórios (calhas, rufos e

cumeeiras).

O processo de fabricação de telhas, steel deck e acessórios caracteriza-

se pela utilização de perfiladeiras, que são automatizadas e, portanto, demandam

pouca mão-de-obra para realização desses produtos. O steel deck é um produto

utilizado para o escoramento de laje de um empreendimento de construção civil,

possibilitando um melhor acabamento, redução no tempo de execução do

empreendimento, limpeza e custo. Já os acessórios (calhas, rufos e cumeeiras) são

complementos dos produtos telhas e steel deck.

Em seguida, o processo continua por dois caminhos, sendo que as peças

podem ser expedidas para o cliente ou seguir para o processo de pintura

eletrostática. Verificada a necessidade de realização do processo de pintura, as

peças são encaminhadas para o tratamento de superfície aonde serão preparadas

para receber a pintura.

O processo de pintura eletrostática é caracterizado pela aplicação de tinta

a pó na superfície das peças galvanizadas que são encaminhadas para uma estufa

de polimerização aonde a tinta seja aquecida a uma temperatura de

aproximadamente de 200ºC para acabamento. A temperatura à qual a tinta é

aquecida varia em função da cor e do tipo de resina utilizada pelo fornecedor

durante a fabricação da tinta (poliéster, epóxi e hibrida). Após o processo de pintura,

Page 56: Logistica Reversa

55

as peças são embaladas e expedidas para os clientes. A partir da FIG. 13, é

possível observar como é realizado o processo de fabricação de telhas, steel deck e

acessórios, com ou sem pintura da Metform S/A.

Depósito Temporário de Resíduos

Administrativo

Recebimento de

matéria-prima

(bobina e chapa

de aço)

Fabricação

de telhas,

steel deck e

acessórios

Tratamento

de SuperfíciePintura Expedição

Legenda

Fontes geradoras dos resíduos papel e papelão

FIGURA 13: Fluxo de geração de resíduo papelão dentro do processo produtivo. Fonte: Próprio autor.

Como observado na FIG. 13, em todo o processo de fabricação de telhas,

steel deck e acessórios, com ou sem pintura, são gerados os resíduos papel e

papelão. O processo de pintura corresponde ao momento em que é gerado o maior

volume de resíduo papelão, oriundo das caixas de tinta utilizadas para pintura das

peças. Já a área administrativa, composta pelos setores Comercial,

Administrativo/Financeiro e a Diretoria Superintendente, é responsável por gerenciar

as atividades que darão suporte à produção, gerando uma quantidade significativa

do resíduo papel.

Todavia, devido à falta de um modelo de processo logístico dos resíduos

sólidos, estes são recolhidos sem levar em consideração alguns dos custos

logísticos.

A FIG. 14 ilustra como é realizado o fluxo reverso dos resíduos papel e

papelão. Nela, pode-se observar que não existe uma preocupação da Metform S/A

em realizar o processo de seleção específico antes do seu envio ao depósito

Page 57: Logistica Reversa

56

temporário de resíduos, separando-os pelos diferentes tipos, como: papel branco e

papel diverso (colorido, jornais) e papelão. Esses resíduos são recolhidos na área

administrativa e no interior da fábrica, sendo armazenados de forma misturada no

depósito temporário de resíduos. O único tipo de seleção que ocorre é a separação

entre os resíduos papel ou papelão, não havendo estratificação em resíduos papel

branco e papel diverso, os quais, por sua vez, geram receitas diferentes devido à

sua composição.

FIGURA 14: Fluxo reverso atual dos resíduos sólidos industriais na Metform S/A. Fonte: Próprio autor.

Com base nas informações da descrição do processo atual, foram

estimados alguns custos para a mão-de-obra que está diretamente envolvida no

processo do gerenciamento dos resíduos papel e papelão da Metform S/A, uma vez

que ele consiste em uma atividade diária, conforme TAB. 6. Atualmente, não se tem

uma previsão adequada da demanda sobre a geração dos resíduos papel e papelão

para disponibilização da mão-de-obra com vistas à realização do recolhimento do

resíduo, o que proporcionaria à empresa uma redução no custo dessa atividade.

Dessa forma, o custo/hora da mão-de-obra tomado como base foi o salário desses

Page 58: Logistica Reversa

57

funcionários que realizam as atividades de coleta dos resíduos papel e papelão no

mês de janeiro de 2007.

TABELA 6: Custos médios de mão-de-obra com gerenciamento de resíduos

Setor Tarefa Tempo (horas/dia) Homem/hora Total Custo mensal

(R$24 dias)

Administração Recolhimento de papel

1,0 2,34 2,34 56,16

Produção Recolhimento de papel e papelão

1,0 2,64 2,64 63,36

Total 119,52 Fonte: Próprio autor.

A TAB. 7, produzida a partir dos relatórios de automonitoramento feitos

mensalmente para atender às exigências da Fundação Estadual do Meio Ambiente

(FEAM), mostra os dados históricos com as quantidades dos resíduos papel e

papelão que foram gerados em cada mês do ano de 2007. As quantidades

aparecem estratificadas por tipo de resíduo em função do estudo proposto. Não

obstante, a destinação dada a esse material atualmente ocorre de forma agrupada,

ou seja, dividida em dois grupos: papel (jornais, revistas, presentes, impressos em

geral) e papelão.

TABELA 7: Resíduos gerados / ano 2007

Mês Quantidade de Resíduo Gerado (kg)

Total (kg) Papelão Papel Branco Papel Diverso

Janeiro 645,21 19,10 33,47 697,78 Fevereiro 571,58 18,50 27,86 617,94

Março 672,20 20,48 30,30 722,98 Abril 718,94 23,59 33,95 776,48 Maio 563,48 22,38 30,58 616,44 Junho 604,90 17,47 31,46 653,83 Julho 563,58 18,82 26,53 608,93

Agosto 736,84 17,91 33,82 788,57 Setembro 550,47 21,64 28,66 600,77 Outubro 645,32 25,75 27,94 699,01

Novembro 662,57 23,86 29,81 716,24 Dezembro 766,52 25,08 33,20 824,80 Total (kg) 7701,61 254,58 367,58 8323,77

Fonte: Próprio autor.

Page 59: Logistica Reversa

58

São apresentados também os Gráficos 01, 02 e 03, que permitem avaliar

o padrão da demanda como visto no Capítulo 3 deste trabalho. É possível visualizar,

a partir dos resultados apresentados nos gráficos, a ausência de tendência ou

sazonalidades em função das características dos processos geradores. Isso se

explica pelo fato de o resíduo papel e o resíduo papelão serem gerados, em função

do consumo decorrente, respectivamente, de atividades administrativas e de pintura

de telhas, steel deck e acessórios.

GRÁFICO 1: Geração do resíduo papelão. Fonte: Próprio autor.

GRÁFICO 2: Geração do resíduo papel branco. Fonte: Próprio autor.

Page 60: Logistica Reversa

59

GRÁFICO 3: Geração do resíduo papel diverso. Fonte: Próprio autor.

Na TAB. 8, apresentam-se as quantidades e os respectivos preços

aplicados pelo mercado para os resíduos papel e papelão gerados durante os

processos de fabricação de telhas, steel deck e acessórios. Estes são valores

médios mensais de resíduos gerados no período de janeiro a dezembro de 2007 e

ora utilizados para exemplificação do presente estudo de caso.

TABELA 8: Custo médio dos resíduos vendidos

Tipo de resíduo Quantidade Mensal (kg) Preço (R$) Total (R$)

Papelão 640 0,18 115,20 Papel diverso (jornais, revistas, presentes, impressos em geral)

50 0,03 1,50

Total 116,70 Fonte: Próprio autor.

A partir de uma análise da média mensal dos resíduos papel e papelão

gerados com relação aos valores que se recebe do mercado e às despesas que são

pagas para realização dessas atividades, tem-se um resultado mensal negativo.

Recebe-se a importância de R$ 116,70 (TAB. 8), referente à venda dos resíduos

papel e papelão, e se tem uma despesa no valor de R$ 119,52 (TAB. 6), referente à

mão-de-obra despendida no gerenciamento dos resíduos.

Page 61: Logistica Reversa

60

Observa-se que, apesar de os resíduos papel e papelão inicialmente

gerarem certo ganho para a Metform S/A, está ocorrendo um prejuízo durante a

destinação deles para o mercado de reciclagem devido aos custos dessa atividade

(os quais são, também, inerentes ao ciclo reverso). Ademais, existem também outros

custos relacionados com a logística reversa dos resíduos que são pouco visíveis e

que, neste trabalho, não estão sendo quantificados, porque não são exclusivos do

processo analisado. Dentre eles, pode-se citar os custos referentes às áreas

ocupadas com o armazenamento dos resíduos e equipamentos de transporte e

movimentação dos resíduos. Quando esses custos são quantificados, melhora-se a

eficiência do processo.

Page 62: Logistica Reversa

61

5 MODELO PROPOSTO

5.1 Apresentação do Modelo

Para funcionar de maneira eficaz, uma organização tem que identificar e

gerenciar diversas atividades interligadas. Uma atividade que usa recursos e que é

gerenciada de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas pode ser

considerada um processo. Freqüentemente, a saída de um processo é a entrada

para o processo seguinte (ABNT NBR ISO 9001, 2000, p. 2).

Para Werkema (1995, p.6), processo é:

uma combinação dos elementos equipamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas, tendo como objetivo a fabricação de um bem ou fornecimento de um serviço.

Ainda segundo a ABNT NBR ISO 9001 (2000), a aplicação de um sistema

de processos em uma organização, junto com a identificação, interações desses

processos e sua gestão, pode ser considerada uma “abordagem de processo”. Uma

vantagem da abordagem de processo é o controle contínuo sobre a ligação entre os

processos individuais dentro do sistema de processos, bem como sua combinação e

interação. Quando usada em um sistema de gestão da qualidade, essa abordagem

enfatiza a importância de:

– entendimento e atendimento dos requisitos;

– necessidade de se considerarem os processos em termos de valor

agregado;

– obtenção de resultados de desempenho e eficácia de processo; e

– melhoria contínua de processos baseada em medições objetivas.

Page 63: Logistica Reversa

62

Essa abordagem pode ser aplicada a partir da metodologia conhecida

como "Plan-Do-Check-Act" (PDCA) para todos os processos. O modelo PDCA pode

ser descrito resumidamente como segue6:

– Plan (planejar): estabelecer os objetivos e processos necessários

para fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e as

políticas da organização;

– Do (fazer): implementar os processos;

– Check (checar): monitorar e medir processos e produtos em relação

às políticas, aos objetivos e aos requisitos para o produto e relatar os

resultados;

– Act (agir): executar ações para promover continuamente a melhoria

do desempenho do processo.

Campos (1992, p. 31) define PDCA como:

O ciclo PDCA de controle pode ser utilizado para manutenção do nível de controle (ou cumprimento das “diretrizes de controle”), quando o processo é repetitivo e o plano (P) consta de uma meta que é uma faixa aceitável de valores e de um método que corresponde os “Procedimentos Padrão de Operação”. [...] Também utilizado nas melhorias do nível de controle (ou melhoria da “diretriz controle”). Neste caso, o processo não é repetitivo e o plano consta de uma meta que é um valor definido (por exemplo: reduzir o índice de peças defeituosas em 50%) e de um método, que compreende aqueles procedimentos próprios necessários para se atingir uma meta. Esta meta é o novo “nível de controle” pretendido.

É com base na abordagem de processos apresentada pela NBR ISO e na

complementação da metodologia PDCA que será estruturado o modelo de processo

logístico dos resíduos papel e papelão da Metform S/A. O planejamento do modelo

de processo logístico dos resíduos papel e papelão pode ser evidenciado na FIG.

6 Cumpre apontar que “método” é uma palavra de origem grega composta pela palavra meta (que significa

“alem de”) e pela palavra hodos (que significa “caminho”). Portanto, método significa “caminho para se chegar a um ponto além do caminho” (CAMPOS, 1992, p. 29).

Page 64: Logistica Reversa

63

15, em que são detalhados os principais subprocessos da Metform S/A para

realização dessa atividade.

FIGURA 15: Fluxograma geral do processo compartilhado. Fonte: Próprio autor.

Esse processo produtivo de fabricação de telhas, steel deck e acessórios

tem importância na formação do modelo do processo logístico, uma vez que está

diretamente relacionado com a geração dos resíduos papel e papelão. Ele

compreende:

– As entradas: são as matérias-primas, produtos auxiliares e recursos

humanos, físicos e financeiros;

– As saídas: constituem os produtos acabados e semi-acabados;

– Outras saídas: são os resíduos gerados no processo e que não

podem ser reutilizados neste.

Recebimento de matéria-prima

Fabricação de telhas, steel deck acessórios

Pintura Embalagem, armazenamento e expedição

Entrega ao cliente

Geração de Resíduos

Classificação e separação

Destinação do resíduo

Reciclagem Reutilização Aterro sanitário

Tratamento de superfície

Page 65: Logistica Reversa

64

A análise das saídas e de suas fontes geradoras permite a identificação

dos resíduos e seu impacto junto ao ambiente, além de auxiliar na identificação de

eventuais perdas no processo.

Nas próximas etapas, serão abordados com maior detalhamento os

passos para o planejamento, execução, verificação e ações propostas de controle

do processo com base na metodologia PDCA.

5.2 Etapas do Modelo

A aplicação do modelo de processo logístico deve passar por fases

distintas, que compõem todo o planejamento para implantação do ciclo reverso dos

resíduos. Seis são as fases distintas e dependentes que devem ser seguidas para

que o modelo seja praticável, a saber:

– Mapeamento do processo gerador dos resíduos papel e papelão;

– Diagnóstico da situação atual dos resíduos papel e papelão;

– Desenvolvimento do modelo de processo logístico dos resíduos papel

e papelão;

– Destinação dos resíduos papel e papelão;

– Implantação do modelo de processo logístico dos resíduos papel e

papelão; e

– Proposição de indicadores para avaliação do modelo de processo

logístico papel e papelão.

O mapeamento do processo gerador de resíduos durante a fabricação de

telhas, steel deck e acessório, com ou sem pintura, será realizado a partir da

identificação dos tipos de resíduos que são gerados por essa atividade, de forma a

quantificar e relacionar o tipo de resíduo com a fonte geradora. Será elaborada uma

Page 66: Logistica Reversa

65

planta do processo produtivo da Metform S/A de maneira a possibilitar um melhor

entendimento e visualização das interações do modelo de processo logístico. A

partir de então, será possível a proposição de ações para melhorar esse processo.

Para a realização do diagnóstico da situação atual dos resíduos papel e

papelão, será analisado o modo como funciona atualmente a gestão do processo de

resíduos de papel e papelão na Metform S/A. Esse processo existe desde o ano de

2001, devido a uma exigência da Fundação Estadual do Meio Ambiente, prevista na

Resolução Normativa 074/2004, que define que toda empresa que realiza atividades

potencialmente poluidoras deve monitorar a geração e destinação dos resíduos

gerados. Esse monitoramento é realizado pela Metform S/A periodicamente, sendo

enviados mensalmente à Fundação Estadual do Meio Ambiente os resultados dos

resíduos no período anterior, os quais seguem orientação das condicionantes da

Licença de Operação. A empresa deve também, anualmente, realizar Inventário de

Resíduos Sólidos Industriais, no qual consta, de acordo com a Conama 90/2005, a

quantidade de resíduos gerados no ano.

Para um maior embasamento do trabalho, será realizado um

levantamento dos dados históricos dos resíduos papel e papelão gerados nos doze

meses do ano de 2007, de maneira a possibilitar simulações de previsão de geração

de resíduos que possam minimizar os custos logísticos decorrentes das oscilações

de geração desses materiais. A coleta dessas informações consistirá na leitura do

relatório de automonitoramento enviado mensalmente à Fundação Estadual do Meio

Ambiente e do Inventário de Resíduos Sólidos Industriais realizado anualmente.

Buscar-se-á complementar a análise dessas informações com dados

secundários relevantes, tais como: paradas planejadas de fabricação de telhas, steel

Page 67: Logistica Reversa

66

deck e acessórios; oscilação na produção; e diminuição de turnos de trabalho. Essas

atividades darão suporte à implementação do modelo de processo logístico.

Para o desenvolvimento do modelo de processo logístico de resíduos,

deverão ser seguidas as diretrizes já estabelecidas pela Metform S/A para

realização das atividades do gerenciamento desses materiais, buscando-se, assim,

melhorá-lo. A FIG. 16 mostra o modelo proposto de processo logístico dos resíduos

papel e papelão.

FIGURA 16: Modelo de gestão de resíduos sólidos. Fonte: Próprio autor.

O modelo de processo logístico de resíduos sugere:

– Realizar diagnóstico: a partir do mapeamento do processo, será

possível identificar as fontes geradoras dos resíduos papel e papelão.

– Definição do fluxo e freqüência de recolhimento dos resíduos: essa

definição se faz necessária uma vez que os resíduos papel e papelão

gerados deverão ser encaminhados para o Depósito Temporário de

Resíduos para serem armazenados aguardar destinação final.

– Definição da forma de escoamento dos resíduos: o resíduo papel

será armazenado em coletores específicos com volume de 5 litros

distribuídos dentro de toda a empresa. O resíduo papelão chega à

produção em formato de caixa, a qual deverá ser desmanchada e

armazenada em paletes de madeira, de forma a diminuir o volume.

Realizar diagnóstico

Definição do fluxo e freqüência do recolhimento dos resíduos

Destinação dos resíduos

Definição da forma de escoamento dos resíduos

Page 68: Logistica Reversa

67

– Destinação dos resíduos: todos os resíduos serão encaminhados ao

Depósito Temporário de Resíduos para consolidação e posterior

destinação final.

A implantação do modelo de processo logístico dos resíduos papel e

papelão gerados no processo será gerenciada pela Metform S/A. A FIG. 17

apresenta um fluxograma do processo logístico para os resíduos da origem até o

destino final.

FIGURA 17: Fluxograma do processo de logística reversa dos resíduos papel e papelão. Fonte: Próprio autor.

Em cada etapa desse processo logístico, tem-se o envolvimento de

pessoas, transporte e controles pertinentes. A identificação do resíduo gerado no

processo será realizada a partir do levantamento dos resíduos gerados em

decorrência do processo de produção. Cada resíduo será relacionado no formulário

“Caracterização dos Resíduos Sólidos Gerados”, conforme mostra FIG. 18, e

Geração de Resíduos

Separação

Armazenagem em coletores

Coleta

Armazenagem no depósito temporário

Separação

Reciclagem

Aterro sanitário

Page 69: Logistica Reversa

68

classificado de acordo com Norma NBR 10.004 (2004). A FIG. 18 informa a

identificação dos resíduos, a fonte geradora, a classificação, as gerações, a

armazenagem, o transportador e o destino final.

FIGURA 18: Caracterização dos resíduos sólidos gerados. Fonte: Próprio autor.

Já a atividade de classificação e separação, como mostra a FIG. 19,

compreenderá a logística interna dos resíduos, identificando os trabalhos de coleta e

movimentação até o depósito temporário.

FIGURA 19: Classificação e separação. Fonte: Próprio autor.

Processo produtivo

Separação Armazenagem interna

Coleta

Page 70: Logistica Reversa

69

O resíduo limpo é separado em função de cada tipo, podendo ser cortado,

triturado e prensado. Esse material é enviado às recicladoras específicas, que tanto

podem fabricar um novo produto utilizando o material reciclado quanto vendê-lo

como matéria-prima. Dessa forma, têm-se os custos de controle e transporte até as

recicladoras. Caso haja algum tipo de resíduo contaminado cuja recuperação não

seja possível, ele deverá ser enviado ao aterro sanitário para tratamento. Observa-

se, neste ponto, custos de movimentação e mão-de-obra. Assim sendo, verifica-se

que os resíduos seguirão para reciclagem, reaproveitamento ou aterro sanitário,

como mostrado na FIG. 20.

FIGURA 20: Destinação final dos resíduos. Fonte: Próprio autor.

Cumpre lembrar que, durante todo o ciclo reverso, a empresa geradora,

de acordo com a legislação vigente, é co-responsável pelo manuseio, transporte,

destinação incorreta dos resíduos e danos causados ao meio ambiente. Além disso,

verifica-se que, em todo o ciclo logístico reverso aplicado aos resíduos papel e

papelão, existem custos a serem considerados, tais como: custos de mão-de-obra e

custos dos resíduos. Essa análise pode ser realizada com objetivo de possibilitar um

gerenciamento efetivo, auxiliando na redução desses custos. Isso aconteceria por

meio da implantação de ações diretas no processo à medida que se trabalhasse em

função da diminuição dos resíduos gerados.

Forma de Destinação

Aterro sanitário

Reaproveitamento

Reciclagem

Page 71: Logistica Reversa

70

Com o objetivo de maximizar os resultados (essenciais à sobrevivência de

organização), propõe-se, neste trabalho, a realização mensal de uma previsão de

geração dos resíduos papel e papelão de maneira a flexibilizar a mão-de-obra em

função da fabricação de telhas, steel deck e acessórios. Logo, esse será um

importante indicador e direcionador do processo logístico da Metform S/A, uma vez

que a geração de resíduos está intimamente ligada à fabricação de telhas, steel e

acessórios. A aplicação do método de previsão de demanda terá como base a

metodologia vista no Capítulo 3 deste trabalho.

Uma visualização clara do modelo mostra como a Metform S/A poderá

gerenciar os resíduos sólidos papel e papelão e buscar reduzir seus custos desde a

geração até a destinação dos resíduos, à medida que direciona seu foco para meios

que possibilitam um maior controle dos resíduos sólidos gerados durante o processo

de produção e para uma destinação final adequada desses materiais. Então, todos

os esforços e estruturas relacionadas anteriormente com o modelo de processo

logístico dos resíduos passam a fazer parte de uma Logística Reversa definida e

com gerenciamento próprio.

5.2.1 Descrição da Aplicação do Modelo

Com base na descrição do processo atual apresentado no Capítulo 4, foi

sugerido um mapeamento do processo gerador de resíduos papel e papelão, o qual

pode ser visualizado na FIG. 21.

Page 72: Logistica Reversa

71

FIGURA 21: Fluxo de Geração de Resíduo Papelão dentro do Processo Produtivo. Fonte: Próprio autor.

Observa-se que, apesar do resíduo papel aparecer na maior parte dos

processos de fabricação de telhas, steel deck e acessórios, o seu volume é inferior

ao do resíduo papelão. Isso é explicado pelo fato de o resíduo papelão ser oriundo

das caixas de tinta utilizada para pintura das telhas, steel deck e acessórios, o que

acarreta um maior volume.

Levando-se em consideração as quantidades geradas em cada processo

e os valores que elas representam para o modelo de processo logístico apresentado

no Capítulo 4, foi elaborado um fluxo para gerenciamento desse processo. A FIG. 22

apresenta que cada processo gerador realiza a seleção do resíduo em função de

sua característica. Neste caso, a seleção pode ser realizada da seguinte forma:

– Papel branco;

– Papel diverso; e

– Papelão.

Page 73: Logistica Reversa

72

FIGURA 22: Fluxo reverso proposto para os resíduos papel e papelão na Metform S/A. Fonte: Próprio autor.

De acordo com o fluxo reverso proposto para os resíduos papel e

papelão, cada processo gerador é responsável por selecionar os diversos tipos de

resíduos e destiná-los aos locais de pré-armazenagem antes de serem destinados

ao depósito temporário de resíduos. No depósito temporário de resíduos, esses

materiais ficam armazenados por períodos determinados em função da quantidade

de resíduos gerados, de maneira a somar quantidades que justifiquem sua

destinação para o mercado de reciclagem e que sejam economicamente rentáveis

para a Metform S/A. Desse modo, com base no levantamento dos dados históricos

de janeiro a dezembro de 2007 e em entrevistas com os funcionários que executam

essas atividades de coleta dos resíduos papel e papelão, sugere-se a seguinte

freqüência de recolhimento:

– Papel: duas vezes ao dia (manhã e tarde); e

– Papelão: uma vez ao dia (tarde).

O resíduo papelão oriundo das caixas de tinta pode ser desmanchado e

armazenado sobre paletes, não podendo estar contaminado com ácidos, óleos e

graxas. Já o resíduo papel pode ser acondicionado em coletores com volume

Page 74: Logistica Reversa

73

aproximado de 5 litros. Após esse pré-acondicionamento, esses materiais podem ser

enviados ao depósito temporário de resíduos para aguardar a destinação final.

5.2.2 Previsão de Demanda

Diferentes níveis de previsão requerem diferentes métodos de previsão.

Com base no levantamento dos dados históricos da geração dos resíduos papel e

papelão, realizou-se uma simulação de cenário para os próximos períodos, levando

em consideração a análise mensal do período de janeiro a dezembro/2007

apresentada no Capítulo 4.

Tal qual apontado no Capítulo 3, todos os dados e informações

importantes para previsão foram coletados e organizados em um banco de dados

que permite a atualização com a aplicação de informações mais recentes e

utilização de filtros de pesquisa. Como a coleta das informações é realizada

diariamente, houve a necessidade de agregação de seus elementos de forma a

visualizar com facilidade um padrão de comportamento da série que se manifeste

em uma base mensal. Devido à baixa complexidade e ao volume das informações

analisadas, foi empregado um software que é de fácil utilização, aprendizado, baixo

custo e compatível com sistema operacional utilizado pela empresa e que atende à

capacidade de processamento das informações.

O modelo de série temporal aplicado para simulação do cenário foi

suavização exponencial simples, uma vez que a geração dos resíduos papel e

papelão não apresenta tendência ou sazonalidade. Esse modelo é mais adequado

quando a situação é estável e o padrão básico da demanda não sofre variações

significativas de um ano para outro. A implementação dele é mais simples e já serve

Page 75: Logistica Reversa

74

como ponto de partida para uma previsão de demanda. As Tabelas 9, 10 e 11, a

seguir, apresentam os resultados da previsão para os três tipos de resíduos:

TABELA 9: Previsão de demanda do resíduo papelão

Período (t) Demanda (Dt) Nível (Lt) Previsão (Ft) Erro (Et)Erro

Absoluto

Erro

Quadrático

Medio (EQMt)

DAM(t)

Erro

Percentual

(%)

EAMP TS(t)

0 646,19

1 645,21 646,09 646,19 0,97 0,97 0,95 0,97 0,15 0,15 1,0

2 649,58 646,44 646,09 -3,49 3,49 6,57 2,23 0,54 0,34 -1,1

3 644,81 646,27 646,44 1,63 1,63 5,26 2,03 0,25 0,31 -0,4

4 640,28 645,67 646,27 5,99 5,99 12,93 3,02 0,94 0,47 1,7

5 644,54 645,56 645,67 1,13 1,13 10,60 2,64 0,18 0,41 2,4

6 642,84 645,29 645,56 2,72 2,72 10,07 2,66 0,42 0,41 3,4

7 653,25 646,09 645,29 -7,96 7,96 17,68 3,42 1,22 0,53 0,3

8 648,48 646,32 646,09 -2,39 2,39 16,19 3,29 0,37 0,51 -0,4

9 650,35 646,73 646,32 -4,03 4,03 16,19 3,37 0,62 0,52 -1,6

10 645,32 646,59 646,73 1,41 1,41 14,77 3,17 0,22 0,49 -1,3

11 643,74 646,30 646,59 2,85 2,85 14,16 3,14 0,44 0,49 -0,4

12 645,82 646,25 646,30 0,48 0,48 13,00 2,92 0,07 0,45 -0,2

alpha 0,1

Papelão

Fonte: Próprio autor.

Como indicado na Tabela 9 a razão de viés que varia -1,6 a 3,4, a

previsão utilizando suavização exponencial simples com α=0,1 não apresenta

nenhum viés significativo. Observa-se que o DAM12 é 2,92 e o EAMP12 1,12 são

significativamente baixos. Logo a estimativa de desvio-padrão de erro de previsão

utilizando a suavização exponencial simples é 1,25 x 2,92= 3,65.

TABELA 10: Previsão de demanda do resíduo papel diverso

Período (t) Demanda (Dt) Nível (Lt) Previsão (Ft) Erro (Et)Erro

Absoluto

Erro

Quadrático

Medio (EQMt)

DAM(t)

Erro

Percentual

(%)

EAMP TS(t)

0 31,05

1 31,47 31,09 31,05 -0,42 0,42 0,18 0,42 1,34 1,34 -1,0

2 30,86 31,07 31,09 0,23 0,23 0,12 0,33 0,75 1,04 -0,6

3 31,3 31,09 31,07 -0,23 0,23 0,10 0,29 0,74 0,94 -1,4

4 31,95 31,18 31,09 -0,86 0,86 0,26 0,44 2,69 1,38 -2,9

5 30,58 31,12 31,18 0,60 0,60 0,28 0,47 1,95 1,49 -1,5

6 31,46 31,15 31,12 -0,34 0,34 0,25 0,45 1,09 1,43 -2,3

7 30,53 31,09 31,15 0,62 0,62 0,27 0,47 2,03 1,51 -0,9

8 31,82 31,16 31,09 -0,73 0,73 0,30 0,50 2,30 1,61 -2,3

9 30,66 31,11 31,16 0,50 0,50 0,30 0,50 1,64 1,61 -1,3

10 29,94 30,99 31,11 1,17 1,17 0,40 0,57 3,91 1,84 0,9

11 31,81 31,08 30,99 -0,82 0,82 0,43 0,59 2,56 1,91 -0,5

12 30,2 30,99 31,08 0,88 0,88 0,46 0,62 2,90 1,99 1,0

alpha 0,1

Papel Diverso

Fonte: Próprio autor.

Page 76: Logistica Reversa

75

Como indicado na Tabela 11 a razão de viés que varia -2,9 a 1,0, a

previsão utilizando suavização exponencial simples com α=0,1 não apresenta

nenhum viés significativo. Observa-se que o DAM12 é 0,62 e o EAMP12 1,99 são

significativamente baixos. Logo a estimativa de desvio-padrão de erro de previsão

utilizando a suavização exponencial simples é 1,25 x 0,62= 0,78.

TABELA 11: Previsão de demanda do resíduo papel branco

Período (t) Demanda (Dt) Nível (Lt) Previsão (Ft) Erro (Et)Erro

Absoluto

Erro

Quadrático

Medio (EQMt)

DAM(t)

Erro

Percentual

(%)

EAMP TS(t)

0 19,43

1 19,45 19,43 19,43 -0,02 0,02 0,00 0,02 0,11 0,11 -1,0

2 19,13 19,40 19,43 0,30 0,30 0,05 0,16 1,57 0,84 1,7

3 20,48 19,51 19,40 -1,08 1,08 0,42 0,47 5,27 2,32 -1,7

4 19,54 19,51 19,51 -0,03 0,03 0,31 0,36 0,16 1,78 -2,3

5 19,56 19,52 19,51 -0,05 0,05 0,25 0,30 0,25 1,47 -3,0

6 19,47 19,51 19,52 0,05 0,05 0,21 0,25 0,24 1,27 -3,3

7 18,82 19,44 19,51 0,69 0,69 0,25 0,32 3,68 1,61 -0,4

8 19,78 19,48 19,44 -0,34 0,34 0,23 0,32 1,71 1,62 -1,5

9 19,23 19,45 19,48 0,25 0,25 0,21 0,31 1,28 1,58 -0,8

10 18,47 19,35 19,45 0,98 0,98 0,29 0,38 5,32 1,96 2,0

11 19,52 19,37 19,35 -0,17 0,17 0,26 0,36 0,85 1,86 1,6

12 19,69 19,40 19,37 -0,32 0,32 0,25 0,36 1,62 1,84 0,7

alpha 0,1

Papel Branco

Fonte: Próprio autor.

Como indicado na Tabela 11 a razão de viés que varia -3,3 a 2,0, a

previsão utilizando suavização exponencial simples com α=0,1 não apresenta

nenhum viés significativo. Observa-se que o DAM12 é 0,36 e o EAMP12 1,84 são

significativamente baixos. Logo a estimativa de desvio-padrão de erro de previsão

utilizando a suavização exponencial simples é 1,25 x 0,36= 0,45.

Os resultados encontrados nas Tabelas 9, 10 e 11 foram baseados nas

fórmulas de cálculos apresentados no Capítulo 3. Dessa forma, têm-se as seguintes

previsões para os próximos quatro períodos:

– Papelão:

F13 = F14 = F15 = F16 = Lt 12 = 646,25 kg;

Page 77: Logistica Reversa

76

– Papel Diverso:

F13 = F14 = F15 = F16 = Lt 12 = 30,99 kg; e

– Papel Branco:

F13 = F14 = F15 = F16 = Lt 12 = 19,40 kg.

De acordo com o critério de avaliação do modelo de séries temporais, é o

cálculo dos erros que valida a aplicação correta do modelo de previsão de demanda,

sendo que, nesse caso, toma-se como base a razão de viés (TS). Se o TS em

qualquer período estiver fora da faixa +6 em qualquer ponto das tabelas analisadas,

isso significa que a previsão está enviesada e que pode estar subestimada ou

superestimada. Nesse caso, a organização deve optar pela escolha de um novo

modelo de previsão. Observa-se, nos 12 períodos apresentados nas Tabelas 9, 10 e

11, que todos os resultados de TS estão dentro do critério estabelecido, validando,

assim, o modelo escolhido.

De posse dos resultados apresentados na previsão de demanda para a

geração dos resíduos papel e papelão e dos custos logísticos apresentados nas

Tabelas 12 e 13, sugere-se uma destinação final realizada bimestralmente, de

maneira a minimizar os custos logísticos e buscar algum ganho durante a realização

dessa atividade.

TABELA 12: Custos médios de mão-de-obra com gerenciamento de resíduos

Setor Tarefa Tempo (horas/dia) Homem/hora Preço Valor mensal

(R$48 dias) Administração Recolhimento de papel 1,0 2,20 2,20 105,60

Produção Recolhimento de papel e papelão

1,0 2,64 2,64 126,72

Total 232,32 Fonte: Próprio autor.

Page 78: Logistica Reversa

77

Na TAB. 13, em que se estratifica o resíduo papel branco e papel diverso,

o modelo apresenta a quantidade e o preço de venda bimestral dos resíduos

gerados pelos materiais usados durante os processos.

TABELA 13: Custo médio dos resíduos dos materiais vendidos no processo

Tipo de resíduo Quantidade Bimestral (kg) Preço (R$) Total (R$)

Papel branco (impressora blocos, cadernos) 40 0,20 8,00 Papelão (embalagens não plastificadas) 1280 0,18 230,40 Papel diverso ((jornais, revistas, presentes, impressos em geral)

60 0,03 1,80

Total 240,20 Fonte: Próprio autor.

Os custos e valores apresentados mostram a situação proposta e

fornecem informações importantes para que os responsáveis pela gestão atuem

com o objetivo de mudar o quadro apresentado no Capítulo 4. Observa-se que o

processo de destinação dos resíduos papel e papelão será realizado

bimestralmente, o que diferencia da maneira atual que trabalha com a freqüência

mensal.

Desse modo, a partir da relação entre os valores recebidos e pagos no

modelo proposto, verifica-se um resultado positivo. Conforme demonstrado na

TAB. 13, a venda mensal dos resíduos dos resíduos soma R$ 120,10; porém, com o

envio bimestral, obtém-se o resultado de R$ 240,20. Já os valores gastos com a

mão-de-obra e outros custos somam, bimestralmente, um total de R$ 232,32

(TAB. 12) no modelo de processo logístico dos resíduos, de modo que se obtém um

saldo positivo de R$ 7,88.

Observa-se que a proposta de modelo de processo logístico auxiliaria a

Metform S/A a deixar de ter um resultado negativo mensal de R$ 2,82 (GRAF. 4) e

Page 79: Logistica Reversa

78

passar a ter um lucro bimestral no valor R$ 7,88 (GRAF. 5), mesmo que mínimo em

função do porte da empresa.

GRÁFICO 4: Receita com Modelo Atual de Processo Logístico. Fonte: Próprio autor.

GRÁFICO 5: Receita com Modelo Proposto de Processo Logístico. Fonte: Próprio autor.

5.2.3 Discussão sobre a Utilização do Modelo

Como comentado anteriormente, a empresa possui, ainda que primário,

um modelo de gerenciamento dos resíduos papel e papelão. A visão de um modelo

Page 80: Logistica Reversa

79

de processo logístico de resíduo mais eficiente poderia trazer resultados positivos

referentes à logística reversa, possibilitando à própria empresa reinvestir os recursos

até então não mensurados.

A forma de escolha do método de previsão de demanda com séries

temporais de suavização exponencial simples levou em consideração os dados

obtidos no Capítulo 4. Os dados coletados foram agrupados e auxiliaram na

especificação dos diversos fatores temporais (período, intervalo e horizonte) que

direcionam para obtenção dos resultados do sistema de previsão.

Todos os dados históricos apresentados pela empresa foram analisados

antes de se considerar a praticidade do método de suavização exponencial simples.

Os resultados obtidos por esse método permitem uma fácil compreensão dos

usuários em relação às previsões, o que garante informações que auxiliam os

responsáveis pela previsão a tomar decisões a partir da avaliação da incerteza que

cerca as estimativas das previsões em outras situações.

A partir da simulação do sistema de previsão de demanda de geração dos

resíduos papel e papelão para os próximos períodos, tem-se a necessidade de

realização de um acompanhamento eficaz visando identificar a precisão dos

resultados simulados e propor ações que corrijam os erros encontrados. A precisão

da previsão dependerá dos dados obtidos e da estabilidade do processo; logo,

sugere-se a comparação dos valores previstos com os valores realizados de forma a

validar o método de suavização exponencial simples.

Page 81: Logistica Reversa

80

6 CONCLUSÃO

6.1 Literatura Específica sobre Logística Reversa

O presente estudo visou desenvolver um modelo para logística reversa no

atual ambiente de negócios fortemente marcado pela presença de fluxos de retorno

dos chamados “bens de pós-consumo”. Como visto, os bens de pós-consumo

caracterizam-se, em um primeiro momento, como materiais oriundos de descarte,

por terem chegado ao final de sua vida útil, não possuírem mais utilidade ao

proprietário original ou constituírem-se em resíduos. Esses materiais, contudo,

podem ser, de alguma forma, reaproveitados, em uma extensão de sua vida útil, e,

somente em último caso, eliminados do ciclo produtivo, sendo enviados a destinos

finais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários.

Buscou-se contextualizar o tema por meio de uma ampla revisão da

literatura, englobando os aspectos relacionados à logística reversa, tais como

conceitos, origem, atividades, processos, importância, fatores motivadores,

sustentabilidade, barreiras à execução e uma série de outros fatores de igual

relevância. Sobre a revisão da literatura, foram ressaltados fatores críticos que

afetam a eficácia da implementação integrada dos fluxos reversos, os aspectos

relevantes que interferem na decisão da sua implantação e estrutura pode ser

utilizada pela empresa. Concluiu-se que há muita carência de estudos acadêmicos

devido ao fato de este tema ainda ser pouco explorado, principalmente no Brasil.

Buscou-se estruturar uma seqüência das idéias sobre a logística reversa de forma a

facilitar ao leitor o seu entendimento e diminuir um pouco essa limitação sobre o

Page 82: Logistica Reversa

81

tema, a qual faz com que fatores críticos de sucesso dessa abordagem acabem

sendo questionados diante da utilização inadequada dos seus princípios.

A literatura apresenta vantagens sob o ponto de vista teórico e prático

para a logística reversa. Na perspectiva teórica, ressalta-se que o tema foi analisado

seguindo um embasamento metodológico extremamente cuidadoso, constituindo,

pois, um material relevante para compor a literatura sobre o tema pesquisado. Como

visto na literatura, destaca-se que não foi encontrado qualquer modelo de processo

de logística reversa que se baseie no processo logístico dos resíduos papel e

papelão com foco no fluxo reverso de pós-consumo de indústria metalúrgica. Sob o

ponto de vista prático, é importante ressaltar algumas características, tais como: a

utilização adequada da força de mão-de-obra de maneira a reduzir seu custo, o

aumento considerável da descartabilidade dos produtos, a crescente

conscientização da sociedade sobre a sustentabilidade e a necessidade de redução

da utilização de matéria-prima virgem. Todos esses fatores exigem uma nova

postura estratégica das organizações, o que justificou a relevância prática do

presente estudo.

6.2 Conclusão sobre o Estudo de Caso

Em síntese, a partir da análise e da reflexão acerca dos resultados, foram

alcançados os objetivos específicos propostos:

– Descrição do processo produtivo da empresa Metform S/A. Em

relação ao primeiro objetivo específico, foi mapeado e descrito o

processo que compreende desde a fabricação de telhas, steel deck e

acessórios, com ou sem pintura, até o gerenciamento dos resíduos

papel e papelão que são fortemente impactados pelo processo

Page 83: Logistica Reversa

82

produtivo da empresa Metform S/A. O Capítulo 4 apresentou a

descrição atual do processo, permitindo a visualização de como é

estruturado o processo de logística reversa dos resíduos papel e

papelão na Metform S/A. Observou-se que não é realizada uma

separação dos resíduos papel branco e papel diverso durante a sua

destinação final, sendo ambos comercializados como papel diverso a

custo menor em função da qualidade do material para o mercado.

– Identificação e descrição dos resíduos papel e papelão gerados no

processo. A partir do mapeamento do processo de fabricação de

telhas, steel deck e acessórios, com ou sem pintura, foram

identificados e descritos os tipos de resíduos gerados em cada

processo de maneira que pudessem ser mensuradas as quantidades

geradas. Verificou-se que os resíduos papel e papelão oriundos das

caixas de tinta representam a maior receita obtida com a destinação

desses resíduos para o mercado em função do processo produtivo.

Logo, o resíduo papelão torna-se um importante indicador para o

estudo de caso, pois a sua geração está ligada diretamente à pintura

das telhas, steel deck e acessórios, o que implica que o

gerenciamento reverso desse resíduo tem como base a programação

de produção da empresa.

– Levantar as quantidades dos resíduos papel e papelão gerados nos

meses do ano de 2007. A partir da análise dos relatórios de

automonitoramento elaborados pela Metform S/A para atender às

exigências da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), foi

possível levantar as quantidades de resíduos gerados no período

Page 84: Logistica Reversa

83

descrito, como apresentado também no Capítulo 4. Esses dados

foram agrupados em tabelas e posteriormente apresentados em

forma gráfica de maneira a verificar o comportamento e, então,

selecionar o modelo mais adequado de previsão de demanda,

conforme apresentado no estudo de caso no Capítulo 3.

– Identificar os preços de venda de mercado para os resíduos papel e

papelão. No capítulo 4, foram identificados, por meio de entrevista

com o responsável pelo gerenciamento dos resíduos, os preços de

venda aplicados pelo mercado de reciclagem. A partir da

identificação dos valores ofertados pelo mercado de reciclagem,

observou-se que a Metform S/A tem a oportunidade de melhorar seu

ganho financeiro com a atividade de logística reversa dos resíduos

papel e papelão. Caso opte por realizar a estratificação do resíduo

papel em papel branco e papel diverso, será possível ter receitas

diferenciadas (R$ 0,20/kg e R$ 0,03/kg, respectivamente), sendo

que, atualmente, todo o resíduo papel é vendido como papel diverso

a R$ 0,03/kg devido à falta de separação desses materiais.

– Desenvolver um modelo de processo logístico dos resíduos papel e

papelão. No Capítulo 5, foi apresentado o modelo proposto de

processo logístico dos resíduos papel e papelão, descrevendo-se as

diversas etapas a serem seguidas para a sua implementação. O

modelo proposto utilizou a metodologia PDCA, estabelecendo as

etapas a serem seguidas para a implementação de um processo

logístico reverso. Essa metodologia é bastante conceituada, sendo a

base para implantação do sistema de gestão da qualidade através da

Page 85: Logistica Reversa

84

ABNT NBR ISO 9001 (2000) nas empresas. Ela tem como foco

planejamento, execução, verificação e ação para se obter melhoria

contínua do processo. É essa melhoria contínua que permite à

empresa realizar um serviço de qualidade a baixo custo,

assegurando, assim, sua competitividade no mercado.

– Fazer uma simulação da aplicação do modelo de processo logístico

dos resíduos papel e papelão. No capítulo 5, foi apresentada a

simulação da aplicação do modelo proposto tendo como base a

metodologia apresentada no Capítulo 3 para previsão de demanda. A

partir da simulação pelo método de suavização exponencial simples,

observou-se a possibilidade da promoção de ganhos para Metform

S/A e assegurando a sustentabilidade, bem como a destinação dos

seus resíduos de forma não agressiva ao meio ambiente. De acordo

com os critérios para aplicação do método apresentados no Capítulo

3, verificou-se a viabilidade de execução do projeto proposto neste

trabalho para a empresa através de uma boa gestão dos seus

recursos que é de fundamental importância para o sucesso dessa

atividade.

A partir das conclusões apresentadas, pode-se afirmar que o objetivo

geral deste estudo, que consiste em “propor um modelo de processo logístico para

coleta, seleção, desmontagem, armazenagem e disposição dos resíduos papel e

papelão”, foi plenamente alcançado e recebeu especial atenção e detalhada

explicação no Capítulo 4.

Page 86: Logistica Reversa

85

6.3 Recomendações para Empresa

Nesta seção, realizam-se recomendações de caráter mais geral, com a

finalidade de se refletir sobre alguns aspectos desenvolvidos para fortalecer o

modelo de processo logístico da Metform S/A. Sugere-se o seguinte.

– Refinamento no monitoramento de geração das quantidades dos

resíduos papel e papelão gerado, de maneira a possibilitar a

identificação de cada embalagem e determinar aquelas que não

foram reinseridas no fluxo reverso, o seu destino e o braço do canal

de distribuição que responde por seu retorno. Isso constituiria

informação fundamental para melhoria das ações de comunicação

buscando corrigir comportamentos não colaborativos e incentivar a

maior integração entre os processos de produção.

– Dado que o lucro com a implementação do processo logístico é

baixo, acredita-se que a implantação permitiria a empresa assegurar

também o seu comprometimento com as questões de preservação

ambiental a partir do aparecimento de uma nova cultura que pode

sintetizada “reduza - reuse - recicle”, que privilegia uma maior

responsabilidade ao observar os impactos de seus produtos no meio

ambiente.

Nele a empresa deixa uma fase reativa onde desembaraça seus

resíduos através de uma simples retirada evitando custos de

disposição final, com motivação principal de retorno de investimento e

soluções de curto prazo e passa para uma fase pró-ativa com o

objetivo de agregar valor. Integra-se à sua reflexão estratégica o

diferencial competitivo tendo em vista os impactos causados ao meio

Page 87: Logistica Reversa

86

ambiente, projetando produtos para serem facilmente desmontados

ou reciclados, criando assim uma rede de comprometimento com o

meio ambiente em suas redes de suprimentos e distribuição.

Esse comprometimento ao longo de todos os níveis hierárquicos

garante elevado grau de satisfação e orgulho dos funcionários que se

traduzirá em maior criatividade em suas funções e processos de

melhorias constantes. Logo a empresa obtém além da redução de

custos operacionais, ganho de competitividade e reforço a imagem

corporativa.

As conclusões são úteis no direcionamento de ações a serem tomadas

pelas pessoas envolvidas de maneira a possibilitar uma gestão adequada dos

recursos e evitar uma perda de qualidade no controle dos resíduos papel e papelão

que podem vir a causar sérios danos ao meio ambiente e assegurando a

sustentabilidade do negócio.

6.4 Pesquisas Futuras

Ao final deste estudo de caso, recomendam-se alguns caminhos para

futuras pesquisas, com a finalidade de expandir os resultados sobre o assunto

tratado. Como essa pesquisa abordou um tema ainda não muito explorado no meio

acadêmico brasileiro, há um campo amplo de pesquisa a ser investigado.

O estudo teve como limitação a falta de uma maior diversidade de revisão

da literatura no que diz respeito à logística reversa de papel e papelão de indústria

metalúrgica. Dessa forma, a partir das conclusões e visando a um maior

desenvolvimento na área e do tema do presente estudo, sugere-se a condução de

outros estudos, tais como:

Page 88: Logistica Reversa

87

– Estender o modelo de processo logístico para outros tipos de

resíduos gerados no processo de fabricação de telhas, steel deck e

acessórios da Metform S/A.

– Estender a pesquisa a outras empresas que são classificadas,

conforme Resolução Normativa 074/2004, como potencialmente

poluidoras do distrito industrial no qual se localiza a Metform S/A,

visto que os impactos ambientais também são semelhantes entre

essas empresas.

Acredita-se que o desenvolvimento dessas linhas de pesquisa virá a

contribuir para o crescimento integrado da logística, especialmente dos fluxos

reversos, consolidando-os como atividade essencial às exigências do mercado

moderno, caracterizado por uma crescente consciência ambiental.

Page 89: Logistica Reversa

88

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