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Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 425| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo | DIÁRIO d o B R A S I L Páginas 4 e 5 ENSAIO: Tribal Tech 2008 é a maior festa rave do sul do Brasil - Página 8 Felipe Waltrick/LONA Rave reúne mais de 15 mil pessoas em Curitiba Amanda Ribas/LONA A falta de tempo, muitas ve- zes, se torna um empecilho para a prática de atividades físicas com regularidade. Exercício irregular pode ocasionar lesão Página 7 Conheça a trajetória de al- guém que não gosta de se defi- nir em uma função, mas que assume ocupações diversas como a de pesquisador, inven- tor, cronista e cineasta. Perfil conta a história de amante do cinema Página 6 Reportagem mostra a luta dos homossexuais Os psicólogos dizem que a fa- mília costuma ser uma agência de controle de comportamento poderosa, e que o papel de apoio durante o processo de autoco- nhecimento é fundamental. A psicologia é uma ciência de longa exis- tência, mas de vida curta. Isso porque os seres humanos sempre pensaram em questões como a vida, a morte, a alma e as causas de seus medos e angústias. Mas o termo psi- cologia só apareceu no sécu- lo XVI com Rodolfo Goclénio. 27 de agosto: dia do psicólogo Página 3 Divulgação Página 3 Ontem, na Assembléia Legis- lativa, aconteceu uma reunião que discutiu a obrigatoriedade de os supermercados disponibi- lizarem sacolas plásticas que causem menor impacto ambien- tal. A iniciativa é do programa Desperdício Zero, da Secretaria do Meio Ambiente, e tem por objeti- vo reduzir 30% do lixo e eliminar lixões a céu aberto no Paraná. A discussão não implicou ações com resultados imediatos, mas o que ficou claro é que se os esta- belecimentos não se adaptarem às regras, é provável que uma atitude drástica, como a proibi- ção total do uso de plástico em sacolas, seja tomada. Audiência pública prevê possibilidade de proibição no uso de sacolas plásticas

LONA 425- 27/08/2008

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008 | Ano IX | nº 425| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

DIÁRIO

do

BRASIL

Páginas 4 e 5

ENSAIO: Tribal Tech 2008 é a maior festa rave do sul do Brasil - Página 8

Felipe Waltrick/LONA

Rave reúne mais de 15 mil pessoas em Curitiba

Amanda Ribas/LONA

A falta de tempo, muitas ve-zes, se torna um empecilho paraa prática de atividades físicascom regularidade.

Exercício irregularpode ocasionar lesão

Página 7

Conheça a trajetória de al-guém que não gosta de se defi-nir em uma função, mas queassume ocupações diversascomo a de pesquisador, inven-tor, cronista e cineasta.

Perfil conta a históriade amante do cinema

Página 6

Reportagem mostra aluta dos homossexuais

Os psicólogos dizem que a fa-mília costuma ser uma agênciade controle de comportamentopoderosa, e que o papel de apoiodurante o processo de autoco-nhecimento é fundamental.

A psicologia é uma ciência de longa exis-tência, mas de vida curta. Isso porqueos seres humanos sempre pensaramem questões como a vida, a morte, aalma e as causas de seus medose angústias. Mas o termo psi-cologia só apareceu no sécu-lo XVI com Rodolfo Goclénio.

27 de agosto: dia do psicólogo

Página 3 Divulgação

Página 3

Ontem, na Assembléia Legis-lativa, aconteceu uma reuniãoque discutiu a obrigatoriedadede os supermercados disponibi-lizarem sacolas plásticas quecausem menor impacto ambien-tal. A iniciativa é do programaDesperdício Zero, da Secretaria doMeio Ambiente, e tem por objeti-vo reduzir 30% do lixo e eliminarlixões a céu aberto no Paraná. Adiscussão não implicou açõescom resultados imediatos, mas oque ficou claro é que se os esta-belecimentos não se adaptaremàs regras, é provável que umaatitude drástica, como a proibi-ção total do uso de plástico emsacolas, seja tomada.

Audiência pública prevê possibilidadede proibição no uso de sacolas plásticas

Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

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“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

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Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guimarães.VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José Pio Mar-tins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Adminis-Adminis-Adminis-Adminis-Adminis-trativo:trativo:trativo:trativo:trativo: Arno Antônio Gnoat-to; Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-Pró-Reitor de Gradua-ção:ção:ção:ção:ção: Renato Casagrande;;;;;Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Pró-Pró-Pró-Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-GraduaçãoReitor de Pós-Graduaçãoe Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa:e Pesquisa: Luiz HamiltonBerton; Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-Pró-Reitor de Pla-

nejamento e nejamento e nejamento e nejamento e nejamento e AAAAAvaliação Ins-valiação Ins-valiação Ins-valiação Ins-valiação Ins-titucional:titucional:titucional:titucional:titucional: Renato Casagran-de; Coordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do Cursode Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro; Pro-Pro-Pro-Pro-Pro-fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores:fessores-orientadores: AnaPaula Mira, Elza Aparecida deOliveira e Marcelo Lima; Edi-Edi-Edi-Edi-Edi-tores-chefes:tores-chefes:tores-chefes:tores-chefes:tores-chefes: Anny Carolin-ne Zimermann e Antonio Car-los Senkovski

Felipe Waltrick

Voltar de viagem é um atoque envolve emoções boas e ru-ins ao mesmo tempo.

Lembrar de todas as aven-turas e experiências que sepassa em lugares fora de suarotina pode se tornar umafrustração momentos após ainevitável chegada. Porém, aomesmo tempo em que é duropensar que já acabou, é exta-siante lembrar-se de tudo quepassou e conseqüentementeaprendeu.

O não-viajante é uma pes-soa que deseja voltar no tem-po e recomeçar todos os pre-parativos de sua última via-gem, mas quando comemoraos feitos e histórias que entra-ram em seus contos de memó-rias já pensa na próxima jor-nada. Ser um não-viajante éapenas um estado passageiro,logo ele se torna de novo umviajante.

no mesmo quarto que ronca, ooutro que fede, e por aí vai.

Longe afirmar que isso é umdefeito do viajante, pois é inevi-tável estabelecer para qualquerpessoa, um laço com o seu pon-to de apoio, aquele lugar que éa sua origem, mesmo sem ternascido lá.

Tem um fator muito impor-tante no momento da volta queinfluencia todas as suas futu-ras relações. É o fator da expe-riência com a vivência. Sempreapós uma viajem com os diascertos em lugares marcantes,as suas idéias e ideologias ga-nham elementos a mais nosseus pensamentos, influencian-do a maneira como irá convi-ver como o próximo a partir daí.

É engraçado como aquele friona barriga que ataca em todosos momentos de volta acabalogo depois do primeiro abraçoque se dá nas pessoas amadas.

De uma forma ou de outra oprimeiro abraço significa: Pron-to. Parti, cheguei e estou vivo.

Augusto Klein

As questões econômicaspossuem importância mundi-al, mas, para muitos, suasorigens poderiam ser conside-radas “gregas”. Obviamente,a referência feita aqui não re-mete aos primórdios da econo-mia como ciência ou organi-zação, e sim à dificuldade decompreensão da população emrelação aos acontecimentoseconômicos do cotidiano.

Estes desdobramentos de-veriam ser facilmente absor-vidos pelas pessoas, pois influ-enciam diretamente em suasvidas. Mas, nesta incertezagerada por incontáveis impos-tos e uma constante burocra-cia, predominam as opiniõespróprias sobre as questões eco-nômicas, que, geralmente, le-vam a conclusões distorcidassobre o assunto. Um exemploclássico desta questão é a que-da do dólar, que, apesar de sercomemorada por muitos bra-sileiros, não é tão benéfica parao país como aparenta.

É compreensível que seja

Aquele que se considera ummorador do mundo nunca ficamuito tempo parado em um sólugar. As emoções da partida eda chegada são alimentos des-se tipo de pessoa. Outra coisaque alimenta a gana por viajaré obter novas informações demundos, novas pessoas, novasculturas, novas vidas.

Compartilhar seu momentode sono em um albergue, inevi-tavelmente com desconhecidos,faz você se sentir um nômade,pois cada dia uma pessoa dife-rente dorme no quarto que nun-ca tem um único proprietáriosonhador.

Ao sairmos de nossas tocasquentes e aconchegantes porum tempo considerável a pro-cura de tudo isso, somos ca-pazes de perceber as nossasfrescuras e manias que pas-sam despercebidas no dia-a-dia. É o travesseiro do alber-gue que é muito duro, o chu-veiro que não tem a água dojeito que você gosta, a pessoa

Garantia de estar aqui

difícil acreditar nesta afirmaçãono momento atual, quando aeconomia brasileira cresce deforma inversa à queda da moe-da norte-americana. De fato, avalorização das commoditiesnacionais no exterior contribuipara a desvalorização do dólar,mas isto também possui conse-qüências.

Com este crescimento econô-mico, o Brasil tornou-se um lo-cal mais atrativo para investi-mentos financeiros, abrindo es-paço para a moeda norte-ame-ricana e, conseqüentemente, àsimportações. Resumidamente,ficou mais fácil comprar produ-tos importados, pois seu preçobaixou. Entretanto, é neste mo-mento que surge mais um pro-blema.

Algumas pessoas acreditamque seja excelente poder com-prar a valores reduzidos. Isto éjustamente o seu erro. Pode serbom para elas, mas é péssimopara a economia nacional. A ex-plicação é simples: com a des-valorização do dólar, as expor-tações brasileiras perdem com-petitividade e enfrentam a con-corrência dos produtos impor-

tados.É interessante observar que,

mesmo estando em dúvidaquanto aos desdobramentos daqueda da moeda norte-america-na, grande parte das pessoastende a comemorar este acon-tecimento. A causa para isto, en-tretanto, pode estar longe daárea econômica, invadindo ocampo do sentimento humano.

Desde a posse de George W.Bush, e a invasão do Iraque, aantipatia mundial ao governonorte-americano tomou gran-des proporções. Entretanto, estaaversão não se limitou à áreapolítica, mas atingiu os Esta-dos Unidos de forma geral. Nes-te processo de repulsa, o Brasilnão foi exceção, e muitos pas-saram a desvalorizar aquiloque provinha do território ian-que. Dessa forma, pode-se pen-sar que o dólar foi, para o res-tante dos países, a imagem daopressão norte-americana.

Talvez seja pura especula-ção, mas observar a vitória doherói sobre o vilão nunca vaideixar de ser um bom aditivoemocional. O patriotismo des-perta quando menos se espera.

Razão ou emoção?

Ricardo Vieira

O Brasil é o país do juro, umvilão que é acoplado no nossocotidiano como se fosse o salva-dor da pátria contra a inflação.Não nos damos conta de queandamos para trás com ele. Éno crediário, nos cartões de cré-ditos, nos financiamentos, nocheque especial e, resumindo,em tudo o que consumimos.

Mas o interessante é que issoparece não abalar o trabalhador.Dados recentes do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE) mostram que mes-mo com o aumento da taxa dejuros oficial brasileira a econo-mia cresce com venda a prazo.A indústria automobilística, quetemia o aumento da taxa, conti-nua vendendo, e muito, princi-palmente com os financiamen-tos a longo prazo. Prazos estesque chegam a 80 meses.

Já é hora de dar mais aten-ção às letras miúdas das gran-des promoções, dos emprésti-mos bancários e principalmen-te parar de analisar apenas sea parcela cabe no seu orça-mento. A cultura brasileira deconsumo alimenta e mantémos grandes empresários.

O governo afirma que, como aumento da taxa, diminui oconsumo e conseqüentementemantém a inflação baixa. Mas

o trabalhador muitas vezes nãotem opção de esperar a com-pra de um eletro doméstico,por exemplo. No final das con-tas será que tenho que acredi-tar que estou sendo beneficia-do pelo Banco Central?

Mas o juro parece ser maisum ídolo nacional, ele faz bempara quem tem dinheiro e apli-ca para ganhar este fabulosojuro, faz bem também para in-vestidores internacionais, quebuscam melhores rendimen-tos. E o trabalhador brasilei-ro, que não tem o que investir,paga a conta consumindo,muitas vezes, apenas o neces-sário.

Mas, sorria povo brasileiro:somos pentacampeões de fute-bol, ganhamos algumas meda-lhas nas Olimpíadas e, para-béns, a nossa taxa de juros estábem perto de ser a campeã mun-dial. Estamos em segundo lu-gar.

Um país que quer estar en-tre as grandes potências mundi-ais não pode disputar rankingsdesse nível. Está na hora de pen-sar o Brasil para os trabalhado-res brasileiros, só assim seremosvitrine para o resto do mundo.

Enquanto isso não acontece,um caminho é a conscientiza-ção do consumidor. Na medidado possível, economizar e com-prar a vista é uma maneira dedriblar os juros.

Juro

33333Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sílvia Henz

Hoje é comemorado o diainternacional do psicólogo.São 46 anos de regulamenta-ção da profissão. Para não ig-norar essa data é interessan-te lembrar do papel do psicó-logo na sociedade. O psicólo-go, conforme a etimologia dapalavra, é um conhecedor damente humana. A palavra de-riva do grego psiché (alma) +logos (razão, estudo).

Diz-se que a psicologia éuma ciência com longo passa-do, mas com uma curta his-tória. A frase se refere ao fatode que todos os homens de to-dos os tempos e culturas re-fletiam e ainda refletem sobrea vida, a morte, a alma e ascausas de seus medos e an-gústias. Mas o termo psicolo-gia só apareceu no século XVIcom Rodolfo Goclénio.

A psicologia é vista comociência a partir do século XIX,quando já havia desenvolvidoe evoluído diferentes estudos e

métodos de investigação. O psi-cólogo estuda a personalidade, aaprendizagem, a motivação, amemória, a inteligência, o fun-cionamento do sistema nervoso,também a comunicação interpes-soal, o desenvolvimento, o com-portamento sexual, a agressivi-dade, o comportamento em gru-po, os processos psicoterapêuti-cos, o sono e o sonho, o prazer ea dor, além de todos os outrosprocessos psíquicos.

Segundo o psicólogo MenyrZaitter, a sua profissão consisteem absorver, observar, orientare, às vezes, modificar uma es-trutura de pensamento que nãoseja considerada adequada den-tro de um meio social. Comoexemplo de comportamento quepodemos mudar é o uso da bur-ca: “Se pensarmos num paísonde é comum o uso da burca,nós vamos entender que lá é pos-sível, aqui não. Se essas pesso-as andassem na rua pensaría-mos ‘o que se esconde atrás des-sa burca?’. Essa mudança decomportamento de o que tem lápara o que tem aqui é uma coi-

sa que pode ser mudada no en-tendimento em que entra cultu-ra e entra o saber.”

O interesse pela filosofia nosremete aos primeiros grandespensadores, os filósofos gregosque já naquela época estavamenvolvidos com os mesmos ques-tionamentos que os psicólogos es-tão envolvidos hoje.

Somente quando a psicologiatomou o rumo da observação eexperimentação para o estudo damente humana é que ela podese distinguir da filosofia. Duran-te séculos essas duas ciênciasestiveram unidas. Depois da se-paração, a psicologia aperfeiçoousuas técnicas e métodos de es-tudo para ter mais precisão nasperguntas e nas respostas.

Zaitter explica a origem dosenso comum, que diz que a te-rapia causa dependência no pa-ciente: “Freud ficou defasadonum período de quase dez anos,pois ele fazia o uso de sustânci-as estimulantes, ele usava co-caína. Porque ele queria desco-brir algumas coisas para poderdesenvolver a fala do paciente

com facilidade. Nessa fase deFreud, os pacientes passarama segui-lo, muitas vezes não peloatendimento, mas pela depen-dência química. Daí aquele cha-vão: o paciente não resolve nadasem que tenha apoio de um te-rapeuta. A psicologia não causadependência, pelo contrário, fazcom que o paciente se sintamais seguro.”

Existe na psicologia posições

divergentes. Há 100 anos elaprocura, aceita e rejeita diver-sas definições, mas nenhumaescola conseguiu unificá-la. Aessência é a mesma, mas osmétodos são diferentes.

São escolas de pensamentoda Psicologia a Psicanálise, oBehaviorismo, o Estruturalis-mo, o Funcionalismo, a Ges-talt, a teoria Humanista e ateoria Sistêmica.

Dia do psicólogo relembra quase meio século de regulamentação da atividade no BrasilSilvia Henz/LONA

O psicólogo Menyr Zaitter

Suziê de Oliveira

Foi discutido ontem, na As-sembléia Legislativa, através deuma audiência pública, a obriga-toriedade de sacolas diferencia-das que causem menos impactoambiental nas grandes redes desupermercado. Essa iniciativa édo programa Desperdício Zero,coordenado pela Secretaria doMeio Ambiente, que tem por ob-jetivo reduzir 30% do volume delixo gerado e eliminar os lixões acéu aberto no Estado.

Foram convidados para a au-diência vários empresários, den-tre eles o diretor-presidente doGrupo Carrefour Brasil, JeanMarc Pueyo, o presidente execu-tivo da Plastivida; o presidenteda Companhia Brasileira de Dis-tribuição, Abílio dos Santos Di-niz; o presidente da AssociaçãoParanaense de Supermercados,Everton Muffato, além do presi-dente do Sindicato da Indústriade Material Plástico do Paraná,

o SIMPEP, Dirceu Galléas.Um dos envolvidos no proje-

to, o secretário do Meio Ambien-te e Recursos Hídricos, RascaRodrigues, destacou que a mu-dança de consumo é importante.“Usar carrinhos e sacolas retor-náveis é uma alternativa paraacabar com o problema do plás-tico convencional, que é recolhi-do em pouca quantidade”, salien-ta o secretário. Além disso, Ras-ca diz que devido ao pouco reco-lhimento do material (menos de25%), a tendência é que se proi-ba definitivamente a sacola co-mum para empacotamento nossupermercados. Tanto que umadas medidas tomadas pelo Gover-no Estadual recentemente, já quealgumas redes de supermercadosnão ofertaram alternativas eco-logicamente corretas para as sa-colas plásticas disponibilizadasem suas lojas, foi uma multa quecomeçou a ser aplicada no mêsde abril pelo Instituto Ambientaldo Paraná. Com o valor de R$ 70mil aplicados diariamente às re-

des que englobam Wal Mart, Big,Mercadorama, Carrefour, Pão deAçúcar e Extra. A dívida dessessupermercados já totaliza R$ 8milhões.

Mas antes da aplicação damulta, o secretário Rasca Rodri-gues discute há mais de dois anoscom o setor essa questão. “Come-çamos com a Associação Parana-ense de Redes de Supermercadose depois passamos a convocar asredes individualmente, a fim deconseguir uma solução para assacolas que estão na boca doscaixas; uma vez que 85% dassacolas plásticas ficam na natu-reza, provocando enchentes, po-luindo Unidades de Conservaçãoe fundos de vale”, comentou.

Apesar de as grandes redesnão cumprirem as metas am-bientais estipuladas pelo Esta-do, supermercados como o Con-dor, Muffato e Cidade Canção,de Maringá, já aderiram à sa-cola oxi-biodegradável, que sedecompõem em 18 meses. Naopinião do presidente da rede de

supermercados Condor, JoanirZonta, é importante estimulara conscientização para os pro-blemas causados ao meio am-biente. “Devemos fazer nossaparte para colaborar não só comnossa empresa, mas com a po-pulação. Acredito que esse tipode comportamento tenha esti-mulado a aprovação do uso dasnovas sacolas por parte dos con-sumidores”, destacou.

Porém, o número de sacolasoxi-biodegradáveis distribuídasnos supermercados Condor equi-valem apenas a 12% das 80 mi-lhões de sacolas ofertadas men-salmente pelo setor supermerca-dista paranaense. Esse númerocorresponde a 20 toneladas deplástico lançados no meio ambi-ente. De acordo com levanta-mento da coordenadoria de resí-duos sólidos da Secretaria doMeio Ambiente, as redes que ain-da não colaboram com o Progra-ma Desperdício Zero são respon-sáveis por 70% das sacolas dis-ponibilizadas no mercado.

Mesmo com a discussão so-bre o tema, ainda não foi defini-do um caminho para as redes desupermercados a respeito dassacolas comuns. Um dos únicospontos que ficaram decididos fo-ram as multas, que continuarãosendo aplicadas porque as inici-ativas dos supermercados (peque-na redução dos resíduos gerados_25%, entrega de menos sacolasaos clientes) não foram apresen-tadas oficialmente ao MinistérioPúblico do Paraná e ao governo.O que aqueceu a discussão naAssembléia, porém, foi a opiniãodo presidente executivo da Plas-tivida, Franscisco de Assis Es-meraldo. Ele disse que a Plasti-vida tem um estudo comprovan-do que os materiais oxi-biodegra-dáveis são ineficientes na ques-tão ambiental. Após esta infor-mação, o presidente da Comis-são de Meio Ambiente, LuizEduardo Cheida, pediu que aPlastivida apresente o estudo àSecretaria Estadual de MeioAmbiente e a casa de leis.

Audiência prevê ultimato para o plásticoAssembléia Legislativa não chega a acordo sobre alternativas para supermercadosGeral

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Estudo do Grupo Gay da Bahia mostra que homossexuais excedem 15 milhões no Brasil

Carolina Adam Helm

Daniela Piva

Há quem goste de atuar. Há,também, os que dançam confor-me a música. Paixão e desejosão fundamentais para quemopta por tudo aquilo que lhe éessencial. Mas não há como de-finir o que é vital para cada um.Oscar Wilde já disse: a vidaimita a arte muito mais do quea arte imita a vida. Demonstrara preferência não é simples, poisela nem sempre está de acordocom o que é moralmente aceitopela sociedade. “Nunca seria eumesmo se a todo o momento ti-vesse que atuar ao invés de sim-plesmente ser quem sou”, pro-fere Marco Antonio Andrade, de23 anos.

Marco é publicitário, pós-graduado em marketing pelaFundação Getúlio Vargas e tra-balha na Alemanha. Tem 1,69mde altura, mas arredonda para1,70m. Sua maior preocupaçãocom o físico é manter os dentesbrancos e estar magro. Adoramitologia grega, Nietzsche, eser fotografado. Seu francês nãoé dos melhores ao cantar asmúsicas da banda belga ViveLa Fête. O alemão, ele arrisca.Mas é formado em inglês e es-panhol.

Ele é extrovertido, bem-su-cedido, culto etem relaciona-mentos facilmen-te. É do tipo queprefere poucos,mas bons ami-gos. Foge do este-reótipo e é atéconsiderado in-sensível. Não gos-ta da palavra “as-sumir”, porachar que rotula.Modificou o modode encarar as coi-sas, e é homosse-xual. “Nunca as-sumi, apenas passei a ser comosou”, diz.

FamíliaHomossexuais têm passado,

presente e futuro, como qual-quer um. Possuem infâncias

marcadas por alegrias, angús-tias, traumas e tranqüilidades,exatamente como todas as pes-soas. A adolescência é uma fasede descobertas e buscas, e al-guns encontram outras verda-des, que não são aceitas comtranqüilidade pela sociedade.

Admitir ser homossexual,às vezes, é difícil para si mes-mo. Quando este estágio é su-perado, admitir para a famíliaé mais complicado. Marco, as-sim como a maioria, teve queencarar a família. “Em casa, ascoisas sempre são difíceis nocomeço. Mas depois, o peso denão esconder ou ocultar os fa-tos alivia a consciência e ensi-na a saber compreender suasvontades e direitos”, diz.

A psicóloga Giovana Libret-ti afirma que algumas famíliaspossuem tendência maior, deacordo com suas crenças e va-lores, a apresentar preconceitosobre o assunto.

De acordo com a psicóloga,existem diferentes pontos de vis-ta em relação a esse assunto. Obiológico, o moral, religioso, psi-cossocial e o psicológico. “Doponto de vista psicológico, pode-se dizer que o homossexualis-mo é resultado de possíveistraumas vivenciados na pri-meira infância. Então, o papelda família está diretamente re-lacionado com a maneira que aconcepção de homossexualismo

se constróiem determi-nada socie-dade, levan-do-se emconsidera-ção a relaçãoindivíduo-sociedade,na qual ainfluência érecíproca.Além domeio social,a famíliatambém in-terfere na

construção da subjetividade dosujeito”, diz Giovana.

O desejo de se relacionar comalguém do mesmo sexo surge damesma maneira que o desejo dese relacionar com alguém dosexo oposto. Segundo a psicólo-

ga, a família deve conscientizar-se que não é a preferência se-xual que vai definir os valores,a personalidade, as atitudes,entre outros aspectos do indiví-duo. “Não é porque um sujeitonão tem a orientação sexual pre-dominante da sociedade que eledeve ser visto de maneira dife-rente, inferior ou ‘anormal’”,afirma ela.

A psicóloga Mariana Bueno,de 23 anos, é bissexual. De acor-do com ela, a família costumaser uma agência de controle decomportamento bastante pode-rosa, e é fundamental durantetodo o processo de autoconheci-mento e aceitação. “A família,ao apoiar o filho, transmite se-gurança e o ajuda a se fortale-cer para encarar as dificulda-des que fatalmente virão. Quan-do a família não aceita, pune outransforma o assunto em tabu,é fato que o clima na casa nãoficará favorável, a auto-aceita-ção da pessoa também pode sercomprometida”, diz Mariana.

Respeitar o outro e saber atéque ponto se deve exigir que oinverso também ocorra é o pri-meiro passo para evitar confli-tos. “Ao mesmo tempo em que

eu soube a hora de conversar eestabelecer o que eu queria paramim, também tive que compre-ender e entender que, naquelasituação, eu sabia muito maissobre o assunto que o outrolado. Coube a mim desmistifi-car a imagem e alguns dos pre-conceitos dentro da minha pró-pria família”, diz Marco Anto-nio.

Todos têmo direito deconhecer suasexualidade.Para Marco,experimentar“de tudo” é in-viável para amaioria, devi-do à educaçãorecebida. Elaé pouco escla-recedora e emsua maioriarepleta de“simbologi-as”, que predeterminam qualdeve ser o comportamento soci-almente ajustado.

Brasil e mundoEm alguns países, a homos-

sexualidade e a bissexualidade

são bem aceitas. O casamentocivil é possível para pessoas domesmo sexo na África do Sul,Espanha, Canadá, Bélgica e Ho-landa. A adoção de crianças, pelalei geral, é possível na Islândia,Bélgica, Espanha, Canadá eHolanda. Recorrendo à via ju-dicial, a adoção pode ser feitano Brasil, Israel e França.

Nos EstadosUnidos, um ho-mossexual podeprestar serviçomilitar desdeque não assu-ma publica-mente a suahomossexuali-dade. Assim, osserviços doexército não po-dem questionarsua preferênciasexual. Em Is-rael e no Cana-dá, os homosse-

xuais podem ingressar no ser-viço militar sem restrições.

No Brasil, o homossexualis-mo é cada vez mais compreen-dido. Em 2006, o presidenteLula emitiu uma carta em queapoiava o movimento homosse-

Foto: Arquivo Pessoall

Fulano, homossexual. Prazer!

“Não é porque osujeito não tem aorientação sexualpredominante dasociedade que eledeve ser visto demaneira diferente”

GIOVANA LIBRETTI

“Coube a mimdesmistificar a ima-gem e alguns dospreconceitosexistentes dentrodo meu próprio am-biente famíliar”

MARCO ANDRADE

Especial

O publicitárioMarco AntonioAndrade

55555Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

xual, durante a parada gay deBrasília.

Os meios de comunicaçãoajudam também na compreen-são da escolha, assim o que erapolêmico torna-se natural. Olançamento do programa Bra-sil sem Homofobia, coordenadopela Secretaria Especial de Di-reitos Humanos, ajudou na in-clusão e contou com a partici-pação de vários ministérios, en-tre eles o da Justiça, Saúde,Educação e das secretarias dosDireitos da Mulher e da Igual-dade Racial.

No Brasil o casamento gayainda não é oficial, mas pode-sefazer um contrato de união es-tável para garantir o patrimô-nio. “A legislação é muito con-servadora e na Constituição fe-deral está escrito que casamen-to é entre homem e mulher”, diza advogada Daniela Setti dePauli.

Há duas opções de adoçãopor pessoas do mesmo sexo: aindividual (família monoparen-

tal) ou por casal. A individual émenos complicada, pois o únicofator que pode influenciar na de-cisão é moral. “Os casais ho-mossexuais usam isso (famíli-as monoparentais) para adotarcrianças”, diz a advogada. NoEstatuto da Criança e do Ado-lescente, não existe nenhumartigo relacionado à adoção porcasais homossexuais.

Embora a adoção por ho-mossexuais não seja proibidapor lei, no Brasil ainda há re-sistência. O maior motivo é opreconceito. Muitos acreditamque a criança pode ser influen-ciada, tornando-se homossexu-al por falta de referência de umdos sexos. Ou que a criançapossa sofrer discriminação, es-pecialmente na escola, por terpais homossexuais. “Acho queo país demorará muito aindapara regulamentar a união ci-vil entre pessoas do mesmosexo, mas já existe jurispru-dência de casais homossexuaisque conseguiram colocar os dois

nomes na certidão de nasci-mento da criança”, finaliza aadvogada.

SociedadeApesar de todo o preconceito

existente, a sociedade pareceestar mais tolerante em relaçãoà homossexualidade. Em 2007,um estudo do IBGE revelou quehá 17 mil casais homossexuaisno Brasil. A pesquisa foi reali-zada em 5.435 municípios bra-sileiros com até 170 mil habi-tantes. Isso equivale apenas a60% da população nacional.

Parece haver um aumentode homossexuais, pois antiga-mente era comum vê-los so-mente em boates GLS. Não quetenha aumentado em números,apenas ficou mais fácil admitiro que querem de verdade. ParaMarco, é uma questão cultural.“O que existe hoje, é mais es-clarecimento e liberdade para oautoconhecimento. O que levaum número maior de pessoas adescobrirem uma outra verda-de...”, diz.

Os movimentos gays contri-buíram para suavizar a discri-minação e, conseqüentemente,a homossexualidade ganhou vi-sibilidade. Ao tornar o assuntopúblico, muitos homossexuaisse motivaram e desprenderam-se de antigos costumes e da mo-ral social vigente para fazer va-ler sua vontade, sem constran-gimento ou sentimento de cul-pa. “O que existe hoje, é maistolerância e liberdade”, diz Mar-co Antonio.

Há ambientes em que dis-criminação por parte dos ou-tros é menor, mas dependemuito da cultura dos indivídu-os que o compõe. R.R., de 26anos, é ator. Para ele, mostrar

Foto: Arquivo LONA

Foto: Arquivo LONA

Passeata gay para divulgar o movimento

quem realmente é, fez com queos outros o respeitassem aindamais. De acordo com a psicólo-ga e bissexual Mariana Bueno,há ambientes onde as pessoasassumidas incomodam, mas hátambém os ambientes onde osnão-assumidos incomodam ain-da mais as pessoas que estãoem volta. “Tenho meu espaço.Acredito que tudo venha decomo você se comporta. As pes-soas não são obrigadas a ver oque não querem ou o que nãogostam. Hoje todos sabem daminha opção, porém respeito atodos, e os ambientes que estou.Existem lugares apropriadospara um casal gay estar junto.Para ser respeitado, você pre-cisa respeitar”, diz R.R.

Tanto Marco Antonio, quan-to R.R., em determinado mo-mento da entrevista, disseramque os homossexuais são vistoscomo se tivessem uma doença

altamente transmissível. Ocaminho para a aceitação mo-ral da homossexualidade ain-da é muito longo e, mesmocom a sociedade aparentemen-te mais compreensiva, o con-vencionalismo ainda existe.“Quanto mais desprendidosdos dogmas e esclarecidos so-mos, nos tornamos mais pre-dispostos a aceitar novidades.A sociedade caminha da mes-ma forma”, diz Marco.

Para ele, as amizades sãoessenciais para encontrar cora-gem e encarar a parte difícil dasituação. Ele diz que não é ne-cessário anunciar a sexualida-de. “As pessoas que se aproxi-mam, são aquelas que estãomais preocupadas com o cará-ter do que com a sexualidadede quem está próximo. Nin-guém se apresenta como ‘Fu-lano, heterossexual. Prazer! ’”,diz Marco Antonio.

De acordo com o padrão da Associação Brasileira deEmpresas de Pesquisa (Abep), que determina asclasses sociais a partir de bens de consumo, oInstituto de Pesquisa e Cultura GLS realizou em2005 um censo. A pesquisa demonstra que:

• 12% dos gays pertencem à classe A1, e 24% àclasse A2. São 36% que pertencem à classe A.

• 26% pertencem à classe B1, e 22% à classe B2.São 48% que pertencem à classe B.

• 16% pertencem à classe C.

• 69% já declararam a preferência sexual,enquanto 26% ainda não. Os que não responderamforam 5%.

• 68% da classe A assume a orientação sexual.Já na classe C sobe para 74%.

• 52% assumiram para amigos, 14% chefes notrabalho, 9% para a família, 6% para professores e5% para colegas de trabalho. 14% não responderam.

• 57% completaram o ensino superior.

• 55% declararam ter sofrido algum tipo dediscriminação.

• 42% foram motivos de piada de conhecidos.

Pesquisa mostra dadosda homossexualidade

Fonte: Revista Isto é

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Perfil

Guilherme Sell

Uma garagem nos fundos deuma clínica odontológica. Quempassa pela rua Manoel Ribas, auma quadra da igreja dos Ca-puchinhos, alto das Mercês,nem imagina que ali se concen-tra grande parte da história docinema paranaense.

Dentista aposentado, cine-grafista e cinéfolo, amante docinema e do rádio desde os tem-pos de menino quando era co-nhecido na rádio Clube Para-naense como o “Rato Branco”,que trocava as agulhas daspick-ups; seu pai foi proprietá-rio da famosa perfumaria “Láno Luhm”, onde os pacotes depresentes eram uma atração;durante a Segunda Guerra aloja foi apedrejada, em virtudeda origem germânica da suafamília, uma cena que muitomarcou o pequeno Harry.

Harry não gosta de se defi-nir em uma função, mas assu-me que é pesquisador, inventor,cronista, realizador. De ascen-dência alemã, como o pai Eri-ch, que tinhacomo hobby afotografia, des-cobriu aindamuito cedo ogosto pelasimagens. Eletem importan-te contribui-ção na pesqui-sa dos pionei-ros do cinemaparanaense. Émembro doConselho de Pesquisadores doCinema Brasileiro. Está ligadoàs atividades do Cineclube An-nibal Requião (sessões na Bibli-oteca Pública do Paraná) desde1993.

Estudou no Colégio SantaMaria em Curitiba e formou-se em Odontologia pela UFPRem 1957, exercendo esta ativi-dade até 1994, quando se apo-sentou. Assim, passou a termais tempo para dedicar-se à

sua outra paixão, o cinema,que cultiva desde os nove anosde idade, quando o seu pai olevou à sessão de inauguraçãodo Cine Luz em Curitiba, emdezembro de 1939, conhecendo,pela primeira vez, uma cabinee aparelhagens de projeção emfuncionamento, uma experiên-cia para ele inesquecível.

Mais tarde, de 1951 a 1969,foi programador e projetista doClube Concórdia. Clube que fre-qüenta até hoje, e que planejaresgatar essas histórias em umprojeto cultural de exibições edebates com o cinéfolo no finaldeste ano. De lá tem imagensda primeira festa da cerveja doBrasil realizada no ano de 1938,na sede social do clube, situadana rua Duque de Caxias, cen-tro de Curitiba. “A tradição ale-mã e as tradicionais festascomo a Festa da Cerveja e a doAdvento, o Concórdia foi pionei-ro, os vídeos comprovam isso”,esclarece Harry, que já foi con-sultado por prefeituras de cida-des do interior de Santa Cata-rina que se intitulavam por essepioneirismo.

Os bailesde gala, tradi-cionais e res-peitados dasociedade cu-ritibana, ga-nham umaatenção espe-cial de Harry,que tem ar-quivadas di-versas edi-ções dos bai-les de debu-

tantes dos principais clubes dacapital. “As debutantes destesfilmes, hoje já são avós, e mui-tas delas são mulheres de des-taque da sociedade”, ressaltacom orgulho o colecionador quemantém até hoje centenas dequilos de filmes em rolo.

Pela composição do materi-al, o filme de rolo, composto poracetato e celulose, merece umamanutenção especial, o que nãoé feito por muitas pessoas que

simplesmente guardam emqualquer lugar da casa. “O ace-tato é um material compostopor muita química, as latasexplodem”, alerta Harry, queainda possui esse material emcasa. Há relatos de pessoas queperderam seus imóveis em in-cêndio, pela combustão inicia-da pela reação química nas la-tas de filme.

No fim da década de 1980,o pesquisador desenvolveu umatécnica de telecinagem, queveio a ter repercussão nacional,e que tem permitido a sobrevi-vência em vídeo de importan-tes filmes e documentos cine-matográficos. No início da dé-cada de 1980 já havia criadouma técnica de colocação de le-gendas em fitas de vídeo, atéentão só encontráveis na ver-são original em inglês, no quefoi pioneiro no Brasil.

Seu interesse por cinemaresultou também em realizaçõesfílmicas, de início com uma câ-mera 8 mm. Destas, tem porexemplo o seu registro em 1953

de alguns tópicos dos eventoscomemorativos aos cem anos daemancipação do Paraná.

Luhm é o realizador do cur-ta-metragem em vídeo “Curi-tyba, Curitiba”, concebido apropósito das comemorações dotricentenário da cidade. Nestetrabalho, associa imagens fei-tas por ele em 1992, de locaisou pontos referenciais (praças,ruas, prédios históricos etc),com imagens antigas corres-pondentes, feitas pelos pionei-ros, como Anníbal Requião,assim evidenciando as trans-formações urbano-arquitetôni-cas de Curitiba.

“Não se pode falar de cine-ma no Paraná sem falar e con-sultar o Harry”, assim define ocineasta Maurício Appel, donoda Appel Films, idealizador dolonga-metragem “O Preço daPaz”, lançado em 2006 traz fa-tos da história política, cultu-ral e social do Paraná e relatosda vida do Barão do Cerro Azul,pioneiro da colonização.

Trabalho recente de Luhm,

de importância para a memó-ria do cinema local, é “Entre-vista com Doris Marty”, filhade Arthur Rogge. Trata-se deuma gravação em vídeo, no anode 2000, que traz dados impor-tantes sobre este pioneiro, in-cluindo sua tentativa de fazercinema no Paraná na década de1920. Já “Didi Caillet, MissParaná 1929”, também produ-zido em vídeo, mostra a traje-tória desta jovem curitibana.

As atividades de Luhm es-tendem-se também a artigose textos para a imprensa,como a coluna semanal sobrevídeo (comentários, informa-ções sobre lançamentos e ori-entações didáticas para inici-antes ou interessados naaprendizagem da arte da ima-gem em movimento) que man-teve, entre maio de 1986 emaio de 1997, no jornal Ga-zeta do Povo. Hoje presta con-sultoria em cinema e atendeaos interessados em preservare converter os filmes históri-cos as tecnologias atuais.

O filme que marcou minha vidade maneira profunda

Guilherme Sell/ LONA

Harry preserva nos fundos de casa projetores e filmes de época

Através da telecinagem, cinéfolo converte antigos filmes às novas tecnologias

Na década de 1980,o pesquisadordesenvolveu atelecinagem, técnicaque tem permitido asobrevivência emvídeo de filmes

77777Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008Curitiba, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Saúde

Texto e fotos: Amanda Ribas

Praticar atividade física éessencial para a saúde, afinalde contas, o corpo do ser hu-mano é todo preparado para semovimentar. Porém, algunscuidados devem ser tomados.Quem não tem um estilo devida ativo ou pratica ativida-des esporadicamente deve se-guir certas orientações profis-sionais.

Para Paola Rojas, professo-ra de Educação Física da Uni-versidade Positivo, a prática deexercícios físicos está intima-mente ligada ao estilo de vidade cada pessoa.

“Aquele que aproveita a idaao mercado para caminhar ousobe as escadas em vez de usaro elevador já está praticandoalguma atividade. O importan-te é não seguir uma rotina se-dentária”.

A falta de tempo, muitasvezes, se torna um empecilhopara a prática de alguma ativi-dade, porém isso não pode serdesculpa. Apenas 30 minutospor dia são suficientes para seter uma boa saúde. “Todos nóspodemos reservar um tempinhopara fazer algum exercício. Eesse tempo não precisa ser con-tínuo, a pessoa pode adequá-loàs atividades do dia-a-dia. Ca-minhar 10 minutos de manhãe 20 minutos de tarde, porexemplo, já produzem o efeitoesperado”, explica a professora.

No entanto, quem não estápreparado deve seguir algumasorientações para não sofrer le-sões ou problemas mais graves,como acidentes cardiovascula-res, por exemplo. Os “atletas defim-de-semana” geralmente sãoos que mais sofrem com essesproblemas. Por não praticarematividade física regularmentepensam que em apenas um diapodem recuperar o tempo per-dido.

Futebol com os amigosQuem não conhece alguém

que em uma partida de futeboldurante o churrasco com osamigos, machucou a perna? Oualguém que andou longos per-cursos sem um calçado adequa-do e no outro dia não conseguia

Toda atividade física é adequada, mas é preciso tomar cuidado com as lesões

Um tempo para fazer exercícios

nem andar?O representante Mauro de

Oliveira pode ser consideradoum desses típicos atletas de fimde semana, na verdade de meiode semana, isso porque ele jogafutebol todas as terças-feiras.“Não consigo ficar sem jogaruma bolinha, como não tenhomuito tempo durante a sema-na o futebol salva minha vida.O ruim é que como só jogo umavez por semana, muitas vezes,sinto dores e me machuco, masvale a pena”, diz.

Todo exercício requer aten-ção e cuidados, não só com o fí-sico, mas também com a ali-mentação e a temperatura. Se-gundo Paola Rojas, uma ali-mentação adequada faz com quea pessoa esteja mais disposta enão sentirá tanto cansaço du-rante a prática do exercício.

Nessa época do ano é impor-tante tomar cuidado com asbaixas temperaturas também.“Não devemos fugir muito dopadrão. Não tem porque correrno parque em um dia com tem-peraturas extremas, por exem-plo. Mas se a pessoa está acos-tumada ou se não houver outrojeito é importante estar prote-gida, com luvas e gorros”, sali-enta a professora.

Ela ainda alerta sobre o pe-

rigo de começar alguma ativi-dade ao ar livre nessa época, emque o índice de contusões é ain-da maior. O estudante EdwardMoussa já sofreu por causa dasbaixas temperaturas. “Eu esta-va surfando e água ficou muitofria, de repente senti meus de-dos congelados e uma dor mui-to forte no ouvido e taquicardia.Mesmo rolando altas ondas tiveque sair da água para me aque-cer”, lembra o surfista.

AquecimentoA prevenção é a principal

aliada dos atletas amadores. Porisso, o aquecimento é essencialantes de qualquer exercício.Mas quando esse cuidado não éo bastante, deve-se buscar a aju-da de profissionais desportivos,como os fisioterapeutas.

Para Luiz Martins Júnior,professor do Curso de Fisiote-rapia da Universidade Positivo,a falta de aquecimento, alonga-mento, flexibilidade, calçado eroupas adequados, são algunsdos inúmeros fatores que podemocasionar o aumento das lesõesesportivas, por isso o acompa-nhamento profissional é muitoimportante.

“A prevenção envolvendo tra-balhos de força, flexibilidade,exercícios de propriocepção vol-

tado ao gesto esportivo, em con-junto com um rigoroso acompa-nhamento dos profissionais daárea da saúde desportiva é pri-mordial”, alerta Martins.

A tecnologia também ajudaa prevenir lesões. “Nos últimosanos muitos aparelhos compu-tadorizados foram desenvolvi-dos para o estudo biomecânico,para tratamento e prevençãodas patologias ocorridas nos es-portes”, explica o professor.

Ele lembra a diferença en-tre os “atletas de fim-de-sema-na” e os profissionais, que têmtodo o acompanhamento ne-cessário para praticar exercí-cios físicos sem prejudicar asaúde. “Este aumento de le-sões em atletas de final de se-mana também é mais fre-qüente pela grande diferençade força, flexibilidade e con-dicionamento físico em rela-ção aos atletas profissionais”,lembra.

Com esta preocupação, aUniversidade Positivo desenvol-ve um projeto de extensão emfisioterapia desportiva. O proje-to é voltado à assistência fisiote-rapêutica curativa e preventiva,para acadêmicos, atletas e comu-nidade em geral que realizamqualquer tipo de atividade físicano campus da UP.

Especialistas aconselham pelo menos 30 minutos de atividade física por dia

Daniel Piva

Os bares de Curitiba es-tão buscando novas alterna-tivas para não perderem cli-entela por causa da Lei Seca.Estão planejando disponibili-zar vans, motoristas que vãolevar e buscar clientes paracasa e, caso o cliente tenhabebido e não queira deixar ocarro na rua, um motoristado estabelecimento o levarápara casa.

A idéia vai ser encami-nhada para o setor jurídicoda Urbanização de Curitiba(URBS). O presidente da As-sociação de Bares e CasasNoturnas (Abrabar), FabioAguayo, salientou que al-guns estabelecimentos já fre-tam vans há algum tempopara levar os funcionáriospara casa. Caso seja aprova-do, o serviço será estendidoaos clientes e de forma gra-tuita, garante Aguayo.

Há em Curitiba 480 em-presas de vans, totalizando1.200 veículos. O presidentedo Sindicato das Empresasde Transporte de Passageirospor Fretamento (Sindivan),Marcos Maia, afirma queessa alternativa é um novomercado que pode beneficiartanto os bares quanto os cli-entes com o serviço.

O estudante André LuizHerrera de Nóbrega conside-ra essa alternativa interes-sante mas perigosa. “É com-plicado porque não conhece-remos a pessoa que estará noslevando para a casa. Não sa-bemos qual é a sua índole e oseu caráter”, afirmou o estu-dante. Já o estudante AllysonAraújo acredita que essa é amedida mais sensata a se to-mar. “É o jeito. Caso não fa-çam isso as pessoas continu-arão saindo com o carro e be-bendo, rezando para não pas-sar por alguma blitz; ou vãoparar de sair e os bares e ca-sas noturnas começarão a terproblemas financeiros pelaperda da clientela”.

Os bares e a Lei Seca

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TTTTTexto e fotos: Felipe Wexto e fotos: Felipe Wexto e fotos: Felipe Wexto e fotos: Felipe Wexto e fotos: Felipe Waltrickaltrickaltrickaltrickaltrick

No último final de semana foi realizada a maior festa rave do suldo Brasil, a Tribal Tech 2008. Polêmicas à parte, pois sempreque se fala em rave surgem alguns preconceitos, a edição desteano fez mais de 15 mil pessoas dançaram por mais de 20 horasininterruptas com muita música eletrônica. Ao todo 30 DJs seapresentaram, mesclando psytrance, progressive, techno e ele-tro.O line up contou com nomes como Perfect Stranger, WreckedMachine (Gabe), Audiojack, Dimitri Nakov, Anthony Rother, Oli-ver Klein, Trick and Kubic, entre outros.Com uma estrutura e decoração muito bem montada, os gringosque tocarão comentavam nos bastidores que nem na Europa ti-nham visto um palco como o da Tribal 2008.

Tribal Tech 2008