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Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 453| [email protected]| Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo | DIÁRIO d o B R A S I L Crescimento da indústria sofre queda em agosto, mostra IBGE O Instituto Brasileiro de Ge- ografia e Estatística (IBGE) di- vulgou ontem pesquisa que aponta desaceleração no índice geral do crescimento da indús- tria brasileira. Os estados que mais contribuíram para a que- da foram Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que são responsáveis por 65% da produção do setor no Brasil. Os especialistas dizem que a queda foi provocada pela falta de mercado de exportação. Com a crise internacional, a compra por outros países diminui e, con- seqüentemente, o ritmo de cres- cimento desacelera. Além da produção, os economistas tam- bém alertam para uma queda no número de empregos nos próximos meses. Página 3 Sem opção, famílias deixam crianças na creche Página 7 Muitas vezes a família sente receio em sair para trabalhar e dei- xar as crianças sendo cuidadas por pessoas desconhecidas. Nesse caso, a creche é uma opção muito utilizada no mundo atual. Reportagem especial mostra a maçonaria O ensaio fotográfico traz uma releitura dos principais elementos da história Alice no país das maravilhas - Pág 8 Página 3 Festival exibe filmes latino-americanos Prêmio de R$110 mil pago pelo Festival à categoria de me- lhor direção é o maior do Brasil Página 3 Fernanda Vasconcelos

LONA 453- 08/10/2008

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008 | Ano IX | nº 453| [email protected]|Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo |

DIÁRIO

do

BRASIL

Crescimento da indústria sofrequeda em agosto, mostra IBGE

O Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE) di-vulgou ontem pesquisa queaponta desaceleração no índicegeral do crescimento da indús-tria brasileira. Os estados quemais contribuíram para a que-da foram Paraná, São Paulo,Rio de Janeiro e Minas Gerais,que são responsáveis por 65%da produção do setor no Brasil.Os especialistas dizem que aqueda foi provocada pela faltade mercado de exportação. Coma crise internacional, a comprapor outros países diminui e, con-seqüentemente, o ritmo de cres-cimento desacelera. Além daprodução, os economistas tam-bém alertam para uma quedano número de empregos nospróximos meses.

Página 3

Sem opção, famílias deixam crianças na creche

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Muitas vezes a família sente receio em sair para trabalhar e dei-xar as crianças sendo cuidadas por pessoas desconhecidas. Nessecaso, a creche é uma opção muito utilizada no mundo atual.

Reportagem especialmostra a maçonaria

O ensaio fotográfico traz uma releitura dos principais elementos da história Alice no país das maravilhas - Pág 8

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Festival exibe filmeslatino-americanos

Prêmio de R$110 mil pagopelo Festival à categoria de me-lhor direção é o maior do Brasil

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Fernanda Vasconcelos

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Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 2008Curitiba, quarta-feira, 8 de outubro de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

ExpedienteReitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: Renato Casa-grande; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora deExtensão:Extensão:Extensão:Extensão:Extensão: Fani Schiffer Du-rães; Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:Graduação e Pesquisa:

Luiz Hamilton Berton; Pró-Pró-Pró-Pró-Pró-Reitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eReitor de Planejamento eAAAAAvaliação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:valiação Institucional:Renato Casagrande; Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-Coorde-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-nador do Curso de Jorna-lismo: lismo: lismo: lismo: lismo: Carlos Alexandre Gru-ber de Castro; Professores-Professores-Professores-Professores-Professores-orientadores:orientadores:orientadores:orientadores:orientadores: Elza Oliveirae Marcelo Lima; Editor-che-Editor-che-Editor-che-Editor-che-Editor-che-fe:fe:fe:fe:fe: Antonio Carlos Senkovski.

Bruna Caroline Cruz

Mais uma vez os tropeços damídia provocaram embaraços.Dessa vez, o descuido foi da Fo-lha de S. Paulo que, em umaentrevista para assinantes,transcreveu erroneamente a de-claração do presidente equatori-ano, Rafael Correa.

De acordo com o jornal, Cor-rea teria dito que a Colômbia éum “governo que não considerá-vamos amigos”. Essa declaraçãocorresponde à pergunta de comoandava as relações depois que aColômbia entrou em territórioequatoriano para atacar umabase das Farc.

A Folha explicou que issoaconteceu porque um “não” foicolocado na frase e alterou todoo sentido da expressão. O jornaljustifica que o erro ocorreu poruma dificuldade de se entendera fala de Correa, e também pelocorte de outras partes da entre-vista que reafirmavam as boasrelações dos países.

O problema é que esse “des-cuido” fez com que as relaçõesentre os países se tornassem ain-da mais sensíveis. Em respostaà declaração, a Embaixada daColômbia publicou um comuni-cado em seu site, no dia 3 deoutubro, negando sua presençana reunião de cúpula da Comu-nidade Andina das Nações(CAN).

Ops! Acontece...Eles foram delicados em ci-

tar apenas “os meios de comu-nicação” como origem da decla-ração, e não um jornal em es-pecífico. Numa tentativa decorrigir o erro, no dia 4 de ou-tubro o governo equatorianodivulgou um comunicado reti-ficando a declaração e alegan-do que Uribe está usando oerro como pretexto para não irà reunião.

Na última segunda-feira,dia 6, o governo colombianoafirmou não ter novidades e oembaixador do Equador lamen-tou que as relações entre ospaíses tenham sido “afetadas”.

É absurdo que um repórternão entenda o que seu entrevis-tado diz e transcreva uma de-claração sem 100% de certeza.O conhecimento sobre o tema esobre o idioma que o entrevis-tado fala é primordial para umacobertura de qualidade.

Como o repórter vai tão des-preparado a ponto de se dar aoluxo de não entender o que opresidente falou? Não é neces-sário nenhum recurso tecnoló-gico para registrar com papele caneta o que o entrevistadorelata.

Em se tratando de um pre-sidente, no caso, o equipamen-to acima pode ser substituídofacilmente por um simples gra-vador devido à importância dopersonagem e das suas decla-rações. A apuração correta sem-

pre foi um assunto em pautaentre os jornalistas e é incrívelcomo esses erros ridículos con-tinuam acontecendo indiscrimi-nadamente.

Mesmo que a Folha corrijao erro, a relação entre os paísesjá foi abalada e a Colômbia difi-cilmente irá mudar sua posiçãoa respeito da reunião. Nos jor-nais brasileiros pouco foi faladoa respeito desse erro e ele tendea passar batido novamente semmanchar a imagem de nin-guém.

Duas situações podem serlevantadas a partir desse acon-tecimento. Ou as redações es-tão tão enxutas, o trabalho fei-to por cada um é tanto que osjornalistas mal têm tempo paratrabalhos mais elaborados. Ou,no pior dos casos, os profissio-nais estão mesmo mal prepara-dos e não conseguem sequerchecar declarações com o entre-vistado que está à sua frente.Ambas as hipóteses são igual-mente preocupantes e devemser foco de mais atenção pelapopulação que consome as in-formações.

O papel da mídia é indiscu-tivelmente importante e todosjá se deram conta disso. Erroscomo o acontecido deveriam sercombatidos com mais rigor pe-las redações e, principalmente,pelos profissionais que têm suaimagem marcada por erros deoutros.

Katherine Dalçóquio da Silva

Na última quinta-feira, foirealizado o Video Music Brasil(VMB), em São Paulo, pelaMTV. A premiação foi apresen-tada por Marcos Mion e teveconvidados como o nadador Ce-sar Cielo, a jogadora de vôleiFofão, a atriz Alice Braga e ocomediante Danilo Gentili, do“CQC”, entre outros.

Em ritmo de eleição, o even-to foi democrático, pois a todomomento contava com a vota-ção do público presente, quepodia escolher se o apresenta-dor Marcos Mion ficaria pela-do, quem o comediante Marce-lo Adnet deveria imitar (ele imi-tou Cid Moreira, Silvio Santos,Caetano Veloso, entre outras

Altos e baixos do VMBpersonalidades).

Um dos pontos altos do even-to foi a integração dos diversosestilos musicais, como o hip-hop e o samba, o sertanejo e ohardcore, que uniu Chitãozinhoe Xororó e Fresno.

Outro destaque foi a “Ban-da dos Sonhos”, que o públicotambém pôde eleger. A bandafoi formada por integrantes dediversos grupos, como os “pa-ralamas” João Barone na ba-teria e Bi Ribeiro no baixo, oguitarrista Ximbinha, dabanda Calypso, e Marcelo D2como vocalista.

Porém, existiram algunspontos fracos durante a premi-ação. Como a presença das en-tão “mulheres frutas”, que aca-baram depreciando a imagemda cultura brasileira. Como se

não bastasse, o que aconteceufoi um espaço para elas na mí-dia. Desta maneira, o que pa-rece é que estão incentivando aexposição do corpo feminino emvez de colocar em primeiro lu-gar o talento. Que de fato é doque se trata o evento. O talentodos artistas que batalham paraconseguir um lugar no ramomusical. Concordo que o even-to é realizado com humor, maso que fizeram ao dar espaçopara as frutas chega a baixar onível da premiação. Que foge dopadrão cultura musical.

Mesmo com os altos e bai-xos, o VMB é um dospoucos eventos que consegueunir todos os tipos de públicomusical, desde um cantorde sertanejo ao de rock, dosamantes do hip-hop...

Letycia Santos

Maçonaria, para começo deconversa e enorme esclareci-mento, não é nada mais do queum grupo de homens que, atra-vés de um conjunto de proces-sos ritualísticos, pratica a filan-tropia. O problema reside exa-tamente aí: são apenas, tão-so-mente, exclusivamente, ho-mens. Para ser iniciado, um ho-mem (veja bem, não é umamulher) deve submeter suavida toda a um julgamento.Deve ter uma vida ilibada e pri-mar por bons costumes. Bonscostumes: isso até chega a eco-ar, tamanha a pretensão.

A Loja Maçônica mista, queaceita mulheres, não é bem vis-ta pela grande maioria dos ma-çons, homens naturalmentetradicionalistas. São proibidasdiscussões sobre política e reli-gião, sinal de que ali, como emqualquer outro lugar ocupadopor seres humanos, há diferen-ças de opiniões. Entretanto, osmaçons procuram manter aimagem de unidade e acabamsufocando tal diversidade.

Certamente são respeitadastodas as opiniões. Porém, nãose pode pronunciar realmentesobre elas. Uma pena, pois oconceito essencial de política, seadotado, poderia contribuir emuito para a troca de concep-ções de mundo. A entidade nãofere ninguém nem nada, exce-to o orgulho das mulheres queacompanham esses homens. Ainiciação na maçonaria signifi-ca morrer para um mundo enascer para o outro. Realmen-

Maçonaria: substantivo femininote. O compromisso com a famí-lia é um dos valores mais de-fendidos pela entidade. Por ou-tro lado, os maçons devem man-ter sigilo quanto a tudo o que láacontece. Suas mulheres denada podem saber. O sigilo pas-sa, então, a ser um ruído bran-co que tenta amenizar umacena violenta: a maçonaria sabeda corrupção e não denunciapublicamente. O grande poten-cial do poder de denúncia não éaproveitado. O conceito constru-tivista da maçonaria, cuja es-sência é a evolução moral e éti-ca, fica restrito à entidade.

Trata-se aqui de uma enti-dade que influencia a política ea história mundiais desde sem-pre. Platão já dizia: nem todohomem está apto para ser polí-tico. Contudo, até onde dá paralembrar, o filósofo nunca dissenada quanto à inaptidão demulheres nessa área. O ma-chismo e conservadorismo pai-ram sobre as cabeças dos ma-çons também desde sempre.

A maçonaria acredita, ain-da, que a dissipação do conhe-cimento é importante. Por que,então, permite que apenas ho-mens sejam membros? Se seperguntar a um maçom o por-quê disso, ele, muito provavel-mente, não responderá com ar-gumentos bem fundamentados.Contradição. A democratizaçãodo saber praticamente inexiste.O próprio silêncio aponta essaforte preferência como injusti-ficável. No fim, ele acaba com-pactuando com a falsa represen-tação igualitária da mulher edo homem que diz fazer a socie-dade atual.

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Geral Paraná está entre os estados que mais registraram queda na produção da indústria

IBGE mostra queda nos índicesde produção industrial no paísRaphael Moroz Teixeira

Pesquisa divulgada ontempelo Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE)mostra que seis estados brasi-leiros apresentaram queda nosíndices de produção industrial.Os índices foram registradosentre os meses de julho e agos-to. Entre os 14 locais pesquisa-dos, as quedas mais intensasaconteceram em São Paulo,Minas Gerais, Rio de Janeiro eParaná – sendo que o último de-les apresentou queda de 4,8%no índice regional.

De acordo com o economis-ta Hugo Mezza, vários moti-vos levaram aessa queda naprodução indus-trial. Dentreeles, estão aspoucas impor-tações realiza-das e a desvalo-rização do câm-bio. Segundoele, estas duasquestões estãointimamente li-gadas. “O prin-cipal problemaé que não existedemanda láfora para a compra de nossosprodutos. Conseqüentemente,isso acaba interferindo na que-da dos índices de produção dediversas indústrias”, explica.

Em 2007, no mesmo perío-do, os resultados foram positi-vos em 12 dos estados pesqui-sados. A maioria destes locaisapresentou um crescimento aci-ma da média nacional (que re-presenta 2,0%). Tiveram desta-que, em termos de ritmo de ex-pansão, estados como Pará(10,3%), Bahia (7,0%), EspíritoSanto (7,1%) e Goiás (6,7%).

Segundo dados da Diretoriade Pesquisas e a Coordenaçãode Indústria, estes quatro es-tados brasileiros foram bene-ficiados pelo bom desempenho

de indústrias de celulose e pa-pel e produtos químicos. Ama-zonas e Santa Catarina foramos únicos que tiveram sua pro-dução industrial reduzida nes-sa pesquisa, apresentando –respectivamente – queda de3,0 e 1,8%.

A produção industrial doParaná – assim como no anopassado – voltou a diminuirdiante do mesmo mês. De acor-do com a Diretoria de Pesqui-sas e a Coordenação de Indús-tria, o acréscimo de 1,7% emrelação a agosto de 2007 ficoubem abaixo do índice de julho,que apresentou acréscimo de15,2%. Dentro do aumento de1,7%, a contribuição para a

formação damédia globalveio de mine-rais não-metá-licos, edição ei m p r e s s ã o ,máquinas eveículos auto-motores – de-vido ao cresci-mento na pro-dução de cami-nhões. No en-tanto, as influ-ências negati-vas mais rele-vantes vieram

de alimentos, refino de petró-leo e produção de álcool.

Apesar das conseqüênciasdessa queda já poderem servistas, a situação se tornarárealmente visível somente nopróximo ano. Segundo Mezza,a diminuição de empregos seráa principal conseqüência. “Vá-rias montadoras de São Paulojá demitiram um grande nú-mero de funcionários, e a si-tuação só tende a piorar como tempo”, analisa. Além de cau-sar a demissão em massa dediversos funcionários, a que-da nos índices de produção in-dustrial, segundo o economis-ta, afeta também os investi-mentos realizados por estran-geiros.

“O problema é quenão existe demandapara a compra denossos produtos eisso acaba interfe-rindo na queda dosíndices de produçãonas indústrias”HUGO MEZZA,ECONOMISTA

Roberto Hammerschmidt

Desde segunda-feira, no

Museu Oscar Niemeyer,acontece o 3º Festival do Pa-raná de Cinema BrasileiroLatino. O evento aconteceaté domingo, e vai dar omaior prêmio em dinheiro jápago a um longa-metragemno Brasil: R$ 110 mil na ca-tegoria melhor direção. Ovalor é suficiente para des-bancar o festival “É TudoVerdade”, que premia o me-lhor documentário com R$100 mil. Na programaçãoestá a exibição dos filmesconcorrentes do festival, ofi-cinas e seminários. Duasmostras paralelas comple-tam o evento: a Mostra Glau-ber Rocha, que traz uma re-trospectiva de parte de suaobra; e a mostra Dino Risi,com as principais obras dodiretor italiano que morreuneste ano.

A terceira edição do even-to cresceu bastante: de umamostra de cinema na pri-meira edição, com a exibiçãode três filmes brasileiros edois latinos, e a criação doPrêmio Araucária de ouro nasegunda edição, com a exi-bição de três filmes brasilei-ros, três latinos e 20 filmesde curta metragem, saltoueste ano para 69 filmes bra-sileiros, 16 filmes latinos e173 filmes de curta-metra-gem, em um total de 242 tra-balhos inscritos.

O ápice do evento é o prê-mio araucária de ouro, quevai premiar este ano todasas categorias (ano passadoapenas algumas foram pre-

miadas), além dos prêmios emdinheiro, em um valor total deR$ 310 mil.

A realizadora do evento é aatriz Itala Nandi, que estavaatuando na novela Os Mutan-tes, da Rede Record de Televi-são. No folhetim da TV ela in-terpretava a vilã Doutora Jú-lia. Itala é veterana do cinemae do teatro. Ao todo são maisde 20 filmes e 30 peças. Na TV,atuou em O Pulo doGato(1979), Direito de Amar(1987), Que Rei Sou Eu(1989),e mais recentemente em Cami-nhos do Coração(2005), entreoutros folhetins e minisséries.

Para Itala, a participação dopúblico tem sido excelente. “Éimportante dizer que todos osfilmes, seminários e oficinas sãogratuitos, nada é cobrado nes-se festival”. O objetivo princi-pal da atriz é criar um Pólo deCinema do Paraná. Para isso,

ela criou além deste festival,a Escola Superior Sulameri-cana de Cinema e Televisãodo Paraná. “O projeto é umapirâmede. A base é uma esco-la, o meio da pirâmede é umfestival e o topo é o pólo de ci-nema”, afirma Itala.

A atriz faz duras críticasao estado Paraná. Para ela,todos aqui estão cegos, sur-dos e mudos para o que háde melhor no estado. “Quemé de outros estados conheceessa escola superior de cine-ma, mas quem é do Paranánão”, reclama. Itala não temdúvidas de que o Paraná vaise tornar um grande pólo pro-dutor de cinema brasileiro.Ela toma por exemplo o esta-do do Rio Grande do Sul, queé o maior produtor de cine-ma fora do eixo Rio-São Pau-lo. “Mas porque tem festival”,completa.

O prêmio do Festival para a categoria melhor direçãoserá o maior já pago a um longa metragem no Brasil

Festival abre caminho para Pólo de Cinema do ParanáRoberto Hammerschmidt/LONA

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Letycia Santos

Terno, gravata, meias e sa-patos pretos. A única peça bran-ca é a camisa, durante a Ses-são Magna. A cor manifesta-seapenas no avental sobreposto aotraje social e varia de acordocom o rito.

Algum membro que saiu dotrabalho e não parou em casaveste o balandral, túnica usa-da nas ocasiões em que não dátempo de trocar a roupa. Elepode ser um pedreiro, um ad-vogado ou o presidente de umpaís. O que importa é que te-nha uma vida ilibada e seja es-tável financeiramente.

Andam sempre em sentidohorário naquele local de chãopreto e branco. “Sessão com for-malidade”, diz alguém da por-ta. “Andar grau 1!”, completa.De modo meio automatizado, aspernas seguem sempre o ângu-lo de 90º. Este é o Rito York.Poderia ser o Escocês Antigo eAceito.

Dirigem-se às cadeiras nãosem organização ou como quemdisputa um lugar como na dan-ça da cadeira. Tudo ali tem um

Homens de poderA maçonaria, apesar de existir há séculos, ainda é julgada de modo equivocado

porquê. O teto sobre suas cabe-ças aponta a disposição corre-ta. O painel alegórico, a lapela,o anel e a corda de 81 nós. Apedra bruta, a quadrada e a la-pidada. O esquadro e o compas-so alinhados de forma peculiarsobre a Bíblia, chamada de Li-vro da Lei.

Até mesmo o chapéu preto,de abas largas ecaídas, igualpara todos, cos-tume surgido noséculo XVIII eque tem a mes-ma intenção dogorro de Austre-gésilo CarranoBueno do filme“Bicho de SeteCabeças”, demanter preser-vada a fonte dosaber e da vida.

O templo ésagrado. As mú-sicas clássicas ea postura dentrosão pensadas. Areprodução acima foi feita a par-tir de uma mente com imagi-nação, pois praticamente tudona maçonaria é realizado para

e com seus membros, todos ho-mens. Apenas algumas reuni-ões são públicas.

Morrer para um mundo enascer para outro: é isto quesignifica a maçonaria. Pessoasque procuram interpretar o queos elementos do processo ritua-lístico significam têm sua curi-osidade estimulada.

Há muitotempo, a maço-naria era perse-guida pela igre-ja católica e vá-rias correntesde filosofia e,por tal motivo,era secreta.Hoje, os segre-dos que existemsão os meiospara se reco-nhecer os ma-çons entre si,em qualquerparte do mun-do, o modo de in-terpretar seussímbolos e os

ensinamentos neles contidos.Alguns homens tentam se

passar por maçons. Quando al-gum membro percebe, logo fazo chamado teliamento, que sãovárias perguntas sobre maço-naria.

Há ainda outro filtro: é es-colhida entre os maçons umapalavra semestral, conhecidasomente por eles e que varia depaís para país, servindo comoum “código de identificação”.

Na maçonaria, menos émais. Até mesmo a abreviaçãode palavras do dicionário ma-çônico busca promover a discri-ção. Para seus membros, nãohá motivo de alarde quanto àprática de boas ações. É por talrazão que preferem chamá-la desociedade discreta, e não secre-ta, por agir sutilmente.

Apesar de ser difícil definirmaçonaria, está longe de seruma irmandade de “filhos de Sa-tanás” ou o “braço direito doDiabo”, como afirmam os desin-formados. Segundo o sitewww.lojasmaconicas.com.br,não é uma religião, nem asso-ciação dogmática, teoria políti-ca ou um partido. Também nãoé uma corrente filosófica ou sis-

tema individualista. Mas nãoexclui a religião, a política ou afilosofia.

Maçonaria é uma institui-ção filantrópica, filosófica e pro-gressista. Seu lema é “Liberda-de, Igualdade e Fraternidade”e seus princípios são tolerância,respeito mútuo e liberdade ab-soluta de consciência.

A maçonaria resume o deverdo homem como "respeito aDeus, amor ao próximo e dedi-cação à família", considerandoisso a maior síntese da frater-nidade universal. Ciência, jus-tiça e trabalho são valores im-portantes, assim como o patri-otismo e o respeito à autorida-de e à lei.

É religiosa por reconhecer aexistência de um único princí-pio criador, regulador, absolu-to, supremo e infinito ao qualse dá o nome de Grande Arqui-teto do Universo (G.A.D.U.),não sendo, porém, uma religião.A maçonaria é, acima de tudo,bastante tolerante, mas proíbediscussões políticas e religiosas.Combate a ignorância, a su-perstição, o fanatismo, o orgu-lho, a intemperança, o vício, adiscórdia, a dominação e os pri-vilégios. Em suma, a maçona-ria trabalha para o melhora-mento intelectual, moral e so-cial da humanidade.

Como funcionaA iniciação não envolve be-

ber sangue de outros membros,tampouco evocar o Anticristo.São feitas cinco viagens, comochamam os maçons. Em todaselas, o membro leva consigo umdos elementos (água, terra, fogoe ar), todos com um significa-do. Apenas na primeira não levanada. O pretendente passa pelainiciação e torna-se aprendiz.Posteriormente, pela elevação,fica sendo chamado de compa-nheiro. E, por fim, vem a exal-tação e torna-se mestre.

Para ser aprovada, a fichacom os dados daquele que pre-tende ser iniciado na maçona-ria, deve ser submetida à aná-lise três vezes em cada lojamaçônica. É importante que oiniciado pague uma jóia e con-tribua constantemente comuma quantia de dinheiro. A in-

tenção é nobre: a mútua, comoé chamada a quantia doada,auxilia nos projetos filantrópi-cos e ajuda até mesmo viúvasde maçons.

O maçom evolui conformegraus. Para cada um deles,deve ser elaborado um estudo.Os pré-requisitos para passarpara outro grau são chamadosde solstícios. C. V., que preferenão se identificar, tornou-semaçom em outubro de 1997 eestá atualmente no grau 12.Seu avô materno era maçom e,por isso, já conhecia um poucoda tradição maçônica.

Não é à toa que os maçonsse tratam por “irmãos”. Paraele, o grande benefício que a ma-çonaria pode trazer à vida é aamizade, é poder contar com osoutros. Contudo, ele contesta aidéia de ser a maçonaria umareligião. “É filosofia, não reli-gião. Para ser uma religião, te-ria de ser universal”, diz. En-tre as 38 pessoas da loja quefreqüenta, certamente existemconcepções de mundo distintasumas das outras. A maçonarianão ambiciona nem procuraconstituir um pensamento úni-co.

A opção por deixar de fre-qüentar a loja maçônica e in-terromper os estudos é permi-tida. O membro pode decidirpelo kit placet. Um maçom podetambém ser expulso, caso come-ta atitudes consideradas imo-rais, como o adultério. Nessecaso, a loja toma o procedimen-to do chamado kit placet ex-ofí-cio. De acordo com C. V., ummaçom nunca deixa de ser ma-çom. “Ele pode até desistir, ou,muitas vezes, se afastar por umtempo por ter outros afazeres,mas o compromisso sempreserá mantido”, garante. Quan-do um integrante se afasta porum período, é chamado de “ma-çom adormecido”.

O grão-mestre é o cargo demaior poder em uma loja ma-çônica. Ele cuida de todas asregionais, como um prefeito, edeve ter sido venerável mestrepelo menos uma vez. O venerá-vel mestre é quem preside asreuniões. Além dos dois cargos,existem a câmara dos deputa-dos, secretários, grandes-secre-

“Tem umapiada quandouma mulherpergunta porque só podehomem. A gentediz: mulher nãosabe guardarsegredo”D.C., MAÇOM

Goethe, um dos grandes homens da história, foi maçom

Geral

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tários, 1º e 2º vigilantes, orador,chanceler e tesoureiro.

Em geral, são necessáriossete membros-mestres para ini-ciar uma reunião. Há um sen-so democrático na maçonaria:os cargos são ocupados a partirde eleições, das quais podemparticipar todosos membros re-gulares, isto é,os que vão àsreuniões da Lojacom freqüênciae têm seu paga-mento em dia.

No Brasil, amaior potênciamaçônica é oGrande Orientedo Brasil, res-ponsável, alémde outras fun-ções, por emitira chamada Car-ta Magna, documento atravésdo qual autoriza uma loja ma-çônica a funcionar. No Paraná,há duas ramificações: a Gran-de Loja do Paraná e o GrandeOriente do Paraná. Há entre osdois Orientes uma relação dedualidade e amizade.

Política, religião e históriaAssim como o grupo Rosa

Cruz, a maçonaria também in-fluiu na história e na políticano mundo todo. Atuou nos bas-

tidores desde a época dos tem-plários, cristãos que viviam ba-sicamente para se prepararpara lutar na guerra de liber-tação de Jerusalém.

O início de tudo é explicadono Salmo 133, explica C.V.

A contribuição da maçona-ria para a histó-ria brasileira ésabida. O impe-rador D. PedroI foi iniciado,elevado e exal-tado em um sódia para fazer aindependênciado Brasil, amando de JoséBonifácio, tam-bém maçom.Segundo a re-vista maçônicaA Trolha, “hojenão existem dú-

vidas, entre os historiadoressérios, de que a independênciabrasileira foi resultado direto daação do movimento maçônico”.Na mesma edição, o veículo in-forma sobre igual influência naRevolução Farroupilha, ocorri-da no Rio Grande do Sul. A abo-lição da escravatura tambémfoi, em grande parte, mérito damaçonaria.

Ordem DeMolayAo perceber o desamparo de O filme “A Lenda do Tesouro Perdido” aborda a Maçonaria como sendo ainda secreta

“Tem genteque, assim quevocê diz OrdemDeMolay, sógrava “demo”e aí já associaao diabo”P.V., INTEGRANTE DAORDEM DEMOLAY

muitos jovens no período apósa Primeira Guerra Mundial,Frank Shermann, o últimotemplário, resolveu fundar aOrdem DeMolay. Consideradatambém uma entidade filantró-pica, serve como uma prepara-ção para jovens que pretendemse tornar maçons. A entidadeaceita jovens de 12 a 21 anos etambém requisita que hajauma assimilação de conheci-mento de forma semelhante àdemanda da maçonaria, quesepara por graus. Não que sejaenxotado pela Ordem caso pas-se da idade máxima permitida.

É o caso de P. V., de 22 anos,filho do maçom C.V. que entrouem 1999 na Ordem. O jovemafirma que membros que en-tram com mais de 20 anos nãoaproveitam a aprendizagemque a Ordem propicia e quemuitos grupos se iniciam comvários membros e vão diminu-indo. “Tem gente que não levaa sério. E gente que não sabe oque significa a Ordem. Assimque você diz Ordem DeMolay, aúnica coisa que gravam é ‘demo’e aí já associam ao diabo. Mui-to da tradição se perde”, afirmaele, com indignação.

Apesar da tradição, o rapaznão foi iniciado: foi interroga-do por membros, preencheuuma ficha e entrou. Continu-ará sendo apadrinhado pelaLoja até sua emancipação dopai, por não ter condições dese sustentar sozinho e se tor-nar maçom.

Quando entra para a Or-

dem, o membro iniciático é o “faztudo”, enquanto o DeMolay es-tuda com mais profundidade osprincípios da Ordem e o cava-lheiro reúne-se com outrosmembros para reforçar o jura-mento feito por ele.

Na Ordem DeMolay, a hie-rarquização é feita de forma dis-tinta da maçonaria. Existemduas divisões: a por idade e porfunções. Os membros podem serlowton ou seniors e de 7 a 12anos, são escudeiros e de 12 a18. O 1º conselheiro avalia a fi-cha do iniciado, enquanto o 2ºcuida da iniciação. Junto com omestre-conselheiro formam adiretoria. Existem ainda 18 ou-tras funções na Ordem DeMo-lay. O órgão superior é Supre-mo Conselho da Ordem DeMo-lay para o Brasil. Na Ordem, oequivalente à loja é chamado decapítulo.

Para iniciar uma reunião, omáximo de pessoas permitidassão 15 e o mínimo, 12. Diferen-temente da maçonaria, os mem-bros da Ordem devem sempreestar trajados socialmente.Quando algum membro temum pai presente e que pertencea outra loja, este é chamado de“tio”. Na reunião, este visitan-tes deve sempre se sentar à di-reita ou esquerda do mestre-con-selheiro. Os membros da lojasão chamados por ele de sobri-nhos.

MulheresA maçonaria diz primar pela

fraternidade de todos os ho-

D. Pedro I passou foi iniciado em um único dia

mens, que todos são filhos domesmo Criador e, portanto, hu-manos e seguidores da frater-nidade entre todas as nações.Entretanto, não há tanta aber-tura ainda para mulheres. AGrande Loja permite que exis-tam lojas mistas, compostaspor homens e mulheres.

C. V. afirma que o impedi-mento tem uma razão: duran-te a iniciação, o membro tempartes do corpo que ficam ex-postas e são tocadas por mem-bros responsáveis pela inicia-ção. Na verdade, apenas braçose pernas ficam desnudos.

O maçom D. C. diz existiruma piadinha que se faz quan-do uma mulher pergunta porque não existem mulheres namaçonaria: “A gente diz: por-que mulher não sabe guardarsegredo. Mas isso não passa deuma simples piada”, brinca.

Na Ordem DeMolay, asmeninas podem ingressar nosgrupos Filhas de Jô e no Arco-íris. As mulheres de maçonssão chamadas de acácias e sãoresponsáveis por auxiliar nafilantropia, havendo cargos depresidente e vice-presidente.Contudo, as mulheres reú-nem-se em locais diferentesdos homens. Para conhecermais sobre a loja mista, pode-se acessar o site www.grandelojamista.com.br.

No site www.gob.org.brconstam mais informações amaçonaria no Brasil. O Dia doMaçom é comemorado no dia 20de agosto.

Imagens: divulgação

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A sinuca, além de ser um esporte, também é vista como diversão

A bola da vezRebeca Alcântara

Renata Penka

A bola da vez está ali, na di-reção da caçapa e na mira dotaco. Ela já foi cantada, masantes de ser encaçapada umespirro pode acabar com a mor-te certa. Para quem é “sinu-queiro” ficou fácil entender doque este texto está falando. Asinuca é sempre ligada à diver-são, descontração com os ami-gos. Muitos não sabem que setrata de um esporte que tem atéuma federação organizada e jo-gadores profissionais inscritos.

Noel Rodrigues Moreira é oatual campeão de sinuca do Bra-sil. Paranaense de Roncador, co-meçou a praticar o esporte emsua cidade, quando ainda traba-lhava em uma farmácia. Os res-ponsáveis pelo site Ponto da Si-nuca, Rodrigo Remes e Fernan-do Mazur, contam a trajetóriade Moreira através de fotos on-line. Quando o jogador veio paraCuritiba, seu jogo foi evoluindo,pois concorria com a "nata daépoca". Em 1994 conquistou seuprimeiro título em uma etapa docampeonato paranaense; hojeele tem, entre outros, dois títu-los de campeão brasileiro. A mai-oria das pessoas leva o jogo comouma brincadeira, poucos enca-ram o esporte até como uma pro-fissão, normalmente o interessepassa de pai para filho.

O servidor público e consul-tor jurídico da Assembléia Legis-lativa do Paraná Jefferson Aba-de é um grande apreciador dosjogos de tacos de mesa. Ele co-nheceu esse esporte com seu pai,Diniz, e com seu tio Edson, queadmiravam os jogos e freqüen-temente disputavam com cunhoamadorístico, apesar de serembastante estudiosos do assunto.“Eles, em várias ocasiões, leva-vam a mim e meu irmão Mar-cos, para assisti-los jogar no Clu-be 21, na Rua Marechal Deodo-ro, esquina com a Dr. Muricy,tradicional local de encontro dosgrandes mestres da arte da si-nuca, do snooker, da ‘fodinha’,da vida e da bola oito, além deoutras modalidades”, conta Aba-de, referindo-se às designaçõesdas formas de jogar.

Para os aficio-nados, o jogo écomo uma terapia,consideram que seaprende muito com aderrota, com oerro e a falha,sendo que mui-to pouco seaprende com avitória fácil.“Sempre me di-verti jogando emclubes, bares e res-taurantes, e somen-te no ano de 2003comprei minhaprimeira mesaprofissional de bi-lhar e a coloqueina sala principalde minha casa depraia onde procu-ro sempre jogarcom amigos efamiliares,pois é ummomento dedescontração”, explica.

Abade lembra, com sauda-de, um momento marcante: foiem em 1988 quando ele jogouno Grupo Sérgio, um granderestaurante de São Paulo quepossui várias mesas. Lá conhe-ceu e jogou com dois grandesprofissionais do snooker do Bra-sil e reconhecidos mundialmen-te, Rui Chapéu e Carne Frita.

O jogo preferido dele é o “bolaoito”: “Dois jogadores, 15 bolasnumeradas, de um a sete, ummata e de nove a15, o outro mata,depois que mataras suas sete bo-las é colocado namesa a bola nú-mero oito para adecisão”, explica.Com tanto tempode jogo, aprendeua respeitar o opo-sitor e fazer dedas partidas umaprendizado.

Para ter certeza do sucessoda tacada Abade dá a dica, “oposicionamento dos pés é quedão todo o equilíbrio para a ma-nutenção do taco na mira cer-ta; a mira é feita com a mão detrás e não com a mão que estápróxima à bola; cada vez que

jogar renove o giz na ponta dotaco e sempre tente as jogadasmais simples, não esqueça quea menor distância entre doispontos é a reta”.

Mulheres no jogoSe é difícil encontrar mulhe-

res que jogam sinuca, mais raroainda é encontrá-las participan-do de alguma federação. Na fe-deração paulista uma das ins-critas é a filha do Rui Chapéu.Mas tem mulher que joga para

descontrair. Éo caso de Elia-ne Lima, quedá suas taca-das por puradiversão: “Amaioria nasmesas de sinu-ca são homensmesmo, é en-graçado quan-do eles perdempara nós, eudou muita ri-

sada”. Ela começou a se inte-ressar quando foi convidadapelo primo a jogar uma parti-da. Depois de ter ouvido as re-gras, ele teve paciência e expli-cou o passo a passo na prática,a boa mira a incentivou a con-tinuar jogando. Apesar de ir a

mui-tos ba-

res e sempreser bem trata-

da, um dia, emum bar no seu bair-

ro, Eliane estava nacompanhia uma amiga e viuum aviso dizendo que mulheressó podiam jogar se acompanha-das por algum homem. Ela en-tendeu o aviso como discrimi-nação e, em um site de relacio-namentos, deixou clara sua in-dignação: “Me senti totalmenteofendida! Isso não esta certo”,alfineta.

Regras da sinucaA bola branca é utilizada

para impulsionar as outras.Chama-se bola da vez a que écolorida de menor pontuaçãopresente na mesa. Ela é livre,ou seja, o jogador não perde pon-tos caso erre quando tentar en-caçapá-la. Quando encaçapada,não retorna à mesa e dá direitopara bater livremente qualqueroutra bola. Esta, se encaçapada,retorna à mesa e o jogo conti-nua com a próxima bola. Comexceção da tacada inicial, é per-mitido tacar uma outra no lu-gar da que está na vez, porémcom perda de sete pontos emcaso de erro.

As mesas brasileiras possu-em 2,84 metros de compri-mento por 1,42 metro de lar-gura. Já a mesa original in-glesa, possui mais de 50cm,tanto na largura, quanto nocomprimento. Há uma ten-dência em campeonatos de sejogar na regra inglesa.

Um pouco de históriaAs primeiras citações do bi-

lhar surgem em livros dos sé-culos XVI e XVII. Antes desseperíodo, a mesa era coberta poruma série de obstáculos, comopinos, arcos de ferro, que as bo-las deveriam atravessar ou cir-cundar. E as caçapas eram bu-racos cortados na superfície damesa. As bolas de bilhar eramfeitas de marfim.

A modalidade do snookersurgiu em 1875, durante umperíodo de chuvas na cidade deJubbulpore, na Índia, quandooficiais ingleses do RegimentoDevonshire passaram muitashoras em volta de uma mesa debilhar. O oficial Neville Fran-cis Fitsgerald Chamberlain,iniciou experiências com varia-ções no uso das 15 bolas verme-lhas e uma branca do jogo“pyramids”, mesclando-as comas bolas coloridas do “life pool”,e outras depois acrescentadas,e assim nasceu o jogo snooker.A divulgação da nova regra emoutros continentes teve maiorrepercussão por meio de JohnRoberts, então grande jogadorde bilhar, que em 1885 viajou àÍndia e foi apresentado a Cham-berlain, conhecendo e adotandoo novo jogo.

O termo sinuca é uma adap-tação do inglês snooker, nome comque a modalidade do jogo foi lan-çada no Brasil a partir de 1889.Logo, sinuca ou snooker é o nomeespecífico de um determinado jogo,mas apesar dessa especificidade,às vezes é utilizado popularmen-te de forma genérica, para fazerreferência a diversos tipos de jo-gos. De todos os jogos de bilhar, asinuca é sem dúvida o mais popu-lar no Brasil.

Geral

“O posicionamentodos pés é que dátodo o equilíbriopara a manutençãodo taco na miracerta”JEFFERSON ABADE

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Geral

O local ideal para deixar o filhoCreche pode ser uma opção para as mães que trabalham

Fabíola Stabelini

Juliana Fontes

Escolher uma babá ou pro-curar uma creche? Esse é o di-lema que preocupa muitasmães quando a hora de voltarao trabalho se aproxima. Se al-gumas mulheres chegam ao fimda licença maternidade cheiasde vontade de voltar ao traba-lho, outras encaram essa situ-ação com muita ansiedade. Aidéia de deixar o filho com pes-soas desconhecidas é uma ima-gem ainda em transformação,por isso a escolha da creche éfundamental.

Apesar de alguns aconteci-mentos noticiados nacional-mente no mês passado, tendocomo palavras-chaves: mortese creches, elas ainda são a gran-de solução para as mulheresque trabalham fora. E se nãorestam opções para as mães quenão têm o privilégio de ter a avóda criança ou outra pessoa deconfiança à disposição, o que fa-zer para saber se o filho serábem cuidado na creche?

Para a coordenadora da ongCriança Segura, Ingrid Stam-mer, é importante que os paisvisitem a creche antes da reali-zação da matrícula, para veri-ficar como será o dia-a-dia dacriança. “Primeiramente devemprocurar a direção da escolapara verificar se a linha segui-da por aquela instituição aten-de ao que os pais têm como ex-pectativa”.

Foi isso que fez a adminis-tradora Maria Izabel Martins.Depois de uma longa procura,ela encontrou a creche idealpara deixar sua filha Luíza. Iza-bel conta que antes de matri-cular a pequena, pesquisou bas-tante, conheceu várias institui-ções para que, com segurança,escolhesse a certa. “Foi muitodifícil encontrar uma escola queatendesse as minhas necessida-des e as da Luíza. Visitei apro-ximadamente seis creches atéescolher a que ela vai ficar”.

Segundo a pedagoga MariaJosé Silva, “para receber as cri-anças, as creches devem estarde acordo com normas da Vigi-lância Sanitária e do Corpo de-

Bombeiros, como por exemplo,ter o mobiliário adequado como tamanho e idade das crianças,tomadas de energia protegidas,além de não possuir móveis pon-tiagudos”.

Outras normas importantesa serem seguidas pelos estabe-lecimentos dizem respeito à lim-peza e ventilação do ambiente,ao piso, que deve preferencial-mente ser de material agradá-vel ao tato, porque bebês pas-sam muito tempo brincando nochão. É necessário que haja al-gumas almofadas ou cadeiri-nhas próprias para acomodar osque ainda não têm muita fir-meza em ficar sentados. Tam-bém deve haver um local espe-cífico para trocar fraldas e umbanheiro adaptado para os pe-quenos.

Como todos os lugares fre-qüentados por crianças, a cre-che exige medidas de seguran-ça. Na escola onde Maria Josétrabalha, o momento de maisatenção dos educadores é a horada brincadeira no parquinho.“Como neste período as crian-ças estão todas juntas, elas fi-cam afoitas para brincar, entãoé necessário que haja mais deuma pessoa por perto, pois esseé o momento onde podem acon-tecer acidentes”, ressalta a pe-dagoga.

Além das normas e regrasestruturais que devem ser se-guidas, uma das funções dascreches é estimular o desenvol-vimento da criança, com profis-sionais capacitados, tornando-a mais sociável, favorecendoassim o vocabulário e a convi-vência com outras crianças.

Foi visando encontrar essascaracterísticas que a assisten-te administrativa, Elaine Cle-mentino decidiu deixar sua fi-lha Sthephany, de 3 anos, nacreche. Mesmo com tempo livrepara ficar coma menina, Elai-ne considerou importante a fi-lha ir cedo para a escola. Elafreqüenta a escolinha no perío-do matutino há um ano. “Acheiimportante a Sthephany irbrincar e se socializar, receben-do estímulos necessários parasua idade. Ela aprende a comernos horários corretos e tem con-tato com a leitura. Os profissi-

onais da escolinha desenvolvemas capacidades que ela precisa-rá utilizar mais tarde.”

Elaine observa que os resul-tados foram positivos, pois ocomportamento da filha se al-terou. “Sthephany costumavater muita energia e isso faziacom que ela não parasse quietae sempre brigasse com as ir-mãs, a rotina com outras cri-anças faz com que ela convivamelhor em casa”.

Segundo a coordenadora daong Criança Segura, IngridStammer, a relação da escolacom os pais é de fundamentalimportância para o desenvolvi-mento da criança pois, “os es-tímulos recebidos em casa de-vem estar em sintonia com aescola.” Ingrid conta que nãoadianta a escolinha proporcio-nar bons ensinamentos para ascrianças e os pais não oferece-rem os mesmos valores em casa.“A criança não saberá qual ati-tude é a correta, qual deve se-guir, portanto, é importante queos pais também se adaptem às

regras da escolinha”.A coordenadora faz referên-

cia, em especial, às normas desegurança repassadas para ascrianças nas creches. Se a cri-ança é ensinada, por exemplo,que não deve colocar o dedo natomada, não deve brincar comobjetos da cozinha ou que nãopode mexer com produtos delimpeza, não adianta ela chegarem casa e encontrar o caminholivre para fazer todas essas coi-sas, pois assim ela não vai en-tender o porquê está aprenden-do aquilo.

Para Maria Izabel, a únicacoisa que ainda pode preocuparé a saudade que irá sentir dafilha. A administradora está comos dias da licença maternidadecontados, mas certamente apalavra preocupação já não fazmais parte de seu vocabulário.“Eu preciso acreditar que elaserá bem cuidada. Não adiantaeu ficar preocupada, pois tenhoque passar segurança para mi-nha filha e para mim mesma”.

Mais tempo com o bebê

Foi- se o tempo em quelugar de mulher era somen-te em casa, hoje elas tam-bém precisam pegar no ba-tente. Apesar dos temposterem mudado, um antigopapel da mulher permane-ce: a função de ser mãe.Toda grávida tem o direitode se ausentar do trabalhopor 120 dias consecutivossem ter nenhum prejuízo nosalário no fim do mês. Aproposta para aumentar otempo da licença materni-dade para seis meses foiaprovada, porém nem todasas mamães poderão ser be-neficiadas com essa lei.

As servidoras públicas játêm o direito de permanecerdois meses a mais em casa.Para funcionárias de empre-sas privadas, a ampliação dalicença só começa a valer apartir de 2010. Como os doisúltimos meses são opcio-nais, ela precisa ser negoci-ada com o empregador. Asempresas que concederemàs funcionárias mais doismeses de licença-maternida-de poderão descontar do Im-posto de Renda o valor inte-gral pago de salário duran-te este período.

As micro e pequenasempresas estão excluídasdo sistema, e não podemdescontar do Imposto deRenda os gastos com a li-cença estendida. A justifi-cativa é de que essas em-presas já pagam um im-posto especial, bem menor,e que não descontam o IRem si, não havendo comofazer a isenção. Além dis-so, os dois meses extras delicença não são incluídosna contagem do tempo decontribuição da funcioná-ria. Assim, as empresasque quiserem beneficiarsuas empregadas terãoque desembolsar a quan-tia, o que dificulta adecisão.A medida de ampli-ação do tempo da licença,também vale para os ca-sos de adoção.

Juliana Fontes/LONA

Izabel visitou seis creches para escolher onde deixar a filha

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Texto e fotos: FernandaVasconcelos

Composto por personagens enig-máticos, moldes lúdicos, situaçõesque num primeiro impacto não pos-suem nexo algum, “Alice no País dasMaravilhas” abre-se para diversasinterpretações. As situações nadaconvencionais por que Alice passafazem alusão à transição da infân-cia para a adolescência, fase pelaqual a personagem-título está pas-sando.

Na primeira foto, é retratada ainerente curiosidade do novo nascrianças. Na segunda foto há umareferência ao Rei e à Rainha do Paísdas Maravilhas, que nada mais sãodo que cartas de baralho. A terceirafoto é um símbolo representando ainfância, fase que Alice está deixan-do para trás e, por último, um jogo,fazendo alusão a um dos últimos ca-pítulos do livro, em que Alice é con-vidada a disputar uma partida decroquet.

Os símbolos de Alice