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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 636 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo O universo cinema- tográfico de Fernan- do Severo e Marcos Jorge, diretores de “Corpos Celestes”. Pág. 4 e 5 Coluna Especial Coritiba joga por vitória simples diante do Ceará para avançar à final da Copa do Brasil Miguel Locatelli A sensibilidade e profundidade de “Lixo Extraordiná- rio”, documentário sobre catadores de materiais recicláveis. “Nem Sarah, Nem Sandra”, de Mateus Chequim, e “Abre Los Ojos”, de Evelyn Bueno. Pág. 8 Página literária Hoje à noite, às 21h50, o Coritiba entra em campo em busca de um feito inédito na história do clube - e do futebol paranaense: a conquista da vaga à final da Copa do Brasil. O Coxa enfrenta o Ceará, no Couto Pereira, e uma vitória sim- ples classifica o time. Pág. 3 As novidades que a moda traz para este inverno Pág. 6 Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011

LONA 636 - 25.05.2011

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Jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo.

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011

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lona.up.com.br

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 636Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

O universo cinema-tográfi co de Fernan-do Severo e Marcos Jorge, diretores de “Corpos Celestes”.

Pág. 4 e 5

Coluna

Especial

Coritiba joga por vitória simples diante do Ceará para avançar à final da Copa do Brasil

Miguel Locatelli

A sensibilidade e profundidade de “Lixo Extraordiná-rio”, documentário sobre catadores de materiais recicláveis.

“Nem Sarah, Nem Sandra”, de Mateus Chequim, e “Abre Los Ojos”, de Evelyn Bueno.

Pág. 8

Página literária

Hoje à noite, às 21h50, o Coritiba entra em campo em busca de um feito inédito na história do clube - e do futebol paranaense: a conquista da vaga à final da Copa do Brasil. O Coxa enfrenta o Ceará, no Couto Pereira, e uma vitória sim-ples classifica o time.

Pág. 3

As novidades que a moda traz para este inverno

Pág. 6

Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011 2

Expediente

Reitor José Pio Martins

Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto

Pró-Reitora de Graduação Marcia Sebastiani

Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Bruno Fernandes

Coordenação dos Cursos de Comunicação SocialAndré Tezza Consentino

Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira

Professores-orientadores Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima

Editores-chefes Daniel Zanella, Laura Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universi-dade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -

Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30

Fone: (41) 3317-3044.

Editorial

Ficha marcadaMarcos Monteiro

Opinião

Para aqueles que tanto es-peravam, chegou. É, meus ca-ros, começou o Campeonato Brasileiro de Futebol - após muitas dúvidas e incertezas.

No início de março, criou-se uma polêmica sobre os direitos de transmissão do campeonato deste ano. Tudo balela. Ergueu-se o circo da discussão midiática: redes de TV disputando o show que mais atrai espectadores. Por falar em redes de televisão, a Rede TV saiu vitoriosa do leilão, comprou o gado, pa-gou à vista, porém, na hora do abate, o boi já estava mor-to. Continuou tudo igual ao ano passado. Os clubes, que agora não são mais treze, ne-gociaram diretamente com as transmissoras. Globo, Record – que mais tarde acabaria op-tando por investir o dinheiro em igrejas – e também Rede TV, entre outros clichês da TV brasileira. Resumindo: vamos todos assistir o campeonato na Globo. Exceto você, peque-no burguês, que assina o PFC.

Mas o nosso enredo habi-tual promete algumas mudan-ças, ao que tudo indica. Desta vez os atores principais estão focados. Só que é uma situa-ção controversa, no mínimo. Aqueles que lutarão pelo títu-lo estão disputando somente o Campeonato Brasileiro, com exceção meritória do Santos, nas semifinais da Libertadores.

- Mas isso não é controver-so?! – Eu sei, petit-bourgeois. O controverso é que eles – In-ternacional e Cruzeiro – são os times que lutarão pelo título, e fizeram palhaçada na Liberta-dores. Deixaram Muricy, o pa-pai Neymar e companhia so-zinhos. Melhor para eles, que agora são os francos-favoritos.

- E o Fluminense e o Grê-mio, que também estavam na Libertadores? – Que eu queime minha língua, mas, por ora, eles não são impor-tantes. Não para o título na-cional. Sim para a Copa Su-lamericana e Libertadores.

O mesmo caso é o do Co-ritiba - que mesmo após o 6 x 0 sobre o palmeiras [que nes-

se episódio merece ser escrito com minúsculo] ainda precisa provar muita coisa. A defesa coxa-branca é boa para níveis paranaenses – o dragão que o diga. O ataque formado pelo goleador Bill merece atenção dos treinadores adversários. O meio de campo, sim, este merece a devida atenção [sem ironias]. Rafinha, Davi e Mar-cos Aurélio conseguem con-duzir a bola até o ataque com muita qualidade, e de dão a Bill o trabalho de encostar na bola para que ela entre – o que ele faz sem errar (às vezes).

Do Atlético Paranaense é esperado o de sempre – algo que ele cumpre com perfeição. Ficar no meio da tabela é a ten-dência na equipe rubro-negra.

Em âmbitos paulistas, espera-se muito do Santos. E com razão. Enquanto todos olhavam para Cruzeiro e In-ternacional, o desacreditado time da Vila, que iniciou o tor-neio continental com uma se-quência de empates, encontra-se como o favorito pela taça.

Nas mediações do Parque São Jorge, Andrés Sanchez brinca com a torcida – e com o dinheiro dos investidores. O estádio dos corintianos foi mais uma vez adiado. A data muda mais do que o período de recuperação do Adriano. Por falar em uvas, que se faça o vinho. O imperador chegou como bomba – sem trocadi-lhos, por favor – e sequer está treinando. Estava, até romper o tendão. Ficará meses fora. Até parece o Luis Fabiano.

Não que o São Paulo tenha errado (nem o Corinthians), mas lanço para você mais uma pergunta: será que vale o in-vestimento? Luis Fabiano e Adriano irão repor o dinheiro gasto? Lembremos de Rafael Sóbis, que veio para o Interna-cional e ainda não deslanchou. Mas não vamos para o sul, con-tinuaremos no estado paulista.

Os porcos estão eufóri-cos, e querem mais lama no chiqueiro. Começou o ano de maneira que nem o mais verde palmeirense esperava. Somen-

O editorial da edição de ontem do Lona buscou levantar algumas consi-derações acerca da rela-ção do jornalismo impres-so com os estudantes - e os jovens, em geral.

É um assunto ainda um bom tanto carente de maiores ensaios teóricos e isso é bem visível na for-ma com que os jornais de papel lidam com o tema, ainda priorizando o furo e não adaptando seus fe-chamentos, insistindo em oferecer informações pela metade em vez de análi-ses mais depuradas e con-textualizadas.

Trazendo o assunto para a nossa realidade, ambicionamos adequar o nosso informativo diá-rio aos anseios do nosso público, no caso, os pró-prios universitários, mas tentando não nivelar o discurso ao segmento - tentando, assim, encon-trar um leitor universal e crítico.

Nessas especulações sobre o futuro do impres-so e o seu perfil de in-formação, as discussões

sobre a linha editorial adotada é essencial para que não escrevamos um jornal lido por nós e uma fatia reduzida de retrata-dos.

Nessa última semana de publicação das edi-ções de primeiro semes-tre do Lona percebemos que algumas coisas fun-cionaram bem, como as reportagens especiais, e o colunismo e opinativo diário.

Talvez a maior dificul-dade encontrada nesse percurso foi o reduzido retorno escrito dos estu-dantes de curso. A au-sência de um feedback mais detalhado nos deixa algumas dúvidas sobre como está sendo recebido o jornal e se estamos con-seguindo atingir nossos objetivos editoriais.

E é essa uma das prin-cipais perdas dos impres-sos nesses últimos anos: a comunicação direta com os leitores mais jovens, de perfil mais individualiza-do e menos propensos à crítica diária de impressos.

Boa leitura a todos.

te 11 gols tomados em mais de 20 jogos. Até que levou uma sacolada do Coritiba, tomando em uma noite metade dos gols que havia levado no ano todo. A torcida está cobrando. O Ba-nif também. O time alviverde tem três meses para arrumar 20 milhões de reais e terminar de pagar a dívida do Mago, aquele que chutou o vento contra o Corinthians e ainda está sem jogar. Já é sócio cativo do DM. Mais um que se encai-xa na situação do “Imperador” e do “Fabuloso”. O presiden-te não ajuda muito, diz que não se importaria em liberar o maior ídolo da torcida. Para piorar, disse que o chileno não valeu o investimento. Tudo bem, mas não precisa dizer essas coisas em público. San-chez também não deve estar feliz com a situação por lá, mas não é por isso que ele sai por aí atirando nos jogadores.

Brincadeiras à parte, o Brasileirão tem tudo para ser o mais disputado, desde que Muricy cansou de ganhar tí-tulos com o tricolor paulista. No começo da temporada, todos fazemos nossas aná-lises sobre futuros campe-ões, rebaixados e quem pega – além do Richarlyson - as vagas para a Libertadores. Dentre os que colocamos na frente da tabela, não tenha dúvida, o time do Muricy Ra-malho sempre estará na luta.

Mas não é só pelos grandes que devemos olhar com espe-rança para essa edição do Tor-neio Roberto Pedrosa, ou Copa Brasil, ou seja lá como se cha-ma agora. Subiram também times que merecem destaques.

O Coritiba, apesar de ainda precisar provar para o resto do Brasil que tem capacidade de ganhar 34 jogos seguidos, pode surpreender e se dar bem. E também o Bahia – mas só de-pois que terminar de montar a nova clínica de reabilitação, com Jobson e Carlos Alberto.

Não é só de títulos que se faz uma torcida.

Não é só de verdades que se faz um jornal.

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ESPORTE 3

O Coritiba entra em campo hoje, às 21h50, em busca da inédita vaga à fi-nal da Copa do Brasil. A equipe recebe o Ceará, no Couto Pereira, para a dis-puta do jogo de volta da semifinal da competição nacional, que garante ao campeão uma vaga na Taça Libertadores da América – a principal competição intercontinental das Amé-ricas – do ano que vem.

No primeiro jogo, em Fortaleza, no Estádio Pre-sidente Vargas, houve em-pate sem gols. No final de semana, as duas equipes estrearam no Campeonato Brasileiro e acabaram der-rotadas. No Couto Pereira, o Coxa sucumbiu diante do Atlético-GO, por 1 a 0, e perdeu a invencibilida-de em casa na temporada. Também jogando em casa, o time cearense foi derrotado pelo Vasco da Gama, por 3 a 1. A diferença é que a equi-pe do técnico Vágner Man-cini entrou com um time re-serva, enquanto o Coritiba jogou com força máxima.

Para a partida que irá definir um dos finalistas da Copa do Brasil, o téc-nico Marcelo Oliveira se-gue sem contar com os laterais-esquerdo Eltinho e Triguinho e com o meia Marcos Aurélio, todos no departamento médico do clube. O trio já desfalca a equipe há um bom tempo. Entretanto, o atacante Bill retorna de suspensão e é a principal esperança de gols da equipe, que não marca há três jogos e preocupa um pouco os torcedores. ”Realmente a equipe não foi bem nos últimos jogos, mas em duas partidas jo-

gou com o regulamento nas mãos. No jogo de final de semana, pelo Campeo-nato Brasileiro, ficou evi-dente que o time estava com a cabeça na Copa do Brasil”, conta o analista de sistemas e torcedor do Co-ritiba, Anselmo Michalski.

Após o revés no Brasilei-rão, o comandante Alviver-de realizou um último trei-namento ontem, no local da partida, mas sem acesso da imprensa. Para ele, a parti-da desta quarta-feira será diferente do último do-mingo. “Tenho convicção por tudo que realizamos que será um jogo diferen-te. Espero contar mais uma vez com o apoio irrestrito do torcedor para lutarmos por essa vaga inédita”, afir-mou Marcelo Oliveira. É a partida mais importan-te do clube na temporada.

O zagueiro Emerson fez coro com o treinador e disse que a torcida não pode deixar de acreditar na classificação à final pelo jogo ruim contra o Dragão. “O torcedor nos apoiou e quarta-feira não vai ser di-ferente. Não é por causa de uma derrota que ela não vai ficar do nosso lado”, destacou o capitão Coxa-branca. A diretoria espera cerca de 35 mil torcedores no Couto na noite de hoje.

Sobre a decisão, o meia Rafinha disse que o elen-co precisa de tranquilida-de e esquecer a partida do Brasileirão, para que todos entrem focados na partida. “Temos que ter tranquili-dade porque temos uma semifinal e precisamos de uma vitória simples para passar de fase”, avaliou o jogador, que teve o apoio do volante Leandro Doni-zete. “Quarta-feira temos

Coritiba joga por uma vitória simples para avançar à final da Copa do BrasilVitória por qualquer placar classifica a equipe; empates sem gols levam a decisão aos pênaltis.

Miguel Locatelli

um jogo muito importante, então precisamos de todo mundo aqui para conseguir um bom resultado”, frisou.

Confiante na classifi-cação, o Coxa entrará em campo com: Edson Bas-tos; Jonas, Emerson, De-merson e Lucas Mendes; Leandro Donizete, Léo Gago, Davi e Rafinha; Anderson Aquino e Bill.

Para avançar à final da Copa do Brasil, o Co-ritiba precisa somente de uma vitória por qualquer placar. Um novo empa-te sem gols leva a deci-são para os pênaltis. Em caso de vitória ou empate com gols, o time cearense conquista a classificação. Quem passar irá enfren-tar Avaí ou Vasco, que jogam no mesmo horário, na Ressacada, em Flo-rianópolis. Na primeira partida, empate em 1 a 1.

Diretoria espera a presença de mais de 35 mil torcedores

Miguel Locatelli

Em âmbito local, a par-tida de hoje entre Coritiba e Ceará certamente desper-tará sentimentos opostos entre torcedores direta-mente envolvidos no resul-tado. (Leia-se torcedores do Coritiba, Atlético - PR e Paraná Clube.)

O Coritiba jogará por uma vaga inédita à final da Copa do Brasil, feito que, se conquistado, represen-tará um fato inédito para o futebol paranaense.

Rivalidades e paixões à parte, forças igualmente significantes estarão em jogo no confronto de hoje: a representatividade do fu-tebol paranaense e a força do jornalismo esportivo do estado.

Se cabe aos torcedores cumprir o seu papel de empurrar o seu clube de

ANÁLISE

Clubes fortes: jornalismo forte

Daniel Zanella

coração (ou secar o rival), ao jornalista cabe o papel de entender o momento especial por que passa o Coritiba e compreender que um bom resultado do Alviverde nesta noite re-presenta uma notoriedade efetiva do futebol parana-ense - abrindo mais espaço de cobertura nos noticiá-rios e possíveis campos de trabalho.

Sabemos que somos um país monoesportivo e que somente um resultado não será capaz de modificar o panorama do esporte no Paraná, certamente carente de ídolos e precário na for-mação de atletas.

Entretanto, a campanha positiva do Coritiba nesta temporada é emblemática e pode significar um novo capítulo nos rumos do fu-

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011 4

O grupo Tortura Nunca Mais promove nesta quinta-feira, 26, às 9h30 , palestra musical sobre

Direitos Humanos.A palestra acontecerá na Universidade Positivo, no

auditório do Bloco Azul.

No período da tarde, o grupo promoverá na UP uma série de seis ofi cinas com temas

variados.As inscrições são gratuitas e devem ser

realizadas após a palestra.

Tortura Nunca Mais Ofi cinas

EDUCAÇÃO O mundo achado de Severo

Rodolfo May

Foto: Giorgia Gschwendtner

Recortes de jornal, caixa de sapa-to, cola e rolo. Foram esses os ma-teriais que Fernando Severo utili-zou em seu primeiro fi lme. Ainda criança, ele usou os objetos, fez um roteiro e escolheu uma trilha sono-ra. Um sucesso de bilheteria: toda a sua família presente (com ingres-so em mãos) e seu bolso cheio.

Hoje, é o bolso que atrapalha sua profi ssão. Ser cineasta é sempre depender de editais, patrocínios, leis. “Criatividade não nos falta. O que falta é recurso”, constata. Porém, ele afi rma que sua pro-fi ssão está ganhando espaço no país. Assim como outros cineastas e estudiosos, Severo acredita que os brasileiros começaram a dar importância à sétima arte como patrimônio nacional.

Ele conta que diversas vezes abriu mão da vida pessoal para trabalhar com cinema. Também acredita que deixou de lado al-guns luxos e confortos para não largar sua paixão.

Fernando Severo acredita que há apenas um trajeto: “A única coisa que penso do meu futuro é que ele é todo e inteiramente vol-tado para o cinema”.

Trajetória

Natural de Caçador, pequena ci-dade no oeste catarinense, aos três anos foi para Clevelândia, no Pa-raná, onde fi cou até os doze antes de voltar para a sua cidade natal. Nesse período, Severo começou a se apaixonar pelo cinema quando acompanhava sua mãe às sessões. “Como eram cidades pequenas e não tinham muitas diversões, ela sempre ia ao cinema e me levava junto”, conta. Filmes de faroeste, ação, aventura, ...E o Vento Levou e Doutor Jivago marcaram sua in-fância.

Aos 17 anos, pressionado pela família, veio para Curitiba estu-dar e se preparar para e vestibular. Cinema? Não. Engenharia Civil. “Um absurdo”, conta rindo.

Após a decepção com a Enge-nharia, ele conheceu o trabalho da Cinemateca de Curitiba, onde fez seus primeiros cursos. Ali, decidiu que aquela seria sua carreira, seu futuro.

Além de cursos de cinema, for-mou-se em Publicidade e Propa-ganda pela Universidade Federal do Paraná e é pós graduado em Comunicação e Cultura.

Ele se considera uma pessoa muito curiosa pela vida em geral. Para suas produções, busca ins-piração das mais variadas fontes: locais, fi lmes que marcam, notícias do mundo, cenas que viu na rua...

tudo o que chama a atenção pode fazer parte de futuras tramas.

O tema de seu novo fi lme, Cor-

pos Celestes, é a astronomia, que lhe interessou por estar sempre presents em livros e revistas, além de ser a base do fi lme 2001, de Kubrick, que marcou época e sua vida.

Carreira

Fernando Severo considera que a obra que o tornou conhecido na-cionalmente foi O Mundo Perdido de Kozak, de 1988. O documentá-rio conta a história de um tcheco, radicado em Curitiba, que ao mor-rer em 1978, deixou um legado de fi lmes, pinturas e desenhos sobre a cultura brasileira em geral. No total, foram 17 prêmios recebidos com a história de Kozak, sendo seis deles no Festival de Brasília.

Ao longo de sua carreira Seve-

ro recebeu mais de 60 prêmios, dentre eles oito Kikitos (prêmio do Festival de Gramado), melhor diretor e melhor fi lme no Rio Cine Festival, além de ter participado de importantes festivais interna-cionais como Clermont-Ferrand (França), Oberhausen (Alemanha) e Montecatini Terme (Itália).

A crítica considera o diretor e roteirista um dos expoentes da geração que renovou o curta me-tragem brasileiro a partir dos anos 80. Esse período foi marcado pela crise econômica nacional e cada vez o número de produções cine-matográfi cas feitas aqui era me-nor. Graças à Lei do Curta (1984), era obrigatória a exibição de curta metragens brasileiros antes das sessões. Neste contexto é que Fer-nando Severo começa a ser conhe-cido nacionalmente.

Ele também já realizou trabalhos como diretor e produtor para tele-visão em emissoras como RPC, RIC e TV Paraná Educativa, além de uma passagem pelo antigo CE-FET (Centro Federal de Educação Tecnológica) na confecção de fi l-mes didáticos.

Corpos CelestesComo todos os fi lmes, teve críti-

cas boas e ruins, mas todas desta-caram a ousadia e a boa utilização de efeitos especiais (ver matéria abaixo) .

O protagonista do fi lme é Fran-

Corpos Celestes: astronomia em evidência no cinema nacional

O fi lme surgiu de uma junção de dois roteiros de Marcos Jor-ge: O Astrônomo e a Prostituta e O Telescópio. O primeiro – au-toexplicativo – narra a história de uma relação amorosa entre um astrônomo e uma prostituta. Já O Telescópio foi escrito para um curta metragem – que não

saiu do papel – e conta o surgi-mento da paixão de um menino pelo telescópio.

Para concretizar o desejo de fazerem um fi lme juntos, Fer-nando Severo leu as duas obras de Marcos Jorge e acreditou que elas “dialogavam” bem. Assim surgiu a ideia de Corpos Celes-tes, misturando O Telescópio e O Astrônomo e a Prostituta. O fi lme foi lançado no primei-

ro semestre de 2011 e tem no elenco Dalton Vigh, Carolina Holanda e o estreante Rodrigo Cornelsen.

As fi lmagens começaram em 2006, a partir de prêmio de pro-dução de fi lmes do governo do Paraná. Mas só pôde ser fi nali-zado entre 2009 e 2010, depois de vencer os editais de fi nali-zação e difusão do BNDES e da Petrobras.

cisco, um menino que se apaixo-na pela astronomia e – já adulto – vive a profi ssão intensamente. Questionado sobre o que o cine-asta teria em comum com Fran-cisco, Severo acredita que ambos têm que viver com os “perren-gues” das profi ssões escolhidas. Outro ponto em comum é o vasto conhecimento que eles têm em suas áreas de trabalho. Ele se considera afetivo, humano, interessado nas pessoas, em con-traponto com o personagem.

Além disso, o personagem e o diretor também compartilham algumas experiências que ocor-reram na década de 60 – época da infância de ambos -, como a chegada do homem na Lua e o tricampeonato da seleção brasileira, “vistos com uma di-mensão mágica pelos olhos de uma criança”.

“Como eram ci-dades pequenas e não tinham muitas di-versões, minha mãe sempre ia ao cinema e me levava junto”,

conta Severo

Filmografi aO Mundo Perdido de Ko-zak (1988)Os Desertos Dias (1991)Visionários (2002)Paisagem de Meninos (2003)Hóspede Secreto (2008)Helmuth Wagner - Alma da Imagem (2009)Corpos Celestes (2009)Xetá (2010)

Giórgia GschwendtnerRodolfo May

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011

A sala de eventos do prédio de Pós-Gra-duação e de Extensão da Universidade

Positivo está promovendo desde ontem a exposição “Os jardins curitibanos no olhar

das artes plásticas”.

Exposição Os Jardins de Curitiba

4

Kátia Coelho é quem assina a direção de fotografi a. A trilha sonora original foi composta pelo maestro Ruriá Duprat. O fi lme foi produzido pela Zen-crane Filmes, também produ-tora do Estômago, a distribui-ção nacional foi realizada pela Panda Filmes.

O começo da trama tem como objetivo mostrar o surgimento da paixão entre o menino Fran-cisco (Rodrigo Cornelsen) e a astronomia. Ele vive em uma pequena cidade e um de seus vizinhos é americano, consi-derado louco pelos habitantes. Depois de formado, Francis-

co (Dalton Vigh) vai trabalhar como professor de astronomia em uma universidade.

Corpos Celestes estreiou no 37° Festival de Cinema de Gra-mado, onde já arrebatou o prê-mio de melhor fotografi a. No 5° Festival de Cinema de Goiânia, recebeu os prêmios de melhor trilha sonora, melhor direção de arte, melhor fotografi a e ator revelação. Em 2010, levou o prê-mio de melhor fi gurino no 4° Festival da Lapa. Foi também um dos 15 fi lmes brasileiros incluídos na seleção “Brasil: el cine del siglo XXI”, realizada por José Carlos Avellar e Gianni

Ottone na 55ª Semana Interna-cional de Cine de Valladolid, na Espanha. E no 5° Festival de Cinema dos Sertões recebeu os prêmios de melhor direção e melhor roteiro.

Sobre a distribuição de fi lmes no país, Marcos Jorge tem a se-guinte opinião “Hoje o ‘nó’ a ser desatado para fazer crescer a in-dústria cinematográfi ca no Bra-sil é o da ‘distribuição’. Então, temos que investir com políticas que estimulem os produtores e os distribuidores a terem lucro com a bilheteria do fi lme”. É um chamado para melhorar a situa-ção cinegráfi ca brasileira.

“ É isso mesmo, Jorge é meu sobrenome”

Em uma sessão na década de 80 dois Corpos Celestes se encontraram. Ambos carrega-vam em suas trajetórias uma paixão em comum, a sétima arte. Os caminhos se seguiram e uma das matérias foi ocupar outro lugar no espaço, mais especifi camente na Europa. Marcos Jorge chegou ao velho continente e se deparou com um universo repleto de mu-seus e teatros. O fascínio de imediato o fez decidir estudar cinema.

Depois de um ano como es-trangeiro retornou a capital paranaense e partiu para o jornalismo, já que ainda não havia nenhum curso relacio-nado ao seu verdadeiro objeto de interesse. Formado, a Itália foi mais uma vez seu destino. Roteiro, direção, ação e corta. A sequência durou mais de dez anos e em 2001 o viajante se restabeleceu em terras bra-sileiras.

Música: pop, clássica e brasi-leira. Literatura: de tudo, mui-to. Artes plásticas: tradição eu-ropéia. Esses são os elementos que compõe o repertório do cineasta e refl etem em suas obras de forma inspiradora e

criativa. É difícil compreender e cercar seus pensamentos para defi nir seus gostos. “Acho mais fácil apontar o que não gosto. Não gosto do cinema que classifi co como cinema-cir-co, aquele que se sustenta mais no malabarismo das cenas de ação e de efei-tos do que na história”.

Mas nem só de cinema alimenta-se Jorge, ele atua também em video- inta-lações e no mercado pu-blicitário. A possibilidade de sempre es-tar fi lmando o entusiasma e lhe permite exercitar forma-tos diferenciados que agregam valor tácito para obras futuras.

A sensibilidade critica reper-cute a experiência de alguém que conhece o cenário nacional. “Penso que o que está se con-solidando é um novo momento do Brasil como um todo no ce-nário internacional, e o cinema acompanha esta tendência”. A existência de um eixo Rio-São Paulo na realidade está mais presente na falsa ideia de que

existe apenas uma única região com produção cinematográfi ca.

O mundo mudou e a globa-lização ultrapassas as barreiras de comunicações. “Em duas horas saio de meu apartamento em Curitiba e chego em meu es-critório em Moema, São Paulo.

Onde é que atuo? Neste ano, fui sete vezes para a Europa, e, num mês, fui obriga-do a falar quatro lín-guas”. Não e x i s t e m mais limi-tes para o processo de criação, o sonho para

um workaholic. Para desvendar todo e qual-

quer segredo uma palavra: paixão. Da gastronomia nasceu Estômago e da astronomia Cor-pos Celestes. Sua obra de maior prestígio, até então, Estômago foi considerado o melhor fi l-me do ano de 2008 pelo Jornal O Globo, ganhou 36 prêmios, incluindo o Grande Prêmio da Academia Brasileira de Cinema, foi visto em mais de 20 países. Fato marcante não somente na carreira como na vida.

“Melodrama-cômico-filo-sófi co”. É dessa maneira que Jorge defi ne seu primeiro lon-ga-metragem da carreira lan-çado esse ano, Corpos Celestes. A co-produção com o amigo da década de 80, cineasta Fer-nando Severo, retrata o tema da astronomia. Trata-se de um fi lme bastante diferente do Es-tômago, a semelhança está em apropriasse da fi losofi a de uma maneira leve e em alguns mo-mentos divertida.

“O tema ‘ética’ e este universo de classe média-baixa efetiva-mente me fascinam, inclusive porque acho que é nesta clas-se social que, hoje, acontecem as maiores mudanças, e onde pode ser visto com mais clareza o país que estamos construin-do”.

As inspirações se prolife-faram em suas obras de ma-neiras distintas. Mas sempre existe um fator que demostra as referências e ideologias de seu criador.

Dirigir não é apenas exercer a função de comandando os atores. O cineasta optou em se posicionar atrás das câme-ras o resultado está no longa. A exigência em termos de mo-vimentos de câmera, fez com que,quisesse realizá-los pesso-almente para ser mais preciso.

“Sempre li muitíssimo sobre

este assunto”. Foi do interesse pela cosmologia que surgiu a ideia para escrever um argu-mento, Jorge considera que esse tema sempre está presente nos meio de comunicação e em publicações, mas nunca é muito abordado.

A outra estrela da trama, Se-vero, contribuiu de forma sig-nifi cativa. Os roteiros foram adaptados e as gravações ini-ciaram. “É possível dizer que nos completávamos”.

Do O encontro até o próximo 2 sequestros, o cinema está en-raizado e pertence ao cineasta de maneira irrestrita. O set de fi lmagem é sua casa, nela sen-te-se confortável. O futuro não está traçado, mas com certeza ele não irá sair de seu eixo de rotação.

Giórgia Gschwendtner

Foto

: Div

ulga

ção

“Penso que o que está se consolidando é um novo momento do Brasil, e o cinema acompanha essa

tendência”Marcos Jorge,

cineasta

Filmografi aCarta a Bertolucci (1993)Reflexôes (1994)Vernichtung Baby (1995)Paisagens (1998)O Medo e Seu Contrário (2000)O Encontro (2002)Infinitamente Maio (2003)O Ateliê de Luzia - Arte Rupestre no Brasil (2004)Estômago (2007)Corpos Celestes (2009)

A exposição tem entrada gratuita e permanece no espaço até 7 de junho. Os horários de visitação são de

segunda a sexta-feira das 9 h até 21 hrs. Nos sábados , o espaço é aberto das 9h às 15 hrs.

Mais informações : (41)3317-3446 / www.extensao.up.com.br

Datas e horários

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011

Histórias Extraordinárias

Estilo de inverno

No início deste ano estreou nas telas brasileiras “Lixo Extra-ordinário”. O documentário, de 90 minutos, apresenta o Jardim Gramacho, um dos maiores ater-ros sanitários do mundo, localiza-do na periferia do Rio de Janeiro. A diretora inglesa Lucy Walker e os codiretores brasileiros João Jar-dim e Karen Harley registram, em dois anos, de 2007 a 2009, o artista plástico brasileiro Vik Muniz rea-lizando seu trabalho fotográfico. A princípio os catadores de ma-teriais recicláveis – assim sempre lembrada a denominação da fun-ção pelo presidente da Associação dos Catadores de Reciclagem do Jardim Gramacho, Tião –, seriam apenas retratados. No entanto, a missão tomou um novo rumo quando Vik conheceu a história de cada uma das personagens.

Assim, ao longo desse tempo, os retratados passaram a ser tam-bém artistas, e ajudaram a compor seus próprios quadros, a partir de materiais recicláveis, tão comuns no dia a dia dessas pessoas. Esses elementos tomam novos formatos e incorporam feições e sentimen-tos daqueles que emprestaram suas respectivas imagens para produção de uma obra de arte. A vida dessas pessoas mudou, quando deram conta que havia esperança e possibilidade de ir à busca de um caminho melhor.

As identidades começam a ser identificadas. Com isso, deixam

Já faz algumas semanas que o tempo frio chegou com força total e deixou nos corações friorentos aquela saudadezinha do verão. Na verdade, a impressão que deu foi que o verão que um dia conhecemos (sol ardi-do, tempo abafado e os pés d’águas de fim de tarde) re-solveu que este ano não iria dar o ar de sua graça por terras curitibanas. E é aí que começam as dúvidas, para algumas chega a ser um sofri-mento, na hora de se vestir.

Não é preciso discursar sobre o clima instável que temos aqui na capital. Se de manhã o dia amanhece frio e com neblina, pela tar-de pode estar um céu azul e um sol maravilhoso que vai te fazer se arrepender do minuto que você tomou a brilhante decisão de colocar aquela blusa de lã. Isso na hora do almoço, porque no fim do dia o friozinho gela-do faz parecer que a escolha do dia não foi tão má idéia.

Pra evitar esse tipo de situação, a sugestão é apos-tar em looks “cebola”, onde o sucesso da produção fica por conta das camadas. O se-

Cinema Moda

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de ser mais um em meio ao lixo, mas sim, conhecidos como indi-víduos que possuem uma história para contar. A partir disso surge Tião, um rapaz que cresceu na re-gião e encontrou no lixo a fonte de sabedoria: os livros. O conhe-cimento desprezado por uns foi respeitado por ele, como obras clássicas de Friedrich Nietzsche e Nicolau Maquiavel. Assim foi criada a biblioteca comunitária do Jardim Gramacho, coordena-da por Zumbi, um dos retratados.

Um novo mundo que até en-tão seria impossível de se aproxi-mar já havia se tornado rotina, a de participar ativamente de uma composição artística. Levar esse conhecimento até eles os afastou, mesmo que por um momento, do sofrimento da rotina exaus-tiva do aterro. A fotografia de Vik Muniz, de cada personagem, ganhou o tratamento do mate-rial recolhido por eles. Diante de seus quadros reproduzidos por meio desse material, a nova fotografia apresenta o lixo trans-formado em obra de arte extraor-dinária. O documentário beira à perfeição. Provocador e intenso a seu modo. Mas o que mais im-pressiona é a sua humanidade, sem estereótipos. “Lixo Extra-ordinário” concorreu ao Oscar 2011, com a indicação de Melhor Documentário, mas o estaduni-dense “Inside Job”, de Charles Ferguson, ganhou a estatueta.

gredo é não ser preguiçosa, colocar uma roupa por cima da outra sem que elas com-binem minimamente só vai fazer você parecer uma bola de tecido. Use peças básicas que garantem o conforto e a proteção contra o frio, e por cima, aposte sem medo em estampas e cores chamati-vas. Isso aumenta a chance de se destacar, já que no frio o preto torna-se onipresente. Nas últimas temporadas de moda as cores fortes foram as escolhidas para deixar o look de inverno mais alegre e menos sem graça. Uma peça vermelha, ou uma ama-rela deixam o look atualiza-do e com a cara da estação.

Nada impede que as pro-duções sejam feitas com rou-pas que sobraram do verão passado. É só combinar essas peças com coringas, como blusinhas segunda pele, meia-calça e para pés quenti-nhos, botas. Para quem pro-cura inspiração, indico blogs de streetstyle gringos. Neles são publicadas fotografias com looks criativos e inspi-radores. Pra começar, mi-nha dica é o thesartorialist.blogspot.com. Boa leitura!

Nathalia Cavalcante Paola Marques@cmnathalia

Cursa o 7º período da manhã e publica seus textos no endereço: cinematicamentefalando.blogspot.com

@paoulam

Cursa o 5º período da noite.D

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Divulgação

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Curitiba, quarta-feira, 25 de maio de 2011 7

Por Evelyn Bueno

Abre los ojosDiz que se apaixonou quan-

do me viu sambar, que eu sorria e tirava o cabelo dos olhos, sem perder o compas-so, rodando e sorrindo. Dizia para eu pintar as unhas de rebu, para usar aquele vestido florido e sorrir mostrando mi-nhas covinhas, disse que meu sorriso era provocante quando eu queria que fosse. Soltava meu cabelo para me beijar no estacionamento, me puxava pela nunca, me apertava con-tra o corpo. Dançava comi-go, era mais que um amigo, queria ser alguém que viesse na minha cabeça quando eu deitasse cansada do samba.

Mas eu estava muito preo-cupada com amores antigos, com as horas e o clima, eu estava muito estressada com o trânsito dessa cidade ama-

rela e chata. Aos poucos fui perdendo a graça pra você. O cheiro do meu shampoo no seu travesseiro já não te fazia mais fechar os olhos, meu to-que não arrepiava e meu sor-riso era o mesmo, sempre. E foi afastando e eu não perce-bendo, e perdendo, e ficando só. Fiquei só por não saber, não ver, não dar uma chance.

Nota de hoje: Prestar mais atenção em barbas mal feitas que fazem um carinho dife-rente no rosto da gente, em mãos que procuram mãos, em olhos que percorrem curio-sos o que se deseja, prestar atenção em coisas mínimas que atentam para o tal amor.

“Pior de tudo é perceber, que você vinha dando sinais e eu não vi.”

- Dorme aqui de novo ama-nhã. - Não vem com essa.- Por quê?- Você sabe que não durmo duas noites seguidas com o mesmo cara.

*- Você fica tão sexy tentando cobrir o corpo com o lençol branco.- Para.- Eu sei que você quer ficar.- Você nem me conhece direito.- E daí?- E daí que você não sabe o que me dá vontade. - Você que pensa. Você é previ-sível.- IM-previsível?- PRE-visível.- Não é o que todos dizem.- Eles não sabem de nada.

*- Olha ali. Acho que você deve ficar.- Olha ali o quê?- As suas sapatilhas- O que tem elas?- Parece que elas se deram bem com meus sapatos.- Acho que não. Repara na da direita. Tá torta.- É de amor.- Amor? Pff. Elas estão é com medo.- Medo? Elas se sentem inti-midadas por eles serem 43?- Não. É justamente o contrá-rio. Elas gostavam mais dos coturnos do cara de sexta. Sentiam-se mais protegidas. Seus sapatos são muito deli-cados.- O cara de sexta usava cotur-nos?- Sim. Era bem mais muscu-loso do que você. E nem por isso dormi com ele de novo no sábado.- Eu quero mais é que caras assim se fodam.- Invejoso.

*- O que te traz aqui afinal, já que você gosta desses caras de outro tipo?- Você não disse que eu sou previsível?- Na maior parte das vezes é.- Acho que você está se atra-

palhando.- Qual é o problema em você ser previsível?- Não sou previsível. E você não tem esse direito.- Que direito?- Se nem os outros caras, se nem eu mesma consigo me entender, não é você que vai ter esse direito.- Claro que você não se entende. Se esforça tanto pra parecer insensível que age feito uma.- Isso foi muito gentil de sua parte.- Por nada.

*- Acho que é pra matar as saudades.- Hã?- Estou respondendo sua pergunta. Acho que o que me traz aqui é a saudade.- Saudades de quê?- Do tempo que eu curtia caras que nem você.- Caras que nem eu?- É. Do tipo que pedem pra ficar. E que usam sapatos delicados.- Aí um deles quebrou seu coração, você se frustrou... Conta aí...- Não. Aí eu amadureci.- “E vi que nenhum homem

presta”.- Mais ou menos isso.- Hahaha. “Amadureci” foi ótima. Que belo jeito de es-conder a desilusão.- Ain.- Desculpa. Acho que peguei meio pesado.- Relaxa, não sou nenhuma mulherzinha.- É, eu sei.

*- Por que não paramos de falar sobre mim e não começamos a falar sobre você?- Vá em frente.- O que, afinal, te fez me trazer aqui?- Como assim?- Sei lá. Você não deveria preferir mulheres de outro tipo?- De qual tipo?- Do tipo que se apaixonam por você.- Eu detesto o tipo de mul-her que se apaixona por mim.- Por quê?- Muito bobinhas. Te olham como se você fosse um prín-cipe encantado. Urgh.- Engraçado isso. Você faz parecer que razão e emoção não são opostos.

Nem Sarah, nem SandraPor Mateus Chequim

- Não sei se são.*

- Também detesto o tipo de caras que gosta de mim.- Tipo noventa por cento

deles?- Ha, não é assim.- Você sabe que consegue o cara que quiser.- Menos bem aqueles que eu quero.- Amores não correspondidos acontecem.- É.

*- Agora, se me dá licença, vou tirar as nossas coisas do chão. A diarista logo vai chegar e se atrapalhar com tudo isso.- Tudo bem.

*- Peraí, onde vai pôr minhas sapatilhas?- Dentro do armário.- Junto com os outros sapa-tos?- É.- Não. Deixa elas aí. Tô come-çando a confiar nesses seus sapatos delicados. Não quero elas no meio dos outros cafa-jestes.- Ahá, eu sabia.- Não sabia de nada. Agora volta pra cama, gato.

Marcos Monteiro

PÁGINA LITERÁRIA

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Todos os anos é possível notar os diversos avanços tec-nológicos em diferentes áreas da sociedade. Cada vez mais os aparelhos eletrônicos estão sofisticados, oferecendo mais conforto e praticidade aos seus usuários. A eletrônica é uma área que vem sendo mo-dificada, e já se podem perce-ber progressos significativos nos últimos 60 anos. É uma área de importante participa-ção no avanço da tecnologia.

A eletrônica vem sofren-do diversas alterações. Hoje, um aparelho eletrodomésti-co tem grandes diferenças de um produto comercializado há 20 anos, com modificações não só na estética visual, mas também nas suas diversas funções, que geram mudan-ças no seu sistema eletrônico.

O professor de Eletrônica Industrial José Sureki Junior, que trabalha há 15 anos no Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial (SENAI), explica que, com o avanço tecnológico, a eletrônica ten-de a ser reduzida ainda mais, abreviando circuitos impres-sos para chips e deixando os aparelhos cada vez menores. “No futuro a TV será uma tela, sem componente dentro.”

Sureki se formou na UFT-PR, que na época era o CEFET, em 1995, e conta que diversas coisas evoluíram na eletrôni-ca desde que terminou seus estudos. Ele não ensina aos seus alunos exatamente aqui-lo que aprendeu, pois preci-sa acompanhar os avanços e estar sempre se atualizando.

O aluno de Engenharia Elé-trica e professor de eletrônica Fernando Kelvin explica que, mesmo tendo contato com as mudanças e novidades na fa-culdade, busca aplicar aquilo que aprendeu e ainda está co-nhecendo, já que desde quan-do se formou em aprendiza-gem industrial, 2009, não pôde notar grandes avanços a ponto de modificar os planos de aula.

Kelvin diz que tem gran-

des expectativas para o mer-cado nessa área, já que hoje o uso de aparelhos é cada vez mais frequente. “Todo mundo anda com, pelo me-nos, um microcontrolador no bolso.” E mesmo com a ten-dência da eletrônica ficar em miniatura, isso não seria um problema para a sua carrei-ra profissional. “A eletrôni-ca tende a se sofisticar. E um transistor não deixa de ser um transistor por ser menor.”

ComputadoresUm exemplo da contribui-

ção eletrônica para o avanço da tecnologia é o computador. Quando foi criado o primeiro computador eletrônico Electri-cal Numerical Integrator and Calculator (ENIAC), em 1946, o aparelho realizava cinco mil operações por segundo. Se essa velocidade de processamento fosse comparada com com-putadores atuais, o ENIAC teria a velocidade inferior a uma simples calculadora.

Os computadores da pri-meira geração eram compos-tos por circuitos eletrônicos e válvulas, mas possuíam um uso restrito das funções. Era necessário programá-los a cada tarefa que seria realiza-da. Os computadores consu-miam uma grande quantidade de energia e aqueciam demais.

Na segunda geração, os transistores, criados em 1947, substituíram as válvulas dos computadores. Além de componentes 100 vezes me-nores do que as válvulas, os transistores possuíam uma vida útil mais longa, eram mais rápidos e não precisa-vam de tempo para aquecer. Mas ainda assim, os compu-tadores eram muito grandes e tinham uma reduzida ca-pacidade de processamento.

A partir da terceira geração, os computadores diminuíram de tamanho, devido ao surgi-mento de circuitos integrados (CI). Com a utilização dos CIs, os computadores passaram a ser mais confiáveis, tornando-se aparelhos mais compactos,

Mais em menosTECNOLOGIA

Evolução dos aparelhos eletrônicos é desafio aos usuários e aos professores da área

com um consumo de energia muito inferior, comparado aos computadores da primeira ge-ração. É nesse momento que surgem as linguagens de alto nível e os custos diminuem.

Na quarta geração, os com-putadores ganharam uma atenção voltada para os sof-twares integrados. Surgem aí as planilhas de bancos de dados, os gráficos, processa-

Aline Lima

dores de texto, entre outras ferramentas para facilitar a uti-lização das novas máquinas.

Atualmente os computa-dores estão cada vez menores e com as mais diversas fun-ções. O microcomputador, que possui monitor, teclado/mouse e gabinete, está sen-do substituído por apare-lhos ainda mais compactos, como os notebooks e o ipad.

No entanto, mesmo com o avanço contínuo da tecno-logia, o engenheiro de com-putação Marcelo Mikosz Gonçalves acredita que a ele-trônica está chegando ao seu limite. “Os transistores estão chegando à largura do átomo e com a tecnologia atual não é possível fazer um transis-tor menor que um átomo”.

Diego Silva

Fernando Mad

A rápida evolução dos eletrônicos determina um novo padrão de comportamento