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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 646 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011 Jornal Lona Copa do Mundo no Brasil custará mais de R$ 40 bilhões aos cofres públicos Há menos de mil dias para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, orçamento de obras nas cidades- sede do evento ultrapassa mais de R$40 bilhões e gera controvérsia sobre a lisura dos investimentos públi- cos. Comitês populares se organizaram para exigir maior transparência do governo. Pág. 3 Cultura Sebos curitibanos resistem e mobilizam público cativo Pág. 4 e 5 Fotografia Dance Boy, um personagem curitibano Por Marcos Monteiro Pág. 8 Ombudsman O professor Emerson Castro faz um balanço da 1ª semana do Lona Pág. 2 Greve dos Correios Falta de negociação mantém a greve dos Correios em Curitiba Pág. 7 Camilla Hoshino Comitês populares reivindicam controle de gastos e transparência do governo

LONA 646 - 20/09/2011

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 646Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011 Jornal Lona

Copa do Mundo no Brasil custará mais de R$ 40 bilhões aos cofres públicos

Há menos de mil dias para a abertura da Copa do Mundo no Brasil, orçamento de obras nas cidades-sede do evento ultrapassa mais de R$40 bilhões e gera controvérsia sobre a lisura dos investimentos públi-cos. Comitês populares se organizaram para exigir maior transparência do governo.

Pág. 3Cultura

Sebos curitibanos resistem e mobilizam público cativoPág. 4 e 5

Fotografia

Dance Boy, um personagem curitibanoPor Marcos MonteiroPág. 8

Ombudsman

O professor Emerson Castro faz um balanço da 1ª semana do LonaPág. 2

Greve dos Correios

Falta de negociação mantém a greve dos Correios em Curitiba Pág. 7

Camilla Hoshino

Comitês populares reivindicam controle de gastos e transparência do governo

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011 2 2 2

Expediente

Editorial

Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Con-sentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientado-res: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Daniel Zanella, Laura Beal Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.

Ombudsman

Editar é fazer escolhasEmerson Castro, jornalista e professor

Um dos grandes problemas da populariza-ção dos termos técnicos é o esvaziamento de seu sentido bruto. O termo convergência midiática parece seguir essa inevitável precipitação. Todos os conglomerados de informação alegam estar preparados ou em curso nesse processo – de fato, extremamente adiantado na vizinha Argentina. (Nota circular: Buenos Aires possui oito impres-sos diários, com tiragens entre 25 mil e 90 mil exemplares.)

O notório caso dos Diários Secretos – tour de force da Gazeta do Povo em parceria com a RPC – é um exemplo de que a convergência é possí-vel, se não necessária. Mas, parafraseando Car-los Drummond de Andrade, na unanimidade há uma parcela de entusiasmo, outra de conveniên-cia e uma última de desinformação. Portanto, é preciso um pouco de cautela.

Muitos dos que escolheram cursar Jornalismo após o fim da obrigatoriedade do diploma – a in-formação, de fato, não é um bem de classe – fo-ram esclarecidos de que o modelo de profissional exigido pelo mercado deve ser capaz de realizar inúmeras tarefas, dominar diversas ferramentas e, como não poderia deixar de ser, convergir, ser capaz de escrever um artigo para jornalismo im-presso ao mesmo tempo em que redige uma cha-mada para televisão, considerando, obviamente, todas as suas especificidades.

Não temos o interesse de defender um tipo de profissional capaz de realizar o mesmo trabalho durante toda a vida, entretanto, é preciso pensar se esse não é o discurso ideal para aqueles que empregam: jornalistas ultracapacitados em di-versas mídias, realizando o trabalho de mais de um, nunca se especializando.

Para não esquecermos que ser jornalista é sempre ser um pouco do contra.

Boa leitura a todos.

DrOps

Esta primeira semana do Lona - versão 2° semestre – teve uma feliz coincidência para eventos como a Semana de Comunicação e a Mostra de Profissões. Momentos que ge-raram diversas pautas, cober-turas, temas variados, edições especiais, muito trabalho por parte dos editores e repórteres. Mas, trabalho é trabalho, e o meu aqui será apontar os erros, porque eles sempre aparecem, ainda que em estágios menos ou mais elevados de evolução. Seguirei o método adotado nas duas avaliações anteriores: um olhar mais específico sobre al-guns itens e outro mais geral sobre o conteúdo.

As capas ainda estão um tanto estáticas, mantendo um padrão de manchete, foto am-pliada e pequenas chamadas, estas variando ao menos de li-nha vertical a linha horizontal, além das cores. Esse último as-pecto ajuda, mas preferiria um pouco mais de ousadia e criati-vidade, além de valorização de temas que acabam tendo trata-mento idêntico, embora sejam muito diferentes em termos de importância e abordagem para a comunidade.

Nas chamadas, alguns es-corregões: na quarta-feira, corridas de rua e futebol ame-ricano tornam-se esportes populares, ainda que nem de longe a matéria sobre o esporte ianque aponte para esta nova visibilidade, ao contrário da matéria sobre a corrida, de fato popular. Na capa de sábado/segunda-feira há um destaque para o fato de que a notícia surgiu “Nesta noite de quinta-feira”. O tema, certamente, era mais importante do que a noite em que aconteceu o evento que gerou a matéria, já “mui” dis-tante da publicação.

Entre as matérias princi-pais, bem escritas em geral, vale destacar a que apresenta o atual estágio de exagero estáti-co entre as crianças (edição de sábado\segunda-feira). Mas insisto que ela ficaria melhor com retrancas, destacando partes específicas como as que falam sobre publicidade e so-bre a – deus meu – Mini Miss Curitiba.

Problema idêntico ocorreu com outra reportagem publica-da sobre o Hospital Angelina Caron. A parte que fala sobre o movimento comercial no en-torno do HAC toma 2\3 da matéria, mas isso só se percebe ao longo da leitura. Destacadas separadamente, seriam melhor absorvidas.

A cobertura de um evento como o da Semana de Comuni-cação suscita reflexões por parte da redação. Não que não tenha ficado boa, mas houve momen-tos em que o texto se aproximou de uma divulgação oficial, limi-tada ao que estava acontecendo, digamos burocraticamente. É possível estabelecer pontos de vista de cobertura de modo a pensar o leitor como alguém que pode interessar-se por este ou aquele tema, sobretudo pelo conteúdo que leva a al-guma reflexão pelo leitor. Não basta informar, é preciso levar à discussão.

Outra boa matéria que me-recia tratamento mais adequado é a que fala sobre os resultados do ensino público no Enem. Convido aqui a uma reflexão: o que é exatamente a média do resultado do referido teste? Se o objetivo é estabelecer uma refe-rência perece-me que isso faz pouco sentido. A média é uma composição entre as notas das escolas públicas e privadas. Claro está que as privadas têm melhores índices, na faixa de 700 pontos. Ficamos, pela ma-téria, sabendo que as públicas ficam abaixo da média nacio-nal de 511 pontos, mas consi-derando que isso significa 96% dessas escolas, creio que seria mais informativo e, provavel-mente, mais estarrecedor, per-ceber a diferença real existente entre as médias separadas dos dois grupos de escolas.

Para manter a escrita, ter-mino elogiando a qualidade e a pertinência de artigos e edito-riais, além, e especialmente, os dois cadernos suplementares produzidos durante a semana – um sobre o curso de Jorna-lismo e outro sobre Educomu-nicação – ambos muito bem produzidos, apesar da correria paralela com a produção do Lona diariamente.

Bruno & Marrone

Acabou

Notícia muito triste para os fãs da dupla de música sertaneja Bruno & Marrone. A dupla aca-bou. Eles anunciaram o divórcio artístico neste domingo (18), em pleno Programa do Faustão.

Calma, gente!

Marrone alegou que o fim da dupla é temporário. Ele iniciará terapia psicológica para se tra-tar do acidente de helicóptero que sofreu no começo do ano.“A dupla só Deus separa”, disse o cantor ao Faustão.

Carreira

A dupla goiana foi formada em 1994. Bruno se chama Vinícius Félix de Miranda. José Roberto Ferreira é o Marrone. Os princi-pais sucessos do duo são “Cho-ram as Rosas”, “Dormi na Pra-ça”, “Favo de Mel” e “Flashback de Nós Dois”.Trecho da última: “Eu sei que vai ser bom demais/Pois ninguém faz como você/Eu já tive mais de cem / Igual a você não vi ninguém...”

Essa data na história

A separação de Bruno & Marro-ne integrará o rol de datas his-tóricas que revestem este 18 de setembro, dia da independência do Chile, do nascimento do im-perador romano Trajano e do lançamento do álbum duplo Use Your Illusion I e II, do Guns N’ Roses, em 1991, à meia-noite.O álbum vendeu 500 mil cópias em duas horas.

Última passagem

A dupla sertaneja tocou pela últi-ma vez nas redondezas de Curi-tiba em 14 de agosto, no Festival de Rodeio de Campina Grande do Sul. Tocaram em um domin-go com duas horas de atraso e fo-ram vaiados em alguns momen-tos. Bruno, o que canta, disse ao público que não era para se preo-cuparem que não haveria música inédita. “Para não exigir muito de vocês...”

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

MANIFESTAÇÃO 3

Contagem regressiva para a Copa do Mundo gera discussões sociais

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Gastos do poder público e possíveis violações de direitos humanos pautam debates sobre os impactos negativos do Mundial

Dilcélia Queiroz

Na última sexta-feira (16) as cidades-sedes da Copa do Mun-do no Brasil realizaram eventos para celebrar a marca de mil dias para a abertura do maior evento esportivo do planeta. Abrindo a contagem regressiva para o Mundial, a Prefeitura de Curitiba inaugurou uma nova iluminação na estufa do Jardim Botânico, um dos cartões postais da cidade, que foi iluminado com as cores verde e amarelo. Nos próximos sete dias, a estufa terá as cores dos outros sete paí-ses campeões mundiais de fute-bol: Itália, Alemanha, Argenti-na, Uruguai, Inglaterra, França e Espanha.

Apesar do clima amistoso, a Copa do Mundo ainda divide opiniões: o evento pode signi-ficar tanto oportunidades para a cultura, o esporte e a infraes-trutura das cidades-sede, quan-to ameaças de maior exclusão e violação de direitos da popula-ção e comunidades locais. Movi-mentos sociais, organizações de

direitos humanos e especialistas preocupam-se com os reais im-pactos socioeconômicos desse evento. Para exigir maior trans-parência e participação popu-lar, em todo o país estão sendo organizados Comitês Populares da Copa 2014. Thiago Hoshino, membro do Comitê Popular de Curitiba, explica que o objetivo é incentivar o debate. “Queremos produzir um espaço de contra-opinião sobre as atitudes toma-das para a Copa. O Comitê serve para levantar o debate sobre as obras, a estrutura administra-tiva e a legislação de exceção formada para receber o evento. É preciso deixar claro que existe crítica e resistência popular con-tra a forma que o Brasil está con-duzindo esse processo”, explica.

O preço da CopaSegundo estudo da Consul-

toria Legislativa do Senado, a Copa do Mundo no Brasil deve ser a mais cara da história, cal-cula-se que serão gastos mais de R$ 40 bilhões, custando mais para os cofres públicos do que as três últimas Copas somadas. Os valores a serem gastos pelo país ficam bem acima do total de-sembolsado pela África do Sul

que realizou a Copa mais cara até então, totalizando cerca de R$ 14,5 bilhões, entre estádios e obras de infraestruturas.

Além disso, inúmeras obras já anunciadas demandarão des-pejos e desapropriações para

serem concretizadas. Somente para a realização das obras de infraestrutura de transporte no Rio de Janeiro, devem ser reali-zadas mais de 3 mil despejos e remoções forçadas. Segundo Hoshino o mesmo acontecerá em Curitiba. “A falta de trans-parência é muito grande, ainda não se sabe quais são os proje-tos, qual a quantidade de imó-veis que serão desocupados, quais os reais impactos disso para a população curitibana”, afirma.

Para o professor e pesqui-sador na área de Planejamento Urbano da UFPR José Ricardo Vargas de Farias, é importante ter a clareza de que o discurso construído em torno da Copa tem como objetivo legitimar os investimentos e gastos pú-blicos no evento. Farias alerta para a criminalização da po-breza, prática que visa higie-nizar a cidade e deixá-la mais “atraente” aos olhos dos turis-tas. “Em grandes eventos como a Copa do Mundo, trabalhado-res informais, ambulantes e a população em situação de rua também sentem o aumento da repressão e da criminalização que pretende levar realizar uma verdadeira “faxina social” na cidade”, esclarece.

Copa para quem?Na Copa de 2010, na Áfri-

ca do Sul, os ingressos mais baratos foram vendidos pela quantia de R$ 500. Já para o mundial de 2014, os valores de entrada para os principais jogos devem passar de mil reais. Para Mateus Novaes, membro da Associação Na-cional dos Torcedores e Tor-cedoras, existe hoje no Brasil uma elitização do futebol. “Com os altos preços de in-gressos, o cidadão comum que gosta de futebol já não tem mais acesso aos estádios. A Copa, por exemplo, em vez de ser instrumento democrá-tico de inclusão, como o fute-bol sempre foi, tem estado a serviço de outros interesses”, afirma.

Thiago Hoshino completa ressaltando que o foco da pro-moção do Mundial de futebol deixou de ser o esporte e pas-sou a ser o dinheiro. “A Copa tem que ser desmistificada. Essa é uma luta pela valori-zação do esporte, mas pelo esporte popular, onde haja integração. Com os ingressos a mil reais, certamente que o povo vai acompanhar os jo-gos do sofá, assistindo pela televisão”, afirma.

Manifestantes pedem transparência nas obras para a Copa do Mundo

Diego Silva

Camilla Hoshino

Custo total das obras estão especuladas em mais de R$40 bilhões de reais

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Divulgação

CULTURA

Os sebos surgiram no século XVI, na Europa, quando os mercadores começaram a vender a pesquisadores papiros e documentos importantes da época. Esses mascates eram chamados de alfar-rabistas (alfarrábio sig-nifica livro velho e raro), nome que os acompanha até hoje em países como a França e Bélgica, onde essa atividade é conside-rada essencial para histo-riadores e pesquisadores em geral.

O nome vem do tempo em que não havia energia elétrica e as pessoas liam à luz de velas amarelentas, sujando e engordurando os livros. O contato com as velas deixava o livro todo engordurado, ense-bado, sebento, termo que evoluiu a sebo.

No Brasil os primeiros sebos foram montados por intelectuais no Rio de Ja-neiro, no final do século XIX, e logo se espalharam pelo território nacional.

Itamar Esquina Navar-ro, 46, é proprietário da rede de sebos Líder, uma das maiores de Curitiba. O contato começou ainda na infância, com tios que eram proprietários de ve-lhos alfarrábios. A ideia de manter a tradição da família sempre foi convic-ta, e assim, o gosto pelos livros e satisfação em ser-vir aos outros foi sendo

adquirido. “É uma satisfa-ção servir ao cliente e ver a alegria com que ele sai, ao comprar um livro pela metade do preço”, diz Na-varro.

Apesar de se fortale-cer cada vez mais, a im-pressão sobre os sebos nem sempre foi assim. A maioria destes estabele-cimentos aparenta certa desordem natural, que ao longo do tempo espantou as pessoas. Os seus encan-tos e peculiaridades foram percebidos apenas por afi-cionados.

Navarro reconhece que o preconceito em relação a

João Marcelo VieiraJoão Marcelo Vieira

este tipo de livrarias sem-pre existiu; afirma que hoje é bem menor que an-tigamente, mas que ain-da existe uma ideia equi-vocada sobre eles. Para ele, nem todas as pessoas conseguem enxergar o di-ferencial em relação às li-vrarias convencionais, o que vai além dos preços. Os sebos conseguem aten-der as necessidades de to-dos os tipos de pessoas, desde crianças até pessoas mais idosas, independente de idade ou classe social. “Os livros são muito ca-ros hoje. Então, você tem uma chance de comprar

no sebo bem mais barato e com hipótese de troca; o que não existe nas demais livrarias”, informa o pro-prietário.

O Paraná é o quinto estado com mais livrarias em todo o Brasil, soman-do 178, e ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os dados são de uma pesqui-sa realizada pelo Instituto Pró Livro.

Apesar de não existi-rem dados oficiais sobre a quantidade de sebos espalhados pelo país ou por região, estima-se que

o Paraná possua cerca de 60 em território regional, sendo 40, em média, na ci-dade de Curitiba.

A grande quantida-de de estabelecimentos distribuídos pela capital mostra que as pessoas têm deixado muitos precon-ceitos para trás e buscado cultura e conhecimento nestes lugares, antes, não muito bem vistos.

Mesmo com as grandes livrarias investindo ma-ciçamente em revistas e livros novos, verdadeiros Best Sellers e artigos ele-trônicos dos mais variados tipos, os sebos não tem se

Sebos facilitam acesso à cultura

Marcos Duarte, proprietário da Joaquim Livrarias, alega que o cliente específico é o mais fiel e foco de seu mercado

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sebos facilitam acesso à culturaabalado. Permanecem ati-vos, como alternativa aos amantes da literatura que preferem buscar raridades e preços bem mais acessí-veis.

Enquanto a maioria dos alfarrábios modernos re-cebe as mais diversifica-das editorias e atendem ao publico em geral, pou-cos se arriscam a fugir do tradicional. Entre a mino-ria está Marcos Duarte, 43 anos e proprietário da Jo-aquim Livrarias, um sebo com público específico. Trabalha com livros novos e usados, mas seu foco é literatura, sociologia, filo-sofia e músicas.

Para Marcos, os sebos e livrarias pequenos estão ocupando cada vez mais seu espaço, devido ao di-ferencial de material que possuem e não são encon-trados em outros lugares.

Os sebos vieram para somar-se ao potencial das grandes livrarias, torna-ram-se um meio de cultu-ra econômico e diferencia-do, dando oportunidade às pessoas de terem aces-so a livros e revistas, en-tre outros, em quantidade

maior do que se compras-sem produtos novos.

Bom preçoA artesã e restaurado-

ra de móveis Vera San-ches, 57, busca nos sebos boa parte das inspirações para os trabalhos que re-aliza. Encontra nestas lo-jas revistas antigas, que não estão mais em bancas e livrarias comuns ou nas prateleiras de grandes re-des. Por trás das aquisi-ções, consegue sentir a di-ferença no bolso também, com produtos que caem menos da metade do pre-ço. “Além de conseguir minhas revistas antigas, sai sempre mais barato”, diz.

Sanches assume ser vi-ciada em sebos, frequen-tando os locais todas as semanas, vários dias e por vezes, mais de uma hora, chegando a comprar até 15 revistas. “Tem semanas que compro menos, cla-ro, mas em média é essa quantidade”, relata.

Para o estudante Fabio Tianolyn, 16, este é um dos principais diferen-ciais que o sebo oferece.

Frequentador desde crian-ça e leitor voraz de man-gás, ele busca em sebos edições mais antigas e ra-ras. As possibilidades de trocas e vendas de mate-riais inutilizáveis acabam gerando lucro também.

“Livrarias convencio-nais têm publicações no-vas, mas não têm as ve-lhas, que são as que você precisa para sua coleção”, ressalta o estudante.

Para estas livrarias que

são movidas por doações, compras, vendas e trocas de títulos, a incerteza dos produtos acaba sendo um fator complicativo para o negócio. A maior parte do acervo depende de alguém estar levando o material que estará nas prateleiras, e mesmo quando chega, nem sempre pode ser utilizado.

Vanessa Fernandes, 24, é gerente de uma loja em Curitiba há seis anos. Para ela, as pessoas têm equivo-co total sobre o potencial dos sebos, onde acham que tem só coisas velhas, estra-gadas ou que não valem à pena. Não sabem que são trabalhados livros novos e que chegam à metade do preço das livrarias. “Quem não entra não conhece o material que o sebo traba-lha”, diz a funcionaria.

Segundo Fernandes, isso fica mais evidente ainda no momento em recebem os li-vros, revistas e outros pro-dutos. “A maioria só traz material bem ultrapassa-do”, informa.

Estante virtualApesar das diferenças

de estilo, é consenso que, para garantir a sobrevi-da dos sebos, é necessário estar atento à internet, na

qual nenhum impacto foi maior que o produzido pelo surgimento, em 2005, do site Estante Virtual (www.estantevirtual.com.br), que possibilita a venda de livros por sebos cadastrados em seu banco de dados para clientes de qualquer região do país.

O portal reuniu, em uma mesma estante, o acervo de centenas de sebos e leitores, criou um sistema de busca e compra de livros usados inédita na internet brasilei-ra e contribuiu para a in-formatização e, consequen-temente, para uma melhor organização dos sebos.

Em 2005, ano inicial do projeto, o site possuía 60 sebos online e uma média de quatorze livros vendidos por dia. Seis anos depois, os números aumentaram as-sustadoramente; a quanti-dade de livrarias cadastra-das já chega a 1.800, e uma venda diária de cinco mil livros.

Hoje, os leitores têm ao alcance de um clique, acesso a milhares sebos de todos os estados do país. Portanto, podem encontrar e comprar, com facilidade, qualquer livro, em qual-quer sebo, em qualquer lugar. (JMV)

Origem dos sebos remonta à Europa do século XVI

João Marcelo Vieira

João Marcelo Vieira

Cada vez mais , sebos tradicionais recorrem à internet para incrementar as vendas

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

Para não se perder em paixão

Os vampiros e seus diários

A alcunha de melhor joga-dor da história transita, sem pedir permissão, entre dois nomes que dispensam apre-sentações: Edson Arantes do Nascimento e Diego Arman-do Maradona Franco. Ídolos imortalizados em bustos e es-tádios com seus nomes. Tra-tados como deuses da bola, Pelé e Maradona são sempre fatores de comparação a cada revelação do futebol que sur-ge. Neymar é constantemente comparado a Pelé. Messi, se no Barcelona e na Espanha é rei, na seleção argentina vive à sombra de Maradona. O fato é que cada um foi um mártir do futebol de suas épocas. Muda-ram a história do futebol. Cria-ram novos esquemas táticos, criaram novas lendas, imorta-lizaram a camisa 10.

De Três Corações e três ca-misas. Em 21 anos de carreira foram apenas três brasões de-fendidos por Pelé: Santos Fute-bol Clube, New York Cosmos e também da Seleção Brasileira.

Filho de jogador de futebol, Pelé desde cedo já declarava seu amor pelo esporte bretão. Acompanhando o pai pelos clubes do interior mineiro, foi no São Lourenço que surgiu o nome que brilharia ao redor do mundo. Por mais contraditório que possa parecer, “Pelé” era o nome do goleiro do time de seu pai, em 1943. E, aos três anos de idade, o pequeno Ed-son se encantava pelas defe-sas e artimanhas do arqueiro. A partir daí estava definido.

The Vampire Diaries (Os Diá-rios do Vampiro) é dessas séries teen que acompanhou a onda de popularidade vampiresca gerada pela série Crepúsculo. Mas o que diferencia os vampiros que escre-vem em diários dos demais vam-piros brilhantes por aí? Vamos lá.

The Vampire Diaries é basea-da numa série de livros homôni-ma da americana L. J. Smith. Ba-sicamente, a história acompanha as aventuras da adolescente Ele-na Gilbert, que se apaixona por Stefan Salvatore, bonitão recém- chegado na cidade e com muito gel no cabelo. O que Elena não sabe é que Stefan é, na verdade, um vampiro, desses anti-vegan, que só bebe sangue de coelhi-nhos. Mas vamos à parte interes-sante da história. Stefan tem um irmão, que não é gêmeo, mas não deixa de ser do mal. Damon Sal-vatore é maligno, veja bem, ele bebe sangue de menininhas ino-centes, mata pessoas sem dó, nem piedade, é sarcástico, irônico e sá-dico, e durante parte da primeira temporada, sua aparição na tela é precedida por muita neblina e um corvo. Além, é claro, de que-rer roubar a namorada do irmão.

Sim, The Vampire Diaries era dessas séries que você até assiste, mas não conta pra ninguém. Mas na segunda metade da primeira temporada isso mudou. Se an-tes a série se resumia ao roman-ce bobo do casal protagonista, a

ESPORTES TELEVISÃO

Marcos Monteiro Luciana dos Santos

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@_marcosfe

Cursa o 4° período noturno e publica seus textos no endereço disfim.wordpress.com

@luciawinchester

Cursa o 4° período da manhã e publica seus textos noendereço spnhunter.blogspot.com

Nascia, então, Pelé. Na década de 60, era comum

a chegada de cartas oriundas dos clubes europeus querendo o passe do garoto, que não acei-tou. Com sua estadia no alvine-gro praiano, Pelé alcançou os 1152 gols.

Enquanto Emerson Fittipal-di se tornava bicampeão mun-dial de Fórmula 1, nos Estados Unidos, Edson Arantes do Nas-cimento deixava o Brasil rumo ao New York Cosmos, clube que seria o segundo e último de sua carreira. Quando Pelé co-meçou a ensinar ao americanos como jogar futebol, no modesto Argentinos Juniors, Diego Ma-radona iniciava sua corrida no futebol.

Com uma visão de jogo rara de ser ver, Pibe se destacou e não tardou a embarcar rumo ao velho continente. Passou por Barcelona, Napoli e Sevilla. Re-tornou ao Newell’s Old Boys. Fez cinco jogos e voltou ao Boca Juniors. Na Europa, embora ído-lo, saiu pelas portas dos fundos em todos os clubes. Em 587 jo-gos, balançou as redes em 311 oportunidades.

Não estou questionando a supremacia de um sobre outro, ou a supremacia do Brasil sobre a Argentina. Mas devemos pres-tar atenção nos dados.

Lionel Messi está no Barcelo-na à 11 anos. Os números: 279 jogos e 189 gols. Para muitos, é melhor do que Dieguito, embo-ra, constantemente cobrem um título Mundial pela Argentina.

E aí, Neymar?

partir daí temos grandes mudan-ças. A série inseriu novos perso-nagens, novas tramas, e passou a se apresentar como uma opção de entretenimento de qualida-de, e não só um oportunismo da era dos vampiros. E quem diria que uma série adolescente sobre vampiros seria a única da tempo-rada 2010/2011 a conseguir a fa-çanha de realizar todos os seus 22 episódios de maneira impecável?

Dar importância à persona-gens secundários, porém caris-máticos, se tornou uma das qua-lidades de The Vampire Diaries. Apesar de ter uma história clichê, com vampiros, lobisomens e bru-xas andando à solta pela cidade, a forma como estes personagens são apresentado e como a mito-logia ligada a eles é respeitada impressiona. Aqui não tem essa história de lobisomem que vira lobo quando quer, a maldição da licantropia é apresentada como ela é: uma maldição. Os vampi-ros só entram nas casas quando são convidados, e é a coisa mais linda do mundo ver um deles bancar o engraçadinho e resolver dar uma volta no sol sem prote-ção, pegando fogo ao primeiro contato com os raios UVA e UVB.

Se você gosta de vampiros e sangue de verdade, esqueça True Blood e venha assistir os irmãos Salvatore tocando o terror em Mystic Falls. Quem disse que séries teen não podem ser boas?

Divulgação

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Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

Greve dos Correios segue por tempo indeterminadoSindicato mantém greve do servidores e entrega proposta formal de reivindicações

Começou na ultima quarta-feira, 14, uma greve nacional dos funcionários dos Correios. Além dos carteiros, parte dos profissionais da área adminis-trativa dos Correios também aderiu à greve. Segundo o di-retor do Sindicato dos Traba-lhadores nos Correios no Pa-raná (Sintcom-PR), Sebastião Cruz, o principal motivo para a greve é a falta de negociação por parte da empresa com re-lação aos reajustes salariais da categoria. “Estamos há 40 dias tentando negociar com a empresa e não conseguimos”, disse Sebastião.

Entre as reivindicações dos trabalhadores está a contra-tação de mais funcionários, reajuste salarial de 7,16%, o aumento do piso salarial de R$ 807 para R$ 1.635,00 e va-le-alimentação de R$ 30. Os Correios apresentaram uma contraproposta de reajuste sa-larial de 6,87%, que também seria aplicado aos benéficos,

como o vale-alimentação, por exemplo. Essa contraproposta não foi aceita pelos trabalha-dores e com o inicio da greve, foi retirada. Os Correios se nega a retomar as negociações enquanto a categoria perma-necer parada, além de alertar os grevistas de que haverá desconto salarial dos dias pa-rados.

Segundo os Correios, a pa-ralisação atinge cerca de 30% do efetivo total de trabalhado-res em todo o Brasil, sendo que no Paraná esse número chega a 33%. Ainda de acordo com os Correios, a empresa mantém a entrega diária de cartas e en-comendas, com possibilidade de atraso na entrega, além de suspender serviços como o SE-DEX e o Disque-Coleta. Uma série de medidas foram toma-das para tentar minimizar os transtornos causados pela gre-ve, como realização de horas-extras, realocação de pessoal e entregas nos finais de semana.

Uma das principais preo-cupações da população é com relação às contas enviadas pelos Correios, que podem

acabar vencendo e gerando multas antes mesmo de serem entregues. Segundo o Procon do Paraná, o cidadão pode procurar outras formas de pa-gamento, como a emissão do boleto bancário pela Internet.

O Procon alerta ainda que o fornecedor deve disponibili-zar ao consumidor, de forma gratuita, outras formas de pa-gamento além do boleto ban-cário.

O Sintcom-PR representa

cerca de 5,8 mil trabalhadores dos Correios no estado do Pa-raná, e informou que, com a recusa da empresa em retomar as negociações, a greve deve continuar por tempo indeter-minado.

Luciana SantosSINTCOM - PR

Os principais veículos de comunicação do Brasil anuncia-ram a greve dos Correios, como mera manifestação por aumento de salário. As matérias relatam somente a iniciação da greve em 13 de agosto e seus desdobra-mentos, que culminaram numa mobilização com adesão de 70% dos trabalhadores em algumas capitais e a participação dos 34 sindicatos do país.

As matérias realizadas pe-los veículos tradicionais do país disseram que os principais mo-tivos de desencadeamento da greve foram: a falta de reajuste salarial, que não acontecia des-de 2009; e falta de trabalhadores para atender as demandas. No

entanto, os meios de comunica-ção esqueceram-se de citar que entre as bandeiras erguidas por esta greve está a não privatiza-ção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo (ECT).

Em votação na Câmara, ocorrida em agosto de 2011, os deputados decidiram apoiar o governo de Dilma Rousseff pela privatização da ECT, aprovando a Medida Provisória (MP) 532. É algo surpreendente de relatar, o governo que tanto repudiou a política de privatização de Fernando Henrique Cardoso e outros tucanos, se contra diz em seu discurso ao propor um pro-jeto que deixa brechas para uma futura privatização. À Medida que já passou pela aprovação do Senado, espera votação no Con-

gresso Nacional. Os brasileiros longe de bus-

car informações, ficam a mar-gem de noticias que tratam a MP como grande avanço, por permitir que a ECT passe a com-petir no mercado internacional. Além disso, usa-se o famoso dis-curso da modernização. O difí-cil é acreditar que um texto que prevê a abertura de investimen-to privado e consequentemente o lucro para grandes empresas, esteja preocupado com o traba-lhador que vai ficar a mercê do desemprego. O novo texto colo-ca em pauta a terceirização.

A Medida Provisória 532 diz ser a solução para debates a respeito do monopólio dos Correios e sua administração. O novo texto prevê a criação

de um conselho administrati-vo, aos moldes das sociedades anônimas, que funcionam com capital dividido em ações e res-ponsabilidades de sócios e acio-nistas de acordo com o valor de suas ações. Enfim, em outras palavras estaremos diante de uma empresa privada, com re-gras mercadológicas que visam o lucro. Atualmente, os Correios têm um presidente, indicado pelo Ministério das Comunica-ções e nomeado pelo Presidente da República.

É preciso que a população tome consciência da importân-cia deste decreto. A greve dos Correios deve perpassar o de-bate do aumento de $ 400 no salário, reajuste no vale-refeição, contratação de 21 mil trabalha-

dores em todo o país e paga-mento de perdas salariais, den-tre outras propostas. Deve-se ficar atento e principalmente se empoderar desta MP que espe-ra aprovação no Congresso.

Se uma empresa com lu-cro liquido de 827 milhões de reais não consegue ter verba suficiente para investir em recursos humanos, é porque tem algo de errado. Cabe a população repensar se quer deixar as informações somen-te nas capas dos jornais, ou se irá discutir e questionar os da-dos divulgados. Depois não adianta reclamar do preço alto de serviços que anteriormente eram garantidos pelo estado. Lembre-se dos serviços de te-lefonia? Melhoraram?

Juliana Cordeiro

A greve dos Correios e a luta contra a privatização

Sindicato paranaense representa cerca de seis trabalhadores do Correio

Análise

Page 8: LONA 646 - 20/09/2011

Curitiba, terça-feira, 20 de setembro de 2011

ENSAIO FOTOGRÁFICO

Adial Junior, mais conhecido como Dance Boy, não se in-timida com estúdios fotográficos, nem protege suas barreiras pessoais.

Em sua busca por reconhecimento nacional, conforme ele mesmo enfatiza em suas entrevistas, as lentes obedecem a um planejamento e necessidade: é preciso expor.

PERSONAGEM EM CORES

Fotos: MARCOS MONTEIRO Texto: DANIEL ZANELLA

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