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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 651 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011 SINTCOM - PR Setembro: mês das greves Greve dos Correios, greve dos bancários, greve dos dentistas da Prefeitura. Setembro está sendo marcado por diversas reivindicações de setores públicos essenciais. As negociações entre empresas e funcionários têm sido tensas e afetam diretamente o cotidiano dos curitibanos. Pág. 3 Cultura Mafalda, célebre personagem do cartunista Quino: a Contestadora Pág. 5 Cinema Nelson Morrison: cineasta, jornalista, ator, produtor, agitador Pág. 7 Colunas Balanço do Rock in Rio, por Giórgia Gschwendtner, e entranhas da Copa do Mundo 2014, por Danilo Georgete Pág. 6 Jornal Lona

LONA - 651- 27/09/2011

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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lona.up.com.br

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 651Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011

SINTCOM - PR

Setembro: mês das greves Greve dos Correios, greve dos bancários, greve dos dentistas da Prefeitura. Setembro está sendo marcado por diversas reivindicações de setores públicos essenciais. As negociações entre empresas e funcionários têm sido tensas e afetam diretamente o cotidiano dos curitibanos.

Pág. 3

Cultura

Mafalda, célebre personagem do cartunista Quino: a Contestadora Pág. 5

Cinema

Nelson Morrison: cineasta, jornalista, ator, produtor, agitadorPág. 7

Colunas

Balanço do Rock in Rio, por Giórgia Gschwendtner, e entranhas da Copa do Mundo 2014, por Danilo Georgete Pág. 6

Jornal Lona

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Expediente

Editorial

Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Con-sentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientado-res: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Daniel Zanella, Laura Beal Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.

Opinião

É aqui mesmo?Marcelo Fontinele

Os dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação) sobre o crescimento na circulação de jornais impressos pagos apontou resultado surpreendente: de 2004 ao primeiro semestre de 2011, a circulação de jornais cresceu 32,7% no Brasil. Ainda, segundo o estudo, o Brasil possui 652 jornais diários e aproximadamen-te oito milhões de exemplares lidos por dia. Como se estima que cada jornal é lido por cer-ca de quatro pessoas, são mais de 32 milhões de leitores, o equivalente a 17% da população brasileira.

Essa contabilidade não leva em consideração a margem de periódicos semanais, de segmen-to ou oficiais. Ou seja, ainda se lê muito impres-so no Brasil - se bons e comprometidos com a informação é outra coisa.

Obviamente, é preciso localizar a economia brasileira em contexto mais amplo. Países emer-gentes apresentam curva ascendente no cresci-mento de mídias impressas. (E muitos desses países cresce de modo desajeitado, refletindo na qualidade jornalística de suas empresas.)

O que, de fato, é preciso analisar com mais técnica é a razão de que em um país de gran-des dimensões, a notícia, principalmente local, ainda é muito apreciada e os periódicos estão conseguindo furar as previsões mais pessimis-tas até com certa naturalidade - o que é deter-minante para possíveis ajustes do impresso à sua época.

Em tempo: a AOL divulgou estudo sobre internet no qual o e-mail é apontado como a aplicação de internet mais utilizada para com-partilhar conteúdo, mais do que o Twitter e o Facebook, geradores de conteúdo considera-dos, segundo o estudo, círculos de interação de menos confiança do que o antigo e-mail.

As primeiras trocas de informações via e-mail datam de mais de 40 anos.

Uma boa leitura a todos.

DrOps

A Copa de 2014 será re-alizada em nosso maravi-lhoso e organizado Brasil. E é claro que já está qua-se tudo pronto para este magnífico evento futebo-lístico. Bom, teoricamente as obras deveriam estar em andamento, mas todos sabem que isso não está ocorrendo. E vai demorar mais um pouco para que isso aconteça. Se aconte-cer.

A ideia de trazer a copa para o Brasil foi excelente sacada. O país irá lucrar milhões, principalmente, com a vinda de turistas. Mas será mesmo que es-tamos preparados para isso? Temos capacidade para suportar tal evento? Temos dinheiro suficien-te para investir? Em está-dios, segurança, aeropor-tos, resolver os problemas do trânsito, infraestrutura, taxistas que falem inglês e espanhol, enfim, onde investir não falta. Resta saber se isso vai ser feito, pois a Copa está aí, meus amigos.

As obras dos estádios escolhidos para os jogos mal começaram. De 12 es-tádios selecionados, temos três ou quatro que estão em obras. Está tudo atra-sado. Tudo errado. Fica difícil acreditar no suces-so desta Copa. O que me faz pensar — bem lá no fundo — positivo é o fato de a Copa anterior (2010), que aconteceu na África do Sul, ter sido sucesso total, considerando que era um país subdesenvolvido, era visto como uma grande dúvida, além de ter recebi-do diversas críticas antes do evento.

Tudo isso ficou esque-

cido durante o evento, os sul-africanos mostraram que independentemente de tudo pesar contra, eles conseguiram realizar uma excelente copa. Então, se um país pobre como a África do Sul conseguiu, por que o Brasil não pode? O Brasil também é capaz, basta querer. Mesmo ten-do tantos problemas voan-do contra.

Outro problema que envolve o Brasil, mas não está relacionado às obras, e que deixa os brasileiros ainda mais furiosos, é o futebol apresentado por nossa seleção e o método de trabalho do treinador Mano Menezes.

Existe muita contesta-ção em cima dos jogadores que estão sendo convoca-dos pelo técnico. A descon-fiança é grande, e a seleção passa por um período de enorme pressão, inclusive da mídia, que a tem criti-cado constantemente.

A verdade é que no mo-mento o Brasil não está preparado para sediar uma Copa do mundo. Pa-íses como Espanha e In-glaterra, principalmente, estariam hoje prontos para receber um evento desses, pois nesses lugares exis-tem estádios prontos, e a organização é muito dife-rente, já que é feita de for-ma correta. Aqui no Brasil muita coisa precisa ser re-vista, muita coisa preci-sa ser feita, é preciso um maior comprometimento por parte do governo, que lutou bastante para con-seguir trazer a Copa, mas agora é preciso muito tra-balho para tornar esse im-portante evento uma reali-dade positiva.

O Nobel

RelevânciaO colunista e integrante do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo Marcelo Coelho escreveu certa vez um artigo em que desancava o Prêmio Nobel. Para ele, não faz o menor sentido dar valor para as escolhas de um punhado de suecos obscuros. Exceto quando se for um dos ganha-dores. O Nobel premia seus escolhidos com mais ou me-nos um milhão de euros.Uma boa quantia.

HistóriaO sueco Alfred Nobel era um industrial e químico, inven-tor da dinamite. Deixou em seu testamento a exigência de criação do Prêmio No-bel para homenagear àque-les que prestaram “valoro-sos serviços à humanidade”. Também deixou uma quan-tia significante para que isso acontecesse. Todo dia 10 de dezembro, data de morte de Nobel, mais de uma dúzia de nomes são anunciados e enri-quecidos.

O primeiro e os não-primeirosA primeira cerimônia pre-miou os campos da literatu-ra, física, química e fisiolo-gia/medicina, e ocorreu no Conservatório Real de Esto-colmo, 1901, em Oslo.O primeiro vencedor do No-bel de Literatura foi o es-quecido poeta francês Sully Prudhomme. A lista de não-agraciados é significante: James Joyce, Vladimir Na-bokov, Franz Kafka, Jorge Luis Borges...

Aqui se faz, aqui se pagaO Brasil nunca teve um ven-cedor de Nobel. Miguel Ni-colelis e Ferreira Gullar são as principais esperanças para tirar o país da fila.José Saramago recebeu o No-bel em 1998. Foi o 1° vence-dor em língua portuguesa.

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Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011

DIREITOS TRABALHISTAS 3 3

O mês de setembro está sendo marcado por estratégi-cas greves em setores públi-cos fundamentais de Curitiba e região. Bancários, dentistas, funcionários dos Correios. Diversas categorias estão e entrarão em greve esta sema-na reivindicando melhores condições de trabalho

BancosSetembro é o mês da cam-

panha salarial dos bancários. O nono mês do ano é marcado por negociações entre a Fede-ração Nacional dos Bancos (Fenaban) e os empregados, que reivindicam desde rea-juste salarial até auxílio-edu-cação e mais segurança nas agências.

A categoria pede um rea-juste salarial de pouco mais de 12%, e a Fenaban já ofe-receu 8%. A proposta não foi aceita pelos bancários, que entrarão em greve por tempo indeterminado.

O principal pedido dos bancários é que o salário ini-cial seja de R$2,3 mil para toda a categoria e não de acor-do com a função, como é fei-to hoje. A categoria também

gorias em greve passam. Não é, como eu imaginava, uma época feliz, onde eu podia encontrar meus amigos todos os fins de tarde enquanto nossos pais de-cidiam se voltariam ou não a trabalhar. Fui crescendo e per-cebendo que sentarem frente à agência não era algo agradável, já que muitos insultavam os tra-balhadores por estarem com as portas fechadas ao invés de rea-lizarem seus trabalhos. A greve incomoda. E é para incomodar. É para que o poder público perce-ba a necessidade do serviço que é prestado por trabalhadores que não são devidamente reconheci-dos por suas funções. Todos os dias, os bancos, por exemplo, re-cebem milhões em taxas de ope-rações realizadas e muito pouco é repassado àqueles que prestam os verdadeiros serviços.

É a oportunidade que o traba-lhador tem para mostrar sua for-ça e a falta que faz para a socieda-de. É péssimo ver a falta de apoio da população. Se houvesse uma adesão de grande parte da socie-dade, que insiste em reclamar, acredito que tudo fosse resolvido mais rapidamente.

Se os ônibus estão em greve e os trabalhadores não conseguem chegar ao trabalho, a cidade para. Se as contas não recebidas pelos Correios não forem pagas, tudo para. E é assim que tem que ver. Greve incomoda. E é para inco-modar.

Daniel Zanella pede Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

DentistasOs cirurgiões-dentistas da

prefeitura de Curitiba tam-bém estão em greve e por tempo indeterminado. A ca-tegoria pede salários iguais aos dos médicos, e não estão contentes com o reajuste sa-larial de 20% oferecido pela prefeitura. Dentistas e mé-dicos sempre tiveram uma base salarial equiparada. Na última greve, os médicos ti-veram aumento de 100% em gratificações. O salário-base de um dentista é de R$1,3 mil e a carga horária é de 20 horas semanais.

CorreiosA Greve dos Correios é

nacional, e acontece desde o último dia 14. As principais reivindicações são reajuste salarial, e aumento do piso, que é de cerca de R$ 800. Cer-ca de 30% dos funcionários dos Correios não estão traba-lhando no Paraná, são mais de 2.500 funcionários da área operacional.

O Sindicato dos Trabalhado-res do Correio do Paraná (SIN-TCOM-PR) divulgou nota man-tendo a greve, que atinge mais de um milhão de paranaenses, enquanto as reivindicações não sejam atendidas na íntegra.

AnálisePor Laura Leal Bordin

Sou de uma família de nove irmãos: dois militares, duas do-nas de casa, cinco bancários. Uma dessas irmãs é minha mãe, que ingressou na Caixa Econômi-ca Federal na década de 70, para cujo ingresso ainda eram neces-sárias fichas de bons anteceden-tes impressas e carimbadas pelo DOPS. Desde pequena, sempre estive presente nas assembleias que decidiam se haveria greve, se as propostas seriam aceitas e seminha mãe voltaria a trabalhar.

Durante a minha infância, os piores momentos das greves aconteceram. Durante o gover-no Fernando Henrique Cardoso, não houve ajuste salarial. Foram oito anos, oito greves, 0% de re-ajuste. Não entendia muita coisa. Várias vezes vi a maioria levan-tar a mão para que a greve fosse mantida e os níveis de estresse ficavam cada vez maiores. E no final, era sempre a mesma coisa. Dias descontados, nenhum rea-juste e horas-extras a serem cum-pridas.

Anos se passaram e percebo todo o desconforto que as cate-

Greves param serviços em Curitiba

Nesta segunda-feira morreu a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2004, Wangari Maathai, em um Hospital em Nairóbi, no Quênia, onde estava fazen-do um tratamento contra o câncer. Maathai era mãe de três filhos, bióloga, veteri-nária, fundadora do Movi-mento Cinturão verde (Gre-enbelt), fundado em 1977, no Quênia, e ativista dos

Barbara Zem direitos das mulheres.O Movimento do Cintu-

rão Verde foi seu principal projeto e realizava plantio de árvores na África, buscando a biodiversidade e criação de empregos para as mulhe-res. Desde que foi criado, o projeto plantou quase 40 mi-lhões de árvores na África.

Wangari também foi a primeira mulher a terminar o doutorado na África cen-tral e oriental e nos anos 70 comandou a Cruz Verme-lha queniana. Quando as eleições em seu país se tor-

naram livres, ela foi eleita para o Parlamento e tornou-se ministra assistente do Meio Ambiente.

Enfrentando a corrupção e a repressão policial, foi presa e ameaçada de morte por lutar pela democracia em seu país, além de lutar pelos direitos humanos. Fez campanha para capaci-tar pessoas mais pobres na África e ampliou o combate ecológico em todo o conti-nente, não só em seu país.

Durante os últimos anos, a militante se dedicava a

proteger a selva da bacia do Congo na África Central, o segundo maior espaço flo-restal tropical do mundo. Segundo o Movimento do Cinturão verde, o Green-belt, Maathai se aproximou globalmente do desenvolvi-mento sustentável.

Wangari Maathai foi a primeira mulher africana a se destacar por ganhar o Prêmio Nobel da Paz, por realizar seus esforços para promover o desenvolvi-mento sustentável, demo-cracia e a paz em seu país.

Morre a Nobel da Paz de 2004

SINTCOM - PR

Wangari Maathai de 71 anos era queniana, ambientalista e ativista dos direitos das mulheres

Setembro está sendo marcado por greves em diversos setores

Greve dos Correios é nacional e atinge mais de um milhão de curitibanos

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CULTURA

Mafalda, a ContestadoraO espírito do tempo na personagem do cartunista argentino Quino

1. Memórias

Tive uma infância per-turbada por crianças contes-tadoras. Nunca gostei das histórias a favor de Maurí-cio de Souza e do humor de somente uma entonação do Garfi eld. Gostava mesmo era de Charlie Brown, da Lucy e da Mafalda. [Recordo leituras à seco de Laerte e Angeli – e da impressão gráfi ca que me causavam, porque entender, não entendia muito.]

Não tenho uma memória de primeira tirinha, mas re-cordo plenamente dos livros picotados de 4ª série, navalha-dos para preencher a parede do meu quarto. Tinha Mafal-da, que questionava a televi-são, como toda a sua respira-ção rebelde.

Estive com Mafalda em jor-nais nacionais, provas de ves-tibular, resenhas sobre relan-çamentos dos livros de Quino, divulgação de campanhas be-nefi centes, na viagem única à Argentina.

Mafalda é a filha que quero ter.

2. Relicário

Mafalda foi lançada ofi -cialmente em 29 de setembro de 1964. Quino, pseudônimo de Joaquín Salvador Lavado, publicou Mafalda até 1973, originalmente em três peri-ódicos argentinos: “Primera Plana”, “El Mundo” e “Siete Dias Ilustradores”. Umber-to Eco defi ne a personagem de Quino como aquela que rejeita o mundo como ele é, reivindicando seu direito de continuar sendo uma menina que não quer se responsabili-zar por um universo adulte-rado pelos pais.

Em “Mafalda Inédita”,

(Editora Fontes, 2001, 102 pá-ginas), Quino compila mate-rial que ainda não havia sido publicado em sua coletânea de dez livros. O prefácio enfati-za o fato de Quino jamais ter recorrido a roteiristas para o prolongamento da série, diferentemente de Schultz, criador de Pe-anuts...

Além do material de jor-nais, o livro também publica cartazes de Quino para cam-panhas da UNICEF e suas ilus-trações sobre o recolhimento de direitos autorais. O cunho político de muitas tirinhas, tal-vez menos profundas sem o contexto histórico, contex-tualiza a obra em seu tem-po, relatando a natureza engajada do autor, como a luta das mulheres por igualdade e os direito das crianças.

3. Família-padrão

O nome Mafalda surgiu de um romance do escritor argentino David Vinãs cha-mado “Das La cara”. Havia lá uma menina Mafalda e Quino achou o nome alegre. (Mafal-

Daniel Zanella

da também respeitava uma exigência de sua agência de publicidade à época, a Agens Publicidad, que exigia de todos os cartu-nistas de seu plantel que tives-sem personagens que come-çassem com a letra M.)

Através da ótica de Mafal-da, Quino retrata a típica famí-lia de classe média, com suas alienações, medos e confor-mismos, atingindo o leitor em suas convicções mais profun-das. A mãe de Mafalda é uma dona de casa frustrada, o pai um corretor de seguros que passa o tempo livre cuidando de plantas.

O autor sempre baseou seus personagens em amigos

e parentes próximos. Em 1968, a tirinha passou a ser editada na Itália. Logo passou a ser no-meada como “Mafalda, la con-testataria”. A constestadora.

4. Espírito do tempo, por Mafalda

“As situações embaraçosas são trazidas pela cegonha?”

“O calendário é a burocra-cia do tempo”.

“Governo no exílio dá mais

prestígio”.Ridicularizando a máxima

de Rousseau de que a verda-deira fi nalidade da política é enriquecer a existência e tor-nar felizes os povos: “Bem se vê! Bem se vê!!”

“Por que a vida a vida para uns é uma foto 3 por 4 e para outros é uma superprodução em 70mm?”.

“Qualquer dia convoco em entrevista coletiva e inicio uma tal conciliação que os pia-

nos vão se sentir irmãos dos rabanetes”.

“E Ministro da Sopa, quem vai ser?”

“Temos uma moeda sadia. Não fuma, não bebe...”

5. Sonho

“Gostaria de ser tradutora da ONU. Ia traduzir tudo ao contrário, para eles se enten-derem melhor e haver paz de uma vez por todos”.

“Tanto pela nossa igno-rância das regras do jogo de-mocrático, como pela própria precariedade destas demo-cracias, nós nos convertemos, sem querer, nos melhores aliados do inimigo”, Quino

Divulgação

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TECNOLOGIA

Um estudo feito pela em-presa Newzoo, que realiza pesquisas de mercado volta-das para a área de indústria de jogos, revela que o Brasil é atualmente o quarto maior mercado de jogos digitais do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Rússia e Alemanha em número de jogadores on-line. São cerca de 35 milhões de pessoas que passam em média 10 horas por semana jogando algum tipo de plataforma de jogo.

Segundo o Professor de Jogos Digitais da Universi-dade Positivo Michael Bahr, essa expansão do mercado de jogos digitais já era esperada pelos profissionais da área. “Os jogos já vem crescendo há muito tempo, tanto que já passou de cinema e qualquer outra arte audiovisual”, dis-se o professor.

Essa expansão do mer-cado mostra que o número de jogadores está cada vez maior, e uma das principais preocupações que giram em torno do tema é o tipo de con-sequência que essa maior ex-posição a jogos digitais pode ocasionar à crianças e mesmo a adultos, e de que maneira esses jogos podem influen-ciar o desenvolvimento das crianças e o comportamento de adultos.

Segundo a psicóloga Clí-nica Mariana Salvadori Sar-tor, como o fenômeno dos jogos digitais ainda é relati-vamente recente, as pesqui-sas nessa área ainda estão em andamento. “Apesar da novidade do tema, a preocu-pação em torno do assunto é grande e envolve profissio-nais de diferentes áreas”.

Alguns pesquisadores do Instituto de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), realizaram em 2008

Luciana dos Santos

Aumento do mercado gera discussão sobre a influência dos jogos no comportamento

uma revisão sobre o assunto. Estes estudos apontam para aspectos positivos desta prá-tica, relacionando o uso de jogos eletrônicos com a maior facilidade de aprendizado, já que a criança está em contato com estímulos visuais diver-sos e pode vivenciar expe-riências novas, mesmo que virtuais; o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, uma nova tendên-cia tem surgido com os jogos que exigem uma maior movi-mentação do jogador; e a me-lhora na capacidade de orien-tação espacial e a facilitação da socialização”, afirmou a psicóloga. “O que é impor-tante salientar é que ganhos ou prejuízos desta prática estão mais relacionados com a adequação do uso, ou seja, quanto tempo a criança per-manece jogando, se há algu-ma supervisão de adultos e em que momentos e a criança tem acesso ao jogo”, alertou Mariana.

O estudante de Jogos Di-gitais Rodrigo Prada, 27, é viciado em videogames des-de os 10 anos de idade, e acredita que os jogos podem influenciar o comportamen-to das pessoas de maneira positiva. “Além de aprender a lidar com sentimentos de frustração para a derrota e a adrenalina em jogos de ação, era comum que eu imitasse meus personagens favoritos dos games. Mesmo atualmen-te, depois que jogo games de carros por horas seguidas, sinto meu pé coçando para pisar mais. Ou, depois de jo-gar um game de estratégia, me pego por vezes pensando na melhor forma de solucio-nar aquele problema”, disse.

Apesar da influência po-sitiva que os jogos digitais podem ter, o ponto que mais gera discussões é o que diz respeito a jogos considerados violentos. Mariana Salvado-ri explica que os primeiros

Brasil é o 4° maior mercado de jogos digitais do mundo

estudos sobre o comporta-mento violento de crianças e adolescentes foram feito a partir da avaliação da influ-ência que filmes violentos poderiam exercer sobre essas pessoas. Esses estudos apon-taram que o comportamento agressivo das crianças e ado-lescentes do sexo masculino aumentou após assistirem a um filme violento. “A dis-cussão deste estudo pode se estender aos jogos digitais. A teoria que principalmente é discutida nestes casos é a de aprendizagem social, que pontua que aprendemos pela observação. A ideia central é que as pessoas aprendem a se comportar agressivamente a partir de observação de um modelo que é reforçado pelo seu comportamento agressi-vo. A autora dessa pesquisa discute que a maioria dos heróis de filmes violentos, e

podemos pensar que o mes-mo ocorre nos jogos de vídeo game, tem seu comportamen-to violento justificado por estar em defesa de valores sociais ligados à família, go-verno, território, etc. Muitos jogos colocam o participante em defesa de valores seme-lhantes”, afirmou a psicóloga.

Mariana lembra também que o comportamento agres-sivo de uma criança ou ado-lescente está ligado a outros fatores também, e não apenas aos games que ela joga. “Os jogos digitais até podem es-tar diretamente relacionados com isto, porém o perigo aqui está na simplificação. As crianças estão o tempo todo expostas a questões de violência e os jogos digitais parecem reproduzir essa re-alidade. Prudência dos pais e cuidadores, obviamente são essenciais no manejo

desta questão com relação ao tempo. Em geral, quando falamos de algo que acontece com muita freqüência, com alta duração e intensidade tangenciamos a questão da patologia”, completou.

O brasileiro já gasta quase o dobro de tempo com jogos do que gasta assistindo TV, sendo que 55% dos jogado-res brasileiros são homens e 45% mulheres. E existe uma tendência de crescimento desse mercado com o lança-mento de jogos em diversas plataformas, desde os tradi-cionais video games até jogos on-line integrados com redes sociais, o que pode provocar uma necessidade cada vez maior de existir algum tipo de orientação para as crian-ças e adolescentes que vêem nos jogos eletrônicos uma das principais fontes de lazer e diversão.

Fernando Mad

Comportamento agressivo não está relcionado diretamente aos jogos virtuais

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Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011

Surpresas no Rio

Dossiê 2014 – Corrupção, interesses e

a Copa no Brasil

Fui surpreendida. Confesso que quando anunciaram a reto-mada do Rock in Rio ao local de origem, após 12 anos de inércia, sequer movi forças para saber quais seriam as atrações. Prin-cipalmente com artistas como Claudia Leite, Rihanna e Ke$ha no line up. Definitivamente meu gosto musical, leia-se pessoal, não se identifica com os canto-res acima citados. Nem por isso desconsidero quem aprecie, ape-nas acredito que a marca de um evento deve traduzir o que ele é.

Neste fim de semana, come-çando na sexta-feira, Sir Elton John foi o nome da noite. Com a banda que o acompanha por anos e tocando seu piano, emba-lou o público ao som de boas ba-ladas românticas. Ponto. Essa foi a sexta-feira. Na apresentação anterior, Katy Perry, sob muito brilho, levou o menino de So-rocaba, Julio, à loucura. Afinal, quem não queria um beijo dela?

Sábado Stone Sour, Snow Pa-trol e Red Hot Chili Peppers no palco Mundo. Como atrações brasileiras, nesse mesmo palco, estavam NX Zero e Capital Ini-cial. Stone Sour trouxe músicas já conhecidas e novidades do ál-

Era uma segunda feira, 30 de julho de 2007. O nome que o presidente da FIFA, Joseph Blatter, iria tirar do envelope, todos já sabiam qual seria, mas a apreensão, o nervosismo era grande. Exclamando “Brasil!” o presidente da FIFA iniciava mais uma jornada de corrupção en-volvendo uma Copa do Mundo.

Na ocasião, Luiz Inácio Lula da Silva então presidente da repú-blica e Ricardo Teixeira presiden-te da CBF, deram garantias de que os estádios seriam construídos todos com dinheiro da iniciativa privada. Mera ilusão. Depois de toda a festa, os executivos brasi-leiros colocaram a mão na massa, e escolheram a dedo as 12 cidades que vão receber os jogos da Copa, incrível ou não, cidades com está-dios prontos ficaram de fora, caso de Belém do Pará, que tem o mag-nífico estádio do Mangueirão.

A partir da escolha das sub-sedes uma pergunta rondou a cabeça de grande parte da po-pulação, vários estádios seriam construídos só para a Copa, gas-tos exagerados para receber dois ou no máximo três jogos. Estamos criando elefantes brancos, pra-ças esportivas que não vão ter utilidade após o mundial, como o estádio que está sendo cons-truído em Manaus, por exemplo.

Explicar o motivo de termos sido eleitos sede da Copa é fácil. Podemos explicar: 2014 colocando no mesmo pacote as sedes de 2018 e 2022 que já foram escolhidas pela FIFA. Em 2018 teremos o mundial na incrível Rússia e 2022, no Ca-tar, um país com “grandes laços futebolísticos”. A justificativa da FIFA foi que assim estará popula-rizando o futebol. Ela quer popu-larizar ainda mais o esporte mais popular do mundo. Vai entender.

A minha explicação para nos-sa Copa é a seguinte: é muito mais fácil ganhar dinheiro em

MÚSICA ESPORTES

Giórgia Gschwendtner Danilo Georgete

6

@giorgiaag

Cursa 6° período noturno

@danilo georgete

Cursa 6° período da noite e publica seus textos no endereço danilogeorgete.blogspot.com

bum recente, Audio Secrecy. O vo-calista, Corey Taylor colocou em prática toda sua habilidade, em-polgando a plateia. A banda Snow Patrol veio na sequência trazendo uma dose de calma, segurando a ansiedade do público para o Red Hot. Anthony Kiedis e o RHCP fe-charam a noite como se esperava de maneira grandiosa, Othersi-de, foi uma das mais marcantes.

Para arrebatar o último dia Rock in Rio, do primeiro fim de semana, metal. Gloria, Motörhe-ad, Slipknot, Coheed and Cam-bria, comandaram o Palco Mundo. O domingo foi marcado por som pesado do clássico até outras va-riações do estilo. Slipknot fez até quem não queria se mexer. Era im-possível enxergar alguém parado.

Minha experiência se resume a televisionada. Não é absolu-tamente o release dos dias, é a compilação do que assisti e con-siderei dentro do evento. Um aprofundamento só é possível para quem esteve lá e sempre será. A surpresa foi que sim, o evento trouxe nomes importan-tes e que merecem ser prestigia-dos. A distribuição do line up só não parece contemplar e levar em consideração o gosto do público.

países emergentes, é muito mais fácil erguer superestádios em países propensos à corrupção. É muito mais fácil erguer um está-dio do chão como o “Itaquerão”, do que reformar o Morumbi, afinal de contas R$ 1,5 bi de um estádio saindo do zero em um país como o Brasil não é nada.

Se a Copa extrapolar o valor inicial, como aconteceu com o PAN, do Rio em 2007 o povo brasi-leiro vai sofre e muito, no jogos do Rio o gasto inicial seria de R$380 milhões, só que passou um pou-quinho desse valor, acabou sen-do gasto R$ 4,6 bilhões, 13 vezes mais do que o orçamento inicial.

O jornalista escocês Andrew Jennings é o principal inimigo dos dirigentes esportivos inter-nacionais. Segundo ele, poucos fãs fora do Brasil não reconhe-ceriam Teixeira, aqueles que co-nhecem veem um homem que enriqueceu explorando o fute-bol brasileiro. O presidente da CBF está mal visto na Europa desde o relatório Dias de 2001, elaborado pelo Senador Álvaro Dias durante a CPI do futebol.

O deputado Federal Romário, tetra campeão do mundo com o Brasil, concedeu entrevista ao jorna-lista Andrew Jennings, afim de in-vestigar possíveis desvios e corrup-ções nas obras da Copa no Brasil. Romário afirmou que após a entre-vista percebeu que a Copa no Bra-sil não passou de um presente de Blatter para Ricardo Teixeira con-tinuar fiel ao mandatário da FIFA.

A corja: Joseph Blatter, Ri-cardo Teixeira e João Havelan-ge vai lucrar muito com a Copa 2014, isso se tivermos Copa, pois muitas sedes não estão no prazo, salvo Minas e Bahia. Nossa que-rida Curitiba, por exemplo, nem começou a preparar o estádio.

Definitivamente a Copa de 2014 vai seguir o slogan do go-verno: Brasil, um país de todos!

Divulgação

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Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011 7

PERFIL

Era mais um dia na reda-ção do jornal, quando algumas pessoas chegaram informando que havia alguém morto na calçada. “Perto do terminal”, diziam. Na reportagem poli-cial, corri para o local descrito, munida de um bloco de papel, uma caneta azul e uma câme-ra fotográfica. Andei por cinco quadras até chegar a um anti-go, pequeno e sujo ponto de ônibus na Rua Domingos Cor-deiro, em Campo Largo, cida-de na Região Metropolitana de Curitiba. Mal sabia a surpresa que me esperava.

Quando cheguei, a pri-meira coisa que observei foi um corpo na beira da calçada, já coberto por um pano bran-co. Comecei a apurar os fatos e conversei com as mais de cem pessoas que se aglomera-vam naquele lugar. Logo, fui informada de que aquele al-guém sob o tecido branco, um homem alto, de 74 anos, teve morte súbita. Tratava-se do ator e jornalista Nelson Paul Edward Morrison, que morreu vítima de uma parada cardíaca no dia 7 de março de 2007.

Morrison, ou Nelsão como era conhecido, estava em um ponto de ônibus ao lado do

Pornochanchada, jornalismo e televisão: Nelson Morrison

Terminal Urbano de Campo Largo e aguardava o coletivo que faz a linha Bugre, distrito de Balsa Nova. Amigos dizem que o ator voltava do Ministé-rio da Fazenda, em Curitiba, para resolver problemas que teve com um golpe do qual foi alvo. Sua morte pode ser rela-cionada com as grandes emo-ções pelas quais teria passado naquele dia.

Poucos conhecem a histó-ria deste ilustre homem. Por trás de toda a simplicidade apresentada por seus gestos e seu olhar, ninguém poderia imaginar que Nelson passou grande parte de sua vida na televisão, no rádio, no cinema, nos impressos.

Filho de mãe canadense e pai alemão, o jornalista nasceu no Rio de Janeiro e com ape-nas 17 anos de idade, saiu de casa buscando novos horizon-tes. Nelsão foi destaque como produtor, ator, jornalista, e em outras funções que realizava. O primeiro trabalho de Morrison na televisão foi como ator na TV Tupi, do Rio de Janeiro.

Depois da TV Tupi, passou para a Organização Vitor Cos-ta, estação de TV de São Pau-lo. Neste trabalhou na recém lançada Praça da Alegria (nos tempos atuais, a Praça é Nossa exibida pelo SBT), ao lado de nomes importantes do humor

brasileiro, como os eternos Go-lias e Manoel da Nóbrega.

Atuou também na Rádio Nacional de Brasília; TV Rio e ainda na TV Paraná. Nesta úl-tima, Nelson foi ator e produ-tor da novela curitibana Maria Bueno. Na novela, Morrison contracenou com a grande atriz Lala Schneider e interpretou o papel do anspeçada (militar) Dinis, que foi o assassino de Maria Bueno.

Coincidentemente, a pri-meira dama do teatro parana-ense, Lála Schneider faleceu dias antes de Nelson, no dia 27 de fevereiro de 2007. Morrison faleceu poucos dias depois, no mês de março do mesmo ano.

Pornochanchada e televisãoDurante sua vida, Morri-

son atuou em mais de 27 filmes, entre eles, “Atlântida”, uma comédia chamada “Cacareco vem aí”. Outros filmes, como “19 mulheres e um homem” e o “Desejo selvagem - Massa-cre no Pantanal” ainda podem ser encontrados nas locadoras. Ao lado de David Cardoso, foi considerado um dos reis da pornochanchada.

Em 1982, a convite do jor-nalista Aldir Buiar, passou a atuar como produtor do pro-grama Raízes, no canal 6, anti-ga rede OM e atual CNT. De-pois, seguiu Buiar para o canal

7, coordenando produ-ções como Mercadão do Automóvel, Carta Brasil, Transportador, entre ou-tros.

Já em 1983, Morrison colaborou para a história do Jornal O Metropoli-tano, de Campo Largo. Além de ator, Nelson era jornalista e neste ano, a convite de Buiar, desem-penhou no jornal a função de repórter fotográfico. Buiar era na época o dire-tor do jornal.

Anos mais tarde, Buiar precisou se retirar do trabalho e Morrison assumiu a direção do ve-ículo. Com seu trabalho no jornal, Nelson fixou re-sidência em Campo Lar-

go e aposentou-se como funcio-nário público municipal. Antes de morrer, um de seus últimos trabalhos foi cuidar do Parque Cambuí, hoje chamado de Par-que Municipal Newton Puppi. Neste local, viveu durante al-guns anos. Na casa em que Mor-rison morou, encontra-se atual-mente a sede do Tiro de Guerra da cidade.

RelacionamentosMorrison era casado com

Mel, 53 anos e residia no Distri-to do Bugre, em Balsa Nova. Sua esposa conta que algumas pesso-as ainda fazem confusão quanto ao parentesco dos dois. “Quando conheci o Nelsão eu era muito nova e ele, um rapaz mais ve-lho e experiente. Não dava para dizer que éramos marido e mu-lher. Por isso, dizíamos que ele era meu pai. O preconceito na-quela época era muito grande”, comenta Mel.

Mel também trabalhou com a mídia, mas os dois se conhe-ceram através de uma amiga. O detalhe é que a tal amiga estava “saindo” com Nelson. O primei-ro encontro de Mel com Nelson aconteceu na Praça Ozório, em Curitiba. A partir daquele dia, os encontros se tornaram mais fre-quentes. “Durante um período, o Nelson ficou doente. Ao cuidar dele, ficava cada vez mais apai-xonada”, diz.

Gislaine Silva

Foto: Arquivo Aldir Buiar

Nelson começou a trabalhar na TV ainda jovem. À direita, de camisa branca e sapatos pretos na transmissão do programa O Tranportador

Mel é o nome pelo qual Morrison chamava sua esposa. Mas esse não é o verdadeiro nome dela. O nome de batismo (ou de registro, como preferir), ela não diz para ninguém.

SimplicidadeMorrison era um homem

simples e dispensava os bens materiais. Tive a oportunida-de de conhecer o jornalista em vida, mas não de descobrir mais sobre sua trajetória de vida. Toda sua história é con-tada por pessoas próximas de Morrison, desde amigos, fami-liares.

Como disse seu eterno amigo Buiar, a vida de Nelson daria um livro. E que livro. Cheio de curiosidades, escân-dalos e exemplos de vida. “O Morrison era visto com maus olhos, como um relaxado de-vido à sua simplicidade. Mas ninguém conhecia sua alma. Ele levava o trabalho a sério, era perfeccionista e de uma visão bastante avançada”, con-ta. Buiar revela ainda um dos dons que o ator e jornalista apresentava, mas que não teve a chance de exercer. “Era um grande filósofo. Devido ao seu trabalho, acredito que ele não teve tempo de praticar. Tam-bém tinha uma boa cultura. Como morou no EUA, falava inglês fluentemente. Foi ainda representante da ONU na Sué-cia”, afirma.

Sobre filhos, pessoas pró-ximas de Nelsão falam que ele teve dois ou três filhos. Uma delas, inclusive, mora em Foz do Iguaçu. “Sabemos pouco sobre isso, mas eu lembro que ele sempre pedia licença para ir visitar a filha em Foz”, ressalta Buiar.

Nelson morreu na calçada, ao esperar o ônibus para ir para sua casa. O único documento que levava nos bolsos era um cartão do transporte coletivo. Sem recursos, Morrison foi ve-lado na Capela Municipal de Campo Largo e enterrado na área dos indigentes do Cemi-tério Santo Ãngelo, na mesma cidade.

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Curitiba, terça-feira, 27 de setembro de 2011

ENSAIO FOTOGRÁFICO

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O Parque Barigui é um dos principais espaços de lazer do curitibano. Em uma metrópole de problemas sociais relevan-tes, trânsito caótico, índices altos de crimi-nalidade, o parque é visto pelas famílias como um lugar de fuga do caos urbano, estreitamento de laços afetivos e como es-paço para cultivar a saúde.

Vida no Parque

Por Jessica Lago