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EMEF Prof. Fernando Pantaleão Língua Portuguesa - leitura e análise textual - 2º Bimestre2014 - 7º Ano Aluno: ...........................................Nº: ..... .....Série: ..........Data: ....................... LOUCO SENTADO NO MURO Ricardo Azevedo Era noite escura. Um carro vinha passando na frente de um hospício. De repente, o pneu furou. Descendo do carro, o motorista abriu o porta-malas e pegou o pneu reserva. Depois, com o macaco, tirou o pneu furado e colocou os parafusos numa latinha. Quando colocava o pneu reserva na roda, passou um automóvel em alta velocidade atirando a latinha longe. O sujeito ficou parado um tempão procurando os parafusos, mas não achou nada. Desanimado, sentou-se na calçada sem saber o que fazer. Sem os parafusos, como iria prender o pneu? O pior: uma garoinha fria e fina começava a cair. Estava assim quando escutou o barulhinho. —Psiu, moço. Era um louco sentado no alto do muro do hospício. Vestia um pijama listrado, tinha uns óculos desenhados no rosto e um penico enterrado na cabeça. —Furou o pneu a? O homem do carro não queria puxar conversa, mas, por educação, achou melhor responder: —Furou, e o pior é que os parafusos sumiram. O louco coçou a orelha com um espanador. —Mas isso é muito simples! —Lá vem besteira – pensou o homem. — Primeiro – explicou o louco – o senhor tira um parafuso de cada pneu; depois prende o pneu novo com os três parafusos. Com um parafuso a menos em cada roda, dá para andar muito bem. Amanhã, logo cedo, o senhor procura

LOUCO SENTADO NO MURO - Leitura e Análise Textual - Recuperação 8º Ano

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Page 1: LOUCO SENTADO NO MURO - Leitura e Análise Textual - Recuperação 8º Ano

EMEF Prof. Fernando Pantaleão Língua Portuguesa - leitura e análise textual - 2º Bimestre2014 - 7º Ano Aluno: ...........................................Nº: ..........Série: ..........Data: .......................

LOUCO SENTADO NO MURO

Ricardo Azevedo

Era noite escura. Um carro vinha passando na frente de um hospício. De repente, o pneu furou. Descendo do carro, o motorista abriu o porta-malas e pegou o pneu reserva. Depois, com o macaco, tirou o pneu furado e colocou os parafusos numa latinha. Quando colocava o pneu reserva na roda, passou um automóvel em alta velocidade atirando a latinha longe.

O sujeito ficou parado um tempão procurando os parafusos, mas não achou nada. Desanimado, sentou-se na calçada sem saber o que fazer. Sem os parafusos, como iria prender o pneu? O pior: uma garoinha fria e fina começava a cair.

Estava assim quando escutou o barulhinho.—Psiu, moço.Era um louco sentado no alto do muro do hospício. Vestia um pijama listrado,

tinha uns óculos desenhados no rosto e um penico enterrado na cabeça.—Furou o pneu a?O homem do carro não queria puxar conversa, mas, por educação, achou

melhor responder:—Furou, e o pior é que os parafusos sumiram.O louco coçou a orelha com um espanador.—Mas isso é muito simples!—Lá vem besteira – pensou o homem.— Primeiro – explicou o louco – o senhor tira um parafuso de cada pneu; depois

prende o pneu novo com os três parafusos. Com um parafuso a menos em cada roda, dá para andar muito bem. Amanhã, logo cedo, o senhor procura uma loja, compra um jogo de parafusos novos e o assunto está resolvido.

O homem ficou admirado. A ideia era muito boa. Em pouco tempo, o carro estava pronto pra continuar a viagem.Antes de partir, agradecido, o homem do carro quis saber:

—Desculpe a pergunta, mas... você não é louco?—Sou – respondeu o outro, picando uma nota de cinco reais com a tesoura.— Como conseguiu ter uma ideia tão boa?O louco sorriu:— Sou louco, mas não sou burro!

VOCABULÁRIO

1) Encontre, no texto, um sinônimo para a palavra “chuva”.

2) O termo “macaco” é empregado, no texto, com qual dos sentidos abaixo?

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a. ( ) mamífero do grupo dos primatas b. ( ) ferramenta para levantar grandes pesos

ATIVIDADES DE PÓS-LEITURA

1) Ordene as ações abaixo conforme os fatos são narrados no texto:

( ) O louco deu a sugestão ao personagem de usar três parafusos em cada roda.

( ) O personagem aceitou a sugestão e o carro voltou a andar.

( ) De repente, o pneu furou. Ao trocá-lo, o personagem perdeu os parafusos.

( ) Em uma noite escura, um carro passava em frente a um hospício.

( ) O louco disse que era louco mas não burro.

2) Quem são os personagens envolvidos no conflito?

3) Como é descrito o louco?

4) Por que o homem pensou “Lá vem besteira”?

5) Por que o homem ficou admirado?

6) A solução da história parte de um determinado personagem que personagem é esse? Por que esse fato torna-se engraçado?

7) Há uma expressão que nos remete ao momento em que tudo acontece. Qual é essa expressão?

Ricardo Azevedo. Você me chamou de feio, sou feio mas sou dengoso. Fundação Cargill – Coleção Fura-Bolo, 1999. p. 12-13.

Como um rio

Thiago de Mello*

Ser capaz, como um rio

que leva sozinho

a canoa que se cansa,

de servir de caminho

para a esperança.

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E de lavar do límpido

a mágoa da mancha,

como o rio que leva,

e lava.

Crescer para entregar

na distância calada

um poder de canção,

como o rio decifra

o segredo do chão.

Se tempo é de descer,

reter o dom da força

sem deixar de seguir.

E até mesmo sumir

para, subterrâneo,

aprender a voltar

e cumprir, no seu curso,

o ofício de amar.

Como um rio, aceitar

essas súbitas ondas

feitas de água impuras

que afloram a escondida

verdade nas funduras.

Como um rio, que nasce

de outros, saber seguir

junto com outros sendo

e noutros se prolongando

Page 4: LOUCO SENTADO NO MURO - Leitura e Análise Textual - Recuperação 8º Ano

e construir o encontro

com as águas grandes

do oceano sem fim.

Mudar em movimento,

mas sem deixar de ser

o mesmo s