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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE
RECURSOS HUMANOS
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO-
HCFMRP- USP
LUCIANA CRISTINA ESTEVES GARCIA
Caracterização sociodemográfica, clínica, psicológica e identificação de
estratégias de enfrentamento de pacientes com doença hepática crônica
atendidos em um hospital quaternário
RIBEIRÃO PRETO
2019
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE
RECURSOS HUMANOS
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO-
HCFMRP- USP
Caracterização sociodemográfica, clínica, psicológica e identificação das
estratégias de enfrentamento de pacientes com doença hepática crônica
atendidos em um hospital quaternário
Monografia apresentada ao Programa de
Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP,
elaborada no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo – USP/ Departamento de Neurociências e
Ciências do Comportamento do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (HC-FMRP-USP).
Área: Psicologia Clínica Hospitalar
Orientador(a): Natália Cecconello Vaz Soncini
Supervisor(a) Titular: Prof. Dr. Ricardo
Gorayeb
RIBEIRÃO PRETO
2019
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Garcia, Luciana Cristina Esteves
Caracterização sociodemográfica, clínica, psicológica e
identificação das estratégias de enfrentamento de pacientes com doença
hepática crônica atendidos em um hospital terciário
62 p. : il
Monografia apresentada ao Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto como parte dos requisitos para a
conclusão do Programa de Aprimoramento Profissional.
Supervisora: Natália Cecconello Vaz Soncini; Docente
Responsável: Prof. Dr. Ricardo Gorayeb.
1. Doença hepática crônica. 2. Aspectos psicológicos. 3.
Estratégias de enfrentamento
GARCIA, LUCIANA CRISTINA ESTEVES
BIBLIOTECA CENTRAL DA USP DE RIBEIRÃO PRETO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO USP
TOMBO:______________SYSNO:_______________
MONOGRAFIA 2019
Caracterização sociodemográfica, clínica, psicológica e identificação das
estratégias de enfrentamento de pacientes com doença hepática crônica atendidos
em um hospital terciário
APRIMORANDA: LUCIANA CRISTINA ESTEVES GARCIA
ORIENTADORA: NATÁLIA CECCONELLO VAZ SONCINI
CO-ORIENTADOR: PROF.DR. RICARDO GORAYEB
Dedico aos meus pais, Izilda e Joel, e às minhas
irmãs, Juliana e Ana Cláudia por todo apoio,
carinho e dedicação dedicados à mim em todos
os momentos da minha vida.
“Vocês, aonde for, está tudo bem... estamos
juntos”.
"Para realizar grandes conquistas, devemos
não apenas agir, mas também sonhar, não
apenas planejar, mas também acreditar."
(Anatole France)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que em sua infinita sabedoria colocou forças em
meu coração para vencer essa etapa de minha vida. Obrigada por me transmitir força, foco
e fé, que me acompanharam ao longo desses anos e que não me permitiram desistir.
Agradeço aos meus pais, Izilda e Joel e às minhas irmãs Juliana e Ana Cláudia que
são minha base de vida e que me incentivaram e apoiaram durante todo este percurso, me
dando forças, amor e incentivo para que mais esta etapa fosse concluída.
Agradeço a minha orientadora Natália pela disponibilidade, paciência,
comprometimento e, principalmente, por partilhar comigo seus conhecimentos e
profissionalismo durante a realização e concretização deste trabalho.
Às supervisoras e contratadas do serviço de psicologia que contribuíram de forma
direta e indireta para o meu crescimento profissional e pessoal. À todos, o meu muito
obrigada.
Às equipes das clínicas nas quais atuei durante todo o Programa de Aprimoramento
Profissional, principalmente à equipe do Transplante de Fígado do HCFMRP-USP, pela
receptividade, paciência e colaboração na realização deste trabalho e conclusão desta
etapa da minha formação profissional e pessoal.
Aos pacientes, por compartilharem comigo suas vivências, dificuldades, angústias,
tristeza e alegrias os quais foram fundamentais para o meu aprendizado e amadurecimento
durante todo o meu trabalho neste hospital.
Ao meu namorado Pedro por todo o incentivo durante este percurso bem como pela
compreensão e palavras de afeto nos momentos mais difíceis.
À secretária e grande amiga Marilene, por proporcionar espaço de escuta nos meus
momentos de angustias e por cada palavra de incentivo e carinho nos momentos em que
mais precisei.
Às amigas de aprimoramento que foram essenciais durante toda esta jornada, por
oferecerem espaço de escuta, acolhimento, por me incentivaram e me darem forças nos
momentos em que pensei em desistir. Obrigada pelas risadas e momentos que jamais serão
esquecidos. Levo cada uma no coração.
Ao Prof. Dr. Ricardo Gorayeb, coordenador do Serviço de Psicologia, pela
oportunidade de realização profissional, apoio e cuidado com o bem-estar, organização e
rotinas do Serviço.
RESUMO
GARCIA, Luciana Cristina Esteves. Caracterização sociodemográfica, clínica, psicológica
e identificação das estratégias de enfrentamento de pacientes com doença hepática crônica
atendidos em um hospital quaternário. 2019. 62f. Monografia (Aprimoramento Profissional)
- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto, 2019.
INTRODUÇÃO: Doença hepática crônica (DHC) é qualquer forma de doença hepática
avançada, em que o fígado foi exposto, de forma continuada, a uma ou várias formas de
agressão. O fígado é um órgão imprescindível à manutenção do equilíbrio do nosso organismo,
sendo responsável por funções importantes como a formação de fatores de coagulação do
sangue e a eliminação de toxinas. Tem uma enorme capacidade de regeneração, no entanto,
quando as agressões hepátcas são perpetuadas no tempo, a regeneração ocorre de forma
incorreta, acarretando o surgimento de de fibroses resultado no quadro de cirrose.
OBJETIVOS: Realizar a caracterização sociodemográfica, clínica e psicológica e identificar
as estratégias de enfrentamento mais utilizadas de pacientes com doença hepática crônica no
primeiro contato com atendimento psicológico. MÉTODOS: A coleta de dados foi realizada
na enfermaria e no ambulatório da Unidade de Transplante de Fígado de um Hospital
Quaternário a partir de uma entrevista semi estruturada e pela aplicação da Escala Hospitalar
de Ansiedade e Depressão (HAD) e da Escala Modo de Enfrentamento de Problemas (EMEP).
RESULTADOS: Participaram do estudo 30 pacientes adultos com idade entre 30 e 75 anos,
70% pacientes do sexo masculino, escolaridade superior a nove anos de estudo, casados, renda
entre 3 e 5 salários mínimos, católicos e que não estavam exercendo atividade laboral.
Destacou-se prevalência de casos de cirrose hepática por vírus da hepatite C seguido de cirrose
hepática alcoólica. As principais comorbidades associadas a doença hepática foram Hipertensão
Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. A prevalência de sintomas de ansiedade e depressão foi
de 36,66% e 30%, respectivamente. Houve maior prevalência de sintomas psicológicos em
pacientes do sexo feminino, com idade entre 30 e 50 anos e que não possuíam um companheiro.
A estratégia de enfrentamento mais utilizada pela população do estudo, em ambos os sexos e
em idade adulta, foi a focalizada na resolução de problemas. A estratégia de enfrentamento
focalizada na religiosidade foi identificada como o recurso mais utilizado entre os pacientes
idosos, acima de 70 anos. Observou-se que os pacientes que apresentam sintomas de ansiedade
e depressão fazem uso da estratégia focalizada na religião como principal recurso de
enfrentamento de problemas. CONCLUSÃO: Este estudo permitiu realizar a caracterização
sociodemografica, clínica e psicológica dos pacientes bem como identificar as principais
estratégias de enfrentamento utilizadas. Evidenciou-se a presença de impactos emocionais na
amostra estudada, reforçando a importância de um cuidado atento a estas questões, visto que a
forma com que o indivíduo compreende e lida com a realidade de adoecimento vivenciada pode
interferir no seu tratamento e prognóstico.
Palavras chaves: Doença Hepática Crônica, Aspectos Psicológicos, Estratégias de
enfrentamento.
ABSTRACT
GARCIA, Luciana Cristina Esteves. Sociodemographic, clinical and psychological
characterization and identification of coping strategies for patients with chronic liver
disease treated in a quaternary hospital. 2019. 62f. Monograph (Professional Improvement)
- Hospital das Clínicas, Medical School of Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão
Preto, 2019.
INTRODUCTION: Chronic liver disease (CKD) is any form of advanced liver disease, in
which the liver has been continuously exposed to one or more forms of aggression. The liver is
an essential organ to the maintenance of the balance of our organism, being responsible for
important functions such as the formation of blood clotting factors and the elimination of toxins.
It has an enormous capacity of regeneration, however, when the hepatic aggressions are
perpetuated in the time, the regeneration occurs of incorrect form, causing the appearance of
fibroses result in the picture of cirrhosis. OBJECTIVES: To perform sociodemographic,
clinical and psychological characterization and identify the most used coping strategies of
patients with chronic liver disease in the first contact with psychological care. METHODS:
Data collection was performed in the ward and outpatient clinic of the Liver Transplantation
Unit of a Quaternary Hospital from a semi structured interview and by the application of the
Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD) and the Mode of Conflict Scale Problems
(EMEP). RESULTS: The study included 30 adult patients aged between 30 and 75 years, 70%
male patients, schooling over nine years of age, married, income between 3 and 5 times the
minimum wage, Catholics who were not working. The prevalence of hepatic cirrhosis by
hepatitis C virus followed by alcoholic liver cirrhosis was high. The main comorbidities
associated with liver disease were Systemic Arterial Hypertension and Diabetes Mellitus. The
prevalence of anxiety and depression symptoms was 36.66% and 30%, respectively. There was
a higher prevalence of psychological symptoms in female patients, aged between 30 and 50
years and who did not have a partner. The coping strategy most used by the study population,
in both sexes and in adulthood, was focused on solving problems. The strategy of confrontation
focused on religiosity was identified as the most used resource among elderly patients, over 70
years. It was observed that patients with symptoms of anxiety and depression use the strategy
focused on religion as the main resource for coping with problems. CONCLUSION: This study
allowed the sociodemographic, clinical and psychological characterization of the patients as
well as the main coping strategies used. It was evidenced the presence of emotional impacts in
the studied sample, reinforcing the importance of careful attention to these questions, since the
way in which the individual understands and deals with the reality of illness experienced may
interfere in its treatment and prognosis.
Keywords: Chronic Hepatic Disease, Psychological Aspects, coping strategies.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica dos participantes ............................................... 24
Tabela 2 – Descrição da frequência e porcentagem dos diagnósticos dos participantes........... 26
Tabela 3 - Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento utilizadas pelos
participantes..............................................................................................................................32
Tabela 4 - Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento dos participantes em
relação ao gênero...................................................................................................................... 32
Tabela 5 - Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento dos participantes
associados a faixa etária........................................................................................................... 33
Tabela 6 - Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento dos participantes em
relação a vinculação.................................................................................................................. 34
Tabela 7 – Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento dos participantes em
relação ao nível de escolaridade................................................................................................34
Tabela 8 - Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento dos participantes em
relação às características psicológicas...................................................................................... 35
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Frequência das comorbidades clínicas dos participantes.......................................... 27
Figura 2 - Dados referentes às características psicológicas dos participantes – presença e
ausência de sintomas de ansiedade e depressão....................................................................... 28
Figura 3 - Frequência dos sintomas de ansiedade e depressão em relação ao gênero.............. 28
Figura 4 - Frequência de sintomas de ansiedade e depressão em relação a faixa etária........... 29
Figura 5 - Frequência de sintomas de ansiedade e depressão em relação a vinculação
afetiva....................................................................................................................................... 30
Figura 6 - Frequência dos sintomas de ansiedade e depressão em relação ao nível de
escolaridade...............................................................................................................................31
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14
1.1.Doenças Hepáticas Crônicas e Transplante de Fígado ................................... 14
1.2. Aspectos Emocionais e Doenças Hepáticas Crônicas ................................... 15
1.3. Estratégias de Enfrentamento/Coping e Aspectos Emocionais...................... 16
2. OBJETIVOS.................................................................................................... 18
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................... 18
3. MÉTODO ....................................................................................................... 19
3.1. Delineamento do Estudo ................................................................................. 19
3.2. Local da Pesquisa ........................................................................................... 19
3.3. Participantes .................................................................................................... 19
3.3.1. Critérios de Inclusão .................................................................................... 20
3.3.2. Critérios de Exclusão ................................................................................... 20
3.4. Instrumentos de Avaliação .............................................................................. 20
3.5. Procedimento de Coleta de Dados .................................................................. 21
3.6. Procedimento de Análise de Dados ................................................................ 22
3.7. Aspectos Éticos ............................................................................................... 22
4. RESULTADOS .............................................................................................. 23
4.1. Características sociodemográficas .................................................................. 23
4.2. Características clínicas ................................................................................... 26
4.3. Características psicológicas ............................................................................ 27
4.4. Estratégias de Enfrentamento ......................................................................... 31
5. DISCUSSÃO ................................................................................................... 36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 46
ANEXO A – Roteiro de Entrevista Semi Estruturada ..................................... 56
ANEXO B – Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar – HAD .................. 58
ANEXO C – Escala Modo de Enfrentamento de Problemas – EMEP ............ 59
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................. 61
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 Doenças Hepáticas Crônicas e Transplante de Fígado
O fígado é o maior órgão do organismo humano e desempenha diversas funções. Entre
as principais, destacam-se a separação e processamento de diferentes nutrientes, transformando
os alimentos tanto em energia para consumo imediato quanto em reserva energética na forma
de gordura e açucares, realização da síntese de proteínas, neutralização dos microorganismos e
toxinas ingeridas, metabolização de hormônios que influenciam na pressão sanguínea e funções
sexuais, entre outras. A bile produzida pelo fígado atua na digestão e absorção de alimentos que
contenham gordura ou substâncias semelhantes (MORETTO, 2006).
O adoecimento do fígado pode ser desencadeado por diversos fatores, entre eles
incluem-se infecção por vírus da hepatite B e C; agentes tóxicos, atresia de vias biliares, hepatite
autoimune, acúmulo de gordura no órgão, tumores primários ou secundários e doenças
metabólicas. Dentre os principais sintomas encontram-se dor e o inchaço abdominal, presença
de icterícia (cor amarelada da pele e dos olhos) e urina intensa e amarelada (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2018). No entanto as doenças hepáticas são silenciosas e não sinalizam sua chegada.
Quando ocorre alguma manifestação, o fígado já está muito comprometido e a doença já está
em um estado avançado não sendo possível outra terapêutica que não o transplante hepático o
entanto, sendo a hepatite crônica por vírus da hepatite C (VHC) e a cirrose alcóolica as
principais etiologias que levam pacientes adultos ao transplante. (MORETTO, 2003;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
Segundo Moretto (2003) as doenças hepáticas são doenças silenciosas, que não
sinalizam sua chegada. Quando ocorre alguma manifestação, o fígado já está muito
comprometido e a doença já está em um estado avançado não sendo possível outra terapêutica
que não o transplante hepático.
O diagnóstico de uma doença crônica pode afetar diversos aspectos da vida de um
indivíduo, acarretando inúmeras mudanças físicas, alterações de rotina de vida, bem como
mudanças nas relações sociais, familiares e profissionais, de maneira temporária ou permanente
(MIYAZAKI, 2005). Segundo Lazzaretti (2006) o adoecimento hepático crônico contribui para
o surgimento de uma série de preocupações sendo elas a necessidade de desenvolver
habilidades de adaptação as mudanças relativas a saúde e capacidade funcional, alterações de
relacionamentos sociais, novas percepções de si mesmo e revisão de planos de vida.
15
A cronicidade do adoecimento hepática acarreta uma série de prejuízos na vida do
indivíduo, podendo levar à morte quando o organismo não responde às formas de tratamentos
propostas, como administração medicamentosa ou processos cirúrgicos que possibilitem a
remoção de parte do fígado. Nesse sentido, o transplante surgiu como alternativa de tratamento
para os casos em que nenhum outro tratamento possibilitaria a cura da doença ou mesmo a
diminuição dos sinais e sintomas das limitações causadas pela doença hepática se
caracterizando assim como a única possibilidade terapêutica que é capaz de melhorar a
sobrevida e a qualidade de pacientes com adoecimento hepático crônico (MENDES, 2006;
NAVAS et al, 2010).
1.2 Aspectos Psicológicos e Doenças Hepáticas Crônicas
O diagnóstico de uma doença hepática crônica, e a possibilidade de realização de um
transplante se caracteriza como um momento altamente estressante na vida do paciente
desencadeando repercussões físicas, psicológicas como sintomas de ansiedade, tristeza,
irritabilidade e medo além de efeitos negativos na qualidade de vida como perda da
independência e de controle. (MATOS, 2007). A maior prioridade durante este período é
detectar estes sintomas com o intuito de evitar alterações psicológicas mais significativas que
prejudiquem aspectos relacionados ao adoecimento como por exemplo a adesão ao tratamento,
buscando assim manter uma qualidade de vida adequada (SHARIF et al, 2005; JURADO, et al.
2011; AGUIAR, 2011).
Mendes et al (2016) afirmam que o conhecimento das características sociodemográficas
e clínicas dos pacientes pode auxiliar na identificação das suas necessidades de saúde, uma vez
que podem fornecer de subsídios para o planejamento e implementação de intervenções de
saúde que promovam melhorias na qualidade de vida.
Outro fator relacionado ao surgimentos de quadros psicológicos nestes pacientes são os
diversos procedimentos necessários para a realização do diagnóstico de uma doença hepática
bem como o impacto deste diagnóstico sobre o funcionamento do paciente e de seus familiares,
caracterizados como situações potencialmente geradoras de estresse (TAYLOR & STRAUB,
2005).
O’Carrol et al (2003) destaca que é essencial reconhecer que algumas manifestações
psíquicas podem estar relacionadas a aspectos da doença, como a encefalopatia hepática, que
contribuem para a ocorrência de alterações de humor. Dessa forma, faz-se essencial uma
avaliação multidisciplinar adequada.
16
Dessa forma, o psicólogo, como membro da equipe interdisciplinar, é solicitado a
auxiliar no manejo de problemas relacionados as doenças crônicas como a dificuldade de
adesão ao tratamento, manejo de transtornos mentais, auxilio na avaliação e preparo de
pacientes que serão submetidos a procedimentos invasivos além de fornecer auxilio no manejo
de sintomas como ansiedade e depressão (MYIAZAKI et al, 2002). Nesse sentido Myiazaki et
al (2005) destacam que é essencial uma análise psicológica cuidadosa do paciente bem como
do problema relacionado antes que qualquer estratégias de intervenção seja elaborada.
1.3 Estratégias de Enfrentamento/Coping e Doenças Hepáticas Crônicas
A presença de uma doença crônica leva à necessidade de adaptação a condições
especiais, tanto por parte do paciente como de seus familiares (MIYAZAKI, 2005). Dessa
forma, é preciso desenvolver estratégias para lidar com os sintomas advindos do adoecimentos
bem como com a as limitações desencadeadas, promovendo um ajustamento ao contexto
hospitalar e de saúde onde os procedimentos médicos e o tratamento é realizado. Além disso é
necessário desenvolver e manter estratégias funcionais visando o relacionamento adequado
com a equipe de saúde (KRAUS et al., 2000).
Antoniazzi et al (1998) definem enfrentamento (coping) como um conjunto de
estratégias utilizadas pelos indivíduos para se adaptarem a situações aversivas. Para Lazarus &
Folkman (1984) enfrentamento pode ser definido como um conjunto de esforços cognitivos e
comportamentais usados pelas pessoas para lidar com demandas específicas, sendo elas internas
ou externas, e que aparecem em situações de estresse, ultrapassando os limites e recursos
pessoais. Este processo engloba a avaliação do fenômeno estressor, ou seja, a forma como ele
é percebido, interpretado e representado na mente do indivíduo. Além disso, o processo de
coping demanda esforços cognitivos e comportamentais para a administração das demandas
internas e externas que surgem a partir da interação do indivíduo com o ambiente.
De acordo com Taylor (2003) a identificação dos estressores e das estratégias de
enfrentamento utilizadas frente a situação de estresse podem diminuir o impacto do estresse na
vida dessas indivíduos.
Dependendo das suas funções, as estratégias de enfrentamento podem ser classificadas
em dois tipos – focalizadas na emoção e focalizadas na razão. As estratégias de enfrentamento
focalizadas na emoção são definidas como o esforço em regular o estado emocional associado
ao estresse. Estes esforços tem por objetivo alterar o estado emocional do indivíduo. As
estratégias focalizadas no problemas buscam atuar nas situações geradoras do problema, ou
17
seja, geradoras do estresse, tentando modifica-las (LAZARUS E FOLKMAN, 1984). Quando
as estratégias de enfrentamento são centradas no problema o indivíduo apresenta uma esforço
maior para melhorar o seu relacionamento com o meio. Quando focadas na emoção, as buscam
substituir ou regular o impacto emocional do estresse no individuo, fazendo com que as pessoas
evitem entrar em contato de uma forma consciente com a realidade e ameaça (NERI, 2005).
De acordo com Lazarus e Folkman (1984) além das estratégias focalizadas na emoção
e na razão, outras estratégias podem ser encontradas como a busca por suporte social e
estratégias focalizadas em pensamentos religiosos.
As estratégias de enfrentamento que se baseiam na busca por suporte social visam as
relações interpessoais, onde os indivíduos procuram apoio externo como forma de ameninar as
demandas decorrentes do evento estressor (Silva et al, 2016). Nesse mesmo sentido, Ravagnani
et al, 2007) destacam que os pacientes que buscam suporte social tem maior tendência em
utilizar o enfrentamento externo para lidar com as suas dificuldades.
No que diz respeito a religiosidade, Panzini e Bandeira (2007) definem enfrentamento
religioso como o uso de estratégias religiosas e/ou espirituais para manejar os estresse diário
e/ou proveniente de crises que ocorrem ao longo da vida do indivíduo. Sua utilização envolve
os domínios cognitivo, comportamental, interpessoal e espiritual, bem como apresenta
variações em seu nível de utilização e na sua forma, determinados pela experiência individual
da pessoa (CÔRREA, 2014).
Segundo Seidl et al (2005) a busca de adaptação diante do adoecimento e o uso de
estratégias ativas de enfrentamento estão relacionados a fatores como a motivação para o auto
cuidado e adesão ao tratamento de saúde, os quais podem contribuir de forma positiva no
processo de adaptação ao processo de adoecimento.
Dessa forma, identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por portadores de
doenças hepáticas crônicas que buscam a adaptação a nova condição de doença bem como às
dificuldades vivenciadas por eles, se faz importante para o delineamento de programas de
intervenções que auxiliam aqueles paciente que apresentam maior dificuldade de adaptação
(MYIAZAKI et al, 2005).
18
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
Caracterizar os dados sociodemográfica, clínicos e psicológicos e identificar as
estratégias de enfrentamento mais utilizadas de pacientes com doença hepática crônica no
primeiro contato com atendimento psicológico em hospital quaternário.
19
3. MÉTODO
3.1 Delineamento do estudo
Esse estudo consiste em um recorte de um projeto de pesquisa desenvolvido pela
Serviço de Psicologia Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo - HCFMRP-USP sob coordenação dos pesquisadores
responsáveis.
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e de base hospitalar que foi realizado
com pacientes com diagnóstico de doença hepática crônica, que fazem acompanhamento com
a equipe de transplante hepático tendo ou não indicação de realização de transplante e que ainda
não tinham tido contato com a equipe de psicologia da unidade de Transplante de Fígado do
HCFMRP- USP até o momento.
3.2 Local da Pesquisa
A coleta de dados foi realizada no ambulatório multiprofissional de transplante de
Fígado e na enfermaria de transplante hepático localizada no 10º andar do HCFMRP-USP.
3.3 Participantes
Foram convidados a participar do estudo os pacientes adultos, com idade igual ou
superior a 18 anos que realizavam seu tratamento no ambulatório e enfermaria de transplante
de fígado do HCFMRP – USP. Todos os pacientes apresentavam diagnóstico de doença
hepática crônica com indicação ou não para o transplante de fígado e não haviam tido nenhum
contato prévio com a equipe de psicologia até o momento da aplicação dos instrumentos. A
amostra foi composta por 30 participantes, sendo 21 homens e 9 mulheres. Não houve distinção
quanto ao gênero, cor, classe, precedência ou diagnóstico apresentado. A coleta de dados foi
realizada de acordo com as condições clínicas de cada paciente bem como disponibilidade de
tempo dos mesmos.
20
3.3.1 Critérios de Inclusão
Indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, pertencentes a
qualquer grupo étnico ou social.
Indivíduos portadores de doenças hepáticas crônicas e que estão sendo acompanhados no
ambulatório e enfermaria de transplante hepático pela equipe multiprofissional e médica do
HCFMRP-USP.
Sem sintomas de encefalopatia durante a participação no estudo.
Nunca ter tido contato prévio com qualquer avaliação ou acompanhamento psicológico.
3.3.2 Critério de Exclusão
Apresentar comprometimento cognitivo de qualquer ordem que o impossibilite de
compreender os instrumentos utilizados e de respondê-los de forma verbal, clara e
consistente.
3.4 Instrumentos de Avaliação
Os pacientes foram submetidos a uma avaliação sociodemográfica a partir de uma
entrevista semi estruturada e a aplicação dos instrumentos padronizados. A aplicação foi
realizada pela psicóloga aprimoranda do HCFMRP-USP que atua na equipe multiprofissional
de Transplante de Fígado.
a) Roteiro de entrevista Semi Estruturada – nesta entrevista foram coletados dados
sociodemográficos (nome, idade, estado civil, escolaridade, ocupação, religião,), dados clínicos
(diagnóstico, sintomas clínicos, presença de comorbidades, compreensão diagnóstica, dados
referentes a adesão ao tratamento, expectativas quanto a recuperação), relacionamento com
equipe de saúde, histórico psicológico e/ou psiquiátrico além de dados de apoio social.
b) Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) - este instrumento foi elaborado
por Zigmond e Snaith (1983) e tem por objetivo detectar distúrbios emocionais em pacientes
em ambientes não psiquiátricos e em situações de alterações físicas (LISSPERS et al., 1997).
Sua validação para aplicação em pacientes internado em enfermarias foi realizada por Botega
et al. em 1995 e posteriormente para pacientes ambulatoriais (Botega et al., 1998). A nota de
21
coorte proposta pelos autores para determinar presença ou ausência de sintomas de ansiedade e
depressão foi de nove para pacientes internados em enfermaria e oito para pacientes em
seguimento ambulatorial. Para este estudo foi adotada a nota de corte 8 para verificação da
presença de sintomas de ansiedade e depressão, uma vez que a amostra foi composta por
pacientes que fazem acompanhamento ambulatorial e por pacientes internados em enfermaria.
Esta escala é composta por 14 questões do tipo múltipla escolha, com 4 alternativas cada
e é subdividida em duas subescalas que medem sintomas de ansiedade e depressão de forma
independente. A pontuação global em cada subescala varia entre 0 e 21 pontos sendo que as
respostas devem estar de acordo a como o indivíduo se sentiu na última semana antes da
aplicação (LISSPERS, et al. 1997).
c) Escala Modos de Enfrentamento de Problemas – EMEP: Este instrumento consiste
em uma tradução e adaptação para a língua portuguesa da escala desenvolvida por Vitaliano e
cols. (1985), sendo posteriormente desenvolvida e validada por Seidl no ano de 2001
(CELESTINO, 2009). Segundo Seidl, Tróccoli & Zannon (2001) a Escala de Enfrentamento
de Problemas foi feita a partir de um modelo interativo de estresse e caracteriza o enfrentamento
como uma série de respostas específicas a um determinado estressor ou a uma situação
desencadeadora de estresse. As possibilidades de respostas variam de 1 a 5, sendo 1= Eu nunca
faço, 2 = Eu faço um pouco, 3 = Eu faço às vezes, 4 = Eu faço muito e 5 = Eu faço sempre.
Dessa forma, 4 tipos de estratégias são analisadas, sendo elas enfrentamento focalizado no
problema, enfrentamento focalizado na emoção, enfrentamento focalizado na busca de apoio
religioso e por fim enfrentamento focalizado na busca por apoio e suporte social.
3.5 Procedimento de Coleta de Dados
Os participantes que se enquadraram nos critérios de inclusão previamente estabelecidos
foram convidados a participar do estudo. Foram explicados os objetivos da pesquisa bem como
quanto ao caráter voluntário de participação, sigilo e a necessidade da assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido. Os participantes foram informados ainda quanto a
possibilidade de interromper a aplicação dos instrumentos para esclarecimento de dúvidas bem
como quanto a possibilidade de desistência sem que haja qualquer prejuízo em seu tratamento
na unidade.
Os instrumentos foram aplicados em uma sala do ambulatório e/ou no quarto de
enfermaria, na seguinte sequência: Entrevista semi estruturada, escala hospitalar de ansiedade
e depressão (HAD) e escala modos de enfrentamento de problemas (EMEP). A aplicação teve
22
um tempo médio de 40 minutos, onde foram respeitadas as limitações físicas e psicológicas de
cada paciente.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Processo
HCRP nº 2.667.078/2018.
3.6 Análise de Dados
Os dados sociodemográficos, clínicos, psicológicos e de enfrentamento da amostra
foram submetidos a uma análise descritiva e posteriormente foram apresentados de acordo com
a frequência simples e em média.
3.7 Aspectos Éticos
O presente estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo vide
Processo HCRP nº 2.667.078/2018.
Aos participantes da pesquisa foi esclarecido quanto a sua participação de cunho
voluntário bem como quanto a possibilidade de desistência sem que acarretasse prejuízos em
seu atendimento na instituição. Foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
para leitura e assinatura. Neste documento constavam informações quanto a justificativa,
objetivos, procedimentos, riscos e benefícios do estudo ao qual foram convidados a participar
Foi enfatizado quanto a segurança de não serem identificados bem como questões frente
ao sigilo. Aos participantes foi garantido o direito de receberem informações e possibilidade de
esclarecimento de dúvidas quanto qualquer questão, ainda que isso possa afetar em sua vontade
de continuar participando do estudo.
23
4. RESULTADOS
A descrição dos resultados foi dividida em 4 subgrupos para facilitar a compreensão dos
dados obtidos neste estudo, sendo eles:
(a) Características sociodemográficas
(b) Características Clínicas
(c) Características Psicológicas
(d) Estratégias de Enfrentamento
4.1 Caracterização sociodemográfica
Os dados referentes às condições sociodemográficas dos participantes (sexo, idade,
escolaridade, estado civil, situação empregatícia, renda familiar e religião) estão descritos na
Tabela 1.
24
Tabela 1 - Descrição das frequências e porcentagens das características sociodemográficas dos
participantes (n=30)
Variável Frequência %
Sexo Feminino 9 30%
Masculino 21 70%
Idade
Entre 30 e 50 anos 10 33,33%
Entre 50 e 70 anos 17 56,67%
Acima de 70 anos 3 10%
Escolaridade < de nove anos de estudo 7 23,33%
> de nove anos de estudo 23 76,67%
Estado Civil Com companheiro 25 83,33%
Sem companheiro 5 13,33%
Situação empregatícia Trabalha 8 26,66%
Não trabalha 22 73,37%
Renda familiar
Entre 1 e 2 SM 5 16,67%
Entre 2 e 3 SM 5 16,67%
Entre 3 e 5 SM 11 36,67%
5 ou mais SM 6 20%
Não soube dizer 1 3,33%
Abaixo de um SM 2 6,66%
Religião
Católica 19 63,37%
Espírita 4 13,33%
Evangélica 5 16,66%
Testemunha de Jeová 1 3,33%
Mormon 1 3,33%
Foi observado que a maioria dos participantes realizava atendimento ambulatorial no
momento da entrevista, caracterizando 86,67% da amostra (n=26) e 13,33% encontrava-se
internada na enfermaria do hospital. Dos trinta participantes, vinte e um eram do sexo
masculino, caracterizando 70% da amostra e oito eram do sexo feminino caracterizando 30%
da amostra. A idade variou entre 32 e 75 anos, sendo que 33,33% tinham entre 30 e 50 anos de
idade (n=10), 56,67% entre 50 e 70 anos, (n=17) e três participantes (10%) tinham mais de 70
anos de idade. Observa-se maior prevalência de pacientes entre 50 e 70 anos.
25
No que diz respeito a escolaridade, a maioria dos participantes apresentaram
escolaridade igual ou superior a nove anos de estudo, ou seja, 76,67% (n=23). Dos demais
participantes 23,33% (n=7) apresentaram escolaridade inferior a nove anos de estudo.
Em relação ao relacionamento afetivo, foi observado que a maioria dos participantes
possuíam um companheiro que os auxiliavam nos cuidados referentes ao diagnóstico
caracterizando assim 83,33% (n=26). Apenas cinco participantes (16,66%) referiram não
possuir vinculação afetiva, podendo ser solteiros, viúvos ou divorciados. Já a situação
empregatícia dos participantes do estudo foi dividida entre as pessoas que trabalhavam e as que
não trabalharam. Nesse sentido foi identificado que a maior parte dos participantes, ou seja,
73,37% (n=22) não estavam exercendo atividade laboral, sendo as razões variantes entre
pessoas aposentadas ou afastadas de suas respectivas atividades em virtude de complicações do
adoecimento e 26,66% (n=8) referiu estar empregada e realizando suas atividades normalmente.
Em relação a renda familiar mensal, foi observado que a maior parte dos participantes
apresentam renda familiar entre três e cinco salários mínimos, ou seja, 36,67% da amostra
(n=11). Dos demais entrevistados, cinco participantes (16,67%) apresentam renda entre um e
dois salários mínimos, cinco participantes (16,67%) possuem renda entre dois e três salários
mínimos e seis participantes (20%) apresentam renda acima de cinco salários mínimos. Apenas
dois indivíduos (6,63%) possuem renda inferior a um salário mínimo e um participante não
soube referir (3,33%).
No que concerne questões referentes a religião foi observado que 63,37% da população
estudada (n=19) são católicos, 13,33% são espíritas, cinco participantes (16,66%) referiram ser
evangélicos, um participante (3,33%) relatou ser testemunha de Jeová e um pessoa (3,33%)
referiu seguir a religião mórmon.
26
4.2 Caracterização Clínica
Os dados referentes às características clínicas da amostra estão descritas na tabela 2.
Tabela 2 – Descrição da frequência e porcentagem dos diagnósticos dos participantes
Diagnóstico Frequência %
Colangite Esclerosante Primária 2 6,67%
Cirrose por Vírus Hepatite C 6 20%
Cirrose Hepática por Álcool + VHC 3 10%
Cirrose Biliar Primária 1 3,33%
Neoplasia Benigna do Fígado 1 3,33%
Cirrose Hepática Auto imune 4 13,33%
Neoplasia Secundária do Fígado 3 10%
Cirrose Hepática por NASH 2 6,67%
Cirrose Hepática por Álcool 5 16,67%
PAF – Polineuropatia Amiloidótica Familiar 1 3,33%
Deficiência de Alfa 1 anti-tripsina 1 3,33%
Cirrose Hepática sem etiologia definida 1 3,33%
A tabela 2 mostra que treze classes diferentes de doenças hepáticas crônicas foram
identificadas entre os participantes do estudo. Destaca-se a prevalência de cirrose hepática por
vírus da hepatite C, caracterizando 20% da amostra (n=6). A segunda etiologia mais prevalente
foi a cirrose hepática alcoólica com predominância em 16,67% (n=5). A cirrose hepática
autoimune foi identificada em quatro participantes (13,67%). Observou-se ocorrência
semelhante das demais doenças, sendo que 10% da amostra (n=3) apresentou associação da
cirrose hepática alcoólica com vírus da hepatite C, três participantes (10%) apresentaram
neoplasia secundária do fígado, dois participantes (6,67%) com diagnóstico de colangite
esclerosante primária, dois participantes (6,67%) com diagnóstico de cirrose biliar primária e
dois participantes (6,67%) apresentaram cirrose hepática por NASH (Doença hepática
gordurosa não alcoólica). Em relação aos demais diagnóstico foram identificados presença de
cirrose biliar primária, neoplasia benigna de fígado, Polineuropatia Amioidótica Familiar,
Deficiência de Alfa 1 anti-tripsina, sendo que todos esses diagnóstico apresentaram prevalência
de 3,33% (n= 1 para cada diagnóstico). Vale ressaltar que apenas um paciente (3,33%)
apresentou cirrose hepática sem etiologia definida até o momento da entrevista.
27
Os dados referentes as principais comorbidades associadas às doenças de base estão
descritas na figura 1.
Figura 1 – Frequência das comorbidades clínicas da amostra
Quanto às comorbidades clínicas observou-se que a maioria dos participantes não
apresentavam outras doenças associadas ao diagnóstico principal, ou seja 33,33% (n=10). Dos
participantes com comorbidades, a mais relatada foi a hipertensão arterial sistêmica (HAS) com
prevalência em 30% da população, diabetes mellitus (26,67%), ascite refratária (23,33%),
hipotireoidismo (3,33%), obesidade (6,67%), hipertensão portal (6,67%), histórico de
encefalopatia (3,33%) e doença renal crônica (6,67%). Destaca-se que
4.3 Características Psicológicas
A presença de sintomas de ansiedade e depressão está representada na figura 2. Os
resultados foram obtidos a partir do uso da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD)
e separados em duas categorias – presença e ausência.
0123456789
10 98
7
1 12 2
12
10
28
Figura 2 – Dados referentes às características psicológicas dos participantes – presença e ausência de
sintomas de ansiedade e depressão
Por meio da aplicação da escala foi possível observar que onze participantes, ou seja,
36.66% da amostra pontuaram 8 ou mais pontos para sintomas de ansiedade enquanto que 30%
da população (n=9) pontuaram 8 ou mais pontos para sintomas depressivos.
A figura 3 demonstra presença de sintomas de ansiedade e depressão distribuídos entre
os gêneros.
Figura 3 – Frequência dos sintomas de ansiedade e depressão no sexo masculino e feminino.
0
5
10
15
20
25
ansiedade depressão
119
1921
presença ausencia
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Homens Mulheres
1
2
1
0
5
3
14
4
Ansiedade Depressão Ansiedade e Depressão Ausente
29
No que diz respeito ao gênero foi observado que a maioria dos pacientes de ambos os
sexos apresentaram ausência de sintomas de ansiedade e depressão. Dos pacientes homens que
apresentam sintomatologia psicológica, 23,8% (n=5) apresentou sintomas de ansiedade e
depressão, 4,8% (n=1) apresentou apenas sintomas de ansiedade e 4,8% (n=1) apresentou
apenas sintomas de depressão. Das pacientes do sexo feminino foi observado que a maioria
apresentou sintomas de ansiedade e depressão simultaneamente, o que caracteriza 33,3% da
amostra (n=3), 2 pacientes (22,2%) apresentou apenas sintomas de ansiedade e nenhuma
paciente apresentou pontuação positiva apenas para sintomas de depressão.
Na figura 4 constam os dados referentes aos sintomas de ansiedade e depressão nas
diferentes faixas etárias analisadas.
Figura 4 – Frequência de sintomas de ansiedade e depressão em relação a faixa etária.
A partir da análise da figura 4 foi possível observar que metade dos pacientes entre 30
e 50 anos de idade apresentaram pontuação positiva para sintomas de ansiedade enquanto que
50% destes pacientes não apresentam sintomatologia psicológica. Entre os indivíduos com
idade entre 50 e 70 anos, foi possível observar que a maioria deles não apresentou pontuação
positiva para sintomas psicológicos, sendo que em apenas 3 indivíduos foi observado presença
de sintomas de ansiedade e depressão de forma simultânea. Dos pacientes com idade acima de
70 anos, foi observado que dois terços apresentou pontuação positiva apenas para sintomas de
ansiedade e que a outra parcela (3,3%) não apresentou sintomas psicológicos.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
30 - 50 anos 50 - 70 Acima 70
0
1
2
0
1
0
5
3
0
5
12
1
Ansiedade Depressão Ansiedade e Depressão Ausente
30
A vinculação afetiva dos participantes foi dividia entre aqueles que possuíam um
parceiro e àqueles que não tinham um parceiro. Os dados referentes ao relacionamento afetivo
dos pacientes e sintomas psicológicos estão descritos na figura 5.
Figura 5 – Frequência de sintomas de ansiedade e depressão em relação a vinculação afetiva.
A partir da análise dos dados da figura 5, foi possível identificar que dos 26 pacientes
que relataram possuir um companheiro, 64% (n=64) não apresentou pontuação positiva para
sintomas de ansiedade e depressão. Dos pacientes que apresentaram algum sintomas
psicológico, foi identificado que 24% (n=16) possui sintomas de ansiedade e depressão de
maneira simultânea, 8% (n=2) apresentou apenas sintomas de ansiedade e 4% (n=1) apresentou
apenas sintomas de depressão. Já dos pacientes que referiram não possuir um companheiro, foi
observado que 40% (n=2) não apresentou sintomas psicológicos, 40% (n=2) apresentou tanto
sintomas de ansiedade quanto de depressão, 20% (n=1) apresentou apenas sintomas de
ansiedade e em nenhum paciente foi identificado apenas sintomas de depressão.
A figura 6 apresenta os dados referentes ao nível de escolaridade associados a presenta
de sintomas de ansiedade e depressão.
0
2
4
6
8
10
Com vínculo Sem vínculo
211
0
6
2
16
2
Ansiedade Depressão ans + dep Ausente
31
Figura 6 – Frequência dos sintomas de ansiedade e depressão em relação ao nível de escolaridade
Assim, foi possível identificar que em ambos os níveis de escolaridade, a maioria dos
pacientes não apresentou sintomas de ansiedade e depressão significativos.
4.4 Estratégias de Enfrentamento
As estratégias de enfrentamento utilizadas pela população do estudo foi analisada a
partir da aplicação da Escala Modo de Enfrentamento de Problemas (EMEP). Dessa forma,
quatro tipos de estratégias foram analisadas, sendo elas enfrentamento focalizado no problema,
enfrentamento focalizado na emoção, enfrentamento focalizado na religiosidade e por fim
enfrentamento focalizado no apoio e suporte social.
Os dados referentes às principais estratégias de enfrentamento utilizadas pela população
estudada estão descritos na tabela 3.
21
01
6
1
15
4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
> 9 anos de estudo > 9 anos de estudo
Ansiedade Depressão Ansiedade + Depressão Ausente
32
Tabela 3 – Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento utilizadas pela amostra.
Variável Frequência
(f 30)
Porcentagem
%
Focalizado no problema 16 53,34%
Focalizado na emoção 0 0%
Focalizado na religiosidade 10 33,33%
Focalizado no suporte social 4 13,33%
TOTAL 30 100%
Como descrito na tabela acima, foi observado que a maioria da população estudada faz
uso da estratégia de enfrentamento focalizada no problema, caracterizando 53,34% da amostra
(n=16). Dos demais participantes, 33,33% (n=10) tem como principal estratégia de
enfrentamento a religiosidade e 13,33% da amostra (n=4) tem o suporte social como principal
estratégia utilizada. Destaca-se que nenhum dos pacientes (0%) que participaram do estudo faz
uso da estratégia de enfrentamento focalizada na emoção como principal forma de
enfrentamento de problemas.
Foram analisados também a relação entre as principais estratégias de enfrentamento
utilizadas pelos diferentes gêneros, masculino e feminino. Tais dados foram descritos na tabela
4
Tabela 4 – Frequência e porcentagem das principais estratégias de enfrentamento utilizadas em relação
ao gênero.
Variável
Masculino
(f 21)
%
Feminino
(f 9)
%
Focalizado no problema 11 52,38% 5 55,55%
Focalizado na emoção 0 0% 0 0%
Focalizado na religiosidade 7 33,33% 3 33,33%
Focalizado no suporte social 3 14,28% 1 11,11%
TOTAL 21 100% 9 100%
Como observado na tabela 4, foi observado que a estratégia de enfrentamento mais
utilizada por ambos o sexo, tanto masculino quanto feminino, foi a estratégias de enfrentamento
focalizada no problema, caracterizando 52,38% (n=11) e 55,55% (n=5) respectivamente.
33
As estratégias de enfrentamento também foram analisadas em relação a faixa etária dos
participantes. A tabela 5 apresenta os dados de fatores emocionais relacionados aos três
subgrupos referentes a faixa etária.
Tabela 5 – Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento associados a faixa etária dos
participantes
Variável
30 - 50
anos
(f 10)
%
50 - 70
anos
(f 17)
%
Acima 70
anos
(f 3)
%
Focalizado no
problema 7 70% 8 47,06% 1 33,33%
Focalizado na
emoção 0 0% 0 0% 0 0%
Focalizado na
religiosidade 2 20% 6 35,29% 2 66,66%
Focalizado no
suporte social 1 10% 3 17,65% 0 0%
TOTAL 10 100 17 100 3 100
A partir da análise da tabela 5 foi observado que a estratégia de enfrentamento mais
utilizada pelos pacientes entre 30 e 50 anos e 50 e 70 anos de idade foi a estratégia de
enfrentamento focalizada no problema, caracterizando 70% (n=7) e 47,06% (n=8)
respectivamente. Já em relação aos pacientes com idade acima de 70 anos, foi observado que
estes pacientes fazem uso da religiosidade como principal recurso de enfrentamento,
caracterizando 66,66% (n=2) desta população.
Também foram analisados os dados referentes a vinculação dos participantes. Entende-
se por vinculação os participantes que apresentam ou não um companheiro. Os dados referentes
a esta variável estão descritos na tabela 6.
34
Tabela 6 – Frequência e porcentagem das estratégias de enfrentamento em relação a vinculação dos
participantes.
Variável
Com
vínculo
(f 26)
%
Sem
vínculo
(f4)
%
Focalizado no problema 15
57,69% 1 25%
Focalizado na emoção 0
0% 0 0%
Focalizado na religiosidade 7
26,92% 3 75%
Focalizado no suporte social 4
15,39% 0 0%
TOTAL 26
100 4 100
A partir da análise da tabela, foi possível observar diferença entre as estratégias
utilizadas pelos diferentes subgrupos. Destaca-se que a principal estratégias de enfrentamento
utilizada pelos participantes que referiram possuir vinculação afetiva foi a estratégia de
enfrentamento focalizada no problema, caracterizando 57,69% (n=15) desta população. Já em
relação a população que destacou não possuir um companheiro, foi observado que o recurso
mais utilizado é a religião, caracterizando 75% dos participantes.
Os dados referentes às estratégias de enfrentamento em relação ao nível de escolaridade
dos pacientes encontram-se na tabela a seguir.
Tabela 7 – Frequência e porcentagem do nível de escolaridade associados às estratégias de
enfrentamento
Variável
< 9 anos
estudo
(f 7)
%
> ou igual 9
anos estudo
(f 23)
%
Focalizado no problema 2 28,57% 14 60,86%
Focalizado na emoção 0 0% 0 0%
Focalizado na religiosidade 4 57,15% 6 26,09%
Focalizado no suporte social 1 14,28% 3 13,05%
TOTAL 7 100% 23 100%
35
De acordo com a tabela 7, foi observado que os participantes com escolaridade abaixo
de 9 anos de estudos fazem uso da religiosidade como principal recurso de enfrentamento de
problemas, o que caracteriza 57,15% (n=4) desta população. Já em relação aos pacientes que
escolaridade igual ou superior a 9 anos de estudo, utilizam a estratégia de enfrentamento
Por fim, foram analisados as características psicológicas dos participantes associados às
principais estratégias de enfrentamento utilizadas. Os dados referentes a esta variável estão
descritos na tabela 8.
Tabela 8 – Frequência e porcentagem das características psicológicas em relação às estratégias de enfrentamento
utilizadas pelos participantes
Variável Ansiedade
(f)
% Depressão
(f)
% Ansiedade e
Depressão
(f)
% Ausente
(f)
%
Focalizado no
problema
1 33,3 0 0 3 37,5 12 66,6
Focalizado na
emoção
0 0 0 0 0 0 0 0
Focalizado na
religiosidade
2 66,6 1 100 4 50 3 16,7
Focalizado no
suporte social
0 0 0 0 1 12,5 3 16,7
Total 3 100 1 100 8 100 18 100
A partir da análise dos dados da tabela 7 foi possível identificar que os pacientes que
não apresentam sintomas psicológicos de ansiedade e depressão fazem maior uso da estratégia
de enfrentamento focalizada no problema, caracterizando 66,6% (n=12) enquanto que os
pacientes que apresentam sintomas psicológicos utilizam religiosidade como principal
ferramenta para o enfrentamento de problemas.
36
5. Discussão
Em relação aos dados sociodemográficos observou-se que o gênero mais prevalente no
grupo de pessoas foi o masculino, com média de idade entre 30 e 50 anos. Tais dados estão de
acordo com o estudo realizado por Mendes et al (2016) no qual a amostra foi composta
predominantemente por pacientes do sexo masculino, assim como visto em estudos realizados
por Martins (2008), Aguiar (2016), Santos (2010) e Annema et al. (2017). Algumas hipóteses
podem ser levantadas e que justificam este resultado. Uma delas seria a menor procura por
serviços e assistência em saúde dos homens quando comparados às mulheres. Nesse sentido
autores Silva et al (2003) destacam que nos países ocidentais, as mulheres procuram assistência
médica com maior frequência, bem como fazem uso de mais medicamentos e se submetem a
mais exames, favorecendo a identificação precoce de problemas de saúde e início do tratamento
(SILVA et al., 2003; BARROSO, 2015). Já os homens preferem utilizar serviços de saúde que
realizam os atendimentos de forma breve e que revelam os alterações de saúde de maneira mais
superficial, mesmo que esses serviços limitem a assistência às demandas identificadas (BRAZ,
2005).
Neste cenário também podem permear medos e receios frente a possibilidade de
alterações de papéis dentro de uma organização familiar, visto a posição que o homem assume
neste organização. Assim, Silva (2009) afirma que o cenário brasileiro ainda carrega marcas de
um sistema familiar patriarcal, composto por famílias que se organizam e se mantêm a partir da
figura do homem. O afastamento da centralidade da família e a redefinição de papéis
proporcionados pelo adoecimento desorganizam o sistema familiar, contribuindo para o
surgimentos de sentimentos de onipotência, angustia e invulnerabilidade. Dessa forma, a
condição de doença leva a necessidade de reconstrução e ressignificações dos sentidos que são
atribuídos a doença e à masculinidade (MANTINS et al, 2012).
Em relação à faixa etária, o estudo identificou prevalência de pacientes adultos e idosos,
com idade entre 50 e 70 anos. Este resultado estão em conformidade com os resultados de outros
estudos realizados com amostra semelhante (SANTOS, 2010; SANTOS, 2016; MENDES et al
2016). Acredita-se que este resultado possa estar relacionado a maior taxa de envelhecimento
da população brasileira. Nesse sentido, Veras (2008) aponta que o envelhecimento populacional
se relaciona com a maior carga de doenças na população, bem como com o aumento das
limitações e incapacidades acarretando no aumento do uso de serviços de saúde.
As alterações do perfil demográfico da população brasileira nos últimos anos acarretam
37
transformações dos padrões de saúde, ocasionando redução da morbidade e mortalidade por
doenças infecciosas e aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis
(CAMPOLINA, 2009).
No que concerne ao estado civil, foi observado maior prevalência de pacientes que
apresentavam vinculação afetiva, ou seja, que viviam com algum companheiro (a). Tais dados
estão em conformidade com outros estudos da literatura, demonstrando esta ser uma
característica comum entre os pacientes com adoecimento hepático crônico (MARTINS, 2008;
MENDES et al 2016; SILVA, 2017).
As pessoas que apresentam doenças crônicas têm que aprender a conviver com as
diversas limitações em seu cotidiano, uma vez que o adoecimento pede uma adaptação tanto do
paciente quanto dos seus familiares as novas condições e aspectos de vida. Dessa forma, o
suporte social que o paciente recebe, principalmente por parte de um companheiro, pode
facilitar a sua recuperação em situações de piora, favorecendo o enfrentamento de momentos
difíceis no decorrer do tratamento e melhora na qualidade de vida (STANTON, 2007; MATOS,
2013; BASTOS, 2013).
Em relação a situação empregatícia, foi observado que a maior parte dos pacientes não
estavam realizando atividade laboral até o momento da entrevista. Este resultado se assemelha
aos encontrados em diversos outros estudos da literatura que apontam alta prevalência de
pacientes aposentados ou afastados de suas atividades devido ao adoecimento hepático crônico.
(AGUIAR, 2007; SANTOS, 2010; SILVA, 2017). Acredita-se que este resultado possa estar
relacionado às diversas limitações decorrentes do processo de doença e do tratamento proposto,
acarretando imitações físicas e emocionais que impossibilitam a continuidade da realização de
tarefas antes realizadas.
A religião mais prevalente no grupo pesquisado foi a religião católica, observada em
63,37% da amostra. Este dado está em conformidade com os estudos de Santos et al (2014) e
Mendes et al (2016). Destaca-se que todos os indivíduos referiram possuir alguma religião
discriminada como positiva no auxílio ao enfrentamento da doença. Pacientes em situação
crítica de adoecimento, como doenças terminais ou crônicas, frequentemente fazem uso da
espiritualidade em busca de apoio para lidar com a situação bem como de melhora na qualidade
de vida, proporcionando a atribuição de significado ao processo saúde-doença com intuído de
minimizar o sofrimento e obter esperança de cura durante o tratamento (BONAGUIDI et al.,
2010; GUERRERO et al., 2011). Quanto maior for o nível de espiritualidade utilizada por
indivíduos em situações de doença, maior será a sua sensação de bem estar global e satisfação,
acarretando em menores níveis de sintomas de ansiedade e depressão (MATOS, 2007).
38
Em relação ao nível de escolaridade, este demonstrou resultados semelhantes a outros
estudos da literatura (MENDES, 2016; SILVA, 2017; AGUIAR, 2018), sendo que a maioria
dos pacientes estudou nove anos ou mais, ou seja, completaram no mínimo o ensino
fundamental. Este resultado pode estar relacionado ao aumento do nível de instrução e acesso
à educação observada nos últimos anos. Segundo dados do IBGE (2018) o nível de instrução
cresceu de 2007 para 2014, sendo que o grupo de pessoas com pelo menos 11 anos de estudo,
na população de 25 aos ou mais de idade, passou de 33,6% para 42,5%. Em 2014, na
contingencia de 25 anos ou mais de idade, a parcela com pelo menos 11 anos de estudo
representava 40,3%, para homens e 44,5%, para mulheres.
A renda mensal familiar girou em torno de três a cinco salários mínimos. No entanto
este resultado apresenta discrepância quando comparado aos dados encontrados na literatura
que apontam que renda inferior a três salários mínimos (AGUIAR, 2007; MENDES, 2016).
Acredita-se que esta variável possa estar diretamente relacionada ao nível de instrução
apresentada pelos pacientes deste estudo, sendo que maiores níveis de escolaridade podem
indicar maior acesso a oportunidades de empregos aumentando assim a renda familiar.
Aguiar et al (2016) aponta ainda que pessoas com maior nível de renda podem usufruir
de melhor status de saúde, por permitir uso da renda na aquisição de serviços de saúde como
consultas médicas, medicamentos, planos de saúde, exames, tratamentos, além de melhores
condições de moradia, educação e cuidados preventivos
O vírus da hepatite C (VHC) é a causa mais frequente de doença hepática crônica
seguida de cirrose devido ingestão abusiva de álcool (MIYAZAKI et al, 2005; DIAMENT,
2008). Este dado se assemelha aos estudos realizados por diversos autores e que abrangem a
mesma temática desta pesquisa (AGUIAR, 2007; ALMANI et al., 2008; MENDES et al., 2016;
SANTOS et al., 2016; TELES, 2016). No Brasil, são identificadas altas taxas de prevalência
do VHC na doença hepática crônica, com uma frequência variando de 17% a 58,2%
(FONSECA, 1999), sendo que usuários de drogas, portadores de HIV e pacientes que
receberam transfusão de sangue antes de 1992 apresentam maiores risco de desenvolver a
doença (FERREIRA, 2004).
Acredita-se que a falta de informação quanto ao vírus da hepatite C bem como suas
formas de transmissão possam estar relacionadas a prevalência desta etiologia no presente
estudo. Em um levantamento realizado por Beloqui (2017) foi identificado que 52,1% dos casos
apresentavam baixo nível de informação quanto ao vírus da hepatite C. Nesse sentido, faz-se
imprescindível o desenvolvimento de campanhas e projetos de prevenção e promoção de saúde
voltados para esta temática.
39
A segunda etiologia mais encontrada foi a cirrose hepática alcoólica. Em um relatório
divulgado pela Organização Mundial de Saúde (2018) verificou-se maior consumo de álcool
entre os homens, e consequentemente, aumento de casos de cirrose hepática devido está
etiologia. Este dado é reforçado por Portugal et al. (2015) que pontua que a cirrose por álcool
está entre as dez primeiras causas de doenças no Brasil em homens adultos e idosos. Em 1998
o álcool ocupava a 11ª posição do ranking, já em 2008 ele ocupou a 3ª posição. Dessa forma,
este resultado enfatiza a demanda por ações no campo da prevenção e educação nesta área, já
que o consumo de álcool ainda é promovido pela mídia, bem como visto como um hábito aceito
socialmente.
A maioria dos pacientes deste estudo não apresentaram complicações ou comorbidades
associadas ao adoecimento hepático. Dentre os participantes que apresentara, as mais
prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e ascite, corroborando com
os resultados encontrados em outros estudos (MENDES et al. 2010; TELES, 2016; BARBOSA,
2017).
Segundo Teles (2016) Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica são as
comorbidades clínicas mais preocupantes, exigindo atenção e cuidados disciplinares intensos
uma vez que podem interferir de forma significativa no curso da doença hepática acarretando
prejuízos significativos durante o processo de tratamento.
As taxas de sintomas de ansiedade (36,67%) e depressão (30%) foram semelhantes às
encontradas em diversos outros estudos da literatura (STEWART et al., 2012; CORREIA et al.,
2016; ANNEMA et al., 2017). Alguns fatores podem aumentar o risco de sintomas de ansiedade
e depressão nos pacientes com diagnóstico de doença hepatológica como a piora do quadro de
saúde, a incerteza frente a possibilidade de realização de transplante de fígado e a incapacidade
para o trabalho e para a realização das atividades diárias (CLAAR, 2006).
Matos (2007) pontua ainda que nas situações em que a doença é progressivamente
incapacitante, com períodos de remissão e exacerbação de sintomas como no caso de doenças
hepatológicas, a adaptação é feita em consonância com a etapa em que se vive. Isto permite
com que ocorra uma preparação lenta para as alterações que surgem nas exacerbações, porém
a ansiedade e a incerteza frente o futuro torna-se desconcertante. Assim, torna-se necessária
uma adaptação à trajetória da doença, para a manutenção do equilíbrio psíquico, de forma que
a pessoa consiga superar as mudanças impostas pelo adoecimento e, consequentemente, consiga
usufruir de uma vida estável e satisfatória. O acompanhamento psicológico pode auxiliar neste
processo bem como contribuir para a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão
elucidados pelo adoecimento (TELES, 2016)
40
Assim como no trabalho realizado por Teles (2016) foi identificado prevalência de
sintomas de ansiedade e depressão em pacientes do sexo feminino, adultos e que apresentavam
vinculação afetiva, ou seja, possuíam um companheiro. Estudos apontam maior prevalência de
ansiedade e depressão em indivíduos adultos quando comparados a jovens e idosos,
possivelmente devido cobranças culturais, carga de trabalho, manutenção familiar, entre outros
fatores. Somado a estes fatores, a maternidade, a dependência financeira, multiplicidade de
papéis (a nível profissional, doméstico, maternidade) e a busca mais frequente por serviços de
saúde podem contribuir para maiores níveis de tais sintomas em mulheres. Situações como o
adoecimento e a hospitalização podem contribuir para ampliar a incidência dos sintomas
psicológicos (ZAMIT et al., 2006; CARVALHO, 2008).
Em relação ao relacionamento afetivo, foi observado que os pacientes que referiram
serem casados ou apresentarem um companheiro, apresentaram menores pontuações para
sintomas de ansiedade e depressão. Este resultado pode estar relacionado ao fato de que, muitas
vezes, o cônjuge ou parceiro é discriminado como principal fonte de suporte e auxilia nos
cuidados ao paciente no processo de adoecimento, favorecendo a capacidade de adaptação, o
enfrentamento das situações difíceis e diminuição de sentimentos psicológicos aversivos,
proporcionando maiores sentimentos de segurança e potencializando fatores de proteção
(WOTTRICH, 2016; NARDI et al., 2017). Uma rede de apoio adequada, unida e coerente
incentiva o processo de tratamento e recuperação proporcionando assim melhora na qualidade
de vida do paciente (GARCIA, 2018).
Em relação ao nível de instrução foi observado que quanto maior o nível de escolaridade
dos pacientes menores as chances de o indivíduo apresentar sintomas de ansiedade e depressão.
Este resultado se assemelham aos descritos por Sainz-Barriga et al (2005) e Legg at al. (2014)
que apontam menores níveis de sintomas emocionais são encontrados em pacientes com maior
grau de conhecimento. Dessa forma, Martins (2008) afirma que pacientes com maior nível
instrucional provavelmente encontrem mais facilmente recursos para elaborar novas estratégias
de enfrentamento de situações estressoras acarretando assim a menor frequência de alterações
psicológicas. Nunes (2016) ainda aponta que a escolaridade mais elevada representa níveis
positivos de resiliência e proteção, por ampliar os recursos de enfrentamento diante de situações
estressantes e da depressão.
No que concerne os modos de enfrentamento foi observado que a maioria dos
participantes fez uso da estratégia de enfrentamento focalizada no problema, caracterizando
53,34% seguido pelo enfrentamento focalizado na religião e pelo enfrentamento focalizado no
suporte social Vale ressaltar que nenhum dos participantes relatou utilizar a estratégia de
41
enfrentamento focalizada na emoção como principal recurso para enfrentamento de problemas.
Este resultado se assemelha aos encontrados por Domingos et al. (2012). No entanto, a literatura
aponta discrepância no resultados que envolvem as estratégias de enfrentamento de pacientes
com adoecimento hepático (AGUIAR, 2007, RASI, et al., 2014, AMEIDA, 2017).
As estratégias de enfrentamento podem ser utilizadas de maneira conjunta, embora haja
possibilidade de uma prevalecer sobre a outra em fases específicas da doença e de acordo com
as necessidades. Além disso, é possível que as estratégias utilizadas mudem com o passar do
tempo e que, se os pacientes da amostra fossem avaliados em outro momento, outras estratégias
estivessem evidentes (KONG & MOLASSIOTIS, 1999). O baixo repertório de enfrentamento
pode causar prejuízos no decorrer do processo de adoecer, impedindo o paciente de emitir
comportamentos adaptativos, principalmente durante seu tratamento (LAZARUS et al., 1984).
A presença de uma doença crônica pode desencadear uma série de sintomas. Dentre eles
encontram-se sentimentos de abandono, desesperança, medo da morte, baixa autoestima,
ansiedade e depressão, levando a necessidade de desenvolver estratégias para o enfrentamento
destes sintomas e limitações objetivando melhor adaptação e ajustamento ao adoecer,
tratamento e contexto de saúde (KRAUS et al., 2000; MIYAZAKI et al, 2005).
Seidl, Tróccoli & Zannon (2001) destacam que os indivíduos que utilizam a estratégia
de enfrentamento focalizada no problema, mais utilizada pela amostra, tendem a apresentar
posturas mais ativas frente ao adoecer, buscando assim a resolução de seus problemas. Nesse
sentido, pode-se considerar que o indivíduo busque com mais facilidade o serviço de saúde,
com o objetivo de manejo da situação vivenciada e consequente aproximação de estressor
(SANTANA, ZANIN e MANIGLIA, 2008). Importante destacar ainda que quando em falta ou
em inadequação da emissão da resolução de problemas como modo de enfrentamento, existe a
possibilidade de ocorrer uma interferência negativa no tratamento quanto no prognóstico da
doença se abrange. Isto acontece um vez que, por muitas vezes o adoecimento é assintomático,
ocorrendo a ausência de busca por um tratamento ou prevenção contribuindo para um
diagnóstico tardio (CORMIER et al, 2002; GOMES et al, 2008).
Os resultados obtidos neste estudos indicaram ainda que a porcentagem de indivíduos
que utilizam estratégias de enfrentamento focalizado na resolução de problemas apresentaram,
em sua maioria, menores níveis de sintomas de ansiedade e depressão. Tal fator pode ser
justificado através de uma associação positiva entre essas variáveis, que indica que a
prevalência de indivíduos que apresentam comportamentos e condutas que visam a
aproximação ao estressor e buscam estratégias de resolução de problemas, lidam com a situação
42
de forma mais adaptativa, sendo assim menos susceptíveis a presenta de sintomas psiquiátricos
(ANEMMA, 2017).
Nesse sentido, o modo de enfrentamento focalizado na resolução de problemas é
considerado adaptativo na situação de adoecimento (ROWLAND, 1990; STRAUB, 2005),
sendo observada uma relação positiva entre o uso desta estratégia e menores índices de
ansiedade e depressão (NUNES et al., 2013).
No que concerne a escolaridade, foi identificado que pacientes com maior nível de
instrução, ou seja, nove anos ou mais anos de estudos, apresentam enfrentamento focalizado na
resolução de problemas enquanto que pacientes com escolaridade inferior a nove anos de
estudos utilizam a religiosidade como principal recurso de enfrentamento. Estes resultados são
reforçados por Seidl (2005) que refere que pessoas com menos escolaridade utilizam mais
frequentemente o enfrentamento focalizado na emoção e nas práticas religiosas destacando que
a busca de práticas religiosas poderia funcionar como justificativa para a esquiva da situação
e/ou para a adoção de idéias fatalistas, atribuindo a forças externas o aparecimento e a resolução
do problema. Tataki et al (2005) destaca que pessoas com níveis educacionais mais elevados
apresentam menores escores de depressão quando fazem uso do modo de enfrentamento
focalizados no problema.
A partir dos resultados, sugere-se que pessoas com maior nível de escolaridade tenham
recursos capazes de gerar melhores adaptações emocionais enquanto que pacientes sem
instrução ou com baixos níveis de educação podem ter menos acesso às fontes de informação
sobre a doença e tratamento, voltando seu enfrentamento para a emoção ou religiosidade.
Dessa forma, Bertolin (2007) destaca a necessidade de fornecer maiores informações
acerca da doença e do tratamento às pessoas com baixos níveis de escolaridade e, para as
pessoas com altos níveis de instrução, seja favorecida a aceitação das responsabilidades da
doença e tratamento através de suporte emocional e psicológico.
Observa-se também que ao indivíduos que apresentaram estratégia de enfrentamento
focalizada no suporte social, apresentaram menores níveis de sintomas de ansiedade e
depressão. Dessa forma, acredita-se que o suporte dos familiares auxiliam positivamente o
processo de enfrentamento em situações de adoecimento, contribuindo assim para menores
índices de sintomas de ansiedade e depressão e melhora na qualidade de vida (GARCIA, 2018).
É importante ressaltar que apesar da existência de uma rede social, o indivíduo pode não
receber necessariamente apoio deste rede e passa a buscá-la por meio de comportamentos
religiosos (SANTANA et al. 2008).
43
Nesse sentido, foi identificado que o segundo recurso de enfrentamento mais utilizado
pela população deste estudo foi a estratégia de enfrentamento focalizada na religião. Aguiar
(2007) aponta que as práticas religiosas refletem na busca da população por meios que deem
um significado ou resolubilidade aos seus problemas, suas angustias e que, de certa forma,
complemente e dê sentido à vida. Assim, a religião aparece como uma garantia à sobrevivência
e proteção subjetiva, oferecendo alívio de sintomas bem como conforto e segurança.
Os pacientes em situações críticas de adoecimento, como no caso de doenças crônicas,
comumente se voltam para a espiritualidade em busca de apoio para lidar com a situação bem
como a procura de maior qualidade de vida. Dessa forma, a utilização da espiritualidade é
construída a partir da atribuição de significado ao processo saúde-doença, pela busca pela
adaptação e sobrevivência, com apego a fé, com intuito de minimizar o sofrimento, diminuindo
sintomas de ansiedade e depressão, e para obter esperança de cura durante o tratamento
(PIETRUKOWICZ, 2001; BONAGUIDI et al, 2010; GUERREIRO, 2011).
A religião foi o recurso de enfrentamento mais utilizado entre as pessoas acima de 70
anos deste estudo, apontando que embora vivenciando experiências avaliadas como estressantes
como o adoecimento, idosos que mantêm uma “vida religiosa” conseguem manter um senso
positivo de bem-estar, demonstrando que este é um fator que promove um potencial adaptativo
na velhice (RABELO et al, 2005; FARIA et al., 2005).
Apesar dos fatores positivos que a religião proporciona no enfrentamento das
adversidades desencadeadas pelo processo de adoecimento, foi observado neste estudo que as
pessoas que apresentam maiores pontuações referentes aos sintomas de ansiedade e depressão
fazem uso da religião como principal recurso de enfrentamento. Este resultado pode estar
relacionado a possível presença de sintomas psicológicos prévios ao adoecimento e
relacionados a outros contextos de vida, como por exemplo condição socioeconômica, presença
de conflitos familiares ou processos de luto. Dessa forma, torna-se imprescindível a avaliação
e acompanhamento psicológico desde o momento do diagnóstico, salientando que este
profissional pode auxiliar o paciente na identificação de suas demandas psicológicas prévias e
as que possuem associação ao adoecimento, proporcionando espaço de reflexão, elaboração e
ressignificação, auxiliando positivamente no enfrentamento do processo de adoecimento.
Nesse sentido, Miyazaki et al (2005) pontua que a identificação de estressores e
estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes são importantes fatores para o
planejamento de intervenções que visem auxiliar estes pacientes no processo saúde-doença.
44
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo realizar a caracterização sociodemográfica,
clínica, psicológica bem como identificar as principais estratégias de enfrentamento utilizadas
pelos pacientes com diagnóstico de doença hepática e que estão em tratamento com a equipe
de transplante de fígado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(HCFMRP-USP).
Observou-se prevalência de pacientes do sexo masculino, com idade entre 50 e 70 anos
e escolaridade superior a nove anos de estudo. A maioria reside com um companheiro,
discriminado como principal fonte de suporte no processo de adoecimento e não exercem
atividade laboral até momento da aplicação dos instrumentos. A renda mensal girou em torno
de 3 a 5 salários mínimos, dado este controverso aos encontrados em outros estudos que
identificam renda inferior a encontrada nesta pesquisa. A religião mais utilizada pela população
foi a católica, seguida da evangélica.
Destaca-se que a cirrose hepática por vírus da hepatite C e cirrose hepática por álcool
foram as etiologias mais encontradas, dados estes que corroboram com outros estudos
encontrados na literatura. Em relação as comorbidades, a maioria da população não apresentou
outras doenças associadas a adoecimento hepática. No entanto, entre os participantes que
apresentaram comorbidades, a hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus foram as mais
encontradas.
Sintomas de ansiedade e depressão foram encontrados em 36,66% e 30% da população,
respectivamente, sendo observado maior prevalência destes sintomas em pacientes do sexo
feminino, com idade entre 30 e 50 anos e que não viviam com um companheiro. A presença de
sintomas de ansiedade e depressão refletem a existência de um sofrimento emocional diante da
condição de doença e das incertezas que permeiam o adoecer.
A estratégia de enfrentamento mais utilizada pela população desta pesquisa foi a
focalizada na resolução de problemas, identificada como uma estratégia adaptativa em situações
de adoecimento. Pacientes de ambos os sexos, adultos e que vivem com um companheiro
também utilizam a resolução de problemas como principal recurso de enfrentamento, no
entanto, os pacientes acima de 70 anos e que não residem com um companheiro fazem uso da
religião no enfrentamento de problemas.
45
Por fim, em relação aos sintomas psicológicos associados às estratégias de
enfrentamento, foi observado que pacientes com que apresentam sintomas de ansiedade e
depressão fazem uso da religião no enfrentamento de problemas enquanto que pacientes com
menor pontuação para estes sintomas utilizam o suporte social como recurso de enfrentamento.
Destaca-se, assim, que o suporte social e familiar torna-se imprescindível durante o processo
de adoecimento.
Conclui-se que a caracterização do perfil sociodemográfico, clínico, psicológico e
identificação das estratégias de enfrentamento dos pacientes que fazem acompanhamento com
a equipe de Transplante de Fígado devido a diagnóstico de doença hepática crônico com
indicação ou não de transplante hepático e sem contato prévio com a equipe de psicologia
permitiu ter maior conhecimento das características do público atendido pela unidade em
âmbito clinico e psicológico, permitindo a identificação dos principais sintomas emocionais
que auxiliem no planejamento de intervenções futuras mais focais e eficazes
Para melhor aprofundamento dos dados, sugere-se que em pesquisas futuras embasadas
no tema, novas abordagens com aplicação de testes estatísticos específicos sejam realizadas.
46
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56
ANEXOS
AXEXO A – Entrevista Semi Estruturada
Grupo: Psicóloga (o) responsável:
CARACTERIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS E INDICADORES DE SUA EFICÁCIA NO HCFMRP-USP Roteiro de entrevista
Caso atendido por: ( ) solicitação da equipe ( ) busca ativa do psicólogo ( ) solicitação do paciente ( ) P.I.
Nos casos de solicitação da equipe, especificar demanda referida pela equipe: ________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ Demanda do paciente: _____________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Data do Primeiro Atendimento: ___/___/____
Nome do paciente: _________________________________________________ Registro: _____________________
Dados sociodemográficos
Idade: _________ Procedência: ___________________________
Estado civil: ( ) Solteira ( ) Casada/Amasiada ( ) Viúva ( ) Divorciada
Escolaridade:
( ) Analfabeto ( ) Médio Incompleto ( ) Superior Completo
( ) Fundamental Incompleto ( ) Médio Completo ( ) Pós graduação
( ) Fundamental Completo ( ) Superior Incompleto Anos de Estudo: _________
Ocupação: _____________________________ Encontra-se empregado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Afastamento ( ) Aposentado
Renda familiar (valor bruto): ___________________ Quantas pessoas dependem dessa renda? ___________ Religião: ____________________________ Praticante: ( ) Sim ( ) Não Dinâmica Familiar (estrutura, número de filhos, destacar pessoas que moram juntas):
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Hábitos de Vida Fumante Atual ( )Sim ( )Não Padrão de consumo: _________ Histórico de Fumante ( )Sim ( )Não Abstinente há:__________ Uso de Álcool Atual ( )Sim ( )Não Padrão de consumo: __________________________________________________________ Histórico de uso de Álcool l ( )Sim ( )Não Abstinente há: _______________________________________________________ Uso de substância psicoativa: ( )Sim ( )Não Qual, quantidade e frequência:__________________________________________ Prática de exercícios físicos: ( )Sim ( )Não Freq.: _____________ Restrição médica? ( ) Sim ( ) Não
Dados clínicos (prontuário médico) e Adesão ao tratamento Diagnóstico Clínico (quando não houver, responder “em investigação”): ___________________________________ Comorbidades: _________________________________________________________________________________ Motivo da Internação (para enfermarias): ____________________________________________________________ Paciente possui compreensão adequada sobre seu quadro clínico? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente Paciente compreende todas as etapas do seu tratamento? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente ( ) Não se aplica Expectativas de recuperação/cura? a) ( )Positivas ( )Negativas ( )Ambivalentes
b) ( )Idealizadas ( )Realistas alistas
Homem
Mulher
+ Óbito
---- Pessoas
no mesmo lar
57
Numere de 0 a 5 o quanto o paciente refere aderir aos seguintes aspectos do seu tratamento no momento atual (sendo 0 se o que ele faz é totalmente diferente do que é recomendado pela equipe e 5 se o que ele faz é exatamente o que a equipe orienta).
a) Tomar as medicações _______ b) Comparecer às consultas médicas e de outros profissionais _______
c) Seguir recomendações relacionadas a hábitos de vida (p.ex., alimentação, atividade física) _______
Há queixa da equipe sobre a adesão do paciente? ( ) Sim ( ) Não
Relacionamento com a equipe
Numere de 0 a 5 o quanto o paciente se sente satisfeito em seu relacionamento com a equipe (sendo 0 se ele se sente totalmente insatisfeito e 5 se ele se sente totalmente satisfeito).
a) Relacionamento com a equipe médica ________ b) Relacionamento com a equipe de enfermagem _________ c) Comunicação com a equipe (compreende o que a equipe lhe fala? consegue esclarecer suas dúvidas?) _______
Aspectos Cognitivos Capacidade de compreensão e memorização das informações: ( )Sim ( )Não __________________________ Orientação de tempo e espaço: ( )Sim ( )Não ___________________________________________________ Pensamento e discurso coerentes: ( )Sim ( )Não _________________________________________________ Histórico de saúde mental Histórico de tratamento psiquiátrico ou psicológico: ( ) Psicológico ( ) Psiquiátrico Uso atual de medicação psiquiátrica? ( ) Sim ( ) Não Se sim, há quanto tempo? _______________________ Qual (is)? __________________________________________________________________________________ Medicação iniciada na internação? ( ) Sim ( ) Não Ideação suicida? ( ) Não ( ) Sim, no passado ( ) Sim, atualmente Percepção de Suporte Social Rede de apoio presente? ( ) Sim ( ) Não _________________________________________________________ Rede de apoio adequada? ( ) Sim ( ) Não ________________________________________________________ Pessoas consideradas como suporte? ___________________________________________________________ Costuma pedir ajuda quando sente necessidade? ( ) Sim ( ) Não _____________________________________ Sente-se satisfeito com o apoio recebido? ( ) Sim ( ) Não __________________________________________ Há relato de violência doméstica? ( ) Não ( ) Sim, no passado ( ) Sim, atualmente
Se sim, qual tipo de violência? ___________________________________________________________
Desfecho da avaliação inicial
Haverá seguimento psicológico? ( ) Sim ( ) Não
Foi realizada alguma intervenção nesta avaliação? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual? (utilize códigos do Crivo) ___________________________________________________________
Encaminhamento para outro serviço: ( )Sim ( )Não Qual?__________________________________________
0 1 2 3 4 5
TOTALMENTE DIFERENTE
EXATAMENTE IGUAL
TOTALMENTE INSATISFEITO
0 1 2 3 4 5
TOTALMENTE SATISFEITO
58
ANEXO B – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
Este questionário nos ajudará asaber como você está se sentindo. Leia todas as frases. Marque com um
“X” a resposta que melhor corresponder a como você tem se sentido na ÚLTIMA SEMANA. Não é
preciso ficar pensando muito em cada questão. Neste questionário as respostas espontâneas têm mais valor do que aquelas em que se pensa muito. Marque apenas uma resposta para cada pergunta.
A 1) Eu me sinto tenso ou contraído:
3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Nunca
D 2) Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas
de antes:
0 ( ) Sim, do mesmo jeito que antes
1 ( ) Não tanto quanto antes
2 ( ) Só um pouco
3 ( ) Já não sinto mais prazer em nada
A 3) Eu sinto uma espécie de medo, como se
alguma coisa ruim fosse acontecer:
3 ( ) Sim, e de um jeito muito forte
2 ( ) Sim, mas não tão forte 1 ( ) Um pouco, mas isso não me preocupa
0 ( ) Não sinto nada disso
D 4) Dou risada e me divirto quando vejo
coisas engraçadas:
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Atualmente um pouco menos
2 ( ) Atualmente bem menos
3 ( ) Não consigo mais
A 5) Estou com a cabeça cheia de
preocupações: 3 ( ) A maior parte do tempo
2 ( ) Boa parte do tempo
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Raramente
D 6) Eu me sinto alegre:
3 ( ) Nunca
2 ( ) Poucas vezes
1 ( ) Muitas vezes
0 ( ) A maior parte do tempo
A 7) Consigo ficar sentado à vontade e me
sentir relaxado:
0 ( ) Sim, quase sempre
1 ( ) Muitas vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Nunca
D 8) Eu estou lento para pensar e fazer as
coisas:
3 ( ) Quase sempre
2 ( ) Muitas vezes
1 ( ) De vez em quando
0 ( ) Nunca
A 9) Eu tenho uma sensação ruim de medo, como
um frio na barriga ou um aperto no estômago:
0 ( ) Nunca
1 ( ) De vez em quando
2 ( ) Muitas vezes
3 ( ) Quase sempre
D 10) Eu perdi o interesse em cuidar da minha
aparência:
3 ( ) Completamente 2 ( ) Não estou mais me cuidando como deveria
1 ( ) Talvez não tanto quanto antes
0 ( ) Me cuido do mesmo jeito que antes
A 11) Eu me sinto inquieto, como se eu não
pudesse ficar parado em lugar nenhum:
3 ( ) Sim, demais
2 ( ) Bastante
1 ( ) Um pouco
0 ( ) Não me sinto assim
D 12) Fico esperando animado as coisas boas que estão por vir:
0 ( ) Do mesmo jeito que antes
1 ( ) Um pouco menos do que antes
2 ( ) Bem menos do que antes
3 ( ) Quase nunca
A 13) De repente, tenho a sensação de entrar em
pânico:
3 ( ) A quase todo momento
2 ( ) Várias vezes
1 ( ) De vez em quando 0 ( ) Não sinto isso
D 14) Consigo sentir prazer quando assisto a um
bom programa de televisão, de rádio ou quando
leio alguma coisa:
0 ( ) Quase sempre
1 ( ) Várias vezes
2 ( ) Poucas vezes
3 ( ) Quase nunca
59
ANEXO C – Escala Modo de Enfrentamento de Problemas
Inicialmente, pense sobre como você está lidando com a sua enfermidade neste atual momento
e concentre-se nas coisas que você faz, pensa ou sente para enfrentar um problema desta sua
atual condição de saúde. Assinale a alternativa que melhor corresponde ao que você faz hoje
para enfrentar seu problema de saúde de acordo com a freqüência que ocorre:
1 – Eu NUNCA faço isso.
2 – Eu faço isso UM POUCO.
3 – Eu faço isso ÀS VEZES.
4 – Eu faço isso MUITO.
5 – Eu SEMPRE faço isso.
1 -
NUNCA
2 - UM
POUCO
3 - ÀS
VEZES
4 -
MUITO
5 -
SEMPRE
1 Eu levo em conta o lado positivo das coisas
2 Eu me culpo
3
Eu me concentro em alguma coisa boa que pode
vir desta situação
4
Eu tento guardar meus sentimentos para mim
mesmo
5 Procuro um culpado para a situação
6 Espero que um milagre aconteça
7
Peço conselho a um parente ou a um amigo que eu
respeite
8 Eu rezo, faço uma oração
9 Converso com alguém sobre o que estou sentindo
10 Eu insisto e luto pelo que quero
11 Eu me recuso a acreditar no que está acontecendo
12
Eu brigo comigo mesmo, eu fico falando comigo
mesmo o que devo fazer
13 Desconto em outras pessoas
14 Encontro diferentes soluções para o meu problema
15 Tento ser uma pessoa mais forte e otimista
16
Eu tento evitar que meus sentimentos atrapalhem
em outras coisas da minha vida
17 Eu me concentro em coisas boas da minha vida
18 Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto
19 Aceito a simpatia e a compreensão de alguém
20
Demonstro raiva para as pessoas que causaram o
problema
21
Pratico mais a religião desde que tenho esse
problema
60
1 -
NUNCA
2 - UM
POUCO
3 - ÀS
VEZES
4 -
MUITO
5 -
SEMPRE
22
Eu percebo que eu mesmo trouxe o problema
para mim
23
Eu me sinto mal por não ter podido evitar o
problema
24
Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando
meus esforços para ser bem sucedido
25 Eu acho que as pessoas foram injustas comigo
26
Eu sonho ou imagino um tempo melhor do que
aquele em que estou
27 Tento esquecer o problema todo
28
Estou mudando e me tornando uma pessoa
mais experiente
29 Eu culpo os outros
30
Eu fico me lembrando que as coisas poderiam
ser piores
31
Converso com alguém que possa fazer alguma
coisa para resolver o meu problema
32
Eu tento não agir tão precipitadamente ou
seguir minha primeira idéia
33
Mudo alguma coisa para que as coisas acabem
dando certo
34 Procuro me afastar das pessoas em geral.
35
Eu imagino e tenho desejos sobre como as
coisas poderiam acontecer
36
Encaro a situação por etapas, fazendo uma
coisa de cada vez.
37 Descubro quem mais é ou foi responsável
38
Penso em coisas fantásticas ou irreais (como
achar muito dinheiro ou fazer uma vingança
perfeita) que me fazem sentir melhor
39
Eu sairei dessa experiência melhor do que
entrei nela
40 Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui
41
Eu desejaria poder mudar o que aconteceu
comigo
42
Eu fiz um plano de ação para resolver o meu
problema e estou cumprindo
43
Converso com alguém para obter informações
sobre a situação
44
Eu me apego à minha fé para superar esta
situação
45
Eu tento não fechar portas atrás de mim. Tento
deixar em aberto várias saídas para o problema.
Você tem feito alguma outra coisa para lidar e enfrentar sua enfermidade? O que?
61
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Nome da Pesquisa: SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA PSICOLÓGICA NO HCFMRP-
USP
Pesquisadores Responsáveis:
Psicóloga Renata Tamie Nakao (CRP 06/96096)
Psicóloga Flávia A. F. Marucci (CRP 06/92107)
Prof. Dr. Ricardo Gorayeb (CRP 06/05558)
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que procura descrever como
são feitos os atendimentos psicológicos no HCFMRP-USP e avaliar se estes atendimentos
auxiliam os pacientes a reduzir sintomas de ansiedade e depressão e a enfrentarem seus
problemas de saúde de uma maneira mais adequada. Este estudo nos ajudará a aprimorar as
intervenções psicológicas e torna-las mais efetivas para tratar os problemas emocionais dos
pacientes do HCFMRP-USP.
É importante que você saiba que:
1. Participar desta pesquisa não é obrigatório, ou seja, você tem liberdade para se recusar
a participar.
2. O presente estudo consistirá de uma entrevista para coleta de alguns dados, como sua
idade, instrução, tipo de trabalho, etc. Esta entrevista durará uns 30 minutos.
3. Também serão aplicados testes psicológicos para avaliar se você tem sintomas de
ansiedade e depressão, e para conhecer o modo como você enfrenta seu problema de
saúde. O tempo utilizado para responder aos testes é de cerca de meia hora.
4. Você receberá o acompanhamento psicológico normalmente e, ao final deste
acompanhamento (na última consulta que você tiver com o(a) psicólogo(a)), a entrevista
e os testes serão aplicados novamente.
5. Participar desta pesquisa não lhe trará custos, pois todos os procedimentos serão
realizados em dias que você já estiver no hospital para sua consulta médica ou com o(a)
psicólogo(a).
6. Com o seu consentimento, alguns dados médicos serão colhidos de seu prontuário.
7. Todas as informações serão mantidas em sigilo e poderão ser utilizadas apenas para este
estudo.
8. Não será possível identificá-lo (a), o que garante seu completo anonimato.
9. Você poderá desistir de participar do estudo a qualquer momento e isto não prejudicará
10. seu atendimento no HCFMRP-USP ou qualquer outro aspecto de seu relacionamento
com a equipe do Hospital.
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11. Participar da pesquisa oferece como risco um possível cansaço ou desconforto
emocional decorrentes de algumas perguntas que avaliam aspectos da sua história de
vida. Se isso ocorrer, o impacto emocional gerado pela participação na pesquisa será
considerado como uma das demandas para o tratamento psicológico, que ocorrerá
normalmente. Como benefício, você poderá conhecer alguns de seus aspectos
psicológicos, como sintomas de ansiedade, depressão e modos de enfrentamento de
problemas. Além disso, o conhecimento produzido por esta pesquisa poderá nos auxiliar
a melhorar nossos atendimentos e beneficiar outros pacientes.
12. O pesquisador estará disponível para esclarecer dúvidas sobre a pesquisa a qualquer
momento – antes, durante e após a sua participação.
13. Você receberá uma via deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado e
rubricado em todas as páginas por você e pelo pesquisador.
14. Ao final do estudo, você poderá ter acesso aos resultados da pesquisa, se desejar.
15. Em caso de dúvidas sobre esta pesquisa, você pode entrar em contato com Serviço de
Psicologia do HCFMRP-USP: (16) 3602-2547, falar com Psicóloga Flávia Marucci ou
Psicóloga Renata Nakao. Para dúvidas éticas, falar com Comitê de Ética em Pesquisa
do HCFMRP-USP: (16) 3602-2228.
Nome do participante:
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Assinatura: ____________________________________________ Data:
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Nome do pesquisador:
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Assinatura: ____________________________________________ Data:
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