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Faculdade de Direito Milton Campos - Prof". Elcctra Benevídes. TURMA DA NOITE I a Avaliação Bimcnsal. Disciplina: Tópicos Especiais de Direito Penal. 24.09.16 Alunos: ^.^ .................................................... PARTE I - Ler atentamente o texto abaixo e responder às questões que se seguem. As normas penais relativas à ordem de consumo e a economia popular tutelam objetividades jurídicas especiais, isto é, diferentes das objetividades comuns encontradas no Código Penal. Por "objetividade jurídica", deve-se entender o interesse que a norma visa a proteger. Geralmente, surge da consciência social que vislumbra em determinadas situações nocividade intolerável para o mqfo comum, revelando-se a necessidade de evitá-las. O Código Penal de 1940 conta com tipos normalmente destinados a preservar bens jurídicos individuais (vida, integridade física, liberdade sexual, património) e, só por exceção, tutela bens de natureza comum ou coletiva (por exemplo: a incolumidade, a saúde, a paz e a fé publicas). Mas, a partir de determinado momento da história, foram eclodindo interesses de extrema relevância social (v.g. a ordem económica), que não eram suficientemente resguardados pelo direito penal comum. Criaram-se, pois, novas normas^protétivãs para respeitar as peculiaridades das novas objetividades jurídicas, consubstanciadas em interesses gerais da sociedade e não diretamente vinculados à pessoa humana (...) Em razão dessa especjfiHdade, surgiu, em 1951, importante diploma legal visando àjutela da economiapogular (Lei n°n.52p, criminalizando condutas como a usura (art. 4°), a transgressão de taBêlã^oTícíal de preços na veTída de produtos ou serviços (art. 2°, VI), a recusa à prestação de serviço essencial ou a sonegação de mercadorias (art. 2°, í), a preferência injustificada de um comprador a outro, em iguais condições (art. 2°, II), a venda de mercadorias abaixo do preço de custo para eliminar a concorrência (art. 3°, V), entre outras. Contudo, cabe dizer que esta Lei, embora tenha apresentado crimes contra a economia popular (esta a subjetividade passiva principal), trouxe numerosos tipos em que se vê lesão imediata ao indivíduo (ex: art. 1°, I? II, IV, VII e X), no que difere sensivelmente das normas consumeristas. Assim, em que pese a vigência da citada norma, a ordem jurídica precisava, ainda, contemplar um fenómeno so^a^ítuuV^^^^ mais recente (o consumo em larguíssima escala), proporcionado por um irreversrafÕJftduair) Tal real idadej^ngendrou a fnrmnffín de duas classes de interesses inevitavelmente ao conflito: os fornecedores e os^c^oaumidores. Dessa fornia, o Direito Penaí do Consumidor, vindo a Inmfr-fym^a-J-o^.flTft//), supriu uma lacuna no ordenamento, voltando-se diretamente à proteção dos interesses difu"sT5s~cÕnsumeristas, até então inexistente. Como refere Herman Benjamin, "normas penais como as do CP e da Lei de Economia Popular amparavam reflexa ou acidentalmente o consumidor. Assim o faziam por empréstimo, na falta de algo melhor." Nesse mister, vale lembrar, o Código^e Defesa do Consumidor é complementado, ainda, pelos dispositivos constantes da Lei n°(õ.l37/90f)que disciplina os crimes contra a ordem tributária, económica e as relações de consumo. Sobre esta, aliás, é preciso informar que, apesar de encerrar igualmente (...) crimes contra asrelagõe§jie-6on3umo, deve, na realidade, voltar-se à tutela da economia de mercado, incluídas ãlTíeíações intermediárias (produtor jc^disífifetíidor; atacadista x varejista). Enquanto is~íõ7~reserva-se o CDC,jx)r excelência, à proíeíao do consumido/; (na verdade, coletividade de consumidores), toda vez em que se fizer presenteia" relaçãò"JúridÍca 3iconsumo propriamente dita (opondo consumidor e fornecedor, conforme a definição dos arts. 2° e 3° da Lei 8.078/90). Tal providência presta-se a compatibilizar a aplicação de ambos os diplomas que, emergindo na mesma época, têm provocado alguns conflitos (a Lei 8.137 surgiu em dezembro de 1990; o CDC, embora promulgado em outubro de 1990, entrou em vigor em março de 1991). Ainda assim, presente a relação de consumo típica e havendo conflito de normas (por exemplo, entre as condutas praticamente idênticas dos arts.66 do CDC, e 7°, VII, da Lei 8.137), somos pela aplicação do Código, por ser mais especial que a Lei, além de ser mais benéfica para o réu.

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Faculdade de Direito Milton Campos - Prof". Elcctra Benevídes. TURMA DA NOITEIa Avaliação Bimcnsal. Disciplina: Tópicos Especiais de Direito Penal. 24.09.16

Alunos:

.̂̂ ....................................................PARTE I - Ler atentamente o texto abaixo e responder às questões que se seguem.

As normas penais relativas à ordem de consumo e a economia popular tutelam objetividadesjurídicas especiais, isto é, diferentes das objetividades comuns encontradas no Código Penal. Por"objetividade jurídica", deve-se entender o interesse que a norma visa a proteger. Geralmente, surge daconsciência social que vislumbra em determinadas situações nocividade intolerável para o mqfo comum,revelando-se a necessidade de evitá-las.

O Código Penal de 1940 conta com tipos normalmente destinados a preservar bens jurídicosindividuais (vida, integridade física, liberdade sexual, património) e, só por exceção, tutela bens denatureza comum ou coletiva (por exemplo: a incolumidade, a saúde, a paz e a fé publicas).

Mas, a partir de determinado momento da história, foram eclodindo interesses de extremarelevância social (v.g. a ordem económica), que não eram suficientemente resguardados pelo direitopenal comum. Criaram-se, pois, novas normas^protétivãs para respeitar as peculiaridades das novasobjetividades jurídicas, consubstanciadas em interesses gerais da sociedade e não diretamentevinculados à pessoa humana (...)

Em razão dessa especjfiHdade, surgiu, em 1951, importante diploma legal visando àjutela daeconomiapogular (Lei n°n.52p, criminalizando condutas como a usura (art. 4°), a transgressão detaBêlã^oTícíal de preços na veTída de produtos ou serviços (art. 2°, VI), a recusa à prestação de serviçoessencial ou a sonegação de mercadorias (art. 2°, í), a preferência injustificada de um comprador aoutro, em iguais condições (art. 2°, II), a venda de mercadorias abaixo do preço de custo para eliminar aconcorrência (art. 3°, V), entre outras. Contudo, cabe dizer que esta Lei, embora tenha apresentadocrimes contra a economia popular (esta a subjetividade passiva principal), trouxe numerosos tipos emque se vê lesão imediata ao indivíduo (ex: art. 1°, I? II, IV, VII e X), no que difere sensivelmente dasnormas consumeristas.

Assim, em que pese a vigência da citada norma, a ordem jurídica precisava, ainda, contemplarum fenómeno so^a^ítuuV^^^^ mais recente (o consumo em larguíssima escala), proporcionado porum i r r e v e r s r a f Õ J f t d u a i r ) Tal real idade j^ngendrou a fnrmnffín de duas classes de interesses

inevitavelmente ao conflito: os fornecedores e os^c^oaumidores.Dessa fornia, o Direito Penaí do Consumidor, vindo a Inmfr-fym^a-J-o^.flTft//), supriu uma

lacuna no ordenamento, voltando-se diretamente à proteção dos interesses difu"sT5s~cÕnsumeristas, atéentão inexistente. Como refere Herman Benjamin, "normas penais como as do CP e da Lei deEconomia Popular amparavam reflexa ou acidentalmente o consumidor. Assim o faziam porempréstimo, na falta de algo melhor."

Nesse mister, vale lembrar, o Código^e Defesa do Consumidor é complementado, ainda, pelosdispositivos constantes da Lei n°(õ.l37/90f)que disciplina os crimes contra a ordem tributária,económica e as relações de consumo. Sobre esta, aliás, é preciso informar que, apesar de encerrarigualmente (...) crimes contra asrelagõe§jie-6on3umo, deve, na realidade, voltar-se à tutela da economiade mercado, incluídas ãlTíeíações intermediárias (produtor jc^disífifetíidor; atacadista x varejista).Enquanto is~íõ7~reserva-se o CDC,jx)r excelência, à proíeíao do consumido/; (na verdade, coletividadede consumidores), toda vez em que se fizer presenteia" relaçãò"JúridÍca 3iconsumo propriamente dita(opondo consumidor e fornecedor, conforme a definição dos arts. 2° e 3° da Lei 8.078/90).

Tal providência presta-se a compatibilizar a aplicação de ambos os diplomas que, emergindo namesma época, têm provocado alguns conflitos (a Lei 8.137 surgiu em dezembro de 1990; o CDC,embora promulgado em outubro de 1990, entrou em vigor em março de 1991). Ainda assim, presente arelação de consumo típica e havendo conflito de normas (por exemplo, entre as condutas praticamenteidênticas dos arts.66 do CDC, e 7°, VII, da Lei 8.137), somos pela aplicação do Código, por ser maisespecial que a Lei, além de ser mais benéfica para o réu.

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Certo c que, malgrado a fragmentação legislat iva dos dispositivos atinentes à ordem deconsumo, é preciso que se lhe dê um tratamento penal processual tanto quanto possível uniforme econdizente com o seu caráter difuso, não se olvidando que "a função do Direito Económico (em que seinserem definitivamente aquelas normas) é assegurar um mercado transparente, honesto e seguro,orientado para o desenvolvimento social." ( ABREU, João Paulo Pirôpo de e Outros. AspectosPenais e Processuais dos Crimes contra as Relações de Consumo e a Economia Popular. In JUNÍOR,César de Faria (coordenador). Processo Penal Especial. São Paulo: Ed. Saraiva. 2001, p.98-100)

1a Questão. Assinale a alternativa correta. Segundo o texto:( ) No Brasil, desde a criação do CP/40 os bens jurídicos de interesse coletivo, difuso, são tuteladospreferentemente aos de interesse particular, pessoais.^^^ >^

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S(^N) No Brasil, através de leis especiais, a tutela penal às relações de consumo antecedeu a proteçao àEconomia Popular 9. côcAistfyJ»( ) No Brasil, a lei penal comum (CP) protege, preferentemente, os interesses individuais,desde sua vigência está a tutelar o interesse do consumidor

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2a Questão. Todas as assertivas a seguir estão em consonância com o texto, EXCETO uma. Assinale-a.f^CJA LéfWlS dispõe reiteradamente sobre as relações de consumo mas sua subjetividade principal étutela da .economia popular e de mercado /^( ) A L^ei 1.521 apresenta um rol de crimes contra a economia popular mas também apresenta crimesonde o cliente é lesado, porém de forma imediata e não difusa como disposto na lei consumerista (CDC( ) O chamado Código de Defesa do Consumidor veio compensar as omissões da vigente Lei 1.521na proteçao aos interesses copsuiaeristas dífusos^j^gL--r^ ' -2.9 cA A*-V

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3a Questão. Assinale F ou V, conforme sejam falsas ou verdadeiras as assertivas, no sentido do texto.[\ ] A proteção ao interesse do consumidor é considerada tutela de interesse difuso porque o CDC vaialém do interesse individual centrando-se na coletividade. </[ L- ] Diz-se que o direito do Consumidor é difuso porque se estende a todos os ramos do interesse doindivíduo, como pessoa; é o direito pessoal, privado, sagrado.

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Pode-se falar em fragmentação legislativa a propósito da vigência das três íeis 1.521, 8.078 emas todas se aliam nas funções do Direito Penal Económico, para assegurar um mercado seguro.

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tra a Economia Popular. Use o papel pautado.

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de Crimes^

PARTE II

5a Questão. Assinale a alternativa correta, dentre as que se seguem às proposições I, II e III.I — Contravenção e crime são ontgiogicamente semelhantes; a diferença entre eles reside na distinçãoformal de quantidade de pena, mais severa no crime 't/II -O elemento subjetivo das contravenções é a culpa stricto sensuIII - Contravenções são infrações de jerígo concreto,/endo necessária a comprovação do risco a queesteve sujeito o bem jurídico Çutelado. f

) Apenas as assertivas I;e'ÍI estão correias ( ) Somente estão correias as assertivas I e IIIf

Apenas a assertiva I Qstá correta ( ) Todas as assertivas estão incorretas

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6a Questão. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, tendo em vista as particularidades decada íei. , , ,( l ) Lei 1.521/51/s (2 ) Lei 9.455/97 *- ( 3 )Le>G-jV™^ *

TOP ̂ (5) Lei 8.137/903*$ ,K~ÍLei 2.889/56( 7 ) Lei 11.343/lX ( 8 ) Lei 7.291/84

Normatiza certo tímoV^e esporte, com exploração de apostas, desde que realizado em local próprio.Lei inovadora, no campo da prevenção, prevê o investimento em alternativas esportivas, culturais,artísticas etc, para inclusão social e melhoria da qualidade de vida.

c*J) Dispõe que, no caso de conduta omissiva (para o agente que tiver o dever de evitar ou apurar ocrime), a pena será de metade da prevista para a conduta comissiva.

( ( ) Obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado depessoas mediante especulações ou processos fraudulentos.

(-£ ) Dispõe que o poder público manterá penitenciárias de segurança máxima para presos perigosos.£9 ) A lei não é tida por muito eficaz, pois poucos os cas^_pjicjãisjêgisírados^sendo tal ineficácia

atribuída à tolerância historicamente dispensad^lToVcrirnes__que a mesma lei tipifica.(C") Destruir, inutilizar ou danificar matérias primas ou mercadorias, com o fim de provocar alta de

preços, em proveito próprio ou de terceiros.Define o que sejam fornecedores, produtos e serviços, e uma das infrações penais previstas é

dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou pericuíosidade do produto nas embalagens etc) Prevê conduta que não descreve o aborto (art. 125 CP) mas é punida com as penas de tal crime.) Favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, sendo ressalvados os sistemas

entrega ao consumo via de distribuidores ou revendedores.

7a questão : Assinale F ou V , conforme sejam falsas ou verdadeiras as assertivas atinentes às leismencionadas —y cocX. H \\p ) A lei delocação prevê somente as sanções próprias das contravenção e não penas de crimes para

as condwtSsilícita^que normatiza e dispõe sobre cobrança de multa em processo próprio. P /; contravenções não se aplica a extraterritor i alidade; só são punidas se praticadas no Brasil. \J

A Lei que disciplina a Previdência Social dispõe ser crime deixar a empresa de cumprir as normasde segurança e higiene do trabalho, p —o t^o^U, ^w^ fàwftfó-( P) O jogo do bicho era punido como contravenção mas atualmente é impunível porque tolerado

PARTE IIIATENÇÃO: use a folha pautada para as questões 4, 8, 9 e 10

8a Questão: Em relação ao crime de(ÇortuFÍ explicite:a) As 4 condutas típicas principais e as 2 condutas equiparadas, da lei especial, bastando referência aosverbos-núcleo, artigo, parágrafo e inciso, se for o caso.b) Idem quanto às figuras preterdolosas

9a Questão: Conceitue, segundo as leis em vigor, as principais condutas típicas de lavagem de capitaise de repatriação de capitais ou divisas, ressaltando a distinção principal quanto à natureza doso bjeto s materiais de^ambaã}

10a Questão: Exponha resumidamente as principais alterações havidas, por força da lei anti-drogas emvigência, quanto às condutas típicas do usuário de drogas.

Valores: Todas as respostas das questões das PARTES I e II valem l ponto cada, exceto a 7a Questãoque vale 2 pontos, somando 21 pontos. As questões da PARTE III valem 9 pontos ( 3 pontoscada).Total: 30 pontos

BOA SORTE!

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Faculdade de Direito Milton Campos - Prof. Elcctra Bcncvidcs. TURMA DA NOITEIa Avaliação Bimensal. Disciplina: Tópicos Especiais de DireUo/Penal. 24.09.16

G>Y.SQÍUO

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PARTE I - Ler atentamente o texto abaixo e responder às questões que se seguem

As normas penais relativas à ordem de consumo e a economia popular tutelaprí^Bjetividadesjurídicas especiais, isto é, diferentes das objetividades comuns encontradas no po^ígo Penal. Por"objetividade jurídica", deve-se entender o interesse que a norma visa a proteger. Geralmente, surge daconsciência social que vislumbra em determinadas situações nocividade intolerável para o meio comum,revelando-se a necessidade de evitá-las.

O Código Penal de 1940 conta com tipos normalmente destinados a preservar bens jurídicosindividuais (vida, integridade física, liberdade sexual, património) e, só por exceção, tutela bens denatureza comum ou coletiva (por exemplo: a incolumidade, a saúde, a paz e a fé publicas).

Mas, a partir de determinado momento da história, foram eclodindo interesses de extremarelevância social (v.g. a ordem económica), que não eram suficientemente resguardados pelo direitopenal comum. Criaram-se, pois, novas normas protetivas para respeitar as peculiaridades das novasobjetividades jurídicas, consubstanciadas em interesses gerais da sociedade e não diretamentevinculados à pessoa humana (...)

Em razão dessa especialidade, surgiu, em 1951, importante diploma legal visando à tutela daeconomia popular (Lei n° 1.521), criminalizando condutas como a usura (art. 4°), a transgressão detabela oficial de preços na venda de produtos ou serviços (art. 2°, VI), a recusa à prestação de serviçoessencial ou a sonegação de mercadorias (art. 2°, I), a preferência injustificada de um comprador aoutro, em iguais condições (art. 2°, II), a venda de mercadorias abaixo do preço de custo para eliminar aconcorrência (art. 3°, V), entre outras. Contudo, cabe dizer que esta Lei, embora tenha apresentadocrimes contra a economia popular (esta a subjetividade passiva principal), trouxe numerosos tipos emque se vê lesão imediata ao indivíduo (ex: art. 1°, I, II, IV, VII e X), no que difere sensivelmente dasnormas consumeristas.

Assim, em que pese a vigência da citada norma, a ordem jurídica precisava, ainda, contemplarum fenómeno social mais amplo e mais recente (o consumo em larguíssima escala), proporcionado porum irreversível avanço industrial. Tal realidade engendrou a formação de duas classes de interessescomplementares, mas predispostas inevitavelmente ao conflito: os fornecedores e os consumidores.

Dessa forma, o Direito Penal do Consumidor, vindo a lume com a Lei 8.078/90, supriu umalacuna no ordenamento, voltando-se diretamente à proteção dos interesses difusos consumeristas, atéentão inexistente. Como refere Herman Benjamin, "normas penais como as do CP e da Lei deEconomia Popular amparavam reflexa ou acidentalmente o consumidor. Assim o faziam porempréstimo, na falta de algo melhor."

Nesse mister, vale lembrar, o Código de Defesa do Consumidor é complementado, ainda, pelosdispositivos constantes da Lei n° 8.137/90, que disciplina os crimes contra a ordem tributária,económica e as relações de consumo. Sobre esta, aliás, é preciso informar que, apesar de encerrarigualmente (...) crimes contra as relações de consumo, deve, na realidade, voltar-se à tutela da economiade mercado, incluídas as relações intermediárias (produtor x distribuidor; atacadista x varejista).Enquanto isto, reserva-se o CDC, por excelência, à proteção do consumidor (na verdade, coletívidadede consumidores), toda vez em que se fizer presente a relação jurídica de consumo propriamente dita(opondo consumidor e fornecedor, conforme a definição dos arts. 2° e 3° da Lei 8.078/90).

Tal providência presta-se a compatibilizar a aplicação de ambos os diplomas que, emergindo namesma época, têm provocado alguns conflitos (a Lei 8.137 surgiu em dezembro de 1990; o CDC,embora promulgado em outubro de 1990, entrou em vigor em março de 1991). Ainda assim, presente arelação de consumo típica e havendo conflito de normas (por exemplo, entre as condutas praticamenteidênticas dos arts.66 do CDC, e 7°, VII, da Lei 8.137), somos pela aplicação do Código, por ser maisespecial que a Lei, além de ser mais benéfica para o réu.

í

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Certo c que, malgrado a fragmentação legislativa dos dispositivos atinentes à ordem deconsumo, é preciso que se lhe dê um tratamento, penal processual tanto quanto possível uniforme econdizente com o seu caráter difuso, não se olvidando que "a função do Direito Económico (em que seinserem definitivamente aquelas normas) é assegurar um mercado transparente, honesto e seguro,orientado para o desenvolvimento social. " ( ABREU, João Paulo Pirôpo de e Outros. AspectosPenais e Processuais dos Crimes contra as Relações de Consumo e a Economia Popular. In JÚNIOR,César de Faria (coordenador). Processo Penal Especial. São Paulo: Ed. Saraiva. 2001, p.98-100)

1a Questão. Assinale a alternativa correta. Segundo o texto:( ) No Brasil, desde a criação do CP/40 os bens jurídicos de interesse coíetivo, difuso, são tuteladospreferentemente aos de interesse particular, pessoais.fiCcj^A proteção à economia popular e às relações de consumo, embora de relevante importância social,rato contava com a proteção ou tutela da lei penal comum (CP), até a vigência de leis especiais( ) No Brasil, através de leis especiais, a tutela penal às relações de consumo antecedeu a proteção àEconomia Popular( ) No Brasil, a lei penal comum (CP) protege, preferentemente, os interesses individuais, daí quedesde sua vigência está a tutelar o interesse do consumidor

J2* Questão) Todas as assertivas a seguir estão em consonância com o texto,lEXCETQ uma. Assinale-a.Lei 8.078 dispõe reiteradamente sobre as relações de consumo mas sua subjetívidade principal é

(eTíTda economia popular e de mercadoLei 1.521 apresenta um rol de crimes contra a economia popular mas também apresenta crimes

onde o cliente é lesado, porém de forma imediata e não difusa como disposto na lei consumerista (CDC)( ) O chamado Código de Defesa do Consumidor veio compensar as omissões da vigente Lei 1.521na proteção aos interesses consumeristas difusos( ) Pode-se dizer que a Lei 8.137, dispondo sobre os crimes não só contra a ordem tributária eeconómica mas também contra as relações de consumo, veio complementar a Lei 8.078.

3a Questão. Assinale F ou V, conforme sejam falsas ou verdadeiras as assertivas, no sentido do texto.[ \y ] A proteção ao interesse do consumidor é considerada tutela de interesse difuso porque o CDC vaialem do interesse individual centrando-se na coletividade.

que o direito do Consumidor é difuso porque se estende a todos os ramos do interesse dolivíduo, como pessoa; é o direito pessoal, privado, sagrado.

Objetividade jurídica especial significa o mesmo que bem jurídico comum, ou seja,o relevantetutelado em cada tipo do Código Penalf-se falar em fragmentação legislativa a propósito da vigência das três leis 1.521, 8.078 e

8.137 , mas todas se aliam nas funções do Direito Penal Económico, para assegurar um mercado seguro.[\J ] Considerando tipo penal existerUg na Lei l .521 sobre transgressão de tabela oficial, é válidoconcluir que, ao tempo de sua npeffnulgação, o tabelamento governamental de preços era realidade .

4a Questão. Copie do#xto apenas e unicamente o parágrafo onde os Autores assinalam o resultado ouconsequência de ujríTenômeno social decorrente da industrialização e que não existia ao tempo da Leide Crimes contra a Economia Popular. Use o papel pautado.

PARTElf

5a Questão. Assinale a alternativa correta, dentre as que se seguem às proposições I, II e HLI - Contravenção e crime são ontologicamente semelhantes; a diferença entre eles reside na distinçãoformal de quantidade de pena, mais severa no crimeII -O elemento subjetivo das contravenções é a culpa stricto sensu

UII - Contravenções são infrações de perigo concreto, sendo necessária a comprovação do risco a que«steve sujeito o bem jurídico tutelado.í\ Ape-nas as assertivas I e ÍI estão correias ( ) Somente estão corretas as assertivas I e III•W^Apenas^a-assertiva I está correta ( ) Todas as assertivas estão incorretas

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6:l Questão. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira, tendo em vista as particularidades de•xjLj—-̂ * l ^D • —^ A/^vf T* V V. ~^C rtí

( l ) Lei 1.521/51 ( 2 ) Lei 9.455/97 . (3 ) Lei 8.072/90( 4 ) Lei 8.078/90 <^C ( 5 ) Lei 8.l37/90^^j (6) Lei 2.889/56 -( 7 ) Lei 11.343/12 ( 8 ) LeL7.291/84

NormatizaVeerto tipo de esporte, com exploração depostas,» desde que realizado em local próprio.Lei inovadora, no campo da^^ençapi prevê o investimento em alternativas esportivas, culturais,artísticas etc, para inclusão social e melhoria da qualidade de vida. ^

) Dispõe que, no caso de conduta omissiva (para o agente que tiver o dever de evitar ou apurar ocrime), a pena será de metade da prevista para a conduta comissiva.

) Obter ou tentayamer ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado depessoas mejirante especulações ou processos fraudulentos.-J_ ^

) Dispõe ooe o poder público manterá penitenciárias de segurança máxima para presos perigosos.) A leilão é tida por muito eficaz, pois poucos os casos oficiais registrados, sendo tal ineficácia

uída à tolerância historicamente dispensada aos crimes que a mesma lei tipifica.Destruir, inutilizar ou danificar matérias primas ou mercadorias, com o fim de provocar ,alta depreços, em proveito próprio ou de terceiros. •£>

v ( ) Define o que sejam fornecedores, produtos e serviços, e uma das infraçoes penais previstas éomitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade do produto nas embalagens etc v

) Prevê conduta que não descreve o aborto (art. 125 CP) mas é punida com as penas de tal crime.Favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, sendo ressalvados os sistemas de

entrega ao consumo via de distribuidores ou revendedores.

—-—•TNjuestãol: Assinale F ou V , conforme sejam falsas ou verdadeiras as assertivas atinentes às leismencionadas( V) A lei de locação prevê somente as sanções próprias das contravenção e não penas de crimes para

ndutas ilícitas que normatiza e dispõe sobre cobrança de multa em processo próprio.) Nas contravenções não se aplica a extraterritorial idade; só são punidas se praticadas no Brasil.

( P) y4 Lei que disciplina a Previdência Social dispõe ser crime deixar a empresa de cumprir as normastrabalho,

( {•-) O jogo do bicho era punido como contravenção mas atualmente é impunível porque tolerado

PARTE IIIATENÇÃO: use a folha pautada para as questões 4, 8, 9 e 10

8a Questão: Em relação ao crime de Tortura, explicite:a) As 4 condutas típicas principais e as 2 condutas equiparadas, da lei especial, bastando referência aosverbos-núcleo, artigo, parágrafo e inciso, se for o caso.b) Idem quanto às figuras preterdolosas

9a Questão: Conceitue, segundo as leis em vigor, as principais condutastípicãs) de lavagem de capitaise de repatriação de capitais ou divisas, ressaltando aldistínçãòAprincipal quanto à natureza dosobjetos materiais de ambas.

10a Questão: Exponha resumidamente as principais alterações havidas, por força da lei anti-drogas emvigência, quanto às condutas típicas do usuário de drogas.

Valores: Todas as respostas das questões das PARTES I e Ií valem l ponto cada, exceto a T Questãoque vale 2 pontos, somando 21 pontos. As questões da PARTE ííí valem 9 pontos ( 3 pontoscada).Total: 30 pontos

BOA SORTE!

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ASSINATURA:

RUBRICA OePROFESSOR

1a PROVA PROVA 3a PROVA 4a PROVA TURMA

DISCIPLINA: DATA:

Q* cL&CP g CJje.

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F3CULD3DES miLTOH C3/77POS

RUBRICA DO PROFESSOR

2U PROVA 3a PROVA 4;i PROVA TURMA:

DISCIPLINA: DATA: / i /

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