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Introdução
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INTRODUÇÃO
Materiais compósitos reforçados com fibras sintéticas, têm sido usados desde inicios do
século XX em diferentes aplicações domésticas e industriais, pois tem-se adaptado y
melhorado suas propriedades com o passar dos anos. No entanto, o alto consumo de
energia para a produção de fibras e matrizes sintéticas não recicláveis, o consequente
aumento da poluição e problemas relacionados com seu uso e destino final, tem suscitado
a procura de alternativas para a substituição destes materiais [1]. Tal é o caso das fibras
vegetais como material de reforço e polímeros de origem natural para serem usados
como matriz, que são considerados materiais menos agressivos ao meio ambiente e que
como são provenientes de fontes renováveis poderiam contribuir com processos de
produção mais sustentáveis e com a diminuição de problemas de saúde atribuídos ao uso
e produção de fibras e polímeros sintéticos [2].
Aliás, no aspecto ambiental, o uso das fibras naturais tem outras vantagens.
Frequentemente, as fibras lignocelulósicas são obtidas de resíduos agroindustriais e
domésticos; a produção de fibras provenientes de matérias primas vegetais tem um custo
por unidade de volume menor do que o preço que se requer para a produção de fibras
sintéticas derivadas do petróleo e, também, apresentam boas propriedades, que incluem
alta resistência mecânica e estabilidade térmica [3]. Como consequência, têm sido
desenvolvidas pesquisas a fim de substituir fibras de vidro por fibras de espécies vegetais
[4] (sisal [5,6], algodão [7, 8], coco [9], bambu [10], piassava [11], bagaço de cana-de-
açúcar [12], bananeira [13], entre outras), com potencial para uso como elemento de
reforço em compósitos poliméricos para várias aplicações, como por exemplo no setor
automotivo aonde partículas/fibras naturais têm sido utilizadas nos revestimentos das
paredes traseiras e laterais de automóveis [14].
A bucha vegetal pertence à família botânica das cucurbitáceas, sendo uma planta anual,
originária do sudeste asiático com uma crescente importância econômica pelo seu uso
industrial [15]. A espécie mais conhecida e cultivada no Brasil é a Luffa cylindrica
(aegyptiaca) cujos frutos são cilíndricos, compridos, grossos e fortemente fibrosos quando
totalmente amadurecidos [16]. Fatores como uma estrutura pouco inflamável, de grande
compactação, resistente e durável, com baixa densidade, elevada área superficial por
volume, e custo razoável, tornam a fibra de bucha uma alternativa natural na fabricação
de esponjas de banho muito valorizadas na indústria cosmética, em dispositivos médicos
e de filtragem, isolamentos acústicos e térmicos e para material de embalagem, dentre
outras aplicações[17].
A bucha, também conhecida pelos nomes comuns de pano de cabaça e esponja vegetal,
é um material lignocelulósico sustentável; suas fibras são compostas por 60% de
celulose, 30% de hemicelulose e 10% lignina, principalmente. A bucha tem sido
considerada um material lignocelulósico com viabilidade para uso como reforço de
compósitos de matriz polimérica. Por outro lado, o desenvolvimento de biopolímeros
obtidos a partir de monômeros de base vegetal, promove a geração dos materiais
designados como biocompósitos, que ao ter fases matriz e reforço provenientes de fontes
naturais, podem ser reciclados ao final de sua utilização; pelo que são considerados
materiais menos agressivos ao meio ambiente [2].
Apesar das vantagens significativas do uso de materiais naturais, existem duas
desvantagens relacionadas com as fibras lignocelulósicas. Em comparação com as fibras
sintéticas convencionais, que são produzidas com uma faixa definida de propriedades, as
propriedades mecânicas e térmicas características das fibras naturais variam
consideravelmente. Isso é uma consequência da variabilidade na composição de cada
tipo de fibra, tamanho e diâmetro da fibra [18], orientação das fibrilas, além de condições
climáticas, do plantio e do tempo que se leva para produzir a fibra, dentre outros fatores.
Outro problema existente é a fraca interação na interface fibra lignocelulósica/matriz
polimérica [19], devido à natureza polar e hidrofílica das fibras, sendo que a presença de
grupos polares nos componentes das fibras lignocelulósicas resulta em uma interação
interfacial fraca com matrizes poliméricas apolares. Por outro lado, a alta absorção de
umidade de materiais lignocelulósicos pode resultar em inchamento das fibras e afetar a
estabilidade dimensional do compósito.
Assim, para a aplicação destas fibras como material de reforço, é preciso caracterizar
cada tipo de fibra, e assim poder definir o seu futuro comportamento mecânico e térmico.
Além disso, é importante a realização de tratamentos superficiais das fibras para
promover um aumento da adesão das fibras na matriz dos materiais compósitos.
REFERÊNCIAS
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15. http://www.luffa.info/
16. http://www.rain.org/greennet/docs/exoticveggies/html/luffa.htm
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