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4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
LUGAR DE PLURALIDADE SOCIOCULTURAL E ARTÍSTICA: Centros culturais, espaços livres públicos e
arte urbana na capital carioca
LUGON, HELLEN GONÇALVES; ANDRADE, RUBENS DE
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Belas-Artes Rua Jocarli Garcia, 275, apto. 304, Santo Andrezinho, Castelo, ES, CEP 29306-000
2. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Belas-Artes Ladeira Cerro Corá, 12, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22241-300
RESUMO
As manifestações artísticas e socioculturais realizadas na região central da capital carioca, inscritas no Centro Cultural Banco do Brasil, Casa França Brasil e Centro Cultural dos Correios, são o ponto de partida para interpretar a dinâmica de uso dos espaços livres públicos referentes às três instituições. Para interpretar a dinâmica de construção deste ambiente, o conceito de artealização surge como um elemento catalizador para compreender a produção de uma paisagem cultural inventada ao longo das últimas quatro décadas; paisagem esta que produz ambiências plurais, e demonstram o vigoroso potencial de trocas, compartilhamentos e negociações das mais diversas formas de inventividades, seja das instituições ali estabelecidas – através dos projetos institucionais – , como também do corpo social que organicamente vivencia o lugar. Diante da perspectiva apresentada, a proposta deste trabalho incide na análise do binômio paisagem e arte, que se constitui nas áreas circunvizinhas às instituições. O caráter difuso do espaço em questão e suas diferentes temporalidades serão somados ao campo ampliado da arte urbana, isto é, além dos aspectos morfológicos e tipológicos caros a esta discussão, serão também examinadas as ações de grupos sociais, artistas, exposições e eventos que têm como palco as vias e largos inscritos nos centros culturais. Destaca-se que o interesse maior é interpretar como a arte urbana ganha visibilidade, interage e tonifica relações sociais e, consequentemente, acarreta a construção de paisagens culturais efêmeras.
Palavras-chave: Arte e espaço público; arte contemporânea; polígono das artes; Rio de Janeiro.
4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
Entre ícones arquitetônicos, arte urbana e um “lugar cultural”
A arte no espaço público emerge com vigor na cidade contemporânea. Cria convergências,
potencializa contradições, integra vazios urbanos, reivindica a harmonia e desataca a
presença do sublime na paisagem. Ela também revela cenários inventivos, inusitados e
imponderáveis que ganham força e coexistem a partir das negociações firmadas entre o
campo ampliado da arte e da paisagem.
Materializada em diversificadas plataformas, através de objetos físicos ou ações efêmeras, a
arte no espaço público ganha muitas camadas que se espraiam e esgarçam o tecido urbano
quando integra sua forma e conteúdo à arquitetura da cidade. Suas texturas, cores, sons,
dimensões, significados proporcionam, naturalmente, ao observador que circula na
metrópole contemporânea, experiências lúdicas, encantadoras, inspiradoras, cujos efeitos
potencializam dinâmicas interpretativas da paisagem, que, além de transmutar a forma
urbana, a converte em palco. Num lugar onde se revela uma pluralidade de ideologias
políticas, religiosas, laicas, culturais, que não somente ganharão materialidade na obra de
arte encarnada na pedra e no ferro. Como também sobreviverão na memória daqueles que
se deixaram seduzir pela efemeridade de um movimento brusco qualquer, realizado no
frenesi dos caos urbano pelo poeta, pelo músico, pelo ator, pelo artista?
O caleidoscópio artístico-urbano que se desvela na retina e atrai os sentidos do observador
traz em si peculiaridades. Essas indicam caminhos para interpretar as interferências entre
arte e cidade, paisagem e natureza, cultura e sociedade, até onde cada par desse cria força
para construir narrativas, ao evocar tradições, inventar novos signos, propor renovadas
leituras, através da conjugação dos seres animados e inanimados que habitam a vida das
metrópoles pós-modernas.
Diante disso, podemos questionar: Como analisar os espaços livres públicos atravessados
pela arte urbana? Como a mesma é capaz de produzir lugares e imbuí-los de sentidos, que,
além de refletirem as essencialidades do dia a dia da sociedade contemporânea,
consubstanciam neles símbolos e referenciais das suas respectivas histórias e culturas
urbanas?
As ruas, praças, prédios públicos ou privados, estruturas de viadutos, fachadas de
construções antigas, isto é, todo e qualquer espaço da cidade, seja no solo (calçadas,
asfaltos, pisos) ou acima dessa superfície, anunciam e amplificam a arte urbana. Essa arte
desenha silhuetas na paisagem que denunciam os lugares de memórias, os vestígios de
acontecimentos, os espaços onde arte e sociedade se autorregulam, coabitam e pulsam.
Arte que possibilita encontros/desencontros de gerações, credos, filosofias... Situações
essas que geram vigor, vitalidade, estranhamento, indiferença, surpresa, choques, nesse
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território público em que a arte urbana surge como pano de fundo, e, às vezes, como
personagem ativo. Zonas em que homens e mulheres vivem dramas e alegrias, constroem
cotidianos, inventam paisagens que, aqui, podem ser também lidas como cultura, ou melhor,
como uma “cultura paisagística” que evidencia passados, tenciona presentes e sinaliza
“futuros”. Um futuro de uma trama urbana que projeta incertezas e amplia complexidade
com o passar dos anos, e também com a forma urbana que a cidade adquire.
Diante do recorte definido para este artigo, faz-se necessário destacar que os critérios
propostos para analisar a Arte urbana, aqui tratada como Arte no espaço público, serão
interpretados a partir dos processos artístico-culturais, que se manifestam ao longo da
trajetória espaço-temporal recente do circuito compreendido entre o Centro Cultural Banco
do Brasil, a Casa França Brasil e o Centro Cultural dos Correios, localizados na região
central do Rio de Janeiro. A junção dessas três instituições não apenas se justifica pelas
características de um lugar, cuja peculiaridade está voltada estritamente aos usos lúdicos,
de lazer ou artísticos, mas também porque se entrelaçam devido à própria estrutura
morfológica e tipológica que possuem, o que reafirma uma vocação socioespacial
direcionada à circulação e à difusão de arte e cultura.
As referidas instituições ganharam relevo no desenho do tecido urbano da área central da
cidade, uma vez que se tornaram, ao longo dos últimos trinta anos, estruturas arquitetônicas
de destaque após sucessivas restaurações, como também um lugar icônico na paisagem
carioca, devido à sinergia produzida pelos três centros, em função das atividades artísticas e
manifestações culturais que se dão no seus interiores e nos largos e vias que os interligam.
Além do valor histórico e artístico, ou seja, patrimonial, inerente a cada prédio, os mesmos,
isolados e conjuntamente, constituem-se em polos de difusão da arte e cultura nacional e
internacional. Suas exposições, peças teatrais, e demais atividades multiculturais são
movimentos inovadores que aprimoraram uma região que hoje, após as reformas do Porto
Maravilha, tendo em vista as Olimpíadas Rio 2016, reafirma esse locus como uma zona de
ebulição e transformações da metrópole carioca.
As ações sistematizadas, ou não, dos três centros culturais geraram nas áreas livres, que
interligam as instituições, um espaço potencial para manifestações de diferentes matizes,
que não apenas dialogam com os seus interiores, mas, sobretudo, geram movimentações
artístico-culturais, cuja amplitude afeta o espaço público externo e acarreta outros tipos de
apropriação nas circunvizinhanças. Esses deslocamentos de usos e múltiplas atividades
desenharam práticas na paisagem que, ao longo do tempo, revelaram na cena artística
carioca questões que se conectam diretamente à arte urbana.
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Arte no espaço público e “paisagem cultural” – aportes conceituais e perspectivas teóricas
O circuito cultural do Centro do Rio, ou, como preferimos nominar, o Polígono das Artes,
apresenta uma distinta estrutura morfológica na região central do Rio de Janeiro, devido às
características históricas próprias, que ao longo dos anos estabeleceram um cenário raro o
qual, intrinsecamente, aglutinou na cena urbana carioca predicados que despontam como
elementos essenciais. Além de qualificarem esse fragmento urbano, também o impregnam
de sutileza, devido à circulação de capital cultural e sofisticação que pulsa entre as
instituições, cujo trânsito de renomados personagens da história da arte mundial que
ocuparam as galerias, possibilitou um deleite quanto ao uso dos espaços desses centros
culturais. Afinal, diferentes grupos sociais circulam e se apropriam de vias e largos ao longo
de todo o ano, participando de festivais, shows, ocupações, raves, entre outros eventos, que
têm seu lugar nas vias e largos, ou seja, nos espaços livres públicos circunscritos às três
instituições.
Nesse sentido, o discurso sobre arte, cultura e paisagem se dá em uma perspectiva
compartilhada, visto que a percepção daquela área pode também ser feita através de uma
interpretação interdisciplinar. Ou seja, a leitura da geografia do lugar, o dimensionamento da
arquitetura da paisagem, e as camadas de memórias aferidas pelas micro-histórias desse
sítio, berço da cidade, de uma forma ou de outra se fundem, e em determinados momentos
até confundem o observador, quando o mesmo sobrepõe uma camada à outra ao vivenciar
esse espaço. Ao juntar cada uma destas informações, relacionadas à morfologia urbana, à
tipologia arquitetônica, aos estilos do patrimônio arquitetônico, à estética das obras e
manifestações artísticas temporárias ou permanentes ali instaladas para sua exposição
pública. Concomitantemente, os usuários da paisagem, sejam incidentais ou frequentadores
assíduos daquele cotidiano, encontram argumentos para perceber a pluralidade e a
dinâmica espacial de um lugar que não apenas atrai, mas solicita a atenção e envolve o
público.
As conexões acima acionadas como balizadores para reflexões, até aqui trazidas, ajudam a
interpretar o conjunto de processos no campo artístico e cultural que desenharam paisagens
no Polígono das Artes do circuito cultural da área central do Rio de Janeiro. Tal conjuntura
espaço-temporal estimula àqueles que estudam o assunto – como críticos de arte,
arquitetos urbanistas, historiadores, paisagistas, entre outros – um exercício atento às
manifestação que se dão no âmbito da arte urbana, não os reduzindo às tradicionais formas
como as mesmas surgiam nos espaços livres públicos, a exemplo das esculturas ou
estruturas arquitetônicas incorporadas na paisagem como alegorias urbanas; mas, ao
contrário, através de análises heterogêneas em que a arte pode se manifestar no espaço
público.
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Além de se considerar as bases fundantes da relação arte e cidade, é necessário ter em
mente os métodos interpretativos que constituem a noção de paisagem cultural1. Para tanto,
devemos nos ater às diferentes nuances deste recorte epistemológico pois, além de eles
indicarem a amplitude do campo teórico-conceitual, os mesmos revelam atributos da
paisagem inscritos no conceito de lugar2 que, de acordo com a perspectiva deste trabalho,
podem ajudar a examinar as intercessões entre a arte e a cidade. Esta investigação também
evidencia em que medida a sociedade experimenta as tendências artísticas
contemporâneas, ou seja, como a arte no espaço público ganha autonomia, alcança e
atravessa o observador, seja pelo sentido próprio que a obra possui, ou pela potência com
que ocupações e movimentos sociais ganham corporeidade na urbe, ao se utilizarem da
obra de arte como mecanismo para expor suas ideologias e manifestar seus pensares.
Ao considerar o Polígono das Artes como uma área à parte, onde se consubstanciam
diversas tipos de manifestação de arte urbana, deve-se ter em mente que o espaço
converge para o surgimento de ambiente plural na zona central do Rio de Janeiro; e, por
conta desses aspectos, é possível afirmar que esta área atravessou um processo de
artealização3 urbana, isto é, foi construída uma unidade paisagística a partir: a) dos espaços
livres circunscritos às estruturas arquitetônicas pré-existentes (avenidas, ruas, alamedas,
praças e largos); b) do patrimônio arquitetônico existente de notável valor histórico e
patrimonial; e c) dos usuários que contribuem para a constante dinamização da arte e da
cultura nesse fragmento da paisagem urbana.
Torna-se relevante afirmar que há conexões entre as três instituições culturais inscritas
nesse Polígono das Artes, que, por sua vez, justificam a singularidade e a importância de
1 Os conceitos relativos à paisagem cultural além de se apresentarem como uma discussão aberta a novas
construções, também indicam perspectivas, que devem ser relativizadas em função do significativo potencial que lhes é devido, sobretudo, a partir da perspectiva transdisciplinar que surge como um elemento central desta matéria. Em linhas gerais, os seus fundamentos buscam dimensionar as eventuais relações firmadas entre ambiente natural e aquele construído pelo homem. Para tanto, considera os espaços afetados pela cultura entre distintas sociedades em diferentes espaços e tempos. O espaço transformado em lugar evidencia a produção de territórios e a invenção de cotidianos que define não apenas um modus vivendi na sociedade, mas também a produção do patrimônio cultural inerente a cada sociedade. Portanto, não optamos por um conceito a priori para refletir o tema, apenas circunscrevermos o trabalho ao modus operandi atualmente utilizado para tratar a discussão, que, ao nosso ver, está em pleno processo de construção e mutação.
2 Sobre a ideia de lugar, optamos pela proposições apresentadas pelo YI-Fi Tuan ao afirmar que “O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado e os define como centros aos quais atribuímos valor e onde são satisfeitas as necessidades biológicas” (TUAN, 1983).
3 Destacamos que o termo artealização foi inaugurado por Montaigne, cujo significado seria a afirmação de
nossa experiência como fruto de uma percepção gerada a partir de modelos artísticos. “São aquisições, ou melhor, invenções culturais que podemos datar e analisar. Existem dois modos de artealizar um terreno para transformá-lo em paisagem. A primeira consiste em inscrever diretamente o código artístico na materialidade do local, sobre o terreno, a base natural. Artealiza-se in situ. É a arte milenar dos jardins, o landscape gardening a partir do século XVIII, e, mais próxima de nós, a Land art. O outro modo é indireto. Não se artealiza mais in situ, mas in visu, trabalha-se sobre o olhar coletivo, fornece-se-lhe modelos de visão, esquemas de percepção e de fruição. Junto-me portanto ao ponto de vista de Oscar Wilde – é a natureza que imita a arte.” (ROGER, 2000) Aqui optamos pelo uso como citação de Jean Marc Besse.
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cada uma, a partir das interações socioespaciais que são desencadeadas pela fruição do
que se dá nos espaços livres a elas circunscritos. Sobretudo, quando os mesmos são
apropriados através de ações que os transformam em espaços museológicos, ao receberem
exposições, ou mesmo quando adquirem a “forma” de palcos a céu aberto para diferentes
tipos de manifestações artísticas (shows, ocupações políticas, festivais de cinema, teatro,
Carnaval, celebrações natalinas, entre outros).
É nesse lugar público, um quadrante em meio à metrópole, que no caminhar de corpos
transitórios, a coesão cultural se estabeleceu. O passar dos anos propiciou um dos mais
marcantes palcos expositivos e de manifestações culturais no Centro do Rio. Vale também
destacar que o sujeito que atravessa esses espaços tem um papel fundamental neste
processo, afinal, ele “se situa no lugar que lhe permite pensar o viver, o habitar, o trabalho, o
lazer enquanto situações vividas, revelando, no nível do cotidiano, os conflitos do mundo
moderno” (FANI, 2007, p. 20). Esse mesmo sujeito surge também como espectador de uma
arte posta no espaço público, uma vez que a mesma, em determinada ordem, reapresenta o
que está dado no mundo, na cidade, e na subjetividade humana. O binômio cidadão/lugar
oferece-nos parâmetros para pensar as relações estabelecidas, para realçar a potência do
espaço livre público, atravessados por ações que emanam do campo das artes e da cultura
e que se projetam no contexto do que é dado pela ideia de paisagem cultural.
Nesse sentido, o processo de artealização da cidade adquire inúmeras camadas e múltiplos
conteúdos que, com o passar do tempo, com as novas tecnologias e mentalidades, tendem
a desnaturalizar cada vez mais as antigas formas de manifestação da arte urbana, criando
assim novos focos de interesse e tipos de manifestação.
A irradiação, pelo entorno da vizinhança, da atmosfera artística, também serve de forte elo
entre a arte e a cidade, e esse fator ganha força ao gerar no espaço público artealizado,
lugares onde o homem passante, o morador ou turista, tem a possibilidade de estabelecer,
consciente ou inconscientemente, conexões com a arte ao adentrar nesses espaços. Nesse
sentido, mesmo que as esculturas tradicionais e/ou outros objetos urbanos, que já se
mostram incorporados à paisagem, sofram algum tipo de processo de desnaturalização,
eles serão “reinventados” e reincorporados no locus urbano, assumindo, mesmo que
temporariamente, um novo papel. Daí a importância dos processos de artealização e como
o mesmo altera sensivelmente o modus operandi da paisagem.
Polígono das Artes do Centro do Rio: trajetórias históricas
Na década de 1980, sob as inflexões que se deram no plano urbano da cidade do Rio de
Janeiro, mudanças significativas ocorreram na reestruturação dos espaços urbanos na área
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central. O reconhecimento e preservação da história, da cultura, do patrimônio e da arte, e
ainda, a propagação do turismo deram origem a um grupo de ações que pensaram como os
espaços públicos da cidade adquiririam valor histórico e, simultaneamente, seriam imbuídos
de importância simbólica. Tais movimentos motivaram grupos de artistas, críticos e gestores
urbanos a manifestar um apreço distintivo pelas memórias que emanavam da arquitetura da
cidade, especialmente daquilo que estava materializado nos espaços públicos. Por outro
lado, no âmbito administrativo, os espaços livres públicos parecem ter recebido maior
importância em diferentes esferas do poder público, sobretudo na área do planejamento
urbano. Exemplo disso foi o fato de o prefeito Jamil Haddad, em 14 de julho de 1983, ter
estabelecido o decreto4 número 4141 (Lei 506-84, Lei 1139-87), cuja finalidade era
patrimonializar espaços de relevância histórica da cidade e assim imprimir, a partir de então,
uma gestão pública comprometida com as políticas de resgate e valorização da história
carioca.
Dentro deste contexto, foi possível redimensionar as territorialidades que emergiram a partir
da valorização da arquitetura da paisagem da região, e tais mudanças abriram uma nova
dimensão cultural para a cidade. Pioneira em seus valores, as mesmas serviram de base
para outras ações que se deram em diferentes áreas do Rio de Janeiro, como Cinelândia,
Praça Tiradentes, entre outras, cujo potencial cultural possui um tônus semelhante.
No caso da área da Casa França Brasil (CFB), do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e
do Centro Cultural dos Correios (CCC), despontou uma área de significativa acessibilidade
espacial, que, aliada à pluralidade do conjunto arquitetônico, das historicidades e das
atividades institucionais promovida por cada centro, originou uma simbiose artístico-cultural
sem precedentes na cidade do Rio de Janeiro. E de maneira sutil, sem ser efetivamente
percebida, ela ativa os sentidos daqueles que usufruem desse lugar, como também acaba
por criar uma marca e uma matriz no desenho da paisagem da região central do Rio de
Janeiro, área esta que, atualmente, devido à implantação das transformações urbanas
ocorridas na esteira das obras realizadas para as Olimpíadas Rio 2016, continua sendo foco
de atenção do poder público.
4“A renovação urbana associada à manutenção de conjuntos arquitetônicos, apresentando o conceito de
Proteção ao ambiente cultural, com o resgate das referências sociais, culturais e arquitetônicas. O Centro do Rio de Janeiro retrata a história da cidade e do país, por ter sido sede de sucessivos governos: capital da Colônia, do Império e da República. O crescimento de sua população levou à expansão da cidade, mas seu núcleo inicial manteve suas características cosmopolitas e de grande efervescência cultural e política. [...]Fixa os limites da área abrangida pelo Corredor Cultural. [...] e tendo em vista o interesse de preservar e revitalizar áreas no Centro da Cidade, levando em consideração os elementos ambientais que representam valores culturais, históricos, arquitetônicos e tradicionais para a população”. (DECRETA: Art. 1º - Ficam aprovados a PA 10.290 e o PA 38.871, que tratam do Plano de Preservação Paisagística e Ambiental para as Áreas Considerada de Interesse Histórico e Arquitetônicas localizadas no Centro da Cidade – Corredor Cultural. Ver: http://www0.rio.rj.gov.br/patrimonio/pastas/legislacao/centro_dec4141_83_corredor_cultural.pdf
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As três Instituições passaram por processos de formação distintos e complementares que as
aproximam e favorecem a ideia de uma unidade tripartida, cuja estrutura morfológica é
coesa e interdependente. O espaço público livre do entorno e entre as instituições, ao longo
do tempo ganhou novas camadas, que refletem uma notoriedade para além de sua própria
arquitetura. O binômio arte-cultura, a concretude do lugar e a dinâmica de corpos sociais
seguem a desenhar trajetórias que se identificam com esse espaço, conferem-lhe vitalidade
e unem as partes ao todo desse lugar (Fig. 1, 2, 3).
O primeiro edifício da tríade de centros culturais implantados foi originalmente a Praça do
Comércio5 do Rio de Janeiro, hoje Casa França Brasil. Sua construção é contemporânea à
primeira reforma urbana ocorrida no Rio, sendo inaugurado em 13 de maio de 1820 na fase
de transição entre o período colonial e a Independência. Este dado revela que,
historicamente, o prédio da Casa França Brasil, em estilo neoclássico, é um elemento
arquitetônico valioso no Polígono das Artes do Centro do Rio. O segundo prédio que
concentra nossas atenções refere-se à sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro,
atual Centro Cultural do Banco do Brasil, inaugurado em 1906. O projeto, cuja arquitetura
monumental ganha destaque na tipologia dos prédios do Polígono da Artes, teve seu início
em 1880, tendo como responsável o arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva
(1831-1912). Na década de 1920, passou a pertencer ao Banco do Brasil e, somente em
1980, mais precisamente em 12 de outubro de 1989, tornou-se Centro Cultural do Banco de
Brasil.
5 O prédio do arquiteto Francês Grandjean de Montigny (1776-1850) seguiu preceitos neoclássicos, uma vez que
como cofundador da Academia Real de Belas-Artes, pensou o projeto a partir dos ideais acadêmicos franceses. Uma elementar reforma do IPHAN, no antigo prédio da Alfândega, foi realizada antes da criação da instituição cultural, devido ao abandono e desgaste, frutos da implementação (do já extinto) viaduto da Perimetral nos anos 1970. No ano de 1984, porém, Darcy Ribeiro (1922-1997), então secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro articulou com o ministro da Cultura da França, Jack Lang, a implantação de um centro cultural destinado ao intercâmbio entre ambos os países. O convênio para as obras foram assinados em 1985, contudo a parceria francesa só existiu no papel até a inauguração. Definido, portanto, como um espaço para múltiplas atividades culturais, esse espaço foi inaugurado no dia 29/03/1990, apresentando artes visuais, cinema, teatro, vídeo e música, contendo um salão central, quatro salas laterais e um pátio externo.
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Figuras 1, 2 e 3: Panorama aéreo dos três centros culturais com destaque à forma como os mesmos
se estruturam no tecido urbano, às suas áreas livres públicas (vias e largos) e suas respectivas zonas
de interferência.
Fonte: Google earth com esquemas desenhados por Rubens de Andrade.
Ambos os prédios foram restaurados no mesmo período, a partir da iniciativa do Banco do
Brasil. A reforma teve a finalidade de preservar os prédios históricos, resgatar seu valor
simbólico e arquitetônico e indicar o potencial que a área já possuía nas últimas décadas do
século XX.
No Centenário da Independência do Brasil, um novo edifício de arquitetura requintada é
erguido próximo às duas outras construções. A obra do futuro Centro Cultural dos Correios,
datada de 1922, foi utilizada para operação e administração dos Correios, o que parece
reiterar o caráter econômico daquela região. O imóvel foi construído para abrigar a Escola
da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, porém ao ser inaugurado, em 1922, a
utilização se deu por parte dos Correios. Último elemento arquitetônico a se integrar ao atual
conjunto de centros culturais, o Centro Cultural dos Correios foi aberto, oficialmente, em
agosto de 1993. Todavia, ainda parcialmente restaurado, em 2 de junho de 1992, abrigou a
exposição Ecológica 92, que fez parte da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente RIO’92.
Paisagens plurais: a cena artística do Polígono das Artes
O Polígono das Artes, no Centro do Rio de Janeiro, foi conquistando formas e conteúdos
plurais, em um ambiente que, com o passar do tempo, alcançou um maior refinamento e
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significativa sofisticação em seus usos. Espaço de fruição artística, galeria a céu aberto de
múltiplas possibilidades, “extensão” livre em que pulsam a arte e a cultura contidas no
interior de cada instituição, a área tornou-se, portanto, um lugar multiuso que agrega os
mais diferenciados tipos de público. As ruas, alamedas e largos, no frenesi do cotidiano
urbano carioca, acabam por inventar paisagens e abrigar corpos sociais e objetos que
deixam na mente daqueles que por ali circulam resíduos de significados simbólicos, sejam
esses materiais ou imateriais, que alteram rotas, mudam maneiras de olhar, transformam
conceitos, geram conflitos, criam tensões, e favorecem o prazer sinestésico.
Os movimentos do interior de cada Centro Cultural expandem o burburinho para o
extramuros. A sinergia do espaço livre público atrai grupos sociais distintos, desde
vendedores ambulantes a negociantes de poema, de artistas de rua a artistas de renome,
passando por sem tetos, tribos urbanas, e manifestantes dos mais diferentes matizes, que
despontam naquele cotidiano e alcançam organicidade no espaço livre público delimitado
pela arquitetura de cada centro cultural e pela paisagem do largo da Candelária e dos
edifícios comercias que desenham seu pano de fundo. Esta conjunção urbana não apenas
justifica a pluralidade espacial que ali se corporifica, como também põe à prova o turbilhão
de ações que tem como palco ruas estreitas, largos exíguos, e calçadas que despontam
como fronteiras invisíveis de cada prédio, que, apesar de existirem, parecem nunca impor
qualquer tipo de limite.
As formas das manifestações oficiais que ali ocorrem também são um elemento à parte, e
adquirem uma sofisticada dimensão na programação cultural da cidade. São festivais de
jazz, Festival Cena Brasil Internacional (artes cênicas), Madrugada no Centro (parada
musical), happy hour e bate-papo com artistas, happenings anuais, decorações natalinas,
peças de teatro, shows musicais nos pátios internos e externos, entre muitas outras ações
que justificam a ideia de um lugar de múltiplos tempos e temperaturas culturais.
Dentre os inúmeros trabalhos de arte que ganharam os espaços livres públicos do Polígono
da Artes, seria válido destacar a exposição com trabalhos do artista francês J.R, datada de
2009. Este é um exemplo interessante que reuniu fotografias do artista em sua passagem
pela cidade carioca. A exposição gerou uma instalação fotográfica na fachada da Casa
França Brasil, que promoveu uma cenografia única, alterando a relação dos corpos que ali
caminhavam quando avistavam, ao longe, a face curiosa e observadora de uma mulher em
grande escala. Os trabalhos deste fotógrafo consistem na apropriação do espaço público
para nele projetar fotos em preto e branco em grandes formatos. A série em questão é de
2008, “Women are heroes” (Mulheres são heróis) e também 28 Millimetres (28 milímetros),
que foi apresentada em outros locais do Rio de Janeiro, como na comunidade do Morro da
Providência e nos Arcos da Lapa.
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Em 2012, os espaços livres do Polígono das Artes abrigaram as obras do artista plástico
britânico Antony Gormley (1950). De forma fantasmagórica, Gormley reformulou por meses
o estar das pessoas em toda a cidade. Com exposição individual por todo o Centro Cultural
Banco do Brasil, o artista incorporou suas esculturas Still Beings (Corpos Presentes) de
dentro para fora do prédio, fazendo com que as mesmas ganhassem um campo visual ainda
não explorado pelos projetos concebidos pela instituição. Os corpos feitos em aço sólido,
processados através de uma matriz do próprio corpo do artista no tamanho real e em
diferentes poses, sugerem tratar o corpo como um “lugar”. O artista afirmou que o projeto foi
“uma tentativa de materializar o lugar para o outro lado da aparência, onde todos nós
vivemos”6. Antony Gormley, ao espalhar as obras nos locais mais inusitados na região
próxima ao Centro Cultural Banco do Brasil, criou uma mistura entre seres inanimados e os
corpos sociais que circulam freneticamente no Centro do Rio de Janeiro.
Sua proposta gerou sombreamentos, causou atravessamentos e tensões entre o público, as
obras e a paisagem urbana. Em lugares inusitados, com andares altos de prédios ou rés ao
asfalto, as esculturas instigavam, incomodavam e mitigavam por alguns instantes a vida das
pessoas que se deparavam com tal intervenção de arte no espaço público. A exposição, por
sua vez, valorizou um Polígono da Artes já estabelecido ao gerar novas camadas e
dimensões desse espaço livre público no seu conjunto. O trabalho, inscrito nos seus signos
e símbolos, extravasou para todos os lados da paisagem, esgarçando o tecido paisagístico
ao seu limite.
A unidade tripartida de espaço livre público do Polígono das Artes criou diálogos visuais e
espaciais diretos entre o Centro Cultural Banco do Brasil e a Casa França Brasil, uma vez
que uma das peças ocupava o frontispício do prédio da Casa França Brasil, fato este que
fortaleceu o elo paisagístico (arquitetônico) entre as duas instituições. A exposição se tornou
um marco, pois alcançou toda a cidade, intensificando a ideia de que esta área justifica-se
como um polo disseminador de artes na região central do Rio.
Outro trabalho que reafirma os argumentos até aqui defendidos sobre a importância dos
espaços livres públicos na valorização da arte urbana presente entre os três centros
culturais são as intervenções da artista plástica mineira Marta Neves (1964), que esteve
presente na 31ª Bienal de SP. Sua obra reacende questionamentos do atual momento de
ativismo, de busca de igualdades e liberdade através de pequenas sentenças anônimas. A
série Não ideias, de 2001, conecta-se ao espectador através de faixas, cuja visualidade está
basicamente contida na mensagem que ela apresenta, por se tratar de um material que está
presente no cotidiano e no imaginário das pessoas e que, devido a isso, acaba se tornando
6 Antony Gormley: Fazendo o espaço, Beeban Kidron, documentário de 2007, mostrado pelo Canal 4 do Reino
Unido, novembro de 2009; Channel4.com. Disponível em: www.antonygormley.com
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invisível ao olhar. As faixas de Marta estiveram inscritas no espaço livre público em questão
pelos portões das duas entradas da Casa França, e ganharam destaque e prenderam a
atenção do passante ao se reafirmar, no coração da cidade, os desejos íntimos e a vontade
de mudança da condição presente7. As manifestações artísticas representadas pelas faixas
se disseminam, a fim de alterar o que é sentido no caótico cotidiano.
Para além de um patrimônio material
A reconhecida e já descrita polissemia das artes, que se materializa na paisagem
artealizada do Polígono das Artes carioca, levou-nos a atravessar os vários lados dessa teia
urbana para além de um Circuito Cultural que integra o projeto Corredor Cultural,
reconhecidamente uma contribuição relevante da prefeitura do Rio, conflagrando assim,
nesta região, um polo disseminador de artes da cidade. Considerando o legado deixado por
esse projeto e, somado aos ganhos que o Polígono das Artes alcançou nos últimos anos,
faz-se necessário destacar que as relações da arte e os espaços livres públicos na região
pulsam como uma força motriz na aproximação entre o corpo social, o morador, o turista, o
espectador com a cultura e suas potencialidades.
Os espaços livres públicos, inscritos nas instituições, transformou um lugar originalmente de
caráter econômico, em um polo criativo onde as manifestações artísticas se tornaram seu
maior atrativo. Os diálogos socioespaciais, possibilitados pela ebulição cultural junto à
paisagem desenhada pelos três centros culturais, produzem um espaço único e
diferenciado, cujas características, que lhes são próprias, devem ser valorizadas e,
sobretudo, reconhecidas como patrimônio imaterial de primeira grandeza.
Cabe ao poder público a promoção de medidas que venham a consolidar este sítio histórico,
com vistas a transformar os espaços livres públicos que os interligam em uma espécie de
“quarta instituição”, isto é, um espaço que, mesmo a céu aberto, se reveste como uma
galeria urbana de grandes novidades, em que todo o tipo de manifestação artística tem nele
um palco, uma moldura, que conferem estilo e sofisticação. Por último, deve-se ainda
destacar que o Polígono das Artes, através de seus espaços livres, estabeleceu
qualitativamente uma efervescência cultural, apesar da ausência de políticas culturais
públicas para a ativação desse espaço. O circuito de arte pública, por meio da arte urbana
7 Destaca a autora: “Na rotina acelerada das grandes cidades contemporâneas, parece impossível pensar que a
experiência do desencanto – desde o campo mais privado e íntimo até a esfera coletiva e social, marcada pela descrença cada vez mais frequente em nossos sistemas econômicos e políticos – possa gerar algum tipo de produtividade.” Em resposta, as Não ideias se colocavam, do mesmo modo que outras ações artísticas de
Marta Neves, como parada obrigatória para o reencantamento com o mundo; uma abertura para compartilhar publicamente não ideias pelas quais, e somente assim, é possível produzir novas formas de imaginar (Disponível em: http://www.31bienal.org.br/pt/post/1521)
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de participações, experimentações e trocas, que o torna algo dissociável da tríade
institucional que o cerca.
Referências
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http://www.correios.com.br/sobre-correios/educacao-e-cultura/centros-e-espacos-culturais-dos-correios/centro-cultural-rio-de-janeiro
Pesquisa de Campo na administração da CFB
http://www.casafrancabrasil.rj.gov.br/
http://www.fcfb.rj.gov.br/predio.php
Pesquisa de Campo no Arquivo Histórico do CCBB RJ - http://culturabancodobrasil.com.br/portal/rio-de-janeiro/