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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo Luis Thales Alves Bezerra A campanha eleitoral de Tatiana Medeiros no Twitter: Uma análise dos usos feitos pela candidata e da construção da imagem de gênero JOÃO PESSOA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

Curso de Comunicação Social

Habilitação em Jornalismo

Luis Thales Alves Bezerra

A campanha eleitoral de Tatiana Medeiros no Twitter: Uma análise dos usos feitos pela candidata e da construção da imagem de gênero

JOÃO PESSOA

2014

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LUIS THALES ALVES BEZERRA

A CAMPANHA ELEITORAL DE TATIANA MEDEIROS NO TWITTER: UMA ANÁLISE DOS USOS FEITOS PELA CANDIDATA E DA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM

DE GÊNERO

Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharelado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.

Orientadora: Profª. Drª. Glória Rabay

JOÃO PESSOA

2014

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Aos meus pais e irmãos

Às minhas amigas e aos meus amigos

À querida Jéssica Feijó, parceira de pesquisas

À minha orientadora Gloria Rabay, pelos valiosos ensinamentos

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AGRADECIMENTOS

Dirijo meus primeiros agradecimentos aos meus pais, Débora Alves e Everaldo Bezerra, cujo suporte nestes longos quatro anos de graduação me ajudaram crescer enquanto pessoa, me prepararam para o mundo e, direta ou indiretamente, me ensinaram lições de vida que não esquecerei, vivendo com simplicidade e aprendendo com as dificuldades.

Às minhas mais queridas amigas, aquelas que estão comigo há muito tempo: Cinthia Raquel, Fernanda Varão, Ingrid Freitas, Kamila Lopes e Kenya Soanelly, obrigado pelos conselhos e ombro amigo, pela companhia e pelos ouvidos, pela paciência, mas principalmente por me aguentarem, apoiarem e não desacreditarem de mim.

Um agradecimento mais que especial à Jéssica Feijó, inicialmente minha colega de curso, em 2010, e agora minha muito cara amiga; obrigado pelo exemplo enquanto pessoa, pelos esforços e pela força, e mais ainda pela parceria na iniciação científica. Espero continuarmos nos trilhos da pesquisa e que possamos partilhar disto juntos futuramente.

Aos amigos Isadora Lira e Natan Cavalcante, pelos momentos de risadas, pelos conselhos e, sobretudo, pelos estímulos para seguir em frente e construir a trajetória que é a vida.

À minha querida orientadora Glória Rabay, por diversos motivos, mas aqui cito três: por abrir as portas da vida acadêmica na iniciação científica, me incluindo em seu projeto de pesquisa; pelas visões de mundo e de sociedade, mas principalmente no que se refere à condição da mulher na política; e pelas valiosas reflexões sobre gênero e política, que me fizeram quebrar preconceitos e perceber a vida com novo olhar. Você foi de uma enorme importância para minha chegada até aqui. Obrigado, professora!

Às queridas amigas que fiz durante o curso, Cairé Andrade, Giovanna Ismael e Mariana Costa, e também aos demais que tive o prazer de conhecer.

Por fim, a todos os amigos que não citei, mas que, de uma maneira ou de outra, contribuíram na minha caminhada até a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

As campanhas eleitorais são fenômenos expressivos da vida política, pelo menos nas democracias contemporâneas. No processo das eleições os meios de comunicação de massa constituem verdadeiras “armas” políticas, pois é partir deles que se propagam as imagens e as promessas de candidato/as. Neste contexto, foi pensado o uso das redes sociais pelas mulheres na política formal da Paraíba, mais especificamente nas eleições municipais de 2012, em Campina Grande, que teve mulheres candidatas com chances reais de vitória, dentre elas Tatiana Medeiros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Com a internet e a partir dos sites para comunicação da web, políticos em geral vêm se apropriando das ferramentas disponíveis a fim de propagarem suas informações políticas e projetarem suas imagens públicas, redefinindo os modos de campanha eleitoral. Com as chamadas redes sociais online, como o Twitter, não têm sido diferente, e os/as candidatos/as em épocas eleitorais as utilizaram nas suas campanhas, propagando suas candidaturas. Neste sentido, a análise da inserção de Tatiana Medeiros no Twitter e de sua forma de utilizá-lo durante a campanha de 2012 e da imagem pública que foi construída pela candidata a partir desta “rede”, no período de 7 de setembro a 7 de outubro daquele ano, nos revelou sua participação singular no uso do Twitter, tanto como forma de mobilização para sua candidatura quanto na construção de uma imagem complexa desta mulher na política, com vários atributos.

Palavras-chave: Campanhas Eleitorais. Redes Sociais Online. Twitter. Política. Participação Feminina. Imagem.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Número de posts no Twitter por candidatas às prefeituras de João Pessoa-PB e

Campina Grande-PB e de suas assessorias durante o período de campanhas eleitorais...........44

Tabela 2: Número de posts de Tatiana Medeiros durante o período analisado, distribuído por

meses de análise........................................................................................................................46

Tabela 3: Número de posts feitos por Tatiana Medeiros segundo os tipos...............................47

Tabela 4: Número de postagens da candidata Tatiana Medeiros por assuntos.........................49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: #TatianaTemProposta para Educação.......................................................................49

Figura 2: Folder de campanha..................................................................................................51

Figura 3: #VeneFez, #TatianaTemProposta..............................................................................52

Figura 4: Mobilização por internautas......................................................................................53

Figura 5: Mobilização por internautas e Tatiana.......................................................................54

Figura 6: Apoio e ativismo por internautas...............................................................................56

Figura 7: Tatiana divulga material de campanha......................................................................57

Figura 8: Compromisso para com o futuro 1............................................................................59

Figura 9: Compromisso para com o futuro 2............................................................................60

Figura 10: Oposição 1...............................................................................................................61

Figura 11: "Quem ama cuida"...................................................................................................63

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Figura 12: Oposição 2...............................................................................................................64

Figura 13: Oposição declarada à Romero.................................................................................64

Figura 14: #Guia15, oposição e lutas........................................................................................66

Figura 15: #Guia15, oposição e lutas 2.....................................................................................67

Figura 16: Apelos para continuar..............................................................................................69

Figura 17: Agradecimento e manifestação religiosa.................................................................71

Figura 18: Candidata e médica..................................................................................................74

Figura 19: Feitos na área da saúde 1.........................................................................................75

Figura 20: Feitos na área da saúde 2.........................................................................................76

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11

1 CAMPANHAS ELEITORAIS ONLINE E TWITTER ........... ........................................ 17

1.1 INTERATIVIDADE E ATIVISMO NAS CAMPANHAS EM INTERNET ................. 20

1.2 TWITTER COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA ...................... 24

2 POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO FEMININA: TRAÇOS DE GÊNER O E

LUTAS ..................................................................................................................................... 29

2.1 PARTICIPAÇÃO FEMININA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE PODER ................... 32

3 VISIBILIDADE, IMAGENS E REPRESENTAÇÕES FEMININAS ............................ 35

3.1 A TEMPORALIDADE DA IMAGEM ........................................................................... 35

3.2 REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS DE MULHERES ................................................... 37

4 A CANDIDATA, A MILITANTE, A MÉDICA .............. ................................................. 42

4.1 ANÁLISE DOS USOS FEITOS PELA CANDIDATA, MOBILIZAÇÃO,

INTERAÇÕES E PUBLICIZAÇÃO........................................................................................ 43

4.1.1 PROPOSTAS E REALIZAÇÕES ............................................................................. 49

4.1.2 MOBILIZAÇÃO ....................................................................................................... 53

4.1.3 DIVULGAÇÃO E OUTROS .................................................................................... 56

4.2 A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM PELA CANDIDATA .............................................. 58

4.2.1 OPOSIÇÕES E DESEJO DE PROSSEGUIR ........................................................... 59

4.2.2 OUTRAS “FIGURAS” ............................................................................................. 73

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 78

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 82

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INTRODUÇÃO

A internet1 vem sendo considerada um meio de comunicação particularmente singular

se comparada às mídias que a precedem, como o rádio e a televisão. Ela surgiu nos Estados

Unidos, no final dos anos 1960, e por meio dela as distâncias e fronteiras entre seus usuários

diminuem, assim como o tempo para a se realizar a comunicação, podendo ser em tempo real.

Por outro lado, sua constante evolução em termos de estrutura da rede lhe confere um caráter

efêmero.

Enquanto lugar de comunicação e informação, só começou a ser explorada numa

escala maior a partir dos anos 1990, quando se tornou aberta ao público. Anterior a esse fato,

a internet era utilizada apenas por órgãos de governo, universidades e militares (AGGIO,

2011).

No senso comum, muito se tem falado a respeito das chamadas "redes sociais"

referindo-se aos sites que possuem esta denominação. Para a pesquisadora Raquel Recuero,

existem alguns aspectos a respeito desses tipos de sites que são fundamentais para seu

entendimento. Segundo Recuero (2009), na internet, os diversos atores que fazem parte dela

usando ferramentas de comunicação formam redes sociais, ou seja, redes de atores e/ou

grupos conectados entre si e que utilizam a internet para fins diversos. Essas redes sociais são,

para a autora, uma alusão à estrutura de uma rede, na qual os nós representam os atores na

internet, e as arestas, as conexões entre os nós. As conexões podem ser percebidas como 1)

redes mantidas pelas interações entre os atores, ou 2) apenas para conservação de contatos,

que o sistema de rede social manteria para o usuário. Sob esta perspectiva, a autora classifica

a primeira como "rede emergente", que exigiria participação dos atores, e a segunda como

"redes de filiação ou associação", nas quais a atuação não se faz necessária, ou seja, uma rede

para agregar contatos. Embora a classificação pareça separar os sites de redes sociais, Recuero

(2009) explica:

1 Fragoso et al. (2011, p. 234) definem a internet como "a rede global de computadores, conectadas por infraestruturas de hardware e software". As autoras advertem que, frequentemente, a web é usada enquanto sinônimo para internet. Sobre o que significa a web, elas dizem: “criada no final dos anos 1980 e é um subconjunto das páginas disponíveis na internet, organizadas em documentos interligados por hiperlinks e acessíveis através de softwares específicos” (2011, p. 55). Ainda de acordo com as autoras, a grafia das palavras "internet" e "world wide web" (www) em letras minúsculas serve para a compreensão de que estas não designam nomes próprios, mas sim substantivos comuns.

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As diferenças mais significativas, no entanto, aparecem relacionadas à dinâmica dessas redes. Enquanto as redes de filiação são bastante estáveis e mudam mais raramente (e quanto mais difícil for deletar uma conexão, mais a rede ficará estável), tendem a crescer e agregar mais nós; as redes emergentes são bastante mutantes e tendem a apresentar dinâmicas de agregação e ruptura com frequência. Mas é preciso que se tenha claro que um mesmo objeto pode conter tanto redes de filiação quanto redes emergentes. (RECUERO, 2009, p. 100-101).

A partir desta reflexão, Recuero (2009), embasada pelas ideias de Boyd & Ellison

(2006; 2007), depreende que os sites de redes sociais seriam uma parte dos grupos que chama

de softwares sociais, que servem para comunicação feita através de computador, e onde

haveria possibilidade para criação de perfis, interação por comentários e também a exposição

pública dos sujeitos envolvidos.

A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e a articulação das redes sociais, a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço off-line. Assim, nessa categoria estariam os fotologs (como o Flickr e o Fotolog, por exemplo); os weblogs (embora sua definição não seja exatamente dentro de um sistema limitado, como propõem as autoras, defenderemos que são sistemas semelhantes); as ferramentas de micromessaging atuais (como o Twitter e o Plurk), além de sistemas como o Orkut e o Facebook, mais comumente destacados na categoria. (RECUERO, 2009, p. 102-103).

Para Recuero, esses sites "possuem mecanismos de individualização (personalização,

construção do eu, etc.); mostram as redes sociais de cada ator de forma pública e possibilitam

que os mesmos construam interações nesses sistemas" (2009, p. 103). A autora difere os sites

em dois tipos, que são os sites de redes "propriamente ditos" e os sites "apropriados". O

primeiro refere-se à sites cujo maior objetivo é tornar públicas as conexões sociais entre os

atores, como o Facebook. Sendo assim, pressupõe que haja antes a criação de um perfil na

rede para poder criar laços ("adicionar" outros atores) e, dessa maneira, fazer públicas as

conexões. O segundo tipo, "sites de redes sociais apropriados", não tem o mesmo objetivo,

pois "são sistemas onde não há espaços específicos para perfil e para a publicização das

conexões. Esses perfis são construídos através de espaços pessoais ou perfis pela apropriação

dos atores" (RECUERO, 2009, p. 104). Como exemplos de sites apropriados, a autora cita o

Twitter e weblogs, embora aponte que este não seja um site para redes, a menos que sejam

tomados pelos atores para criação e exposição dessas redes.

Dito isso, um mesmo ator pode utilizar diversos tipos de sistemas para fins

diferenciados, como "usar o seu perfil no Orkut para manter contato com amigos distantes,

usar o GoogleTalk para conversar trivialidades com os amigos mais próximos e usar seu

weblog para discutir ideias mais elaboradas", o que indicaria que estes sites "atuariam em

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planos de sociabilidade, proporcionando que um ator utilize os diversos suportes para

construir redes sociais com foco em tipos diferentes de capital social" (RECUERO, 2009, p.

106).

Por fim, Recuero (2009) afirma que os sites de redes sociais aumentam as conexões

sociais entre os atores, salvaguardando o fato de que são os sistemas que mantêm essas

conexões, e podem lhes conferir quatro valores, tidos como capital social, que seriam

construídos nesses ambientes. O primeiro desses valores é reconhecido como o da

visibilidade, que estaria associada ao aumento da evidência que um ator pode obter a partir do

crescimento de conexões com outros atores em determinada rede social. O segundo valor,

compreendido como da reputação, é obtido através do olhar que outros atores possuem sobre

um ator. "A reputação é uma percepção qualitativa, que é relacionada a outros valores

agregados" (RECUERO, 2009, p. 110). Já o terceiro se refere à popularidade, entendida pela

autora como um valor diretamente ligado à audiência de um ator e que, portanto, pode ser

verificada pela quantidade de pessoas que o ator tem ou segue em sua rede, no caso do

Twitter, ou em comentários, no caso dos blogs. O quarto valor relatado, o da autoridade, tem a

ver com a influência que determinado ator possui na rede social, possibilitando gerar debates

entre outros atores.

Após algumas necessárias reflexões a respeito de alguns conceitos sobre redes sociais

da internet e o capital social que daí pode advir para seus atores, convém agora esclarecer os

objetivos desta monografia. Para o entendimento dessas redes, nesta monografia serão

compreendidas como redes sociais os sites tanto voltados para redes sociais, como no caso do

Facebook, quanto aqueles que são apropriados por seus atores, no caso o Twitter, pois

permitem que seus atores possam se expressar.

Em anos recentes, diversos tipos de perfis têm surgido nas mídias sociais2 e ganhando

cada vez mais visibilidade. Não à toa, o crescimento gradual de perfis se deve em parte ao

espaço que a internet vem ganhando na vida cotidiana dos seus usuários, tanto nas relações

pessoais quanto de trabalho. Perfis construídos e gerenciados vão de artistas a pessoas

comuns, empresas públicas e privadas, órgãos governamentais, que podem servir de canal

para troca e compartilhamento de ideias, mas também para disposição de informações e

conteúdos.

Nesse contexto, atualmente, em períodos eleitorais, políticos se valem dos sites para

redes para realizarem extensas campanhas na tentativa de ampliar o número de eleitores em

2 Graeff (2009, p. 6) define mídias sociais como o tipo de mídia que permite a comunicação de "muitos para muitos".

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potencial. Isso se deve também pelo fato de serem mídias significativamente econômicas.

Estes sites estão sendo usados por políticos não só como ferramentas alternativas para atingir

o público eleitor, mas também como ambientes de interação direta, ou seja, entre políticos e

eleitores numa via bilateral, o que os diferencia da mídia tradicional como mediadora deste

processo.

A incorporação de redes sociais online por parte de políticos demonstra como as

campanhas partidárias eleitorais estão se valendo de formas alternativas para propagar as

legendas. No Brasil, políticos também vêm adotando as redes sociais online como

instrumentos a mais para a comunicação em campanhas eleitorais partidárias.

Nas eleições presidenciais no Brasil, o Twitter foi usado por candidatos como canal de

comunicação direta com o eleitor. Entre as metas dos políticos no contexto das redes sociais

online, a propagação da campanha eleitoral partidária busca a mobilização online de

potenciais eleitores. O Twitter e o Facebook são alguns dos mais conhecidos sites para redes

sociais, sendo também plataformas propícias à interação entre seus usuários.

O Twitter foi criado em 2006 por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams, como

projeto da empresa Odeo, e é denominado como microblog, pois permite a escrita de

pequenos textos com limite de 140 caracteres, pensado para se falar sobre os acontecimentos

cotidianos. Já o Facebook foi lançado em 2004 pelo então universitário Mark Zuckerberg, de

Harvard, e visava a inclusão de recentes universitários. O funcionamento destes sistemas se dá

através de perfis e comunidades. Nestes sites, é possível fazer compartilhamento de

conteúdos, como vídeos, imagens e textos, onde os usuários podem buscar estas informações

(RECUERO, 2009).

A Paraíba não está de fora deste cenário, onde os políticos podem utilizar redes para

uma comunicação horizontal proporcionada pela internet. Em 2012, Tatiana Medeiros, do

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), lançou candidatura para a Prefeitura

Municipal de Campina Grande. Na época eleitoral, a candidata fez uso de várias redes sociais

online, dentre elas as mais populares, como o Facebook, o YouTube e o Twitter.

Historicamente a mulher tem sido privada dos espaços públicos e políticos. Somente

no século passado as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto e a participação na

vida pública, rompendo com barreiras impostas ao longo da história. A presença das mulheres

na política, na disputa por cargos ao Poder Executivo, mesmo quando não obtêm êxito, já

revela mudanças na esfera da vida pública e de seus atores.

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Contudo, a presença de mulheres na esfera política ainda é reduzida se comparada à

inserção que os homens têm neste âmbito. Embora Tatiana Medeiros tenha se inserido no

contexto da política de Campina Grande, este projeto tem como objetivo analisar o modo

como a candidata construiu sua campanha e sua imagem pública na rede social Twitter.

Portanto, a relevância desta pesquisa se anuncia pela necessidade de se lançar um olhar sobre

o fenômeno da atuação feminina no campo da política, especialmente na Paraíba, e identificar

as relações entre a política e a comunicação nas maneiras como a candidata referenciada

usufruiu de uma ferramenta virtual para propagação de sua legenda e sua imagem. Uma

análise de caso contribuirá para entender como tem se dado a participação da mulher no jogo

político partidário no âmbito do estado, assim como poderá iluminar o debate sobre como a

imagem pública de mulheres tem sido construída em épocas da campanha.

Esta monografia se configura como uma extensão dos estudos realizados no plano de

pesquisa para o Pibic Candidatas a prefeitas em campanhas virtuais, do projeto guarda-

chuva As mulheres paraibanas no poder municipal e suas estratégias de comunicação,

desenvolvido no Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba,

entre os períodos 2012.2 e 2013.1, tendo como coordenadora a professora doutora Glória

Rabay e sendo apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq).

O projeto de pesquisa que dá origem a esta monografia tem, entre outros objetivos,

analisar as campanhas eleitorais online, em 2012, de mulheres políticas candidatas às

prefeituras das duas principais cidades paraibanas: a capital João Pessoa e Campina Grande.

Em Campina Grande, duas mulheres se lançaram na disputa eleitoral, entre elas Daniella

Ribeiro, do Partido Progressista (PP), e Tatiana Medeiros, do Partido do Movimento

Democrático Brasileiro (PMDB), ambas com grandes chances de vitória. Na capital, duas

mulheres foram candidatas nas eleições para a prefeitura, sendo elas a candidata Estela

Bezerra, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), com possibilidades reais de sucesso, e

Lourdes Sarmento, do Partido da Causa Operária (PCO), uma candidatura para marcar

posição e visibilizar as ideias do partido sem chance de vitória eleitoral.

A escolha da campanha feita por Tatiana Medeiros através do Twitter se deu pela

comparação feita entre esta e as outras candidatas. O olhar sobre sua campanha no Twitter

demonstrou que a candidata utilizou o microblog de maneira bastante extensiva - o que será

observado no capítulo quatro, referente às análises desta pesquisa. Como objeto de

investigação, foi selecionado o período de um mês antes do primeiro turno das eleições de

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2012, do dia 7 de setembro ao dia 7 de outubro, totalizando 32 dias de campanha na rede. As

metodologias quantitativas e qualitativas servirão para verificar os usos do Twitter pela

candidata. Como parte complementar do processo metodológico de análise, sua imagem

pública construída na rede também será explorada.

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1 CAMPANHAS ELEITORAIS ONLINE E TWITTER

Muito tem sido cogitado sobre o uso de ferramentas online para a comunicação

política e, mais especificamente, em épocas eleitorais. Entre os sites de redes sociais online

mais conhecidos, figuram o Facebook, o Twitter e o YouTube, cujas dimensões de

propagação de conteúdo são extensas, por meio de textos, imagens (fotos, desenhos e vídeos)

e sons. De acordo com Aggio e Reis (2012), com a evolução da internet nos últimos anos,

determinados processos políticos, como as campanhas eleitorais, vêm crescendo lado a lado e

se confundem com o envolvimento de atores políticos nesses instrumentos virtuais – do e-

mail ao site e até os blogs, para atualmente chegar às chamadas redes sociais.

Através do acesso à internet pela web, se “rompe barreiras geográficas e, de forma

instantânea, permite o acesso aos dados, informações e ferramentas da rede mundial de

computadores a partir de qualquer terminal conectado” (SILVA, 2013, p. 2). Uma das

principais características da internet e suas ferramentas para comunicação, dentre elas as redes

sociais online, é a interatividade que se proporciona os internautas que participam delas.

Diferentemente da mídia tradicional (impressa, radiofônica ou televisava), onde a relação

entre eleitor e candidato não permite a troca de informações e conteúdo em partilha, esses

sites para redes sociais propiciam uma mediação horizontal entre ambos os atores,

possibilitando justamente conversações, a troca de mensagens, publicações diversas, assim

como o compartilhamento de conteúdos, o que sugere uma relação não mais passiva entre o

candidato e o potencial eleitor.

Essas características descritas acima aparecem e são identificadas naquela que é

comumente chamada de Segunda Geração da Internet, ou Web 2.03, onde a interatividade, e,

portanto, a participação online, o compartilhamento de informações e a produção de

conteúdos são marcas gerais.

A caracterização da Internet e seus recursos e ferramentas como meios de comunicação social surge do somatório entre a sua tecnologia, a linguagem que se desenvolve desta e dos usos, incidências e valores dados a estes pelos diversos e diferenciados usuários, atores e campos. Estes, assim, podem interagir, trocar, inserir e ofertar os mais diversos conteúdos, fazer visíveis e colocar em pauta suas visões e

3 Rossetto, Carreiro e Almada (2012, p. 2) afirmam que o termo foi criado foi criado pelas empresas O'Reilly Media e MediaLive International, sendo utilizado para designar a "segunda etapa da geração de serviços na Web, cujo principal objetivo é ampliar as formas de produzir a compartilhar informações online".

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opiniões e circular seus fazeres e processos de e para os demais usuários e campos em larga escala. (STEFFEN, 2011, p. 8).

Indo além nessa perspectiva, Levy & Lemos (2010) dão também outras reflexões

sobre a nova conjuntura da web:

A computação social da Web 2.0 aporta uma modificação essencial no uso da web. Enquanto em sua primeira fase a web é predominantemente para leitura de informações, esta segunda fase cria possibilidades de escrita coletiva, de aprendizagem e de colaboração na e em rede. Exemplos estão em expansão hoje, como comprovam a popularidade de redes sociais como Facebook, Orkut, My Space, os wikis, blogs, microblogs, os intrumentos de publicação coletiva de fotos, vídeos e música (como Flickr, Youtube, Bit Torrent), e a emergência de redes de "etiquetagem" do espaço urbano com mapas digitais (Google Earth Maps). (LEMOS & LEVY, 2010, p. 52-53).

Em períodos político-eleitorais, quando os partidos e candidatos travam disputas para

conquistar o eleitorado através de carreatas e debates informando suas plataformas, propostas

e planos de governo, é oportuno pensar de que forma são realizadas essas campanhas.

Atualmente, em especial durante o período eleitoral, os meios de comunicação exercem um

papel fundamental no jogo político podendo definir os ganhadores, daí os enormes

investimentos na produção da propaganda política. Sobre o uso político da mídia, Lima (2009,

p. 21) lembra que “não há política nacional sem mídia” e que no Brasil a própria ascensão da

mídia se deu justamente com o esforço do Estado autoritário, pós 1964, em razão da economia

e da segurança nacional, ao dispor a infraestrutura necessária à consolidação de uma mídia

nacional.

Partindo do princípio de que vivemos hoje em uma sociedade de massa, os meios de comunicação e informação que são, por definição e alcance, capazes de atingir um número enorme de pessoas, têm ganhado papel crucial na configuração do cenário político atual, por dois fatores principais. Primeiro, porque são eles que fazem a intermediação entre a esfera política e os cidadãos, e segundo – desdobramento do primeiro aspecto - porque os cidadãos tomam conhecimento do que acontece na esfera política através dos meios de comunicação. (ROSSETTO; CARREIRO; ALMADA, 2012, p. 5).

Posto isso, a mídia tradicional se configura como importante instrumento nas épocas

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que precedem as eleições no sentido de mediar os políticos e a sociedade civil em geral no

lançamento das candidaturas, propostas e debates públicos.

Embora a influência da mídia seja muitas vezes naturalizada e imperceptível aos cidadãos comuns ela tem sido considerada pelo Estado e pelos participantes dos processos eleitorais, de maneira que muitas normas têm sido criadas para regulamentar o comportamento da mídia no período eleitoral. (RABAY, 2012, p. 260).

Buscando abarcar todas as mídias possíveis e permitidas pela lei eleitoral, os/as

candidatos/as a cargos eletivos vêm cada vez mais aumentando a imersão em sites e redes

sociais virtuais, especialmente durante as campanhas eleitorais. Esta “guerra” por mentes e

corações vem demonstrando a capacidade de alguns políticos de criar uma arena de debates

nestas mídias envolvendo potenciais eleitores e estreitando a relação entre candidato/a e o

eleitor(a).

Com o advento de sites como o Facebook e o Twitter – e, no caso brasileiro, o Orkut, que por anos ocupou o posto do mais popular da sua espécie – um contingente massivo de cidadãos com acesso à internet, ao redor do mundo, associou-se a essas plataformas para fins diversos. Sejam quais forem os objetivos, desejos, predileções e atividades que esse contingente possui e exerce, o resultado político desse processo para as campanhas é um só: os sites de redes sociais agrupam, dentro de suas fronteiras, o maior número de eleitores e de militantes em potencial na internet. Se no início foram considerados apenas como novas oportunidades a serem exploradas na luta pela busca por votos, o Facebook e o Twitter – associados a outros sites de compartilhamento de conteúdos como o YouTube, Flickr, Pinterest, Instragram, etc. - tornaram-se os principais meios para empreender estratégias de mobilização e disseminação de mensagens de campanha em ambientes online. (AGGIO; REIS, 2012, p. 3).

Com relação à apropriação de sites para redes por políticos, muitos autores identificam

outras possibilidades para uso político, que iria além da função destas redes como canal para

propagação de candidaturas - uma espécie de "palanque". Rossetto et al. (2012, p. 9)

enfatizam que "na nova ecologia midiática, o fluxo da comunicação se expande e, com ele, a

audiência se fragmenta em cidadãos com diversas possibilidades de apropriação do meio". As

autoras também salientam que a internet aparece como ambiente onde a mediação não é mais

feita (ou controlada) pela grande mídia, sugerindo uma maior participação política de ambos

os atores: políticos e cidadãos. Contudo, lembram as autoras, a possibilidade aberta pela

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internet e suas ferramentas não transformam seus usuários em cidadãos "automaticamente"

interessados em política, nem garantem que estes dominem plenamente o meio, mas

possibilita que todos que a utilizam tenham iguais "oportunidades de produção e consumo de

informação" (2012, p. 9). De acordo com Rossetto et al. (2012, p. 15-16), o uso destes sites

ainda pode servir para o “fazer político diário, que significa a presença ativa dos atores na

disseminação de conteúdo informativo e de opinião que tenha relação com sua vida política”,

mas advertem que esta atribuição ainda não se consolidou entre a classe política.

1.1 INTERATIVIDADE E ATIVISMO NAS CAMPANHAS EM INTERNET

A internet, com suas diversas ferramentas de comunicação e formas de distribuição de

informação, constitui um grande aparato para políticos e/ou partidos em suas estratégias de

comunicação, especialmente em épocas eleitorais. Não se trata somente, como será explicado,

de um espaço a ser explorado para fins informativos, ou de uma via unilateral de comunicação

- tal qual o rádio ou a televisão -, como sugerem muitos pesquisadores do campo que envolve

a internet com a participação política. Segundo Camilo Aggio (2011), diversos outros(as)

autores(as) consideram-na como um potencial, inclusive, para o incremento das democracias e

estímulo à participação de civis na vida política e nos negócios públicos. É importante

lembrar que os sites de redes sociais estão entre a grande variedade de ferramentas para

comunicação disponíveis na internet. Sobre este aspecto, Raquel Recuero comenta:

Outra coisa que me parece importante é oferecer um canal de conversação com as redes sociais e não apenas de informação. As ferramentas de comunicação mediada pelo computador têm um potencial democrático fundamental, que pode ser utilizado pelos candidatos. Fazer "horário político", onde apenas o candidato fala e não escuta, é desperdiçar grande parte do potencial democrático dessas ferramentas. Criar relacionamentos é fundamental. Apesar disso, muitos ainda utilizam esses canais como formas de repetir coisas que são ditas em outras mídias, reduzindo o valor que é agregado. É preciso compreender que sites de rede social são sociais, são focados em conexões, em relacionamentos construídos pela interação. Especialmente aqui no Brasil, essa característica parece ser fortíssima. (RECUERO, 2010, disponível em: http://www.raquelrecuero.com/arquivos/midia_social_e_campanha_eleitoral.html)

Aggio (2011) conta que o uso da internet como ferramenta para realização de

campanhas eleitorais começou em 1996 nos Estados Unidos, com a utilização de websites,

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embora estes fossem limitados devido à tecnologia não tão sofisticada à época. "Entre 1996 e

1998, como era de se esperar, com a crescente popularização da internet nos Estados Unidos,

o número de websites de partidos e de candidatos atingiu níveis tão surpreendentes quanto o

número de usuários da rede" (AGGIO, 2011, p. 176). Para o autor, a questão das campanhas

remete principalmente a uma busca pela mudança na "cultura política eleitoral", que poderia

ser proporcionada através de sua forma online. Aggio (2011) expõe que nos estudos sobre

campanhas eleitorais online existem quatro questões-chave, sendo elas: 1) informações não

mais transmitidas pela mídia; 2) campanhas pequenas ou de grande porte estariam em par de

igualdade; 3) interatividade, na qual eleitores podem interagir em ambientes online e também

com candidatos; 4) ativismo online, proporcionando recursos digitais para a mobilização

dentro das campanhas, seja para fins presenciais ou online.

As questões do ativismo e da interação online visionadas em campanhas eleitorais são

o objeto de interesse de Camilo Aggio (2011) em seu trabalho "Internet, eleições e

participação: Questões-chave acerca da participação online e do ativismo nos estudos em

campanhas Online". Neste trabalho, a ideia de interação está diretamente ligada aos conceitos

de participação, mobilização e engajamento em campanhas. Segundo o autor, embasado pelas

ideias de Marques e Miola (2007), a participação representa exatamente as "democracias

liberais contemporâneas, por representar o maior déficit no que tange a princípios, valores e

procedimentos alcançados pela democracia, se comparados a valores como o da transparência,

da publicidade, da accountability e de eleições livres e justas" (MARQUES e MIOLA, 2007

apud AGGIO, 2011, p. 180). O que não quer dizer, porém, de acordo com o autor, que essas

campanhas se configurem imediatamente como mais colaborativas, mas que serviria também

para consulta e ligada aos interesses de cidadãos.

Dito isso, a interação representa um grande diferencial entre a internet e as mídias

antecessoras no contexto da propagação de legendas e candidatos em campanhas. A interação

online serve, para Aggio (2011, p. 180), como maneira de aproximação entre candidatos e

partidos com potenciais eleitores ou interessados em política no trocar de informações e

mensagens, que produziria um "sentimento de pertença e configurando elementos de

participação". Com isso, o autor se pergunta quais são as possibilidades de interação a partir

da internet e que diferiria da mídia tradicional. Respondendo à sua pergunta com base em

outros trabalhos, Aggio (2011) elenca quatro ambientes que vem junto com a internet e

possibilitam a interação entre eleitores, e candidatos também. São eles: e-mail; salas de bate-

papo; quadros eletrônicos; e uso dos websites para sondagens de opinião (NORRIS, 2001;

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STROMER-GALLEY, 2000; WARD E GIBSON, 2003; KAID, 2003; SCHUSSMAN e

EARL, 2006, apud AGGIO, 2011, p. 181).

A utilização de e-mails serve não somente para o esclarecimento de possíveis dúvidas

de eleitores, o que seria feito de forma individual, mas os políticos e/ou partidos usufruiriam

dessas mesmas mensagens para que fossem expostas nos sites da campanha, o que traria um

"efeito de responsividade"( AGGIO, 2011, p. 181).

Outra via de interação bastante eficaz na internet estaria representada pelas salas de

bate-papo, disponibilizadas nos sites de campanhas, que serviriam para dois propósitos

principais: um canal de conversação para eleitores interessados, e partir daí poderem, também,

organizar e participar de atividades de campanha; o candidato poderia, por meio desta via,

marcar encontros com seus eleitores. Já os quadros eletrônicos dispostos nos websites de

campanha são semelhantes às salas de bate-papo. Entretanto, nesse espaço não se faz

necessária a presença simultânea entre participantes. Nos quadros eletrônicos os eleitores

poderiam expor suas:

Questões, dúvidas, sugestões, comentários, informações sobre atividades de campanha, convite a mobilizações, de maneira que candidato e equipe de campanha tenham contatos com tais mensagens e ofereçam contrapartidas, seja através das respostas, de convites para mobilizações ou de requisição da atenção dos eleitores para alguma informação pertinente. (AGGIO, 2011, p. 181-182).

Sobre os websites, Aggio (2011) pondera que os políticos candidatos têm neles um

canal rico em banco de dados com as interpelações e interferências feitas pelos internautas,

que, eventualmente, poderiam usá-las para repensar suas proposições ou mantê-las, assim

como também os potenciais eleitores aproveitariam. "Tais experiências, inclusive, poderiam

agendar debates de questões em outros fóruns oferecidos pela campanha no website,

possibilitando uma convergência dos recursos de interatividade postos à disposição."

(AGGIO, 2011, p. 182).

A interatividade em ambientes online também pode ser prejudicada por uma série de

fatores. Inspirado pelas ideias de Stromer-Galley (2000), Aggio (2011) justifica que a causa

maior para que a interatividade seja fraca vem principalmente por parte dos políticos, que

acabam por não ter interesse em firmar conversas com seu potencial eleitorado. Contudo,

lembrado por Kamarck (2002), o autor exalta a importância do debate com o eleitor para a

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consolidação da democracia.

Considerar a diversidade de opiniões é uma forma leal e democrática de incentivar a diversidade de perspectivas e pontos de vista dos cidadãos, mesmo quando se trata de considerá-las em circunstâncias eleitorais. Por um lado, há possibilidades de oferecer maior espaço de debate entre os eleitores, assim como possibilitar aos candidatos a oportunidade de não apenas participarem, mas, também, levar em consideração questões que podem contribuir para um alinhamento estratégico da campanha, portanto, mais relacionado com a engenharia comunicacional estratégica de campanha. (AGGIO, 2011, p. 184).

Para Aggio (2011, p. 186), "a interatividade nas Campanhas Online, então, está imersa

numa questão mais ampla de sentidos e práticas da cultura política, que abarca não apenas as

características dos cidadãos, mas, também, os valores e práticas do sistema político".

Tendo exposto as questões sobre a interatividade, outro debate recorrente nas

pesquisas em campanhas online se refere ao ativismo online, que "diferentemente da

interatividade, poucas razões justificariam o não oferecimento de oportunidade de

mobilização, uma vez que as campanhas não correm riscos relativos ao controle de suas

mensagens ou de qualquer outra natureza" (AGGIO, 2011, p. 187).

O ativismo em campanhas online se refere justamente à utilização, por potenciais

eleitores, dos meios ofertados para a interação e, com isso, realizar mobilizações para a

candidatura do candidato em questão. Essas mobilizações, entretanto, são particularmente

uma forma de ativismo, pois, em contrapartida às mobilizações feitas contra ou a favor de

governos ou grupos, são mais voltadas a candidatura específica. Esse ativismo pode ser visto

com inferior, mas possui legitimidade por conta do seu valor político e é essencial à

participação política em sociedades democráticas. Desta maneira, a disposição de espaços

voltados para a participação de atores podem se configurar em: doações para fundos de

campanha; oportunidades para atividades a favor do candidato através da internet e mídias

móveis; e o uso dessas mídias para marcar atividades offline (AGGIO, 2011).

Como exemplos marcantes do uso de ferramentas da internet para mobilização, mais

uma vez Aggio (2011) usa os exemplos trazidos por Kamarck (2002) e aponta na candidatura

de Howard Dean à presidência dos Estados Unidos, em 2003, a utilização de um serviço de

rede social chamado Meetup.com, que serviu especialmente para marcar encontros entre

cidadãos interessados em sua campanha.

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Num outro exemplo notável, Aggio (2011) relembra que Barack Obama fez presença

na internet, em 2008, utilizando-se de diversas formas de comunicação, de redes sociais à

plataformas móveis. A partir de celulares a campanha "oferecia aos cidadãos que entravam no

espaço do evento alguns números de telefone, convertendo-os em voluntários flexíveis e

temporários, ao mandar mensagens de textos para eleitores previamente identificados como

indecisos pela campanha" (AGGIO, 2011, p. 188).

Aggio observa que "no que tange ao ativismo, as campanhas online podem

potencializar a organização de atividades presenciais que são fundamentais para qualquer

campanha, mas também possibilitam um ativismo individual, digital, sem a necessidade de

coletivizar as atividades" (2011, p. 188-189). O autor conclui que o debate sobre a questão da

participação em campanhas online pode ter trazido "ganhos democráticos a partir das

possibilidades recursivas da Internet", exige que se tenha em consideração "o papel

fundamental de uma cultura política, tanto no modus operandi do sistema político quanto nos

valores, necessidades, interesses e reivindicações dos cidadãos" (AGGIO, 2011, p. 190).

1.2 TWITTER COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA

O Twitter foi pensando, primeiramente, como um serviço para envio e recebimento de

mensagens rápidas e pequenas, identificadas como "tweet" (no aportuguesamento, tuíte), com

uma limitação de caracteres em 140. Foi criado, segundo Recuero (2009), em 2006 por Biz

Stone, Evan Williams e Jack Dorsey, como um projeto da empresa Odeo. A autora conta que

na interface do site havia, na área de edição da mensagem, a pergunta "O que você está

fazendo?". Mas vale constatar que atualmente a pergunta foi substituída pela frase "Publique

um novo Tweet...", sugerindo uma nova dinâmica no site, que talvez a rede tenha agregado

em cima dos valores atribuídos por seus usuários. Na página de cada indivíduo encontram-se

todas as suas mensagens publicadas naquela que é chamada de timeline (linha do tempo). No

microblog, além da publicação de mensagens, com a função Retweet (no seu

aportuguesamento, retuíte) é possível que o ator re-publique uma informação/ publicação de

um de seus seguidores, mas também de outros usuários que não está seguindo, desde que o

perfil esteja aberto ao público. Sobre os aspectos relacionados à estrutura do site, Recuero

(2009) explica:

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O Twitter é estruturado com seguidores e pessoas a seguir, onde cada twitter pode escolher quem deseja seguir e ser seguido por outros. Há também a possibilidade de enviar mensagens em modo privado para outros usuários. A janela particular de cada usuário contém, assim, todas as mensagens públicas emitidas por aqueles indivíduos a quem ele segue. Mensagens direcionadas também são possíveis, a partir do uso da “@” antes do nome do destinatário. Cada página particular pode ser personalizada pelo twitter através da construção de um pequeno perfil (RECUERO, 2009, p. 173).

Há também outra função do Twitter que é bastante peculiar. São as chamadas hashtags

(#), utilizadas pelos usuários para ligarem suas mensagens a uma temática. Por exemplo, a

hashtag #NowPlaying (#TocandoAgora) elenca todas as mensagens nas quais os usuários a

utilizem e as colocam numa timeline única para estas mensagens, onde qualquer usuários

pode acessar, desde que acesse esse hiperlink4.

Rossetto, Carreio e Almada (2012) discutem acerca das possibilidades das media

sociais para o uso político em um trabalho que reúne 40 análises de sobre a participação de

políticos no Twitter. As autoras constataram que os trabalhos focavam, principalmente, em

análises de caso sobre o uso desta ferramenta enquanto plataforma para campanhas eleitorais.

Entretanto, como constatado, o microblog não foi utilizado somente para campanhas

eleitorais, abrindo margens para outras utilidades políticas, como afirmam as autoras:

Apesar dos usos mais comuns da ferramenta serem o de compartilhar informações, oferecer transparência e funcionar como uma espécie de boca a boca digital, amplificando o discurso, fica claro que o Twitter não é usado somente para campanhas políticas. Agências federais e estaduais empregam o microblog pelas mesmas razões que os políticos, por ser uma forma rápida e fácil de transmitir informação e de interagir com as partes interessadas (ROSSETTO; CARREIRO; ALMADA, 2012, p. 18).

Nas averiguações feitas por Rossetto et al. (2012) quanto às análises de outros

pesquisadores, o Twitter o que acabou sendo enquadrado em sete categorias funcionais, sendo

uma delas, a principal, como canal de campanha eleitoral. As autoras distinguem as outras

categorias em: mobilização, capacidade de políticos mobilizar atores da rede em questões

políticas; divulgação de agenda/ material de campanha, que mostra o contato direto entre

políticos e eleitores na disseminação de informação; exposição de opinião pelo político sobre

4 Fragoso, Recuero e Amaral (2012, p...) definem como "conexões automatizadas que, quando acionadas, dão acesso a outro módulo de informação, não necessariamente em ordem linear".

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questões políticas; sondagem de opinião, a respeito da audiência em eventos específicos;

"fazer político diário" ou manutenção de sua visibilidade; e outros, que resguardaria mais de

um aspecto das demais categorias.

Embasadas pelas proposições de Parmelee e Bichard (2012), Rossetto et al. (2012)

assinalam três fatores que são relevantes quanto ao uso do Twitter por internautas interessados

em políticos. O primeiro deles destaca o microblog como espaço para obter informação rápida

e direta, enquanto o segundo enxerga que o mesmo site proporciona a participação destes

usuários no processo político. O terceiro fator apresentado pelas autoras fala que profissionais

que trabalham com política ou notícias de política podem usá-lo como ferramenta em suas

atividades.

Também é evidente que a utilização do Twitter por parte dos pleiteantes está

diretamente atrelada à necessidade de ampliar sua visibilidade diante dos usuários da rede,

vistos como eleitores em potencial. Nesse contexto, há o fato de que em campanhas eleitorais,

através de discursos e do embate entre os políticos pleiteantes, deve ser considerada a

visibilidade e a construção da imagem pública que um determinado candidato pode e/ou

deseja propagar. Para Gomes (2004, p. 242 apud RABAY, 2012, p. 259), a imagem pública é

“um complexo de informações, noções, conceitos, partilhado por uma coletividade qualquer, e

que o caracterizam”.

Sendo assim, Rossetto et al. (2012) falam que existe, no processo político, uma

terceira esfera além das esferas política e civil: a esfera de visibilidade pública. Gomes (2004,

p. 115, apud ROSSETTO et al., 2012, p. 6) explica que "do ponto de vista da esfera política, a

esfera de visibilidade pública é a forma com que um agente político ou uma matéria de pauta

política, por exemplo, podem assegurar o reconhecimento público da sua existência". Para as

autoras, a visibilidade pública almejada por políticos é uma questão que passa pela

necessidade de enviar mensagens ao eleitorado.

A realidade é que, além de buscarem a autopromoção e a atenção dos cidadãos, os políticos estão sempre procurando formas de ter suas mensagens transmitidas sem filtros que possam potencialmente alterá-las. O Twitter, bem como outras redes sociais, pode preencher essa necessidade, modificando a forma de se fazer política, mas sem excluir as possibilidades de se chegar à grande esfera de visibilidade pública. (ROSSETTO; CARREIRO; ALMADA, 2012, p. 19).

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Segundo Rossetto, Carreiro e Almada, "o uso político do Twitter aumentou o ativismo,

tornou os usuários mais questionadores, curiosos e informados [...] mudando como os

negócios políticos interagem com os cidadãos/eleitores e influenciando como as notícias

passam por outras plataformas midiáticas" (2012, p. 21).

A partir das reflexões sobre a participação política na internet em períodos eleitorais,

pode-se perceber a importância para a Comunicação do debate sobre o uso dos sites para

redes sociais por políticos. Desta forma o capítulo quatro, referente às análises de caso,

discutirá quantitativamente os dados obtidos ao longo da pesquisa, atribuindo sentidos aos

valores numéricos (a quantidade de publicações, que se desmembra em tipos e assuntos); e

também a análise qualitativa quanto ao uso do Twitter pela candidata Tatiana Medeiros, com

o intuito de explorar e caracterizar os elementos mais importantes e recorrentes a respeito dos

dados coletados através do perfil da candidata.

A pesquisa qualitativa visa uma compreensão aprofundada e holística dos fenômenos em estudo e, para tanto, os contextualiza e reconhece ser caráter dinâmico, notadamente na pesquisa social. Nesse contexto, o número de componentes da amostra é menos importante que sua relevância para o problema da pesquisa, de modo que os elementos da amostra passam a ser selecionados deliberadamente, conforme apresentem as características necessárias para a observação, percepção e análise das motivações centrais da pesquisa. Assim, embora a diferença entre as amostras quantitativas e as qualitativas costume ser reduzida, de forma simplista, a uma questão de escala (amostras quantitativas são grandes, amostras qualitativas são pequenas), é importante perceber que essas diferenças de dimensionamentos não são causa, mas resultado, de distinções muito mais fundamentais que dizem respeito às finalidades e aos procedimentos dos processos de amostragem para os dois tipos de pesquisa. Ao contrário da quantitativa, que se propõe a utilizar critérios probabilísticos para chegar a um modelo do universo em escala reduzida, as amostragens qualitativas buscam selecionar os elementos mais significativos para o problema da pesquisa. Assim, ao contrário das amostras quantitativas, tipicamente probabilísticas, as amostras qualitativas são, portanto, tipicamente intencionais. (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 68).

No processo eleitoral realizado em 2012, no âmbito dos municípios brasileiros, as duas

maiores cidades do estado da Paraíba, João Pessoa e Campina Grande, viram políticos se

candidatarem e estabelecerem campanhas em sites de redes. Dentre os políticos que utilizaram

esta ferramenta, houve mulheres com chances reais de vitória. Tatiana Medeiros, então

candidata do PMDB à prefeitura de Campina Grande, utilizou as principais redes sociais

online para divulgação de sua campanha.

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Tratando-se de uma candidatura feminina, é pertinente, portanto, que se entenda o

contexto da mulher na sociedade e sua atuação no âmbito da política. Para tanto, o capítulo

seguinte discute as questões das relações de gênero, as lutas feministas e a que "passo" está a

posição de mulheres na política formal. Em seguida, no capítulo três, serão discutidas as

representações do feminino, e o que isso invoca, em campanhas eleitorais.

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2 POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO FEMININA: TRAÇOS DE GÊNER O E LUTAS

De maneira geral, as relações de gênero (os papéis socialmente atribuídos a homens e

mulheres construídos com base nas diferenças de sexo) são marcadas pela desigualdade,

sendo resultado de um longo processo de "naturalização" das diferenças sexuais. Isto porque,

para além do caráter biológico que separam os corpos, atribuíram-se características e

performances a cada sexo, tidas como essenciais, moldando-os e adequando-os ao que se

acredita ser próprio de cada um. Assim, pode-se inferir que na sociedade como um todo

homens viveram e vivem em posição dominante em relação às mulheres. Neste sentido, fica

evidente o que se chama de assimetria de gênero (COSTA, 2012), na qual as mulheres foram

e ainda são subjugadas. Rabay e Carvalho, imbuídas pelas ideias de Bourdieu (1999),

explicam que “as relações de gênero são relações de poder – de dominação masculina,

articulada com outros campos e formas de relação de poder” (2010, p. 45).

Ainda lidamos com o machismo nas relações sociais, fruto de uma cultura patriarcal

que carrega uma série de imposições sobre a vida de mulheres, ditando a maneira como

devem viver suas vidas. São mães e filhas, avós e netas, de diferentes etnias/raças e classes,

com níveis de educação também diferenciados, todas inseridas numa espécie de controle

"invisível" ou como diria Bourdieu (1999), de dominação (simbólica) masculina, que supõe a

incorporação de valores e práticas masculinas dominantes por toda a sociedade, inclusive

entre as mulheres, mesmo quando isso as mantêm subalternas e oprimidas.

Contudo, vale lembrar que através da dominação masculina, na sua apresentação mais

tradicional, o machismo patriarcal atinge quaisquer outras minorias, como as populações

negra, LGBT e indígena, que também são alvo de práticas de discriminação e violência,

simbólica e/ou física. Na ótica social do patriarcado tem-se "determinado que os destinos das

mulheres é ser tuteladas e suas decisões passam pela chancela dos pais, maridos, detentores de

seus corpos e mentes” (FERREIRA, 2012, p. 215).

Seguindo essas ideias, Ana Alice Costa ressalta que o conceito de patriarcado não

reflete em “realidades homogêneas” (2012, p. 30):

No que se refere ao conceito de patriarcado, a perspectiva é que ele seja um instrumento analítico de realidades distintas, culturas diversificadas e processos históricos específicos que atingem as mulheres de formas e graus diferenciados, mas

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que ao final, todas, independente de como ela se manifesta, vivenciam um sistema de dominação construído a partir de um androcentrismo, vivenciam simplesmente pelo fato de serem mulheres. Assim, do mesmo modo que as mulheres brasileiras estão sujeitas a um sistema de dominação masculino, as mulheres islâmicas, por exemplo, também o estão, apesar de apresentarem realidades de vida completamente distintas. O mesmo acontece se nos prendemos somente a realidade brasileira. Veremos que essa dominação atinge todas as mulheres salvaguardando suas diferenças de raça/etnia e classe e até mesmo região. (COSTA, 2012, p. 30).

Quase nunca explorado negativamente em virtude da sua condição de gênero, pode-se

afirmar que o homem é visto enquanto um ser completo e forte, sendo a mulher vista, em

contraposição, como um ser inferiorizado por qualidades que lhe são concebidas como

naturais. "Sensibilidade", "serenidade", "docilidade" e "delicadeza" são algumas das mais

associadas ao perfil feminino. Glória Rabay explica que essas adjetivações terminam por

cristalizar as mulheres em locais subalternizados, pois sendo “sensível e doce” as mulheres

dificilmente podem fazer frente “àquele cidadão racional e forte" (2012, p. 261). A autora

afirma ainda que o imaginário social impregnou-se de forma profunda nas representações

sociais atreladas à mulher, fazendo com que a noção de historicidade/construção suma no

senso comum.

Da mesma forma que a sociedade “sequestrou” a mulher dentro do lar, reservou o espaço público ao domínio dos homens desde a Grécia Antiga e restringiu a participação das mulheres neste campo. Assim, o campo político se fundamentou em princípios criados pelos seus atores, os homens, que tornou legítimas suas práticas e dificultou a entrada da mulher. (FEIJÓ; BEZERRA; RABAY, 2012, p. 6).

Para Rabay e Carvalho (2008), a dificuldade do ingresso de mulheres na vida política

partidária passa pelo seu complicado acesso às "arenas políticas e aos canais de poder", em

razão dos limites que o papel social feminino carrega. "A política é uma instituição

corporativa de representação de interesses, com normas próprias de recrutamento e

treinamento político. Além disso, diferentemente do homem, os ciclos de vida da mulher

segmentam sua vida, em particular, com o advento da maternidade" (RABAY; CARVALHO,

2008, p. 33). Além de problemas como a divisão sexual do trabalho, que impôs o âmbito do

privado como lugar de crescimento e formação da mulher, "a socialização diferenciada por

sexo não as instrumentalizou para competir" (RABAY; CARVALHO, 2008, p. 34).

Neste contexto de inserção da mulher da vida privada para a vida política e no espaço

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público e social, Costa (2012, p. 41-42) afirma que uma das conquistas mais marcantes a

respeito dos direitos das mulheres foi a da cidadania política com a Lei do Sufrágio Universal,

em 1932, dando espaço às mulheres no âmbito das decisões públicas e políticas,

anteriormente destinadas somente aos homens. Desta maneira, o Movimento Sufragista foi

reconhecido no mundo como um dos primeiros de uma série de revoluções, no âmbito da

cultura e da sociedade ocidental, trazidas pelas conhecidas “ondas feministas”. Contudo,

ainda de acordo com a autora, a cidadania civil, que garantiria a igualdade formal entre

mulheres e homens, apenas se consolidou legalmente com a Constituição Federal de 1988,

assegurando, portanto, acesso às mulheres na vida social. Rabay e Carvalho (2010) dizem

que, na segunda metade do século passado, os movimentos consideraram em suas lutas as

questões da violência doméstica e dos direitos sexuais e reprodutivos como novas bandeiras a

se levantar, atrelando à noção de direitos das mulheres.

Embora muito se tenha conquistado no plano dos direitos das mulheres, contribuindo

para sua inserção na vida política e pública, “essa ideia de cidadania plena e universal se

apresenta como uma utopia para a maioria das mulheres e outras minorias, exatamente por

não contemplar as diferenças de gênero e raça/etnia.” (COSTA, 2012, p. 42). Isto posto, pode-

se presumir que a própria participação política feminina nos espaços de poder ainda carece de

incentivos, como a lei de cotas e outras políticas públicas, que levem a diminuição desta

diferença entre a participação de homens e mulheres, referida inclusive por números oficiais.

"A maioria das mulheres ainda não pode decidir sobre suas próprias vidas, não se constituem

enquanto sujeito histórico e político, não exerceram ou exercem o poder, seguem oprimidas

vivenciando as mais diversas formas de opressão" (COSTA, 2012, p. 17).

Apesar dos avanços obtidos nos anos recentes, "a luta contra as discriminações das

mulheres em matéria de direitos políticos tem sido uma das ênfases do movimento feminista,

desde seu surgimento quando ainda lutava pelo acesso das mulheres à educação e pela

conquista dos direitos civis mais elementares." (COSTA, 2012, p. 42). Dos ganhos trazidos

pelas feministas em matéria de direitos e lutas por igualdade, a autora coloca que a própria

teoria política começou a se preocupar com a questão da igualdade/diferença apenas

recentemente, visando uma cidadania democrática em termos de diversidade e pluralismo.

Se compararmos os dados da participação feminina nos diversos setores da sociedade entre o início e o final do século XX, veremos concretamente o quanto foi profunda essa transformação. Hoje somos mais de 35% do mercado de trabalho, já

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somos quase 51% do eleitorado do país, somos maioria entre os estudantes, conseguimos conquistar igualdade legal e ocupar espaços até então exclusivos do mundo masculino. (COSTA, 2012, p. 15-16).

2.1 PARTICIPAÇÃO FEMININA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE PODER

Em 29 de setembro 2009 foi promulgada a Lei Nº 12.034, uma política de cotas

estabelecendo que os partidos ou coligações devem atender a um percentual mínimo de 30%

(trinta por cento) e máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. No

âmbito da política formal, o Brasil vem apresentando algumas reconfigurações na composição

de políticos no poder. Nas disputas eleitoras por cargos de representação pública, no ano de

2010, o país elegeu sua primeira presidente, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores

(PT). Naquele ano, também concorreu ao pleito presidencial Marina Silva, então filiada ao

Partido Verde (PV). Entretanto, é oportuno pensar se a presença de mulheres na política

realmente elimina as discrepâncias na participação entre homens e mulheres.

Rabay et al. (2013), com base em dados obtidos pelo Tribunal Superior Eleitoral

(TSE), realizaram algumas constatações a respeito da participação política de mulheres nos

últimos vinte anos. A pesquisa demonstra um aumento progressivo, porém relativamente

pequeno, do número de mulheres nas prefeituras brasileiras, a níveis nacional, regional e na

Paraíba. Segundo as autoras, de um total de 4.972 cidades em 1993 no Brasil, 171 eram

governados por mulheres, o que equivale a 3,43% das prefeituras. No ano de 2012, o número

de mulheres eleitas no país passou para 664, aumentando para 12,1% no conjunto das

prefeituras municipais. Diante do total de prefeituras comandadas por mulheres, Rabay et al

(2013) lembram que somente uma capital elegeu uma mulher como prefeita, a saber, Boa

Vista, no estado de Roraima.

Ainda de acordo com a mesma pesquisa, no Nordeste, no período de 1993-1996, o

percentual era de 5,9%, resultando em 92 prefeitas; em 2012, percebe-se um avanço no

número final de prefeitas nordestinas, 289 mulheres, equivalendo a 16% dos 1.792 municípios

da região. Os resultados dos índices também apontam avanços no número de prefeitas eleitas

na Paraíba entre 1993 e 2012. Em 1993, 14 prefeitas, ou 8,2%, totalizavam o número de

prefeituras com mulheres no comando. Nas eleições majoritárias municipais de 2012, "120

mulheres disputaram as prefeituras paraibanas, correspondendo a 20,7% do total de 579

candidaturas, nas 223 cidades paraibanas. Foram eleitas 49 mulheres, representando 22% do

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total de municípios do estado" (RABAY; CARVALHO; SILVA; 2013, p. 5). As autoras

fazem ressalvas de que o crescimento da participação das mulheres paraibanas nem sempre

foi gradativo, tendo nas eleições para 1997 uma queda no número absoluto e relativo de

prefeitas, respectivamente 13 e 5,82%. Nas eleições de 2000, um percentual aquém daquele

de 1993. Embora de maneira pouco expressiva em relação à quantidade de prefeituras

existentes no Brasil e especificamente na Paraíba, a participação das mulheres vem

aumentando lentamente ao longo dos últimos vinte anos.

Sem dúvida, a partir dos anos 1990, houve uma maior participação das mulheres na política, notadamente em âmbito municipal. Contudo, a militância pela conquista de votos e a efetivação de candidaturas femininas enfrentaram grandes obstáculos. Em especial, a resistência das estruturas e da cultura político-partidária se destaca nas capitais, que raramente conseguem eleger uma prefeita e nem um número significativo de vereadoras por legislatura. (RABAY; CARVALHO; SILVA; 2013, p. 4).

Efetivamente, o número de mulheres tem crescido no âmbito das prefeituras

municipais no Brasil, no Nordeste e, por fim, na Paraíba. Esse fenômeno tem sido registrado

por pesquisadoras interessadas em descobrir se a participação feminina está propiciando, de

fato, uma mudança nos espaços de poder. Para Ana Paula Costa e Elizabeth Lima (2013), as

últimas eleições municipais foram bastante representativas de uma mudança no quadro da

participação política feminina no Brasil.

A participação cada vez mais significativa das candidaturas femininas nas últimas eleições municipais e presidenciais revela que apesar de todos os obstáculos e dificuldades, a presença de mulheres no espaço político tem se tornado algo mais comum e efetivo, demonstrando assim uma reconfiguração na disputa por espaços de poder e quem sabe possa vir a promover mudanças na cultura política brasileira. As eleições municipais de 2012 registraram dados que comprovam a ascensão da participação feminina nas disputas eleitorais. O número de mulheres eleitas para as prefeituras no 1º turno aumentou 31,5% em 2012 em relação ao 1º turno de 2008, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) (COSTA; LIMA, 2013, p. 1).

Apesar dos avanços trazidos por meio das lutas feministas e pela real participação

feminina na política do Brasil, não se pode deixar de lado a perspectiva de que a inserção de

mulher no âmbito político está longe da paridade esperada.

Sendo assim, a intenção deste trabalho é analisar o uso das redes sociais e a construção

de imagens públicas pelas mulheres na política partidária, em particular no período de

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campanas eleitorais.Para o estudo, foi escolhida a campanha eleitoral online de Tatiana

Medeiros à prefeitura de Campina Grande, especificamente no Twitter, para entender como a

ferramenta foi utilizada e de qual maneira se buscou construir a imagem pública da candidata.

As convenções sociais a respeito da mulher, em geral, são reforçadas em épocas de campanha,

e, portanto, a análise da imagem pública construída pela candidata pode vislumbrar que

estereótipos ou valores são atribuídas à sua identificação.

Restrita ao âmbito privado por muito tempo, as mulheres só recentemente conquistaram o espaço público. Essa conquista não se fez fácil, e em torno dela muitas imagens se agregaram, moldando, na maioria das vezes, com estereótipos, as mulheres que adentraram no mundo, quase que exclusivamente masculino, da política. (RABAY, 2008, p. 176).

O seguinte capítulo tratará sobre algumas questões relacionadas à visibilidade e

imagens de políticos e, mais especificamente, de mulheres candidatas. Fazem parte, assim, de

uma importante reflexão teórica que fornecerá subsídios para refletir sobre a imagem criada

pela candidata campinense através de uma mídia social.

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3 VISIBILIDADE, IMAGENS E REPRESENTAÇÕES FEMININAS

Em razão de sua extensa obra e de reflexões mais que oportunas quanto à participação

de mulheres na política formal e em campanhas eleitorais, os trabalhos de Irlys Barreira a

respeito da imagem política feminina são amplamente citados ao longo deste capítulo. A

autora pensa as eleições como fenômenos que podem revelar rituais que ensejam apelos sobre

a feminilidade. A representação feminina, pensada pela pesquisadora nesta fase específica da

vida política, mostra elementos e símbolos que auxiliam a compreender a criação da imagem

por Tatiana Medeiros em sua campanha online. Sendo assim, as ideias de Barreira

enquadraram-se com pertinência no procedimento metodológico de análise de imagem.

3.1 A TEMPORALIDADE DA IMAGEM

A visibilidade de um candidato(a) qualquer é um elemento fundamental em épocas de

disputas eleitorais, pensado inclusive pelas equipes de marketing antes da propagação da

candidatura. Para se discutir a visibilidade, ou seja, a imagem pública de um político, é

necessário que se entenda que essa perspectiva se aplica a momentos diferentes da história

humana, conferindo uma noção de temporalidade a respeito da imagem.

Tomando como base as reflexões de Courtine e Haroche (1998), Barreira (2008) diz que

aparência e interioridade fazem parte tanto do jogo político quanto do teatro, criando, assim,

duas esferas na vida: a pública e a privada. Na época em que as monarquias prevaleciam

enquanto ideologia política, a imagem de soberanos era constituída pela dualidade vida

pública versus vida privada. Por outro lado, a autora identifica que o político da era moderna é

“moldado por uma interioridade muda, baseada no cálculo das aparências que remete à

própria constituição de identidade do sujeito. É contra a duplicidade monárquica que se ergue

assim um eu autêntico, criando-se uma nova política do rosto” (2008, p. 23). Para a autora,

política e teatro são formados “por um olhar cujos elementos fundamentais encontram-se na

aparência e representação. A partir desse olhar, estabelecem-se dominações e resistências,

pois nenhum poder se firma fora das estratégias de aparência” (2008, p. 22).

Nos períodos eleitorais, o cuidado com a imagem pública se torna um dos fatores mais

evidentes da vida política. Projetar um candidato qualquer envolve participação não só em

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carreatas e palanques, mas também na TV, no rádio e, mais recentemente, na internet. Em

concordância com o pensamento de Irlys Barreira, "a própria legitimidade dos atores políticos

[...] perpassa a criação de uma estética, que faz dos meios de comunicação um poder

simbólico essencial da era contemporânea" (2008, p. 17). Neste sentido, a mídia desenvolve

papel fundamental na construção da imagem. Nela, além de se fazem visíveis, políticos

podem abarcá-la a fim de informar sobre seus trabalhos, contribuindo para a transparência

pública, prática essencial das democracias liberais contemporâneas. A partir das reflexões de

Sodré (1991), a autora relembra diferentes momentos da história brasileira que evidenciam a

temporalidade da imagem, por exemplo na "carranca da ditadura contra o sorriso da Nova

República" (2008, p. 17). Ao citar as expressões “Brasil Simulado e Brasil Real” feitas por

Sodré (1991), conferindo à política uma "dimensão simbólica", Barreira explicita que essa

mesma dimensão não deve ser entendida como "mero falseamento, pois tem nítida

correspondência com os valores culturais, estratégias de identificação e outros componentes

que integram os diferentes modos de fazer política" (2008, p. 17). Nesta perspectiva, pensar a

construção da imagem pública de determinado pleiteante é também investigar que tal

preocupação é inerente àqueles que fazem política, ou seja, imagem e fazer político são dois

elementos que se integram.

Os autores Mundim e Tomaz (2007, p. 135) discorrem que, atualmente, o cerne da

imagem pública é constituído a partir de “disputas simbólicas por meios de processos

comunicativos mediados pela linguagem”. No jogo das representações, políticos criam

imagens positivas para si, ao passo que podem também “desconstruir e desestabilizar a

imagem de uma pessoa, partido, etc., a que se opõem, buscando dar-lhes uma conotação

positiva” (MUNDIM; TOMAZ, 2007, p. 135). Para Barreira, as disputas eleitorais “sinalizam

um tempo em que os expoentes rivais potencializam os eventos, maximizando os espaços de

produção de imagem, no sentido positivo e negativo” (2008, p. 66).

Segundo Barreira (2008), o período de escolha de representantes políticos acena com

as mudanças no jogo político no cotidiano da sociedade. Para a autora, é durante as

campanhas eleitorais que os interesses individuais e coletivos se fazem visíveis através de atos

e de discursos, dando visibilidade sobre a política e políticos, podendo revelar a natureza da

política como “espaço legitimado de ação social” (2008, p. 45). É no momento das

campanhas, onde a transparência das disputas fica em evidência, que se configura um “tempo

da política”, como uma conjuntura contratual entre candidatos e eleitores. “Assim, cada

candidato mostra a que veio, firma seu lugar diante aos demais, convoca seu público eleitor,

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aciona grupos de apoio e interage com potenciais eleitores seguindo mais ou menos as regras

do jogo eleitoral” (BARREIRA, 2008, p. 45).

Ora, já que as eleições são bastante expressivas sobre sujeitos políticos, partidos e o

próprio fazer político, é através delas que se “descortinam um conjunto de significados

simbólicos, visões de mundo, divisões que se explicitam em linguagens, crenças e rituais”

(BARREIRA, 2008, p. 46). Neste contexto, as candidaturas femininas possuem

particularidades que merecem ser estudadas, principalmente pela condição histórica da mulher

na sociedade.

3.2 REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS DE MULHERES

Pensar a mulher enquanto sujeito político ou candidata a cargos políticos pode dar a

entender, no senso comum, que o fazer político de uma mulher possui traços diferenciados

demarcados pela condição de gênero, demarcando o que se espera ou não de uma mulher na

política. É recorrente que se pense que as mulheres não têm "pulso firme" para o exercício do

poder, e isso geralmente ocorre associando-as à sua imagem estereotipada, enquanto pessoas

“frágeis” e sem a "constância" necessária para o trabalho árduo da política. Neste sentido,

analisar a imagem pública-política da mulher pode contribuir tanto para desmistificar

percepções mais simplistas da sua participação, como para analisar a construção da imagem

enquanto sujeito político.

As ideias impregnadas na sociedade de como são ou devem ser os políticos, homens

ou mulheres, e o contexto social onde eles estão inseridos, fazem parte do jogo político. No

caso específico das candidaturas femininas e o que elas possam representar, Barreira alerta

para a "necessidade de pensar as candidaturas de mulheres em sua expressão plural, evitando

trabalhar com o conceito de mulher como unidade social, o que poderia levar a afirmações do

tipo 'a mulher age na política' ou 'a mulher pensa a política'" (2008, p. 48). A autora reflete

que, em virtude de sua dita “natureza”, a participação da mulher na política pode evocar

traços que a diferenciem dos demais sujeitos.

Representações associadas ao "feminino" parecem comparecer com eficácia nos momentos de crise política ou transição. Seja na ótica corretiva ("uma mulher age

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diferente"), na visão altruísta ("interesses coletivos acima dos individuais") ou na perspectiva salvacionista ("relações mais humanistas"), emerge a ideia de uma posição "diferente", geralmente marcada por oposições radicais. (BARREIRA, 2008, p. 29).

Ainda que essas visões possam incidir sobre mulheres que se lançam a cargos

políticos, Barreira (2008, p. 48) entende que referências ao poder feminino "expressam

versões idealizadas sobre um desempenho tido como potencialmente positivo e capaz de

modificações nos espaços institucionalizados da política". De acordo com a autora, isso

implicaria pensar que atributos tidos como próprios da "natureza feminina" seriam deslocados

para "o espaço de práticas sociais e políticas consideradas virtuosas em si mesmas" ainda que,

"as próprias campanhas de candidatas mulheres, não raro, lancem mão de argumentos

referentes a qualidade femininas consideradas imprescindíveis para uma proposta de

renovação no campo da política" (2008, p. 48). Nas campanhas, quando há mais de uma

mulher no páreo, a autora sugere que discursos com efeitos de diferenciação podem emergir

com mais frequência.

Irlys Barreira (2008, p. 48), em suas análises sobre os símbolos que caracterizam

mulheres e rituais nas candidaturas femininas, diz que:

A enunciação das diferenças, a construção ou desconstrução de identificações, envolvendo referentes de gênero, são temas comuns em campanhas políticas. As candidaturas de mulheres ensejam discursos, rituais e slogans que conformam o que pode ser nomeado de jogo de identificações e diferenças. (BARREIRA, 2008, p. 48).

Por outro lado, essas mesmas diferenciações propostas por Barreira podem ser fruto de

caracterizações trazidas pelo próprio partido no qual as candidatas se filiam. Fundamentada

por Goffman (1989), Barreira (2008) indica que além dos rituais que circunscrevem mulheres

e homens em condições díspares, conferindo a elas traços de singularidade em suas

candidaturas, a condição de pertencer a um partido suporta os ideais, que se configuram como

regras convencionais de cada partido. Portanto, diferenças ideológicas/partidárias constituem

também significantes do que podem caracterizar a apresentação de mulheres candidatas a

algum cargo de poder, seja a nível nacional, estadual ou municipal.

Sobre a participação de mulheres na política, muito ainda se tem falado associando-as

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a sua condição de gênero. Em campanhas, isso se evidencia com mais frequência, e parece ser

com relação às mulheres que mais se pesa a forma como poderão governar. Barreira pondera

que “interpelações discursivas dirigidas às mulheres, convocações de rituais específicos à

categoria mulher ou afirmação de valores considerados tipicamente femininos” são,

geralmente, uma “tentativa de se realizar o coletivo 'nós mulheres', aglutinando bens culturais

e simbólicos já constituídos e transformando-os em capital político” (2008, p. 67). Seja nos

símbolos que remetem à mulher como mãe e/ou esposa, dona de casa e/ou trabalhadora –

entendendo que o serviço doméstico pode não ser considerado um trabalho no senso comum -,

as mulheres costumam ser alvo de vários estereótipos que as qualificam. No entanto, é preciso

que se compreenda que essas imagens tendem a fixar valores, em geral tradicionais e

essencialistas, sobre as mulheres, sobretudo em campanhas. Isso quer dizer que se trata antes

de construir um capital simbólico.

A partir desse prisma, cabe pensar a criação de tal capital e sua conversão para um

valor político. O capital simbólico é um conceito usado por Barreira (2008, p. 95) a partir da

reflexões feitas por Pierre Bourdieu (1989), que segundo a autora, sua construção “não se

efetiva senão em um campo construído de reconhecimentos e disposições”. Dito de outro

modo, os atributos e as qualidades necessários a um indivíduo político ou social, que aqui

podem ser retratadas como o “carisma”, entendido como positivo e validado pela sociedade.

Assim, um político que se coloca mais próximo do povo, apresentando carisma, mostrando

pertencimento a tal local, gera capital simbólico, gera imagem positiva. O caso de Tatiana

Medeiros, analisada mais detalhadamente a partir do capítulo quatro, revela como o status de

mulher, mãe e médica surge como capital simbólico e é agregado ao seu capital político, visto

suas experiências pessoais e no serviço público de saúde. Partindo dessa ideia, Barreira (2008,

p. 95) coloca que “os atributos de um campo são comumente postos em concorrência, na

medida em que ele é sobretudo formado por antagonismos e disputas pela hegemonia de

valores sociais”, mas que, contudo, esses mesmos atributos podem inclusive produzir efeitos

negativos. Significa dizer que se utilizar de um status consolidado em um campo, como a

maternidade ou a medicina, nem sempre agrega dividendos no campo da política.

De todo modo, várias são as atribuições à imagem de uma candidata que acabam por

trazer créditos, e, em vários casos, podem até se associar a atributos considerados masculinos,

moldando formas ainda mais diferentes sobre a apresentação de mulheres. Assim, pode-se

entender que há uma pluralidade nas representações femininas. Sobre esta reflexão, Barreira

(2008) sintetiza bem a ideia:

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A colocação da figura feminina como significante da prática política acena com diferentes possibilidades figurativas. Se a época da República remete fundamentalmente a aspectos mitológicos e religiosos, a presença efetiva da mulher nos espaços públicos contemporâneos apresenta outro conjunto de significados que podem ser lidos mediante dois códigos não necessariamente excludentes. A combatente ou a guerreira estão figuradas na militante, que faz de sua participação nas lutas populares a força de um capital simbólico. A experiência, e o tino administrativo, por outro lado, remetem tanto a valores significativos do mundo masculino como à capacidade efetiva de gerenciamento doméstico, do qual a cidade pode constituir uma espécie de extensão. Também valores referentes à sensibilidade ou maternidade são constantemente evocados na tentativa de transferir capital simbólico construído no âmbito doméstico para o espaço da política. A imagem da candidata militante constitui a evidência de valores libertários típicos da mulher moderna que é capaz de, sozinha, "fazer a sua carreira política". (BARREIRA, 2008, p. 76-77).

Como se pode perceber acima, as mulheres em situações de campanha podem

relembrar diversas formas de representação, identidade ou apresentação, passando pelas

imagens da mulher militante à ideia de idoneidade para o cargo que requer. Como exemplo, as

candidaturas, em 2010, de Dilma Rousseff (PT) e de Marina Silva, do Partido Verde (PV),

mostraram a face da mulher capaz se liderar o país, já que antes coordenaram pastas no então

governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A primeira, com a proposta de continuação dos

trabalhos de governo; a segunda, a promessa de ruptura.

Reiterando que as candidaturas de mulheres parecem evocar com grande frequência a

condição feminina, Barreira (2008, p. 71) fala que essa mesma condição pode ser associada a

valores humanitários, indicando “tanto o sentido da busca de representatividade como a

tentativa de recorrer a padrões universais sedimentados e legitimados na memória cultural”.

Inspirada por Sfez (1988), a autora pensa que se trata de uma das “regras básicas do processo

simbólico que consiste na busca de definir fronteiras e simultaneamente colocar-se como

expressão de uma totalidade”. Portanto, essa questão repousa “na qualidade de mulher

afirmar-se uma especificidade suprapartidária que se amplia na perspectiva de porta-voz de

sentimentos universais”, podendo, a partir daí, a mulher “beneficiar-se da associação entre sua

condição subordinada e a possível representação da exclusão social em todos os níveis”.

Barreira considera que mulheres em situações de campanhas podem, geralmente, construir

estratégias que remetem a um “sentido cênico e uma estrutura discursiva”, o que as favorece,

uma vez que se concebe como algo "'a mais', um além que afirma alusões à universalidade de

valores” (BARREIRA, 2008, p. 71).

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As reflexões feitas por Barreira trazidas aqui sobre o que se refere a candidaturas

femininas ou mulheres da política servem como alicerce para se pensar que imagem Tatiana

Medeiros levou através da rede social Twitter. Terminadas essas revisões, o capítulo quatro a

seguir tratará das análises de caso: os usos atribuídos ao Twitter pela candidata, com amostras

quantitativas e qualitativas; e a imagem pública feita através deste, tendo, primordialmente,

figuras ilustrativas que dão base à análise.

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4 A CANDIDATA, A MILITANTE, A MÉDICA

Filha da enfermeira Zoé de Oliveira Medeiros e do médico José Moysés de Oliveira

Neto, Tatiana de Oliveira Medeiros nasceu no dia 21 de julho de 1966 em Campina Grande,

segunda maior cidade do estado, conhecida popularmente como Rainha da Borborema e

localizada no agreste paraibano. Tatiana formou-se em Medicina pela Universidade Federal

da Paraíba, especializando-se em ortopedia e traumatologia. No percurso profissional,

trabalhou em hospitais das redes pública e privada da cidade. Atualmente divorciada, tem

quatro filhos, sendo um deles ex-vereador da cidade, Cassiano Pascoal Medeiros de Pereira

(SILVA; LIMA, 2013). O filho de Tatiana foi também chefe de gabinete na gestão de

Veneziano Vital do Rêgo, entre os anos de 2008 a 2012.

Na história de Campina Grande apenas uma mulher comandou a cidade. Cozete

Barbosa, ex-sindicalista e analista de sistemas, foi eleita em 2000 à vice-prefeita da cidade,

tendo como prefeito Cássio Cunha Lima (RABAY et al., 2013). Em 2002, porém, Cássio

deixou seu cargo para concorrer às eleições majoritárias ao Governo do Estado, passando o

comando da cidade à Cozete, que governou a cidade até 2005.

A primeira vez que Tatiana Medeiros concorreu a um carpo eletivo político partidário

foi em 2010, quando se candidatou pelo Partido Social Liberal (PSL) a uma vaga na

Assembleia Legislativa da Paraíba, mas sem vencer o pleito, atingindo 10.408 votos. No ano

de 2011, também na gestão de Veneziano, Tatiana se tornou Secretária Municipal da Saúde.

Para entrar nas disputas eleitorais de 2012, Tatiana precisou abandonar o cargo.

Para se candidatar à prefeitura de Campina Grande nas eleições majoritárias de 2012,

Tatiana postulou sob o número 15 do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),

e acabou entrando na linha dos quatro "prefeitáveis" com maior popularidade, sendo os outros

três: Romero Rodrigues Veiga, pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB);

Daniella Velloso Borges Ribeiro, pelo Partido Progressista (PP); e Guilherme Augusto

Figueiredo de Almeida, pelo Partido Social Cristão (PSC).

Como parte das intenções desta investigação é analisar a maneira como Tatiana

Medeiros utilizou o Twitter durante sua campanha, convém assinalar que os candidatos

oponentes também fizeram uso da mídia como forma de propagar suas candidaturas, além das

mulheres analisadas na pesquisa. Pode-se dizer, com isso, que não foi exclusividade de

nenhum candidato o uso do Twitter, e mesmo de outros sites para redes, como o Facebook.

Como todas as campanhas eleitorais brasileiras realizadas em 2012, a de Tatiana

Medeiros teve início em 6 de julho. Todas as postagens realizadas entre julho e outubro foram

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armazenadas por meio de printscreen (captura de imagens na tela do computador feita com o

teclado). Contudo, o recorte das amostras coletadas para a análise que compõe esta

monografia resultou das publicações realizadas do dia 7 de setembro ao dia 7 de outubro, um

mês antes do primeiro turno das eleições gerais, partindo da ideia de que é no período das

prévias das eleições que acontece o ápice da disputa entre as/os candidatas/os nos debates e na

procura pela exposição de sua candidatura.

Para fins práticos de análise empírica, foram classificadas e tabuladas todas as

informações obtidas através das postagens feitas no período de campanha, como forma de

organizar as mensagens da candidata e observar quais os padrões de uso da mídia. Conforme

será explanado em tabelas a seguir, percebeu-se que Tatiana manteve o uso da mídia como

forma de mobilização, propagação de suas propostas e publicização de si mesma a partir de

mensagens próprias ou de retweets.

4.1 ANÁLISE DOS USOS FEITOS PELA CANDIDATA, MOBILIZAÇÃO,

INTERAÇÕES E PUBLICIZAÇÃO

Como parte fundamental para o estudo de caso sobre o modo como o Twitter foi

utilizado pela candidata Tatiana Medeiros, serão realizadas exposições quantitativas e

qualitativas neste tópico das análises, com o objetivo de verificar o quão extensiva foi sua

participação online nesta rede.

Embora as amostras coletadas durante a pesquisa Pibic tenham sido reduzidas na

proposta para esta monografia, objetivando esmiuçar um período crítico na trajetória rumo às

eleições e analisar especificamente a participação online da candidata Tatiana Medeiros, serão

realizadas algumas exposições das amostras gerais, que foram coletadas e tabuladas no início

da pesquisa. Essas exposições são necessárias uma vez que servem para refletir sobre o

motivo de ter sido escolhido somente a campanha de Tatiana Medeiros como objeto de

estudo, dentre outras candidatas. Vale relembrar que aqui o objeto foi delimitado contando um

mês a partir do dia 7 de setembro ao dia 7 de outubro, ou seja, 32 dias até o primeiro turno das

eleições de 2012. As demais amostras, referentes a todos os meses de campanha, também são

tabelas quantitativas e visam desenhar um panorama da participação da candidata na rede.

As tabelas que estão representadas ao longo desta seção servem, primeiramente, para

mostrar a amplitude do uso feito por Tatiana em comparação com as outras candidatas que

fizeram campanha através da rede (Tabela 1). Em segundo lugar (Tabela 2), são realizadas

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exposições a respeito da quantidade de postagens realizadas por Tatiana durante o período

estabelecido. Por conseguinte (Tabela 3), há a quantidade detalhada de quais tipos de

mensagens (publicação, retweet e resposta/ com menção) foram realizadas pela candidata no

período analisado. Com base nesta tabela, e através da leitura das postagens realizadas no

período, uma quarta tabela (Tabela 4) foi criada para fins de análise dos conteúdos

publicados, com imagens demonstrativas das publicações.

Na Tabela 1 a seguir, há o total de mensagens publicadas (ou posts) por todos os perfis

encontrados, separando a quantidade de postagens para cada mês, cumprindo período

estabelecido para a pesquisa Pibic. Ressaltamos que a referida pesquisa se ateve à análise do

uso das redes sociais virtuais por parte das mulheres candidatas.

Tabela 1: Número de posts no Twitter por candidatas às prefeituras de João Pessoa-PB e Campina Grande-PB e de suas assessorias durante o período das campanhas eleitorais

Pode-se perceber que há duas categorias para os perfis, aqueles que estão

representados pelo próprio nome da candidata e que, a partir disso, aqui são considerados

como o perfil oficial da candidata. Os demais, colocados como "Outros Perfis", são os canais

que têm como objetivo assessorar a candidata em questão - vale ressaltar que são

reconhecidos por elas como parte de suas campanhas. Dos perfis oficiais, estão Daniella

Ribeiro5, Estelizabel6, Lourdes Sarmento7 e Tatiana Medeiros8. Dentre os perfis de assessoria,

5 Página para o perfil: https://twitter.com/Daniella11CG 6 Página para o perfil: https://twitter.com/Estelizabel

JUL AGO SET OUTTOTAL DO PERÍODO

Daniella Ribeiro PP - CG 271 185 177 187 820

Estelizabel PSB -JP 49 33 22 32 136

Lourdes Sarmento PCO - JP 0 0 0 0 0

Tatiana Medeiros PMDB - CG 250 228 494 646 1618

Outros Perfis* Partido JUL AGO SET OUTTOTAL DO PERÍODO

Daniella11.com PP - CG 632 347 413 46 1438

Informe40 PSB -JP 0 0 1513 514 2027

Juventude40JP PSB -JP 42 58 54 4 158

Web_TV15 PMDB - CG 79 35 0 0 114

* Perfis criados por grupos de assessoria para a candidatura.

Fonte: Pesquisa nas páginas das candidatas, 2012.

Partido

2012

Candidata

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45

estão Daniella11.com9, o canal do comitê jovem da candidata pelo PP-CG e com 1.438

postagens no período de campanha; Informe4010, com 2.027 publicações e Juventude40JP11,

com 158 publicações. Ambos são canais de assessoria da candidata pelo PSB-JP. São eles o

canal oficial da assessoria e o comitê da juventude pela candidata, respectivamente. Por

último, Web_TV1512 , com 114 mensagens, se constituiu enquanto perfil relativo às

informações sobre os conteúdos em vídeo (guias e spots com agenda) da candidata Tatiana

Medeiros, porém, abandonado em meados de agosto.

Tendo em vista o volume total de mensagens realizadas nos perfis, o oficial da

assessoria de Estelizabel Bezerra foi o que atingiu o maior número de postagens, com 2.027

publicações, ressalvando que os meses de julho e agosto não foram alcançados através do

Twitter no momento em que as pesquisas foram feitas em cima desse perfil. Contudo, o canal

possuía a "voz" oficial da assessoria e não a “voz” da candidata, portanto, uma linguagem

característica dos assessores da candidata. Diversas mensagens reportavam-se à Estela na

terceira pessoa do singular, ou, noutras ocasiões, transcreviam discursos proferidos por ela.

Verifica-se, pois, que os perfis das candidatas pretendiam passar a ideia de que eram

atualizados pelas próprias candidatas, dando-lhes legitimidade e autenticidade.

Apesar de considerarmos que as postagens feitas pela assessoria representavam as

concepções políticas das respectivas candidatas optamos em trabalhar apenas com o Twitter

assinado pelas candidatas. Neste sentido, a escolha por Tatiana Medeiros é justificada pelo

seu extensivo uso do Twitter ao longo de quatro meses de campanha eleitoral, com um

número de postagens que quase chegaram ao dobro das publicações feitas por sua oponente

na luta pelo cargo de prefeita. Nenhuma outra "prefeitável" realizou, em seu perfil oficial,

tantas postagens quanto Tatiana. Lourdes Sarmento, que disputou pela prefeitura da capital

paraibana, não realizou campanha virtual - sua conta continua ativa, desde outubro de 2010,

mas sem nenhuma publicação. Outra candidata à prefeitura de João Pessoa, Estelizabel

Bezerra, fez apenas 136 publicações em quatro meses e, ainda assim, fez pouca propaganda

de campanha ou exposições de propostas. Por outro lado, Daniella Ribeiro, que se candidatou

à prefeitura de Campina Grande, fez um uso mais extensivo, com 820 postagens,

7 Página para o perfil: https://twitter.com/Lourdessarmento 8 Página para o perfil: https://twitter.com/dratatianamed 9 Página para o perfil: https://twitter.com/daniella11com 10 Página para o perfil:https://twitter.com/informe40 11 Página para o perfil: https://twitter.com/juventude40jp

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relativamente pouco se comparado ao de sua oponente Tatiana Medeiros que fez 1618

publicações (Tabela 1).

Em julho, Tatiana Medeiros realizou 250 publicações, o que corresponde à 15,5% do

total; em agosto, com 228, apontou 14,1%; as postagens feitas em setembro resultaram em

494, sendo 30,5% do todo; e 646 tweets foram feitos em outubro, com 39,9% do total. Ao

longo desses meses, Tatiana totalizou 1.618 publicações (100%).

A descrição dos números de publicações por mês indica que a candidata utilizou o

Twitter de maneira expressiva e progressiva, apesar de pequeno declínio em agosto. As

mensagens publicadas nos 32 dias de campanha selecionados para essa análise perfizeram um

total de 561 publicações, conforme Tabela 2 a seguir.

Tabela 2: Número de posts de Tatiana Medeiros durante período analisado, distribuído por meses de análise

Durante o período selecionado a candidata postou em média 17,5 mensagens

diariamente. O recorte de 32 dois de campanha resultou em 34,6% do total das mensagens

(1.618) e foram realizadas no período escolhido para análise.

O microblog possui dois “tipos” de publicações: a mensagem que o usuário faz com

ou sem links, “Publicação”; ou a que o próprio republica via outro perfil, “Retweet”. Atribuiu-

se ainda outra categoria sobre “tipos”: postagens "Com Menção/ Resposta", que são feitas

através de um hiperlink (@) como maneira de citar outro usuário naquela mensagem - ou, por

outro lado, há um direcionamento da publicação para um único perfil, podendo ser uma

resposta ou o início de uma conversação. Portanto, para esta análise, entende-se que

"Publicação" e "Resposta/ Com Menção" são categorias diferenciadas pela utilização de um

link que designa outro ator. Além destes, tem-se "Retweets” como uma categoria também

independente. Foi importante considerá-los como parte das análises quantitativas visto que

SET (7-31) OUT (1-7)TOTAL DO PERÍODO

Tatiana Medeiros PMDB - CG 428 133 561Fonte: Pesquisa na página da candidata, 2012.

Candidata Partido

2012

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mostram, dentro do intervalo de tempo estabelecido, se há uma tentativa da candidata em

realizar contatos diretos com outros usuários da rede.

Ressalta-se que, embora toda e qualquer mensagem postada no perfil possa ser

considerada uma publicação em si mesma, o caráter destas parece representar finalidades

diferenciadas, o que levou a tipificá-las em categorias. Com isso, gerou-se a Tabela 3, sobre a

quantidade de cada tipo de postagem realizada no referido período. Na mesma tabela, as

mensagens não foram diferenciadas pelo mês. Devido ao tamanho do objeto, diferenciar por

data as tipificações aqui dadas às postagens não traria luz ao escopo do trabalho, que é, dentre

outros, entender o quão participativa Tatiana Medeiros se fez na rede social Twitter.

Tabela 3: Número de posts feitos por Tatiana Medeiros segundo os tipos

Com base nesta terceira tabela, apresenta-se algumas discrepâncias nos tipos de

postagens realizadas. Na categoria identificada como Retweet, 133, ou 23,7%, postagens

foram publicadas. É importante explicitar que a maior parte dos retweets são aqui

considerados uma forma de mobilização em prol da candidatura de Tatiana Medeiros. O

retweet, por funcionar como uma republicação de outro ator, pode atingir diversos outros

atores da rede que não estão diretamente seguindo aquele primeiro usuário, mas que seguem a

candidata. Mesmo os que não fazem parte da campanha oficial acabam por participar de

maneira indireta, com comentários sobre as passeatas e outros eventos relacionados à

campanha. O fato de vários atores falarem sobre Tatiana ou sua campanha em seus tweets, por

meio de menções ou hashtags, geraram os retweets feitos pela candidata. Esses atores fizeram

parte das mobilizações acerca da candidatura, uma vez que as mensagens declaravam o apoio

explícito desses internautas à candidata. Percebe-se a importância da função retweet para

Tatiana Medeiros, uma vez que legitima a sua autopromoção e de sua própria candidatura.

Por outro lado, o maior número de postagens enquadra-se na categoria "Publicação" e,

como dito anteriormente, essas mensagens não possuem menções. São 394 mensagens, ou

PublicaçãoResposta/ Com

Menção Retweet TOTAL

Tatiana Medeiros PMDB - CG 394 34 133 561

Fonte: Pesquisa nas páginas da candidata, 2012.

Candidata PartidoTipos de Post

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70,3% de um total de 561, que são destinadas somente a informar sobre a campanha quem

quer que acesse o perfil de Tatiana. Pensando que através deste ambiente podem ser geradas

discussões e conversações de maneira direta, sem controle nem filtragem das mensagens, há

um perceptível desinteresse da candidata em realizar tais conversações, seja de qual natureza

for, já que foram apenas 34 (6%) publicações com menção registradas ao longo do período

que, vale lembrar, é crucial para os pleiteantes. Neste contexto, é possível até inferir que os

próprios internautas talvez não fizessem tantos questionamentos à Tatiana Medeiros,

demonstrando por outro lado que os usuários talvez não tenham percebido o poder desta

ferramenta para "provocar" os/as candidatos/as a se manifestarem e se comprometerem acerca

de temas de interesse público.

Lembrando que neste ambiente as possibilidades de interação e, portanto, a

aproximação com potenciais eleitores podem ultrapassar os níveis usuais de se fazer

campanha. Através da internet e dos sites para redes sociais, especificamente no contexto do

Twitter, Tatiana teria oportunidades como propor debates para os internautas sobre suas

propostas para governo e, então, buscar novas opiniões e tentar abarcá-las ou manter diretrizes

do plano de governo, como lembra o exemplo do site de campanha de John Kerry lembrado

por Kamarck (2002) e citado por Aggio (2011). Pelo contrário, o que se vê são pouquíssimas

interações diretas, e ainda menos são direcionadas a atores não envolvidos com a política

formal. Constata-se que na maioria (26) dessas interações a candidata mencionava Veneziano

Vital, o então prefeito da cidade, seu correligionário e apoiador, sendo as restantes

direcionadas a outros personagens da política local como forma de indicá-los, ou respostas a

perguntas ligadas ou não à campanha, para alguns outros internautas.

A partir das análises anteriores, foi elaborada uma quarta tabela a respeito do conteúdo

das mensagens da candidata, na qual foram classificados os assuntos abordados em três

categorias: "Propostas e Realizações", "Mobilização" e "Divulgação". Notou-se que estes três

assuntos foram preponderantes e havia correlação direta com a campanha. Com isso, a

candidata realizou nos 32 dias de campanha uma grande propagação de ideias, mobilização e

bastante divulgação de material de campanha, como agenda, imagens, vídeos e outros links

que direcionavam para matérias noticiosas que tinha a candidata no foco ou lhe beneficiava de

alguma forma.

Portanto, a Tabela 4 a seguir destina-se a compreender quantas postagens foram

realizadas nos tópicos por temas mais explorados pela candidata.

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Tabela 4 : Número de postagens da Candidata Tatiana Medeiros por assuntos

4.1.1 PROPOSTAS E REALIZAÇÕES

Em "Propostas/ Realizações" foram elencadas todas as postagens nas quais a candidata

explicitava seus planos para o governo, com propostas e/ou realizações ligadas a diversas

áreas, como Educação, Saúde ou o Desenvolvimento Rural. É interessante olhar para estas

proposições, pois demonstram o potencial da candidata em criar hashtags junto a alguma

temática social para detalhar suas propostas no plano de governo, ou então de outras

realizações feitas durante o governo de Veneziano ou na sua passagem pela Secretaria de

Saúde. Com isso, ampliando as possibilidades de uso do Twitter, utilizando-se de uma função

que permitiria elencar todas as outras mensagens que tivessem a mesma hashtag. No exemplo

abaixo, algumas dessas hashtags criadas pela candidata.

Na Figura 113 há uma série de proposições feitas pela candidata.

Figura 1: #TatianaTemPropostas para Educação

13 Neste trabalho, todas as figuras com mensagens devem ser lidas de baixo para cima, que indica exatamente o sentido da linha do tempo (timeline) no Twitter, visto que as mensagens se sucedem à medida que são publicadas.

Propostas/ Realizações

Mobilização Divulgação Outros TOTAL

145 151 173 92 561

Fonte: Pesquisa na página da candidata, 2012.

Assunto de post

Tatiana Medeiros (PMDB - CG)

Assuntos por postagem

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Geralmente, a candidata precedia com as hashtags #TatianaTemProposta as

mensagens que serviam para informar aos seus seguidores (e, consequentemente, internautas

que checassem o recurso de visualização sobre quem comentava com sua hashtag) seus

planos e promessas caso fosse eleita à prefeitura. Para complementar mais ainda suas

mensagens sobre propostas, Tatiana também aplicava às hashtags temas gerais de interesse

público e políticos. Algumas dessas foram representadas das seguintes maneiras:

#DesenvolvimentoRural; #InclusãoSocial; #PolíticaDoIdoso; #AssistênciaSocial;

#CiênciaeTecnologia; #MobilidadeUrbana; #Educação15; #Saúde15; #Segurança15;

#Ambiente15; #Esporte 15; #Habitação15; #Cultura15; #Guia15; #Infraestrutura15.

Com tantas temáticas sociais e de preocupações públicas, é possível verificar que a

candidata, utilizando-se da ferramenta para propagar suas ideias, distribuiu informações

políticas úteis para que todo e qualquer internauta, independente de segui-la ou não no

Twitter, pudesse se valer dessas mensagens para formar uma opinião a respeito da candidata.

Dessa maneira, Tatiana cumpriu com a ideia de transparência ao expor suas proposituras. No

período que equivale a um mês antes das eleições gerais, 145 mensagens, ou 25.9% do total,

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representaram publicações com a capacidade de informar potenciais eleitores e interessados

nas campanhas a respeito das proposições feitas pela candidatura de Tatiana Medeiros. Ao

divulgar alguma proposta para ação futura, seguia-se em sua maioria links com folders de

campanha.

Figura 2: Folder de campanha

Fonte: http://twitpic.com/b070v9; https://twitter.com/DraTatianaMed/media

Diversos outros folders ligados a temas gerais, de interesses público e político, como

“Cultura”, visto na Figura 2 acima, entre outros, como “Ciência e Tecnologia”, “Segurança”

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ou “Saúde”, foram elaborados a fim de se propagar de maneira visual as proposituras feitas

pela candidata ao pleito de Campina Grande. Pode-se admitir que os folders ajudaram a

publicizar ainda mais a candidatura, pois contêm, assim como os tweets, informações

resumidas que facilitam na compreensão das propostas.

Com a Figura 3, observamos publicações que se alternam entre explanação de

propostas e outras que falam das realizações.

Figura 3: #VeneFez, #TatianaTemProposta

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Neste terceiro exemplo, Tatiana expõe proposituras e realizações feitas a partir de seu

partido. Por um lado, Tatiana mostra suas promessas para a área; por outro, a candidata faz

menção à Veneziano Vital e atribui junto a ele a hashtag #Venefez, contando ações realizadas

pelo então prefeito e conferindo-lhe, assim, capital político de prestígio e compromisso

realizado.

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4.1.2 MOBILIZAÇÃO

Na categoria "Mobilização", as mensagens, em sua maioria, eram de outros usuários, o

que significa dizer que foram retweets feitos pela candidata. Foi visto que a maioria dessas

publicações realizadas por outros perfis estavam em clara posição de apoio à candidatura de

Tatiana Medeiros. A Figura 4 a seguir mostra alguns desses posicionamentos.

Figura 4: Mobilização por internautas

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

A imagem em questão mostra quatro diferentes atores da rede social que comentavam

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sobre uma carreata para a candidatura de Tatiana, ocorrida em Campina Grande, no dia 15 de

setembro de 2012. A candidata, que fez retweet destas mensagens, o faz como forma de

autoafirmação, dando “provas” a todos de seu prestígio junto aos eleitores. Mas, além disso, o

retweet pode ser entendido como uma forma de mobilização de campanha, pois há

participação de pessoas que se envolveram e apoiam de maneira explícita sua candidatura. Os

eleitores, além de mobilizar, se tornam ativistas de campanha, expondo o apoio à pleiteante,

fazendo menções e hashtags, discutindo a respeito de eventos da campanha ou sobre o que

pensam da candidata.

Ainda que a muitas dessas mensagens não discutissem, exatamente, as propostas

políticas para a cidade ou atos feitos por Tatiana Medeiros, pensou-se os retweets, dentre

outros incentivos vindos da própria candidata, como uma forma de mobilização e, noutros

casos, de convocação para militar em favor de candidatura de Tatiana ou participar de

caminhadas ou carreatas da campanha. A categoria “Mobilização” computou um número de

151 mensagens, o que equivale a 26.9% do total.

Figura 5: Mobilização por internautas e Tatiana

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Na Figura 5 acima, há quatro publicações, sendo três retweets e uma publicação feita

por Tatiana. Na primeira publicação, feita pela própria candidata, há um convite aos seus

seguidores e demais atores da rede para que participem de uma de suas caminhadas de

campanha, assim, mobilizando-os e informando-os sobre as atividades. A segunda publicação,

um retweet, feita por “Dannyelle Alves”, demonstra um claro apoio à Tatiana ao que diz a

frase seguinte: “Aperte o 1, depois o 5, confirme 15, confirme @DraTatiana15. Vote 15!”. O

segundo retweet, de “Lígia Carla.”, reafirma proposições da candidata que foram direcionadas

à área do “Esporte e Lazer”, no caso, vilas olímpicas que seriam instaladas em todas as

regiões de Campina Grande. Por último, o internauta “Sou Vené 2014”, ao expressar seu

desejo por uma rede de saúde eficiente, expõe sua intenção de voto evocando o papel de

Tatiana enquanto médica e ex-dirigente da Secretaria de Saúde da cidade.

Entende-se que mensagens como as expostas na Figura 4 são mobilizações, pois, além

das evidentes demonstrações de apoio à Tatiana Medeiros, há uma participação feita por

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outros atores, mesmo não ligados à equipe de campanha, que se revelam interessados nas

propostas da candidata, o que acaba por divulgar mais ainda sua campanha. Essa característica

é bastante recorrente em outras publicações.

Figura 6: Apoio e ativismo por internautas

Fonte https://twitter.com/dratatianamed

Como última ilustração, os retweets acima feitos por Tatiana Medeiros mostram o

apoio de eleitores que participam das atividades presenciais da campanha, no caso, uma

carreata feita poucos dias antes do primeiro turno das eleições municipais. São três atores

diferentes que atestam o sucesso da carreata proposta e que, com isso, mantêm sua posição

enquanto eleitores e ativistas da candidatura.

4.1.3 DIVULGAÇÃO E OUTROS

Em terceira posição entram na categoria "Divulgação" todas as postagens que se

concentraram na disseminação de conteúdos (material) de campanha. Entre a propagação de

conteúdo, está o compartilhamento de matérias noticiosas referentes à candidata, agenda

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oficial de campanha por meio de texto ou de folder, fotos publicadas de alguma atividade de

campanha; também entram nesta lista de conteúdos divulgados os vídeos, geralmente os guias

do Horário de Propaganda Gratuita Eleitoral (HPGE), que foram publicados no YouTube, site

para compartilhamento de vídeos; outros sites também foram publicados, como o próprio site

oficial da campanha e a página oficial no Facebook. Em sua timeline do Twitter, a candidata

fazia o compartilhamento dos álbuns online de fotografias publicadas em sua página do

Facebook. A Figura 7 abaixo serve como ilustração para algumas divulgações feitas por

Tatiana.

Figura 7: Tatiana divulga material de campanha

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Na figura, Tatiana Medeiros faz divulgação de suas atividades de campanha ao

compartilhar links do Facebook. No caso, as fotos tiradas na sabatina e na caminhada por

aqueles encarregados por registrar sua campanha. Dito isto, pode-se pensar que com esta

publicação de imagens, que geralmente traz as fotos de suas passagens pelos bairros da

cidade, Tatiana se afirma como pessoa presente em meio ao povo. Em suma, a pleiteante

possui um rico material de campanha, que pode ser utilizado como acervo pessoal de sua

trajetória política. O número para as publicações referentes à divulgação de material ou

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agenda totalizou em 173, ou 30,8% do total analisado.

Por fim, quaisquer mensagens que não se enquadraram nas categorias relacionadas

acima foram classificadas como "Outros". O caráter dessas mensagens, contudo, pode ser

relatado como opiniões a respeito da política, oposições, dentre outras que não tiveram

relação com a própria campanha, resultando em 92 postagens, ou 16,4% do total.

Com isso, percebe-se que a pleiteante utilizou a mídia de forma massiva para

disseminar sua candidatura, com diversos materiais em diferentes formatos (textos, imagens,

vídeos e sons), além de visibilizar o apoio à sua candidatura feita explicitamente por outros

atores do Twitter, que também se mostravam ativos em suas atividades de campanha, de

maneira presencial e online.

A difusão de sua candidatura se concentrou em três grandes assuntos: “Propostas e

Realizações”, “Mobilização” e “Divulgação”. Essas categorias utilizadas para classificar as

mensagens na rede serviram para compreender o que Tatiana Medeiros considerou mais

importante divulgar em tempo de campanha eleitoral. A primeira categoria acumulou 145

postagens, com 25,9% do todo; a segunda, 151 mensagens, com 26,9%; a terceira obteve 173

mensagens no período, com 30,8%. O restante das mensagens que não tinha correlação com

essas categorias foram encaixadas em uma quarta, chamada de “Outros”, que teve 92

mensagens, com 16,4%, fechando, assim, o total das 561 (100%) mensagens feitas de 7 de

setembro ao fim de 7 de outubro.

Com todas as considerações a respeito da participação online feita por Tatiana

Medeiros, conclui-se que esta realizou uma extensiva campanha durante os 32 dias que

antecederam o primeiro turno das eleições de 2012, fazendo diversas publicações,

mobilizando e informando seus seguidores, entre outros atores na rede, sobre sua campanha e

suas propostas, apesar de ter efetuado pouquíssimas interações. Tendo finalizado os

esclarecimentos e análises sobre os usos atribuídos ao Twitter pela candidata, segue-se, agora,

para a segunda seção deste capítulo.

4.2 A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM PELA CANDIDATA

A partir das elucidações feitas com tabelas e imagens a respeito dos principais usos do

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microblog pela então candidata ao pleito municipal de Campina Grande, em 2012, esta

segunda parte da análise visa explorar que imagem Tatiana Medeiros produziu sobre si ao

longo período delimitado para esta pesquisa. Na análise que será realizada, diversas figuras

com mensagens servirão como ilustrações sobre as imagens que Tatiana propagou através do

Twitter.

4.2.1 OPOSIÇÕES E DESEJO DE PROSSEGUIR

Tatiana foi muito participativa ao propagar sua candidatura, considerando o volume do

material de campanha disseminado através do Twitter. A candidata estimulou o ativismo

online, com recursos próprios trazidos pelo Twitter, como as hashtags, buscando apoio à sua

campanha ao se fazer visível e convocar seguidores e internautas em geral para participarem

de atividades de campanha - uma de suas características mais sobressalentes. Neste sentido,

vê-se a imagem de uma mulher que luta por sua candidatura, fazendo daquele canal um lugar

para exposição de suas propostas sobre o que considera ser necessário à cidade de Campina

Grande. Portanto, o que mais se percebe é a figura da militante estampada em suas ideias e

mensagens. Como o volume deste material que mostra as mobilizações, disposições de

propostas e divulgações é extenso - o que mais se une à sua imagem é a ideia da militante e

ativista pela manutenção de um partido no poder - as imagens que se seguem mostram,

preponderantemente, as oposições e exposições de seus ideais.

Figura 8: Compromisso para com o futuro 1

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Nas quatro mensagens acima, publicadas no dia 7 de setembro, Tatiana faz referência

ao Dia da Independência do Brasil e o associa à sua cidade. São alusões aos políticos que

governaram Campina Grande antes da gestão de seu aliado Veneziano. Desta maneira, a

candidata se apoia em ideias como compromisso e responsabilidade para se mostrar engajada

no trabalho político de mudança e crescimento de sua cidade, para continuar o trabalho do

partido (PMDB) que estava no poder. O uso repetitivo da hashtag

#Campina_segue_em_frente, que é o slogan da campanha, enfatiza essa noção de

“continuação” da gestão vigente na época da campanha e, portanto, de uma provável

manutenção dos ideais desta mesma. O “orgulho” pela terra natal denota a concepção de

identidade e pertencimento de lugar. É a candidata que conhece sua cidade e reitera seu desejo

pelo progresso. No dia 14 de setembro, Tatiana novamente afirma que deseja continuar os

trabalhos daquela administração, justificando sua candidatura.

Figura 9: Compromisso para com o futuro 2

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Na primeira mensagem, a candidata assevera: “Campina não pode voltar a ser a

mesma de 30 anos atrás. Não é uma questão de grupos políticos, não é isso”. Dando

continuidade à sua opinião, Tatiana cita uma frase que aprendeu “nos tempos de estudante”

que diz: “A carruagem do passado não nos leva longe”. Com esta frase, faz uma correlação

com tais “grupos políticos” que “retrocederam” o “progresso” da cidade, ao mesmo tempo em

que dá o crédito a esse “progresso” ao seu aliado Veneziano. A candidata se projeta,

novamente, enquanto militante pela continuação de todos os trabalhos e por todas as ações

trazidas pelo então prefeito Veneziano e a quem iria suceder pelo mesmo partido. Aqui,

Tatiana sugere que a cidade deve avançar, deve “seguir em frente”; ela luta por esses ideais, é

uma candidata que deseja um “futuro” para a cidade.

No dia 24 de setembro, a candidata fez uma série de publicações particularmente

interessantes, que trata dos "interesses" dos servidores públicos da cidade. Por meio dessas

mensagens, Tatiana fez oposição ao candidato Romero.

Figura 10: Oposição 1

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Primeiramente, Tatiana lança a proposta da comparação entre candidatos, que é

comum em épocas de campanha como forma de avaliação dos pleiteantes. A partir daí, a

candidata relembra fatos da sua cidade, no caso, a “época do abono salarial”, que, segundo

Tatiana, prejudicou os funcionários públicos de sua cidade. Tatiana recrimina o que seria a

corrupção do “grupo dos 20 anos”, afirma que na gestão de seu aliado essa situação se

modificou; não há espaço, em seu governo, para favoritismo nos cargos públicos municipais.

Tatiana “valoriza” e “respeita” aqueles que são os servidores públicos, “que ajudam a mudar

Campina”. Com isso, a candidata sentencia que em sua gestão enquanto prefeita os servidores

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irão receber seus pagamentos em dia. Neste momento, é a candidata que reconhece as

necessidades dos servidores públicos. Essas opiniões são concluídas por Tatiana em mais

quatro outras publicações.

Figura 11: “Quem ama cuida”

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

O que se constata com esse arremate é um apelo que evoca uma ideia de feminilidade.

O “cuidado” com a cidade é a transferência daquele mesmo trabalho feito no ambiente

privado que foi relegado às mulheres: o papel doméstico. Tatiana se opõe aqui fortemente

àqueles que buscam reaver posições políticas, desconfiando dos atos de seus opositores,

tentando desclassificá-los. Aqui que a candidata se impõe, novamente, enquanto combatente

contra alguma desordem política, mas acrescenta nessa luta símbolos característicos e

atribuídos às mulheres. “Quem ama cuida”, um apelo que, no senso comum, geralmente é

dado ao papel das mães ou donas de casa, pois o “amar” é também “cuidar”; “Trabalhando

firme e forte vou cuidar de Campina”, a garra e o desvelo se fundem em uma imagem de

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mulher destemida, mas zelosa.

Outra oposição e manutenção de sua posição política foi deflagrada no dia 26 de

setembro.

Figura 12: Oposição 2

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Tatiana começa suas mensagens com uma contraposição de ideias para se afirmar

enquanto candidata ideal, visto que ela tem "obras realizadas" e “propostas reais". Citando seu

"Guia 15", Tatiana volta a lembrar o passado de uma Campina "gasta" e "desbotada", liderada

pelo grupo de seu adversário na disputa eleitoral. A candidata "convida" os internautas e

eleitores em potencial a "deslumbrarem" um próspero futuro para sua cidade, e reafirma ao

final: "#A_Mudança_Continua e #Campina_segue_em_frente". Frequentemente o slogan da

campanha reaparece em outras mensagens da candidata, na tentativa de firmar sua campanha

de "continuação" do projeto político que vem sendo realizado para Campina Grande através

de seu partido, o PMDB, e de seu correligionário, Veneziano Vital.

Figura 13: Oposição declarada à Romero

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Continuando suas ideias, aqui Tatiana se mostra, mais uma vez, fortemente contra seu

oponente: a candidata pelo PMDB reitera uma suposta condição de independência do PSDB.

Para Tatiana, seu concorrente não é apenas um representante de uma legenda que considera

insalubre à cidade de Campina Grande, mas Romero também está ligado ao governador do

estado Ricardo Coutinho, do PSB, que segundo a candidata, “deu as costas” para seu povo.

Em sua militância de campanha, Tatiana fez diversas oposições políticas ao seu oponente

mais forte, Romero Rodrigues, como visto em alguns posts. Ao informar e se opor

abertamente na rede, a candidata alega que sua cidade precisa prosseguir com a administração

trazida pelo seu aliado, reafirmando uma posição de eficiência. Nesse jogo de ideias e

promessas, Tatiana se coloca como “combatente” de uma estrutura política que estava

“enraizada” em Campina Grande. Por fim, a pleiteante afirma que tem “preparo” para

comandar a cidade e desejo de prosseguir naquela trajetória.

Ao longo de um mês, Tatiana Medeiros se opôs de maneira resoluta contra seu maior

oponente. O ato de fazer frente a outro candidato revela a capacidade da candidata como uma

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“lutadora”, que acusa seu oponente de querer promover a “estagnação” do processo de

desenvolvimento social de sua cidade e se coloca como opção. É insistente em seu percurso

de campanha a “peleja” contra aquilo que iria desestabilizar a ordem criada pelo seu grupo

político. Tatiana almeja continuar as mudanças e, para isso, resiste fortemente ao seu

adversário, revelando rituais de oposição política típicos das “batalhas” entre campanhas.

Tatiana, neste sentido, lembra o que Barreira (2008) chama de mulher “combatente”, pois luta

em prol de mudanças sociais. Além disso, a candidata também demonstra ter experiência

administrativa. São novos valores que são agregados à candidatura de uma mulher:

capacidade de se opor, de enfrentar, de acusar, de lutar e de administrar o bem público.

No dia 28 de setembro, a pleiteante volta com suas investidas contra seus oponentes,

mas demonstrando as conquistas trazidas na época em que era Secretária da Saúde,

rememorando à imagem de profissional capaz de realizar as mudanças tanto sugeridas em

suas mensagens.

Figura 14: #Guia15, oposição e lutas 1

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Constituindo outra sequência de opiniões, Tatiana faz, no dia 28 de setembro, 11

publicações para atestam sua experiência administrativa, mas que também faz apelos à sua

condição de mãe. Nestes cinco primeiros posts ilustrados na Figura 14, a candidata cita seu

Guia Eleitoral, identificado nas mensagens com a hashtag #Guia15. Nesse momento, Tatiana

recorda um dos feitos da gestão junto à Veneziano, enquanto ainda encabeçava a Secretaria da

Saúde de Campina: a implantação do Hospital da Criança e do Adolescente. Apelos dirigidos

à sua condição de mãe, a “emoção” e a “graça” de ter filhos, trazem à memória um símbolo

entendido como próprio da maternidade. Ainda, a candidata rememora que em 40 anos, com a

passagem de vários outros prefeitos, aquele hospital não havia sido criado. Com isso, Tatiana

lembra que é médica e deseja melhorias nas áreas da saúde. Há uma espécie de aproximação

do povo, também, quando a candidata enuncia que a implantação deste hospital foi realizada

ao imaginar as filhas e os filhos dos cidadãos campinenses. O que se quer dizer com estas

publicações é que Tatiana enquanto candidata entende o que os cidadãos precisam.

A dimensão de proximidade e o "conhecimento de lugar" constituem o referente fundamental do candidato ou candidata que se "aproxima do povo" e apresenta-se como experiente em seus problemas. Realiza, assim, um dos componentes simbólicos mais fortes dos atos de campanha que é a idéia de proximidade como suposto imprescindível à representação política. (BARREIRA, 2006, p. 88).

Enquanto médica e conhecedora de causa, pois trabalhou em hospital público, é que a

pleiteante insinua essa noção de “conhecimento de lugar”, agregando isso ao seu capital

político.

Figura 15: #Guia15, oposição e lutas 2

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Na continuação dessa sequência de mensagens, Tatiana assinala que “comprou a

briga” no momento em que Veneziano lhe propôs a implantação de um hospital voltado para

crianças e adolescentes, dando a impressão de ter “lutado” pelo mesmo. Esse destaque para o

hospital desnuda dois símbolos que são transferidos para seu capital político: o da mãe/médica

e o da secretária pública. Tatiana invoca as ideias de maternidade ao falar dos filhos, ao

mesmo passo em que testemunha sua eficiência administrativa, pois esteve na elaboração do

hospital citado. Em contrapartida, seguem-se outras três mensagens denotando sua oposição

ao governo estadual, repetindo as declarações sobre o “cuidado” com a cidade e as acusações

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de que seu adversário compactua com um governo estadual omisso em relação à Campina

Grande.

Ao primeiro de outubro, a candidata novamente acusa Romero como candidato

impróprio para o cargo de prefeito. Suas posições contrárias ao candidato do PSDB, em todas

as mensagens vistas até agora, referem-se principalmente às ideologias e ações de outra

administração, o que remete a uma constituição de imagem com base em diferenças

partidárias, uma das reflexões feitas por Barreira (2008) através de Goffman (1989). Enquanto

Romero passa a ser frequentemente moldado por uma posição política dúbia, com falsas

promessas, aliado ao governo estadual considerado falho, Tatiana atrela à sua imagem

partidária uma eficácia administrativa que promete mudanças reais no município, constatada

pela criação de um hospital sob o olhar da gestora.

A partir destes aspectos, é interessante notar como o próprio slogan de campanha,

“Campina segue em frente”, permeia todo o sentido da imagem proposta pela candidata, que é

a de prosseguimento para com os trabalhos da gestão do partido. Esse mesmo slogan funciona

em prol de Tatiana Medeiros de diversas formas: a continuação de uma administração tida

como eficiente e, num contexto mais amplo, de legitimação de uma ideologia partidária,

ambas apropriadas pela candidata como capital político. Essa “continuação” funciona como

um progresso de desenvolvimento da cidade, que é atestado por Tatiana através de seu olhar e

transformado em uma imagem positiva dentro de sua candidatura.

Figura 16: Apelos para continuar

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

As mensagens ilustradas na Figura 16 mostram as últimas investidas de Tatiana

Medeiros em publicizar suas opiniões políticas, antes do dia 7 de outubro, que viria a ser o

primeiro turno das eleições municipais. A candidata reitera seu compromisso para com a

“mudança” do município, alega novamente que houve melhorias em Campina Grande através

de sua gestão como secretária de saúde e do prefeito aliado. Ela finaliza com duas mensagens

que demonstram seu “conhecimento de lugar” e de causa, que, exatamente por isso, justifica

seu lançamento a essa disputa que tem como intuito “cuidar” de seu povo, “como sempre fez

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durante sua vida”. Novamente, os símbolos do "cuidado", que remetem a uma "habilidade"

conquistada através de seu trabalho enquanto médica. E, no final, conclui: "E é por isso q no

próximo domingo, preciso do seu voto, peço sua confiança. Obrigada, Campina. Até à vitória!

#DomingoVermelho15 #Guia15". Nesta última mensagem, um ritual característico da época

das eleições, o "pedido" pelo voto nas urnas e pela "confiança" se seu povo. Além disso, uma

clara referência à cor atribuída à sua campanha: o vermelho. O "pedido" para que no dia das

eleições a força do seu eleitorado se faça presente e se exponha com aquela cor. Uma mulher

que "luta" pela sua candidatura, pede ajuda de seu eleitorado e, de antemão, agradece pela

militância, já considerada como vitoriosa por Tatiana.

Algumas outras postagens realizadas antes do dia das eleições figuram essa

"convicção" de vitória, que é também atrelada a valores universais, reconhecidos pela

candidata como o "carinho" e a "fé".

Figura 17: Agradecimento e manifestação religiosa

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Tatiana demonstra que por meio de tantas atividades feitas durante sua campanha,

"sentiu o carinho do povo campinense e o agradecimento" destes por tudo que foi realizado

pelo seu aliado político e então prefeito. Com manifestações religiosas, a candidata afirma que

a "força" que adquiriu ao longo dessa disputa e manteve seu desejo pelas mudanças trazidas

pela gestão da qual fez parte vem de "Deus". Em dado momento, dá "bençãos" - um ritual que

reforça ao seu capital simbólico, pois é mulher religiosa - àquele povo que pretende

representar, simboliza sua religiosidade ao desejar-lhes um "domingo abençoado". Por fim,

determina: "É 15 no CORAÇÃO!" - um apelo sentimental, figurado como caráter de

afetividade e amor. Nos dias 10 de setembro e 3 e 4 de outubro, a candidata também realiza

outras referências religiosas, mostrando-se uma mulher "devota" e "grata" a "Deus".

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Tatiana, portanto, luta e quer se tornar vitoriosa, almeja que sua cidade "siga em

frente", e quer "cuidar". É pensando nessa afirmativa que se passa para o intertítulo que dá

fim às análises desta monografia.

4.2.2 OUTRAS “FIGURAS”

“Cuidar como sempre cuidou” retoma seu status de médica. Tatiana Medeiros não

utiliza essa afirmação de maneira unívoca, no entanto. A candidata, enquanto mãe e médica,

com “habilidades” maternas e experiências profissionais, corrobora a partir dessas ideias que

saberá realizar o trabalho de prefeita municipal. É transferido, assim, o papel de mãe e

médica, ou mulher e profissional, para o seu capital político. Qualidades tidas tanto como

femininas quanto masculinas, que estão embutidas na sua projeção através do Twitter. A

candidata também faz, como se pôde observar, votos para o prosseguimento dos trabalhos da

gestão, se ligando diretamente ao governo em vigência.

Através da publicação de suas propostas em seu perfil e de reafirmar sua competência

para realizar trabalhos – aptidão que se constata pelas realizações tanto de Veneziano quanto

suas -, a candidata à sucessão pelo partido do então prefeito mostra compromisso para com o

povo campinense e lealdade ao seu partido, ainda que não o mencione explicitamente. Com

isto, Tatiana coloca seu grupo como grande responsável pelas ditas “mudanças” que tanto

evoca, adquirindo capital político. São muitas as proposituras de Tatiana, como aquelas vistas

através das hashtags, contemplando diversas áreas da cidade. Dessa maneira, Tatiana não é

apenas uma médica, mas é também uma mãe em sua apresentação, uma mulher que “luta”

pela sua cidade em sua candidatura. É militante e candidata, pois está a serviço do partido e

do município. Por outro lado, “combate” arduamente aqueles a quem se refere como o “grupo

político dos 20 anos”, figurado pelo candidato Romero Rodrigues.

Embora Tatiana Medeiros transpareça mais de uma faceta, vale ressaltar a incidência

de publicações que faziam referência a temas ligados à Saúde (as figuras 14 e 15 mostram

esse destaque que a candidata dá ao tema). Outros assuntos tomados pela candidata fazem

algumas alusões a uma condição de médica que cuida, como alguns comentários sobre o Dia

Nacional do Idoso.

Partindo desse prisma, a Figura 18 a seguir ilustra algumas dessas mensagens.

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Figura 18: Candidata e médica

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Publicadas em diferentes dias, a faceta da médica é expressa nessas mensagens. Sua

“missão” é “cuidar” e “salvar vidas”. Há um deslocamento da função de médica, que se faz

associação com o sentido de “cuidado”, para o papel de gestora de um município. É uma

qualidade pensada pela candidata como essencial para Campina Grande, pois o cargo de

administradora municipal requer ações de cuidados que são associadas ao papel da

maternidade e / ou da medicina. No exemplo do dia 7 de setembro, o “cuidado” não se reporta

somente à cidade, mas às vidas presentes nela. Tatiana utiliza-se de um efeito simbólico

(médica) bastante eficiente, agregando isso ao seu capital político. O uso da hashtag

#IssoIncomodaAlgumasPessoas faz numa breve alusão, uma espécie de oposição.

Igualmente, no dia 27 de setembro, a pleiteante demonstra compromisso em sua

candidatura, e sugere mais feitos realizados em sua trajetória enquanto médica. Em 5 de

outubro, Tatiana faz um agradecimento aos que trabalham na Fundação Assistencial da

Paraíba, o hospital do município na qual a candidata afirma ter trabalhado durante 12 anos. A

partir disto, se coloca novamente a favor dos serviços públicos de saúde, uma característica já

recorrente no lançamento de sua candidatura, mas que não ofusca outras propostas. A

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utilização da hashtag #Saúde_saúde_saúde, no entanto, demonstra uma ênfase que a

candidata deu à temática em sua campanha. Neste ponto, é a face da médica que se faz

presente e busca por mudanças efetivas nesta área da cidade.

No dia 12 de setembro, a candidata publica uma série de mensagens que, além de fazer

oposição, explicita esse "querer" mudanças na área da saúde.

Figura 19: Feitos na área da saúde 1

Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Tatiana começa suas exposições se referindo aos guias eleitorais e "acredita" que todos

viram as diferenças. Outra vez, a candidata requisita as diferenciações e delimita sua temática

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com a hashtag #Saude15; suas promessas “são reais”, "possíveis de ser realizadas", atestadas

pelo “crescimento” da área da saúde realizado pelo seu aliado Veneziano. Ela afirma que está

“comprovado” que a "saúde pública" de sua cidade melhorou ao longo de oito anos de gestão

por causa do aumento do número de "profissionais, unidades, equipamentos e hospitais". É

através dessa gestão que Tatiana quer levar adiante sua cidade, visto que as melhorias na

saúde são realizações possíveis comprovadas pelos números.

Figura 20: Feitos na área da saúde 2

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Fonte: https://twitter.com/dratatianamed

Continuando suas declarações, a candidata afirma: "Como acontece com os moradores

das Malvinas, que em 2005, não tinham nenhuma equipe. E hoje possuem 10 equipes

trabalhando. #Guia15 #Saude15". Ao longo das mensagens que se seguem, Tatiana atesta a

credibilidade da gestão da qual fez parte relembrando os avanços na área da saúde, que foram

trazidos por Veneziano e que estão ao redor da cidade como legado do trabalho dele. A

pleiteante corrobora por meio desses exemplos a responsabilidade que a administração teve

para com a área da saúde e agrega esses feitos à sua imagem política. Para dar andamento aos

trabalhos nesta área, Tatiana se coloca como militante de um grupo comprometido com um

progresso social, passando a noção de eficiência administrativa. Eficiência esta que a

candidata tenta diretamente transferir para seu capital político, uma vez que foi responsável

pela Secretaria da Saúde e pelo Hospital FAP, onde trabalhou "durante 12 anos". É o papel de

"cuidados característicos dos médicos" que são englobados pela candidata em sua estratégia

discursiva para arrematar os cidadãos, atrelando ao seu capital político o seu status de médica.

As mensagens amplamente ilustradas ao longo da segunda seção do capítulo quatro se

sobrepuseram às outras porque, ao contrário das mensagens de divulgação, mobilização e

daquelas com as hashtags #TatianaTemProposta ou #VeneFez, havia, em certa medida, a

opinião da candidata ou algum relato que se distanciava dos usos principais de Tatiana

Medeiros com relação ao seu perfil no Twitter.

Com isso, finalizam-se as análises propostas para esta monografia. No capítulo

seguinte, serão realizadas as considerações gerais a respeito das questões trazidas neste

trabalho, das reflexões e dos resultados explanados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As campanhas eleitorais são realmente um fenômeno considerável e importante para

se compreender parte do jogo político. Compreendidas como atividade específica da vida

político-partidária, é através das campanhas que os candidatos dos partidos, homens ou

mulheres, visam um maior contato junto aos eleitores para, sobretudo, tentar conquistar votos

em carreatas, palanques e em debates públicos presenciais ou virtuais.

Por um lado, a imbricação entre comunicação e a política é algo que é de fundamental

importância para os partidos e os políticos. Primeiro por serem os meios de comunicação de

massa espaços mais que viáveis para a propagação das legendas, assim, ganhando visibilidade

diante dos demais concorrentes. Segundo porque nestes mesmos meios se fazem a mediação

que se tornou essencial entre a sociedade civil e os políticos representantes, pelo menos nas

democracias liberais, onde a questão da transparência pública pelo poder é requerida pelos

cidadãos (AGGIO, 2011).

Chamadas comumente de redes sociais, alguns sistemas online que suportam essas

redes, mantêm atores sociais conectados, possuem finalidades diferentes de acordo com cada

ator, mas, para todos, a questão da visibilidade e de sua ampliação é um dos aspectos mais

relevantes. Isto porque um indivíduo comum não teria tantos contatos e visibilidade fora da

rede, como afirmado por Raquel Recuero (2008). Os sites para redes são conceitualmente

chamados assim para designar que estes permitem que as pessoas possam criar perfis,

conectarem-se umas às outras e expressarem-se através deles (RECUERO, 2008). Daí Raquel

Recuero dizer que existem dois tipos de redes, aquela que o sistema mantém contatos para os

indivíduos (redes de filiação ou associação) e aquela que a apropriação (redes emergentes) e a

utilização constante feita pelos atores conferem-lhe as características dos sites para redes, que

é mostrar os laços. São nessas redes e na fase da internet conhecida como Web 2.0 que a

interação social através do computador tem ganhado relevância na vida de uma sociedade

cada vez mais conectada e interessada em diversas informações.

Sabe-se que, pelo menos desde os anos 1990, a internet vem sendo usada como

ferramenta política pelos candidatos a cargos eletivos e mostrou indícios também para o uso

político da mesma enquanto espaço possível para serem propagadas ideias e informações. Na

web, as diversas ferramentas (websites, e-mail, blogs) que proporcionam comunicação entre

internautas podem constituir armas potenciais para políticos que desejam se projetar diante de

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um possível eleitorado. Dentre estas ferramentas, especialmente as que propiciam interação

direta, de um para outro e vice-versa, através de comentários e conversações, estão sendo

levadas em conta na hora de realizar campanhas. Neste ponto entram as chamadas redes

sociais, e dentre as mais conhecidas estão o Facebook e o Twitter.

As campanhas eleitorais no Brasil também estão se valendo das chamadas redes

sociais para buscarem atingir potenciais eleitores sem que haja a mediação e o controle da

mídia tradicional, a fim de informá-los.No uso das chamadas redes sociais, políticos podem se

valer destes sites como canais para interação destes com outros usuários, ou apenas para

disposição de suas ideias, e não para a articulação destas com cidadãos comuns, como o fez

Tatiana Medeiros. No caso do Twitter, o efeito de sua utilização por políticos é

particularmente notável por conta da rápida propagação de mensagens e pela visibilidade que

os candidatos podem adquirir a partir dela, visto que diversos outros atores do serviço que não

estão conectados ao político podem acabar recebendo informações deste ou sobre este a partir

de outros usuários.

A participação feminina no campo da política formal brasileira foi um dos interesses

deste trabalho e, como visto, a política brasileira tem se reconfigurado tanto nos aspectos que

a ligam à comunicação quanto para quem está na composição deste âmbito. As mulheres, que

no século passado empreenderam lutas para serem reconhecidas como cidadãs e terem seus

direitos de participação assegurados, possuem um baixo índice de participação nos espaços de

poder institucionalizados.

Na Paraíba, 49 de 223 municípios são governados por mulheres, o que revela uma

clara diferença entre a participação de homens e mulheres neste âmbito do Poder Executivo.

As pesquisas mostraram, entretanto, que é na Paraíba que reside o maior número de prefeitas

no poder no Nordeste. Assim, a participação de mulheres está se efetivando no campo

políticos, pelo menos no que se refere aos municípios brasileiros.

As candidaturas de mulheres para as prefeituras das duas maiores cidades da Paraíba,

Campina Grande e João Pessoa, deram-lhes visibilidade e mostraram chances bastante reais

de ganhar o pleito eleitoral, ainda que nenhuma tenha obtido êxito. O fato de três das quatro

pleiteantes terem usado Twitter (dentre outros sites também) como forma de ampliar seu

número de eleitores indica que estas mulheres podem ter alcançado ainda mais visibilidade.

Tatiana Medeiros fez uma participação singular no uso do Twitter se comparada às

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outras “prefeitáveis” das cidades referidas. No número de publicações realizadas no

microblog no período estabelecido para este estudo, Tatiana fez 561 mensagens. E ao longo

dos quatro meses do período eleitoral 1.618 publicações. Se comparada à sua oponente

Daniella Ribeiro (PP), que totalizou 820 publicações, a candidata pelo PMDB publicou em

um mês mais da metade do número de publicações feitas por Daniella Ribeiro, sua oponente.

Sobre o uso do Twitter por Tatiana, verificou-se alguns padrões em suas mensagens.

Ainda que as publicações realizadas na rede possam ser consideradas como uma

“publicação”, notou-se que havia diferenças entre as mensagens, o que acabou por tipificá-las

em três categorias: 1) “Publicação”; 2) “Com Menção/ Resposta”; e 3) “Retweet”. As

publicações que não constavam menções (@) totalizaram 34 mensagens, enquanto que

aquelas republicadas por Tatiana atingiram 133. Já as “publicações” somaram 394. Percebe-

se, portanto, um claro desinteresse da candidata em realizar conversações, podendo gerar

debates políticos. Por outro lado, a capacidade da candidata em utilizar a rede como forma de

mobilização para sua candidatura salta à vista, já que grande parte dos retweets deinternautas

são considerados uma forma de ativismo em prol de sua candidatura - o que acaba por

legitimá-la. Informar e mobilizar o público online são as marcas gerais sobre a utilização do

Twitter pela candidata.

Visto que Tatiana concentrou suas mensagens em temas que ligavam à campanha,

notou-se um padrão de assuntos gerais, que foram classificados e tabulados aqui como: 1)

“Propostas/ Realizações”; 2) “Mobilização”; 3) “Divulgação”; e 4) “Outros”. Foram, ao todo,

145 mensagens nas quais Tatiana, de alguma maneira, dispôs em sua timeline as proposições

de seu plano de governo. 151 publicações tiveram como objeto mobilizar internautas,

entretanto, considerou-se que os retweets fizeram parte dessas mobilizações. Já 173 foram

realizadas com o objeto de propagar sua campanha e gerar autopromoção, através de material

de campanha, como imagens, vídeos, textos e sua agenda. Essas foram consideradas formas

de Divulgação de sua campanha. Na última categoria, "Outros", encontrou-se uma

predominância de mensagens que expressavam um lado "combatente" da candidata,

expressando suas opiniões e pontos de vista acerca de sua própria legenda e a do seu principal

adversário, Romero Rodrigues (PSDB).

Se por um lado Tatiana Medeiros mostra-se praticamente omissa ao realizar interações

diretas com quaisquer que sejam os usuários, a candidata, por outro, revela uma grande

mobilização online, propicia naquele espaço informações diversas no que diz respeito a sua

campanha e coloca em público as propostas voltadas para várias áreas da cidade. Portanto,

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ainda se efetivou como uma candidata atuante, "presente" numa modalidade alternativa para

campanhas eleitorais e transparente quanto ao que se refere à sua candidatura, pelo menos

através do que afirma.

Por meio do Twitter, Tatiana se autopromoveu, divulgou um volumoso material de

campanha, que pode ser usado como “acervo” sobre sua trajetória política; mobilizou

internautas através de sua conta e deixou que estes se fizessem visíveis em sua rede ao usar

funções como o retweet. Os claros apoios à Tatiana pelos potenciais eleitores serviram como

uma espécie de legitimação da própria candidata. Mas, acima de todas as investidas para se

tornar visível, a candidata passou a noção de “compromisso” para com suas propostas e

“responsabilidade social” ao fazer ligação com diversos temas de interesse público, que foram

transformados em hashtags para delimitar seus assuntos.

Se a imagem que prevalece é a da candidata presente, "próxima" de uma parte do

"povo", mesmo quando faz da mídia uma via de comunicação unilateral, mas que mobiliza,

milita e se autopromove, há outras facetas que a coloca para além do papel de candidata e que

se transferem para seu capital político. São imagens que se unem e formam não somente uma

candidata com posições partidárias e ideológicas a defender, mas uma mulher trabalhadora e

competente, uma médica e uma mãe, uma profissional experiente e que conhece os problemas

de sua cidade, pois os “viu de perto” e tem a exata credibilidade para poder "defendê-los"

diante de um "grupo político" que "estagna" sua cidade "há mais de 30 anos".

Tatiana, através do Twitter, constituiu uma imagem complexa, com vários atributos. É

a médica e mãe que cuidam e desejam cuidar, mas também a militante, a “combatente”, a

mulher que se opõe a um conjecturado retrocesso que Campina Grande viria a ter com seu

adversário Romero Rodrigues no poder. Ainda que Tatiana Medeiros não tenha sido vitoriosa,

sua projeção ganhou repercussão suficiente para chegar ao segundo turno das eleições –

entende-se que a mídia pode ter influenciado esse processo, mas outros fatores, como ser

candidata sucessora do partido da gestão de Veneziano, então prefeito, tiveram pesos também

relevantes em todo processo eleitoral.

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