Upload
buithuan
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
LUZ, CÂMERA, LIMPANDO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO, RAÇA
E CLASSE EM DOMÉSTICA, O FILME (2001) e DOMÉSTICA (2012)
Jéssyca Lorena Alves Bernardino1
RESUMO
A presente comunicação pretende analisar as representações das empregadas domésticas nas
películas Domésticas, o filme de Fernando Meirelles e Nando Olival, de 2001 e Doméstica, de
Gabriel Mascaro, de 2012. O cinema exerce considerável influência no imaginário das
pessoas e é veículo privilegiado de difusão de representações sociais. Os filmes são fontes
documentais que falam do contexto histórico no qual foram produzidos e são agentes da
história. Ou seja, o contexto histórico interfere nos discursos sobre as domésticas nas fontes
fílmicas. Mas também esses documentos cinematográficos influenciam as imagens das
domésticas no Brasil do período. Nesse sentido, os filmes são narrativas que produzem
imagens numa determinada época e lugar. As representações podem criar exclusões,
hierarquias, preconceitos sobre as domésticas e estão assentadas em relações que se inscrevem
na história. Nessa perspectiva, é necessário pensar que as matrizes representacionais, ou o
imaginário sobre o trabalho doméstico, foram originadas no contexto da escravidão brasileira,
perpassaram a República e atuam/informam práticas (relações materiais) e discursos sobre o
trabalho doméstico na atualidade. Os filmes também foram produzidos no contexto de
discussões da “PEC das domésticas” e de debates políticos e históricos sobre minorias,
excluídos, subalternos, reconhecimento da diversidade de gênero, direitos da população negra
e de mulheres, dentre outros. Como a maioria das domésticas nos filmes é negra, a
racialização atua como elemento central das tramas, portanto é preciso também refletir sobre
as identidades que associam raça e gênero.
PALAVRAS-CHAVE: Empregadas Domésticas. Cinema-História. Gênero. Raça.
Representações Sociais.
Cinema-História: diálogos possíveis
Quando o cinema surgiu no final do século XIX era considerado um “instrumento
cientifico para reproduzir o movimento e só poderia servir para pesquisas. Mesmo que o
público, no inicio se divertisse com ele, seria uma novidade de vida breve, logo cansaria”
(BERNARDET, 2008, p.11). No entanto, não foi isso que ocorreu. A reprodutibilidade dos
filmes2, ou seja, a possibilidade de tirar cópias em quantidade ilimitada permite que uma
película possa ser apresentada simultaneamente em diversos lugares do mundo e para um
público ilimitado, o que amplia seu poder de divulgação e de difusão de representações
1 Mestranda em História (UnB), bolsista CNPQ. E-mail: [email protected]. 2 Em um ensaio “A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica” Walter Benjamin expõe as
modificações, que essa reprodução em massa, dos sentidos de arte. Para Benjamin, há uma mudança da essência
(aura) da arte, antes compreendida como arte pela arte (contemplação), agora arte com função social. Para
maiores informações vide: Magia e Técnica, Arte e Política - Obras Escolhidas. Vol. 01. São Paulo, Brasiliense,
1994.
2
políticas, ideológicas, sociais e históricas. O sistema de cópias igualmente possibilitou uma
rápida e brutal expansão do mercado mundial de cinema e atualmente, essa capacidade de
veiculação das narrativas fílmicas foi ampliada para o consumo do público pelos mais
variados meios de divulgação midiática como a TV, o DVD, a internet, entre outros.
O cinema rapidamente se tornou símbolo da contemporaneidade, um fenômeno de
massa e importante indústria. Passado cem anos de história do cinema, não há praticamente
assunto, evento, personagens, época, civilização que não tenha sido representada nas telas. O
progressivo protagonismo da produção cinematográfica na vida cotidiana do século XX/XXI
é um acontecimento que não passou despercebido pelos historiadores. Conforme Nóvoa
(2008), desde o momento que o historiador começou a observar o filme, além de objeto de
prazer estético e de divertimento, rapidamente ele o percebeu como agente transformador da
história e como registro histórico. Nesse sentido, o filme é uma fonte histórica, pois é sempre
uma narrativa que nos informa sobre certa sociedade e sua visão de mundo. O cinema é
sempre montagem.
A construção não se separa do filme, é o filme mesmo; outra construção do
mesmo relato daria outro filme. O tipo de utilização do material fílmico, o
tempo, uma relação com o mundo circundante e a uma tomada de posição
frente o público, e é aqui mais uma escolha das estórias, que podemos
interrogar ao cinema como expressão ideológica. Não pode haver estudo
fílmico que não seja uma investigação da construção (Pierre Solin apud
SILVA, 2008, p. 264).
Sob essa perspectiva, a presente comunicação pretende, partindo da relação cinema-
história, propor a análise das representações sociais presentes em Domésticas, o filme (2001) e
Doméstica (2012). Estas relações são aqui entendidas e analisadas a partir da compreensão do
cinema como representação social. Para Jodelet (2001) as representações sociais existem em
corelação com o Outro e com o mundo, são mecanismos de apreensão e de compartilhamento
social e cultural que emerge da atividade humana, assim como, norteia-a dialogando com o
imaginário para estabelecer e ordenar comportamentos e comunicações sociais.
De forma resumida, Domésticas, o filme3 pode ser caracterizado como pertencente ao
gênero do cinema clássico4. Foi o primeiro longa-metragem de Fernando Meirelles em
codireção com Naldo Olival5 baseado na peça homônima “Domésticas” de Bianca Byington
3 MEIRELLES, F.; OLIVAL, N. Domésticas, o filme. 2001, 02 Filmes e Imagem Filmes, 85 min, DVD. 4 Segundo Napolitano (2008) esse tipo de cinema é caracterizado com: produções de gênero delimitado
(aventura, drama, ficção científica etc.) voltadas ao grande público; é marcado pela ideia de "continuidade
narrativa"; construção de personagens-tipo (protagonista, antagonista, vilão); enfatiza a relação "causa-efeito"
entre as partes. 5 Fernando Meirelles que é formado em arquitetura dirigiu entre as décadas de 80 e 90 programas independentes
para TV e comerciais. Nando Olival é formado em cinema pela Faap.
3
de 19986. A peça de Bianca Byington foi escrita a partir de depoimentos reais de pessoas que
exercem o trabalho doméstico no fim dos anos noventa. Para o filme, os diretores, da lista de
duzentos testemunhos, recolhidos por Byington, selecionaram alguns que compuseram os
discursos e personalidades das cinco domésticas, personagens principais do longa-metragem:
Créo, Quitéria, Cida, Rái, Roxane. Por meio da comicidade, os diretores propõem que o filme
narre o cotidiano do trabalho doméstico através da representação das empregadas domésticas
tal como são na realidade7.
Já o documentário, Doméstica (2012)8, que possui características do gênero de cinema
moderno9, nasceu quando o diretor foi repreendido por sua esposa, inglesa, sobre a ideia de
terem uma empregada doméstica depois que seu filho nascesse. De acordo com ele, nunca
havia questionado a questão do trabalho doméstico e devido a sua inquietação decidiu fazer
um filme10. Gabriel Mascaro11 delega a sete adolescentes (Beatriz, Jenifer, Felipe, Perla,
Alana, Juana e Valdomiro) a função de gravar, durante uma semana, empregadas (Dilma dos
Santos Souza, Flávia Santos Silva, Helena Araújo, Lucimar Roza, Maria das Graças Almeida
e Vanuza de Oliveira) e um empregado (Sérgio de Jesus), nas suas casas, trabalhando e dando
seus depoimentos. O material foi entregue ao diretor que selecionou e montou sua narrativa
fílmica.
As imagens cinematográficas das mulheres vêm sendo objetos de preocupação por parte
dos estudos feministas desde o inicio dos anos 1980. O cinema, nas investigações feministas,
constitui um objeto privilegiado, pois as narrativas fílmicas exercem grande poder sobre o
público e veiculam e constroem relações de gênero que contribuem para delimitar ou
desestabilizar papéis dicotômicos entre homem/mulher, negro/branco, classes
dominantes/classes subalternas, dentre outros binarismos. Parto ainda de antemão, que nem
todo olhar empreendido pelo cinema se predispõe a desconstruir o binário sexual, as
representações negativas de classes subalternas ou de raça. Atento ainda, que devido ao
6 Disponível em: << http://www.espetaculodomesticas.com.br/index.html>>. Acessado em: 15/09/2014. 7 A respeito da reportagem da revista Cinemais na qual Meirelles diz que na elaboração do filme não interferiu
quase nada nos depoimentos reais dos quais fundamentou as cinco personagens principais. Vide em: SILVA, O.
“Domésticas – o filme: um estudo com profissionais do Distrito Federal”. Dissertação de Mestrado. Programa
de Pós-Graduação em Comunicação da UnB. Brasília, 2007. 8 MASCARO, G. Doméstica. 2012, Desvia, 75 min, DVD. 9 Napolitano (2008) explica que diferentemente do cinema clássico, o moderno seria a negação de suas
características buscando, entre tantas outras formas de se fazer cinema, a descontinuidade narrativa, a
despreocupação com roteiro e enquadramentos e edições menos convencionais. 10 Reportagem sobre o filme: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/05/1271207-filme-que-retrata-
relacao-entre-domesticas-e-patroes-estreia-um-mes-apos-pec.shtml. Acessado 29/08/2014. 11 Gabriel Mascaro, entre as artes visuais e o cinema, formado em comunicação social constrói trabalhos
complexos e controversos política e esteticamente sobre a negociação do poder em suas mais diversas
manifestações.
4
processo de produção fílmica, o cinema como indústria, pouco são os trabalhos que
apresentam uma perspectiva transgressora sobre as relações de raça e gênero e que conseguem
visibilidade comercial. Dessa maneira, é central nas análises dos filmes apresentados,
perceber em que medida apresenta rupturas com os padrões de heteronormatividade ou
questionam as representações negativas sobre as domésticas ou se a reproduzem suas
condições históricas.
Questões de gênero e de raça no cenário brasileiro
Os estudos de relações de gênero foram uma das primeiras áreas que contestaram a
inadequação de conceitos universalizantes para se interpretar o passado. Criticava-se a
naturalização, na historiografia estabelecida, da divisão e da hierarquia entre os sexos, que
pressupõe que as diferenças e as relações entre homens e mulheres decorrem de uma distinção
de papéis reservados naturalmente ao masculino em contraposição aos reservados
naturalmente ao feminino. Essas reflexões vão auxiliar nas interpretações referentes às
trabalhadoras domésticas nas películas investigadas, porque permitem compreender numa
outra perspectiva as relações de gênero nos filmes.
Outro questionamento importante dos estudos feministas atuais é problematizar a
inadequações das investigações relacionadas à história das mulheres que reproduzem
concepções permeadas pela oposição homem e mulher: “nas análises de gênero é constante o
pensamento dicotômico e polarizado que concebe homem e mulher como polos opostos
dentro de uma lógica invariável de dominação/submissão” (LOURO, 1997, p.31). Assim,
cria-se para a categoria mulheres uma existência que a separa do seu relacionamento
conceitual, situado historicamente, com a categoria homens. Joan Scott defende como
“indispensável à implosão dessa lógica” (SCOTT, 1992, p.83). A separação entre história das
mulheres e história dos homens inviabiliza uma interpretação complexa das relações sociais.
Dessa maneira, esta investigação pretende atentar nos filmes para as relações entre os dois
sexos, mas ainda as diferenças no interior da categoria gênero considerando-os obras inscritas
no século XXI e na sociedade brasileira.
O cinema, pois, nesta pesquisa é entendido como uma complexa “tecnologia social”
produtora/reprodutora do gênero. (LAURENTS, 1994, p.28). Gênero pensado, não como algo
existente a priori nas pessoas, mas como “conjunto de efeitos produzidos em corpos,
comportamentos e relações sociais” (LAURENTIS, 1994, p.24). Nessa perspectiva, mais do
que reconhecer que existiam diferenças biológicas e sexuais entre homens e mulheres,
importa observar o que sócio-historicamente construiu-se sobre isto, destacando o caráter
5
“fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo” (SCOTT, 1995, p.72). É dessas
ideias que emerge o conceito de gênero, que pretende se referir “ao modo como as
características sexuais são compreendidas e representadas ou, então, como são trazidas para a
prática social e tornadas parte do processo histórico” (LOURO, 1997, p.22).
O conceito de gênero, entendido como construção cultural, possibilita relações com
outras categorias, como etnia e classe social. Aqui reside um aspecto fundamental para a
presente comunicação, isto é, trabalhar o entrelaçamento entre gênero e raça nos filmes
selecionados, já que as domésticas são majoritariamente negras. Estudiosas/os ligadas aos
estudos feministas de etnia e raça Gonzalez (1983); Guillaumin (1994); Carneiro (1995,
2003); Figueiredo (2008); Bell Hooks (1995) têm contribuído para se pensar as diferenças no
interior da categoria gênero e para questionar as características iniciais de uma construção
teórica feminista marcadamente conduzida por mulheres brancas, urbanas e de classe média.
Essas pesquisas se constituem, muitas vezes, em problematizar as condições de vida e de
trabalho das mulheres negras em diferentes instâncias e espaços e, apontando desigualdades
sociais, políticas, educacionais, econômicas entre mulheres brancas e negras e suas raízes
históricas.
Tratando do mercado de trabalho, recentes pesquisas mostram que as mulheres pardas e
negras estão fortemente concentradas na prestação de serviços, cuja principal ocupação é o
serviço doméstico. Entre 2004 e 2011, a proporção de mulheres negras ocupadas nos serviços
domésticos no país cresceu de 56,9% para 61,0%, ao passo que entre as mulheres não negras
observou-se uma redução de 4,1% pontos percentuais, com a participação correspondendo a
39,0%, em 201112. Segundo Lima,
o fato desse alto percentual de mulheres pretas [...] estarem no serviço
doméstico é sinal de que a expansão do mercado de trabalho para essas
mulheres não significou ganhos significativos. E quando esta barreira social
é rompida, ou seja, quando as mulheres negras conseguem investir em
educação numa tentativa de mobilidade social, elas se dirigem para
empregos com menores rendimentos e menos reconhecidos no mercado de
trabalho (apud Carneiro, 2003, p. 121).
Sobre a participação das mulheres negras no cinema, recentemente um estudo
realizado pelo GEMAA (Grupo de Estudo Multidisciplinares de Ação Afirmativa) vinculado
a UERJ aponta que em apenas 4,4% dos 218 longas-metragens entre 2002 – 2012 atrizes
negras e pardas participam dessas produções. E quando os negros aparecem nas obras
12 Maiores informações sobre o estudo mais recente a respeito do Emprego Doméstico realizado pela Dieese,
ver: <<http://www.dieese.org.br/estudosetorial/2013/estPesq68empregoDomestico.pdf>>. Acessado 24/07/2014.
6
cinematográficas nacionais é por meio de representações pejorativas associadas geralmente a
pobreza e a criminalidade13. No caso das mulheres negras no cinema e na TV estas
majoritariamente ocupam papéis de faxineiras, babás, cozinheiras e domésticas ou surgem
como sedutoras, feiticeiras, donas de corpos esculturais, de beleza e graça mundanas “a cor do
pecado”. Nenhuma atriz negra brasileira parece ter escapado do papel de escrava e serviçal
mesmo aquelas que chegaram à televisão e já tinham um nome solidamente construído no
teatro ou no cinema, como Ruth de Souza. Dessa maneira, “o sexismo e o racismo atuando
juntos perpetuam uma iconografia de representação da negra que imprime na consciência
cultural coletiva a ideia de que ela esta neste planeta principalmente para servir aos outros”
(ARAÚJO, 2008, p. 979; Bell, 1995, p.468).
Portanto, para se compreender as representações das domésticas nos filmes analisados
é necessário pensar as desigualdades de gênero e raciais, duas categorias de maior poder
explicativo das desigualdades no Brasil contemporâneo. Também refletir sobre as relações
entre a história das domésticas no Brasil hoje e seus antecedentes históricos. Para a
historiadora Pereira (2011) é na escravidão doméstica colonial que se encontram as “raízes
históricas, cuja ideologia vigente ainda determina que o lugar da mulher negra seja a cozinha
e o cuidado do lar” (p. 5). As mulheres negras escravizadas, em sua maioria, durante o
período colonial eram responsáveis pelo funcionamento doméstico da Casa-grande “sendo
todas as atividades ligadas ao cuidado da casa e à domesticidade – [...] concubinas [...]
cozinheiras e amas de leite – as mais agradáveis ao sexo da mulher [negra]” (CARVALHO,
2006, p. 57).
O que as distinguia era apenas a especialização e o grau de supervisão. As
mucamas, encarregadas de adentrar os lugares mais íntimos da casa para
servir seus senhores e seus filhos, eram as mais vigiadas de todas. O trabalho
da cozinha e os trabalhos de limpeza geral da casa tinham um nível de
vigilância intermediário. Já as carregadoras de água, as lavadeiras e as
costureiras trabalhavam quase sempre fora da circunscrição da casa e dos
olhos da patroa, podendo trabalhar para diversas famílias e ter uma vida
independente no seu lar (VILASBOAS E SANTOS, 2010, p. 34).
O historiador Peixoto que estuda as domésticas no Brasil a partir de uma análise das
permanências e transformações no tempo entre estas, as mucamas e criadas sublinha que:
a designação das empregadas domésticas passou por mudanças sinonímias
ao longo do tempo; semanticamente, os termos predecessores - mucama,
criada e serva - cristalizaram e/ou internalizaram a mediocridade funcional e,
13 Pesquisa “A cara do Cinema Nacional (2002 - 2012)”: <<
http://gemaa.iesp.uerj.br/publicacoes/infografico.html>>. Acessado em 23/07/2014.
7
por conseguinte, remuneratória; tanto que, apenas recentemente, após
quinhentos anos, as empregadas domésticas passaram a possuir alguns dos
direitos que já são gozados há décadas pelos demais trabalhadores de outras
atividades.14
Na introdução do capítulo “O escravo negro na vida sexual de família do brasileiro”
Freyre apresenta de forma saudosista o que ele afirmou ser “a sombra das escravas na vida
sexual e familiar do brasileiro”:
da escrava [...] que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de
comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha
que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da
mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que
nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a
primeira sensação completa de homem (FREYRE, 2005, p. 459).
As imagens da vocação natural ao trabalho doméstico e da sexualidade são, então,
reafirmadas em obras de intelectuais brasileiros no início do século XX, dentre eles Gilberto
Freyre.
A interpretação de Freyre se tornou a interpretação hegemônica do Brasil,
que teve vigência durante muito tempo e até hoje manifesta seus resquícios.
Tal interpretação cria uma representação do Brasil a partir da casa-grande e
da senzala – que, segundo ele, seria a unidade de entendimento do Brasil –
que permite visualizar de forma mítica as trabalhadoras domésticas e a
divisão sexual e racial do trabalho (VILASBOAS E SANTOS, 2010, p. 28).
Layla Carvalho (2006) igualmente faz sua crítica pautando-se no aparente apego que
se tem das construções freyrianas no que se refere às mulheres negras e da dificuldade que
inúmeros trabalhos científicos “em romper com esse conhecimento localizado e, na
perspectiva das mulheres, misógino e imobilista”. Para ela, as obras de Freyre são carregadas
de estereótipos desde “a figura da mulata sensual, ou da mulher negra subserviente e bondosa,
aproximada à figura da Virgem Maria” (2006, p. 50).
(I)mutabilidades Sociais nos filmes: uma análise sintética
Em Domésticas, o filme (2001) desenvolve-se a ideia do trabalho doméstico como
“sina”, ou seja, um olhar negativizado que é socialmente construído. Conforme Ghaham
(1992), no contexto histórico do pós-Abolição entre 1860 a 1910, o trabalho doméstico apesar
de incorporar mulheres livres e pobres, contudo, não rompeu, em diversos aspectos, com as
relações tecidas entre escravas e senhores e as permutas simbólicas que os associavam.
Segundo a autora, do ponto de vista jurídico o universo do trabalho sofreu modificações e a
14 PEIXOTO, R. Mucamas, Criadas ou Domésticas: sinônimos de uma só história de exclusão. 2008. In
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0058.html. Acesso: 12/09/ 2014.
8
mais visível é a mudança de mão de obra de escrava para assalariada, contudo, a incorporação
da população negra foi realizada, principalmente, por meio de trabalhos subalternos e dentre
eles, encontra-se o trabalho doméstico, ou seja, serviços de caráter braçal. Para Cruz (2012),
o pensamento colonial produziu [...] a imagem da mulher negra e do homem
negro intrinsecamente ligados a trabalhos manuais, de força e servis,
naturalizando a idéia de que estes nasceram sobretudo para executar estas
funções (p. 25).
Dessa maneira, o trabalho doméstico passou a ser a forma de sobrevivência mais
recorrida pela população negra, sobretudo da mulher, pois no funcionamento produtivo da
econômica nacional escravocrata, no pós-Abolição, as mulheres e homens ex-escravos
ficaram as margens da sociedade e, geralmente, “com isso passou a viver na miséria, sem
trabalho e sem possibilidades de sobrevivência em condições minimamente dignas” (CRUZ,
2012, p. 27). As transformações jurídicas de escravas para libertas, então, não foram
acompanhadas por mudanças no trato social, mental e cultural da sociedade brasileira: “tipos
de controle social que só tinham sentido na escravidão continuaram a vigorar mesmo após a
abolição, ainda que em um contexto econômico diferente” (VILASBOAS E SANTOS, 2010,
p. 20).
O filme, igualmente, reproduz o discurso de imobilidade social, mas com Kelly, filha
de Créo, tenta fornecer um escape da “sina” de sua família, em particular, que a quatro
gerações segue no trabalho doméstico, ou seja, desde escravidão. Kelly foge da realidade do
trabalho doméstico e o filme todo Créo fica louca atrás dela, só ao final do filme ela
reencontra a filha e é com o diálogo entre as duas que o filme encerra-se no qual Kelly diz que
está trabalhando, não em casa de família, mas em firma. Diz, pois, “ascensão social foi
garantia ao menos a uma”, não é pretensão dos diretores e da sociedade como todo “virar o
mundo de pernas para o ar, colocando-o de cabeça para abaixo, mas o que se pretende é
precisamente celebrar o mundo tal como ele é no quotidiano” (DAMATTA, 1994, p. 70).
Em outros termos, a saída de Kelly do trabalho doméstico não condiz com uma
ruptura social, afirmar que trabalha em uma firma não revela se ela exerce prestação de
serviços ou não, pois sendo mulher e negra espera-se que ela exerça certos trabalhos. De
acordo com Peixoto (2008), essa assimetria na distribuição do trabalho deve-se ao racismo,
segundo sua listagem dos trabalhos destinados à população negra após-Abolição e ainda
permanece até os dias atuais.
Vemos assim que abolição não conseguiu romper completamente com a
lógica exploratória do trabalho feminino negro que por intermédio da
9
desvalorização do trabalho doméstico exercido sob estereótipos de gênero e
raça vem ao longo dos séculos elegendo o lugar desprestigiado da mulher
negra (CRUZ, 2012, p. 28).
As personagens falam, reclamam, subvertem ao inventarem modos de rupturas,
resistências cotidianas na relação de poder com os patrões, principalmente na personagem
Roxane que insiste em dizer sempre “está doméstica”, mas o filme tem um problema, para
citar apenas um. Se no documentário de 2012 faltam falas e sobram silêncios, no drama
cômico de 2001 quem se ausenta são os patrões. Diz-se empregada doméstica, logo se refere à
relação com o patrão, cadê ele, então? O personagem do patrão é um ausente presente,
ninguém aparece o interpretando, mas podemos vê-lo quando se entende a construção fílmica
binariamente. O filme preocupa-se em montar as personagens principais: as domésticas,
portanto, aquilo que elas são, de acordo com os diretores, na película elas falam “errado”,
veste uniforme, ouve musica brega e entre outros pontos. Dado o que é, agora é fácil dispor o
que não é: o patrão não é igual a empregada. Ele fala “direito”, não usa uniforme, não ouve
musica brega e etc... Resumindo, o universo social de ambos são distintos. Os patrões são
representados pelos próprios diretores.
Em Doméstica (2012) como teve apenas um argumento inicial, não houve uma pré-
elaboração por parte do roteirista de perguntas chaves para que os sete jovens fizessem as
domésticas ou uma melhor elaboração das perguntas pelos próprios jovens, permitiu que o
documentário criasse diversos vácuos de perguntas e respostas, o implícito rege o filme. No
interior encenado dessa relação patrão-empregado, que o documentário explora muito bem, a
narrativa flui em uma conversa que se mesclava em embaraço, em tristeza, em alegria que se
transmitia em palavras e silêncios. A narrativa gritantemente silenciosa corrobora com a ideia
negativa de Spivak? Em “O subalterno pode falar?” discorre que se sair de um
condicionamento social ele cai em outro, uma visão de determinação total na qual não há
escapatória, portanto, o subalterno não pode falar.
Contudo, discordando da afirmação de Spivak, o silencio fala, e se o filme mais trouxe
silêncios das subalternas talvez seja mais relacionado ao constrangimento que algumas delas
mais do que outras passaram ao serem filmadas pelos pequenos, não tão pequenos patrões do
que uma passividade diante da relação de poder entre patrões e empregadas.
A necessidade de controlar as emoções e de reprimir as respostas naturais
aos insultos e indignidades aos quais são sujeitos na interação com os
poderosos cria uma necessidade de desabafar e restabelecer a dignidade
quando as pessoas estão num contexto social protegido dos olhos e dos
ouvidos dos poderosos (MONSMA, p. 7).
10
De acordo com o próprio diretor, a intenção do documentário é o silencio
constrangedor das trabalhadoras e as falas pretensiosamente cordiais dos patrões, nesse
sentido, o filme é perverso. Elas relatam que começaram a trabalhar com serviços domésticos
desde pré-adolescência, menos seu Sérgio que ingressou no serviço doméstico devido à perda
do trabalho e ao abandono da família, ele começa a trabalhar na casa de uma como empregado
doméstico. Todas as domésticas entrevistadas, e aqui se inclui seu Sergio, já trabalhavam a
mais de dez anos na mesma casa: “está aqui desde que nasci”, frase que se repetiu no decorrer
dos depoimentos quando os adolescentes comentam sobre a presença das empregadas em sua
casa. Muito também se repetiu nas falas dos patrões e patrões(zinhos) o famoso jargão: “é
como se fosse da família”. Dessa maneira, com esse filme, pode-se visibilizar a presença do
paternalismo/patriarcalismo que persiste com velho discurso de proteção elaborado na relação
patrão-empregado.
O trabalho doméstico, exercido pela mulher negra [principalmente] teve sua
funcionalidade fortemente arraigada nas relações de favor ou compadrio, que
são marcados por relações de dominação/opressão de gênero e raça, a
demarcação do trabalho doméstico como sendo coisa de negra, agiu
incisivamente no fortalecimento dos valores paternalistas e patriarcais,onde
as relações se estabeleciam com forte apelo afetivo acrescido de uma falsa
idéia de pertencimento, que perpetuavam práticas de subordinação e
dependência estratificadas como naturais, inerentes a mulher negra (ex-
escrava) (PEREIRA, 2011, p.5).
A presença da afetividade nessa relação faz com que as domésticas vejam-na
positivamente, pois “se não fosse bom trabalhar aqui, eu não estaria aqui há 13 anos, né?”, diz
Maria das Graças. Tal afeto, segundo pesquisadores, está mais para uma “ambiguidade
afetiva” que seria:
alguém que se tem carinho, que pode ser melhor ou pior tratada pela família
empregadora. Mas são nestes dizeres e no uso desses espaços que as
mulheres, cuidadoras da infância, vão, no transcurso até a vida adulta
daquela criança, tomando o lugar de subalternidade, assumindo tarefas
menos dignas, assim como são naturalizadas as distâncias sociais entre
aqueles que podem comprar e aqueles que vendem o trabalho doméstico
(BRITES et al, 2014, p. 152).
Para os autores (2014), o trabalho doméstico viabiliza o relacionamento entre classes
desiguais em uma sociedade envolta pelos discursos sobre e pela cidadania, porem calcando
no clientelismo, um tipo de reciprocidade social ainda vivo nas sociedades contemporâneas,
pois há certa legitimidade na durabilidade desse tipo de relação no âmbito do trabalho.
11
E ainda continua sujo!
A história das conquistas de direitos das empregadas domésticas é longa e a
regulamentação desse tipo de trabalho sofreu várias mudanças no tempo, relacionando, dentre
outros fatores, a conquista de direitos femininos, a criação de um sindicato e as lutas das
populações negras por igualdade. A primeira regulamentação foi em 1972 com a lei nº 5.859
em regime distinto de direitos, porém nem com a promulgação da Carta Constitucional de
1988, os trabalhadores domésticos adquiriram todos os direitos previstos para as demais
categorias. O empregado doméstico, dentre todas as espécies de empregados existentes, é o
único que não possui regulamentação em sua jornada de trabalho, exercendo atividade laboral
diária por tempo ilimitado, e como consequência disso, não tem direito à hora extra e
adicional noturno. Também não possui direito ao salário família, ao seguro desemprego e ao
FGTS. Recentemente, em 2013, ocorreu um debate social e político intenso em torno da
aprovação ou não da PEC nº 66/201215, mais conhecida “a PEC das Domésticas”, que tem o
intuito de promover:
direitos igualados aos trabalhadores de uma empresa ou uma fazenda.
Alguns direitos, como a jornada de 44 horas semanais e o pagamento de
horas-extras, terão validade imediata, estarão valendo a partir da
promulgação da emenda constitucional. Por outro lado, alguns outros, a
exemplo da conta no FGTS, seguro-desemprego e salário-família, devem vir
a ser efetivados no futuro, após a regulamentação (CARVALHO, 2013, p.
12).
Infelizmente faz um ano que a proposta está parada na Câmara dos Deputados
impedindo que sejam assegurados os direitos previstos pela “PEC das Domésticas”16. Tal
situação é significativa para ler as representações das domésticas nos filmes estudados. Outro
ponto a se pensar, é o fato de haver múltiplas vozes contra essa PEC reverberando em
matérias de jornais e nas redes sociais17. Enfim, a pesquisa que procuro construir não
considera “as domésticas” como meras sobrevivências de um passado arcaico, mas como
ativas construtoras de novos sentidos, em processos de negociação da realidade em que são
intérpretes e sujeitos na leitura de significados antigos e produção de novos. No entanto, é
inegável que os acontecimentos e representações atuais, como as representações fílmicas, não
15 Basicamente a proposta é alterar a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para
estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os empregados domésticos e demais trabalhadores urbanos e
rurais. PEC nº 66/2012 completa vide:
<<http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=109761>>. Acessada em 17/07/2014. 16 Reportagem completa em << http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-04/pec-dos-domesticos-
completa-um-ano-sem-regulamentacao>>. Acessado em 25/07/2018. 17 Por exemplo, a Revista VEJA: <<http://veja.abril.com.br/tema/pec-das-domesticas>>. Acessado em
25/07/2018.
12
podem ser explicadas unicamente a partir de acontecimentos restritos ao presente. Requerem
questionamentos ao passado, análises e identificação de relações entre vivências
históricas/sociais no tempo.
Fontes Documentais
MASCARO, G. Doméstica. 2012, Desvia, 75 min, DVD.
MEIRELLES, F.; OLIVAL, N. Domésticas, o filme. 2001, 02 Filmes e Imagem Filmes, 85
min, DVD.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, J. O Negro na Dramaturgia, Um Caso Exemplar da Decadência do Mito da
Democracia Racial Brasileira. In Estudos Feministas, Florianópolis, 16(3): 979-985, set.-
dez./2008, pp. 979 – 985.
BENJAMIN, W. Magia e Técnica, Arte e Política - Obras Escolhidas. Vol. 01. São Paulo,
Brasiliense, 1994.
BERNARDET, J. O que é Cinema? São Paulo: Brasiliense, 2000.
BRITES, J et al. O emprego doméstico no Brasil em números, tensões e contradições: alguns
achados de pesquisa. In Revista Latino-americana de Estudos do Trabalho, ano 19, nº 31,
2014, 131-158.
CARNEIRO, S. Gênero, Raça e Ascenção Social. In Estudos Feministas. 1995, pp. 544 –
552.
____________. Mulheres em Movimento. In Estudos Avançados. 2003, pp. 117 – 132.
CARVALHO, L. Continuidades da narrativa Freyriana na construção de imagens das
mulheres brasileiras. In Em Tempo de Histórias - PPG-HIS/UnB, n.10, Brasília, 2006, pp.
49 – 68.
CARVALHO, M. A polêmica emenda constitucional nº 66/2012 (PEC das Domésticas).
Revista do Curso de Direito da UNIFACS: Salvador, n. 155, maio 2013, pp. 1 - 25.
CRUZ, J. As Negras Que Conheci: uma análise sobre o cotidiano das trabalhadoras
domésticas negras da cidade de Cruz Das Almas – BA. Dissertação em Ciências Sociais.
Bahia/Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2012.
CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação
racial relativos ao gênero. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, p. 171-188,
2002.
13
DAMATTA, R. O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer. In O que faz o brasil, Brasil?
Rio de Janeiro: Rocco, 1994, pp. 56 – 67.
____________. As festas da Ordem. In O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco,
1994, pp. 68 - 78.
FERRO, M. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FIGUEIREDO, A. Gênero: dialogando com os estudos de gênero e raça no Brasil. In Sanone,
L. et al (org.). Raça: novas perspectivas antropológicas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FREYRE, G. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime de
economia patriarcal. São Paulo: Global, 2005.
GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Ciências Sociais Hoje, n. 2,
Brasília, 1983, pp. 223-244.
GUBERNIKOFF, G. A Imagem: representação da mulher no cinema. In Conexão –
Comunicação e Cultura: UCS, Caxias do Sul, v. 8, n. 15, jan./jun. 2009, pp. 65 – 77.
GUILLAUMIN, C. “Enquanto tivermos mulheres para nos darem filhos”. A Respeito da raça
e do sexo. In Estudos Feministas. 1994, pp. 228 – 233.
GRAHAN, S. Proteção e obediência: criadas e seus patrões no Rio de Janeiro, 1860-
1910. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
HOOKS, b. Intelectuais negras. Estudos feministas. Rio de Janeiro: Ano 3, n. 2, 1995.
JODELET, D. As Representações Sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.
KAPLAN, A. A Mulher e O Cinema. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
LAURENTIS, T. A Tecnologia do Gênero. In. HOLANDA, H. (org) Tendências e impasses.
O feminismo como critica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
LOURO, G. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista.
Petrópolis: Vozes, 1997.
MANESCHY, M. C. O Emprego Doméstico e as Relações de Gênero no Mundo do Trabalho.
In Gênero na Amazônia: Belém, n. 3, jan./jun, 2013, pp. 207 – 218. Disponível em: <<
http://www.generonaamazonia.ufpa.br/edicoes/edicao-3/Artigos/Artigo10-Cristina-
Maneschy.pdf >>. Acesso em 27 de Maio de 2014.
MONSMA, K. James C. Scott e a Resistência Cotidiana: uma avaliação crítica.
Disponível em <<
http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=4977&I
temid=358>>. Acessado em 22/09/2014.
NAPOLITANO, M. Fontes Audiovisuais – A História depois do papel. In Carla Pinsky (org.).
Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2008, pp. 235 - 289.
NÓVOA, J. et al (org.). Cinema-História: Teoria e representações sociais no Cinema. Rio
de Janeiro: Ed. Apicuri, 2008.
14
PEREIRA. B. De escravas a empregadas domésticas - A dimensão social e o "lugar" das
mulheres negras no pós- abolição. 2011. In:
<<http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308183602_ARQUIVO_ArtigoANPU
H-Bergman.pdf>>. Acessado dia 18/07/2014.
PEIXOTO, R. Mucamas, Criadas ou Domésticas: sinônimos de uma só história de
exclusão. 2008. In << http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0058.html>>.
Acessado dia 12/07/2014.
RIBEIRO, M. O feminismo em novas rotas e visões. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 14,
n. 3, Dec. 2006.
SANSONE, L. Raça. In Claudio Furtado et al (org.). Dicionário crítico das ciências sociais
dos países de fala oficial portuguesa. Salvador: UDUFBA, 2014, pp. 393 – 411.
SCOTT, J. O enigma da igualdade. In Estudos Feministas: Florianópolis, 13(1):216,
jan./fev., 2005, pp. 11 – 30.
________. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. In Educação & Realidade. Porto
Alegre, vol. 20, nº 2,jul./dez. 1995, pp. 71-99.
SCHWARCZ, L. Gilberto Freyre: adaptação, mestiçagem, trópicos e privacidade em Novo
Mundo nos trópicos. In Mal-estar na Cultura: IFCH – UFRGS , Abril-Novembro de 2010,
pp. 1 – 32.
SILVA, O. da C. Domésticas – o filme: um estudo com profissionais do Distrito Federal.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UnB. Brasília,
2007.
SPIVAK, G. Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
TELLES, L. Libertas entre sobrados: contratos de trabalho doméstico em São Paulo na
derrocada da escravidão. Dissertação de mestrado em História Social. PPG-HIS, USP,
2001.
VANOYE, F et al (org.). Ensaio sobre a Análise Fílmica. Campinas: Papirus, 1994.
VILASBOAS E SANTOS, N. Desigualdade e identidade no serviço doméstico: intersecções
entre classe, raça e gênero. Dissertação de Mestrado. Goiânia: UFG/ Programa de Pós-
Graduação em Sociologia, 2010.