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2ª PLENÁRIA NACIONAL DE TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS Luziânia – GO, 23 a 26 de outubro de 2007 CONTAG – FETAG – STR 1 INTRODUÇÃO 1. As Plenárias dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, tanto em nível nacional quanto estadual, foram criadas a partir do 2º Congresso Nacional Ex- traordinário dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, realizado em outubro de 1999. A compreensão foi de que, com a ampliação do mandato da Diretoria para 4 anos, era preciso realizar um evento, no meio do mandato, em que se pudesse avaliar os encaminhamentos das propostas aprovadas no Congresso até aquele momento e tirasse linhas de ações que possibilitasse a concretiza- ção das mesmas nos dois anos seguintes. 2. Este caráter avaliativo e não deliberativo foi reforçado em todo o proces- so de discussão, aprovação e implementação da proposta. Assim, a Plenária não tem por objetivo refazer ou retomar as discussões e debates ocorridos du- rante o Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. O seu objetivo, na verdade, é de assegurar que as propostas ali discutidas e aprova- das possam ser avaliadas e concretizadas. 3. A Plenária é, ainda, o início da preparação do próximo Congresso, na medida em que permite ao Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalha- doras Rurais iniciar a discussão de novos pontos, que ainda não estavam na pauta de discussão do Congresso anterior, mas que cresceram em importância para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. 4. As Plenárias têm ainda a função de realizar um balanço das ações e políticas desenvolvidas pela Diretoria, seja da CONTAG, seja das Federações, ao longo dos dois últimos anos. 5. O documento que apresentamos para a discussão e complementação dos companheiros e companheiras, nas assembléias gerais e nas plenárias estaduais e regionais de preparação da 2ª PNTTR busca permitir que a Plená- ria cumpra fielmente o seu papel e se torne um instrumento cada vez mais efi- ciente em seu objetivo maior, que é o de assegurar efetividade ás propostas aprovadas em nossos Congressos.

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INTRODUÇÃO 1. As Plenárias dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, tanto em nível nacional quanto estadual, foram criadas a partir do 2º Congresso Nacional Ex-traordinário dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, realizado em outubro de 1999. A compreensão foi de que, com a ampliação do mandato da Diretoria para 4 anos, era preciso realizar um evento, no meio do mandato, em que se pudesse avaliar os encaminhamentos das propostas aprovadas no Congresso até aquele momento e tirasse linhas de ações que possibilitasse a concretiza-ção das mesmas nos dois anos seguintes.

2. Este caráter avaliativo e não deliberativo foi reforçado em todo o proces-so de discussão, aprovação e implementação da proposta. Assim, a Plenária não tem por objetivo refazer ou retomar as discussões e debates ocorridos du-rante o Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. O seu objetivo, na verdade, é de assegurar que as propostas ali discutidas e aprova-das possam ser avaliadas e concretizadas.

3. A Plenária é, ainda, o início da preparação do próximo Congresso, na medida em que permite ao Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalha-doras Rurais iniciar a discussão de novos pontos, que ainda não estavam na pauta de discussão do Congresso anterior, mas que cresceram em importância para os trabalhadores e trabalhadoras rurais.

4. As Plenárias têm ainda a função de realizar um balanço das ações e políticas desenvolvidas pela Diretoria, seja da CONTAG, seja das Federações, ao longo dos dois últimos anos.

5. O documento que apresentamos para a discussão e complementação dos companheiros e companheiras, nas assembléias gerais e nas plenárias estaduais e regionais de preparação da 2ª PNTTR busca permitir que a Plená-ria cumpra fielmente o seu papel e se torne um instrumento cada vez mais efi-ciente em seu objetivo maior, que é o de assegurar efetividade ás propostas aprovadas em nossos Congressos.

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ANÁLISE DE CONJUNTURA 6. Ao avaliarmos a conjuntura no nosso 9. CNTTR em 2005, concluímos que “a eleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, com o apoio político do MSTTR representava um importante passo para a construção de um projeto de desenvolvimento sustentável”, mesmo com as dificuldades que enfrentava para implementar todas suas propostas, apesar de todo apoio dos trabalhadores e trabalhadoras. Avaliávamos também que o aumento do número de parlamenta-res de esquerda e centro esquerda foi uma importante vitória de um projeto democrático e popular, e com um compromisso de mudança no país. E que essas vitórias só foram possíveis graças ao esmagador apoio dos setores po-pulares.

7. Também foi nesse período que o governo enfrentava a sua pior crise. Aproveitando-se dos erros cometidos por alguns dirigentes do PT e dos parti-dos da base aliada, a direita conservadora, aliada com a mídia, tentou de todas as maneiras inviabilizar o governo Lula, inclusive com várias ameaças de im-peachment. A Contag sempre teve uma posição muito clara: defendemos a apuração e punição de todos os culpados, mas também assumimos a defesa do governo eleito pelos trabalhadores e trabalhadoras por entendermos que ele representa um grande avanço em relação a todos os governos anteriores que eram controlados pela elite do país.

8. Sem dúvida nenhuma apesar de todas as dificuldades enfrentadas, o governo Lula representou um grande avanço para os setores populares. Dentre os avanços destacamos o controle da inflação e a manutenção da estabilidade econômica, a diminuição acelerada do risco país, o aumento dos recursos do Pronaf, a política de recuperação do salário mínimo, o programa Luz para To-dos, o Bolsa Família, a manutenção dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Regime Geral de Previdência e o tratamento diferenciado que os movimen-tos sociais tiveram durante esse governo.

9. Mas, se tivemos pontos positivos, muito ainda falta avançar. Dentre os aspectos negativos a Reforma Agrária não teve os resultados esperados, o programa do Biodieesel ainda encontra dificuldades para assegurar a efetiva participação da agricultura familiar, os assalariados e assalariadas do campo vivem uma situação de insegurança na Previdência Social, as taxas de juros ainda é uma das maiores do mundo travando um processo de crescimento mais acelerado e a educação do campo ainda patina na sua implementação.

10. É preciso registrar também que o governo Lula tem resgatado o caráter republicano das instituições do Estado, que garanta o direito de igualdade de tratamento a todos os cidadãos. Um exemplo disso tem sido a atuação da Polí-cia Federal e do Ministério Publico Federal, que tem pautado suas investiga-ções com independência de isenção, garantindo a apuração das denúncias em todos os níveis sem “proteções especiais”. Por outro lado, a ampliação da par-ticipação da sociedade civil nos Conselhos e Fóruns – como o da Previdência - tem assegurado um amplo debate de propostas e medidas a serem implemen-tados.

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Eleições 2006 11. O processo eleitoral de 2006 iniciou-se bastante contaminado pelo cerco imposto pelos setores conservadores e pela mídia do país. Foram tantas as denúncias fabricadas ou requentadas por esses setores, que muitos duvidavam da capacidade de reeleição do Presidente Lula, tinham como certo uma forte diminuição da bancada de esquerda e centro esquerda no Congresso Nacional.

12. Mais uma vez a Contag, ainda em março de 2006, no seu Conselho De-liberativo aprovou o apoio a reeleição do presidente Lula, e também a partici-pação na formulação do seu programa de governo apresentando nossas pro-postas. Fomos a primeira organização do movimento social a tomar essa deci-são. E mais do que isso, nos engajamos no processo de campanha com nos-sos militantes nos estados, e promovemos o único comício de caráter sindical de toda a campanha em Caruaru, quando levamos mais de 20.000 pessoas.

13. Ainda no primeiro turno, os resultados demonstraram o quanto a mídia e os críticos estavam errados quanto ao apoio que o governo Lula e os parla-mentares de centro esquerda e esquerda tinham junto às camadas populares. Juntos elegeram 185 das 513 vagas na Câmara dos Deputados, ou seja 36%, a maior bancada que já tiveram na Câmara e pela primeira vez nos últimos 20 anos superior à das bancadas de direita e centro-direita.

14. Mas a eleição foi marcada por uma forte renovação do Congresso Na-cional, que atingiu 44% dos cargos. É preciso registrar, ainda, a redução do número de parlamentares oriundos do movimento sindical, o aumento de em-presários eleitos e o avanço da bancada ruralista.

15. Em 2006, o MSTTR aprofundou a sua política de incentivo e apoio a lideranças sindicais a se candidatarem, tendo conseguido a eleição de 3 depu-tados federais e 4 deputados estaduais.

16. No segundo turno, quando ganhou força os debates de idéias e progra-mas, e ficaram mais claras as diferenças entre as propostas do candidato da direita, com as propostas para o segundo mandato do presidente Lula, aliadas ao maciço apoio do movimento popular, do MSTTR e do movimento sindical urbano, a diferença ampliou-se. O candidato da direita perdeu 2 milhões de votos em relação ao primeiro turno e o presidente Lula foi eleito com mais de 58 milhões de votos. Nas eleições estaduais, mais da metade dos governado-res eleitos foram da base aliada. A maior derrota foi do antigo PFL, hoje Demo-cratas, que elegeu apenas um governador, no Distrito Federal.

O Novo Mandato 17. Neste segundo mandato, o presidente Lula conseguiu montar uma con-sistente base de sustentação no Congresso Nacional, com a inclusão de todo o PMDB. Embora essa base de sustentação possa lhe dar maior estabilidade no governo, ela será um foco de tensão na medida em que além de ser mais con-servadora, amplia também os interesses com seus novos componentes, po-dendo interferir diretamente na execução do programa de governo. Portanto, não podemos nos iludir com essa estabilidade, mas redobrar nossa vigilância e

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cobrança quanto a defesa dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

18. No primeiro mandato todas as atenções do governo foram voltadas para superar os problemas herdados do governo anterior, manter a estabilidade e-conômica, controlar a inflação e financiar alguns programas sociais. No segun-do mandato o foco principal do governo tem sido a discussão e a proposição de medidas para o crescimento do país. Foi por isso que logo após a posse foi lançado o Programa de Aceleração do Crescimento. Esse programa tem o ob-jetivo de destravar o andamento de projetos de infraestrutura que facilitem e promovam o desenvolvimento econômico e o investimento produtivo de longo prazo de forma sustentada. Por se tratar de um programa de infraestrutura pro-dutiva, não existe nesse programa nenhuma medida específica para a área rural como um todo ou para a agricultura familiar. O setor rural vai ser benefici-ado indiretamente através da construção de estradas, ferrovias, e hidroelétri-cas.

19. Nesse sentido, precisamos focar as nossas propostas no aprofundamen-to e consolidação das políticas públicas para o desenvolvimento sustentável e solidário do país e em especial para a agricultura familiar, bem como, para as políticas sociais que beneficiem nosso povo do campo, como a educação do campo, a manutenção dos rurais no regime geral de previdência, inclusão de jovens e terceira idade, etc.

Eleições 2008 20. No próximo ano serão realizadas as eleições municipais. Coerentes com as nossas propostas de desenvolvimento sustentável e solidário, é preciso in-vestir nos espaços de poder local. Nas eleições de 2004, tivemos uma partici-pação significativa e positiva. Lançamos mais de 2000 candidatos a vereadores e vereadoras, prefeitos e prefeitas e vice. Elegemos mais de 200 vereadores. Em 2008, a nossa participação deve ser ainda mais organizada buscando ree-leger os companheiros que foram eleitos em 2004 e/ou elegendo novos com-panheiros. Afinal é nos municípios que as políticas públicas para o meio rural acontecem.

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BALANÇO DA GESTÃO DA DIRETORIA DA CONTAG

PRESIDÊNCIA 21. A presidência da Contag tem por principal característica a representação política e a coordenação das ações gerais da Contag. Neste sentido, o foco principal das ações após o 9º. CNTTR, na organização dos Gritos da Terra, na coordenação do Planejamento Estratégico, na discussão e encaminhamentos da relação CUT x Contag e a participação do 9º. Concut, as negociações relati-vas à previdência, a reforma sindical, dentre outras.

22. Em todos esses processos de mobilizações e negociações a presidência tem buscado a participação de todas as secretarias e das Federações, no sen-tido de garantir a máxima unidade do MSTTR em suas ações externas, bem como de garantir a defesa dos nossos interesses perante os governos, institui-ções e entidades. Os resultados dos últimos Gritos da Terra são um exemplo dessa atuação, em que conseguimos assegurar conquistas mobilizando, nego-ciando e pressionando o governo, com a participação maciça das Federações e Sindicatos. Outro exemplo foi a mobilização para a participação no 9º. Con-gresso da CUT quando pela primeira vez garantimos a participação de 250 de-legados no congresso nacional e milhares de delegados nos congressos esta-duais, aprovamos resoluções favoráveis a Contag nos estados e elegemos 2 diretores para a Executiva Nacional da CUT sendo uma vice-presidência.

Comunicação

23. Após o 9º. CNTTR a Contag intensificou o processo de investimento no setor da comunicação, por entendermos que ela é estratégica e um poderoso instrumento de luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Embora ainda tenhamos muito a fazer, temos buscado trabalhar com o conceito de implan-tarmos um sistema de comunicação que integre as nossas várias instâncias.

24. Nesse sentido, revitalizamos o Coletivo de Comunicação, para poder-mos discutir conjuntamente com as Federações as propostas que potenciali-zem a nossa comunicação com os trabalhadores e trabalhadoras e a socieda-de e estamos discutindo com os estados a criação de Coletivos Estaduais de Comunicação e construímos conjuntamente um planejamento específico para a comunicação. Estamos reformulando o site da Contag, tanto do ponto de vista visual como dos seus conteúdos e avançamos na ocupação de espaços na mídia.

25. Também devemos investir na construção de um banco de dados que integre e disponibilize as informações do Sistema Contag e possa funcionar em rede com as Federações. Vamos investir ainda mais no nosso programa de rádio, e construir uma rede para sua veiculação em parceria com a Abraço – Associação Brasileira de Rádios Comunitárias, que se prontificou a estabelecer

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uma parceria para nos capacitar na implementação de rádios comunitárias e para veicular nosso programa nas rádios que fazem parte da associação.

26. Nossas dificuldades residem muitas vezes na incompreensão de muitos dirigentes quanto ao papel da comunicação e da imprensa sindical, classifican-do-a como uma despesa e não como um investimento. Outro problema esta localizado na falta de estrutura e recursos para investir na nossa comunicação. Neste sentido, vamos investir na formação e capacitação específica de nossos dirigentes e assessores, para superarmos essas dificuldades, como já estamos fazendo com a formação política dos assessores de comunicação da Contag.

1ª VICE-PRESIDÊNCIA (SECRETARIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS) 27. A principal ação das Relações Internacionais da CONTAG tem sido for-talecer a relação sindical e a construção da solidariedade internacional junto às organizações afiliadas da Coprofam e atuar de maneira organizada e qualifica-da na REAF Mercosul como espaço de diálogo na construção de políticas pú-blicas para o meio rural. Atuamos permanentemente junto à CUT e à UITA a-presentando e defendendo propostas para a agricultura familiar nas negocia-ções de acordos de comércio na OMC, no Mercosul e deste com outros blocos. Vimos fortalecendo e atuando de maneira permanente e qualificada para o for-talecimento político da Coprofam e suas associadas, no âmbito do Mercosul, ao participar de maneira qualificada nos espaços de diálogo e formulação de políticas públicas na região, a exemplo da REAF Mercosul.

28. Na Secretaria Executiva da COPROFAM, a CONTAG coordenou e exe-cutou atividades importantes no âmbito do MERCOSUL, fortalecendo as pro-postas e as ações sindicais das organizações que fazem parte da COPROFAM e se destacou no esforço de estruturação da REAF enquanto espaço conquis-tado de formulação de propostas de políticas para a agricultura familiar no MERCOSUL. Foi protagonista nas atividades desenvolvidas pela COPROFAM, na construção de políticas públicas que promovam o fortalecimento da agricul-tura familiar, o desenvolvimento rural sustentável, diminuindo as assimetrias existentes e construindo a soberania e segurança alimentar nos países do MERCOSUL.

29. Na OMC a CONTAG desenvolveu ações articuladas com outras organi-zações sindicais e da sociedade civil com o objetivo de fazer uma intervenção articulada e qualificada nos espaços institucionais de Governo (nacional e in-ternacional) no que se refere aos temas de interesse da Agricultura familiar tra-tados no âmbito da OMC. Defendeu a implementação de instrumentos capazes de disciplinar o comportamento predatório dos monopólios das grandes empre-sas transnacionais que atuam no comércio internacional e garantir aos países em desenvolvimento o direito de se proteger e implementarem políticas públi-cas de soberania e segurança alimentar e de fortalecimento da agricultura fami-liar, como base indispensável para um desenvolvimento rural sustentável.

30. Na articulação sindical Intensificou sua relação com organizações sindi-cais no âmbito da COPROFAM, com a CUT e com a UITA realizando reuniões, encontros, seminários, manifestos e campanhas em defesa dos agricultores

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familiares e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Fortaleceu sua relação com Oxfam e Actionaid e outras organizações da sociedade civil, (REBRIP, Aliança Social Continental, e outras) defendendo os interesses dos(as) traba-lhadores(as) rurais do Brasil nos acordos de comércio internacional.

31. Fortaleceu sua relação com o FIDA, que vem apoiando a COPROFAM no seu processo de organização no âmbito do MERCOSUL e consolidação da participação qualificada na REAF-MERCOSUL. Mantém boa relação institucio-nal com a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agri-cultura através do CIP-FAO, com o objetivo de debater e construir políticas pú-blicas para a soberania e segurança alimentar e para o desenvolvimento rural sustentável. Da mesma forma com a OIT - Organização Internacional do Traba-lho, através da participação e colaboração nos espaços de debate em torno da construção e ajuste das leis, convenções e convênios internacionais para o trabalho assalariado no meio rural, nas ações de combate ao trabalho escravo e ao trabalho infantil e, ampliou o diálogo com o IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura, na busca de parceria para a construção e im-plementação de políticas para o desenvolvimento sustentável .

32. Além da participação na Coprofam e na REAF, a CONTAG atuou em espaços institucionais, formais ou não, nacionais e internacionais, defendendo o PADRSS com propostas e princípios para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (Fórum Social Mundial, REAF, FCES do Mercosul, etc.).

33. Realizou oficinas de sensibilização de lideranças e técnicos do MSTTR sobre comércio e integração regional; oportunizando que dirigentes sindicais e técnicos participassem de fóruns, conferências e seminários referentes a nos-sos interesses junto à OMC, ALCA, Mercosul e outros. Promoveu e participou de reuniões, encontros, conferências e oficinas com a participação de dirigen-tes e técnicos, em que foram tratadas ações e propostas para o mercado justo, a exemplo das iniciativas desenvolvidas na área do café. Publicou e divulgou, ainda, materiais para suas federações e sindicatos, assim como propiciou que dirigentes e técnicos participem dessas discussões em espaços nacionais e internacionais, a exemplo das seções nacional e regional da REAF e das ações da Coprofam. Está prevista, ainda, a publicação de novos materiais.

34. Em ações de cooperação técnica e financeira, pautamos nossas ações mais com a FAO e FIDA, sendo muito limitada com o PNUD e IICA.

35. A CONTAG participou do coletivo de relações internacionais da CUT, tratando de vários temas, porém, não conseguiu ampliar as relações institucio-nais com outras organizações sindicais a nível internacional, exceto com as que já mantém relação dentro do FCES do Mercosul. Ampliou, ainda, a parce-ria e ações com ONGs, tais como Actionaid, Oxfam, Coalizão do Café, FBONDS, Fundação Charles Leopoldo Maia – FPH, ICCO e outras, buscando o apoio técnico e financeiro para a implementação do PADRSS.

36. Organizou, também, oficinas de sensibilização e capacitação de líderes e técnicos do MSTTR, em que foram tratados temas como Mercosul, OMC, REAF, Integração e Desenvolvimento Regional Sustentável, e seguimos com as ações de capacitação e formação de técnicos e lideranças sindicais sobre

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os referidos temas, visando à inclusão dos mesmos na agenda sindical do MSTTR.

37. A CONTAG realizou várias atividades nacionais e internacionais bus-cando ampliar e fortalecer alianças estratégicas com organizações sindicais e ONGs internacionais: OIT, FAO, FIDA e com ONGs (Oxfam, Actionaid, Coali-zão do Café, GLACC, ICCO, etc.), visando consolidar a participação do MSTTR nos processos de integração regional e de negociação de acordos de comércio internacional, defendendo a adoção de medidas que protejam a agricultura fa-miliar e promovam o comércio com justiça, garantindo a soberania, a seguran-ça alimentar e um desenvolvimento rural sustentável.

38. Realizou Encontros Regionais sobre agricultura familiar, desenvolvimen-to rural e comércio internacional no sentido de incluir na agenda do MSTTR os grandes temas sobre integração regional (MERCOSUL, CSN) e comércio inter-nacional (ALCA, OMC, MERCOSUL, TLCs e outros), buscando fortalecer a ação política e a prática sindical nas relações internacionais. Também oportu-nizou a participação de dirigentes e técnicos da CONTAG/FETAGs em reuni-ões, encontros e seminários internacionais, fomentando o processo de forma-ção e capacitação de lideranças para uma intervenção qualificada e represen-tativa do MSTTR nos espaços de discussão e elaboração de posições sobre os temas de integração e acordos de comércio internacional.

SECRETARIA GERAL 39. A Secretaria Geral da CONTAG,avançou no sentido de integrar o traba-lho realizado pela Confederação e as Federaçôes, quando no período de 06 a 08 de dezembro de 2005, promoveu a reunião da Comissão Nacional de Se-cretariais Gerais - CONSEG, com o objetivo de viabilizar a troca de experiên-cias e construir soluções de operacionalização para CONTAG e para as Fede-rações. Também, participou da implementação do Programa Nacional de Forta-lecimento das Entidades Sindicais – PNFES, juntamente com a Secretaria de Administração e Finanças, nos anos de 2005 e 2006.

40. Além das atividades articuladas pela Secretaria Geral, fica a seu cargo a função de estabelecer as relações institucionais em nome da CONTAG. Nesse sentido, vem trabalhando para facilitar as relações com o Governo do Distrito Federal e com o próprio Governo Federal, no intuito de atender as formalidades legais para liberação das atividades de massa realizadas pela CONTAG, como Grito da Terra Brasil, o Festival da Juventude Rural e a Marcha das Margari-das.

41. Também foi articulada pela Secretaria Geral, junto à diretoria da CONTAG, a proposta de reativação do arquivo e da Biblioteca da entidade, que já se encontra em fase de execução. O objetivo foi a preservação da memória da entidade, que é algo de fundamental importância para o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.

42. A CONTAG tem avançado no sentido de integrar o trabalho realizado pela Confederação e as Federaçôes, através da realização permanente de re-uniões dos coletivos das áreas específicas (agrícola, agrária, formação, assala-riados (as), políticas sociais), das comissões nacionais (finanças e secretaria

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geral), bem como das Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e da Comissão dos Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. No momento, está em fase de organização a Comissão Nacional de Trabalhadores e Traba-lhadoras Rurais da Terceira Idade e o Coletivo de Meio Ambiente.

SECRETARIA DE FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO 43. A avaliação da Secretaria de Finanças e Administração sobre as propos-tas deliberadas pelo 9º CNTTR está pautada nas avaliações feitas no final de 2005 e 2006 pelo Coletivo Nacional de Finanças.

44. O Programa Nacional de Fortalecimento das Entidades Sindi-cais(PNFES) tem como objetivo fortalecer as entidades sindicais através de uma gestão que esteja a serviço do nosso projeto político, e construir uma polí-tica de finanças que atenda ás necessidades de todos os níveis da organização sindical. Neste sentido é que a secretaria nacional de finanças e administração utiliza-se dos seguintes instrumentos que compõem o PNFES: Gestão Sindical; Capacitação no âmbito nacional, estadual e regionais/pólos sindicais; Campa-nhas de Sindicalização; Coletivos ou Comissões de Finanças; Plano de Contas Unificado; Sistema de Arrecadação e Repasse; e Comissões Estaduais de Éti-ca.

45. Compreendemos que todos os instrumentos acima mencionados são fundamentais para avançarmos na construção da auto-sustentação do MSTTR, ratificando a importância política da criação e retomada das Comis-sões/Coletivos Estaduais de Finanças, espaço específico para se construir no-vas propostas, e realizar avaliações permanentes sobre a sustentabilidade fi-nanceira das nossas entidades sindicais.

46. As ações realizadas através do PNFES de capacitação de lideranças sindicais e técnicos ao nível de uma política de gestão e finanças sindical, em todas as instâncias do sistema CONTAG(nacional, estadual e nas regio-nais/pólos sindicais) nos possibilitaram cumprir a maioria das deliberações a-provadas no 9º CNTTR, dentre elas citamos: a elaboração do Plano de Contas Unificado(PCU) do MSTTR; a criação do Novo Sistema de Arrecadação e Re-passe;a implementação do sistema integrado de contribuições (aposentados, sindical e confederativa) por meio da WEB;a compreensão de que a Sustenta-bilidade Financeira da Entidade Sindical é responsabilidade de todos e to-das,não apenas do Tesoureiro(a);o primeiro Encontro Nacional do Conselhei-ros e Conselheiras Fiscais das Federações;as Campanhas de Sindicalização no sentido formativo e mobilizador; e principalmente a forma com que as fede-rações e os sindicatos discutiram e aprofundaram os temas referentes a auto-sustentação financeira do MSTTR.

47. Além das propostas deliberadas no 9º CNTTR surgiu a necessidade de digitalizar as autorizações dos aposentados e aposentadas rurais para cobran-ça da contribuição social. Essa digitalização trouxe transparência e segurança, para todos aqueles que participam do Convênio Contag/INSS, possibilitando aos sindicatos informatizados e conectados na internet a possibilidade de visu-alizar as devidas autorizações, dirimindo assim quaisquer dúvidas que possam surgir tanto pelo associado(a) quanto por terceiros(justiça, sociedade civil, etc.).

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48. Dentre todas as deliberações aprovadas no 9º CNTTR, a que mais pro-vocou discussões foi os percentuais de distribuição do Novo Sistema de Re-passe, 5% para CONTAG, 15% para as Federações e 80% para os STTR´S. Existia uma compreensão que essa forma de repasse asseguraria um maior percentual da arrecadação às entidades que atuam diretamente nos sindicatos. No entanto observou-se alguns problemas enfrentados com essa deliberação tanto para os sindicatos,no que diz respeito ao repasse das contribuições soci-ais pagas no balcão,quanto para as federações no repasse das contribuições sociais do aposentados. Visando uma discussão mais democrática envolvendo uma maior participação dos dirigentes nos estados, o Conselho Deliberativo da Contag aprovou que o novo sistema de repasse não se aplicaria a contribuição social pagas diretamente aos sindicatos e a cobrada dos aposenta-dos(as),encaminhando essa decisão para ser avaliada, discutida e aprofunda-da na 2ª PNTTR .

49. Concluímos que temos ainda um longo caminho a percorrer para alcan-çarmos à auto-sustentação do MSTTR, a transparência, e a compreensão de que fazemos parte de um sistema(Contag,Fetag´s e Sttr´s),onde todas as nos-sas instâncias devem ser referência na luta dos trabalhadores e Trabalhadoras rurais por melhores condições de vida e trabalho através da consolidação do PADRSS.

SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÁRIA E MEIO AMBIENTE

Reforma Agrária 50. A orientação estratégica construída na Contag para orientar a luta pela Reforma Agrária na gestão 2005-2009 foi a realização da Reforma Agrária co-mo instrumento de inclusão social, cidadã e produtiva para o desenvolvimento sustentável, construindo parcerias e sensibilizando a sociedade para a impor-tância da Reforma Agrária.

51. Esta orientação, embasa-se nas definições do PADRSS que compreen-de a realização da Reforma Agrária como estratégica para implantar e consoli-dar o desenvolvimento rural sustentável e solidário. Da mesma forma, retrata outra definição importante que considera que a luta pela reforma agrária de-manda ampla participação e envolvimento da sociedade, e não apenas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e suas organizações.

52. Para responder a estas definições e compreendendo que a realização da reforma agrária é, essencialmente, um processo conflituoso, complexo e amplo que demanda forte pressão social para se consolidar, a Contag avaliou que seria necessário atuar, principalmente, no fortalecimento e na qualificação da intervenção do conjunto do MSTTR, uma vez que, apesar de haver ampla e permanente luta sindical pela reforma agrária, ela não se dá de forma orgânica e articulada entre todas as FETAGs e STTRs. Neste sentido, decidiu-se ampli-ar o debate nos Estados, não apenas nas FETAGS e STTRs, mas também nos acampamentos e assentamentos.

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Avanços da ação sindical na reforma agrária 53. Buscando afirmar e reforçar a luta sindical pela democratização da terra, pelo desenvolvimento e sustentabilidade dos assentamentos e pelo enfrenta-mento ao latifúndio e ao agronegócio, a Contag passou a realizar ações dire-tamente nos estados, junto com as FETAGs, STTRs, assentados e acampa-dos. Este movimento, propiciou maior aproximação entre a Contag e as FE-TAGs e a base e vice-versa. As direções estão mais envolvidas na luta pela reforma agrária e aumentou o reconhecimento das entidades do MSTTR pelos acampados e assentados. Da mesma forma, há qualificação e ampliação das pautas e das negociações, que passaram a representar melhor as demandas locais.

54. Nesta estratégia, foram priorizadas a criação dos Coletivos Estaduais de Reforma Agrária e a ampliação de parcerias e aliados locais, que estão resul-tando na estruturação e retomada dos Fóruns Estaduais de Reforma Agrária, como espaços importantes de articulação e de construção da unidade em torno da luta pela reforma agrária.

55. Continuaram sendo priorizadas as ocupações de terras e os acampa-mentos que, na base da Contag, somam 920 áreas em todas as regiões do pais e abrigam, atualmente, mais de 120 mil famílias. Além das ocupações de terras, as famílias acampadas e assentadas coordenadas pelo MSTTR, conti-nuam realizando, rotineiramente, ações de pressão como ocupações de pré-dios públicos, audiências públicas, bloqueio de estradas e outras manifesta-ções massivas, cobrando do poder público e do judiciário o avanço dos proces-sos de obtenção de terras e desenvolvimento dos assentamentos.

56. A Contag, junto com as FETAGs, também intensificou a luta pela melho-ria do Programa Nacional de Crédito Fundiário - PNCF, conquistando a amplia-ção do programa para todos os estados e melhorias nas condições das famílias assentadas. Foi também aprimorado o processo de acompanhamento e moni-toramento das ações e para o estabelecimento de convênios, permitindo me-lhor intervenção da ação sindical na gestão do programa.

57. Estas ações e enfrentamentos na luta pela reforma agrária permitiram o aumento da visibilidade e do reconhecimento social e político, sobre o papel do MSTTR na luta pela reforma agrária. Apesar de haver muito a ser feito neste campo, é preciso destacar a participação da Contag em importantes espaços de articulação e elaboração de políticas, em nível nacional e internacional. Co-mo exemplo, pode-se destacar a participação na organização e realização da Conferência Internacional de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural - CIRADR, promovida pela FAO; no Fórum Terra, Território e Dignidade, realiza-do simultâneamente à conferência, realizado pela sociedade civil e a participa-ção nas reuniões e grupos de trabalho da Reunião Especializada de Agricultu-ra Familiar do Mercosul - REAF, além da participação no Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo.

Limites da ação sindical na reforma agrária

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58. Mesmo com todos os avanços conquistados, a ação do MSTTR na re-forma agrária ainda têm limites que precisam ser superados. Um deles é a ne-cessidade de incorporar a reforma agrária no centro da agenda política do con-junto do MSTTR. Isto porque, apesar de ser histórica e permanente, a luta pela reforma não é assumida por todos os STTRs e FETAGs, o que compromete o caráter massivo, orgânico e articulado das ações. Da mesma forma, muitas ações se dão de forma isolada entre as entidades sindicais e até entre os a-campamentos e assentamentos, o que não reflete uma das maiores potenciali-dades e qualidades do MSTTR, que é a sua dimensão e capilaridade, com sin-dicatos, acampamentos e assentamento organizados em quase todos os muni-cípio do País.

59. Um outro limite está relacionado à dinâmica do MSTTR que, apesar de atuar em várias frentes de luta de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, tem dificuldades em articular e concentrar estas ações. Como exemplo, podemos observar a desintegração das ações para o desenvolvimento dos as-sentamentos, que exigem intervenções de várias áreas como saúde, educação, cultura, políticas para mulheres, juventude, Terceira Idade, além de assistência técnica, crédito, tecnologias e várias outras. Apesar de organizar e realizar vá-rias ações, o MSTTR não tem conseguido agir de forma coordenada e integra-da e, muitas vezes as atividades são pulverizadas e isoladas não atingindo plenamente os objetivos, especialmente o de construir o desenvolvimento sus-tentável e solidário.

Limites da política pública 60. No âmbito institucional as ações de reforma agrária não foram prioriza-das politicamente e não responderam às principais demandas dos trabalhado-res e trabalhadoras rurais e nem aos compromissos firmados no Plano Nacio-nal de Reforma Agrária - PNRA. A reforma agrária não assumiu papel de des-taque na agenda política do governo e suas ações continuaram padecendo de pouco orçamento, baixa capacidade operacional, entraves administrativos e legais e forte pressão política contrária, principalmente de parlamentares que passaram a fazer parte da base aliada do governo federal.

61. Com isso, o INCRA continuou realizando assentamentos de forma pon-tual e isolada, que não produziram alterações significativas no modelo de de-senvolvimento rural e nem mesmo na vida das famílias assentadas. Da mesma forma, o país permanece com mais de 4 milhões de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra ou com pouca terra, que permanecem dependentes da realização da reforma agrária ampla e massiva para conquistarem o direito à liberdade, desenvolvimento e cidadania.

62. O atendimento a esta demanda poderia ser realizado plenamente, se o governo decidisse intervir, decisivamente, no processo de obtenção de terras para a Reforma Agrária. Isto porque, de acordo com o cadastro do INCRA, as terras improdutivas e aquelas que não cumprem a função social, somam mais de 100 milhões de hectares. As áreas públicas irregularmente ocupadas, tam-bém somam mais 70 milhões de hectares e dependem de eficiência e agilidade na regularização fundiária para serem revestidas em projetos de assentamen-tos. Já as terras improdutivas que não podem ser desapropriadas por terem

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menos que 15 módulos fiscais, reúnem mais de 40 milhões de hectares e tam-bém podem ser transformadas em projetos de assentamento, por meio do Pro-grama Nacional de Crédito Fundiário.

63. Além da necessidade de ampliar as ações de obtenção de terras, é pre-ciso que o governo invista no desenvolvimento dos assentamentos. As ações atuais são pontuais, isoladas e descontinuadas, comprometendo a capacidade de desenvolvimento e organização da produção e das famílias assentadas. Com isso, os desafios para os assentados são cada vez maiores e poucos pro-jetos conseguem se consolidar como espaços efetivos de construção do de-senvolvimento sustentável e solidário.

Desafios 64. Diante deste quadro, o MSTTR precisa enfrentar os desafios de fortale-cer e aprimorar a sua luta pela conquista da reforma agrária ampla e massiva. Para tanto, é estratégico continuar investindo na estruturação dos coletivos es-taduais e municipais, buscando construir mais organicidade e articulação entre as ações.

65. Precisamos qualificar os processos de organização dos assentamentos, integrando as ações das várias frentes de luta do MSTTR, assegurando quali-dade de vida às famílias assentadas, de modo a contribuir de maneira decisiva na construção do desenvolvimento rural sustentável e solidário.

66. O MSTTR precisa, também, atualizar suas formulações e construir um projeto de reforma agrária do MSTTR, que reflita as ações e proposições de sua base sobre o papel estratégico da reforma agrária para a ampliação e o fortalecimento da agricultura familiar e como base para implantação de um no-vo padrão de desenvolvimento rural, que seja sustentável e solidário.

67. Além disso, é preciso investir na ampliação de nossa articulação com outros segmentos sociais, assegurando maior o reconhecimento da luta do MSTTR pela reforma agrária e conquistando aliados para esta luta, que tem que ser de todo o povo.

Meio Ambiente 68. O 9º CNTTR determinou a criação da Secretaria de Meio Ambiente, a ser eleita juntamente com a Diretoria da CONTAG a partir do 10º CNTTR,. Para encaminhar as questões relativas à matéria, foi criada no âmbito da CONTAG um Coletivo, composto por diretores eleitos e foi contratada uma as-sessoria específica..

69. Com o propósito de iniciar o debate para a construção dessa políti-ca, realizou-se na CONTAG a 1ª Oficina de Meio Ambiente com a participação de representantes regionais das FETAG, além de dirigentes e assessores da CONTAG, onde foram aprovados os eixos estratégicos e definido um plano de ação já em fase de implementação.

70. Diante das prioridades apontadas por esse grupo de trabalho, está em fase final de negociação a criação de um GT composto por representantes

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do MSTTR e do Ministério do Meio Ambiente, como forma de viabilizar a cons-trução de uma agenda socioambiental comum que não somente vise à conser-vação e o equilíbrio dos ecossistemas brasileiros, mas assegure a transforma-ção do meio rural em espaço efetivo de sustentabilidade, promovendo o forta-lecimento da agricultura familiar e do processo de reforma agrária e contribuin-do para a permanência de trabalhadores e trabalhadoras rurais no campo.

71. No âmbito do MSTTR, são identificadas ações pontuais de práticas produ-tivas sustentáveis, tanto na agricultura familiar, como em projetos de assenta-mento de reforma agrária. Infelizmente, não existe um banco de dados com essas informações sistematizadas para tratamento e divulgação ao conjunto do MSTTR.

SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA 72. Na política Agrícola foram adotados dois focos centrais para as ações deste mandado: 1º) a necessidade de garantia de renda na agricultura familiar e 2º) a organização da produção, objetivando a inserção qualificada da agricul-tura familiar ao mercado e melhoria nas condições de vida no meio rural.

73. A disponibilidade de recursos do crédito rural para agricultura familiar ampliou significativamente nos últimos quatro anos, passando de R$ 2,4 bi-lhões, efetivamente aplicados em 2002, para R$ 12 bilhões, disponibilizados para o Plano-Safra 2007/2008. Entretanto, a mesma velocidade de crescimento não se deu com relação às demais políticas de suporte a aplicação destes re-cursos, tais como: agilidade na liberação do crédito, exigências de garantias bancárias, falta de projetos consistentes, segurança com relação a preços e acesso a mercados etc.

74. O somatório destas dificuldades ao volume crescente de recursos dispo-nibilizados para o pronaf crédito - o que também ocorreu nos anos anteriores, tendo por a finalidade suprir a histórica demanda por crédito na agricultura fa-miliar - promoveu um aumento significativo da inadimplência, e consequente-mente, à necessidade de repactuação e alongamentos de contratos. Esta práti-ca provocou um acúmulo de dívidas que se tornou impagável, além de impedir que as famílias envolvidas pudessem acessar novos créditos, bloqueando a possibilidade das mesmas cumprirem os contratos.

75. Na avaliação da Contag, a dificuldade na implementação da política na-cional de ATER - que durante toda história do pronaf não foi priorizada pelo Governo Federal e por Governos Estaduais e Municipais -, é a principal causa de impedimento dos avanços esperados aplicação do crédito na agricultura familiar. Apesar da sinalização do Governo Federal em disponibilizar R$ 167 milhões para ATER, para o plano-safra 2007/2008, estes recursos representam 2/3 do necessário para realizar o assessoramento técnico exclusivamente à aplicação do volume de crédito anunciado. Isto tem dificultado a aplicação do crédito na maioria dos Estados da região Nordeste, Norte e Centro-Oeste, logi-camente reforçado pelas dificuldades de infra-estrutura produtiva, organizações fragilizadas, falta de zoneamento agroclimático etc.

76. Entretanto, mesmo com estas dificuldades, é possível perceber uma me-lhor distribuição dos recursos do Pronaf Crédito. À exceção da região sul, todas

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as demais regiões tiveram crescimento proporcional ao volume de crédito dis-ponibilizado, com ênfase para a região nordeste, que teve crescimento de mais de 6%.

77. Para contornar essas dificuldades o MSTTR propôs ao Governo Federal mecanismos de proteção aos beneficiários do Pronaf, em especial com relação a perdas por problemas climáticos e/ou por dificuldades na comercialização da produção. Assim, foram criados o Seguro da Agricultura Familiar (Proagro Mais) e o Programa de Garantia à Produção na Agricultura Familiar (PGPAF). Também, foi necessário ampliar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estas medidas tiveram repercussões imediatas e significativas nas duas últimas safras, tornando-se a mais importante política de proteção à produção e acesso à comercialização na agricultura familiar.

78. Outra proposição se deu com relação ao tratamento sobre endividamen-to na agricultura familiar, indicando a necessidade de resolver por definitivo o acúmulo histórico de endividamento na agricultura familiar. Para isso, nos dois últimos GTB´s a CONTAG propôs ao Governo Federal a constituição de um Grupo de Trabalho com participação de Agentes Financeiros e CONTAG, para levantar a real situação de endividamento e riscos de contratos a vencer, bem como a eficiência e impacto real das medidas publicadas. Este Grupo de Tra-balho acaba de ser constituído e tem a participação de vários ministérios, agen-tes financeiros e representantes de movimentos sociais. Vale ressaltar que, em parte, as negociações de dívidas já estão contempladas pela Lei 11.322/06, que possibilita a renegociação das dívidas na região da Adene.

79. Como conseqüência de pressão contínua do MSTTR com relação a ins-titucionalização de medida que garantisse amparo da agricultura familiar, o Go-verno Federal sancionou a Lei 11.326/06. Foi uma conquista importante, já que, pela primeira vez, regulamentou as políticas públicas definindo a forma de acesso da agricultura familiar e possibilitando a continuidade de programas como o PRONAF, que até esta lei era regulamentado por meras Resoluções do Banco Central do Brasil

80. Na organização da produção, vale destacar quatro importantes ações realizadas: 1) a continuidade das ações de constituição e consolidação do SISCOP; 2) o apoio à organização da Unicafes; 3) ações do MSTTR com foco nas cadeias produtivas de abrangência na agricultura familiar, em especial, do leite, café, biodiesel de ovino-caprino e, 4) na promoção e co-participação de feiras nacionais, regionais e estaduais da agricultura familiar. Estas ações a-brangeram outros setores produtivos a exemplo da produção e comercialização de artesanatos rurais.

81. Especificamente quanto ao SISCOP, vale ressaltar que suas ações, con-forme previstas, se deram em três ramos: Crédito, Produção e Assistência Técnica. No cooperativismo de crédito a organização do CREDITAG está a-vançando, com a criação de cooperativas e bases de serviços em diversos es-tados. Entretanto, o grande desafio a ser superado pelo MSTTR é apostar com maior firmeza na construção e consolidação de um SISCOP compreendendo-o essencial ao desenvolvimento econômico e social da agricultura familiar.

82. Na área da produção apoiamos a constituição de cooperativas e centrais estaduais, sendo importante ressaltar a organização de cooperativas em torno

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da cadeia produtiva do biodiesel. Na área de assessoramento técnico, já estão sendo mobilizadas diversas cooperativas para a composição de uma rede na-cional de prestadores de serviços de ATER (SISATER), sob coordenação da CONTAG. Também, é necessário avançar na construção de parcerias mais consolidadas na base da Ancosol, a fim de efetivamente consolidar um projeto nacional de cooperativismo de crédito da agricultura familiar.

83. Na organização interna da Secretaria de Política Agrícola é importante afirmar que todas estas ações seriam impossíveis sem a sua reestruturação, com ampliação do quadro de assessorias e definição clara das atribuições em cada área. Esta atitude foi sugerida e, na maioria dos casos, acatada pelas Fe-derações o que tem possibilitado avançar com maior segurança na implemen-tação de projetos e planos, em especial quando se trata de convênios ou con-tratos de repasse em parceria com instituições parceiras públicas ou privadas. Esta reestruturação também possibilitou um maior acompanhamento das ativi-dades realizadas em conjunto com as Federações, reforçando, qualificando e consolidando os coletivos de política agrícola nos Estados.

84. Também, houve ações conjuntas das secretarias da Contag, em especi-al com relação ao programa de habitação rural, reforma agrária, meio ambien-te, formação e organização sindical, coordenação de mulheres e jovens, dentre outras, que pode ser evidenciadas como exemplos de ações que também fo-ram fortalecidas com a reestruturação da Secretaria de política agrícola.

SECRETARIA DE ASSALARIADOS E ASSALARIADAS RURAIS 85. Nesta temática, nos últimos dois anos, temos avanços consideráveis sob vários aspectos. Primeiro, no âmbito interno da CONTAG. Temos vivido o engajamento de toda a diretoria, na questão dos assalariados e assalariadas rurais. Este reconhecimento tem crescido, e conseqüentemente estamos le-vando para as FETAGs, o mesmo processo de interlocução das diversas á-reas.

86. Nas Campanhas Salariais, profissionalizamos ainda mais a nossa atua-ção, através de orientações técnicas e jurídicas. Estamos acompanhando as FETAGs, durante as Negociações Coletivas, com participações desde a reali-zação das assembléias, elaboração das pautas, acompanhamento durante as rodadas de negociações, até nos processos de negociações dos Acordos e Convenções Coletivas. Temos também ampliado a abrangência dos Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho. A CONTAG tem incentivado as FETAGs a filiarem-se ao Dieese, no sentido de aprimorar e qualificar as negociações cole-tivas de trabalho, com dados econômicos atualizados e avaliações econômicas dos setores a serem negociado. Isso tem enriquecido as negociações de mesa nos Acordos e Convenções Coletivos de Trabalho.

Avanços 87. Na fiscalização rural, temos tido melhoria, posto que, as FETAGs melho-raram consideravelmente suas ações e os pedidos de fiscalizações foram in-

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tensificados. Há uma ampliação no atendimento de nossas denuncias, por par-te da Secretaria de Inspeção do Trabalho-MTE e DRTs local. A fiscalização tem sido intensificada porque também grandes maiorias das FETAGs e STTRs estão denunciando os trabalhos exercidos em condições irregulares.

88. A publicação da NR-31, trouxe conquistas de décadas de lutas por uma segurança e saúde ao trabalhador rural. Foram negociadas com o Governo Federal, no GTB-2007 ações para implementação da NR-31, como, por exem-plo, a realização de um Encontro Nacional ainda este ano e outros encontros estaduais, que capacitará assessores e dirigentes sindicais rurais, para que possam cobrar a aplicação da NR-31. A CONTAG avalia que a discussão tem cada vez mais aperfeiçoada, porque a Norma Regulamentadora NR-31 é mais especifica em saúde e segurança no trabalho.

89. Têm crescido o número e abrangência das convenções coletivas e acor-dos de trabalho. Os STTRs, tem avançado cada ano, realizado em conjunto com as FETAGs encontros estaduais no sentido de divulgar a CCT e ACT.

90. Concluímos que nestes dois últimos anos, finalmente a discussão da necessidade de políticas publicas para os assalariados(as) conseguiu chegar efetivamente no Governo Federal. No GTB de 2006 e 2007, foi negociada a criação de dois grupos de trabalho, um para discutir políticas públicas para os assalariados, e outro para discutir trabalho por produção. Em 2007, foram pu-blicadas Portarias do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE de criação des-tes Grupos, que já iniciaram as suas reuniões.

91. Assim, estamos concretamente e definitivamente estabelecendo junto ao Governo Federal, trabalhos para construção de políticas publicas de proteção social, a serem criadas e assumidas pelo governo Federal, sendo especifica-mente direcionadas aos assalariados e assalariadas rurais do Brasil.

Desafios 92. O grande desafio, que tem sido luta constante, é trabalhar por melhores condições de vida e trabalho, com garantia de Segurança e Saúde no Traba-lho. A CONTAG tem intensificado os trabalhos no combate ao trabalho escra-vo, participando do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Com este Plano estamos recebendo apoio logístico, recebendo inclusive material da Campanha, que tem sido distribuído para as 27 FETAGs. Temos estabelecido um dialogo com o Congresso Nacional no firme propósito da aprovação da PEC 438 do Trabalho Escravo.

93. Registramos grande preocupação com a expansão de vários setores, como o setor sucroalcooleiro, a soja, o reflorestamento e exploração de madei-ra, etc. Já iniciamos os debates e aprofundamento de como representar de forma qualificada os nossos assalariados(as) rurais. As expansões destes seto-res são importantes para o País, mas temos que avaliar e analisarmos os im-pactos desta expansão, nas condições de trabalho, no meio ambiente, reforma agrária e agricultura familiar. A CONTAG tem trabalhado e aprofundado as dis-cussões sobre as condições de trabalho dos assalariados(as).

94. Temos acompanhado a expansão de vários setores, e em especial, o setor sucroalcooleiro. A mecanização em diversas culturas tem trazido para os

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assalariados desemprego de trabalhadores(as). Precisamos aprofundar as dis-cussão, e definir ações sobre o remanejamento destes assalariados(as) para outra ocupações.

95. No Grito da Terra Brasil, nos últimos anos, temos cobrado do Governo Federal a criação de uma Política Publica especifica para os Assalariados(as), com programa de geração de emprego e geração de renda. A efetivação da política de proteção social a todos os assalariados e assalariadas rurais.

SECRETARIA POLÍTICAS SOCIAIS 96. Nas Políticas Sociais, as ações e atividades desenvolvidas pela Secreta-ria de Políticas Sociais buscaram potencializar e ampliar o debate no contexto das políticas públicas na área da educação, previdência social, saúde, políticas para a terceira idade, proteção infanto-juvenil, dentre outras. Nesse sentido foram desenvolvidas atividades que, do ponto de vista interno, são estratégicas para o fortalecimento do MSTTR, garantindo os processos formativos das lide-ranças sindicais, homens, jovens, mulheres e pessoas da terceira idade da á-rea rural.

97. Outras ações, também importantes, dizem respeito à representação na-cional assumida pela CONTAG, nos espaços de elaboração e discussão de políticas públicas na área social. Nestes últimos dois anos, a presença e reco-nhecimento da CONTAG em grupos de trabalho, comissões e eventos nacio-nais, principalmente promovidos pelos Ministérios (MEC, MDA, MPS, Secreta-ria Especial de Direitos Humanos, etc.), demonstram a importância do MSTTR na construção de políticas públicas para a área rural.

Previdência e Assistência Social 98. Na área da Previdência e da Assistência Social, destacam-se as ações em torno do Projeto de Lei 6.852/2006 que ganhou maior visibilidade, princi-palmente no âmbito do Congresso Nacional, a partir do processo de articulação e mobilização junto aos parlamentares para que o referido Projeto de Lei seja aprovado. Paralelamente às ações em torno do Projeto, também vem se nego-ciando intensivamente mecanismos que possam reconhecer os direitos previ-denciários dos assalariados e assalariadas rurais, bem como, que seja instituí-do um mecanismo de identificação / inscrição (cadastro) dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na base de dados do INSS, que permita, no futuro, o reco-nhecimento de direitos previdenciários sem as burocracias atualmente exigi-das. A propósito, a CONTAG está participando de um grupo de trabalho com integrantes do Ministério da Previdência Social, do INSS e da DATAPREV, que tem a incumbência de elaborar a matriz e a base cadastral que permitirá a i-dentificação e reconhecimento de direitos dos trabalhadores/as rurais no âmbi-to do Regime Geral da Previdência Social.

99. É de se destacar também, os obstáculos que os trabalhadores e traba-lhadoras vem enfrentando nos últimos anos para terem seus direitos previden-ciários reconhecidos e, mais recentemente, o grande lobby que a grande mídia vem fazendo para desmontar o sistema de previdência rural, clamando por re-

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formas no sistema. Para fazer frente a essa situação, uma ação de forte impac-to realizada pelo MSTTR e coordenada nacionalmente pela CONTAG, foi o dia nacional de mobilização (23/04/07) dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em defesa de uma previdência social pública e solidária e por melhorias do a-tendimento nas agências do INSS. Outro caminho que vem sendo percorrido para reverter esse panorama, é o de negociar exaustivamente com as diversas instâncias governamentais soluções para os problemas existentes, bem como, interagir com outros segmentos da sociedade civil organizada, principalmente, com as centrais sindicais, no sentido dar maior visibilidade à importância da previdência rural no sistema de proteção social brasileiro, buscando, assim, o apoio desse segmentos.

100. Assim, os principais desafios na área previdenciária que se colocam para o MSTTR e para o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nos próximos anos são os seguintes:

101. Articular-se e mobilizar-se nacionalmente visando assegurar a aprova-ção, no Congresso Nacional, do Projeto de Lei 6.852/2006, que trata de novas regras para a previdência social rural.

102. Assegurar, que a partir do primeiro semestre de 2008 seja implantado o cadastramento / inscrição dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Regime Geral da Previdência Social, sendo o MSTTR um interlocutor dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e um parceiro do Ministério da Previdência Social e do INSS no processo de cadastramento.

103. Apresentar propostas e negociar a sua aprovação junto ao Governo e no âmbito do Congresso Nacional até meados de 2008, que efetivamente assegu-rem a devida proteção previdenciária aos trabalhadores e trabalhadoras rurais assalariadas, especialmente, para aqueles/as que trabalham em atividades de curta duração.

104. Defender, em todos os espaços de discussões, o sistema de seguridade social e de previdência social rural e as regras atualmente vigentes no que se refere à idade de aposentadoria para homens e mulheres, benefício mínimo vinculado ao salário mínimo, contribuição previdenciária incidente sobre a co-mercialização da produção, acesso aos benefícios previdenciários mediante comprovação da atividade rural e não da contribuição, etc. A defesa dessas questões, certamente vão exigir do MSTTR ampla atenção e forte mobilização, já que para os próximos anos é possível que haja uma reforma previdenciária que tenha pretensão em alterar alguns desses.

Educação do Campo 105. A temática de Educação do Campo vem sendo desenvolvida no intenso processo de diálogo com os diversos sujeitos que atualmente discutem políti-cas públicas de Educação do Campo. Existe por parte dos parceiros uma rela-ção muito próxima com aquilo que o MSTTR defende e acredita em relação à construção desta política. Esta articulação, com as entidades da sociedade ci-vil, movimentos e grupos sociais organizados tem potencializado significativa-mente as ações e forças de pressão junto ao Governo Federal, Estadual e Mu-nicipal que constroem e implementam a política..

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106. Esta participação tem sido construída a partir da presença e contribuição do MSTTR nas instâncias de debate das Políticas publica de educação, espe-cialmente junto ao Ministério da Educação e Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que tem possibilitando não somente realizar um processo de propo-sição das políticas de educação do campo, como também de desenvolver a-ções de formação e capacitação interna das lideranças, dirigentes, educado-res/as e parceiros do MSTTR na perspectiva da construção de política nacional de educação do campo.

107. A ação do MSTTR apresentou alguns resultados significativos no pro-cesso de construção da política de educação do campo: tanto do ponto de vista interno ao MSTTR como a realização de um intenso processo de formação e capacitação das lideranças, dirigentes sindicais e educadores para atuar na mobilização social nos estados e municípios de forma a implementar na práti-ca a proposta defendida pelo MSTTR, envolvendo todas as Federações e ST-TRs. Como também atuação e conquistas externas, no que se refere a imple-mentação das poéticas pelo MEC e MDA. No campo das conquistas e passos dados, podemos ressaltar a inclusão da pauta da educação do campo, na a-genda de compromisso do Governo Federal: Aprovação do FUNDEB com valo-res diferenciados para os alunos/as do campo, Construção de Políticas da Li-cenciatura da Educação do Campo pelas Universidades Federais, Programa Saberes da Terra. Percebe-se que ainda a muito a ser construído, mas identi-ficamos que alguns ganhos políticos já foram concretizados, o que por sua vez fortalece a continuidade da luta do MSTTR na consolidação desta política.

108. Do ponto de vista das FETAGs e STTRS tem-se percebido um maior envolvimento no processo de diálogo e implementação desta construção políti-ca, vez que a atuação no Estado ou no local tem possibilitado o fortalecimento e o reconhecimento do MSTTR como entidade que efetivamente contribui na luta pela qualificação das ações da educação do campo e a consolidação de uma política nacional de educação do campo, conforme defendida e aprovada no 9º CNTTR, que considere as diversidades regionais e dos próprios sujeitos do campo, e que garantam acesso a educação em todos os níveis e modalida-des de ensino as crianças, jovens e adultos do campo, bem como que este a-cesso seja de qualidade e de forma permanente.

109. Avaliamos que estes dois anos de trabalho significaram um crescimento e um amadurecimento de diálogo, de compreensão e de mudanças de atitudes do processo de debate da educação do campo. Entendemos que há muito por fazer, mas percebemos como significativos os impactos do trabalho realizado pelo MSTTR e que este tem influenciado e contribuído de forma efetiva nas propostas e políticas que estão sendo construídas pelo Governo Federal, re-presentando um salto de qualidade na atuação da CONTAG, das FETAGs e dos STTRs neste processo.

110. Embora reconhecemos que alguns avanços foram identificados desta-camos ainda alguns desafios a serem enfrentados:

111. Consolidação da Política Nacional de Educação do Campo pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, assegurando o acesso e a permanência das crianças, jovens e adultos no campo;

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112. Fortalecer o processo de construção e participação política do MSTTR nos espaços de elaboração, construção e implementação das políticas públicas de educação, tanto em nível federal, estadual e municipal.

113. Assegurar a ampliação dos processos formativos das lideranças e diri-gentes sindicais no debate da educação do campo, especialmente jovens e mulheres, qualificando e ampliando a atuação do MSTTR na construção e par-ticipação das políticas públicas de educação do campo.

SAÚDE

114. O projeto Formação de Multiplicador@s em Gênero, Saúde, Direitos Se-xuais e Reprodutivos, parceria CONTAG/Ministério da Saúde, desenvolvido em 19 estados brasileiros e 132 municípios rurais tem sido um importante ins-trumento de luta do MSTTR em defesa da saúde pública e do Sus no campo. Apesar das dificuldades enfrentadas em sua execução, o projeto tem contribuí-do para aprofundar o debate sobre as políticas de saúde e sua importância para o desenvolvimento rural sustentável; conscientizar trabalhadoras e traba-lhadores rurais acerca de seus direitos à saúde; aprofundar o debae sobre Di-reitos Sexuais e Reprodutivos; estimular diálogos e parcerias entre o movi-mento sindical, usuários, profissionais de saúde e gestores públicos; estimular a organização de lutas coletivas em defesa do SUS; bem como fortalecer a capacidade de intervenção do MSTTR nos espaços de formulação e controle social das políticas de saúde.

115. A CONTAG vem participando ativa e propositivamente do Conselho Na-cional de Saúde e do GT Terra/MS exigindo a consolidação do SUS no campo e fiscalizando a formulação, execução, monitoramento e avaliação das políticas e programas de saúde. No atual contexto político, o maior embate no âmbito do Conselho Nacional de Saúde é para que os recursos destinados à Saúde pela EC 29/2000 sejam aplicados exclusivamente com esta finalidade. Mesmo as-sim, a maioria dos estados e municípios não vem cumprindo com o determina-do pela EC 29/2000, utilizando os recursos da saúde em outras áreas. A CONTAG, juntamente com o Conselho Nacional de Saúde, defende a prorro-gação da CPMF até 31 de dezembro de 2011 e têm combatido a parte da e-menda à Constituição (PEC) que cria a Desvinculação da Arrecadação da Uni-ão (DRU) que está tramitando na Câmara dos Deputados. A gravidade é que a PEC autoriza o governo a gastar livremente até 20% da arrecadação de impos-tos pelos próximos quatro anos, desobrigando-o de investir os mais de 32 bi arrecadados pela CPMF na saúde.

Desafios 116. Aprofundar o debate sobre a importância da saúde no PADRSS e definir estratégia de atuação do MSTTR em defesa da saúde pública e do SUS, em especial nos espaços de formulação e gestão das políticas de saúde.

117. Aprofundar o debate sobre a EC 29 e a DRU no âmbito do MSTTR e se articular com outros movimentos sociais e defensores do SUS.

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118. Ter uma maior compressão sobre a regionalização do SUS, que se des-tina ao atendimento de média e alta complexidade fora do limite do município, e reivindicar para que esta instância tenha mecanismos de participação e con-trole social e considere as especificidades das demandas dos povos do campo e da floresta.

119. Lutar pela aprovação e implementação da Política Nacional de Saúde dos Povos do Campo e da Floresta para que o acesso seja universalizado e a atenção à saúde seja integral.

Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalha-dor/a Adolescente 120. A luta pela Erradicação do Trabalho infantil se desencadeou no Brasil da década de 90, onde Governo e Sociedade indignados com a situação, se articula-ram em diversos espaços públicos e privados e implementaram ações que fizeram com que os índices do Trabalho infantil obtivessem uma queda até o período de 2004. No entanto a partir de 2005 vemos um cenário de acréscimo no trabalho infantil ,

121. Não obstante, abordar esta temática no universo rural precede de um debate amplo no papel da família, no importante papel que as crianças e os adolescentes desempenham no processo de sucessão na agricultura familiar para sua continuidade no país, mas pensar na continuidade respeitando os di-reitos e a integridade das crianças, não se pode, em detrimento disto, submetê-las a uma situação de exploração, faz-se necessário respeitar todas as fases de crescimento e promover a continuidade o repasse dos preceitos da agricul-tura familiar de geração para geração de forma responsável, e que a criança receba tais conhecimentos como parte de seu crescimento e não como uma obrigatoriedade, isso se constrói através de processos de aprendizagem que vão desde a educação formal, a educação construída nos grupos, nas brinca-deiras e na convivência familiar.

122. O MSTTR desempenha papel fundamental na luta pela erradicação do trabalho infantil e a proteção ao trabalhador adolescente, pois vem construindo um debate interno em torno do consenso sobre a Proteção Integral de crianças e adolescentes no campo e externamente em articulação com os diversos seto-res da sociedade vem construindo estratégias que visam esta proteção integral, com políticas públicas de saúde e educação de qualidade na área rural, sua luta está sempre pautada em salvaguardar os direitos das crianças e adoles-centes do campo.

123. Um importante avanço neste processo é o maior envolvimento da CONTAG e das FETAGs na construção de consensos em relação a constru-ção de políticas de proteção infanto juvenil. Neste sentido, tem-se construído internamente na CONTAG diálogo permanente entre as diversas Secretarias que atuam junto a temática, através de Seminários e Oficinas, bem como com a consolidação do Grupo de Trabalho de Proteção Infanto Juvenil. O que de-monstra o amadurecimento da CONTAG na consolidação e integração que es-ta demanda requer. Outro elemento a ser destacado é o convênio firmado entre MSTTR e OIT, com a disponibilização de recursos, para a realização do pro-

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cesso de debate sobre as políticas de proteção infanto juvenil, bem como de contribuir na construção de diagnóstico preliminar das condições do trabalho infantil na agricultura familiar. Estes elementos subsidiarão a construção de consensos sobre as políticas de proteção infanto juvenil, conforme estabelecido no 9º CNTTR.

Desafios 124. Assegurar maior sensibilização e envolvimento do MSTTR principalmen-te o compromisso dos diretores e assessores da CONTAG, das FETAGs e dos STTRs, no diálogo e efetivação dos processos de debate sobre a construção de políticas de proteção infanto juvenil;

125. Que os dirigentes do MSTTR, CONTAG, FETAGS assumam o compro-misso pela efetivação das ações propostas no Projeto em parceria com a OIT, para que o diagnostico e as ações de proteção infanto-juvenil sejam efetivadas.

Terceira Idade 126. O 9º CNTTR deliberou pela criação do cargo de Coordenador(a) da Co-missão Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Terceira Idade, a ser eleito com a Diretoria da CONTAG a partir do 10º CNTTR. Internamente na CONTAG, foi criado um coletivo de diretores com o objetivo de levar à frente as políticas da terceira idade.

127. O MSTTR vem dando visibilidade a terceira idade no campo, um passo fundamental foi a constituição do Coletivo Nacional de Terceira Idade , bem como os coletivos estaduais e municipais que vem sendo implementados em todo o país. No entanto é preciso avançar em questões como proteção social, condições dignas de sobrevivência, assistência médica eficiente. Esses são aspectos importantes, especialmente quando considerados a luz do crescimen-to demográfico, que aponta a terceira idade como um dos segmentos que mais cresce em termos proporcionais.

128. A articulação do MSTTR com os diversos segmentos da sociedade, bem como sua participação nos espaços de planejamento e gestão das políticas públicas para a terceira idade a exemplo do Conselho Nacional, Estaduais e municipais do Idoso é de fundamental importância, tanto a CONTAG, as Fede-rações como os sindicatos precisam se fazer presente nestes conselhos para estar pautando as questões inerentes a população da terceira idade do campo.

129. A criação e Implementação dos Coletivos Estaduais de Terceira Idade, tem sido um referencial importante para a consolidação das ações propostas pelo MSTTR em relação a construção de políticas para a Terceira Idade, repre-sentando um espaço de diálogo, capacitação e ampliação da atuação do MSTTR junto a este grupo;

130. Vale destacar que a atuação dos representantes da terceira idade das FETAGs para implementação dos Conselhos estaduais e municipais do idoso representa um passo significativo do comprometimento para com a construção e consolidação desta política, conforme apontou o 9º CNTTR. Muitos passos

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ainda precisam ser dados, no entanto, destacamos que os processos até aqui desencadeados apontam que existem um comprometimento do MSTTR em assumir os compromissos que respeite os direitos e necessidades da terceira idade.

Desafios 131. Superar a pouca disponibilização de recursos financeiros no MSTTR para as ações com a Terceira Idade.

132. Construir processos que assegurem maior sensibilização das instâncias do MSTTR na busca de maior valorização da Terceira Idade no contexto sindi-cal rural.

SECRETARIA DE FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃÓ SINDICAL

Sindicalismo – Organização Sindical e Democracia in-terna 133. Destacamos, nesta temática, três questões relevantes: A construção de princípios estatutários unificados nacionalmente; a consolidação das Regionais da CONTAG e a Pesquisa Sindical.

134. A construção de princípios orientadores para unificação dos Estatutos das entidades sindicais decorre da retomada das discussões político-organizativa e, jurídica das entidades sindicais do MSTTR pela CONTAG e FETAGs.

135. Em seminário especifico sobre Organização Sindical em julho/2006, foi construída uma proposta unificada sobre: denominação e descrição da catego-ria; os princípios para orientar a reformulação dos Estatutos das Federações e dos STTR’s; e a proposta de um esforço nacional para regularizar as entidades junto ao Ministério do Trabalho e Emprego.

136. Houve grande mobilização das Federações nesse sentido, mais ainda é insuficiente. Parte dos STTRs ainda está regularizando sua situação, alguns ainda não perceberam a importância de fazê-lo.

137. As regionais da CONTAG estão em processo de consolidação. Já foram eleitas as Coordenações, elaborado e aprovado um regimento interno para construir uma unidade política e administrativa do seu funcionamento.

138. As federações já realizavam encontros regionais para discutir projetos de interesse comum à região. Espera-se que com a constituição das regionais da CONTAG, haja periodicidade nestes encontros contribuindo para a constru-ção de unidade em torno das grandes questões de interesse regional, unifica-ção e qualificação da ação sindical.

139. Algumas coordenações regionais precisam cumprir as cotas de repre-sentação de mulheres, jovens e terceira idade. As reuniões precisam ser mais

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difundidas na região e na CONTAG. As ações regionais precisam estar mais articuladas ao planejamento estratégico da CONTAG.

140. Quanto a Pesquisa Sindical, já foram realizadas oficinas técnicas para discutir a metodologia e os parceiros. Nesse sentido, o DIEESE tem contribuído no aprofundamento e construção da proposta metodológica de pesquisa que se quer realizar. Um Grupo de Trabalho composto por assessorias de várias se-cretarias da CONTAG e mais a representação do DIEESE foi criado para en-caminhar a pesquisa.

141. Dentre os desafios já identificados, está a necessidade de empenho co-letivo das FETAG’s e principalmente dos STTR’s, na coleta de dados e na construção da Pesquisa Sindical.

142. De um modo geral, os esforços empreendidos buscam o aperfeiçoamen-to da organização sindical, buscando o fortalecimento político das entidades sindicais e, consequentemente da ação sindical.

Formação Sindical 143. A construção da Política Nacional de Formação do MSTTR avançou no sentido de ser compreendida enquanto 3 linhas de formação: a Formação de educadores (as) em Concepção e Prática Sindical e em Metodologias; a For-mação Temática e uma terceira linha a partir da interseção das duas primeiras, a auto formação (assessoria e diretoria da CONTAG).

144. As bases da PNF foram delineadas no Encontro Nacional de Formação (ENAFOR), a partir da reflexão sobre princípios, pressupostos pedagógico-metodológicos, dimensões e linhas da formação, funcionamento, gestão, finan-ciamento e itinerário formativo. A Escola surge nesse contexto, enquanto prin-cipal instrumento para a construção da PNF

145. O arcabouço produzido pelo ENAFOR foi discutido no Conselho Delibe-rativo da CONTAG, que tomou providencia quanto à efetivação das propostas e elegeu um Grupo de Trabalho para sistematizar o debate acumulado, a partir dele, escrever sobre a Escola e sobre a Política Nacional de Formação – PNF. Essa comissão fez uma primeira versão do Projeto Político Pedagógico – PPP, que se encontra em fase de atualização.

146. A Escola foi implementada e o seu processo pedagógico e busca sua consolidação. O ENAFOR foi indicador de vários elementos políticos e peda-gógicos sobre a constituição da Escola e seus desdobramentos. O breve ba-lanço da ação formativa do MSTTR feito no ENAFOR, refletiu sobre os desafios da ação formativa do MSTTR e indicou a urgência em estabelecer uma unida-de político-pedagógica em torno da formação.

147. Compõem-se no Conselho Deliberativo da CONTAG as instâncias políti-cas, de Gestão e Operativa da Escola, que agora recebe o nome de ENFOC, a saber: a Coordenação política - Presidência, Secretaria de Administração e Finanças, Secretaria Geral e Secretaria de Formação e Organização sindical; - o Conselho político Gestor: a Coordenação política acrescido de um represen-tante das regiões Nordeste, Norte, Sul, Sudeste, Centro Oeste.

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148. Posteriormente o Grupo de Trabalho foi ampliado com a assessoria da CONTAG e rede de colaboradores e redefinido seu papel para Coordenação Pedagógica com atribuição pedagógica e operacional.

149. A primeira turma nacional do Curso de Formação de Educadores com 118 pessoas, lideranças sindicais e populares, foi realizado em dois módulos com carga horária de 192 h/a (24 dias) em agosto e novembro de 2006. O Cur-so foi bem avaliado pela Direção da CONTAG, Alunos e Coordenações e gerou muitas expectativas para o 2º Curso Nacional e para os Cursos Regionais que se iniciam em julho/07.

150. Atualmente o itinerário pedagógico da Enfoc consta de Curso Nacional (dois módulos de 12 dias); Curso Regional (três módulos de 7 dias cada); Cur-so Estadual (dois módulos), Grupos de Estudos Sindicais – GES nos territórios ou municípios, atividades de auto-formação interna à CONTAG, Oficinas com diretoria e assessoria da CONTAG e Curso “mundo sindical: contextos e signi-ficados” para assessoria de comunicação da CONTAG.

151. A CONTAG vê como ação inovadora a criação da Escola assim como o seu itinerário político-pedagógico-metodológico, e o desenho institucional. O desafio agora é conjugar esse arcabouço com as práticas educativas já exis-tentes na CONTAG e Federações visando potencializar o conjunto do movi-mento com a constituição de uma ampla Rede de Educadores/as do MSTTR com condições de atuação nacional, regional, estadual e territorial.

152. Foi constituído o Fundo Solidário inicialmente com contribuição de 1% da receita oriunda das mensalidades sociais dos aposentados/as e pensionis-tas das federações e da CONTAG, o que representa um avanço significativo na compreensão de que o MSTTR deve financiar sua própria formação. As Fede-rações assumiram também o compromisso de pautarem este debate nos res-pectivos conselhos visando cobrança extensiva aos STTRs.

153. Dentre as dificuldades enfrentadas pela Política Nacional de Formação estão: 1. com relação à auto-sustentação financeira da ENFOC: a maioria das Federações ainda não aprovou a contribuição dos STTR’s para o Fundo Soli-dário e as fontes de financiamento estão se distanciando dos projetos de for-mação político-ideológica; 2. Dificuldade histórica de articulação entre as diver-sas ações educativas temáticas de uma mesma entidade; e 3. Capacidade da equipe pedagógica limitada em função do acúmulo de responsabilidades e ta-refas do conjunto da assessoria da Contag.

154. No entanto, as recentes idas às regiões têm apontado uma mobilização das lideranças, direções e assessorias, para participarem das atividades forma-tivas. De um modo geral, os estados reivindicam mais vagas a que tem direito nas atividades. Após a conclusão das rodadas regionais (oficinas e cursos), pelo menos 128 educadores e educadoras atuando na formação sindical. Esse quadro é animador para a constituição da rede de formação do MSTTR, ques-tão fundamental para a transformação da ação sindical e construção da auto-nomia da classe trabalhadora.

COORDENAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS

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155. A partir do planejamento estratégico da CONTAG, foi elaborado, com a participação das coordenadoras estaduais, o Plano de Ação da CNMTR para o período 2005-2009, que definiu como prioridades para a sua atuação: Partici-pação das mulheres nos processos eleitorais partidários e sindicais; Formula-ção e implementação da Política Transversal de Gênero da CONTAG; Organi-zação da produção com valorização das atividades agrícolas e não-agrícolas exercidas pelas mulheres; Permanência dos rurais no Regime Geral da Previ-dência Social, assegurando a ampliação do acesso das mulheres aos benefí-cios; Melhores condições de vida e trabalho das assalariadas rurais; Defesa da saúde pública e do SUS, com ênfase na saúde integral da mulher ; Combate à violência sexista, Marcha das Margaridas 2007 e Fortalecimento das parcerias e alianças nacionais e internacionais com outros movimentos sociais.

156. Nesta perspectiva, temos exercitado o diálogo e a atuação articulada com as diversas áreas da CONTAG, assim como diversas entidades parceiras, em especial o Movimento de Mulheres. Essa articulação vem se dando especi-almente através dos Gritos da Terra; da construção da Marcha das Margaridas 2007; da realização da Campanha Internacional contra a Violência no Campo; da construção da proposta política-pedagógica da ENFOC; das lutas pela a-provação do projeto de lei - Permanência dos Rurais na Previdência Social; da execução de 04 projetos pilotos em territórios e municípios rurais nas temáticas da organização da produção, saúde pública e violência sexista; e da nossa par-ticipação em fóruns, redes, articulações e conselhos de âmbito nacional e in-ternacional.

157. Com esta estratégia, temos procurado investir na formação política e no fortalecimento da organização das trabalhadoras rurais, bem como influenciar diretamente na formulação e implementação de políticas públicas específicas para as mulheres do campo. Neste sentido, temos priorizado nossa participa-ção e intervenção no CONDRAF – Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, CNDM - Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, CNS – Conselho Nacional de Saúde, Comitê Gestor Nacional do Programa de Docu-mentação da Trabalhadora Rural, Comitê de Ater/CONDRAF-MDA, GT Terra do Ministério da Saúde, GT de Gênero da REAF/Mercosul. No que se refere aos espaços nacionais e internacionais de articulação com a sociedade civil, temos participado da MMM – Marcha Mundial das Mulheres, da REDELAC, da COOPROFAM e do GT de Gênero da REBRIP.

158. Fruto do trabalho realizado neste período, temos o reconhecimento da participação da CONTAG na definição, construção e implementação de impor-tantes medidas, ações e políticas públicas, como: a DAP acessória em nome da mulher; a IN nº 38/2007 que trata de normas e procedimentos para assegu-rar a obrigatoriedade da titulação conjunta; os ajustes e ampliação da linha de crédito Pronaf Mulher; a ampliação do Programa Nacional de Documentação para Trabalhadoras Rurais; ; a formulação da Política Nacional de Saúde vol-tada para as populações do campo e da floresta; a luta pela efetivação da Lei Maria da Penha no campo; a formulação e aprovação na Reunião Especializa-da da Agricultura Familiar-REAF/Mercosul de um projeto voltado para a Pro-moção da Igualdade de Gênero na Agricultura Familiar no âmbito do Mercosul, e outras conquistas.

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Desafios 159. Acompanhar, em todos os níveis, os resultados da negociação da Pauta Nacional da Marcha das Margaridas 2007 para que as políticas públicas aten-dam as necessidades e reivindicações estratégicas das trabalhadoras rurais, sejam orientadas para a promoção da igualdade de gênero e tenham alcance no âmbito local transformando a condição econômica e social das mulheres do campo.

160. Ter formulado a Política de Gênero da CONTAG fundamentada numa concepção teórica feminista e sindical, combinando estratégicas e ações pro-gramáticas que orientem a incorporação da igualdade de gênero em todas as políticas e ações do MSTTR.

161. Executar ações voltadas para as assalariadas rurais conforme plano de ação da CNMTR, buscando fortalecer sua organização nos STTRs e nos locais de trabalho, investindo na formação política e na qualificação profissional vi-sando avançar na construção e negociação de políticas específicas que aten-dam suas necessidades.

162. Fortalecer a participação das mulheres nos processos eleitorais partidá-rios, em especial no debate da Reforma Política e nas Eleições 2008.

163. Monitorar e acompanhar a aplicação das cotas de participação das mu-lheres nos espaços de direção, de decisão e de formação do MSTTR. Embora venha sendo incorporada aos estatutos de nossas entidades sindicais, lamen-tavelmente, em muitos casos, a cota tem sido descumprida ou aplicada por mera formalidade, pouco contribuindo, desta forma, para democratizar as relações entre mulheres e homens no cotidiano do MSTTR.

164. Executar, monitorar, acompanhar, avaliar e sistematizar as ações dos projetos voltados para a organização da produção com grupos de mulheres, de modo que possam servir de referência para o MSTTR e para a formulação de políticas públicas.

165. Dar continuidade às ações do Projeto Formação de Multiplicador@s em Gênero, Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, conforme previsto no novo plano de trabalho 2007-2008, reforçando a luta pela aprovação e implementa-ção da Política Nacional de Saúde das Populações do Campo e da Floresta.

166. Fortalecer a atuação das mulheres nos espaços de debate sobre Previ-dência Rural, em especial no Fórum Nacional da Previdência Social, ampliando nossa capacidade de argumentar e defender os direitos das mulheres.

167. Apresentar e encaminhar proposta de formação da CNMTR em orça-mento participativo buscando fortalecer e qualificar as mulheres no exercício do controle social.

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COORDENAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DE JOVENS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS.

Juventude, Formação e Organização Sindical 168. Ao longo desses últimos anos, as estratégias centrais adotadas pela CONTAG, têm sido orientadas na perspectiva da consolidação dos espaços de organização da juventude dentro do MSTTR e da qualificação da intervenção desses jovens na discussão das políticas públicas, tendo como recorte o reco-nhecimento das demandas específicas deste segmento, principalmente nos eixos educação do campo e condições dignas para produção na agricultura familiar.

169. Entre os Programas de maior abrangência desenvolvidos pela CONTAG estão o Consórcio Social da Juventude Rural Rita Quadros e o Programa Jo-vem Saber. Hoje estas ações envolvem aproximadamente 20 mil jovens traba-lhadores/as rurais em 700 municípios de todo o Brasil. Embora esses progra-mas tenham apontado resultados relevantes no que se refere à melhoria do conhecimento técnico para a produção rural e das oportunidades de geração de renda, bem como maior participação dos jovens na vida sindical, aprofun-dando a reflexão sobre a participação da juventude na construção do PADRSS, é necessário que os estados desencadeiem ações próprias que fortaleçam es-sas iniciativas.

170. Na perspectiva da organização no MSTTR hoje temos constituído:

170.1.170.1.170.1.170.1. Coordenação e Comissão Nacional de Jovens na CONTAG;

170.2.170.2.170.2.170.2. Coordenações estaduais de jovens em 25 FETAGs e Comissões es-taduais de jovens em 21 FETAGs;

171. Não temos nem coordenação e nem comissão estaduais de jovens nas FETAGs da Paraíba e Mato Grosso do Sul e é fundamental que os estados analisem quantos sindicatos ainda precisam constituir coordenações e comis-sões de jovens.

172. Deste modo, é importante também que se avalie a implementação da cota de no mínimo 20% de jovens nas instâncias do MSTTR, verificando se de fato isso vem se dando.

173. A participação da Coordenação Nacional de Jovens da Contag nos es-paços do Conselho Nacional de juventude, do GT de juventude da REAF e das ações que integram a juventude da COOPROFAM, tem sido fundamental para dar visibilidade a organização e as demandas da juventude do campo. Entre outras questões a ampliação da participação das Coordenações Estaduais e Nacional, no coletivo nacional de jovens da CUT, nos Conselhos, Fóruns e Re-des de juventude espalhados por todo país e internacionalmente, tem conse-guido introduzir referenciais importantes sobre a concepção e implementação das políticas públicas de juventude rural.

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174. No contexto organizativo e formativo do MSTTR, vale destacar impor-tância do GTB enquanto espaço de formação na ação sindical que tem poten-cializado a participação da juventude e os processos de negociação que quali-ficam as políticas governamentais voltadas ao segmento juvenil.

Juventude, Reforma Agrária e Meio Ambiente 175. Os problemas que atingem a reforma agrária no Brasil dificultam o aces-so à terra pela juventude, sua permanência no campo e a sobrevivência da a-gricultura familiar. Por isso é fundamental políticas públicas que facilitem o a-cesso à terra para jovens que desejem trabalhar na agricultura. Apesar de hoje termos o programa de crédito fundiário – “Nossa 1ªTerra”, voltado para assen-tar jovens rurais, esta política tem sido insuficiente para atender a grande de-manda da juventude.

176. Nesse contexto, o debate sobre a Reforma Agrária vem sendo também tratado a partir do processo formativo do Programa Jovem Saber. A partir des-sa discussão se tem conseguido aproximar os (as) jovens rurais dessa luta. Junta-se a isso a preocupação com a questão do meio ambiente, nesse sentido a Coordenação da Comissão Nacional de Jovens vem construindo um proces-so de capacitação em agroecologia através da parceria com a Fundação Lin-dolfo Silva. A idéia é desencadear esse processo formativo ainda em 2007. Com essa iniciativa busca-se também construir um mapeamento de experiên-cias desenvolvidas pela juventude rural de todo Brasil, tanto no âmbito da pro-dução orgânica quanto na agroecológica.

Juventude, Agricultura Familiar e Organização da Pro-dução 177. O desenvolvimento da agricultura familiar passa pelo estabelecimento de políticas diferenciadas, que não se limitam apenas a linhas de crédito, mas al-cancem também um novo padrão tecnológico na produção, no armazenamento e na comercialização. Passa pela descoberta de novos nichos produtivos, co-mo agricultura orgânica, agroecológica, manejo florestal e outros.

178. Os problemas presentes na agricultura familiar precisam ser superados, para que seja ‘quebrada’ a tendência de saída dos (as) jovens da atividade a-grícola. Hoje as mulheres jovens apresentam-se como o principal seguimento social que sai do campo para tentar nas médias e grandes cidades uma vida melhor. Conseqüentemente, o campo vai ficando masculinizado, com predomi-nância de pessoas idosas e com diminuição acentuada das taxas de natalida-de. Com este quadro, fica mais fácil para a agricultura patronal adquirir as pro-priedades familiares a preços baixos, ampliando ainda mais a concentração fundiária no país.

179. Nesse contexto, é importante que se aprofunde cada vez mais a inser-ção da juventude na organização produtiva familiar, proporcionando melhorias à qualidade de vida desse seguimento social. Isso vem se dando a partir da luta do MSTTR em ampliar e qualificar o acesso dos (as) jovens ao PRONAF JOVEM, como resultado deste esforço podemos destacar o reconhecimento do

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Programa Jovem Saber para comprovação das 100 horas de qualificação ne-cessárias para o acesso ao Pronaf-jovem.

180. Na perspectiva de construir outros mecanismos que favoreçam a ampli-ação da visibilidade social e econômica da juventude no campo. A Coordena-ção Nacional de Jovens da Contag vem estimulando a formação associativista da juventude a partir das iniciativas do Consórcio Social da Juventude Rural – Rita Quadros que já constituiu 20 associações de jovens em todo Brasil. Tam-bém está em curso uma negociação com a Secretaria Nacional de Juventude de uma política nacional de fomento a atividade produtiva de jovens rurais.

JUVENTUDE ASSALARIADA RURAL

181. O mercado de trabalho no Brasil aponta uma situação difícil, principal-mente para a juventude. No país o desemprego entre os (as) jovens com idade entre 16 a 24 anos é maior do que a média dos demais seguimentos da popu-lação. (Fonte: PNAD/IBGE 2001).

182. Na perspectiva do PADRSS é urgente não só encontrar solução para a frágil inserção dos (as) jovens no mundo do trabalho, mas também proporcio-nar a estes trabalho de qualidade e remuneração justa. Hoje muitos jovens es-tão na informalidade trabalhando como autônomos ou empregados sem cartei-ra assinada, sendo submetidos a péssimas condições de trabalho, sem garan-tia de seus direitos e muitas vezes desenvolvendo trabalho escravo.

183. Nessa perspectiva, é fundamental que o MSTTR combata as formas de exploração frente ao trabalho dos/as jovens assalariados, adotando entre ou-tras medidas a inclusão nos acordos e convenções coletivas de trabalho, cláu-sulas que garantam a liberação dos jovens no período de aulas escolares sem prejuízos a sua remuneração e ao posto de trabalho, bem como a estabilidade da jovem trabalhadora rural que engravidar durante o contrato.

184. Entre as iniciativas desenvolvidas pela Comissão Nacional de Jovens Rurais está à inclusão de jovens egressos do trabalho escravo nas ações de qualificação do Consorcio Social da Juventude Rural – Rita Quadros.

Juventude e Políticas Sociais

Educação 185. Através do processo de estudos desencadeado a partir do 5º módulos do Programa Jovem Saber foi desenvolvido uma série de seminários munici-pais na intenção de debater e definir estratégias adotadas pela juventude rural no tocante a Educação do Campo. Outro relevante avanço diz respeito à in-tensa participação da juventude rural no Projeto de Formação de Multiplicado-res em Educação do Campo que vem sendo empreendido pela Secretaria de Políticas Sociais da Contag.

Saúde 186. As questões pertinentes a saúde da juventude foram tratadas a partir do 6º módulo do Programa Jovem Saber que abordou o tema “Saúde, direitos se-

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xuais reprodutivos e violência”. Embora esse processo tenha contribuído para informar e sensibilizar a juventude sobre o tema é necessário construir novos mecanismos que fortaleçam uma ação mais articulada entre os jovens do MSTTR. Nesse contexto, podemos destacar a participação de jovens lideran-ças sindicais no projeto de formação em saúde e gênero no campo desenvolvi-do pela Coordenação Nacional de Mulheres da CONTAG.

Esporte, Cultura e Lazer 187. A realização dos 16 Festivais Estaduais/Regionais do Jovem Saber, ga-rantiu o desenvolvimento de um debate amplo e descentralizado sobre os te-mas Educação, Cultura e Esporte. A partir de então, vem se constituindo agen-das municipais, estaduais e nacional de negociação junto ao poder público, na perspectiva de criar políticas efetivas voltadas aos três temas.

188. A partir da realização do 1º Festival Nacional da Juventude Rural e do GTB/2007, está em andamento um Projeto que prevê a realização de um Se-minário Nacional sobre Juventude Rural e Cultura Popular, a Produção de um CD e do Documentário/DVD sobre as experiências de Festivais da Juventude. Além disso, será constituído um Grupo de Trabalho, na perspectiva de formular políticas de esporte voltadas a realidade do campo.

Desafios 189. A consolidação do PADRSS no meio rural passa necessariamente pelo reconhecimento do (a) jovem como agente estratégico nas lutas do movimento sindical. Para tanto, é importante fortalecer cada vez mais, dentro dos STTR’s, FETAG’s e CONTAG, processos inclusivos, onde sejam incorporados os as-pectos de gênero, geração, raça e etnia nos espaços de organização e ação sindical.

190. Associado ao princípio da participação está a garantia de condições dig-nas para a vida no campo. Hoje uma das grandes ameaças à sucessão rural da juventude diz respeito ao restrito acesso dos/as jovens rurais às políticas públicas, especialmente no que se refere a educação do campo.

191. Dessa forma o debate sobre o modelo de desenvolvimento rural que queremos deve levar em consideração as questões da participação e a conso-lidação de políticas efetivas para a juventude rural. Além disso é importante refletir sobre os modelos de produção estabelecidos dentro da unidade familiar, na perspectiva de reconstruir relações de solidariedade e de dissipar os efeitos de um modelo patriarcal rígido, onde a juventude não se sente parte do pro-cesso produtivo.