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M-6-PM Polícia Militar do Estado de São Paulo MANUAL POLICIAL MILITAR MANUAL DE SEGURANÇA DE PRESÍDIOS Setor Gráfico do CSM/M Int 1ª Edição Impresso em 1.978 Tiragem: 600 exemplares Publicado Bol G PM 066/78

M - 06 - PM - Manual de Seguranca Em Presidios

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M-6-PM

Polícia Militar do Estado de São Paulo

MANUAL POLICIAL MILITAR

MANUAL DE SEGURANÇA

DE

PRESÍDIOS

Setor Gráfico do CSM/M Int

1ª Edição

Impresso em 1.978

Tiragem: 600 exemplares

Publicado Bol G PM 066/78

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO COMANDO GERAL São Paulo, 24 de novembro de 1977 Despacho n.º 1EM/PM-178/02 O Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, usando da atribuição que lhe confere o artigo 16 das Instruções para Publicações da Polícia Militar (I-1-PM), aprova, manda pôr em execução o M-6-PM (MANUAL DE SEGURANÇA DE PRESÍDIOS). Autorizo impressão nos termos do artigo 43 da I-1-PM.

ARNALDO BASTOS DE CARVALHO BRAGA Coronel EB Comandante Geral

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D I S T R I B U I Ç Ã O 1. Órgãos de Direção a. Geral: Cmt G ........................................................................................................ 1 Ch EM/PM ................................................................................................. 1 S Ch EM/PM .............................................................................................. 1 Sec do EM/PM (cada) ................................................................................ 1 CJ ............................................................................................................... 1 Asst Cmt G ................................................................................................ 1 AG ............................................................................................................. 2 b. Setorial Dir. (cada) ................................................................................................. 1 2. Órgãos de Apoio a. OPM de Apoio de Ensino: APM e CFAP (cada) ................................................................................... 5 EEF ........................................................................................................... 1 b. OPM de Apoio de Saúde: C Farm., C Odont. e C Med (cada) ............................................................ 1 c. OPM de Apoio Logístico: CSM/MB, CSM/Int. (cada) .......................................................................... 3 CSM/O. CSM/S e C Fin. (cada) ................................................................. 1 3. Órgãos de Execução: a. Gdes Cmdos (CPC, CPI e CCB) (cada) ................................................. 2 b. Cmdo de Área (CPA/M, CPA/I CPT) ...................................................... 2 c. U OP (cada) ........................................................................................... 2 d. BPGd ...................................................................................................... 20 e. OPM especiais de execução (C Mil, PMRG, C Mus e CIPGd (cada) ..... 2 4. Reserva: a. No EM/PM (1ª Seção) ............................................................................. 20 b. No CSM/Int. (para venda) ....................................................................... 300

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ÍNDICE DOS ASSUNTOS

Capítulo 1 - Responsabilidades Penal e Disciplinar dos Componentes da guarda militar .................................................................................................... 05

Capítulo 2 - Riscos ou ações que podem ameaçar o Funcionamento normal de um presídio . ................................................................................................. 10

Capítulo 3 - Incidentes involuntários, propositais e outros riscos .............. 11

Capítulo 4 – Sabotagens ............................................................................ 12

Capítulo 5 - Situações de emergência num presídio ................................ 14

Capítulo 6 - Serviços executados pela polícia militar em presídios – legislação vigente referente ao policiamento em presídios .............................. 16

Capítulo 7 - A guarda militar – organização - postos e setores de vigilância - área de Segurança - fiscalização constante - pontos sensíveis e vulneráveis - conclusão ........................................................................................................... 21

Capítulo 8 - Plano de segurança e operações da guarda militar .............. 24

Capítulo 9 - Sistema de iluminação da segurança externa de presídios .. 27

Capítulo 10 - Sistema de alarme na segurança externa de presídios ....... 31

Capítulo 11 - Incêndio e prevenção de incêndio em presídios ................. 33

Capítulo 12 - Escolta de presos ................................................................ 40

Capítulo 13 – Competência ........................................................................ 42

Capítulo 14 - Busca pessoal do escoltado ................................................ 46

Capítulo 15 - A escolta de presos propriamente dita ................................ 47

Capítulo 16 - Escolta de presos em hospitais ........................................... 53

Capítulo 17 - Escolta de presos em velório .............................................. 55

Capítulo 18 - Escolta de parque agrícola .................................................. 56

Capítulo 19 - Sistema de comunicações e sua importância para o funcionamento normal da segurança de presídios ............................................ 69

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CAPÍTULO 1 Responsabilidades penal e disciplinar dos componentes da guarda militar

ARTIGO I

Introdução 1. Ao 1° Batalhão de Polícia de Guarda (1º BPGd), subordinado ao Comando de Policiamento da Capital, cabe executar os serviços de segurança externa dos Presídios e Estabelecimentos Penais de maiores e menores da Capital, competindo-lhe o planejamento, comando, execução e fiscalização do emprego operacional da Unidade, de acordo com planos e ordens do escalão superior. Tamanha é a responsabilidade relativa à segurança externa de presídios, que as autoridades estaduais atribuíram essa missão, como função específica, à Polícia Militar, visto esta dispensar maior dedicação ao cumprimento do dever, consideradas a estrutura da Corporação e a severidade da disciplina.

ARTIGO II

A fuga e a pena 2. O Código Penal não comina pena ao preso que foge. Considera que o anseio à liberdade é irreprimível e instintivo no homem. Conseqüentemente, não sufragou a idéia de querer abafá-lo com a ameaça da pena. A fuga de preso constitui delito, somente quando ele se evade praticando violência à pessoa (Art. 352 CP). 3. Embora condescendendo com a simples fuga, a lei não permite que outros, não impelidos pelo incoercível impulso de liberdade, contribuam para que sejam frustradas as decisões judiciárias e as imposições legais, com inegável menosprezo e desprestígio à ordem constituída. 4. De acordo com o Art. 351, comete crime quem promove ou facilita a fuga de preso ou de pessoa submetida à medida de segurança. O agente ou sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que imputável. Nada impede a co-autoria que, entretanto, não abrange a pessoa do preso ou detento. Promove a fuga quem diligencia e prepara a evasão, tornando-a exeqüível. Prescinde o agente até da ciência do preso ou detento. Facilita-a quem auxilia na fuga, afastando os óbices existentes, cooperando e colaborando para o evento. Na promoção, a iniciativa, plano e providências são do agente; no auxílio, ele secunda o preso ou detento, quer fornecendo-lhe instrumentos de fuga, quer instruindo-o a respeito. 5. A promoção ou auxílio objetivam a fuga, que consiste na subtração da pessoa à esfera de guarda ou custódia legítima. 6. A fuga se consuma, quando o preso ou detento se encontra livre, quando já

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saiu daquela órbita de vigilância, mesmo que precariamente. E não somente dos estabelecimentos carcerários pode efetivar-se a fuga: esta também ocorre, por exemplo, quando o preso ou detento se evade da viatura que o transporta. 7. Consuma-se o crime com a fuga efetivada, que ocorre quando o preso ou detento já transpôs os limites da esfera de sua guarda ou vigilância, ainda que logo depois seja recapturado. Enquanto aquela não se dá, não se pode cogitar de promoção ou auxílio à fuga, por parte do agente. É admissível a tentativa, sempre que não se consumar a fuga. Por exemplo, o preso é detido no momento em que tenta galgar ou escalar o muro da prisão em que se encontra. 8. O § 3° do artigo 351 do C. P. tem em consideração a violação do dever funcional. É natural que se é crime promover ou auxiliar a fuga de um sentenciado ou detento, maior deve ser a punição quando o fato for praticado por quem é responsável por sua vigilância. 9. Já o § 4° do mesmo artigo ocupa-se da forma culposa, visando ao funcionário encarregado da custódia ou guarda. Trata-se de crime especial e que ocorre mesmo na hipótese em que a fuga é executada pelo preso ou detento, sem que terceiros a promovam ou a facilitem. É entretanto, necessária a fuga, quer por iniciativa do próprio evadido, quer de outrem com a concomitância da culpa do funcionário. Caso não haja fuga o comportamento culposo do agente poderá constituir outro delito, como ficar sujeito, a prescrições disciplinares ou ser penalmente indiferente.

ARTIGO III

Competência para julgamento dos Crimes Militares 10. O S.T.F. em acórdão, no «habeas-corpus» n° 47111, de que foi relator o Ministro Barros Monteiro, adotou tese de grande interesse para a Justiça Militar. A Alta Corte salientou no julgado, que milicianos da Polícia Militar, em serviço de Guarda do Instituto de Reeducação de Tremembé, responsáveis por fuga de preso (reeducandos) que ali se encontravam, deviam responder pelo fato perante a Justiça Militar do Estado e não perante a Justiça Comum. No caso, consoante salientou a Corte, os policiais estavam sujeitos às autoridades militares e exerciam funções militares, razão por que não tinha aplicação a Súmula 297. (Segundo essa Súmula, o policial militar em serviço de policiamento não está sujeito às autoridades militares e exercem funções policiais; em conseqüência, o crime inerente ao serviço, se cometido, será comum, estando sujeito à Justiça Comum e não à Justiça Militar). Pelo que se depreende, os componentes da G M. poderão ser julgados pela Justiça Militar do Estado. A matéria é igualmente tratada pelo Código Penal Militar, que segue à mesma linha do Código Penal. 11. Considerando ainda as guardas Militares como lugares sujeitos à

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administração militar, aplica-se aos componentes da G.M. o Código Penal Militar nos crimes cometidos em serviço, tais como artigo 163 (recusa de obediência), artigo 195 (abandono de posto), artigo 202 (embriaguez em serviço), artigo 203 (dormir em serviço), etc. E o Regulamento Disciplinar prevê as transgressões Disciplinares que se referem ao serviço, capitulando-as na letra «b» do parágrafo único do art. 12: «CONTRA AS REGRAS E ORDENS DE SERVIÇOS ESTABELECIDAS NAS LEIS OU REGULAMENTOS OU PRESCRITAS POR AUTORIDADES COMPETENTES» e no artigo 13, nºs 7, 8, 17, 18, 19, 20, 25, 26 e 59.

ARTIGO IV

Considerações gerais 12. Existem certas transgressões disciplinares que devem ser reprimidas com rigor para que seja possível manter um nível razoável de segurança: são, entre outras, as seguintes: a. desviar a atenção para qualquer assunto audiovisual; b. dormir no posto; c. abandonar o posto. 13. É preciso ter em mente que o preso só tentará fuga após estudar devidamente a sentinela e certificar-se de que pode contar com a omissão da mesma na ocasião da transposição da muralha, conseqüência da sua desatenção e negligência. E a sentinela só estará atenta se estiver acordada (não dormindo) e com a atenção voltada para o interior do presídio e certa de que o rondante constantemente a está fiscalizando. 14. Citam-se a seguir alguns dispositivos legais referentes ao assunto: a. CÓDIGO PENAL (Decreto-lei 2.848, de 7-XII-1940) «PARTE ESPECIAL ....................................................................................................................... «Capítulo III - Dos crimes contra a administração da Justiça ....................................................................................................................... «Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: «Pena - Detenção de seis meses a dois anos. «§ 1° - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. «§ 2º - Se há emprego de violência contra a pessoa, aplica-se também a pena correspondente a violência. «§ 3° - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. «§ 4º - No caso de culpa de funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa, de mil cruzeiros a

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cinco mil cruzeiros. «Art. 352 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: « Pena - Detenção de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. b. CÓDIGO PENAL MILITAR (Decreto-lei 1.001, de 21-X-1969) «PARTE ESPECIAL ........................................................................................................................ «TÍTULO II «Dos crimes contra a Autoridade ou Disciplina Militar ........................................................................................................................ «CAPÍTULO VIII «Da fuga, evasão, arrebatamento e amotinamento de presos. «Art. 178 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva. «Pena - Detenção de seis meses a dois anos. «§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada ou por mais de uma pessoa mediante arrombamento. «Pena - Reclusão de dois a seis anos. «§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência. «§ 3º - Se o crime é praticado por pessoa sob cuja guarda, custódia ou condução está o preso ou internado. «Pena - Reclusão, até quatro anos. «Art. 179 - Deixar, por culpa, fugir pessoa legalmente presa confiada à sua guarda ou condução. «Pena - Detenção de três meses a um ano. «Art. 180 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou internado usando de violência contra a pessoa. «Pena - Detenção de um a dois anos, além da correspondente à violência «§ 1º - Se a evasão ou tentativa ocorre mediante arrombamento da prisão militar. «Pena - Detenção de seis meses a um ano. «§ 2º - Se do fato sucede deserção, aplicam-se cumulativamente as penas correspondentes».

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CAPÍTULO 2

Riscos ou ações que podem ameaçar o

funcionamento normal de um presídio

ARTIGO V

Introdução 15. O planejamento da segurança externa de um Presídio começa pelo meticuloso estudo relativo aos tipos e à amplitude dos problemas que possam pôr em risco o pessoal (componentes da G.M., funcionários civis, sentenciados, visitantes), às instalações e à vida interna desse Estabelecimento Penal.

ARTIGO VI

Desenvolvimento 16. Um método freqüentemente usado na solução desses problemas, consiste em examinar a situação procurando as respostas para os quesitos: QUE, QUANDO, ONDE, PORQUE e QUEM. As respostas devem, naturalmente, ser condicionadas a cada presídio em estudo, sua localização e às condições prevalentes. Determinadas respostas são geralmente aplicáveis à maioria dos estabelecimentos penais. 17. Analisemos o primeiro quesito: QUE a. QUE RISCOS OU AÇÕES PODERÃO AMEAÇAR O FUNCIONAMENTO NORMAL DE UM PRESÍDIO? São: 1) tentativa de fuga de um ou mais sentenciados; 2) fuga de um ou mais sentenciados; 3) levante ou motim; 4) incêndio; 5) ação externa de uma ou mais pessoa para propiciar ou facilitar fuga de preso; 6) ação externa de uma ou mais pessoa contra as instalações, ou pessoal de serviço; 7) ação interna (subversão, espionagem, sabotagem física ou psicológica, atividades terroristas); 8) incidentes naturais (incêndios não provocados, curtos-circuitos, por exemplo) devido a erro humano ou falta de cuidado.

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CAPÍTULO 3

Incidentes involuntários, propositais e outros riscos

ARTIGO VII

Incidentes involuntários 18. Involuntários, são os incidentes que independem da vontade humana, tais como: acidentes, incêndios, explosões de munição e falhas no fornecimento de energia elétrica que podem provocar situações de emergência e afetar a eficiência da vigilância. Esses incidentes resultam de negligência, imprudência ou imperícia, falta de treinamento, manutenção defeituosa. 19. O intento deliberado, por parte de qualquer pessoa ou grupo, não concorre para tais incidentes, sendo eles perfeitamente evitáveis. Métodos positivos de prevenções podem reduzi-los ou eliminá-los.

ARTIGO VIII

Incidentes propositais 20. São propositais, os incidentes causados deliberadamente por pessoas ou grupos, cujos interesses são hostis ao da Direção do Presídio ou Comando da G.M. Os incidentes podem ser planejados de modo a simularem «ocorrências naturais», tais como, incêndios. Se aquele que provoca o incêndio, tiver êxito em disfarçar a ação deliberada, sua identidade permanecerá obscura e ele estará livre para atacar novamente (a suspeita não foi suscitada, tendo executado com êxito sua missão). Incidentes, assim disfarçados, são de difícil solução. 21. Todo incidente, intencional ou não, merece profunda investigação para verificação de todos os fatores contribuintes. Os dados coligidos oferecem orientação quanto às exigências de segurança, mediante cuidadosa análise e avaliação.

ARTIGO IX

Outros riscos 22. Muitos outros riscos enquadram-se no grupo intencional. Para os objetivos de maior importância, nos instrumentos usados incluem-se espionagem, infiltração e subversão (deverão ser objeto de palestras).

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CAPÍTULO 4

Sabotagens

ARTIGO X

A Sabotagem Psicológica 23. É um método que objetiva incitar e transformar problemas, conflitos pessoais e animosidade em descontentamento geral: operação tartaruga, anonimato de rebeldia e boicote. Ela pode ser o instrumento para induzir executantes à produção de trabalho inferior ou estragos; a criar problemas entre comandantes e comandados. 24. Numa escala maior, os meios psicológicos são empregados para investigar falsos problemas políticos, sociais ou ocorrências e para disseminar propaganda inflamatória, visando causar descontentamento, criar tensões emocionais e diminuir o moral e apoio públicos ao governo e seus órgãos representativos 25. Os meios empregados são os mais diversos: meias verdades ou grandes mentiras; insinuações ou alegações vagos a respeito do caráter de uma pessoa; lançamento de dúvidas sobre a integridade, sinceridade, competência ou relações de um chefe; rumores que, iniciados, podem difundir a intranqüilidade geral. 26. Os boatos, juntamente com outros indícios, constituem importante indicação de aumento de tensões e da deterioração do clima emocional numa área. Cuidadosa coleta e análise de tais informações podem fornecer valiosa orientação quanto às necessidades de controle.

ARTIGO Xl

Sabotagem Física 27. A sabotagem física pode ser agrupada em duas categorias genéricas: a. Atos dissimulados ou secretos que são disfarçados com a aparência de conseqüentes erros ou imprudência, para os quais são envidados esforços no sentido de ocultar a ação do agente e a noção de que o ato foi deliberado. b. Atos ostensivos e não disfarçados que são imediatamente reconhecidos como sabotagem. 28. Entre os primeiros, temos: incêndio causado por «combustão espontânea», instalação errônea de circuitos elétricos; entre os segundos, temos por exemplo: o corte de fios elétricos sem qualquer esforço para ocultar o fato. No serviço da Guarda Militar, encontramos não muito raramente cartuchos sem pólvora e cheios de areia. Já houve casos de sirene de alarme não funcionar, no exercício de treinamento, em virtude de encontrar-se com trava de madeira impedindo qualquer

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movimento

ARTIGO XII

Investigação de Acidentes 29. A investigação é uma pesquisa sistemática da verdade relativa a um assunto. Investigar é pesquisar mediante paciente averiguação e exame dos fatos. O propósito da investigação é verificar o que aconteceu, como sucedeu e porque ocorreu. Destina-se, pois, a estabelecer um relato completo dos eventos que culminaram com o incidente, a hora de cada um e todas as circunstâncias contribuintes. 30. As partes necessárias da informação incluem a identidade de todas as pessoas envolvidas; a posição e o movimento de cada uma, e os motivos que nortearam suas ações. As características físicas do local e as relações de cada um com os eventos transpirados, devem ser descobertos e detalhadamente descritos e os resultados dos incidentes e efeitos precisa e cabalmente estabelecidos. 31. A investigação objetiva, principalmente, determinar os meios e os processos de salvaguarda que devam ser aplicados para prevenir futuras ocorrências de incidentes semelhantes. A perfeita identificação de todos os fatores contribuintes aponta o meio de controlar ou eliminar um ou mais deles, para reduzir a possibilidade de ocorrências e resultados indesejados. 32. Os tipos de incidentes que exigem investigação são numerosos e variados. Em resumo, toda ocorrência não contemplada e não projetada deve ser investigada.

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CAPITULO 5

Situações de emergência num presídio

ARTIGO XIII

Ocorrências 33. Existem certas ocorrências peculiares em um presídio que provocam medidas especiais, desde o início ao término. Havendo, em certos casos, necessidade da intervenção do próprio Governador. 34. São situações de emergências em um presídio: a. TENTATIVA DE FUGA: Acontece quando o preso ou presos, com ou sem meios, chegam até a muralha e a ultrapassam ou não, sem conseguir, todavia, sair das vistas da Guarda externa. b. FUGA: Quando o preso ou presos, com ou sem meios, chegam até a muralha e a ultrapassam conseguindo sair das vistas da Guarda externa. Escapar da esfera da vigilância, eis a característica de uma fuga. A recaptura poderá ocorrer posteriormente, minutos, horas, dias, meses, ou até anos após; mas nem que seja por um instante, o agente ficou fora dos limites perimetrais do estabelecimento penal, sem vigilância de funcionários civis ou da Polícia Militar. c. LEVANTE OU MOTIM: Diz o Código Penal: «Art. 354 - amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Pena - detenção de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência». 1) O verbo amotinar é o empregado pela lei. Designa o levante, o movimento coletivo de rebeldia, desordem e indisciplina obediente a um fim comum, que indiferentemente pode ser justo ou injusto; reação contra punições impostas; contra determinação regulamentar; meio de obrigar funcionário a praticar outro ato, para facilitar a fuga, etc. 2) A rebelião há de ser de presos, isto é, reunião deles; um, jamais constituirá motim. Por conseguinte, se um preso se alia a funcionários em movimento de rebeldia, não haverá motim. 3) Consuma-se o crime, quando a ordem ou a disciplina forem transgredidas, com os primeiros atos de motim, pouco importando a permanência da perturbação. Esta deve traduzir-se em violência à pessoa ou à coisa. O não acatamento de uma determinação, a assuada, a vaia, etc., são transgressões disciplinares, não, porém, motim. É mister a prática de violência física contra funcionários, componentes da G. M., etc. ou depredações. Ocorrendo a violência à pessoa, há concurso de crimes (motim mais violência). d. INCÊNDIO: O incêndio pode ser acidental ou provocado geralmente e o provocado que causa maiores problemas, colocando a administração do presídio e o Cmt da G.M. em dificuldades, visto a série de providências a serem tomadas: debelar o fogo, salvar vidas, e maior vigilância, a fim de evitar seja aproveitada a situação para a fuga, etc. É de supor-se, ainda, que o incêndio quase sempre

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acontece juntamente com o levante, o que gera maiores problemas. e. AÇÃO EXTERNA: Pode ser de dois tipos: uma destinada a propiciar ou facilitar a fuga de presos; outra dirigida contra as instalações ou pessoal do presídio. 1) Ambas as ações devem ser consideradas perigosas. E para combater qualquer dos tipos de ação externa, os componentes da G.M. devem estar sempre bem treinados e instruídos, o que os deixa em condições ideais de agir de imediato em caso concreto.

ARTIGO XIV

Conclusão 35. Existindo uma razoável segurança externa em um presídio e uma certa tranqüilidade no seu interior, dificilmente a Guarda externa é chamada par a agir em ocorrências de grande envergadura . Entretanto, devemos estar preparados para enfrentar qualquer situação mediante treinamento adequado e instrução suficiente, cientes de que pessoas ou grupos que estejam planejando as atividades ilegais tem a vantagem de escolher a hora e local, métodos e as condições mais favoráveis ao seu intento.

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CAPÍTULO 6

Serviços executados pela Polícia Militar em presídios -

Legislação vigente referente ao policiamento em presídios

ARTIGO XV

Introdução

36. Desde há muito tempo, a Polícia Militar do Estado de São Paulo presta serviços na segurança externa de cadeias públicas e estabelecimentos penais do Estado. Alguns presídios, como por exemplo, a Penitenciaria do Estado, tem sua história ligada à Força Pública e à Polícia Militar. 37. Até 1962 entretanto não havia uma Unidade especializada de presídios, quando então foi criado, pela Lei 7.184, de 19-X-1962, o 15° B P (posteriormente o 1º BPGd), para esse mister, cujos atribuições foram fixadas pelo Decreto 41.373, de 4-I-1963. Essa Unidade passou à disposição da Secretaria da Justiça para a execução dos serviços de Guarda externa de presídios e escolta de presos em trabalho.

ARTIGO XVI

Serviços Executados pela Polícia Militar em Presídios 38. Na segurança externa dos presídios 3 (três) serviços são executados pela Polícia Militar: GUARDA MILITAR, ESCOLTA DE PRESOS EM TRABALHO e ESCOLTA DE PRESOS EM TRÂNSITO. a. Considera-se Guarda Militar ou Guarda Externa de Presídios a linha de segurança que se faz em volta dos estabelecimentos penais para evitar tentativas de fuga; evasão em massa, provocada por tumultos ou incêndios; assim como a ação desencadeada em caso de tumulto ou revolta de qualquer espécie ou proporção, com ou sem auxílio de outras Unidades da Corporação. Tem-se em vista, ainda na Guarda Militar, evitar a atuação de elementos de fora do presídio em pequeno ou grande número, inclusive interferência de elementos subversivos; b. Considera-se escolta de presos em trabalho, aquela feita nas Penitenciárias do Estado, dos presos nos diversos serviços fora da linha de segurança da Guarda Militar, especialmente no Parque Agrícola, dentro do programa de laborterapia, em virtude de serem eles escoltados por tropa armada, a fim de garantir sua permanência no cárcere, uma vez que se encontram em um estágio da pena que não permite a sua utilização em prisão aberta; c. Considera-se escolta de presos em trânsito fora dos presídios, aquela que se faz conduzindo-os ao Fórum Criminal ou Varas Distritais para atender requisições do Juiz; a que se realiza na condução de presos a hospitais, destinados a exames especializados e a referente a presos em velório de parentes.

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ARTIGO XVII

Legislação referente ao policiamento em presídios 39. É a seguinte, a legislação que disciplina a matéria: a. O Decreto-lei 667, de 2-VII-1969, modificado pelo Decreto-lei 1.072, de 30-XII-1969, que reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal e dá outras providências, diz no art. 3º, letra «a»: «Executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pelas autoridades policiais competentes, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos». b. Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R 200), diz no art. 29, nº 13: «Policiamento Ostensivo — Ação policial em cujo emprego o homem ou fração de tropa engajados sejam identificados de relance quer pela farda quer pelo equipamento, armamento, ou viatura. «São considerados tipos desse policiamento a cargo das Polícias Militares, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, os seguintes ........... ................................................................................................................ ................................................................................................................ ................................................................................................................ — de segurança externa dos estabelecimentos penais do Estado — outros, fixados em legislação da Unidade Federativa». c. Lei Orgânica da Polícia (Lei 1.0123, de 27-V-1968), que, pelo art. 9º, IV, cabe à Polícia Militar a guarda externa dos estabelecimentos Penais; d. Decreto Estadual 7.290, de 15-XII-1975, cujo teor é o seguinte: «PAULO EGYDIO MARTINS, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, no uso de suas atribuições legais, Decreta:

Artigo 1º - Fica aprovado o Regulamento Geral da Policia Militar do Estado de São Paulo, que com este baixa.

Artigo 2º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogados os Decretos 49.583, de 20 de junho de 1968; 52.332, de 22 de dezembro de 1969 e 4.039 de 22 de julho de 1974, e as demais disposições em contrário. Palácio dos Bandeirantes, 15 de dezembro de 1975. PAULO EGYDIO MARTINS Antônio Erasmo Dias, Secretário da Segurança Pública. Publicado na Casa Civil, aos 15 de dezembro de 1975. Maria Angélica Galiazzi , Diretora da Divisão de atos do Governador.

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REGULAMENTO GERAL DA POLÍCIA MILITAR

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Artigo 1º - A Polícia Militar cumpre as missões que lhe são atribuídas pela legislação federal e estadual, através dos órgãos de Direção, Apoio e Execução.

Artigo 2º - O Comandante Geral (Cmt G) é o responsável superior pela atuação da Polícia Militar.

Artigo 3º - A disciplina e a hierarquia constituem a base da organização da Polícia Militar

Artigo 4º - A cadeia de comando se caracteriza pelo escalonamento vertical dos órgãos, a partir do Comandante Geral até o Subdestacamento Policial Militar (Subdest PM).

Artigo 5º - Todas as ordens do órgão superior a outro subordinado devam ser dadas pelo comandante superior ao comandante imediatamente subordinado. A cadeia de comando só não será observada em situações de emergência.

Artigo 6º - As ordens são baixadas para o nível imediatamente inferior da cadeia de comando. Cabe a quem recebê-las difundi-las entre seus órgãos subordinados.

Artigo 7º - O Comando (Cmdo) é constituído pelo Comandante Geral (Cmt G) e seu Estado Maior (EM) ......................................................................................

Artigo 89 - O Batalhão de Polícia de Guarda (1º BPGd), subordinado ao Comando de Policiamento da Capital, é o órgão responsável pela segurança externa dos presídios e estabelecimentos penais de maiores e menores da Capital, competindo-lhe o planejamento, comando, execução e fiscalização do emprego operacional da Unidade, de acordo com planos e ordens do escalão superior» ......... ................................................................................................................ e. Decreto 41.373, de 4-I-1963, que estabelece as atribuições do 15º Batalhão Policial da Força Pública, criado pela Lei 7.184, de 18-X-1962 e dá outras providências, cujo teor é o seguinte: «CARLOS ALBERTO ALVES DE CARVALHO PINTO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, usando de suas atribuições legais, Decreta:

Artigo 1º - O 15º Batalhão Policial (15º BP), à disposição da Secretaria da

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Justiça e Negócios do Interior, destina-se à guarda externa de presídios e à escolta de presos em trabalho

Artigo 2º - O pessoal para o 15º BP será submetido a provas de seleção e a curso de especialização. § 1º - O Departamento dos Institutos Penais do Estado (D.I.P.E.) colaborará com a Diretoria Geral de Instrução da Força Pública na organização e realização dos cursos. § 2º - Satisfeitas todas as exigências desse curso e após estágio probatório de seis meses, os componentes do 15º BP serão efetivados em suas funções. § 3º - Uma vez incluídos definitivamente no efetivo da Unidade, somente serão transferidos: a) a pedido; b) por conveniência; c) a pedido fundamentado do Diretor do D.I.P.E.; e, d) por necessidade do serviço.

Artigo 3º - Provisoriamente poderá fazer parte do 15º BP pessoal não habilitado pelo curso de especialização desde que aprovados nos exames de seleção.

Artigo 4º - A apreciação dos problemas atinentes a atribuições específicas do Batalhão caberá ao seu Comandante e ao Diretor do D.I.P.E. Parágrafo único - Cabe ao Comandante do Batalhão estabelecer a ligação entre o Comando Geral da Força Pública e á Diretoria do D.I.P.E.

Artigo 5º - Correrão por conta da Secretaria da Justiça (D.I.P.E.) as despesas com diárias de diligências, gratificações, viaturas e imóveis, e por verba da Secretaria da Segurança Pública, as de material e pessoal.

Artigo 6º - O 15º BP reger-se-á, como Unidade Administrativa da Força Pública, pelas leis, decretos, regulamentos, instruções, diretrizes, etc., em vigor na Corporação.

Artigo 7º - As sedes do Batalhão e de suas Subunidades, ou frações destas, serão determinadas pelo Comando Geral, de acordo com o Diretor do D.I.P.E., à vista da necessidade do serviço.

Artigo 8º - O efetivo do 15º BP será determinado pelo decreto de distribuição de efetivos da Força Pública.

Artigo 9º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Artigo 10 - Revogam-se as disposições em contrário.

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Palácio do Governo do Estado de São Paulo, aos 4 de janeiro de 1963. CARLOS ALBERTO ALVES DE CARVALHO PINTO, (D.O. de 5-I-1963) e (item 2 do Bol G nº 6, de 9-I-1962)».

ARTIGO XVIII Conclusão

40. Ao contrário de outros países onde o mesmo corpo de funcionários (militar ou civis, fardados ou não) executa os serviços no presídio, no Brasil a segurança externa é função da Polícia Militar, enquanto que os funcionários civis prestam serviços no interior do Estabelecimento Penal sob a orientação e supervisão do Diretor. O Cmt da G.M. e o Diretor do Presídio são autoridades autônomas, que devem estar estreitamente ligadas para a consecução do objetivo comum.

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CAPÍTULO 7

A guarda militar - organiza - postos e setores de vigilância - área de

segurança– fiscalização constante - pontos sensíveis e vulneráveis -

conclusão

ARTIGO XIX

41. A Guarda Militar é a força de proteção de um Presídio. Os indivíduos que a compõem são elementos humanos de proteção dos quais dependem o sucesso ou o fracasso da própria existência do presídio. Para isso devem estar cientes de suas missões para perfeita consecução de sua finalidade: a segurança externa dos estabelecimentos penais.

ARTIGO XX

Organização

42. Ainda não temos um regulamento próprio de segurança externa de presídios que dite normas para a organização das Guardas Militares e prescreva os deveres de cada um dos seus componentes. Em virtude disso, aplicamos para esse tipo de atividade o que dispõe o RISG para o serviço de dia às Unidades, e em particular, para a Guarda do Quartel, ou seja, do art. 231 ao 264, «mutatis mutandis», considerando sempre o seguinte: a. O Cmt da G. M. exerce as funções de Oficial de Dia em conseqüência, tem os mesmos deveres; b. O Sargento, auxiliar da G.M., executa as funções de Adjunto (encarregado da documentação e substituto eventual do Cmt da GM) do Sgt de Dia à Subunidade e Sgt Cmt da Guarda do Quartel; c. Dois ou mais rondantes têm, como funções, as do Cmt da Guarda do Quartel; d. Aos policiais militares competem as missões de Soldados da guarda e sentinelas, tendo, porém, em vista, que, a vigilância maior, é a do interior do presídio (sem dispensar a do exterior), ao contrário da Guarda do Quartel onde se sobressai a vigilância externa. 43. O efetivo da G.M. pode ser determinado mediante cuidadosa análise de todas as exigências de segurança, variando, assim, em número aquém ou além do efetivo de um pelotão. 44. O plano de Segurança e Operações prevê especialmente a divisão das atribuições de cada homem assim como os deveres, dentro da situação específica de cada presídio.

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ARTIGO XXI

Postos e Setores de Vigilância 45. Conforme foi dito na conceituação de G. M. esta faz um «cerco de vigilância» em torno dos presídios. Para isso, de acordo com a situação particular existente, os postos se distribuem em volta do presídio, geralmente sobre as muralhas, nas torres ou guaritas destas, tendo cada posto um setor de vigilância interna e extrema, onde a sentinela armada, é responsável disciplinar e penalmente por tudo que nele ocorrer. Para dividirmos os setores entre cada posto (com fins de responsabilidade disciplinar e penal), medimos a distância entre dois mais um terço da metade da distância. Assim, se um preso fugir por um local que fica estritamente entre dois postos, não está passando por uma «terra de ninguém» (se assim fosse, não haveria responsabilidade), mas sim por um local pertencente aos setores de dois postos. 46. Além dos postos em volta dos presídios, são previstos outros em lugares sensíveis em forma de patrulha a pé, ou fixo. Um dos locais onde sempre deve existir um posto, é a entrada das G.M. destinado à segurança do local, tendo como missão, entre outras, as seguintes: a. identificar todas as pessoas estranhas ao serviço que a ele se dirijam e anotar seus dados em relação para isso destinada; b. revistar pastas, malas, pacotes de todas as pessoas que entrarem, sejam estranhas ou não ao serviço; c. cuidar dos meios de comunicação, assim como responsabilizar-se pelo seu uso; d. alertar o pessoal de serviço no caso de alarme, especialmente não funcionando o sistema existente; e. vedar a entrada de todas as pessoas que não tenham motivo para o acesso às Guardas Militares.

ARTIGO XXII

Área de Segurança 47. Além da vigilância normal feita nas muralhas dos presídios, há ainda a necessidade de uma área de segurança interna e extrema, junto àquelas, de pelo menos três metros, para melhor visão da sentinela. Serve como campo de tiro em caso de necessidade e para aproximação de reforço (como carro de bombeiros, carro de choque, etc.). 48. Em volta do presídio, na parte exterior, o estacionamento deve ser proibido e, caso seja encontrado qualquer veículo indevidamente estacionado, medidas enérgicas deverão ser tomadas imediatamente para evitar que tal veículo seja usado para fuga de presos ou sirva para depósito de bombas, ou outros fins ilícitos.

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ARTIGO XXIII

Fiscalização Constante 49. Várias vezes durante cada turno, o rondante deve inspecionar cada policial militar em seu posto, patrulha ou outra tarefa e certificar-se de que o nível desejado de segurança está sendo mantido. A qualidade da fiscalização exercida constitui fator determinante dos meios de execução individual, moral e eficiência da operação da G.M. Visitas a postos e patrulhas a intervalos irregulares por parte do Comandante ou seu substituto, podem incrementar tanto o moral quanto a execução. Com essa medida, evita-se que os policiais militares tendam a relaxar a vigilância desviando sua atenção para o exterior (mulheres que passam), para rádios portáteis, livros, quando não cheguem a dormir no posto, propiciando fuga ou outra ocorrência comprometendo o nível da segurança exigida.

ARTIGO XXIV

Pontos Sensíveis ou Vulneráveis 50. Atenção especial da vigilância deve ser dispensada aos pontos sensíveis ou vulneráveis que são aqueles que poderão ser danificados, causando problemas à segurança ou que, pela construção ou situação apresentam facilidade para acesso ou saída. Os pontos sensíveis de um presídio são entre outros, os seguintes: a. depósito de lixo; b. gerador de energia elétrica; c. pontos de entrada para o serviço de utilidade, tais como água ou energia elétrica; d. caixa d'água. 51. A segurança deve ser proporcional à vulnerabilidade do ponto. Qualquer lugar cuja proteção não atenda completamente às necessidades, propiciará a vulnerabilidade do presídio.

ARTIGO XXV

Conclusão 52. A G.M. constitui inegavelmente um fator preponderante à segurança do presídio. Dela depende o estabelecimento penal para a garantia de seu funcionamento apropriado. Para assegurar maior eficácia e economia na utilização do potencial humano comensurada com as necessidades de segurança, as exigências e o emprego da G. M. devem ser cuidadosamente planejados e freqüentemente inspecionados.

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CAPÍTULO 8

Plano de Segurança e Operações da Guarda Militar

ARTIGO XXVI

Introdução 53. O termo emergência é descrito como uma combinação imprevista de circunstâncias que exige ação imediata. A definição implica em total ou parcial surpresa, conseqüência de uma situação inesperada. Em síntese não haverá justificativa para que uma operação de segurança seja totalmente surpreendida por uma situação de emergência. Um sistema eficiente de coleta de Informações, com avaliação correta dos elementos obtidos, evitará o confronto repentino com qualquer combinação de circunstâncias inesperadas. O termo EMERGÊNCIA, pois, não absorve o elemento de extraordinária surpresa, falta de expectativa que normalmente se depreende.

ARTIGO XVII

Plano de segurança e operações da Guarda Militar 54. Para ser eficiente e enfrentar qualquer emergência, toda G.M. possui um PLANO DE SEGURANÇA E OPERAÇÕES em que é apresentada a situação geral do presídio e da Guarda Militar em situação normal e previstas as medidas que se tornam necessárias em caso de alarme, por ocasião de uma das situações de emergência. O plano de Segurança e Operações deve estabelecer os seguintes pontos: Conceituação de serviço e seus pontos sensíveis; postos de serviço; obrigações de cada elemento; medidas de 1º escalão (ou medidas que se tomam em caso de alarme); medidas de 2º escalão (ou providências a serem tomadas em situações anormais); medidas de 30 escalão (ou de grande vulto). 55. O Plano de Segurança e Operações geralmente traz croquis ou planta da área do presídio onde a G.M. faz a segurança externa; mapas da cidade e da região, com indicações das vias de acesso e outros meios de orientação inclusive fotografias.

ARTIGO XXVIII

Conhecimento do Plano de Segurança e Operações

56. A existência de um plano de Segurança e Operações bem elaborado é importante em qualquer Guarda Militar para a eficiente execução de sua missão. Esse Plano deve ser conhecido em suas particularidades, pelo pessoal de serviço, sem o que não trará o proveito necessário, para o qual foi confeccionado. O Cmt da G. M . e seu substituto eventual devem conhecê-lo com perfeição para fiscalização do que foi previsto e para executá-lo em todas as suas fases. Um Plano, por melhor que seja, não funciona de maneira alguma, se ficar relegado ao esquecimento

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ARTIGO XXIX

Medidas de 1º e 2º escalões 57. No Plano já citado, destacam-se as medidas de 1º escalão, ou medidas que se tomam em caso de alarme e as medidas de 2º escalão, ou providências a serem tomadas em situações anormais. a. AS MEDIDAS DE 1° ESCALÃO são um conjunto de ações que se executam, imediatamente após o toque do alarme. Como não se sabe, geralmente, o local da ocorrência ou o que está acontecendo, essas medidas são independentes de comandos, devem ser tomadas o mais rapidamente possível e são únicas para qualquer tipo de situação. Para isso a tropa de serviço deve ser instruída constantemente e treinada convenientemente para agir «como uma máquina». Cópia dessa parte do Plano de Segurança e Operações deve, de preferência, ficar afixada num vidro, em local de acesso aos componentes da G. M. e vedado ao público, com demonstração em croquis para facilitar a assimilação por todos. Para se obter RAPIDEZ, PRECISÃO E EFICIÊNCIA na execução dessa parte do Plano afastam-se todos os obstáculos (um dos quais o comando verbal, que tem por fim evitar interpretação errônea de uma ordem). 1) Nas medidas de 1º escalão normalmente o pelotão de serviço se divide em 4 grupos: a) GRUPO DE VIGILÂNCIA - formado pelos policiais militares de serviço nos postos sob o comando de rondantes, com missão de redobradas medidas de segurança, devendo o rondante passar pelos postos e comunicar ao comando da G.M., as novidades; b) GRUPO DE CERCO E PERSEGUIÇÃO - formado por parte dos policiais militares de folga no alojamento sob o comando do graduado mais moderno de folga, com missão de fazer o cerco no presídio e sair no encalço do fugitivo, se for o caso. c) GRUPO DE CHOQUE - formado por parte dos policiais militares de folga no alojamento sob o comando do graduado mais antigo de folga, com missão de permanecer no recinto da G.M sob as ordens do Cmt da G. M.; d) GRUPO DE COMANDO - formado pelos policiais militares que não tiram serviço nos postos (armeiro, barbeiro, faxineiro, motorista), sob o comando do armeiro, com missão de fazer a segurança do prédio da G.M., especialmente da reserva de armas. b. AS MEDIDAS DE 2º ESCALÃO - são as providências a serem tomadas em situações anormais. Dependem de comando e somente serão executadas após análise de situação pelo Cmt da G M. A coleta de informações e seu processamento crescem de importância nessa ocasião. Relatórios de todas as fontes são necessários para saber-se o que está acontecendo e para possibilitar, a tempo, e com interpretação correta, as próximas modificações da situação. A falta constante de informações seguras fará que ações rápidas e necessárias, julgamentos, decisões e comando das operações sejam inferiorizados, podendo-se transformar em riscos.

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ARTIGO XXX

Conclusão 58. Enfrentar emergências com bom resultado, requer preparação e para se estar preparado apropriadamente, é necessário planejamento antecipado. Não existe nenhum substituto para planejamento avançado. As decisões precipitadas, conjecturas, excesso de confiança, etc., podem ser dispendiosas e resultar em conseqüências desastrosas à Corporação.

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CAPÍTULO 9

Sistema de iluminação da segurança externa de presídios

ARTIGO XXXI

Introdução 59. A iluminação instalada e operada apropriadamente serve para desencorajar e dissuadir o preso da pretensão de fugir, bem como dificultar, senão impedir a aproximação de pessoas mal intencionadas, das muralhas do presídio. Proporciona um meio de estabelecer, durante os períodos escuros, um nível de proteção aproximado daquele mantido durante as horas de total claridade. Permite à G.M. observar as áreas iluminadas de pontos menos iluminados e reduz a possibilidade de surpresa quer por presos que tentem fugir, quer por pessoas que tencionem agir contra a sentinela. 60. O custo de manutenção e de operação de iluminação bem instalada é baixo na maioria das localidades, além de oferecer economias em outros serviço, bem como elevação do nível de proteção. O número necessário de postos de vigilância para proteger o perímetro, é freqüentemente abaixo do necessário para manter o mesmo nível de segurança sem iluminação. 61. Centro de comunicação, postos vulneráveis, áreas suscetíveis de dano podem ser melhor protegidas pela iluminação.

ARTIGO XXXII

Tipos de Iluminação 62. Os tipos de iluminação são os seguintes: contínua, de reserva, móvel ou portátil. a. ILUMINAÇÃO CONTÍNUA - Inclui todos os tipos de sistemas fixos que são dispostos para dirigir um fluxo contínuo de iluminação a áreas pré-determinadas durante períodos de escuridão; b. ILUMINAÇÃO DE RESERVA - Emprega-se o sistema de distribuição de unidades de iluminação (faroletes, lampiões, etc. ) aos componentes da G. M. ; c. ILUMINAÇÃO MÓVEL OU PORTÁTIL - consiste em holofotes permanentemente acesos, ou acionados somente quando necessários. Podem ser montados num veículo ou reboque para fácil e rápido deslocamento aos locais de necessidade. Podem, ainda, ser usados para iluminação suplementar, com sistema contínuo ou de reserva. 63. Uma fonte secundária de energia deve ser incluída em todos os sistemas de iluminação. Bancos de baterias ou geradores bem protegidos, localizados dentro das dependências da G. M. ou em local de fácil proteção, servem à capacidade de fonte secundária. Devem ser suficientes para continuar a iluminação de proteção

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durante qualquer período do corte de energia principal. É necessária a instalação de comutadores automáticos para transferir imediatamente a carga de energia secundária, sempre que por qualquer motivo falhar a energia principal. 64. Os sistemas de energia e os comutadores devem ser regularmente inspecionados e freqüentemente acionados e testados para assegurar funcionamento satisfatório, quando necessário. 65. A iluminação montada em TORRE DE OBSERVAÇÃO inclui um holofote externo no cume, de alta intensidade e com os controles instalados no interior da torre. Esses holofotes são manobráveis lateralmente num arco de 360º e perpendicularmente de acordo com as necessidades, de modo que o foco possa ser dirigido a todos os pontos que a sentinela deve manter sob observação. Os controles ficam situados de tal forma que permitam à sentinela manobrar o holofote sem aumentar sua exposição a riscos e em posição que permita dispor do comando de suas normas do aparelho de comunicações e de alarme. Dentro da torre, a luz deve ser de baixa intensidade para evitar exposição da sentinela e permitir-lhe a máxima visibilidade das áreas iluminadas. 66. O alcance máximo do holofote e as limitações da visibilidade da sentinela sobre áreas iluminadas, são dois dos fatores que merecem considerações, quanto à localização das torres, ou à distância máxima entre elas.

ARTIGO XXXIII

Unidades de Iluminação 67. Podem ser encontradas numa grande variedade de tipos. A distribuição de luz e as características do facho, devem determinar a correta aplicação de cada uma para atender a exigência de uma determinada área de segurança. Espelhos parabólicos, que atuam como refletores, lentes refratárias ou uma combinação de ambas é usada para dirigir o fluxo de iluminação na forma e direção desejadas. 68. Os cones de iluminação dos vários tipos de luminárias variam de fachos externamente estreitos de menos de 10° aos de largura superior a 100º. A distribuição de luz pode ser dirigida em sentido circular, alongado etc., e a intensidade da iluminação, facilmente controlada. 69. As lâmpadas para iluminação podem ser do tipo convencional para serviços gerais: de filamento, projetor direcional ou a vapor. 70. As lâmpadas a vapor em que a luz é produzida diretamente ou indiretamente pela ação do mercúrio ou outros gases, são de alta eficiência e economia. Os tipos do sódio-vapor são úteis em regiões de muita neblina. As lâmpadas a vapor exigem dispositivos de limitações de corrente para assegurar

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uma operação estável; requerem um período de aquecimento e, na eventualidade de uma falha momentânea no fornecimento da energia elétrica, quando estão quentes, são necessários 5 (cinco) minutos ou mais para reacenderam.

ARTIGO XXXIV

Os Sistemas de Projeto Ofuscante 71. Esses sistemas oferecem vantagens nos locais em que o ofuscamento não traga problemas para o tráfego próximo ou para as atividades em terrenos adjacentes. As luminárias usadas em sistemas ofuscante projetam um facho de luz em forma de leque de aproximadamente em amplitude horizontal e de 15º a 30º em amplitude vertical. 72. Os sistemas de ofuscação dirigem a luz para fora debilitando a visão de possíveis intrusos, tornando quase impossível a pessoa de fora enxergar internamente

ARTIGO XXXV

Faixa de Iluminação 73. A faixa de iluminação deve ser contínua, sem pontos escuros. A sobreposição de cones de iluminação de luminárias adjacentes tem por fim evitar pontos escuros resultantes da falha de uma lâmpada isolada.

ARTIGO XXXVI

Controles de Iluminação 74. Os controles de iluminação podem ser do tipo manual e automático, mas independentes dos controles para o sistema interno de iluminação comum. Todos os controles devem estar fisicamente localizados de modo a prevenir funcionamento acidental ou não autorizado, ou alteração maliciosa.

ARTIGO XXXVII

Manutenção 75. Uma manutenção regular, é essencial ao eficaz funcionamento do sistema de iluminação e de proteção. O rendimento das lâmpadas e luminárias diminui com o prolongamento das operações, devido ao escurecimento dos bulbos e da evaporação dos filamentos. O acúmulo de sujeira nos refletores e superfícies de vidro diminui o rendimento da luz de modo que a manutenção necessária deve incluir limpeza periódica do equipamento de iluminação.

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ARTIGO XXXVIII

Planejamento de um sistema de iluminação 76. Esse planejamento deve atender a todas as peculiaridades do presídio no qual deva ser instalado, considerando-se: as diferenças de terreno, condição atmosférica, tipos e localização das estruturas, atividades em terrenos adjacentes.

ARTIGO XXXIX

Conclusão 77. Para corresponder eficazmente a sua função, cada sistema de iluminação de proteção deve ser bem planejado, cuidadosamente instalado e adequadamente mantido. A iluminação eficaz contribui grandemente para o programa global de segurança, mas, jamais, constituirá substituto da vigilância da sentinela.

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CAPÍTULO 10

Sistema de alarme na segurança externa de presídios

ARTIGO XL

Introdução 78. Os esforços do homem no sentido de salvaguardar seus pertences e propriedades contra atos de vandalismo, furtos e ataques, constam de registros os mais remotos. Os dispositivos mecânicos, tais como: a pedra equilibrada, ou árvore vergada com um dispositivo de desengate serviam para enviar alarme ou denúncia de perigo iminente. A sentinela freqüentemente denunciava a aproximação de estranhos, assoprando a trompa ou enviando sinais de tambores para que seus companheiros cuidassem da vigilância. 79. Houve, com o tempo, pesquisas e melhoria. Hoje podemos contar com métodos, os mais variados: mecânicos, elétricos ou eletrónicos.

ARTIGO XLI

Função do sistema 80. A função dos sistemas de alarme utilizados como parte do programa de segurança de um presídio, é denunciar anormalidades que exijam pronto comparecimento, ao local, de pessoal treinado e adequadamente equipado. Sem essas respostas um sistema de alarme representa tão somente um fator psicológico que se deteriora quando testado. 81. Os tipos de sistema de alarme podem ser reunidos em 2 (dois) grupos principais, conforme a localização do aparelho de sinalização. a. SISTEMA DE ALARME LOCAL - É aquele cujos circuitos são diretamente ligados a um sinal visual, tal como uma luz, ou em elemento produtor de som provido de sirene ou sino unidade anunciadora fica nas proximidades e deve ser visível ou audível numa distância mínima de 200 (duzentos) metros; b. SISTEMA DE ALARME DE POSTO CENTRAL - É aquele cujos dispositivos são armados para disparar um segundo dispositivo de sinalização, localizado num posto central de alarme. Um painel indicador, ou painel de alarme recebe o aviso e identifica o setor afetado. 82. A identificação por setor facilita o pronto atendimento, visto que há sempre urgência de tempo para os componentes da Guarda Militar percorrerem a distância que os separa do local onde se encontram, da área em que foi dado o alarme. 83. Muitos tipos de equipamentos de alarme são encontrados no mercado comercial. A seleção deve ser baseada em sistema e unidades que melhor atendam às exigências específicas da segurança do presídio, no qual deverão ser

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instalados. 84. A supervisão das linhas de transmissão constitui fator fundamental de qualquer sistema de alarme. Fios partidos, falha na transmissão de impulsos, etc., prejudicam sobremaneira todo o sistema. A manutenção regular para assegurar a estabilidade elétrica das linhas é essencial. Deve-se ter em vista, também, que freqüentes alarmes acidentais (ou falsos alarmes) tendem a degradar a autoridade do sistema, a retardar e reduzir a presteza das respostas dos alarmes. 85. No caso da inexistência de sistema, ou mau funcionamento do existente, o aviso (alarme) pode ser dado mediante disparo de arma de fogo; (o disparo de fuzil pelo estampido que provoca é preferível ao do revolver) que é feito por todos os postos, (e não somente do local do alarme) para chamar a atenção do Corpo da G. M. O disparo de arma de fogo provoca inconvenientes: uso da munição, perigo de ferir ou matar alguém, pânico que provoca (maior que o provocado pelo disparo de sirenes), mas deve ser usado na falta de sistema de alarme normal. 86. Podem ser usados, ainda, outros meios de alarme: aviso reservado; sinal de apito ou grito de alerta, quando a anormalidade não for de maior gravidade ou para evitar os inconvenientes da manifestação de solidariedade e outras ocorrências. Esse meio depende muito da iniciativa e da ponderação da sentinela encarregada da vigilância, devendo esta tomar o máximo cuidado para não pecar por omissão deixando de usar o sistema de alarme normal, que provoca pronta resposta e imediata ação repressiva, o que não acontece nos casos acima, havendo maior demora no reforço para enfrentar a anormalidade.

ARTIGO XLII

Conclusão

87. O sistema de alarme bem planejado, apropriadamente instalado e adequadamente mantido emprestará importante contribuição à segurança de um presídio. Os sistemas de alarme advertem; os componentes da G. M. respondem ao alarme e empreendem ação repressiva. A pronta resposta nos locais de onde se originaram os alarmes, propiciará poderosa dissuasão contra intenção ou tentativa de quebra da segurança.

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CAPÍTULO 11

Incêndio e prevenção de incêndio em presídios

ARTIGO XLIII

Introdução 88. O incêndio é uma das ocorrências que têm trazido sérios problemas nos estabelecimentos penais, tanto que é previsto como uma das situações de emergência que merecem especial cuidado. Geralmente, o incêndio e o levante ou motim são «companheiros» inseparáveis que causam sérios problemas à segurança externa. Ao incêndio, pode seguir também a fuga em massa (o que era intenção, no caso do incêndio da Casa de Custódia de Taubaté, em 1961). Seu estudo é de suma importância, porque constitui uma ameaça sempre presente em todas as instalações. Estruturas «à prova de fogo, chamadas «resistentes ao fogo», geralmente contêm materiais não ápiros que as tornam combustíveis. Partes de estruturas, tais como, circuitos elétricos, comutadores e instalações elétricas, encana. mentos de gás, equipamentos e aparelhagem, estão, sujeitos a defeitos, desgoste, sobrecarga e uso incorreto. Os ocupantes humanos são às vezes descuidados com fósforos, cigarros acesos, sistema de aquecimento ou aparelhos similares, que podem incendiar móveis cortinas, colchões e outros numerosos elementos incendiáveis. Quanto se pode dizer da possibilidade de ser provocado um incêndio num presídio por sentenciados revoltados?

ARTIGO XLIV

O Fogo

89. O Fogo ou combustão, como é chamado mais freqüentemente, é a combinação química do oxigênio com outras substâncias em proporção tal, que produz a queima, caracterizada e evidenciada pela luz e pelo calor. 90. Toda combustão exige uma combinação de 3 (três) elementos especiais: COMBUSTÍVEL, OXIGÊNIO e TEMPERATURA DE IGNIÇÃO. Esses 3 (três) elementos necessários são freqüentemente apresentados pelos lados de um triângulo equilátero, chamado «triângulo do fogo». Existem numerosos meios de demonstração da necessidade desses 3 (três) elementos para existência do fogo. Exemplo: uma vela comum de cera. Colocada num suporte seguro, 2 (dois) dos 3 (três) elementos estão presentes: o «combustível» representado pelo pavio e cera e o comburente, pela suficiente quantidade de oxigênio, em toda a sua volta, (ar normal existente no meio ambiente). Entretanto, não ocorre a combustão porque o 3° elemento - temperatura - está faltando. Aplicando-se um fósforo aceso ao pavio, estamos fornecendo o 3° elemento que se encontra ausente - a temperatura de ignição - e ocorre a combustão. 91. A remoção de qualquer dos 3 (três) elementos essenciais à combustão,

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resultará na extinção do fogo. Esse é o importante princípio tanto da prevenção quanto da extinção de incêndio. Se qualquer um dos elementos estiver ausente, o incêndio não terá início. Se qualquer um for removido da labareda o fogo se extinguirá. 92. Assim, existem três maneiras de extinguir o fogo, ou incêndio (fogo não controlado): a. remoção do material que está se queimando ou pode se queimar, da presença do combustível; b. resfriamento - retirada do calor; c. abalamento - retirada do oxigênio.

ARTIGO XLV

Consistência do Fogo 93. O FOGO CONSISTE DE VAPORES DE COMBUSTÃO. Diversos materiais são sujeitos à queima em larga variedade de temperaturas. Quando a temperatura necessária para um material específico é atingida, vapores ou gases são expelidos e misturam-se com o oxigênio existente para formar uma mistura combustível e ocorre a combustão. Isso será facilmente demonstrado inserindo-se dois eletrodos num frasco de gasolina. Se, após estarem imersos no líquido abaixo da superfície, uma centelha é gerada, nada acontecerá. O fogo não ocorrerá porque a centelha está enterrada no suprimento de gasolina que não é combustível até que seja vaporizada e exposta a um suprimento de oxigênio. Se os eletrodos forem mantidos ligeiramente acima da superfície da gasolina e for gerada a centelha, os vapores se inflamarão imediatamente. A combustão continuará até que o suprimento de oxigênio ou de combustível seja cortado ou a temperatura abaixada além do ponto de ignição. 94. A ação do fogo tem lugar em vários estágios, assim definidos em termos específicos: a. PONTO DE FULGOR. É a temperatura buirá em que o vapor de uma substância é expelido com rapidez suficiente para «flamejar», quando uma chama ou centelha é lhe aplicada; 1) Em alguns materiais o ponto de fulgor é bem próximo daquele que sustentará a combustão. Na maioria dos sólidos, entretanto, esse ponto é percebido pela cessação da queima ou da chama quando a centelha externa é retirada. O fogo é sustentado sem a fonte externa de aquecimento; b. PONTO DE IGNIÇÃO OU TEMPERATURA DE IGNIÇÃO. É o segundo estágio do fogo, quando vapores suficientes são expelidos e a temperatura se eleva a ponto de sustentar a queima. As chamas continuam, produzindo luz e calor, sem a presença de chama ou centelha externa. c. COMBUSTÃO. A queima é o terceiro estágio, alcançada quando a oxidação tem lugar a uma velocidade capaz para manter a queima contínua. O calor é levado

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das porções em combustão às não queimadas de um material ou combustível, na proporção adequada à alimentação das chamas e para mantê-las em combustão continuamente sustentada. Os resultados nesse estágio da queima são luz, calor, gases e cinzas. Esse ciclo progressivo de fogo - calor para vapor; gás de ignição para combustão - se repetirá e continuará até que um dos três elementos essenciais seja removido ou extinto; d. EXPLOSÃO - O quarto estágio do fogo nem sempre acontece. Entretanto, constitui um perigo presente na maioria dos incêndios e manifesta-se como combustão rápida, quase instantânea. A explosão pode ocorrer em fogo de queima lenta que tenha acesso a um combustível altamente volátil ou quando, apenas abafado, devido a deficiência de oxigênio. Nesse caso a queima dar-se-á para dentro de um grande suprimento de gás de ignição. 1 ) Essa última situação é freqüentemente observada nos incêndios em sótãos ou sob telhados. O espaço sem uso embaixo dos telhados quase sempre é usado para a guarda de todo o tipo de material. O fogo pode ser causado por defeitos da instalação elétrica, fósforo ou cigarro acesos jogados a esmo, ou outros meios. Devido a esse espaço estar geralmente fechado, permitindo somente a entrada de pequena quantidade de oxigênio, o fogo permanecerá latente e a um nível baixo de combustão durante muitas horas, com pouca ou nenhuma chama. Uma parede é finalmente furada pelo anel incandescente e um suprimento fresco de oxigênio precipita-se para dentro. O ar superaquecido - gases e vapores - inflama-se com um estrondo e todo o espaço enche-se de labaredas violentas que rapidamente consomem os suportes e causam o desabamento do telhado; 2) Uma vez iniciado, o incêndio alimenta-se de quaisquer combustíveis que alcançar e continuará a expandir-se enquanto houver oxigênio, que é o elemento mais abundante na superfície da terra. Vinte e um por cento do volume de ar que respiramos é oxigênio. Quando um incêndio consegue alcançar esse suprimento ilimitado de oxigênio, qualquer combustível que encontrar em seu caminho permitir-lhe-á crescer em tamanho e intensidade até que seja controlado ou então exaurido o suprimento de combustível; e. INFLAMABILIDADE. A facilidade com que uma substância pode ser inflamada varia muito, segundo os diferentes materiais e de acordo com o tamanho e forma desses materiais. Uma pequena centelha inflamará facilmente vapores de gasolina que sejam de baixo ponto de fulgor. Uma pequena centelha provavelmente não inflamará algodão enfardado e certamente não inflamará por si só, uma pesada escrivaninha de madeira. Ambos os materiais têm ponto de fulgor mais alto que a gasolina; tem necessidade de temperatura de ignição bem mais alta e são de formas que não se inflamam muito facilmente. Se o algodão dos fardos é solto e afofado, maior superfície exposta ao oxigênio e à temperatura, e ele poderá ser mais facilmente atingido pela centelha. O mesmo acontece com a pesada escrivaninha de madeira, se quebrada em pedaços pequenos, alguns dos quais, picados em forma de cavacos, poderão ser alcançados pela centelha que os inflamará. Os pedaços maiores e a escrivaninha serão consumidos pelo fogo. 1) Muitas estruturas resistentes ao fogo, erroneamente chamadas «à prova de

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fogo», são acabadas, por dentro, por materiais não ápiros. Freqüentemente acrescentam-se enfeites e molduras de madeira portas, armários, assoalhos e prateleiras; Peças de móveis combustíveis, tais como: mesas, cadeiras, estantes e escrivaninhas contendo livros e papéis, e as almofadas e coberturas de couro ou plástico que aumentam o suprimento do combustível dentro do abrigo resistente ao fogo. Muitos desses são difíceis de inflamar-se mas outros queimam-se com facilidade e rapidez. Um fósforo ou um cigarro aceso jogado a esmo e que por acaso atinja um cesto de papéis usados poderá gerar labaredas alcançando cortinas próximas que, por sua vez, darão expansão às chamas, culminando num incêndio de grandes proporções.

ARTIGO XLVI

O Incêndio Criminoso 95. A queima deliberada e maliciosa é talvez a mais antiga forma de sabotagem. Uma larga variedade de materiais pode ser facilmente encontrada para dar início e causar um incêndio rapidamente. Muitos desses materiais são tão comuns e tão fáceis que a posse de razoáveis quantidades dos mesmos não causa a menor suspeita. 96. Os dispositivos incendiários para o início ou «de partida» do incêndio são fáceis e rapidamente preparados com uma variedade de materiais obteníveis. Uma caixa de fósforos (cujos palitos podem ser riscados em qualquer lugar), mais uma batata ou laranja dão um eficaz «fósforo» incendiário. Uma garrafa de vidro, um pouco de gasolina ou querosene e um pedaço de pano velho, podem ser rapidamente transformados num «coquetel molotov» simples. Qualquer um deles serve como elemento de ignição para ser lançado sobre materiais combustíveis. 97. Bombas ou ignidores incendiários podem ser preparados com materiais dos mais comuns, aos agentes químicos mais sofisticados. Em sua maioria, são pequeno porte, facilmente transportáveis e convenientemente ocultados ou disfarçados em pedaço de sabão, caneta-tinteiro, lápis, etc. Outros são transportados em lancheiras, maletas, ou pequenos embrulhos. Alguns servem unicamente como iniciadores, enquanto outros destinam-se a conduzir um acelerador para apressar o início do incêndio. Dois dos tipos principais consistem daqueles que são destinados a levar calor súbito e intenso a uma área limitada, e os que se prestam a arrebetar e espalhar fragmentos por uma grande área. 98. No incêndio criminoso, o agente e seus colaboradores costumam agir para anular, pela sabotagem, os equipamentos de extinção de incêndio existentes no estabelecimento. Casos ocorrem em que o incendiário antes de acionar a «partida no incêndio», esvazia os extintores e substitui seu conteúdo por líquidos inflamáveis. Estes quando usados, apenas aumentam as labaredas. Outros casos dão conta de bocais de extintores que foram entupidos com sabão ou cera,

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mangueiras cortadas, e encanamento de água obstruídos ou danificados.

ARTIGO XLVII

Prevenção de Incêndio 99. Um programa que enfatiza com sucesso os aspectos preventivos pode comprovar-se bem menos dispendioso do que um único incêndio desastroso. Os esforços destinados a uma eficiente prevenção de incêndio são: a. atenção constante às necessidades de boa arrumação, com manutenção de limpeza e ordem; b. eliminação de todas as condições que possam ser consideradas como contribuintes para perigos de incêndio; c. estabelecimento de recipientes para depósito e descartes de detritos; d. armazenamento e manuseio de combustíveis com segurança; e. estabelecimento e fiscalização da proibição de fumar e usar fósforo ou isqueiros, nas áreas em que tais precauções sejam indicadas; f. fornecimento do número adequado de receptáculos seguros para cinzas, nos locais em que seja permitido fumar; g. inspeções periódicos e freqüentes de todas as áreas, para assegurar a inexistência de situações que possam causar incêndios.

ARTIGO XLVIII

Equipamentos de combate inicial contra incêndio

100. Esses equipamentos destinam-se ao imediato esforço inicial de extinção de incêndio incipiente e devem estar prontamente à mão daqueles que os usarão. Entre outros, destacam-se: a. Os extintores manuais, como todos os outros tipos de unidades de extinção, que se destinam a remover ou bloquear um dos três elementos essenciais da combustão: oxigênio, temperatura de ignição ou combustível. Os recipientes tornam possível, dirigir o jato do agente de extinção ao pé das labaredas. Cada um utiliza o princípio de remoção de um ou mais lados do triângulo do fogo. O dióxido de carbono, o tetracloreto de carbono, agentes químicos secos e espuma, destinam-se a cobrir a substância que está em combustão com um «cobertor» químico que corta o suprimento de oxigênio e abala as labaredas. Muitos agentes têm finalidade dupla pois também abaixam a temperatura além do ponto de ignição, ao mesmo tempo; b. Alguns tipos de extintores manuais e seus conteúdos são usados contra todos os tipos de incêndio. Outros são limitados ao uso contra tipos específicos de substância em fogo, e sua aplicação incorreta acarretará perigo em certas circunstâncias. Graves fermentos, ou mesmo morte por eletroplessão, por exemplo, podem resultar a um indivíduo que pretenda usar um extintor d’água para extinguir incêndio de origem elétrica. Os fortes jatos d’água dirigidos contra óleo espalham o fogo e, a água aplicada contra certas formas de alguns agentes químicos, na realidade aumentará as labaredas ao invés de extingui-las. Alguns agentes

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químicos de extinção emitem fumos perigosos à respiração, quando usados contra fogo difundido em espaços pequenos e fechados. Os tipos para combater com segurança e eficiência todos os riscos de incêndios, se as medidas preventivas falharem, devem ser escolhidos adequadamente. Tenha-se em conta que: 1) A identificação dos tipos de extintores e suas localizações através de toda a instalação, contribuem para o pronto e apropriado uso, quando necessário. 2) A regular fiscalização e manutenção de cada equipamento é necessária para assegurar estejam cheios, carregados e prontos para utilização a qualquer momento. 3) Todo equipamento de extinção, inclusive encanamentos, mangueiras, válvulas, compartimento, suportes e bocais devem ser completamente inspecionados a freqüentes intervalos, bissemanais por exemplo, e todas as dobras de mangueiras no compartimento, cuidadosamente examinadas quanto a possíveis danos, enrugamentos e rachaduras . 4) O treinamento sobre o emprego correto dos extintores é parte essencial da eficaz proteção contra o incêndio. Essas unidades não são automáticas ou auto-ativadas. Se um incêndio começa, elas continuam penduradas, inertes, no lugar em que se encontram. As mãos humanas é que precisam levá-las de seus suportes ao local da necessidade, apontá-las corretamente, ativá-las e dirigir a descarga de modo a extinguir as chamas. RAPIDEZ, PRECISÃO E EFICIÊNCIA são obtidos somente através de treinamentos.

ARTIGO XLIX

Conclusão 101. Existindo uma razoável segurança externa em um presídio e uma certa tranqüilidade no seu interior, dificilmente a Guarda externa é chamada para agir em ocorrências de grande envergadura, como é o caso do incêndio. Entretanto, devemos estar preparados para enfrentar qualquer situação, mediante treinamento adequado e instrução suficiente e cientes de que a pessoa ou grupo que esteja planejando as atividades ilegais tem a vantagem de escolher a hora, o local, os métodos e as condições mais favoráveis ao seu intento.

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CAPÍTULO 12

Escoltas de Presos

ARTIGO L

Finalidade 102. Padronização do Serviço de Escolta de Presos, visando ao aprimoramento do policial militar e reduzindo ao mínimo, os riscos decorrentes.

ARTIGO LI

A Condução de Presos 103. Desde tempos remotos a Polícia Militar vem efetuando o transportes de presos, assunto que neste manual será abordado sob dois aspectos: a. O RÉU PRESO: denominação que se dá aos réus à disposição da Justiça Pública; b. O ELEMENTO DETIDO: denominação que se dá ao elemento à disposição da Polícia Preventiva.

ARTIGO LII

O Escoltado e o Direito 104. A doutrina jurídica brasileira encara a evasão de presos como direito subjetivo do condenado, desde que o mesmo utilize astúcia em lugar de violência física contra quem o esteja vigiando ou escoltando. 105. Não raras vezes policiais militares são denunciados pelo Ministério Público, por culpa nas evasões de presos, acusados de negligentes ou imprudentes e via de regra se vêem processados e condenados. 106. O excesso do policial militar transgride também a lei penal e seu ato se torna culpável, inexistindo, assim, a presença de legalidade. Torna-se, portanto, necessário o devido esclarecimento e instrução do policial militar no seu relacionamento com o réu preso pois, tomadas as cautelas indicadas, restringem-se os riscos de nossos agentes cometerem infrações penais por ação ou omissão.

ARTIGO LIII

Acionamento da escolta de presos 107. Escolta de presos da Justiça, é o ato do policial militar remover um réu condenado: a. à presença da Autoridade Judiciária; b. de um para outro estabelecimento penal; c. de uma para outra Comarca;

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d. aos Institutos de Saúde física e mental, para fins de exames clínicos; e. a outros lugares, por ordem de Autoridade Judiciária.

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CAPÍTULO 13

Competência

ARTIGO LIV

O Preso 108. Pertencendo o preso ao poder jurisdicional do Estado, apenas os Juizes podem determinar que o réu tome destino mediato diferente do que fora previsto na sentença condenatória. A Divisão de Capturas da Secretaria da Segurança Pública possui, a princípio, a incumbência de controlar o destino de todos os réus presos e a Corregedoria dos Presídios e Polícia Judiciária além de fiscalizar a capacidade e estado sanitário dos presídios, autoriza a transferência dos presos de um para outro estabelecimento penal.

ARTIGO LV

A Corregedoria dos Presídios 109. Visando coibir abusos, a Corregedoria, através da Portaria 26, de fevereiro de 1957, instituiu normas para uniformizar os serviços de escoltas de presos no Estado de São Paulo, tais como: a. os presos serão sempre conduzidos por escolta militar; b. os presos devem ser removidos em compartimento próprio nas viaturas; c. somente a Autoridade Judiciária pode autorizar a condução de presos na boléia; d. presos doentes ou impossibilitados de locomoção deverão ser conduzidos em carros próprios.

ARTIGO LVI

Cuidados preventivos para o acionamento da escolta 110. Via de regra, a escolta de presos é acionada pela Polícia Judiciária, atendendo requisição da respectiva Autoridade, sendo certo que somente em casos de extrema gravidade, pode a Autoridade Policial determinar a remoção do réu preso. 111. A Autoridade que acionar a Escota de Presos dotá-la-á, a princípio, de todos os meios necessários à pronta execução.

ARTIGO LVII Locomoção - Meios e Procedimentos

112. POR VIA FÉRREA: a. fornecimento da respectiva requisição de passes de ida e volta, observando a proporção inicial de dois policiais militares para cada preso a ser transportado; 1) no caso do réu de periculosidade presumida, a proporção dos escoltantes

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adequar-se-á às circunstâncias, podendo, inclusive, um ou mais PM seguir na diligência em trajes civis, visando garantir a segurança da escolta uniformizada, contra possível ação de terceiros; 2) um dos componentes da Escolta deverá seguir com o preso algemado ao braço esquerdo (Fig. 1) enquanto o outro se incumbe de exercer a vigilância, podendo, no interior do vagão, o preso ser algemado ao banco e uma segunda algema unir seus pulsos (Fig. 2); 3) o coldre do policial militar deve estar sempre do lado oposto ao do assento do preso; b. a alimentação do preso, durante a diligência, será custeada pela verba fornecida pela Autoridade que acionou a escolta; c. jamais será permitido ao preso proceder a auto subsistência ou mesmo dos próprios escoltantes, a fim de evitar a dependência econômica e moral dos policiais militares em relação ao escoltado ; d. o sanitário da composição deve ser previamente revistado, toda vez que for utilizado pelo preso, sendo de bom alvitre alternar o uso dessas dependências. 113. POR VIATURAS: a. Todos os réus de periculosidade presumida devem, em princípio, ser transportados por viaturas. Neste caso, a escolta será datada de verba suficiente para aquisição de: 1) combustível necessário à cobertura da diligência; 2) alimentação, inclusive para o preso; b. durante o itinerário, a escolta não fará solicitação de combustível, a fim de não expor-se a riscos pela natureza do réu transportado; (neste espaço fig. 1 e fig. 2)

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c. a escolta evitará utilizar-se sempre do mesmo local de abastecimento, a fim de evitar possível surpresa por parte de terceiros; d. a alimentação do detento será fornecida no próprio compartimento de presos; e. via de regra os presos conduzidos por viaturas não são algemados, dada a segurança decorrente do próprio meio utilizado; f. no caso da alínea «d», os presos serão conduzidos algemados, somente sendo desalgemados, a partir do instante em que se encontrarem no compartimento de presos. No desembarque, a escolta procederá de modo inverso. 114. POR ÔNIBUS: a. é o meio mais rápido e seguro depois da viatura, porém as passagens independem de requisição. A escolta seguirá com a competente verta da passagens e alimentação compreendida a do escoltado: 1) nos deslocamentos por meio de ônibus, o policial militar observará as mesmas regras dispostas nas escoltas por via férrea;

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2) a alimentação do preso, no presente caso, será fornecida nos restaurante verificados nas paradas do coletivo: b. a escolta não deve permitir que o preso se utilize dos sanitários do ônibus, pois, dadas suas características, localizam-se em pontos que impedem aos escoltantes procederem com as cautelas próprias, sem constranger os passageiros. 115. POR AVIÃO: a. as escoltas que usarem aviões de carreira, darão disso ciência ao Comandante da aeronave, esclarecendo, ainda, quanto à perículosidade do escoltado, quando verificará da conveniência ou não do uso de algemas. Em caso positivo: 1 ) o preso será colocado, juntamente com a escolta, em posição e local que não constranjam os demais passageiros; 2) o preso não tomará refeições munidos de faca e garfo, visando-se à segurança pessoal do próprio e dos escoltantes; 3) 30 ou 40 minutos antes do pouso no local do destino, a escolta solicitará ao Comandante da aeronave que se comunique, via rádio, com os policiais locais, a fim de garantirem a segurança no desembarque; 4) a escolta embarcará antes dos passageiros normais e desembarcará após.

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CAPITULO 14

A busca pessoal do escoltado

ARTIGO LVIII

Treinamento do Policial Militar 116. O policial militar deve ser treinado com freqüência, para fugir à rotina e evitar que seu ato resulte em mera busca superficial, acarretando, assim, graves prejuízos ao cumprimento da missão.

ARTIGO LIX

Cautelas e Providências

117. Por mais simples e rápido que seja o itinerário, todos os presos a serem conduzidos submeter-se-ão à revista pessoal, assim realizada: a. o preso deve ser conduzido para um local próprio, onde, inteiramente despido, será rigorosamente observado, principalmente com vistas a ataduras, gessamentos e orifícios naturais. Essa revista visa à apreensão de: 1) instrumentos, objetos e substâncias que estando de posse do preso colocam em perigo a escolta, outros presos e o próprio, tais como: drogas medicinais, entorpecentes, óculos, vidros, cordões, cintos, gravatas, armas brancas, gilete, estiletes, chaves e afins ou objeto que possa originar ferimentos contundentes, perfurantes ou dilacerantes; b. a escolta surpreendendo o preso de posse de qualquer objeto ou substância considerados suspeitos deverá, se no interior de Cadeias Públicas, levar ao conhecimento da Autoridade Policial e, se em Estabelecimentos Penais, ao respectivo Diretor; c. o preso não pode conduzir objetos ou valores passíveis de comercialização, do que poderá valer-se para corromper terceiros ou, no caso de libertar-se da escolta, deixar o local com maior facilidade.

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CAPITULO 15

A escolta de presos propriamente dita

ARTIGO LX

Condução de presos 118. Por menor que seja a pena imposta ao preso, a escolta conduzi-lo-á algemado, pois, além da algema ser um procedimento regular de Polícia Administrativa, a fuga de preso não configura antijuridicidade. E, sabedor de que não se utilizando de violência à pessoa dos escoltantes, não terá complicações carcerárias, o preso agirá com astúcia para evadir-se, pelo que a escolta tomará as seguintes medidas: a. algemar o preso ao braço de um dos escoltantes, enquanto outro exerce a vigilância (fig. 1); b. durante a deslocamento a pé, o preso deverá conduzir os objetos de cuja posse houve permissão (exceto os de valor), para evitar que a escolta se preocupe com sua bagagem, prejudicando a vigilância e a segurança exigidas (Fig. 3);

c não permitirá que terceiros ofereçam bebidas, cigarros ou alimentos ao preso ou à própria escolta; d. a escolta não deve aceitar condução oferecida pelo preso, ou por terceiros; e. o preso não conduzirá seus objetos junto ao compartimento de presos nas viaturas; f. quando conduzido por viaturas, a escolta tomará todas as cautelas ao abrir o compartimento de presos, seja para o desembarque, seja quando solicitada pelos próprios escoltados, durante o desenrolar da diligencia; g. no caso da escolta conduzir vários detentos, estes seguirão algemados braço a braço (Fig. 4);

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h. desde que não haja possibilidade da escolta seguir em viatura com compartimento próprio, os riscos decorrentes da condução serão de sua inteira responsabilidade; i. a escolta, ao proceder a busca pessoal, verificará se o preso possui sinais de debilidade mental acentuada, erupções cutâneas, tosse estranha, alta temperatura, etc.; j. detentos portadores de desajustes psíquicos devem ser transportados em viaturas apropriadas, podendo ser acionada a Central de Carros Auxiliares da Secretaria da Segurança Pública, a qual funciona junto à Divisão de Transporte da Polícia Civil; No caso de condução de mulheres, é conveniente que uma policial feminina, carcereira ou guarda de presídio feminina, siga junto à escolta, a fim de que certos atos próprios da missão sejam evitados, por se revelaram constrangedores, o que favoreceria a evasão da escoltada.

ARTIGO LXI

A utilização de sanitários em pontos de parada 119. Todos os sanitários a serem utilizados pelo preso deverão ser minuciosamente revistados, tomando-se as seguintes precauções: a. evitar-se-ão aqueles que possuam mais de uma porta ou janelas que propiciem a saída do preso; b. a porta dos sanitários não poderá em hipótese alguma permanecer fechada, enquanto estiver sendo utilizado pelo detento; c. um dos componentes da escolta manterá o pé entre o batente e a bandeira da porta, a fim de evitar que a mesma seja fechada por dentro, pelo escoltado.

ARTIGO LXII

O recebimento do preso pela escolta 120. Visando resguardar a condição moral dos escoltantes e a própria

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eficiência do serviço, juntamente com a escolta e o preso, seguirá toda a documentação relativa à missão: a. Da documentação constarão: 1 ) nome do escoltado, filiação, motivo pelo qual está sendo removido; 2) nome e função da Autoridade que vai recebê-lo no destino.

ARTIGO LXIII

Presos Enfermos 121. Os presos doentes ou feridos, a princípio, não devem ser transportados, a fim de se evitar não sejam recebidos no destino, salvo se as respectivas remoções forem condicionadas a problemas de saúde.

ARTIGO LXIV

A desobediência do preso

122. Há casos em que o policial militar se depara com a desobediência do preso em acompanhar a escolta e, não raras vezes, utiliza-se de força física a fim de compeli-lo à obediência. Nessa hipótese o escoltante poderá ver-se envolvido em ilícito penal, pelo que deve acautelar-se, considerando que: a . no caso de preso recusar-se a acompanhar a escolta, registrará a ocorrência no Distrito Policial competente e, pelos canais mais rápidos, comunicar-se-á com a Autoridade Judiciária que o requisitou;

b. quando ocorrer o fato acima descrito, apenas o Juiz requisitante tem poderes legais para provocar a remoção do preso mediante força (Fig. 5);

c. a ordem para tal procedimento deve ser expressa; d. se o fato se der em Estabelecimentos Penais, imediatamente será levado ao conhecimento do respectivo Diretor.

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ARTIGO LXV

Apresentação de preso pela escolta 123. A entrega do preso no destino, far-se-á mediante os princípios seguintes: a. via de regra o preso é destinado a determinada Comarca, sendo entregue na respectiva Cadeia Pública, sem ofício dirigido à Autoridade Policial local; b. geralmente o preso é entregue nas carceragens das Cadeias Públicas sendo os recibos de entrega, assinados pelo carcereiro; c. no caso descrito na letra anterior, o preso fica à disposição da Autoridade Judiciária local e sob a responsabilidade da Delegacia de Polícia; d. quando ouvido em Juízo, o preso deve ser apresentado mediante ofício, em que constarão dia e hora da audiência marcados pelo Juiz; e. preso quando ouvido em Juízo, pelo Magistrado, permanecerá algemado, independente do grau de periculosidade, com ordem tácita ou expressa daquela Autoridade; f. no caso de o escoltado possuir alto grau de periculosidade, cabe ao Comandante da Escolta alertar o Magistrado; g. em geral o documento de apresentação dos presos em Juízo é entregue aos auxiliares da Justiça (Oficiais de Justiça ou Escrivães); h. somente se exige recibo dos presos a serem ouvidos em Juízo, se no local houver Guarda Militar na Carceragem, quando o escoltado é entregue mediante recibo, e ali aguarda ser chamado para a audiência; i. quando entregues nos Estabelecimentos Penais, os presos são recebidos pelos Assistentes Penais, os quais assinarão os respectivos recibos; j. quando entregues em Institutos de Saúde, serão apresentados diretamente aos respectivos Diretores; l. em geral, os facultativos não assinam termos de responsabilidade, motivo por que a escolta deve acompanhar o preso, durante a realização dos exames clínicos ou psíquicos; m. quando os presos escoltados para a Capital do Estado de São Paulo, não o forem por problemas de retorno aos presídios, serão entregues no Departamento Estadual de Investigações Criminais (D.E.I.C.), com o respectivo ofício, dirigido ao Diretor da Divisão de Capturas. Trata-se de procedimento formal, enquanto o preso aguarda da Corregedoria dos Presídios, o local em que cumprirá sua pena.

ARTIGO LXVI

O recibo de entrega 124. O recibo de entrega do preso por parte da escolta é de suma importância, pois visa resguardar situações que coloquem a mesma em sérios riscos morais. 125. Para configuração legal da entrega do preso no destino, esse recibo conterá: a. identificação do preso, como: nome e filiação;

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b. nome legível da Autoridade que o recebeu, bem como o carimbo da repartição ou seção; c. data e local; d. número, origem e data do documento que apresentou o preso; e. relação de valores e documentos pertencentes ao preso e entregues à Autoridade. 126. Sendo o recibo o único comprovante de fato do eficiente cumprimento da missão, é mister que seja arquivado com os documentos administrativos da Corporação, tais como: guia de trânsito, etc.

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CAPÍTULO 16

Escolta de presos em hospitais

ARTIGO LXVII

Cuidados necessários 127. Embora não seja freqüente, há ocasião em que a escolta de preso em hospitais se faz necessária. Neste caso deve-se tomar os seguintes cuidados: a. cientificar-se da gravidade da enfermidade ou ferimento do preso; b. verificar as condições de segurança oferecidas pelo local em que está o preso; c. não permitir visita de espécie alguma ao preso, a não ser de elementos do hospital (corpo clínico, enfermeiros e auxiliares); d. evitar que o preso se locomova nas dependências externa ou interna do hospital, (a escolta deve estar sempre presente).

ARTIGO LXVIII

Proporção da escolta 128. No início da internação do preso, quando seu estado de saúde é sempre o pior, (há casos em que o preso enfermo não pode se locomover) a escolta pode ser 1 (um) policial militar para 1 (um) preso (mesmo assim o policial militar não se afastará do local em que esteja o preso). 129. A medida que o preso se recupere, redobrar-se-á a vigilância e, quando ele estiver em condições de locomover-se pelo hospital, o número de policiais militares deve ser aumentado para 2 x 1.

ARTIGO LXIX

Horário 130. O horário de serviço nos hospitais será de 6x18 horas, para que o policial militar esteja sempre alerta e os elementos devem ser efetivos até o preso receber alta.

ARTIGO LXX

Relacionamento com o preso 131. Os componentes da escolta abster-se-ão de relacionamento amistoso com o preso, posto que poderá ser enganado pelo mesmo, tão logo ele perceba haver conquistado a confiança dos escoltantes.

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ARTIGO LXXI

Armamento 132. A escolta usará o armamento que as circunstâncias o exigirem, a fim de evitar ou repetir possíveis ações externas com intuito de libertar o preso.

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CAPÍTULO 17

Escolta de preso em Velório

ARTIGO LXXII

Precauções 133. Nos velórios, a escolta deve ter cuidados acima do normal, porque ali estarão os parentes e amigos do preso. O USO DE ALGEMA É INDISPENSÁVEL.

ARTIGO LXXIII

Evacuação do local 134. Antes de entrar com o preso no ambiente do velório, a escolta evacuará o local. Nele entrarão somente a escolta e o preso, permanecendo apenas de 10 (dez) a 20 (vinte) minutos.

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CAPÍTULO 18

Escolta de Parque Agrícola

ARTIGO LXXIV

Considerações Gerais 135. O trabalho da escolta de Parque Agrícola, inicia-se de manhã. 136. Os reeducandos são chamados pelo funcionário da vigilância interna e conduzidos em coluna por dois até a portaria da Penitenciária do Estado. Aí são criteriosamente revistados pelo «Choque Interno». 137. Esta revista visa impedir que os reeducandos levem: para fora das muralhas, cartas, ofícios, documentos, armas, croquis das instalações, etc. Tem-se cuidado com as cartas pois, geralmente contêm comentários desairosos e injustos para com a Diretoria e a Polícia Militar. 138. Revistados os presos, são eles encaminhados para fora das muralhas à responsabilidade do Cmt da Escolta do P.A. Esta procede à contagem e à conferência dos nomes. Conferidos, os reeducandos são conduzidos ao local de trabalho onde receberão as tarefas e os instrumentos de ofício. 139. Este deslocamento é feito com a tropa envolvendo o grupo de reeducandos que caminha em formação. O envolvimento dos reeducandos é feito da seguinte forma: a. a primeira coluna pelo lado direito; b. a segunda, pelo lado esquerdo; c. a terceira, dividida em dois grupos, cobre a vanguarda e a retaguarda da formação dos presos. 140. O local de encontro e distribuição dos serviços, chama-se, na Penitenciária do Estado, «Casa de Pedra». 141. Na Casa de Pedra, o mestre geral dos serviços atribui a cada reeducando ou grupo, as suas funções, fornecendo as ferramentas. Simultaneamente o Cmt do P. A., escala os policiais militares que farão as escoltas dos sentenciados que vão trabalhar. 142. Conhecedor do local, o Cmt do P. A. dosa perfeitamente a escolta em relação ao local de trabalho, observando a topografia do terreno e considerando o grau de periculosidade que o reeducando apresenta. 143. Nos estabelecimentos penais de Taubaté, essas medidas apresentam sérias dificuldades, pois os reeducandos sofrem de problemas mentais, sendo

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muitas vezes fronteiriços.

ARTIGO LXXV

Ferramentas 144. As ferramentas usadas pelo reeducando merecem especial atenção da parte do policial militar. Usam enxadas, foices, rastelos, forcados, machados e outros instrumentos. Todos eles se prestam à agressão e, dada as características, produzem efeitos altamente danosos. Isto recomenda que o escoltante deverá manter-se a uma distância razoável do reeducando que trabalha para não ser atingido de surpresa.

ARTIGO LXXVI

Policiais Militares Empregados 145. O número de policiais militares empregados na escolta de presos é variável. Em princípio emprega-se a proporção de 1 (um) policial militar para 2 (dois) reeducandos. Se a periculosidade dos reeducandos exigir maior escolta, é conveniente entrar em entendimentos com a Direção do Estabelecimento e manter o preso recolhido intramuros. 146. Quando os reeducandos apresentam boas condições e o local for proibido, pode um policial militar escoltar, 3 (três) ou mais presos, isto a critério do Cmt do P. A. e da administração da Penitenciária do Estado.

ARTIGO LXXVII

Armamento 147. O armamento empregado varia de estabelecimento para estabelecimento. 148. No Parque Agrícola da Penitenciária do Estado, os policiais militares trabalham armados de revólveres. Isto após muitos anos de experiências. Já em outros estabelecimentos, os policias militares usam fuzil ou mosquetão. Estas armas oferecem o risco da sua grande potência e um tiro perdido em áreas habitadas poderá fazer vítimas inocentes. Também o emprego de armas como fuzil foge aos princípios adotados pela Penitenciária do Estado em relação com o trabalho no Parque Agrícola, pois os reeducandos têm com a administração um pacto de responsabilidade de não fugirem. Se forem usadas armas de grande potência pela escolta, isto viria demonstrar a falta de crença da administração para com os reeducandos. Esta filosofia vem produzindo seus resultados positivos, verificados pelo baixo índice de tentativa de fuga. Importa sejam observados os seguintes tópicos: a. Em princípio, deve-se evitar o uso de armas de fogo na área do Parque Agrícola pois, ao se atirar num reeducando e errar, facilmente se atingiria um

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inocente, um próprio colega mais adiantado, ou pessoas que transitem nas imediações, principalmente se a arma for fuzil ou mosquetão. b. Se houver necessidade de dar o alarme, deve-se atirar para cima, verticalmente, porque se o tiro for inclinado poderá atingir policiais militares que estejam nas muralhas, ou em pontos elevados. Atirar para o solo é totalmente proibido visto permitir o projétil ricochetear e vir a ferir o próprio atirador e circunstantes. c. Se, em extrema necessidade, e no estrito cumprimento do dever atirarmos num reeducando isto deve ser feito da maneira mais correta, procurando-se apenas neutralizar a ação criminosa. Se, entretanto, o fato converter-se em legítima defesa própria ou de terceiros, evitar-se-á a todo custo, o excesso culposo. No ato é que se destina as ações concretas, objeto de futuros julgamentos. d. No Parque Agrícola, quando do emprego de armas, deve-se usar as de pouco alcance. Exemplo: o revólver. e. Em casos de tumulto entre os presos, sem constituir tentativa de fuga usa-se disparar para o alto, com fim intimídativo, como demonstração de força. f. Também, nestes casos, deve-se ter em mente as medidas cautelares para efetuar os disparos com segurança, evitando o auto-ferimento ou o de terceiros. g. O revólver e o cassetete são portados normalmente, cada um no seu estojo (cartucheira ou porta-cassetete). h. Quando for empregado o fuzil ou mosquetão, há várias maneiras de portá-los; 1) em bandoleira-arma, quando o deslocamento for conjunto; 2) quando o policial militar trabalhar isolado, usará o fuzil na mão, de modo a utilizá-lo com facilidade; 3) quando o policial militar estiver em posto fixo, portará o fuzil como as sentinelas; 4) as armas devam estar sempre em condições de uso.

ARTIGO LXXVIII

Deslocamentos

149. Além do presídio para os grandes grupos, quando se emprega a tática de cerco envolvendo os reeducandos, deve-se considerar os deslocamentos menores conduzindo-os por caminhos livres de boa visibilidade, evitando-se as picadas de curvas no meio dos cerrados entre árvores e morros. Os reeducandos sempre devem seguir à frente do policial militar, quando este está só.

ARTIGO LXXIX

Tentativa de Fuga 150. Entende-se por tentativa de fuga o ato iniciado, porém, frustrado. Em que pesem todos os cuidados e atenções dos policiais militares e funcionários, certos

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reeducandos, apesar das condições especiais em que se encontram, vez por outra, tentam evadir-se. Quando tal ocorre, é dado o alarme geral. Todos os demais reeducandos são imediatamente recolhidos pois não se conhece a extensão do plano. Os que tentarem fugir ou «fujões», são encaminhados ao Cmt do P.A. e ao Encarregado da Disciplina para as providências decorrentes. Conforme o caso, os demais voltarão às atividades normais. Esta descrição refere-se mais ao Parque Agrícola da Penitenciária do Estado, onde os reeducandos são previamente escolhidos para os trabalhos de Parque. Já nas Casas de Custódia, ou mesmo em presídios, onde para os trabalhos, saem sentenciados sem prévia seleção, o problema se afigura de maneira diferente e mais complexo.

ARTIGO LXXX

Fuga 151. Quando uma fuga ocorrer, tomam-se as seguintes providências: a. Aciona-se o alarme geral em conexão com as demais autoridades: Rádio Patrulha, ROTA, DEIC e os demais órgãos locais e Estaduais que possam cooperar na recaptura; b. Se possível o policial militar que escoltava o fugitivo segue diretamente em sua perseguição, enquanto são adotadas outras providências, tais como: 1) envio de observadores nas residências de seus parentes, amigos e amantes, pois é comum passarem os fugitivos nesses locais para trocarem de roupa e se munirem de dinheiro, quando ali mesmo não se ocultarem. c. Os demais reeducandos do Parque Agrícola são encaminhados para a administração e recolhidos para interrogatórios.

ARTIGO LXXXI

Responsabilidades 152. Recapturado ou não o fugitivo, o policial militar que escoltava o preso será indiciado em inquérito para se analisar a sua inocência ou o grau de participação no evento. Esta matéria vem regulada no C.P. nos arts. 351 e 354 e no CPM. artigos 178 e 182, respectivamente. 153. Somente o inquérito policial ou I.P.M, é que dirá dos fatos e indicará o grau de responsabilidade na participação do ocorrido; qualquer julgamento «a priori» é nocivo e pode ser injusto.

ARTIGO LXXXII

Alarme 154. Cada Parque Agrícola ou Campo de Trabalho, dispõe de meios próprios para seus sistemas de alarme. Na Penitenciária do Estado desprovida de outros meios, emprega-se o tiro. Três de revólver ou F.O. para o ar (verticalmente) são o

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sinal indicado. 155. Dado o alarme é este também comunicado à sede da Cia que adota as providências complementares, de acordo com o grau da notícia. Já há estudos para o emprego, nos trabalhos de P. A., do sistema de comunicações através de rádio (Handie-Talkie), ou outros, que trarão direto contato com o Cmt do P.A., e com o Cmdo da G.M. do Presídio. 156. Soado o toque de alarme, cada policial militar adota as medidas de 1° escalão que lhe são atribuídas dentro dos planos de segurança locais.

ARTIGO LXXXIII

Entrosamento entre os Policiais Militares em caso de ocorrências

157. O primeiro fator importante é o espírito de coesão e solidariedade do Pelotão. Este sentimento é desenvolvido pelas constantes preleções e pela consciência do dever de cada um. Se não houver estes sentimentos, melhor será não sair para trabalhar em serviços conjugados. Além destes fatores psicológicos, há os planos de segurança em que cada policial militar tem suas funções. Só os casos concretos é que determinam os procedimentos; afora isso, tudo são planos.

ARTIGO LXXXIV

Contagem dos sentenciados durante o trabalho 158. A contagem periódica dos reeducandos durante a execução dos serviços é muito importante quando estes trabalham em grupos de mais de três e em locais de que possam se esgueirar facilmente. 159. A contagem e conferência é feita pelos funcionários em cooperação com os policiais militares. Independentemente destas contagens os policiais militares devem, de per si, controlar os reeducandos que escoltam. Se houve dúvidas, recontam-se os reeducandos e, se assim não conferir o número, comunica-se o fato ao Cmt do P.A.

ARTIGO LXXXV

Conhecimento do preso 160. O policial militar deve procurar conhecer a periculosidade dos reeducandos, principalmente do que escolta. 161. Este conhecimento facilitará sobremaneira a sua tarefa, pois os antecedentes criminais e a conduta do reeducando durante o cumprimento da pena, revelarão as atenções que o policial militar deverá ter no desempenho das suas missões, prevenindo-se contra eventuais condutas irregulares.

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ARTIGO LXXXVI

Observação constante dos movimentos dos

sentenciados movimentos suspeitos 162. Quando tratarmos da vigilância ocular, veremos que o policial militar não deve perder de vista os reeducandos que escolta, sob pena de jamais vê-los. Outrossim, os movimentos dos reeducandos devem ser objeto de acurada atenção, o que evitará a ocorrência de fatos desagradáveis. 163. Dentro da movimentação dos reeducandos podemos considerar suspeitas as seguintes: a. vários deslocando-se para um mesmo setor; b. idas e vindas a um mesmo lugar; c. reunião de reeducandos em torno de outro companheiro ou de determinado local; d. aproximação rápida do reeducando em direção do policial militar; e. deslocamento rápido a um determinado ponto; f. demasiada lentidão em locomover-se; g. permanência em locais de má visibilidade.

ARTIGO LXXXVII

Achados 164. Os achados no Parque Agrícola são freqüentes. Parentes ou companheiros de crime dos reeducandos sabedores de que trabalham no P.A. e até dos prováveis locais, deixam ali na calada da noite objetos, comunicações, bebidas alcoólicas e drogas. Ultimamente, surgiu o problema de macumbeiros depositarem seus «despachos» nas áreas do P.A. que, como todos sabem, compõem-se em geral de garrafas de aguardente e outras substâncias. 165. Deve-se tomar conhecimento de todos os objetos encontrados pelo reeducando, comunicando o fato ao Encarregado da Disciplina. Os objetos que possam ser utilizados como armas, serão apreendidos pelo policial militar e encaminhados ao Cmt do P.A. e Encarregado da Disciplina. Se o objeto for encontrado pelo policial militar, deve este proceder também como nos casos anteriores. Além dos objetos que possam servir como armas tudo o que vier a ser encontrado na área do P.A., deve ser apreendido e recolhido para estudos. Ex.: cartas, bilhetes, cigarros, pacaus, drogas, álcool, remédios, documentos, fatos, etc.

ARTIGO LXXXVIII

Aproximação de estranhos ao local de trabalho 166. Para efeito de trabalho do Parque Agrícola, serão todos estranhos, exceto os policiais militares que nele executam suas funções, funcionários designados para tal e os Diretores da Penitenciária do Estado e Cmt da Cia. De resto deve-se

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suspeitar de todos e considerá-los estranhos ao serviço, merecendo os cuidados necessários. É certo, porém, que, se algum superior hierárquico ou autoridade se fizer presente, não serão tratados de forma estranha, a não ser que venham para infringir as normas do serviço, quando com o devido respeito ao seu cargo ou posto, serão encaminhados á quem de direito. 167. É necessário dispensar atenção à aproximação de estranhos na área do P.A. onde trabalham os reeducandos, para evitar: a. arrebatamento de reeducandos; b. agressões aos reeducandos; c. passagem de mensagem, drogas, etc.; d. agressões aos policiais militares e. auxílio à fuga. 168. Em hipótese alguma o reeducando pode entrar em contato com estranho. Se houver insistência de um ou de outro, ambos serão conduzidos à presença do Cmt do P.A. e do Encarregado da Disciplina. 169. Ao policial militar de serviço é terminantemente proibido dar a estranhos informações sobre os reeducandos, ou servir de intercomunicador.

ARTIGO LXXXIX

Vias de acesso e obstáculos nas

proximidades dos locais sensíveis 170. No Parque Agrícola encontramos as mais diversas situações, pois sua área localiza-se ao derredor da Penitenciária do Estado. Assim sendo muitas vezes é envolvido por áreas de terceiros e circundado por vias de acesso. 171. Para o trabalho nos locais próximos às vias públicas, ruas ou estradas, serão sempre encaminhados os reeducandos que demonstram não possuírem ânimo de fugir e nem inimigos que possam praticar desforras contra os mesmos, visando-se: a. AS VIAS DE ACESSO que serão objeto de atenção do Cmt. do P. A. e dos policiais militares da escolta, porque por elas circulam as pessoas e, no caso: parentes, amigos, etc. dos reeducandos que podem trazer para área de serviço, objetos, armas, bebidas, tóxicos, etc.; b. OS OBSTÁCULOS, tais como: pequenas elevações, grandes pedras, barrancos, grandes troncos de árvore, buracos, valas, valetas e moitas, elementos estes capazes de favorecer o sentenciado no seu intento de fuga, como também para hostilizar ou agredir o policial militar escoltante. Quando os reeducandos trabalham nestas áreas é preciso uma acurada vigilância do policial militar que efetua a escolta, bem assim, de seus colegas mais próximos.

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ARTIGO XC

Relacionamento entre sentenciados e Policiais Militares

Tratamentos e distâncias a serem guardadas entre ambos 172. Este tópico abrange um tema bastante interessante. Se de um lado o policial militar não deve hostilizar o sentenciado, por outro, não pode se aproximar demasiadamente dele. 173. A norma correta é tratar os reeducandos com respeito, humanidade e espírito cristão, evitando perguntar os motivos de sua sentença, ou ainda, humilhá-los por causa disto. 174. Nesta forma civilizada de se tratar os sentenciados, não se pode esquecer um princípio fundamental que é a DIFERENÇA entre o policial militar e o reeducando: «policial é sempre policial e reeducando sempre reeducando». Não há como pensar de maneira diferente. Quem forçar o raciocínio, fatalmente errará. É certo que com o decorrer dos dias e a constância do trabalho, o escoltante e os reeducandos passam a se conhecer melhor, mas isto jamais permitirá qualquer promiscuidade. Se tal circunstancia existir ou vier a ocorrer durante o cumprimento da pena, o Cmt do P.A. deverá designar outra escolta para os reeducandos, do contrário, o serviço decairá.

ARTIGO XCI

Interrupções do trabalho para alimentação 175. Em cada Penitenciária o sistema varia: a. na Penitenciária Estadual por exemplo, o café é servido no local de trabalho, e o almoço na «Casa de Pedra», construção existente no próprio P. A . b. já em outras Penitenciárias é diferente: cada vez que se serve alimento, são todos os reeducandos recolhidos para o seu interior.

ARTIGO XCII

Recolhimento das ferramentas e objetos ao fim do dia 176. Todas as vezes que os reeducandos deixam o local de trabalho, recolhem as ferramentas para o depósito existente para tal fim no Parque Agrícola, quando são conferidas, evitando-se extravios ou ocultação para fins ilícitos. Também os objetos, carrinhos, tratores e cutros são, ao final do dia, recolhidos e conferidos criteriosamente pelo Encarregado.

ARTIGO XCIII

Apresentação dos sentenciados à portaria após o trabalho 177. Entregues todas as ferramentas e objetos, são os reeducandos contados. Isto feito, o Encarregado os coloca em formatura, que varia de acordo com a

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quantidade de reeducandos. São então envolvidos, cercados pelos policiais militares da Escolta e sob o Comando do Cmt. do P.A. todos se dirigem a passos normais até a portaria da Penitenciária do Estado. Aí chegados, são novamente conferidos e entregues pelo Cmt do P.A. ao Encarregado da Disciplina, cessando então, a responsabilidade sobre os reeducandos. Antes dos reeducandos seguiram para o interior da Penitenciária, são cuidadosamente revistados na Portaria para evitar a introdução de bebidas, tóxicos, armas e outros objetos proibidos que possam ser «encontrados» no P.A., apesar da vigilância.

ARTIGO XCIV

Distribuição do pessoal em relação ao local de trabalho 178. O número de Policiais Militares empregados em reação ao local de trabalho é variável. Influem na distribuição inúmeros fatores, sendo os seguintes, os mais importantes: a. periculosidade do reeducando; b. conformação do terreno; c. proximidade de vias públicas; d. dificuldade de comunicação com o Cmt do P. A. 179. Nos casos de escolta em conjunto, as proporções entre policiais militares e reeducandos, variam muito, exemplo: a. 1 (um) policial militar e 3 (três) reeducandos; b. 2 (dois) policiais militares e 5 (cinco) reeducandos; c. 3 (três) policiais militares e 6 (seis), 7 (sete) ou 8 (oito) reeducandos.

ARTIGO XCV

Vigilância ocular 180. A vigilância ocular é fator importante para o pleno êxito do policial militar que faz escolta. Os reeducandos que vigia devem estar sob seu olhar pois, em caso contrário, o sentenciado sé quiser evadir-se, estando fora do alcance visual, não precisa, sequer, tentar fuga, apenas vai embora. As distâncias variam entre 5 (cinco) a 10 (dez) metros. 181. O policial militar para manter os reeducandos sob vigilância ocular, tem que dedicar-se com empenho às suas funções.

ARTIGO XCVI

Deveres dos policiais militares empregados na escolta dos sentenciados 182. Os policiais militares empregados nos trabalhos de Parque têm inúmeros deveres e obrigações, destacando-se os principais: a. não dialogar com reeducandos, limitando-se a falar o indispensável;

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b. tratar os reeducandos com humanidade e respeito, porém jamais se esquecer de que são «REEDUCANDOS»; c. não intervir no trabalho que está sendo efetuado, a não ser que o reeducando apresente movimentos suspeitos (tentativa de fuga); d. impedir a aproximação de pessoas estranhas; e. não permitir que os reeducandos conversem com pessoas estranhas; f. não permitir que os reeducandos recebam objetos de outras pessoas. Se houver tentativa de entrega de objetos, deter a pessoa, apreender o objeto(s) e levar o fato ao conhecimento do Cmt do P.A. e o do Encarregado da Disciplina; g. não transacionar com os reeducandos e não permitir que seus colegas o façam. Se houver insistência, deter o infrator e comunicar imediatamente o fato ao Cmt do P.A.; h. quando ocorreram fatos que não possam ser resolvidos pelo policial militar, este deve, imediatamente, solicitar os préstimos de seu Comandante; i. quando houver desentendimento entre reeducandos e vigilantes civis, conduzir todos à presença do Cmt do P.A. e do Encarregado da Disciplina; j. quando houver discussões entre reeducandos e não havendo vigilante civil próximo, os contendores serão encaminhados ao Chefe de Disciplina e comunicado o fato ao Cmt do P.A.; I se houver luta corporal entre os reeducandos (pode ser simulada) dar o sinal de sobreaviso, comunicando-se com o Cmt do P.A. e com o Chefe de Disciplina; m. em caso de sobreaviso ou emergência, dar cumprimento ao plano de segurança, conforme o estabelecido (diversas situações); n) em caso de tumultos ou tentativas de fuga, proceder de acordo com os planos estipulados; o. quando o reeducando manifestar doença de qualquer natureza, recolhê-lo, encaminhando-o ao Chefe de Disciplina; p. cercar-se de cuidados quando reeducandos vierem em sua direção, sem isto ser previsto; pode ser um ataque; q. não devem os policiais militares faltar com o respeito entre si, na presença de reeducandos. Isto é altamente prejudicial à disciplina e ao serviço; r. em caso de flagrante de tóxicos, recolher todos os reeducandos para averiguação; s. manter-se sempre em posição correta e com o uniforme alinhado; t. em locais distantes do Comandante, agir como se o fosse; u. conhecer os reeducandos e suas reações, para evitar ser surpreendido; v. não ter atritos ou animosidade com os funcionários que trabalham no P.A..

ARTIGO XCVII

Atribuições do Comandante do Parque Agrícola 183. Além de outras inerentes ao posto, o Comandante do P.A. tem as seguintes atribuições: a. manter seus subordinados instruídos e prontos para execução dos diversos

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planos de segurança; b. manter sua tropa coesa e disciplinada; c ser grande conhecedor dos reeducandos para frustrar-Ihes manobras ilícitas; e. manter fichário atualizado dos presos que saem para o P. A., em que constem os endereços de seus parentes e amigos; f. rondar constantemente os postos e setores de trabalho; g. manter-se atento para evitar conluio entre policiais militares e reeducandos; d. conhecer detalhadamente todas as áreas do Parque Agrícola; h. na linguagem, não usar gírias desnecessárias.

ARTIGO XCVIII

Ocorrências que podem surgir durante a execução do serviço 184. São as mais diversas. O mais comum dos fatos é encontraram-se objetos nas áreas de trabalho, deixados por gente interessada em que sejam achadas por reeducandos. Estes achados constituem-se armas, tóxicos, dinheiro, bebidas, etc. 185. Todas as vezes em que o policial militar se aperceber de qualquer desses achados, deve recolhê-lo e levar o reeducando à presença do Cmt do P.A. e do Encarregado da Disciplina, e, em seguida, vasculhar bem a área para verificar se não há mais objetos perdido. 186. Na hipótese de o policial militar encontrar objetos no P.A. deve encaminhá-los ao Cmt do P.A. com o relato das circunstâncias. 187. Em síntese, todas as ocorrências devam ser conhecidas pelo Cmt do P. A. e Encarregado da Disciplina, para análise e providências, a fim de que, no futuro, não mais ocorram.

ARTIGO XCIX

Ação dos policiais militares empregados no serviço 188. A ação dos policiais militares deve ser serena, segura enérgica. 189. O policial militar deve interferir em todas as ocorrências que tenham relação com o seu serviço. A sua interferência, entretanto, será, sempre norteada pelas normas de segurança para a sua pessoa e para as circunstantes, se houver. Dará preferência a ações conjuntas no P. A. para atendimentos de ocorrências, posto que diminuem o risco e garantem o sucesso.

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ARTIGO C

Conclusão

190. Vimos como se inicia o trabalho no P.A. desde a saída dos reeducandos da Penitenciária, seu deslocamento para o centro de trabalho e sua distribuição nos diversões afazeres. 191. Verificamos como são distribuídos os policiais militares que vigiarão os reeducandos e os cuidados necessários para o desempenho desta missão; cuidados com ferramentas; o armamento utilizado e suas vantagens e desvantagens, de acordo com o terreno e, finalizando, foram observadas as técnicas de deslocamentos dos reeducandos e os procedimentos em caso de tentativa de fuga ou fuga.

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CAPITULO 19

Sistema de comunicações e sua importância

para o funcionamento normal da segurança de presídios

ARTIGO CI

Introdução 192. O planejamento e a correta distribuição dos vários meios de comunicações em um Presídio, é uma necessidade primordial para o desenvolvimento dos serviços afetos à Guarda Militar, sendo importante que, conforme a situação se apresente, tenhamos possibilidades de transmitir instruções ou recebê-las, para serem tomadas as providências cabíveis.

ARTIGO CII

Meios de comunicações 193. São os mais variados, desde os sinais visuais (de braço e de luz) ou sonoros (apitos, campainhas, sirenes, disparo de arma de fogo), ao rádio, telefone e alto-falantes estrategicamente colocados.

ARTIGO CIII

Comunicações entre postos 194. Entre os postos de serviço e o posto central, necessário se faz haver comunicação permanente, podendo ser empregado sistema de interiores, utilizando-se baterias (acumuladores), ou instalando-se uma Central Telefônica PAX. Podem, ainda, ser instalados intercomunicadores, (sistema de alto-falantes de rádio, usados também com microfone) .

ARTIGO CIV

Comunicações entre comandos 195. 0 Comando da Guarda Militar do Presídio deve ter condições de manter comunicações imediatas com o Comandante da Cia, do Batalhão, com a Diretoria do Presídio e com o CECOPOM.

ARTIGO CV

Comunicações com a direção do presídio 196. 0 meio mais econômico e prático, seria o uso de intercomunicadores transistorizados, usando bateria central preferentemente à energia elétrica. 197. Deverá, também, haver um sistema telefônico PAX, PBX ou PABX, pois a

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versatilidade nas comunicações é que garante a sua eficiência.

ARTIGO CVI

Comunicações com os comandos das outras guardas militares e outras

unidades da policia militar 198. Para as comunicações locais, ou seja, na mesma cidade, deve ser instalada uma rede V.H.F. de preferência em banda baixa, (39,06 Mhz ou outra freqüência próxima) além da rede de rádio. Deverá, também, haver telefones da rede externa, bem como TELEX, que possibilitarão comunicações com outras cidades. 199. Para comunicações com outras cidades e com o CECOPOM deve haver um transceptor na rede SSB que possibilite comunicações a longa distância.

ARTIGO CVII

Manutenção e fiscalização 200. Para que os objetivos sejam atingidos, há necessidade de que os meios de comunicações tenham um perfeito sistema de manutenção e para que essa seja constante, faz-se necessário uma fiscalização permanente.

ARTIGO CVIII 201. Existindo um perfeito sistema de comunicações instalado, com versatilidade de meios como telefones, telex e rádios na rede VHF e SSB, a Guarda Militar poderá enfrentar qualquer situação, tais como: tentativa de fuga ou fugas, incêndio, levante ou motim, etc.

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ÍNDICE ALFABÉTICO Ação dos Policiais Militares ......................... 68 .......................... 188,189 Ação Externa ............................................... 15 .......................... 34e Achados ....................................................... 68 .......................... 184,185,186 Acionamento de Escolta .............................. 42 .......................... 110,111 Alimentação ................................................. 50,43,45,64 122b,113a2,114a2,115a2,175 Amotinar ....................................................... 14 .......................... 34c1 Aproximação de Estranhos .......................... 62,63 ..................... 166,167 Área de Segurança ...................................... 22 .......................... 47 Armamento .................................................. 54,57,58,63 ........... 132,147,148,148a Atos dissimulados e ostensivos ................... 12 .......................... 27a,27b,28 Comandante do P. A .................................... 67 .......................... 183 Combustão ................................................... 35 .......................... 94c Condução de Mulheres ............................... 49 .......................... 118k Cones de Iluminação .................................. 28 .......................... 68 Contagem de Reeducandos ....................... 61 .......................... 158,159 Controles de Iluminação ............................. 29 .......................... 74 Deslocamentos ............................................ 47,48,56,59 ........... 118b,118i,139,149 desobediência de Preso ............................. 50 .......................... 122 Deveres e Obrigações ................................ 66 .......................... 182 Dispositivos Incendiários ............................. 37 .......................... 96,97 Dispositivos Legais ...................................... 7,8 ......................... 14 Emergência .................................................. 24 .......................... 53 Emprego Correto dos Extintores .................. 39 .......................... 100b4 Entrega de Preso ......................................... 51 .......................... 123 Equipamento ............................................... 32,38,39 ................ 83,100,100b3 Escolta de Parque Agrícola ........................ 56 .......................... 135 Escolta de Presos ....................................... 16,17,40,41 ........... 38b,38c,102,107 Escolta de Presos em Hospitais ................. 53 .......................... 127 Escolta de Presos em Velórios .................... 55 .......................... 133,134 Estacionamento ........................................... 23 .......................... 48 Explosão ...................................................... 35 .......................... 94d Faixa de Iluminação ..................................... 29 .......................... 73 Ferramentas ................................................. 57,64,65 ................ 144,176,177 Fiscalização ................................................. 34 .......................... 49 Fluxo de Iluminação ..................................... 28 .......................... 67 Fogo 33,34 ................................................... 89,92,93 Fonte Secundária de Energia ..................... 28 .......................... 63,64 Fugas de Presos .......................................... 5,6,14,27,47,59 ..... 34b,61,118,151 Grupo de Cerco .......................................... 25 .......................... 57a1b Grupo de Choque ........................................ 25 .......................... 57a1d Grupo de Comando ..................................... 25 .......................... 57b

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Grupo de Vigilância ...................................... 25 .......................... 57a1a Guarda Militar ............................................. 16,21,22,23 38a,41,42,43,44,45,46,52 Holofote ....................................................... 28 .......................... 65,66 Horário ........................................................ 53 .......................... 130 Iluminação ................................................... 27,28,30 ................ 59,60,61,62,65,77 Iluminação Contínua .................................... 27 .......................... 62a Iluminação de Reserva ................................ 27 .......................... 62b Iluminação Móvel ......................................... 27 .......................... 62c Incêndio ....................................................... 15,16,35,36 ........... 34d,38,94d,95 Incêndio Criminoso ..................................... 42 .......................... 98 Incidentes..................................................... 11 .......................... 18,19,20,21 Inflamabilidade ............................................. 36 .......................... 94e Investigação ................................................. 13 .......................... 29,30,31,32 Justiça Militar ............................................... 6,7 ......................... 10,11 Lâmpadas .................................................... 29 .......................... 69,70 Legislação .................................................... 17 .......................... 39a,39b,39c,39d Levante ou Motim ........................................ 14 .......................... 34c Manutenção ................................................. 30,39,70 ................ 75,100b2,200 Materiais ápiros ............................................ 36 .......................... 94e1 Medidas de lº Escalão ................................. 25,60 ..................... 57,57a,57a1,156 Medidas de 2º Escalão ................................ 26 .......................... 57b Medidas Especiais ....................................... 13 .......................... 32 Meios de Comunicação ............................... 69,70 192,193,194,195,196,197,198,199 Movimentação de Reeducandos ................. 61 .......................... 163 Obstáculos ................................................... 63 .......................... 171b Periculosidade ............................................. 43 .......................... 112a1,113a Planejamento ............................................... 10,26,30 ................ 15,16,17,58,76 Plano de Segurança .................................... 21,24 ..................... 44,54,55,56 Ponto de Fulgor ........................................... 29 .......................... 71,72 Ponto de Ignição .......................................... 35 .......................... 94b Pontos Sensíveis ......................................... 23 .......................... 50 Por Avião (locomoção) ................................. 45 .......................... 115 Por Ônibus (locomoção) .............................. 45 .......................... 114 Por Via Férrea (locomoção) ......................... 43 .......................... 112 Por Viaturas (locomoção) ............................ 43 .......................... 113 Preso (O) .................................................... 42 .......................... 108 Presos Doentes ........................................... 48,49 ..................... 118i,118j,121 Prevenção de Incêndio ............................... 37 .......................... 99 Projeção Ofuscante ..................................... 29 .......................... 71,72 Proporção da Escolta . ................................. 53,57,65 128,129,145,146,178,179 Rebelião ....................................................... 14 .......................... 34c2

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Recibo de Entrega ....................................... 52 .......................... 124,125,126 Relacionamento com o Preso ...................... 54 .......................... 131 Responsabilidade ........................................ 5,60 ....................... 1,153 Revista Pessoal . ......................................... 46,56 ..................... 117,137,138 Riscos (outros) ............................................. 11 .......................... 22 Sabotagens ................................................. 12 .......................... 27a,27b,28 Sanitários ..................................................... 43,45,49 ................ 112d,114b,119 Segurança Externa ...................................... 16,39 ..................... 38,101 Sistema de Alarme ....................................... 31,32,58,60 80,81,85,86,87,148b,154 Sistema de Alarme Local ............................. 31 .......................... 81a Sistema de Alarme Ponto Central ................ 31 .......................... 81b Situação de Emergência .............................. 14 .......................... 34 Supervisão ................................................... 32 .......................... 84 Tentativa de Fuga ........................................ 14,59 ..................... 34a,150 Transgressão Disciplinar ............................. 7 ............................ 12 Uso de Arma de Fogo .................................. 57 .......................... 148 Vias de Acesso ............................................ 63 .......................... 171a Vias Públicas ............................................... 63 .......................... 171 Vigilância Ocular .......................................... 65 .......................... 180 Vulnerabilidade ............................................ 23 .......................... 51