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Machado de Assis e o Rio de Janeiro no século XIX Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839 no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, falecendo em 1908 aos 69 anos. Era filho de um pintor e de uma lavadeira, ambos muito pobres. Ficou órfão muito cedo. Embora mulato, tímido, gago e epilético, sobreviveu fazendo carreira como funcionário público e escritor. Foi um dos fundadores e presidente da Academia Brasileira de Letras, e colaborou em inúmeros jornais e revistas. Momento histórico no Brasil (Machado de Assis, crônica publicada no Diário do Rio de Janeiro em 1/12/1861) (VIDE CITAÇÃO Nº 1 NA PÁGINA5) 1

Machado de Assis e o Rio de Janeiro no século XIX

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Page 1: Machado de Assis e o Rio de Janeiro no século XIX

Machado de Assis e o Rio de Janeiro no século XIX

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839 no Morro

do Livramento, Rio de Janeiro, falecendo em 1908 aos 69

anos. Era filho de um pintor e de uma lavadeira, ambos muito

pobres. Ficou órfão muito cedo.

Embora mulato, tímido, gago e epilético, sobreviveu fazendo

carreira como funcionário público e escritor.

Foi um dos fundadores e presidente da Academia Brasileira

de Letras, e colaborou em inúmeros jornais e revistas.

Momento histórico no Brasil

(Machado de Assis, crônica publicada no Diário do Rio de

Janeiro em 1/12/1861)

(VIDE CITAÇÃO Nº 1 NA PÁGINA5)

No Brasil do 2º reinado (1840 a 1889), D. Pedro II manipula

através da conveniência o Partido Liberal e o dos

Conservadores, e estes revezam-se no poder sempre de

acordo com a oligarquia agrária.

O povo de nada participa, nada sabe e a política é feita

baseada no latifúndio, na monocultura de exportação, na

produção de café e não mão-de-obra escrava.

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No entanto, por volta de 1870, um conjunto de fatos

desestatiza este panorama: o tráfico negreiro é proibido.

Aumenta, então, a mão-de-obra imigrante, constroem-se

rodovias, crescem as cidades e as primeiras fábricas são

implantadas no país. Nelas se forma a classe média urbana,

insatisfeita com a representatividade política.

A obra literária de Machado de Assis e a cidade do Rio

de Janeiro

Conto: Pai contra mãe (fragmento)

(VIDE CITAÇÃO Nº 2 NA PÁGINA 5)

Nesse conto, e em inúmeros outros, podemos apreciar os

costumes, os hábitos e o viver e conviver comuns das pessoas

da época, inclusive seus dramas e atitudes.

Além dos tipos característicos há em sua obra menções

constantes de lugares comuns e conhecidos do Rio de Janeiro,

como no trecho a seguir:

“(...) Chegou ao fim do beco e dobrou à direita, na direção do

Largo da Ajuda, viu do lado oposto um vulto de mulher. Era a

mulata fugida. (...)

(Machado de Assis, Pai contra mãe)

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Machado de Assis, um escritor incomparável

A obra machadiana está dividida em duas fases: a

Romântica, ou de Amadurecimento, e a do Realismo, ou

Maturidade.

Machado de Assis é considerado, quase que por

unanimidade, o maior escritor brasileiro em prosa. Ele

inaugurou o realismo psicológico e anunciou a modernidade

literária em obras que até hoje mantêm-se novas.

As principais características de sua obra são:

Enredo não-linear

Análise psicológica das personagens

Humor sutil e permanente

Ironia fina e corrosiva

Visão metafísica dos valores humanos

Os romances mais conhecidos e lidos são: Memórias

Póstumas de Braz Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e

Memorial de Aires.

Escreveu poesias em estilo parnasiano, vários contos e

peças teatrais.

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CITAÇÃO Nº 1

“O que há de política? É a pergunta que naturalmente

ocorrer a todos, e a que me fará o meu leitor, se não é ministro.

O silêncio é a resposta. Não há nada, absolutamente nada. A

tela da atualidade política é uma paisagem uniforme, nada a

perturba, nada a modifica.

Dir-se-ia um país onde o povo só sabe o que existe

politicamente quando ouve o fisco bater-lhe à porta. O que dá

razão a esse marasmo?”

(Machado de Assis, crônica publicada no Diário do Rio de Janeiro em 1/12/1861)

CITAÇÃO Nº 2

- Quem é? Perguntou o marido.

- Sou eu.

Era o dono da casa. Credor de três meses de aluguel, que

vinha em pessoa ameaçar o inquilino. Este quis que ele

entrasse.

- Não é preciso...

- Faça o favor...

O credor entrou e se recusou a sentar-se; deitou os olhos à

mobília para ver se daria algo à penhora; achou pouco.

(...)

Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava

abriu a carteira e tirou os cem mil réis de gratificação. Cândido

Neves guardou as duas notas de cinqüenta mil réis, enquanto o

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senhor novamente dizia à escrava que entrasse. No chão onde

jazia, levada do medo e da dor e após algum tempo de luta, a

escrava abortou. (...)”

Conto: Pai contra mãe (fragmento)

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