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Scuola per Artigiani Restauratori Maria Luisa Rossi Madeira de Eucalipto Aplicação sustentável no mundo do Restauro Ivan Fernando Sargenti Sbrana Ano 2012-2014 Torino - Itália

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Scuola per Artigiani Restauratori

Maria Luisa Rossi

Madeira de Eucalipto Aplicação sustentável no mundo do Restauro

Ivan Fernando Sargenti Sbrana Ano 2012-2014 Torino - Itália

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Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como

exigência parcial para obtenção do título de “Técnico

em Restauro de Obras em Madeiras Antigas”.

Local: Scuola Artigiani Restauratori Maria Luisa Rossi. Torino/Itália Nível de Qualificação: Especialização

Avaliação/nota: 89/100

Duração do Curso: 2.000 horas

Duração do Estágio: 602 horas

Ano Acadêmico: 2012/2014

Curso número: B – 155 2 – 2013 – 0

Apresentado em Torino/Itália, 19 de Junho de 2014.

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Dedico este trabalho a Edi Angelina Sargenti - minha mãe - que me ensinou desde pequeno a caminhar nas estradas da fé, da verdade e da esperança, mesmo que muitas vezes, tenhamos recomeçado do zero ou diminuído nossa marcha. A meu sobrinho Gabriel, minha irmã e cunhado, tios, primos e a todos aqueles amigos que se aproximaram para entender o que era um curso de restauro em madeiras.

Estes dois anos de trabalho, estudo e experiência dedico também ao amigo Gianfranco Mellino, exemplo de fé, simplicidade e caridade, trabalhador que não para nunca e que leva consigo (24 horas por dia) um sorriso e a vontade de sempre fazer algo pelos outros. Junto dele, Giovanni Holanda, Joselito Severo e a todos os amigos da fraternidade e do Arsenal da Esperança de São Paulo.

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Indice 1 - Árvores na Província de São Paulo - ano 1560............................................................ página 07 2 - Tecnologia e Madeiras ..................................................................................................... página 08 3 - Pesquisa.............................................................................................................................. página 10 4 - Matéria prima..................................................................................................................... página 11 5 - Eucaliptos: as árvores mais altas do mundo................................................................ página 12 6 - Brasil: do século XIX ao século XXI............................................................................ página 14 7 - Características por espécie................................................................................................ pagina 16 8 - Utilização da Madeira........................................................................................................ página 17 9 - Limitações............................................................................................................................ página 18 10 - A casca.................................................................................................................................. página 19 11 - Cor dos Eucaliptos.............................................................................................................. página 20 11.1 - Acabamentos e vernizes................................................................................................. página 21 12 - Origem da técnica de “impiallacciatura” ou folhas de madeira................................ página 22 12.1 - Tipos de cortes................................................................................................................. página 24 12.2 - Os ebanistas....................................................................................................................... página 25

- Considerações.................................................................................................................... página 26

- Agradecimentos................................................................................................................. página 28

- À Jesus, José e Maria......................................................................................................... página 30

- Bibliografia.......................................................................................................................... página 31

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1 - Árvores na Província de São Paulo - ano 1560

Do irmão José de Anchieta ao General Padre Diogo Laines - Roma (carta sobre coisas naturais de São Vicente - SP)

A paz esteja convosco …quanto a ervas e árvores, parece digna de menção uma (Copaiba - Copaifera Officinalis Lin) - embora haja outras que destilam líquidos semelhantes à resina, úteis para remêdios - que da um suco suavíssimo, que querem seja bálsamo. Escorre a princípio como óleo por orifícios abertos pelo caruncho ou também por incisuras feitas por facas e machados e depois coalhada parece tomar a forma de bálsamo. Exala cheiro, não demasiado, mas suavíssimo, e è muitíssimo próprio para curar feridas, de maneiras que em pouco tempo nem sinal fica da cicatriz (como dizem estar comprovado pela experiência).

Há outras árvores (Rhizophora Mangle Lin rhizophoraceae) que enchem por toda parte os estreitos do mar, onde se criam, cujas raízes, nascidas umas quase no meio do tronco, outras nos pontos que brotam e se erguem os ramos, do comprimento de lanças, se inclinam pouco a pouco para o chão, até que passados muitos dias o tocam. Na povoação, que chamam Espírito Santo, há uma árvore bastante comum, altíssima (Sapucaia - lecythes pisonis Camb, lecythidaceae). O seu fruto admirável, é semelhante à uma panela. A tampa, como que trabalhada a torno, apresenta dentro muitos frutos, semelhantes a castanhas separadas por delgadas tiras como sebes intermediárias, agradabilíssimos ao paladar. O recipiente ou panela, onde se encerram, não é de menor dureza que a pedra; e pode-se facilmente calcular o seu tamanho pelas castanhas que contém - que passam de cincoenta. Além disto, há pinheiros (Pinho do Paraná) de altura estupenda, que se multiplicam profusamente, enchendo o espaço de seis ou sete milhas. Ao seu fruto dão os índios por antonomasia o nome particular (que é comum a todos os demais frutos) de iba, que quer dizer “fruto”: são compridos à feição dos (pinhões) da nossa terra, mas muito maiores, de casca tenra, semelhantes ao miolo das castanhas. As terras do norte não produzem estas árvores. …há uma árvore (Gameleira - Ficus doliaria Mart., moraceae), da qual cortando-se a casca com a faca ou quebrando-se um ramo, sai um líquido branco, parecido ao leite, mas mais espesso, o qual, se se beber pouco, desembaraça os intestinos e limpa o estômago com um vômito de grande violência; mas, se houver demasia na porção, por pouco que seja, mata…

São Vicente - Brasil, 31 de Maio de 1560 o último da Companhia de Jesus, José.

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2 - Tecnologia e Madeiras

Imagine que você está na China ou Índia e coloca na calçada, próximo a uma caçamba de lixo, partes de um computador. Pouquíssimos minutos mais tarde aqueles objetos desaparecerão, para reaparecerem na garupa de uma bicicleta que recolhe “objetos estranhos”.

É isso que acontece com os resíduos eletrônicos. Esta é uma reciclagem diferenciada informal, silenciosa, tolerada pelos governos por que é útil e garante trabalho a uma parte da população que de outra forma não haveria com o que se sustentar. Ou pior, uma população que não pode mais retornar às atividades agrícolas, em zonas contaminadas por esse lixo.

Porém, voltando alguns séculos atrás, na “trilha” da tecnologia daquele período, encontramos um dos materiais mais importantes, desde o princípio do mundo: a madeira (seja para o desenvolvimento da vida cotidiana, seja para indústria). Importante fonte de renda, motor da revolução industrial e artística, que hoje vive um momento particular, pois as novas tecnologias não tem mais necessidade de materiais, que como ela, não se degradam com a ação do tempo e que não modificam sensivelmente as próprias características de resistência. O mundo “moderno” encontrou o ferro, o tecido, o plástico... e um mar de opções baratas (mas nem sempre), produzidas pela natureza ou pelas mãos dos homens.

A céu aberto ou fechados nas favelas, a viagem dos resíduos “modernos” entope, por exemplo, uma parte da Ásia. Estradinhas estreitas entre telas sem vidros; movimento pouco comuns em portas suspeitas; minúsculas lojas das quais surgem teclados e cabos eletrônicos, este é o mundo contemporâneo ao contrário, aquele feito de tecnologia, símbolo do mundo ocidental que sem olhar e sem saber, a maioria das vezes, deixa morrer os próprios vícios nos lugares que são conhecidos apenas por quem ali vai. Ou por quem ali trabalha o que é ainda pior. São na maioria das vezes, lugares iluminados pela própria feiura, desolação e perigo (não social, mas ambiental): são lugares onde a tecnologia vai morrer - principalmente aquela usada no Ocidente e que se mistura com aquela consumida no Oriente.

De qualquer forma, trata-se de negócios ilegais, por que da avançada Europa, justamente no século do smartphone e da possibilidade de controlar tudo através da tecnologia, 75% dos resíduos de aparelhos eletroeletrônicos não se sabe, que fim leva.

Questão de retórica, por que crianças indianas que separam os teclados, idosos que entre fios e cabos desmontam no colo os monitores, sabem perfeitamente onde vai parar a tecnologia. E sabem também as organizações de um mundo ilegal de resíduos que sobre esse tráfico fazem uma montanha de dinheiro, oferecendo trocados e doenças àqueles que desse trabalho sobrevivem. São materiais em desuso, por que olhando pelas estradas desses lugares, alguns equipamentos estão em perfeito estado, mas não estão mais na “moda”. É difícil e perigoso para saúde, mas ainda assim é um trabalho.

Na China não é muito diferente: o desmanche dos resíduos eletrônicos, oferece muitas oportunidades de trabalho para a população local, por que o lixo eletrônico cria expectativas, sobretudo em um país sedento por recursos naturais. Da outra parte, o efeito negativo desses resíduos é enorme: alguns metais são muito venenosos e tóxicos aumentando a poluição do ar, dos rios locais e do solo.

Observando esse cenário, com todo esse desenvolvimento ainda é possível nos dias de

hoje encontrar madeiras para produzir alguma coisa ou quem sabe, restaurar obras feitas de madeira?

Imaginem na Europa, quantas pontes, igrejas, palácios foram feitos com essa matéria prima.

Obras primas que encontram no restauro da madeira uma das poucas estradas para contar às futuras gerações a história da humanidade.

Porém hoje existe a necessidade de usar a madeira de forma consciente, não predatória, já que mais cedo ou mais tarde o nosso solo, o ar, nossos rios se tornarão mais poluídos, contaminados. A

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madeira nos países industrializados conseguiu nos últimos anos recuperar uma importante fatia do mercado, seja por suas propriedades e características típicas (toque, qualidade, beleza e perfume) seja porque já se transformaram em materiais raros. Atualmente, lugares onde a madeira é pouco trabalhada (ou mesmo inexistente) possuir um móvel, um objeto, ou um simples elemento decorativo de madeira tornou-se símbolo de prestígio e riqueza.

É comum escutarmos que a madeira é um material renovável, mas onde plantaremos

as novas árvores ou em que parte do mundo poderemos encontrar florestas para cultivá-las? Até este momento, a América Latina não aparece na “rota” mundial de desmanche de lixo

tecnológico. Mas isso não quer dizer que a terra dessa parte do mundo permanecerá fértil para sempre. As florestas continuarão a produzir matérias primas, mas não sabemos ainda como as novas gerações aprenderão a gerir “os frutos da natureza”, já que aos poucos técnicas artesanais de trabalho estão se perdendo, estão sendo esquecidas.

Justamente no Brasil - que possui uma posição geográfica privilegiada, numerosas espécies de madeira e um vasto espaço para plantações - há alguns anos atrás foram criados sistemas de “reflorestamento sustentável”, reconhecidos internacionalmente. Isso quer dizer que encontramos, junto às “zonas originais”, espaços onde as árvores foram plantas pelos homens. Não podemos nos esquecer que em outras regiões da América Latina, existem países com restrições de uso da madeira - devido a questões culturais, extrações predatórias, pouca informação. Tudo isso não ajuda no desenvolvimento desse tipo de “reflorestamento”.

Saindo das “florestas” e voltando às cidades, dados do Greenpeace dizem que não sabemos o destino de 75% dos resíduos tecnológicos produzidos na União Europeia e 80% dos resíduos produzidos nos Estados Unidos. Isso por que uma parte desses resíduos ainda está esquecida em garagens, galpões, depósitos e provavelmente serão depositadas em aterros clandestinos ou caçambas comuns. Certo mesmo é que grande parte desse lixo, será exportada (ilegalmente) para uma região muito pobre do mundo, recomeçando todo ciclo.

Para não deixar que nesse nosso tempo de vasta tecnologia (ainda que não saibamos até quando durará) nossas reservas naturais desapareçam ou morram contaminadas pelos resíduos eletrônicos, devemos encontrar soluções para manter as obras feitas de madeira, devemos encontrar a estradas justa para não desperdiçar ainda mais o pouco que resta da natureza.

É tempo de nos perguntar, quando utilizamos matérias primas naturais: - A madeira que estou trabalhando, que comprei, qual a sua procedência? - Por acaso, faz parte de um “esquema clandestino” de comércio? - Será que essa madeira foi produzida respeitando sistemas sustentáveis?

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Amostra de Eucalipto - Xiloteca do IFSP (Brasil)

3 - Pesquisa Em 2013 tive o prazer de conhecer a Doutora Sandra Florsheim (pesquisadora científica do IFSP - Instituto Florestal do Estado de São Paulo, Brasil). Ela me explicou a possibilidade de utilizar a madeira de eucalipto em vários segmentos do mercado, como a produção de móveis, estruturas internas e externas entre outras aplicações. Tais experimentações já foram realizadas com grande sucesso em outras partes do mundo, mas também no Brasil. Fiquei surpreso quando a Dra. Florsheim me apresentou amostras de madeira de eucalipto, cada uma com cores particulares, partindo do mais claro chegando a tonalidades mais escuras.

Impossível não se surpreender. E duas perguntas surgiram... - Como é possível existir essa variedade de cores? - Porque o eucalipto é pouco conhecido no mundo de restauro de móveis? A justificativa para variedade cromática vem do fato que em uma plantação de sementes, não

se derruba a árvore mais alta, mais bonita, mais forte. Ela continua ali e se torna a “matriz” para as outras que virão. Após um período de produção, essa matriz é cortada, mas não poderá ser usada para os fins mais comuns (o mercado mais importante atualmente desse setor é a produção de papel), pois já está fora das medidas estabelecidas.

Os pesquisadores do IFSP encontraram árvores de 15, 20, 30 anos, que não foram cortadas, se tornaram velhas e não produziam mais “sementes boas”. Esse longo período de “espera” fez com que algumas espécies produzissem madeiras com cores variadas e muito diferentes entre si.

Após dois anos de experiência, estudando e trabalhando madeiras, conhecendo quais são suas caracerísticas, cores, propriedades e aplicações, posso dizer que existe a possibilidade de usar essa fascimante “matéria prima” para realizar trabalhos de restauro, sem agredir a natureza ou sem estinguir as fontes naturais desse material. Nessa pesquisa, temos como objetivo falar da história e da possibilidade de trabalhar a madeira de Eucalipto - proveniente de reservas confiáveis - de entender onde se escontra, qual a sua resistência, quais são as espécies mais conhecidas e onde podem ser empregadas. Falaremos também de uma técnica muito difundida no século XVII e que ainda hoje ocupa um lugar privilegiado no mundo do restauro.

Este pode ser um exemplo de como trabalhar com tecnologia e materiais naturias, em um mundo sempre com pressa para crescer.

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4 - Matéria prima

Após a guerra dos trinta anos (1618-1648), é a França que assume na Europa o “posto” de ditar as tendências no campo das artes - posição que anteriormente pertencia a Roma. O pais que Luis XIV (1638-1715) encontrou quando se tornou rei (1661) tinha sido preparado para acolher um novo desenho: o absolutismo. Este perído que depois será chamado de “barroco”, teve inicialmente uma referência iconográfica exclusivamente religiosa. Pouco tempo depois, o contexto foi se tornando mais laico, as obras de arte deixaram de ser persuasivas transformando-se em comuicativas. O problema não era convencer o povo que apenas a Igreja poderia triunfar sobre as misérias do mundo, mas convencê-lo a identificar um só homem como o poder, que não deveria ser discutido, mas imposto e “demonstrado” em todas as ocasiões e com todos os instrumentos possíveis: legislativo, militar e também artístico. A estrutura linguística do barroco não mudou, mas variou o sujeito, que não era mais Deus, mas o rei. E esse rei era Luis XIV.

Várias personagens se aproximaram do rei da França para construir esse desenho. Tais homens além do rei, criaram o estilo Luis XVI e assim nasceram diversas “indústrias reais” (a primeira delas os Gobelins), nas quais se realizaram trabalhos de tapeçaria, tecidos e objetos de incrível beleza. Como por exemplo trabalhos de Saint-Gobain para fabricação de vidros e espelhos.

Devido o longuíssimo período do reinado do Rei Sol, é possível subdividir o gosto e o estilo Luis XVI em três grandes grupos. O primeiro indica os anos da juventude do rei (entre 1643 e 1661). O gosto era ainda muito influenciado pela arte italiana. O segundo grupo é aquele dos motivos ornamentais derivados da antiguidade clássica e o terceiro é aquele das linhas dos móveis que se “suavisam” com a introdução da linha curva.

Por esses motivos, podemos dizer que após 1650 (aproximadamente), Paris se transforma por excelência na cidade do bom gosto. Todas as tendências para a moda, móveis e gastronomia foram criadas a partir dessa cidade. Ainda hoje, em um mundo globalizado é fácil encontrar referências com raízes em um dos vários estilos franceses.

Somente após 1960, a Itália se tornará novamente a referência para estilo de móveis, quando a cidade de Milão se transforma na capital do móvel. Mas esse intervalo, fez com que a Itália lentamente esquecesse dos artesãos, dos restauradores, das técnicas de trabalho, das escolas de belas artes. Ainda hoje, na França - mas não apelas ali - encontramos pequenas oficinas, escolas, mão de obra especializada e lojas que vendem materiais, colas e ferramentas, como se fazia a mais de cem anos atrás.

Umas das primeiras estradas que escolhemos para entender a história da madeira de eucalipto no mundo do restauro, foi uma pesquisa (via internet) em uma dessas lojas centenárias de Paris.

A tradicional loja familiar, Les fils di J. George - Bois di placage toutes essences há quatro gerações especializou-se na produção de folheados1 de madeiras raras ou preciosas. Desde o século XIX eles possuem um estoque com mais de 170 espécies de madeira.

Educadamente, perguntei a eles, se existia alguma notícia histórica sobre trabalhos ou restauros com a madeira de eucalipto. A resposta....

Paris, 28 de novembre de 2013 Sr. Ivan, obrigado por sua mensagem. Não temos nenhum conhecimento que dentre nossos muitos clientes se utilize madeira de eucalipto, seja para restauro de móveis, seja para produção dos mesmos. Desejamos boa sorte em sua pesquisa. Cordiais saudações. Frederick GEORGE

Naquele momento, compreendemos que toda tradição francesa, de nada nos serviria. Tivemos então que fazer uma outra viagem, até um país um pouco abaixo da linha do equador.

1 - Folheados: ver página 22

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5 - Eucalipto: as árvores mais altas do mundo

Eucalyptus deriva do grego: eu = bem, kalyptos = esconder (esconde um bem), pois suas pétalas escondem o fruto. É um gênero de plantas sempre verde que pertence à família das Mirtacee, com mais de 600 espécies diferentes e muito difusas nos países de clima temperando, justamente pela fama di poder purificar zonas com malária, espantando insetos nocivos e deixando o ar mais puro. Sempre foi conhecido por seus numerosos usos farmacológicos e fitoterápicos

Originário da Oceania (Austrália, N.Zelândia, Tasmânia e Nova Guiné) são as árvores mais altas do mundo, mais altas do que as sequóias da Califórnia. A espécie E.globulus é uma árvore de consideráveis dimensões: nas zonas de origem pode atingir de 70/80 metros, mas normalmente sua altura é de 40/55 metros e o tronco pode chegar a 2 metros de diametro.

Desde tempos remotos, os aborigenes autralianos conheciam e faziam uso do óleo de eucalipto para curar feridas e baixar a febre. O koala passa quase toda sua vida nas árvores de eucalipto, se alimentando com as folhas; justamente por isso, o koala esala um agradável perfume. Seu metabolismo é muito lento o que o obriga a permanecer imóvel grande parte do dia.

Foi um botânico frances do século XVIII que difundiu na Provença (França) as maravilhas médicas do eucalipto. Rapidamente a planta se difunde em toda Europa por sua beleza e seu agradável perfume. Na Itália, encontramos as espécies E.corymbosa, E.citriodora, E.camaldulensis, que são usadas para reflorestamento de bosques, graças a seu rápido crescimento e poucas exigências.

No decorrer dos anos, a fama dessa madeira difundiu-se em todo mundo. Várias espécies são cultivadas abundantemente nos países quentes e temperados-quentes. Em geral é uma madeira dura, resinosa, durável. De uma árvore, usa-se tudo: das folhas são extraidos óleos essenciais utilizados no

Domínio: Eukaryota

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Myrtales

Família: Myrtaceae

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Divisão: Magnoliophyta

Gênero: Eucalyptus

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mercado alimentício, farmacéutico, perfumaria e também produtos de limpeza. Na casca encontramos o tanino2 , o tronco oferece madeira para postes, estrutura, dormentes, cruzetas além de móveis e embarcações. Hoje, das fibras e polpa é produzida energia, mas atualmente a madeira de eucalipto está sendo usada principalmente para produção de papel.

A introdução dos eucaliptos na Itália no final do século XVIII é contemporâneo ao resto da Europa. As primeiras notícias deste gênero na Itália são fornecidas por G. A. Graefer. Em seu catálogo - publicado em 1803 para os jardins reais de Caserta - encontramos uma planta de E. robusta; pouco depois acontece a identificação de um E. capitellata (Villa del Principe di Bisignano, Barra). Em 1809, no Horto Botânico de Napoli, existiam oito espécies de eucaliptos citadas por Graefer em seu catálogo, entre elas o E. Camaldulensis (dedicato ao Duque de Camaldoli que em seu jardim cultivava uma importante coleção de plantas). Naqueles anos, o eucalipto difundiu-se em muitas partes da Itália, decorando muitas propriedades reais (Monte Argentario, Porto Empedocle, Pegli na Liguria).

Uma ampla obra de difusão na Itália aconteceu graças aos Monges Trapistas da Abazia di Tre Fontane em Roma (1869) que enxergaram os eucaliptos como uma fonte econômica e iniciaram as primeiras plantações, criando as primeiras formações monoespecíficas. O abade Franchino, enviado ao Ministério da Agricultura, mostrava que no decorrer de um ano foram plantados 28.500 eucaliptos e que a saúde dos monges das Tre Fontane melhorou consideravelmente.

Os perfumes dos eucaliptos convenceram o governo de Roma a pressionar os proprietários do Agro Romano a plantarem essa espécie, entendendo que poderiam melhorar o ar e acabar com a malária; alguns resultados foram obtidos, mas a diminuição da doença foi atribuida ao absorvimento das águas paradas pelas plantas. As espécies italianas se demonstraram resistentes seja à neve, seja à seca, possibilitando sua difusão por todo pais.

Sabemos que os eucaliptos eram usados há muitos tempo em todo o mundo e futuramente se transformará na base para a maioria dos produtos de madeira. A diferença (grande) que existe hoje entre oferta e procura nos mercados internos e externos ajudaria no processo de substituição de madeira nativas, por madeiras de eucalipto.

Mapa mundial do cultivo de eucaliptos em 2008. GIT Forestry Consulting Eucalyptologics

2 - Tanino: Substância química presente nos vegetais capazes de - combinados com proteinas da pele animal - auxiliar na putrefação, tranformando tais peles em couro.

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6 - Brasil: Do século XIX ao século XXI

Segundo escritos de Edmundo Navarro de Andrade 3 é provável que tenha sido o Chile a receber (deixados por um veleiro inglês) os primeiros eucaliptos na América do Sul em 1823. Uma citação histórica importante diz que existem sinais de exemplares di E. globulus, provavelmente plantados no jardim botânico do Rio de Janeiro em 1825. Outra fonte diz que árvores de eucalipto foram encontradas no interior de São Paulo no início de 1860 (aproximadamente).

Falando do Brasil, é muito difícil dizer com esatidão como, quando e onde esta espécie se desenvolveu. Pode-se dizer que foi na cidade do Rio de Janeiro, ou na província do Rio Grande do Sul. Qualquer data ou estado, todas as informações podem ser reais.

Independentemente de tudo isso, segundo E. de Andrade pode-se dizer que o eucalipto chegou no Brasil entre 1825 e 1868. As primeiras plantas eram

usadas para decoração, como “para vento”, ou ainda para extração de óleos essenciais. Neste período, em outros países o eucalipto já se distinguia pela produção da madeira, uma vez que crescia muito mais rápido que outras árvores.

No final do século XIX, superada a substituição da mão de obra escrava pela imigrante (europeus em sua maioria), São Paulo vivia um novo perído de crescimento: tinha mão de obra mais especializada (com relação a outras cidades); crescia o consumo de mercadorias produzidas internamente; estados vizinhos começavam a mostrar interesse em todo tipo de mercadoria produzida. Do cultivo de cana de açúcar ao café, passando pelo algodão e todos os gêneros alimentícios, o setor agrícola e junto dele todos os outros setores, precisavam mudar o antigo método de distribuição da produção: a distribuição precisava ser mais rápida, superando as grandes distâncias para garantir a qualidade. A solução encontrada era utilizar o trem - meio de transporte seguro que porém impunha maciços investimentos financeiros, criações de novos destinos... Apenas assim seria possível transformar a velha malha ferroviaria em um grande instrumento de desenvolvimento. Justamente nesse período a vegetação nativa tornou-se a “solução” para o progresso. Com o crescimento do mercado, as fábricas da cidade produziam sempre mais móvies, mesas, janelas, portas (mas não apenas isso) utilizando diferentes madeiras. Para manter toda essa demanda, novas florestas nativas eram cortadas. Lentamente, as reservas naturais começaram a diminuir, afastandos-se das cidades. As características do eucalipto - até o momento pouco utilizadas - tinham levado E. de Andrade a considerá-lo uma importante fonte para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro que consumia muita lenha para as locomotivas, para os postes de luz, dormentes e cercas. Após alguns anos, outras sociedades ferroviárias como: Mogiana, Sorocabana, Noroeste, Bragantina, Central do Brasil e Santos-Jundiaí também precisavam de uma quantidade infinita de madeira para se manter. Neste período, eram estraidos das florestas tudo que a cidade precisava. Mas até quando essa prática seria possível? Quando E. de Andrade propos a substituição de madeiras provenientes de florestas, por madeira de eucalipto, não encontrou - num primeiro momento - confiança da parte das pessoas. Para vencer este preconceito, teve ainda que demonstrar que o eucalipto crescia muito mais rápido que outras espécies e respondia muito bem às pesquisas genéticas.

3 - Edmundo Navarro de Andrade (São Paulo, 1881/1941): Político brasileiro. Ministro da Agricultura (1933/1934), fundador dos Hortos Botânicos da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Formado em Engenharia Agronômica na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra

Eucalipto globulus

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Nome científico nome comum idade 6 anos idade 12 anos idade 30 anos

diametro altura diametro altura diametro altura

Dalbergia nigra Jacaranda 0,02 1,32 0,06 2,4 0,23 17,88

Hymenaea courbaril Jatoba 0,06 3,82 0,08 5,02 0,15 14

Eucalipto grandis Eucalipto 0,13 13,6 0,21 21,1 0,45 37,3

Superada esta primeira barreira, o eucalipto começará a viver um momento aureo, tornando-se

um produto importatne para economia brasileira, até os nossos dias. Pouco tempo depois, em 1909 foi criado o Horto Florestal de Rio Claro - SP. Em 1924, E. de

Andrade realiza a primeira viagem para Austrália com a finalidade de conhecer ainda mais as várias espécies desse importante árvore. Voltando ao Brasil, trouxe consigo 166 plantas e assim em Jundiaí, graças a ele foram plantadas com sucesso árvores de eucalipto e toda essa região que se transformou no “berço” da silvicultura e da eucaliptocultura para todo o Brasil.

As primeiras espécies plantadas que tiveram sucesso foram: E. botryoides, E. viminalis, E. grandis, E. urophylla ("E. alba" de Rio Claro), Corymbia citriodora, E. camaldulensis, E. triantha, Corymbia maculata, E. paniculata, E. pilularis, E. propinqua, E. microcorys, E. punctata, E. saligna, E. robusta, E. tereticornis.

E. de Andrade conseguiu plantar tanto nas terras da Cia Paulista de Estradas de Ferro, quanto nas

pequenas propriedades agrícolas trornando-se respensóvel pela plantação de aproximadamente 24 mil árvores no estado de São Paulo, transformando-se no “pai da eucaliptocultura do Brasil”.

As plantações de São Paulo foram exemplo para outros estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerias e Rio de Janeiro. Neste período, encontrava-se eucaliptos em todo território brasileiro.

Depois de um período de sucesso - principalmente no campo da pesquisa científica - o horto botânico de Rio Claro vive um momento de declínio devido - entre outras coisas - às controvérsias políticas, filosóficas e administrativas... uma parte da sua área total foi desapropriada ou vendida; das espécies plantadas por E. de Andrade restaram atualmente pouco mais de 60.

Em 1916 o antigo horto é transformado em “F.E.E.NA” (Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andreade), possibilitando a conservação ambiental de grande parte das espécies ali plantadas e “acolhendo” também exemplos de aplicações práticas da biodiversidade local mas não apenas isso.

Assim, dentro da F.E.E.N.A nasce o Museu do Eucalipto, lugar onde é possível encontrar diversos tipos de documentos, livros, materiais industriais e comerciais. O museu foi pensado por E. de Andrade com o objetivo de apresentar à sociedade brasileira as maravilhas desta madeira. A casa princiapal do antigo horto possue uma infinidade de produtos feitos com essa madeira: tábuas do pavimento, janelas, tetos, portas, mastros, móveis, sofás, mesas e obviamente papel.

4 - Silvicultura: Método com o qual as árvores são cultivadas como qualquer outra cultura anual, tendo como objetivo a produção de madeira e a seleção da melhor “população” para produzir sementes. A silvicultura intensiva rompe com os métodos de regeneração natural, prepara o solo e estabelece plantações com caracteristicas específicas. Malinovski, J.R, Camargo C.M.S. Depto. Ciências Florestais - U F P

Eucalipito tereticornis

Eucalipito saligna

Eucalipito robusta

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7 - Características por espécie

Os eucaliptos crescem rapidamente também em solo duro, se adequam a terrenos secos ou molhados. Possuem flores que atraem abelhas, folhas cheias de essências medicinais e madeira versátil para muitos trabalhos.

Em geral, todas essas madeiras apresentam deformações com a variação da umidade e temperatura. A mesma coisa ocorre com várias espécies de eucalipto, principalmente no processo de secagem. Sofrem ataques de cupins, seja pela maior ou menor presença de alburno, seja por suas características próprias por espécie.

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus grandis Toobur, Flooded gun, Rose gum Austrália, cultivado no Brasil e África do Sul

Muito utilizado na construção, o E. grandis é um dos mais disponíveis no mercado. Apresenta densidade5 média e baixas propriedades mecânicas.

Pode ser usada para: assoalho, estruturas externas, paletts, móveis, placas, postes, caixas, casas.

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus citriodora Lemon-scented gum Austrália cultivado na África do Sul, América e Ásia

Indicato para produçaõ de caibros, traves... o E. citriodora apresenta resistência média, elasticidade e estabilidade dimensional elevada.

Esta madeira pode ser usada para: estruras internas e externas, assoalhos, móveis, utensílios, barcos.

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus saligna Sydney blue gum Austrália, cultivado no Brasil e África do Sul

A madeira de E. saligna é indicada na produção de móveis como cadeiras, mesas. Apresenta notável resistência mecânica e densidade média. Esta madeira pode ser usada para: estruturas internas, assoalhos, móvies, placas e caixas

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus pilularis Blackbutt Austrália, cultivado no Brasil

Muito difundido na construção civil, com densidade elevada e modesta resitência, a madeira do E. pilularis apresenta baixa permeabilidade e baixa presença de alburno. Esta madeira pode ser usada para: leves estruturas internas, assoalhos, cosntruções civis.

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus paniculata Grey Ironbark Austrália, cultivado no Brasil

A madeira de E. paniculata em contato com o solo apresenta grande resistência aos ataques de cupins pois, a quantidade elevada de alburno, garante uma maior proteção para essa madeira. Esta madeira pode ser usada para: construções civis, serrarias e marcenaria em geral

Nome científico Nome comum Origem

Eucalyptus tereticornis Forest red gum Austrália, cultivado no Brasil

Com uma boa resistência e elasticidade, a madeira de E. tereticornis apresenta uma longa durabilidade natural, sua resistência é média e a densidade é elevada. Esta madeira pode ser usada para: estruturas interans e teto. 5 - Densidade: É a relação entra massa x volume de uma madeira.

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8 - Utilização da madeira

Ainda que se trate de uma árvore de crescimento rápido, o eucalipto é bem estruturado e de

belo aspecto e recebe vernizes e com ótimos resultados. Encontra utilização seja como tábuas, seja como peça maciças na confecção de móveis de valor, objetos decorativos e ainda como postes e construções destinadas a permanecer embaixo d’água.

Normalmente ao trabalhar o eucalipto encontramos vários problemas devidos à utilização pouco correta desta madeira e a falta de ferramentas e processos específicos.

Depois de alguns testes, podemos dizer que (semelhante a outras madeiras) cada um se adpta a um tipo específico de aplicação. Os parâmetros de qualidade já foram definidos. Uma ótima notícia principalmente para construção civil e de móveis, é que encontramos melhores e evidentes perspecitivas de crescimento e a possibilidade de utilizar de forma intensiva uma materia prima originária de plantações sustentáveis com resuldatos muito satisfatórios. Tudo isso foi possível, graças à produção de florestas jovens, ciclos curtos e de rápido crescimento. São esses processos especiais que tornam a madeira de eucalipto mais valorizada pela indústria.

Quando falamos de eucalipto no Brasil, não pensamos em sua utilização pelas carpintarias, marcenarias, serrarias, muito menos na utlização de placas, cadeiras, portas. Essa era uma madeira pouco utlizada. Apenas alguns anos para cá, é possível encontrar trabalhos diversificados com essa espécie. Pelo fato de ainda encontrarmos no mercado algumas madeiras nativas, preferimos umas destas do que aquelas de eucalipto. Tudo isso porque pouco se conhecia e pouca tecnologia se empregava para descobrir a versatilidade e as grandes potencialidades dessa madeira. Na realidade, grandes indústrias se concentraram na produção de celulose, esquecendo praticamente todos os outros usos para essa madeira.

No estado do Rio Grande do Sul porém, a história nos leva para uma outra estrada. Por muitos anos, como de costume, toda madeira usada era nativa, depois (lentamente) as

espécies foram desaparecendo e tornaram-se protegidas por leis ambientais. Até este ponto, o eucalipto não encontrava espaço no mercado, mas graças ao trabalho de muitos, graças também a incentivos fiscais, o eucalipto conseguiu se transformar em um produto de qualidade.

Utilizado inicialmente como estrutura interna de sofás, conquistou outros espaços nunca imaginados. Desenvolvido para móvies de jardim, depois para terraços e finalmente móveis de escritório conseguiu se transformar no substituto do mogno - que praticamente não existe mais na Amazonia. Neste período, começaram as pesquisas científicas sobre eucaliptos, mesmo sendo desconhecido pela maioria das pessoas. Assim, com um “pé” no mercado e um outro nos laboratórios, o eucalipto tornou-se uma alternativa para indústrias de construção, móveis e paineis.

Podemos dizer que não existe eucalipto ideal para o mercado mobiliário, pois não existe um controle da materia prima para esta finalidade. Grande parte da madeira usada até agora, chega de plantações desenvolvidas para produzir papel ou combustível, com pouco atenção para utilização desta madeira em outros setores do mercado.

Uma iniciativa no campo das serrarias (mas ainda pouco difundido para móveis) é o emprego de um selo verde6 que identifica a proveniência da madeira, indicando se aquele material chega de uma fonte conhecida; se não foi cortada de forma predatória, em áreas protegidas ou que sofrem ainda qualquer tipo de degradação. Preocupados com a natureza, paises como EUA, Alemanha, Inglaterra entre outros, trabalham com esse sistema de selo.

Em 1999, por excesso de materia prima proveniente de árvores com mais de 7 anos, a empresa Aracruz Produtos de Madeira (no estato da Bahia) decide trabalhar com eucalipto como base para móveis. A placa de madeira de eucalipto denominada Lyptus7 nasce no Brasil, seduzindo definitivamente o mercado internacional. 6 - Selo verde: Certificação de qualidade ambiental para produtos de origem florestal, criada pela FSC (Forest Stewardship Council). 7 - Lyptus: madeira de eucalipto com mais de 14 anos.

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9 - Limitações A madeira de eucalipto originária de árvores de idade avançada é muito mais estável e madura.

Por exemplo, na Austrália, a construção civil adotou a prática de não utilizar esta madeira com menos de 25 anos. Eles identificaram que é um gênero maleável e responde bem ao desenvolvimento genético, com novos horizontes de uso.

Em geral, o eucalipto - como outras madeiras - possue limitações própria, e por essa complexidade as aplicações tem se diversificado. Atualmente já existe uma longa lista (conforme tabela pág. 16) com a indicação e utilização específica para cada tipo de eucalipto, bem como as principais dificuldades de aplicação para os vários mercados existentes.

A secagem é um dos maioires problemas para esta espécie. O processo deve ser feito com muita atenção, independentemente da estação do ano. Para alcançar os melhores resultados, é preciso levar em consideração a aplicação que se pretendo com o produto pronto, visto que o eucalipto pode sofrer “torções” ou “rachar” depois dos primeiros processos. Esta madeira, ainda que seca pode demonstrar umidade superior aos 30%, ou seja um valor considerável. O método natural é muito lento, muito caro e por isso mesmo, não aconselhável. Podemos dizer que este sistema necessita de grandes depósitos para a estocagem da matéria prima

Outro problema são os nós. Em um eucalipto normal, as dimensões dos nós aumenta com a altura da planta. Os nós pequenos encontram-se na base e os maiores nas partes altas. Uma elevada presença de nós produzirá quebras, pedaços deformados, variações dimensionais lineares e volumétricas.

Existe uma tendência nos eucaliptos atribuindo as tensões de crecimento e suas consequências às grandes taxas de crescimento, porém não é comprovado que taxas maiores de crescimento demonstrem maiores tensões de crescimento. Isso não quer dizer que “tensão de crescimento” seja a mesma coisa que “velocidade de crescimento

Estudos dizem que o eucalipto deve ser trabalhado enquanto apresenta índices de umidade vizinho àqueles determinados, em outras palavras para garantir o bom êxito do processo não é indicado trabalhar com a madeira após um longo período de “descanso”. É aconselhado deixar o eucalipto descansando na própria floresta, pois ele é sucetível aos ataques de insetos e cupins.

Quando falamos da durabilidade natural do eucalipto devemos recordar que - diferentemente de outras árvores - essa madeira apresenta um grande percentual de alburno, fator que influencia na presença de organismos como fungos.

Entretanto existem ainda hoje, espécies de eucalipto praticamente desconhecidas. Tudo por que trata-se de uma “materia prima” pouco apreciada, ainda jovem no mercado. Baixa disponibilidade, máquinas não específicas e falta de informações fazem sim que a utilização seja ainda muito reduzida. Estes fatores induzem o comprador final a escolhar um outro tipo de madeira.

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10 - A casca

O eucalipto também é conhecido por seu aspecto externo. As belíssimas cores provem de

centenas de cobinações e se revelam principalmente na casca da árvore, da qual se pode identificar a espécie.

Feita de um “tecido” específico, a casca é o revestimento externo de todas as árvores que transportam estratos orgânicos elaborados pelas folhas armazenando substâncias energéticas minerais nutritivas. Partindo da raiz e chegando até troncos e ramos.

Dotada de compostos tóxicos, possui funções protetivas contra ataques de insetos, fungos e pássaros. A casca evita que o xilema8 fique exposto e sujeito ao ressecamento.

Seu aspecto varia muito segundo a espécie e a idade da planta. Pode apresentar desenhos e espessuras variadas na mesma árvore. Nas plantas jovens, a casca apresenta-se mais lisa, mas também existem espécies com casca rugosa.

Vários exemplos de cascas de eucalipto

Enquanto a planta cresce é normal que pedaços da cascas se desprendam, e ao abrir-se formam desenhos na superfíce da árvore.

Artesãos aborígenes das antigas civilizações (mais ainda hoje), utilizavam a casca como base para pintura e desenhos, já que de algumas espécies é possível retirar um tipo de lâmina. Esses artistas produzem também barras, potes, pratos, pequenos barcos, casas (parede e teto), objetos decorativos e sacros.

Viajando pelo mundo, encontramos muitas árvores de eucalipto em jardins e praças, utilizados como decorações graças as cascas multicoloridas e à sombra que produzem. Por esse motivo, podemos dizer que é comum encontrar àrvores de eucalipto no campo e nos centros urbanos.

Algumas vezes se parecem a uma casca ou folhas lisas de papel. Podem apresentar estrias ou fios grossos. Em todos esses casos, o contrate é fantástico. Tudo isso podemos encontrar em árvores jovens como naquelas com mais de 4 anos, quando a espessura da casca é mais acentuada.

Madeira de eucalipto com casca - Museu da Madeira (São Paulo - Brasil) Dependendo da época do ano, as cascas mortas se desprendem dos troncos. Isso ocorre mais

frequentemente nos meses quentes do verão. Essa substituiççao é gradual, por isso é possível ver o contrate de cores entre a velha casca e o novo tecido que chega, cheio de vida.

8 - Xilema: é a madeira propriamente dita, dividida em alburno (parte nova, clara e mais externa) e durame (parte escura, mais interna).

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E. punctata

E. resinifera

E. pilularis: tons amarelados

E. grandis: durame rosa, alburno cinza claro. Lume moderato e odor ausente

E. saligna: tons bege avermelhado. Lume assente

E. propinqua

E. citriodora: tons esverdeados E. maculata: tons

avermelhados

11 - Cores do eucalipto

As cores das madeiras derivam da composição química presente nas substâncias que

encontram-se no xilema. Entretanto esta não é uma característica estável, podendo variar com o tempo (escurecendo) graças à oxidação provocada pela luz, que reage com os componentes químicos presentes. São justamente as cores que classificam esteticamente uma madeira como aceitável ou não.

A maior parte das 600 espécies de eucalipto conhecidas possuem uma tonalidade marrom avermelhada mais ou menos acentuadas. Existem porém variedade de cores que vão do amarelo palha ao marrom claro, passando pelo marrom escuro chegando quase ao preto. Pode parecer estranho, mas foram encontradas madeiras com cores do lilas até o laranja.

Abaixo listamos 16 diferentes amostras de eucalipto, colhidas nos hortos que o estado de São Paulo mantém para realizar suas pesquisas científicas, desenvolver análises e conhecer melhor as variações (inclusive as cores) dos vários tipos dessa madeira.

Amostra de madeira - xiloteca do IFSP (Brasil).

Os sistemas de plantações em grande escala não foram ainda modificados para produzir uma madeira adaptada aos vários mercados (por exemplo aquele de móveis). Tudo isso gera uma materia prima muito diferente entre si. As variações como cor, densidade, rentabilidade, torções.... comprometem os processos de trabalho e a qualidade dos produtos finais. Estes dados são importantíssimos para indústria de celulose, mas até agora não foram descobertos como fonte de informações pelos produtores de móveis.

E. cloeziana: durame de cor marrom avermelhado, alburno marrom claro. Não brilhante e sem odor.

E. umbra

E. paniculata

E. tereticornis: tons avermelhados

E. robusta: tons avermelhados

E. urophylla

E. dunni: tons amarelados

E. microcorys

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11.1 - Acabamentos e vernizes

Quando recebe uma camada de acabamento ou verniz, o eucalipto torna-se muito refinado e algumas vezes diferente do que era inicialmente. Quando utilizamos a goma laca - segundo a espécie e o processo de acabamento - a cor se altera visivelmente.

Abaixo, encontramos para a mesma espécie de eucalipto, um tipo diferente de acabamento. As amostras de número 1 são pedaços rústicos de madeira; as amostras de número 2 são pedaços sem

seladora9; as amostras de número 3 são pedaços com seladora. Especie amostra 1 amostra 2 amostra 3

Amostras de cor de eucalipto - xiloteca do IFSP (Brasil)

O eucalipto se apresenta com alburno menor e coloração clara (amarelo claro). Já o durame

com cores amarelo/bege chegando a um marrom avermelhado. Em grande parte das espécies, o eucalipto utilizado em áreas abertas escurece com o tempo, porém conserva sempre a mesma tonalidade.

As cores de uma madeira são importantíssimas por que são uma das características que classificam esteticamente como aceitáveis ou não. É normal encontrar neste tipo de madeira, pouco brilho (o que a caracteriza como uma madeira refinamenta).

9 - Seladora: tipo de acabamento que fecha os poros da madeira, antes da aplicação de um produto definitivo. * SPSF - número da amostra, segundo a norma da xiloteca do IFSP (Brasil) e da regra internacional do INDEX XILARIORUM.

E. cloeziana spsf * 3424

E. dunni spsf * 3423

E. grandis spsf * 3425

E. microcorys spsf * 3427

E. pilularis spsf * 3426

E. propinqua spsf * 3430

E. punctata spsf * 3431

E. saligna spsf * 3433

E. robusta spsf * 3432

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12 - Origem da técnica de ‘‘impiallacciatura” ou folhas de madeira

O intársio (ou impiallacciatura) é uma arte muito antiga. Parece que é originária da Ásia Menor

em Alicarnasso no palácio do rei Mausoleo, 350 anos antes de Cristo. O tratado L’arte del falegname ebanista editado em 1774, por A. Roubo10 diferencia três métodos

para obter decorações mediante a aplicação da impiallacciatura: aquela que utiliza lâminas, isto é folhas de madeira cortada em espessuras sutis, que serão coladas em um suporte de madeira maciço e que defini-se normalmente ebanisteria da “impiallacciatura” ou intársio; aquela que representa flores, frutos, animais ou figuras humanas usando madeira tingida ou de cor natural, que serão aplicadas seja em um fundo de madeira maciço encrustrado ou em outra madeira de valor constituindo um mosaico ou uma pintura com a madeira; e por último aquela que juntamente com outras madeiras de valor aplica casco de tartaruga, marfim, metal, pedras preciosas, etc...

O processo principal para realizar um intársio é: Tarsia certosina: é a primeira técnica utilizada e trata-se de um procedimento misto derivado da

escultura e consiste em escavar pequenos espaços em um painel maciço para inserir pedaços sutis de madeira cortada. A espessura destes pedaços pode variar muito, chegando até a 5 milímetros.

painel

folha de madeira escavado

madeira maciça

intársio tarsia certosina

Este antigo procedimento ainda hoje é utilizado unicamente no restauro de objetos que receberam tais técnicas. O trabalho é feito com formão para escavar os espaços, enquanto se prefere cortar os elementos a serem inseridos, com uma serrinha muito fina.

Até o Império Romano, esta técnica permaneceu praticamente esquecida. Apenas no século XIV na Toscana começaram a utilizar um novo procedimento denominado tarsia geométrica que consiste no encaixe de elementos no interior de uma superfície decorada. A tarsia geométrica também é conhecida como frisage. O corte da “impiallacciatura” é executado, muito frequentemente, através de um procedimento mecânico, utilizando uma serra circular ou com uma espécie de estilete.

encaixe de elementos na superfície da madeira

madeira maciça

tarsia geométrica

No século XV praticava-se o intársio em várias cidades italianas, particularmente em Firenze. Na escola fiorentina de Francesco di Giovanni di Matteo encontramos Benedetto da Maiano (1444-1496) que é considerado o verdadeiro inventor do intársio. Ele aperfeiçoou os procedimentos da tarsia geométrica criando a arte dos efeitos pictóricos e prospectivos. 10 - Andre-Jacog Roubo: (1739/1791). Ebanista de uma familia de carpinteiro/marceneiros, autores de livros.

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Maiano e seu irmão deram seu sobrenome a um estilo: o damaianesco, que é caracterizado em particular pela composição geométrica formando feiches decorativas nas superfícies. Vasari11 sobre eles comenta: “O mestre se distinguiu nas imitações das perspectivas, nas folhagens e em outras fantasias com a ajuda de madeira tingidas”.

De fato, durante este período começaram a tingir as madeiras com óleos impregnados e com cores solúveis em água. Os artistas podiam executar verdadeiros quadros em relação a quando se utilizava apenas as madeiras com suas cores naturais.

As formas do Renascimento foram acentuadas no século XVI com a tarsia geométrica. Os elementos de “impiallacciatura” foram cortados com o formão e os vários pedaços de mosaico foram compostos por quadrados, retângulos, triângulos, polígonos, etc. A repetitividades destas composições pela utilização de peçalos muito pequenos dificultava o trabalhos dos artistas italianos, que criaram um sistema que permitia acelerar as operações e assegurar uma regularidade. A este trabalho repetitivo deu-se o nome de tarsia a toppo que consiste em colar vários feiches de madeira. Estes feiches tinham formas geométricas variadas e a estremidade reproduzia o motivo desejado. Era também conhecida como intarsio a blocco.

folhas de madeira

feiches de madeira colada

tarsia a topo ou intársio a blocco tarsia de encaixe ou técnica Boulle

O bloco obtido será cortado em lâminas sutís reproduzindo o mesmo motivo em todas as

peças. Com estes elementos “pré-fabricados”, as composições de intársio tornam-se mais fáceis e rápidas de se executar. No Ocidente a técnica se desenvolve na segunda metade do século XVI. O corte das “impiallacciature” é feito com serras, e isso possibilita um nítido melhoramento na qualidade do trabalho pois também é possível seguir traçados sinuosos com maior precisão, e consequentemente recortar com mais esatidão os motivos mais complexos.

Por volta do século XVII, o intársio reaparece com uma decoração de origem italiana, os motivos são normalmente arabescos e o corte das “impiallacciature” é mais delicado. Nasce na Alemanha a tarsia de encaixe - chamada também técnica Boulle 12. Coloca-se duas ou três folhas de “impiallacciature” uma sobre a outra e corta-se tudo junto com uma lâmina bem afiada, seguindo o traçado do desenho. Incrustra-se por fim os pedaços recortados, alternando os pedaços claros com os escuros de modo a se obter efeitos decorativos seja no positivo como no negativo.

O intársio volta a ser destaque e muitos intarsiadores se estabelecem na França pois justamente neste período o palácio de Versailles está sendo decorado. As composições (assoalhos, paineis e móveis, nos quais o intársio é aplicado) são decorados com madeiras proveniente das “ilhas” que as produzem: amaranto da Guiana; êbano de Madagascar; madeiras coloridas das ilhas do vento; bois de rose do Brasil; oliveira da Síria; sândalo e palissandro da Índia.

Os tipos de “impiallacciature” utilizados em uma obra antiga podem ajudar a definir a idade do intársio. É possível definir como primeira coisa, a espessura da “impiallacciatura”. Depois, se for possível, analisando uma amostra da “impiallacciatura” em um exame da parte colada é possível determinar se foi obtida através de serra manual ou mecânica. 11 - Giorgio Vasari: (Arezzo 1511/Firenze 1574). Pintor, arquiteto e históriador de arte italiana, influenciado por Michelangelo. 12 - Boulle, André-Charles: ver página 25.

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12.1 - Tipos de corte

Até o século XVIII, a “impiallacciatura” era obtida através de corte com serra manual. O

tronco era colocado verticalmente dentro de uma morsa e dois operários o cortavam, folha após folha, com uma lâmina de serra larga. No decorrer dos anos, as ferramentas foram aperfeiçoadas, diminuindo a espessura das lâminas e proporcionado a menor quantidade possível de sobras entre uma folha e outra, sobretudo quando eram cortadas as madeiras mais raras. Apesar da habilidade era possível encontrar uma certa irregularidade na espessura das folhas e isso apresentava um pouco de asperesa às peças, mas visto que normalmente essas “impiallaciature” eram grossas de 3 a 5 mm, o ebanista poderia aplaina-las quando fossem coladas sobre o móvel/objeto. Entretando, a maior parte das obras mais finamente trabalhadas é composta por “impiallacciaute” que não apresentavam mais de 1 ou 2 mm de espessura.

Cortar com serra uma madeira fixada, apresentava boa regularidade na espessura escolhida, e qualidade melhor, sobretudo quando as várias madeiras são cortadas sem uma prévia preparação (ver prancha). A vantagem é visível: as fibras e a coloração natural da madeira não se alteram.

Para o intársio foram empregadas madeiras de forma circular e eliptica (eram utilizados o desenho formado pelas “veias” da madeira concêntricas e que variavam em função do ângulo do corte), para dois tipos de aplicações: corte di testa - corta-se um tronco (espessura mínima 12/10 mm) de forma perpendicular a largura. As folhas de madeira são redondas e os anéis de crescimento formam círculos muito compactos; corte a fetta di salame - podem ser feitos apenas com cortes obliquos. Segundo o ângulo do corte, as folhas apresentam uma forma oval na qual os anéis de crescimento concentricos se apresentam com aspecto compacto, ou elipticos com desenhos mais alongados que seguem os contornos da folha. Esta “impiallacciatura” mais resistente que a madeira cortada com corte a fetta di salame - não podem ser feitos com corte oblíquo. Segundo o ângulo do corte, as folhas apresentam uma forma oval na qual os anéis de crescimento concêntricos se apresentam com aspecto compacto, ou elipticos com um desenho mais longo que segue os contornos da folha. Essa “impiallacciatura” - mais resistente que a madeira cortada a testa – apresenta uma espessura mínima de 10/10 mm.

corte perpendicular corte a fetta di salame corte a fetta di salame unido ao corte

di testa ou obliquo ala di farfalla

O corte mecânica surge em 1799. O tronco era fixado em um tipo de escada (com catraca) que descia em um fosso profundo mais de 4 metros. Durante o corte, o tronco subia verticalmente na estrutura que trabalhava na mesma velocidade da penetração da lâmina. As folhas cortadas mecanicamente eram mais adaptadas para compor os motivos de intársio.

Toda madeira deveria passar por uma preparação complessa (as madeira mais duras eram submetidas a cozimento). O corte através de pranchas era feito atraves de um maquinário horizontal ou vertical que trabalhava contra as fibras.

impiallacciatura barra de

lâmina pressão tronco Esquema de corte com madeira em prancha

Corte com madeira fixa

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12.2 - Os Ebanistas

André-Charles Boulle (1642-1732) não inventou a técnica que leva o seu nome, pois este

procedimento chamado tarsia de encaixe já era conhecido, mas ele lhe conferirá um estilo pessoal, e introduzirá no intársio materiais novos. Boulle realizava pessoalmente os seus desenhos, era também uma exelente escultor. Em suas composições inseria elementos de tartaruaga, cobre, estanho e bronze (aplicação da qual é o inventor).

Os simples recortes geométricos foram definidos como menuiserie en placage enquanto os intársios com elementos recortados das “impiallacciature” naturais ou tingidas eram definidas peinture en bois. Estes resistem melhor às condições metereológicas e em particular às variações higrométricas. Boulle, que conhecia perfeitamente as técnicas do intársio com madeiras coloridas, adota este procedimento por volta de 1720 e abandona o intársio com tartaruga e cobre.

Este artista seguramente levou à decoração a uma riqueza e um refinamento proporcionado pelo Rei Sol, e seguiu por meio século as esplêndidas obras realizadas sejam na decoração de Versailles seja nos trabalhos aos príncipes reais e para todos os grandes personagens de toda Europa. São numerosos os “intarsiadores” que utilizaram a técnica Boulle entre os século XVIII e o século XIX.

Os títulos de André-Charles Boulle são: Directeur des meubles à la Manufacture des Gobelins, Architecte, Peintre et Sculpteur en mosaiques, Graveur, Ciseleur, Marqueteur ordinaire du Roi et Premier ébéniste de sa maison.

Pietro Piffetti, filho de um simples garçon astigiano migrante em Torino, nasceu em 1701. Foi o

único da família a receber uma educação “sofisticada” para época: não aquela de um simples “minusiere” (marceneiro) muito menos de um ebanista de nível médio. Pifetti foi um artista para todos os efeitos, atento a cultura artística do seu tempo.

Certamente na juventude em Torino frequentou um atelier de um meste ebanista e ali aprendeu as técnicas e se fez notar por seu talento.

Provavelmente Luigi Prinotto (consagrado ebanista e uma geração mais velha) juntamente com Filippo Juvarra contribuem ao decidirem enviar Pifetti para estudar em Roma. Em 1730 foi chamado novamente a Torino - por vontade do rei Carlo Emanuele III - que o denomina ebanista da casa dos Savoia.

A técnica construtiva usada em todos os móveis de Pifetti é sempre a mesma: a aplicação de madeiras raras ou materiais preciosos de espessuras inferiores a 2mm, fixados em um pedaço de madeira maciça com cola de origem animal, aplicada quente.

No âmbito da vasta produação de Pietro Pifetti, existe um notável número de objetos e móvies destinados a fins religiosos: genuflexório, portas para capelas, monumentáis crucifixo. Dedicou ainda uma consistente parte da sua arte à elaboração de grandes e monumentais tabernáculos.

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Considerações A teoria de que uma plantação de árvores de eucalipto, consome muito mais água do que uma

plantação de Ipê Amarelo (Tabebuia spp) não foi comprovada cientificamente. Uma das várias explicações pode ser esta: não se plantam tantas árvores de Tabebuia spp para

produzir madeira, já que são árvores conhecidas por suas flores amarelas. Da mesma forma não é tão comum plantar árvores de eucalipto para embelezar um campo.

Tomando muito cuidado com o mundo das teorias e o mundo real, os produtores de madeira (especialmente no Brasil) são conscientes que empregar dinheiro e esforços em uma floresta de eucalipto equivale a fazer um investimento a longo prazo. Mesmo por que, a lista de madeira protegidas cresce a cada dia.

Quando um produtor de papel planta uma floresta sustentável de eucaliptos, seu interesse é na alta produção nas madeira do tronco (quanto maior melhor), com pouca madeira descartada, casca e raiz. Ao contrário, um produtor que pretende estrair óleos essenciais, tem interesse na máxima produção de folhas, sem considerar se aquela árvore produz pouca ou muita madeira. Resumo, cada produtor observando a própria floresta, sonha com um produto diferente.

Vivemos um período no qual frequentemente se fala e se le que as matérias primas proveniente de “florestas sustentáveis” são importantes. Mas devemos prestar atenção àquilo que sobrou das florestas nativas. Não podemos nos esquecer que sempre foram as florestas que controlaram o clima, o solo, mantendo a fauna e a flora. Infelizmente apenas um pequeno percentual destes produtores se preocupam com o meio ambiente.

O conflito entre ambientalistas e produtores de eucalipto existe ha muitos anos e não será fácil resolver esta questão. Atraves de estudos, sabemos que hoje é possível produzir madeira (que depois se transformarão em papel, combustível, móveis) e folhas (que depois se transformarão em essência) de modo a proteger as florestas (seja aquela nativa, seja aquela sustentável).

O uso do eucalipto na produção de móveis ainda não é relevante. Quando falamos em

restauro que utiliza esta madeira, a situação é ainda pior: faltam informações e conhecimento. No Brasil (que possui uma das florestas mais importantes do mundo) grande parte da indústria

de madeira utiliza matéria prima proveniente de florestas sustentáveis - em outras palavras, utilizam eucalipto ou pino. Mas é justamente nas poucas florestas nativas brasileira (e não apenas nelas) que continuam a sair todo ano, milhares e milhares de toneladas de madeira para restaurar em todo mundo móveis, igrejas, palácios....

O pais que encontrou a melhor tecnologia no mundo para produzir florestas sustentáveis, ano após ano, perde um pedaço do que resta das suas florestas nativas.

Tantas restrições ambientais como outras limitações causadas pela mentalidade comum, fizeram crescer novas oportunidades e isso pode ter a força de fazer que a madeira de eucalipto possa transformar-se no substituto legal das madeiras tropicais.

Esta tese demonstra que a madeira de eucalipto produz uma infinidade de cores e desenho e que isso não serve para produzir papel ou essência. O eucalipto também tem uma resistência e densidade que devem ser levadas em conta.

Todo esse potencial até o momento ainda não foi utilizado para o restauro. O objetivo dessa discussão não é propor uma simples substituição das madeiras originais (de

um móvel, por exemplo) por uma madeira sustentável. Essa não é a estrada a percorrer. Também é errado pensar que podemos “consumir” madeira nativa, até quando elas existirem. Quando elas não existirem mais, será muito tarde para nos preocuparmos.

Ainda que poucas pessoas no mundo saibam reconhecer qual a diferença entre uma madeira mais ou menos valiosa, existem hoje normas criadas para realizar e avaliar obras de arte, e tais normas devem ser seguidas. Não basta fazer uma simples substituição. Também é sempre bom lembrar, que

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as “regras” que hoje vigoram, não proibem a utilização de madeiras diferentes, no restauro de uma obra feita com madeiras exóticas.

Nos parece justo dizer que é preferivel - para fazer um restauro - usar uma madeira “menos nobre” como o eucalipto, do que deixar um objeto de arte (com o decorrer dos anos) se transformar num amontoado de serragem.

Em 2008 a cultivação de eucalipto (segundo a GIT Forestry Consulting Eucalyptologics)

apresentava-se da seguinto forma: África 2,2 milhões de hectares; América 6,4 milhões de hectares; Ásia 8,3 milhões de hectares; Europa 1,3 milhões de hectares; Oceania 0,9 milhões de hectares. O cultivo total de eucaliptos hoje em dia, ultrapassa os 20 milhões de hectares.

Encontramos madeira de eucalipto no mundo inteiro. Isso nos mostra, que para fazer um trabalho ordinário ou extraordinário, não é mais necessário comprarmos matéria prima de paises distantes, de uma floresta que nem sabemos se ainda existe ou se já foi destruida.

Vimos também que a técnica da “impiallacciatura” continua utilizando sutís folhas de madeira, considerando principalmente suas cores e desenho. Unir essa técnica com as características do eucalipto pode ser uma nova estrada a ser percorrida.

Tudo isso será possível quando superarmos um dos argumentos mais antigos: a troca de informações. As empresas de celulose e laminados absorvem quase todos os esforços dos institutos de pesquisas. Até este momento, grande parte da tecnologia desenvolvida não foi distribuida para favorecer o mercado de móveis e artefatos em geral.

Provavelmente num futuro próximo, com o distanciamento das fontes de matérias primas, o aumento dos custos de transporte, a extinção de grande parte das espécies de madeira e o consequente aumento dos preços, acontecerá uma mudança generalizada nas médias e grandes serrarias que pouco a pouco começarão a trabalhar também com o eucalipto. Isso determinará a necessidade de informações sobre como trabalhar esta nova madeira velha.

O desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades*. * Frase da primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, estraida do Relatório Brundtland, intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future) publicado em 1987 para a ONU.

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Agradecimentos

Na pessoa dos mestres Gian Franco Ponzio e Gabriella Barletta agradeço a todos os professores e o diretor da “Scuola per Artigiani Restauratori Maria Luísa Rossi”. Com eles estudei e aprendi não apenas as várias disciplinas, mas também tive contato com um pouco de cultura italiana e cozinha italiana. Para concluir não me esquecerei nunca das “lições” de política italiana, muito parecida (para não dizer a mesma) que encontramos atualmente no Brasil. Infelizmente.

Como único estrangeiro do grupo e com todas as complicações de não falar bem o italiano, nunca encontrei dificuldades para esprimir minhas dúvidas nem para dizer aquilo que pensava.

Obrigado de “coração” aos amigos e companheiros do curso de restauro em madeira.... Alice Chevalley Andrea Loiero Cristina Cipriano Davide Fransozo Francesco Marchi Jacopo Cherubini Lorenza Garbero Maria Giovanna Basile Serena Ricauda

Muito obrigado também a Ernesto Olivero fundador do SERMIG e a todos os amigos do Arsenal da Paz em Torino, que com o sonho de acabar com a fome no mundo, iniciaram nos duros anos 60 a oferecer mil possibilidades a todos aqueles que (como eu, em 2006) se aproximaram deste grupo.

Recordarei sempre o exemplo do “grande irmão artesão” Mone (Simone Pagliarani) - da fraternidade da esperança de Torino - que todos os dias do ano, com uma “simplicidade desarmante “ consegue unir trabalho e oração.

Essa experiência também foi possível, graças a amizade e a vontade de viver de Massimo Tonetta e a todos os jovens da cidade de Mori (provincia de Trento).

Agradeço a Dra. Sandra M. B. Florsheim (pesquisadora científica do IFSP, responsável pela

seção de Madeira e Produtos Florestais) que foi o meu primeiro contato no Brasil e após alguns e-mails me levou a conhecer seu escritório/laboratório, possibilitando conhecer que seu trabalho e o que, na medida do impossível faz hoje para “salvar” aquilo que resta das florestas do nosso pais.

Entendi, desde o nosso primeiro encontro, que a Dra. Sandra apaixonadamente trabalha ‘com’ e ‘para’ a madeira, superando as distâncias, a burocracia e a falta de investimentos. Ela também me fez descobrir que as respostas às velhas perguntas, se encontram nas coisas simples da vida.

Lembro-me ainda que em uma visita guiada pela sra. Roselaine Barros (diretora do Museu Octávio Vecchi - Museu da Madeira de São Paulo) encontrei novas motivações para fazer com que essa tese, falasse também da arte que existe dentro da madeira.

Obrigado a Sérgio R. Christofoletti, pesquisador científico do Instituto Florestal do Estado de São Paulo – entre outras coisas.

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Argumentação Berenice Diniz (Brasil) Carmem Victor (Brasil)

Arte Grazia Testa (Italia)

Colaboração Giovanni, Alberto R, Gianni,

Paolo, Daniele, Marco G, Alessandro, Mattia,

Andrea, Marco M, Thais D.

Correção ortográfica Italiana Diego Gotta (Cavallermaggiore - It)

Guido Canella (Torino) Alberto Brigato (Torino)

Pesquisa em Frances Carol Romão (Brasil)

Pré produção de Capa Gianfranco Mellino (Brasil)

Antenor Rovida (Brasil)

Apoio Alfonsina (Itália)

Stefano Ristagno (Itália)

Diagramação

Mone (Itália)

Revisão Final Andrea Loiero (Italia) Carol Romão (Brasil)

Richard Zanutto (Italia)

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À Jesus, José e Maria

Jesus Cristo não limitou-se a proclamar a dignidade do trabalho. Pelo contrário, o divinizou. Aquelas mãos que traçaram o curso dos planetas e disseminaram milhões de estrelas na Via Lactea, ganharam calos no manejo do martelo e da plaina. Os braços que sustentaram o mundo cansaram-se, trabalhando a madeira. O rosto que guardava os segredos da inteligência divina, molhou-se com o suor do trabalho.

O mundo ainda não aprendeu essa lição. Sempre considerou o trabalho como alguma coisa venenosa. Chegou o tempo no qual o

mundo deve ser reeducado. É tempo de ensinar aquilo que Cristo convincentemente ensinou. O redendor do mundo foi um trabalhador, um simples artesão como qualquer outro....*

* Tre frati ribelli - precursori dei trappisti, Marcele Raymond, Edições SãoPaulo Livro do amigo Alessandro.

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Barletta Gabriella Materiale Informativo: Storia dell’arte e degli stili - Dispensa n.2 - Il Settecento Torino (Itália) - 2013

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