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INTRODUÇÃO 2015 O ANO QUE TERMINOU SEM COMEÇAR

A impressão que fica de 2015 para o setor de infraestrutura é de que terminou sem sequer

começar. É claro que houve bastante movimentação, mas em assuntos que não deveriam ter

sido movimentados tão fortemente. O investimento, como decorrência da crise econômica e

reputacional do governo, caiu drasticamente. Além disso, perdemos a oportunidade de, no

cenário de crise e estagnação, parar, refletir e tentar aproveitar o momento para resolver os

problemas existentes. No fim das contas, resolvemos pouco (ou nada) e ainda criamos novos e

complexos problemas.

O lado positivo de toda a histórica é o de que pudemos notar que as instituições democráticas

constituídas após a Constituição Federal de 1988 e desenvolvidas especialmente nos anos 1990

funcionaram e se mostraram bastante isentas: tribunais, polícia, Ministério Público e outros

agentes cumpriram seu papel. Pena que, para tanto, tiveram de escancarar que diversos outros

agentes e instituições foram totalmente desvirtuados.

De tudo que se esperava para o setor de infraestrutura ao final de 2014, muito pouco se

concretizou, até porque logo em janeiro deste ano tivemos ciência do que nos esperava. Dali

para frente, nada de animador surgiu. Mesmo assim, sabemos com convicção que o

desenvolvimento da infraestrutura nacional, em todos os seus segmentos e em diversas frentes

(seja a infraestrutura em si, o ambiente jurídico e regulatório, a concorrência entre os players

existentes, a transparência na Administração Pública, dentre diversos outros) é a única saída

para retomarmos o desenvolvimento nacional. Isso nos motiva a continuar acreditando e

empenhados em buscar um ambiente de negócios e para a Administração melhor do que a

realidade e é com este pensamento que partimos para 2016, sabendo que não poderemos

esperar muito dele, mas que inegavelmente ainda temos muito a avançar na infraestrutura e

que esse assunto não ficará relegado às traças por um bom tempo.

Nas próximas páginas, descrevemos brevemente nossa visão sobre 2015 e os motivos pelos

quais terminamos o período com a sensação de que mal o começamos.

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PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

Este ano pode marcar a história do Brasil por uma série de fatores, mas para as Parcerias Público-

Privadas 2015 foi tímido. Ainda que as PPP pudessem ser uma boa aposta para enfrentar o atual

momento difícil para a economia e para a imagem dos governos, pouco vimos durante o ano.

Talvez a própria demanda por uma interação mais próxima entre os agentes públicos e privados

tenha afugentando o mercado, receoso diante dos acontecimentos do ano. Outra hipótese é a

do simples ciclo político, que envolve o final do mandato municipal e o início dos governos

estaduais – momentos distintos, porém assemelhados pela perspectiva de poucos projetos

lançados. Destacamos, para fazer jus às boas exceções, o Complexo Prisional do Amazonas e a

PPP de Diagnóstico por Imagem da Bahia, projetos assinados neste ano, ainda que este último,

vale lembrar, foi licitado em 2014.

As PPP de Iluminação Pública, apontadas como a solução aos Municípios em face da Resolução

nº 414/10 e vista como uma nova fronteira de projetos, tampouco foram expressivas. A

contratação mais relevante se deu no município de Caraguatatuba/SP. O tão comentado de São

Paulo, por sua vez, ainda é mera esperança. Após a suspensão decretada pelo Tribunal de Contas

do Município, o edital de licitação foi republicado e tudo indica que a licitação ocorrerá em 2016.

Em contrapartida, observamos uma expressiva utilização dos Procedimentos de Manifestação

de Interesse – PMI, que chegaram a mais de 801 neste ano. Não obstante, poucas – ou nenhuma

– contratação decorrente destes PMIs foi materializada durante este ano, como pode-se

observar no gráfico2 abaixo:

O fato de termos visto poucas contratações resultantes de projetos iniciados por PMI é, em certa

medida, preocupante. Nos últimos anos, vimos uma crescente de PMIs sendo publicados, mas

demorando muito para serem concluídos. Alguns deles, como fez o Estado de São Paulo em

1http://www.valor.com.br/opiniao/4196006/ppps-podem-compensar-falta-de-verba-para-infraestrutura. 2 PEREIRA, Bruno Ramos. Panorama das PPPs no Brasil. In: International Meeting Infrastructure and PPPs, 2015. Brasilia. Disponível em: http://infraestruturaeppps.com.br/pdfs/1-2804-900-bruno.pdf. Acesso em 13 de agosto de 2015.

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decisão acertada, foram cancelados ou simplesmente deixados de lado. Essa percepção, caso

sedimentada no mercado, poderá reduzir a credibilidade da Administração Pública, afastando o

interesse do mercado na participação em PMIs. Por isso, é necessário que os gestores públicos

tomem consciência da relação íntima que o PMI mantém com a credibilidade da Administração

Pública. A estruturação de um bom projeto público-privado exige tempo, esforço, recursos e

vontade. Quando boa parte do tempo, esforço e recursos vem da assunção de risco por mais de

um player privado, a vontade do setor público torna-se ainda mais fundamental.

No campo legislativo o ano foi mais animador. Um movimento importante em 2015 foi a edição

da Lei nº 13.190/2015 (conversão da MP 678/2015), por meio da qual o uso do Regime

Diferenciado de Contratação – RDC foi estendido para segmentos interessantes, como

educação, logística, mobilidade urbana, segurança pública e presídios. Trata-se de passo

interessante, que demonstra o avanço na revisão do modelo atual de licitações. A Lei nº

13.190/15 institucionalizou outro modelo de grandes perspectivas, prevendo a possibilidade da

Administração Pública firmar contratos de locação de bens móveis e imóveis, com prévia

aquisição, construção ou reforma substancial pelo locador e a possibilidade de reversão do bem

ao poder público ao final do contrato. Ou seja, foi institucionalizado e ampliado um modelo de

locação de ativos, utilizado no setor de saneamento3, ou de “built to suit”, muito utilizado no

setor imobiliário e que também vem ganhando espaço nos projetos privados de infraestrutura.

As PPP, especificamente, também avançaram neste campo. Primeiro, vimos um movimento de

reformas substanciais nas normas federais e do Estado de São Paulo para a condução de PMIs.

Foi publicado o novo Decreto federal de PMI (nº 8.428/2015), por meio do qual foram

introduzidas interessantes regras, como a que estabelece que os projetos, levantamentos,

investigações e estudos somente serão divulgados após decisão administrativa e a que

estabelece que os valores arbitrados para ressarcimento dos estudos podem ser rejeitados pelo

interessado, situação na qual o material não poderá ser utilizado pelo Poder Público. O novo

regramento paulista (Decreto nº 61.371/2015) trouxe previsão interessante para a condução de

tais procedimentos: a Plataforma Digital de Parcerias

(http://www.parcerias.sp.gov.br/Parcerias/), na qual os interessados poderão encaminhar

propostas de projetos, acompanhar sua tramitação e acessar todos os documentos relacionados

ao PMI, como atas de reuniões realizadas entre os interessados. Sem falar das inovações

merecedoras de destaque trazidas pelo novo modelo paulista, como a possibilidade de PMI com

exclusividade e o estabelecimento de prazos efetivos para o processamento dos PMIs. Foram

passos muito relevantes para o aumento da credibilidade na administração paulista.

Outro aspecto que surgiu neste ano, mas pouco se movimentou foi a proposta de lançamento

do denominado “PPP Mais”: uma alteração legislativa que promete revolucionar o campo das

contratações públicas, com novas regras de licitação e a criação de um consórcio público entre

todos os entes envolvidos na estruturação e licenciamento de um projeto de infraestrutura,

buscando conferir celeridade aos projetos nacionais mais relevantes. A proposta, ainda um

anteprojeto de lei nas mãos do Ministério da Fazenda, traz modificações impactantes, como a

3 Destaca-se, para fins de esclarecimento, que o modelo de locação de ativos existente no setor de saneamento é característico pela existência de uma linha de crédito específica e viabilizadora de uma garantia de pagamento das prestações periódicas.

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eliminação da exigência de atestados de experiência prévia em atividades semelhantes às

licitadas, ou mesmo um mecanismo de transição de uma concessão se encerrando para uma

nova, mediante leilão da concessionária.

Em suma, o ano foi marcado por baixa movimentação nas Parcerias Público-Privadas. Embora

as PPP pudessem constituir meios de termos projetos ainda no cenário de escassez de recursos,

as feições da crise aparentemente impactaram de forma direta alguns pilares da relação público-

privada, causando uma estagnação momentânea neste segmento. Aos poucos, imaginamos que

a situação será revertida e teremos novamente ambiente para retomada do crescimento das

PPP. Neste final de ano, só nos resta aguardar 2016.

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LOGÍSTICA E TRANSPORTES

Em 2015, o setor de transportes foi protagonista no anúncio dos investimentos federais,

após o lançamento da segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística – PIL,

prevendo R$ 198,4 bilhões de investimentos em aeroportos, portos, ferrovias e

rodovias, dos quais R$ 69,2 bilhões deverão – espera-se fortemente – ser investidos no

período entre 2015-2018.

Na oportunidade do acompanhamento do anúncio do PIL 2, muito embora cientes da

necessidade desses investimentos para o crescimento do país, alertamos sobre o receio

que pairava sobre o programa anunciado e o planejamento que deveria respaldá-lo.

Tudo em função dos fracos resultados do que foi anunciado como PIL 1. Após alguns

meses do anúncio, podemos começar a refletir sobre os resultados até então obtidos,

bem como sobre o que surge no horizonte da infraestrutura de transportes.

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PORTOS

Comecemos pelo segmento cujas notícias são mais animadoras. Isso porque, além da carência

na infraestrutura portuária nacional, o cenário de crise econômica e queda brusca do Real frente

ao dólar especialmente, retomou o ânimo do setor exportador e, com isso, exigiu mais dos

portos. Durante o ano todo o setor portuário deu indícios de que estaria disposto a investir,

tanto nos Terminais de Uso Privado – TUP, grande aposta do setor, quanto nos terminais

arrendados em portos organizados. Foram anunciados R$ 37,4 bilhões em investimentos,

alocados em 50 arrendamentos portuários, 63 novas autorizações para Terminais de Uso

Privado, além de renovações antecipadas de arrendamentos vigentes.

Assim, após solucionadas as questões com o Tribunal de Contas da União, finalmente foram

autorizados os arrendamentos das áreas dos Portos de Santos e Vila do Conde (primeiro lote no

bloco I de licitações previstas), cuja licitação era aguardada desde 2013. O lote foi tímido ante

aos 50 arrendamentos prometidos pelo governo federal, mas de fato, no início de dezembro

tivemos o primeiro leilão de arrendamentos portuários sob a égide da nova lei dos portos. Três

terminais foram leiloados e o quarto, no porto de Vila do Conde foi retirado do certame por

ausência de interessados. No terminal de grãos da Ponta da Praia (Santos), o vencedor foi o

consórcio LDC Brasil, formado por Louis Dreyfus e Cargill. O grupo se comprometeu a pagar R$

303 milhões em outorga. Também foram arrendados dois terminais de celulose, um em Paquetá

(Santos), para a Marimex Despachos Ltda., pelo valor de R$ 12,5 milhões e outro, na região do

Macuco (Santos) para a Fíbria Celulose, pelo lance de R$ 115 milhões.

De resto, foram publicados editais de chamamento público para a apresentação de estudos de

viabilidade técnica, econômica e ambiental visando subsidiar os arrendamentos dos terminais

localizados no Porto de São Francisco do Sul/SC, Santos/SP (outros lotes), Suape/PE e Rio de

Janeiro/RJ. Os processos estão em andamento. No campo dos TUP, em que pese todo o alerde

ao longo do ano, apenas 9 (nove) autorizações para instalações portuárias privadas foram

publicadas neste ano de 2015. O número é menor animador do que o discurso governista, mas

tendo em vista a complexidade dos projetos e a pá de cal lançada sobre os investidores neste

ano, o cenário é compreensível e não é desanimador.

Também vale lembrar que o setor não pede somente investimentos em novos terminais, é

necessário regularizar os acessos, viabilizar áreas de apoio, tornar eficiente a gestão portuária e

buscar a coordenação dos agentes atuantes no porto. Todos esses fatores hoje contribuem para

um desempenho operacional pouco atrativo nos portos brasileiros.

Nesse sentido, a proposta da SEP para concessão de dragagem dos portos organizados nos

parece uma alternativa positiva, mas pouco avançou ao longo do ano. A viabilização das Áreas

de Apoio Logístico Portuário – AALP após estudos que vem sendo desenvolvidos desde 2014,

também aponta para uma solução que contará com a participação efetiva da iniciativa privada

e poderá minimizar a imagem da ineficiência portuária, diminuindo as conhecidas filas de

caminhões nas estradas.

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FERROVIAS

Saindo do setor cujas expectativas são as melhores, chegamos ao setor ferroviário, cujos riscos

inerentes à atividade e investimento, somados aos erros do governo federal na condução

regulatória do setor mantêm as ferrovias estagnadas. Também é digno de nota o anseio

aparentemente inerente ao governo federal no desenvolvimento de projetos faraônicos no

setor ferroviário. Limitando-se aos acontecimentos recentes, após a frustrada ideia do TAV que

ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro, fala-se agora da Ferrovia Biocenânica, ligando o Atlântico ao

Pacífico, saindo do Brasil e atravessando o Peru.

Também data deste ano a retomada do modelo de exploração vertical do setor ferroviário

(concessionária é responsável tanto pela infraestrutura como pela operação do material

rodante), revogando o sequer usado modelo open access (que concedia a infraestrutura e abria

um mercado amplo à competição no transporte feerroviário), defendido enfaticamente pelo

governo federal. Ainda assim, de acordo com as informações do Planalto, o Decreto n°

8.129/2013, que institui o modelo open access continua vigente, podendo, no plano jurídico,

trazer complicações e insegurança ao setor. Até o momento, contudo, tais questões tratadas

como mera formalidade permanecem deixadas de lado.

Fora isso, 2015 não foi muito movimentado ao setor ferroviário. O assunto mais relevante

provavelmente foi o avanço nas negociações com as concessionárias das linhas férreas

existentes para prorrogação de seus contratos e realização de novos investimentos. É muito

importante que estas negociações avancem, dado que o modelo jurídico-contratual das

ferrovias concedidas no início dos anos 1990, com a leilão da malha da extinta RFFSA, não

incentiva e sequer assegura direitos sobre os novos investimentos realizados nos trilhos. Há

muito a se fazer nas ferrovias e o investimento greenfield talvez não seja o mais adequado no

cenário atual. Aprimorar o que já temos instalado é, portanto, um ótimo caminho.

Sobre novos projetos, o PIL 2 lista os seguintes trechos: (i) Lucas do Rio Verde/MT - Itaituba/PA

(Distrito de Miritituba); (ii) Ferrovia Norte-Sul (trecho Anápolis/GO – Estrela D Oeste/SP e Estrela

D Oeste/SP – Três Lagoas/MS); (iii) Ferrovia Norte-Sul (trechos Açailândia/MA – Barcarena/PA e

Palmas/TO – Anápolis/GO); (iv) Ferrovia Bioceanica; e (v) Rio de Janeiro – Espirito Santo. Até

esta data, o máximo que se viu fora audiências públicas para discutir o resultado dos estudos

colhidos por Procedimentos de Manifestação de Interesse. O caminho ainda parece longo.

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AEROPORTOS

O setor aeroportuário começou o ano com anúncios ambiciosos, também refletidos PIL 2. No

entanto, somente em dezembro deste ano os estudos, selecionados por meio de Procedimentos

de Manifestação de Interesse, para as concessões dos aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis,

Fortaleza e Salvador foram entregues ao TCU para apreciação. Os leilões estão previstos para

meados de 2016. O ponto positivo é que todas as discussões apontaram para uma redução ou

saída da Infraero do capital das concessionárias, alterando o modelo que vinha sendo utilizado

até então e aumentando significativamente o interesse de investidores nos projetos. Desde

2014, estudos do TCU apontavam para o despreparo da estatal para a gestão das concessões,

além das dificuldades de caixa para fazer frente aos aportes necessários aos investimentos

demandados aos aeroportos.

Voando de carona nos governos estaduais, o federal também anunciou R$ 78 milhões em

investimentos em aeroportos regionais delegados a estados ou municípios. Desses, o Estado de

São Paulo já publicou em Consulta Pública, que se estende até 06 de janeiro de 2016, o projeto

de concessão de 5 (cinco) aeroportos regionais, visando sua a exploração, ampliação e

manutenção. Os aeroportos são os seguintes: Comandante Rolim Adolfo Amaro, em Jundiaí;

Arthur Siqueira, em Bragança Paulista; Campinas/Amarais, em Campinas; Gastão Madeira, em

Ubatuba e o Aeroporto de Itanhaém.

Outra movimentação no setor aeroportuário esteve relacionada ao setor de M&A, uma vez que

algumas empresas investigadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal consideraram alienar

alguns ativos saudáveis para arcar com suas obrigações financeiras, tendo em vista a dificuldade

que tem para, neste momento, contrair novos empréstimos. O negócio mais relevante, por ora,

é, provavelmente, o ingresso da canadense Brookfield na Invepar, concessionária do aeroporto

de Guarulhos.

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RODOVIAS

Como costuma ser o tom no Brasil, o setor rodoviário ainda é o mais ativo. Como é o mais

maduro e mais conhecido dos investidores, tende a se destacar especialmente em momentos

de crise.

O ano de 2015 começou para as rodovias com a relicitação da concessão rodoviária da Ponte

Rio-Niterói, vencida pelo grupo Ecorodovias (a concessão era da CCR até então). Logo em

seguida, ainda em março, tivemos a publicação da Lei n° 13.103/2015, apelidada de Nova Lei do

Caminhoneiro, que trouxe repercussões polêmicas para a órbita das concessões rodoviárias. Por

um lado, a Lei trouxe a obrigação para a implantação de locais de espera, repouso e descanso

nas rodovias, exigindo novos investimentos na malha. Mais relevante, contudo, foram o

aumento dos limites de excesso do preso bruto distribuído por eixo dos caminhões e a isenção

da tarifa para os caminhões vazios que suspendam os eixos. Os impactos nas concessões ainda

não estão claros, muito menos se há alguma demanda por reparação de danos ou reequilíbrio

das concessões ante à mudança na expectativa de arrecadação de receitas ou nos custos

operacionais da via.

Fato é que os dispositivos estão em vigência, muito embora o Estado de São Paulo, representado

pela ARTESP, tenha publicado nota afirmado que a isenção da tarifa não será aplicável às suas

concessões. A Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, ainda publicou a Resolução

nº 4.898/2015, buscando regulamentar os dispositivos da lei em comento. No entanto, a norma

não trouxe nada relevante sobre a fiscalização dos caminhões, determinando apenas que essa

poderá ser feita a partir de avaliação visual; da documentação fiscal associada à viagem; do

Código Identificador da Operação de Transporte; e do peso bruto total do veículo. Para tanto, a

ANTT estabeleceu prazo para as concessionárias reguladas pela Agência apresentarem proposta

operacional para a verificação da condição de vazio dos caminhões. A situação ainda parece

precária e pouco se ouve falar sobre fiscalização efetiva nas estradas, especialmente pela

utilização das balanças apropriadas para tanto.

Outro destaque de 2015 foi a decisão judicial que julgou favoravelmente à ARTESP o pleito de

reequilíbrio econômico-financeiro da Autoban (Concessionária responsável pelo sistema

Anhanguera-Bandeirantes – a mesma situação é vivenciada por outras concessões paulistas). A

Agência Reguladora de São Paulo entendeu, com base em relatório da Fundação Instituto de

Pesquisas Econômicas – FIPE, que para o cálculo da recomposição do equilíbrio econômico-

financeiro de 2006 foi considerada a demanda da proposta apresentada pelos licitantes

originalmente, e não a demanda real verificada na via, o que implicou num aumento tarifário

maior do que a perda de receita sofrida pela concessionária. De outro lado, a Concessionária

alegou que há expressa previsão contratual de utilização das projeções previstas na proposta

financeira para o reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão. A decisão não é

definitiva e está pendente análise de recurso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O assunto,

contudo, é de suma relevância para a discussão da segurança jurídica e risco regulatório na

relação público-privada no âmbito das concessões.

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No que tange ao Programa de Investimentos em Logística, R$ 66,1 bilhões foram alocados ao

setor rodoviário, compreendendo a concessão de novos trechos e a inclusão de outros

investimentos nas concessões vigentes, mediante assinatura de termos aditivos e

procedimentos de reequilíbrio contratual. Para 2015 estavam previstos cinco leilões públicos,

com julgamento pelo critério de menor tarifa, dentre os quais estava incluída a contratação da

Ponte Rio-Niterói, única realizada. Quanto aos demais projetos, foram todos postergados para

2016, especialmente pela situação dos players mais ligados ao setor rodoviário. De fato, há o

receio de licitações vazias, sem falar no assombro do governo federal com a segunda rodada do

programa federal de concessões rodoviárias, quando estrangeiros venceram os certames e

prorrogaram os investimentos por anos.

Para os próximos anos, espera-se 11 (onze) novos projetos rodoviários federais. O Estado de São

Paulo, por seu turno, não ficou para trás e já anunciou 4 (quatro) novos lotes de licitações

estaduais a serem concedidas pelo modelo de maior outorga. A questão que fica é se a distinção

entre os modelos estadual de São Paulo e federal será mantida e acirrada. Nas primeiras

rodadas, em que pese o valor mais elevado dos pedágios, o modelo estadual saiu vencedor

(detentor de 9 das 10 melhores rodovias do Brasil). Resta saber se o governo federal insistirá em

erros já conhecidos ou o modelo proposto conseguirá evitar erros do passado. Aparentemente,

as concessões do PIL 1 não podem ser tomadas como parâmetro, pois ainda aguarda-se a

assinatura dos contratos de financiamento de longo prazo. 2016 poderá trazer novidades nesta

comparação.

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HIDROVIAS

Finalmente, as hidrovias. 2015 continuou a ser um ano sem muitos movimentos nesse setor. O

PIL sequer lembra do potencial hidroviário brasileiro.

Ainda assim, há o que se falar sobre 2015. Vimos um importe passo na direção do

desenvolvimento hidroviário com a publicação da Lei nº 13.081/2015, permitindo a concessão

dos serviços de exploração das eclusas, após regular licitação. A legislação caracteriza como

serviço público a operação e a manutenção de eclusas ou qualquer dispositivo de transposição

de nível por embarcações em hidrovias. Nesse intuito, o texto torna obrigatória a construção

total ou parcial de eclusas quando da construção de barragens para a geração de energia elétrica

em vias navegáveis ou potencialmente navegáveis. O único problema é que já estamos ao menos

60 (sessenta) anos atrasados com isso e muitas barragens foram construídas nesse período sem

uma eclusa ao lado.

Para agravar o cenário, não vimos por parte do setor elétrico movimentação significativa para

promover a implantação de usinas em empreendimentos existentes ou mesmo em projetos

novos.

Além disso, o setor hidroviário sofreu com mais uma mudança institucional ainda pouco

compreendida. Até então, toda a administração hidroviária, delegada por lei ao DNIT, era gerida

pela Companhia Docas do Maranhão (CODOMAR), estatal do governo federal que havia perdido

seu propósito com a delegação ao Estado de Pernambuco do porto de Suape. Receber a

administração hidroviária nacional, contudo, era uma questão bastante estranha. No final de

2015, porém, o Conselho Nacional de Desestatização autorizou a liquidação da CODOMAR, o

que retornará as hidrovias para a gestão do DNIT, enquanto o governo discute a possibilidade

de criar nova estatal apenas para lidar com as hidrovias. Enquanto isso, o setor fica travado, mas

necessitando interagir com os agentes do setor elétrico, de navegação interna, portuário e de

transportes em geral. Ora por ser órfão, ora por deter mais pais do que o necessário, fato é que

as hidrovias ainda se mostram um ambiente de grandes incertezas e pouco interesse nacional.

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SANEAMENTO

No balanço de saneamento de 2014 tentamos retratar um ano conturbado, repleto de

problemáticas, mas que terminou com soluções interessantes. O setor dava sinais de progresso,

seja pela proliferação de projetos de concessão e PPP, seja pela solução de desavenças na crise

hídrica, seja, ainda, pela prorrogação de prazo para elaboração dos planos municipais de

saneamento básico. Em 2015, no entanto, não foi bem assim.

No campo dos projetos, a crise econômica reduziu o apetite do Poder Público, notadamente

porque as atenções foram direcionadas a buscar soluções orçamentárias para outros problemas,

tais como o pagamento de funcionários. Isso não quer dizer que nenhum projeto saiu do papel.

O estado do Piauí, por exemplo, vem discutindo a subconcessão dos serviços de abastecimento

de água e esgotamento sanitário de Teresina4.

Ainda sobre concessões, interessante notar que a PPP de Guarulhos – citada como referência

no último ano – foi protagonista de judicialização largamente noticiada no setor. Em suma, em

um novo episódio da discussão sobre a titularidade da prestação dos serviços de saneamento

básico, a PPP, elaborada exclusivamente no âmbito do município de Guarulhos que está

localizado dentro da Região Metropolitana de São Paulo, foi questionada pelo Governo Estadual,

mediante ação direta de inconstitucionalidade junto ao Tribunal de Justiça. Este, por seu turno,

parece ter acatado os argumentos do estado e declarou inconstitucionais as leis que embasaram

a contratação da PPP. O acórdão foi embargado, mas não houve êxito em qualquer

esclarecimento. A decisão do TJ/SP é confusa, gerando nova reflexão acerca do tema

metropolitano: será que o município está preso e totalmente vinculado ás determinações dos

conselhos metropolitanos? Ou será que o município pode legislar naquilo que não afrontar as

manifestações dos conselhos? Não se sabe. É certo, contudo, que Guarulhos não conta com a

prestação de serviços da Sabesp e, ao mesmo tempo, não pode contratar um prestador privado

para as atividades de saneamento.

Além disso, e apesar de ainda não estar solucionada, a crise hídrica não foi destaque durante o

ano de 2015. Embora tenha dado luz a relevantes discussões quanto ao abuso de poder de

controle praticado pelo estado de São Paulo em suas estatais, em função do episódio da retirada

de água de reservatório da EMAE pela Sabesp5, a retomada das chuvas no segundo semestre do

ano, juntamente com os acordos celebrados entre os entes federados, distanciou discussões

acaloradas do tema ou mesmo grandes legados deste momento difícil pelo qual passamos e que,

aparentemente, passado o pior momento, retornou ao cenário predecessor. A conscientização,

que seria muito bem-vinda, parece que ficou para a próxima seca.

Os debates parecem ter se direcionados à prorrogação de prazo legal para extinção de lixões6.

Vencido desde agosto de 2014, o prazo teve nova oportunidade de prorrogação quando da

4 Maiores detalhes do Projeto podem ser vistas no seguinte link: http://www.ppp.pi.gov.br/ 5 Processo Administrativo Sancionador da CVM RJ 2012-1.131. 6 De acordo com dados do Observatório dos Lixões, organizado pela Confederação Nacional de Municípios, ainda existem ao menos 1775 lixões ou aterro controlados em operação por todo país.

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conversão da MP 678. Essa oportunidade, contudo, não prosperou em função de entendimento

do Supremo Tribunal Federal7 no que tange inclusão de “jabutis” legislativos – a MP tratava de

alterações no Regime Diferenciado de Contratações. Falando em prazos, aliás, o ano de 2015

marca o término do período para elaboração dos planos de saneamento básico8. É momento,

então, para um novo levantamento, visando informar se a meta foi cumprida, bem como

esclarecendo se os planos elaborados estão de acordo com o previsto na legislação9. A toada,

no geral, é de descumprimento e descompromisso com todos os prazos legais neste setor.

Outro ponto de debates veio na forma de embate concorrencial entre o município de Santo

André/SP com a Sabesp. O município denunciou a estatal ao CADE, alegando que a Companhia

vende água a preços muito elevados, para assumir o mercado de distribuição municipal. A

Sabesp, por sua vez, rebateu afirmando que a acusação é baseada em dívida estratosférica do

município. O CADE ainda não se manifestou quanto ao tema.

O exemplo acima é paradigmático para demonstrar que, embora com certo movimento, o setor

de saneamento patinou durante o ano. De modo geral, houve mais disputas do que progressos.

E as soluções parecem ter ficado para os próximos anos. Como ponto positivo, o setor vivenciou

a primeira emissão de debentures de infraestrutura por uma concessionária10, no montante de

R$ 50 milhões11. Aprovado pela Portaria nº 344/2015 do Ministério das Cidades, o projeto de

saneamento da Companhia de Saneamento de Tocantins – SANEATINS, controlada pela

Odebrecht Ambiental, abriu as portas do saneamento para esse tipo de título. Aguardemos

ansiosos pelos resultados desse primeiro passo.

7 Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5127. 8 O prazo para elaboração dos planos de resíduos sólidos está vencido desde 03 de agosto de 2012. O prazo para elaboração de planos de resíduos sólidos também já se exauriu, sendo que de acordo com dados do IBGE (2013), somente 1/3 dos municípios teriam elaborados seus respectivos planos. 9 Nesse sentido, lembramos que estudo do instituto Trata Brasil (2014), afirmando que dos 100 maiores municípios brasileiros, apenas 12% detém planos de saneamento básico que atendam todas as exigências da Lei nº 11.445/07 10 A Saneamento Goiás S/A –SANEAGO S/A, empresa estatal, foi enquadrada na Portaria nº 111/2015, mas não chegou a realizar emissão de debêntures. 11 Informações da emissão podem ser vistas no site: http://www.debentures.com.br/exploreosnd%5Cconsultaadados%5Cemissoesdedebentures%5Ccaracteristicas_d.asp?selecao=SNTI13&tip_deb=publicas

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ENERGIA ELÉTRICA

O setor de energia elétrica, como era de se esperar, foi marcado por forte instabilidade,

insegurança e pela imprevisibilidade das decisões das entidades reguladoras (MME, ANEEL).

Não é possível resumir o ano do setor elétrico sem mencionar a nova onda de judicialização

envolvendo o fator GSF - Generation Scaling Factor. Longe de pretender esgotar este tema, está

claro que a corrida ao Judiciário teve origem na reformulação da lógica de operação do sistema

pela União, com uma forte incidência de despachos “fora da ordem de mérito”, sem a necessária

rediscussão do modelo. Somente quando o problema ganhou proporções gigantescas, o Poder

Concedente propôs um acordo de repactuação do risco hidrológico, consubstanciado na Lei nº

13.203/201 (lei de conversão da MP 688) e na Resolução Normativa ANEEL nº 684/2015.

Do ponto de vista sistêmico, a profusão de liminares envolvendo esta questão resultou em

adiamentos da liquidação financeira da CCEE, desequilibrando o fluxo de caixa de diversas

empresas.

A necessidade de intervenção judicial evidenciou, mais uma vez, a fragilidade do modelo

institucional vigente e das entidades reguladoras.

Relativamente aos leilões, impende ressaltar que no segmento de geração os certames tiveram

resultado satisfatório. Os quatro Leilões realizados atenderam à demanda das distribuidoras e

resultaram na contratação de aproximadamente 2.570 MW de nova potência instalada de

geração de energia elétrica no país (considerando somente o A-3 e o A-5).

Também movimentou o mercado o Leilão nº 12/2015, referente às Usinas Hidrelétricas não

renovadas pela MP-579. Nesse leilão, a maior expectativa foi em relação as usinas de Jupiá e

Ilha Solteira, antes pertencentes a CESP. No certame foram ofertadas em cinco lotes (e oito

sublotes) as outorgas de concessão de 29 usinas hidrelétricas que somam mais de 6.000 MW de

potência instalada. O maior deságio, de 13,58%, foi verificado no Lote “A”, arrematado pela Celg

Geração e Transmissão S.A. O loto “E”, referente às usinas da CESP, foi vencido pela China Three

Gorges Brasil Energia Ltda.

No segmento de transmissão, nota-se que os leilões não tiveram o mesmo sucesso. Importa

notar que os dois certames promovidos em 2015 não atraíram investidores para todos os lotes

ofertados. O relativo fracasso dos leilões de transmissão, somados ao latente atraso das linhas

em construção em todo o país, evidencia a necessidade de revisão do modelo de expansão da

rede de transmissão no país. Cabe ao Poder Concedente e ao Regulador enfrentar essa questão

o quanto antes.

Por todo o exposto, vê-se que o ano de 2015 foi movimentado no setor elétrico. No âmbito

regulatório, sabe-se que a repactuação do risco hidrológico só será equacionada no início do

ano, quando se esgota o prazo para os agentes aceitarem ou não a proposta do governo.

Somente após esse momento é que será possível traçar prognósticos para 2016.

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PETRÓLEO E GÁS

Ao se abordar o setor de petróleo e gás natural, o primeiro tema que vem à mente é o escândalo

de corrupção na Petrobras. Tal fato, somado à queda no preço do barril do petróleo no mercado

internacional simplesmente paralisou o setor no ano de 2015.

A Petrobras anunciou a redução de U$ 11 bilhões na previsão de investimentos para 2015 e

2016. Além disso, recentemente a Companhia tentou, sem sucesso, vender ativos relacionados

ao pré-sal, como por exemplo a fatia de 10% no projeto de Campo de Libra, que excede a

participação obrigatória de 30% da estatal. Essa crise anunciada expôs o grande erro da adoção

do modelo de “partilha” na produção de petróleo no Pré-Sal, o qual obriga a Petrobrás a entrar

em empreitadas independentemente de sua viabilidade econômica e de sua pertinência com

relação ao plano da companhia.

A verdade é que a crise na Petrobrás simplesmente impedirá novas explorações relevantes no

Pré-Sal, dado que a companhia não tem condições de realizar novos investimentos no curto

prazo e a lei vincula a exploração à Petrobras.

Com relação aos leilões, a ANP promoveu a 13ª Rodada de Licitações de Blocos Expropriatórios

de Petróleo e Gás Natural. A primeira sessão pública, realizada em 7 de outubro de 2015,

terminou com somente 14% das ofertas arrematadas. Ao todo, foram oferecidos 266 blocos, em

22 setores de 10 bacias sedimentares – mas apenas 37 foram arrematadas. A Petrobras não fez

nenhuma oferta no leilão.

Diante da latente crise no setor diversas associações de classe, lideradas pela Organização

Nacional da Indústria do Petróleo - ONIP, apresentaram a chamada “Agenda Mínima para o

Setor de Petróleo”. Trata-se de documento que discute temas delicados, há tempos exigidos,

como a revisão das regras de conteúdo local, a diminuição da demora para o processo de

licenciamento ambiental, a flexibilização do modelo de partilha e da participação mínima da

Petrobras nos empreendimentos, entre outros.

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TELECOMUNICAÇÕES

O setor de telecomunicações teve importantes movimentações em 2015. Entre os temas que

ganharam relevância, cita-se a consulta pública para revisão do marco regulatório das

telecomunicações, cujo prazo para envio de contribuições se esgotará em 23 de dezembro de

2015.

Vale destacar que a Lei Geral de Telecomunicações foi extremamente importante para a

universalização da telefonia fixa (STFC), passando ao setor privado o protagonismo no

desenvolvimento das telecomunicações no país. Por isso, qualquer revisão do modelo deve ser

feita com cautela para que não haja um retrocesso nessa exitosa reforma.

De outro lado, não se pode olvidar que nos dias atuais o serviço de telefonia fixa encontra-se

estagnado. No Brasil, segundo dados da PNAD 2013, 92,5% dos domicílios possuem algum tipo

de telefone (fixo ou móvel). Em 2,73% dos domicílios brasileiros, o único acesso telefônico

disponível é o fixo, ao passo que 54% dos domicílios brasileiros já possuem apenas o telefone

móvel. No período 2001/2013, houve queda de 25,1 pontos no percentual de domicílios com

apenas telefone fixo convencional. Além disso, uma questão que se coloca é como assegurar a

rentabilidade das concessões num cenário de demanda declinante e forte concorrência dos

serviços over-the-top, como o caso do Netflix.

Por isso, uma revisão do modelo deve assegurar regras claras de participação do setor privado,

levando em consideração as novas tecnologias de transmissão de dados, e a universalização da

banda larga.

Além disso, no início do ano foi publicada a Lei Geral das Antenas (nº 13.116/15), estabelecendo

normas gerais para implantação e compartilhamento da infraestrutura de

telecomunicações. Por meio da nova lei, foram estabelecidos importantes princípios a reger o

licenciamento da instalação de infraestrutura e redes de telecomunicações, tais como a

celeridade e a integração com a urbanização. Sobre este último aspecto, a norma trouxe

algumas diretrizes urbanísticas a serem seguidas quando da instalação de antenas. Um dos

maiores objetivos da Lei foi o de incentivar o compartilhamento da infraestrutura das redes de

telecomunicações, por meio da obrigatoriedade da partilha da capacidade excedente da

infraestrutura de suporte. Louvável avanço que patrocina a concorrência no setor.

Outro ponto que agitou o setor de telecomunicações foi o Leilão de Sobras, que busca contratar

as faixas de radiofrequência nas faixas de 1.800 MHz, 1.900 MHz e 2.500 MHz, com possibilidade

de outorga do Serviço Móvel Pessoal – SMP, do Serviço de Comunicação Multimídia – SCM e/ou

do Serviço Limitado Privado – SLP, que não receberam propostas nos leilões anteriores.

Somando os preços mínimos de outorga, o Leilão soma R$ 1,6 bilhão.

Pelo exposto, nota-se que o setor de telecomunicações teve considerável movimentação em

2015, ficando a revisão do marco regulatório como grande expectativa para o ano de 2016.

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Rosane Menezes Lohbauer

Rodrigo Machado Moreira Santos

Rodrigo Sarmento Barata

Fernanda Fumis Picarelli

Cecília Thomé Alvarez

Fernando Bernardi Gallacci

Victor Augusto Beraldo dos Santos