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MAGNOVALDO SAMPAIO DA SILVA NOVA METODOLOGIA APLICADA AO DESENVOLVIMENTO DO DESIGN DE PEÇAS ESTAMPADAS Dissertação apresentada ao Programa de Tecnologia Industrial, Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial. ORIENTADOR: PROF. DR. MANOEL CARREIRA NETO Salvador 2013

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MAGNOVALDO SAMPAIO DA SILVA

NOVA METODOLOGIA APLICADA AO DESENVOLVIMENTO

DO DESIGN DE PEÇAS ESTAMPADAS

Dissertação apresentada ao Programa de Tecnologia Industrial, Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial.

ORIENTADOR: PROF. DR. MANOEL CARREIRA NETO

Salvador 2013

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À minha mãe que me ensinou que a

vida só é dura para quem é mole.

Ao meu pai em memória, que se não

fosse ele, eu não estaria aqui

escrevendo estas poucas palavras.

À minha esposa Alina e ao meu filho

Anderson que me ensinaram que a

família é tudo.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Manoel Carreira Neto e ao Prof. Dr. Alexandre Barros

pelo incentivo constante, dedicação e pelas diretrizes dadas, sem as quais o

presente trabalho não seria possível.

A minha esposa Alina, ao meu filho Anderson, aos meus pais Osvaldo e Maria, aos

meus irmãos Marivaldo e Mariolanda, a minha sogra Nilda, a Maria Alina e Tiago

sem os quais nada disso seria possível.

À Ford Motor Company do Brasil, em especial a Wanderson Lana, Robinson Freitas,

Daniel Oliveira, Leonardo Pereira, Isaias Ferreira, Pedro Vasconcelos, Urbano

Miranda, Cleiton Oliveira, Tonis Mattos, Thomas Huttner, Rodrigo Rodrigues,

Giovana Campanella, Wadson Veiga e Victor Assis, pela ajuda, oportunidade e

compreensão inestimáveis.

A Alexandre Pinto, por ser responsável por este projeto pessoal. Agradeço-lhe pela

confiança e crédito a minha pessoa dispensado.

Ao Prof. Márcio Bello pela ajuda e atenção dispensada.

Aos amigos da STP, Celso, Bernadete, Cláudio, Valdemar, Ornelas e Carlos, que de

forma direta ou indireta tornou este processo suportável.

A todos que colaboraram no desenvolvimento e execução desse trabalho e que

involuntariamente foram omitidos.

Finalizando agradeço a pessoa mais importante do universo e da minha vida, o meu

Deus Jeová que nos dar sabedoria para alcançar alvos como este.

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RESUMO

Existe um grande desafio para a manutenção dos negócios das empresas do

segmento automotivo devido à alta competitividade desse mercado no contexto

mundial. A redução dos custos relacionados à produção e ao tempo de entrega

desses produtos tem se tornado um dos principais objetivos a serem alcançados por

esse segmento. O desenvolvimento de produtos mais competitivos nessas empresas

está ligado à capacidade de inovar durante a concepção dos seus projetos,

tornando-os mais atrativos, mas deixando-os também economicamente saudáveis

para competirem neste mercado. Este trabalho propõe uma nova metodologia que

aumenta a frequência das pré-análises de CAE durante o desenvolvimento, visando

inovar na concepção de melhorias em produtos já existentes, diminuindo o custo

direto dos ferramentais de estampagem de componentes da carroceria dos veículos.

Com o resultado final do trabalho foi possível a redução da variação dimensional na

montagem do conjunto de suportes do paralama, bem como a redução dos custos

dos ferramentais de estampagem e do tempo de produção desse conjunto de

suportes.

Palavras-chave: Desenvolvimento de produto; Indústria automotiva; redução de

custo; CAD, variação dimensional; suporte do paralama.

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ABSTRACT

There is a great challenge to maintain the business of the companies from the

automotive sector due to the high competitiveness of the market in the global context.

The reduction of costs related to the production and delivery time of these products,

has become one of the main goals to be achieved by that segment. The development

of more competitive products in these companies is linked to the ability to innovate in

the design of their projects, making them more attractive, but also leaving them

economically healthy to compete in this market. This paper proposes a new method

that increases the pre-CAE analysis frequency during the development design,

looking for improvements in the current products, lowering the direct cost of tooling

for stamped sheet metal components. With outcome of the study, it was possible to

reduce the dimensional variation in mounting the fender bracket assembly, as well as

reducing the cost of tooling for stamping and time of production of that set of

brackets.

Keywords: Product Development, Automotive, cost reduction, CAD, dimensional

variation; fender bracket

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comparação da abordagem guiada pela tecnologia e da centrada no

usuário (Galvão e Sato - 2004). ............................................................................... 21

Figura 2 - Modelo de fases de projeto de produto (Slack, 1993). ............................. 25

Figura 3 - Modelo de PDP (Adaptado de Ulrich e Eppinger, 1995)........................... 26

Figura 4 - Versões do modelo de referência do PDP (Adaptado de Rozenfeld, et. al. -

2000)........................................................................................................................ 28

Figura 5 - Processo de design (Adaptado de Larica, 2003) ...................................... 32

Figura 7 - Casa da Qualidade (Marshall, 2006) ........................................................ 35

Figura 8 - Tendência na indústria automotiva (Ovtcharova, 2002) ........................... 38

Figura 9 - Estágios do desenvolvimento de carrocerias (Hammett e Baron, 2000b) 39

Figura 10 - Validação sequencial da manufatura (Hammett; Baron, 2000/3) ............ 40

Figura 11 - Fonte de variação (Hammett e Baron, 2000a) ....................................... 44

Figura 12 - Sanfonado para absorção de energia de impacto de uma peça surrogate

................................................................................................................................. 54

Figura 13 - Conjunto de suportes do paralama, proposta 1 ...................................... 55

Figura 14 - Proposta 2, com a inclusão do suporte intermediário frontal no suporte

principal ................................................................................................................... 55

Figura 15 - Proposta 3, com os dois suportes intermediários incorporados no

desenho do suporte principal ................................................................................... 56

Figura 16 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte frontal superior da

proposta 1, realizada no Forming Suite .................................................................... 57

Figura 17 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte traseiro da proposta 1,

realizada no Forming Suite ...................................................................................... 57

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Figura 18 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 1,

realizada no Forming Suite ...................................................................................... 58

Figura 19 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte traseiro da proposta 2,

realizada no Forming Suite ...................................................................................... 58

Figura 20 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 2,

realizada no Forming Suite ...................................................................................... 59

Figura 21 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 3,

realizada no Forming Suite ...................................................................................... 60

Figura 22 - Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 1, realizada

no Forming Suite ...................................................................................................... 61

Figura 23 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário frontal da proposta

1, realizada no Forming Suite .................................................................................. 61

Figura 24 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário traseiro da proposta

1, realizada no Forming Suite .................................................................................. 62

Figura 25 -Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 2, realizada

no Forming Suite ...................................................................................................... 62

Figura 26 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário traseiro da proposta

2, realizada no Forming Suite .................................................................................. 63

Figura 27 - Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 3, realizada

no Forming Suite ...................................................................................................... 63

Figura 28 - Região onde o estiramento passou dos 20%, devido à profundidade do

estampo na proposta 3 ............................................................................................ 64

Figura 29 - Análise de resistência mecânica da aba do suporte, realizada no

programa CATIA, mostrando região afetada pela carga do farol .............................. 64

Figura 30 - Modificação no suporte frontal (a) e (b) .................................................. 65

Figura 31 - Análise de resistência mecânica da aba do suporte, realizada no

programa CATIA, mostrando a região reforçada pelo suporte frontal (a e b) ........... 65

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Figura 32 - Análise de estampagem da região frontal das propostas 2 e 3 .............. 66

Figura 33 - Análise de enrugamento aparente na região frontal das propostas 2 e 3

................................................................................................................................. 66

Figura 34 - Primeiro estágio (Repuxo) região frontal, propostas 2 e 3 ...................... 67

Figura 35 - Segundo estágio (Calibração) região frontal, propostas 2 e 3 ................ 67

Figura 36 - Terceiro estágio (Recorte e furação) na região frontal das propostas 2 e 3

................................................................................................................................. 68

Figura 37 - Quarto estágio (Puncionar com cunha) na região frontal das propostas 2

e 3 ............................................................................................................................ 69

Figura 38 - Quinto estágio (Flangear) na região frontal das propostas 2 e 3 ............ 69

Figura 39 - Diagrama do limite de estampagem na região frontal das propostas 2 e 3

................................................................................................................................. 70

Figura 40 - Coluna descrita “valor” na matriz de concepção..................................... 71

Figura 41 - Região com aumento de rigidez devido a suporte soldado. Proposta 1 . 71

Figura 42 - Região do sanfonado sem obstáculos, com boa ductilidade. Proposta 2

................................................................................................................................. 72

Figura 43 - Região do sanfonado sem obstáculos, com boa ductilidade. Proposta 3

................................................................................................................................. 72

Figura 44 - Proposta 1, com dois suportes soldados ................................................ 73

Figura 45 - Proposta 2, com um suporte soldado ..................................................... 73

Figura 46 - Proposta 2, sem nenhum suporte soldado ............................................. 73

Figura 47 - Proposta 1, frestas nas regiões de solda, possibilitando o aparecimento

de pontos de corrosão ............................................................................................. 75

Figura 48 - Proposta 2, frestas nas regiões de solda, possibilitando o aparecimento

de pontos de corrosão ............................................................................................. 75

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Figura 49 - Proposta 3, ausência de frestas no suporte, reduzindo a possibilidade do

aparecimento de pontos de corrosão ....................................................................... 76

Figura 50 - Proposta 3, complexidade geométrica da área frontal do suporte .......... 77

Figura 51 - Proposta 3, aproveitamento de chapa de 80,67% .................................. 77

Figura 52 - Estudo virtual do acesso para soldagem do suporte principal do paralama

................................................................................................................................. 79

Figura 53 - Estudo distribuição pontos de solda no suporte principal do paralama. (a)

Estudo virtual. (b) Verificação e teste físico dos pontos soldados da proposta 3 ...... 79

Figura 54 - Estudo virtual da compatibilidade geométrica e de solda entre as peças

de ligação com o suporte principal do paralama ...................................................... 79

Figura 55 - Proposta 1, distribuição dos oito pontos de solda no suporte principal do

paralama .................................................................................................................. 80

Figura 56 - Proposta 2, distribuição dos dois pontos de solda no suporte principal do

paralama. Proposta 3, sem pontos de solda ............................................................ 80

Figura 57 - Proposta 3, análise de durabilidade (fadiga) na aba de apoio do paralama

e farol ....................................................................................................................... 81

Figura 58 - Análise de compatibilidade para evitar sombreamento durante a

montagem do parafuso (Overshadow) ..................................................................... 82

Figura 59 - Impacto em percentual na montagem dos conjuntos na área em estudo,

se ocorrerem sombreamento durante a montagem (Overshadow)........................... 82

Figura 60 - Resultado da Matriz de tomada de decisão ........................................... 83

Figura 61 - Proposta 1, variação dimensional de montagem de +/- 0,5mm em cada

ponto de fixação ....................................................................................................... 84

Figura 62 - Proposta 2, variação dimensional de montagem de +/- 0,5mm no ponto

de fixação traseiro .................................................................................................... 84

Figura 63 - Proposta 3, sem variação dimensional de montagem nos pontos de

fixação do paralama ................................................................................................. 85

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Figura 64 - Proposta 3, redução de dois moldes de estampagem, referentes inclusão

dos suportes intermediários no suporte principal ..................................................... 86

Figura 65 - Gráfico do custo x tempo com o uso de pré-análises ............................. 87

Figura 66 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona

física, aumentando o tempo e custo do projeto ........................................................ 88

Figura 67 - Vista lateral do protótipo (concepção 3), testada e validada .................. 89

Figura 68 - Detalhe da vista lateral do protótipo (concepção 3), testada e validada . 89

Figura 69 - Vista isométrica do protótipo (concepção 3), testada e validada ............ 90

Figura 70 - Detalhe da vista isométrica do protótipo (concepção 3), testada e

validada ................................................................................................................... 90

Figura 71 - Impacto custo do projeto ao longo do tempo. (Figura 2.2 do PMBOK

2008)........................................................................................................................ 91

Figura 72 - Gráfico do andamento ideal em um projeto ............................................ 91

Figura 73 - Verificação do modelo virtual sem o uso das pré-análises ..................... 92

Figura 74 - Gráfico do custo x tempo com o uso de pré-análises ............................. 93

Figura 75 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona

física ........................................................................................................................ 94

Figura 76 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona

física, aumentando o tempo e custo do projeto ........................................................ 94

Figura 77 - Redução dos moldes de estampagem dos suportes intermediários ....... 96

Figura 78 - Redução da variação dimensional de montagem nos pontos de fixação

do do paralama ........................................................................................................ 96

Figura 79 - Impacto na aparência final do veículo devido a variação de montagem . 97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Correlação dimensional entre peças antes e depois da montagem.

(Hammett e Baron, 2000b). ((R) Coeficiente de correlação) .................................... 47

Tabela 2 - Robustez da montagem. (Hammett; Baron, 2000/b) ............................... 48

Tabela 3 - Desvios médios entre estampados e conjunto (Hammett; Baron, 2000/b)

................................................................................................................................. 49

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................ 18

1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................... 18

1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................ 18

1.2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 19

2.1 CONCEITO DE NOVO PRODUTO INDUSTRIAL ....................................... 19

2.2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO............................. 21

2.2.1 Características gerais ........................................................................... 21

2.2.2 Importância de uma boa definição ........................................................ 22

2.3 PROJETO DO PRODUTO .......................................................................... 23

2.4 FASES DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .......... 24

2.4.1 Projeto centrado no usuário .................................................................. 28

2.4.2 O processo de projeto automotivo ........................................................ 28

2.5 CAUSAS DO FRACASSO DAS INOVAÇÕES DE PRODUTO NOS

MERCADOS INDUSTRIAIS .................................................................................. 32

2.6 CONCEITUAÇÃO DO QFD ........................................................................ 33

2.6.1 Casa da qualidade ................................................................................ 34

2.6.2 Etapas para elaboração da casa da qualidade ..................................... 36

2.7 DESENVOLVIMENTO DE CARROCERIAS................................................ 37

2.8 NECESSIDADES DO CONTROLE DE QUALIDADE DAS CARROCERIAS

AUTOMOTIVAS .................................................................................................... 42

2.9 VARIAÇÃO DIMENSIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE CARROCERIAS

43

2.10 DESAFIOS DA ESTAMPARIA ................................................................. 43

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2.11 CORRELAÇÃO ENTRE DIMENSÕES DE ESTAMPADOS E

CONJUNTOS ....................................................................................................... 46

2.12 FERRAMENTAS VIRTUAIS NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

50

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 52

MODELO INICIAL DO CONJUNTO DE SUPORTE PARA O PARALAMA .. 52 3.1

DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSTAS. ................................................ 52 3.2

GERAÇÃO DA MATRIZ QFD...................................................................... 53 3.3

DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSTAS ................................................. 54 3.4

MATRIZ DE TOMADA DE DECISÃO .......................................................... 70 3.5

4 RESULTADOS .................................................................................................. 83

RESULTADOS DO OBJETIVO GERAL ...................................................... 83 4.1

RESULTADOS DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................... 83 4.2

4.2.1 Diminuição da variação dimensional na montagem do conjunto de

suportes do paralama. ....................................................................................... 83

4.2.2 Diminuição do custo do ferramental de estampagem do conjunto de

suportes do paralama. ....................................................................................... 85

4.2.3 Redução do tempo de produção do conjunto de suportes do paralama.

86

4.2.4 Melhor aproveitamento do tempo de projeto durante a fase virtual

concepção. ........................................................................................................ 86

VALIDAÇÃO DOS PROTÓTIPOS. .............................................................. 88 4.3

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 91

5.1 ZONA VIRTUAL VERSUS ZONA FÍSICA DO PROJETO ........................... 91

5.2 ELIMINAÇÃO DOS SUPORTES INTERMEDIÁRIOS ................................. 95

6 PONTOS CRÍTICOS ......................................................................................... 97

6.1 CRONOGRAMA DO PROJETO .................................................................. 97

7 CONCLUSÃO .................................................................................................... 98

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BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 99

ANEXOS ................................................................................................................ 105

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ACRÔNIMOS

BCAD - Body Computer Aided Design

CAD - Computer Aided Design

CAE - Computer Aided Engineering

CAM - Computer aided manufacturing

DVA - Digital Variation Analysis

DPA - Digital Product Assembly

FE - Fator de enrugamento

QFD - Quality function deployment

PDP - Performance Designed Products

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1 INTRODUÇÃO

O mundo globalizado, influenciado por uma enorme quantidade e velocidade

na aquisição de informações, tem provocado mudanças no comportamento, no ritmo

e no conceito da população. Isso faz surgir nas pessoas novas necessidades, a

forma de consumo está a todo o momento mudando, o ritmo tem ficado mais

acelerado, e os consumidores tem se tornado mais ávidos por novidades. As

empresas passaram a ficar mais competitivas e a própria existência das empresas,

nesse cenário extremamente competitivo, passou a depender muito da criatividade e

competência.

No setor automotivo, os lançamentos de novos veículos tem se tornado uma

necessidade e o tempo desses lançamentos tem sido cada vez menor. As empresas

passaram a arriscar mais em produtos novos, objetivando a conquista e a

manutenção dos clientes. Desta forma, a busca pelo novo se tornou cada vez mais

constante, mas ainda existe uma dificuldade em definir claramente o que se

considera como novo produto.

Em geral pode-se definir um novo produto desde a perspectiva do cliente ou

da empresa, o que origina conceitos diferentes. De acordo com Crawford (1984), do

ponto de vista da empresa, um novo produto constitui qualquer acréscimo na

carteira de produtos existente. Contudo, do ponto de vista do mercado, a novidade

de um produto determina-se pela percepção que os potenciais utilizadores têm do

novo produto.

Danneels e Kleinschmidt (2001) consideram que, na perspectiva do cliente, as

características da inovação, a capacidade de assumir riscos e os níveis de mudança

em padrões de comportamento definidos constituem formas de novos produtos.

Porém, na perspectiva da empresa, os desafios ambientais e os resultantes dos

projetos de investimentos estratégicos da empresa, assim como a evolução

tecnológica e as alterações no mercado, constituem dimensões de um novo produto.

Assim, um cliente pode classificar como novos produtos, além dos que não

conhece por serem originais, os que adquirem pela primeira vez,

independentemente destes já existirem no mercado, ou aqueles que identificam de

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forma diferente, em consequência de estratégias de reposicionamento desses

produtos no mercado.

Outro aspecto interessante nesta nova percepção do cliente relacionada a um

novo produto é que questões antes irrelevantes, passaram a ser importantes, desta

forma as empresas passaram a perceber a necessidade de produzirem produtos

melhores, com preços melhores (competitivos), e com disponibilidade de estoque

para demanda (entrega rápida). Estes aspectos forçaram essas empresas a

diminuírem o tempo de projeto e manufatura desses produtos, tornando importante a

busca de soluções mais rápidas de concepções que atendam as expectativas destes

exigentes clientes.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Propor uma nova metodologia de desenvolvimento de peças estampadas

com uso das pré-análises de CAE durante o desenvolvimento do produto,

visando a redução dos custos de estampagem e montagem aplicado ao

conjunto dos suportes do paralama.

1.1.2 Objetivos específicos

Redução da variação dimensional na montagem do conjunto de suportes do

paralama.

Redução do custo do ferramental de estampagem do conjunto de suportes do

paralama.

Redução do tempo de produção do conjunto de suportes do paralama.

Melhor aproveitamento do tempo de projeto durante a fase virtual de

concepção.

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1.2 JUSTIFICATIVA

Existe um grande desafio para a manutenção dos negócios nas empresas do

segmento automotivo, devido à alta competitividade desse mercado no contexto

mundial. A diminuição dos custos relacionados à produção e ao tempo de entrega

desses produtos, tem se tornado um dos principais objetivos a ser alcançado por

essas empresas.

O desenvolvimento de produtos mais competitivos para este segmento tem

sido ligado à capacidade dessas empresas em inovar na concepção dos seus

projetos, não só tornando seus produtos mais atrativos para o mercado, mas

deixando-os também economicamente saudáveis, para competirem com os seus

concorrentes.

Este trabalho visa na melhoria do uso do tempo disponível na fase virtual do

projeto, para obter melhores soluções nas concepções dos novos produtos,

reduzindo o custo direto dos ferramentais de estampagem de componentes da

carroceria dos veículos, especificamente no conjunto de suportes do paralama, e

nos custos indiretos relacionados à diminuição do tempo de projeto e produção

desses componentes, com o uso das pré-análises de CAE, justificando desta forma

a importância desse trabalho.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITO DE NOVO PRODUTO INDUSTRIAL

Yoon e Lilien (1985) definem o que é um novo produto em comparação com o

que constitui um produto reformulado. Para estes autores, um novo produto implica

uma mudança tecnológica que lhe permita ser competitivo em novos mercados, ou a

aplicação, pela primeira vez, de tecnologia nunca antes incorporada no produto. Os

produtos reformulados incluem modificações que afetam a sua utilização, reduzem o

seu custo e possibilitam uma maior duração.

Segundo Galvão e Sato (2004), na era industrial, a principal preocupação da

tecnologia era estarem em conformidade com as medidas das pessoas, as falhas

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que os produtos apresentavam eram relativas à negligência aos fatores humanos.

Atualmente, com o aumento dos recursos da informática e de comunicação, a

tecnologia também deve estar em conformidade com a percepção dos indivíduos,

como resultado as especificações dos produtos tornaram-se ainda mais complexas

para atender esses usuários atuais. Integrar a tecnologia e todas as exigências dos

usuários se tornou fundamental para se implementar produtos com sucesso, o que

apela para uma abordagem centrada no homem. Para esses autores uma

abordagem centrada no homem é muitas vezes vista em duas grandes formas:

Abordagem guiada pela tecnologia, que enfatiza a desempenho do produto

baseado na tecnologia disponível.

Abordagem centrada no usuário, que enfatiza as atividades dos usuários e

suas interações com o produto.

Abordagens guiadas pela tecnologia são fundamentalmente sequenciais nas

inovações, pois o aperfeiçoamento tecnológico é o principal processo no qual tudo é

organizado. Uma abordagem centrada no usuário considera, prioritariamente, as

relações entre as atividades os hábitos dos usuários e tecnologias disponíveis num

determinado contexto de uso (Figura 1). Ou seja, o produto deverá dar suporte ao

nível de conhecimento dos usuários e motivá-los apropriadamente a agir.

Um produto desenvolvido com princípios centrados no usuário tem seu

desempenho avaliado em termos de benefícios humanos e satisfação das novas

necessidades. Com base em um esforço interdisciplinar, uma abordagem centrada

no usuário utiliza a análise das tarefas humanas, suas capacidades e necessidades

no âmbito do contexto do seu uso.

Apesar do fato de que a abordagem centrada no usuário ser muitas vezes

vista como parte do processo de concepção, projetistas têm dificuldades com as

implicações metodológicas de integrar os estudos de usuários nas primeiras fases

do projeto. O desafio aumenta à medida que produtos e sistemas atuais tornam-se

mais complexos: complexidades relacionadas aos produtos (milhares de peças

ligadas, conjuntos e interfaces); complexidades ligadas ao usuário (tarefas de

operação, competências exigidas, motivações); complexidades relacionadas ao

contexto (influências sociais e culturais). Há uma evidente necessidade de

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desvendar essa complexidade e ligar os usuários de volta para o processo de

desenvolvimento. (GALVÃO; SATO, 2004, p.2)

Figura 1 - Comparação da abordagem guiada pela tecnologia e da centrada no usuário (Galvão

e Sato - 2004).

2.2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

2.2.1 Características gerais

Kaminski (2000) acredita que o processo de desenvolvimento de produto

compreende desde o projeto do produto até a avaliação do produto pelo consumidor,

passando pela fabricação, e apresenta características gerais nas quais o autor cita:

Necessidade: O produto deve ser a resposta ou solução a uma necessidade

individual ou coletiva;

Exequibilidade física: O produto, assim como o processo para sua obtenção

deve ser factível;

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Viabilidade econômica: Sob a ótica do cliente, a utilidade do produto deve

corresponder ou superar o seu preço de venda;

Viabilidade financeira: A empresa deve ser capaz de suportar financeiramente

os custos do projeto, manufatura e distribuição do produto;

Otimização: A escolha final de um projeto de ser a melhor entre as várias

alternativas disponíveis quando da execução do mesmo;

Critérios de projeto: Dentre os vários requisitos de um projeto, em geral

conflitantes, o projetista deve encontrar o equilíbrio, que se representará por

um critério, através do qual se fará a otimização;

Subprojetos: É comum o surgimento de problemas durante o

desenvolvimento de um projeto, cujo andamento depende da solução destes

problemas. O meio de solucionar tais problemas é o subprojeto;

Aumento da confiança: A confiança da obtenção de sucesso deve aumentar a

cada etapa do processo de desenvolvimento de produto, caso contrário,

interrompe-se o desenvolvimento, ou procura-se alternativa para a solução;

Custo da certeza: A relação entre a certeza do sucesso e o custo das

atividades destinadas à obtenção de conhecimento sobre o projeto do produto

deve ser diretamente proporcional. Se as informações disponíveis indicam o

fracasso do projeto, este deve ser interrompido e somente reiniciado quando

as informações garantirem que os recursos necessários à próxima fase são

convenientes;

Apresentação: Geralmente apresentado na forma de documentos, relatórios,

maquetes e/ou protótipos.

2.2.2 Importância de uma boa definição

Um processo de desenvolvimento bem definido é importante pelas seguintes

razões, segundo Ulrich e Eppinger (1995):

Garantia de qualidade: O processo de desenvolvimento especifica as fases

do projeto e os postos de verificação ao longo do caminho. Seguir o processo

de desenvolvimento é uma das maneiras de assegurar a qualidade do

produto final.

Coordenação: O processo de desenvolvimento desempenha o papel de um

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plano mestre que define os papéis de cada membro da equipe. Este plano

informa-os quando suas contribuições serão necessárias e com quem

trocarão informações e materiais.

Planejamento: O processo de desenvolvimento contém marcos de caminho

que correspondem à conclusão de cada etapa. A definição destes marcos

ancora o tempo de desenvolvimento do projeto.

Gerenciamento: O processo de desenvolvimento é um benchmark para

avaliar o esforço do desenvolvimento em andamento. Por comparação de

atuais eventos com o processo estabelecido, o gerente pode identificar

possíveis áreas com problemas.

Aperfeiçoamento: A documentação do processo de desenvolvimento em uma

organização auxilia identificar oportunidades de melhoria.

2.3 PROJETO DO PRODUTO

A principal atividade daquele que desenvolve produtos é o projeto, segundo

Kaminski (2000). Fatores tecnológicos, econômicos, humanos e ambientais, são

sempre envolvidos no desenvolvimento. O que varia de um produto para o outro é a

importância de cada um desses fatores, sabe-se que o projeto pode também ser

influenciado por fatores culturais, e/ou político-sociais.

Martins e Laugine (1998) citam o projeto do produto como um elemento

básico para a vantagem competitiva, mas necessitam-se de profissionais

especializados em várias áreas de conhecimento, pelo fato desse campo de trabalho

ser extremamente dinâmico, devido a constante mudança dos desejos e exigências

dos clientes.

Focando na engenharia do produto, pode-se afirmar que projetar

necessariamente depende da obtenção do conhecimento da estrutura do produto,

dentro de um domínio, utilizando esse conhecimento prévio com a finalidade de

cumprir uma determinada função.

O desenvolvimento de produtos é o foco da competição industrial e está

diretamente ligado aos custos, qualidade e satisfação dos clientes, sendo a

vantagem competitiva da empresa, segundo o entendimento de Clark e Fujimoto

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(1991). Consideram ainda que, a vantagem competitiva do produto no mercado

depende da estratégia do produto, da gestão e organização do processo de

desenvolvimento do produto, definindo este último como um processo pelo qual a

empresa converte oportunidades de mercado e recursos tecnológicos em

informações para a fabricação do produto.

Devido à importância do desenvolvimento do produto, faz-se necessário um

procedimento metódico para a geração de soluções, devendo ser planejável,

flexível, otimizável e verificável; e só é aplicável quando, além do conhecimento

especializado, os projetistas souberem trabalhar de modo sistemático, e essa

metodologia exigir ou for auxiliada por medidas organizacionais (Pahl, G 2005).

2.4 FASES DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Back (1983) cita que à medida que um projeto é iniciado e desenvolvido, este

se desdobra em uma sequência de eventos que seguem uma ordem cronológica, o

que gera um modelo, que de maneira geral, é comum a todos os projetos. Os

eventos ou etapas, geralmente bastante distintos, devem ser sequenciais,

permitindo a transformação de recursos em objetivos proveitosos.

Kaminski (2000) mostra que independente das características dos produtos,

as várias etapas necessárias para seu desenvolvimento compõem um método geral

comum, que organiza a transformação das necessidades em meios para satisfazê-

las, indicando finalmente como utilizar matérias-primas, recursos humanos,

financeiros e tecnológicos com o objetivo de obter o produto.

Slack (1993) salienta que o processo de levar um projeto de desenvolvimento

de produto, em regime normal, envolve estágios distintos. Os termos que descrevem

as etapas, dependendo da indústria, podem variar e o desenvolvimento de

determinado produto pode não incluir todas as etapas. Um exemplo de modelo de

fases de projeto de produto pode ser visto na figura 2 a seguir, este modelo

apresenta três fases distintas.

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Figura 2 - Modelo de fases de projeto de produto (Slack, 1993).

Segundo Ulrich e Eppinger (1995), o processo de desenvolvimento do produto

é como uma sequência de etapas ou atividades que uma empresa utiliza para

conceber, projetar e comercializar o produto. Muitos desses passos são mais

intelectuais e organizacionais que tangíveis.

Estes mesmos autores mostram que um processo de desenvolvimento

genérico pode ser considerado como a criação inicial de um conjunto de conceitos

de produto alternativo e então, posteriormente, reduzir as alternativas e aumentar as

especificações do produto até que se tenha confiança de produzi-lo em série em um

sistema de produção. O processo de desenvolvimento genérico é dividido em cinco

fases como é mostrado na figura 3 a seguir:

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Figura 3 - Modelo de PDP (Adaptado de Ulrich e Eppinger, 1995)

Fase 1: Desenvolvimento do conceito: Nesta fase as necessidades de

mercado alvo são identificadas, os conceitos de produtos alternativos são gerados

e avaliados, e um único conceito é selecionado para um desenvolvimento

posterior. Um conceito é a descrição da forma, função e características do

produto, e em geral, é acompanhado por um conjunto de especificações, análises

de concorrentes e uma justificativa econômica para o projeto.

Fase 2: Projeto no nível de sistema: A fase inclui a definição da

“arquitetura” do produto e a divisão desta em subsistemas e componentes. O

esquema de montagem final para o sistema de produção é geralmente definido

durante esta fase. O resultado desta fase é, em geral, o esboço geométrico

(layout) do produto, uma especificação funcional de cada subsistema do produto,

e um diagrama de fluxo para o processo final de montagem.

Fase 3: Detalhes do projeto: Inclui a especificação completa da

geometria, material e tolerância de todas as partes singulares do produto e

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identificação de todas as partes padronizadas a serem compradas dos

fornecedores. Um plano de processo é estabelecido e máquinas são projetadas

para cada parte do produto a ser fabricado, de acordo com o sistema de

produção. Esta fase tem como resultado a documentação de controle para o

produto – os desenhos ou arquivos eletrônicos que descrevem a geometria de

cada parte e máquina, as especificações das partes de aquisição, e os planos de

processo para a fabricação e montagem do produto.

Fase 4: Testes e refinamento: Esta fase envolve a construção e

avaliação de múltiplas versões de “pré-produção” do produto. Protótipos “alpha”

são geralmente construídos com a mesma geometria e propriedades materiais

das peças que se deseja fabricar, mas não seguem necessariamente os

processos a serem utilizados na produção. Estes protótipos são testados para

determinar se o produto funciona ou não como o projetado e se irá satisfazer as

principais necessidades do cliente. Protótipos betas são geralmente construídos

com partes providas pelo processo de produção, mas não serão montados

usando o processo de produção final. São amplamente avaliados internamente e

testados por clientes em seus próprios ambientes. O objetivo para este protótipo

beta é responder perguntas sobre a execução e qualidade a fim de identificar

mudanças necessárias ao produto final.

Fase 5: Preparação da produção: O produto é fabricado utilizando o

sistema de produção planejado. O propósito é treinar a mão-de-obra e identificar

qualquer problema presente no processo de produção. Os produtos produzidos

nesta fase são, às vezes, fornecidos para clientes preferenciais e são

cuidadosamente avaliados para identificar qualquer defeito. A transição desta fase

para a produção em série é gradativa e contínua. Em alguma etapa desta

transição o produto é de fato lançado e se torna disponível para distribuição em

larga escala.

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2.4.1 Projeto centrado no usuário

Segundo Rozenfeld et al. (2000), a classificação em função da complexidade

permite a definição de um modelo de referência para a PDP. Quanto mais inovador

e complexo o produto mais fases de desenvolvimento são necessárias. Projetos de

personalização simples não requerem projeto conceitual como mostra a Figura 4.

Figura 4 - Versões do modelo de referência do PDP (Adaptado de Rozenfeld, et. al. - 2000)

Ainda segundo os mesmos autores, no desenvolvimento de uma nova

plataforma de veículo em um segmento em que a indústria já atua como no caso de

família de produtos com mesmo nome comercial, pode-se utilizar o segundo gráfico

apresentado na Figura 4 (vista de cima para baixo) com a união das fases de projeto

informacional e conceitual, pois, é um segmento que a empresa já conhece muito

bem. Além disso, o projeto detalhado e o de produção são reduzidos, com várias de

suas atividades e tarefas simplificadas, agrupadas ou sem a necessidade de

execução.

2.4.2 O processo de projeto automotivo

Para Lewin (2003) o processo de projeto na indústria automobilística divide-se

nas seguintes fases: Planejamento do produto, briefing, geração de conceitos,

seleção de temas, desenvolvimento do modelo 3D, avaliação do design, styling

freeze, desenvolvimento de protótipo e testes, lançamento do produto.

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a) A fase de planejamento do produto é o trabalho que ocorre antes de se

iniciar qualquer ação nas áreas de projeto e de produção de um novo veículo.

Geralmente a empresa que planeja lançar um carro faz uma pesquisa de mercado

para verificar se o produto é desejado e necessário, além de análise da capacidade

instalada e novos materiais que podem influenciar o novo produto. Todos os

aspectos requerem um planejamento cuidadoso, de acordo com a pesquisa

realizada, a companhia irá desenvolver um briefing.

b) O briefing é o guia para o projetista. Ele enuncia todos os aspectos das

tarefas do projeto. Para quem o carro será feito, qual será o seu tipo, qual sua

expectativa de preço e a posição do novo veículo na gama de produtos produzidos

pela montadora. O briefing é a leitura do mercado.

c) A fase de geração de conceitos envolve a concepção de uma grande

quantidade de desenhos para a visualização de ideias para o exterior e para o

interior do novo veículo. Geralmente, ideias sobre o exterior vêm antes dos

conceitos do interior, embora em algumas vezes os conceitos desenvolvidos para o

interior afetem a forma exterior.

d) A fase de seleção de temas é a escolha dos conceitos cujas características

são as mais assertivas de acordo com o briefing e com o visual mais interessante.

Algumas vezes muitas possibilidades de estilo são escolhidas para desenvolvimento

no próximo estágio. Quando os temas ou tema são definidos, os designers têm a

definição do estilo para o desenvolvimento do exterior e do interior.

e) A fase de desenvolvimento da modelagem 3D é a fase que transforma um

desenho em 2D em 3D. Um modelo em escala, geralmente em argila (Clay), é feito

para a avaliação da forma do veículo, pois a partir de desenhos em 2d a

visualização do design se torna mais difícil. Utilizam-se tanbém ferramentas de

computação que auxiliam nesse processo. Nessa fase as medidas do veículo são

colocadas no computador e o design do carro é manipulado e pode ser analisado

em vários pontos de vista.

f) A fase de avaliação do design consiste na análise de modelos em

verdadeira grandeza do exterior e interior do veículo que permite a verificação da

aparência e ergonomia e a comparação com outros veículos existentes. Quando a

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empresa acredita ter um produto competitivo ela pode optar por analisar a reação do

público, convidando usuários do perfil de público alvo para a realização de clínicas.

Algumas montadoras utilizam-se desse processo para auxiliar a decisão entre

diferentes temas. Outras utilizam em um estágio mais avançado para fazer um

refinamento dos detalhes de design ou da previsão de equipamentos em relação aos

veículos concorrentes de outras montadoras.

g) Styling freeze é o ponto em que o projeto é definido. Muitas empresas

apresentam um gateway nesse ponto no qual a viabilidade financeira é novamente

avaliada com base em todo o processo até esse ponto. O estilo e a especificação

mecânica é finalizada e a data de lançamento é definida. Grandes mudanças no

design ou em elementos de mecânica são muito caras depois desde estágio e

podem causar atrasos na produção.

h) Protótipo e testes: nessa etapa, protótipos feitos à mão, geralmente com a

carroceria muito disfarçada, são testados sob condições de direção normais e

extremadas. Além de simulações por computador (CAE) para avaliações em geral

que são realizadas antes desta fase.

I) Lançamento do produto, geralmente é feito em um salão internacional com

apoio de uma campanha publicitária, mas o sucesso não será medido na recepção

do público na feira e sim no comportamento das vendas e do retorno da verba

investida.

A descrição das etapas de design automotivo apresentadas por Clements e

Porter (2008) é semelhante às de Lewin (2003), caracterizando-se em:

Definição da especificação do veículo que é feita por uma equipe

multidisciplinar.

Discussão dos primeiros croquis conceituais com o uso de painéis temáticos.

Seleção informal de conceitos que é definida pela própria equipe de design.

Gerenciamento da análise dos conceitos que é o desenvolvimento de

modelos em CAD para uso em pesquisa de marketing.

Pesquisa de mercado em 2D, que se caracteriza em pesquisa com grupos de

consumidores alvo com apresentação de imagens dos conceitos propostos.

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Redefinição dos desenhos e de nova pesquisa com consumidores.

Fase de aprovação para detalhamento de engenharia no qual são produzidos

modelos em tamanho real utilizando, geralmente, de argila.

Pesquisa de mercado 3D são clínicas em que são apresentados para o

público alvo os modelos em escala real do exterior e do interior.

Aprovação final do modelo 3D é quando a equipe de gerenciamento aprova

um modelo que será completamente resolvido.

Viabilidade do conceito final escolhido que consiste em scannear o modelo

final e produzir um novo modelo em 3D que será o do produto final e as áreas

de engenharia são responsáveis pela viabilidade do projeto final, em termos

de produção. Por último a aprovação final.

A Figura 5, representa o processo apresentado por Larica (2003):

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Figura 5 - Processo de design (Adaptado de Larica, 2003)

2.5 CAUSAS DO FRACASSO DAS INOVAÇÕES DE PRODUTO NOS

MERCADOS INDUSTRIAIS

O fator determinante para êxito de um produto é a vantagem que esse

produto tem em relação aos produtos concorrentes, isto é, a superioridade e

singularidade do novo produto. Em segundo lugar, destaca-se o conhecimento do

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mercado e a orientação tecnológica do novo produto. Existem outros fatores

identificados que são considerados como barreiras para o êxito, como por exemplo:

apresentar um preço relativo mais elevado, dinâmica e competitividade do mercado;

e outros, ainda, identificados como determinantes para o êxito: sinergias no

marketing e gestão, comunicações eficazes e esforço no lançamento, assim como a

necessidade, crescimento e dimensão do mercado. Cooper e Kleinschmidt (1993a,

1993b).

Segundo vários estudos, o fracasso no lançamento de novos produtos

representa um percentual em torno de 80%. As estatísticas para bens de consumo

mostram que 60% a 75 % dos produtos lançados nos EUA são fracassos de vendas

(Booz Allen e Hamilton, 1982). O estudo do fracasso é importante para aumentar a

taxa de sucessos e reduzir a taxa de “mortalidade” dos produtos.

2.6 CONCEITUAÇÃO DO QFD

Segundo Cheng (1995), O método quality function deployment (QFD) foi

criado no Japão, principalmente pelos professores Shigeru Mizuno e Yoji Akao.

Desde então foi continuamente aperfeiçoado pelo grupo do professor Akao, em

cooperação com empresas japonesas. A caracterização do método e a descrição do

conteúdo tiveram origem nos trabalhos de Akao, em 1972. No entanto, o método só

foi reconhecido como instrumento importante para o planejamento da qualidade ou

gestão de desenvolvimento do produto em 1978.

Foi primeiramente desenvolvido no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries

Ltd., que produzia navios de grande porte e navios-tanque, a partir de uma

solicitação do governo japonês a um grupo de professores universitários, do qual o

professor Akao fazia parte, e que tinha por objetivo estruturar um processo que

permitisse vincular cada etapa da construção de navios ao atendimento e à

satisfação de determinados requisitos.

Já nos primórdios de 1970, a indústria automobilística japonesa também

adotou esse método, objetivando incrementar a exportação de veículos, tendo em

vista a imagem pouco animadora que estes desfrutavam no mercado internacional,

sobretudo em face da baixa qualidade apresentada em comparação com os

fabricados em outros países.

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Transcorridos aproximadamente 15 anos de experiências bem-sucedidas no

Oriente, o método QFD migrou para o Ocidente, sendo então implantado nos EUA,

tendo como ponto de partida a indústria automobilística. O êxito de seu emprego

nesse ramo industrial expandiu-se de tal forma no território americano que, no final

de 1980, já havia registrado um número expressivo de casos bem-sucedidos.

O método QFD pode ser aplicado tanto a produto (entendido como bens ou

serviços) da empresa quanto a produto intermediário entre cliente e fornecedor

interno. Pode ser aplicado também para remodelagem ou melhoria de produtos

existentes quanto para produtos novos às empresas. A implantação do método QFD

objetiva duas finalidades específicas, primeiro por auxiliar o processo de

desenvolvimento do produto, buscando, traduzindo e transmitindo as necessidades

e desejos do cliente e segundo por garantir qualidade durante o processo de

desenvolvimento do produto.

A metodologia QFD resgata as necessidades provenientes tanto do ambiente

externo como interno, e as converte em requisitos para desenvolvimento de

produtos, monitorando todo o processo produtivo em diferentes etapas. A

metodologia QFD possui a característica de captar as necessidades, expectativas e

desejos do consumidor e traduzi-las para todos os processos da organização, de

forma a garantir a qualidade requerida pelo cliente em cada etapa do processo.

2.6.1 Casa da qualidade

A abordagem QFD envolve vários tipos de matriz. A casa da qualidade faz a

correlação entre a qualidade exigida e as características da qualidade, obtidas nas

tabelas de desdobramento, é a matriz mais conhecida e utilizada que tem por

finalidade detectar as exigências do cliente, o que ele deseja e como satisfazê-las. A

correlação pode ser “forte”, “média” ou “fraca”. As correlações fortes informam as

principais características da qualidade.

A casa da qualidade (ou matriz da qualidade) não só está presente, como

inicia os desdobramentos. Essa matriz é a ferramenta básica de projeto do QFD

(Hauser & Clausing, 1988). A casa da qualidade pode ser definida como a matriz

que tem a finalidade de executar o projeto da qualidade, sistematizando as

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qualidades verdadeiras exigidas pelos clientes por meio de expressões linguísticas,

convertendo-as em características substitutas e mostrando a correlação entre essas

características substitutas (características de qualidade) e aquelas qualidades

verdadeiras (Akao, 1996). Através da definição, se deduz que a matriz da qualidade

funciona como um sistema em que a entrada (input) é a voz do cliente. O processo

nada mais é que a transformação das necessidades exigidas pelo cliente. A saída

(output) consiste nas especificações do produto/serviço. A figura 7 mostra a

estrutura que deve servir de base para construir a casa da qualidade.

Figura 6 - Casa da Qualidade (Marshall, 2006)

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2.6.2 Etapas para elaboração da casa da qualidade

Segundo Marshall (2006) existem doze etapas para a elaboração da Casa da

Qualidade, que são elas:

Definição do objetivo: é uma descrição da meta, do objetivo, do problema, da

dificuldade que se pretende resolver. Geralmente aparece na forma de uma

pergunta que se está tentando responder.

Lista de “quês”: o que o cliente quer. Nesse passo deve conter as

características do produto/serviço definidas pelo cliente, o levantamento das

necessidades dos clientes é feito através de feedback e pesquisa de

mercado.

Ordem de importância: valores ponderados atribuídos aos quês; são pesos

que normalmente variam de 1(menos importante) a 7(mais importante).

Avaliação da concorrência pelo cliente: deve-se analisar o serviço oferecido

pelo concorrente, em comparação com o serviço estudado.

Lista de “como”: indica maneira de produzir os “quês”, ou seja, traduz e

entende os desejos do cliente.

Direção de melhoria: estabelece para cada “como” a direção da melhoria.

Matriz de correlação (Telhado da Casa da Qualidade): é uma matriz triangular

que analisa conformidade e requisitos entre os “como”. São classificadas em

muito positiva, positiva, negativa e muito negativa ou inexistente.

Quanto: estabelece para cada “como” um valor alvo que deve ser alcançado

de forma que garanta a satisfação do cliente.

Avaliação Técnica da Concorrência: mostra as especificações técnicas do

concorrente, baseando-se em como ele faz o serviço. Essa avaliação é feita

na percepção do gestor e não do cliente.

Matriz de relações: é o meio sistemático de identificar o nível de

relacionamento entre uma característica do produto ou serviço (“o quês”) e

determinada maneira de atingi-lo, (“como”). É na matriz de relações que as

ideias de como satisfazer os requisitos estabelecidos pelos clientes são

ponderados com atribuições de valores de cada relação que se estabelece.

Fatores de dificuldade ou probabilidade: são valores que a empresa atribui

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para qualificar como maior ou menor dificuldade em atender cada um dos

itens “como”.

Escores absoluto e relativo: os graus de intensidade atribuídos na matriz de

relações e a ordem de importância fornecida auxiliam na priorização dos

esforços, ou seja, na seleção dos “como” que deverão passar à próxima fase.

Os escores são calculados multiplicando-se os graus de intensidade obtidos,

1 (fraco), 3 (médio) e 9 (alto), pela ordem de importância, de 1 a 7, fornecida

pelo cliente. Os resultados dos escores absolutos (somatório de cada coluna

“como”) obtidos representam a importância relativa de cada “como” no

atendimento do conjunto dos itens “que”.

2.7 DESENVOLVIMENTO DE CARROCERIAS

O desenvolvimento de carrocerias representa um dos grandes desafios para

os fabricantes de automóveis, enquanto trabalham continuamente para reduzir

custos e tempo de desenvolvimento para o lançamento de um novo modelo no

mercado. Usando práticas como a engenharia simultânea, a prototipagem rápida e a

simulação em computador, os fabricantes reduziram seus prazos e custos de

desenvolvimento, integrando as engenharias de produto e processos na frente de

desenvolvimento. Esta integração é mais comum nas fases de desenvolvimento do

projeto do produto e processo, do que nas fases de aprovação e liberação da

produção.

A figura 8, (adaptado de Ovtcharova, 2002) mostra a evolução na redução do

tempo de desenvolvimento de um novo produto, com base de início na aprovação e

liberação do conceito e término no início da produção.

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Figura 7 - Tendência na indústria automotiva (Ovtcharova, 2002)

Os veículos possuem um corpo estrutural chamado carroceria. Nela são

montados todos os componentes mecânicos como suspensão, freios, motor,

câmbio, entre outros, todos os acabamentos internos como painel de instrumentos,

revestimentos internos, bancos e tapeçaria, acabamentos externos como faróis,

lanternas, vidros e os para-choques, e toda a parte elétrica. Define o tamanho

externo e o espaço interno destinado aos ocupantes e ao compartimento de carga. É

o item de maior responsabilidade pela aparência visual, um dos principais atributos

avaliados pelo consumidor no momento da compra do veículo. A carroceria,

portanto, possui papel fundamental.

A figura 9, (Hammett e Baron, 2000b) mostra os estágios do desenvolvimento

da carroceria, do projeto das peças ao “tryout” (ajuste) final do processo de

montagem dos conjuntos, usando as peças estampadas nas prensas definitivas de

produção.

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Figura 8 - Estágios do desenvolvimento de carrocerias (Hammett e Baron, 2000b)

A carroceria é composta por uma coleção de peças estampadas de chapa de

aço, as quais são unidas através de vários processos, como a soldagem por

resistência ou solda ponto, soldagem de deposição pelos processos MIG (Metal Inert

Gas) e MAG (Metal Active Gas), soldagem a laser (Light Amplification by Stimulated

Emission of Radiation – Ampliação de Luz por Radiação Estimulada), e também, em

alguns casos, colagem com adesivos estruturais em áreas onde não existe acesso

para que a operação de soldagem seja efetuada. Assim, são formados todos os

subconjuntos, e o conjunto final, a própria carroceria.

As peças estampadas que formam a carroceria podem ser flexíveis e sujeitas

a torções durante o processo de montagem do conjunto. Uma vez soldadas, as

peças formarão um conjunto rígido, a carroceria.

Historicamente, os fabricantes gastam tempo e dinheiro com correções nas

ferramentas de estampagem, durante a fase de desenvolvimento, para produzir

peças dentro das especificações do projeto. Infelizmente, estas correções nas

ferramentas de estampagem, para aperfeiçoamento da geometria das peças, podem

não gerar melhorias dimensionais nos conjuntos, por não corresponderem às

necessidades dimensionais da carroceria.

Os fabricantes tradicionalmente avaliam as peças, usando uma abordagem

sequencial para a aprovação do processo (Figura 10 – Hammett e Baron, 2000b).

Primeiramente, validam que as peças estampadas atendem todas as especificações

de projeto. Depois que cada peça é aprovada, os fabricantes validam os

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subconjuntos, e em seguida a carroceria. Esta abordagem sequencial subscreve um

paradigma básico; o de que a qualidade do produto final é maximizada, se cada

peça, individualmente, se encontrar dentro das especificações do projeto.

Figura 9 - Validação sequencial da manufatura (Hammett; Baron, 2000/3)

Embora a validação sequencial do processo seja simples e comprovadamente

eficaz para alguns componentes automotrizes, poucos fabricantes executam

eficazmente esta abordagem para a validação da carroceria. A principal causa tem

sido a dificuldade em aprovar todas as características das peças em relação às

exigências genéricas, devido às características da matéria-prima e às variações do

processo, além de outros fatores de projeto.

Esta dificuldade em obter todas as peças dentro das especificações de

maneira subsequente, reduz o tempo alocado para resolver os problemas dos

conjuntos, porque as datas de início da produção do novo modelo são fixas. Mesmo

os fabricantes que utilizam como critérios de avaliação, índices estatísticos tais como

o Cpk (índice que leva em conta a variabilidade do processo e sua locação, com

relação aos limites de especificação) (Kane, 1986), em algum momento abandonará

parcialmente a abordagem sequencial, por causa da deficiência em colocar as peças

dentro das especificações originais. Em contrapartida à abordagem sequencial

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tradicional, pode-se adotar uma abordagem mais integrada para validação,

conhecida como construção funcional.

A construção funcional avalia as peças estampadas através do resultado do

conjunto formado pelas mesmas. Este resultado nem sempre requer correções nas

peças individuais, mesmo que elas não atendam a especificação inicial do projeto. A

construção funcional avalia a conformidade das peças estampadas, que juntas dão

forma ao conjunto que deve atender à especificação do projeto. Em outras palavras,

se o conjunto atender as exigências do projeto, as peças individuais serão

aprovadas, não importando sua conformidade com as respectivas características

dimensionais.

A construção funcional representa uma abordagem de avaliação que integra o

produto ao desenvolvimento do processo e às fases de aprovação e liberação da

produção, reduzindo o tempo necessário para os fabricantes trazerem novos

produtos ao mercado. Abdalla (1999) sugere que os fabricantes podem encurtar o

desenvolvimento de produto, reduzir custos e melhorar a qualidade, executando

técnicas de engenharia simultânea.

Ao projetar uma carroceria, o fabricante especifica o produto final (o valor

nominal e a faixa de tolerância) e seus respectivos conjuntos, e por fim os

componentes que entram na formação dos conjuntos. Majeske e Hammett (2000)

fornecem uma abordagem que usa a construção funcional para desenvolver

tolerâncias finais do projeto de produto. Alguns fabricantes estão experimentando

também a construção funcional, baseada em simulação matemática ou virtual,

usando modelos de simulação de montagem do conjunto (Jeang, 2001).

Durante o desenvolvimento do processo de manufatura, o fabricante

desenvolve o processo de armação da carroceria e de estampagem para as peças

metálicas que compõem a carroceria, com a intenção de produzir peças individuais

com seu dimensional no valor nominal. Uma vez finalizado um jogo de ferramentas

de estampagem para uma peça, o fabricante produzirá e medirá amostras da peça

para aprovação do ferramental. Hammett et. al. (1999) indicam a construção

funcional como parte do processo de aprovação do processo de manufatura.

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Com a abordagem da construção funcional, o fabricante usa os dados da

amostra para avaliar a medida da capacidade do processo de estampagem, Cp

(Montgomery, 1997), para determinar se o trabalho feito na montagem do conjunto

pode acomodar a variação de cada peça. Entretanto, o fabricante ainda não tentará

modificar o processo de estampagem, tampouco efetuar correções para eliminar

algum desvio do nominal de projeto ou da variação do processo. Com base na

conclusão de todos os processos componentes, o fabricante usará as peças

produzidas por estes processos para fazer a construção dos conjuntos funcionais.

2.8 NECESSIDADES DO CONTROLE DE QUALIDADE DAS CARROCERIAS

AUTOMOTIVAS

Um dos grandes desafios na indústria automobilística é colocar no mercado

novos produtos em curto espaço de tempo, com qualidade, baixos custos, e que

satisfaçam as expectativas dos clientes. Uma das formas de se reduzir o custo é

encurtar o tempo de projeto e fabricação dos meios de construção eficientes (Linhas

de construção e soldagem, ferramentas de estampagem e meios de controle).

As variações dimensionais, tanto da carroceria quanto dos componentes que

serão instalados nela, causam dificuldade de montagem que devido a estas

variações, podem impactar negativamente os pré-requisitos de satisfação dos

clientes e do fabricante, tais como, por exemplo:

(a) Demora na entrega, devido ao veículo ter saído da linha de montagem sem

um determinado componente, impossibilitando-o de ser montado no tempo previsto;

(b) Custo alto devido ao inventário de veículos não conformes que impactam no

fluxo de caixa; e.

(c) Percepção negativa do cliente quanto à qualidade.

Tais variações ocorrem por diversos fatores, dentre eles, o processo de

montagem, a habilidade dos operadores, o desgaste de ferramentas, a somatória

das tolerâncias de cada componente, a temperatura de instalação, e outros.

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2.9 VARIAÇÃO DIMENSIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE CARROCERIAS

No desenvolvimento de carrocerias, existem três desafios para a validação da

carroceria para produção. O primeiro desafio é a dificuldade de produzir peças

estampadas com dimensional de acordo com as especificações. O segundo é a

dificuldade para medir peças com baixa rigidez. E por ultimo, o terceiro desafio que

é a fraca correlação entre o dimensional das peças estampadas e os resultados dos

conjuntos. (Hammett e Baron, 2000a)

2.10 DESAFIOS DA ESTAMPARIA

Os fabricantes gostariam de produzir cada peça estampada, de forma que o

valor médio em cada posição medida esteja em sua especificação nominal, com

variações dentro do campo de tolerância. Na prática isso não ocorre, pois as peças

são produzidas com dimensões cujos valores médios estão fora do nominal.

A Figura 11 (Hammett e Baron, 2000a), ilustra médias de diversos lotes de

uma dimensão de uma peça estampada. Pode-se observar, primeiramente ainda na

fase de tryout, a dimensão variando do nominal, porém dentro do campo de

tolerância, no lote de peças estampadas na prensa de ajuste durante a construção

da ferramenta. Segundo, a dimensão pode deslocar da prensa de ajuste para a

prensa de produção, devido à mudança de equipamento utilizado. Embora esta

dimensão desloque afastando-se do nominal, algumas dimensões podem melhorar.

O ponto principal é que os fabricantes não podem assegurar que a correção do

ferramental, na fase de construção, eliminará todos os desvios médios na produção.

Consequentemente, devem ser avaliados os desvios médios em ambos os casos,

durante a construção da ferramenta e após liberação do ferramental na linha de

produção definitiva.

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Figura 10 - Fonte de variação (Hammett e Baron, 2000a)

As peças de chapa de aço requerem operações múltiplas nas ferramentas

mediante a utilização de uma única prensa, como por exemplo, durante o tryout, ou

uma série delas, em uma linha de prensas. As ferramentas e as prensas utilizadas

para a estampagem possuem variáveis de processo que devem ser controladas no

início da operação, como força da batida ou tonelagem, altura fechada, paralelismo

da prensa, pressão do contrapeso, pressão do nitrogênio nas almofadas da

ferramenta, velocidade da prensa, alimentação e retirada da peça, automação, saída

de retalhos, etc.

Segundo Majeske e Hammett (2003) estas variáveis podem influenciar a

qualidade da peça estampada, especialmente durante a instalação da ferramenta. A

geometria resultante das peças depende destes ajustes.

Devem ser usados os mesmos ajustes de prensa, cada vez que uma

ferramenta é colocada na prensa, pois isto ajudaria reduzir a variação entre lotes de

peças. Infelizmente, o relacionamento dos numerosos ajustes da prensa e outros

fatores do processo, como a entrada do material, mudança do lote da bobina de aço,

variação no tamanho da platina, não são bem documentados ou compreendidos por

fabricantes, quando se trata do relacionamento com o produto final.

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Por exemplo, muitos dos ajustes das variáveis do processo usam um único

valor para a peça inteira durante a operação. As peças individuais, entretanto, têm

características múltiplas em suas diferentes regiões, que não são controladas

necessariamente pelo mesmo jogo de ajustes das variáveis da entrada. Por

exemplo, ao estampar uma peça, o material sofre tensões diferentes, dependendo

da região a ser formada, e necessita de pressões diferentes em cada região, porém

a prensa tem um único padrão de entrada, e a ferramenta deve compensar esta

necessidade da peça e do material.

Esta situação limita a habilidade de trazer o processo ao valor de tolerância

de variação, quando as cartas CEP (controle estatístico do processo) exibirem

condições de processo fora de controle para características de determinadas

regiões, especialmente se outras regiões não variarem.

‘Outra questão é a dificuldade de relacionar as variáveis da entrada do

processo diretamente com as características da peça física, em uma relação de

causa e efeito.

‘Segundo Hammett et. al. (1999) as dificuldades resultantes da simples falta

de ajustes nas variáveis de entrada do processo, faz com que os fabricantes

comecem a utilizar conceitos de construção funcional. A construção funcional

(Majeske e Hammett 2000) posterga a decisão de corrigir uma ferramenta de

estampagem, até avaliar o impacto da variação sobre o processo de montagem do

conjunto.

Zhou e Cao (1994) avaliaram o processo de estampagem em um painel

interno de porta, e identificaram dois tipos de variações: dentro do lote e entre lotes.

Estudaram o impacto de três variáveis do processo (tonelagem externa, tonelagem

interna, e velocidade do punção) dentro da variação do lote. Usando a experiência,

identificaram os níveis para estas três variáveis, sugerindo que com melhor controle

poderia haver uma redução da variação dentro do lote de 54%.

Wang e Hancock (1997) também estudaram um processo de estampagem

para um painel interno de porta. Investigaram o impacto de 15 variáveis do processo

para uma boa conformação (fraturado / não fraturado) dos painéis estampados.

Concluíram que três variáveis influenciaram a habilidade de dar forma a um painel

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sem rachaduras: rugosidade da superfície da chapa de aço, tonelagem externa da

prensa aplicada na ferramenta, e a quantidade de lubrificante utilizada no processo.

Berry (1996) discute o relacionamento entre a composição da chapa de aço

(matéria-prima) e a qualidade do painel estampado. Berry sugere que, em geral, os

fabricantes japoneses controlam seu processo de estampagem das peças principais

com algum controle estatístico dos lotes, enquanto suas contrapartes não fazem

isso. Notou que estes fabricantes compram o aço das mesmas fontes, para evitar

variações nas peças principais.

Uma conclusão geral que pode ser tirada através destes vários estudos é a

existência de um número potencialmente grande de variáveis significativas de

entrada do processo de estampagem, que não são compreendidas e são difíceis de

controlar. Assim, pode-se notar que para alguns parâmetros basta um melhor

controle, mas que no todo sempre existirá uma variação nas peças de mesmo lote e

principalmente entre eles.

2.11 CORRELAÇÃO ENTRE DIMENSÕES DE ESTAMPADOS E CONJUNTOS

Outro problema dos fabricantes é a baixa correlação dimensional entre peças

estampadas e conjuntos soldados. Para estruturas rígidas tais como motores, os

fabricantes supõem que as dimensões necessitem do ajuste no acoplamento de dois

componentes. Assim, a montagem do conjunto e sua variação, são baseadas em

uma adição linear dos dois componentes com suas variações. Por exemplo, o

teorema aditivo da variação sugere que a variação do conjunto será maior do que as

variações dos componentes (Takezawa, 1980).

Baseado nesta suposição aditiva, os fabricantes tentam produzir dimensões

individuais médias nos componentes, com variação mínima da especificação

nominal. Estes fabricantes supõem que podem predizer suas dimensões do

conjunto, com base nas medidas dos componentes de entrada. No entanto, estas

suposições não são sempre válidas para componentes flexíveis.

Os componentes podem deformar-se durante os processos de soldagem.

Algumas peças assumem forma mais próxima à geometria dos dispositivos de

montagem, usados para orientar a geometria do conjunto para as dimensões finais.

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As dimensões das peças flexíveis também podem conformar-se a uma dimensão de

uma peça rígida durante a montagem. O efeito final é que o dimensional das peças

flexíveis não prediz frequentemente o dimensional do conjunto final.

A tabela 1 (Hammett e Baron, 2000b), fornece um sumário do relacionamento

dimensional entre peças estampadas do conjunto lateral e seus respectivos

conjuntos. Estes dados sugerem dois aspectos. Primeiramente, medidas

coordenadas ou medições realizadas antes e depois da montagem na mesma

posição física da peça, frequentemente mudam sua posição no espaço durante o

processo de soldagem do conjunto.

Quase a metade das dimensões exibidas tem deslocamentos médios de

quatro e cinco sigmas da peça estampada para o conjunto soldado, com sigma

típico valendo entre = 0,1 ~ 0,2 mm Em segundo, quase nenhuma das dimensões

coordenadas tem uma correlação forte entre seus valores médios de peças

estampadas e de conjunto soldado.

Tabela 1 - Correlação dimensional entre peças antes e depois da montagem. (Hammett e Baron,

2000b). ((R) Coeficiente de correlação)

Este estudo de caso sugere que os fabricantes não podem esperar reduzir

simplesmente sua variação do conjunto, reduzindo sua variação nas peças

estampadas. Esta questão é explorada usando a companhia C como exemplo

porque sua variação aumentou significativamente no conjunto.

Para examinar a robustez da montagem, dois jogos de peças foram criados:

um jogo dos painéis com baixa variação nos estampados e um jogo com variação

elevada.

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A tabela 2 (Hammett e Baron, 2000b), sumariza os resultados. Na área do

para-brisa, o segundo jogo de peças com variações elevadas nos estampados,

tendo por resultado uma variação significativamente mais elevada no conjunto. Na

área da coluna central (B), a elevada variação das peças estampadas exibe o

comportamento similar ao grupo de baixa variação. A diferença principal na área da

coluna central é que o grupo de elevada variação não era o responsável da grande

variação entre montagens. Assim, os níveis baixos da variação no conjunto parecem

relacionados ao controle da variação nos estampados e ao processo de montagem

do próprio conjunto. Além disso, na ausência de grandes variações, estes dados

sugerem que os processos de montagem do conjunto sejam essencialmente

robustos, até seis níveis do sigma pelo menos, de 1,0 a 1,5 mm (6 x 0,25=1,5).

Consequentemente, reduzindo-se a variação nos estampados abaixo destes níveis,

será improvável a redução automática da variação do conjunto.

Tabela 2 - Robustez da montagem. (Hammett; Baron, 2000/b)

A tabela 3 (Hammett e Baron, 2000b) mostra os desvios médios entre

estampados e conjunto pelo tipo de componente estampado (flexível /rígido). Um

dado importante encontrado, é que embora a companhia D tenha desvios médios

significativos em seu painel lateral externo estampado, estes desvios são

compensados eficazmente e conjuntos mais próximos ao nominal são produzidos.

Uma hipótese suportada pelos dados, é que este fabricante tem a conformidade

média melhor em seus reforços, e também está controlando eficazmente o processo

de montagem do conjunto, para minimizar mudanças dimensionais. No contraste, a

companhia G tem conformidade média excelente em seu painel lateral externo

estampado e em seus reforços, mas a conformidade média relativamente baixa no

conjunto. Isto que foi encontrado sugere que a conformidade média no conjunto está

exercendo um impacto claro sobre o processo de montagem do conjunto, e não

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simplesmente por função da conformidade média das peças estampadas. A

companhia E, que utiliza uma construção com excesso de sujeições para medição,

tem conformidade media mais elevada nos estampados e no conjunto. Ainda, um

terço de suas dimensões estampadas desloca-se em mais de 0,5 mm durante a

montagem do conjunto, embora poucas dimensões desloquem dentro da

especificação em mais de 1,0 mm além do nominal. Estes resultados demonstram a

importância da eficaz compensação dos desvios dos estampados durante todo o

processo de montagem do conjunto.

Tabela 3 - Desvios médios entre estampados e conjunto (Hammett; Baron, 2000/b)

Diversas explanações existem para a falta de correlação entre componentes

individuais e seus conjuntos respectivos. Entre elas, podem ser citados:

Deformação do metal durante o processo da soldagem.

Mudanças de posição no espaço de coordenada entre peça estampada e o

conjunto montado.

Conformidade dimensional nas peças flexíveis com outras áreas rígidas do

conjunto, e.

Erros do sistema de medição.

Esta falta da correlação apresenta sérias questões para aqueles fabricantes

que utilizam na análise critérios estatísticos, tais como Cpk. Aqui, as correções dos

fabricantes nas ferramentas de estampagem e nos dispositivos de produção tentam

atingir objetivos mensuráveis tais como Cpk para todas as dimensões do que a

preocupação com a funcionalidade do conjunto.

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As estimativas do custo de correção nestes fabricantes sugerem que tal

correção pode esclarecer 20% a 30% dos custos do ferramental. A análise acima da

correlação sugere que estas correções podem ter o impacto mínimo na exatidão

dimensional da carroceria. Durante um estudo de um lançamento de veículo, o

fabricante relatou que sobre 70% das causas-raiz para a variação dimensional da

carroceria, os principais problemas estiveram relacionados aos dispositivos de

montagem de conjunto (Hammett e Baron, 2000b).

Consequentemente, se as datas do lançamento forem fixas, o atraso nos

tryouts do conjunto para indicação de correção das peças individuais, não reservam

tempo suficiente para resolver as causas-raiz de problemas dimensionais da

carroceria.

Com a experiência, a maioria dos fabricantes reconhece que podem produzir

uma carroceria aceitável, sem reunir exigências dimensionais em todos os

componentes. Fazem finalmente revisões da tolerância para aprovar as peças que

falham nas exigências de Cpk. Em alguns casos extremos, o fabricante pode mesmo

parar a correção, esperando pressões do prazo de lançamento para forçar revisões

da tolerância, a fim de dar início à produção. Muitos fabricantes deparam-se com

este problema em relação às peças compradas, pois seus fornecedores que não

atenderem totalmente as especificações tentam forçar a aprovação da peça no nível

em que se encontram, uma vez que o lançamento está próximo (Hammett e Baron,

2000b).

2.12 FERRAMENTAS VIRTUAIS NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Sabe-se que a etapa inicial de um projeto é essencialmente criativa, porém as

etapas que sucedem a idealização primária podem ser sistematizadas objetivando

uma rapidez de lançamentos de novos produtos no mercado, permitindo assim

inúmeras vantagens competitivas (AMARAL & ROZENFELD, 2001). Esta

competitividade está ligada diretamente a uma melhor integração no processo de

desenvolvimento de produto. Há uma necessidade de lançar produtos em um

espaço mais curto de tempo. Em muitos casos essa velocidade de lançamento

auxilia, e muito, na liderança e pioneirismo de mercado (FERREIRA et. al, 2001).

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Pela utilização de um sistema auxiliado por computador integrado pode-se

analisar um grande número de possíveis alternativas na fase conceptiva, permitindo

correções de forma imediata (NAKAMURA et. al, 2003). O desenvolvimento de

produtos está associado à procura pela simplicidade, utilizando de processo de

fabricação ágil, reduzindo-se componentes com funções redundantes e objetivando

a padronização e modularização. Resultando em partes multifuncionais e de fácil

fabricação.

Um sistema CAD é a premissa inicial para a integração dos demais. Ter uma

modelagem do produto final permite que as demais ferramentas de auxílio de projeto

possam atuar e coletar dados e informações baseadas no modelo. Este modelo que

servirá como base para a fabricação efetiva e análises pelas demais ferramentas

(CHANG et. al, 1998).

Sistemas CAE permitem que se simule numericamente o modelo geométrico

permitindo analisar situações próximas a reais e dessa forma efetuar correções

estruturais e até mesmo conceituais no modelo de trabalho. Permite também uma

grande redução de superdimensionamentos desnecessários, redução de custo com

matéria prima e de coeficientes de segurança utilizados. Aplica cálculos referentes à

engenharia, com esforços, transferência de calor e comportamentos dinâmicos

(NAKAMURA et. al, 2003).

O sistema CAM permite gerar trajetórias e aperfeiçoar o processo de

fabricação do modelo geométrico (NAKAMURA et. al, 2003). Também atua nas

características de fabricação como tempo de preparação, mudança de tarefa e

tempo total efetivo de fabricação. A informação de projeto pode ser traduzida em

linguagem de manufatura por meio do planejamento de processo. A integração entre

o CAD e o CAM necessita do planejamento efetivo do processo (CHANG et. al,

1998).

Utilizar o máximo possível da computação no desenvolvimento do protótipo e

também tecnologias de simulação trata-se de uma ótima prática para aumento de

rapidez do processo devido à agilidade de intercâmbio de informações. A fase de

projeto é importante, pois nela estima-se que 60 a 80% dos custos do produto são

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efetivamente comprometidos, portanto é necessário um investimento maior nessa

fase de forma a reduzir retrabalho e melhorar resultados (NAKAMURA et. al, 2003).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

MODELO INICIAL DO CONJUNTO DE SUPORTE PARA O PARALAMA 3.1

Inicialmente foi definido um conjunto de suporte para o paralama compatível

com a plataforma escolhida para o projeto. No caso em questão, a plataforma é

carry-over, isto significa que já é utilizada em outros veículos da empresa e com as

adequações técnicas necessárias para se manter a compatibilidade, a função e a

confiabilidade do sistema mecânico, pode ser usada neste projeto.

Todas as peças novas que não fazem parte dessa plataforma pré-existente

(carry-over) e da superfície externa do veículo (Studio surface), são projetadas com

base nas peças surrogates (peças usadas em outro projeto validado e finalizado).

Mas essas peças precisam ser modificadas para atender as necessidades e

requisitos do projeto em questão.

As peças surrogates, são escolhidas por uma equipe de especialistas, que

analisam os requisitos do projeto e a similaridade do sistema. Após esta fase, são

selecionadas as peças que mais se adequam a estas necessidades e requisitos.

Desta forma, é montada uma proposta inicial do conjunto, usando a plataforma pré-

existente (carry-over), a superfície externa (Studio surface), e as peças surrogates,

que juntas formaram o primeiro modelo virtual do conjunto.

DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSTAS. 3.2

Antes de projetar ou desenhar qualquer peça para substituição das peças

surrogates, é necessário avaliar algumas das possíveis alternativas e encontrar a

melhor solução para o caso. Neste momento do projeto, o desenho da peça precisa

seguir os requisitos do projeto designado para aquele conjunto. O grande desafio é

tornar a peça que substituirá a peça surrogate, em uma peça compatível, que ligue a

plataforma pré-existente a nova superfície externa, no caso em questão o paralama.

Lembrando que esta peça não pode deixar de atender a todos os requisitos do

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projeto para aquele conjunto e ao mesmo tempo evitar o aumento do custo ou se

possível, diminui-lo.

Apesar das peças surrogates já terem sido baseadas em uma pesquisa por

uma equipe especializada, para se definir uma boa base de solução de engenharia

para o projeto, é necessário continuar buscando uma solução de projeto mais

otimizada, avançando em conceitos de propostas para o melhoramento do projeto

do conjunto das peças, procurando alcançar um produto superior ao proposto

inicialmente como adequado.

Esta busca começa pela pesquisa de benchmarking. O projetista necessita

questionar, se é ou não possível encontrar uma melhor solução do que o proposto.

Na busca da resposta a este questionamento, avaliam-se os conjuntos de suportes

para paralamas de outros veículos da própria empresa ou dos concorrentes.

GERAÇÃO DA MATRIZ QFD 3.3

Após a analise da proposta inicial do conjunto que substituiu o conjunto

surrogate, foi gerada uma matriz QFD usando os requisitos do projeto pré-

estabelecido pela empresa para o desenvolvimento do conjunto do suporte para o

paralama, os principais destes requisitos estão listados abaixo:

Absorção de impacto frontal do conjunto.

Peso (massa) do conjunto.

Quantidade de dispositivos de controle para montagem.

Variação dimensional de estampagem e montagem do conjunto.

Diminuição do tempo para montagem do conjunto.

Resistência à corrosão.

Resistência mecânica.

Redução do nível de dificuldade para montagem.

Processo de estampagem em cinco estágios.

Estampabilidade do conjunto.

Aumento do aproveitamento da chapa acima de 70%.

Redução da quantidade de dispositivos de montagem.

Redução do custo de logística.

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Redução custo de ferramental de estampagem.

Redução do custo de projeto.

Redução do tempo de projeto.

Durabilidade do conjunto.

Compatibilidade do conjunto com a plataforma e a superfície externa

DESENVOLVIMENTO DAS PROPOSTAS 3.4

O conjunto dos suportes do paralama necessita absorver energia de impacto

em uma colisão frontal. Para atender a esse requisito de projeto, foi incluído no

desenho do modelo um sanfonado na parte frontal do suporte principal do conjunto,

conforme mostra à figura 12 (detalhe marcado em vermelho), este sanfonado obteve

como base para o seu desenvolvimento o projeto da peça surrogate.

Figura 11 - Sanfonado para absorção de energia de impacto de uma peça surrogate

Esse conceito foi aplicado nos três modelos avaliados e validados pelo setor

de CAE (crash test), por simulação virtual de colisão e posteriormente foi realizada a

validação física do modelo final escolhido.

Para atender ao requisito “peso (massa) do conjunto”, foi realizados estudos

para a redução do numero de suportes intermediários do conjunto. Foram projetados

dois conjuntos de suportes, onde foi proposta a inclusão dos suportes intermediários

no desenho do suporte principal do paralama. A figura 13 mostra a primeira proposta

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dos três modelos propostos. A proposta 1 foi baseada no conjunto surrogate, este

conjunto tem soldado no suporte principal, dois suportes intermediários para a

fixação do paralama, usando o programa de CAD (CATIA). O peso deste conjunto

foi calculado e obteve como resultado: 1,747 Kg.

Figura 12 - Conjunto de suportes do paralama, proposta 1

No segundo modelo do suporte, foi proposto à inclusão do suporte

intermediário frontal superior no suporte principal. Ficando apenas o suporte

intermediário traseiro soldado, a figura 14 mostra este modelo otimizado, e seu peso

foi calculado, e obteve como resultado: 1,457 Kg. Uma redução de peso em relação

à primeira proposta de 0,325 Kg.

Figura 13 - Proposta 2, com a inclusão do suporte intermediário frontal no suporte principal

No terceiro e ultimo modelo proposto, os dois suportes intermediários foram

incorporados no desenho do suporte principal, conforme mostra a figura 15. Este

modelo foi o que obteve uma melhor resposta no requisito redução de peso (Massa),

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o modelo ficou com 1,422 Kg. Representando uma redução de 0,360 Kg em relação

à primeira proposta e 0,035 Kg em relação à segunda proposta.

Figura 14 - Proposta 3, com os dois suportes intermediários incorporados no desenho do suporte

principal

Os três modelos propostos foram testados quanto à viabilidade para

fabricação por estampagem, estes modelos precisavam atender aos requisitos

relacionados à estampagem em no máximo cinco estágios, redução de espessura

no máximo de 20% nas áreas de maior estiramento e um aproveitamento de chapa

maior que 70%. Os resultados destas analises ajudaram na tomada de decisão para

a escolha da melhor proposta para o projeto em estudo. As analises de simulação

de aproveitamento de chapa (pré-análises) obteve os seguintes resultados:

A proposta 1 obteve um aproveitamento de 79,66 %, conforme mostra as

figuras 16, 17 e 18. O aproveitamento da chapa foi calculado da seguinte forma: Foi

calculado o percentual de aproveitamento de cada peça do conjunto da proposta,

depois foram somados os resultados de cada componente e dividido pelo numero de

componentes que compõem o conjunto, achando uma média dos valores.

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Figura 15 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte frontal superior da proposta 1,

realizada no Forming Suite

Figura 16 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte traseiro da proposta 1, realizada no

Forming Suite

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Figura 17 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 1, realizada

no Forming Suite

A proposta 2 obteve um aproveitamento de 78,31 %, conforme mostra as

figuras 19 e 20. Seguindo o mesmo procedimento de cálculo do aproveitamento da

chapa da proposta 1.

Figura 18 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte traseiro da proposta 2, realizada no

Forming Suite

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Figura 19 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 2, realizada

no Forming Suite

A proposta 3 obteve um aproveitamento de 80,67 %, este modelo absorveu

os suportes intermediários traseiro e frontal superior. O valor do aproveitamento não

precisou ser calculado manualmente e o valor usado foi o indicado na simulação,

conforme mostra a figura 21.

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Figura 20 - Análise do aproveitamento da chapa do suporte principal da proposta 3, realizada

no Forming Suite

A proposta 3 obteve o melhor aproveitamento de chapa com 80,67 % contra

78,31% da proposta 2 e 79,66% da proposta 1.

Foram realizadas analises de simulação de estampagem nos três modelos

propostos para verificação da estampabilidade, da validação do processo de

estampagem em cinco estágios e do limite máximo de 20% de estiramento

localizado. As figuras 22, 23 e 24 mostram os resultados das analises de

estampabilidade e limite máximo de 20% de estiramento localizado da proposta 1,

do suporte principal e suportes intermediários.

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Figura 21 - Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 1, realizada no

Forming Suite

Figura 22 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário frontal da proposta 1,

realizada no Forming Suite

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Figura 23 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário traseiro da proposta 1,

realizada no Forming Suite

As figuras 25 e 26 mostram os resultados das analises de estampabilidade e

limite máximo de 20% de estiramento localizado da proposta 2, do suporte principal

e suporte intermediário traseiro. As áreas em vermelhos estão com um estiramento

acima de 20%.

Figura 24 -Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 2, realizada no Forming

Suite

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Figura 25 - Análise de estampabilidade do suporte intermediário traseiro da proposta 2,

realizada no Forming Suite

As figuras 27 mostra o resultado da analise de estampabilidade e limite

máximo de 20% de estiramento localizado da proposta 3.

Figura 26 - Análise de estampabilidade do suporte principal da proposta 3, realizada no

Forming Suite

A proposta 3 foi ajustada na região de fixação traseira do paralama, devido à

profundidade do estampo naquela região, o estiramento passou dos 20%, como

solução foram aumentados os raios, aliviando o estiramento local e distribuindo

melhor o material durante a estampagem. As regiões onde houve estes problemas

são as regiões mostradas na figura 28.

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Figura 27 - Região onde o estiramento passou dos 20%, devido à profundidade do estampo na

proposta 3

Um outro problema ocorreu na aba superior frontal, que substituiu o suporte

intermediário frontal superior Como não era viável o aumento da espessura do

suporte, a flange precisou ser reforçada através do alongamento do suporte frontal e

usado como apoio para reforçar esta região. A figura 29 na região demarcada,

mostra o deslocamento da aba no instante da imposição da carga referente ao farol

do veículo.

Figura 28 - Análise de resistência mecânica da aba do suporte, realizada no programa CATIA,

mostrando região afetada pela carga do farol

A figura 30 (b) mostram a flange do suporte frontal sendo usada como reforço

para evitar o deslocamento da aba do suporte principal pela carga imposta pelo farol

do veículo. É possível verificar a pequena modificação realizada no suporte frontal,

comparando a figura 30 (a) com a figura 30 (b) na região sinalizada. Esta ação

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possibilitou a manutenção da espessura do suporte principal e a eficiência mecânica

da aba, para suportar a carga do farol. (veja a figura 31)

(a) (b)

Figura 29 - Modificação no suporte frontal (a) e (b)

Figura 30 - Análise de resistência mecânica da aba do suporte, realizada no programa CATIA,

mostrando a região reforçada pelo suporte frontal (a e b)

A figura 32 mostra o resultado da análise de estampabilidade realizada no

AUTOFORM do suporte principal das propostas 2 e 3 na região frontal durante o

desenvolvimento desse conceito de solução. As regiões nas cores verde, cinza, azul

e roxo estão dentro da zona aceitável de espessura mínima do material estampado

para validação das propostas. Nas regiões com cores amarela, laranja e vermelha

existe o risco de ruptura do material devido à diminuição da espessura do material

estampado (Mínimo de 20% da espessura), a análise evidência a viabilidade do

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processo de manufatura para os dois modelos, viabilizando a exclusão do suporte

intermediário frontal.

Figura 31 - Análise de estampagem da região frontal das propostas 2 e 3

Foi também analisado nestas propostas a tendência de enrugamento

aparente, A figura 33 mostra o resultado desta análise, nas regiões com os valores

do FE (Fator de Enrugamento) acima de 0.03. Nestas regiões com coloração verde,

existe a possibilidade de ocorrer enrugamento aparente, o valor máximo encontrado

foi de FE 0.0357 na região indicada na figura 33. Como essa peça não tem função

estética no veículo, não existe necessidade de correção nestas regiões afetadas

com FE acima do limite de 0.03.

Figura 32 - Análise de enrugamento aparente na região frontal das propostas 2 e 3

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Foram analisados os estágios para a estampagem e validação do processo

de manufatura desta região critica, onde o suporte superior frontal foi incluso no

suporte principal, A figura 34 mostra o primeiro estágio (Repuxo), neste estágio a

peça é estampada na direção do eixo de estampagem, dando a forma primaria da

peça.

Figura 33 - Primeiro estágio (Repuxo) região frontal, propostas 2 e 3

O segundo estágio é a calibração, a figura 35 mostra que neste estágio a

peça já repuxada é ajustada para ser recorta e furada no próximo estágio.

Figura 34 - Segundo estágio (Calibração) região frontal, propostas 2 e 3

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O terceiro estágio é o recorte e a furação da peça, a figura 36 mostra esta

operação, a peça já repuxada e calibrada é recortada e furada na direção do eixo de

estampagem.

Figura 35 - Terceiro estágio (Recorte e furação) na região frontal das propostas 2 e 3

O quarto estágio é a operação de puncionar com uma cunha retrátil os furos

laterais que não estão na mesma direção do eixo de estampagem. A figura 37

mostra esta operação, a peça depois de ser repuxada, recortada e furada na direção

do eixo de estampagem, é puncionada por cunhas retráteis na direção perpendicular

(normal) a superfície a ser furada, conforme mostram as setas na figura 37.

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Figura 36 - Quarto estágio (Puncionar com cunha) na região frontal das propostas 2 e 3

O quinto estágio é o de flangear a área de fixação do paralama. A figura 38

mostra esta operação, a peça já repuxada, recortada, furada, é flangeada.

Figura 37 - Quinto estágio (Flangear) na região frontal das propostas 2 e 3

Os cinco estágios analisados mostram a viabilidade do processo de

estampagem para produção das propostas 2 e 3.

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A figura 39 mostra o diagrama do limite de estampagem, as zonas críticas

(zonas amarela, laranja e vermelha) não aparecem no diagrama, desta forma o

resultado de estampagem é favorável, não oferecendo o possível risco de ruptura do

material nas zonas de maior estiramento.

Figura 38 - Diagrama do limite de estampagem na região frontal das propostas 2 e 3

MATRIZ DE TOMADA DE DECISÃO 3.5

Foi gerada uma matriz de tomada de decisão (ver anexos) para avaliar e

auxiliar na escolha da melhor proposta para o conjunto de suportes do paralama.

Nessa matriz foram listados para cada concepção, os requisitos de projetos

analisados na matriz QFD (ver anexos) com os seus respectivos resultados. Na

coluna descrita “valor”, na matriz de concepção (Figura 40) foi inserido notas de 0 a

10, comparando uma concepção em relação à peça surrogate proposta inicialmente.

Desta forma todos os principais requisitos escolhidos foram pontuados.

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Figura 39 - Coluna descrita “valor” na matriz de concepção

No requisito absorção de Impacto, as concepções 2 e 3 tiveram uma nota 10

e a concepção 1, obteve uma nota 6, devido ao suporte soldado na região do

sanfonado, ter aumentado à rigidez, diminuindo a capacidade de absorção do

impacto nesta região. O peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 2,65%.

Conforme mostram as figuras 41, 42 e 43.

Figura 40 - Região com aumento de rigidez devido a suporte soldado. Proposta 1

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Figura 41 - Região do sanfonado sem obstáculos, com boa ductilidade. Proposta 2

Figura 42 - Região do sanfonado sem obstáculos, com boa ductilidade. Proposta 3

No requisito peso (massa), a proposta 1 obteve a nota 8 com 1,747 Kg, a

proposta 2 obteve a nota 9 com 1,457 Kg e a proposta 3 obteve uma nota 10 por ter

tido o menor peso com 1,422 Kg. O peso para este requisito extraído da matriz QFD

foi de 4,63%.

No requisito dispositivos de controle de montagem a proposta 1 obteve a nota

5, a proposta 2 obteve a nota 7 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 5,79%. A proposta 1 obteve a menor nota por

causa do maior numero de suportes soldados, com um total de dois suportes

soldados. A proposta 2 com um suporte soldado ficou com uma nota intermediaria, e

a proposta 3 com a nota máxima por não ter nenhum suporte soldado. Conforme

mostra as figuras 44, 45 e 46.

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Figura 43 - Proposta 1, com dois suportes soldados

Figura 44 - Proposta 2, com um suporte soldado

Figura 45 - Proposta 2, sem nenhum suporte soldado

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No requisito variação dimensional do conjunto, a proposta 1 obteve a nota 6,

a proposta 2 obteve a nota 8 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 7,22%. Segundo Hammett e Baron, 2000/b),

não se pode esperar reduzir simplesmente a variação do conjunto, reduzindo a

variação nas peças estampadas. A proposta 1, por ter maior numero de peças

soldadas ao suporte principal, aumentando a variação dimensional do conjunto no

eixo “Z” em +/- 0,5mm em cada peça soldada, tornando assim a proposta 1, o

conjunto mais crítico das três propostas.

A proposta 3, por não ter os dois suportes soldados, tem uma solução mais

eficiente na diminuição dessa variação dimensional, praticamente eliminando a

variação dimensional de montagem. Esta variação especificamente critica no eixo

“Z”, o qual poderia prejudicar na aparência do acabamento externo do veículo, na

montagem entre o paralama e o capô, impactando diretamente no conceito do

cliente final.

No requisito tempo de montagem do conjunto, a proposta 1 obteve a nota 4, a

proposta 2 obteve a nota 7 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 5,24%. Este resultado está relacionado à

quantidade de suportes soldados. Cada suporte soldado aumenta o tempo de

montagem, este tempo é gasto no posicionamento, fixação e retirada dos suportes

no processo de soldagem. Desta forma a proposta 3, por não precisar realizar essas

etapas, ficou como a melhor concepção neste requisito de projeto.

No requisito resistência a corrosão, a proposta 1 obteve a nota 6, a proposta 2

obteve a nota 8 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o requisito extraído

da matriz QFD foi de 6,56%. As propostas 1 e 2, por terem suportes soldados no

suporte principal, aumentam a probabilidade de terem corrosão por fresta nas

regiões de solda. Isto não ocorre com a proposta 3, pois não existem regiões criticas

para este tipo de falha no conjunto em estudo. A proposta 1 apresenta a pior

condição neste requisito, devido a maior área de contato nas regiões soldadas,

aumentando a possibilidade deste tipo de falha. Conforme mostra as figuras 47, 48 e

49.

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Figura 46 - Proposta 1, frestas nas regiões de solda, possibilitando o aparecimento de pontos de

corrosão

Figura 47 - Proposta 2, frestas nas regiões de solda, possibilitando o aparecimento de pontos de

corrosão

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Figura 48 - Proposta 3, ausência de frestas no suporte, reduzindo a possibilidade do

aparecimento de pontos de corrosão

No requisito resistência mecânica do conjunto, a proposta 1 obteve a nota 10,

a proposta 2 obteve a nota 10 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 5,68%. Todas as concepções atenderam a

este requisito.

No requisito facilidade de montagem do conjunto, a proposta 1 obteve a nota

5, a proposta 2 obteve a nota 8 e proposta 3 obteve uma nota 10, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 5,28%. Quanto mais elementos inclusos na

montagem do conjunto, mais difícil se torna sua montagem. A proposta 3 é a mais

simples, pois não precisa ser montada, o conjunto já sai pronto da estampagem.

No requisito estágios de estampagem do conjunto, a proposta 1 obteve a nota

10, a proposta 2 obteve a nota 9 e proposta 3 obteve uma nota 8, e o peso para o

requisito extraído da matriz QFD foi de 4,84%. Devido à complexidade geométrica

da área frontal do suporte das propostas 2 e 3, suas pontuações foram diminuídas

em relação à proposta 1, pois houve a necessidade de outros ajustes no projeto do

molde para atender a este requisito. Conforme as figura 50 e 38.

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Figura 49 - Proposta 3, complexidade geométrica da área frontal do suporte

No requisito aproveitamento da chapa acima de 70% do conjunto, a proposta

1 obteve a nota 9, a proposta 2 obteve a nota 8 e proposta 3 obteve uma nota 10, e

o peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 3,81%. Todas as concepções

atenderam a este requisito, mas a proposta 3 obteve um aproveitamento maior, com

80,67% contra 79.66% de aproveitamento da proposta 1 e 78,31% de

aproveitamento da proposta 2. Conforme figura 51.

Figura 50 - Proposta 3, aproveitamento de chapa de 80,67%

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No requisito quantidade de dispositivos de montagem do conjunto, a proposta

1 obteve a nota 6, a proposta 2 obteve a nota 8 e proposta 3 obteve a nota 10, e o

peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 4,69%. A proposta 3 por não

precisar de dispositivo de montagem relacionado ao suporte obteve a melhor

pontuação neste requisito.

No requisito custo de logística do conjunto, a proposta 1 obteve a nota 7, a

proposta 2 obteve a nota 9 e proposta 3 obteve a nota 10, e o peso para o requisito

extraído da matriz QFD foi de 5,88%. Nessa análise foi levada em conta a

quantidade de tipos de peças por conjunto. Com objetivo de simplificar a análise, foi

considerado como principais aspectos o controle de estoque, área de estoque,

transporte. A proposta 3 obteve o melhor resultado por se tratar de apenas uma

peça.

No requisito custo do ferramental de estampagem do conjunto, a proposta 1

obteve a nota 6, a proposta 2 obteve a nota 8 e proposta 3 obteve a nota 10, e o

peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 4,22%. A proposta 3, neste

requisito obteve uma redução de custo do ferramental de estampagem em 17,79 %

em relação ao custo do ferramental de estampagem da proposta 1, e em relação à

proposta 2, essa diminuição de custo referente ao ferramental de estampagem ficou

em torno de 8,44%. A proposta 3 obteve o melhor resultado.

No requisito tempo de projeto do conjunto, a proposta 1 obteve a nota 6, a

proposta 2 obteve a nota 9 e proposta 3 obteve a nota 10, e o peso para o requisito

extraído da matriz QFD foi de 7,92%. Para efeito de comparação foi levado em

consideração o tempo gasto em cada componente durante o projeto. Este tempo

refere-se à criação de pastas no sistema para verificação de qualidade e

compatibilidade geométrica do modelo virtual; tempo de estudo para acessibilidade

de ferramenta de solda, como mostra a figura 52; tempo estudo para distribuição dos

pontos de solda no suporte e peças de ligação, conforme figura 53; estudo de

compatibilidade geométrica entre as peças de ligação, conforme mostra figura 54.

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Figura 51 - Estudo virtual do acesso para soldagem do suporte principal do paralama

Figura 52 - Estudo distribuição pontos de solda no suporte principal do paralama. (a) Estudo

virtual. (b) Verificação e teste físico dos pontos soldados da proposta 3

Figura 53 - Estudo virtual da compatibilidade geométrica e de solda entre as peças de ligação

com o suporte principal do paralama

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No requisito custo de soldagem do conjunto de suportes do paralama, a

proposta 1, obteve a nota 7, a proposta 2, a nota 9, e a proposta 3 obteve a nota 10,

e o peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 7,15%. O custo de soldagem

na proposta 3, em relação às propostas 1 e 2, é menor devido aos suportes

intermediários traseiro e frontal superior terem sido incorporados à geometria do

suporte principal, esta solução de projeto, gerou a economia de oito pontos de solda

em relação à proposta 1, e dois pontos de solda em relação à proposta 2, conforme

mostra a figura 55 e 56.

Figura 54 - Proposta 1, distribuição dos oito pontos de solda no suporte principal do paralama

Figura 55 - Proposta 2, distribuição dos dois pontos de solda no suporte principal do paralama.

Proposta 3, sem pontos de solda

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No requisito durabilidade do conjunto de suportes do paralama, a proposta 1,

obteve a nota 10, a proposta 2, a nota 10, e a proposta 3 obteve a nota 10, e o peso

para o requisito extraído da matriz QFD foi de 5,31%. Todas as concepções

atenderam a este requisito. Figura 57 mostra uma análise de durabilidade (fadiga)

na aba de apoio do paralama e farol.

Figura 56 - Proposta 3, análise de durabilidade (fadiga) na aba de apoio do paralama e farol

No requisito compatibilidade do conjunto de suportes do paralama, a proposta

1, obteve a nota 10, a proposta 2, a nota 10, e a proposta 3 obteve a nota 10, e o

peso para o requisito extraído da matriz QFD foi de 5,46%. Todas as concepções

atenderam a este requisito. A Figura 58 mostra uma analise de compatibilidade na

montagem de um parafuso para evitar sombreamento (Overshadow). Este tipo de

analise é muito importante, pois garante a montagem das peças nos conjuntos. A

figura 59 mostra o impacto em percentual na montagem dos conjuntos se ocorrerem

sombreamento durante a montagem (Overshadow). Os componentes projetados na

área em estudo são responsáveis por 35% da compatibilidade total do veículo

durante a montagem.

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Figura 57 - Análise de compatibilidade para evitar sombreamento durante a montagem do

parafuso (Overshadow)

Figura 58 - Impacto em percentual na montagem dos conjuntos na área em estudo, se ocorrerem

sombreamento durante a montagem (Overshadow).

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4 RESULTADOS

RESULTADOS DO OBJETIVO GERAL 4.1

O objetivo geral foi alcançado com a nova metodologia de desenvolvimento

de peças estampadas com uso das pré-análises de CAE durante o desenvolvimento

do produto, alcançando a redução dos custos de estampagem e de montagem

aplicado ao conjunto dos suportes do paralama. A concepção de numero 3, que

obteve 9,443 pontos, é considerada a mais adequada em relação as demais

concepções. A concepção 1 obteve 6,944 pontos, e a concepção 2, obteve 8,328

pontos. Conforme é mostrado na matriz de tomada de decisão conforme figura 60 e

na Matriz completa em anexos.

Figura 59 - Resultado da Matriz de tomada de decisão

RESULTADOS DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4.2

4.2.1 Diminuição da variação dimensional na montagem do conjunto de suportes do paralama.

A concepção 1, conforme mostra a figura 61, tem uma variação dimensional

de montagem de +/-0,5mm em cada ponto de fixação.

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Figura 60 - Proposta 1, variação dimensional de montagem de +/- 0,5mm em cada ponto de

fixação

A concepção 2, conforme mostra a figura 62, tem uma variação dimensional

de montagem de +/-0,5mm no ponto de fixação traseiro.

Figura 61 - Proposta 2, variação dimensional de montagem de +/- 0,5mm no ponto de fixação

traseiro

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A concepção 3, a variação dimensional no eixo Z, foi zerada, conforme

mostra a figura 63.

Figura 62 - Proposta 3, sem variação dimensional de montagem nos pontos de fixação do

paralama

4.2.2 Diminuição do custo do ferramental de estampagem do conjunto de suportes do paralama.

A diminuição do custo do ferramental de estampagem obteve o melhor

resultado com a concepção 3. O custo do ferramental desta concepção foi

reduzido em 17,79% em relação à concepção 1, baseada no conjunto

surrogate, e 8,44% em relação à concepção 2. Foram eliminados dois moldes

de estampagem na concepção 3, devido à inclusão dos dois suportes

intermediários propostos na concepção 1, baseada no conjunto surrogate.

conforme mostra a figura 64.

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Figura 63 - Proposta 3, redução de dois moldes de estampagem, referentes inclusão dos suportes

intermediários no suporte principal

4.2.3 Redução do tempo de produção do conjunto de suportes do paralama.

Este objetivo foi alcançado com a redução dos suportes intermediários, que

foram inclusos na geometria do suporte principal, reduzindo o tempo de

montagem da concepção 3, em relação à concepção 1, baseada no conjunto

surrogate, e a concepção 2

4.2.4 Melhor aproveitamento do tempo de projeto durante a fase virtual concepção.

Comparando a figura 65 com a figura 66, é possível perceber que a

quantidade de modificações na zona virtual, foi bem maior no

desenvolvimento usando as pré-análises. A experimentação na busca de

soluções para o projeto e obtenção das respostas foi mais rápida em

comparação com o processo tradicional praticado na empresa em estudo.

Dessa forma, pode-se concluir que o objetivo de melhorar o aproveitamento

do tempo de projeto da peça durante a fase virtual de concepção foi

alcançado.

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O desenvolvimento das propostas foram refinadas de forma gradativa e

segura até alcançar os resultados esperados. Outro ganho relacionado ao

uso das pré-análises foi que, no decorrer do projeto, as modificações no

desenho da peça foram menos agressivas, tornando o projeto mais estável e

robusto, a amplitude da onda no gráfico esta relacionada com o impacto da

modificação no produto e a frequência da onda com a quantidade de análises

realizadas durante o desenvolvimento do produto. Esta ação minimiza a

possibilidade de modificações na zona física. A figura 65 mostra esse

melhoramento gradual na amplitude das modificações na zona virtual,

impactando em pequenas modificações na zona física do projeto do

componente.

Figura 64 - Gráfico do custo x tempo com o uso de pré-análises

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Figura 65 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona física,

aumentando o tempo e custo do projeto

VALIDAÇÃO DOS PROTÓTIPOS. 4.3

Os protótipos foram testados e validados. O conjunto foi estampado e

montado na linha de produção, sendo aprovado para a produção global em massa

dos conjuntos de suportes do paralama. Conforme as figuras 67, 68, 69 e 70.

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Figura 66 - Vista lateral do protótipo (concepção 3), testada e validada

Figura 67 - Detalhe da vista lateral do protótipo (concepção 3), testada e validada

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Figura 68 - Vista isométrica do protótipo (concepção 3), testada e validada

Figura 69 - Detalhe da vista isométrica do protótipo (concepção 3), testada e validada

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5 DISCUSSÃO

5.1 ZONA VIRTUAL VERSUS ZONA FÍSICA DO PROJETO

É exatamente neste ponto do desenvolvimento do produto, na fase virtual,

que a experimentação precisa ser a maior possível. Observando a figura 72 baseada

na figura 71 retirada do PMBOK 2008, é possível entender a importância desta fase

do projeto. Quanto maior for à experimentação na fase virtual do projeto, menor será

a probabilidade de mudanças na fase física, onde o custo e o tempo podem

comprometer a saúde do projeto.

Figura 70 - Impacto custo do projeto ao longo do tempo. (Figura 2.2 do PMBOK 2008)

Figura 71 - Gráfico do andamento ideal em um projeto

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O custo do projeto na zona virtual é relativamente menor comparado ao da

zona física, porque na zona física do projeto as modificações são realizadas no

ferramental de estamparia, nos dispositivos de montagem, entre outros

equipamentos mecânicos, exigindo maior tempo e custo na realização dessas

modificações, o qual impacta de forma negativa na entrega do produto, alterando o

cronograma e o orçamento financeiro inicial previsto para conclusão do projeto.

Na rotina praticada pela empresa em estudo, todo o desenvolvimento das

propostas é verificado pelo setor oficial de CAE em períodos específicos. Os

resultados são discutidos após a realização destas analises e realizada se

necessário às modificações no projeto para atender os requisitos analisados. Na

linha de tempo mostrada na figura 73, a numeração refere-se às datas de verificação

do modelo virtual por meio destas simulações oficiais. Todas as modificações

propostas para melhoria do produto neste modelo de desenvolvimento precisam

aguardar este período para obter as respostas, quanto se as modificações tiveram

ou não o resultado esperado, e quais as ações necessárias precisam ser tomadas

para a evolução das propostas.

Figura 72 - Verificação do modelo virtual sem o uso das pré-análises

Na metodologia proposta neste estudo, a frequência destas analises é

aumentada de maneira bem significativa. O projetista usa ferramentas de pré-

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análises de CAE (Forming Suite e módulos de analises de CAE do CATIA V5)

existentes e disponíveis na empresa. Desta forma o projetista pode verificar seu

modelo virtual no momento que precisar, estas analises são simples e rápidas,

podendo ser executadas em torno de 30 minutos. Isso torna possível que o projetista

possa experimentar com maior frequência as soluções ou melhorias para o seu

produto e continuar confirmando e validando estas modificações nos períodos

citados na figura 73, pelo setor oficial de CAE da empresa.

Comparando a figura 74 com a figura 75 é possível perceber que a

quantidade de modificações na zona virtual é bem maior no desenvolvimento que

usa as pré-análises. O projetista pode experimentar soluções de projeto e obter as

respostas de forma mais rápida. Desta forma, pode melhorar o seu projeto de forma

gradativa e segura, e verificar se obteve ou não o resultado esperado. Outro ganho

relacionado ao uso das pré-análises é que no decorrer do projeto as modificações

no desenho da peça serão menos agressivas, tornando o projeto mais estável e

robusto, onde a amplitude da onda no gráfico está relacionada com o impacto da

modificação no produto. Esta ação diminui a possibilidade de modificações na zona

física. A figura 74 mostra esse melhoramento gradual na amplitude das modificações

na zona virtual, impactando em pequenas modificações na zona física do projeto do

componente.

Figura 73 - Gráfico do custo x tempo com o uso de pré-análises

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Figura 74 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona física

Este bom resultado mostrado na figura 74, pode não ocorrer no processo sem

o uso das pré-análises, aumentando o risco de ocorrer modificações na zona física,

para adequação das propostas aos requisitos de projeto. A diminuição do

aproveitado do tempo de projeto na zona virtual pode impactar negativamente na

zona física, esta zona como foi descrita anteriormente, é critica, pois aumenta o

custo e o tempo de entrega do projeto, conforme mostra a figura 76, podendo

comprometer a viabilidade do projeto.

Figura 75 - Gráfico do custo x tempo sem o uso de pré-análises e impacto na zona física,

aumentando o tempo e custo do projeto

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5.2 ELIMINAÇÃO DOS SUPORTES INTERMEDIÁRIOS

A eliminação da variação de montagem do paralama trouxe grande ganho,

tanto do ponto de vista da variação dimensional, quanto do ponto de vista

econômico. É importante salientar que do ponto de vista da construção funcional,

que avalia as peças estampadas através do resultado do conjunto formado pelas

mesmas, existe uma baixa correlação dimensional entre peças estampadas e

conjuntos soldados. O teorema aditivo da variação sugere que a variação do

conjunto será maior do que as variações dos componentes (Takezawa, 1980).

Em estudo realizado por Hammett e Baron, 2000/b, mostra-se que as

estimativas do custo de correção entre alguns fabricantes estudados por ele,

sugerem que tal correção pode esclarecer 20% a 30% dos custos do ferramental. A

análise desta correlação sugere que estas correções podem ter o impacto mínimo

na exatidão dimensional da carroceria, e poderiam ser otimizados. Durante um

estudo de um lançamento de veículo, certo fabricante relatou que sobre 70% das

causas-raiz para a variação dimensional da carroceria, os principais problemas

estiveram relacionados aos dispositivos de montagem de conjunto e não da precisão

da peça estampada (Hammett e Baron, 2000/b).

A exclusão dos suportes intermediários no conceito final do suporte principal,

trouxe como ganho, além da economia gerada com a eliminação dos ferramentais

de estampagem dos suportes intermediários, que significa uma redução do custo de

correção do ferramental entre 20 e 30 % (figura 77), a eliminação da variação

dimensional de montagem conforme mostra a figura 78. Esta variação pode impactar

na aparência final do veículo naquela região, conforme mostra a figura 79. A linha

vermelha na figura, mostra o possível impacto que tal variação poderia causar na

aparência do veículo.

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Figura 76 - Redução dos moldes de estampagem dos suportes intermediários

(a) (b)

Figura 77 - Redução da variação dimensional de montagem nos pontos de fixação do do

paralama

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Figura 78 - Impacto na aparência final do veículo devido a variação de montagem

6 PONTOS CRÍTICOS

6.1 CRONOGRAMA DO PROJETO

O trabalho foi realizado em paralelo com o cronograma do projeto do veículo,

criando um problema em relação ao cumprimento do cronograma do trabalho

acadêmico. Isso ocorreu pois o trabalho ficou dependente do cumprimento dos

prazos pré-estabelecidos pelo projeto do veículo.

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7 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do design dos suportes do paralama com o uso da nova

metodologia foi realizado com sucesso e alcançando os resultados esperados. Os

custos de estampagem do conjunto dos suportes do paralama ficaram em torno de

17,79 % menor em relação ao custo do ferramental de estampagem da proposta

inicial baseada no conjunto surrogate. Além disso, com a aplicação desta nova

metodologia no desenvolvimento da concepção final, tornou possível uma redução

dos custos indiretos relacionado com logística, redução do tempo de produção e

redução da variação dimensional do conjunto montado, variação esta, que impacta

diretamente na aparência final da superfície externa do veículo.

O incremento das pré-análises de CAE no decorrer do projeto proposto pela

metodologia deste trabalho, mostrou o ganho que pode ser alcançado com o uso

adequado destas ferramentas. Este ganho é expressivo no aproveitamento do

tempo na zona virtual do projeto, refletindo de forma positiva os resultados na zona

física do projeto.

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ANEXOS

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MATRIZ QFD

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MATRIZ DE TOMADA DE DECISÃO