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Universidade Federal do Paraná Faculdade de Direito Departamento de Direito Público Teoria do Estado e Ciência Política Prof. Dr. Daniel Wunder Hachem Jefferson Alex Pereira – N1 Texto: Mal-estar na modernidade (Sergio Paulo Rouanet) 1. ILUMINISMO OU BARBÁRIE A CRISE DA CIVILIZAÇÃO MODERNA O projeto civilizatório moderno foi elaborado durante o período do Iluminismo, tendo continuidade nos dois séculos seguintes, através dos movimentos liberal- capitalista e socialista. Esse projeto tem como características prinicpais: a individualidade, a autonomia e a universalidade. A individualidade implica no fato de que os seres humanos são pessoas concretas, e não somente membros de um todo. A universalidade considera todos os humanos, independente de etnias, nacionalidades ou culturas. A autonomia significa que o indivíduo tem liberdade para agir, sem ser tutelado pela religião ou pela ideologia. Esse projeto vem enfrentando sérios problemas. A individualidade vem sendo suplantada pela padronização imposta pela sociedade de consumo. A autonomia é geralmente reprimida por ditaduras ou pelo prório sistema econômico. A universalidade está em confronto com os particularismos que surgem rapidamente, tais como os nacionalismos, o racismo e a xenofobia. Segundo Rouanet, o Brasil enfrenta os mesmos problemas que grande parte do mundo enfrenta, em relação ao

Mal Estar Na Modernidade

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Universidade Federal do ParanFaculdade de DireitoDepartamento de Direito Pblico Teoria do Estado e Cincia PolticaProf. Dr. Daniel Wunder HachemJefferson Alex Pereira N1

Texto: Mal-estar na modernidade (Sergio Paulo Rouanet)

1. ILUMINISMO OU BARBRIE

A CRISE DA CIVILIZAO MODERNA

O projeto civilizatrio moderno foi elaborado durante o perodo do Iluminismo, tendo continuidade nos dois sculos seguintes, atravs dos movimentos liberal-capitalista e socialista. Esse projeto tem como caractersticas prinicpais: a individualidade, a autonomia e a universalidade. A individualidade implica no fato de que os seres humanos so pessoas concretas, e no somente membros de um todo. A universalidade considera todos os humanos, independente de etnias, nacionalidades ou culturas. A autonomia significa que o indivduo tem liberdade para agir, sem ser tutelado pela religio ou pela ideologia. Esse projeto vem enfrentando srios problemas. A individualidade vem sendo suplantada pela padronizao imposta pela sociedade de consumo. A autonomia geralmente reprimida por ditaduras ou pelo prrio sistema econmico. A universalidade est em confronto com os particularismos que surgem rapidamente, tais como os nacionalismos, o racismo e a xenofobia. Segundo Rouanet, o Brasil enfrenta os mesmos problemas que grande parte do mundo enfrenta, em relao ao projeto civilizatrio. O universalismo enfrenta o repdio por parte do nacionalismo cultural. A individualidade enfrenta, nas palavras do autor, um hiperindividualismo exacerbado, onde cada indivduo tenta se identificar com um grupo. autonomia se contrape vrias propostas de re-sacralizao do mundo. Juntando esses fatores desiluso em relao s instituies democrticas e ao sistema econmico, visto que as duas prinicpais propostas de sistemas econmicos: capitalismo e socialismo, falharam, tem-se atualmente um vcuo civilizatrio. Nesse contexto surge a barbrie, pois o autor considera barbros, aqueles que vivem fora da civilizao. Rouanet apresenta trs alternativas frente barbrie: aceit-la, propor um modelo antagnico ao modelo civilizatrio moderno, ou repensar a modernidade em busca de uma nova alternativa.