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Mamãe,quero ser modelo!
DESENHO DE CAPA
Helena Sanches
DESIGN DE CAPA
Carlos N. Andrade
Luciana Heuko
DIAGRAMAÇÃO
Hudson Túlio Machado Silva
REVISÃO E COPIDESQUE
Iracema Urman
Simone Mourão
Muito zelo e empenho foram empregados na edição deste livro. No entanto, podem
ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses,
solicitamos a comunicação ao nosso autor no e-mail: [email protected] para que
possa esclarecer ou encaminhar a questão.
O autor empenhou-se para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os
detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis
acertos caso, inadvertidamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida.
Não é de responsabilidade do autor eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens que
tenham origem no uso desta publicação.
Mamãe,quero ser modelo!
O que toda mãe deveria saber antes de levarsua criança para iniciar uma carreira de modelo.
Carlos N. Andrade
Andrade, Carlos N.
Mamãe, quero ser modelo! : O que toda mãe
deveria saber antes de levar sua criança para
iniciar uma carreira de modelo / Carlos N.
Andrade - - São Paulo : Scortecci, 2010.
Bibliografia
ISBN 978-85-366-1697-1
1. Adolescentes 2. Crianças 3. Menores -
Trabalho 4. Modelo (Pessoas) como profissão
I. Título.
Copyright© Carlos Neves de Andrade
5107/1 – 1000 – 184 – 2010
Scortecci Editora
Caixa Postal 11481 - São Paulo - SP - CEP 05422-970
Telefax: (11) 3032-1179 e (11) 3032-6501
www.scortecci.com.br
09-12742 CDD-659.152023
Índices para catálogo sistemático:
1. Modelo como profissão 659.152023
2. Profissão : Modelo 659.152023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Livraria e Loja Virtual Asabeça
www.asabeca.com.br
Grupo Editorial Scortecci
O conteúdo desta obra é de responsabilidade do(a) autor(a),
proprietário(a) do Direito Autoral.
Dedico à minha mãe Luzia, que sempre
me apoiou em tudo que fiz e à minha filha
Betina (minha eterna modelo).
branca
Agradeço à Anely, que muito
colaborou com suas leituras e
comentários.
branca
9
APRESENTAÇÃO
Ser artista é um dos sonhos mais comuns na infância e
adolescência.
Fazer novela, comerciais de televisão, desfilar, fotografar...
Quem não se encanta com tudo isso?
Já pensou seu filho na capa de uma revista?
Todo mundo tem o direito de sonhar.
Tanto as crianças, quanto os seus pais.
Mas para que este sonho se torne realidade, é preciso entender
a profissão.
É preciso ter consciência de que não é um sonho fácil de
realizar.
Exige investimento da parte dos pais, dedicação e disciplina da
parte dos filhos.
Ser artista é muito mais do que aparecer.
É gostar tanto do que se faz.
É querer do fundo do coração.
É saber das dificuldades e dos inúmeros nãos que virão.
É querer aprender sempre mais e se superar, independentemen-
te do tempo que demorar.
É ter sempre a certeza de que um dia tudo vai dar certo.
E se não der, mesmo assim, valeu à pena.
Este livro foi escrito para quem pretende escolher, entender ou
simplesmente conhecer essa profissão.
Mas, acima de tudo, foi escrito por alguém que entende e
respeita os nossos sonhos.
Dig Dutra
Atriz
branca
Dig Dutra
11
PREFÁCIO
Algumas mães, a maioria talvez, movidas pela vaidade de
ver o seu filho aparecer em algum comercial de TV ou foto publi-
citária, nem imaginam o que fazer para transformar seu sonho
em realidade. Então, como proceder? Por onde começar? Qual a
idade adequada para este início? Será que as agências aceitam
qualquer criança? Minha filha leva jeito? São muitas perguntas e
dúvidas sobre esse mundo desconhecido, onde a mídia transfor-
ma pessoas normais em super-heróis.
Neste livro, vamos procurar tirar as dúvidas mais frequen-
tes, responder a maioria das perguntas que nos são feitas todos
os dias, em minha agência.
O livro foi feito para as mães que pensam em colocar
seus filhos numa agência de modelos, mas acredito que conte-
nha informações muito úteis, mesmo para quem já começou a
carreira. Os tipos de testes, os profissionais que trabalham com
propaganda, como se escolhe os elencos, poses para treinar,
direitos e deveres; todas estas informações são muito úteis para
quem pretende trabalhar ou já trabalha como ator/atriz ou mo-
delo, seja publicitário ou não.
Coloquei, no livro, algumas outras informações interes-
santes, como os atores que conseguiram manter uma boa
performance desde o começo de suas carreiras, ainda crianças,
ou aqueles que prometiam muito, mas que não conseguiram
manter o mesmo sucesso. Outra curiosidade abordada é sobre
as regulamentações da propaganda para crianças no mundo. Já
que estão querendo mudá-la aqui no Brasil, é bom saber como
são as leis em outros países.
Carlos N. Andrade
branca
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................... 15
Por onde começar? ........................................................................... 19
O que é avaliado? ............................................................................ 21
O que as agências querem encontrar ................................ 21
O que as agências não querem encontrar ........................ 22
E a timidez? ...................................................................................... 25
Desconfianças ................................................................................... 29
Agentes virtuais ................................................................................ 33
Qual a idade adequada? .................................................................. 35
Quais os requisitos necessários? ................................................... 41
Como a agência escolhe suas indicações? ................................... 51
Onde levar? ....................................................................................... 57
O caminho da propaganda ............................................................. 59
Quem é quem ................................................................................... 61
A criança na propaganda ................................................................ 67
Regulamentação brasileira ................................................... 72
Regulamentações internacionais ........................................ 73
Entrevista com especialistas ............................................... 79
Propagandas inesquecíveis ............................................................. 83
Os testes ............................................................................................ 85
Tipos de testes ....................................................................... 86
Como ir vestido? ................................................................... 87
Evitem..................................................................................... 88
As meninas devem evitar também .................................... 88
E depois é só aguardar ......................................................... 88
Os trabalhos ...................................................................................... 89
Desfiles ................................................................................... 89
Modelo fotográfico ............................................................... 90
Comerciais para TV .............................................................. 91
Novelas e programas de TV ............................................... 91
Longa-metragem.................................................................... 91
O pagamento ......................................................................... 91
O trabalho que dá ............................................................................ 93
Ferramentas de trabalho ................................................................. 97
E o nome artístico? ............................................................... 98
Cursos ............................................................................................... 101
Exercícios ............................................................................. 101
Que pose eu faço? .......................................................................... 105
A carreira ......................................................................................... 125
Eis alguns exemplos de crianças prodígios, seus sucessos
e fracassos ............................................................................. 125
Concursos ........................................................................................ 139
Direitos, deveres e documentações ............................................ 141
Lei Nº 8.069/1990 ............................................................. 142
Portaria Nº 07/2003 ........................................................... 146
Conclusões ........................................................................... 153
Anexo I – Modelo de autorização .................................... 155
Uma passada pela Lei Nº 6.533 ....................................... 156
Entendendo os contratos .................................................. 160
Os deveres e o comportamento profissional ................. 161
Cachês ......................................................................................... 165
Mais Dúvidas............................................................................. 169
Tabelas ........................................................................................ 170
Conclusão ................................................................................... 177
Referências bibliográficas ....................................................... 179
15
INTRODUÇÃO
Antes de ser proprietário de agências de modelos e atores
infantis, trabalhei por alguns anos como produtor de elenco. Mi-
nha carreira começou em 1983, acompanhando e aprendendo o
ofício com Denise Algaves, na época, produtora de elenco da
antiga VT Center, produtora house1 da Mesbla. Nossa dupla evo-
luiu e, em pouco tempo, começamos a pegar trabalhos free lancers2.
No início na própria VT Center, que também produzia comerci-
ais para outros clientes e, depois, o nosso trabalho se extendeu
para várias produtoras cariocas.
Meu grande passo aconteceu em 1986, quando Rogério, en-
tão diretor de produção da Globotec (que acabara de contratar
Carlos Manga como diretor exclusivo de comerciais) me ligou, em
um sábado, para que eu fizesse o orçamento de um filme que teria
como diretor o próprio Carlos Manga, com fama de grande profis-
sional, mas também de ser uma pessoa muito exigente e de tempe-
ramento forte. Nós conhecíamos a dupla de produtores de elenco
que trabalhava com ele na época; Leila e Paula, consideradas as
melhores do Rio, porém, tinham acabado de pedir demissão, após
a gravação de um comercial para Casas Pernambucanas, porque
tiveram um desentendimento com ele.
Como todos tinham receio de trabalhar com o Manga, in-
clusive eu, passei ao Rogério um orçamento muito caro, para ser
recusado mesmo, enquanto a Denise, minha sócia, abanava a
mão, querendo dizer para descartar o trabalho, pois ela não topa-
ria fazer o filme. Para espanto geral, Rogério, depois de reclamar,
dizendo que o orçamento estava muito caro, não só o aceitou,
1 Produtora da casa, a VT Center foi concebida, inicialmente, para fazer as produções
dos comerciais da Mesbla, grande anunciante da época.
2 Sem vínculo com as empresas.
16
Carlos N. Andrade
como já deixou a reunião marcada para segunda-feira. Não tinha
mais jeito, não havia como voltar atrás...
Mesmo sem minha sócia, dirigi-me à reunião, na qual fui
apresentado ao Carlos Manga e toda a entourage3: dupla de criação
da J. W. Thompsom, diretores de produção, cenógrafo, figurinista,
etc... Era um comercial para Editora Rio Gráfica sobre um livro,
intitulado “Os Sete Minutos”, de Irwin Wallace. Nesta reunião,
entregaram-me uma fita com um trecho do filme, baseado no
livro. Era um filme inglês, antigo, com a cena de um julgamento,
onde os atores principais encenavam os advogados de defesa, de
acusação e o juiz. Tinha também os jurados, figuras muito
marcantes e caricatas, além de todo o público que assistia ao
julgamento. A idéia, muito original, era fazer o comercial parecer
um pedaço do filme e onde, no final, os atores mostrariam o li-
vro. Para que isso fosse possível, a tarefa que me coube foi de
achar atores desconhecidos, com os mesmos tipos físicos do fil-
me, que contracenassem em inglês, isto é, tivessem o domínio da
Língua para serem dublados pelos profissionais aos quais estáva-
mos habituados a ouvir nos filmes na TV.
Seria realmente um trabalho de pesquisa que passaria pelo
crivo do Diretor, desde os atores principais até o guarda que es-
taria na última fila da platéia do tribunal. Não era uma tarefa
fácil, vi que teria de inovar.
Nesta época, existiam poucas agências de atores e mode-
los e cada produtor de elenco tinha o seu próprio cadastro, inclu-
indo desde crianças até idosos. Mas este não era um elenco para
se fazer com cadastros. Tive de sair para rua. Seguindo uma indi-
cação, fui até a Escola Britânica em Botafogo, pois soube que lá
havia um grupo amador de teatro que interpretava em inglês. Ali,
pude verificar que a sorte estava do meu lado: a peça que fui ver,
3 Comitiva.
17
Mamãe, quero ser modelo!
deste grupo amador, era encenada por excelentes atores e com as
características físicas que tinham me pedido. Até um ator pareci-
do com o Boris Karloff pude achar! E teve mais: sortearam, na
platéia, dois ingressos para um rafting4 no rio Paraibuna, e adivi-
nha quem ganhou? Eu, ali, comecei a acreditar que poderia fe-
char este elenco.
A pesquisa não se resumiu só a esta passada na Escola
Britânica para assistir a uma apresentação do “The Players”, este
grupo maravilhoso que existe até hoje, mas foi resolvida basica-
mente ali. Para o teste dos atores convoquei todas as indicações
que achei, mas os papéis de promotor, advogado de defesa e juiz,
saíram do “The Players”.
Minha segunda prioridade eram os jurados, tipos diferentes
que também não se achariam em cadastro de modelos, embora em
meu arquivo houvesse alguns que servissem. Pedi auxílio a algumas
agências que trabalhavam com figurantes, mas que nunca tinham
feito trabalho para comerciais. Foi uma estréia de oportunidades e
assim conseguimos fechar o elenco deste filme que foi um marco
muito importante para minha carreira: “Tribunal” ganhou muitos
prêmios em festivais de publicidade, incluindo o Gran Prix, no VIII
Festival Brasileiro do Filme Publicitário, com direito a destaque em
Casting5 e o mais importante pra mim, foi o 1° Prêmio Colunista
Produção, em 1987, prêmio que por estar no seu primeiro ano, fez
uma retrospectiva dos melhores trabalhos produzidos no Brasil du-
rante o período de 1967 a 1986. “Tribunal” ganhou em várias cate-
gorias, entre elas, a de melhor ator e melhor produção de elenco.
Na reunião que houve na Globotec após o filme ser tão
premiado, Manga veio me cumprimentar pelo meu elenco e pela
minha audácia, cobrando um cachê quase igual ao dele. Fiquei
4 Esporte que consiste em descer de bote uma corredeira de um rio.
5 Elenco.
18
Carlos N. Andrade
morto de vergonha, não tinha nem idéia disto, mas, neste en-
contro, surgiu nosso segundo trabalho: um novo livro para Edi-
tora Record, “Expresso do Oriente”, que também ganharia
muitos prêmios.
Então, trabalhamos juntos durante quatro anos até Carlos
Manga ir para outra produtora, a Tycoon, de Cyl Farney e Paulo
Lomba. Na Tycoon, já existia uma produtora de elenco, a Frida
Richter, hoje produtora de elenco da TV Globo e um assistente
de elenco, Luis Antônio Rocha, hoje também produtor de elenco
da TV Globo. Como já eram produtores da casa e ótimos produ-
tores, logo assumiram os elencos do Manga.
Em 1990, quando nasceu minha filha, tive uma proposta
para abrir a primeira agência infantil do Rio: a Funny Faces. A
grande diferença entre fazer produção de elenco e ter uma agên-
cia de modelos é que o produtor de elenco é responsável pela
descoberta e contratação de toda parte artística de um filme ou
vídeo, enquanto a agência não tem esta responsabilidade: ela
possui um cadastro a oferecer, mas não tem a obrigação de ter o
que o cliente procura. Menos cobranças e menos estressante.
19
POR ONDE COMEÇAR?
Mamãe, quero ser modelo!
O que faz com que 5% das meninas entre 6 e 11 anos, das
classes A, B e C, residentes em grandes centros urbanos no Brasil,
desejem se tornar modelos? Talvez o mesmo motivo que leve 14%
dos meninos desejarem ser jogadores de futebol6: a busca pelo reco-
nhecimento, pela fama e pelo dinheiro, que pode parecer fácil para
muitos. Mas não é. Na verdade, é uma carreira com todos os percal-
ços e caminhos difíceis, igual a muitas outras. Porém, encontra, na
mídia, uma grande aliada e uma constante exposição da imagem
daqueles que, em proporção muito pequena, conseguiram vencer.
Até mais ou menos os cinco anos de idade, as crianças
entram no mundo da propaganda, em sua maioria, movidas pela
vaidade dos pais. É lógico que, quando a criança é muito peque-
na, não tem a mínima idéia do que é propaganda. Mas, se não
fossem estes pais, não teríamos bebês participando delas.
A idéia também pode surgir de parentes, conhecidos ou de
algum profissional da área – um produtor de elenco ou um booker7
de agência. O que mais escuto de mães é que todos elogiam o
seu filho na rua, no shopping e perguntam “Por que você não
leva sua filha para uma agência? Ela é tão linda!”.
Quando a idéia ou o convite parte de alguém do ramo, pas-
sa a ser mais tentadora, podendo ser levada mais a sério e a ex-
pectativa passa a ser real.
O mundo da propaganda e da televisão, no Brasil, é por
demais glamourizado; as pessoas que não têm acesso, imaginam
6 Fonte: pesquisa Multifocus – Kiddo’s – Latin América Kids Study 2003.
7 Profissional das agências de modelos, responsável pela escolha dos modelos para
apresentação aos clientes.
20
Carlos N. Andrade
uma vida de sonhos para os artistas, não tendo a mínima idéia do
trabalho que dá. Aliás, isso é papo para um capítulo à parte.
Considero uma prática muito saudável dos pais dar op-
ções de conhecimento aos filhos, enquanto ainda são muito jo-
vens. Isto acontece quando os colocam para praticar um espor-
te, aprender um instrumento musical, aprender uma dança ou
qualquer atividade esportiva ou artística. A maioria não segui-
rá, profissionalmente, as iniciações ou os aprendizados desta
época, mas as lições adquiridas ajudarão a construir suas per-
sonalidades. As aulas de teatro e modelo não garantem a for-
mação de um excelente profissional, mas o aprender a comuni-
car-se, certamente, será proveitoso em qualquer profissão que
eles possam escolher adiante.
O primeiro passo é procurar uma agência séria e apresen-
tar seu filho ou filha para o profissional responsável. Esta análise
poderá ser feita de várias maneiras: uma simples olhada, uma
conversa, um teste de vídeo ou fotográfico, que poderá avaliá-lo
com maior ou menor precisão, dependendo dos objetivos de quem
a aplica. É uma primeira avaliação das possibilidades da criança
ou adolescente vir a trabalhar como modelo ou ator/atriz.
O erro mais comum entre os responsáveis é fazer fotos da
criança antes da escolha da agência. Dificilmente, estas fotos
servirão para um cadastro, já que o trabalho com crianças é bem
diferente do feito com os adultos, neste aspecto. Assim, como
cada fotógrafo tem sua visão de como realizar as fotos, cada agên-
cia também tem a sua maneira de apresentar seus modelos.
21
O QUE É AVALIADO?
Além do tipo físico – a avaliação leva em conta vários deta-
lhes físicos, como uma perfeita dentição, manchas na pele, alguma
cicatriz, cor dos olhos, tipo do cabelo. Timidez, atitude, simpatia,
carisma, talento e vontade são outros aspectos considerados.
O que as agências querem encontrar:
• dentes alinhados, sadios, com trocas na idade certa;
• sorrisos bonitos e fáceis (muita gente têm dificuldade em
dar um sorriso natural, quando se pede);
• cabelos com corte e limpos;
• aparência de criança saudável;
• simpatia;
• obediência;
• extroversão;
• vontade de participar dos trabalhos;
• tipos físicos comerciais (aqueles tipos muito pedidos pe-
los contratantes);
• bom astral (sempre é um facilitador, em qualquer idade).
Na minha época de produtor de elenco, tive muitos
trabalhos em que sabia que entraríamos, madrugadas adentro,
gravando. Principalmente nestes trabalhos, eu me preocupava em
colocar no elenco pessoas com bom astral. Sabe aquele tipo de
pessoa que está sempre sorrindo? De bom humor? Elas são
agregadoras, conseguem fazer um grupo inteiro esquecer que já
estão 12 horas no estúdio, levam violão, contam piadas e muitas
histórias. Gostam de ser o centro das atenções e divertem todos,
sem deixarem de cumprir com suas responsabilidades. Este tipo
de pessoa é sempre bem querida nas filmagens pois consegue,
22
Carlos N. Andrade
muitas vezes, manter todo um elenco bem, diferentemente
daquelas que reclamam o tempo todo; estas ninguém quer ter
por perto. E atenção, mamães, isso vale para os acompanhantes
que reclamam muito também.
Certa vez, em uma filmagem, havia uma mãe muito
“reclamona” que, ao invés de conversar com o produtor de elenco
ou a agência da sua filha sobre a questão que a estava importunando,
ficou reclamando alto e com todos que passassem perto. O diretor
do filme chegou para mim, que era na época o produtor de elenco
e pediu-me para nunca mais chamar aquela criança, pois não queria
mais ver aquela mãe pela frente. Passados alguns meses, estava eu
apresentando uma seleção para este mesmo diretor em outro
trabalho, onde ele tinha gostado muito de um menino e me
perguntou pelo seu nome. Quando falei o nome e sobrenome do
garoto, ele lembrou que o sobrenome era o mesmo da menina
daquele caso anterior e me perguntou se eram parentes:
– É irmão dela, falei. Fiquei muito surpreso com a lembrança
dele. Está certo que era um sobrenome estrangeiro, diferente,
mas mesmo assim... Não preciso dizer que ele não escolheu o
garoto que mais tinha gostado para o filme por culpa da mãe que,
para ele, era uma chata e sinônimo de problemas.
O que as agências não querem encontrar:
• dentes tortos, cariados, escuros ou uma falta de dente
fora de época (que podem adiar por um bom período as chances
de trabalho da criança);
• cabelos mal pintados (pintar cabelos de crianças, já acho
uma coisa bem estranha, mas, vá lá, se for bem feito e que não dê
para perceber a pintura... Agora, raízes aparentes com outra cor,
luzes ou mechas... é muito feio mesmo);
• cabelos sem corte;
23
Mamãe, quero ser modelo!
• uma aparência desleixada, anêmica ou cansada;
• crianças muito magras;
• crianças muito gordas.
Crianças gordinhas têm, sim, seu espaço na propaganda,
notadamente mais, os gordinhos do que as gordinhas. Certa-
mente, não terão vez, quando o assunto for moda. Após os cin-
co anos de idade, deixamos de vê-los como fofinhos e engraça-
dinhos para vê-los como gordos. Vai ter sempre papel para o
gordinho da turma, mas a gordinha ficará mais limitada em
seus papéis como modelo. Em novelas, é diferente: as atrizes
gordinhas estão ganhando cada vez mais seu espaço, porém é
importantíssimo, neste caso, a qualidade da interpretação. Para
as agências, é sempre bom ter essas opções em seus cadastros,
mas os modelos gordinhos não devem ter muitas expectativas
de trabalho, a não ser que se tornem atores/atrizes, podendo
até continuarem mais tarde, quando adultos, o que é difícil de
ocorrer com modelos gordos;
• crianças altas demais, muito maiores do que as crianças
de sua idade. Elas vão ficar deslocadas nas seleções da sua ida-
de e não vão poder acompanhar as seleções para crianças mais
velhas. O mesmo não acontece com as crianças que aparentam
menos idade, pois podem concorrer com crianças mais novas e
ampliar suas chances de trabalho. Às vezes, perguntam-me, se
é necessário ser alto para desfilar. Para crianças, não, já que o
que irão vestir são roupas de crianças. Quanto aos adolescentes
que são muito altos e, com isto, já conseguiram trabalhos de
moda e desfiles, eles não trabalham mais como crianças, pois já
vestem roupas de adulto e com isso já passam a pertencer aos
castings e agências de adultos;
• crianças desobedientes;
• crianças muito tímidas ou envergonhadas;
24
Carlos N. Andrade
• crianças com muitas feridas pelo corpo;
• crianças com alguma deficiência física muito visível.
Obs.: os aparelhos nos dentes atrapalham, mas não impe-
dem o trabalho, além do mais, é muito melhor consertar logo as
dentes enquanto se é jovem do que ficar adiando.
25
E A TIMIDEZ?
Numa simples conversa com a criança – se for uma criança
que já converse, naturalmente – podemos visualizar todos os as-
pectos físicos, além de quase todos os aspectos comportamentais
como: atitude, simpatia e timidez.
Quanto à timidez, existem vários níveis. Existem aqueles
que não suportam ser o centro da atenção – não querem ou não
conseguem superar a timidez, – os tímidos que conseguem supe-
rar este medo, por ter um desejo maior a realizar, e outros que
são tímidos para conversar, mas quando atuam conseguem supe-
rar a timidez. A atriz Malu Mader que se confessa tímida, já me
contou que, quando atua, ela passa a ser outra pessoa e se esta
outra pessoa é desinibida, ela se desinibe, porque não é ela que
está ali, é a outra. Simples, né?
O que temos de analisar é: a criança curte estar ali? Para
ela pode ser, muitas das vezes, uma brincadeira gostosa ou uma
tortura. Tem talento? Um tipo físico comercial em que valha a
pena insistir? Se ela for um tipo comum e não demonstrar algum
talento ou vocação para o trabalho, não se deve insistir. Mas se
tiver um tipo muito comercial e demonstrar algum interesse,
mesmo que pequeno, pode-se trabalhar isso, já que um possível
sucesso poderá acarretar o despertar da vontade que não existia
e, com isso, um maior prazer em fazer coisas que antes recusara.
Várias vezes, os próprios pais se enganam sobre as possi-
bilidades dos filhos. Numa dessas ocasiões, chegou, na agên-
cia, uma mãe com duas filhas. A mãe veio me contar que a filha
mais velha era ótima, muito extrovertida, contava piadas etc e
tal. Curioso, fui perguntar sobre a filha mais nova que, naquele
instante, estava sentada numa cadeira, toda quietinha. A mãe,
logo, falou:
26
Carlos N. Andrade
– “Essa aí não serve pra nada, é muito tímida e só veio
acompanhando a irmã.”
Então, perguntei para a tímida, se ela gostaria de fazer um
teste de interpretação. Os olhos da menina brilharam, aceitando
fazer o tal teste. E, para surpresa, principalmente da mãe, foi
muito melhor que a “extrovertida”, que não tinha talento ne-
nhum para interpretar.
Portanto, é comum a confusão entre extroversão e talento.
Assim, como a vocação (leia-se: vontade) também não tem ne-
nhuma ligação com o talento. Mas quem tem vontade e determi-
nação em fazer algo já é um bom início, não é?
A timidez pode ser uma falta de segurança, um medo de
uma repreensão ou reprovação. Ninguém é tímido sozinho no seu
quarto. Se a pessoa tem a certeza de que o que ela faz será elogiado
ou bem visto por quem estará assistindo, mesmo sendo tímida, ela
conseguirá superar seu medo de fazer aquilo em público. Na mai-
oria dos casos, as crianças se saem melhor sem a presença dos pais
olhando, porque eles representam a cobrança, principalmente se o
nível de exigência deles for muito alto, podendo assim até causar
um recolhimento, com um aumento de sua insegurança.
No entanto, a presença de alguém conhecido ao lado
(pode ser um amigo ou parente) pode gerar maior segurança e
permitir uma apresentação na frente de pessoas desconhecidas.
A melhor maneira de saber como deixá-los mais à vontade é
perguntar, observar e, se possível, pedir à outra pessoa para
questionar, pois muitos poderão ficar desconfortáveis em falar
com a mãe, que não querem que ela fique no estúdio, quando
forem gravar ou fotografar.
Sei de vários exemplos, onde as aulas de interpretação
melhoraram e até curaram a timidez. E uma das chaves disto é o
melhor uso ou o desenvolvimento da inteligência emocional. É
27
Mamãe, quero ser modelo!
sempre muito bom e prazeroso acompanhar o progresso dessas
crianças, que entram na agência escondendo-se atrás das mães e
saem de uma maneira bem mais positiva. Sinto que participamos
efetivamente do desenvolvimento dessas crianças.
Eis algumas definições sobre a inteligência emocional:
“Inteligência emocional é um tipo de inteligência que envolve
as habilidades para perceber, entender e influenciar as
emoções.”
(Wikipédia)
“A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades
tais como motivar a si mesmo e persistir mediante frustrações;
controlar impulsos, canalizando emoções para situações
apropriadas; praticar gratificação pror rogada; motivar
pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e
conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns”.
(Gilberto Vitor)
“A inteligência emocional melhora a capacidade de se fazer a
leitura correta das próprias emoções e das emoções de terceiros,
através de suas reações mais sutis”.
(J. B. Drummond)
“A Inteligência emocional age em cinco áreas de habilidade:
1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento
enquanto ele ocorre.
2. Controle Emocional – habilidade de lidar com seus
próprios sentimentos, adequando-os para a situação.
28
Carlos N. Andrade
3. Auto-Motivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é
essencial para manter-se caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais”.
(Daniel Goleman).
Até o momento, as escolas tradicionais só têm dado valor
à inteligência racional, mas já surge uma escola moderna onde a
inteligência emocional também tem sido alvo de atenção pelos
educadores, assim como as entrevistas de emprego, que já, há
bastante tempo, tem dado muita atenção a este aspecto.
A timidez pode, é certo, atrapalhar ou adiar o início de uma
carreira artística, mas acredito que se a vontade e determinação
for maior, ela será superada.
É comum vermos atores e professores de teatro que inicia-
ram o contato com esta arte justamente por serem muito tímidos e
terem sido aconselhados por psicólogos; é fácil uma criança tímida
se encantar com o mundo do teatro e entendemos o por que: fazer
teatro, em inglês, significa “to play”, ou seja, jogar, brincar. E tea-
tro nada mais é do que brincar de faz de conta, não é? É muito
mais fácil uma criança entender isso do que um adulto.
29
DESCONFIANÇAS
Como saber se a agência aonde você quer levar seu filho é
uma agência séria? Se ela realmente tem trabalho? Se não é so-
mente uma agência de fachada para tomar seu dinheiro?
De fato, existem várias empresas que se intitulam agências
de modelos, mas que, na verdade, não passam de captadoras de
alunos para seus cursos ou clientes para seus estúdios fotográfi-
cos, não prestando nenhum serviço de agenciamento.
Infelizmente, temos muitos casos assim, relatados pelos
próprios pais, enganados, na expectativa do sucesso de seus fi-
lhos. Os mais corriqueiros são as empresas que cobram um preço
bem elevado para a confecção das fotos das crianças (chamadas
de book8). Algumas “agências” tiram, como isca, uma foto grátis,
mas aproveitam para tirar muitas outras fotos para depois vendê-
las aos pais que não conseguem resistir à compra. Têm geralmen-
te uma forte retaguarda de marketing, anúncios na televisão, rá-
dios e jornais, iludem os incautos, fazendo parecer que são em-
presas pertencentes ao ramo, mas não estão preocupadas em con-
seguir trabalhos para as crianças; estão preocupadas em ganhar
dinheiro, rapidamente. Esse tipo de empresa causa um estrago
enorme na credibilidade geral das agências infantis.
Há, também, o caso de pessoas que se fazem passar por
produtores, professores ou descobridores de talentos e têm ou-
tras formas de agir. Uma delas é a oferta de cursos grátis em
anúncios, principalmente cursos de moda que vêm geralmente
seguidos de venda de mesas para um desfile. Vemos mais esta
prática em cidades pequenas, onde a vontade de trabalhar e pou-
8 Expressão em inglês que corresponde a livro e sinônimo de álbum fotográfico dos
modelos.
30
Carlos N. Andrade
cas ofertas de trabalho fazem aumentar as expectativas em quem
lê um tipo de anúncio como este.
Mesmo as agências, estabelecidas em grandes cidades tra-
dicionais na produção publicitária, podem estar usando de algu-
mas dessas práticas agressivas para obterem algum lucro, já que a
sobrevivência somente das comissões dos cachês de crianças é
uma tarefa realmente muito difícil e rara para aquelas que traba-
lham exclusivamente com crianças, fora da cidade de São Paulo.
Os cachês das crianças, em geral, são muito baixos, em com-
paração com os cachês dos adultos: elas recebem de 1/2 a 1/5 do
valor destes, para o mesmo trabalho. A concorrência é enorme e,
nas cidades com pouco investimento publicitário, há dificuldade de
mercado ou de trabalho. A cidade de São Paulo possui 34% do in-
vestimento do mercado publicitário brasileiro9 e, se somarmos com
o interior do estado, chegamos a 42%. O Rio de Janeiro vem em
segundo lugar, no mercado publicitário, com 13%, mas é o primeiro
no “mercado de novelas”. É o estado onde ainda se produz a maio-
ria das novelas brasileiras e isto gera possibilidades de trabalho para
os atores mirins e adolescentes. Outras cidades, por ordem de inves-
timentos: Belo Horizonte (4%), Porto Alegre (4%), Curitiba (3%) e
Recife (3%). Observe que estou apenas citando grandes capitais.
Em relação às pequenas cidades ou ao interior do Brasil, pratica-
mente não existe mercado para candidatos a modelos ou atores.
As agências de modelos, localizadas em pequenas cidades,
com pouco investimento em publicidade e que dependem exclu-
sivamente de produções locais para as contratações de modelos
e atores, geralmente têm de trabalhar com criatividade para su-
prir o pouco trabalho local.
Como saber, então, se não estão querendo enganá-la?
O que se deve fazer é pesquisar, perguntar a outros pais,
9 Fonte: pesquisa Almanaque IBOPE de 2007 www.almanaqueibope.com.br.
31
Mamãe, quero ser modelo!
de crianças agenciadas, a quantos testes já foram, quantos traba-
lhos já realizaram. Se já fizeram algum trabalho, verificar se rece-
beram pelo trabalho. Procurar saber com quem contrata (produ-
toras de comerciais, fotógrafos, emissoras de TV), sobre as agên-
cias com as quais trabalham e se tem alguma para indicar. As
melhores agências mantêm também um site na Internet e nele
colocam alguns de seus trabalhos. Mas lembre-se que qualquer
um pode colocar um site na Internet com as informações que
quiser. Não tenha isso como uma verdade definitiva, mas, sim,
um ponto de partida para sua pesquisa.
É um direito dos responsáveis conhecer as opções de agên-
cias para verificar qual delas será a melhor para seu filho. Não
procure determinada agência somente por ela estar no seu bairro
e ser mais cômodo para você. Não se deixe levar por elogios
fáceis e promessas de trabalhos; o mercado é muito competitivo
e não se pode garantir trabalhos a ninguém, a não ser as agências
de figuração, que contratam por quantidade, não submetendo seus
figurantes a uma seleção mais rígida e criteriosa com os clientes.
Tenha em mente que, com um material fotográfico pouco
adequado ou defasado, será difícil a criança ser aprovada.
branca
33
AGENTES VIRTUAIS
A Internet mudou muito o modo de comunicação e
interação de algumas pessoas. Os sites de relacionamentos,
como o Orkut, Facebook, MySpace, Hi5, Beltrano, UolK e
outros, já fazem parte do dia a dia de algumas crianças e mui-
tos adolescentes. Neles, já pode-se encontrar produtores vir-
tuais em busca de novos modelos ou atores. Assim como, na
vida real, é necessário que se tome alguns cuidados, pois es-
ses sites se tornaram uma ferramenta útil para alguns produ-
tores reais, mas também se transformaram em uma maneira
fácil de receber fotos com telefones e contatos de pessoas
bonitas para diferentes finalidades. Saia do mundo online e
faça contato no mundo offline. Ligue, informe-se e, se possí-
vel, vá visitar pessoalmente.
A inventividade das pessoas é muito grande e já soube
de casos de gente se fazendo passar por caça-talentos ou por
produtores e pedindo para algumas meninas ligarem a webcam
e fazer um teste online pela câmera. Imagine: é truque para
ver a menina de biquíni ou até sem roupa.
Outro dia, um rapaz do interior de Goiás me ligou per-
guntando se eu conhecia determinada agência de modelos do
Rio que ele tinha conhecido no Orkut. Um representante des-
ta suposta agência tinha gostado dele e chamou-o para gravar
o comercial de um refrigerante no Rio e fazer um teste para
outro comercial. Eu falei que ninguém era aprovado sem fa-
zer um teste e ele me explicou que era uma figuração. Pergun-
tei, então, o valor do cachê e ele me falou que era R$ 900,00.
Respondi que, com este valor de cachê, certamente, haveria
um teste, ainda mais para um comercial de refrigerante. Acon-
tece que ele já tinha pago uma taxa no valor de R$ 87,00 e
34
Carlos N. Andrade
que, segundo ele, o dinheiro pago seria devolvido, se ele não
chegasse atrasado. É claro que era um golpe, que esta taxa
não existe, que a agência não existia e muito menos não tinha
gravação nenhuma para fazer.
35
QUAL A IDADE ADEQUADA?
Não existe uma idade adequada para a criança começar a
trabalhar como modelo ou fazer apenas um trabalho como mo-
delo, mesmo porque existem trabalhos para todas as idades em
propaganda. Mas existe sim, faixas etárias mais complicadas, com
menos oferta de trabalho.
Vamos falar um pouco das idades, com suas dificuldades e
facilidades.
Veja algumas das características comuns a cada faixa etária:
Bebês: neste ramo, são considerados bebês, crianças de até
1 ano, no máximo, 1 ano e meio. Eles têm uma carreira bem cur-
ta, se considerarmos que, até os 5 meses, poucos trabalhos apa-
recem para eles. Porém, após os 6 meses, quando já conseguem
ficar sentados sozinhos e acordados por um período maior, au-
menta-se os pedidos para comerciais. Não se pode exigir muito
de um bebê: eles não interpretam nem posam para fotos. Na
maioria das vezes, vão compor uma família e tem-se que aguar-
dar a seleção dos “pais” para seguir o mesmo tipo físico. Nesta
idade, o que se deve fazer, então, é observar alguns aspectos no
bebê. É bonito? É algum tipo especial? Não chora quando fica
com pessoas estranhas?
Nos trabalhos, onde os bebês são os artistas principais e
estão sozinhos na cena, aí, sim, os tipos mais comerciais vão ser
mais exigidos e requisitados, observados pela aparência saudá-
vel e voltada para a classe social a que se quer atingir, dependen-
do do que se está anunciando.
Na maioria das vezes em que se necessita de um bebê, é
usual ficarem outros de stand by, isto é, chamam-se dois ou três a
36
Carlos N. Andrade
mais para permanecerem no set10
de filmagem, recebendo um cachê
menor, no caso do bebê escolhido estar num dia de mau humor
ou se cansar na hora da gravação. Se for necessário trabalhar com
algum dos bebês que estão aguardando, este passa, então, a ser o
bebê contratado, recebendo o cachê integral.
Costuma-se, também, em caso de dúvida, filmarem com dois
ou três bebês, para depois escolherem aquele que se saiu melhor.
Neste caso, tem-se que esperar até a edição do comercial, isto é, a
montagem final, onde se selecionam as melhores cenas dentre to-
das as que foram filmadas, para saber quem foi o escolhido.
Os bebês se cansam rapidamente, dormem muito e, por isso,
têm pouco tempo aproveitável para as fotos ou filmes. Quando há
um trabalho com mais de um bebê juntos, certamente, deve-se ter
mais paciência, pois, nem sempre, eles têm sono e fome nos mes-
mos horários, podendo haver uma redução bem grande de oportu-
nidade em que a dupla ou o grupo esteja desperto junto.
Certa vez, montei um elenco com bebês que estavam co-
meçando a andar (deveriam ser uns 10 bebês, por volta, dos 9
meses a um ano). A cena era bem simples: tratava-se de uma
vinheta de Ano Novo para uma emissora de TV e consistia em
filmar imagens destes bebês só de fraldas, em um estúdio todo
branco. Simples, né? Foi marcada a chegada das crianças para as
9 horas da manhã. Às 9 horas e 30 minutos, já com todos no
local, cada qual, evidentemente, com seu responsável no cama-
rim, chega a notícia de que houve uma pane elétrica no estúdio e
ficamos sem energia até umas 16 horas. Imagine, agora, um ca-
marim, sem ar condicionado, com 10 bebês, deitados em improvi-
sados colchonetes, várias fraldas, amontoadas numa lixeira, al-
gumas mães reclamando, outras, abandonando o local... Até que,
10 Local da filmagem. Pode ser no estúdio, numa externa, isto é, na rua ou numa locação
como uma casa alugada, por exemplo.
37
Mamãe, quero ser modelo!
às 18 horas, começamos a gravação, que foi bem rápida. Quan-
do terminamos, uma das mães, mãe de um bebê oriental, veio
até mim, falar que não devia mais chamar seu filho, pois a expe-
riência fora muito ruim e que só tinha ficado até àquela hora
por respeito ao meu trabalho e à sua própria palavra. Pois bem.
Uma semana se passou e a vinheta entrou no ar, com um close
enorme do bebezinho oriental, lindo por sinal. Efeito imediato:
a mãe dele me liga emocionada, desculpando-se e pedindo-me
pra chamar seu filho para o próximo trabalho. Esta historinha
serve de ilustração para os papais e mamães que são muito an-
siosos e sem paciência: imprevistos sempre acontecem; os tra-
balhos em filmes ou vídeos, na maioria das vezes, são muito
demorados.
Quando o produtor comentar que o cachê é baixinho por-
que vai ser super rápido, não acredite. Fique sempre esperando o
pior e, se acontecer de acabar cedo, surpreenda-se com esta no-
vidade boa. O contrário é sempre muito ruim: esperar uma fil-
magem seja rápida e ela demorar.
De 1 ano e meio a 3 anos e meio – essas idades são críti-
cas. Já estão andando; são, em sua maioria, irrequietos, incons-
tantes, imprevisíveis e aprontam muito. Se não for uma criança
fora de série, é melhor esperar os 4 anos.
De 4 a 6 anos – são idades muito interessantes para traba-
lhar-se. Já entendem o que lhes é pedido e são espontâneas, pois
tudo é brincadeira para elas. E consegue-se ótimos sorrisos com
os dentinhos de leite. São idades, onde se revelam muitos talen-
tos para publicidade.
De 7 a 10 anos – idade das trocas de dentes. Crianças que
atuavam muito até os seis anos, podem perder muitos trabalhos
38
Carlos N. Andrade
depois das trocas dos dentes, principalmente, se nascerem tortos.
É, porém, uma faixa de idade bastante procurada porque a criança
já sabe ler, já pode frequentar algum curso de interpretação, e tem
uma compreensão bem elaborada do que lhe é pedido. É também
uma faixa em que se descobrem muitos novos talentos. A esta
altura, a criança começa a ter consciência de que ela está traba-
lhando, não brincando, e que o trabalho pode lhe render algumas
coisas como dinheiro e fama.
De 11 a 12 anos – puberdade. Começam as transforma-
ções, mudanças de interesses e mudanças físicas. É uma faixa
etária um pouco encrencada. Esta fase é mais problemática nos
meninos, onde se iniciam as alterações na voz, aparecimento
de barba e mudança nas feições, como alargamento do nariz.
Nas meninas, temos uma variação muito grande também, de-
pendendo da constituição física de cada uma; podemos encon-
trar meninas que ainda mantêm o corpo de criança, e meninas,
já com busto e um corpo mais feminino. Os trabalhos diminu-
em bastante neste período.
De 13 a 19 anos – adolescentes. É um mercado cada vez
mais em expansão. Roupas, bebidas, cosméticos, programas de
TV, temos, cada vez mais, mercado para este grupo que se forta-
lece a cada dia que passa. Li, em uma matéria, uma definição
ótima para eles:
“Os adolescentes são, em sua maioria, inseguros pois estão
prestes a se tornarem adultos e não sabem direito como fazer ;
são uma espécie de estagiários da vida. Por isso, procuram se
fortalecer em grupos em que eles se identifiquem. Existem
39
Mamãe, quero ser modelo!
vários tipos de grupos e eles se identificam por meio de
vestimentas, corte de cabelos e gírias”.
Não me recordo de quem escreveu isto, mas, pra mim, é
uma descrição perfeita. Nesta fase de busca de afirmação, os jo-
vens procuram reconhecimento do grupo a que pertencem ou do
qual gostariam de pertencer. A opinião da “tribo” é mais valoro-
sa do que a, dos seus pais. É normal, nesta fase, mudanças re-
pentinas de vontades: não querem mais ser modelo para serem
roqueiros ou, então, que comecem a tentar a carreira só agora,
pois antes, estavam querendo fazer outras coisas.
Resumindo: os bebês trabalham, normalmente, dos 6 me-
ses, (quando já estão sentando sozinhos) a 1 ano e 2 meses. É um
período curto com rápidas transformações. Não que não haja tra-
balho para idades menores de 6 meses, mas é menos comum. As
crianças com 4 anos começam a ter um mercado muito bom e
vão até os 6 anos com os dentes de leite. Com 7 anos, geralmen-
te, os dentes da frente já foram trocados e estão desparelhos com
o resto dos dentes. Passam, então, por uma fase instável. O sor-
riso muda e aparecem muitos problemas com dentes tortos que
devem ser corrigidos. Quando os dentes definitivos emparelham
novamente, retomamos os trabalhos até a puberdade que, nova-
mente, é um período em baixa até a adolescência.
branca
41
QUAIS OS REQUISITOS NECESSÁRIOS?
Se um dia aparecerem na minha agência duas crianças,
uma, muito talentosa, mas com um tipo físico difícil de encai-
xar-se em algum trabalho, e outra criança muito tímida, mas
com um tipo físico muito solicitado e pedirem-me para esco-
lher somente uma delas, adivinha qual será a escolhida? O tipo
físico é muito importante, porque tudo começa por ele e, quan-
to à timidez, tem como ser muito melhorada. Todo pedido de
novo elenco começa pelo tipo físico.
O talento é o dom natural que algumas pessoas possuem
de conseguir fazer algo com facilidade; isto não se ensina, verda-
de, mas pode-se treinar o que tem de ser feito.
Se desejássemos fazer uma escala de pré-requisitos para o
sucesso, poderíamos considerar os seguintes ingredientes; tipo
físico, talento, vocação, carisma, estrela, profissionalismo e dis-
ponibilidade. Vamos ver a importância de cada um deles.
1) Tipo físico: é o requisito de maior importância para a
carreira de modelo e de ator, na área publicitária. É por onde tudo
começa, com o pedido do cliente quando descreve sexo, idade e
tipo físico dos modelos ou atores para o trabalho. Uma pessoa muito
talentosa, mas com um perfil físico pouco solicitado, dificilmente
trabalhará, mas outra, que tenha um tipo físico muito procurado,
mas nenhum talento, certamente conseguirá, nem que seja um tra-
balho mais simples ou uma participação muito pequena.
As pessoas sem talento acabam aprendendo a fazer alguns
trabalhos corretamente, desde que tenham outros requisitos, sendo
a vocação um deles.
Em propaganda, temos os tipos mais pedidos, os quais
chamo de “tipos comerciais” e podemos elencar, entre eles, os
42
Carlos N. Andrade
seguintes: o garoto com cara de levado, com cara de anjinho,
com cara de “nerd” ou cientista, o bonito e o feio engraçado.
Entre as meninas, incluímos também a levada, a engraçada e a
bonita do bairro.
Existem outros tipos especiais como os ruivos e os orien-
tais, que são raros, por isso, preciosos. Os ruivos, quando tam-
bém são sardentos, passam a ter característica de levados. Quan-
to aos orientais, podem ser japoneses, coreanos ou chineses. Eles
fazem sucesso na publicidade, principalmente, compondo tur-
mas, e também em papéis caricatos de gênios da eletrônica ou
lutadores de artes marciais.
As agências de modelos devem ter em seus elencos todos
os tipos possíveis para não desapontarem seus clientes, mas isto
é um fato bastante difícil de acontecer em agências infantis por
trabalharem com faixas de idades e tipos característicos muito
abrangentes: índios, mulatos, orientais, negros, ruivos, brancos,
sardentos, olhos pretos, olhos azuis, cabelos cacheados, cabelos
crespos, cabelos castanhos ou louros, boca grande, nariz afilado
ou batatudo, cara de rico, classe média... Nossa, parecem
infindáveis as possibilidades! Mas uma agência infantil teria que,
teoricamente, possuir em seu cadastro todas essas variações de
crianças com 6 meses, 1 ano, 2 anos, 3 anos... Mas é quase im-
possível ter de tudo: já me pediram uma menina mulata com olhos
verdes e, detalhe, com 15 dias de nascida para fazer o papel da
Chica da Silva em uma novela. Vou citar outro exemplo bem
simples para vocês terem uma idéia desta dificuldade: para um
especial da Angélica, pediram-me crianças de 9 meses a 12 anos,
em sequência, que se parecessem com a Apresentadora para uma
retrospectiva. No briefing11
, constavam as seguintes característi-
cas: pele branca, cabelos louros e olhos claros, verdes ou azuis.
Parece um pedido bem simples de atender mas, na verdade, eu
11 Descrição do pedido.
43
Mamãe, quero ser modelo!
tinha até quatro opções em determinadas faixas etárias e nenhu-
ma, em outras. Se o cliente não tivesse procurado em mais de
uma agência, não conseguiria fazer seu programa.
Outro detalhe importante para ser colocado neste capítulo
diz respeito à discriminação, que é bem diferente do preconceito
que ocorre com os adultos. Quando se realiza um trabalho com
diversas crianças, na maior parte das vezes, procura-se utilizar
variedades raciais: negros, mulatos, orientais etc. Na verdade, o
que existe é escassez de modelos e atores negros infantis.
Então, mesmo que sejam pouco solicitados determinados
tipos físicos, eles são interessantes para compor o elenco da agên-
cia, mesmo as meninas de cabelos curtos (muito raro de serem
procuradas em relação a crianças) e meninos de cabelos compri-
dos, a não ser que a agência se especialize em determinados tipos.
2) Talento: podemos chamar de talento a facilidade que
se tem em fazer determinada coisa. O talento é fundamental
em certos trabalhos, pois, sem ele, estes ficariam deficientes,
falhos ou inapropriados. Uma pessoa sem talento consegue,
em funções mais simples, ter um desempenho parecido ao, de
pessoas talentosas, talvez demorando mais tempo ou obtendo
menos perfeição.
O talento é também um grande diferencial, é para onde o
melhor papel vai, onde a direção do trabalho (o diretor artístico)
vai buscar apoio e é para onde o sucesso vai e se sente confortável.
O talento causa um efeito multiplicador, se vier associado
ao tipo físico comercial. Aliás, nenhum pré-requisito desses faz
nada sozinho.
3) Vocação: a palavra vocação é originária do latin:
vocatione, que significa ato ou efeito de chamar. Nos dicionários
44
Carlos N. Andrade
temos vários significados para ela e à que me refiro aqui é um
significado do dicionário Houaiss:
“Disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no
sentido de uma atividade, uma função ou profissão; pendor,
propensão, tendência”.
Portanto, considero, a palavra vocação como uma junção
de interesse e vontade de fazer, desassociando-a de talento, que
também é uma das interpretações de seu significado. A vocação
vem acompanhada, muitas vezes, de determinação, e quando há
esta combinação – interesse com vontade e determinação – al-
cança-se um ponto muito importante, quando se deseja realmen-
te uma coisa.
Uma pessoa determinada e sem talento poderá ter mais su-
cesso do que uma pessoa talentosa, mas que não tenha nenhum
interesse ou vontade de praticar aquilo em que se sobressai.
Mas há um problema: a vontade demasiada, às vezes, pode
cegar e fazer com que a pessoa não perceba que, mesmo dese-
jando muito participar da seleção de futebol do Brasil, se não
souber jogar futebol direito, ela não conseguirá. Nesses casos, a
opinião de pessoas abalizadas ajudará a decidir se alguém deve
continuar insistindo ou, então, se deve redirecionar sua vonta-
de para outra área. Um ditado popular fala em “Dar murro em
ponta de faca”...
É importante diferenciar determinação e persistência de
teimosia. Diz outro ditado que “A diferença entre determinação
e teimosia é apenas o resultado”. Portanto, existe uma linha mui-
to tênue entre o sucesso conseguido por teimosia ou uma deter-
minação muito forte.
No começo de sua carreira, Gisele Bündchen ficou em se-
gundo lugar na etapa brasileira do concurso da agência Elite e
45
Mamãe, quero ser modelo!
entre as dez colocadas na final mundial. Depois do concurso,
Gisele, então com 14 anos, relata no seu site12
sua determinação
em vencer numa carreira que não pensava em exercer:
“Após o concurso, que confirmou a existência de um biotipo para
a profissão, era preciso definir o que fazer.
A opção pela carreira implicaria deixar minha família em
Horizontina e a vida tranqüila do interior para encarar as
dificuldades da profissão, de viver sozinha e a saudade.
Na capital paulista, comecei a fazer inúmeros testes em busca de
trabalhos. Após muitos “nãos”, as coisas começaram a acontecer.
Encarei o não como desafio e não me dei por vencida só porque
algumas pessoas diziam que não servia para capa de revista
porque tinha o nariz muito grande. Tive muita disciplina e
persistência e estava determinada a provar que eu realmente
poderia fazer aquilo”.
Gisele, em 1999, com 19 anos, ganhou o prêmio “Model
of the Year” (Modelo do Ano) no Vogue Fashion Awards e não
parou mais. Já fez mais de 400 capas de revistas até hoje. Mas, só
se aventurou nessa carreira, após analisada e aprovada por espe-
cialistas em um concurso que teve como principal finalidade a
descoberta de novas top models de sucesso.
4) Carisma: voltemos ao dicionário Houaiss:
“Conjunto de habilidades e/ou poder de encantar, de seduzir,
que faz com que um indivíduo (p.ex., um cantor, um ator) desperte
de imediato a aprovação e a simpatia das massas”.
12 www.giselebundchen.com.br
46
Carlos N. Andrade
Carisma é um certo tipo de simpatia e independe se a pessoa
é extrovertida ou tímida. O carisma causa uma empatia imediata
com o público consumidor e é muito importante para conquistar a
preferência do público. Ser carismático não é uma característica
fundamental, mas sempre pesa na escolha de um elenco.
O carisma é percebido logo quando se conhece uma pes-
soa, diferente da “estrela” dela.
5) Estrela: ter estrela é estar no lugar certo, na hora certa.
Quem tem estrela consegue pegar um melhor papel ou pegar
um papel que normalmente não seria seu. É uma característica
difícil de ser percebida, num primeiro contato. Percebe-se, no de-
correr de uma carreira, mas é um ponto muito importante para
obter-se sucesso.
As coisas, normalmente, acontecem para quem tem estrela.
É lógico que, se a pessoa tiver só estrela, não vai adiantar muito,
mas, se for acompanhada de outros pontos favoráveis, vai ser muito
benéfico; o que já não acontece com quem tem alguns pontos favo-
ráveis, mas não tem estrela.
6) Profissionalismo: é ótimo quando somos amadores e fa-
zemos tudo por amor. Mas esta fórmula só é válida, quando não há
compromissos com ninguém, o que não acontece em publicidade,
onde existe uma enormidade de pessoas envolvidas numa mesma
produção; é um verdadeiro trabalho de equipe, cada qual com a sua
tarefa a cumprir e, para que funcione, é necessário profissionalismo.
As crianças são as únicas de quem não podemos cobrar
profissionalismo. Mas, se houver uma falha com uma criança
num trabalho, a produção irá cobrar, em primeiro lugar, do pro-
dutor de elenco, que é o profissional responsável pela
contratação da área artística numa produção. Este, então, irá
47
Mamãe, quero ser modelo!
cobrar da agência à qual a criança está vinculada, que por sua
vez, cobrará dos seus responsáveis.
Ser profissional é saber quais são suas obrigações e procu-
rar sempre cumprí-las da melhor forma possível, assim como co-
nhecer, também, seus direitos.
Ter profissionalismo, nesta área, é perguntar tudo a respei-
to dos trabalhos, antes de ir a um teste: que tipo de trabalho vai
ser; o que vai ser exigido da criança ou adolescente; qual o clien-
te e produto a ser anunciado; qual o tempo de veiculação e tipo
de mídia; quanto é o cachê e em quanto tempo prometeram o seu
pagamento; quando vai acontecer o teste e, se for aprovado, quan-
do acontecerá o trabalho.
Não assuma compromissos para um teste e, principalmen-
te, com trabalhos que não poderá cumprir posteriormente. Obe-
deça aos horários estabelecidos e não leve para os testes e tra-
balhos, pessoas não autorizadas pela produção, como parentes
e amigos.
Da mesma forma, se você agir com profissionalismo, po-
derá exigir profissionalismo das pessoas que trabalham com você.
7) Disponibilidade: as crianças não dependem delas mes-
mas para entrarem numa agência, irem para um teste ou não fal-
tarem a um trabalho. Já vi carreiras, que estavam começando
muito bem, serem abreviadas pela falta de tempo dos responsá-
veis para levarem os pequeninos aos testes ou não haver mesmo
ninguém para levá-los, por morarem muito longe ou não terem
dinheiro para pegar uma condução. Portanto, sem disponibilida-
de, não se consegue trabalhar.
Você, que vai colocar sua filha apenas porque ela lhe pede
muito e quer, então, verificar como o mercado reage à sua
presença, fique preparada para um possível sucesso. Se você não
48
Carlos N. Andrade
tem tempo, disposição e nenhum parente que possa levá-la aos
testes, é melhor não iniciar, então, este processo.
Uma mãe apareceu com um garotinho na agência; ele, com
3 anos e meio, uma idade em que, já percebemos, não existe muitas
chances de trabalho. Ela nos disse que não era muito ligada nisto,
que nunca tinha pensado em levá-lo a uma agência, mas as pessoas
lhe falavam tanto que deveria levá-lo, que, então, resolveu arriscar.
E lá estava o pequeno César com uma cara mansa e meiga. O
César nos foi uma grata surpresa; não era o mais bonito de sua
idade e nem o mais talentoso, mas descobrimos que ele tinha
outras qualidades. Era carismático, simpático, obediente,
profissional e tinha uma estrela enorme. Em cada dez seleções
em que o César ia, era aprovado em nove, quando o normal seria
o contrário: ir a dez seleções para ser aprovado em uma. Nós
tínhamos um ranking13
de trabalho na agência, nesta época, e o
César, geralmente, ficava em primeiro ou em segundo lugar. A
cada ranking que ele ganhava, a agência lhe dava fotos novas e
uma bolsa de um curso de interpretação, e o menino que, nesta
época, não pegava trabalhos bons por não ser ator, foi aprendendo
a atuar até que passou no seu teste mais importante: o do
personagem “Pedrinho” na volta do Sítio do Pica Pau Amarelo,
na televisão.
César Cardadeiro cresceu e, depois que saiu do programa,
participou da novela “Malhação” até 2006, quando já estava com
15 anos e, mais recentemente, em 2008, atuou também como
um dos protagonistas na versão moderna de “Capitu”, minissérie
da TV Globo. Se você perguntasse para ele, quando tinha 10
anos, o que ia ser quando crescesse, não titubeava: “vou ser ator”,
dizia cheio de orgulho.
13 Pontuação para se medir os agenciados mais produtivos, era uma conta que levava em
consideração o número de trabalhos e os valores dos cachês.
49
Mamãe, quero ser modelo!
Para ilustrar um pouco do profissionalismo precoce deste
garoto, vou contar uma historinha: aos 6 anos de idade, César foi
aprovado para fazer um comercial de um doce. Era um elenco
grande, onde se ia reproduzir, em estúdio, o picadeiro de um circo
e ele ficaria com outras crianças e adultos na platéia. O elenco
foi marcado e chegou às 6 horas da manhã no estúdio, mas houve
um problema com o cenário e o início da gravação só se deu por
volta das 18 horas. Isso mesmo: 12 horas de atraso.
Começou-se a gravar, durante a noite e entramos pela
madrugada. Às 4 horas da madrugada, a produtora de elenco,
Rosa Fernandes, depois de comunicar-me que ainda havia algumas
cenas para terminar, e que, pelo adiantado da hora, não poderia
exigir que o elenco ficasse, mas que o César participaria ainda de
duas cenas de continuidade, perguntou-me se ele ficaria. Respondi
que ela deveria perguntar à Elizabeth, mãe do César. Foi o que
fizemos: explicamos a situação a todos, que o César ainda tinha
as duas cenas, mas que, se eles quisessem, poderíamos continuar
no dia seguinte.
Consultei a mãe do César que, por sinal, sempre foi
considerada uma mãe exemplar por todos na agência, que me
respondeu: “Perguntem pra ele”. E sabem qual foi a resposta do
César? “Ta bom, mas eu quero tomar um banho antes de
continuar”. E assim foi: César, então com apenas 6 anos de idade,
tomou a decisão de ficar, tomou seu banho e continuou a gravação
até as 6 horas da manhã.
Para pensar: Segundo Malcolm Gladwell o escritorde �Fora de Série, a História do Sucesso�, ter talento nãobasta para vencer. Também é preciso apoio, trabalho e sorte.
branca
51
COMO A AGÊNCIA ESCOLHE SUAS
INDICAÇÕES?
Por que minha filha, tão linda, não é chamada e outras, não
tão bonitas, fazem tantos trabalhos? Esta é uma pergunta que a
maioria das mães tem na ponta da língua. Para a maior parte dos
pais, seus filhos serão sempre os mais bonitos, mais talentosos,
mais engraçados e tudo o mais que os filhos dos outros.
As indicações para os trabalhos são feitas, obedecendo-se
a critérios inteiramente subjetivos e, neste caso, há sempre diver-
gências, quanto ao resultado. É por isso que concursos de beleza
geralmente causam tanta polêmica e discórdia, assim como prê-
mios de melhor ator ou atriz ou de melhor música ou melhor
cantor ou melhor banda.
Pode acontecer que prêmios, resultantes de votos obtidos atra-
vés de um júri, fiquem diferentes do resultado obtido através dos
votos populares e ainda diferentes da sua opinião Não é verdade?
Quando era produtor de elenco, verifiquei que uma das
atribuições do cargo é a de abster-se do gosto pessoal para en-
tender e captar o gosto do cliente, e isto é muito difícil. E como,
na maior parte das vezes, as informações são passadas e repas-
sadas através de toda uma hierarquia funcional, muitas delas,
importantes, perdem-se no caminho. O próprio produtor de elen-
co trata com o assistente de direção, que repassa uma idéia do
diretor cinematográfico, que conceitua todo um filme na idéia
dos criadores da agência de publicidade. Ainda acontece de al-
guns produtores de elenco não transmitirem todas as informa-
ções necessárias para as agências de modelos e atores, por pres-
sa ou por acharem que elas não precisam das tais informações.
Mas estas informações são muito valiosas para uma perfeita
52
Carlos N. Andrade
compreensão do elenco, não só do tipo físico mas, se possível,
da classe social, do perfil psicológico e comportamental, assim
como, do que vai ser exigido do modelo/ator no trabalho.
Quando me pedem um garoto com cara de levado, posso
imaginar esta criança como sendo ruiva, cabelos enrolados e
com sardas no rosto. Mas esta imagem que faço do levado pode
não ser a mesma que o cliente faz. Ele pode fazer a imagem do
garoto levado, como um garoto de cabelos castanhos, lisos e
com franjinha. Quem está certo? Quem está certo é o cliente,
mas podemos mostrar mais opções para sua criação. Já vi pes-
soas, crianças e adultos, aparecerem num teste completamente
fora do padrão pedido e acabarem ficando com o papel do fil-
me, ou por ter uma atuação tão convincente que fez com que o
diretor mudasse seu ponto de vista com relação ao personagem
ou, simplesmente, por sugerir outra opção física ao diretor em
que ele não havia pensado. Mas isso não é o comum. Acontece,
somente, quando é dada essa liberdade ao produtor de elenco
que tem, no conhecimento da capacidade do seu elenco, a vi-
são destas possibilidades.
Em muitos dos testes que acompanhei como produtor de
elenco e em que participava das escolhas dos atores e modelos
para a edição que seria mostrada aos clientes, elegia, secretamente,
os meus favoritos para os papéis. Na reunião de aprovação do elen-
co, verificava que havia, muitas vezes, divergências entre minhas
escolhas, as escolhas dos clientes e entre os próprios clientes, tam-
bém, cabendo a todos defenderem suas opiniões. No caso do Dire-
tor Carlos Manga, com quem trabalhei durante alguns anos, era
sempre a dele que prevalecia. O Manga sempre foi muito convin-
cente e sabia, como ninguém, defender seu ponto de vista. Afinal,
o filme fica na mão da direção e, se esta não acredita no seu elenco,
dificulta tudo. Não é à toa que o diretor artístico tem participação
53
Mamãe, quero ser modelo!
sobre o direito autoral da peça publicitária que dirige, pois é ele
quem concretiza a ideia dos criadores do comercial. Nas indica-
ções de elenco, o lado subjetivo é muito grande, tanto no aspecto
físico quanto no quesito da interpretação.
Vamos imaginar uma escala de zero a dez, onde temos no
zero, pessoas muito feias ou péssimos atores e no dez, pessoas
muito bonitas ou ótimos atores.
É possível que se tenha uma unanimidade quanto ao zero
e ao dez, mas para o restante da escala entre o um e o nove,
existem muitas diferenças de opiniões: onde vejo uma mulher
bonita, outra pessoa pode vê-la como um pouco menos bonita
ou até linda. Na parte de interpretação, acontece da mesma ma-
neira: alguns atores são, indubitavelmente, ótimos e outros, mui-
to ruins, mas o meio termo é mais questionável, à medida que
nos deslocamos para o centro da escala, ao número cinco.
As indicações para trabalho obedecem a requisitos dos cli-
entes que são chamados de briefing.
O primeiro requisito, para mim, sempre foi o físico e por aí,
poderemos incluir ou eliminar os possíveis candidatos ao papel ou
personagem que está sendo pedido. Então, começa-se a contar pela
foto do modelo ou ator: é por ela que vão ser selecionados os tipos
mais adequados ao trabalho para enviar ao cliente.
54
Carlos N. Andrade
O que é verificado? Sexo, idade, altura, cor de cabelo, cor
dos olhos, cor da pele, situação dos dentes, corte de cabelo, tudo
isso são indicações físicas que também podem determinar clas-
ses sociais ou estereótipos delas.
Vamos aos exemplos: quando se tem um pedido para que
um garoto de 12 anos faça o ator José Mayer nesta idade, deve-se
obedecer às características físicas do José Mayer, para selecionar
as crianças. Neste caso, leva-se em conta: o tipo do cabelo, cor
dos olhos, tom de pele, formato do nariz, formato da boca, for-
mato de rosto e a semelhança no todo.
Mas o que “esta criança” irá fazer no trabalho? Se for para
interpretar um personagem numa novela, por exemplo, conside-
ra-se, então, o segundo item de nossos pré-requisitos para as
indicações: o talento que, de acordo com o tipo de trabalho, é tão
importante quanto o tipo físico. Dependendo do que vai ser fei-
to, procura-se observar qual deles seria capaz de fazer o que está
sendo pedido pelo cliente.
O talento, como já vimos antes, é a maneira com a qual
algumas pessoas fazem bem algo. Nesse caso, do garoto para
interpretar o personagem do José Mayer mais novo em uma no-
vela, deve-se de saber o quanto dele será exigido. Se for para
uma cena, onde o personagem está se recordando de um mo-
mento da sua infância e esta cena se passa, rapidamente sem
nenhum texto para a criança decorar, não se precisa de nenhum
grande ator, bastando, aí, uma criança bem parecida com o ator
José Mayer. Mas, se esse personagem tem um grande papel, apa-
rece em vários capítulos com muito texto para falar, além de
ter, obrigatoriamente, uma semelhança física, deverá, necessa-
riamente que ser bom ator.
Então, voltando à pergunta da mãe ansiosa no começo deste
capítulo: vimos que as agências têm de indicar as opções, seguin-
55
Mamãe, quero ser modelo!
do os pedidos dos clientes, e também vimos que essa beleza que
a mãe vê em sua filha, além de subjetiva, não determina que seu
biotipo deva estar em todos os pedidos para trabalhos. Constata-
se que somente a altura e cor de cabelos podem não ser
determinantes para uma seleção.
Vamos exemplificar melhor com mais um pedido. Garoto
de 15 anos, tipo surfista, com cabelos loiros, compridos, para
anúncio de refrigerante.
Neste caso, já elimina-se, de cara, os gordinhos, não que
eles não possam pegar surfe mas não é a imagem que o cliente
quer passar. O garoto deve ser magro, mas não muito, deve ter
uma musculatura definida pela prática do esporte. Não adianta
indicar os praticantes de musculação, não é o caso. Hoje em dia,
os surfistas já não têm aquela imagem de cabelos compridos como
antigamente e acho que, até a sua maioria já não tem os cabelos
assim, mas como o cliente pede, tem que se obedecer.
A descrição da cena ou do seu trabalho também é muito
importante. No pedido acima, podemos criar algumas opções.
Opção 1) Cena: saindo da água com uma prancha, coloca
a prancha na areia e bebe o refrigerante. No caso, não precisa ser
ator, nem saber pegar onda, basta ter a aparência e ser “descola-
do”, isto é, não ser muito tímido.
Opção 2) Cena: a cena começa com uma manobra radical
na onda, segue com ele saindo da água e comentando,
superanimado com um grupo de amigos, sua performance na onda
e falando que surfar lhe dava o mesmo prazer de estar bebendo o
seu refrigerante favorito, quando sente sede. Neste caso, além de
surfista, ele precisa ser ator. Tem-se, também, a opção de fazer a
cena do surfe com um dublê e a cena da areia com o ator.
branca
57
ONDE LEVAR?
Temos que avaliar, primeiramente, que tipos de trabalhos
você quer que seu (sua) filho (a) faça.
Existe uma variedade de tipos de agências, sendo que, cada
uma tem seu mercado de trabalho e suas particularidades:
1) agências mistas (até os anos 80, todas eram assim, mas
o mercado se segmentou, aparecendo agências especializadas).
Estas agências trabalham com todas as faixas etárias, dos bebês à
terceira idade e possuem, em seu elenco, figurantes, modelos e
atores. Realizam filmes, figuração de novelas e comerciais. As agên-
cias mistas continuam trabalhando, principalmente, em longa
metragem e figuração, mas algumas também atuam na publicida-
de. Pode ser a única opção para seu filho, se, na sua cidade, não
existem agências especializadas em crianças;
2) agências de figuração (trabalham com todas as idades
e têm, em seu mercado principal, novelas, programas de auditó-
rio e filmes). Pagam pouco, mas, normalmente, fazem muitos
trabalhos, em sua maioria, desgastantes e cansativos, porém, ser-
vem como experiência.
Alguns atores tiveram seu começo de carreira como figuran-
tes. Não podemos levar este fato como regra ou necessidade básica
da profissão. Se a intenção é progredir e passar a um diferente está-
gio como modelo ou ator, não fique muito tempo trabalhando como
figurante. O diretor Carlos Manga costumava dizer que um figuran-
te tem como principal característica de trabalho ignorar sempre a
câmera, enquanto que um ator publicitário deve, na maioria das ve-
zes, contracenar com ela, e que esses modos diferentes de lidarem
58
Carlos N. Andrade
com a câmera dificultam essa mudança de comportamento, se esta
característica (olhar ou não a câmera) já tiver se tornado um hábito;
3) agências de modelos adultos. Dividem-se em agênci-
as de modelos para moda e modelos para publicidade.
As agências para moda são as mais famosas e algumas, in-
clusive, existem em vários países, como a Ford e a Elite, e são
fornecedoras de modelos para os desfiles, para editoriais de moda
e também fazem as grandes campanhas publicitárias, onde a be-
leza é o requisito fundamental.
Outras agências trabalham com modelos adultos, mas não
visam o mercado fashion, não exigindo alguns pré-requisitos como
altura, por exemplo. Abre-se, então, campo para trabalhos publi-
citários menores, onde não se aplicam grande verbas para a
contratação dos modelos;
4) agências de recepção. Como o próprio nome diz, con-
tratam promotores e recepcionistas, no caso, maiores de 18 anos;
5) agências de atores. A maioria das agências que traba-
lha com atores, oferecem modelos também, mas existem algu-
mas agências específicas de atores com clientes, principalmente,
fora do eixo Rio-São Paulo;
6) agências infantis e infanto-juvenis. É o segmento que
cuida, com exclusividade, das crianças e adolescentes. Existem
agências que não trabalham nem com adolescentes; essas são
ainda mais específicas. As agências que trabalham com crianças
têm uma constante mudança no seu elenco, em virtude de uma
mudança física muito rápida de seus agenciados. A busca por
novas descobertas e novos agenciados é muito mais dinâmica,
neste tipo de agência: criança, quanto menor, mais rápido muda.
59
O CAMINHO DA PROGANDA
Como são criados os anúncios? Quem são as pessoas que
trabalham com isto? Quantos profissionais estão envolvidos numa
propaganda para TV e numa foto para um cartaz? Muitos. A rela-
ção de profissionais é extensa e você já deve ter reparado na
quantidade de nomes (créditos) que aparecem nas letrinhas, quan-
do termina um filme de cinema. O número de profissionais que
trabalham num filme para um comercial é bem extensa, também.
Num estúdio de fotografia, menos profissionais estão en-
volvidos, e, são os mesmos que trabalham na produção.
Vou apresentar uma pequena ideia deste mundo fantástico
que está por trás dos bastidores.
Tudo começa com o cliente, não é? O cliente é quem está
querendo anunciar, divulgar um produto, um serviço ou mesmo
uma ideia sobre sua empresa, seus serviços ou produtos. Este cli-
ente, ou já tem uma agência de propaganda ou contrata uma para
solucionar seus problemas de comunicação com o seu público.
Como a agência de propaganda oferece muitos tipos de
serviços para estes clientes, aqui vamos falar do mais conhecido,
que é a propaganda.
Nas agências de propaganda, profissionais específicos cap-
tam do cliente suas necessidades de comunicação e traçam um
diagnóstico e uma proposta que, normalmente, são ações de co-
municação que vão resultar em criação de campanhas e anúncios.
Estes anúncios podem ter várias mídias14
conjugadas ou uma só.
14Meios de comunicação.
60
Carlos N. Andrade
As equipes de criação da agência de propaganda – normal-
mente, compostas por duplas formadas por um redator e um di-
retor de arte – são, então, encarregadas de criar o comercial que
você vê na televisão e nas peças impressas.
Com a peça publicitária criada, passa-se a vez para quem
irá produzi-la, no caso de uma peça para televisão, um filme pu-
blicitário ou um vídeo; contrata-se uma produtora de comerciais.
Caso a peça seja uma foto, contrata-se um fotógrafo.
Na produtora de comerciais, forma-se uma equipe, onde o
diretor cinematográfico é o profissional a quem compete passar
aquela idéia dos criadores para a tela da tevê. Uma equipe de
filmagem é formada de acordo com a complexidade ou necessi-
dade do filme, onde o cargo de produção pode ter algumas espe-
cialidades, como: produtor executivo, produtor de set, produtor
de locação e produtor de elenco.
O produtor de elenco é o profissional responsável pela cap-
tação de toda mão-de-obra artística, necessária para o filme; lida
diretamente com os atores, modelos e figurantes do filme. Geral-
mente, é quem mais requisita trabalhos para uma agência de
modelos e atores.
61
QUEM É QUEM
Basicamente, os profissionais envolvidos na produção e fil-
magem são os seguintes (definidos pelo decreto nº: 82.385/78):
• diretor cinematográfico – cria a obra cinematográfica,
supervisionando e dirigindo sua execução, utilizando recursos
humanos, técnicos e artísticos; dirige, artisticamente e
tecnicamente, a equipe e elenco; analisa e interpreta o roteiro
do filme, adequando-o à realização cinematográfica sob o ponto
de vista técnico e artístico; escolhe a equipe técnica e o elenco;
supervisiona a preparação da produção; escolhe locações,
cenários, figurinos, cenografias e equipamentos; dirige ou
supervisiona montagem, dublagem, confecção da trilha musical
e sonora e todo o processamento do filme até a cópia final;
• assistente de diretor cinematográfico – assiste o dire-
tor cinematográfico em suas atividades, desde a preparação da
produção até o término das filmagens; coordena as comunica-
ções entre o diretor de produção cinematográfico e o conjunto
da equipe e do elenco; colabora na análise técnica do roteiro, do
plano e da programação diária de filmagens ou ordem do dia;
supervisiona o recebimento e distribuição dos elementos requi-
sitados na ordem do dia; coordena e dinamiza as atividades, vi-
sando o cumprimento da programação estabelecida;
• diretor de fotografia – interpreta, com imagens, o rotei-
ro cinematográfico, sob a orientação do diretor cinematográfico;
mantém o padrão técnico e artístico da imagem. Durante a pre-
paração do filme, seleciona e aprova os equipamentos adequa-
dos ao trabalho, indicando e/ou aprovando os técnicos sob sua
62
Carlos N. Andrade
orientação, o tipo de negativo a ser adotado, os testes de equipa-
mento; examina e aprova locações interiores e exteriores, cenári-
os e vestuários; nas filmagens; orienta o operador de câmera,
assistente de câmera, eletricista, maquinista; e supervisiona o
trabalho do continuísta e do maquiador, sob o ponto de vista
fotográfico. No acabamento do filme, quando conveniente ou
necessário, acompanha a cópia final, em laboratório, durante a
marcação de luz;
• diretor de arte – cria, conceitua, planeja e supervisiona
a produção de todos os componentes visuais de um filme ou es-
petáculo; traduz, em formas concretas, as relações dramáticas,
imaginadas pelo diretor cinematográfico e sugeridas pelo roteiro;
define a construção plástico-emocional de cada cena e de cada
personagem dentro do contexto geral do espetáculo; verifica e
elege as locações, as texturas, a cor e os efeitos visuais deseja-
dos, junto ao diretor cinematográfico e ao diretor de fotografia;
define e conceitua o espetáculo, estabelecendo as bases sob as
quais trabalharão o cenógrafo, o figurinista, o maquiador, o téc-
nico em efeitos especiais cênicos, os gráficos e os demais profis-
sionais necessários, supervisionando-os durante as diversas fa-
ses de desenvolvimento do projeto;
• diretor de produção cinematográfica – mobiliza e admi-
nistra recursos humanos, técnicos, artísticos e materiais para a reali-
zação do filme; racionaliza e viabiliza a execução do projeto, medi-
ante análise técnica do roteiro, em conjunto com o diretor cinemato-
gráfico ou seu assistente; administra, financeiramente, a produção;
• ator – cria, interpreta e representa uma ação dramática,
baseando-se em textos, estímulos visuais, sonoros e outros previa-
63
Mamãe, quero ser modelo!
mente concebidos por um autor ou criados, através de improvisa-
ções individuais ou coletivas; utiliza-se de recursos vocais, corpo-
rais e emocionais, apreendidos ou intuídos, com o objetivo de trans-
mitir ao espectador o conjunto de ideias e ações dramáticas pro-
postas; pode utilizar-se de recursos técnicos para manipular bone-
cos, títeres e congêneres; pode interpretar sobre a imagem ou a voz
de outrem; ensaia, buscando aliar a sua criatividade à, do diretor;
atua em locais, onde são apresentados espetáculos de diversões
públicas e/ou nos demais veículos de comunicação;
• figurinista – cria e projeta os trajes e complementos usa-
dos pelo elenco e figuração, executando o projeto gráfico dos
mesmos; indica os materiais a serem utilizados; acompanha, su-
pervisiona e detalha a execução do projeto;
• maquiador de cinema – encarrega-se da maquiagem ou
caracterização do elenco e figuração de um filme, sob orientação
do diretor cinematográfico, em comum acordo com o diretor de
fotografia; indica os produtos a serem utilizados em seu trabalho;
• cenógrafo – cria, projeta e supervisiona, de acordo com
o espírito da obra, a realização, e montagem de todas as
ambientações e espaços necessários à cena; determina os materi-
ais necessários; dirige a preparação, montagem e remontagem das
diversas unidades de trabalho. Nos filmes de longa-metragem,
exerce, ainda, as funções de diretor de arte;
• cenotécnico – planeja, coordena, constrói, adapta e exe-
cuta todos os detalhes de material, serviços e montagens dos
cenários, segundo maquetes, croquis e plantas fornecidas pelo
cenógrafo;
64
Carlos N. Andrade
• aderecista – monta, transforma ou duplica, utilizando-se
de técnicas artesanais, objetos cinematográficos e de indumentária,
segundo orientação do cenógrafo e/ou figurinista;
• continuista de cinema – assistente do diretor cinema-
tográfico, no que se refere ao encadeamento e continuidade da
narrativa, cenários, figurinos, adereços, maquiagem, penteados,
luz, ambiente, profundidade de campo, altura e distância da
câmera; elabora boletins de continuidade e controla os de som e
de câmera; anota diálogos, ações, minutagens, dados de câmera
e horário das tomadas; prepara a claquete; informa a produção
dos gastos diários de negativo e fita magnética;
• eletricista de cinema – encarrega-se da guarda, manu-
tenção e adequada instalação do equipamento elétrico e de ilu-
minação do filme, distribuindo de acordo com as indicações do
diretor de fotografia; determina as especificações dos geradores
a serem utilizados;
• técnico em efeitos especiais cênicos – realiza e/ou
opera, durante as filmagens, mecanismos que permitem a reali-
zação de cenas exigidas pelo roteiro cinematográfico, cujos efei-
tos causam ao espectador convencimento da ação pretendida pelo
diretor cinematográfico;
• técnico de som – realiza a interpretação e o registro,
durante as filmagens, dos sons requeridos pelo diretor cine-
matográfico, indica o material adequado ao seu trabalho e à
equipe que o assiste; examina e aprova, do ponto de vista so-
noro, as locações internas e externas, cenários e figurinos; ori-
enta o microfonista; acompanha o acabamento do filme, a
65
Mamãe, quero ser modelo!
transcrição do material gravado para magnético perfurado, a
mixagem e a transcrição ótica;
• maquinista de cinema – encarrega-se do apoio direto
ao operador de câmera, assistente de câmera e eletricista, no que
se refere ao material maquinária; instala e opera equipamentos,
destinados à fixação e/ou movimentação de câmera;
• operador de câmera – opera a câmera cinematográfica
a partir das instruções do diretor cinematográfico e do diretor de
fotografia; enquadra as cenas do filme; indica os focos e os movi-
mentos de zoom e câmera;
• operador de vídeo – responsável pela qualidade de ima-
gem no vídeo, operando os controles, aumentando ou diminuin-
do o vídeo e pedestal, alinhando as câmeras, colocando os filtros
adequados e corrigindo as aberturas de diafragma;
• figurante – participa, individual ou coletivamente, como
complementação de cena.
branca
67
A CRIANÇA NA PROPAGANDA
David Ogilvy, um dos mais respeitados publicitários americanos
de todos os tempos não relutou em apontar a figura do bebê
como um poderoso motivador de vendas, “Para atingir a mulher,
coloque um bebê”, afirmou. “Enquanto bebê ele é único. Depois
de crescer, torna-se mais um vulgar membro da família”.
A identidade que existe entre as crianças criou, a partir deste
conceito, a idéia de que quase tudo pode ser vendido por elas:
de pasta de dentes a automóveis, quase todos os anúncios são
dirigidos principalmente para as crianças. A exceção fica por
conta das fraldas e outros produtos para bebê que, evidentemente
ainda não possuem percepção visual para serem motivados. E
é quase sempre a figura infantil – somada aos apelos de frases
sugestivas ou jingles de fácil assimilação a grande responsável
pelo sucesso de vendas deste ou daquele produto.
A criança cresceu no meio do desenvolvimento da sociedade de
consumo, e por isso é menos desconfiada em relação aos anúncios
que recebeu diariamente e aceita sem problemas as mensagens
publicitárias. E, na medida que aprende musicas, repete frases
e imita os pequenos artistas que vê, provoca nos pais a imediata
simpatia em relação ao produto. Segundo uma pesquisa
francesa, realizada no último ano, 78% dos pais entrevistados
afirmaram ser influenciados pelos filhos nas horas das compras
e 75% preferem comprar produtos que ofereçam prêmios – ou
possibilidades de – aos seus filhos.
Os pesquisadores franceses vão mais além: as crianças adoram
a publicidade, que as transforma em rainhas durante os
segundos que compõem o filme publicitário.
Essa sensação de poder, de domínio, segundo os técnicos, vai
crescendo à medida em que as agências promovem entrevistas
68
Carlos N. Andrade
para conhecer o mundo infantil e suas possibilidades comerciais.
E a identificação se faz a tal nível que, quando uma criança é
convidada a fazer a publicidade deste ou daquele produto, ela
esta simplesmente realizando um sonho: o de aparecer no vídeo,
identificando-se com “n” outras crianças.
Essas pesquisas publicitárias modelaram vários protótipos,
todos amplamente utilizados no mundo inteiro: a criança que
recomenda as crianças alvo, a criança-álibi. Mas todos eles
vendem, ou atingem o objetivo proposto. Em outras palavras:
a criança e a publicidade gostam um do outro, mas o prejuízo
ou a satisfação – tudo depende do caso – fica por conta dos
adultos. Mas, de qualquer forma, resta o consolo de saber que
uma criança não engana: se uma delas aparece usando uma
marca de sabonete, isto quer dizer que aquele produto não é
nocivo para os adultos.
Dessa forma, as crianças vão tomando conta de um meio de
comunicação que, até pouco tempo, pertencia aos adultos. Se
antes a propaganda procurava atingir as donas-de-casa –
principais consumidoras da família - hoje ela pretende atingir
os filhos, que servem também de justificativa para os excessos
que eventualmente possam ser cometidos dentro de um
supermercado: em última analise, tal produto foi comprado
para atender ao pedido de uma criança, e não para satisfazer
a necessidade de consumo de um adulto.
E é neste sentido que surge uma observação de Flavio Farias:
os próprios supermercados conscientes deste domínio infantil
nas compras, estão empregando uma técnica de vendas
extremamente funcional: “Em qualquer supermercado, ou
grande loja pode-se notar esta mudança. Os produtos cuja
publicidade é dirigida às crianças estão colocados em alturas
mais baixas, exatamente ao alcance destes consumidores.
69
Mamãe, quero ser modelo!
Bolachas, brinquedos, sabonetes e até curativos antissépticos
podem ser apanhados facilmente pelas crianças e colocados no
carrinho de compras da mãe”.
(Matéria publicada em 14/05/1977,
no Jornal Folha da Manhã e divulgada no site Memória da
Propaganda www.memoriadapropaganda.org.br)
Vemos, aqui, neste artigo, que a influência exercida pelas
crianças no consumo de bens e produtos, mesmo nos não desti-
nados a ela, já era, nos anos 70, uma preocupação dos publicitá-
rios. O mais formidável é que pesquisas recentes, realizadas em
2007 e 2008, por diferentes institutos e em vários países, confir-
mam, praticamente, os mesmos dados.
Crianças desinibidas ou com disposição para representar sempre
tiveram espaço na televisão, no cinema e na propaganda. O tru-
que é antigo: a criança enternece o adulto, desperta nele bons
sentimentos. “A imagem da criança carrega uma percepção de
afeto e de carinho que toca o consumidor”.
(Simone Varandas Campos, diretora de planejamento
da agência de publicidade DM-9, em reportagem para
Revista Época.)
Simone criou a campanha do leite Parmalat com as crian-
ças fantasiadas de mamíferos em 1996, campanha que elevou as
vendas da empresa em 20%, tornando-se o maior case15
mundial
de sucesso nas indústrias de laticínios.
15 Casos, histórias marcantes de negócio, geralmente, relacionadas a um grande sucesso
ou um grande fracasso.
70
Carlos N. Andrade
Também nos anos 90, a revista Veja publicou uma pesquisa
sobre a propaganda, que conferiu à criança o status de principal
item que causa maior índice de confiabilidade e recall16
ao produto
anunciado em uma propaganda. Em segundo lugar, veio o
animalzinho de estimação (estão lembrados dos anúncios com o
cachorrinho da Cofaf?) e em terceiro, a mulher bonita.
Em documentário exibido no final de 2008 no canal GNT,
retiramos alguns dados interessantes também vistos a seguir:
• data de 1947, a primeira propaganda infantil na TV ame-
ricana; até então, a criança não era considerada como consumi-
dora pelas mídias da época. Nos anos que se seguiram, houve
muitas mudanças de comportamento e percepção sobre esses con-
sumidores mirins;
• anos 60, a criança é introduzida na propaganda, fazendo
parte do contexto de família perfeita e feliz;
• anos 70, a mulher vai para o mercado de trabalho e preci-
sa expressar melhor a atenção aos filhos no pouco tempo que lhe
sobra para isso. Surgem, nessa época, os desenhos animados e as
empresas começam a sentir o potencial real do mercado infantil.
Nasce, então, a criança consumidora;
• anos 90, pesquisas se aprimoram em entender o compor-
tamento infantil, seus desejos e anseios.17
Várias pesquisas são realizadas até hoje para conhecer
melhor este mercado potencial, com os estudos apresentados em
Brand Child, IBGE-InterSience 2003, Nickelodeon Business
Solution Research 2007, Kiddo’s 2003, Millward Brow, Dossie
MTV, Kid Power Brasil 2008, etc. Crianças, adolescentes e os
tweens18
que nós chamamos de pré-adolescentes, (8 aos 12 anos)
16 Lembrança.
17 Fonte: GNT.Doc.
18 Palavra americana, originada de between (entre em português), por referir-se a um
grupo de idade entre os kids – crianças, e os teens – adolescentes.
71
Mamãe, quero ser modelo!
são estudados, e com isso, consegue-se entender um pouco dessa
geração que está mudando muitos conceitos comportamentais.
Eis alguns dados para vocês:
• as crianças influenciam, em 80%, as compras da casa
(38%, fortemente, e 42%, um pouco). Só não participam do pro-
cesso decisório da compra de produtos de limpeza, combustível
e seguros de saúde e de vida;19
• só a partir dos 9 anos, aproximadamente, a criança come-
ça a entender o que é caro e o que é barato. Neste momento,
pode planejar como gastar seu dinheiro;20
• 74% das crianças dizem se preocupar com o meio ambi-
ente. Elas se informam sobre esse assunto através da TV, escola,
Internet, revistas e amigos;21
• a internet está se tornando uma mídia mais importante
do que as revistas;22
• 75% das crianças brasileiras são preocupadas com a se-
gurança;23
• 100% valorizam a instituição família;24
• 80% valorizam regras;25
• 90% valorizam a segurança;26
Surpreende vocês que as crianças modernas são tradicio-
nais nesses pontos?
• 99% querem ser felizes;27
19 Fonte: IBGE – InterSience 2003.
20 Idem.
21 Idem.
22 Idem.
23 Fonte: Pesquisa Nickelodeon Business Solution Research (2007).
24 Fonte: Pesquisa Milward Brow 2007.
25 Idem.
27 Idem.
72
Carlos N. Andrade
• 84% acham importante fazer parte de um grupo;28
• 85% rejeitam produtos que prejudicam o meio ambiente;29
De alguma forma, parece que nossas crianças são
desinformadas?
28 Fonte: Pesquisa Milward Brow 2007.
29 Idem.
Regulamentação brasileira
“Em recente projeto de lei, a Comissão de Defesa do Consumidor
aprovou em Julho de 2008 proposta que proíbe qualquer tipo de
publicidade e de comunicação mercadológica dirigida à criança,
em qualquer horário e por meio de qualquer suporte ou mídia,
seja de produtos ou serviços r elacionados à infância ou
relacionados ao público adolescente e adulto. Ou seja, a
publicidade de qualquer produto ou serviço deve sempre ser
dirigida ao público adulto. A medida consta do substitutivo da
deputada Maria do Carmo Lara (PT-MG) ao Projeto de Lei
5921/01, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). O
projeto, que tramita em caráter conclusivo, segue para a Comissão
de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Conforme o texto aprovado, a publicidade e a comunicação
mercadológica dirigida à criança é aquela que se vale, dentre
outros, de algum dos seguintes atributos: linguagem infantil, efeitos
especiais e excesso de cores; trilhas sonoras de músicas infantis
ou cantadas por vozes de criança; representação de criança; pessoas
ou celebridades com apelo ao público infantil; personagens ou
apresentadores infantis; desenho animado ou de animação;
bonecos ou similares; promoção com distribuição de prêmios ou
de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e
promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.
73
Conforme o projeto, a comunicação mercadológica abrange, dentre
outros, a própria publicidade, anúncios impressos, comerciais
televisivos, “spots” de rádio, “banners” e “sites” na internet,
embalagens, promoções, “merchandising” e disposição dos
produtos nos pontos de vendas.
O texto aprovado também proíbe qualquer tipo de publicidade
ou de comunicação mercadológica na televisão, na internet ou no
rádio 15 minutos antes, 15 minutos depois e durante a
programação infantil ou a programação cuja audiência seja, na
sua maioria, constituída pela criança.
Também fica proibida a participação da criança em qualquer
tipo de publicidade ou de comunicação mercadológica (exceto
campanhas de utilidade pública referentes a informações sobre
boa alimentação, segurança, educação, saúde, entre outros itens
relativos ao melhor desenvolvimento da criança no meio social).”
(Fonte: Agência Câmara)
Até a data desta edição, a lei acima mencionada ainda não
tinha sido aprovada pela Comissão de Justiça e de Cidadania.
Mas, como são as leis que tratam deste assunto em outros
países?
Regulamentações internacionais30
Comunidade Européia
Artigo 16 da diretiva Televisão sem fronteiras:
30 Fonte: Prof. Dr. Edgard Rebouças – UFPE.
74
“A publicidade de televisão não deve causar prejuízo moral ou
físico aos menores e deve, dessa forma, respeitar os seguintes
critérios para sua proteção:
a. Não deve incitar os menores para compra de um produto ou
serviço, explorando sua inexperiência e credulidade;
b. Não deve incitar os menores a insistir com os pais para que
comprem um produto ou serviço.”
Dinamarca
• Proibida a publicidade durante programas infantis, cinco
minutos antes do início do programa e cinco minutos depois do
término destes.
Grécia
• Proibida a publicidade de brinquedos entre 7h e 22h.
Irlanda
• Proibida qualquer publicidade durante programas infan-
tis em TV hertziana.
Itália
• Proibida a publicidade de qualquer produto ou serviço
durante desenhos animados.
Noruega
Proibida a publicidade de produtos e serviços, direcionados
a crianças com menos de 12 anos;
• proibida a publicidade durante programas infantis.
75
Mamãe, quero ser modelo!
Suécia
• Proibida qualquer publicidade durante programas infan-
tis, nem imediatamente antes ou depois;
• proibida a publicidade de produtos para crianças de até
12 anos.
Inglaterra
• Proibido o uso de mascotes em publicidade de alimentos;
• comerciais com desenhos animados que mostrem junk
food31
só podem ser exibidos após as 20h;
• proibido o uso de efeitos especiais para insinuar que o
produto faz mais do que pode;
• proibido o uso de cortes rápidos e ângulos diferentes para
não confundir a criança;
• os acessórios devem ser descritos como tal, com a indica-
ção de que o produto ficará mais caro;
• quando o produto custar mais de £25 (cerca de R$ 70,00),
o preço deve ser exposto na publicidade;
• proibido o uso das expressões “apenas” ou “somente”;
• se o produto for de uso manual, deve ficar claro para a
criança que não funciona sozinho;
• o tamanho do produto deve ser comparado com objetos
conhecidos;
• a velocidade de carrinhos não deve ser exagerada;
• proibido insinuar que a criança será inferior a outra se
não usar o produto ou serviço anunciado;
• a criança/ator não pode comentar sobre as característi-
cas do produto ou serviço além daquilo que uma criança de sua
idade falaria;
• proibida a publicidade para crianças que oferecem
31 Comidas com baixo valor nutricional e alto teor calórico.
76
Carlos N. Andrade
produtos ou serviços por telefone, correio, Internet, celular etc;
• proibido encorajar a valentia.
Austrália
• Nenhuma publicidade pode levar uma criança a acreditar
que vencerá ou será superior a outra, e que uma pessoa que com-
pra um produto ou serviço para uma criança é mais generosa do
que outra;
• a criança mostrada deve ter a idade adequada para o uso
do produto;
• o tamanho do produto tem de estar claro, com a exibição
de algo que a criança reconheça como parâmetro;
• prêmios e brindes: a publicidade deve dar mais ênfase ao
produto que ao brinde.
Canadá
• Não pode agir no inconsciente da criança;
• não pode haver exagero sobre tamanho, velocidade etc;
• o termo “novo” não pode figurar por mais de um ano;
• não pode haver publicidade de produtos não destinados
a crianças em programas infantis;
• proibida a publicidade de medicamentos e produtos far-
macêuticos, exceto pasta de dente com flúor;
• não pode sugerir a compra pela criança nem que leve a
pedir aos pais que compre;
• proibida a sugestão de compra por telefone ou correio em
publicidade para crianças;
• proibida a exibição de um mesmo produto em menos de
meia hora;
• não pode haver publicidade com bonecos, pessoas ou per-
sonagens conhecidos, exceto para campanhas sobre boa alimenta-
ção, segurança, educação, saúde, etc;
77
Mamãe, quero ser modelo!
• proibido usar a expressão “somente”, “o mais barato”, etc;
• proibido mostrar cenas de risco e imagens de fogo;
• não pode mostrar uso inadequado do produto (como jogar
uma bala para cima para pegar com a boca);
• alimentos: deve ser mostrado o real valor nutritivo do ali-
mento e jamais apresentá-lo como substituto de uma refeição;
• a televisão pública não exibe nenhuma publicidade duran-
te programas infantis, nem imediatamente antes ou depois.
Província de Quebec
• Proibida qualquer publicidade de produtos, destinados a
crianças de até 13 anos, em qualquer mídia.
Estados Unidos
• Limite de 10min 30s de publicidade por hora nos finais
de semana;
• Limite de 12min de publicidade por hora nos dias de
semana;
• Proibida a exibição de programas comerciais;
• Proibido o merchandising testemunhal32
;
• Proibida a publicidade de adoção de crianças em leis de
19 estados;
• Projeto de Lei do senador Ted Kennedy – 14 de abril de
2005.
“Prevention of Childhood Obesity Act” prevê:
• a realização de um estudo sobre a publicidade de alimen-
32 Espécie de propaganda disfarçada, inserida dentro dos programas e não nos intervalos
comerciais.
Obs. Segundo Alvaro de Moya, um dos primeiros merchandisings que se tem notícia foi
na década de 20, quando o governo americano com o objetivo de escoar uma superpro-
dução de espinafre, inseriu o produto nos quadrinhos do Popeye, associando o produto
à força e conseguiu acelerar o seu consumo pelas crianças. (Fonte: A história e evolução
do merchandising na televisão brasileira. Flávia Souto Ferreira e Admir Roberto Borges).
78
Carlos N. Andrade
tos e atividades físicas.
• a proibição de publicidade de alimentos de baixo valor nu-
tritivo nas escolas, exemplo: fast food, refrigerantes, doces e balas;
• criação de mecanismos para incentivar os jovens a reduzi-
rem o tempo diante da TV nos horários após as aulas e nas férias.
Podemos ver que a maioria das leis segue basicamente duas
linhas de pensamento; a que proíbe propaganda para crianças como
Dinamarca, Grécia, Finlândia, Itália, Noruega, Suécia, Província de
Quebec, a qual o Brasil pretende seguir com o projeto de lei; e a
outra linha, que regulamenta o que as propagandas infantis possam
conter como acontece na Inglaterra, Austrália e Estados Unidos.
Mas uma coisa me deixa curioso: se tirarmos, no Brasil, as
propagandas para crianças dos horários em que elas possam ver e
não retirarmos também as demais propagandas dos meios de co-
municação, restará a elas somente propaganda para adultos. Isto
estará certo? Será que as crianças passarão a desejar produtos
que não são desenvolvidos para elas? Se observarmos a legisla-
ção do Canadá, encontraremos o seguinte artigo: “Não pode ha-
ver publicidade de produtos não destinados a crianças em pro-
gramas infantis.” Será que esta forma não é a mais coerente?
Como vimos no capítulo anterior, a influencia, hoje, das
crianças nas compras de casa não se limita aos brinquedos e à
alimentação. As crianças influenciam muito sobre todos os se-
guimentos, pois as informações que chegam a elas não sofrem
nenhum tipo de filtro.
Elas reconhecem a marca da Coca-Cola, mesmo antes de
saberem ler. 70% das crianças de 3 anos reconhecem o símbolo do
McDonald´s, mas apenas metade sabe seu próprio sobrenome.33
Adquirem informações dos amiguinhos da escola, dos
33 Fonte: Commercialisation of Childhood-Compass, Reino Unido, dezembro de 2006.
79
Mamãe, quero ser modelo!
familiares, das lojas por onde andam e dos cartazes de rua.
Todo o seu redor se traduz em informações de produtos de
consumo e basicamente não nos preocupamos com nenhum
tipo de filtros para isso. Somente tornam-se relevantes e cau-
sam-nos preocupações os produtos identificados como preju-
diciais a elas, como o álcool, as drogas e o sexo.
Questiono-me, às vezes, sobre a proibição das propagan-
das para as crianças, baseadas nos estudos sobre a má alimenta-
ção e a obesidade infantil, pois esses alimentos são facilmente
encontrados nas prateleiras dos mercados. O certo não seria uma
lei que alertasse os consumidores quanto aos perigos causados
por eles? Será que os pais não pensam que, se é permitido aos
alimentos estarem expostos nos supermercados, eles não seriam
tão prejudiciais à saúde assim?
A atuação de crianças em comerciais é maléfica para eles?
Traz algum prejuízo à sua educação ou é benéfica para seus
aprendizados ou para suas vidas na sociedade?
A minha experiência indica que tudo depende de como ela
encara os testes e trabalhos. As crianças mais ansiosas ou filhas
de pais muitos ansiosos sofrem quando não são aprovadas nos
testes (os pais passam, na maioria das vezes, suas ansiedades aos
filhos). Em contrapartida, aquelas, que se dedicam, principal-
mente, ao aprendizado em cursos de teatro e de interpretação,
saem com uma bagagem, como comunicabilidade e aprendizado
no trabalho em grupo, que carregam para qualquer carreira que
possam seguir no futuro.
Entrevista com especialistas
Com a palavra, alguns profissionais da área, que respon-
derão às perguntas a seguir:
80
Carlos N. Andrade
Paola Fernandes Pepe – pedagoga, supervisora educacional
na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Niterói – RJ.
Gláucia Gomes da Silva – psicopedagoga e diretora escolar
(Centro de Educação Infantil Cei El Shadai), em São Paulo – SP.
Narda Tebet – psicóloga e terapeuta de família.
Com que idade as crianças percebem que não estão brincando e,
sim, trabalhando?
Gláucia – Isso depende muito. Pois para a criança perce-
ber que está trabalhando, o adulto tem que dar indício que isso
está acontecendo. Por volta dos sete anos, ela tem mais clareza
de compreender situações.
Paola – A idade é relativa. Quando o trabalho é prazeroso,
a idéia de estar brincando se estende por mais um tempo. Caso
contrário, percebem logo cedo que estão trabalhando.
Como os pais devem proceder para proteger seus filhos das ansie-
dades, competições, frustrações, sucessos e fama que transitam por esta
área artística?
Gláucia – Evitar que as crianças conheçam isso é um
erro. Os pais devem conversar e dialogar com seus filhos. Criar
um vínculo de reflexão acima do que é oferecido pelos meios
de comunicação.
Devemos trabalhar com as crianças diversas situações do
mundo real de forma simbólica para, desde pequena aprenderem
a lidar com seus sentimentos e emoções.
Paola – Os pais devem tentar administrar estes sentimen-
tos, o que não é fácil, pois existem pais que agem e sentem todas
estas emoções e transmitem para os filhos. Cabe aos pais traba-
lhar estes sentimentos em conjunto, para que a criança não sofra.
81
Mamãe, quero ser modelo!
Talvez a maioria delas precise da ajuda de terapias para lidar
melhor com todas essas emoções.
Narda – Na verdade, os pais as colocam nesse meio, por-
que eles têm orgulho de ver seus filhos nas revistas e TVs, além
de que, algumas, também, aumentam o orçamento familiar.
Quem é competitivo: a criança ou seus responsáveis? Quem
fica ansioso e triste se o filho/a não passar naquele teste?
Importante lembrar que são crianças, então, além do colé-
gio e das atividades extracurriculares como natação, inglês,
informática, ainda existem horas de gravação. Em que momento
ela brinca?
Seguir as formas já conhecidas como horários e cuidados;
não estimular comportamento “adulto”, não mostrar desaponta-
mento no insucesso; elogiar os ganhos e não fazer comparações.
As crianças, que têm, desde cedo, conhecimento de maneiras diferen-
tes de expressão como interpretações de vários personagens, podem se bene-
ficiar com isso?
Gláucia – Sim. Na verdade, desde os primeiros meses de
vida, a criança deve ter contato com diferentes linguagens. Ter
acesso às diversas linguagens proporciona, no fundo, um adulto
letrado com compreensão do que lê e escreve, desenvolvendo
sua percepção.
Mas tudo isso depende muito do meio onde esse indivíduo
está inserido
Paola – Sim, pois conseguem administrar melhor na hora
de interpretar seu personagem, porque, na leitura do texto, vão
saber como devem agir, de acordo com o que se pede nele. O
trabalho artístico também é um beneficio na escola com relação
à melhor interpretação de um texto.
82
Carlos N. Andrade
Narda – De modo geral ajudam muito à criança no seu
desenvolvimento e na sua socialização, inclusive, às mais tímidas.
No caso das que vão seguir carreira, claro que o dom já é
percebido. Todas as formas de expressão ajudam.
Dê sua opinião sobre a importância do trabalho com crianças.
Gláucia – Acredito que, se o trabalho tiver como
prioridade, o respeito pelas necessidades e limitações da criança,
englobando nesse trabalho o lúdico e o prazer de uma forma
saudável e educativa, não vejo problemas.
Paola – Por um lado, as crianças dominam algumas áreas
do conhecimento com mais facilidade. Por outro, a família tem
que acompanhar suas atividades para que não deixe de estudar,
de ir à escola e de brincar, também. A criança tem que saber
conciliar todas as atividades.
Narda – Sua atuação deve ser apenas um pedaço de sua
vida, ou seja, uma atividade que deva ser encarada naturalmente,
dentro da sua família, comunidade e escola.
83
PROPAGANDAS INESQUECÍVEIS
De tempos em tempos, aparece algum comercial
protagonizado por criança que consegue cativar o público. Estes
são alguns exemplos.
“Garoto Francês” (o que falava “geladerra”) – Danone (1972)
Sorriso – Seagram (1973)
Primeiro Soutien – Valisere (1981)
84
Carlos N. Andrade
“Mamíferos” – Parmalat (1996)
Claro dia dos pais (2006)
Delícia (2007) com Klara Castanho
85
OS TESTES
Os testes são imprescindíveis para a carreira de modelo e
ator. Então, o que acontece e como se portar nestes testes tão
importantes para os trabalhos?
Lembretes importantes, ao chegar para uma seleção:
a) apresentar-se à pessoa encarregada pelo elenco para esta
anotar a sua ordem de chegada;
b) manter sempre o bom humor, apesar da demora que
poderá haver para chegar a sua vez;
c) estar arrumado(a) adequadamente;
d) nunca esquecer o seu nome artístico nem o nome de sua
agência;
e) manter a calma. É normal ficar tenso e nervoso no seu
primeiro teste. Pode-se ficar tão nervoso que já vi criança esque-
cer o seu próprio nome. Ficar tranquilo é um comportamento
que vão ter de adquirir, pois faz parte da carreira de atores e
modelos conviver com testes;
Em todas as profissões, encontramos bons e maus profis-
sionais e com os produtores de elenco (que são os profissionais
responsáveis pela parte artística de um filme ou um vídeo) é as-
sim também: existem os organizados e os desorganizados.
Quando um produtor marca horários com a agência e esta
marca um horário para seu filho (a), todos ganham com isso, evi-
tando-se tumultos desnecessários; mas, quando o produtor de
elenco deixa a critério da agência enviar para a seleção aquelas
crianças por ela escolhidas, algumas das agências extrapolam no
numero de crianças chamadas, ou por quererem mostrar serviço
aos pais ou por não saberem quem indicar.
Um recadinho super importante para os responsáveis: não
levem para os testes quem não foi chamado: irmãos, só em últi-
86
Carlos N. Andrade
mo caso, se não tiverem com quem deixá-los. De forma nenhu-
ma, chame a amiga para levar sua filha também para o teste,
mesmo que ela também esteja cadastrada na mesma agência, seja
da mesma idade e tenha o mesmo tipo físico que sua filha. Se ela
não foi chamada, é porque o cliente não escolheu. Os produtores
pedem sempre para a criança ir somente com um responsável;
não há necessidade de comparecerem mãe e pai, e principalmen-
te, tias, avós ou outros parentes ou amigos, nas gravações, já que
transporte e alimentação são contados. Não “pague este mico” e
evite broncas e caras feias.
Como se escolhe um elenco para um trabalho?
Dependendo do nível de exigência deste elenco, existem
algumas formas para isso.
Tipos de testes:
Por fotos – quando é um elenco muito simples, onde não há
muita exigência em relação à seleção dos modelos ou figurantes, ou
não se tem verba de produção para fazer um teste de vídeo, mas
necessita-se ter certeza sobre a aparência atual do elenco.
Quando se quer observar atuações, interpretações, reações
ou mesmo empatia com o personagem, simpatia ou timidez em
uma seleção, faz-se um teste de vídeo. No teste de vídeo, geral-
mente o produtor de elenco, em alguns casos assessorado pelo
assistente de direção, realiza uma triagem para mostrar ao diretor
cinematográfico os melhores para cada personagem.
Os testes de vídeo podem ser:
– só para ver a aparência e neste caso, apenas um sorriso é
necessário;
– para ver as expressões: expressões, com uso de palavras
(carinho, raiva, susto etc.), seguidas de sons ou músicas (gravam-
se as reações que causam);
87
Mamãe, quero ser modelo!
– entrevistas: verificam-se simpatia, nervosismo, aparência...
– improviso: pode-se pedir para contar uma história ou pe-
dir para a criança falar um pouco de si mesmo;
– em grupo: um teste em grupo é para observar, além do
tipo físico, integração, timidez, improviso, a reação da criança ao
colocar-se uma música, para ela dançar, caso o papel peça isso;
– interpretação / monólogo: deve-se interpretar um texto
previamente decorado, da maneira que a direção do teste pedir;
– interpretação / dupla: deve-se contracenar o texto previ-
amente decorado, com outro ator ou com alguém da produção,
da maneira que a direção do teste solicitar.
Como ir vestido?
Em primeiro lugar, procure saber como é o personagem, se
existe alguma característica especial. Não é conveniente ir muito
arrumado se, por exemplo, o personagem é um garoto simples,
de família humilde. Quando o personagem requer alguma carac-
terização especial, o produtor de elenco passa esta informação
para a agência, que deverá instruí-la. Se nada for falado ou co-
mentado, prepare a criança para ir arrumada, mas sem excessos.
Pense em uma roupa que se usa para dar uma volta no shopping,
por exemplo. Tenha em mente que querem seu filho(a), e não,
sua roupa. Na dúvida, uma calça jeans, uma camiseta de malha
lisa colorida e um tênis vai sempre ser uma opção correta.
Procure usar uma cor de roupa que caia bem com o tom de
pele; se a criança for muito branquinha, não vista nela uma camisa
cor de palha ou amarelo claro, pois não haveria nenhum contraste.
Se for moreno(a), não use marrom e procure uma cor contrastante
com o seu tom de pele; cores vibrantes e cítricas são bem-vindas.
As meninas, da mesma forma: calça ou saia jeans, blusa de
malha ou baby look lisa e uma sapatilha ou sandália baixa. Batons
cor-de-boca ou gloss, uma base clarinha e corretivo, se necessitar.
88
Carlos N. Andrade
Evitem:
– roupas brancas (normalmente, os estúdios de testes são
brancos também, causando, na pele, uma aparência mais escura
que a de verdade);
– listras finas horizontais (as imagens na TV são compos-
tas de listrinhas horizontais e roupas listradas podem causar um
efeito indesejado);
– estampas muito pequenas (podem causar uma confu-
são visual);
– atrasos. Ser pontual em testes e em trabalhos é muito
importante. Mesmo que o teste atrase, também é importante man-
ter o bom humor.
As meninas devem evitar também:
– acessórios que chamem muita atenção como laços de
fita, brincos grandes, assim como, maquiagem excessiva, princi-
palmente, crianças com sombra nos olhos e batom vermelho, que
são sempre mal vistas nas seleções;
–blusas “tomara-que-caia” (em cenas de “close” 34
onde não
aparece a blusa, a ausência de alças sugere um nu);
– saltos e roupas espalhafatosas.
E depois é só aguardar...
Após feito o teste, é só aguardar o resultado. Lembre que
as agências e os produtores de elenco só vão ligar para aqueles
aprovados. Uma ansiedade pela resposta é normal, mas excesso
de preocupação não é aconselhável. Se for melhor para você,
ligue para a agência e pergunte se o resultado do teste já saiu. Se
a resposta for afirmativa e não te ligaram, é sinal que seu filho(a)
não foi aprovado(a).
34 Quando a câmera só capta a imagem dos ombros e rosto da modelo.
89
OS TRABALHOS
Importante, ao chegar para um trabalho:
a) ler e conferir se os dados do contrato contêm as mesmas
informações que lhe foram passadas pela agência;
b) ser pontual. Por mais que demore, desde a sua chegada
até que se comece o trabalho, mantenha a calma e não incomode
ninguém; imprevistos acontecem. Posteriormente, comunique à
agência sobre as horas trabalhadas. Não chegue antes do horário,
apenas seja pontual;
c) estar trajando uma roupa confortável. A criança poderá
ficar com ela durante muitas horas;
d) estar com os cabelos limpos e soltos, sem nenhuma
maquiagem e com as unhas bem cuidadas;
e) quando precisar se ausentar do set de filmagem, para
beber água ou ir ao banheiro ou necessitar de qualquer outra in-
formação, dirija-se ao produtor de elenco: este é o profissional
contratado para cuidar exclusivamente dos modelos e atores.
Desfiles
O mercado profissional de desfiles infantis é bem peque-
no: as maiores feiras de moda do País reservam pouquíssimo es-
paço às grifes infantis. O mais comum com crianças é a troca da
prestação de serviço de manequim em desfile por uma peça de
roupa da loja ou confecção para quem se está desfilando. Os
cachês, quando existem, são muito pequenos, mas, geralmente,
os desfiles são muito concorridos, principalmente, porque as
meninas adoram desfilar e seus pais adoram vê-las desfilando.
Já é tempo de realizarem-se mais feiras de moda infantil,
pelo menos, nos grandes centros de consumo do País. Crianças
90
Carlos N. Andrade
não param de crescer e necessitam de roupas novas, basicamen-
te, por necessidade, pois crescem e perdem a roupa, e não apenas
para estarem na moda. Dados da Associação Brasileira do Vestu-
ário (Abravest) de setembro de 2008, mostram que o segmento é
responsável por 23% da produção de roupas no Brasil, ficando
atrás somente do mercado de roupas femininas adultas (57%) e à
frente do, de vestuário masculino (20%).
“A moda infantil é a mais constante do setor, nunca dá problema.
E, normalmente, ainda cresce todo ano um pouquinho”, afirma
o presidente da associação, Roberto Chadad. Com um
faturamento anual de US$ 5,5 bilhões, o segmento emprega
200 mil pessoas em 4 mil empresas espalhadas pelo País e
cresce de 7% a 10%. “Praticamente todos os estados brasileiros
possuem um parque industrial têxtil. No caso das roupas
infantis, a maioria das empresas é formada por fábricas de
pequeno porte, comandadas por mulheres”.
(fonte:http://empreendedor.uol.com.br/
?secao=Noticias&categoria=167&codigo=9130.
Acessada em 11/01/2009)
Modelo fotográfico
É um mercado bem amplo para os modelos: a mídia im-
pressa é muito extensa e os locais para veiculação aumentam a
cada dia. Hoje temos propaganda em ônibus, metrô, paradas de
ônibus, relógios digitais, bancas de jornais, enfim, todo o mobi-
liário urbano, folhetos, cartazes, Internet, mala direta, fora os
meios tradicionais, como: revista, catálogos, jornais e outdoors.
As fotos são muito mais fáceis de fazer que os comerciais
para a TV, são mais rápidas e estão pagando melhor que estes
comerciais, se formos contabilizar a proporção de clientes que o
anúncio impresso atinge em comparação com a TV.
91
Mamãe, quero ser modelo!
Comerciais para TV
Continua sendo a rainha da mídia, a comunicação de massa,
onde se atinge o maior número de pessoas e por isso a mais cara
para o anunciante.
Pelos comerciais de TV, são descobertos muitos talentos
para novelas e outros programas de TV que, depois de atingirem
uma fama maior, voltam a emprestar sua empatia e credibilidade
junto ao público de comerciais, só que agora num patamar mais
elevado.
Os comerciais de TV se utilizam muito das crianças, sen-
do o melhor campo de trabalho das agências de modelos e atores.
Novelas e programas de TV
A novela é o mercado que dá reconhecimento público ao
ator no Brasil, principalmente, se o personagem é um bom papel.
Aí, o reconhecimento vem rápido. Porém, deve haver continui-
dade de trabalhos em novelas, porque o telespectador esquece
quem não está no ar.
Longa-Metragem
O mercado de filmes tem crescido muito, nos últimos anos,
e a participação infantil, acompanhado este crescimento. Filmes
lançados em 2007, como “2 Filhos de Francisco” e “O Ano em
que Meus Pais Saíram de Férias” são bons exemplos, onde crian-
ças atuaram, protagonizando de maneira muito correta.
O pagamento
Os cachês em publicidade, normalmente, são pagos em 30
dias, após o término do trabalho. Detalharemos mais sobre este
assunto no capítulo CACHÊS (pág. 165).
branca
93
O TRABALHO QUE DÁ
Em uma entrevista para Roberto D’Ávila, no programa
Conexão Internacional, Marcello Mastroiani, grande ator italia-
no, revelou que passou, cerca de 70% de sua longa carreira, espe-
rando pela maquiagem, iluminação, cenário, diretor.... enfim, para
ser ator é preciso ter muita paciência.
Pois é, as pessoas, que nunca participaram de uma produ-
ção para um comercial de TV, não têm ideia do trabalho que dá
para colocar, no ar, um comercial de 30 segundos. Para quem
trabalha nesta área, não existem feriados, fins de semana, nem
horários normais de trabalho.
Você já pensou que, para a gravação de um comercial em um
shopping, deve-se aguardar o shopping fechar, normalmente, às 22
horas? E que esta gravação tem que terminar às 10 horas do dia
seguinte, pois o shopping abre neste horário? As filmagens, depen-
dendo da sua complexidade e do diretor cinematográfico (uns são
mais detalhistas ou inseguros que outros), podem ser demoradas ou
muito demoradas: não tem como fugir. Tive a sorte de trabalhar, por
alguns anos, com o diretor Carlos Manga: ele sabia, sempre, o que
queria e era bem rápido nas suas filmagens. Certa vez, fizemos cinco
filmes em três horas: está certo que foi usado o mesmo cenário, mes-
ma iluminação e só mudava-se o elenco, que contracenava em um
banco de praça. Mas vamos combinar: foi um recorde! Outros dire-
tores repetem a cena dezenas de vezes, ou por excesso de cuidado
(querendo que o ator use a forma certa de colocar os lábios no garga-
lo da garrafa ao beber um refrigerante, por exemplo), ou por deseja-
rem repetir a cena, usando a câmera em outro ângulo, ou por não
terem gostado da atuação de alguém do elenco.
A responsabilidade é grande, os valores de produção são
muito altos também e qualquer erro passa a ser um grande erro.
94
Carlos N. Andrade
Em 1994, a Brahma reformulou o sabor de seu guaraná e
de sua embalagem e, para comunicar isto ao público, lançou uma
campanha com comerciais muito bem produzidos. O primeiro
deles chamava-se Guaranáu e era a história de uma dupla de vi-
lões que roubaram o papagaio da vovó de uma garotinha que,
então, reunia sua turminha, composta de um garoto bonitão, um
gordinho (Selton Melo, que estava meio cheinho nesta época),
um nerd, tipo cientista maluquinho, e ela, a garota bonitinha.
Para vocês terem uma ideia, só a pré-produção para este primei-
ro filme durou três meses de trabalho; foram necessários sete
dias de filmagem, incluindo-se uma viagem à Angra dos Reis,
onde foram feitas as cenas externas. Tudo isso para serem grava-
dos três minutos, que é considerado o tempo máximo para um
primeiro comercial de uma campanha. Estes filmes tiveram a di-
reção de Mário Textor e foram produzidos na Zohar Filmes, com
a minha produção de elenco junto com a Denise Algaves.
Elenco no estúdio.
Transporte marítimo em Angra.
(Fotos: Carlos N. Andrade)
95
Mamãe, quero ser modelo!
Pintura no vidro para construir a casa da
vovó.
Os Vilões Henrique Cookerman e César
Pezzuoli.
Um barco banheira para se chegar na ilha da
vovó
(Fotos: Carlos N. Andrade)
96
Carlos N. Andrade
Cenas na água...
e o descanso de Selton Mello e elenco
É muito normal, em uma filmagem para um comercial, não
sabermos a hora que terminará; tudo demora muito: o cenário, a
iluminação, a maquiagem, os ensaios... Se você é uma pessoa
com compromisso para depois da filmagem, desmarque um dos
dois. Se não tiver paciência, se não puder ou não souber esperar,
então não vá, pois certamente vai demorar.
(Fotos: Carlos N. Andrade)
97
FERRAMENTAS DE TRABALHO
Em todas as profissões, deve-se aprender bem o ofício,
adquirir experiência, ter e saber utilizar suas ferramentas de tra-
balho para obter melhor proveito.
Nos atores e modelos, o corpo é a principal ferramenta des-
te trabalho e todo aprendizado é voltado para a melhor utilização
dele, da sua expressividade, assim como da expressividade da voz.
Os cuidados básicos com as suas ferramentas de trabalho são:
• pele – cuidar das acnes e cravos, proteger-se do excesso
de sol e contra possíveis arranhões ou machucados;
• unhas – devem estar sempre limpas e aparadas como se
fossem levar um close;
• cabelos – manter, sempre que possível, um corte. Se mu-
dar, refaça suas fotos;
• dentes – o sorriso é sempre bom em qualquer circunstân-
cia, mas aqui, é especialmente importante. Um dente torto,
cariado, escuro, faltando, fora da época de troca da dentição, irá
causar um aspecto ruim e dificultar muito uma contratação;
• fotos – além do corpo e voz, não podemos esquecer das
fotos. Elas são o cartão de visita do modelo ou ator. Mais do que
isso: sem fotos, não vale nem a visita, pois não tem nem como a
agência mostrá-lo para o cliente.
Fotos de crianças e adolescentes são bem diferentes de fo-
tos dos modelos adultos. Quanto menor a criança, mais rápido
varia o seu aspecto físico, pois as crianças estão sempre mudando:
crescem, engordam, emagrecem, o cabelo muda, os dentes caem,
tudo muda e rápido. Não compensa fazer fotos muito caras nem
composites35
; fotos em papel, também, não são mais necessárias.
35 Cartão impresso com fotos e dados dos modelos e atores, usados para os clientes os
conhecerem.
98
Carlos N. Andrade
Hoje, as agências passam suas indicações de elenco aos
produtores, via Internet. Se o produtor necessitar de cópia em
papel, ele mesmo imprimirá as fotos que recebeu por correio ele-
trônico. É mais rápido, não é preciso esperar um portador para
levá-las e, depois, buscá-las.
O modelo infantil não deve ter fotos muito produzidas;
seu material de trabalho tem de retratar o mais próximo de seu
dia a dia. Não queira que suas crianças pareçam aquilo que não
são. Quando chamarem seu filho para um teste, é porque dese-
jam ver aquela criança que aprovaram na foto; por isso, as fotos
não podem ser antigas. Não funciona olharem uma foto de uma
criança com 2 anos e terem de imaginar como ela estará agora
com 4 anos.
As crianças pequenas, abaixo de 4 anos, precisam ter suas
fotos renovadas, pelo menos de 4 em 4 meses. As maiores, de 5/
6 anos, este intervalo de tempo pode ser um pouco maior.
E o nome artístico?
Ele fará parte do seu marketing pessoal; é o nome que será
escolhido para você ser conhecido no meio artístico. Não adian-
ta escolher um nome como João Pedro ou Ana Maria (pouco
originais), pois é fácil aparecerem outras crianças com o mesmo
nome que o seu. Na minha agência, peço para escolherem um
nome com um sobrenome e, mesmo assim, é provável acontecer
de duas crianças optarem pelo mesmo nome artístico. Uma
Camila, ao fazer o seu cadastro na Agência, verificou que o nome
dela, mesmo usando-se os seus dois sobrenomes, já estavam ca-
dastrados. Ela poderia aproveitar o sobrenome emprestado da
mãe quando solteira (sugestão da própria), mas a menina foi bem
mais original: inverteu o nome dela, de trás pra frente, inventan-
do seu nome artístico Camila Alimac36
. Bem bonito, não acham?
36 Alimac é Camila, escrito de trás para frente.
99
Mamãe, quero ser modelo!
O importante é nunca esquecer o nome que escolheu ou
inventou, pois a partir daquele instante, todos os seus registros
na agência terão o nome escolhido.
Gostaria de contar uma história sobre confusão com no-
mes, para ilustrar a importância de não se esquecer um nome
artístico. Havia, na Agência, dois meninos com nomes muito
parecidos e como não me lembro, exatamente, dos nomes, usarei
nomes fictícios. Um deles se chamava Guilherme Rosa Rodrigues
e escolheu se cadastrar como Guilherme Rodrigues. Depois apa-
receu outra criança, cujo nome era Guilherme de Almeida Rosa
e este se registrou como Guilherme Rosa. O primeiro foi envia-
do para um teste, só que, quando perguntaram para ele o seu
nome, ele falou o nome inteiro, Guilherme Rosa Rodrigues e o
assistente de elenco só anotou Guilherme Rosa. Ele fez um bom
teste e foi aprovado para o trabalho. Quando o produtor ligou
para a agência para dar a lista dos aprovados, passou o nome de
Guilherme Rosa. A funcionária da agência não verificou que o
Guilherme Rosa nem tinha ido ao teste: ligou para ele (o segun-
do Guilherme) e avisou-lhe que tinha sido aprovado para um
trabalho. Pronto, a confusão estava formada! Quando este outro
Guilherme (o cadastrado como Guilherme Rosa) chegou no lo-
cal da gravação, viram que não era ele o menino que tinha sido
aprovado no teste. Era mais velho dois anos, mas, por coinci-
dência das coincidências, os dois eram ruivos e usavam óculos.
E tem mais: o diretor adorou o Guilherme errado, que acabou
fazendo o filme, sem nem ter feito o teste. O Guilherme certo
que fôra ao teste e tinha sido aprovado nunca soube desta confu-
são, (pode ser que saiba agora). E... perdeu sua chance por não
ter dito seu nome artístico corretamente.
branca
101
CURSOS
O aprendizado é importante em qualquer profissão; aqui
também é. Tanto os cursos livres, com poucas horas de aulas,
como os cursos profissionalizantes são importantes, principal-
mente, para uma carreira de ator. Aliás, os atores continuam
sempre estudando e não devem parar nunca de estudar, pois, em
cada novo personagem que interpretam, deparam-se, muitas
vezes, com situações de novos aprendizados como: patinar,
dançar, falar espanhol ou pegar surfe. Aliás, a atriz Malu Mader
me contou, certa vez, que esta foi uma das razões pela qual optou
pela carreira de atriz. Ela me disse que, assim, tem a oportunidade
de vivenciar várias vidas e profissões, “um dia sou aeromoça e
noutro policial”. Realmente é bastante enriquecedor.
Estudar as muitas técnicas de interpretação é o mais
importante, assim como, um médico continuará sempre estudando
novos métodos de tratamento e os advogados, também, que não
param nunca de estudar. Os estudos são necessários a todos, dão
o respaldo e a segurança para uma melhor prática da profissão.
Alguns problemas na fala, podem prejudicar a intenção de
carreiras que necessitem da voz, como ator, locutor, apresentador
etc, mas, que, se tratados logo, em muitos casos por fonoaudió-
logos, pode-se conseguir uma boa recuperação.
Exercícios
Alguns exercícios, como o popular trava-língua, podem
ajudar a perceber problemas com dicção.
Os trava-línguas são versos ou frases, colocados de forma
a tornar difícil sua pronúncia. A articulação se torna difícil porque
as palavras devem ser pronunciadas de forma rápida ou três vezes
102
Carlos N. Andrade
seguidas. Lidas, devagar, perde-se a graça. Eles podem ajudar o
desenvolvimento da linguagem através de ritmo, entonação de
voz e também podem ser utilizados como exercício vocal em
teatro.
Passe alguns destes exemplos com seus filhos e divirta-se
um pouco.
Pedro tem o peito preto; o peito de Pedro é preto; quem disser que o
peito de Pedro é preto, tem o peito mais preto que o peito de Pedro.
Pinga a pipa dentro do prato, pia o pinto e mia o gato.
Um tigre, dois tigres, três tigres.
Se o Arcebispo-Bispo de Constantinopla a quisesse descons-
tantinoplizar, não haveria desconstantinoplizador que a descons-
tantinoplizasse desconstantinoplizadoramente.
Um ninho de carrapatos, cheio de carrapatinhos, qual o bom
carrapateador, que o descarrapateará?
A mulher barbada tem barba boba, babada e um barbado bobo
todo babado!
A aranha arranha a rã.
Rã arranha a aranha.
Nem a aranha arranha a rã.
Nem a rã arranha a aranha.
Não confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco
com ornitologista, ornitologista com otorrinolaringologista, porque
103
Mamãe, quero ser modelo!
ornitorrinco é ornitorrinco, ornitologista é ornitologista e otorrinolaringolo-
gista é otorrinolaringologista.
A babá boba bebeu o leite do bebê.
Bote a bota no bote e tire o pote do bote.
Eu congelo a água gelada com gelo que tem selo à prova d’água.
Essa pessoa assobia, enquanto amassa e assa a massa da paçoca
de amendoim.
branca
105
QUE POSE EU FAÇO?
Neste capítulo, vamos mostrar algumas variedades de po-
ses para crianças e adolescentes, feitas por alguns dos modelos
da Top Kids & Teens, levando-se em conta que a espontaneida-
de e expressividade são fundamentais para conseguir-se boas fo-
tos. Nossos pretendentes à carreira de modelo podem ir se fami-
liarizando com algumas das poses que, certamente, ajudarão em
futuros trabalhos.
Notem a importância do sorriso (mesmo com dentes fal-
tando) e o papel das mãos nas fotos, elas ajudam e, muito, nas
expressões pretendidas. Fotos, onde as mãos não aparecem, de-
verão ter expressões mais fortes para causar o mesmo entendi-
mento pretendido.
Tanto os atores como os modelos devem ter um comporta-
mento observador. Os atores observam como as pessoas falam,
gesticulam, vestem-se etc; assim, conseguem construir muitos per-
sonagens. Os modelos devem observar como posar, onde colocar
as mãos, como parecer alegres ou com frio (mesmo estando com
muito calor), enfim, como desfilar e, também, todas as atitudes
necessárias para o bom desempenho da carreira. Em minhas ob-
servações sobre o desempenho dos modelos iniciantes em fotos,
verifico que muitos meninos e meninas se preocupam sobre qual
pose fazer, quando na verdade, deveriam pensar não nas poses,
mas sim, nas atitudes, enquanto fotografam. O resultado acaba
resultando em poses sem sentimento.
A modelo Débora Pucci, que iniciou a carreira de modelo
aos 9 anos, comigo, na agência Top Kids, sempre teve muita
naturalidade em seus trabalhos como modelo fotográfica. Débora,
hoje, com 25 anos, mora, atualmente, em Londres, onde atua como
modelo e apresentadora de um programa para TV local. Mas quando
estava com 16 para 17 anos, passou uma temporada a trabalho, no
106
Carlos N. Andrade
Para conseguir demonstrar expressões como: surpresa,
nervosismo, raiva e alegria, quanto mais natural forem estes
sentimentos, mais real e convincente a foto vai ficar. É lógico que
existem truques e técnicas que se aprendem para simular situações
ou expressões. Estas técnicas são necessárias, pois não é sempre
que estamos com vontade de rir, quando nos exigem isso para um
trabalho, assim como, quando também temos que mostrar ao cliente
diferentes tipos de emoções. Alguns modelos da Top Kids & Teens
foram convidados para ajudar a vocês com algumas poses,
mostrando sentimentos e emoções variados.
Observem as sugestões nas primeiras fotos, depois, brin-
que de dar nomes às demais. Tente também repetir com as crian-
ças, algumas poses na frente do espelho. Verá que se tornará uma
brincadeira bem divertida. Posteriormente, passe para outra fase,
onde você dirá as expressões para que as crianças possam mostrá-
las em poses.
Japão, onde teve que aprimorar muito a variedade e rapidez nas
poses que fazia. Ela me contou que, neste período, havia muitos
testes por dia, com fotógrafos que exigiam muitas poses por minuto.
Esta prática lhe rendeu um grande repertório e rapidez no seu
desempenho. Então, a dica é: praticar muito e sempre.
(fotos: Carlos N. Andrade)
Débora Pucci
107
Mamãe, quero ser modelo!
Bruno Gonçalves Giovanna Simões
Arthur Dias Iago Flores Kadu Pires
Marcella São Paio
Matheus Gabriel Leo CasaresMaria Eduarda
Saraiva
Consegui... Fiz alguma besteira... Sou levada...
108
Carlos N. Andrade
Kaike Martins Larissa Moura Pablo Bezzoco
Tairini Dantas Annalice Sauerbronn
Bebel Pinheiro Igor Quintanilha Rafaella Sueth
Carol Ribeiro
109
Mamãe, quero ser modelo!
Letícia Rangel Jorge Brendow
João Gabriel Costa Vitor da Costa Juan Gonzalez
Eduarda Modena Dudu Marques Arthur Rocha
Vivian Braz
110
Carlos N. Andrade
Mauro Goulart Camila Nunes
Victor França Thais Oliveira Daniela Guimarães
Andressa Werneck Carol Hoffmeister
Anna Paula
Rodrigues
Juliana Totti
111
Mamãe, quero ser modelo!
Vinicius Tuller Arthur Fontenele
Rafael de Oliveira Renan Gonzalez Johnny Pacheco
Sara Caciator Eduarda Marra Tamara Fernandes
Dandara Vera Cruz
112
Carlos N. Andrade
Pedro Sol Artur José Daniel Bernardo
Gabriel Redua Juan Pedro Maciel Tiago Conversano
Matheus Paes Leme Reuel Ramos Victor Miranda
113
Mamãe, quero ser modelo!
Brunna Vaucher Camila Brito
Thaisa Nevega Lucas de Souza
Diogo Quintana Amanda Fucher Thais Machado
Dhomenique
Lourenço
Anna Julia
114
Carlos N. Andrade
Lívia Alves
Ivair Neto Franco Manosso Thays Junger
Cauã Luz Cauã Mendes Giovanna Carvalho
Thayani Campos Jennifer Aline
115
Mamãe, quero ser modelo!
Marcella Montenegro César Lima Lucas Carramona
Julia Correa Anthony Lobo Julia Catharino
Alef Yuri Mayara Cristina Fernanda Kuperman
116
Carlos N. Andrade
Manuela Alves Juliana Senna Camila Carvalho
Betina Andrade Gabriela Medina Carolina Fortes
Bruno Sheven Thatiane Carvalho Débora Mendo
117
Mamãe, quero ser modelo!
Larissa Alves Cauê Sabino Enzo Ayupp
Andrey Assunção Bruna Ribas
Emerson Leal Katharine Ferreira Matheus Asfora
Daniel Klinfuss
118
Carlos N. Andrade
Gabriela Cunha Gabriela Lins Guilherme Ribeiro
Gabriela Affonso Eloah Nascimento
Isadora Duarte
Pedro Henrique
Raposo
Mariuana Waknin
João Carlos Silva
119
Mamãe, quero ser modelo!
Giovanna Wogel João Gabriel de
Carvalho
Laryssa Brenda
Lorrayne Beatriz Leo Kurtz
Nicolle Daflon Pedro Lessa Victória Andrade
Gabriel Meyer
120
Carlos N. Andrade
Kamille Ramos Paulo César Martins Renata Zeenhuse
Gabrielle Zurlo Maria Eduarda
Araújo
Raika Melo
Leonardo Miranda Thais Parrilha Letícia Ridolph
121
Mamãe, quero ser modelo!
Samir Cotrim Suellen Benigno
Isadora Figueiredo Marina Martins Natalia Lima
Gabriela Nascimento Priscilla Andrade Carolina Fonseca
Filipe Sol
122
Carlos N. Andrade
Ricardo Trindade Matheus Monteiro Lucas Ferroni
Daniel Macedo Daniel Castilho Tarcisio Junior
Karine Brito Dudu Miranda Kaiky Gonzaga
123
Mamãe, quero ser modelo!
Agora é com vocês, pratiquem, façam exercícios na frente
do espelho, movimentem-se, mesmo que parados e vamos à ação.
branca
125
A CARREIRA
A carreira, para quem começa muito cedo, é longa e com
muitas mudanças pelo caminho, principalmente, as mudanças físi-
cas. As crianças passam por grandes transformações até tornarem-
se adultas. É muito raro um bebê muito bonito, que consiga se
manter com o mesmo padrão durante todas as etapas e mudanças
que sofre. Em contrapartida, existem bebês, que, não foram tão
bonitos, e tornaram-se crianças lindas, assim como crianças lindas
que viraram adolescentes desajeitados. Enfim, do bebê ao adulto,
uma criança passa por muitas fases: bebê – criança – adolescente –
adulto, podendo mudar muito, com a passagem do tempo.
Acompanhando todas essas mudanças físicas, a oscilação
na carreira é praticamente certa.
No cinema, temos alguns exemplos bem conhecidos desta
dificuldade de conseguir passar da etapa de criança prodígio para
a condição de estrela adulta. Muitos poucos resistiram e supera-
ram o deslumbramento com a fama e as facilidades que o dinhei-
ro traz. Manter o mesmo carisma de criança, depois de adulto, é
uma tarefa árdua, mesmo porque os papéis são bem diferentes.
O público sente dificuldade em aceitar que a menina cresceu e,
muitas vezes, rejeita um papel mais sexy para ela, da mesma for-
ma que os meninos têm que se livrar da ingenuidade dos papéis
que faziam quando crianças.
Eis alguns exemplos de crianças prodígios, seus
sucessos e fracassos.
Jackie Coogan (1914 – 1984) iniciou sua carreira bem cedo:
com 3 anos, já atuava em peças de teatro e tornou-se o primeiro
grande astro infantil do cinema ao participar do filme clássico
126
Carlos N. Andrade
“O Garoto” com Charles Chaplin, quan-
do tinha 7 anos de idade.
Foi um ator bem sucedido durante
o período entre a infância e a adolescên-
cia, com contratos milionários, mas não
teve uma carreira linear. Ao todo, partici-
pou de 6 filmes e só voltou a ter alguma
notoriedade aos 50 anos de idade, quan-
do fez o personagem Tio Funéreo, da Fa-
mília Addams.
Mickey Rooney (1920 – ) começou a atuar em 1922 e
continuou até os dias atuais (2009). Entrou com pedido ao
Guinness Book para ser registrado como o ator de carreira mais
longa.
Sua filmografia contém 174 filmes entre os anos de 1927 e
2008.
Foi contemporâneo de Judy Garland, Shirley Temple e
Elizabeth Taylor.
(foto: Getty Images)
Mikey Rooney em 2008e com Judy Garland
(foto: Getty Images)
Jackie Coogan
127
Mamãe, quero ser modelo!
Judy Garland (1922 – 1969). Sua carreira começou aos
6 anos, mas só ficou famosa aos 17, quando estrelou “O Má-
gico de OZ”, pelo qual recebeu um Oscar especial (miniatura
da estatueta).
Nesta época, seu estúdio, MGM, colocou uma cláusula em
seu contrato proibindo-a de engordar e perder a voz, e, através
de um médico do próprio estúdio, passou a tomar anfetaminas.
Judy foi, talvez, a primeira vítima da carreira com um início pre-
coce, trazendo-lhe fama, mas sem nenhuma preocupação dos que
geriam sua carreira sobre os malefícios que esta poderia ocasio-
nar. Descontrole de trabalho, consumo de drogas ou de álcool
fazem de qualquer artista um profissional derrotado. Ninguém
aguenta, por muito tempo, uma situação como esta.
Judy se casou 5 vezes, fez 33 filmes, recebeu um Oscar
como melhor atriz em 1954, aos 32 anos, pelo filme “Nasce uma
Estrela” e outro, em 1961, aos 39 anos, como atriz coadjuvante
em “Julgamento de Nuremberg”.
Judy morreu, por overdose, aos 47 anos.
Judy Garland
(foto: Getty Images)
128
Carlos N. Andrade
Shirley Temple (1928 – ) começou a ter aulas de dança
aos 3 anos de idade e ganhou um Oscar especial (miniatura da
estatueta) por sua contribuição ao entretenimento em 1934, aos
6 anos de idade.
Com 15 filmes em sua filmografia, alguns de grande
bilheteria, dos 6 aos 9 anos de idade. Seu último filme data de
1948, aos 20 anos (“Forte Apache – Sangue de Heróis”), quando,
então, se aposentou da carreira artística.
Shirley Temple
(foto: Getty Images)
Elizabeth Taylor (1932 – ), filha de pais americanos, mas
nascida na Inglaterra, chegou em Los Angeles, Estados Unidos,
em 1939, com a mudança da família e iniciou sua carreira em
1942, aos 10 anos, no filme “There’s One Born Every Minute”.
Foi indicada ao Oscar 8 vezes, como melhor atriz, e, ven-
cedora por 2 vezes (“Disque Butterfield 8”- 1960 e “Quem Tem
Medo de Virginia Wolf ”- 1966). Homenageada, mais uma vez,
pelas suas atividades de caráter filantrópico, principalmente, pelo
levantamento de fundos para o combate à AIDS, com o prêmio
“Jean Hersholt Humanitarian Award”. Em sua filmografia cons-
tam 23 filmes, sendo “Os Flinstones”, uma produção de 1994,
sua última atuação e seu maior cachê, estimado em U$ 2.500.000.
129
Mamãe, quero ser modelo!
Dean Stockwell (1936 – ) começou a trabalhar aos 7 anos,
mas, na telona, sua estreia foi aos 9 anos, em “The Valley of
Decision”. Foi considerado o melhor ator infantil na década de 40,
recebendo, em 1948, um prêmio especial (melhor ator juvenil) no
Globo de Ouro pela sua atuação em “Gentleman’s Agreement”
(1947) e tornou-se o único ator a ganhar, por duas vezes, o prêmio
de melhor interpretação masculina no Festival de Cannes; “Longa
Jornada Noite a Dentro” (1962) e “Compulsion” (1959).
Dean conseguiu passar “ileso” pelas transformações da
idade, continuando a atuar na adolescência em, por exemplo,
“Anos Felizes” (1950), com 14 anos, e foi indicado ao Oscar de
melhor ator coadjuvante, em 1989, por sua performance em “De
Caso com a Máfia”, então com 53 anos.
Ao todo, foram quase 200 participações em filmes e séries
de TV.
Elizabeth Taylor
(foto: Getty Images)
130
Carlos N. Andrade
Jodie Foster (1962 – ) nasceu com o nome de Alicia
Christian. Começou a carreira aos 3 anos, em 1 comercial da
Coppertone e foi ao estrelato aos 12 anos, em “Táxi Driver”.
Jodie, que falava desde 1 ano de idade e já lia aos 2, tinha
a responsabilidade de “sustentar” a mãe e o irmão, empobreci-
dos com a separação desgastante dos pais.
Revelada como grande atriz por Martin Scorcese, em “Taxi
Driver” (onde foi indicada ao Oscar), Jodie conseguiu construir
uma carreira segura, de grandes personagens e grandes interpre-
tações, como: “O Silêncio dos Inocentes”, “Acusados”, “Nell” e
“Contato”. Vencedora de dois Oscars, a atriz, também, envere-
dou pela produção e direção, conseguindo recuperar-se de um
problema sério de obesidade e depressão que enfrentou na déca-
da de 80.
Jodie Foster
(foto: Getty Images)
131
Mamãe, quero ser modelo!
Tatum O’Neil (1963 – ). Filha do ator Ryan O’Neal e da
atriz Joanna Moore, Tatum recebeu um Oscar como melhor atriz
coadjuvante aos 10 anos por sua atuação no filme “Lua de Pa-
pel” e é, até hoje, o mais jovem recebedor da estatueta.
Tatum teve 14 filmes em sua filmografia até 2008, mas
nunca repetiu o sucesso de sua estréia.
Em 1986, casou-se com o tenista John McEnroe e sepa-
rou-se em 1994, perdendo a guarda dos filhos pela sua compro-
vada dependência com drogas, o que ela mesma relata em sua
autobiografia chamada “Uma Vida de Papel”.
Drew Barrymore (1975 – ). Sua carreira começou aos 5
anos e foi revelação aos 7, em “E.T. – O Extraterrestre”.
Alcoólatra aos 9, dependente de cocaína aos 12, interna de
uma clínica de reabilitação aos 13, e protagonista de todo tipo de
pequeno escândalo, Drew Barrymore é um dos poucos casos de
reabilitação da moral e da fama e hoje, em 2009, aos 34 anos,
deu a volta por cima, como atriz de sucesso e produtora.
Drew Barrymore
(foto: Getty Images)(foto: Getty Images)
132
Carlos N. Andrade
Anna Paquin (1982 – ) foi ganhadora do Oscar de melhor
atriz coadjuvante em sua primeira participação no cinema com o
filme “O Piano”, em 1993, aos 11 anos, tornando-se a segunda
atriz mais jovem a ganhar este prêmio. Voltou a estar em evidência
em “X-Men – O Confronto Final”, com 22 anos.
Haley Joel Osment (1988 – ), o garotinho dos filmes
“Sexto Sentido” e “A.I. Inteligência Artificial”, entre outros,
começou a carreira aos 5 anos, num comercial para Pizza Hut e
tinha tudo para dar certo com uma carreira longa e brilhante.
Depois de ter sido indicado para o Oscar e para o Globo de Ouro
de melhor ator coadjuvante aos 11 anos de idade por sua atuação
em “Sexto Sentido”, Haley, fez seu último filme quando tinha 13
anos e então não foi chamado mais para nenhum papel.
Anna Paquin (foto: Getty Images)
133
Mamãe, quero ser modelo!
Em 2007, com 19 anos, Haley foi acusado e preso por dirigir
embriagado e por posse de drogas.
Macaulay Culkin(1980 – ), astro da sequência “Esquece-
ram de Mim”. No primeiro filme da série, tinha 10 anos e, no
segundo, 12 anos.
Estreou, em 1988, no filme “O Rochedo de Gibraltar”,
aos 8 anos. Aos 14, teve que enfrentar, além das mudanças naturais
de adolescente, uma briga familiar entre seus pais que disputavam
a gestão da sua fortuna.
Ficou sem filmar de 1994 a 2003, quando, então, já adulto,
retomou a carreira artística.
(foto: Getty Images)
Macaulay Culkin
(foto: Getty Images)
Haley Joel Osment
(foto: Getty Images)
134
Carlos N. Andrade
Hoje, estamos acompanhando a carreira de duas grandes
promessas, Dakota Fanning e Abigail Breslin.
Dakota Fanning (1994 – ) foi a mais jovem atriz a ser
indicada ao Screen Actors Guild Award, com 8 anos de idade, ao
interpretar “Uma lição de amor” ao lado de Sean Penn, em 2001
e não parou mais: entre 2001 e 2008, fez 20 filmes.
Dakota aprendeu a ler com 2 anos e foi descoberta fazen-
do teatro na escola. Em seguida, passou a fazer comerciais com
5 anos de idade e, depois, foi contratada para participar de seria-
dos para TV como: “E.R. - Serviço de Urgência”, “Ally MacBeal”,
“C.S.I” e “Spin City”.
Dakota Fanning
(foto: Getty Images)
135
Mamãe, quero ser modelo!
Abigail Breslin (1996 – ) começou a carreira em comerci-
ais aos 3 anos e, no cinema, em 2003, com 7 anos, em “Sinais”.
Recebeu uma indicação ao Oscar e ao BAFTA de melhor atriz
coadjuvante, por “Pequena Miss Sunshine” (2006), uma indica-
ção ao MTV Movie Awards de melhor revelação, e ganhou tam-
bém o prêmio de melhor atriz no Festival de Tóquio, também por
“Pequena Miss Sunshine”.
Abigail, amiga de Dakota, já tem 13 filmes em sua curta
carreira, de 2001 a 2008. Na TV, atuou em seriados como: Law
and Order; Special Victims Unit, Navy N.C.I.S., What I Like
About You e Grey’s Anatomy.
(foto: Getty Images)
Abigail Breslin
136
Carlos N. Andrade
Aqui no Brasil, temos o exemplo da apresentadora, atriz e
cantora Angélica Ksyvickis (1973 – ) que começou a carreira
com 4 anos de idade, vencendo um concurso de beleza nacional,
mantendo-se sempre ativa e bela até os dias de hoje.
Angélica poderia ter começado como bebê, pois foi também
um bebê muito lindo, assim como Brooke Shields (1965 – ), que
iniciou sua carreira com 11 meses de idade, também num concur-
so de beleza, para um sabonete infantil.
Glória Pires (1963 – ) e Selton Mello (1972 – ) são al-
guns dos raros exemplos brasileiros de carreira, começada na in-
fância e ainda seguida com sucesso.
Glória Pires, filha de pai ator, conheceu muito cedo ainda
os bastidores da carreira de atriz, acompanhando o pai nos estú-
dios. A sua carreira se deu início aos 6 anos. Fez sua estreia em
novelas, aos 9 anos, em “Selva de Pedra”, e teve seu primeiro
sucesso aos 15, na novela “Dancing Days”. Glória Pires talvez
seja a única atriz brasileira que conseguiu manter-se por mais
tempo, quase 3 décadas, na graça do público e crítica, com 23
novelas e séries, e 10 filmes, realizados até 2008.
Selton Mello começou a carreira artística cantando em pro-
grama de calouros por volta dos sete anos. Logo foi chamado
para fazer comerciais e depois, aos 11 anos, foi selecionado para
sua primeira novela na TV Globo, a “Corpo a Corpo”. Selton
sempre fala, em suas entrevistas, da importância que o apoio de
sua família teve no seu desenvolvimento profissional. Sua famí-
lia, que morava em Minas Gerais, resolveu então mudar-se para
o Rio de Janeiro para que ele pudesse prosseguir na carreira esco-
lhida, ao contrário da maioria dos pais que tenta encaminhar os
filhos para profissões ditas como “mais tradicionais”. Este caso
é raro, mas não único, tem-se outros exemplos de famílias que
137
Mamãe, quero ser modelo!
mudaram de vida para dar apoio a um filho ou filha na carreira
artística. Como já vimos noutro capítulo que falava das verbas
publicitárias das cidades no Brasil, se um grande talento nasce
em uma cidade sem mercado, a mudança se faz necessária ou
não se progride na profissão.
Mas acontece que, no período da adolescência, Selton não
foi mais chamado para trabalhos na TV Globo, e mesmo os co-
merciais escassearam. Dedicou-se, então, ao ofício da dubla-
gem por muitos anos, até que com, aproximadamente, 20 anos,
voltou para a TV. Esta dedicação e perseverança também é co-
mum na história de muitas pessoas que chegaram ao sucesso.
Não é à toa que coloco a vocação e perseverança como fatores
essenciais e determinantes.
A atriz Dig Dutra, que atualmente é contratada da TV Glo-
bo, onde interpreta a personagem “Abadia” do programa Zorra
Total, também é um exemplo de determinação. Dig nasceu e ini-
ciou sua carreira em Curitiba e após ter uma carreira local conso-
lidada, largou tudo e não se importou de recomeçar do zero no
Rio de Janeiro, onde não conhecia ninguém, para tentar alçar um
vôo maior, com possibilidade de ser contratada por uma emisso-
ra de TV e ter seu trabalho reconhecido nacionalmente. Dig con-
seguiu, mas a custo de muito trabalho, talento e determinação.
Foram 2 anos de trabalho e espera para ter sua chance na TV.
Em 2008, surge no Brasil, mais um grande talento infantil;
Maisa Silva. Com 5 anos, conseguiu, em pouco tempo de televi-
são, bater a líder de audiência do horário, por vários anos conse-
cutivos, ninguém menos que a Xuxa.
Maisa foi descoberta aos 3 anos de idade no programa Raul
Gil, em um concurso de dublagem. Encantado com o desemba-
raço da menina, Raul contratou-a para ser uma atração perma-
nente no seu programa. Ela, então, despontou como ótima apre-
138
Carlos N. Andrade
sentadora, atraindo boa audiência para o programa, indo, depois,
para o SBT, que cuidou de sua aparência para ser como uma
Shirley Temple brasileira.
Maisa e Shirley Temple
139
CONCURSOS
Como já vimos nos casos da Angélica e da Brooke Shields,
o concurso de beleza foi um ponto de partida para o início de
suas carreiras. Não que a partir deles houvesse uma divulgação
ou contrato que tivessem impulsionado as carreiras delas, mas
serviram de parâmetro para a percepção de uma possível acei-
tação do mercado. Diferentemente dos concursos de beleza para
adolescentes, patrocinados por grandes agências, que alavancam
carreiras com grandes contratos, os concursos infantis de bele-
za são feitos, basicamente, para a vaidade dos pais que podem,
com seus resultados, sentirem-se estimulados a experimentar,
iniciar ou prosseguir um “passeio” com seu(sua) filho(a) no
mundo publicitário.
A publicidade sempre está em busca dos tipos interes-
santes, e a procura por estes tipos físicos será sempre uma ma-
neira de separarem-se os tipos mais desejados e raros dos mais
comuns. Mas, o tipo não é tudo. A atitude, o comportamento, a
vontade, o desprendimento e o talento também precisam ser
considerados. Por isso, gosto mais dos concursos de interpreta-
ção, onde pode-se verificar tudo isto, além do físico, tornando o
resultado mais próximo do trabalho e não, apenas, julgando-se
a beleza.
Alguns cuidados devem ser observados pelos responsáveis.
O concurso de beleza infantil, sem nenhum objetivo prático, pode
estimular, nas crianças, uma competitividade pela beleza, com
grandes desapontamentos para as perdedoras. Os responsáveis
devem estar atentos e cientes dos efeitos que podem estar cau-
sando nos seus filhos. Não podem se esquecer que a felicidade
não deve ser baseada em beleza e fama.
140
Carlos N. Andrade
“As crianças que pensam que dinheiro suficiente e popularidade
trazem felicidade correm um risco maior de depressão do que
aquelas que acreditam que o dinheiro pode ser uma coisa boa de
ter, mas que sua felicidade vem de seu desenvolvimento pessoal.”
(Dra. Helen Street)
A Dra. Helen Street realizou pesquisa com 402 crianças
australianas, com idades entre 9 e 12 anos.
Os pais devem, também, segundo a especialista, ajudar seus
filhos a acharem o que os façam mais felizes na vida e que nem
tudo gira em torno de fama e dinheiro.
141
DIREITOS, DEVERES E
DOCUMENTAÇÕES
Quais são os direitos e os deveres dos modelos e atores
infantis?
Na maior parte dos municípios brasileiros, como em São
Paulo, os trabalhos, com crianças, transcorrem de uma maneira
simples e descomplicada, bastando, na maioria das vezes, uma
simples autorização dos responsáveis, como me reportou Nyna
Azevedo, a proprietária da agência Best Kids de São Paulo. “Aqui
só exigem autorização dos pais, que fica de posse das produto-
ras”. Pede-se também a inscrição desta criança ou adolescente
em um sindicato de modelos ou atores, como me passou a agên-
cia Vogue, também de São Paulo. Em São Paulo, essas duas cate-
gorias profissionais (atores e modelos) são representadas pelo
mesmo sindicato, o Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetá-
culos de Diversão (SATED). A criança então, deve ser inscrita
na categoria artista- mirim do SATED SP, que cobra uma contri-
buição anual no valor de 50% do salário mínimo.
Cumprida esta exigência que, normalmente, é uma tarefa
das agências de modelos e atores infantis, a criança ou adolescente
já está apta a trabalhar em comerciais e filmes publicitários.
No Rio de Janeiro, existe uma diferença: o SATED cui-
da dos atores e técnicos de teatro e shows e o Sindicato dos
Modelos Profissionais do Rio de Janeiro (SINDMODEL) cui-
da dos modelos.
A criança e o adolescente do Rio de Janeiro (pelo estatuto
da criança e adolescente – ECA, no seu art. 2º, diz: “Considera-
se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa de até 12 anos de
idade incompletos, e adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de
142
Carlos N. Andrade
idade) já têm bem mais complicações que as paulistas. Não podem
participar de nenhum trabalho ou evento público, sem uma autori-
zação do Juizado de Menores, através da expedição de um alvará. O
Juiz Ciro Darlan, quando titular da 1ª Vara da Infância e da Juventu-
de do Rio de Janeiro, tentou proteger, ao máximo, a criança da explo-
ração pelo trabalho infantil e deixou essa regulamentação para o
município do Rio de Janeiro bem diferente da que vigora no restante
do País. Porém, só não conseguiu evitar que as crianças continuas-
sem a ser exploradas em trabalhos ilegais. Por exemplo: as mães que
alugam seus filhos para trabalharem nos sinais de trânsito não preci-
sam tirar alvará; elas não são perturbadas pela fiscalização como
aquelas que permitem que seus filhos trabalhem em publicidade.
Se existe uma lei federal (Lei Federal nº 8.069 – Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA) que proíbe o trabalho infantil, como
pode uma criança ser contratada para trabalhar como atriz em
uma novela, por seis meses? Estas exceções (as permissões para
os trabalhos infantis), concedidas pelo Juizado de Menores sem-
pre quando há necessidade de contratarem-se crianças ou ado-
lescentes para gravações em novelas, comerciais ou qualquer tra-
balho artístico, já deveriam ter uma regulamentação própria. A
falta desta regulamentação faz com que não exista nenhuma di-
ferenciação para os adultos sobre as condições de trabalho des-
tas crianças, como: diminuição da carga de horários, regalias so-
bre horários de alimentação etc.
Então, como se vê, em cada município existe uma
normatização diferenciada. Vamos falar mais do Rio de Janeiro,
onde as exigências são maiores.
Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente
e dá outras providências.
143
Mamãe, quero ser modelo!
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio-
no a seguinte Lei:
Título I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança
e ao adolescente.
Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte
e um anos de idade.
Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direi-
tos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por
lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, es-
piritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimenta-
ção, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cul-
tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência famili-
ar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou
de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas
sociais públicas;
144
Carlos N. Andrade
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, vio-
lência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Capítulo V
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regula-
da por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legisla-
ção de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
seguintes princípios:
I – garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino
regular;
II – atividade compatível com o desenvolvimento do ado-
lescente;
III – horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é asse-
gurada bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,
são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
145
Mamãe, quero ser modelo!
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegu-
rado trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entida-
de governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia
e às cinco horas do dia seguinte;
II – perigoso, insalubre ou penoso;
III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV – realizado em horários e locais que não permitam a
freqüência à escola.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou
não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao ado-
lescente que dele participe condições de capacitação para o exer-
cício de atividade regular remunerada.
§ 1º. Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral
em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes-
soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§ 2º. A remuneração que o adolescente recebe pelo traba-
lho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu
trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre
outros:
I – respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvi-
mento;
II – capacitação profissional adequada ao mercado de
trabalho.
146
Carlos N. Andrade
Como pode-se ver, a lei existe, mas para as emissoras de
televisão e propaganda, é como se não existisse. Crianças
trabalham em horários escolares e à noite, sem nenhuma
diferenciação dos adultos. No Rio de Janeiro, cria-se uma portaria
para se regulamentar o que é proibido.
A PORTARIA Nº 07/2003 da Primeira Vara da Infância e
Juventude do Rio de Janeiro é que regulamenta a participação de
crianças e adolescentes, seguindo o princípio de proteção integral
à criança e ao adolescente preconizado na Constituição da
República Federativa do Brasil, de 05/10/88, e na Lei Federal nº
8.069, de 13/07/90, (o Estatuto da Criança e do Adolescente).
Dele comentamos alguns itens. Vocês não precisam saber de cor
todas as leis, mas é bom conhecerem alguns aspectos ou artigos
dessas leis. Vejamos:
Portaria Nº 07/2003
EMENTA: Disciplina a entrada e a permanência de crian-
ças e adolescentes em locais de diversão, e sua participação em
espetáculos públicos, certames de beleza, eventos artístico-cul-
turais, ensaios e gravações e dá outras providências.
O Dr. SIRO DARLAN DE OLIVEIRA, Exmo. Sr. Dr. Juiz
de Direito Titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude da
Comarca da Capital, no uso de suas atribuições legais, e
CONSIDERANDO o princípio de proteção integral à cri-
ança e ao adolescente preconizado na Constituição da República
Federativa do Brasil, de 05/10/88, e na Lei Federal nº 8.069, de
13/07/90;
CONSIDERANDO que é dever de todos prevenir a ocor-
rência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adoles-
cente;
CONSIDERANDO que a criança e o adolescente têm di-
reito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetácu-
147
Mamãe, quero ser modelo!
los, produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento;
CONSIDERANDO que a participação de crianças e ado-
lescentes até 16 anos em espetáculos públicos só é tolerada por
tratar-se de atividade artística e cultural;
CONSIDERANDO que os pais são os administradores dos
bens dos filhos (artigos 385 do Código Civil e 22 do Estatuto da
Criança e do Adolescente) e devem exercer esse múnus no interesse
das crianças e adolescentes;
CONSIDERANDO que todas as ações da família, do poder
público e da sociedade devem levar em conta na interpretação da lei
os fins sociais, as exigências do bem comum, os direitos e deveres
individuais e coletivos, a condição peculiar da criança e do adoles-
cente como pessoas em desenvolvimento, e sobretudo o interesse
superior das crianças e adolescentes;
CONSIDERANDO a necessidade de adaptar o texto dessa
portaria aos fatos novos e visando a dar maior celeridade aos feitos;
CONSIDERANDO o caráter meramente exemplificativo das
hipóteses previstas no artigo 149 nº I e II da Lei Federal nº 8.069, de
13/07/90, dentre outros,
RESOLVE Revogar as Portarias nº 12/2002 e 04/2003:
Vamos então aos capítulos que interessam ao conteúdo deste
livro:
Capítulo VI
Dos Pedidos de Alvará Judicial
Art. 23. Os requerimentos de alvará devem ser formula-
dos por advogado e dirigidos ao Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da
1ª Vara da Infância e da Juventude com antecedência mínima de
10 (dez) dias úteis.
148
Carlos N. Andrade
Seção I
Do Alvará para Entrada e Permanência
Art. 24. O requerimento de alvará para entrada e perma-
nência de crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou
responsáveis legais, em locais de diversão, deve ser instruído com
as seguintes informações e documentos:
I – Procuração para o advogado;
II – Qualificação completa do promotor do evento, jun-
tando-se cópia da identidade e, em se tratando de pessoa jurídi-
ca, cópia do cartão de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica);
III – Local, data e horário de início e término do evento;
IV – Natureza do evento;
V – Faixa etária pretendida.
VI – Laudo técnico previsto nos artigos 6º, 7º, 9º parágrafo
1º da presente Portaria, quando for o caso.
Seção II
Do Alvará para Participação
Art. 25. O requerimento de alvará para a participação de
crianças e adolescentes, independentemente de estarem acom-
panhados dos pais ou responsáveis legais, em espetáculos públi-
cos, certames de beleza, eventos artístico-culturais, ensaios, gra-
vações e outros deve ser instruído com as seguintes informações
e documentos:
I – Procuração para o advogado;
II – Qualificação completa do promotor do evento, jun-
tando-se cópia da identidade e, em se tratando de pessoa jurídi-
ca, cópia do cartão de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica);
III – Local, data e horário de início e término do evento,
inclusive dos ensaios e gravações;
149
Mamãe, quero ser modelo!
IV – Autorização para participação da criança ou do adoles-
cente no evento requerido e declaração contendo a série, grau e
estabelecimento em que o participante está matriculado e freqüen-
tando aulas, bem como que o mesmo possui atestado médico com
informação de estar em perfeitas condições de saúde física e men-
tal (anexo I - exclusivamente assinada pelo pai, ou mãe, ou tutor
ou guardião, conforme o caso);
V – Sinopse, especificando a participação da criança e/ou
adolescente, quando for o caso;
VI – Cópia do Registro Civil de Nascimento do participan-
te e cópia da carteira de identidade ou CNPJ do promotor do
evento;
VII – Laudo técnico previsto nos artigos 6º, 7º, 9º parágrafo
1º da presente Portaria, quando for o caso;
VIII – O contrato contendo o valor acertado como paga-
mento da participação da criança/adolescente no espetáculo de-
verá ficar arquivado com o promotor do evento, podendo o Juízo
ou o Ministério Público requisitá-lo a qualquer tempo;
IX – Declaração firmada pelo responsável da criança/adoles-
cente de que se compromete a depositar 40% (quarenta por cento)
do valor total do contrato relativo a participação da criança ou ado-
lescente no espetáculo, em conta poupança em nome do mesmo.
§ 1º. O responsável pela criança/adolescente ou o promotor
do evento deverá juntar aos autos do processo, no prazo de 30
(trinta) dias, após a realização do espetáculo, comprovante do de-
pósito em conta poupança efetivado em nome da criança/adoles-
cente, sob as penas da lei.
§ 2º. O valor depositado na forma do inc. IX deste artigo,
somente poderá ser levantado por autorização judicial, após ouvi-
do o órgão do Ministério Público, mediante alvará ou com o ad-
vento da maioridade da criança/adolescente.
150
Carlos N. Andrade
§ 3º. A participação de crianças e adolescentes em ma-
térias jornalísticas, bem como quando estas forem transeun-
tes, não dependerá de alvará judicial, respeitando-se, todavia,
a legislação vigente.
§ 4º. As emissoras de televisão ao requererem alvará para
participação de crianças e adolescentes como figurantes deverão
juntar listagem nominal dos participantes e exigir das agências for-
necedoras de figurantes infanto-juvenis, com as quais contrata-
rem, que as mesmas mantenham arquivo atualizado acerca da re-
gularidade da situação de saúde e escolaridade das referidas crian-
ças e adolescentes, além da autorização dos seus responsáveis.
§ 5º. Na impossibilidade de formular requerimento de alvará
com 10 (dez) dias de antecedência, no caso de figuração de crian-
ças e adolescentes, será suficiente a protocolização de petição in-
formando a gravação de cena de que participarão as mesmas, 48
(quarenta e oito) horas antes de sua realização, com descrição das
cenas, local e horário das mesmas, devendo ainda as emissoras de
televisão, manter à disposição, no local da gravação, a documenta-
ção mencionada no parágrafo anterior.
§ 6º. Os programas de televisão, tais como telenovelas e
minisséries, os quais são escritos ao longo da exibição, mesmo quan-
do autorizados por alvará judicial mediante apresentação de si-
nopse, não poderão permitir a participação de crianças e adoles-
centes em cenas inadequadas exibidas na referida programação,
sob pena de autuação pelo Serviço de Fiscalização deste juízo.
§ 7º. As emissoras de televisão deverão comunicar a este
Juízo a ocorrência de qualquer modificação posterior à concessão
do alvará judicial, relativa ao local, hora e dia de gravação, da qual
participem crianças e adolescentes.
§ 8º. As emissoras de televisão cuidarão para que suas gra-
vações e ensaios não prejudiquem o horário escolar e o lazer de
151
Mamãe, quero ser modelo!
crianças e adolescentes que deles participem, bem como não ul-
trapassem o horário das 22:00 (vinte e duas) horas.
X – As medidas protetivas prevista nos incisos IX, pará-
grafos 1º e 2º também se aplicarão aos jovens atletas que não
tenham completado 18 (dezoito) anos e se encontrarem na con-
dição de amador, sem vínculo contratual com os clubes firmado
diretamente com a representação ou assistência de seus repre-
sentantes legais.
§ 1º. Não terão validade as procurações outorgadas nas quais
os pais transfiram os poderes inerentes ao exercício do poder
parental, bem como direitos fundamentais ligados à pessoa hu-
mana, tais como os direitos da personalidade, que são
intransmissíveis e irrenunciáveis.
§ 2º. Os jovens atletas oriundos de outras Comarcas so-
mente poderão permanecer nos Clubes se apresentarem autori-
zação escrita dos pais e ficarem hospedados na sede do Clube
contratante ou em hospedagem sob a supervisão de funcionário
do mesmo, fato que deverá ser comunicado à autoridade judiciá-
ria no prazo de 5 (cinco) dias de sua chegada.
§ 3º. Os adolescentes permanecerão sob a supervisão de
um assistente social e, obrigatoriamente, matriculados na rede
de ensino fundamental, observadas as regras do artigo 92 do
Estatuto da Criança e do Adolescente...
[...]
Art. 42. A não observância do disposto nesta Portaria sujei-
ta o infrator às sanções previstas na Lei 8.069, de 13/07/90.
Art. 43. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publi-
cação, revogadas as disposições em contrário, em especial a Por-
taria Nº 12/2002 e a 04/2003, expedidas por este Juízo.
152
Carlos N. Andrade
Art. 44. Comunique-se o inteiro teor da presente Portaria
aos Excelentíssimos Srs. Desembargadores Presidentes do Egrégio
Tribunal de Justiça e do Conselho da Magistratura, Corregedor-
Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Governador do
Estado do Rio de Janeiro, Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro,
Coordenadores das Varas da Infância e da Juventude e das
Promotorias da Infância e da Juventude, Defensor Público Geral
do Estado, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil / RJ,
Secretário de Estado de Esporte, Secretário de Ação Social e
Cidadania, Esporte e Lazer, Procurador Geral da Justiça,
Secretário de Estado de Segurança Pública, Secretário de Estado
de Justiça e Direito dos Cidadãos, Presidentes dos Conselhos
Estadual e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
Conselhos Tutelares, Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro, Associação dos Clubes do Estado do Rio de Janeiro,
solicitando a publicação da mesma no órgão de divulgação, e
demais autoridades, encarecendo a necessidade, no interesse do
serviço público, da mais estreita cooperação com a Justiça da
Infância e da Juventude.
Art. 45. Dê-se ciência da presente Portaria às 1ª, 2ª, 3ª, 4ª,
5ª , 6ª , 7ª , 8ª, 9ª, 10ª e Coordenadoria das Promotorias de Justiça
da Infância e da Juventude e aos Defensores Públicos lotados
junto à 1ª Vara da Infância e da Juventude.
REGISTRE-SE, PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE.
Rio de Janeiro, 22 de abril de 2003
Siro Darlan de Oliveira
Juiz de Direito
1ª Vara da Infância e da Juventude
153
Mamãe, quero ser modelo!
Conclusões:
Mesmo que as crianças ou adolescentes estejam acompa-
nhadas dos seus responsáveis, o alvará será obrigatório para: es-
petáculos públicos, certames de beleza, eventos artístico-cultu-
rais, ensaios, gravações e outros.
Os contratantes e responsáveis pela produção ficam en-
carregados de solicitar as documentações e providenciar o alvará.
Eles normalmente têm seus modelos próprios de autorizações e
declarações que repassam para as agências de modelo que, por
sua vez, repassam para o elenco.
Os documentos pedidos aos responsáveis, no Rio de Ja-
neiro, são: cópias da identidade e do cadastro de pessoa física
(C.P.F.) do responsável; autorização de participação e declaração
de depósito em poupança (como você poderá ler melhor no
explicativo abaixo). Da criança ou adolescente, será pedido uma
cópia da certidão de nascimento, um atestado médico recente
(com menos de 3 meses) e, se a criança tiver mais de 6 anos, uma
declaração de escolaridade fornecida pelo estabelecimento de
ensino, onde ela está matriculada. Como algumas escolas cobram
para a emissão desta declaração, aconselhamos não entregar a
original, e sim cópias, para os diferentes trabalhos.
Estes pedidos de documentação acontecerão em todos os
trabalhos que as crianças fizerem, mesmo sendo para o mesmo
contratante, não importando se o período entre uma produção e
outra for muito curto. Os documentos vão para o juizado e não
serão reaproveitados para outras oportunidades, o que se pode
tornar, em certas ocasiões, uma verdadeira gincana pelo curto
espaço de tempo que se tem em determinados casos, entre a de-
cisão dos aprovados e o início do trabalho.
Algumas produtoras do Rio pedem pela documentação
antes de saberem quem foram os aprovados: se num elenco com,
154
Carlos N. Andrade
digamos, 50 crianças, uma delas não entregar qualquer um dos
documentos exigidos para ela, o filme não entrará no ar e isso
seria um prejuízo muito grande para o anunciante. Portanto, dei-
xe, sempre prontas, cópias dos documentos que não vão mudar
com o tempo, como: identidade e CPF do responsável, certidão
de nascimento da criança e, no início do ano, já peça à escola a
declaração de escolaridade.
No anexo 1, expomos um modelo de autorização cedido
pelo Juizado de Menores do Rio de Janeiro, tendo, neste mesmo
documento, uma autorização de participação e uma declaração
de escolaridade e de aptidão física, embora os advogados afir-
mem que a assinatura desta declaração não exclui a
obrigatoriedade de entrega da declaração de escolaridade da es-
cola que a criança frequenta e de um atestado médico.
A declaração do compromisso dos responsáveis pelo de-
pósito do valor exigido pela lei, em caderneta de poupança no
nome da criança, fala que: de todo cachê bruto recebido por
menores de idade, deverá ser depositado o equivalente a 40% do
total do cachê em caderneta de poupança em nome da criança ou
adolescente, devidamente comprovado, só podendo ser retirado,
quando a criança ou adolescente tiver mais de 18 anos. Aos res-
ponsáveis, é justo que caiba o restante do cachê, descontados os
encargos e taxas de agenciamento, para cobrir os gastos que eles
tiveram com cadastros, fotos, cursos, transportes etc... Esta lei é
ótima, por criar um parâmetro, onde os responsáveis saberão as
porcentagens que lhes cabe dos cachês dos filhos e podem ser
ressarcidos por isto, sem crises de consciência por estarem usan-
do uma parte do dinheiro dos filhos.
Pena que não se tenha uma fórmula prática para fiscalizar
estes depósitos e a manutenção deles, enquanto as crianças não
completam a maioridade.
155
Anexo I – Modelo de autorização/declaração para
participação (Art. 25, IV)
156
Carlos N. Andrade
Uma passada pela lei Nº 6.533
Da lei nº 6.533, sobre a regulamentação das profissões de
artistas e de técnicos em espetáculos de diversões.
Alguns artigos:
Art. 2º. Para os efeitos desta lei, é considerado:
I – Artista, o profissional que cria, interpreta ou executa
obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de
exibição ou divulgação pública, através de meios de comunica-
ção de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de di-
versão pública;
Art. 7º. Para registro do Artista ou do Técnico em Espetá-
culos de Diversões, é necessário a apresentação de:
I – diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreó-
grafo, Professor de Arte Dramática, ou outros cursos semelhan-
tes, reconhecidos na forma da Lei; ou
II – diploma ou certificado correspondentes às habilita-
ções profissionais de 2º Grau de Ator, Contra-regra, Cenotécnico,
Sonoplasta, ou outras semelhantes, reconhecidas na forma da
Lei; ou
III – atestado de capacitação profissional fornecido pelo
Sindicato representativo das categorias profissionais e, subsidia-
riamente, pela Federação respectiva.
Art. 8º. O registro de que trata o artigo anterior poderá ser
concedido a título provisório, pelo prazo máximo de 1 (um) ano,
com dispensa do atestado a que se refere o item III do mesmo
artigo, mediante indicação conjunta dos Sindicatos de emprega-
dores e de empregados.
Art. 14. Nas mensagens publicitárias, feitas para cinema,
televisão ou para serem divulgadas por outros veículos, constará
do contrato de trabalho, obrigatoriamente:
I – o nome do produtor, do anunciante e, se houver, da
157
Mamãe, quero ser modelo!
agência de publicidade para quem a mensagem é produzida;
II – o tempo de exploração comercial da mensagem;
III – o produto a ser promovido;
IV – os veículos através dos quais a mensagem será exibida;
V – as praças onde a mensagem será veiculada;
VI – O tempo de duração da mensagem e suas características.
Art. 17. A utilização de profissional contratado por agên-
cia de locação de mão-de-obra, obrigará o tomador de serviço
solidariamente pelo cumprimento das obrigações legais e
contratuais, se caracterizar a tentativa, pelo tomador de serviço,
de utilizar a agência para fugir às responsabilidades e obrigações
decorrentes desta Lei ou de contrato.
Art. 18. O comparecimento do profissional na hora e no
lugar da convocação implica a percepção integral do salário,
mesmo que o trabalho não se realize por motivo independente
de sua vontade.
Art. 19. O profissional contratado por prazo determinado
não poderá rescindir o contrato de trabalho sem justa causa, sob
pena de ser obrigado a indenizar o em pregador dos prejuízos que
desse fato lhe resultarem.
Parágrafo único. A indenização de que trata este artigo
não poderá exceder àquela a que teria direito o empregado em
idênticas condições.
Art. 21. A jornada normal de trabalho dos profissionais de
que trata esta Lei, terá nos setores e atividades respectivos, as
seguintes durações:
I – Radiodifusão, fotografia e gravação: 6 (seis) horas diá-
rias, com limitação de 30 (trinta) horas semanais;
II – Cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6
(seis) horas diárias;
III – Teatro: a partir de estréia do espetáculo terá a dura-
158
Carlos N. Andrade
ção das sessões, com 8 (oito) sessões semanais;
§ 4º. Será computado como trabalho efetivo o tempo em
que o empregado estiver à disposição do empregador, a contar
de sua apresentação no local de trabalho, inclusive o período
destinado a ensaios, gravações, dublagem, fotografias, caracteri-
zação, e todo àquele que exija a presença do Artista, assim como
o destinado a preparação do ambiente, em termos de cenografia,
iluminação e montagem de equipamento.
§ 5º. Para o Artista, integrante de elenco teatral, a jorna-
da de trabalho poderá ser de 8 (oito) horas, durante o período
de ensaio, respeitado o intervalo previsto na Consolidação das
Leis do Trabalho.
Art. 23. Na hipótese de trabalho executado fora do local
constante do contrato de trabalho, correrão à conta do emprega-
dor, além do salário, as despesas de transporte e de alimentação e
hospedagem, até o respectivo retorno.
Art. 24. É livre a criação interpretativa do Artista e do
Técnico em Espetáculos de Diversões, respeitado o texto da obra.
Art. 26. O fornecimento de guarda-roupa e demais recur-
sos indispensáveis ao cumprimento das tarefas contratuais será
de responsabilidade do empregador.
Art. 27. Nenhum Artista ou Técnico em Espetáculos de
Diversões será obrigado a interpretar ou participar de trabalho
possível de pôr em risco sua integridade física ou moral.
Art. 28. A contratação de figurante não qualificado profis-
sionalmente, para atuação esporádica, determinada pela necessi-
dade de características artísticas da obra, poderá ser feita pela
forma da indicação prevista no artigo 8º.
Art. 30. Os textos destinados à memorização, juntamente
com o roteiro de gravação ou plano de trabalho, deverão ser en-
tregues ao profissional com antecedência mínima de 72 (setenta
159
Mamãe, quero ser modelo!
e duas) horas, em relação ao início dos trabalhos.
Art. 33. As infrações ao disposto nesta Lei serão punidas
com multa de 2 (duas) a 20 (vinte) vezes o maior valor de refe-
rência previsto no artigo 2º, parágrafo único da Lei nº 6.205, de
29 de abril de 1975, calculada à razão de um valor de referência
por empregado em situação irregular.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou
resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com
o objetivo de fraudar a Lei, a multa será aplicada em seu valor
máximo.
Desta lei, aprendemos preciosas lições:
1) a criança não pode se profissionalizar como modelo ou
ator antes dos 14 anos de idade, não sendo, então, necessário nem
possível o registro profissional para exercer essas profissões. Após
esta idade, já pode requerer o seu registro profissional, através de
comprovantes de trabalhos (contratos, programas de peças etc).
Com três comprovações de trabalho, já se pode requerer o registro
profissional no sindicato da categoria. O somatório de cursos tam-
bém conta, mesmo que sejam cursos eletivos;
2) o sindicato também pode conceder um registro profissio-
nal provisório com validade de um ano; neste período, a pessoa
terá que comprovar trabalhos para fazer jus ao registro definitivo;
3) um contrato sempre é necessário, tanto para quem con-
trata como para o contratado; é uma garantia para os dois lados;
4) não existe uma lei específica para o trabalho de crianças
em filmes, fotos, desfiles ou propagandas (costuma-se levar em
consideração o estatuto da criança e do adolescente – ECA e a
convenção 138 da Organização Internacional do Trabalho – OIT,
ratificado no Brasil, que permite à autoridade competente, no caso
160
Carlos N. Andrade
o Juizado de Menores, conceder por meio de permissões individu-
ais, exceções à proibição da Lei.). Mas já que trabalham e são mui-
to importantes para a publicidade mundial, por que não regula-
mentar? Então assim, ficamos sujeitos ao bom senso da produção;
5) em publicidade, onde imprevistos sempre acontecem,
são estipuladas, no máximo, 6 horas de trabalho, em estúdio e
locação e, 8 horas, em externas, com tolerância de até 2 horas.
Ainda encontramos muitos produtores que obrigam crianças
pequenas a trabalharem 12 horas seguidas, sem nem ao menos
cogitarem o pagamento de horas extras, mesmo terminando a
filmagem de madrugada.
Não existe uma carga horária diferenciada da, dos adultos,
assim como nenhuma preferência na fila do almoço. Alguns
produtores ainda exigem que as crianças cheguem junto com as
modelos adultas, que perdem horas em maquiagem e cabelos,
enquanto as crianças geralmente não necessitam de nada disso.
Entendendo os contratos.
Quais são as cláusulas que não podem faltar em um contrato?
1) Identificação das partes com as devidas responsabilida-
des, isto é, de um lado, quem assina pelas empresas contratantes
e, de outro, quem assina e responde legalmente pelo menor, caso
o contratado seja menor de idade.
2) Objeto do contrato: este deverá conter:
i. função: ator, modelo etc;
ii. tempo de duração do trabalho (normalmente em publi-
cidade e filmes são dias de gravações; para novelas, pode ser
meses e, em teatro, pode ser por temporadas, dias ou meses);
iii. praça, tempo de veiculação e mídias são sempre menci-
onados em contratos de publicidade, pois são fundamentais para
161
Mamãe, quero ser modelo!
a determinação dos cachês. A praça é onde o comercial vai ser
exibido (município, estado, país..);
iv. tempo de veiculação: como o nome já diz, é o tempo em
que o anúncio estará visível ou audível aos prováveis clientes;
v. tipo de mídia: é o formato da publicidade no qual a ela é
veiculada.
3)Remuneração: quanto se vai receber pelos serviços pres-
tados, (separada em porcentagem, sendo 30% pelo dia de trabalho
e 70%, pelo uso de imagem, o que já fica claro sobre as quantias
que receberá em caso de reveiculação de seu trabalho), o prazo e a
responsabilidade do pagamento, também são itens indispensáveis.
É muito importante frisar novamente que os contratos são
uma garantia para os dois lados: primeiro, que o trabalho vai ser
realizado conforme o combinado e segundo, que tudo que foi acer-
tado irá ser cumprido. Se uma das partes falta ou não cumpre o
prometido, fica realmente muito mais fácil de chegar-se a um acor-
do, se um contrato tiver sido assinado, para ser consultado. Sem
falar que os contratos são comprovantes de trabalhos que a lei
exige para pleitear-se o registro profissional como ator ou modelo.
Em todo caso, você deve sempre ser orientada(o) pela sua
agência, que fará uma verificação de todo o conteúdo do contrato
e pedirá as alterações ao cliente, caso sejam necessárias.
Os deveres e o comportamento profissional
1. Quando chamado para uma seleção ou trabalho, tirar
todas as dúvidas antes de apresentar-se (cliente, veiculação, ho-
rário, cachê, prazo de pagamento, roupa adequada etc.).
2. Procurar manter sempre uma aparência agradável: corte
de cabelos, unhas e pele limpas e roupas adequadas são funda-
mentais.
Obs.: Já vi criança ser barrada no dia da gravação de um
162
Carlos N. Andrade
anúncio de refrigerante pelo fato de sua mãe ter cortado
seu cabelo depois do teste de vídeo; o cliente tinha apro-
vado a criança justamente por ter um corte de cabelo
diferente. Tiveram de chamar, às pressas, outra criança
para aquele papel.
3. Sempre que possível, atualizar as fotos; delas dependem
o seu trabalho. Quanto menor for a criança, mais cedo deverá ser
a atualização (caso ocorra alguma mudança radical neste perío-
do, como corte de cabelos, por exemplo, esta renovação também
se fará necessária, independente da idade). Um modelo ou ator
com fotos antigas, diminui muito suas chances de trabalho, pois
as crianças e adolescentes mudam muito e a agência não tem
certeza de como eles se apresentarão para uma seleção ou para
um trabalho.
4. Documentação: como já vimos neste capítulo, no Rio
de Janeiro, a portaria nº 16/95 da Vara de Menores, que entrou
em vigor em 07/12/95, resolve, no seu artigo 16, que os pais ou
responsável pela criança ou adolescente, para que ele possa par-
ticipar de qualquer evento artístico, deverão apresentar uma sé-
rie de documentos à empresa contratante para que esta provi-
dencie o pedido de alvará, com antecedência de no mínimo 10
dias. São eles: fotocópia do registro civil de nascimento da crian-
ça ou adolescente, comprovante de escolaridade e aproveitamento
escolar, atestado de saúde, autorização dos pais ou responsável e
declaração firmada pelo responsável, comprometendo-se a de-
positar 40% do valor total do contrato relativo à participação da
criança ou adolescente, em conta poupança em nome do mesmo.
Esta documentação será necessária para cada trabalho re-
alizado pelo ator ou modelo. Alguns destes documentos poderão
163
Mamãe, quero ser modelo!
ser previamente providenciados como: atestado escolar, cópia
da certidão de nascimento e identidade e CPF do pai e da mãe. A
autorização é específica para cada trabalho e o atestado médico
tem validade de apenas 3 meses.
5. Ao chegar para uma seleção:
a) apresentar-se à pessoa encarregada pelo elenco, para
anotarem na ordem de chegada;
b) manter sempre o bom humor, apesar da demora que
poderá haver para chegar a sua vez;
c) nunca esquecer o seu nome artístico, nem o nome de sua
agência;
d) estar arrumado(a) adequadamente.
6. Ao chegar para um trabalho, é importante sempre lembrar:
a) ler e conferir se os dados do contrato contêm as mesmas
informações que lhe foram passadas pela agência;
b) ser pontual. Por mais que demore, desde a sua chegada
até que se comece o trabalho, mantenha a calma e não incomo-
de ninguém. Posteriormente, comunique à agência sobre as
horas trabalhadas;
Não chegue antes do horário, apenas seja pontual.
c) estar trajando uma roupa confortável; a criança poderá
ficar com ela durante muitas horas;
d) estar com os cabelos limpos e soltos, sem nenhuma
maquiagem e com as unhas bem cuidadas;
e) quando precisar se ausentar do set, para beber água ou ir
ao banheiro ou necessitar de qualquer outra informação, dirija-se
ao produtor de elenco: este é o profissional contratado para cui-
dar exclusivamente dos modelos e atores.
164
Carlos N. Andrade
7. O modelo/ator deve ser de uma única agência, para evi-
tar problemas entre as agências envolvidas e os responsáveis pelo
agenciado.
8. Ao ser indicado para um teste ou trabalho, a criança fará
contato com produtores e clientes, que poderão chamá-lo direta-
mente para outros testes ou trabalhos. Nesses casos, o correto é
comunicar à sua agência, já que o primeiro contato foi feito por
ela, e, sendo assim, ela tem direito à sua comissão.
165
CACHÊS
Cachê é o nome que se dá ao dinheiro recebido pelo artista
para o pagamento pelo seu trabalho eventual.
Existem trabalhos que pagam à vista, neste caso, quando o
cliente quer negociar um cachê menor. Mas a maioria é paga em
30 dias da data da finalização da produção e sofre deduções da
taxa de agenciamento e encargos. As taxas de agenciamento são,
em média, 20% do valor do cachê, e os encargos, por volta de
15%, porém podem variar, de agência para agência, como tam-
bém de acordo com o tipos de modelo, dentro da mesma agência.
O que determina o valor do cachê para um trabalho de
ator/modelo é, principalmente, a exposição de sua imagem, que
tem peso de 70% do cachê. Esta exposição vai variar dependen-
do dos seguintes fatores:
• o tipo de papel na atuação: protagonista, coadjuvante
ou figuração;
• a mídia utilizada – televisão, internet, outdoor etc. A
mídia contratada é um dos determinantes do público
que vai ter acesso à propaganda. Uma propaganda, vei-
culada na TV aberta, terá, provavelmente, mais público
que outra, que só passa numa TV a cabo. Vai depender
também dos horários em que for veiculada, da quanti-
dade de vezes (inserções) e de quais localizações (pra-
ças) atingidas;
• tempo de veiculação – quanto maior o tempo de ex-
posição de imagem do artista durante um mesmo traba-
lho, este deverá ser mais bem remunerado. Ex.: 6 meses
de veiculação pagará mais que 1 mês de exposição;
• a praça (local ou locais, onde vai ser veiculado), Rio
de Janeiro, Região Norte ou todo Brasil, por exemplo. A
166
Carlos N. Andrade
veiculação em uma localidade de maior população, deverá
pagar mais que em outra, de menor população. Ex.: como
São Paulo é mais populoso, o trabalho veiculado nesta ci-
dade, deverá ser mais bem pago do que em Recife;
• os figurantes, como não têm imagem para veicular,
recebem somente pelo dia de trabalho;
• os contratos de publicidade, como falado acima, são
divididos em dia de trabalho e direitos conexos, isto é,
30% do cachê, os modelos e atores recebem pelo traba-
lho de estarem ali atuando, e 70%, pela autorização para
veicular sua imagem. Portanto, quando é necessário cal-
cularem-se horas extras trabalhadas, este cálculo será
somente sobre os 30% referentes ao dia trabalhado.
Exemplo: cachê de R$ 1.000,00, com 6 horas extras, ima-
ginando-se que, dessas 6 horas extras, 2 horas foram trabalhadas
após as 22 horas.
Para calcular estas horas extras, é necessário verificar so-
bre que valor será feito este cálculo. Isto é: 30% de R$ 1 mil = R$
300,00, que serão divididos por 6 horas = R$ 50,00, por cada
hora. Mas, das seis horas trabalhadas, teve 2 horas após as 22
horas; estas sofrem um acréscimo de 25% de insalubridade e pas-
sam a valer R$ 62,50.
Cachê R$ 1.000,00
4 horas extras normais R$ 50,00 X 4 = R$ 200,00
2 horas extras noturnas R$ 62,50 X 2 = R$ 125,00
Total = R$ 1.325,00
Agora, quando é feito um contrato e este tem de ser reno-
vado, calcula-se o valor desta renovação tendo-se por base os
167
Mamãe, quero ser modelo!
70%, referentes aos direitos conexos, isto é, R$ 700,00 reajus-
tados monetariamente até a data da renovação, calculando-se
que esta renovação será pelo mesmo período e praças do con-
trato original.
Importante: quando seu filho for chamado para uma sele-
ção ou trabalho, tirar todas as dúvidas antes de apresentar-se (cli-
ente, veiculação, horário, cachê, prazo de pagamento, roupa ade-
quada etc.).
branca
169
MAIS DÚVIDAS
Crianças portadoras de necessidades especiais po-
dem ser modelos?
No dicionário, a palavra modelo quer dizer: “Tudo que ser-
ve para ser imitado. Pessoa exemplar”. O que se procura exibir
em propaganda é, geralmente, uma imagem que se identifique
com o seu consumidor em potencial, com o que ele gostaria de
ser ou com o que ele acha que se parece. Por isso, o aspecto físico
é tão valorizado na propaganda e na moda. Pessoas que sofrem
de alguma deficiência física visível não seriam tipos de modelo a
ser seguidos.
Mas existem comerciais, onde são pedidas crianças porta-
doras de necessidades especiais e os produtores de elenco não
recorrem à agências de modelos e, sim, a locais de tratamento ou
escolas especiais, onde podem encontrar material humano em
quantidade suficiente para uma seleção.
Minha filha fez uma filmagem para um comercial. No
fim, com os descontos, o cachê ficou muito baixo. Gostaria
de saber se não existe uma tabela de honorários como em
algumas categorias?
Existem tabelas elaboradas por alguns sindicatos e por
alguns órgãos independentes, assim como, alguns contratan-
tes têm suas tabelas próprias e alguns produtores de elenco
também tem as suas.
Vamos mostrar algumas, lembrando que a maioria destas
tabelas é elaborada para adultos profissionais e as crianças, por
mais que tenham um trabalho similar a um profissional adulto,
certamente não vão receber igual.
170
Carlos N. Andrade
Tabela 1 – SATED RJ
PISOS SALARIAIS PARA ARTISTAS TRABALHADORES
EM EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO (TV)
Valores válidos a partir de 01 de novembro de 2006. Em R$:
Tabela 2 – SATED SP
TABELA PUBLICIDADE MÍDIA ELETRÔNICA
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171
Mamãe, quero ser modelo!
Tabela 3 – SATED SP
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172
Carlos N. Andrade
Tabela 4 – SATED SP
TABELA DESFILE 2004
Tabela 5 – Caras do Reclame SP
Valores Referenciais
Mídia Eletrônica • Atores • Modelos • Atores Mirins
Classificação de Produtos
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173
Mamãe, quero ser modelo!
Detalhes de corpo (nariz, mão, boca, perna, olhos e pés.) R$
700,00+ 20% – Nudez (sob consulta)
CONSIDERAÇÕES GERAIS
ATORES MIRINS O cachê equivale a 40% dos respectivos
valores/categorias.
• Todos os valores referem-se a 01 diária com 08 horas
consecutivas de trabalho, + 30% do total para cada diária
adicional.
• O Ator-mirim corresponde à faixa etária de até 14 anos.
• Os valores referem-se à exclusividade apenas para PRODUTO
concorrente. Para cada produto adicional, acrescer 70%.
• Cachê teste obrigatório, no valor de R$ 30,00 ator, modelo e
ator-mirim, mediante apresentação de DRT.
• FIGURAÇÃO: A imagem não pode ser identificada. Figuração
“A” – R$ 250,00 + 20%. Multidão – R$ 150,00 + 20% por diária
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174
Carlos N. Andrade
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175
Mamãe, quero ser modelo!
Notem que as tabelas são feitas para profissionais com re-
gistro profissional (DRT).
As crianças estão previstas na tabela 4 com porcentagem de
40% dos valores inseridos na tabela, mas esta proporção não é fixa.
Em alguns casos, poderemos encontrar a seguinte sugestão
de ganho: bebês até 3 anos, 30%; crianças até 12 anos, 50%; ado-
lescentes, 70%, do cachê de um profissional. Vai do bom senso do
contratante e da agência da criança não permitir que seu modelo
ou ator trabalhe por cachês muito inferiores aos usuais do merca-
do. Na verdade, a lei da oferta e procura funciona bem neste mer-
cado: onde a procura é bem grande, a oferta pode ser pequena.
Muitas vezes, os próprios responsáveis pelas crianças são os
causadores desse desnível e achatamento dos cachês infantis. Em
várias ocasiões, presenciei atitudes em que a agência era contra o
cachê oferecido, o responsável passou por cima da agência, crian-
do uma indisposição, para aceitar o trabalho.
Fiz um book caríssimo para minha filha; agora nenhu-
ma agência aceita. Por quê?
As agências de modelos infantis normalmente trabalham com
um padrão de foto que é bem diferente da maioria das fotos feitas
pelos estúdios que mais anunciam nos jornais e televisão. As crian-
ças mudam muito e não faz nenhum sentido pagar caro para ter
fotos que logo perderão sua principal função: mostrar como esta
criança está agora. Mas nunca confunda preço alto com qualidade:
as fotos para trabalhos devem ser feitas por profissionais
especializados e, normalmente, as agências trabalham com fotó-
grafos que já conhecem a maneira como elas gostam das fotos.
Meu filho fez uma foto para um encarte. Recebi o
cachê dele, mas a sua foto não foi publicada. Posso proces-
sar a agência ou o contratante?
176
Carlos N. Andrade
Não. O contratante pode utilizar a imagem do contratado
mas não é obrigada a isto e a agência de modelos é apenas um
intermediador, não é o contratante. E por isso não tem nenhum
direito sobre o uso desta imagem.
Existe algum órgão a que eu possa recorrer para sa-
ber sobre idoneidade de uma agência de modelos?
Infelizmente não. Mas deveria haver, já que abusos são
cometidos, diariamente, envolvendo empresas que se passam por
agências apenas para enganar pessoas e tirar seu dinheiro.
Marcaram um teste para minha filha às 14 horas e ela
só foi atendida às 18 horas. Não é um absurdo? Como devo
proceder?
Atrasos acontecem, mas muitos dos produtores de elenco
são desorganizados, não marcam hora ou são inseguros quanto à
aprovação do seu elenco e podem, por isso, convocar mais pes-
soas que o razoável.
Se você tem mais alguma dúvida sobre o trabalho, poderá
escrever para o e-mail [email protected] ou entrar no blog
do livro www.querosermodelo.blog.br e postar sua pergunta
onde temos uma página para suas dúvidas, terei imenso prazer
em responder.
177
CONCLUSÃO
Nesses anos todos em contato com tantas crianças e seus
pais, percebi que todas elas são muito especiais e insubstituíveis
em seus corações e independentemente do perfil físico, emoci-
onal ou desenvolvimento artístico, o amor por elas não é dimi-
nuído por isso.
Os sonhos interrompidos, daqueles pais que não consegui-
ram seguir um caminho próprio, demonstram, ao tentar transferi-
los a seus filhos, que marcaram suas vidas por muitos anos. Estes
atos reafirmam a importância, que nós pais, temos em apoiar
nossos filhos em seus sonhos, e não confundi-los, com os nossos.
Sonhar faz parte da vida, principalmente, para as crianças
que vivem em mundinhos especiais, não se importando, se de
fato, irão seguir esta carreira. Digo-lhes, também pela minha ex-
periência, da gratificação e emoção sentida ao compartilhar e
assistir, o orgulho que algumas crianças sentem em poder de-
monstrar a seus pais, que venceram ou conseguiram realizar aquilo
que sempre sonharam.
Uma certa vez, com o carro parado num sinal de trânsito,
fui abordado por um entregador de folhetos. Era uma propagan-
da de um candidato a deputado que tinha em seu verso uma lista
com 10 itens para se viver bem. Não me lembro de nenhum ou-
tro item, a não ser o décimo, que dizia o seguinte: “Nunca tire o
sonho de ninguém, pois pode ser a única coisa que ela tenha na
vida”. Aquela mensagem caiu como uma pedra em cima de mim.
Naquela época, a minha agência fazia avaliações e eu reprovava
aquelas crianças que, ao meu ver, tinham pouquíssimas chances
de trabalharem em comerciais. A partir daquela data, apenas alerto
sobre suas possibilidades de trabalho naquele momento e, se for
o caso, as oriento sobre como melhorar, mas a decisão de querer
178
Carlos N. Andrade
tentar ou não, passou a ser deles, da criança junto com seus res-
ponsáveis. Vi que poderia estar interrompendo o sonho de mui-
tas crianças e que podemos nos surpreender com a superação de
algumas delas.
O trabalho com crianças é assim, surpreendente e muito
gratificante. A sinceridade, espontaneidade, risadas gostosas, bir-
ras, choros... ficam sempre registrados nas nossas memórias.
Nosso trabalho de agente ou mesmo de produtor de elenco,
tem uma característica muito gostosa que é a “missão” de dar boas
notícias para os aprovados nos testes. Nós, desta forma, nos senti-
mos muito próximos e agraciados, quando conseguimos participar
e colaborar diretamente, na realização de milhares de sonhos.
179
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