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Belo Horizonte 2016 MANDADO DE SEGURANÇA Lei nº 12.016 de 07/08/09 Disciplina o Mandado de Segurança Individual e Coletivo Roteiro de Estudos PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

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Belo Horizonte 2016

MANDADO DE

SEGURANÇA Lei nº 12.016 de 07/08/09

Disciplina o Mandado de Segurança Individual e Coletivo

Roteiro de Estudos

PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA

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MANDADO DE SEGURANÇA

I. CONCEITO - É o remédio constitucional cabível para proteger direito líquido e certo de alguém, pessoa física ou jurídica, violado ou ameaçado, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, por ato ou omissão ilegal ou inconstitucional, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O Mandado de Segurança tem processualidade própria, regulada pela Lei nº 12.016 de 07/08/09 - Lei que disciplina o Mandado de Segurança individual e coletivo, delineada sua aplicação pelo art. 5º, incisos LXIX e LXX da CF.

II - LEGITIMIDADE ATIVA - Têm legitimidade ativa toda pessoa física, pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, sindicato, partido político, entidade e associação de classe – arts. 01º e 21.

Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer uma delas poderá requerer o Mandado de Segurança – art. 1º, § 3º.

III – NATUREZA PROCESSUAL - É ação civil de rito sumário especial, destinada a afastar ofensa a direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através de ordem corretiva ou impeditiva da ilegalidade. Por ser ação civil, mesmo que o ato impugnado seja administrativo, judicial, civil, penal, policial, militar, eleitoral, esta será sempre processada e julgada como ação civil no juízo competente, daí porque não há que se falar em Mandado de Segurança criminal nem eleitoral. IV – ATO DE AUTORIDADE PÚBLICA - Ato de Autoridade pública é toda manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

Autoridade Pública é aquela competente para praticar atos administrativos decisórios, os quais se ilegais ou abusivos, são suscetíveis de impugnação por Mandado de Segurança quando ferirem direito líquido e certo.

Consideram-se atos de autoridade, também, os praticados por representantes

ou órgãos de partidos políticos e os de administradores de entidades autárquicas, bem como os de dirigentes de pessoas jurídicas ou de pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial

praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público – art. 1º, § 2º.

V - DIREITO LÍQUIDO E CERTO - "Direito líquido e certo é aquele que não desperta dúvidas, que está isento de obscuridades, que não precisa ser aclarado com o exame de provas em dilações, que é de si mesmo concludente e inconcusso."

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Assim, Direito líquido e certo é aquele comprovado de plano, sem a necessidade de instrução probatória, comprovados por documentos, jamais testemunhalmente, pois, todas as provas alegadas e permitidas em lei, acompanharão a inicial. Inclui-se a possibilidade de cumulação do pedido de apresentação de documentos retidos pela autoridade coatora – art. 6º, § 1º.

TEIXEIRA FILHO ensina que: "Em sede de Mandado de Segurança, por

conseguinte, será líquido e certo o direito que decorra de um fato inequívoco, cuja existência possa ser plenamente comprovada, em regra, mediante documentos juntados à petição inicial.”

VI - OBJETO - "Visa, precipuamente, à invalidação de atos de autoridade ou à supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito individual ou coletivo, líquido e certo". (Meireles, Hely Lopes, Mandado de Segurança; 17ª Edição, página 23/24, São Paulo, Malheiros, 1996).

Assim, o objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato administrativo específico ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a direito individual ou coletivo, líquido e certo do impetrante, mas, por exceção, presta-se a atacar as leis e decretos de efeitos concretos, as deliberações legislativas e as decisões judiciais para as quais não haja recurso ordinário com efeito suspensivo capaz de impedir a lesão ao direito subjetivo do impetrante.

VII - CABIMENTO – A regra é o cabimento de Mandado de Segurança contra ato de qualquer autoridade, mas a lei excepciona contra ato que comporte recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução; contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; contra decisão judicial transitada em julgado – art. 5º.

Ato de que caiba recurso administrativo, não há obrigação de exaurirem a via administrativa para depois se utilizar da via judicial – Mandado de Segurança. O que não pode ocorrer é a duplicidade dos recursos administrativo e judicial a um só tempo.

O efeito normal dos recursos administrativos é o devolutivo; o efeito

suspensivo depende de norma expressa a respeito. Assim sendo, de todo ato para o qual não se indique o efeito do recurso hierárquico cabe Mandado de Segurança. Mas a lei admite, ainda, Mandado de Segurança contra ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo desde que se exija caução para seu recebimento.

Também não é admitido Mandado de Segurança contra decisão judicial

contra a qual caiba recurso com efeito suspensivo.

VIII - PRAZO PARA IMPETRAÇÃO - O prazo para impetrar a segurança é de 120 dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato impugnado, sendo que o prazo é decadencial, porquanto, não se suspende e nem se interrompe – art. 23.

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Insta salientar que a decadência recai apenas sobre o direito de impetrar o Mandado de Segurança, mas não o direito material ameaçado ou violado, que poderá ser protegido através de ação ordinária, inclusive com pedido de tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar - art. 300, C.P.C) ou de evidência – art. 311, C.P.C.

O pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para a impetração do Mandado de Segurança (Súmula nº 430 do Supremo Tribunal Federal).

Nos atos sucessivos o prazo renova-se a cada ato, e, em se tratando de

omissão ou inércia da administração, este não correrá.

Também prescreve o art. 6º, § 6º que o Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

IX - PARTES - O Impetrante, titular do direito, é a parte autora. O Impetrado, autoridade coatora, é o réu. O Ministério Público é considerado como parte autônoma visto que este é oficiante necessário como fiscal da correta aplicação da lei, jamais como auxiliar da autoridade coatora.

O Impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, órgãos públicos despersonalizados ou universalidades patrimoniais, já que, diferente do habeas corpus, a lei não restringiu seu uso a pessoas humanas.

Já o Impetrado é de regra a autoridade coatora, sujeito passivo, e nunca a

pessoa ou o órgão a que a pessoa representa, haja vista que não vai haver a citação do órgão que a pessoa representa, nem tampouco a instauração do contraditório. Outrossim, a pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade coatora é ente abstrato, e, "como tal não se concretiza por si, seus atos são considerados lícitos (porque estão sempre no mundo da licitude), ilícitos, aí sim, são os atos praticados por aqueles que concretizam de um modo ou de outro os meios para alcançar os objetivos, estatuída por lei para a sua função, entretanto, tal ente jurídico se responsabilizará pelos danos patrimoniais, através de ação direta autônoma ".

Equiparam-se às autoridades, para efeito desta Lei, os representantes ou

órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições – art. 1º, § 1º.

Assim, autoridade coatora é aquela que tenha praticado o ato impugnado ou

da qual emane a ordem para a sua prática – art. 6º, § 3º. X - LITISCONSÓRCIO - É admitido no Mandado de Segurança, por expressa disposição da lei que o regulamenta, (art. 24 da Lei 12.016/09 c/c arts. 113/118, C.P.C) o Litisconsórcio.

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Diante dessa possibilidade, caberá ao juiz, preliminarmente, se ocorrerem as hipóteses estabelecidas nos artigos 113/118 do Código de Processo Civil, determinar, permitir ou negar o ingresso de terceiros no feito.

Admissível, também, o litisconsórcio no Mandado de Segurança coletivo

desde que a pretensão desses intervenientes coincida com a dos impetrantes originários.

No litisconsórcio necessário a causa pertence a mais de um em conjunto e a

nenhum isoladamente, pelo quê a ação não pode prosseguir sem a presença de todos no feito, sob pena de nulidade, devendo o autor tomar as providências para citar o litisconsorte passivo necessário, devendo juntar às cópias da inicial cópias dos documentos que a instruíram, que acompanharão a notificação de cada um dos Réus, sob pena de extinção do processo por ausência de pressuposto processual (arts. 115, parágrafo único e 485, IV do C.P.C).

XI - COMPETÊNCIA - A competência para julgar Mandado de Segurança define-se pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. A Constituição da República e as leis de Organização Judiciária especificam essa competência.

A competência dos Tribunais e Juízos para o julgamento de Mandado de Segurança, injunção e habeas data está discriminada na Constituição da República, e, para a fixação do juízo competente em Mandado de Segurança não interessa a natureza do ato impugnado; o que impõe é a sede da autoridade coatora e sua capacidade funcional, reconhecida nas normas de organização judiciária competentes.

A intervenção da União desloca a competência para a Justiça Federal; Varas

Privativas das Fazendas Públicas, onde houver, farão o deslocamento para estas, devido a sua competência específica.

XII - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - A Constituição da República em seu artigo 5º, inciso LXX, instituiu o Mandado de Segurança Coletivo que poderá ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

O conceito do Mandado de Segurança Coletivo está fundado em dois elementos:

Institucional: caracterizado pela atribuição da legitimação processual a instituição associativa para a defesa de interesses de seus membros ou associados;

objetivo: para defender o interesse coletivo.

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A legitimação é a primeira característica do Mandado de Segurança Coletivo, e, para que uma entidade possa ser reconhecida como representante de uma coletividade, é necessário que sejam:

a) Partidos Políticos que tenham representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou às finalidades partidárias (representação nacional exigida no artigo 17, I da Constituição Federal/88); ou b) organizações sindicais, entidades de classe ou associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial – art. 21.

Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança Coletivo pode ser:

Coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

Individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do Impetrante – art. 21, I e II.

No Mandado de Segurança coletivo a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo Impetrante. Também não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o Impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22.

A liminar somente poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas – art. 22, § 2º.

DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS SCTRICTO SENSU E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Há interesses que não pertencem a alguém especificadamente, pertencem de forma equânime a muitas pessoas. Os interesses difusos diferenciam-se por ter seus titulares indetermináveis unidos por fatos decorrentes de eventos naturalísticos, impossíveis de diferenciar na qualidade e separar na quantidade de cada titular. Ex.: meio ambiente, qualidade do ar, poluição sonora, poluição visual, fauna, flora, etc.

Os interesses coletivos são interesses de um determinado grupo de pessoas que foram unidas por uma relação jurídica única. É uma lesão inseparável na qualidade e quantidade. Ex.: os mutuários da SFH – uma ilegalidade no contrato atinge a todos.

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Os direitos individuais homogêneos caracterizam-se por ser um grupo determinado de interessados, com uma lesão divisível, oriunda da mesma relação fática. Cada um pode pleitear em juízo, mas como o grupo foi lesionado homogeneamente, estes podem recorrer ao litisconsórcio unitário multitudinário ativo facultativo. Ex.: compradores de uma TV com defeito de serie.

XIII - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - No Mandado de Segurança Preventivo, não há ato ilegal, mas, o justo receio do impetrante de sofrer violação em seu direito.

A noção de justo receio se caracteriza como um daqueles conceitos jurídicos indeterminados, variáveis conforme o subjetivismo das pessoas (ainda que a doutrina se esforce para torná-los dotados de maior grau de determinabilidade).

Não há diferença de rito entre o Mandado de Segurança Preventivo e o Repressivo. A lei reguladora do Mandado de Segurança, Lei nº 12.016/09, e a Constituição Federal não exibem qualquer passo processual na ação que possa conduzir à distinção de procedimento.

Havendo ato ilegal, o Mandado de Segurança é repressivo.

XIV - PETIÇÃO INICIAL - A petição inicial deve preencher os requisitos dos arts. 319/321 do C.P.C., e será apresentada em 02 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições - art. 6º.

Importante que a argumentação expendida seja bem fundamentada e os documentos juntados adequados à tese esposada, pois no Mandado de Segurança a prova do direito invocado tem de vir pré-constituída desde logo, pois, regra geral, a petição de ingresso é a única oportunidade do Impetrante se pronunciar na alegada ofensa ao seu direito líquido e certo.

No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em

repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição – art. 6º, § 1º.

Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a

ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação – art. 6º, § 2º. O Mandado de Segurança será denegado nos casos previstos do art. 485, do

C.P.C.

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O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial (120 dias – art. 23), se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito – art. 6º, § 6º.

XV - EMENDA OU INDEFERIMENTO INICIAL - Apresentando a inicial vícios sanáveis, o juiz poderá determinar que o impetrante a emende ou complete no prazo de 15 (quinze) dias, conforme determina o art. 321, do C.P.C.

É facultado ao juiz indeferir de plano a inicial, por decisão motivada, quando não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para sua impetração (120 dias) – art. 10.

Contra a decisão do juiz de primeiro grau que indeferir a inicial caberá

Recurso de Apelação, e, quando a competência do Mandado de Segurança couber originariamente a um dos Tribunais, do ato do relator caberá Agravo Interno para o órgão competente do tribunal que integre - art. 10, § 1º c/c art. 1.021, C.P.C.

O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da

petição inicial – art. 10, § 2º.

XVI - DESPACHO INICIAL, LIMINAR E NOTIFICAÇÃO – Estando em termos a petição inicial, o juiz apreciará o pedido de liminar, caso tenha sido formulado.

A medida liminar é provimento cautelar admitido pela Lei de Mandado de Segurança quando relevantes os fundamentos da impetração e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do Impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica, presentes o Periculum in Mora e Fumus Boni Júris – art. 7º, III.

O pedido de liminar para suspender o ato atacado tem de ser anunciado desde o preâmbulo da inicial. Recomenda a melhor técnica processual, que se crie um tópico específico ao final da peça, iniciando os pedidos, propugnando pela concessão da liminar. Imperioso, para se convencer ao magistrado, um bom fundamento no sentido mais objetivo de que pelas questões de direito que consubstanciaram o writ, que, se porventura não suspenso o ato combatido liminarmente, resultará na ineficácia da futura decisão que conceder aquele Mandado de Segurança.

Ao despachar a inicial o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo

da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações devidas art. 7º, I.

Também ordenará que se dê ciência do feito ao órgão de representação

judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito – art. 7º, II.

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Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza – art. 7º, § 2º.

A intimação da autoridade coatora da liminar concedida é feita pelo meio mais

rápido possível (ofício, telegrama, fax, via postal, telefone ou mandado), que também pode seguir juntamente com o mandado de intimação para prestar informações.

Da decisão de juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá

Agravo de Instrumento (art. 1.015 e seguintes do C.P.C) – art. 7º, § 1º . O art. 4º da Lei 12.016/09 possibilita que, em caso de urgência, observados

os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada, o que também poderá ser feito para notificação da autoridade coatora. O texto original da petição deverá ser apresentado nos 05 (cinco) dias úteis seguintes – art. 4º, § 4º.

Os efeitos da liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a

prolação da sentença - art. 7º, § 3º. Deferida a liminar, o processo terá prioridade para julgamento – art. 7º, § 4º. Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a

requerimento do Ministério Público quando, concedida a liminar, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 03 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem – art. 8º.

As autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da notificação da

medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder – art. 9º.

Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos

autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4º da Lei, a comprovação da remessa – art. 11.

Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do C.P., o não

cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079/50 – Lei de crimes de responsabilidade – quando cabíveis – art. 26.

XVII - INFORMAÇÕES – Notificada a autoridade coatora, está deverá no prazo de 10 (dez) dias prestar as informações sobre o ato ilegal – art. 7º, I.

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Via de regra, essas informações hodiernamente assumem características de

verdadeira contestação, defendendo a integridade formal e material do ato impugnado.

A falta das informações pode importar confissão ficta dos fatos argüidos na inicial, se isto autorizar a prova oferecida pelo impetrante.

XVIII - MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público oficia obrigatoriamente no Mandado de Segurança como fiscal da lei. Será intimado para se manifestar no prazo de 10 dias após o fim do prazo fixado para a autoridade coatora prestar informações - art. 12. XIX - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – Não cabe a fixação de honorários advocatícios em Mandado de Segurança. Caberá a aplicação das sanções previstas no caso de litigância de má-fé – art. 25. XX - SENTENÇA - Findo o prazo para colheita do parecer ministerial, independentemente de prestadas informações pela autoridade coatora ou do parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz dentro de 30 (trinta) dias, para proferir a decisão - art. 12, parágrafo único.

A sentença a ser prolatada no Mandado de Segurança pode ser terminativa, quando extingue o processo sem apreciação do mérito por faltar um dos pressupostos processuais e/ou condições da ação (art. 485, do C.P.C), ou, definitiva, quando julga pela procedência ou improcedência do pedido (art. 487, do C.P.C).

Goza de eficácia mandamental a sentença que dá pela procedência do

pedido. Concedido o Mandado de Segurança, o juiz transmitirá em ofício, por

intermédio do oficial do juízo ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada, podendo, ainda, em caso de urgência, observar o disposto do art. 4º da Lei. XXI - RECURSO VOLUNTÁRIO E DE OFÍCIO - A sentença que denegar ou conceder o Mandado de Segurança, será impugnada através do Recurso de Apelação (art. 14 c/c art. 1.009 do C.P.C), aplicável o sistema recursal do C.P.C., beneficiando o prazo em dobro para recorrer pela Fazenda Pública ou Ministério Público (art. 180 e 183 do C.P.C) e nos casos de litisconsortes com diferentes procuradores (art. 229, do C.P.C).

Julgando procedente o Mandado de Segurança, a sentença que conceder a ordem, obrigatoriamente, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição, ou seja, o juiz na parte dispositiva da decisão, recorrerá de ofício, requerendo, após esgotado o prazo

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para recurso voluntário, a subida dos autos para a instância ad quem a fim de reexame em colegiado art. 14, § 1º - (art. 496, C.P.C).

Apenas a sentença de procedência proferida por juiz singular está obrigada

ao duplo grau de jurisdição e, os acórdãos proferidos em Mandado de Segurança ou aqueles cujas competências são originárias, não se sujeitam a esse regime. Se denegada a segurança, não há necessidade do reexame necessário.

Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos

Tribunais cabe Recurso Extraordinário e Especial, nos casos legalmente previstos, e, Recurso Ordinário, para o STF (art. 1.027, I do C.P.C e art. 102, II, “a” da C.F) ou STJ (art. 1.027, II, “a”, do C.P.C e art. 105, II, “b” da C.F), quando a ordem for denegada – art. 18.

XXII - COISA JULGADA - A coisa julgada pode resultar da sentença concessiva ou denegatória da segurança, desde que a decisão haja apreciado o mérito da pretensão do impetrante e afirmado a existência ou a inexistência do direito a ser amparado.

Não faz coisa julgada, quanto ao mérito do pedido, a decisão que:

apenas denega a segurança por incerto ou ilíquido o direito pleiteado;

a que julga o impetrante carecedor do mandado e a que indefere desde logo a inicial por não ser caso de segurança ou por falta de requisitos processuais para a impetração.

XXIII - EXECUÇÃO – O comando liminar ou sentencial do Mandado de Segurança é para que a autoridade coatora cesse a ilegalidade do ato. Assim, a sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar (art. 7º, § 2º) – art. 14, § 3º.

Na prática é de pouca utilidade o dispositivo, pois, procedente o pedido, e não tendo efeito suspensivo o recurso voluntário ou de ofício, a sentença vigorará até decisão da instância imediata ad quem. Caso mantida a sentença, com o trânsito em julgado, a decisão se consolidará em coisa julgada. Na hipótese de reformada a decisão que julgou procedente o Mandado de Segurança, tornam-se ineficazes os atos praticados depois da interposição do recurso.

XIV - QUESTÕES PROCESSUAIS: Argüição de incidentes: É inadmissível, visto prescindir de prova pré-constituída, perícia para apurar falsidade documental, questões acerca da existência da relação jurídica processual.

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Alteração do pedido ou dos fundamentos: Não é admitido no Mandado de Segurança, pois o que se aprecia no writ não são os fatos, mas a ilegalidade do ato praticado pela autoridade coatora, pois, se estiverem em jogo os fatos, em si, a autoridade coatora poderia repelí-los e beneficiar-se na sua defesa, já que ao impetrante é vedado contra-argumentar nas informações prestadas pela autoridade coatora. Valor da causa: À semelhança das demais causas civis, o Mandado de Segurança exige o arbitramento do valor da causa, cujo montante deve corresponder ao do ato impugnado, quando for susceptível de quantificação, ou, caso negativo, este deve ser estimado.

As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os art. 300, § 3º, do C.P.C – art. 7º, § 5º.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento, cabendo, da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar, agravo ao órgão competente do tribunal que integre – art. 16.

Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o

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acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão – art. 17.

Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus, devendo na instância superior ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator, onde o prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias – art. 20, §§1º e 2º.

O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22, § 1o.

Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé – art. 25.

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LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009.

Disciplina o Mandado de Segurança individual e coletivo e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

§ 2o Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o Mandado de Segurança.

Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar Mandado de Segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade.

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§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Art. 5o Não se concederá Mandado de Segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

§ 4o (VETADO)

§ 5o Denega-se o Mandado de Segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 6o O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;

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II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do Mandado de Segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.

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§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei.

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

§ 3o A sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de Mandado de Segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

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§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre.

Art. 17. Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar Mandado de Segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

Art. 20. Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.

§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização

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sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No Mandado de Segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

§ 1o O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

§ 2o No Mandado de Segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 23. O direito de requerer Mandado de Segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Art. 24. Aplicam-se ao Mandado de Segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 25. Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Tarso Genro

José Antonio Dias Toffoli

BIBLIOGRAFIA:

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Bibliografia Básica: (1) CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. (2) GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, data de edição a mais recente. (3) JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. (4) MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente. (5) MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2007. (6) CRETELLA JUNIOR, José. Prática do Processo Administrativo. Rio de Janeiro: RT, 2007. Paulo: Saraiva, 2007. (7) DIDIER, Fredie Jr. Ações Constitucionais. 3ª ed. Salvador: Podivm, 2008. (8) ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Motivação e controle do Ato Administrativo. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. (9) DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, data de edição a mais recente. (10) FAGUNDES, Miguel de Seabra. O controle dos atos administrativos pelo poder judiciário. 4 ed. Rio de Janeiro. Forense, 1967. (11) FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente. (12) JUSTEN FILHO, Marçal. Concessões de serviços públicos. São Paulo: Dialética, data de edição a mais recente. (13) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo. Mandamentos, 2005. (14) SUNDFELD, Carlos Ari; BUENO, Cássio Scarpinella (Coord.) Direito Processual Público. São Paulo: Malheiros, 2003. (15) WALD, Arnold. Do Mandado de Segurança na prática judiciária. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal de Contagem/MG.

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FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, CNPJ – 00.772.419/0001-61, localizada na Rua Cecildes Moreira Faria, 135 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG., e-mail, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, propor o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR contra ato ilegal do ILMO. PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM – SR. ÉLIO DE SIQUEIRA VALÉRIO PINTO e ILMA. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE CONTAGEM – SRA. CLEUDIRCE CORNÉLIO DE CAMARGOS, ambos localizados na Praça Presidente Tancredo Neves, 200 – Bairro Camilo Alves/Contagem – MG – Edifício-Sede da Prefeitura, e-mail, todos vinculados à Secretaria Municipal de Administração de Contagem, nos termos dos arts. 5º, LXIX, 37, XXI - todos da Constituição Federal e arts. 1º e 7º, III da Lei 12.016/09, Lei 8.666/93 e Lei 8.987/95, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: I – DOS FATOS E DO DIREITO

A Impetrante, com intuito de participar da licitação, apresentou seus documentos de Habilitação e sua Proposta Comercial na forma da Lei e dentro das regras exigidas pelo Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, licitação na modalidade de CONCORRÊNCIA, com critério de julgamento de “MAIOR OFERTA”, com fulcro no art. 15, II da Lei 8.987/95 objetivando a contratação de 02 (duas) empresas, para outorga de CONCESSÃO, para prestação de serviços funerários no Município de Contagem/MG., conforme especificações constantes neste Edital e seus anexos.

Acontece que em sessão de julgamento dos documentos de habilitação,

ocorrida no dia 05/05/2008, a Comissão Especial de Licitação, designada pela Portaria nº 011 de 16/01/2008, com o objetivo de analisar e julgar os documentos apresentados pelas empresas participantes, decidiu inabilitar a empresa Impetrante, sob o argumento de que apresenta composição acionária em comum com a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurando conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame, nos termos do art. 90 da Lei 8.666/93, tendo a Impetrante interposto Recurso Administrativo e Recurso Hierárquico, ambos sem êxito, motivo pelo qual não teve outra solução senão impetrar o presente Mandado de Segurança, com intuito conservar o seu direito de participar do certame, sendo declarada HABILITADA para a citada licitação.

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Ora MM. Juiz, dentre as condições previstas no edital para a participação no

processo licitatório, não há qualquer restrição no sentido de que as empresas interessadas não possam ter sócios em comum, conforme abaixo demonstrado.

II - CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO

2.1. Poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas no Título VII e requisitos exigidos neste instrumento convocatório. 2.2. Participarão da Sessão todos os que tenham protocolados seus envelopes até o horário estipulado no Preâmbulo deste edital. 2.3. As empresas que desejarem poderão se fazer representar nos atos desta licitação mediante pessoa devidamente habilitada por instrumento público ou particular de mandato ou, ainda, pelo instrumento constitutivo da empresa quando for o caso. 2.4. O documento de mandato referido no item anterior deverá descrever quais poderes detém o representante da empresa para este Certame. 2.5. As empresas que não apresentarem representantes ou ainda que o apresentem em desconformidade com este Edital poderão participar da licitação sem que, no entanto, seja considerada qualquer manifestação nas atas elaboradas.

2.6. NÃO PODERÁ PARTICIPAR DA LICITAÇÃO, A EMPRESA: 2.8.1. Suspensa, impedida de licitar ou contratar com a Administração, nos termos do art. 87, III, da Lei 8.666/93; 2.8.2. Declarada inidônea para licitar ou contratar com a Administração, nos termos do art. 84, IV, da Lei 8.666/93; 2.8.3. Com falência declarada, em liquidação judicial ou extrajudicial; 2.8.4. Em consórcio; 2.8.5. E que incidir no disposto no art. 9º da Lei n.º 8.666/93 e no art. 33 da Lei Orgânica do Município de Contagem: Art. 33 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou consangüíneo, até o segundo grau, ou por adoção, e os servidores e empregados públicos municipais, não poderão contratar com o Município, subsistindo a proibição até seis meses após findas as respectivas funções. 2.9. A observância das vedações do item anterior é de inteira responsabilidade do licitante que, pelo descumprimento, se sujeita às penalidades cabíveis.

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Também a Lei 8.666/93 não restringe a participação no processo licitatório de empresas que tenham sócios em comum, e, onde o legislador não restringe, não cabe ao interprete restringir – regra básica de hermenêutica.

Por outro lado, ao contrário do alegado pela Comissão Especial de Licitação,

as empresas FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA – ME e ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, não têm “composição acionária comum”, mas cotas que o sócio CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL possui em ambas as empresas, registrando que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física de seus sócios.

Aliás, a pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais e/ou de patrimônios

que visa a obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como pessoa de direitos e obrigações, sendo certo que a licitação em questão informa que “poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas...”, não fazendo qualquer alusão às pessoas de seus sócios.

II - DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade é um dos princípios fundamentais à formação do próprio Estado de Direito sustentado no império da lei, e, na tripartição dos poderes, possui especificidades no âmbito do Direito Público, onde é mencionado em diferentes dispositivos como, por exemplo, no art. 37 da Constituição no Capítulo VII, que trata da Administração Pública.

A conotação aqui é de estrita vinculação do poder público aos ditames da lei

e do Direito. Resulta, pois, o princípio da legalidade no âmbito do Direito Público num poder-dever que condiciona toda e qualquer ação do administrador público. Mesmo quando este age dentro de seu poder discricionário, onde há uma pequena porção de liberdade de escolha, deve fazê-lo dentro do campo balizado pelo ordenamento jurídico.

A doutrina entende que o art. 4º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, com

as alterações promovidas pelas Leis ns. 8.883, de 08 de junho de 1994, e 9. 648, de 27 de maio de 1998, abre espaço para que todos os que participam da licitação promovida pelos órgãos a que se refere o art. 1º (órgãos e entidades integrantes da Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) tenham direito público subjetivo a que os preceitos da Lei n. 8.666, de 1993 sejam obedecidos.

Assim, o art. 4º da Lei 8.666/93 assegura a todo licitante o direito à fiel

observância dos procedimentos estabelecidos na lei das licitações, a dizer que cada licitante é titular de direito subjetivo que deve ser respeitado pela administração.

Esse fato enseja que cada licitante pode exigir, por via do Mandado de

Segurança, que a Administração se atenha ao cumprimento da Lei em face de incompetência da autoridade, desvio de finalidade, ausência de motivo, fuga ao seu objetivo principal e por falta de forma.

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HELY LOPES MEIRELLES, quanto ao significado do princípio da legalidade, aduz que "o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem-comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso". (“Direito Administrativo Brasileiro" Ed. Revista dos Tribunais, 15ª edição, 1990, página 79).

Assim, não tendo o edital exigido, dentre outras condições, que as empresas

participantes não tenham sócios em comum, bem como a Lei 8.666/93 da mesma forma nada menciona/restringe, não pode a Comissão Especial de Licitação inabilitar a Impetrante sob este argumento, sob pena de ferir o Princípio da Legalidade, ignorando o art. 5º, II da Constituição Federal, que dita que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.", estando, portanto, viciado este ato/decisão, bem como os atos do Ilmo. Presidente da Comissão Especial de Licitação do Município de Contagem– Sr. Élio de Siqueira Valério Pinto e da Ilma. Secretária Municipal de Administração de Contagem – Sra. Cleudirce Cornélio de Camargos, que indeferiram os recursos administrativos aviados.

Lado outro, a Douta Comissão, somente poderia desclassificar uma das

empresas, pecando pelo excesso ao desabilitar ambas, não aplicando a costumeira Justiça ou Lei, pois, ao contrário do alegado, não houve conluio entre as empresas, em face da idoneidade de ambas no mercado de Minas Gerais, tendo ambas real possibilidade de ganhar o certame pela “maior oferta”, favorecendo a Administração do Município de Contagem. III - DA IMPUTAÇÃO DO CRIME TIPIFICADO NO ART. 90 DA LEI 8.666/93 A inabilitação declarada pela Comissão Especial de Licitação imputou à Impetrante o crime tipificado no art. 90 da Lei 8.666/93, alegando que, por ter composição acionário em comum com a ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurou conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame. Ora MM. Juiz, como pode ter conluio pelos simples fato de empresas terem em comum um sócio, apesar destas terem administrações independentes. O que de fato correu é que ambas as empresas têm administração distintas e independentes, localizando-se em municípios diferentes, não tendo a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA tomado ciência prévia da participação da Impetrante no certame. Assim foi leviana a imputação de tão grave crime à Impetrante, desprovida de qualquer prova inequívoca que justificasse sua inabilitação. IV - DA RETIRADA DA EMPRESA ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA DO PROCESSO LICITATÓRIO

Após ser excluída do processo licitatório, a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, peticionou à COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO informando o equívoco da presença de ambas as empresas no processo em face da

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administração independente das empresas, bem como funcionarem em municípios diferentes, o que culminou na falta de comunicação e a sua inscrição no mesmo processo licitário, apesar de não haver qualquer restrição quanto a este fato, concordando, inclusive com sua inabilitação.

" Acontece que, apesar de ter o sócio CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL em comum no quadro societário com a FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA - ME, possui administração independente e está localizada noutro município, motivo pelo qual ocorreu o equívoco de sua participação no mesmo processo licitatório.

Diante do exposto, informa que concorda com sua inabilitação para o processo licitatório, informando que abre mão do prazo recursal.”

Assim, MM. Juiz, se havia algum óbice da participação de empresas que possuíssem composição acionária em comum, este desapareceu com a retirada da empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA. Ademais, não se justifica a inabilitação de ambas as empresas, bastaria a COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO excluir uma delas do certame, sendo ilegal o ato que desabilitou a Impetrante e a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, pois, não encontra amparo no Edital nº 001/2008, nas Leis nº 8.666/93 e 8.987/95, e, muito menos, na Constituição Federal. V - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente demonstrado pela clara violação dos dispositivos legais acima citados.

Por outro lado, o periculum in mora se aflora em face das propostas serem abertas no dia 26/05/08 as 14:00h, e, caso não deferida a liminar, torna-se-a inócuo o presente mandamus – art. 7º, III da Lei 12.016/09. VI - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

a) Seja deferida liminarmente, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, ordem judicial determinando aos Impetrados que incluam a Impetrante no rol das empresas

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habilitadas, incluindo-a na sessão de abertura de propostas, que ocorrerá no dia 26/05/08 as 14:00h, abrindo sua proposta, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem; b) Sejam notificadas as Autoridades Coatoras a fim de que tomem conhecimento desta ação, e, querendo, no prazo legal do art. 7º, I da Lei 12.016/09, prestem suas informações; c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito; d) Seja dada vista ao Ministério Público. e) Seja ao final concedida a segurança, confirmando a liminar acaso deferida, declarando a Impetrante habilitada para participar da licitação, visto que preenche todos os requisitos exigidos no Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, ratificando a tese apresentada.

Dá-se a causa o valor de R$50,00 (cinquenta reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 23 de maio de 2008.

André Luiz Lopes OAB/MG - 70.397

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Belo Horizonte/MG.

ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE CONTRIBUINTES, inscrita no CNPJ - 0000000, com sede na Rua do Sol, 000, conjunto 000, Belo Horizonte/MG., e-mail, há mais de um ano em funcionamento, conforme exige o art. 5º, LXX, “b” da C.F., vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM PEDIDO DE LIMINAR, em favor de seus associados, contra ato ilegal do Sr. CHEFE

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DO DEPARTAMENTO DE RENDAS MOBILIÁRIAS DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, vinculado à SECRETARIA MUNICIPAL DA FAZENDA DE BELO HORIZONTE, encontrado na Avenida Afonso Pena,1.212 – Centro/Belo Horizonte – MG., nos termos dos art. 5º, LXX, “b” da Constituição Federal e arts. 1º, 7º, III e 21 da Lei 12.016/09, pelos fatos e dos fundamentos jurídicos a seguir expostos: I - DA ENTIDADE IMPETRANTE

A Autora é entidade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituída desde 01/01/1990, conforme cópias das certidões inclusas, e tem como finalidade legal e estatutária amparar e defender os direitos e interesses dos contribuintes, seus associados, em conformidade com os parâmetros das normas vigentes. II - DA LEGITIMIDADE ATIVA

A Autora é entidade legitimada para a representação coletiva dos seus associados, com amparo no artigo 5o. LXX, “b” da Constituição Federal e art. 21 da Lei 12.016/09.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXX - o Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

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III - DOS FATOS E DO DIREITO Todos os proprietários de imóveis situados dentro do município de Belo Horizonte, entre eles os associados da Impetrante, como é de conhecimento público, foram notificados para efetivar o pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano - IPTU, relativo ao ano de 2.000 (cópia de algumas notificações inclusas) e, naturalmente serão da mesma forma notificados para pagamento dos IPTUs relativos aos exercícios subsequentes.

Juntamente com a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU, é cobrado de cada um dos contribuintes um outro valor, denominado de "Taxa de Limpeza Pública" consubstanciados em valores encontrados mediante fórmula estampada no artigo 32 da Lei Municipal n. 5.641/89, combinado com o item III da Tabela I, conforme redação da Lei Municipal 7.237/96, em que se utiliza, como um dos parâmetros que constituem sua base de cálculo, a área, em metros quadrados, de cada um dos imóveis.

Ademais, claro, o serviço que dá origem a Taxa de Limpeza Pública não é divisível, logo não se coaduna com o mandamento inserto no artigo 145, II, da Constituição Federal, razão pela qual também se encontra contaminada por vício insanável.

É importante observar que o IPTU, bem como a Taxa de Limpeza Pública, conforme artigos 32, 69 e 70 da Lei Municipal de número 5.641/89, com a redação da Lei Municipal 7.237/96, se utilizam como base de cálculo a área, em metros quadrados, de cada um dos imóveis, senão vejamos:

Art. 32 - A Taxa de Limpeza Pública será calculada de conformidade com a Tabela I anexa a esta Lei e será lançada junto com o IPTU, ou na forma e prazos previstos em regulamento. Tabela I Para lançamento das Taxas Instituídas pelo Município de Belo Horizonte: III - Taxa de Limpeza Pública Por ano, por unidade: 3.1.3 Tipo normal 3.1.3.1. até 100 m2 74,08 UFIR 3.1.3.2. acima de 100 m2 até 200 m2 111,30 Ufirs 3.1.3.3. acima de 200 m2 167,01 UFIRs IPTU Art. 69 - A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel. Parágrafo único - Na determinação da base de cálculo não será considerado o valor dos bens móveis mantidos em

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caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade. Art. 70 - O valor venal do imóvel será determinado em função dos seguintes elementos, tomados em conjunto ou separadamente: I - preços correntes das transações no mercado imobiliário; II - zoneamento urbano; III - características do logradouro e da região onde se encontra o imóvel; IV - características do terreno como: a) área; b) topografia, forma e acessibilidade; V - características da construção como: a) área; b) qualidade, tipo e ocupação; c) o ano da construção; VI - custos de reprodução.

Assim, resta induvidoso que a composição da base de cálculo para incidência da "Taxa de Limpeza Pública" utiliza-se dos mesmos elementos que integra a base de cálculo do IPTU, além de tratar-se de serviço público indivisível.

A Constituição Federal, a seu turno, estabelece no artigo 145:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; § 2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 32, 33 e 77, estabelece, com absoluta clareza, a definição legal de do IPTU, sua base de cálculo e das taxas:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

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Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.

A jurisprudência do STF, pacífica, também se assenta nas teses ora apresentadas e têm reconhecido a inconstitucionalidade de tributos com a mesma base de cálculo e sem obediência a divisibilidade dos serviços.

TAXA DE FISCALIZAÇÃO - MUNICIPIO DE BELO HORIZONTE - PODER DE POLÍCIA - BASE DE CÁLCULO - CF ART 245, II, PARÁGRAFO 2O.- Ilegitimidade da taxa de fiscalização dado que a base de cálculo - incidência ou sobre a área total do imóvel, ou recaindo sobre a área ocupada pelo estabelecimento - faz coincidir, nas duas hipóteses, o elemento fundamental, ou seja, o metro quadrado da superfície do imóvel. A base de cálculo da taxa, no caso, coincide basicamente com a base de cálculo do IPTU: Ilegitimidade constitucional: CF, art. 145, parágrafo 2o. - (STF RE 195.926-6 - 2a. Turma - Relator Min. Carlos Veloso, DJU 12.12.1997) TAXA DE FISCALIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO - BASE DE CÁLCULO VINCULADA A ÁREA OCUPADA PELO ESTABELECIMENTO -IMPOSIBILIDADE. 1. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido do reconhecimento da impossibilidade de utilização de base de cálculo idêntica para a cobrança de tributos distintos. 2. Havendo identidade de base de cálculo da taxa com alguns dos elementos que compõem a do IPTU, resta vulnerado o artigo 145, parágrafo 2o. da Constituição Federal. Agravo Regimental não provido. (STF AGRRE 216.528 -MG - 2a. Turma - Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJU 27.02.1998, pag. 9).

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TAXAS DE LIMPEZA PÚBLICA E DE CONSERVAÇÃO DE VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS. - Classe / Origem RE-199969 / SP RECURSO EXTRAORDINARIO Relator Ministro ILMAR GALVAO Publicação DJ DATA-06-02-98 PP-00038 EMENT VOL-01897-11 PP-02304 Julgamento 27/11/1997 - Tribunal Pleno EMENTA: TRIBUTÁRIO. LEI Nº 11.152, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AOS ARTS. 7O, INCS. I E II; 87, INCS. I E II, E 94, DA LEI Nº 6.989/66, DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA. Inconstitucionalidade declarada dos dispositivos sob enfoque. O primeiro, por instituir alíquotas progressivas alusivas ao IPTU, em razão do valor do imóvel, com ofensa ao art. 182, § 4o, II, da Constituição Federal, que limita a faculdade contida no art. 156, § 1o, à observância do disposto em lei federal e à utilização do fator tempo para a graduação do tributo. Os demais, por haverem violado a norma do art. 145, § 2o, ao tomarem para base de cálculo das taxas de limpeza e conservação de ruas elemento que o STF tem por fator componente da base de cálculo do IPTU, qual seja, a área do imóvel e a extensão deste no seu limite com o logradouro público. Taxas que, de qualquer modo, no entendimento deste Relator, tem por fato gerador prestação de serviço inespecífico, não mensurável, indivisível e insuscetível de ser referido a determinado contribuinte, não sendo de ser custeado senão por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais. Recurso conhecido e provido. (Grifos Nossos)

IV - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente demonstrado pela clara violação dos dispositivos do Código Tributário Nacional e Constituição Federal e pelo reconhecimento jurisprudencial da injuridicididade da cobrança de taxas nos moldes praticados pela Autoridade Coatora.

Por outro lado, o periculum in mora se aflora quando o contribuinte, sendo compelido a pagar taxas indevidas, sob pena de multa, não goza da mesma facilidade de receber o indébito, sujeitando-se, inclusive ao procedimento ordinário e, depois de julgada a demanda, ainda a esperar longos anos pelo ressarcimento via precatórios.

Assim, atendidos os pressupostos do artigo 7º, III da Lei 12.016/09, exigidos

para a concessão de liminar, deve essa ser deferida.

V - DOS PEDIDOS

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Diante do exposto requer a V. Exa.: a) Seja concedida com urgência liminar, após a exigência do art. 22, § 2º da Lei 12.016/09, para suspender os efeitos do artigo 32 da Lei Municipal número 5.641/89, expedindo-se ordem à Autoridade Coatora para, deduzindo as parcelas já eventualmente pagas, emitir novas guias de recolhimento das parcelas mensais do IPTU, para todos os proprietários de imóveis que se identificarem como associados da entidade impetrante abstendo-se de incluir os valores correspondentes à atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a Autoridade Coatora assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao vencimento de cada parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a efetivação dos depósitos judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste juízo, como procedimento liberatório da exigibilidade do tributo, com validade até o julgamento definitivo da demanda, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem; b) Seja notificada a Autoridade Coatora, na pessoa do seu representante legal, à Avenida Afonso Pena, n. 1.212, centro, nesta Capital, para que, no prazo legal, preste a este juízo as informações que entenda importantes ou necessárias à avaliação da segurança reclamada e, em se deferindo a liminar, também para conhecimento e cumprimento da decisão; c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito; d) Seja dada vista ao Ministério Público; e) O deferimento da assistência judiciária, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50. f) Seja concedida a segurança definitiva, ratificando a liminar porventura deferida, para conceder a segurança impetrada, suspendendo-se os efeitos do artigo 32 da Lei Municipal número 5.641/89, culminando com a expedição de ordem dirigida à Autoridade Coatora para, deduzindo as parcelas já eventualmente pagas, emitir novas guias de recolhimento das parcelas mensais do IPTU para todos proprietários de imóveis que se identificarem como associados da entidade impetrante e/ou constem da relação de associados inclusa, abstendo-se de incluir os valores correspondentes à atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a Autoridade Coatora assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao vencimento de cada parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a efetivação dos depósitos judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste juízo, como procedimento liberatório da exigibilidade do tributo;

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 25 de setembro de 2009.

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André Luiz Lopes

OAB/MG – 70.397

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Belo Horizonte/MG.

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MARCEL CARVALHO PAIVA, brasileiro, casado, desempregado, C.P.F – 510.133.445-17, residente na Rua Roberto Coutinho, 120/apto. 202 – Bairro Belvedere/Belo Horizonte – MG., e-mail, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, propor AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, contra o ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público interno, ente federado da República Federativa do Brasil, podendo ser citado na pessoa de seu Procurador Geral, localizado na Avenida Afonso Pena, 1901 – Bairro Funcionários/Belo Horizonte – MG., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DOS FATOS

A Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, órgão da Secretaria de Estado de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, através da Academia de Polícia Civil, no dia 25/06/2008 publicou no Diário oficial o Edital nº 04/08 de Concurso Público de Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, integrante da série inicial da carreira do quadro de pessoal da Policial Civil do Estado de Minas Gerais, cuja inscrição se deu no período de 21/07/08 a 08/08/08.

Conforme o item 3 do Edital 04/08, o concurso público para o provimento das

383 vagas ao cargo de AGENTE DE POLÍCIA tem a previsão de 05 fases, sendo elas:

3.1. São fases do Concurso Público, de caráter eliminatório cada, cuja realização obedecerá a seguinte ordem de sucessão: 3.1.1.Prova de Conhecimentos: objetiva. 3.1.2.Avaliação Psicológica; 3.1.3.Exames Biomédicos e Biofísicos; 3.1.4.Investigação Social; 3.1.5.Curso de Formação Policial (Aspirantado).

O Autor nasceu no dia 17/03/1974 e preenchendo os requisitos exigidos no

Edital nº 04/08, inscreveu-se no concurso, recebendo sua inscrição o nº 37-0, contando, portanto, há época da inscrição, com 33 anos de idade.

A Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais submeteu o Autor e

demais candidatos à prova de conhecimento, avaliação psicológica, exames biomédicos e biofísicos, tendo declarado o Autor apto/aprovado para o Curso de Formação Policial (Aspirantado), conforme comprovam os documentos em anexo, tendo, inclusive, convocado o Autor para a apresentação dos documentos a fim deste efetivar a matrícula no referido curso, cujas exigências estavam previstas no item 11 do Edital 04/08, sendo elas:

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11. CURSO DE FORMAÇÃO POLICIAL: REQUISITOS 11.1. Os requisitos legais para o provimento no cargo de Agente de Polícia, os quais o candidato deverá atender, cumulativamente, são: a) Ser brasileiro (art. 37, I da Constituição Federal e art. 80, I da Lei nº 5.406/69). b) Ter no mínimo 18 (dezoito) anos de idade e no máximo 32 (trinta e dois), à data da matrícula (art. 37, I da Constituição Federal e art. 80, II da Lei nº 5.406/69). c) Estar em dia com as obrigações eleitorais. d) Estar em dia com o serviço militar, para o candidato do sexo masculino. e) Possuir comprovante de conclusão do Ensino Médio, expedido por estabelecimento oficial ou reconhecido.

Contudo, o Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, através da Portaria nº 051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, tornou público o resultado da análise dos documentos e requisitos estabelecidos no Edital nº 04/08 de Concurso Público de Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, da matrícula no Curso de Formação Policial (Aspirantado), realizado no dia 30/03/2010, onde o mesmo indeferiu a matrícula do Autor no referido curso, conforme documento em anexo, convocando as pessoas que tiveram suas matrículas deferidas para o início do curso, que se iniciará no dia 31/03/2010 (quarta-feira) às 13:00 horas na Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, localizada na Rua Oscar Negrão de Lima, 200 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG. Assim, o Autor não teve outra alternativa senão buscar a tutela jurisdicional a fim de buscar a satisfação de seu direito. II - DO ATO ADMINISTRATIVO COMBATIDO No dia 31/03/2010 o Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais – Sr. Cylton Brandão da Matta – através da Portaria nº 051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, tornou público o resultado da análise dos documentos e requisitos estabelecidos no Edital nº 04/08 de Concurso Público de Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, da matrícula no Curso de Formação Policial (Aspirantado), realizado no dia 30/03/2010, onde o mesmo indeferiu a matrícula do Autor no referido curso, conforme documento em anexo, convocando as pessoas que tiveram suas matrículas deferidas para o início do curso, que se iniciará no dia 31/03/2010 (quarta-feira) às 13:00 horas na Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, localizada na Rua Oscar Negrão de Lima, 200 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG. O indeferimento da matrícula do Autor foi motivado pelo fato deste contar hoje com 36 anos de idade, visto que nasceu no dia 17/03/1974, e, portanto, contrariar o malfadado limite de idade de 32 anos fixado no item 11.1.b do Edital nº 04/08.

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III - DA LIMITAÇÃO DE IDADE EM 32 ANOS PREVISTA NO EDITAL Nº 04/08 A Constituição Federal estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (art. 5º, caput), sendo vedada a diferença de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7º, XXX). Entretanto, a própria Constituição prevê que "os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei" (art. 37, I) e que a lei poderá "estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir" (art. 39, § 3º). Desse modo, o limite de idade pode ser observado como critério de admissão em cargos públicos, desde que tal limite esteja de acordo com a natureza e atribuições do cargo em referência e que esteja previsto em lei, tudo dentro de uma razoabilidade. Assim, o que está implícito na malfada limitação de idade (32 anos) é a exigência do vigor físico e mental para o provimento do cargo de Agente de Polícia, que a própria ACADEPOL – realizadora do concurso, verificou ter o Autor quando o aprovou nos exames de capacidade intelectual, psicológica, biomédica e biofísica, credenciando-o ao cargo concorrido, apesar da idade superior aos 32 anos fixados no item 11.1.b do Edital nº 04/08, não havendo razão para o indeferimento de sua matrícula no curso de Formação Policial (Aspirantado). IV - DA APROVAÇÃO DO AUTOR NOS EXAMES DE CONHECIMENTO, PSICOLÓGICO, BIOMÉDICO E BIOFÍSICO CHANCELADA PELA ACADEPOL Conforme se verifica nos documentos em anexo, a ACADEPOL – Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais submeteu o Autor à verificação de sua capacidade intelectual, psicológica, biomédica e biofísica, aprovando-o em todas estas fases do concurso, considerando-o apto ao provimento do cargo de Agente de Polícia, apesar de estar fora do limite de idade de 32 anos, fixado no Edital nº 04/08. Desta forma, pouco importa sua idade para o exercício desta função, pois, a própria ACADEPOL constatou sua boa saúde mental e seu vigor físico, requisitos que julga necessário ao provimento do cargo de Agente de Polícia. Assim, MM. Juiz, se a própria ACADEPOL, que realizou o concurso, aprovou o Autor nos exames de capacidade intelectual, psicológica, biomédica e biofísica, considerando-o apto ao provimento do cargo de Agente de Polícia, não pode agora discriminá-lo em razão do limite de idade de 32 anos fixado no Edital nº 04/08 – item 11.1.b, indeferindo sua matrícula no Curso de Formação Policial (Aspirantado), pois, o que está implícito nesta malfadada limitação de idade é a exigência do vigor físico e mental, que ela própria verificou ter o Autor quando o aprovou nos citados exames realizados nas fases do concurso, não havendo razão para o indeferimento de sua matrícula no curso de Formação Policial (Aspirantado). V - DA JUSTIFICATIVA DE FIXAÇÃO DE LIMITE DE IDADE PARA O CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA

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O objetivo da fixação do limite de idade para o provimento do cargo de Agente de Polícia é explicitado no item 9 do Edital nº 04/08, que trata dos objetivos dos exames biomédicos e biofísicos.

Os EXAMES BIOMÉDICOS têm o objetivo de “aferir se os candidatos gozam de boa saúde física, se não são portadores de doenças, sinais ou sintomas que os inabilitem ao exercício da função policial e, ainda, se possuem acuidade visual e auditiva compatível com a carreira policial.” tendo estes “caráter pré-admissional para o ingresso na carreira de AGENTE DE POLÍCIA da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais” - item 9.4 e 9.4.1 do Edital 04/08.

Já quanto aos EXAMES BIOFÍSICOS, o Edital 04/08 prescreve que “são

relativos à capacidade física, e visam aferir se o candidato apresenta condições de saúde condizentes com o peso, altura e idade, além de capacidade física para suportar os exercícios a que será submetido durante o Curso de Formação e as tarefas típicas do policial civil, especialmente para o cargo de Agente de Polícia.” – item 9.14 do Edital 04/08. Contudo a exigência de limite de idade para inscrição em concurso público deve satisfazer a uma finalidade juridicamente aceitável e relevante, sob pena de se configurar discriminação abusiva, inconstitucional.

As atribuições do cargo de Agente de Polícia estão previstas no item 1 do Edital nº 04/08:

1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 1.1.Descrição sumária das atividades: O AGENTE DE POLÍCIA é o servidor que tem por atribuições as atividades integrantes da ação investigativa para o estabelecimento das causas, circunstâncias e autoria das infrações penais, administrativas e disciplinares e, ainda, o cumprimento de diligências policiais, mandados e outras determinações da autoridade superior competente, contribuindo na gestão de dados, informações e conhecimentos na execução de prisões; a execução de busca pessoal, identificação criminal e datiloscopia de pessoas para captação dos elementos indicativos de autoria de infrações penais; execução de ações necessárias para que a segurança das investigações, inclusive a custódia provisória dos presos no curso dos procedimentos policiais, até o seu recolhimento na unidade responsável pela guarda penitenciária; coleta de dados objetivos pertinentes aos vestígios encontrados em bens, objetos e locais de cometimento de infrações penais, inclusive em veículos, com a finalidade de estabelecer sua identificação, elaborando autos de vistoria, descrevendo suas características e condições, para fins de apuração de infração penal e de trânsito; e coleta de elementos objetivos e subjetivos para fins de apuração de infrações penais, administrativas e disciplinares (art. 4º da Lei Complementar nº 84/05).”

Assim, é desarazoada a fixação de limite de idade para o cargo de Agente de Polícia Civil, visto que este não exige vigor físico diferenciado, tendo o Supremo Tribunal Federal no Enunciado nº 683, se manifestado in verbis:

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"Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7o, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido."

Com efeito, tratando-se de concurso para provimento do cargo de Agente de Polícia, que se refere à polícia judiciária e que, a teor da LC nº 84/05, possui atribuições de natureza eminentemente investigativa e intelectual, a imposição editalícia de limite de idade máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição, em princípio, configura discriminação inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX, da Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de candidatos em razão de idade, mormente porque a própria ACADEPOL os chancelou como aptos/aprovados nos exames de conhecimentos, psicológicos, biomédicos e biofísicos, demonstrando, estes dois últimos, que o Autor está apto ao cargo de Agente de Polícia, independentemente da idade que tem. Certo é que indivíduos que têm idade inferior a 32 anos podem não ter o vigor físico que outros que ultrapassam os 32 anos têm, e, no caso em tela, o Autor demonstrou que, apesar de ter hoje 36 anos, foi considerado apto/aprovado pela ACADEPOL ao provimento do cargo de Agente de Polícia. Ademais, os dispositivos legais em análise até o momento não especificam qual o critério objetivo a justificar o limite etário fixado para o provimento do cargo de Agente de Polícia. Outro fato que merece registro é que no item 1.4.1 do Edital nº 04/08 há previsão para o preenchimento de 39 (trinta e nove) vagas a candidatos portadores de deficiência, observada a exigência de compatibilidade entre a deficiência e as atribuições do cargo, demonstrando, mais uma vez, que a fixação do limite de idade em até 32 anos para o provimento do cargo de Agente de Polícia, sob o pretexto de selecionar candidatos com saúde e vigor físicos, é relativa e insubsistente, pois, até uma pessoa que tem limitações em face de deficiência física pode exercer o cargo de Agente de Polícia.

VI - DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE

IVES GANDRA (1992:154) preleciona que a Constituição Federal de 1988

adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos têm o direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico.

O Mestre ALEXANDRE DE MORAIS (2000:64) registra que a proibição genérica de acesso a determinadas carreiras públicas, tão-somente em razão da idade do candidato, consiste em flagrante inconstitucionalidade, uma vez que não se encontra direcionada a uma finalidade acolhida pelo direito, tratando-se de discriminação abusiva, em virtude da vedação constitucional de diferença de critério

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de admissão por motivo de idade (C.F., art. 7º, XXX), que consiste em corolário, na esfera das relações do trabalho, do princípio fundamental da igualdade (C.F., art. 5º, Caput).

Assim, toma-se irrelevante a discussão axiológica acerca das razões

motivadoras da Administração para a fixação de critérios de admissão em concurso público. É que a Constituição, neste particular, impõe valor retirando do legislador ordinário, do Administrador Público e do próprio intérprete o poder de escolher valores ou critérios dissonantes.

Desta maneira, o Constituinte não permite que se criem requisitos ou critérios

envolvendo idade, ou ainda que se entenda razoável, por motivação metajurídica, a limitação de idade, invocando-se aspectos físicos ou biológicos de discriminação. O texto proíbe, textualmente, qualquer critério nesse sentido, ressalvados, evidentemente, os próprios critérios constitucionais. Assim, a refrega axiológica sobre os benefícios da idade, antepondo ao vigor dos anos à sageza da experiência, resta inteiramente superada.

A pretexto de estabelecer requisitos do cargo, emprego ou função, a lei não

pode prever a diferença no critério de admissão baseada na cor, no sexo, na idade ou no estado civil dos postulantes do cargo. O princípio da isonomia veda expressamente tais distinções que tomam em consideração a pessoa dos candidatos e não as características específicas dos cargos, empregos ou funções.

Portanto, é inconstitucional a limitação de idade prevista no item 11.1.b do

Edital nº 04/08, sendo desigual e discriminatória a imposição de limite de idade, contrariando, assim, o preceituado no art. 7º, XXX, c/c art. 39, § 3º da Constituição Federal, mormente porque esta malfadada limitação é insubsistente em face da aprovação do Autor nos exame intelectual, psicológico, biomédico e biofísico pela ACADEPOL – órgão que realizou o concurso e avaliou os candidatos.

VII - DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL PELA INCONSISTÊNCIA DA FIXAÇÃO DO LIMITE DE IDADE EM 32 ANOS PARA O CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA

Nossos Tribunais vêm entendendo pela falta de razoabilidade na fixação de limite de idade para o provimento do cargo de Agente de Polícia, e que configura, inclusive, discriminação, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX da Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de candidatos em razão de idade, mormente porque aprovados pela ACADEPOL nos exames intelectual, psicológico, biomédico e biofísico. Vejamos:

Número do processo: 1.0024.07.383403-8/001(1) Númeração Única: 3834038-98.2007.8.13.0024 Relator: HELOISA COMBAT Data do Julgamento: 27/11/2007 Data da Publicação: 11/03/2008

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Ementa: ''APELAÇÃO CÍVEL - CONCURSO PÚBLICO PARA O PREENCHIMENTO DE CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITAÇÃO MÁXIMA DE IDADE - ATRIBUIÇÕES DO CARGO - PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO - Em face do disposto nos artigos 7º, XXX, da CF/88, é vedada a imposição de limite de idade para o preenchimento de cargo público, salvo nos casos em que a limitação possa ser justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido, o que não ocorre no concurso público para provimento do cargo de Agente de Polícia Civil, mormente se foi permitida a inscrição e aprovação do candidato em todas as fases do certame, com proibição apenas ao final, após ter freqüentado, com êxito, o curso de formação na Academia de Polícia.- Recurso provido.'' Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR. DERAM PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

Número do processo: 1.0024.07.384138-9/001(1) Númeração Única: 3841389-25.2007.8.13.0024 Relator: HELOISA COMBAT Data do Julgamento: 27/11/2007 Data da Publicação: 11/03/2008 Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - CONCURSO PÚBLICO PARA O PREENCHIMENTO DE CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITAÇÃO MÁXIMA DE IDADE - ATRIBUIÇÕES DO CARGO - PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO- Em face do disposto nos artigos 7º, XXX, da CF/88, é vedada a imposição de limite de idade para o preenchimento de cargo público, salvo nos casos em que a limitação possa ser justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido, o que não ocorre no concurso público para provimento do cargo de Agente de Polícia Civil, mormente se foi permitida a inscrição e aprovação do candidato em todas as fases do certame, com proibição apenas ao final, após ter freqüentado, com êxito, o curso de formação na Academia de Polícia.- Recurso provido. Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR. DERAM PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

Número do processo: 1.0024.09.695318-7/001(1) Númeração Única: 6953187-66.2009.8.13.0024 Relator: EDUARDO ANDRADE Data do Julgamento: 16/03/2010 Data da Publicação: 26/03/2010 Ementa: AÇÃO CAUTELAR - CARÁTER INIBITÓRIO - CONCURSO PÚBLICO PARA AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITE DE IDADE - REQUERIMENTO DE LIMINAR -

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PRESENÇA DO FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA - CONCESSÃO - RECURSO DESPROVIDO - Tratando-se de concurso para provimento do cargo de agente de polícia, que desempenha a função de polícia judiciária e, a teor da LC 84/05, possui atribuições de natureza eminentemente investigativa e intelectual, afigura-se relevante o argumento do impetrante de que a imposição editalícia de limite de idade máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição configura, em princípio, discriminação inconstitucional, não passando pelo crivo da razoabilidade, sendo o caso, portanto, de concessão da liminar. - Presentes os requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora, deve ser deferido o pedido de liminar, - Recurso desprovido. Súmula: REJEITARAM A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO.

Número do processo: 1.0024.07.485588-3/001(1) Númeração Única: 4855883-72.2007.8.13.0024 Relator: EDUARDO ANDRADE Data do Julgamento: 04/11/2008 Data da Publicação: 28/11/2008 Ementa: AÇÃO ORDINÁRIA - CONCURSO PÚBLICO PARA AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITE DE IDADE - DISCRIMINAÇÃO - SÚMULA 683 DO STF. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MAJORADOS. - Tratando-se de concurso para provimento do cargo de agente de polícia, que, diga-se, refere-se à polícia judiciária e que, a teor da LC 84/05, possui atribuições de natureza eminentemente investigativa e intelectual, a imposição editalícia de limite de idade máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição configura discriminação inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX, da Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de candidatos em razão de idade. - Primeiro recurso provido, majorando-se os honorários advocatícios. Segundo recurso desprovido. Súmula: DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E NEGARAM PROVIMENTO SEGUNDO.

Número do processo: 1.0024.07.485588-3/001(1) Númeração Única: 4855883-72.2007.8.13.0024 Relator: EDUARDO ANDRADE Data do Julgamento: 04/11/2008 Data da Publicação: 28/11/2008 Ementa: AÇÃO ORDINÁRIA - CONCURSO PÚBLICO PARA AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITE DE IDADE - DISCRIMINAÇÃO - SÚMULA 683 DO STF. HONORÁRIOS

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ADVOCATÍCIOS MAJORADOS. - Tratando-se de concurso para provimento do cargo de agente de polícia, que, diga-se, refere-se à polícia judiciária e que, a teor da LC 84/05, possui atribuições de natureza eminentemente investigativa e intelectual, a imposição editalícia de limite de idade máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição configura discriminação inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX, da Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de candidatos em razão de idade. - Primeiro recurso provido, majorando-se os honorários advocatícios. Segundo recurso desprovido. Súmula: DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E NEGARAM PROVIMENTO SEGUNDO.

O STF se pronunciou reiteradamente sobre a matéria:

'CONCURSO PÚBLICO - POLICIAL MILITAR - LIMITE DE IDADE - PRECEDENTES - AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE NA EXIGÊNCIA. Os pronunciamentos do Supremo são reiterados no sentido de não se poder erigir como critério de admissão não haver o candidato ultrapassado determinada idade, correndo à conta de exceção situações concretas em que o cargo a ser exercido engloba atividade a exigir a observância de certo limite - precedentes: Recursos Ordinários nos Mandados de Segurança nºs 21.033-8/DF, Plenário, relator ministro Carlos Velloso, Diário da Justiça de 11 de outubro de 1991, e 21.046-0/RJ, Plenário, relator ministro Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça de 14 de novembro de 1991, e Recursos Extraordinários nºs 209.714-4/RS, Plenário, relator ministro Ilmar Galvão, Diário da Justiça de 20 de março de 1998, e 217.226-1/RS, Segunda Turma, por mim relatado, Diário da Justiça de 27 de novembro de 1998. Mostra-se pouco razoável a fixação, contida em edital, de idade máxima - 28 anos -, a alcançar ambos os sexos, para ingresso como soldado policial militar.' (STF - RE-AgR 345598/DF - Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO - Julgamento: 29/06/2005). EMENTA: CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE DELEGADO DE POLICIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. ACÓRDÃO QUE CONCLUIU PELA ILEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA DA IDADE MAXIMA DE 35 ANOS. ALEGADA VIOLAÇÃO AS NORMAS DOS ARTS. 7., INC. XXX, E 37, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Constituição Federal, em face do princípio da igualdade,

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aplicável ao sistema de pessoal civil, veda diferença de critérios de admissão em razão de idade, ressalvadas as hipóteses expressamente previstas na Lei e aquelas em que a referida limitação constitua requisito necessário em face da natureza e das atribuições do cargo a preencher. Existência de disposição constitucional estadual que, a exemplo da federal, também veda o discrime. Recurso extraordinário não conhecido. (RE 140945, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/08/1995, DJ 22-09-1995 PP-30600 EMENT VOL-01801-05 PP-00832)

VIII - DA CONVOCAÇÃO TARDIA DOS CANDIDATOS PELA ACADEPOL – CAUSADORA DE PREJUÍZO AOS CANDIDATOS EM RAZÃO DO LIMITE DE IDADE MM. Juiz, o concurso teve sua inscrição no período de 21/07/08 a 08/08/08, mas somente no dia 31/03/2010 convocou os candidatos aprovados para efetivarem a matrícula no Curso de Formação policial (Aspirantado), causando prejuízo aos candidatos que tinham os 32 anos exigidos no edital há época da inscrição, mas, que por desídia da ACADEPOL, órgão realizador do concurso, hoje têm idade que ultrapassa a malfadada exigência editalícia, não podendo os candidatos serem apenados ou prejudicados pelo descaso e inconsequência do Poder Público.

IX - DA NECESSIDADE DO DEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA INITIO LITIS

Os fatos e fundamentos exaustivamente exposto acima demonstram a prova inequívoca e a verossimilhança dos fatos alegados, razão pela qual se fazem presentes os requisitos legais do art. 273 do C.P.C. A convocação dos candidatos para o Curso de Formação Policial (Aspirantado), que se iniciou no dia 31/03/2010 às 13:00h, conforme Portaria nº 051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, em anexo, torna irrefutável a existência de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, I do C.P.C), decorrente da iminente possibilidade do Autor perder o curso, ou, sua integração tardia culminar na sua eliminação por frequência, conforme previsão editalícia, estando presentes todos os requisitos para a concessão da tutela antecipada ora requerida que, se não deferida, esvaziará o objeto da presente ação.

X - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, o Autor requer a V. Exa:

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I) Seja deferida LIMINARMENTE, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, tutela antecipada para ordenar ao Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais que matricule/inscreva o Autor no Curso de Formação Policial (Aspirantado), independentemente do limite de idade exigido no Edital nº 04/08, permitindo que o mesmo participe desta e demais fases do concurso, até decisão final deste processo, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem, em valor a ser arbitrado por V. Exa; II) a citação do Réu, nos termos do art. 12, I do C.P.C., no endereço constante do preâmbulo desta, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo legal, sob pena de confissão e revelia; III) A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita por se tratar de pessoa pobre na acepção jurídica do termo, conforme declaração em anexo; IV) A intimação do Ministério Público; V) A procedência do pedido inicial, ratificando a tutela antecipada porventura deferida, para anular o ato administrativo que indeferiu a matrícula/inscrição do Autor no Curso de Formação Policial (Aspirantado), consubstanciado na Portaria nº 051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, ordenando ao Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais que matricule/inscreva o Autor no Curso de Formação Policial (Aspirantado), independentemente do limite de idade exigido no Edital nº 04/08, permitindo que o mesmo participe desta e demais fases do concurso, abonando as faltas oriundas do indeferimento da matrícula, e, se aprovado, o direito à nomeação ao cargo público. Em sede de pedido sucessivo, caso não seja deferida a tutela antecipada e julgado tardiamente procedente o pedido, seja o Autor incluído no primeiro Curso de Formação Policial a ser instituído pela ACADEPOL; VI) A condenação do Réu no pagamento das custas e honorários de sucumbência a serem arbitrados por V.Exa.; VII) A produção de prova por todas as modalidades em direito admitidas, especialmente, a documental, testemunhal e pericial. Dá-se à causa o valor de R$500,00 (quinhentos reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 02 de abril de 2010.

André Luiz Lopes

OAB/MG - 70.397 QUADRO COMPARATIVO DA NOVA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA.

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LEI 1.533 DE 21 DEZEMBRO DE 1951 LEI N. 12.016 DE 07 DE AGOSTO DE 2009 (PROJETO DE LEI DA CAMARA N. 125, DE 2006)

ALTERAÇÕES

ART. 1º ART. 1º ART. 1º

Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus, sempre que, ilegalmente ou com abuso do poder, alguém sofrer violação ou houver justo receio de sofre-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação, ou houver justo receio de sofrê-la, por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

acrescentou os termos grifados em roxo

§ 1º - Consideram-se autoridades, para os efeitos desta lei, os representantes ou administradores das entidades autárquicas e das pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas do Poder Público, somente no que entender com essas funções. (Redação dada pela Lei nº 9.259, de 1996)

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do Poder Público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

acrescentou os termos grifados em roxo

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

parágrafo acrescentado ao texto

§ 2º - Quando o direito ameaçado ou violado couber a varias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.

sem alteração

ART. 2º ART. 2º ART. 2º

Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela união federal ou pelas entidades autárquicas federais.

Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

sem alteração

ART. 3º ART. 3º ART. 3º

O titular de direito liquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro, poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, em prazo razoável, apesar de para isso notificado judicialmente.

O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro, poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Fixado prazo de 30 dias, a partir da notificação, para que terceiro se manifeste caso o titular do direito não o faça. Anteriormente, se fixava "prazo razoável".

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

prazo de 120 dias

ART. 4º ART. 4º ART. 4º

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Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos desta lei, impetrar o mandado de segurança por telegrama ou radiograma ao juiz competente, que poderá determinar seja feita pela mesma forma a notificação a autoridade coatora.

Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais, impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

Texto extraído da 1ª parte do art. 4º caput da lei 1.533/51, com o acréscimo de ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência pela autoridade.

Texto extraído da 2ª parte do caput do art. 4º da lei 1.533/51

§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

Fixação de prazo para apresentação da peça original quando impetrado o MS na forma do art. 4º

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

parágrafo acrescentado ao texto

ART. 5º ART. 5º ART. 5º

Não se dará mandado de segurança quando se tratar:

Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

sem alteração

I - de ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução.

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

sem alteração

II - de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou possa ser modificado por via de correção.

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

alterada a redação

III - de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial.

III - de decisão judicial transitada em julgado. alterada a redação

Parágrafo único. O mandado de segurança poderá ser impetrado, independentemente de recurso hierárquico, contra omissões da autoridade, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, após sua notificação judicial ou extrajudicial. (VETADO)

parágrafo acrescentado ao texto

ART. 6º ART. 6º ART. 6º

A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos artigos 158 e 159 do Código do Processo Civil, será apresentada em duas vias e os documentos, que instruírem a primeira, deverão ser reproduzidos, por cópia, na segunda.

A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda, e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

alterada a redação

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Parágrafo único. No caso em que o documento necessário a prova do alegado se acha em repartição ou estabelecimento publico, ou em poder de autoridade que recuse fornece-lo por certidão, o juiz ordenará, preliminarmente, por oficio, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará para cumprimento da ordem o prazo de dez dias. Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. (Redação dada pela Lei nº 4.166, de 1962)

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-lo por certidão, ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.

Suprimida a expressão Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação, que passou a ser o § 2º do projeto de lei

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

redação do parágrafo único do art. 6º da Lei 1.533/51

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

parágrafo acrescentado ao texto

§ 4o Suscitada a ilegitimidade pela autoridade coatora, o impetrante poderá emendar a inicial no prazo de 10 (dez) dias, observado o prazo decadencial. (VETADO)

parágrafo acrescentado ao texto

§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

parágrafo acrescentado ao texto

§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

parágrafo acrescentado ao texto

ART. 7º ART. 7º ART. 7º

Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição entregando-lhe a segunda via apresentada pelo requerente com as cópias dos documentos a fim de que no prazo de quinze dias preste as informações que achar necessárias. (Redação dada pela Lei nº 4.166, de 1962) (Prazo: vide Lei nº 4.348, de 1964)

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;

reduzido o prazo para a autoridade coatora apresentar as informações de 15 para 10 dias, que estava previsto no art. 1º, "a", da Lei 4.348/64, vetado.

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito;

inciso acrescentado ao texto

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II - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido quando for relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida.

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

acrescentou os termos grifados em roxo

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau, que conceder ou denegar a liminar, caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

O art. 5º da Lei 4.348/64 já proibia a concessão de liminar no caso de reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens (assim como a lei 9.494/97 já vedava antecipação de tutela nesses casos). Houve ainda a inclusão de proibição à compensação de créditos tributários (em consonância com o art. 170-A do CTN), e a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da sentença.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Parágrafo acrescentado ao texto

ART. 8º ART. 8º

Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.

Texto do art. 2º da Lei 4.348/64, sendo excluído a parte final - ou abandonar a causa por mais de (20) vinte dias.

ART. 9º ART. 9º

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As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar, remeterão ao ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora, cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Texto semelhante ao do primitivo art. 3º da Lei 4.348/64 (antes da alteração pela lei 10.910/04), porem substittuindo a remessa dos autos ao Procurador Geral da República, por envio do feito ao Advogado Geral da União.

ART. 8º ART. 10 ART. 10

A inicial será desde logo indeferida quando não for caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos desta lei.

A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

Acrescentou os termos grifados em roxo

Parágrafo único. De despacho de indeferimento caberá o recurso previsto no art. 12.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber originariamente a um dos tribunais, do ato de relator caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre.

Ressaltou que quando o MS for de competência originária (TJ), quando houver indeferimento da liminar pelo relator caberá agravo e não apelação

§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

parágrafo acrescentado ao texto

ART. 9º ART. 11 ART. 11

Feita a notificação, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica do ofício endereçado ao coator, bem como a prova da entrega a este ou da sua recusa em aceitá-lo ou dar recibo.

Feitas as notificações, o serventuário, em cujo cartório corra o feito, juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o, a comprovação da remessa.

acrescentou o termos grifados em roxo e alteração da redação

ART. 10 ART. 12 ART. 12

Findo o prazo a que se refere o item I do art. 7º e ouvido o representante do Ministério Público dentro em cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz, independente de solicitação da parte, para a decisão, a qual deverá ser proferida em cinco dias, tenham sido ou não prestadas as informações pela autoridade coatora.

Findo o prazo a que se refere o inciso I do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.

Alterado o prazo para o MP opinar que passou a ser de 10 dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.

Desmembramento do caput do art. 10 da lei 1.533/51, alterando o prazo para a decisão de 5 dias para 30 dias.

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ART. 11 ART. 13 ART. 13

Julgado procedente o pedido, o juiz transmitirá em ofício, por mão do oficial do juízo ou pelo correio, mediante registro com recibo de volta, ou por telegrama, radiograma ou telefonema, conforme o requerer o peticionário, o inteiro teor da sentença a autoridade coatora.

Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.

alterada a redação, sem modificação do sentido

Parágrafo único. Os originais, no caso de transmissão telegráfica, radiofônica ou telefônica, deverão ser apresentados a agência expedidora com a firma do juiz devidamente reconhecida.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no art. 4o desta Lei.

alterada a redação, com o mesmo sentido

ART. 12 ART. 14 ART. 14

Da sentença, negando ou concedendo o mandado cabe apelação. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)

Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

sem alteração

Parágrafo único. A sentença, que conceder o mandado, fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, podendo, entretanto, ser executada provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

desmembramento do § 1º do art. 12 da lei 1.533/51

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

parágrafo acrescentado ao texto

§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.

desmembramento do § 1º do art. 12 da lei 1.533/51

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

Texto do art. 1º da Lei 5.021/66

ART. 13 ART. 15 ART. 15

Quando o mandado for concedido e o Presidente do Tribunal, ao qual competir o conhecimento do recurso, ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o Tribunal a que presida. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)

Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

Texto semelhante ao do art. 4º da lei 4..348/64, exceto pelo prazo fixado pelo novel diploma em 5 dias.

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§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

Texto do § 1º art. 4º da lei 4.348/64

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o §1º deste artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

Parágrafo acrescentado ao texto

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Parágrafo acrescentado ao texto

ART. 14 ART. 16 ART. 16

Nos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos demais tribunais caberá ao relator a instrução do processo.

Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Alterada a redação

Parágrafo único. Da decisão do relator, que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre.

Parágrafo acrescentado ao texto

ART. 17 ART. 17

Nas decisões proferidas em mandado de segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data do julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente de revisão.

Artigo acrescentado ao texto

ART. 18 ART. 18

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Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Artigo acrescentado ao texto

ART. 15 ART. 19 ART. 19

A decisão do mandado de segurança não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

A sentença ou o acórdão que denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

Alterada a redação

ART. 16

O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

ART. 17 ART. 20 ART. 20

Os processos de mandado de segurança terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas-corpus. Na instância superior deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir a data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.

Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

alterada a redação

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.

Texto da segunda parte do art. 17 da lei 1.533/51

Parágrafo único. O prazo para conclusão não poderá exceder de vinte e quatro horas, a contar da distribuição.

§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.

alterado o prazo de conclusão que passou de 24 horas para 5 dias

ART. 21 ART. 21

O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Texto do art. 5º, LXX, "a" e "b" da Constituição Federal de 1988

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

parágrafo acrescentado ao texto

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I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

inciso acrescentado ao texto

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

inciso acrescentado ao texto

ART. 22 ART. 22

No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

artigo acrescentado ao texto

§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.

parágrafo acrescentado ao texto

§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

parágrafo acrescentado ao texto

ART. 18 ART. 23 ART. 23

O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos cento e vinte dias contados da ciência, pela interessado, do ato impugnado.

O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

sem alteração

ART. 19 ART. 24 ART. 24

Aplicam-se ao processo do mandado de segurança os artigos do Código de Processo Civil que regulam o litisconsórcio. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)

Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Alterada a redação. Os artigos do CPC se referem ao litisconsórcio

ART. 25 ART. 25

Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Artigo acrescentado ao texto

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ART. 26 ART. 26

Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Artigo acrescentado ao texto

ART. 27 ART. 27

Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária deverão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da sua publicação..

Artigo acrescentado ao texto

ART. 20 ART. 28 ART. 28

Revogam-se os dispositivos do Código do Processo Civil sobre o assunto e mais disposições em contrario.

Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

ART. 21 ART. 29 ART. 29

Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação.

Revogam-se a Lei no 1.533, de 31 de dezembro de 1951; a Lei no 4.166, de 4 de dezembro de 1962; a Lei no 4.348, de 26 de junho de 1964; a Lei no 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973; o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974; o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982; e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

TERMOS ACRESCENTADOS AO TEXTO TEXTO ACRESCENTADO À NOVA LEI

PROMULGADA A LEI N. 12.016, DE 7/8/2009 - PUBL. EM 11/8/2009 - VETADOS PELO PRESIDENTE O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 5º E O PARÁGRAFO 4º DO ART. 6º