43
Renato Barth Pires Juiz Federal Mestre em Direito pela PUC/SP Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA

MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA · Cuida-se de Recurso Ordinário contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que declinou da sua competência para

  • Upload
    dokhanh

  • View
    223

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Renato Barth Pires

Juiz Federal

Mestre em Direito pela PUC/SP

Professor da Faculdade de Direito da PUC/SP

MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA

Fundamento constitucional

Constituição Federal

“Art. 5º (...).

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança

para proteger direito líquido e certo, não

amparado por habeas corpus ou habeas data,

quando o responsável pela ilegalidade ou abuso

de poder for autoridade pública ou agente de

pessoa jurídica no exercício de atribuições do

Poder Público; (...)”.

Regulamentação

Lei nº 12.016/2009 (LMS)

Admissibilidade

1. Direito líquido e certo– “certo quanto à sua existência e determinado

quanto à sua extensão” ?

– “manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração”?

Direito líquido e certo

– Fatos certos – prova documental

– Protesto por provas?

– LMS: Art. 6º (...). § 1º No caso em que o documento necessário à

prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público

ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou

de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição

desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para

o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão

extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da

petição. § 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a

própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da

notificação (...)”.

– PA extraviado? CPC arts. 399, I e III, 400.

– Especificar o fato que se pretende provar.

Admissibilidade

2. Ilegalidade ou abuso de

poderPosso discutir inconstitucionalidade?

“Mandado de segurança contra lei em

tese” (Súmula 266 do STF) X Mandado

de segurança preventivo (“justo

receio”).

Admissibilidade

3. Autoridade pública

4. Não amparado por habeas corpus ou habeas data:

– “Art. 5º (...).

– LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; (...).

– LXXII - conceder-se-á habeas data:

– a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

– b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; (...)”.

Legitimidade ativa

Precisa ser o titular do direito (individual ou coletivo) líquido e certo (art. 18 do CPC).

Espólio? – art. 112 da Lei nº 8.213/91.

Estrangeiros?

Incapazes: representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores (art. 71 do CPC). LOAS?

Representado por Advogado: arts. 1º, I e 5º da Lei nº 8.906/94; art. 103 a 105 do CPC.

Ministério Público: art. 32, I, da Lei nº 8.625/93; art. 6º, VI, da Lei Complementar nº 75/93

Defensoria Pública: art. 4º, IX, da Lei Complementar nº 80/94, com a redação dada pela LC 132/2009 .

Legitimidade passiva

1) Autoridade pública– Normas gerais ou execução concreta?

Gerente Executivo do INSS

Chefe da Agência da Previdência Social (APS)

2) Agente de pessoa jurídica no exercício de

atribuições do poder público

Pessoa jurídica? INSS?

Órgão? Gerência, Chefia?

Procurador Federal (do INSS)? Ciência do art. 7º, II da

LMS

Legitimidade passiva

Erro na indicação da autoridade apontada como coatora:

– Extinção?

– Emenda da inicial (art. 321 NCPC)

– Teoria da encampação: a) houver vínculo hierárquico entre a autoridade erroneamente

apontada e aquela que efetivamente praticou o ato ilegal;

b) a extensão da legitimidade não modificar regra constitucional de competência;

c) for razoável a dúvida quanto à legitimação passiva na impetração; e

d) houver a autoridade impetrada defendido a legalidade do ato impugnado, ingressando no mérito da ação de segurança

Legitimidade passiva

Litisconsórcio passivo no mandado de

segurança:

– LMS, art. 24; CPC, art. 115.

– Litisconsórcio passivo necessário:

Notificação autoridade e citação litisconsorte (pensão).

Art. 115, parágrafo único, CPC – pena de extinção

Sentença ineficaz (I): art. 506 CPC (efeitos entre partes)

Rescisória por violação literal de lei (art. 966, V, CPC –

ou querella nullitatis).

Outras restrições quanto ao cabimento do MS

1. Ato passível de recurso ou correição– Súmula 267 do STF estabelece que “não cabe mandado de

segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.

– Art. 5º da Lei nº 12.016/2009: não cabe mandado de segurança “de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução”, assim como de “decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”.

– Recurso administrativo: mero “cabimento”?

– Omissão?

– Indeferimento do benefício?

1. Ato passível de recurso ou correição

MS contra ato judicial?

– Não cabe se contra a decisão couber recurso com possibilidade de atribuir efeito suspensivo.

– Ex.: decisão interlocutória do art. 1.015 do CPC.

– Se não estiver: sem preclusão, discussão na apelação ou contrarrazões de apelação (art. 1.009 do CPC).

– E se causar dano grave? Ex. indeferimento de oitiva de testemunha muito idosa ou

doente;

Declínio de competência para o JEF?

1. Ato passível de recurso ou correição

STJ:

MS contra ato judicial é cabível:– 1) Decisão manifestamente ilegal ou teratológica;

– 2) Decisão contra a qual não caiba recurso;

– 3) Para atribuir efeito suspensivo a recurso que não o tem;

– 4) Quando impetrado por terceiro prejudicado por decisão judicial.

Outras restrições quanto ao cabimento doMS

2. Decisão judicial transitada em julgado.

– Súmula nº 268 do STF: “não cabe mandado de

segurança contra decisão judicial com

trânsito em julgado”.

– Art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009.

– Prestígio da coisa julgada (desconstituída por

ação rescisória ou ação anulatória – art. 966,

“caput” e § 4º do CPC).

Outras restrições quanto ao cabimento doMS

3. Efeitos patrimoniais:

– Súmula nº 271 do STF: “Concessão de mandado

de segurança não produz efeitos patrimoniais em

relação a período pretérito, os quais devem ser

reclamados administrativamente ou pela via

judicial própria”.

– Súmula nº 269 do STF: “O mandado de

segurança não é substitutivo de ação de

cobrança”.

Competência

A competência para julgar o mandado de segurança firma-se de acordo com a categoria da autoridade impetrada, bem como por sua sede funcional.

Trata-se de hipótese de competência absoluta e, como tal, deve ser declarada de ofício pelo Juiz.

Em matéria previdenciária, a grande maioria dos mandados de segurança é impetrada contra atos de autoridades do INSS (Chefe da Agência de Previdência Social, Gerente Executivo do INSS, etc.). Como o INSS é uma autarquia federal, os mandados de segurança serão processados e julgados pela Vara da Justiça Federal com jurisdição sobre a autoridade impetrada (art. 109, VIII, da Constituição Federal de 1988).

Atenção para o domicílio (sede funcional) da autoridade impetrada: a identificação correta do local em que a autoridade impetrada exerce suas funções pode alterar o Juízo competente para processar e julgar o mandado de segurança (divisão em Subseções Judiciárias).

Competência delegada? Art. 109, §§ 3º e 4º da CF.

Competência

A competência para julgar o mandado de segurança firma-se de acordo com a categoria da autoridade impetrada, bem como por sua sede funcional.

Trata-se de hipótese de competência absoluta e, como tal, deve ser declarada de ofício pelo Juiz.

Em matéria previdenciária, a grande maioria dos mandados de segurança é impetrada contra atos de autoridades do INSS (Chefe da Agência de Previdência Social, Gerente Executivo do INSS, etc.). Como o INSS é uma autarquia federal, os mandados de segurança serão processados e julgados pela Vara da Justiça Federal com jurisdição sobre a autoridade impetrada (art. 109, VIII, da Constituição Federal de 1988).

Atenção para o domicílio (sede funcional) da autoridade impetrada: a identificação correta do local em que a autoridade impetrada exerce suas funções pode alterar o Juízo competente para processar e julgar o mandado de segurança (divisão em Subseções Judiciárias).

Competência delegada? Art. 109, §§ 3º e 4º da CF.

Competência

Pode impetrar no domicílio do impetrante?

“1. Tratando-se de mandado de segurança impetrado contra autoridade pública federal, o que abrange a União e respectivas autarquias, o Superior Tribunal de Justiça realinhou a sua jurisprudência para adequar-se ao entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, admitindo que seja aplicada a regra contida no art. 109, § 2º, da CF, a fim de permitir o ajuizamento da demanda no domicílio do autor, tendo em vista o objetivo de facilitar o acesso à Justiça. Precedentes: AgInt no CC 153.138/DF, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 22/2/2018; AgInt no CC 153.724/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Seção, julgado em 13/12/2017, DJe 16/2/2018; AgInt no CC 150.269/AL, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Seção, julgado em 14/6/2017, DJe 22/6/2017. 2. Agravo interno a que se nega provimento.(AgInt no CC 154.470/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2018, DJe 18/04/2018).

Competência

– Mandado de segurança e o Juizado Especial Federal

Lei nº 10.259/2001: “Art. 3º (...) § 1º Não se incluem na

competência do Juizado Especial Cível as causas: I - referidas

no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as

ações de mandado de segurança, de desapropriação, de

divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por

improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou

interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; (...)”.

Mas: pode caber MS contra ato do juiz do JEF, que será

julgado pela Turma Recursal: Súmula 376 do STJ: “Compete

à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança

contra ato de juizado especial”; STF, RE 586.789

(repercussão geral).

Competência

– Em uma única situação o mandado de segurança contra ato do JEF deve ser impetrado perante o Tribunal Regional Federal: quando o objeto do mandado de segurança é a própria competência do JEF. Nesse sentido é o seguinte julgado da Terceira Seção do TRF 3ª Região:

– “(...). 5 - Deve-se destacar que a E. Corte Especial do C. Superior Tribunal de Justiça excepcionou esse entendimento apenas para as hipóteses de controle sobre a competência dos Juizados, deixando expressamente consignado que esse julgamento ‘não altera o entendimento anterior deste Tribunal, que veda a utilização do writ para o controle do mérito das decisões desses juizados’. 6 - Reconhecida a incompetência, os autos devem ser remetidos à Turma Recursal competente, nos termos do art. 113, §2º, do CPC. Agravo regimental prejudicado” (MS 0034321-90.2010.4.03.0000, Rel. Des. BAPTISTA PEREIRA, DJF3 10.5.2011).

– “CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA DECISÃO DE TURMA RECURSAL. DISCUSSÃO SOBRE OS LIMITES DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. 1. Cuida-se de Recurso Ordinário contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que declinou da sua competência para apreciar Mandado de Segurança em que o INSS discute os limites de competência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar demanda cujo valor exorbita o patamar máximo estipulado em lei. 2. O acórdão hostilizado apreciou matéria diversa da pretensão deduzida na inicial, pois a hipótese de Mandado de Segurança voltado contra o mérito da decisão judicial não se confunde com a espécie dos autos, em que o INSS se utiliza do writ para discutir os limites da competência absoluta do Juizado Especial. 3. ‘A Corte Especial do STJ, no julgamento do RMS 17.524/BA, firmou o posicionamento de que é possível a impetração de Mandado de Segurança com a finalidade de promover controle da competência dos Juizados Especiais’ (RMS 26.665/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 21/8/2009). 4. Decisão recorrida que se mostra contrária à orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça. Competência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para processar e julgar o Mandado de Segurança ajuizado pelo INSS. 5. Recurso Ordinário provido” (STJ, ROMS 201200878464, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE 06.12.2013)

Competência

Mandado de segurança e acidente do trabalho:

– As ações relativas a acidente do trabalho são, via de regra, de competência da Justiça Estadual, o que decorre da regra do art. 109, I, parte final, da Constituição Federal[1].

– Isso só não ocorre, exatamente, no caso do mandado de segurança. Para o Superior Tribunal de Justiça, o critério relativo à natureza da autoridade impetrada prevalece sobre a natureza da relação jurídica de direito material.

[1] “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; (...)”.

Mandado de segurança e o terceiro prejudicado

Situação bastante específica é a do terceiro, estranho a uma relação processual, que acaba sendo alcançado por uma decisão judicial proferida naqueles autos. É o caso típico do pensionista que tem seu benefício cancelado (ou reduzido) por força de decisão proferida em feito de que não é parte.

Este terceiro tem duas possibilidades a examinar. a primeira é a de interpor o recurso que, normalmente seria cabível contra aquela decisão, isto é, agravo, apelação, etc. (art. 996 do NCPC).

A segunda possibilidade é a de impetrar diretamente o mandado de segurança contra o ato judicial, o que é plenamente admissível, conforme a Súmula nº 202 do STJ: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso”.

A escolha não deve ser aleatória, ao contrário, precisa ser bem ponderada, a começar pelos prazos (do recurso ou do mandado de segurança), das custas ou do preparo (quando for o caso), da possibilidade de produzir provas, etc.

Procedimento do mandado de segurança

Prazo: 120 dias, contados da ciência do

ato.

Súmula nº 632 do STF: “É constitucional

lei que fixa prazo de decadência para

impetração de mandado de segurança”.

Decadencial ou prescricional?

Procedimento do mandado de segurança

Forma de impetração: requisitos do art. 319 CPC; em caso de urgência, pode ser por “telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada” (art. 4º LMS).

Liminar: requisitos

– fundamento relevante”

– e “do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida”

Procedimento do mandado de segurança

Cabe tutela de evidência no MS? CPC:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração

de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da

parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver

tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do

contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto

custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos

do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

Procedimento do mandado de segurança

Recurso contra decisão que aprecia pedido de liminar:

– Agravo de instrumento (art. 7º, § 1º, LMS).

Liminar vigora até a sentença (art. 7º, § 3º LMS; Súmula 405 do STF);

Informações e ciência ao representante judicial da pessoa jurídica (Gerente Executivo/Chefe da APS e Procurador Federal).

Parecer do MPF e sentença.]

Procedimento do mandado de segurança

O que fazer se juiz indefere a liminar, TRF reforma no agravo de instrumento e a sentença é de improcedência?

Súmula nº 405 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária”.

CPC 1973:

– a) interpor o recurso de apelação e requerer seja ele recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo; se a apelação for recebida só no efeito devolutivo, interpor agravo de instrumento contra essa decisão (art. 522 do CPC/73); ou

– b) interpor o recurso de apelação e, imediatamente depois, propor uma ação cautelar diretamente no Tribunal (art. 800, parágrafo único, do CPC/73), com a finalidade de restabelecer o benefício até o julgamento da apelação.

Atenção: com o CPC de 2015, o juízo de admissibilidade da apelação não é mais feito em primeiro grau de jurisdição (art. 1.010, § 3º), mas pelo próprio Tribunal e, como regra geral, a apelação tem efeito suspensivo (art. 1.012).

Quando não tem, formular pedido específico; petição avulsa (dirigida ao Tribunal, se entre a interposição e a distribuição da apelação no TRF, ou ao Relator, se já distribuído) ou nas próprias razões da apelação.

Regras do CPC ou da LMS?

Procedimento do mandado de segurança

Recursos

O recurso cabível contra a sentença proferida no mandado de segurança é a apelação, que deve ser interposta no prazo de 15 (quinze) dias úteis, no caso do impetrante, ou de 30 (trinta) dias úteis, no caso do INSS.

A sentença proferida no mandado de segurança, em caso de procedência, estará obrigatoriamente sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório (art. 14, § 1º, da Lei nº 12.016/2009). A forma em que a norma está redigida (“obrigatoriamente”) parece impedir que se aplique ao mandado de segurança a dispensa da remessa oficial para as causas de valor certo até 1000 (mil) salários mínimos, no caso da União e de suas autarquias (caso do INSS) – art. 496, § 3º, I, CPC.

A Lei nº 12.016/2009, de forma inédita, também estendeu a possibilidade de recurso à autoridade impetrada. Assim, poderão apelar da sentença não só o impetrante e o Procurador Federal que representa o INSS em Juízo, mas também a autoridade impetrada e o próprio Ministério Público.

Procedimento do mandado de segurança

Descumprimento das decisões:– Crime de desobediência: art. 26 LMS

– Infração penal de menor potencial ofensivo: art. 69, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, depois da lavratura do termo circunstanciado, não se imporá prisão em flagrante ao autor do fato se ele comparecer ao Juizado ou firmar compromisso de que irá comparecer.

– O Juiz do mandado de segurança (não criminal, portanto) pode decretar a prisão da autoridade impetrada? Não se trata da “autoridade judiciária competente” exigida pela Constituição Federal (art. 5º, LXI).

– O que fazer? Representação ao Ministério Público para as providências criminais cabíveis, e:

– a) aplicar multa de até 20% sobre o valor da causa, por ato atentatório à dignidade da justiça, (art. 77, §§ 1º a 5º, do CPC);

– b) representar ao MPF para apuração da ocorrência de ato de improbidade administrativa, capitulado no artigo 11, II, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), para o qual está prevista a sanção de perda do cargo (art. 12, III, da Lei nº 8.429/92, combinado com o art. 132, IV, da Lei nº 8.112/90);

– c) representar ao superior hierárquico da autoridade impetrada para apuração da proibição funcional estabelecida no art. 117, IV, da Lei nº 8.112/90 (“opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;”);

– d) representar à Advocacia-Geral da União para fins de eventual ajuizamento de ação civil de reparação de danos causados a terceiros pela demora no cumprimento da ordem judicial (art. 122 da Lei nº 8.112/90).

MS em matéria previdenciária

Para efeito de sintetizar e examinar casos práticos,separamos esta parte do estudo em três temas:

– a) casos em que o mandado de segurança não écabível;

– b) casos em que o mandado de segurança,ainda que cabível, envolve riscos que precisamser ponderados; e

– c) casos em que o mandado de segurança é aprimeira e melhor escolha.

MS não é cabível

1. Casos em que ultrapassado o prazo decadencial de 120 dias

Observações importantes:

a) o prazo em questão não é contado da prática do ato, mas da data em que o impetrante teve ciência desse ato;

b) nos casos em que houve indeferimento administrativo e o segurado interpôs recurso administrativo com efeito suspensivo, o prazo de 120 dias não é contado da ciência do indeferimento, mas da ciência do resultado do julgamento do recurso; se o recurso administrativo não tiver efeito suspensivo, o prazo é contado da primeira decisão.

c) há duas situações em que não há como calcular o prazo de 120 dias: nos casos de omissão da autoridade administrativa em praticar determinado ato, ou de mandado de segurança preventivo. Em ambas, como ainda não existe nenhum ato praticado, não há termo inicial para contagem desse prazo. Assim, é impossível falar em decadência do direito de impetrar mandado de segurança.

MS não é cabível

2. Casos em que os fatos não sãocomprováveis por meio de documentos:– Exemplos:

1) Benefício por incapacidade que foi indeferidoporque não constatada a incapacidade para otrabalho.

2) Faltou carência ou qualidade de segurado(cuidado com a DII).

3) Não admissão de vínculo anotado em CTPS.

4) Prova de atividade rural:

– Arts. 55, § 3º e 106 da Lei nº 8.213/91; Súmula 169 doSTJ

MS é cabível, mas precisa ser avaliado, em

concreto, se é o meio mais recomendado.

Concessão de benefício que envolva o

pagamento de valores atrasados.

– Súmulas 269 e 271 do STF

– Avaliar o caso concreto.

O caso dos honorários de advogado

Aposentadoria especial (ou contagem de

tempo especial) Prova documental?

MS é preferível a qualquer outra ação

1. Excesso de prazo para decisão ou para julgamento dorecurso:

– Art. 5º, LVIII, da CF/88: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, sãoassegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam aceleridade de sua tramitação”.

– Art. 174 do Decreto nº 3.048/99: “o primeiro pagamento do benefícioserá efetuado até quarenta e cinco dias após a data da apresentação,pelo segurado, da documentação necessária à sua concessão”. Oparágrafo único do mesmo artigo determina que esse prazo fica“prejudicado” “nos casos de justificação administrativa ou outrasprovidências a cargo do segurado, que demandem a sua dilatação,iniciando-se essa contagem a partir da data da conclusão das mesmas”.

– Art. 49 da Lei nº 9.784/99: “concluída a instrução de processoadministrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir,salvo prorrogação por igual período expressamente motivada”.

– Atenção: verificar reais chances de sucesso na via administrativa.

MS é preferível a qualquer outra ação

2. Violação a uma das garantias

constitucionais do processo (devido

processo legal, contraditório, ampla defesa,

proibição de provas obtidas por meios

ilícitos, etc.): Recusa imotivada à produção de provas;

Recusa de dar cumprimento ao acórdão da Junta de

Recursos

MS é preferível a qualquer outra ação

3. Cerceamento das prerrogativas legais dos Advogados

Dificuldades para ter vista dos autos e retirá-los em carga;

Submissão a filas e senhas limitadas

Prévio agendamento, etc.

Titular do direito: é o Advogado, não o cliente.

MS é preferível a qualquer outra ação

Cessação do benefício por suspeita de fraude sem processoadministrativo formal, ou em desrespeito às garantiasconstitucionais do processo, ou mesmo depois de decorrido oprazo legal para revisão do ato de concessão.

Art. 69 da Lei nº 8.212/91: determinou ao INSS que institua um “programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes”. O dispositivo legal em questão prevê que haja notificação do beneficiário para apresentar defesa, no prazo de 30 dias, juntando os documentos de que dispuser. Depois disso, o INSS deverá decidir, mantendo o benefício (caso não haja nenhuma irregularidade), ou cancelando-o, caso entenda que a defesa foi insuficiente ou improcedente.

Art. 11 da Lei nº 10.666/2003

Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Súmula 60 TFR: “A suspeita de fraude na concessão de benefício previdenciário não enseja, de plano, a sua suspensão ou cancelamento, mas dependerá de apuração em procedimento administrativo”.

Art. 103-A da Lei nº 8.213/91: Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

MS é preferível a qualquer outra ação

O art. 101 da Lei nº 8.213/91, por sua vez, prevê apossibilidade de suspensão do auxílio-doença e daaposentadoria por invalidez nos casos em que osegurado não se submete ao tratamento médico gratuitoprescrito (exceto cirurgia e transfusão de sangue). Outraspossibilidades de revisão, como essas, também estãoprevistas nos arts. 70 e 71 da Lei nº 8.212/91 Porimposição das mesmas garantias constitucionais dodevido processo legal, da ampla defesa e docontraditório, essa suspensão deve ser precedida daoportunidade de o segurado se manifestar sobre oassunto e, se for o caso, justificar o ocorrido.

MS é preferível a qualquer outra ação

Art. 46 da Lei nº 8.213/91: a

aposentadoria por invalidez do

segurado que voltar voluntariamente a

exercer atividade remunerada será

“automaticamente cancelada”.

Links úteis

Jurisdição das Varas Federais

http://www.trf3.jus.br/trf3r/index.php?id=3076

Agências do INSS e respectivas vinculações:

http://www010.dataprev.gov.br/enderecoAPS

/mps1.asp