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MANDATO XI
ATA Nº. 14/2015
SESSÃO ORDINÁRIA DE 27 DE NOVEMBRO DE 2015
Aos vinte e sete dias do mês de novembro do ano de dois mil e quinze, nesta
cidade de Braga, no Auditório da Empresa InvestBraga, pelas vinte e uma horas,
reuniu, em sessão ordinária, a Assembleia Municipal de Braga, sob a
Presidência da Senhora Hortense Lopes dos Santos, com a assistência do Senhor
Serafim Figueiral Rebelo, como Primeiro Secretário e do Senhor João Manuel
Tinoco Ribeiro da Silva, como Segundo Secretário. MAIORIA LEGAL - A SRª.
PRESIDENTE DA MESA comunicou que havia quórum, tendo-se verificado a
presença de setenta e dois membros. ESTIVERAM PRESENTES OS
SEGUINTES MEMBROS: João Alberto Granja dos Santos Silva, Maria do
Pilar Araújo Teixeira, Bento Duarte da Silva, Hugo Alexandre Lopes Soares,
João Filipe Monteiro Marques, Maria Ester da Silva Taveira, Domingos da Silva
Abreu, Natacha Sofia Miranda Fontes, Rui Manuel Martins Ribeiro Leite, João
Vasconcelos Barros Rodrigues, Arlindo Henrique Lobo Borges, Carlos Alberto
Sousa Duarte Neves, Maria Isabel Magalhães Mexia Monteiro da Rocha,
Gonçalo Nuno Lopes de Castro Pimenta de Castro, Manuel Maria Beninger
Simões Correia, Sílvia Maria Rodrigues de Oliveira, José Marcelino da Costa
Pires, Ilda de Fátima Gomes Esteves Carneiro, Pedro Miguel Pereira de Sousa,
Ana Paula Enes Morais Pereira, Bento Ferraz Gomes de Faria, Cláudia Patrícia
Serapicos Alves, Sebastião Marques Quarenta, José António de Oliveira Rocha,
Marta Filipa Azevedo Ferreira, Rui Sérgio Ferreira da Silva Dória, José Manuel
Lopes Ferreira, Manuel António Gomes Pinto, Francisco Marques de Oliveira,
Carla Maria da Costa e Cruz, Raúl Alfredo Cardoso Peixoto da Silva, Bruno
André Ferreira Gomes da Silva, Bárbara Seco de Barros, Manuel Carlos
Ferreira da Silva, Paula Cristina Barata Monteiro da Costa Nogueira, Agostinho
Fernando Monteiro Fernandes, José Manuel Ribeiro Afonso, Luís Filipe Paiva
da Mota Pedroso, João José da Costa Pires, Manuel Jorge Costa Pires, Eva
Paula Sousa, José Manuel Ferreira Gomes, António Araújo Fonseca Veiga, José
Maria Machado Silva, Fernando Alberto Oliveira Costa Silva, João da Silva
Oliveira, Manuel António Veiga de Carvalho, Carolina Nogueira Vilaça
Teixeira, Marco Paulo Ferreira de Oliveira, João António de Matos Nogueira,
Augusto Vieira de Carvalho, Sérgio Filipe de Sá Antunes Oliveira, Manuel da
Silva Dias, Ricardo José Pintos dos Anjos Ferreira, José Magalhães Soares
Gomes, Manuel de Azevedo Martins, Fernando José Ferreira Peixoto, João
Lamego Moreira, José António Vieira Peixoto, Hilário Fernandes Lopes, Carlos
Alberto Ferreira de Sá, Romeu Gomes, António Martins de Araújo, Mário José
Reis Vieira, Emiliano Renato Araújo Noversa, Alexandre José de Sá Vieira,
Manuel Pereira de Faria, Marcelino Moreira de Sá e José Manuel Gomes
Martins. SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DE MANDATO: A Assembleia, em face
dos pedidos apresentados, deliberou aceitar a suspensão de mandato dos
seguintes membros: Filomena Maria Beirão Mortágua Sousa Freitas Bordalo,
Américo dos Santos Afonso, Rosa Maria Macedo da Cunha, Paulo Alexandre
Lopes de Carvalho Viana, Alexandre Amoedo da Cruz Lourenço, Adelino da
Costa Correia, Mário Alexandre Peixoto Gomes, Tânia Correia da Cruz, José
João Pereira Correia, Luís Jorge Vaz Santos Antunes Coelho, Nuno Álvaro
Freitas Barbosa de Alpoim, Rui Alberto Alves de Sousa e Silva, João Gilberto
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Dias Sousa, Carlos Joel Barbosa Pereira, Catarina Lourenço Ribeiro e Diana
Sofia de Sá Carneiro Gonçalves Basto. FALTARAM OS SEGUINTES
MEMBROS: Vítor Manuel de Sousa Leite Cibrão Coutinho, Joaquim de
Oliveira Rodrigues e Carmindo João Costa Soares. Passou-se depois ao
PERÍODO DE INTERVENÇÃO ABERTO AO PÚBLICO. Neste período
registou-se a intervenção da SRª. LUÍSA DA CONCEIÇÃO RODRIGUES DE
CASTRO, para informar que estava a intervir em nome da sua empresa
Bragataxis, a qual tinha alguns problemas com a Divisão de Trânsito, que os
ignorava e recusava a resolvê-los. Tinha já reclamado por escrito, por mail, mas
não resolvia os seus problemas. Havia uma separação entre os taxistas da
cidade e os das aldeias, que eram constantemente descriminados. Queria que
isso se resolvesse. Queria que a sua licença da freguesia de São Mamede fosse
para junto do restaurante “Gato”, para se aproximar mais da população e que a
sua licença da freguesia de Sobreposta fosse para a freguesia de Tenões. Já
tinha feito o pedido várias vezes e ainda não lhe resolveram o problema. Pediu
ainda aos Presidentes das Juntas de Freguesia o parecer, o qual foi positivo.
Mas, mesmo assim, nomeadamente a Divisão de Trânsito, ainda não resolveu a
situação. Tinha uma empresa e queria criar postos de trabalho. Era esse o apelo
que hoje ali deixava, que a Câmara Municipal não demorasse tanto tempo a
resolver os problemas das pessoas e das empresas. Registou-se depois a
intervenção do SR. JÚLIO LOPES, que disse ser munícipe desta cidade há
trinta e cinco anos, sentindo-se como um filho adotivo da cidade e que gostava
muito de cá viver, achando ser espetacular viver em Braga. Vivia na periferia da
cidade de Braga e preocupava-o a instalação de infraestruturas de rede ou fibras
óticas por parte das empresas de comunicações, designadamente, a “Nós”, a
Vodafone, a Meo, e outras, tornando o aspeto muito pouco cuidadoso, sendo
horrível ver cabos a passar pelo céu de uma forma desregulada. Desconhecia
quem regulava tal situação. Já esteve em favelas e nem mesmo aí isso acontecia.
Morava em Parada de Tibães, tendo feito lá um investimento e feito sacrifícios
para instalar a sua família fora do circuito urbano com a intenção de lhe dar
alguma qualidade de vida, mas porque também prezava muito a natureza.
Constatou que neste último verão proliferaram cabos de eletricidade, da “Nós”,
da Vodafone, da Meo e não conseguia compreender como era que a entidade,
que não sabia quem era que mandava a sério nisso. Os cabos cada vez eram
mais e entendia que deveria haver uma preocupação da Câmara em obrigar
essas empresas, que tinham lucros chorudos, a abrir uma vala e obrigar todas as
entidades e empresas a reunirem-se e num só buraco instalarem tudo o que
tivessem que instalar. O ano passado instalaram gás natural, abriram um
buraco. Questionando as pessoas, disseram que tinham autorização da EDP.
Abusivamente até entraram num seu terreno. Mas não conseguia compreender
quem regulava, quem vigiava e quem autorizava. Foi à Junta de Freguesia que o
informou que houve alguém que lá foi e que pretendia colocar um poste num
terreno seu, o que não autorizou, mas que lhe colocaram um poste mesmo em
frente à sua casa. Isso não o assustava, mas achava que ficava muito feio, tendo
em conta, que estava prevista a revitalização daquela zona, o que levaria mais
visitantes. Entendia que a Câmara deveria ter essa preocupação de os fazer e
reunir com vista a arranjar uma solução para essa situação. Primeiro, saber
quem regulava e permitia e depois evoluir do circuito urbano para as periferias
e acabar com isso. Passou-se, depois, ao PERÍODO DE ANTES DA ORDEM
DO DIA, que teve início com a apresentação de um Voto de Pesar, pela Srª.
Deputada do P.S., ANA PAULA ENES MORAIS PEREIRA, que começava por
dizer que o grupo do PS na Assembleia Municipal apresentava um sentido voto
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de pesar pelo falecimento, no passado dia nove de novembro, do Cónego Jorge
Peixoto Coutinho, de setenta e seis anos de idade, um ímpar Vianense que quis
servir e pertencer a Braga. Jorge Peixoto Coutinho, natural de Alvarães, Viana
do Castelo, ordenado sacerdote a quinze de julho de mil novecentos e sessenta e
dois pelo Seminário da Arquidiocese de Braga. Em mil novecentos e setenta foi
nomeado Vice-Reitor do Seminário Conciliar. Foi capelão do Colégio de São
Caetano e presidente da Assembleia Geral da Fraternidade Sacerdotal. Em mil
novecentos e oitenta e cinco foi eleito Cónego Capitular do Cabido
Metropolitano e Primacial Bracarense e, em dois mil e três, Arcediagado do
Cabido. Licenciado em Filosofia pela Gregoriana em Roma, e, em Filologia
Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorado em
Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Braga. O Sr. Cónego Jorge Coutinho
dedicou toda a sua vida ao ensino, à investigação, à formação e à proteção dos
mais desfavorecidos. O seu sorriso discreto, o seu temperamento reservado, a
sua sabedoria, a sua capacidade de compreensão dos outros e a sua aptidão
para congregar os Bracarenses em torno de um objetivo comum, como era
exemplo a Semana Santa de Braga, tornaram-no uma referência e um modelo de
vida. De todas as missões que realizou, a cidade de Braga e a Região Norte,
beneficiaram muito daquilo que foi ao longo dos anos o seu trabalho como
Presidente da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga,
da dedicação que lhe votou, do empenho que teve em tornar estas solenidades
cada vez mais solenes e nobres. Concedeu à Semana Santa de Braga também a
dimensão cultural das artes humanas, a elevação, em que cada interveniente teve
espaço e oportunidade para dar o melhor de si, para se superar continuamente,
imprimindo uma dinâmica de melhoria contínua que beneficiou Braga e os
Bracarenses. O seu contributo à Semana Santa mereceu o reconhecimento de
diversas instituições eclesiais e civis e a candidatura a estatuto de relevância
turística, cultural e religiosa. Assim, pelo seu contributo, pelo percurso e
exemplo de vida, propunha-se que a Assembleia Municipal deliberasse: Um-
Aprovar o presente "Voto de Pesar'' pelo falecimento do Sr. Cónego Jorge
Peixoto Coutinho; Dois – Manifestar à sua Família, à Arquidiocese de Braga e à
Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga as mais
sentidas condolências, transmitindo o teor deste “Voto de Pesar”. A palavra foi
depois dada ao PRESIDENTE DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SÃO JOSÉ
DE SÃO LÁZARO E SÃO JOÃO DO SOUTO, SR. JOÃO JOSÉ DA COSTA
PIRES, para, por seu turno, apresentar outro Voto de Pesar, referindo que:
Faleceu no passado dia nove do corrente mês de novembro, com setenta e seis
anos de idade, o Cónego Professor Doutor Jorge Peixoto Coutinho, ilustre
capitular do Cabido Metropolitano e Primacial Bracarense; foi, ao mesmo
tempo e durante vários anos, presidente da comissão da Quaresma e das
Solenidades da Semana Santa de Braga. Dois - Natural de Alvarães, Viana do
Castelo, o Cónego Jorge Coutinho, sempre se mostrou um Bracarense de
coração; era de realçar o seu incansável contributo para elevar o prestígio desta
cidade multisecular, não só dentro mas também além-fronteiras, atraindo os
milhares de turistas estrangeiros que em cada ano nos visitavam, em número
cada vez mais crescente, para participarem ou assistirem às celebrações
religiosas e para admirarem o encanto dos muitos monumentos que enriqueciam
a história da cidade dos Arcebispos. O salto qualitativo que, com ele, atingiram
as cerimónias da Semana Santa de Braga, fizeram destas uma atração turística
nunca vista noutras cidades do país. Em consequência, e devido à sua culta e
generosa ação, a economia da cidade cresceu e ficou mais enriquecida. Três - O
Professor Doutor Jorge Coutinho foi um académico brilhante e dedicou toda a
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sua vida ao ensino (nas Faculdades de Filosofia e de Teologia da Universidade
Católica), à investigação e à formação dos jovens e sua preparação para a vida;
era membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa desde
mil novecentos e oitenta e sete. Quatro - No plano social, o Cónego Jorge
Coutinho nutria uma paixão pelos mais desfavorecidos, sendo disso exemplo a
sua dedicação, há mais de quatro décadas, ao Colégio dos Órfãos de São
Caetano, fundado pelo grande Arcebispo de Braga, Dom Frei Caetano Brandão.
Cinco - A prolongada salva de palmas com que, à saída da Sé de Braga para
Alvarães, os Bracarenses se despediram do Cónego Jorge Coutinho, disse bem
do apreço, do carinho e da gratidão que soube conquistar junto da Comunidade
Bracarense. Assim, a Assembleia Municipal de Braga, reunida em sessão de
vinte e sete de novembro de dois mil e quinze, deliberou: Um - Manifestar à
Família, ao Cabido da Sé de Braga e à Comissão da Quaresma e das
Solenidades da Semana Santa, um voto de profundo pesar pela morte do Cónego
Prof. Doutor Jorge Peixoto Coutinho; Dois - Recomendar à Câmara Municipal
de Braga que, como forma de perpetuar a memória do Cónego Jorge Coutinho,
promovesse a atribuição do seu nome a uma das artérias da cidade de Braga. A
SRª. PRESIDENTE DA MESA informou que o voto de pesar apresentado pelo
PS pretendia acrescentar também recomendar à Câmara Municipal de Braga
que, como forma de perpetuar a memória do Cónego Jorge Coutinho,
promovesse a atribuição do seu nome a uma das artérias da cidade de Braga.
Postos à votação em simultâneo foram os dois votos de pesar aprovados por
unanimidade. Interveio de seguida o Sr. Deputado do P.S., SEBASTIÃO
MARQUES QUARENTA, para apresentar mais um Voto de Pesar que dizia que
em onze de novembro de dois mil e quinze faleceu Paulo Cunha e Silva. No
percurso académico licenciou-se em medicina, completou o doutoramento e
lecionou Anatomia na Universidade do Porto. Foi professor de Pensamento
Contemporâneo na Faculdade de Desporto daquela instituição. No âmbito
profissional, sempre esteve ligado à cultura. Recebeu, de resto, uma das mais
altas condecorações do governo francês, ao tornar-se "Cavaleiro da Ordem das
Artes e Letras". Desempenhava, à data do decesso o cargo de vereador da
Cultura da Câmara Municipal do Porto e foi uma das mais relevantes figuras da
cultura nortenha. Foi responsável pelas áreas do Pensamento, Ciência,
Literatura e Projetos Transversais no âmbito do projeto denominado "Porto dois
mil e um Capital Europeia da Cultura", colunista regular de jornais e
comentador de programas televisivos, diretor do Instituto das Artes do
Ministério da Cultura, entre dois mil e três e dois mil e cinco, e, conselheiro
cultural da Embaixada de Portugal em Roma entre dois mil e nove e dois mil e
doze. Foi também coordenador científico dos Estudos Contemporâneos da
Fundação de Serralves desde dois mil, lugar onde promoveu diversas atividades
em torno dos temas da cultura contemporânea. Foi colaborador regular da
fundação Gulbenkian e era igualmente presidente da comissão de Cultura do
Comité Olímpico de Portugal". Paulo Cunha e Silva, numa das últimas
entrevistas mostrou-se dececionado com certos aspetos do mundo, especialmente
na área da cultura. Dizia "Olho com tristeza e ceticismo para a captura da
política pelas finanças e da cultura pelos fundos de investimento". Sustentava
que "O sonho, mesmo que não se concretize, é o motor secreto da mudança. Um
mundo sem sonho é um mundo condenado à sua previsibilidade e anomia.
Sonhar é preciso, e é preciso perseguir o sonho, por mais inconcretizável que
pareça." Cunha e Silva, com fortes ligações familiares a Braga, merecia o
apreço desta Assembleia Municipal. Assim, o Grupo Municipal do Partido
Socialista propunha que a Assembleia deliberasse: Um - Aprovar o voto de pesar
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pelo falecimento de Paulo Cunha e Silva; Dois - Respeitar um minuto de
silêncio; Três - Manifestar à sua família sentidas condolências, endereçando-lhe
o teor deste "Voto de Pesar". Posto à votação foi o presente voto de pesar
aprovado por unanimidade, seguido de um minuto de silêncio. A palavra foi
dada à Srª. Deputada da C.E.M., PAULA CRISTINA BARATA MONTEIRO
DA COSTA NOGUEIRA, para proceder à apresentação de uma Recomendação
realçando que, no Concelho de Braga, com próximo de cento e oitenta e dois mil
habitantes, viviam nove mil trezentas e setenta e seis crianças entre os cinco e os
nove anos e dez mil quatrocentas e oitenta e quatro entre os dez e os catorze
anos. Um total de dezanove mil oitocentas e sessenta crianças em idade escolar
que representavam cerca de onze por cento da população residente. Crianças
que mereciam um olhar atento da parte de quem geria os destinos do concelho.
Crianças atuais, homens e mulheres de amanhã, cuja opinião podia fazer a
diferença num mundo cada vez mais urbano e global. A iniciativa internacional
"Cidades Amigas das Crianças", lançada em mil novecentos e noventa e seis
pela UNICEF, só em dois mil e sete teve a adesão de municípios Portugueses.
Parte do princípio que o elevado número de crianças vivia nas cidades, que
deviam crescer em ambiente saudável e seguro, ter acesso a serviços essenciais e
proteção contra a violência, abusos e exploração. Tinha em vista transformar as
cidades em locais habitáveis por TODOS, assumindo que o bem-estar das
crianças era o principal indicador de uma sociedade saudável e de boa
governança. Uma Cidade Amiga das Crianças assumia os mais novos como
parceiros na tomada de decisões para a cidade. Promovia os direitos da criança
a andar sozinha nas ruas com segurança, a encontrar amigos e brincar, a viver
num ambiente com espaços verdes, seguros e sem poluição, a participar em
eventos culturais e sociais e a exercer a cidadania. Implicava que os municípios
definissem políticas públicas direcionadas para a criança e atribuíssem verbas
do orçamento para esse efeito, de modo explícito e que as cidades candidatas ao
título fossem escrutinadas pelo Ministério do Trabalho, da Solidariedade e
Segurança Social e pelo Comité Português da Unicef e elaborassem um relatório
regular sobre a Situação da Infância. O Comité Português da UNICEF
desencadeou recentemente o processo de relançamento do Programa em
Portugal. Para que o título de Cidade Amiga das Crianças fosse atribuído a cada
Município era indispensável que houvesse uma manifestação formal de interesse
pelo presidente da Câmara Municipal e que fosse apresentado, até março de dois
mil e dezasseis, um plano municipal de implementação do programa. Atendendo
ao exposto a Assembleia Municipal de Braga, reunida a vinte e sete de novembro
de dois mil e quinze, recomendava à Câmara Municipal de Braga: Que
desencadeasse as ações necessárias para que Braga apresentasse um Plano
Municipal de implementação do programa e se candidatasse ao título "Cidade
Amiga das Crianças". Posta à votação foi a referida recomendação aprovada
por unanimidade. Interveio de seguida o Sr. Deputado do P.S.D., JOÃO
FILIPE MONTEIRO MARQUES, para apresentar uma Moção subordinada ao
tema: “Repúdio dos ataques terroristas a Paris, de treze de novembro e
expressão de solidariedade para com o povo francês”, referindo que sendo este
um tema alvo de sucessivos e qualificados debates, o grupo parlamentar do PSD,
entendeu, ainda assim, ser um imperativo levá-lo à consideração dos
representantes dos bracarenses. Ali na assembleia onde se debatiam as questões
que diziam respeito à cidadania, não podiam deixar de assinalar o repúdio em
relação a atos bárbaros e injustificáveis, ao mesmo tempo que expressavam a
incondicional solidariedade para com o povo francês, com uma especial e
natural nota de atenção para os parisienses. Tudo isto porque os atentados do
102
passado dia treze de novembro, em vários pontos da capital francesa, foram um
ataque sem fronteiras. Um ataque sem fronteiras, porque perpetrado por um
grupo de gente que agiu em nome de um ideal de terror sem marcas ou limites
territoriais. Um ataque sem fronteiras porque não separou o justo do injusto, o
certo do errado, o inocente do culpado. Um ataque sem fronteiras, porque feito
em nome da mistura indiscriminada de Estado e religião, direito e moral. Este
foi, não tivessem dúvidas, um ataque a todos nós, um ataque à ideia de liberdade
que defendíamos, um ataque à democracia e, por isso, um ataque também àquela
casa. Em suma, podia ter sido ali! Entre o que sabiam hoje e o que sabiam no
dia dos atentados, nada se alterou. A barbárie que desfilou pelos ecrãs de
televisão não teve, não tinha e nunca teria desculpa e era bom afirmá-lo sem
tibieza: tinha como culpados os terroristas que realizaram os ataques. O
ocidente tinha sido perito a teorizar desculpas para problemas cujas respostas
eram mais evidentes do que aquilo que pareciam. Era certo que o combate ao
terrorismo não terminava na demonstração de força que tínhamos vindo a
assistir por parte da França, em conjunto com os EUA e a própria Rússia. Mas
não tivessem dúvidas, os atos de terror a que assistimos em Paris obrigavam a
uma resposta proporcionada e eficaz. Uma resposta que aniquilasse as ameaças
de forma exemplar. Uma resposta que pusesse em causa a continuação do
movimento terrorista DAESH e que permitisse eliminar a ameaça de novos
atentados. Essa resposta era complexa e, por isso, múltipla na sua natureza,
intensidade e urgência. O pedido de auxílio militar por parte das autoridades
francesas (lançado pela primeira vez desde que o mecanismo foi previsto no
Tratado da União Europeia) foi unanimemente respondido de forma afirmativa
pelos países da União Europeia, esperando-se desenvolvimentos na coordenação
de esforços entre os vários Estados-Membros, a muito breve prazo.
Sem prejuízo das ações conjuntas que o próprio mecanismo salvaguardava, a
título primordial, no seio da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN), Portugal saberia seguramente estar à altura das suas
responsabilidades e do seu legado histórico, contribuindo, na medida das suas
disponibilidades, para apoiar um país parceiro nesta hora de grande
dificuldade. Como era sabido, em Paris residia uma imensa comunidade
portuguesa, sendo a capital francesa considerada como a segunda cidade
portuguesa no mundo. Em Paris morreram dois desses muitos portugueses que
honravam o nosso país e que engrandeciam a França. Nessa comunidade viviam
muitos bracarenses que seguramente ficaram em choque com o que aconteceu e
temiam a ocorrência de ataques semelhantes. Paris, no entanto, não foi senão o
epicentro ocidental do terror que se espalhava indiscriminadamente por diversos
pontos do globo. No Egipto, como na Nigéria, em Bamako, como em Nova
Iorque, eram infelizmente vários os exemplos do mal que atentavam contra a
vida alheia sem hesitação, em nome do pensamento único, da vertigem
fundamentalista e de valores não meramente opostos, mas verdadeiramente
adversários daqueles partilhados pelas democracias liberais, como a nossa. Na
vertigem dos acontecimentos não deveria perder-se, porém, o norte do que nos
distinguia. Era a solidariedade, o respeito pela diferença, a cultura de liberdade
e tolerância que devíamos empunhar, em primeira instância, como arma contra
a ditadura do terror. Neste momento da história, em que tantos precisavam do
nosso auxílio, importava reafirmar o compromisso com a ajuda aos refugiados,
os de hoje, os de ontem e os de amanhã, que fugiam justamente dessa ditadura.
Era no abrigo daqueles que comungavam da esperança da liberdade e da
tolerância militante que encontraríamos o espaço comum, sem fronteiras, raças
ou credos que deveria servir de base universal na luta a favor de um mundo livre
103
e contra o terrorismo. Assim, considerando a perda de vidas humanas e a
universalidade dos valores que foram atacados em Paris no passado dia treze de
novembro; Considerando, também, que o grau de terror e gratuitidade de
violência dos mesmos impunha um incondicional repúdio de tais atos e
manifestação de irrestrita solidariedade para com as vítimas, a cidade de Paris e
a França; Considerando que entre as vítimas se contavam vidas de cidadãos
portugueses e que Paris acolhia uma comunidade portuguesa de enorme
dimensão; Considerando que se impunha uma resposta conjunta e coordenada
de todos os agentes públicos e de todas as vontades benévolas para com o
objetivo do desmantelamento do terrorismo, à escala de responsabilidades de
cada um desses agentes; Considerando que importava não confundir franjas de
população extremista, europeia e estrangeira, com a grande maioria daqueles
que defendiam e pretendiam viver em liberdade; Considerando que o apoio
contínuo aos refugiados não devia ser posto em causa em virtude destes ataques,
a Assembleia Municipal de Braga, reunida a vinte e sete de novembro de dois
mil e quinze, aprovou: Um voto de condenação veemente e incondicional aos
ataques terroristas de que Paris foi alvo; A recomendação à Câmara Municipal
para que se redigisse e enviasse uma missiva à congénere parisiense
expressando: o repúdio incondicional dos ataques do dia treze de novembro, a
consternação da população bracarense face aos atos bárbaros conhecidos e a
solidariedade irrestrita do concelho de Braga para com Paris e os seus
cidadãos, neste momento particularmente difícil. Um minuto de silêncio em
memória das vítimas. Foi posteriormente apresentada uma outra Moção cujo
tema era: “Moção de solidariedade para com as vítimas de atos terroristas”
pelo Sr. Deputado do P.S., PEDRO MIGUEL PEREIRA DE SOUSA, que dizia
que no passado dia treze do presente mês, Paris foi palco de um dos mais
violentos e bárbaros ataques terroristas na Europa, causando mais de uma
centena de mortos e mais de trezentos feridos, dos quais cerca de uma centena
em estado considerado grave ou muito grave. A capital francesa voltou, neste
quadro, ao estado de emergência que não conhecia desde a Segunda Guerra
Mundial e toda a Europa se viu obrigada a reforçar meios de segurança face à
ameaça de novos atentados. Os atentados terroristas perpetrados em Paris
(cento e vinte e nove mortos), na universidade queniana de Garissa (cento e
quarenta e sete mortos), a bordo de um avião russo, no Sinai (duzentos e vinte e
quatro mortos) ou em Beirute (quarenta e três mortos), mas também nos ataques
dos extremistas islâmicos em Alepo, Damasco e Bagdad somavam milhares de
vítimas. Não esqueciam, também, e não esqueceriam nunca, as Torres Gémeas,
em Nova Iorque, a estação de Atocha, em Madrid, a rede do metro de Londres e
todos os lugares do mundo onde se matava cobardemente. Na verdade, e como
não poderia deixar de ser, todo e qualquer atentado contra a vida de cidadãos
indefesos mereciam a sua mais vil e profunda repulsa. A resposta ao terrorismo
pressupunha o conhecimento das suas causas, mas também o combate às
condições políticas, económicas e sociais concretas que constituíam o caldo
cultural para a sua aceitação como forma de luta. A urgência de uma política de
paz e desanuviamento nas relações internacionais e de respeito pelo direito
internacional que reconhecesse a soberania de todos os Estados, nomeadamente
no Médio Oriente, constituíam pilares essenciais do desenvolvimento económico,
social e cultural que defendiam. Ao invés, a escalada de ingerência e de
agressões contra Estados soberanos da região do Médio Oriente, tinha
alimentado e suportado grupos radicais de quem os refugiados que hoje
conhecíamos eram as principais vítimas, ou porque, sendo muçulmanos,
recusavam a sua interpretação abusiva do Islão ou professavam outras religiões,
104
nomeadamente, cristã ou judaica, ou porque a escalada terrorista que hoje
também nos ameaçava há muito destruiu as suas vidas, nos seus Países. Neste
quadro, importava, ainda, recordar que naquela fatídica Sexta- Feira, o terror
foi contra os cidadãos e as cidadãs que se divertiam e circulavam em liberdade,
foi contra a França, foi contra todas e todos nós. A violência do terrorismo
investiu contra a convivência democrática própria das gentes livres, de cidades
abertas, multiculturais, multiétnicas e inclusivas. Em Paris, cidade Luz, os
valores universais foram atingidos, mas não vencidos. Não havia morte para a
Razão. A Razão era a matriz dos valores, da dignidade, dos direitos comuns e
transversais a todas e todos. O terror não podia nunca ser percebido como
próprio de grupos étnicos ou religiosos, de grupos culturais, de nações ou
regiões. O terror era sempre um comportamento absurdo que a todos nos atingia
e que devíamos combater e repudiar. Não podíamos conceder. O horror nunca
nos traria a vertigem de desdizer os nossos códigos. Valorizemos os nossos
valores civilizacionais como forma de nos defendermos. O terror era tudo menos
civilização. Paris era agora o lugar, a que todos pertencíamos. O lugar onde se
gerava uma nova forma e força de viver e de conviver, numa vontade, individual
e coletiva, para uma luta pela dignidade e os direitos, pela liberdade, pela
solidariedade, pela fraternidade e pela democracia. Face ao exposto, a
Assembleia Municipal de Braga, reunida hoje, em sessão pública, deliberou:
Repudiar veementemente os atentados terroristas do passado dia treze, em Paris
e condenar todas as ações extremistas que tinham conduzido à morte de milhares
de inocentes; Afirmar os valores da liberdade, democracia e respeito pelo direito
internacional como princípios inalienáveis que nenhuma escalada terrorista
podia por em causa. Enviar a presente Moção para as seguintes entidades:
Ministério dos Negócios Estrangeiros; Embaixada de França em Portugal;
Presidência do Conselho de Ministros; Presidente da Assembleia da República;
Grupos Parlamentares da Assembleia da República; Presidente da Assembleia
Municipal; Presidentes das Juntas e Assembleias de Freguesia do concelho de
Braga; Conselho Português para a Paz e Cooperação;
Comunicação Social. Registou-se a intervenção do Sr. Deputado da C.E.M.,
MANUEL CARLOS FERREIRA DA SILVA, para informar que a CEM se
agregava àquelas moções, particularmente à do PS, na medida em que, para
além das vítimas Parisienses, se alargava e estendia a todas as vítimas do mundo,
da África e, como tal, achavam que deveria fazer-se também um minuto de
silêncio por todas essas vítimas, por se justificar. Postas à votação em simultâneo
foram as duas moções aprovadas por unanimidade, seguidas de um minuto de
silêncio. A palavra foi depois dada ao Sr. Deputado do P.P.M., MANUEL
MARIA BENINGER SIMÕES CORREIA, para proceder à apresentação de
uma outra Moção subordinada ao tema “ Primeiro de dezembro, o dia da
identidade nacional”, que revelava que um país não vivia do seu passado mas
tinha que manter viva a sua memória. Num momento histórico em que Portugal
se debatia com uma crise moral e de valores muito grave, conduzindo-nos a
republica para uma situação económica e social preocupante, em que muitos
portugueses se viam constrangidos a trocar o País por outros, era fundamental
comemorar o ato que nos uniu como povo e como Estado soberano, o momento
em que Portugal renasceu, o ato que nos projetou no futuro como Nação
independente. Até dois mil e doze, o dia da Restauração da Independência,
primeiro de dezembro, era feriado nacional. No entanto, a partir de dois mil e
treze, o último governo português decidiu eliminar o feriado de um de dezembro.
Esta data relembrava a ação de nobres portugueses, que a um de dezembro de
mil seiscentos e quarenta, invadiram o Paço Real e aclamaram Dão João, Duque
105
de Bragança, como rei de Portugal e gritaram: “Nós somos livres e o nosso Rei é
livre”. A restauração da independência foi o culminar de um período de grande
descontentamento por parte da população portuguesa que não estava satisfeita
com a união ibérica, entre Portugal e Espanha. A união ibérica originou
problemas à população portuguesa, com sobrecarga de impostos e envolvimento
de Portugal nos conflitos de Espanha. Não havia feriado mais importante para
uma nação do que a sua independência e para um povo do que a sua liberdade. O
primeiro de dezembro era o mais antigo feriado civil português e o mais alto dos
feriados patrióticos, tendo atravessado regimes e mudanças políticas e sociais,
sendo a forma como desde há século e meio os portugueses, da esquerda à
direita, dos monárquicos aos republicanos, escolheram celebrar a sua
independência e liberdade. Com a aprovação do Código do Trabalho,
promulgado pelo Presidente da República no dia dezoito de junho de dois mil e
doze, operou-se a supressão do feriado primeiro de dezembro. Estavam a falar,
nada mais, nada menos, da data nacional mais importante, do dia em que
celebramos o valor essencial do nosso país, como país soberano independente.
Na generalidade dos países que adquiriram a independência nacional contra
outros, esse feriado era inclusive o principal de todos os feriados,
correspondendo ao respetivo dia nacional, como era o caso dos Estados Unidos
da América, com o seu quatro de julho e como era o caso da larga maioria dos
Estados-Membros da União Europeia, bem como também o era de todos dos
países da CPLP. O dia um de dezembro constituía a origem e a matriz dos
Feriados Oficiais Portugueses. Se não tivesse existido o primeiro de dezembro de
mil seiscentos e quarenta, não haveria o dez de junho ou o vinte e cinco de abril,
pois a agenda dos feriados oficiais Portugueses coincidiria com a de Madrid.
Assim o PPM propunha à Assembleia Municipal que se aprovasse a seguinte
Moção: Um - Que a Assembleia Municipal de Braga recomendasse ao novo
Governo da República Portuguesa, ontem empossado, que encetasse todos os
esforços para a reposição do feriado de um de dezembro, uma data que traduzia,
porventura, como nenhuma outra, a identidade, a história e a coesão nacionais;
Dois - Que se enviasse a Moção ao Excelentíssimo Senhor Presidente da
República, ao Excelentíssimo Senhor Primeiro Ministro, ao Excelentíssimo
Senhor Presidente da Assembleia da República, e a todos os grupos
parlamentares da Assembleia da Republica, para que todos pudessem contribuir
para a reposição, enquanto feriado nacional, do dia da identidade nacional.
Posta à discussão, usou da palavra o Sr. Deputado do P.S.D., HUGO
ALEXANDRE LOPES SOARES, para tecer algumas considerações sobre a
moção agora apresentada, tendo, para o efeito, referido que a lei que suspendeu
os feriados e que decorria do memorando de entendimento assinado pelo governo
do PS, em dois mil e onze, e os credores internacionais, previa que esses feriados
ficassem suspensos, não só os dois feriados civis, mas também os dois feriados
católicos, que tivesse uma reavaliação, no ano de dois mil e dezassete, em sede de
concertação social, com os parceiros sociais para avaliar ou não do impacto que
teve na economia portuguesa e na sua produtividade essa suspensão, mas
também essa reavaliação com a Santa Sé. De resto, essa matéria foi discutida em
sede da Assembleia da República, tendo havido entrada de projetos, já nesta
legislatura, do Partido Comunista Português, do Bloco de Esquerda, do Partido
Socialista e do Partido Social Democrata, em razões diferentes. Cada um dos três
partidos da esquerda queriam que os feriados fossem já imediatamente
retomados, designadamente os dois civis. O Partido Social Democrata e o CDS-
PP, pretendiam que a lei fosse cumprida, porque as leis mereciam e deviam ter
estabilidade no nosso ordenamento jurídico e que só em dois mil e dezassete se
106
fizesse a avaliação, mas que se começasse já, ou desde já, essa conversação, quer
com os parceiros sociais, quer com a concertação social. A verdade era que os
três partidos da esquerda retiraram os projetos que visavam a introdução
imediata dos feriados no ordenamento jurídico nacional. Pelo que, se fosse esse o
entendimento do Sr. Deputado do PPM, se poderia até reformular a sua
recomendação, no sentido que se recomendasse ao governo, através da
Assembleia Municipal que, de imediato, se iniciassem conversações, quer com os
parceiros sociais, porque era a eles quem competia, por força da lei, fazer essa
avaliação, quer com a Santa Sé, para que, aí sim, se pudesse recuperar os quatro
feriados que o memorando de entendimento assinado pelo estado nacional e os
credores internacionais, suspenderam os tais feriados. Pedia que fizesse essa
alteração à recomendação, se não o fizesse, o Grupo Municipal do PSD, abster-
se-ia naquela votação. Registou-se ainda a intervenção da Srª. Deputada da
C.D.U., CARLA MARIA DA COSTA E CRUZ, para dizer que foi ali apenas
fazer uma intervenção para repor a verdade, porque a intervenção que acabaram
de ouvir pelo Deputado Municipal Hugo Soares e Deputado da Assembleia da
República, estava a faltar à verdade. Estava a faltar à verdade, porque era
verdade que o PCP, o Partido Ecologista “Os Verdes”, o BE e o PS entregaram
projetos de lei relativamente à reposição dos feriados. Mas não era verdade que
tivessem retirado os projetos para votação. Aquilo que foi feito foi que o PCP
exigiu, porque por lapso não o fizeram, a discussão pública relativamente a esses
projetos. E era isso que estava em discissão. Estavam em discussão pública esses
projetos. Após o período de discussão pública haveria, certamente, a discussão,
em sede de Assembleia da República. E estavam criadas as condições, com
aquele novo quadro parlamentar, para reporem os feriados, para reporem aquilo
que PSD e CDS-PP, ao longo dos últimos quatro anos, roubaram os portugueses
e, nomeadamente, também os trabalhadores. Retomou do uso da palavra o Sr.
Deputado do P.S.D., HUGO ALEXANDRE LOPES SOARES, para, em defesa
da honra, dizer à Srª. Deputada Carla Cruz que não o ofendia quem queria,
ofendia quem o próprio deixasse. Mas a Srª. Deputada, provavelmente, não diria,
por ignorância, para não ser também ofensivo, não participava nas conferências
de líderes e talvez o comité central lhe tivesse explicado mal. A verdade era que
era público; a verdade era que era notório; a verdade era que qualquer um dos
membros da Assembleia Municipal poderia consultar a discussão e que o
agendamento sobre os diplomas do PCP estava feito. Foi na passada quarta-feira
e na Conferência de Líderes o PCP e os demais partidos da esquerda portuguesa
retiraram os projetos de agendamento, julgava que foi assim que disse, não
tendo, portanto, faltado à verdade. Talvez por ignorância, quiçá, atrevida, a Srª.
Deputada acabou de faltar à verdade ao plenário daquela Assembleia Municipal,
mas talvez a Srª. Deputada, se quisesse, teria a oportunidade de ir ali dizer “peço
desculpa que me enganei”. Posta à votação foi a referida moção aprovada com
os votos do P.S., da C.E.M., da C.D.U. de alguns Presidentes de Junta e de um
do P.P.M.; com as abstenções do P.S.D., do C.D.S.-P.P. e de um do P.P.M.. De
seguida interveio o Sr. Deputado da C.E.M., MANUEL CARLOS FERREIRA
DA SILVA, para, numa Declaração Política, subordinada ao tema: “As eleições
e o novo quadro político: por uma utopia realista”, realçar que após um longo
tempo de consultas do Presidente da República, em que se destacaram
predominantemente banqueiros e economistas do sistema instalado, eis que
finalmente o governo do PS, com o apoio parlamentar maioritário do Bloco de
Esquerda (BE, do Partido Comunista Português (PCP) e do Partido Ecologista
Os Verdes (PEV), tomou posse e preparava-se para iniciar um novo ciclo político
de alívio e de esperança, que deixará para trás a severa política de austeridade e
107
empobrecimento sobre uma larga maioria de portugueses. Poder-se-ia pensar
que a Cidadania em Movimento (CEM), enquanto grupo de cidadãos/ãs, deveria
ocupar-se de assuntos locais e/ou deveria manter-se indiferente ou neutro
perante a viragem histórica que estava a ocorrer no País. Nessa linha de
pensamento também poderiam dizer que Ricardo Rio, como Presidente da
Câmara, tão pouco poderia ou deveria imiscuir-se nos assuntos nacionais e em
lides partidárias da coligação nos períodos eleitorais e pós-eleitorais. Mas não.
A CEM, mesmo discordando das posições do Presidente da Câmara, (por
exemplo, do esquecimento, na comemoração de quarenta anos da Associação
Industrial do Minho, dos verdadeiros produtores de riqueza que eram os
trabalhadores) e sobretudo da instrumentalização de associações, de IPSS e
mesmo de estruturas eclesiásticas, da utilização de certas manobras eleitorais
como “convívios” e passeios a pessoas de terceira idade, assumia que todos
obviamente podiam tomar posição e que tão pouco a CEM podia ficar no meio da
ponte; antes, pelo contrário, a CEM congratulava-se com este compromisso
histórico das esquerdas, na medida em que ele era favorável à grande maioria
dos portugueses e portuguesas. Pela primeira vez, na democracia portuguesa no
pós vinte e cinco de abril se recolocou na prática o princípio constitucional de
que as eleições eram, em primeira instância, eleições de deputados e não para
primeiro-ministro. Não obstante as iniciais condições excludentes por parte do
Presidente da República de dois partidos com um milhão de votos e quase vinte
por cento de eleitores, alegadamente cidadãos de segunda, a CEM saudava não
só a determinação do PS como a disponibilidade dos demais partidos de
esquerda – BE, PCP e PEV – em dar o suporte parlamentar necessário com o
propósito de virar a página da austeridade, repor salários e pensões, subir o
salário mínimo nacional, reforçar o Estado Social e reverter algumas das
privatizações. Não só o Partido Socialista se reorientou mais à esquerda como os
partidos à sua esquerda (BE, PCP e PEV), não obstante as respetivas diferenças
programáticas, nomeadamente face ao PS, souberam sentar-se à mesa para
negociar um programa de governo e responder realisticamente às suas respetivas
bases de apoio na atual emergência nacional. Quase toda a direita evidenciou
estupefação, pavor ou mesmo raiva, quando os seus interesses instalados e suas
novas expetativas no próximo futuro poderiam estar em risco ou gorar-se perante
o facto de perfilar-se no horizonte um legítimo, histórico e inédito entendimento à
esquerda, entre o PS, o BE, o PCP e o PEV. Sim, histórico e inédito e, em grande
parte inesperado, porque tradicionalmente o PS – que governou em maioria
absoluta ou, em maioria relativa, com acordos pontuais à esquerda ou à direita –
desta vez, mais ainda quando não alcançou a maioria relativa, era certo,
evidenciou a lucidez de romper com o estafado “arco da governação”, responder
à crise social e económica das classes sociais mais afetadas pela austeridade, ir
ao encontro do originário ideário social-democrata e liderar uma alternativa
política com base num acordo de incidência parlamentar com os referidos
partidos. Por isso, era de saudar este compromisso histórico à esquerda e, como
tal, ignorar fantasmagorias de “falta de ética”, de “obscenidade política”, de
“fraude eleitoral” e até de “Golpe de estado”, manifestações em torno do dilema
ou “nós” ou o “dilúvio caótico” ou insinuações de “traição” às motivações do
eleitorado! Estavam perante mais uma das experiências inovadoras numa Europa
economicamente desregulada e dominada por partidos democratas – cristãos
e/ou mesmo sociais – democratas mas rendidos ao neoliberalismo e incapazes de
regular mercados financeiros, criar emprego e restaurar o setor público, reforçar
o Estado Social, reduzir a pobreza e combater desigualdades, enfim, redistribuir
de modo mais equitativo a riqueza, nomeadamente os rendimentos. Com esta
108
nova experiência política, a política no sentido nobre regressou e em força:
nunca se discutiu tanto política após mil novecentos e setenta e cinco. Não só a
democracia participativa e associativa podiam florescer e revigorar-se como a
democracia representativa, em crescente crise e descrédito nos últimos tempos,
podia reganhar novo fôlego e renovar-se, podendo, além disso, ser dado um novo
impulso para reconquistar direitos (a reposição de feriados e do horário das
trinta e cinco horas teimosamente rejeitado por este executivo e pelo PSD/CDS
nesta Assembleia Municipal, seguidistas da politica governativa do PSD/CDS) ou
alcançar novos direitos (co adoção de crianças por casais homossexuais, a
procriação medicamente assistida com apoio público), rejeitar planos de maior
privatização da saúde ou da municipalização da educação ou entrega desta a
privados onde havia escolas públicas, contribuir para democratizar as
instituições europeias e internacionais entregues a uma espécie de tecnocracia e
financeira. Era hora de combater preconceitos e fantasmas e sobretudo o
fatalismo conservador - neoliberal de que “não há alternativa”. Era hora da
viragem, era hora de criar esperança e sonhar com uma utopia realista, vista
esta como alavanca de mudança gradual e progressista por mais democracia,
mais justiça e bem-estar social. Usou depois da palavra o Sr. Deputado do
C.D.S-P.P., GONÇALO NUNO LOPES DE CASTRO PIMENTA DE
CASTRO, para apresentar outra Declaração Política, subordinada ao tema: “Os
quarenta anos do vinte e cinco de novembro de mil novecentos e setenta e cinco”,
que começava por realçar que em vinte e cinco de novembro de mil novecentos e
setenta e cinco forças moderadas e radicais defrontaram-se numa luta forte e
determinada. Ganharam os moderados. O arco da governação, composto por PS,
PSD e CDS, iniciava o seu projeto para o país, colocando Portugal na rota da
democracia pluralista, no caminho do desenvolvimento económico e social, no
caminho da Europa e das suas organizações de desenvolvimento e segurança, no
modelo europeu de desenvolvimento humano, social, político e económico. O
partido comunista, a União Soviética e a restante extrema esquerda saíram
derrotados. Porque foi necessário lutar pela democracia pluralista: a vinte e
cinco de agosto com a chegada ao poder da nova liderança do PCP, foi
constituída a Frente de Unidade Revolucionária (FUR), com o objetivo claro de
preparar, nas ruas, o golpe que aniquilaria as forças da «reação» e colocaria no
poder um governo da vanguarda revolucionária. O PCP deixaria cair o
primeiro-ministro Vasco Gonçalves, seu aliado, mas já esgotado por mais de um
ano de sucessivos governos provisórios, cada vez menos populares. Sucedeu-lhe
o almirante Pinheiro de Azevedo, aceite pelos comunistas mas que rapidamente
lhes fez frente. A FUR incluía a LCI, movimento trotskista, onde militava
Francisco Louçã, hoje no Bloco de Esquerda; o MDP (partido satélite do PCP,
equivalente ao que eram hoje os Verdes); a FSP (dissidentes do PS); o PRP-BR,
de Isabel do Carmo e Carlos Antunes (mais tarde indiciados por atos
terroristas); a Organização primeiro de maio; e a LUAR movimento autor de
ações espetaculares contra a ditadura de Salazar e Marcelo Caetano. Os
diversos partidos inscreviam-se nas correntes mais díspares- e rivais- e faziam a
síntese impossível: havia Leninistas, trotskistas, não-alinhados, católicos
progressistas e até alguns maoistas. Só a UDP (hoje parte integrante do Bloco de
Esquerda), da linha albanesa, corria em pista própria. A junção de todos estes
movimentos inconciliáveis só se percebia à luz da preparação de uma frente
comum contra todos os que defendiam um regime parlamentar, pluralista,
alinhado com a Europa Ocidental, a CEE e a NATO. A FUR tinha um braço-
armado clandestino nas Forças Armadas, os SUV (Soldados Unidos Vencerão),
encarregado de espalhar propaganda e promover a agitação nos quartéis, à
109
margem da tradicional disciplina militar. Os comunistas recuaram no último
momento. O todo-poderoso secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, percebeu
que, numa guerra civil, os revolucionários perderiam contra as forças
moderadas, que detinham as principais unidades militares do País e tinham a
grande maioria da população a seu favor. Em caso de conflito e derrota, o PCP
seria arrastado e corria o risco de desagregação, carregando o ónus da eclosão
de uma guerra civil. Na composição parlamentar da Assembleia Constituinte,
eleita a vinte e cinco de abril desse ano, as forças revolucionárias tinham trinta e
seis dos duzentos e cinquenta deputados e as forças moderadas duzentos e
catorze. Já agora, um pequeno apontamento engraçado, passados quarenta anos,
a extrema-esquerda voltava a ter os mesmos trinta e seis deputados na
Assembleia. As forças moderadas, mais numerosas, organizadas e disciplinadas,
eram coordenadas pelo coronel António Ramalho Eanes (que seria depois eleito
Presidente da República, nas primeiras eleições presidenciais por sufrágio
universal, em mil novecentos e setenta e seis, e reeleito em mil novecentos e
oitenta), e anularam, com profissionalismo militar, a aventura dos revoltosos,
mal organizados e pouco disciplinados. Pires Veloso, comandante da Região
Militar Norte, Franco Charais, seu congénere do Centro e Vasco Lourenço,
homólogo em Lisboa, eram homens dos nove ou próximos do grupo. Tinham o
Exército na mão. Jaime Neves liderava os Comandos da Amadora, protagonizava
as ações mais espetaculares, ao expulsar os ocupantes do emissor de Monsanto
da RTP e ao cercar o poderoso quartel de Lanceiros dois, na Ajuda, onde estava
a força revolucionária da Polícia Militar (PM) liderada pelo major Mário Tomé,
mais tarde deputado da UDP (partido hoje absorvido pelo Bloco de Esquerda).
Esta ação provocou os únicos mortos - três - do vinte e cinco de novembro, todos
militares da PM. Não era, propriamente, o temido banho de sangue... O
Presidente Costa Gomes representou um papel crucial de moderação e de defesa
da legalidade. Estava evitada a guerra civil. "O Verão Quente, entre onze de
março e vinte e cinco de novembro, fora longo- oito meses de constante tensão
político-militar e um clima de guerra civil latente. Pelo meio, o primeiro-ministro
Pinheiro de Azevedo chegou a ser cercado, com o seu Governo, em São Bento,
por elementos da FUR e o Governo chegou a entrar em greve! O cerco repetir-
se-ia, poucas semanas antes do vinte e cinco de novembro, em torno do
Parlamento, pelos sindicatos da construção civil, apoiados pela FUR. Os
deputados da Assembleia Constituinte estiveram sequestrados quarenta e oito
horas, enquanto operários em fato-macaco ocupavam os vetustos sofás dos
corredores, numa reconstituição lusitana da tomada do Palácio de Inverno, pelos
bolcheviques, na revolução russa de mil novecentos e dezassete. O vinte e cinco
de novembro normalizou o esquizofrénico clima político nacional. A
estabilização surgia com a aprovação da Constituição, em mil novecentos e
setenta e seis, com os votos de todos os partidos à exceção do CDS, e com a
eleição do primeiro Governo Constitucional, chefiado por Mário Soares (PS)" -
relatou Filipe Luís. Não havia dúvida que a maioria dos portugueses devia muito
ao movimento dos capitães de abril, que entrou na História como uma forma
exemplarmente pacífica de pôr fim a uma longa ditadura, dando origem à
construção da democracia no país. Mas também era verdade que alguns desses
militares, apoiados por um grande leque de forças políticas, travaram a queda de
Portugal no precipício da ditadura comunista opondo-se a outros militares "de
Abril". O vinte e cinco de novembro de mil novecentos e setenta e cinco deveria
possuir o mesmo estatuto do que o vinte e cinco de abril de mil novecentos e
setenta e quatro, sob pena de estarmos a admitir a existência de meias verdades
na História recente de Portugal. Se celebrávamos a queda de uma ditadura, por
110
que razão não fazíamos o mesmo em relação à data em que foi travada a
imposição de uma ditadura da extrema-esquerda? No conturbado período que
vivíamos, esta reconstituição histórica, fazia ainda mais sentido: passados
quarenta anos, da data, em que os partidos efetivamente democráticos,
conseguiram impedir a instauração de uma ditadura de índole soviética, não
deixava de ser irónico e até diriam mesmo, um mau pronuncio, que essas mesmas
forças partidárias conseguissem pela primeira vez, chegar ao Governo de
Portugal. Tal só acontecia à boleia de um novo Partido Socialista, que fruto de
uma ambição desmesurada, apenas pensava na conquista do poder, fazendo
tábua rasa da história do próprio PS. Quanto ao vinte e cinco de novembro de
mil novecentos e setenta e cinco, não tinham dúvidas que o mesmo merecia ser
comemorado, quanto ao vinte e cinco de novembro de dois mil e quinze,
receavam que o mesmo viesse a ser recordado pelos piores motivos. Oxalá
estivessem errados. Interveio depois o Sr. Deputado da C.E.M., MANUEL
CARLOS FERREIRA DA SILVA, para, noutra Declaração Política com o
tema: “O bairro do Picoto: plano de um simulacro de reabilitação”, dizer que na
sequência da demolição das barracas no Parque da Ponte em mil novecentos e
noventa e sete, a Câmara Municipal de Braga, dando eco a um abaixo-assinado
de cerca de quatrocentas pessoas para ser construído um bairro de ciganos
segregado da cidade, acabou por ceder a esta onda excludente, com o intrigante
argumento de que “ os ciganos pretendiam continuar a residir agrupados
segundo a organização que tinham nas barracas.” O certo era que, em vez de
construções adequadas à vida coletiva dos ciganos, foi construído um complexo
habitacional no Picoto, em que cada casa, com portas e janelas de vidro
transparentes, tinha três alegados “andares”, cada um com uma divisão ou
quarto “empinado” um sobre outro, com cerca de vinte íngremes degraus, e sem
espaço para colocar eletrodomésticos e sobretudo mesas e móveis! Para agravar
mais o processo segregacionista e discriminatório foi seguidamente colocado
junto deste bairro isolado um posto da PSP como força dissuasora de eventuais
infrações ou crimes de membros de etnia cigana! O bairro com cerca de cento e
cinquenta pessoas, separado da cidade por uma íngreme ladeira, tinha-se
mantido social e culturalmente isolado, enquistado e afastado da vida da cidade.
Era conhecido das diversas forças políticas a organização de um colóquio
organizado pelo Centro de investigação em Ciências Sociais da Universidade do
Minho, tendo tido a oportunidade de visitarem aquele bairro, representantes dos
partidos e grupos com assento na Assembleia Municipal. Deste e doutros
contactos anteriores e subsequentes puderam inferir que a maioria dos
moradores preferia a demolição e o seu realojamento, pois, para além da falta de
condições habitacionais dignas, as casas, sobretudo as situadas junto à encosta
do monte, eram extremamente húmidas e estavam deterioradas por penetração
das águas da encosta e com extensas rachadelas nas paredes, pelo que os
habitantes, nomeadamente crianças e idosos tinham graves problemas de saúde.
Tendo em conta que as relações sociais oscilavam entre um pólo de proximidade
e afetividade e um pólo de alheamento e distanciamento ou mesmo repulsa, nas
relações entre portugueses ciganos e não ciganos predominava este segundo pólo
em que as situações de discriminação e racização eram fruto de insociabilidades
e distanciamentos em que o diferente era visto como inferior ou mesmo perigoso.
Por isso, a CEM considerava que o mais adequado seria iniciar uma política de
sociabilidade interétnica e multicultural, o que implicava a demolição pelas
razões de degradação, isolamento e estigmatização dos membros da comunidade
cigana. E, se eventualmente após um estudo se concluísse, a partir de vários
argumentos e evidências, que o bairro pudesse ser reabilitado, tal só poderia ter
111
lugar sob três condições: Primeiro - uma real reabilitação urbana com condições
de habitação dignas dos tempos de hoje; Segundo - uma recomposição social do
bairro, da qual resultasse não um bairro etnicamente homogéneo mas pluriétnico
e pluricultural, tal implicando o realojamento de famílias ciganas e não ciganas;
Terceiro - a descida de quota e ligação do bairro com a vida urbana,
proporcionando um espaço aprazível suscetível não só de quebrar evitamentos e
hostilidades como promover a convivência interétnica entre velhos e novos
moradores. Tendo a CEM consciência que o Partido Socialista já se teria
apercebido do erro da construção deste bairro segregado, o que os espantava era
ver os partidos da coligação PSD/CDS, que ao tempo do executivo de Mesquita
Machado eram favoráveis à demolição, agora abandonassem a ideia e se
inclinassem pela reabilitação, a qual, com o dinheiro disponível no orçamento
para dois mil e dezasseis, não passará contudo de um simulacro de reabilitação
ou requalificação. Como se explicava? Por falta de verbas ou as prioridades ou
escolhas de afetação de recursos eram outras (por exemplo, a renovação do PEB,
dinamização económica e empreendedorismo a cargo da InvestBraga)?
Certamente que era mais fácil entregar cheques de fundos comunitários para os
programas geridos pela InvestBraga, por exemplo, do que trabalhar e contribuir
para a valorização de territórios socialmente desvalorizados. Se o executivo
camarário enchia a boca de que apoiava as famílias mais carenciadas, por que
era que, em vez de se empenhar seriamente num processo de valorizar territórios
com identidades negativas, contribuía para a manutenção do ferrete do estigma
para com os ciganos? Onde estava a política social da Câmara e em particular a
política de habitação social básica? Ou preferia o Senhor Presidente da Câmara,
talvez mesmo acompanhado por alguma figura eclesiástica, prosseguir, como
bom “empreiteiro da moral”, uma politica de segregação da minoria étnica
cigana, mais ainda servindo-se de alguns dos ciganos para alardear a
intervenção camarária, como o fez no corrente ano em Santa Tecla, a prometer a
famílias desprovidas (ciganas e não ciganas) mundos e fundos comunitários para
os bairros sociais? Pelo que puderam verificar no plano de atividades para dois
mil e dezasseis, estavam mais uma vez perante uma sessão de fogo-de-vista, sem
real substrato político e sem suficiente suporte financeiro. Pela sua parte,
estavam convictos que outros mundos eram possíveis, importava promover
relações interétnicas pacíficas e de respeito mútuo pelos direitos de uns e outros
e de práticas de multiculturalidade à luz duma cidadania plena. Depois foi a vez
do Sr. Deputado da C.D.U., BRUNO ANDRÉ FERREIRA GOMES DA SILVA,
apresentar outra Declaração Política, salientado que dois dias após a
comemoração do vinte e cinco de novembro, urgia recordar que o respeito pelas
liberdades e pelos direitos implicava uma luta constante e árdua. Uma
comemoração que nos recordava que todos os tipos de violência deviam merecer
repúdio. Foi sob esse pretexto que no pretérito dia vinte e cinco de novembro se
celebrou o dia internacional pela eliminação da violência contra as mulheres.
Recordassem, também, um “outro” vinte e cinco de novembro, sublinhando o
nosso vívido repúdio contra a violência que ali era celebrada pela direita
radical: A saber: treze de julho de mil novecentos e setenta e cinco: Assalto e
destruição do Centro de Trabalho do PCP em Rio Maior; vinte e um de julho de
mil novecentos e setenta e cinco: Assalto ao Centro de Trabalho do PCP em
Estarreja, Aveiro, Castelo Branco e Oliveira de Azeméis; onze de agosto de mil
novecentos e setenta e cinco: Assalto e destruição do Centro de Trabalho do PCP
em Braga; vinte e seis de agosto de mil novecentos e setenta e cinco: Assalto ao
Centro de Trabalho do PCP na Areosa (Porto e Peniche); vinte e sete de agosto
de mil novecentos e setenta e cinco: Assalto ao Centro de Trabalho do PCP em
112
Esmoriz; vinte e quatro de setembro de mil novecentos e setenta e cinco: Bomba
contra o Centro de Trabalho do PCP em Vieira do Minho; vinte e dois de
setembro de mil novecentos e setenta e cinco: Bomba Contra o Centro de
Trabalho do PCP na Marinha Grande; vinte e quatro de setembro de mil
novecentos e setenta e cinco: Bomba contra militante do PCP em Fafe; dez de
outubro de mil novecentos e setenta e cinco: Atentado contra militante do PCP no
Porto; quinze de outubro de mil novecentos e setenta e cinco: Bomba contra
militante do PCP no Porto; catorze de novembro de mil novecentos e setenta e
cinco: Bomba contra sede da CGTP e da UEC no Porto; quatro de dezembro de
mil novecentos e setenta e cinco: Bomba contra o Centro de Trabalho do PCP em
Famalicão. Apenas em julho de mil novecentos e setenta e cinco, foram
contabilizados oitenta e seis atos de violência contra Centros de Trabalho e
dirigentes do PCP. Em agosto do mesmo ano, ocorreram cento e cinquenta e três
assaltos, dos quais cinquenta e cinco com destruição dos Centros de Trabalho do
PCP, vinte e cinco do MDP/CDS, trinta e nove incêndios de origem criminosa,
quinze bombas e dezenas de agressões. Festejassem, pois então, todos os dias de
luta contra violência. Envergonhasse-se esta direita de celebrar, numa casa da
Democracia, um dia tão vergonhoso como aquele que ocorreu em vinte e cinco
de novembro de mil novecentos e setenta e cinco. Envergonhasse-se esta direita
de manter nesta cidade uma estátua tão indigna. Porque as bombas não podiam
ser, jamais, fonte de celebração. Fossem elas lançadas contra um restaurante em
Paris ou contra um Centro de Trabalho do PCP. Outra Declaração Política foi
presente, agora pelo Sr. Deputado do P.S.D., JOÃO ALBERTO GRANJA DOS
SANTOS SILVA, dizendo que, pelo segundo ano consecutivo, Braga foi
distinguida como Autarquia mais Familiarmente Responsável, fruto de políticas
municipais amigas das Famílias Bracarenses que contribuíam, efetivamente,
para o aumento da qualidade de vida dos cidadãos. O prémio foi atribuído pelo
Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis (OAFR) e foi recebido
por Firmino Marques, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Braga, no
passado dia dezoito de novembro, na Associação Nacional de Municípios, em
Coimbra. Como era sabido este Executivo Municipal definiu como prioritária a
área social. O que se refletia na implementação de medidas que beneficiavam as
famílias, nomeadamente as mais carenciadas. Eis alguns exemplos dos dois
últimos anos: procedeu à oferta generalizada dos manuais escolares aos alunos
do primeiro ciclo; reforçou os apoios sociais aos alunos do escalão A e B; a
redução da taxa de IRS para as famílias; reduziu a taxa do IMI – Imposto
Municipal sobre Imóveis; reduziu a tarifa de água para famílias numerosas e
IPSS’s; criou o cartão sénior e cartão famílias numerosas com um significativo
conjunto de benefícios; revitalizou o projeto “Avóspedagem”; lançou um
programa de apoio à vacinação; em parceria com outras entidades, inovou, ao
disponibilizar aos cidadãos os programas do “Pimpolho e “Braga a Sorrir”;
alavancou o projeto “Bragasol” e dinamizou, para as crianças das famílias
carenciadas, - o programa “Férias Fantásticas”, assim como a Colónia Balnear
na Fundação “O Século”. Os factos falavam por si e estas medidas eram sentidas
diariamente por todos os Bracarenses que beneficiavam de uma melhoria
evidente da sua qualidade de vida. A Bandeira Verde tinha como principal
objetivo dar visibilidade às autarquias com boas práticas e incentivar as
restantes a fazerem mais e melhor no âmbito das políticas de apoio à família. A
iniciativa favorecia o diagnóstico interno e promovia a cooperação entre as
autarquias, “ajudando efetivamente à criação de uma cultura favorável à família
e à conciliação Família/Trabalho”. Por último, uma saudação para os
municípios minhotos que, além de Braga, foram distinguidos com aquele
113
galardão: Famalicão, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho. Passou-se de
seguida à apresentação da ORDEM DE TRABALHOS: PONTO NÚMERO UM
– APROVAÇÃO DA ATA DO DÉCIMO PRIMEIRO MANDATO NÚMERO
TREZE BARRA DOIS MIL E QUINZE, DE NOVE DE OUTUBRO. Submete-
se à aprovação da Assembleia Municipal, nos termos do número dois, do artigo
quinquagésimo sétimo, do Anexo um da Lei número setenta e cinco barra dois mil
e treze, de doze de setembro, a ata número treze barra dois mil e quinze, do
décimo primeiro Mandato, referente à sessão ordinária da Assembleia Municipal,
realizada em nove de outubro. Posta à votação foi a referida ata aprovada por
unanimidade. PONTO NÚMERO DOIS – GRANDES OPÇÕES DO PLANO E
ORÇAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA PARA O ANO DE
DOIS MIL E DEZASSEIS E MAPA DE PESSOAL. Submete-se à apreciação e
votação da Assembleia Municipal, nos termos da alínea a), do número um, do
artigo vigésimo quinto do Anexo um da Lei número setenta e cinco barra dois mil
e treze, de doze de setembro, a proposta do Executivo Municipal, aprovada em
reunião de vinte e seis de outubro do ano em curso, relativa às Grandes Opções
do Plano e Orçamento da Câmara Municipal para o ano de dois mil e dezasseis,
bem como o mapa de pessoal previsto no número três, do artigo vigésimo oitavo
da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei número trinta
e cinco barra dois mil e catorze, de vinte de junho, nos termos da alínea o), do
número um do artigo vigésimo quinto do Anexo um da Lei número setenta e cinco
barra dois mil e treze, de doze de setembro e ainda a estimativa da despesa fiscal
decorrente de isenções e reduções, para o ano de dois mil e dezasseis, nos termos
do disposto no número dois, do artigo quadragésimo primeiro do Regulamento
Municipal de Taxas e Licenças e que aqui se dá por reproduzida e transcrita e
vai ser arquivada em pasta anexa ao livro de atas. Posta à discussão, começou
por usar da palavra a Srª. Deputada da C.D.U., BÁRBARA SECO DE
BARROS, que, a propósito, disse que passados dois anos de governação do
“tempo novo” que a maioria neste executivo municipal tanto apregoou – e
continuava a apregoar – deparavam-se, pela terceira vez, com um documento
repleto de promessas e intenções, que lhes davam conta de uma cidade quase ao
nível da ilha Utopia de Thomas More – não pela forma como estava organizada,
como ficava claro – mas somente pelo facto de existir apenas no papel. E este
papel extenso, onde lhes eram explicadas as linhas que orientavam a governação
do nosso município, e onde os chavões habituais se seguiam uns aos outros, com
uma ou outra atualização que urgia introduzir pela força do jargão tecnológico e
empresarial, poderia resumir-se, no final, a muito pouco. O Plano de Atividades
organizava-se segundo quatro eixos de desenvolvimento que, por sua vez, se
operacionalizavam em dez linhas de ação. Não se iriam pronunciar sobre cada
um destes pontos, como era natural, até para não correrem o risco de cair na
tentação de copiar a demagogia dos textos que os descreviam. Centravam-se,
então, apenas em alguns aspetos que facilmente comprovavam que o Rei, afinal,
vai mesmo nu. Logo à cabeça, foram presenteados com o plano para a
dinamização económica e a afirmação turística, onde não faltavam os familiares
termos como inovação, talento e empreendedorismo. Pela linha de raciocínio
logo dos primeiros parágrafos, queria-lhes parecer que estas seriam as
competências que o município encarava como chave para combater o
desemprego jovem e o de longa duração. Isto porque o Plano Estratégico para o
Desenvolvimento de Braga dois mil e catorze-dois mil e vinte e seis – sobre o
qual tiveram também oportunidade de se pronunciar – apresentava o que era
definido como uma visão clara de especialização inteligente, que ia permitir que
Braga, e passava a citar: “Um - Se posicione no top dez ibérico e top três
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nacional a nível económico, cultural e de qualidade de vida; Dois - Atinja um
índice de crescimento de um por cento acima da média da Península Ibérica;
Três - Tenha uma geração líquida de pelo menos quinhentos novos empregos por
ano; Quatro - Se afirme como uma “innovation city da Ibéria” com património
milenar e Cinco - Se consolide como centro de indústrias inovadoras e da
juventude”. À primeira vista, tinham que admitir, estes objetivos pareciam
incríveis e especialmente importantes para consolidar Braga como uma cidade
do desenvolvimento económico. No entanto, bastava continuar a ler para
perceber em que se baseavam todos estes pontos. Por exemplo: a criação do
“Innovation Arena”, novo Parque de Inovação e de Negócios de Braga, que era
focado no sector das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica e no
“nearshoring”, e que representará, segundo o entusiasmo deste documento, um
salto como nunca antes visto no sector empresarial e industrial do concelho. De
seguida, eram lembrados do tipo de empresas que constituíam um exemplo para a
maioria neste executivo: Bosch, IBM ou a Randstad/Vodafone. Ora, não seria
necessário lembrar, mas o melhor era fazê-lo, que estas eram empresas que
recorriam a contratos temporários, que pagavam salários baixos, que estavam
constantemente a despedir trabalhadores para depois recrutar outros tantos para
as mesmas funções e que desrespeitavam em larga escala (quase diria
proporcional à larga escala de emprego que garantiam) os direitos dos seus
funcionários. Não seria difícil perceber, então, que toda a ambição do
desenvolvimento económico pujante que o executivo prometia aos seus munícipes
era feito à custa das suas fracas condições de trabalho e de vida. Não seria
difícil, de facto, cumprir desta forma a criação de quinhentos postos de trabalho
a cada ano, mas ficava fácil também clarificar de que tipo de emprego estavam a
falar. Aliás, voltando um pouco atrás: um dos enfoques do novo Parque de
Inovação e de Negócios de que falavam há pouco era o “nearshoring”, que
significava precisamente encontrar soluções para prestação de serviços
partilhados em locais que fossem atrativos pela especialização da sua mão-de-
obra, pelo seu baixo custo, e pelo ambiente legal com menos restrições para as
empresas, mas que garantissem, ao mesmo tempo, um controlo mais fácil e
próximo da produção. Portugal, como Espanha, a Roménia ou a República
Checa, entre outros países, apresentavam-se então como melhores soluções do
que, por exemplo, a Índia – mas apenas pela distância física. Embora se tornasse
então muito fácil decifrar os meandros de todas estas estratégias, o que não
conseguiam perceber era como uma Câmara se podia orgulhar de a apresentar
como a solução que queria implementar no seu município, impingindo um modelo
que favorecia apenas as grandes empresas - muitas delas multinacionais – que
conseguiam aumentar brutalmente os seus lucros por recorrerem a esta brilhante
jogada, empregando centenas e centenas de jovens, mulheres e homens com o
salário mínimo nacional e sem qualquer garantia de futuro, com contratos de seis
meses, de um mês, ou à semana. O que neste documento parecia relacionar-se
estreitamente com a qualidade de vida de quem vivia (e queria viver) em Braga,
era, por tudo isto, depois de analisado, inversamente proporcional. Não bastava
a esta maioria criar cartões e descontos, não bastava a esta maioria oferecer
manuais escolares a todos os alunos, não bastava a esta maioria dizer que queria
contribuir para a erradicação da pobreza, quando depois, com a outra mão,
favorecia no município a exploração, a precariedade e os baixos salários. Mas a
bem da verdade, não tinha a Câmara Municipal condições para resolver o
investimento e o incentivo à economia, responsabilidade da administração
central, e da coordenação de políticas de emprego e inserção profissional – no
entanto, cabia sim a uma Câmara Municipal potenciar as condições para que
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estas medidas tivessem o melhor impacto possível no município, ao invés de
potenciar precisamente o seu contrário e, pior do que isso, fazer destas opções
apanágio da sua estratégia para o desenvolvimento e para o combate ao
desemprego. Claro que, nesta matéria, não poderiam esperar atitude diferente de
uma Câmara que insistia em não ouvir os seus próprios trabalhadores acerca do
aumento da carga horária semanal a que se viam obrigados a trabalhar, sem
receber mais por isso, desde que se passou das trinta e cinco para as quarenta
horas neste município, opção ideológica bem vincada da maioria neste executivo,
como inclusive puderam recordar na última sessão desta mesma Assembleia, ou
que empregava centenas de trabalhadores recorrendo a Contratos de Emprego-
Inserção, como eram exemplo os vinte e três profissionais que seriam alocados às
escolas do município, medida anunciada há pouco tempo. Como dizia, não
bastava a esta maioria apresentar um plano de intenções – porque não era um
plano de intenções que precisavam de estar aqui hoje a votar, por mais bonita
que ficasse a moldura. O que os munícipes de Braga precisavam era de um Plano
e de um Orçamento que refletisse o que eram realmente as opções tomadas para
seu benefício, as que eram, pelo seu carácter de importância, circunstancial ou
de urgência, prioritárias para melhorar as condições de vida da população.
Medidas que melhorassem, ou contribuíssem para melhorar, de facto, o que eram
as carências das famílias do município, as suas dificuldades, as suas exigências e
aspirações, fosse ao nível da habitação, da cultura, do desporto, da educação ou
da mobilidade. Como, por exemplo, transportes públicos com horários alargados,
com carreiras que cobrissem todo o concelho com a regularidade necessária e
com tarifas mais económicas – mesmo que lhes atirassem com a areia do
“transporte flexível” para os olhos, ela não serviria para mascarar a falta de
uma aposta concreta numa melhor resposta da rede de transportes urbanos, que
suprimisse as necessidades existentes e que servisse, ao mesmo tempo, para
atrair mais utentes para esta forma de transporte, já que não era novo para
ninguém que menos oferta obrigava a alternativas que melhor servissem os seus
horários e modos de vida, e que por norma essa alternativa era o carro.
Valorizavam o esforço, no papel, de articular em rede este serviço e de pensar em
novas soluções para a interface ferroviária, bem como a requalificação do atual
terminal rodoviário, e a consciência de que era preciso integrar todos estes
sistemas com a rede ciclável e os eixos de circulação pedonal, mas os exemplos a
que tinham assistidos nestes dois anos não prometiam grande proatividade neste
sentido. O município decidiu tomar iniciativa da renovação da frota dos
Transportes Urbanos de Braga, no entanto adquiriu viaturas com mais anos do
que a média de idade das viaturas da TUB - EM, deixando cair por terra a visão
estratégica nesta matéria; a não ser que servisse para comprovar o que vinham
dizendo: o tempo novo era, afinal, o tempo velho mascarado de modernidade. De
qualquer maneira, seria escusado criar muitas expectativas quanto à promoção
dos modos suaves de mobilidade, à melhoria da oferta do sistema de transportes
públicos ou o reforço da intermodalidade do sistema de transportes, já que num
investimento que se previa em cerca de quinze milhões de euros, doze vírgula oito
milhões seriam assegurados pelo FEDER. Para clarificar: dois vírgula dois
milhões de euros era quanto a Câmara de Braga previa conseguir assegurar de
um investimento de quinze milhões o que, no limite, significaria que, já que a
maior fatia do bolo dependia de fundos comunitários e da aprovação do projeto
em questão, ele não avançaria caso esse apoio não chegasse. O mesmo acontecia
com a regeneração urbana para a Frente Ribeirinha do Este, o Centro Histórico
de Braga, Edifícios Industriais Devolutos e Reabilitação de Edifícios como
Instrumento Financeiro, onde o montante global de investimento previsto era de
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mais de vinte e sete milhões de euros, dos quais dez milhões eram de privados,
estimando-se que os restantes dezassete milhões viessem por via do FEDER. Se
quanto aos transportes este documento identificava um conjunto de intenções que
se transformavam em apostas apenas e se o quadro de apoios comunitários
previstos se confirmasse, o mesmo acontecia com o espaço público e os
equipamentos coletivos dos bairros sociais das Enguardas e de Santa Tecla, com
a reabilitação do Mercado Municipal, do Parque de Exposições de Braga, da
Pousada da Juventude, a intervenção no bairro do Picoto, a Fábrica Confiança e
ainda as Escolas Básicas um de Gualtar, Merelim São Pedro e São Lázaro ou o
Centro Comunitário na Escola Francisco Sanches. Significava, então, que a
esmagadora maioria do que se inseria neste plano, incluindo as sinergias a serem
criadas entre o centro histórico ao restante território, não correspondiam a um
investimento próprio da Câmara Municipal, nem sequer a nenhum estádio de
uma estratégia verdadeiramente montada, porque daqui não se conseguia retirar
nenhuma interligação gradual entre obras ou requalificações. O que daqui se
retirava era a promessa da terra sagrada, onde tudo funcionava com uma
engrenagem perfeitamente oleada, mas onde não existia, se olhassem com
atenção, nenhuma das peças fundamentais para a fazer funcionar. E o que este
plano lhes dizia ainda era que, se nestes dois anos não foram capazes de
implementar nenhuma destas peças, nos próximos continuariam a não o
conseguir fazer, por insistirem em querer construir a casa pelo telhado, num
empreendimento que, mesmo que completo, não serviria à cidade e aos seus
munícipes, por mais parecido que fosse com o Silicon Valley. E não, não queriam
com isto diabolizar os fundos comunitários, oportunidade que concordavam não
dever ser desperdiçada, no entanto, entendiam que se deviam estabelecer
prioridades no investimento, não ficando este dependente na totalidade desses
fundos. As intervenções nas áreas social e de educação, como os bairros sociais
ou o parque escolar, sendo, a seu ver, prioritários e urgentes, não deveriam estar
sujeitos a este tipo de financiamento, devendo, pelo contrário, ser garantidas por
investimento próprio da Câmara Municipal, sob o risco de não se concretizarem.
Podiam centrar-se noutro aspeto que o plano de atividades tanto parecia
valorizar, que se prendia com as relações institucionais, nomeadamente com as
Juntas de Freguesia, mas chegavam à mesma conclusão. Esta maioria, que tanto
se orgulhava da relação de proximidade com as Juntas do concelho, que tantas
competências lhes atribuíam, inclusivamente, parece não conseguir traduzir no
orçamento o reforço financeiro necessário ao funcionamento e capacidade de
resposta das mesmas, a braços com inúmeras dificuldades. As vastas
competências assumidas pelas Juntas de Freguesia, bem como os serviços que
prestavam às populações, necessitavam de especial valorização e reforço através
de dotação orçamental. Ao mesmo tempo, esta maioria insistia em manter na sua
esfera competências que não eram suas, mas sim da administração central, do
Governo, e que significavam investimento municipal que podia ser canalizado
para outras funções. Relativamente ao Plano Plurianual de Investimentos, não
poderiam deixar de sublinhar o seu desagrado com o corte nos investimentos em
segurança e ordem públicas, como a proteção civil e luta contra incêndios, que
viu reduzido o valor em noventa e sete vírgula vinte e quatro por cento face a
dois mil e quinze, ou a falta de reforço relativamente à Polícia Municipal,
estrutura votada sucessivamente ao abandono, que o atual executivo outrora
tanto criticou, pelo desleixo e falta de investimento nesta polícia administrativa.
Por fim, não poderiam deixar de insistir que, em matéria de impostos e taxas
municipais, o previsto aumento de receitas provenientes de impostos diretos
representavam um peso cada vez maior nas receitas do município, continuando a
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não haver uma correspondência destes valores no investimento, fazendo-o
depender maioritariamente de fundos comunitários. Mais, olhando para a
previsão de aumento de receitas provenientes de taxação sobre os munícipes,
poderiam concluir que, afinal, existiria margem para, por exemplo, diminuir o
IMI; o que não existia, como tinham vindo a afirmar, era vontade política para o
fazer. Sendo o Poder Local um espaço privilegiado de resolução de problemas,
bem como de afirmação dos interesses e aspirações da população, um documento
como este deveria refletir estas prioridades, o que, na análise que faziam dele,
não se coadunava com o que hoje ali votavam. Por este motivo, as Grandes
Opções do Plano e Orçamento para dois mil e dezasseis, traduzindo-se mais num
documento de propaganda do que nas necessidades do município de Braga,
mereceria a sua reprovação. Depois foi a vez da Srª. Deputada da C.E.M.,
PAULA CRISTINA BARATA MONTEIRO DA COSTA NOGUEIRA se
pronunciar sobre a matéria em discussão, tendo, para o efeito, realçado que os
documentos que a Câmara lhes apresentou neste ponto tinham um pecado
original, que era o da falta de articulação. Havia no Plano de Atividades, um
conjunto de ações, que não eram replicadas nas Grandes Opções do Plano e que
não tinham tradução no Plano Plurianual de Investimentos. Por outro lado, os
documentos eram muito desequilibrados não havendo uma uniformização da
informação. Se numas áreas a precisão e a articulação estava presente – pena
era que a execução fosse só promessa - noutras verificava-se uma lista de
atividades avulsas e compromissos relativamente a questões óbvias, denunciando
a inexistência de uma estratégia global. Por exemplo, era suposto que constasse
de um Plano ações óbvias como a “manutenção e conservação de todos os
espaços verdes que estejam sob a alçada do município”? No capítulo da
Educação e quando andavam a encher a boca com o facto de integrarem a Rede
das Cidades Educadores, não conseguiram ainda elaborar um Projeto Educativo
Municipal, que estruturasse e desse coerência à panóplia de ações avulsas, numa
vertigem de apresentar trabalho que, não poucas vezes, colidia e se sobrepunha
às competências de outras instituições. Tiveram muita pressa em elaborar um
Plano Estratégico de Desenvolvimento Económico, mas pelos vistos não se
quiseram comprometer com um Projeto Educativo Municipal. Depois, quanta
confusão de narizes. Parecia que no Pelouro queriam meter a foice em seara
alheia. Então era da competência da Câmara traçar as Linhas Orientadores da
Oferta Educativa? Já para não falar no receio que tinham em relação a uma
coisa chamada “Escola de Pais”, termo perigoso e que criava em qualquer
família em dificuldades a sensação de incompetência. Por que era que não se
preocupavam com a educação de adultos, que estava ausente deste documento. E
se estavam preocupados com as famílias por que não investirem na mediação
familiar? No capítulo da coesão social, repetiam-se os mesmos erros: uma
panóplia de iniciativas certamente estimáveis mas sem nenhum enquadramento
estratégico, que havia de vir, sabia-se lá quando, com o tão propalado Plano de
Desenvolvimento Social. Havia projetos para todos os gostos. Mas não havia
uma palavra sobre intervenção no âmbito da violência doméstica e do apoio às
vítimas. Quem lesse o parágrafo referente ao Programa Cidade Amiga das
Crianças ficava com a sensação que não se percebeu os objetivos e o alcance
deste projeto. Palavroso, mas pouco consistente era o capítulo da Valorização e
Promoção Ambiental. Estava visto que tínhamos um vereador, que gostava muito
de calçar galochas, para limpar rios e plantar árvores. Mas não percebia que
ações iriam ser concretizadas para eliminar os focos de poluição, nomeadamente
no rio Este. Sobre Sete Fontes parecia que o grande desiderato pariu um rato.
Iriam plantar árvores no terreno dos outros, fazendo de conta que já tinham um
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Parque. Apesar do grande défice de áreas verdes e de terem abdicado do parque
Norte, não havia uma única referência à criação de um único parque verde, ou
de zonas verdes. Seria que estavam a pensar em proliferar esculturas de algas
como a que estava na Avenida Central para cumprir as metas do Pacto Europeu
dos Autarcas? O roteiro Camiliano, ou a atribuição dos Prémio Manuel
Monteiro e Alberto Sampaio eram boas notícias, num capítulo igualmente farto
em enumerações de atividades que nada traziam de novo. Mas o Plano
Plurianual de Investimentos não previa um cêntimo para a valorização e
musealização da Ínsula das Carvalheiras ou do Teatro Romano, que só
constavam do capítulo de Valorização Patrimonial como intenção. Na
Regeneração Urbana e Desenvolvimento Rural talvez tivessem regeneração a
mais e desenvolvimento a menos. Se saudavam as intervenções nos bairros de
Santa Tecla e das Enguardas, não podiam aceitar que manter cento e cinquenta e
cinco cidadãos num gueto chamado Picoto, mesmo com as casinhas arranjadas
não era aceitável e era oposto da inclusão social. Prometia-se a reabilitação da
Estação Rodoviária, a construção de uma variante, e o reforço da
intermodalidade do sistema de transporte, mas não se especificava em que
moldes e com que dinheiro. Em contrapartida, gostaram de ler que iria ser
melhorada a oferta do sistema de transportes públicos. Desconfiavam era que
fosse através da compra de autocarros quase tão velhinhos como os nossos à
STCP… Apesar de a mobilidade estar mais detalhada nas Grandes Opções do
Plano, o que leram foi um interessante enunciado daquilo que já sabiam há muito
que era preciso fazer, o que surgia orçamentado em termos de Plano Plurianual
era uma ínfima parte. O Desenvolvimento Rural preconizava festas e feiras e
muitas atividades na Quinta Pedagógica. Mas era surpreendente que um
concelho com uma significativa área agrícola e florestal não fosse contemplado
na febre da dinamização económica. Os empreendedores e fazedores da “smart
city” deviam achar que o setor primário era para parolos! Numa perspetiva mais
otimista eram boas notícias a recuperação do Parque de Exposições, do Mercado
Municipal, da antiga Escola Francisco Sanches e até da Fábrica Confiança,
embora, neste último caso, talvez fosse urgente saberem para que iria servir.
Assim como eram boas as notícias do aumento das transferências para as Juntas
de Freguesia, pelo qual também ali se bateram, por considerar que este aumento
garantia uma autonomia e uma dignidade às Juntas, que não se compaginava
com a sucessiva pedinchice de verbas por vezes irrisórias, para esta ou aquela
iniciativa. Estas boas notícias não iludiam uma navegação à vista em áreas que
consideravam prioritárias para a coesão do concelho, como a educação, a
cultura, ou a ação social. Um punhado de boas iniciativas avulsas, não faziam
uma boa política educativa, cultural e social. Por isso, este Plano e Orçamento
não iriam merecer o seu voto favorável. Mais uma intervenção foi registada,
agora pelo Sr. Deputado do P.S.D., JOÃO ALBERTO GRANJA DOS SANTOS
SILVA, para dizer que foram hoje chamados a apreciar e a votar as Grandes
Opções do Plano e o Orçamento do Município de Braga para o ano de em dois
mil de dezasseis. Os documentos de gestão municipal revelavam que o Município
de Braga iria gerir, em dois mil de dezasseis, um orçamento de noventa e oito
milhões e oitocentos e cinquenta mil euros. A receita municipal prevista para dois
mil de dezasseis ascendia a cerca de noventa e oito milhões de euros,
apresentando, em relação à receita orçamentada, em dois mil e quinze, um
acréscimo de nove por cento, ou seja, mais oito vírgula dois milhões de euros do
que no ano anterior. As receitas correntes apresentavam um crescimento de cinco
por cento, ou seja, mais quatro vírgula um milhões de euros, relativamente ao
estimado para dois mil e quinze, destacando-se, também, a receita proveniente de
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impostos diretos e de transferências correntes que, em conjunto, representavam
cerca de oitenta e quatro por cento do total da receita corrente e setenta e três
por cento da receita total. As transferências de capital, cujos principais
beneficiários eram as Juntas de Freguesia, ascendiam a seis milhões de euros,
referentes a obras e melhoramentos nas freguesias por delegação de
competências, apresentando um aumento de cinquenta por cento, o que
significava mais dois milhões de euros do que em dois mil e quinze. Uma
afirmação clara do reconhecimento e da importância que este executivo dava às
Juntas de Freguesia. A previsão de poupança corrente para o próximo ano era de
dezanove virgula quatro milhões de euros, mais setenta e oito por cento do que o
valor estimado para dois mil e quinze. Este valor tornava-se ainda mais
significativo, tendo em conta a imposição feita, a partir de dois mil e catorze,
pelo Tribunal de Contas de se contabilizar como despesas correntes e não de
capital, as transferências feitas para as empresas municipais, no âmbito dos
contratos-programa, que, até então, eram registados como despesas de capital.
Por outro lado, as Despesas Correntes totalizavam sessenta e seis vírgula sete
milhões de euros, menos quatro vírgula quatro milhões de euros do que o que
estava previsto para dois mil e quinze, o que só por si era algo de significativo e
que dizia bem de uma gestão rigorosa, que este Executivo tinha implementado ao
seu desempenho. No que se referia ao PPI – Plano Plurianual de Investimento
para dois mil e dezasseis previa-se uma execução de dezanove vírgula quatro
milhões de euros, apresentando, assim, um aumento de cento de dezassete por
cento relativamente a dois mil e quinze. Analisando em detalhe e decompondo
este Pleno, as funções sociais eram as que mais peso tinham, com um
investimento de quinze vírgula quatro milhões de euros, que correspondia a
oitenta por cento do PPI, enquanto para a educação estava previsto um
investimento de um vírgula sete milhões de euros, destinados a intervenções de
requalificação no parque escolar municipal, tendo como casos mais relevantes as
previstas nas escolas EB um de São Lázaro, de Merelim São Pedro e de Gualtar.
A habitação e os serviços coletivos, com um investimento de sete vírgula quatro
milhões de euros, correspondente a trinta e oito por cento do PPI, onde se
incluíam projetos de requalificação e reabilitação do Mercado Municipal (dois
virgula seis milhões de euros), dos blocos habitacionais e do espaço público dos
bairros de Santa Tecla (um virgula um milhões de euros), das Enguardas (um
virgula dois milhões de euros) e do Picoto (zero virgula dois milhões de euros).
Por seu turno, os serviços culturais e recreativos apresentavam um montante de
seis vírgula quatro milhões de euros, destacando-se a requalificação do Parque
de Exposições de Braga (três milhões de euros), a reconstrução do Edifício da
Fabrica Confiança (quinhentos mil euros), a Pousada da Juventude (quinhentos
mil euros) e a reabilitação do Eixo Desportivo da Rodovia (quinhentos mil
euros). A área económica teria um investimento de três milhões de euros,
dedicados na sua maior parte à conservação e reparação da rede viária
municipal, com destaque para a construção do acesso ao Parque Industrial de
Sobreposta (trezentos e sessenta e cinco mil euros). Estava prevista a
implementação de uma solução tecnológica de controlo de tráfego (quinhentos
mil euros) e o reforço estrutural do Parque de estacionamento da Cangosta da
Palha (quinhentos mil euros). Mereciam uma especial referência as diversas
contingências que impendiam sobre o plano de gestão financeira do Município:
os processos ainda pendentes de tramitação judicial, correspondentes a mais de
vinte milhões de euros de encargos adicionais, o elevado volume de dívida
contratada (direta e indiretamente), e que agora se ia progressivamente
amortizando ou as que decorriam da estrutura extremamente rígida de custos
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fixos herdada dos executivos socialistas, que condicionava em muito a
capacidade de investimento da autarquia. Apesar das dificuldades conhecidas, a
Câmara Municipal de Braga era cumpridora das suas obrigações assumindo-se
como “boa pagadora”, apesar deste cenário, conseguiu ainda fazer baixar para
vinte e cinco dias o prazo médio de pagamento a fornecedores, o que era um
indicador interessante, face às situações de mercado e que a colocava, num
conjunto de câmaras, com melhor desempenho a este nível, como poderia ser
facilmente consultado no Anuário dos Municípios portugueses onde era posto em
comparação o desempenho em vários indicadores das diversas autarquias do
país e não hesitou em seguir uma política fiscal ativa e uma politica socialmente
responsável, traduzidas no abdicar das receitas potenciais com o IRS, o IMI e a
Derrama, e no assumir de novas despesas em benefício das famílias, como
aconteceu com a oferta generalizada dos manuais escolares e com o programa e
saúde oral “Braga a Sorrir”. Em dois mil e dezasseis, haveria um novo reforço
de duzentos mil euros no apoio ao arrendamento para famílias carenciadas, mais
cem mil euros de investimento no programa de apoio à vacinação (Rotavírus) e
mais cento e cinquenta mil euros de apoio às refeições escolares para famílias
carenciadas e nos períodos não letivos. Um tema que merecia, também, ali, uma
referência, pelo relevo que tinha, pela importância que tinha, pelo impacto que
tinha nas contas e pela gravidade de que se revestiu, tinha a ver com a extinção
da parceria pública privada e a liquidação da SGEB, em dois mil e dezasseis,
com a renegociação da dívida bancária que o Município teria de assumir, a
Câmara iria gerar uma poupança anual superior a três milhões de euros, valor
que iria ser canalizado para o reforço do investimento. O fim da SGEB e deste
modelo ruinoso, diria escandaloso de gestão municipal, iria ainda permitir uma
poupança global que ultrapassava os oitenta milhões de euros, esperando-se, e
realçava esse aspeto, que todas as instituições e pessoas envolvidas e
interessadas pudessem cooperar de forma empenhada, para que esse objetivo se
tornasse realidade o mais depressa possível. Pela gravidade que assumiu, pelos
contornos que tinha, com as implicações financeiras, com que aquilo arrastava
de acordos coletivos, ninguém poderia ficar de fora desse esforço. Estava certo
que os que estavam naquela sala e fora dela, se dependessem deles, tudo fariam
para que aquele objetivo de interesse coletivo chegasse a bom porto, no interesse
de todos. Tendo em conta as novas oportunidades de financiamento geradas pelo
arranque prático do quadro comunitário dois mil e catorze - dois mil e vinte,
através da contratualização já definida para a CIM Cávado ou da candidatura
submetida para o PEDU, o município esperava obter os recursos necessários à
concretização de um importante conjunto de projetos, que totalizavam cerca de
vinte milhões de euros de investimento. E não se dissesse que era um orçamento
que dependia de fundo comunitários para o seu sucesso, porque nada estava
escondido, bastava ler o documento com detalhe, porque estava lá tudo
clarificado. Se não houvesse projetos a fundo comunitários, não poderiam ir
buscar o dinheiro. Se tinha bastantes projetos comunitários, era acusado de estar
dependente desse sucesso, para se poder avaliar o Plano, o que não era, de facto,
verdade, porque essas matérias estavam identificadas, estavam separadas,
estavam especificadas e estavam fundamentadas. A reabilitação do Mercado
Municipal e do Parque de Exposições de Braga, as intervenções dos Bairros
Sociais das Enguardas, Santa Tecla e Picoto, a Pousada de Juventude, o Centro
Comunitário a criar na Escola Francisco Sanches, a Fábrica Confiança, as EB
um de Gualtar, Merelim São Pedro e São Lázaro e diversos projetos relacionados
com a mobilidade, faziam parte das iniciativas previstas para dois mil e
dezasseis. Sem estarem dependentes do recurso a fundos comunitários estavam
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previstos outros projetos não menos importantes: a requalificação do Pavilhão
Flávio Sá Leite, do Parque Desportivo da Rodovia e da EB um de Esporões e os
acessos rodoviários a zonas empresariais em Sobreposta e Navarra. O executivo
assumia, e bem, o compromisso de continuar a valorizar e promover os seus
principais eventos – Semana Santa, Braga Romana, Rampa da Falperra, Festas
de São João, Noite Branca, Braga é Natal – promovendo muitas outras
atividades próprias e apoiando as coletividades na diversidade e riqueza da sua
ação, continuando uma linha de ação em que a Câmara não tinha que ser a
promotora de tudo, mas tinha que ser o elemento dinamizador e estimulador da
participação de toda a sociedade. Foi isso que tinha feito. Deu bons resultados e
era isso que se propunha continuar a fazer. Em dois mil e dezasseis, Braga iria
ser a capital Ibero-Americana da Juventude, um momento ímpar de afirmação e
projeção da nossa terra num território mais vasto e diversificado a que
estávamos ligados por fortes afinidades históricas. Braga iria continuar a
desenvolver-se, a afirmar-se e a distinguir-se como uma “cidade aberta ao
mundo, no dinamismo do seu tecido empresarial, na valia dos seus centros de
produção de conhecimento, na vitalidade da sua vida social e cultural”. Estavam,
pois, perante um Plano e um Orçamento ambiciosos, sensatos, com prioridades
claras e objetivos concretos identificados com os verdadeiros interesses dos
bracarenses. Por tudo isto o Grupo Municipal do PSD iria votar favoravelmente
as Grandes Opções do Plano e o Orçamento do Município de Braga para dois
mil e dezasseis. Depois foi a vez do Sr. Deputado do P.S., PEDRO MIGUEL
PEREIRA DE SOUSA se pronunciar sobre a matéria ora em discussão, tendo
inicialmente referido que se recordava de muitas vezes, naquela Câmara, ouvir o
Dr. Ricardo Rio, hoje Presidente da Câmara, criticar o Partido Socialista por
fazer orçamentos, planos, plano plurianuais de campanha, eleitoralistas. Fazia-o,
normalmente, no ano que antecedia as eleições autárquicas. A novidade para o
Plano de Atividades e Orçamento para dois mil e dezasseis era que, de facto, o
período de campanha chegou mais cedo. O período de campanha chegou mais
cedo em várias dimensões. Chegou mais cedo no anúncio, esta semana, de que,
curiosamente, em dois mil e dezassete, a Agere faria um abaixamento do seu
tarifário. Chegou mais cedo de um conjunto de outros compromissos, também ali
integrados naquele Plano e Orçamento, a que dedicaria os próximos minutos, de
uma forma que o Partido Socialista achava que se tornaria claro para todos. Mas
não poderiam começar, sem ser pelo princípio e o princípio, de facto, para dizer,
naquela Câmara, que da análise detalhada, cuidada e apurada daquilo que eram
os documentos que os serviços da Câmara Municipal e o Executivo Municipal
fizeram chegar aos Deputados Municipais, órgão com obrigações de escrutínio e
de acompanhamento do trabalho da Câmara Municipal, tinha, de facto,
problemas graves. Havia um conjunto de desarticulações pouco entendíveis numa
Câmara que já ia para o seu terceiro ano de mandato entre o PPI, o Plano de
Atividades, o Orçamento, havia coisas que não casavam umas com as outras.
Havia coisas que não tinham enquadramento numa questão e apareciam
desfasadas das outras e essa nota, como registo de contributo para o futuro, tinha
todo o prazer em lhes oferecer detalhadamente ao Executivo Municipal. Indo ao
pormenor, dizer que daquele Plano e Orçamento, resultavam claras algumas
questões. O não reforço dos apoios sociais, num tempo em que era sabido, que
havia cerca de trezentas famílias a reclamar habitação, a custos controlados,
junto da Bragahabit. Uma inversão grande nas prioridades políticas daquilo que
deveria ser, no entender do Partido Socialista, prioridades da Câmara
Municipal. O PS continuava sem entender, o Sr. Presidente da Câmara dizia que
o apoio aos manuais escolares, não era por essa via que se fazia redistribuição
122
fiscal, aquilo que se fazia era injustiça social, porque não fazia sentido, por
exemplo, a Câmara não teve capacidade, ou entendeu não ter hoje, vinha no novo
orçamento mascarar, ainda que de uma forma tímida, envergonhada, o apoio
para as refeições escolares, que há poucos meses chumbou numa proposta do
Partido Socialista, que era mais ambiciosa, mais arrojada e mais justa, tendo em
conta aquilo que eram as reais necessidades de muitas famílias do nosso
concelho. Mas deixar de fazer uma aposta nas refeições escolares, como fez há
uns meses nos períodos de interrupção letiva para agora pagar
indiscriminadamente a famílias com rendimentos que poderiam ir dos quinhentos
euros por mês, seiscentos, mil euros por mês, como poderiam ir aos dez, vinte,
trinta mil, sem limite, era algo que não fazia sentido e era claramente uma
prioridade que não se cansariam de denunciar, porquanto sabiam que essa
despesa, também, influía, mais tarde, noutras opções que muitas vezes eram
prejudicadas por aquele tipo de opções, no seu entender, erráticas. Mas queria,
também, recordar algumas coisas que Ricardo Rio dizia, repetidamente, nos
tempos, nos longos anos, em que foi líder da oposição e, repetidamente candidato
à Câmara Municipal de Braga. E recordava-se bem, sem precisar de auxiliares
de memória, que havia três áreas chave que Ricardo Rio repetia muitas vezes.
Falava de que era necessário criar um programa de apoio à renda para os mais
jovens. Um programa de arrendamento para os mais jovens para que se
pudessem emancipar mais cedo. Falava da criação de opções de habitações a
custos controlados na periferia. Falava de um fundo de reabilitação para o
Centro Histórico e, por exemplo, sobre essas três questões, que tão caras eram
ao Sr. Presidente da Câmara, tantas e tantas as vezes que as repetia, espantava-
se o Partido Socialista, estranhava, pelo menos o Partido Socialista, que sendo
durante tantos anos prioridade, voltassem no terceiro orçamento que Ricardo
Rio, Sr. Presidente da Câmara e os seus pares, apresentaram à Câmara
Municipal e à Assembleia Municipal, eles não se encontrarem contemplados e
dentro daquilo que eram as opções da maioria. Mas não poderiam deixar de
destacar um conjunto de incongruências que esta maioria ia desfiando mês após
mês, ano após ano. Lembrava-se também bem, de forma clara e distinta, de que
Ricardo Rio repetia que era necessário pôr fim à prestação de serviços de
refeições, via Bragahabit. Disse-o várias vezes. Não concordava com o modelo.
Não concordava com a solução. Hoje reforçava aquela aposta e aquele
investimento e reforçava-a sem ter dado qualquer explicação cabal, qualquer
explicação entendível e qualquer explicação que de alguma forma trouxesse
coerência à tomada da sua posição política. Mas havia, também, hoje, um
conjunto de questões que eram caras e que continuavam sem ter respostas. Uma
casa construída, um equipamento do qual já tinha falado e que o Sr. Presidente
disse que continuava com problemas por resolver e que era uma chaga social do
nosso tempo, a questão da violência doméstica e que era um equipamento que
continuava sem ver a luz do dia, que continuava sem poder prestar o apoio social
devido e que também neste Plano e Orçamento, surgia como uma intenção, mas
era mais uma questão que vinha repetida, replicada e que temiam, com pena,
naturalmente, do serviço que deixava de ser prestado e que tão grande utilidade
tinha, que pudesse, mais uma vez, não ver a luz do dia. Mas no plano das faltas
de fio condutor, no plano daquilo que eram as incongruências da maioria e do
seu Presidente que por ela respondia, em primeiro lugar, lembrar, também, mais
algumas coisas. Há meses fez título de todos os jornais locais que o bairro do
Picoto, uma política que no seu tempo poderia ter feito algum sentido, mas que os
anos demonstraram, de facto, que não o fez, aliás a política dos bairros sociais
sociologicamente evoluiu para outras perspetivas de integração e, hoje, não era,
123
pensava como o era nesse tempo e tinham, naturalmente, de enquadrar as
questões e as críticas no seu devido tempo. Mas estava a falar de um tempo muito
recente. O tempo de Ricardo Rio que há seis meses dizia que era necessário e que
era um imperativo e que fez as parangonas dos jornais locais, demolir o Picoto e
que dizia hoje, meia dúzia de meses depois, que tinha destinado cerca de um
milhão de euros, para a sua reabilitação. Mas também na forma como a Câmara
se relacionava com os seus trabalhadores no plano da teimosia, no plano da
inflexibilidade, sendo hoje, a única Câmara no distrito, que após alterações que
aconteceram já no plano da Assembleia da República e no Governo, a questão
das trinta e cinco horas, se mantinha inflexível àquilo que eram as
recomendações dos representantes desses trabalhadores, as preocupações da
integração positiva entre o trabalho e a família, a integração de uma construção
societária equilibrada entre aquilo que era a fruição e a vida profissional. Havia
hoje um clima que não era benéfico nessa matéria, que era gerador de
desmotivação por os funcionários municipais sentirem num plano de
diferenciação, face à maioria dos seus pares, nas restantes Câmaras Municipais
do distrito e do país e era também tempo de a Câmara acordar com sensibilidade
para essa realidade, porque estavam por provar os supostos ganhos de
efetividade daquilo que se retirava de produtividade, que se poderiam retirar
majoração de cinco horas de trabalho semanais, mas era notório que no plano da
relação que se estabelecia e que todos estabeleciam com funcionários municipais
na Câmara, nas empresas, diariamente, em muitas circunstâncias, que essa era
uma questão de que muitos reclamavam e que era um fator de divisão e de
polarização de descontentamento, que naturalmente o facto de haver uma atitude
fechada, hirta e plástica sobre essa matéria, em nada beneficiava aquilo que
devia ser uma atitude positiva de entrega de ânimo e de boa energia no trabalho
que estes funcionários gostariam também de entregar de outra forma mantendo-
se e tendo condições de trabalho em igualdade com os seus pares, funcionários
de outras autarquias, bem aqui ao lado. Mas não podiam deixar de saudar,
também, o aumento que aquele Plano trazia ao nível do investimento para as
freguesias. Aquela era uma boa notícia que o Partido Socialista, no quadro
daquilo que era a sua história e o seu património de forte investimento nas
freguesias, não poderia deixar ali de assinalar. Aliás, após dois anos, de dois mil
e treze e dois mil e catorze, de descida abrupta no investimento para as
freguesias, havia um aumento naquela rúbrica de investimento nas freguesias.
Um aumento que colocava este Executivo, pele primeira vez, perto dos números
que eram praticados e que eram tradição do Partido Socialista na sua lógica de
investimento, na sua lógica de construção de orçamento muito virado para o
desenvolvimento equilibrado, pleno e cabal do concelho de uma forma
harmoniosa e virada para aquilo que devia ser o equilíbrio entre a dimensão
rural, semi rural e urbana, que o nosso concelho ainda tinha. Mas sobre isso não
podiam também de deixar duas ou três notas, que reforçavam a lógica com que
começou a sua intervenção. A intervenção de que estava aberta a campanha
eleitoral para dois mil e dezassete. Desde dois mil e treze, ou seja nos dois
últimos orçamentos, dois mil e treze, dois mil e catorze, transitavam para o
orçamento do próximo ano, cento e trinta e três obras, que estavam ainda por
terminar. Ou seja, não foram ainda terminadas nos prazos que estavam
estabelecidos e seguiam termos para o próximo orçamento. Mas por que o tempo
era de começar a dar corda aos sapatos e o Sr. Presidente da Câmara parecia ter
urgência de começar a sua campanha com mais antecedência do que aquilo que
era tradição, havia para o orçamento de dois mil e dezasseis, mais de cento e
cinquenta obras nas freguesias. E, naturalmente, isso não poderia de deixar,
124
sendo da parte do Partido Socialista algo que elogiavam, no qual se reviam e no
qual se reconheciam, de pôr em causa, que se durante dois anos das cento e
trinta e três obras, havia cento e trinta e três obras por concluir, dizer que em
dois mil e dezasseis se iriam completar cento e cinquenta novas obras, o Partido
Socialista assinalava e dizia ali que ali estaria, numa perspetiva escrutinadora e
exigente para que essas obras, ao contrário daquilo que o Sr. Presidente muitas
vezes ali disse, não serem apenas na teoria de andar de chapéu na mão, na
relação com os Srs. Presidente de Junte e para andarem de orçamento em
orçamento, de ano para ano, de documento em documento. Mas queriam dizer
ainda mais algumas coisas. Anunciando as baixas das tarifas da Agere para dois
mil e dezassete, esqueceu-se o Executivo Municipal de falar de uma questão
importante e era importante também, neste Plano e Orçamento, dizer algumas
coisas sobre a questão da Agere, nomeadamente sobre a proposta do contrato de
gestão delegada que o Partido Socialista, a seu tempo, e bem, denunciou na
Câmara Municipal, como contendo cláusulas de valorização daquilo que era o
capital dos privados em oito vírgula vinte e cinco por cento ao ano,
obrigatoriamente, e que, hoje, um ano depois, com supostas trocas permanentes
de correspondência entre a Câmara Municipal e a HERSAR, que ninguém
conhecia, esse assunto deixou de estar no horizonte, mas esse pêndulo, qual
guilhotina, sem resolução à vista, sem explicações adicionais, continuava sob a
cabeça de todos os Bracarenses. Mas queria, também, lembrar outras questões,
nomeadamente na área dos transportes. Na área dos transportes, recordava,
também, há não muito tempo, uma entrevista de um especialista na área de
transportes, o Engenheiro Batista da Costa, que falava no quadro dum plano
estratégico para a mobilidade no concelho. Um plano estratégico que dizia um
conjunto de coisas extremamente ambiciosas, algumas delas naquilo que era o
pensamento atual da mobilidade e no quadro daquilo que eram até algumas
experiências que foram feitas noutras latitudes, um quadro que ao partido
Socialista suscitaram profundas dúvidas. Mas dizia aquele Senhor, membro do
Conselho de Administração dos TUB-EM que estava preparado e estava
acordado com a Câmara Municipal um plano de investimento de cento e trinta e
cinco milhões de euros a dez anos para a reconversão de todo o modelo
estratégico de mobilidade e de transportes na cidade. Foi, aliás, alvo de um
suplemento num jornal diário, um suplemento com várias páginas, com várias
cores, um suplemento verdadeiramente panfletário, que fazia um grande número
de propaganda a tudo isso, que fazia uma grande feira sobre tudo isso, que
lançava um grande alarido sobre tudo isso, mas também ali, infelizmente para
todos, as ambições e algum desnorte estratégico e de planeamento que esta
maioria ia revelando, ficou claro que aquilo que se dizia, há alguns meses, tinha
uma lógica desgarrada, tinha uma lógica pouco consolidada e tinha uma lógica
pouco coerente naquilo que devia ser uma estratégia de desenvolvimento segura,
estruturada e que não admitisse desvios e tergiversações permanentes. Portanto,
dizer a esse plano estratégico para a mobilidade e para os transportes de cento e
trinta e cinco milhões a dez anos, de quinze a vinte milhões a dez anos para a
renovação da frota, ou seja, um virgula cinco milhões de euros por ano, para
renovação da frota e decidiu a Câmara Municipal de Braga poupar, disse o
Deputado Hugo Soares, mas quando se propunha a renovação da frota dos TUB-
EM, houve uma renovação que se foi fazendo ao longo dos anos, vinha esta
maioria, num suposto negócio de ocasião, comprar quarenta e quatro autocarros
por duzentos e cinquenta mil euros. Esses quarenta e quatro autocarros tinham
cerca de quinze anos de idade média e eram, na sua maioria, autocarros cuja
média de idades era superior ou muito nivelada com a média de idades do atual
125
parque automóvel dos TUB. E, portanto, a um grande plano, a uma grande
ambição, a uma grande estratégia, decidiu a Câmara Municipal de Braga
poupar, ou não, o futuro o diria, e optar por uma solução diminuída, mas que de
todo não correspondia àquilo que era uma verdadeira ambição de renovação, de
regeneração e de afirmação de uma nova política de transportes e de mobilidade.
No plano dos quadros comunitários, dizer também duas ou três coisas. O PS, ao
contrário do que ali muitas vezes fez o Dr. Ricardo Rio, não iria ali dizer, porque
saudavam a inclusão e o trabalho feito e de preparação para a candidatura aos
quadros comunitários, que decidiu empolar o orçamento pela via dos quadros
comunitários. Como, aliás, ouviram a oposição, na altura, o poder de hoje, fazer
muitas vezes. Aquilo que iriam dizer era que, não partindo para o discurso do
empolamento, partindo sim, como sempre, para o discurso da responsabilidade,
que entendiam que no ano de dois mil e dezasseis, tendo em conta todo o atraso
de contratualização e de um conjunto de suporte técnico e administrativo que
tinha que ver hoje, ainda, com a execução e a entrada em execução do novo
quadro comunitário dois mil e catorze – dois mil e vinte, que tinham profundas
dúvidas que também estes elementos, esperando que assim não fosse, pudessem
ser apenas elementos decorativos que não levasse, de facto, à execução que
também o PS desejava, porquanto, suportavam projetos de interesse para o
concelho. A fechar, duas ou três notas muito breves. Ler o Plano de Atividades.
Ler o Orçamento. Ler o Plano Plurianual de Investimentos e comparar o número
de vezes em que se falava de empreendorismo, “startups”, imensas vezes, eram
repetidas as afirmações e as citações e o número de vezes que se falava de
emprego, de criação de emprego e de oportunidades, que eram muito poucas,
quase inexistentes, dizia bem do erro estratégico sobre a forma como se
concessionava e como se preparava a estrutura e o desenvolvimento de um
concelho. Por fim, fechar com uma nota mais técnica, para um economista
habilitado, como era o Dr. Ricardo Rio e não sendo o interveniente um
economista habilitado, era um curioso dedicado e estudava com atenção todos os
documentos, que ali tinha a oportunidade de debater e de discutir. E, enquanto
curioso dedicado, sem a propriedade de ser um economista reputado ou
renomado, dizer algumas coisas ao Dr. Ricardo Rio. Dizer-lhe que olhar o
Orçamento em inúmeras das rúbricas de despesa e ver valores de grandeza, por
exemplo, um milhão setecentos e oitenta e dois mil euros, seiscentos e cinquenta e
cinco mil euros, um milhão e dezoito mil euros, para um conjunto de rúbricas
indiferenciadas e nessas três rúbricas dizer que havia rúbrica de um milhão
setecentos e cinquenta e dois mil euros, que tinha na rúbrica outros um milhão
setecentos e vinte, ou seja, noventa e oito por cento, cabia num saco que ninguém
sabia para onde iria, ninguém sabia para o que iria ser gerido, ninguém sabia
para o que seria aplicado, ninguém sabia para o que iria ser usado, escapando
daquela forma habilidosa e que confirmava uma lógica de engenharia financeira
e contabilística, isso acontecia vezes atrás de vezes e essa era uma forma
inteligente ou esperta, mas ardilosa, de tentar escapar ao controlo daquela
Assembleia Municipal, num conjunto de áreas que eram importantes e onde a
rúbrica “outros” levava, não raras vezes, sem especificação, sem capacidade de
escrutínio, pelo órgão que tinha a competência para o fazer, grande parte dos
valores alocados a determinadas rúbricas de despesa daquele Orçamento.
Fechar recordando duas citações de Ricardo Rio. Ricardo Rio disse em tempos,
acabou-se a política do chapéu na mão e das obras anos seguidos nos Planos e
Orçamentos. Confirmava-se o que o Sr. Presidente disse e aquilo que fazia era
mais ou menos como o Frei Tomás, “Olha para o que ele diz, não olhes para o
que ele faz”. Mas recordando-lhe uma boa final, Ricardo Rio disse, também, que
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“agora só orçamentamos os projetos aprovados”, criticando, muitas vezes, uma
lógica do PS de empolar orçamentos, de empolar investimentos, que tantas vezes
ali replicou e que também, naquele Orçamento, na sua ação, porque nem sempre
as dificuldades de ação eram compagináveis com as facilidades da oposição, em
que se podia dizer tudo quilo que se queria, vinha no seu próprio Orçamento
contrariar. Por todos aqueles motivos e porque entendiam que Braga merecia
mais e merecia melhor, o Partido Socialista iria, naturalmente, votar contra
aqueles documentos. A palavra foi depois dada ao Sr. Deputado do C.D.S.-P.P.,
CARLOS ALBERTO SOUSA DUARTE NEVES, para dizer que estavam
perante um Plano e Orçamento para dois mil e dezasseis, que era,
provavelmente, o primeiro Plano, que não estava refém da herança do Partido
Socialista. A primeira mensagem, Sr. Presidente da Câmara, era para lhe dizer
que reconheciam o mérito daquele plano e daquele Orçamento, num esforço sério
de construir uma visão para Braga, uma visão que, inclusive, constava dum
documento estratégico e que tinha em Braga vinte- vinte e cinco, portanto visão a
dez anos uma ambição, uma esperança, que resultou, fundamentalmente, das
eleições de dois mil e treze e que inauguraram, como o Sr. Presidente disse, e
muito bem, um novo tempo para Braga. Esse novo tempo para Braga, dois anos
depois, podia materializar-se numa nova estratégia que estavam a fazer e que
estavam a fazer cidade com princípios de rigor na gestão, com princípios de
transparência nas contas e na ação governativa e no governo do Município, com
muito maior proximidade, com inovação nas políticas, com ambição nos
objetivos e nas concretizações, mas também com uma preocupação de
solidariedade e de não esquecer que uma cidade desenvolvida tinha que ser,
acima de tudo, uma cidade solidária. Portanto, aprazia-lhes muito reconhecer
que, pela primeira vez, e de forma mais liberta das amarras do passado, este
Plano, efetivamente, refletia aquela ambição e aquela visão. Aquela visão e
aquela estratégia constavam dos tais quatro eixos de desenvolvimento, que
parecia que incomodava muita gente, mas queria ter uma cidade melhor para
viver. Uma cidade melhor para visitar. Uma cidade melhor para investir e
também, já agora, uma cidade que se afirmasse no contexto da região e, em
particular, na euro-região do norte de Portugal, sem esquecer a Península
Ibérica, onde estávamos instalados. Portanto, esses quatro eixos de
desenvolvimento, que depois declinavam para dez áreas de intervenção estavam
bem estruturados e, no fundo, forneciam uma arquitetura, que permitia que Plano
após Plano, estratégia de orçamento após estratégia, pudesse ser materializada
com objetivos, mas também com resultados que pudessem, depois, ser
escrutinados por todos. Nesse contexto, hoje tínhamos uma cidade muito mais
aberta. Uma cidade muito mais conectada e cosmopolita e isso não era mal
nenhum. Porque uma cidade muito mais conectada permitia ter hoje as
instituições a trabalhar em rede com o Município e eram as universidades que
hoje tinham voz que, no passado, estava a Câmara voltada de costas para essas
mesmas universidades. Hoje tínhamos o INL, que era um laboratório de
excelência e de classe mundial, que hoje tinha uma articulação com a Câmara
Municipal e não era só aquele sistema de oxigénio e de produção de biomassa a
partir da captura do CO dois, que representava a ligação ao INL. E hoje tinham
também boa articulação ao nível institucional e ao nível da promoção da ciência
e tecnologia. Mas também tinham ao nível da dimensão solidária, porque as
IPSS’s e a própria Misericórdia trabalhavam em articulação com o Município e
com a rede social que o Município tinha. Como também tinham com as
associações empresariais, com as empresas, com as coletividades e com as
associações e juventude e também com as ONG’s. Esta conectividade
127
intermunicipal era fundamental para reforçar a rede que Braga precisava para
ser uma cidade mais desenvolvida. Mas essa conectividade e o estabelecimento
dessas redes também se faziam fora das fronteiras do Município. A recuperação
da dinâmica do Quadrilátero Urbano, que estava completamente moribundo,
porque Braga não lhe quis dar valor, porque Braga não quis reconhecer a
importância que uma associação de municípios para fins específicos, como era o
caso, servia muito mais do que um mero instrumento para capturar fundos
europeus. Era, acima de tudo, um instrumento para articulação de políticas e
também para uma lógica de afirmação supramunicipal e regional que devia ser
reforçada e que devia ser estimulada. Aprazia-lhe muito registar que os quatro
Presidentes de Câmara reuniram regularmente e procuravam articular políticas,
não só no Quadrilátero, mas também, num outro organismo, esse sim, de
natureza formal e autárquica que era a CIM do Cávado, onde havia um conjunto
de articulação de políticas, havia, inclusive, planos de coesão e desenvolvimento
territorial que eram submetidos em conjunto a candidaturas a fundos europeus e,
portanto, asseguravam essa lógica supramunicipal, tanto do lado das
infraestruturas, como do lado da educação, como do lado da formação e da
empregabilidade. E isso era muito importante. Mas também uma afirmação de
Braga num contexto suprarregional, até no contexto da euro região do norte de
Portugal, designadamente, no Eixo Atlântico e aprazia-lhes também registar que
o Sr. Presidente da Câmara era também Presidente da Rede de Cidades do Eixo
Atlântico. Essa dimensão de Braga aberta ao mundo estava já a ter resultados.
Os indicadores do turismo e os indicadores também de visitantes que Braga tinha
tido ao longo dos últimos anos, já eram um bom reflexo. E não havia mal nenhum
que a “Noite Branca”, a “Braga Romana”, “o São João” e todos os outros
eventos que Braga tinha organizado, e bem, estivessem cada vez com mais
pessoas a participar. Projetavam Braga para o país. Projetavam Braga, alguns
deles, até, para o mundo e, portanto, era também, um bom exercício, um bom
exemplo daquilo que nestes dois últimos anos Braga tinha conseguido e que
reafirmavam Braga na trajetória de desenvolvimento e de crescimento
sustentado. Contudo, havia um conjunto de notas que era importante deixar ali. A
gestão rigorosa dos recursos públicos tinha no Plano para dois mil e dezasseis
um elemento que lhes parecia particularmente relevante. Designadamente, a
intenção de extinguir e de incorporar na estrutura municipal a Sociedade
Gestora de Equipamentos Desportivos de Braga, a SEGEB. A tão malfadada
parceria público privada que em tempos do executivo socialista foi estabelecida e
que custava quase sete milhões de euros por ano em custos de capital e de
manutenção e estes custos, lamentavelmente, eram crescentes, designadamente,
os de manutenção. Aprazia-lhes muito registar a intenção de internalizar essas
competências na Câmara Municipal e de estimar que essa poupança, pelo menos,
por ano, se traduzisse em três milhões de euros. Estes três milhões de euros,
seguramente, seriam um estímulo muito importante para o plano de investimentos
que estava ali desenhado e que em alguns casos carecia mesmo de intensidade de
capital do lado do Executivo. Era importante dizer que aquele exercício de
transparência e de rigor tinha exemplos concretos, porque, por exemplo, a
despesa corrente reduzia-se dezanove vírgula quatro milhões de euros e isso
significava um aspeto muito importante. Antes deste orçamento, nos anos
anteriores, a despesa corrente, a despesa que ficava comprometida no dia um de
janeiro de cada exercício representava mais de setenta por cento. Ou seja, mais
de setenta por cento do orçamento estava capturado por compromissos à partida,
o que significava que ficava muito pouco disponível para investimento. Todos
sabiam da dificuldade que Portugal viveu ao longo deste últimos anos,
128
designadamente, no acesso a capital e significava, por isso, que a poupança era
um ganho duplo, porque libertava orçamento e porque melhorava os ratios de
endividamento do próprio Município e daquilo que era vulgarmente conhecido
por “rating”, o que melhorava o custo do dinheiro que o Executivo de Braga
poderia beneficiar, quando se tivesse que endividar. Era também um bom
exemplo daquilo que a gestão rigorosa tinha vindo a conseguir ao longo dos
últimos anos. Importava também destacar a importância que foi dada, e ali de
forma inequívoca, às dimensões sociais no âmbito do Plano de Atividades. A
aposta numa Braga solidária tinha um conjunto de exemplos que já ali foram
referenciados pelo Deputado João Granja dos quais se permitia destacar os
duzentos mil euros para apoio ao arrendamento. Uma fiscalidade amiga das
famílias e, sobretudo, das famílias mais carenciadas, mas essa era um aspeto
particularmente importante, quando se falava da importância de libertar
rendimento para as pessoas. A continuidade na oferta de manuais escolares aos
alunos do primeiro ciclo, mas com a descriminação positiva para as famílias
mais carenciadas, em particular, dos escalões A e B, que para além do material
escolar tinham um outro conjunto de benefícios. A questão das refeições
escolares, e permitia-se lembrar ao companheiro de hemiciclo municipal Pedro
Sousa, que o reforço do apoio às refeições escolares constava do ponto doze da
ordem de trabalhos e era para os escalões A e B e na página onze do Plano de
Atividades era clara que era para as famílias mais carenciadas. Portanto, não
percebia qual tinha sido a sua indignação por tentar associar o apoio às
refeições escolares a todos, nomeadamente, àqueles que tinham mais
rendimentos. Era importante, também, referenciar, como uma boa medida de
política social, o congelamento das tarifas para os Tub e para a Agere, sendo
que, inclusive, havia uma expetativa na Agere, que em dois mil e dezassete essas
mesmas tarifas pudessem ser reduzidas. No âmbito da cidade participativa e
numa lógica de participação dos cidadãos, foi este Executivo que inaugurou o
Orçamento Participativo de forma eficaz e efetiva. Iam já para a segunda edição,
já em dois mil e quinze e em dois mil e dezasseis seria a terceira, mas também, o
orçamento participativo escolar e o orçamento jovem. Eram bons exemplos da
forma como a sociedade civil podia e devia participar nos destinos do seu
Município e isso era um bom exemplo. Falando do Plano de Investimentos, ele
estava ancorado num forte instrumento financeiro, que Braga tinha ao seu
dispor, sendo certo que as candidaturas ainda não estavam aprovadas, mas havia
uma forte expetativa de que a maior parte destes investimentos viesse a recolher
fundos europeus. E seria pouco inteligente, para não dizer outra coisa, não
aproveitar os fundos europeus. Porque se os fundos europeus não fossem
aproveitados por Braga, seguramente, o seriam por outras cidades. Quando tanto
mal se falava dos fundos europeus, dizendo que Braga tinha que pôr o seu
orçamento a fazer exatamente o mesmo que os fundos europeus, só estava apenas
com alguma dúvida, então de onde vinha o dinheiro? Era muito fácil dizer que
devia ser o orçamento e os capitais próprios do Município a pagar a demolição
do Picoto, ou a pagar a nova frota de autocarros para os TUB. Contudo, talvez
valesse a pena perceber, que se não fosse o desvaria nas contas que o Executivo
Socialista lhes deixou como herança, talvez houvesse mais dinheiro, por exemplo,
para reconstruir, ou até demolir o próprio Picoto que nunca deveria ter sido
construído naquele sítio e hoje ficava muito espantado por ver o Deputado Pedro
Sousa falar do Picoto e falar da alteração de opção, em termos de demolição e,
agora, pela requalificação, quando o próprio PS devia por a mão na consciência
e recuar dezoito anos e perceber que em mil novecentos e noventa e sete nunca
devia ter construído aquele bairro, naquele sítio. Valia a pena ter alguma
129
memória e valia a pena perceber que com demagogia não iriam lá. Iam lá com
realismo, com pragmatismo e com transparência e isso estava bem plasmado no
Plano e Orçamento para dois mil e dezasseis. Como também estava de forma
inequívoca, a opção pela requalificação, pela regeneração de bairros sociais. E
ali uma mensagem importante e um alerta para o Executivo para que essa
regeneração e requalificação não ficasse apenas e só pelo edificado. Era
provavelmente a parte mais fácil da requalificação, contudo tinham que fazer
regeneração social. Tinham que olhar e atender às pessoas, porque elas eram,
obviamente, o principal destinatário daquele processo de regeneração, ou
requalificação. Era preciso trazer novas vidas, novos hábitos, novos
compromissos, novos sentidos de responsabilidade a esses bairros e não torná-
los guetos, ainda que com cara lavada. Não era esse o objetivo e sabia que a
própria Bragahabit tinha no seu Plano de Atividades inscritas, no âmbito da CIM
do Cávado, um conjunto de ações candidatadas a fundos europeus, precisamente
para atuar a esse nível. Isso era particularmente importante para combinar
aquilo que eram as regenerações físicas com a intervenção ao nível das pessoas.
As outras intervenções, designadamente que estava prevista para o parque de
Exposições, era também muito relevante e isso enquadrava-se naquilo que era o
plano estratégico para o desenvolvimento económico de Braga, que deveriam ter
bem presente. Era importante dizer que uma cidade só era solidária se fosse
sustentada e se fosse desenvolvida. Não valia a pena continuar com a ideia, não
valia a pena ter condicionalismos e a ter fundamentalismos ideológicos de pensar
que uma cidade solidária, uma região solidária, um estado solidário, tinha que
ser sempre à custa do Estado, do dinheiro público e da lógica assistencialista.
Não teria necessariamente que ser assim. Uma sociedade solidária tinha que,
acima de tudo, partir da solidariedade entre as pessoas e havia muitos exemplos
de solidariedade entre as pessoas, que não eram assim tão intensivos em capital,
exigindo, isso sim, boas políticas e era para essas boas políticas que alertavam e
desafiavam o Executivo a perseguir. E a questão do desenvolvimento económico
parecia que hoje estava na ordem do dia, porque causava algum embaraço a
alguma esquerda que se incomodava muito, mas incomodava-se muito conforme
o ambiente onde estava. O PS foi ali dizer que ficava muito incomodado por ver
muitas vezes inscrito no Plano e Orçamento empreendedorismo e inovação.
Talvez valesse a pena recordar ao deputado Pedro Sousa, que o próprio líder do
seu partido, António Costa, hoje Primeiro-Ministro, tinha dito recorrentemente
que o empreendedorismo e inovação era uma das linhas mestras do seu próprio
governo. E ainda bem que o era, porque também acreditavam que poderia ser
para Braga e deveria ser para Braga, porque o empreendedorismo e inovação
era uma via mais sustentável para gerar emprego qualificado. E quando falava
de emprego qualificado, não estava a falar em qualificação ao nível dos
diplomas, mas sim ao nível do valor gerado por cada hora de trabalho prestado.
Melhores salários, melhor sustentabilidade, maior vínculo no trabalho e menor
precariedade. Quando estavam a falar de empreendedorismo e inovação estavam
a falar, fundamentalmente, de trazer mais e melhor emprego qualificado e melhor
qualificação no emprego para a cidade de Braga. Não havia mal nenhum de falar
de “nearshore”, porque “nearshore” também falam de centros de competências,
falavam de centros de engenharia e outros centros que vendiam para o mundo
serviços de altíssimo valor acrescentado, como algumas multinacionais faziam,
como algumas empresas portuguesas também faziam. Era uma boa forma de
exportar cá dentro, como fazia o turismo, não necessitando de exportar os nossos
talentos, necessitando que os nossos talentos tivessem que ir para fora, para ter
melhores rendimentos. Poderiam fazê-lo cá dentro. Poderiam fazê-lo a partir de
130
operações de “nearshore”, porque estavam a vender para o mundo, mas a partir
da sua própria casa, a partir da sua própria cidade. Fazia muito bem o Sr.
Presidente em ter no Plano e Orçamento a estratégia para Braga o “nearshore”,
como uma grande opção estratégica, porque não tinha dúvidas nenhumas, que se
fossem à Concentrix, à empresa que estava no edifício da estação de comboios,
que era da Refer, como sabiam, e olhassem para as seiscentas pessoas que lá
estavam a trabalhar, que não ganhavam o salário mínimo, e que tinham níveis de
satisfação e níveis de desempenho ao melhor daquele grupo empresarial, que
tinha cinquenta e quatro mil pessoas em todo o mundo. Estavam a falar de
realidades que estavam aqui. Não estavam a falar de ficção científica. Todos
conheciam esses bons exemplos e esses exemplos tinham que ser cada vez mais
atraídos para Braga, porque eles qualificavam o emprego em Braga, traziam
mais e melhor rendimento para a cidade e para os Bracarenses. Falar disso era
falar também da preocupação que tinham que ter com o desenvolvimento da
nossa cidade, mas de uma forma sustentada. Fazia-lhes alguma espécie,
efetivamente, ouvir falar da questão da mobilidade e de dizer que os TUB tinham
um plano muito ambicioso. Pois tinha. Tinha um plano muito ambicioso, que
também tinha um grande envelope. Talvez se tivessem os cofres mais cheios,
teriam mais possibilidade de contratar e implementar esses projetos. Estavam a
fazê-lo com transparência e os TUB estavam a comprar os autocarros que
podiam e a passar os cheques, mas de forma muito transparente. Não havia
cheques esquisitos. Não havia negócios duvidosos. Era tudo claro e transparente.
E, se calhar, gostariam de ter autocarros novos. Pois, mas os dos TUB, que
apesar de tudo tinham uma conta de exploração positiva e estava ano após ano a
melhorar a sua conta de exploração, não precisavam de outros subterfúgios para
ter a renovação da sua frota e acreditavam e estava perfeitamente inscrito no
Plano e Orçamento, que a mobilidade sustentável era uma prioridade e que os
novos modos também suaves de mobilidade faziam parte daquela agenda para
uma cidade mais sustentável e mais amiga das pessoas, mais amiga do ambiente.
Por tudo isso, e não era pouco, o Grupo Municipal do C.D.S.-P.P., iria votar a
favor do Plano e Orçamento para dois mil e dezasseis. Passou depois a usar da
palavra o SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA,
RICARDO BRUNO ANTUNES MACHADO RIO, para começar por confessar
que não esperava ir para uma sessão da Assembleia Municipal de apreciação do
Plano e Orçamento da Câmara Municipal elaborado pela maioria em funções e
ouvir tantos elogios, como ali ouviu, durante aquela sessão e que foram bem
traduzidos na expressão aplicada pelo Deputado Municipal Pedro Sousa de que
aquele era um plano de campanha. Porque, a não ser que ele estivesse a
subscrever a visão, também já ali hoje partilhada, pelo Deputado Carlos Silva, de
que os Bracarenses eram uma espécie de animais estúpidos que se deixavam
manipular pelos encantos da maioria em funções, para si, um plano de
campanha, era um plano que ia ao encontro das aspirações dos Bracarenses, e,
portanto, nas quais eles se reviam e isso levaria a que se revendo nessas opções,
revendo-se nas políticas do Executivo Municipal, lhe pudessem confiar o seu voto
nas próximas eleições. A não ser que não fosse assim, de facto, este Plano era
não um plano de campanha, mas um Plano coerente com aquilo que eram as
políticas seguidas por este Executivo, definidas, há muito tempo, como uma visão
estratégica para o nosso concelho e que entendiam que eram as que melhor
respondiam aos desafios para Braga e às aspirações dos Bracarenses. Devia
dizer que olhavam, em primeiro lugar, para a intervenção municipal, num
contexto global. E começaria mesmo por aí, porque, curiosamente, num
documento em que se analisavam, sobretudo, as intervenções diretas do
131
Executivo Municipal ou da Câmara Municipal, foram ali muito versadas as
empresas municipais e gostaria de dizer que, de facto, olhavam para o universo
municipal como um todo, como um grupo que trabalhava em coerência
devidamente articulado, em que havia, obviamente, áreas de competência
repartidas por diferentes estruturas. Mas nesse todo, devia dizer tinha que dar
ali, reiterando esse mesmo testemunho, que um dos grandes contributos para o
sucesso do trabalho deste Executivo Municipal tinha sido, precisamente, os
profissionais de cada uma das áreas do Município. Fosse da Câmara Municipal,
fosse das empresas municipais, tinham assentado na sua dedicação e
competência, na sua esmagadora maioria, porque, obviamente, havia sempre
exceções que fugiam à regra. Tinha agido nesse trabalho que tinha assentado boa
parte do sucesso do seu trabalho. E sobre essa matéria das trinta e cinco horas
que ali voltou a ser levantada, gostaria de lembrar que aquela mesma
Assembleia, os senhores Deputados que estavam ali sentados, na última sessão,
rejeitaram uma moção que foi formulada e votada para que o Município
retomasse as trinta e cinco horas e, portanto, o Município correspondia, neste
momento, àquela que foi a vontade sufragada pela Assembleia Municipal, na
última sessão. Caso não se lembrassem, a democracia não era só boa quando
funcionava a nosso favor. Era também quando não funcionava de encontro às
nossas pretensões e a verdade era que essa moção foi rejeitada. Mas também
fossem taxativos, a Câmara Municipal cumpria a lei. E, portanto, o novo
Governo que ontem entrou em funções iria, seguramente, repor, como prometeu,
as trinta e cinco horas na Administração Local e na Administração Pública em
geral, e quando assim acontecesse, a Câmara Municipal acataria a lei que
estiver em vigor e reporá aos seus trabalhadores as trinta e cinco horas que
emanarem dessa lei. Voltando à questão do universo municipal, de facto, além da
própria Câmara Municipal, o universo municipal era composto pelas empresas
municipais. E, curiosamente, de entre as empresas que ali foram abordadas, ou
de entre as empresas que compunham esse agregado, houve uma que não foi ali
citada e que julgava que era pelo reconhecimento unânime da excelência do
trabalho que tinha sido desenvolvido, que era o Theatro Circo, em ano festivo, o
centenário tinha sido, de facto, um pilar da dinamização cultural e da projeção
do concelho, que todos reconheciam, da interligação dos agentes culturais, da
complementaridade da programação, do acolhimento de novos eventos e,
portanto, julgava que sobre essa matéria não havia qualquer dúvida e isso teria
justificado essa omissão por parte dos diversos grupos. A Investbraga, que por
mais críticas que fizessem ao facto de Braga ser hoje um concelho no norte do
país que tinha registado maior nível de crescimento no emprego criado, não
estava a falar na redução de desemprego, que, obviamente, poderia dar aso a que
numa leitura, nalgumas vezes, um pouco abusiva, fosse dito que era por qualquer
tipo de expediente. Não, estava a falar de criação efetiva de postos de trabalho,
fosse nas grandes empresas industriais, fosse no setor comercial, fosse no setor
do “nearshoring”, eram muitos e vários os projetos de grande envergadura que
tinham sido desenvolvidos no nosso concelho, tinham sido ampliados no nosso
concelho e isso era, naturalmente, muito positivo para Braga, estando
estatisticamente comprovado e isso, também, diria que, em última análise,
corroborava o asserto que a empresa tinha seguido nessa componente da
dinamização económica e do apoio ao empreendedorismo e, já não falava ali, da
própria componente da rentabilização da atividade daquele Parque de
Exposições, que se estava também a verificar um grande crescimento e uma
muito maior rentabilidade. Mas, sobre essa matéria, havia ali uma nota que não
poderia deixar de fazer, era que depois de ouvir o Deputado pedro Sousa dizer
132
que só por incompreensão era que se conseguia ver a insistência com que a
Câmara, a propósito da dinamização económica, invocava o empreendorismo,
invocava as “startups”, repetia empreendorismo, repetia as “startups”, e isso
não correspondia, se calhar, à melhor estratégia para promover o
desenvolvimento económico, julgava que ele estava a querer dizer que a escolha
para Secretário de Estado da Indústria do responsável da “StartUp de Lisboa”
foi um erro do Governo, também, ontem empossado. Quanto à Agere, diria que
haveria de chegar o dia em que se iria fazer arqueologia desse processo de
privatização parcial e em que se iria perceber quais foram, ao longo dos anos, as
responsabilidades não sufragadas sequer em sede de Executivo Municipal,
portanto, se não escamoteavam a sua responsabilidade na opção política de
concretizar essa privatização, obviamente, que tinha que alijar qualquer
responsabilidade sobre os contornos que ao longo dos anos presidiram ao
relacionamento, em sede de acordo parassocial, em sede de opções de gestão,
como aquela que retirou ao contexto da Agere a responsabilidade de gerir as
águas pluviais, por parte da Câmara Municipal, e várias outras opções que
foram, de facto, um fator de benefício direto, claro e objetivo para o parceiro
privado, ao longo destes anos, mas isso, algum dia se iria fazer esse escrutínio
devidamente. Dizia que, na ótica dos Bracarenses, aquilo que de facto importava,
era que essa empresa prestava um serviço cada vez de melhor qualidade, que
respondesse ao conjunto do território e que o fizesse de forma cada vez mais
económica e segura. Ora, se a componente da segurança e da qualidade tinha
sido, sucessivamente, corroborada pelos indicadores da HERSAR que estavam
disponíveis publicamente, onde a Agere tinha dos melhores indicadores, a nível
nacional. Se a eficiência da gestão tinha sido corroborada, ainda recentemente,
pelo Anuário Financeiros dos Municípios Portugueses, como sendo a empresa
que teve os melhores resultados, a nível nacional, a componente, também
económica, registou, ao longo deste mandato, uma inversão clara, face àquela
que era a prática do passado. Aos aumentos de treze e oito por cento que se
registaram durante muitos anos, na água e no saneamento, inverteu-se com uma
descida para dois e cinco por cento desses aumentos nos primeiros anos, um
congelamento neste ano, e, finalmente, uma descida que iria ser concretizada em
dois mil e dezassete. Se quisessem, deixava para dois mil e dezoito, mas achava
que os Bracarenses preferiam que fosse mais cedo do que mais tarde. E, por
outro lado, também conseguiram acrescentar uma série de outros benefícios às
famílias numerosas, que reduziram a sua fatura da água em mais de cinquenta
por cento. Às IPSS’s, que tinham um desconto de doze e meio por cento. Às
Juntas de Freguesia, que no próximo ano passariam a ter um desconto também
de vinte por cento. E, obviamente, que no próximo ano, sem qualquer dúvida,
esperavam ter o contrato de gestão delegada aprovado. As condições na sua
componente material e naquilo que dependia da opção da Câmara Municipal não
seriam muito diferentes daquelas que foram inicialmente conhecidas e que,
frisava, o que estava em causa era o relacionamento entre a Câmara e a Agere,
não entre a Câmara e o parceiro privado. Isso era substancialmente diferente e
era algo que era importante, também, clarificar. E aquilo que disse e repetia, era
que na ótica dos Bracarenses, esse relacionamento media-se na sua carteira. E
se, qualquer que fosse o contrato de gestão delegada que viesse a ser celebrado,
conseguissem promover uma redução do custo dos serviços, os Bracarenses
estavam a ganhar e, naturalmente, que a empresa estava a corresponder às sua
obrigações, enquanto agente económico, para com todos os seus acionistas e não
apenas com os seus parceiros privados. Falou-se ali muito dos Tub e sobre os
Tub podia começar por apresentar ali um vasto rol de aquisições de autocarros
133
usados, ao longo da última década, que foram concretizados pelo anterior
Executivo, pelas anteriores administrações dos Tub. Estavam ali alguns membros
sentados na bancada, em que, efetivamente, a Câmara Municipal, por valores
muito superiores àqueles que agora foram incluídos naquele negócio realizados
com as STCP, adquiriu autocarros com catorze, quinze, dezasseis, dezassete
anos, nalguns casos, com dezenas de milhares de euros que custou cada um
desses autocarros e até, curiosamente, pegando numa expressão que foi usada
por alguns comentadores representativos dos partidos, alguns deles até foram
comprados a uma empresa que se chamava “Isasucatas” e, portanto, se calhar,
transmitindo o espírito que alguns quiseram apontar. Pois bem, tinha que dizer
que os autocarros que agora foram adquiridos eram autocarros perfeitamente
operacionais. Estavam em totais condições de circulação. Foram, todos eles, um
por um, inspecionados, antes de serem adquiridos. E, mais do que isso, eram
autocarros que por mais que viessem dizer que eram da mesma idade que aqueles
que estavam, em média, a circular em Braga, a média tinha destas coisas, era
que para a média ser de quinze, dezasseis ou dezassete anos, como era
atualmente, e portanto estes autocarros estarem em linha com a média, havia
outros autocarros, que não aqueles que foram também mais recentemente
adquiridos, que tinham vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e
nove e trinta anos e esses autocarros que estavam em funcionamento na nossa
cidade que eram, não só, um foco de prejuízo para os Tub, face aos custos de
funcionamento, face aos custos de manutenção, mas, sobretudo, um prejuízo
enormíssimo, do ponto de vista ambiental e da qualidade dos serviço que era
prestado à população, iria ser, agora, enviados para abate. E, portanto, era só a
partir daí fazer as contas. Se se retiravam autocarros com vinte e cinco e trinta
anos e se se introduziam autocarros com quinze, a média iria descer e iria descer
substancialmente. E sobre essa matéria não havia, também cumpria dizê-lo,
nenhum ameaçar daquela que foi a estratégia assumida pelo Engenheiro Batista
da Costa e pelos responsáveis da empresa municipal de que iriam continuar o
esforço para renovar a frota e para adquirir autocarros novos ao longo dos
próximos anos. Iriam, seguramente, fazê-lo. Agora, não podiam passar ao lado
daquela oportunidade de adquirir quarenta e quatro autocarros, perfeitamente
operacionais, como disse, pelo preço que custariam dois novos no marcado. E
percebia, e tinha que o dizer, que o PCP e o BE ficassem bastante incomodados
com esse negócio. Era que, de facto, depois de os STCP terem perdido quarenta e
quatro autocarros, que estavam perfeitamente operacionais, não sabia o que
iriam fazer aos cento e cinquenta motoristas que queriam pôr a conduzir sucata
nas ruas do Porto. Pediu, depois, ao PS para comparar os primeiros dois anos
com os dois anos iniciais dos mandatos anteriores, realçando que as mais de cem
obras nas freguesias, que agora o executivo iria tentar concretizar, não foram lá
colocadas por este executivo, mas já constavam dos anteriores planos do PS, não
lhes tendo sido dada qualquer execução. “Se não fizemos mais obras foi porque
estivemos a pagar muitos dos vossos compromissos, e pelo menos até dois mil e
trinta, os orçamentos municipais serão sempre reféns do passado”, acrescentou o
orador. Este plano e orçamento era um documento claro, transparente e
ambicioso, e o Município iria procurar usar ao máximo os fundos comunitários,
para investir em grandes projetos do concelho e nas freguesias. Graças a este
Plano e Orçamento e ao trabalho que tinha vindo a ser desenvolvido, Braga iria
ser um município de referência no contexto internacional e iria ser cada vez mais
um concelho onde valia a pena viver, investir e visitar. Posta à votação foi a
referida proposta aprovada com quarenta e nove votos a favor; dezasseis votos
contra e uma abstenção. Interveio depois o SR. PRESIDENTE DA JUNTA DE
134
FREGUESIA DE GUALTAR, JOÃO ANTÓNIO DE MATOS NOGUEIRA,
para numa Declaração de Voto, dizer que: "A Junta de Freguesia de Gualtar iria
votar favoravelmente o Plano de Atividades da Câmara Municipal de Braga para
dois mil e dezasseis, porque esta incluiu a Requalificação e Ampliação da Escola
EB um de Gualtar, que esta Câmara também tinha retirado do seu Plano de
Atividades para dois mil e catorze, apesar dos protestos da Junta de Freguesia,
facto que na época a levou a votar contra o Plano de Atividades para dois mil e
catorze. É justo agora reconhecer que o Município compreendeu o erro e a
injustiça que estava a cometer contra um projeto educativo de relevância e de
grande sucesso, facto com que a Freguesia de Gualtar se congratula. No entanto,
o Município de Braga retirou a construção do Campo de Futebol, obra de
compromisso eleitoral do Dr. Ricardo Rio para com os Gualtarenses e que esteve
em Plano e intenção do Município até Julho de dois mil e quinze. Este gesto é
incompreensível e acrescenta desigualdade para com os Gualtarenses que se vêm
privados de um espaço desportivo de grande alcance na formação dos seus
jovens e na prática desportiva de todos. Importa relembrar que não é uma
questão financeira que impede a construção do campo de futebol já que as
poupanças promovidas pela extinção da SGEB, onde se incluía o campo de
futebol de Gualtar, poderiam numa parte ser canalizadas para esta obra. Assim,
vê-se a Freguesia de Gualtar forçada a abster-se da votação do Plano de
Atividades e Orçamento da Câmara Municipal de Braga para dois mil e
dezasseis, esperando que, como aconteceu com a Escola EB um, o Município de
Braga reconheça o erro e torne e a incluir a construção do Campo de Futebol de
Gualtar nas suas intenções." PONTO NÚMERO TRÊS – PEDIDO DE
ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE IMI E IMT - BRAGAHABIT – EMPRESA
MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE BRAGA, E.M.. Submete-se à apreciação e
aprovação da Assembleia Municipal a proposta do Executivo Municipal,
aprovada em reunião de nove de novembro do ano em curso, tendo em vista a
concessão de isenção à Bragahabit – Empresa Municipal de Habitação de Braga
– EM, do pagamento do IMI e IMT, nos termos do número dois, do artigo décimo
segundo da Lei número dois barra dois mil e sete, de quinze de janeiro,
relativamente a todos os imóveis de que é ou possa vir a ser sua propriedade,
pelo período de cinco anos renovável por mais cinco, a contar de um de janeiro
de dois mil e dezasseis (data da entrada em vigor da nova Lei das Finanças
Locais), considerando que se trata de uma empresa municipal pública, que tem
por objeto social a promoção da habitação social no Município de Braga e
gestão social, patrimonial e financeira dos seus prédios. Posta à votação foi a
referida proposta aprovada por unanimidade. PONTO NÚMERO QUATRO –
DESAFETAÇÃO DO DOMÍNIO PÚBLICO MUNICIPAL DE UMA
PARCELA DE TERRENO COM A ÁREA DE QUATROCENTOS E
DEZASSEIS METROS QUADRADOS, SITA NO PARQUE INDUSTRIAL DE
ADAÚFE – SEGUNDA FASE – ADAÚFE. Submete-se à apreciação e
aprovação da Assembleia Municipal, nos termos da alínea q), número um, artigo
vigésimo quinto, do Anexo um, da Lei número setenta e cinco barra dois mil e
treze, de doze de outubro, a proposta aprovada pelo Executivo, em reunião de
catorze de setembro do ano em curso, em que se solicita autorização para a
desafetação da dominialidade pública municipal, da parcela de terreno com a
área de quatrocentos e dezasseis metros quadrados, situada no Parque Industrial
de Adaúfe – segunda fase, freguesia de Adaúfe, do concelho de Braga, que se dá
por reproduzida e transcrita e vai ser arquivada em pasta anexa ao livro de atas.
Usou da palavra o SR. VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA,
MIGUEL SOPAS DE MELO BANDEIRA, para dizer que se tratava da
135
alienação de estreitas faixas de terreno adossadas a lotes e já ocupadas pelos
pavilhões neles erigidos no Parque industrial de Adaúfe. Teriam resultado do
deturpado dimensionamento dos lotes e consequente ocupação com construções
em banda que neles foram edificadas. Configurando uma medida de
regularização da situação. Posta à votação foi a referida proposta aprovada com
quarenta e nove votos a favor; com dois votos contra e com quinze abstenções.
PONTO NÚMERO CINCO – RENOVAÇÃO DO PRAZO PARA
HOMOLOGAÇÃO DA LISTA DE CLASSIFICAÇÃO FINAL DO
PROCEDIMENTO CONCURSAL COMUM PARA OCUPAÇÃO POR
TEMPO INDETERMINADO DE UM POSTO DE TRABALHO NA
CARREIRA/CATEGORIA DE TÉCNICO SUPERIOR PARA A DIVISÃO DE
CONTABILIDADE. Submete-se à apreciação e aprovação da Assembleia
Municipal, a proposta aprovada em reunião do Executivo de vinte e seis de
outubro do ano em curso, relativa à renovação do prazo para homologação da
lista de classificação final do procedimento concursal comum para ocupação por
tempo indeterminado de um posto de trabalho na carreira/categoria de técnico
superior para a Divisão de Contabilidade. Posta à votação foi a referida
proposta aprovada com onze abstenções. PONTO NÚMERO SEIS –
RENOVAÇÃO DO PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO DAS LISTAS DE
CLASSIFICAÇÃO FINAL. Submete-se à consideração da Assembleia
Municipal, nos termos do disposto no número três, do artigo sexagésimo quarto
da Lei número oitenta e dois-B barra dois mil e catorze, de trinta e um de
dezembro (LOE dois mil e quinze), com vista a aprovação, a proposta da Câmara
Municipal, aprovada em reunião de nove de novembro do ano em curso, relativa
à renovação do prazo para homologação das listas de classificação final. Posta à
votação foi a referida proposta aprovada com dez abstenções. PONTO
NÚMERO SETE – PROPOSTA DE ANULAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DO
ÓRGÃO EXECUTIVO QUE APROVOU O MAPA DE PESSOAL PARA DOIS
MIL E DEZASSEIS, TÃO-SOMENTE NO QUE RESPEITA À ÁREA DE
FORMAÇÃO PARA O RECRUTAMENTO DE TÉCNICO SUPERIOR PARA
A DIVISÃO DE INOVAÇÃO, SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E
QUALIDADE, LIMITANDO-SE À MERA INDICAÇÃO DE
LICENCIATURA. Submete-se à apreciação e aprovação da Assembleia
Municipal, a proposta aprovada em reunião do Executivo de nove de novembro
do ano em curso, relativa à anulação da deliberação do órgão executivo que
aprovou o mapa de pessoal para dois mil e dezasseis, realizada em reunião de
vinte e seis de outubro de dois mil e quinze, tão-somente no que respeita à área
de formação para o recrutamento de técnico superior, para a Divisão de
Inovação, Sistemas de Informação e Qualidade, limitando-se à mera indicação de
licenciatura. Posta à votação foi a referida proposta aprovada com três
abstenções. PONTO NÚMERO OITO – RECONHECIMENTO DO
INTERESSE PÚBLICO MUNICIPAL NA REGULARIZAÇÃO DA
AMPLIAÇÃO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL DA EMPRESA
POSTEREDE, SITUADA EM MIRE DE TIBÃES. Submete-se à apreciação da
Assembleia Municipal, para efeitos de aprovação, a proposta do Executivo
Municipal, aprovada em reunião de nove de novembro do ano em curso,
referente ao pedido de reconhecimento de interesse público municipal na
regularização da ampliação do estabelecimento industrial da Empresa Posterede,
situada em Mire de Tibães, nos termos do disposto na alínea a), do número
quatro, do artigo quinto, do Decreto-Lei número cento e sessenta e cinco barra
dois mil e catorze, de cinco de novembro, que se dá por reproduzida e transcrita
e vai ser arquivada em pasta anexa ao livro de atas. Posta à votação foi a
136
referida proposta aprovada com oito abstenções. PONTO NÚMERO NOVE –
CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE A
CELEBRAR ENTRE O MUNICÍPIO DE BRAGA E O SPORTING CLUBE
DE BRAGA. Submete-se à apreciação e aprovação da Assembleia Municipal, a
proposta do Executivo Municipal, aprovada em reunião de nove de novembro do
ano em curso, referente ao contrato de constituição do direito de superfície a
celebrar entre o Município de Braga e o Sporting Clube de Braga, que tem
particular interesse em dinamizar e valorizar toda a envolvente do Estádio
Municipal de Braga e, bem assim, criar uma nova centralidade urbana,
documento que se dá por reproduzida e transcrita e vai ser arquivada em pasta
anexa ao livro de atas. O SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE
BRAGA, RICARDO BRUNO ANTUNES MACHADO RIO explicou que já após
a deliberação em sede de reunião do executivo municipal, o Sporting Clube de
Braga pediu o alargamento do prazo de cedência dos quarenta para os cinquenta
anos, por forma a permitir uma mais fácil negociação dos processos de
financiamento bancário, solicitando assim à Assembleia Municipal que tivesse
isso em atenção na hora da votação. O Edil explicou que no caso da piscina
estavam a falar de um equipamento onde o município já investiu mais de oito
milhões de euros e realçou que o direito de superfície era, neste caso, o que
melhor salvaguardava os direitos do município e frisou, novamente, que a
câmara não iria meter um cêntimo neste projeto. Notou, ainda, que a cedência
das piscinas acabava por corresponder a uma moção aprovada na anterior
Assembleia Municipal, no sentido de resolver o problema deste mamarracho,
onde tinham sido investidos mais de oito milhões de euros. Defendeu que a opção
pelo direito de superfície nas piscinas, em vez da doação já realizada dos
terrenos para a instalação da Academia do Sporting Clube de Braga, teve em
atenção o investimento já realizado pelo Município, a salvaguarda do acesso
para outras instituições e para eventos municipais. Usou depois da palavra o SR.
PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE GUALTAR, JOÃO
ANTÓNIO DE MATOS NOGUEIRA, para realçar que o Partido Socialista
sempre teve como seu objetivo apoiar o Sporting de Braga na construção da
Academia destinada à promoção e desenvolvimento desportivo dos atletas do
Sporting Clube de Braga. Aliás era pública a manifestação desta intenção que
continuavam a apoiar, mas nunca nos terrenos que agora o Município de Braga
propunha para o efeito. Os terrenos que agora o Município propunha, estavam
destinados à construção de um parque urbano e a utilização destes para a
construção da Academia seria um erro imperdoável, que condicionariam uma
zona que seria mais um pulmão verde da cidade e do concelho. Onde estavam os
críticos que no passado tanto criticavam a Câmara de Braga pela falta de
espaços verdes? Pelos vistos agora tudo valia em nome de uma intenção que
poderia ser construída noutro local, nomeadamente, num dos locais outrora
apontados, como por exemplo no Parque de Exposições. Ou então Braga,
felizmente, tinha área verde e a crítica que era feita era injusta e apenas serviu
como arma de arremesso politico. A demagogia a que se assistia iria converter
um espaço ambiental por excelência e que o Partido Socialista na sua gestão
municipal adquiriu para o efeito. Eram dos que apoiavam e que sempre estiveram
na linha da frente na promoção do desporto concelhio, preconizado pelo Sporting
de Braga e assim continuariam, porque era essa a nossa matriz, sendo prova
disso a inclusão do projeto de construção da Academia, num dos programas do
Partido Socialista como fator de desenvolvimento desportivo, mas nunca em
detrimento de um parque urbano. O Partido Socialista não negava os seus
projetos e as suas orientações e esperava que a Direção do Sporting de Braga
137
viesse reconhecer, publicamente, que o PS era e era um partido que projetava e
dinamizava também o desporto bracarense, retificando assim a infeliz declaração
do seu responsável máximo. Declaração que lamentavam por ser injusta e haver
uma nítida interferência no quadro político-partidário que não reconheciam e
que muito lamentavam. Interveio de seguida a Srª. Deputada da C.E.M., PAULA
CRISTINA BARATA MONTEIRO DA COSTA NOGUEIRA, para inicialmente
dizer que depois discutiria com o Deputado João Nogueira qual era o seu grau
de filiação, apenas para lhe dizer que não tinha inimigos nem ali, nem em parte
nenhuma, tinha, quando muito, adversários políticos e tinha posicionamentos
críticos sobre algumas declarações, assim como ele teria noutras matérias.
Sempre que achasse que aquilo que ele dissesse não dignificava a Assembleia,
sinalizá-lo-ia no mesmo direito de expressão e de crítica que ele tinha quando as
proferia. Dito isso, poderia ter a certeza que não tinha inimigos nem ali, nem em
lado nenhum. Acerca daquele direito de superfície, queria levantar algumas
questões, e olhando para aqueles textos, iria ver se o Sr. Presidente
acompanhava o seu raciocínio, porque lendo aquilo pensou que se o direito de
superfície impedia a candidatura do Sporting de Braga a fundos comunitários e
foi essa a razão que foi invocada para se ter optado pela doação dos terrenos,
pensava que cabia perguntar naquele momento, se aquela opção, agora, de
optarem pelo direito de superfície, não impedia que o Sporting de Braga também
não pudesse aceder a fundos comunitários. No entanto, parecia-lhe que a
resposta à pergunta que estava a enunciar estava inscrita na alínea c) da
cláusula sete, que dizia “podem os outorgantes todos e quaisquer instrumentos e
figuras jurídicas para acautelar o interesse das partes como sejam autorizações
necessárias para em circunstâncias específicas ser o Clube ou o Município o
requerente daquelas candidaturas”. E a sua questão era se isso foi válido, ou
seja, podia ser a Câmara a fazer a candidatura para a realização do multiusos,
uma vez que aquilo que fizeram ali ou que iriam fazer ali era a questão do direito
de superfície, a sua questão era se aquele instrumento poderia ser usado dessa
forma, então por que aquela estratégia que estava contida na alínea c) da
cláusula sete, não foi utilizada para os restantes terrenos. Achava ser uma dúvida
legítima. Se antes se dizia que não podiam dar o direito de superfície, porque o
Sporting de Braga não podia recorrer a fundos comunitários, mas então agora
estavam a fazê-lo. Gostaria de ver esclarecida tal dúvida. Passou a usar da
palavra o SR. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA,
RICARDO BRUNO ANTUNES MACHADO RIO, para esclarecer que era uma
questão estritamente de forma. De facto, em termos dos direitos que foram
conferidos à sociedade eles eram idênticos na medida em que também a doação,
cumpria enfatizá-lo, tinha um fim específico consignado e, portanto, havia
sempre um direito de reversão e mesmo no caso da doação, caso não fosse
cumprido. Isso era uma condicionante também para o próprio financiamento.
Mas, neste caso, o que foi opção do Município, foi entender que o facto de ter
existido um investimento de mais de oito milhões de euros na própria piscina, na
estrutura da piscina. O facto do próprio Município, ao contrário do que
acontecia no Centro de Formação Desportiva, que era um projeto exclusivamente
do Sporting Clube de Braga, querer salvaguardar um espaço que seria para
fruição do próprio Município ou de coletividades que este viesse a designar e sem
por em causa aquele princípio que já haviam assumido de forma taxativa, de que
a Câmara não iria investir um cêntimo naquele projeto em termos financeiros,
que o modelo que melhor salvaguardava aquelas condicionantes era a questão do
direito de superfície. Não havia nenhuma outra fundamentação, que não fosse
esse princípio, que diria que era político mais do que jurídico. Interveio depois o
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Sr. Deputado do P.S.D., JOÃO ALBERTO GRANJA DOS SANTOS SILVA,
que, apenas para salvaguardar o rigor formal, disse que a bancada do PSD e do
PS subscreviam o alongamento do prazo de cinquenta anos para ficar
salvaguardada a iniciativa, em sede de Assembleia, no espírito da lei como
lembrou, e muito bem, o Sr. Deputado Pedro Sousa. A palavra foi dada à SRª.
Deputada da C.D.U., CARLA MARIA DA COSTA E CRUZ, para realçar que
era de mais relembrar que a partir do momento em que a doação de terrenos ao
Sporting Clube de Braga para construção da sua Academia foi proposta em sede
de Câmara Municipal e da Assembleia Municipal que a CDU se empenhou em
encontrar forma de aproveitar o momento para resolver dois dos problemas que
pareciam não ter solução para aquele local: o abandono ao qual estava ditado e
o edifício inacabado das piscinas olímpicas que se situa junto ao Estádio
Municipal. Dando especial relevância ao impasse que existia relativamente
àquele edifício, onde já quase nove milhões de euros estavam perdidos, e para o
qual não existia, nem a médio nem a muito longo prazo, solução à vista, a CDU
propôs-se a resolver de vez o grande elefante branco da cidade. No decorrer do
processo, foi efetuada a alteração do regime jurídico para o edifício das piscinas
olímpicas, de doação para direito de superfície, solução que louvavam e
saudavam, desde logo porque era esta a figura que defendiam também para a
Academia mas que não foi, infelizmente, possível de concretizar. Aliás sobre este
ponto gostaria de dizer que o Sr. Presidente foi fazer a explicação a uma questão
levantada pelo Grupo Municipal da CEM, mas foi-lhes dito, na altura, que um
dos grandes problemas para não se concretizar aquela sua proposta de direito de
superfície, teria a ver com acessos a créditos bancário e pensava que também
deveria ter sido ali dito para se fazer um esclarecimento cabal daquilo que foram
as situações que, pelo menos, foi uma duvida que também a CDU levantou,
quando foi essa discussão e foi essa a resposta que lhes foi dada e acreditavam
que, segundo as informações que foram dadas, na altura, pelos serviços jurídicos
da Câmara Municipal. A par desta alteração, valorizavam também a aceitação
de outras contrapartidas que impuseram a este projeto em concreto, desde logo a
possibilidade de utilização do pavilhão multiusos a ser construído por parte do
município, a existência de um espaço próprio reservado ao pelouro do desporto e
o acesso público e livre ao circuito de manutenção física e desportiva. E era por
estes motivos que o Grupo Municipal da CDU iria votar favoravelmente aquela
proposta. Posta à votação foi a referida proposta aprovada com duas abstenções
e um voto contra. PONTO NÚMERO DEZ – PROPOSTA PARA
ESTABELECIMENTO DE UM PROTOCOLO DE GEMINAÇÃO COM A
CIDADE CLUJ-NAPOCA, NA ROMÉNIA. Submete-se à apreciação e votação
da Assembleia Municipal, proposta do Executivo Municipal, aprovada em
reunião de nove de novembro do ano em curso, referente à proposta para
estabelecimento de um protocolo de geminação com a cidade de Cluj-Napoca, na
Roménia. Posta à votação foi a referida proposta aprovada por unanimidade.
PONTO NÚMERO ONZE – CONTRATOS INTERADMINISTRATIVOS DE
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NAS JUNTAS DE FREGUESIA.
Submete-se à apreciação e votação da Assembleia Municipal, nos termos da
alínea k), do número um, do artigo vigésimo quinto, do Anexo um da Lei número
setenta e cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro, as propostas
aprovadas nas reuniões do Executivo Municipal de doze e vinte e seis de outubro
e de nove de novembro do ano em curso, relativas aos Contratos
Interadministrativos de Delegação de Competências nas seguintes freguesias: a)
- União de Freguesia de Escudeiros e Penso (Santo Estevão e São Vicente), para
a execução da obra denominada “Acesso mobilidade condicionada ao edifício da
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antiga sede da Junta de Freguesia de Santo Estevão de Penso”, no montante de
quarenta e dois mil novecentos e trinta euros; b) - União de Freguesias de
Merelim São Pedro e Frossos, para a execução da obra denominada
“Alargamento e pavimentação da rua Trás-as-Bouças – Merelim São Pedro”, no
montante de setenta mil seiscentos e noventa euros e noventa e três cêntimos
euros; c) - União de Freguesias de Arentim e Cunha, para a execução da obra
denominada “Alargamento e pavimentação da rua da Ponte Seca”, no montante
de onze mil novecentos e cinquenta e seis euros e oitenta cêntimos euros. Postas à
votação foram as referidas propostas aprovadas com duas abstenções. PONTO
NÚMERO DOZE – ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS A
DIVERSAS JUNTAS DE FREGUESIA. Submete-se à apreciação e aprovação
da Assembleia Municipal, as propostas aprovadas nas reuniões do Executivo
Municipal de doze e vinte e seis de outubro do ano em curso, relativas à
atribuição de apoios financeiros, nos termos do preceituado na alínea j), do
número um, do artigo vigésimo quinto do Anexo um da Lei número setenta e
cinco barra dois mil e treze, de doze de setembro, às seguintes Juntas de
Freguesia: a) - Junta de Freguesia de Mire de Tibães, destinado à execução da
“Pintura e ampliação de seis campas – Cemitério de Mire de Tibães”, no
montante de quatro mil trezentos e sessenta e dois euros e vinte e dois cêntimos;
b) - Junta de Freguesia de Padim da Graça, destinado à execução das
“Instalações sanitárias do campo de futebol do Águias da Graça”, no montante
de seis mil trezentos e sessenta euros; c) - Junta de Freguesia de Mire de Tibães,
destinado à atividade “Semana rural”, no montante de mil euros; d) - União de
Freguesias de Este (São Pedro e São Mamede), para comparticipar as despesas
decorrentes com a realização da “Terceira edição das Bruxarias do Vale do
Este”, no montante de dois mil e quinhentos euros; e) - União de Freguesias de
Vilaça e Fradelos, destinado à execução das obras de “Águas pluviais na rua dos
Galos”, no montante de três mil duzentos e quinze euros e cinco cêntimos; f) -
Junta de Freguesia de Tebosa, destinado ao programa “Os piratas vão à
piscina”, no montante de doze mil euros/época, por ano, renovável, num total de
vinte horas semanais (aluguer da piscina). Postas à votação foram as referidas
propostas aprovadas com duas abstenções. PONTO NÚMERO TREZE –
REFORÇO DOS APOIOS SOCIOEDUCATIVOS AO NÍVEL DAS
REFEIÇÕES ESCOLARES. Submete-se à apreciação e aprovação da
Assembleia Municipal, a proposta do Executivo Municipal, aprovada em reunião
de nove de novembro do ano em curso, referente ao reforço dos apoios
socioeducativos ao nível das refeições escolares, documento que se dá por
reproduzida e transcrita e vai ser arquivada em pasta anexa ao livro de atas.
Posta à discussão, usou da palavra o Sr. Deputado da C.D.U., BRUNO ANDRÉ
FERREIRA GOMES DA SILVA, para dizer que eram sobejamente conhecidas e
reconhecidas as dificuldades que inúmeras famílias atravessavam para fazer face
aos custos com a educação. Dificuldades que derivavam de uma política
“austeritária” asfixiante, desumana e tão-somente preocupada com exigências
despersonalizadas dos sacrossantos mercados. Sob o pretexto do “custe o que
custar”, o falecido governo PSD/CDS relegou a educação pública para as
calendas, transformando cantinas escolares em cantinas socias ou mera “sopa
dos pobres”. Contudo, a CDU não podia deixar de sublinhar a importância do
apoio financeiro em apreço. Por conseguinte, tal medida mereceu o seu voto
favorável. Não podiam, todavia, branquear as causas da inexistência de um
serviço público de qualidade, também no que concernia à prestação das refeições
escolares, incluindo todas as funções que a estas estavam associadas,
nomeadamente empratamento, apoio às crianças na hora da refeição, limpeza,
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entre outras. Pesasse embora a CDU considerasse que este serviço competisse à
Administração Central, a qual que deveria assegurá-lo na plenitude, dotando-o
das verbas necessárias para dar uma resposta cabal, garantindo as refeições
escolares de qualidade e os necessários recursos materiais e humanos, sem
imputação de despesas adicionais ao município e/ou às famílias. Pelo exposto, a
CDU advertia para a necessidade de se garantir que as verbas envolvidas se
destinavam, tão-somente, à redução das despesas dos agregados familiares com
o serviço de refeições escolares, garantindo-se, deste modo, que o apoio
financeiro chegasse efetivamente às famílias e que não fosse aproveitado para
fins diversos pelas instituições que prestavam tais serviços. Usou ainda da
palavra o SR. PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE GUALTAR,
JOÃO ANTÓNIO DE MATOS NOGUEIRA, para dizer que uma das grandes
medidas que foram implementadas pelos governos socialistas foi o serviço de
refeições generalizadas aos alunos do primeiro ciclo. Aliás, na sequência daquilo
que foi a ampliação da rede do pré-escolar e dos apoios sócio educativos
inaugurados, também, na governação de uma gestão socialista, no tempo do
Primeiro-ministro António Guterres. A forma como este Município estava a
executar aquela tarefa de longo alcance social era aquela que, no entender do
Partido Socialista, era a mais correta. Era delegando, naturalmente, nas Juntas
de Freguesia, porque quando falavam numa política de proximidade, nada
melhor do que entregar aos eleitos da maior proximidade, algumas dessas
tarefas. Porque descentralizar era também delegar nas freguesias algumas
tarefas que se calhar seriam muito mais caras, se calhar seriam menos rentáveis
se fossem executadas pelos municípios e muitíssimo mais caras se fossem feitas
pela administração central. Era também uma forma de dignificar o papel das
freguesias. Mas a verdade era que aquele serviço de refeições, que hoje assumia
uma importância cada vez maior, porque muitas das crianças fazia, sobretudo as
famílias mais carenciadas, a sua principal refeição na escola. Era evidente que
aquela medida era de elogiar. Mas era uma medida que deva ter mais expansão,
devia ser mais corajosa e devia ir mais longe. O Partido Socialista apresentou
em junho ou julho uma proposta que iria muito mais longe e que versava,
sobretudo, três aspetos que hoje eram de vital importância para a escola, para os
alunos e para a família. Era uma proposta perfeitamente ajustada às
necessidades e uma proposta que poderia ser o início de uma experiência que
pensava que mais tarde poderia ser uma medida de grande alcance social e que
seria, sobretudo, apoiada em três vertentes. Na vertente das interrupções letivas e
das férias para os alunos originários de famílias carenciadas, normalmente
escalões A e B, mas devia lembrar que havia muitas famílias, que não estavam
nesse escalão e eram carenciadas. E porquê? Porque, infelizmente, as
burocracias da Segurança Social e de outros executivos de governos, atrasavam
a definição do escalão a que cada família pertencia. E hoje uma família que não
tinha escalão A ou B, poderia ser também uma família necessitada. E, por isso,
as Juntas de Freguesia tinham um papel importantíssimo na deteção dessas
situações. Era por isso que esta medida também era minimalista relativamente
àquela matéria, porque entregou a gestão, audição e levantamento aos
Agrupamentos Escolares, quando o deveria ter feito às Juntas de Freguesia e às
Associações de Pais, que eram as entidades que estavam no terreno, por
delegação da Câmara, a fazer esse serviço. Mas voltando à proposta do Partido
Socialista, dizer que o Município de Braga poderia ter ido mais longe, porque
hoje as famílias precisavam não só de um serviço de refeições organizado, com
higiene, com qualidade e segurança alimentar, mas também precisavam de ATL
para os seus filhos. O ATL que era feito pela Segurança Social não cobria a
141
totalidade das necessidades e havia freguesias onde existia o apoio direto da
Segurança Social e outras que não e as crianças eram todas iguais e todas
tinham o mesmo direito. E a proposta seria o início de uma comparticipação que
ajudaria as famílias mais carenciadas a poder ter os seus filhos em ATL’s que,
efetivamente, pudessem estar num ambiente seguro educativo tranquilo. E havia
uma terceira vertente nessa proposta que era uma outra necessidade. Era
também de comparticipar para o lanche das crianças originárias de famílias
carenciadas. Estava convencido que, na altura, o Executivo Municipal não
aprovou a proposta do Partido Socialista, não porque não tivesse verbas, porque
os custos estavam calculados, mas porque era originária de uma força que não
valia a pena dar aso e agora aos poucos e poucos estavam a reproduzir aquela
proposta. Esperava que o fizessem, sobretudo, nas três vertentes e uma medida
que poderia ser mais corajosa, efetivamente, começou devagar, devagarinho, mas
esperava que pudesse ir longe. As crianças e as famílias mais carenciadas
agradeceriam isso à Câmara. Porque agradecer era uma forma também de
implementar medidas que saíam muitas vezes daquilo que era as competências
normais e que muitas vezes eram até competências de outra esfera. “Sr.
Presidente tenha coragem. Vá mais longe e preconize os apoios, conforme a
proposta do Partido Socialista”, rematou o mesmo orador. Posta à votação foi a
referida proposta aprovada por unanimidade. PONTO NÚMERO CATORZE –
ISENÇÃO DE TAXAS MUNICIPAIS. Para apreciação da Assembleia
Municipal, junto se envia informação sobre os benefícios fiscais concedidos pela
Câmara Municipal, nos termos do número três, do artigo quadragésimo primeiro
do Regulamento Municipal de Taxas e Licenças Municipais, que se dá por
reproduzida e transcrita e vai ser arquivada em pasta anexa ao livro de atas. Não
se registou nenhuma intervenção. PONTO NÚMERO QUINZE –
INFORMAÇÃO PRESTADA PELAS COMISSÕES PERMANENTES.
Registou-se a intervenção do PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE
DE EDUCAÇÃO, CULTURA, DESPORTO E JUVENTUDE, SR. JOÃO
ANTÓNIO DE MATOS NOGUEIRA, para dizer que todos conheciam a posição
relativamente àquilo que devia ser o trabalho duma Comissão Permanente. Era
um trabalho que deveria estar na sequência daquilo que pudessem ser situações
que fossem colocadas numa Comissão Permanente para estudar, para analisar
com detalhe aquilo que eram as propostas, a atitude e a ação política de cada um
dos Vereadores de acordo com os seus pelouros e não ir muito mais longe do que
isso, não os multiplicar, porque não valia a pena. Mas deixassem-no fazer um
reparo, a Comissão a que presidia tinha tido alguma dificuldade em arranjar da
parte do Senhor Presidente da Câmara a disponibilização do respetivo Vereador
da tutela para essas reuniões. E gostaria de justificar a razão por que ainda não
fizeram uma das reuniões ordinárias. No início do mês pediu autorização ao
Senhor Presidente para disponibilizar a Senhora Vereadora da Educação e
Cultura e passadas três semanas não tinha nenhuma resposta, facto que,
naturalmente, inibia a realização dessa reunião. Gostaria que, em ato contínuo,
ou se assim o entendesse, que na qualidade de Presidente da Comissão de
Educação, Cultura, Desporto e Juventude, pudesse, sempre que fosse necessário,
acertar com a Senhora Vereadora a disponibilidade dela que teria que ser
sempre á segunda-feira por causa dos Deputados que também integravam a
Comissão, para que dessa forma mais simples e rápida pudessem, em tempo útil,
executar aquilo que era também uma das situações regimentais da Assembleia
Municipal. Gostaria que simplificassem aquela situação, para que a reunião
Comissão pudesse ser frutuosa e pudesse ir de encontro àquilo que eram as
expetativas dos membros da referida Comissão. PONTO NÚMERO
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DEZASSEIS – INFORMAÇÃO DO SR. PRESIDENTE DA CÂMARA
MUNICIPAL ACERCA DA ATIVIDADE DO MUNICÍPIO. Não se registou
nenhuma intervenção. APROVAÇÃO DA ATA EM MINUTA: A Assembleia
Municipal deliberou aprovar a ata em minuta, para produzir efeitos imediatos, na
parte respeitante aos pontos um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove,
dez, onze, doze e treze, de conformidade com o disposto no número três, do artigo
quinquagésimo sétimo, da Lei número setenta e cinco barra dois mil e treze, de
doze de setembro. ENCERRAMENTO: À uma hora e quarenta e cinco minutos,
a Srª Presidente da Mesa deu por encerrados os trabalhos desta sessão de vinte e
sete de novembro, de que para constar se lavrou a presente ata que vai ser
assinada pelos membros da Mesa.