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“O SENAR-AR/SP está permanentemente empenhado no aprimoramento profissional e na promoção social, destacando-se a saúde do produtor e do trabalhador rural.” FÁBIO MEIRELLES Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE PROGRAMA PECUÁRIA LEITEIRA “PROLEITE” SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

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Page 1: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

“O SENAR-AR/SP está permanentemente empenhado no aprimoramento profissional e na promoção social, destacando-se a saúde

do produtor e do trabalhador rural.”FÁBIO MEIRELLES

Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

MANEJO DE ORDENHA E

QUALIDADE DO LEITE

PROGRAMA PECUÁRIA LEITEIRA“PROLEITE”

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 2: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULOGestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

JOSÉ CANDEOVice-Presidente

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRAROVice-Presidente

MARCIO ANTONIO VASSOLERVice-Presidente

TIRSO DE SALLES MEIRELLESVice-Presidente

ADRIANA MENEZES DA SILVA Diretor 1º Secretário

SERGIO ANTONIO EXPRESSÃODiretor 2º Secretário

MARIA LÚCIA FERREIRADiretor 3º Secretário

LUIZ SUTTIDiretor 1º Tesoureiro

PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESIDiretor 2º Tesoureiro

WALTER BATISTA SILVADiretor 3º Tesoureiro

DANIEL KLÜPPEL CARRARARepresentante da Administração Central

ISAAC LEITEPresidente da FETAESP

SUSSUMO HONDORepresentante do Segmento das Classes Produtoras

JOSÉ MAURÍCIO DE MELO LIMA VERDEGUIMARÃES

Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRALSuperintendente

JAIR KACZINSKIGerente Técnico

Page 3: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

BOVINOCULTURALEITEIRA

MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

São Paulo - 2012

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Page 4: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

IDEALIZAÇÃOFábio de Salles MeirellesPresidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERALTeodoro Miranda NetoChefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICOTeodoro Miranda NetoChefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

AUTORMara Cristina Setti - Zootecnista, Doutora em Produção Animal

COLABORADORESSindicato Rural de Cerqueira CésarAudrin César Prestes BarrosJosé Renato de Lima - Chácara São José - Cerqueira César/SPHenry James Baskerville – Fazenda Água do Virado - Cerqueira César/SPAgro Dinâmica Consultoria e Planejamento LtdaMaré Shopping

REVISÃO GRAMATICALAndré Pomorski Lorente

FOTOSFirmino Negrão

DIAGRAMAÇÃOFelipe Prado BifulcoDiagramador do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

Page 5: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

5Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................9

I – CONHECER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO .................................................................... 11

II – CONHECER O LEITE ...............................................................................................................................12

1. COMPOSIÇÃO..................................................................................................................................12

2. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ..............................................................................................13

3. QUALIDADE......................................................................................................................................13

4. CONSERVAÇÃO ...............................................................................................................................15

III – CONHECER AS FONTES DE CONTAMINAÇÃO DO LEITE .................................................................17

1. ÁGUA ................................................................................................................................................17

2. ORDENHADOR ................................................................................................................................17

3. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS ....................................................................................................18

4. ANIMAIS ............................................................................................................................................20

5. INSTALAÇÕES .................................................................................................................................21

IV – CONHECER AS INSTALAÇÕES ............................................................................................................22

1. SALA DE ORDENHA.........................................................................................................................22

2. SALA DE ESPERA ............................................................................................................................23

3. SALA DE LEITE ................................................................................................................................23

4. SALA DE MÁQUINAS .......................................................................................................................24

5. ESCRITÓRIO ....................................................................................................................................24

6. SALA DE MEDICAMENTOS .............................................................................................................24

V – CONHECER OS TIPOS ORDENHA ........................................................................................................25

1. ORDENHA MANUAL .........................................................................................................................25

2. ORDENHA MECÂNICA .....................................................................................................................26

VI – ORDENHAR AS VACAS ........................................................................................................................30

1. ORDENHE AS VACAS MECANICAMENTE .....................................................................................30

2. ORDENHE AS VACAS MANUALMENTE .........................................................................................43

Page 6: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

6 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

VII – SECAR AS VACAS ................................................................................................................................50

VIII – CONHECER A MASTITE ......................................................................................................................51

1. CLASSIFICAÇÃO..............................................................................................................................52

2. SINTOMAS ........................................................................................................................................54

3. DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................54

4. TRATAMENTO ..................................................................................................................................57

5. PREVENÇÃO ....................................................................................................................................57

6. CONTROLE ZOOTÉCNICO .............................................................................................................58

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................................................59

Page 7: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

7Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

APRESENTAÇÃO

OSERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23 de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992, como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve

a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles MeirellesPresidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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Page 9: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

9Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

INTRODUÇÃO

A qualidade do leite tem como ponto de partida o local de produção. Dessa forma, um dos mais importantes conceitos de qualidade é que não tem como melhorar o leite depois que ele deixa a propriedade.

O Brasil tem crescido em termos de produção de leite e melhoria da qualidade, sendo um bom exemplo a crescente implantação do resfriamento do leite na fazenda e sua coleta a granel, bem como análises do leite que possibilitam o pagamento por qualidade.

Na busca da qualidade na produção de leite, o objetivo é manter a saúde do úbere, ter um bom manejo de ordenha e controle zootécnico, visando melhorias do leite para o consumo.

Ou seja, o controle da qualidade do leite implica em conhecer as fontes de contaminação do leite, a rotina de ordenha, a mastite, dentre outros pontos que ajudarão neste controle.

Em 2002, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa n.º 51, que regulamenta a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte dos leites A, B, C, pasteurizado e cru refrigerado.

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Page 11: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

11Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

O úbere é o conjunto das glândulas mamárias. As vacas possuem quatro glândulas mamárias.

A glândula mamária é constituída por lóbulos, alvéolos, dutos, cisterna do úbere e cisterna do teto, sendo cada glândula drenada por um teto. Os quatros funcionam de forma independente, não havendo fluxo de leite entre eles.

O tamanho do úbere não mantém proporção com a produção de leite, uma vez que o volume pode ser em função da quantidade de gordura. O úbere deve se apresentar cheio e volumoso antes da ordenha, e murcho e com pregas depois dela.

Produção de leite

A produção do leite inicia-se pela ação da prolactina, um hormônio que estimula as células produtoras de leite dos alvéolos da mama. Para cada litro de leite produzido passam pela glândula mamária cerca de 400 litros de sangue; portanto, uma boa vaca leiteira deve ter o úbere muito bem irrigado pela rede sanguínea.

A produção do leite também depende da ingestão de alimentos e água, sendo de grande importância que a vaca tenha uma boa saúde e alimente-se com ração balanceada conforme sua necessidade.

O ato de mamar pelo bezerro e a ordenha ou esvaziamento da glândula mamária são os fatores estimulantes da produção de prolactina. O não esvaziamento adequado da glândula mamária implica na interrupção da produção do leite.

Para ser liberado, o leite depende da ação de um hormônio chamado ocitocina. Outros fatores contribuem para a liberação do leite: ambiente, ordenhador, presença do bezerro, mugido do bezerro, ruídos da sala de ordenha, etc.

Durante a ordenha deve-se evitar barulho, presença de pessoas estranhas, maus tratos, pancadas, empurrões, etc., pois isso faz com que haja a liberação do hormônio adrenalina, que impede a descida do leite.

I - CONHECER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

Page 12: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

12 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

II - CONHECER O LEITE

1. COMPOSIÇÃO

O leite é composto por uma grande variedade de compostos, com função específica, seja pelo fornecimento de nutrientes ou proteção imunológica para o recém-nascido.

É um dos alimentos mais completos e oferece grandes possibilidades de processamento industrial para obtenção de diversos produtos para a alimentação humana.

O conhecimento da composição do leite pode ajudar o produtor a planejar a lactação da vaca a fim de maximizar os lucros, o que envolve a compreensão dos efeitos do manejo e da genética na lactação.

A composição do leite também é importante para a indústria que manipula as suas características físicas e químicas para a elaboração dos produtos lácteos, bem como para assegurar a sua qualidade.

Abaixo, são apresentadas as composições médias do leite de diferentes raças especializadas.

Composição média do leite

Proteína (%) 3,13

Gordura (%) 3,40

Composição do leite de diferentes raças especializadas no Brasil

Holandesa Jersey Pardo Suíço

Proteína (%) 3,11 3,68 3,37

Gordura (%) 3,23 4,49 3,65

Page 13: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

13Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

2. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

Densidade: é o peso específico do leite, determinado pela concentração de gordura e dos demais componentes em solução e suspensão. O teste da densidade é útil para detectar adulteração no leite, uma vez que a adição de água causa diminuição da densidade, enquanto a retirada de gordura resulta em aumento da densidade.

Ponto crioscópico: indica a temperatura de congelamento do leite, determinada pelos componentes solúveis do leite, principalmente a lactose. A adição de água ao leite causa alteração no ponto crioscópico, ocorrendo aumento da temperatura de congelamento do leite.

Acidez: o leite recém-ordenhado apresenta-se ligeiramente ácido, porém quando o leite é obtido em condições inadequadas de higiene e refrigeração deficiente ocorre o aumento da concentração de ácido láctico, resultando na acidez adquirida, a qual, em conjunto com a acidez natural, forma a acidez real do leite.

3. QUALIDADE

Segundo a Instrução Normativa Nº 51, de 18/09/2002, o leite cru resfriado deve apresentar os seguintes requisitos físico-químicos na propriedade rural:

No geral, o leite com alta qualidade deve apresentar as seguintes características:

• Baixa contagem bacteriana total (CBT) e de células somáticas (CCS);

• Ausência de microrganismos patogênicos;

• Ausência de resíduos de medicamentos veterinários;

• Adequada composição para a indústria.

A CBT indica a contaminação no leite expressa em unidade formadora de colônia (UFC/ml). Para se evitar altas contagens é preciso trabalhar com higiene e refrigerar o leite o mais rápido possível.

Requisitos físico-químicos para leite cru resfriado

Requisitos Limites

Gordura (g/100 g) Teor original, com o mínimo de 3,0

Densidade relativa a 15/15ºC (g/ml) 1,028 a 1,034

Acidez titulável (g ácido lático/100 ml) 0,14 a 0,18

Extrato seco desengordurado - ESD (g/100 g) mín. 8,4

Índice crioscópico máximo - 0,530ºH (equivalente a -0,512ºC)

Proteínas (g/100g) mín. 2,9

Page 14: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

14 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

Quando o animal apresenta mastite (inflamação do úbere), as células de defesa do animal passam do sangue para o leite em grande quantidade. Estas células têm a função de combater as bactérias que estão causando a mastite. Quando o número destas células (CCS) aumenta no leite, pode-se dizer que as vacas estão com mastite subclínica.

Na maioria das propriedades leiteiras, a qualidade microbiológica é o fator mais crítico para a obtenção de leite de alta qualidade.

A qualidade microbiológica pode ser definida como a estimativa da contaminação do leite por microrganismos, que está diretamente ligada à saúde da glândula mamária do rebanho e com o manejo e higiene na propriedade.

Os principais microrganismos envolvidos com a contaminação do leite são as bactérias. Podem ser divididos em dois grupos:

- Grupo 1. Microrganismos patogênicos: podem causar doença, infecção ou intoxicação a partir do consumo do leite cru ou de derivados. Exemplos: E. coli, Salmonella, Brucella abortus, Mycobacterium tuberculosis.

- Grupo 2. Microrganismos deteriorantes: causam alterações nos componentes do leite, o que leva à redução da qualidade na indústria e alterações no sabor.

As bactérias estão em todo lugar: água, poeira, terra, palha, capim, animais, fezes, mãos, insetos, vasilhames e equipamentos sujos, etc.

A Instrução Normativa nº 51 estabelece que o leite deverá ser analisado por laboratórios credenciados (RBQL – Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite), a fim de monitorar sua qualidade, pelo menos uma vez por mês.

As análises a serem realizadas são: CBT, CCS, gordura, lactose, proteína, sólidos totais, sólidos desengordurados e resíduos de antimicrobianos.

Os limites esperados destas análises são:

A partir de 1/7/2005

A partir de 1/7/2008

A partir de 1/1/2011

CBT (UFC/mL) 1.000.000 750.000 100.000

CCS (células/mL) 1.000.000 750.000 400.000

Gordura (%)1 3,0

Proteína (%)1 2,9

Sólidos não gordurosos (%)1 8,4

1 Composição mínima do leite cru refrigerado

Page 15: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

15Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

ATENÇÃO!!!O leite com resíduos de medicamentos veterinários não pode ser comercializado,

pois tratamentos como pasteurização e ultra-pasteurização não eliminam tais resíduos.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou um cadastro de produtores de leite, no qual as indústrias deverão cadastrar os produtores que entregam leitev, a fim de que sejam fiscalizados. Cada indústria deverá ter seu programa de controle definindo as colheitas de amostras e envio ao laboratório, bem como a apresentação dos resultados aos produtores.

A avaliação será pela média geométrica da CCS e da UFC dos últimos 3 meses. Caso o produtor esteja fora dos limites estabelecidos, será orientado e terá tempo para tomar as devidas providências.

4. CONSERVAÇÃO

A utilização da refrigeração como medida para manutenção da qualidade do leite após a ordenha é uma das técnicas mais utilizadas para aumentar o tempo de armazenagem do leite e derivados.

O resfriamento imediato do leite após a ordenha em temperaturas de aproximadamente 4ºC, com a utilização de tanques de expansão, é uma das medidas de maior impacto na qualidade do leite.

A temperatura de armazenamento do leite é um dos fatores mais críticos para a multiplicação dos microrganismos do leite, visto que este é rico em umidade e nutrientes.

Os tanques de expansão apresentam grande superfície de contato com o leite e possuem um agitador, que favorece uma rápida queda de temperatura.

Para a escolha de um bom tanque de expansão, deve-se ficar atento para alguns pontos importantes, como o tamanho adequado para a produção e a vida útil do equipamento.

Dependendo da frequência de colheita do leite na fazenda, recomenda-se que o tanque tenha capacidade igual a 5 a 6 ordenhas, permitindo a retirada a cada 48 horas, além da expansão da produção.

ATENÇÃO!!!O tanque de expansão, assim como outros equipamentos da propriedade, deve ser

utilizado na sua capacidade máxima, de forma a diluir o seu custo fixo.

Page 16: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

16 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

O bom funcionamento do tanque de expansão depende do suprimento de energia elétrica e de alguns cuidados durante a sua instalação. O local escolhido para instalação deve ser de fácil acesso ao caminhão de coleta.

O tanque de expansão não deve ser desligado durante a noite, pois, além de não trazer muita economia de energia elétrica, causa aumento do crescimento bacteriano no leite e, consequentemente, menor qualidade final do produto.

Para minimizar a deterioração do leite armazenado pela ação bacteriana é necessário que a temperatura do leite seja mantida abaixo de 4 ou de 5 graus e que o resfriamento do leite após a ordenha seja o mais rápido possível.

ATENÇÃO!!!Quanto maior o tempo de armazenamento do leite resfriado, maiores as chances de

multiplicação microbiana.

A utilização de resfriadores ou tanques de imersão, onde os latões são imersos na água gelada (7oC) por até 48 horas antes de ser transportados, não oferece a mesma eficiência, pois as trocas de calor são muito mais lentas.

O nível de água dentro do tanque de imersão deve ser mantido acima do nível dos latões de leite e a temperatura verificada periodicamente.

Como não há homogeneização do leite durante o resfriamento, o leite não é resfriado uniformemente, podendo haver crescimento de bactéria na parte mais interna do latão.

O leite cru refrigerado deverá ser transportado a granel, da propriedade para a indústria, em caminhões-tanque isométricos.

O leite cru não refrigerado poderá ser transportado em latões, desde que chegue à indústria até 2 horas depois da ordenha.

Page 17: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

17Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

III - CONHECER AS FONTES DE CONTAMINAÇÃO DO LEITE

A contaminação microbiana do leite está ligada a vários aspectos, como a saúde da glândula mamária, a higiene de ordenha, o ambiente em que a vaca fica alojada, os procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha, além da qualidade da água utilizada.

1. ÁGUA

A água é o principal ingrediente empregado na limpeza e desinfecção e a sua qualidade tem impacto direto na eficiência desses processos, podendo ser uma via de transmissão de doenças e contribuir para a diminuição da vida útil do equipamento.

A água deve ser de boa qualidade microbiológica (potável). É recomendável evitar a captação de água com riscos de contaminação, ou seja, próxima a locais com acúmulo de matéria orgânica e com falta de tratamentos preliminares como a filtração e a cloração.

A qualidade da água utilizada para a limpeza de equipamentos de ordenha deveria ser semelhante à do consumo humano, com ausência de coliformes fecais. Os microrganismos do grupo dos coliformes não são necessariamente patogênicos, entretanto a sua presença indica contaminação fecal.

Diversas características da água podem afetar a eficiência da limpeza, sendo que as características físico-químicas mais importantes são dureza, pH e alcalinidade.

As águas duras apresentam altas concentrações de cálcio e magnésio, que alteram a eficiência dos detergentes, interferindo nas suas propriedades, o que resulta numa limpeza incompleta.

O pH da água é outra característica que afeta a limpeza, uma vez que tanto pH baixo (ácido) como alto (alcalino) afetam o pH final das soluções de limpeza que são feitas com detergentes alcalino e ácido.

2. ORDENHADOR

As mãos do ordenhador podem ser fontes de patógenos causadores de mastite, como Staphylococcus aureus.

Recomenda-se, antes da ordenha, a lavagem completa das mãos com água e sabão, seguida preferencialmente pela desinfecção em solução desinfetante (cloro, iodo ou clorexidina).

Page 18: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

18 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

Como alternativa, recomenda-se o uso de luvas de látex ou vinil pelo ordenhador durante a ordenha.

Outras medidas importantes são: manter as unhas cortadas; usar roupas limpas e adequadas; usar boné ou chapéu a fim de evitar queda de cabelo e suor no leite; não fumar e não cuspir.

ATENÇÃO!!!O controle de ferimentos nas mãos dos ordenhadores é fator importante, pois pode

ser uma fonte de infecção.

3. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

Tanto na ordenha manual quanto na mecânica é fundamental uma boa higienização dos equipamentos e utensílios utilizados, uma vez que estes podem ser fonte de contaminação do leite, o que irá interferir na qualidade do produto.

3.1. Ordenha manual

Para limpeza dos vasilhames são utilizados água limpa, sabão ou detergente e escovão. A limpeza deve ser realizada imediatamente após o término da ordenha.

Após a limpeza os vasilhames devem ficar com a “boca” voltada para baixo, de preferência sobre estrado ou pendurados, em local apropriado e limpo, para que ocorra uma boa secagem.

3.2. Ordenha mecânica

A ocorrência de resíduos de leite que ficam aderidos na superfície interna do equipamento de ordenha favorece a multiplicação de uma grande variedade de microrganismos.

Depois de um tempo, as bactérias multiplicam-se e aderem ao equipamento de ordenha, formando um biofilme, constituindo uma importante fonte de contaminação, sendo bastante difícil a sua retirada com limpeza normal.

Tanto a superfície do equipamento de ordenha como a do tanque de expansão podem influenciar a contagem bacteriana do leite.

ATENÇÃO!!!A multiplicação microbiana na superfície dos equipamentos de ordenha é mais

intensa para bactérias de origem do ambiente da vaca (cama, solo, lama, esterco) e da água.

Page 19: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

19Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

O objetivo da limpeza de equipamentos de ordenha é remover os componentes orgânicos e inorgânicos do leite que se encontram na parte interna do equipamento, imediatamente após o final da ordenha, pois esses componentes são ótimos substratos para o crescimento bacteriano.

Os produtos mais utilizados na limpeza são os detergentes alcalinos, detergentes ácidos e sanitizantes (hipoclorito de sódio, iodo e amônia quaternária), sendo que o uso isolado de um produto não consegue remover todos os resíduos.

A principal função do detergente alcalino é retirar a gordura do leite, a do detergente ácido é remover a pedra do leite (componentes inorgânicos) e a do sanitizante é reduzir a contaminação bacteriana.

A sanitização é feita imediatamente antes da ordenha para eliminar os microrganismos que sobreviveram à limpeza e multiplicaram-se durante o intervalo entre ordenhas.

Em pequenos rebanhos, predomina a limpeza manual dos equipamentos; já em rebanhos maiores, pode ser utilizada a limpeza automática com controladores, envolvendo uma rotina com um enxágue inicial, um ciclo de detergente alcalino clorado, periodicamente (semanalmente ou quinzenalmente), um ciclo de detergente ácido e uma sanitização antes da ordenha.

As teteiras não devem ficar mergulhadas em solução desinfetante entre uma ordenha e outra, pois isso pode provocar rachaduras nas borrachas e desenvolver focos de contaminação.

Após a limpeza, as teteiras devem ficar com a “boca” voltada para baixo, de preferência penduradas, em local apropriado e limpo, para que ocorra uma boa secagem.

O tanque de expansão também deve ser limpo, pois pode acumular resíduos de leite, e sua limpeza pode ser feita manualmente. Deve-se enxaguar a superfície do tanque com água morna após o esvaziamento e aplicar detergente alcalino (5 a 10 litros), esfregando todas as superfícies com escova, principalmente a pá do agitador e a saída do leite. Deve-se usar detergente ácido para reduzir a formação de pedra de leite, e, antes da próxima utilização do tanque, uma solução desinfetante (cloro) para reduzir a contaminação.

ATENÇÃO!!!Utilize apenas produtos recomendados pelo fabricante do equipamento. A utilização de produtos caseiros ou soda cáustica pode prejudicar a vida útil do equipamento,

bem como não se obter o efeito desejado pela limpeza.

As causas mais comuns de problemas ligados à limpeza de equipamentos de ordenha são:

• Temperatura da solução: cada detergente apresenta uma temperatura ótima de ação. Exemplo: detergente alcalino age melhor em temperatura alta (70ºC) e detergente ácido, em temperatura ambiente;

Page 20: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

20 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

• Concentração do detergente: baixa concentração resulta em limpeza incompleta, alta concentração, em deposição do produto e aumento do custo;

• Qualidade da água insatisfatória;

• Tempo de contato: tempo para ação do detergente (5 a 10 minutos).

ATENÇÃO!!!Na limpeza dos equipamentos e utensílios deve-se ler as indicações e sugestões

dos produtos utilizados, que podem variar conforme o fabricante.

4. ANIMAIS

4.1. Tetos

A pele dos tetos é um local que pode abrigar grande quantidade de microrganismos, sendo uma fonte de contaminação do leite durante a ordenha.

As bactérias aderidas ao teto, originárias de esterco, lama, solo e do ambiente de forma geral, influenciam diretamente a contaminação do leite.

Durante o intervalo entre as ordenhas, quando as vacas estão deitadas, ocorre intensa contaminação da pele dos tetos e do úbere, principalmente com ambiente úmido. A cama ou local de permanência dos animais pode apresentar muitos microrganismos.

O efeito desta contaminação na contagem de bactérias total (CBT) depende da intensidade de contaminação da superfície dos tetos e dos procedimentos de limpeza e desinfecção antes da ordenha.

Para reduzir a contaminação da pele dos tetos, é recomendável o pré-dipping como estratégia de melhoria da qualidade do leite e controle da mastite.

A CBT é bastante reduzida quando os tetos são desinfetados e secos com papel toalha.

A tosquia ou queima dos pêlos do úbere impede, de certa forma, uma maior adesão de sujeira na região dos tetos, além de facilitar a limpeza, especialmente nas épocas de chuva e barro.

Page 21: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

21Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

4.2. Glândula mamária

Quando o leite é ordenhado do úbere de vacas sadias, a contagem de microrganismos é muito baixa, apresentando níveis inferiores a 1.000 bactérias/ml.

Esses microrganismos, uma vez presentes no interior da glândula mamária, não apresentam grande potencial de multiplicação quando o leite é resfriado.

Entretanto, a presença de mastite em apenas uma vaca pode contribuir para aumentar a CBT do leite, dependendo do tipo de microrganismo causador da infecção, do estágio e severidade da mastite e do número de animais infectados no rebanho.

A identificação de microrganismos causadores de mastite no leite do tanque não significa necessariamente que as bactérias são de animais com mastite, pois alguns deles podem ser do ambiente (tetos sujos, equipamento com limpeza deficiente e resfriamento inadequado).

Uma avaliação conjunta da CBT e da contagem de células somáticas (CCS) do tanque é que vai indicar se os microrganismos encontrados no tanque são ou não de animais infectados.

5. INSTALAÇÕES

A mastite ambiental é causada por agentes cujo principal reservatório é o ambiente em que a vaca vive, principalmente onde há acúmulo de esterco, urina, barro e camas orgânicas. Sendo assim, as instalações devem ser mantidas secas e limpas.

É possível controlar a umidade pelo adequado manejo dos piquetes, evitando a formação de lama em áreas de sombra, proximidades do cocho e áreas de passagem intensa de animais.

Page 22: MANEJO DE ORDENHA E QUALIDADE DO LEITE

22 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

Em relação às instalações, estas devem ser práticas, funcionais e limpas. Devem ser localizadas próximas aos piquetes do sistema intensivo.

As fezes devem ser removidas depois da ordenha e o esterco deve ser curtido para depois ser levado para o pasto, horta ou lavoura. Este local em que o esterco vai ser curtido deve ficar distante pelo menos 100 metros do local da ordenha, para evitar a presença de moscas.

ATENÇÃO!!!A presença de galinhas, cães e gatos nas instalações pode ocasionar doenças,

acidentes e estresse nas vacas.

1. SALA DE ORDENHA

Sala de ordenha é o local onde as vacas são ordenhadas (manual ou mecanicamente). Pode variar de acordo com o nível tecnológico, as condições financeiras e o padrão exigido pela legislação.

A sala de ordenha não precisa ser luxuosa nem sofisticada, mas sim funcional, prática, de fácil acesso e limpeza, ou seja, bem planejada.

Deve possuir no mínimo uma cobertura (telhado) e piso cimentado, com declividade suave (2%) para facilitar o escoamento da água de limpeza e respingos de leite e urina.

A disposição da sala de ordenha deve ser no sentido leste-oeste, ou seja, os raios solares devem passar pela culmieira de forma que não atinjam os animais diretamente, causando estresse.

É importante a presença de pedilúvios na saída da sala de ordenha para a realização da desinfecção dos cascos. Geralmente estes são divididos em dois: um com água para a limpeza dos cascos e outro com solução desinfetante para a sua desinfecção.

IV - CONHECER AS INSTALAÇÕES

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ATENÇÃO!!!Tecnicamente a utilização do fosso é menos desgastante para o ordenhador.

2. SALA DE ESPERA

A condição do ambiente da sala de espera também é um aspecto importante. A existência de sombra (natural ou artificial) é fundamental, bem como a colocação de bebedouros e em alguns casos o uso de ventiladores e aspersores.

Deve haver um planejamento das instalações para um correto manejo dos lotes, de forma que os animais permaneçam no máximo 1 hora na sala de espera. O espaço utilizado na sala de espera é de aproximadamente 2,5 m2 por vaca.

3. SALA DE LEITE

Esta sala localiza-se anexa à sala de ordenha. É onde está localizado o tanque resfriador, bem como onde são guardados os utensílios utilizados na ordenha.

Deve possuir, por praticidade e funcionalidade, paredes azulejadas, piso de fácil limpeza e pia para lavagem dos utensílios.

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4. SALA DE MÁQUINAS

Local reservado para abrigar o conjunto moto-bomba da ordenhadeira mecânica. Deve ser instalado distante das salas de espera e de ordenha para que o barulho não atrapalhe os animais.

5. ESCRITÓRIO

O escritório deve controlar todos os dados zootécnicos colhidos diariamente no sistema de produção leiteira através de programas de gerenciamento no computador, fichas zootécnicas individuais e caderno de anotação.

O caderno deve ficar em local de fácil acesso, por exemplo no estábulo ou curral, para que os dados diários sejam anotados e depois passados a limpo nas fichas zootécnicas e por fim no computador, de preferência, pela facilidade de trabalho.

Também devem ser controlados os custos de produção de leite, todas as entradas, saídas, enfim tudo que é exigido para que seja claro para o produtor quanto custa produzir 1 litro de leite.

6. SALA DE MEDICAMENTOS

Deve estar próxima à sala de ordenha e conter armários para os medicamentos mais comumente usados estarem à disposição quando necessário, de forma a evitar riscos em caso de emergência.

Os armários devem estar de preferência no alto, evitando o contato de animais ou crianças, e apresentar portas, evitando poeira, água da chuva, sol, etc.

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Ordenha é o processo de retirada do leite ou esvaziamento da glândula mamária das vacas.

A implantação do correto manejo de ordenha é muito importante para o controle de mastite, independentemente do tamanho do rebanho ou do tipo de equipamento de ordenha.

O manejo correto da ordenha, além de reduzir o risco de novas infecções intramamárias, tem a função de promover a ejeção do leite e obter uma ordenha completa.

Cada propriedade apresenta uma situação particular de manejo de ordenha, em função do tipo de mão-de-obra, do número de animais, do tamanho e modelo da sala de ordenha e da genética do rebanho.

A ordenha pode ser manual ou mecânica e deve ser feita sempre no mesmo horário, organizada em uma rotina, seguindo uma ordem.

1. ORDENHA MANUAL

A ordenha é manual quando o leite das vacas é retirado pelas mãos do ordenhador, podendo ser feita com ou sem o bezerro ao pé.

1.1. Ordenha manual com o bezerro ao pé

Trata-se da extração do leite com a presença do bezerro. Este tipo de ordenha é muito comum entre os produtores no Brasil.

Como desvantagens, apresenta a condução do bezerro para a sala de ordenha e a necessidade de uma baia para ele dentro da sala, além da mão-de-obra.

No momento da ordenha o bezerro é levado junto da mãe, até que a presença dele e o estímulo feito pela mamada façam com que o leite desça. Após a descida do leite o bezerro deve ser amarrado ao pé da mãe, e a ordenha é realizada. No final da ordenha o bezerro é conduzido de volta ao bezerreiro ou piquete.

As vacas são presas com cordas ou correntes para evitar que caminhem na hora da ordenha e deve-se passar a peia para evitar coices, devendo esta ser passada também na vassoura da cauda para não cair sujeira no balde de leite.

O ordenhador deve fazer uso de um banquinho próprio para ordenha a fim de auxiliar no manejo com a vaca.

Após a ordenha, é retirada a peia e o leite é medido (balde com marcação ou régua), coado e despejado no latão.

V - CONHECER OS TIPOS ORDENHA

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ATENÇÃO!!!Não deve ser utilizado coador de pano e sim de aço inoxidável ou plástico, sendo

trocado frequentemente.

1.2. Ordenha manual sem o bezerro ao pé

A vaca também pode ser ordenhada manualmente sem a presença do bezerro.

Neste caso, apresenta como vantagens menor transtorno na hora da ordenha, retorno da mãe ao cio mais precocemente após o parto, a vaca continua dando leite mesmo com a ausência do bezerro, possibilita o descarte de bezerros e a utilização do aleitamento materno.

2. ORDENHA MECÂNICA

A ordenha mecanizada pode ser do tipo Balde ao pé, Tandem, Em linha, Espinha de peixe, Paralela ou Carrossel.

A escolha vai depender do tamanho do rebanho e da disponibilidade de recursos financeiros, podendo o sistema de condução do leite ser do tipo balde ao pé ou leite canalizado (circuito fechado).

2.1. Sistema balde ao pé

No sistema balde ao pé, o leite é transportado no próprio balde para os latões. É utilizado para pequenos rebanhos. Já no circuito fechado, o leite é retirado e conduzido por tubulação diretamente para o tanque resfriador ou de expansão.

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2.2. Sistema Tandem

Assim como no tipo balde ao pé, também é usado para pequenos rebanhos. Tem como vantagem a entrada e a saída dos animais individualizadas, e é o único sistema capaz de combinar fosso e bezerro ao pé da vaca.

2.3. Sistema em Linha

No modelo em linha ou Fila indiana ou de Passagem os animais ficam paralelos ao fosso. Como no Tandem, ocupa grandes espaços de construção devido à posição dos animais. Outra característica é que a fila de animais tem entrada e/ou saída simultâneas, o que aumenta o tempo de ordenha.

Ordenha em Tandem

Ordenha Em linha, Fila Indiana ou de Passagem

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2.4. Sistema Espinha de Peixe

No modelo Espinha de Peixe o piso deve possuir declividade de 2% para fora a partir do fosso, o que faz com que a vaca fique em posição um pouco desconfortável, com as pernas ligeiramente abertas, facilitando a observação do úbere pelo ordenhador. Neste sistema ocorrem variações que vão desde dois animais sendo ordenhados em apenas um dos lados até 16 vacas ordenhadas ao mesmo tempo. É o modelo mais utilizado no Brasil, pois se pode trabalhar com grandes rebanhos sem ocupar muito espaço.

2.5. Sistema Paralelo

Quando há necessidade de se trabalhar com mais de 400 vacas em lactação, o modelo mais empregado é o Paralelo, em que as vacas ficam de costas para o fosso, podendo-se, desta forma, operar um grande número de vacas ao mesmo tempo (36 vacas). Além de uma área construída menor, reduz-se o comprimento do fosso, o que possibilita mais facilidade para o ordenhador.

Ordenha em Espinha de Peixe

Ordenha em Paralelo

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2.6. Sistema Carrossel

O modelo mais recente no Brasil é o Carrossel, no qual as vacas giram sobre um sistema rotativo enquanto estão sendo ordenhadas. É utilizado em grandes rebanhos e tem elevado custo de aquisição.

Ordenha Carrossel

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VI - ORDENHAR AS VACAS

Toda ordenha segue uma rotina. Rotina de ordenha é o conjunto de ações e procedimentos que o ordenhador realiza durante a ordenha, seja ela manual ou mecanizada.

Podemos dividir a rotina de ordenha em etapas, ou seja:

1. Pré-ordenha – compreende a fase de preparação para a ordenha;

2. Ordenha – compreende a fase de retirada do leite;

3. Pós-ordenha – compreende a fase de limpeza do animal.

1. ORDENHE AS VACAS MECANICAMENTE

1.1. Defina a ordem de entrada das vacas

A ordem de entrada ou linha de ordenha é uma sequência definida que contribui para evitar a transmissão de infecções, principalmente a mastite.

As vacas devem ser separadas com ajuda de identificação para a ordenha, na seguinte ordem:

• Primeiro: vacas sadias (baixa CCS) e que nunca apresentaram mastite;

• Segundo: vacas que já apresentaram mastite e estão sadias;

• Terceiro: vacas com mastite.

ATENÇÃO!!!Vacas com mastite clínica e tratadas com antimicrobianos devem ser ordenhadas

separadamente e o leite deve ser descartado.

1.2. Conduza os animais até a sala de espera

A condução das vacas para a ordenha deve ser feita de forma tranquila, sem atropelos, gritos e agressões, uma vez que o estresse desencadeia a liberação de adrenalina, um hormônio que prejudica a saída do leite no momento da ordenha.

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ATENÇÃO!!!As vacas devem entrar na sala de espera sem serem obrigadas, apenas

encaminhadas.

1.3. Prepare-se para iniciar o processo de ordenha

Antes da ordenha o ordenhador deverá fazer a higiene pessoal e estar com vestimentas limpas.

ATENÇÃO!!!Utilize luvas para realização do processo de ordenha.

1.4. Contenha as vacas

As vacas deverão ser contidas no local da ordenha, prendendo-as de acordo com o tipo de ordenha.

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1.5. Avalie tetos e úbere

Antes do início da ordenha propriamente dita, é necessário:

• avaliar a presença de sujeiras no úbere e tetos;

• avaliar a pele do teto, observando se está normal, seca ou rachada.

Após estas avaliações, o ordenhador deverá preparar as vacas para a ordenha.

Caso haja sujeira no teto deve-se retirá-la com auxílio de um papel toalha. Quando 1/3 do úbere estiver sujo, deve-se utilizar uma mangueira de baixa pressão e fazer uma lavagem apenas dos tetos, evitando molhar as partes altas do úbere.

1.6. Faça o teste da caneca

Os primeiros três jatos de cada teto devem ser retirados em uma caneca telada ou de fundo preto para diagnosticar a mastite clínica, estimular a “descida” do leite e retirar os primeiros jatos de leite, os quais apresentam uma maior concentração microbiana.

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ATENÇÃO!!!Não se deve descartar os primeiros jatos de leite no piso da sala de ordenha para

evitar contaminação.

ALERTA ECOLÓGICO!!!O leite da caneca telada ou fundo preto deverá ser descartado em local apropriado.

1.7. Aplique o pré-dipping

O pré-dipping é uma prática que consiste na imersão completa dos tetos em solução desinfetante, com o objetivo de reduzir em até 50% a taxa de novas infecções da glândula mamária causadas por patógenos ambientais e a contaminação dos tetos. Utilizar a caneca sem retorno.

Os produtos mais utilizados são: Hipoclorito de Sódio 2%; Iodo 0,3% e Clorexidina 0,3%.

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1.8. Seque os tetos

Após o pré-dipping, deve ser feita a secagem dos tetos com folhas de papel toalha descartáveis individuais, para evitar o risco de contaminação do leite com desinfetante.

A secagem deve ser feita 30 segundos depois da aplicação do desinfetante, que é o tempo exigido pela maioria dos produtos.

ATENÇÃO!!!A secagem dos tetos evita o deslizamento de teteiras, que é uma das causas de

novas infecções intramamárias durante a ordenha.

A necessidade de se utilizar toalhas descartáveis individuais (uma para cada teto) vem do risco de transmissão de bactérias causadoras de mastite, de uma vaca para outra, quando se utiliza, por exemplo, toalhas de pano ou a mesma folha de papel para mais de uma vaca.

ATENÇÃO!!!Jornal não deve ser utilizado para secar os tetos por

conter metais pesados na tinta.

O papel toalha utilizado para enxugar os tetos das vacas deve ser jogado em uma lixeira.

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35Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

1.9. Coloque as teteiras

As teteiras devem ser colocadas 1 minuto depois da retirada dos primeiros jatos (massagem dos tetos) ou do início da estimulação dos tetos, proporcionando uma ordenha mais rápida e completa.

ATENÇÃO!!!O hábito de fazer massagem no úbere e pressionar o conjunto de teteiras para

baixo no final da ordenha com a finalidade de fazer um esgote mais completo não é recomendado.

O ordenhador deve ficar atento para não deixar a teteira cair durante a ordenha, pois poderá causar um fluxo de leite para o interior da glândula mamária e o risco de entrada de microrganismos, além de toda sujeira acumulada na “boca” do insuflador ser aspirada para dentro das teteiras, aumentando a contaminação do leite.

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ATENÇÃO!!!A ordenha deve ocorrer sempre no mesmo horário, com os mesmos procedimentos,

evitando mudanças bruscas no manejo.

1.10. Retire as teteiras

Assim que terminar o fluxo de leite, deve-se desligar o registro de vácuo e retirar as teteiras.

Também não deve ser feito o repasse manual após a retirada das teteiras. Caso esteja ocorrendo problemas de leite residual, deve-se procurar as causas do problema, que

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37Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

geralmente estão associadas ao mau funcionamento da máquina de ordenha ou ao manejo dos animais antes da ordenha (estresse).

A desinfecção das teteiras após a ordenha é uma prática que traz bons resultados para controle de mastite, especificamente em rebanhos com problemas de mastite contagiosa.

Deve-se fazer a imersão completa das teteiras em balde com solução desinfetante. A quantidade de solução a ser utilizada será de acordo com a bula do produto.

ATENÇÃO!!!A solução desinfetante deve ser trocada toda vez que estiver turva. Pode-se utilizar dois baldes na sequência, sendo um para enxágue inicial com água e outro com a

solução desinfetante.

1.11. Aplique o pós-dipping

O pós-dipping é uma prática que consiste na imersão dos tetos após a ordenha com o objetivo de sua desinfecção, sendo uma das práticas mais importantes no controle da mastite.

A imersão dos tetos deve ser completa, ou seja, pelo menos 2/3 dos tetos devem ser imersos completamente na solução desinfetante.

O melhor método de aplicação é por meio da utilização de canecas para imersão de tetos, de preferência do modelo sem retorno para evitar a contaminação da solução após a aplicação.

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1.12. Solte as vacas

Após o término da ordenha e realização do pós-dipping(,) solte as vacas. É recomendado o fornecimento de alimento fresco para os animais não deitarem imediatamente, uma vez que o esfíncter do teto ainda não está completamente fechado, o que previne a contaminação da extremidade do teto pelo ambiente.

1.13. Limpe a ordenhadeira

Dependendo do sistema utilizado, a limpeza e higienização poderão ser feitas de forma manual ou automática. A limpeza da ordenhadeira mecânica após cada ordenha é de suma importância para evitar perdas na qualidade da produção de leite.

ATENÇÃO!!!Deve-se utilizar apenas produtos indicados pelo fabricante.

1.13.1. Com lavador automático (sistema canalizado)

a) Lave as teteiras e mangueiras externamente com água

b) Limpe as teteiras e mangueiras externamente com detergente e esponja (indicado pelo fabricante)

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39Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo

c) Enxágue as teteiras e mangueiras com água

e) Coloque o produto no copo

d) Acople as mangueiras do lavador nas teteiras

PRECAUÇÃO!!!Utilize sempre EPI quando manusear produtos químicos.

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40 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

f) Coloque o copo com produto na máquina

g) Ligue a máquina

1.13.2. Com lavador automático (sistema balde ao pé)

a) Lave as teteiras externamente com água

b) Limpe as teteiras externamente com detergente e esponja (indicado pelo fabricante)

c) Enxágue as teteiras com água d) Tire a mangueira do sulflador

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e) Lave a Mangueira

g) Encha o tanque com água

i) Coloque o produto no tanque

f) Lave as teteiras internamente com o auxílio de uma escova e produto indicado pelo fabricante

h) Meça o produto a ser colocado na água de acordo com a recomendação do fabricante

j) Coloque o conjunto de teteiras no tanque

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j) Coloque as mangueiras no lavador l) Ligue o lavadorAguarde o tempo recomendado pelo fabricante

1.14. Limpe a sala de ordenha

1.15. Limpe a sala de espera

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1.16. Limpe o tanque de expansão

Após a retirada do leite pelo caminhão transportador, o tanque de expansão deverá ser lavado.

ATENÇÃO!!!Utilize apenas produtos indicados pelo fabricante

2. ORDENHE AS VACAS MANUALMENTE

2.1. Defina a ordem de entrada

ATENÇÃO!!!Vacas com mastite clínica e tratadas com antimicrobianos devem ser ordenhadas

separadamente e o leite deve ser descartado.

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2.2. Conduza os animais até a sala de espera

2.3. Contenha as vacas

As vacas deverão ser contidas no local da ordenha. Em muitos casos o ordenhador coloca um pouco de ração no cocho, a fim de facilitar sua contenção.

2.4. Prepare-se para iniciar o processo de ordenha

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Na ordenha manual o animal deverá ser contido com auxílio de correntes ou cordas pelo pescoço, além da peia nas pernas.

2.5. Avalie tetos e úbere

2.6. Faça o teste da caneca

2.8. Seque os tetos

2.7. Aplique o pré-dipping

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2.9. Ordenhe a vaca

O ordenhador deverá pressionar a base do teto extraindo o leite em um balde específico. Após o término da ordenha o leite deverá ser medido e despejado em um tanque de expansão.

ATENÇÃO!!!A ordenha deve ocorrer sempre no mesmo horário, com os mesmos procedimentos,

evitando mudanças bruscas no manejo.

2.10. Meça o leite

Verifique no balde a quantidade de leite para que seja anotado posteriormente na ficha de controle de produção.

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2.13. Solte a vaca

2.11. Coloque o leite no tamborO tambor de leite deve estar limpo e com uma peneira.

2.12. Aplique o pós-dipping

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2.14. Armazene o leite

O leite ordenhado poderá ser colocado no tanque de expansão ou ser transportado até o laticínio.

2.15. Limpe a sala de ordenha

2.15.1. Retire as fezes com auxílio de uma pá e carrinho de mão

2.15.2. Lave a sala de ordenha

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2.16. Limpe os utensílios utilizados na ordenha

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VII - SECAR AS VACAS

Secar a vaca significa fazê-la parar de dar leite.

Esta interrupção na produção (lactação) deve ocorrer 60 dias antes da data prevista do parto (DPP), com os objetivos de proporcionar um descanso à vaca, assegurar um bom desenvolvimento do feto, aumentar a produção de leite na próxima lactação e acumular reservas corporais.

Procedimentos para secar a vaca

1o dia – Ordenhar a vaca pela manhã e à tarde. Deixar a vaca em local com pasto rebaixado, sem fornecimento de concentrado.

2o dia – Ordenhar a vaca pela manhã. Deixar a vaca com disponibilidade de volumoso, porém metade da quantidade normalmente oferecida.

3o dia – Não ordenhar a vaca neste dia. Deixar a vaca com disponibilidade de volumoso, porém metade da quantidade normalmente oferecida.

4o dia – Ordenhar a vaca pela manhã esgotando por completo o úbere. Fazer tratamento contra mastite com antimastítico comercial e colocar a vaca no piquete de vacas secas ou piquete maternidade.

5o dia – Não ordenhar mais. Deve-se observar nos próximos dias se a secagem foi bem-sucedida e se não há sinal de mastite.

Em algumas vacas de baixa produção, não há necessidade dos procedimentos de secagem, pois ela acaba secando sozinha simplesmente parando de tirar o leite e diminuindo a alimentação.

ATENÇÃO!!!Nesta fase de período seco, o consumo de alimento normalmente é 50% menor que

o do período de lactação, pois o animal não está produzindo leite, o que diminui suas necessidades.

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VIII - CONHECER A MASTITE

Mastite ou mamite é uma doença infecciosa causada por microrganismos como bactérias (considerados os agentes mais importantes), fungos, leveduras e algas, que causam inflamação da glândula mamária. Esse processo inflamatório diminui a produção e causa alterações físicas e químicas no leite.

Os fatores de risco que podem predispor as vacas à doença são:

• Traumatismo: cortes, pancadas, ferimentos;

• Ordenha mecânica desregulada;

• Falta de higiene dos tetos antes da ordenha;

• Idade do animal;

• Leite residual;

• Genética: tamanho do teto e conformação do úbere;

• Enfermidades: algumas enfermidades acarretam uma baixa resistência no animal, causando o aparecimento de mastite.

ATENÇÃO!!!A penetração do microorganismo na glândula mamária dá-se pelo teto.

Os microrganismos que causam a mastite podem ser divididos em agentes contagiosos e ambientais.

Agentes contagiosos – estão na glândula mamária de um animal infectado

Os casos de mastite contagiosa caracterizam-se por baixa incidência de casos clínicos e alta incidência de casos subclínicos, geralmente de longa duração e apresentando alta CCS.

Esse tipo de mastite é causado por microrganismos que vivem no interior da glândula mamária e superfície da pele dos tetos. Por isso, a transmissão ocorre durante a ordenha, por meio das teteiras, mãos do ordenhador e panos utilizados na limpeza e secagem dos tetos.

Agentes ambientais – estão no ambiente em que a vaca vive

A mastite ambiental é causada por agentes cujo principal reservatório é o ambiente em que a vaca vive, principalmente onde há acúmulo de esterco, urina, barro e camas orgânicas.

Esse tipo de mastite caracteriza-se por alta incidência de casos clínicos, geralmente de curta duração e com maior ocorrência antes e imediatamente depois do parto.

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Uma vez que os agentes ambientais estão por todo o ambiente da vaca, é praticamente impossível erradicar esse tipo de mastite. Além disso, devido à grande disseminação desses agentes ambientais, todas as categorias animais estão sob risco: vacas em lactação, vacas secas e novilhas.

A taxa de infecções por agentes ambientais é influenciada por muitas variáveis:

• Estágio de lactação: alta taxa de infecção no início da lactação;

• Época do ano: maior taxa de risco durante o verão;

• Número de lactação: aumento das novas infecções em vacas mais velhas;

• Instalações: sistemas de manejo com falta de ambiente levam a um alto risco de infecções, especialmente os sistemas de confinamento mal planejados.

Quadro. Principais agentes e características da mastite (contagiosa e ambiental)

O nível de infecção do rebanho varia conforme:

a) Estágio e número de lactação: maior nível de infecção do rebanho em vacas com maior número de lactações e com período de lactação mais avançado.

b) Época do ano: no verão ocorre maior taxa de casos clínicos e aumento na CCS dos animais infectados na forma subclínica, provavelmente em função da queda da imunidade, devido ao estresse térmico.

1. CLASSIFICAÇÃO

A mastite pode ser classificada em dois tipos principais quanto a sua forma de manifestação: clínica e subclínica.

Mastite Contagiosa Mastite Ambiental

Principais bactérias

Streptococos agalactiae

Staphylococos aureus

Coliformes (Escherichia coli)

Estreptococos ambientais (S. Uberis)

Fonte primária Úbere de vacas infectadas Ambiente da vaca

Forma de disseminação

De quartos infectados para sadios, durante a ordenha

Exposição do teto a ambientes altamente contaminados ou a equipamento de ordenha com

funcionamento inadequado

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1.1. Mastite clínica

A mastite clínica apresenta-se com sinais visíveis como edema, aumento de temperatura, endurecimento e dor na glândula mamária e/ou aparecimento de grumos, pus ou qualquer alteração nas características do leite.

1.2. Mastite subclínica

A mastite subclínica caracteriza-se por alterações apenas na composição do leite, como aumento na CCS e diminuição nos teores de caseína, lactose e gordura do leite.

Como os sinais não são visíveis, não é possível diagnosticar a mastite na forma subclínica sem a utilização de testes como o CMT (California Mastitis Test) e a CCS.

Considera-se que, em média, a mastite subclínica seja responsável por 90-95% dos casos da doença nos rebanhos leiteiros e que ocorra de 15 a 40 vezes mais que a forma clínica.

Sendo assim, a forma subclínica é mais importante, pois causa mais prejuízo devido à diminuição na produção de leite e alteração na qualidade, em função da mudança em sua composição.

ATENÇÃO!!!A prevalência de casos subclínicos ocorre especialmente em rebanhos que

apresentam um manejo de ordenha inadequado e, consequentemente, um alto índice de mastite contagiosa.

Na maioria das vezes a mastite é subestimada, uma vez que para efeito de análise são considerados apenas os casos de mastite clínica, que se apresentam de forma evidente e de fácil diagnóstico.

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2. SINTOMAS

• Úbere inchado, quente, sensível e avermelhado.

• Leite com características anormais: com grumos, pus e coágulos.

• Atrofiamento dos tetos.

3. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito através de exames na propriedade ou em laboratórios.

3.1. Exames na propriedade

São os testes que se realizam antes de cada ordenha:

• Teste da caneca telada – observam-se os grumos, pus e coágulos

• Teste da caneca de fundo preto – observam-se os grumos mais finos

• Teste CMT – California Mastitis Test - O CMT é um teste feito com ajuda de uma bandeja plástica (raquete) e um reagente. Este teste deve ser realizado uma vez por mês, sendo os resultados anotados em fichas zootécnicas individuais.

Procedimento:

a) Coloque a raquete sob o úbere b) Esguiche alguns jatos de leite (2 ml) de cada teto na raquete

O leite de cada teto deve ser colocado no seu respectivo recipiente.

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c) Descarte o excesso de leiteO leite deve ficar na medida exata da raquete.

d) Coloque o reagente

A quantidade deve ser de acordo com o fabricante(.)

e) Agite a raquete em movimentos circularesAgite cuidadosamente, para que o líquido não saia da raquete(.)

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f) Interprete o resultado

Interprete de acordo com a tabela apresentada pelo fabricante. Depois de 30 a 60 segundos faça a leitura comparando a coloração e viscosidade da solução (leite + reagente) com o cartão testemunha do reagente.

g) Descarte o líquido da raquete (leite + solução)

h) Lave a raquete de teste CMT

Após ser lavada, a raquete de teste CMT deve ser guardada em local seguro.

3.2. Exames laboratoriais

Encaminhamento de amostras de leite para laboratórios específicos. O exame mais utilizado é o CCS – Contagem de Células Somáticas, realizado pela instituição que adquire o leite, de acordo com a IN 51.

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4. TRATAMENTO

• É recomendado o tratamento de todos os tetos das vacas secas, no dia da secagem (60 dias antes da data prevista de parto), por meio da aplicação intramamária de antibiótico comercial específico. Essa prática de manejo tem duas funções: prevenir a ocorrência de novas infecções e curar as infecções da lactação anterior.

• Os casos clínicos que aparecem durante a lactação devem ser imediatamente tratados para aumentar a chance de cura. Os medicamentos utilizados devem ser escolhidos com a ajuda de um técnico, considerando o histórico do rebanho e os agentes causadores.

ATENÇÃO!!!A taxa de cura com o tratamento das vacas secas é praticamente o dobro daquela

atingida com tratamento durante a lactação.

5. PREVENÇÃO

• Controlar a higiene e o conforto do ambiente, ou seja, manter o ambiente seco, limpo e confortável.

• Manter o bom funcionamento do sistema de ordenha.

• Realizar a desinfecção dos tetos antes da ordenha (pré-dipping). As teteiras devem ser colocadas em tetos secos e limpos.

• Realizar o tratamento de enfermidades nos tetos: qualquer lesão na ponta do teto, seja causada por traumatismo ou mau funcionamento da máquina de ordenha, determina aumento na taxa de risco de novas infecções.

• Balancear corretamente a ração, especialmente em minerais e vitaminas.

• Separar vacas com mastite crônica durante a ordenha (ordenhar por último) ou descartá-las, já que são potenciais fontes de infecção.

• Tratar as vacas secas e monitorá-las visualmente durante as duas semanas seguintes à secagem. É recomendável que todos os quartos sejam tratados.

• Aplicar a vacina J5 como estratégia para reduzir a ocorrência e a gravidade dos casos para rebanhos com alta incidência de mastite ambiental.

• Separar as vacas com alta CCS ou histórico de mastite causada por agentes contagiosos do rebanho.

• Realizar, frequentemente, exames da cultura microbiológica do leite.

• Avaliar corretamente o animal a ser comprado; deve-se obter informações da saúde da glândula mamária.

• Colher amostra de leite para cultura e identificação de agentes causadores de mastite antes da introdução da vaca no rebanho.

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6. CONTROLE ZOOTÉCNICO

Para o monitoramento do progresso e dos problemas de mastite de um rebanho, é necessária uma constante colheita de dados, como a CCS e a incidência de mastite clínica do rebanho.

Em relação aos casos clínicos, anotar: número da vaca, data, duração do caso, medicamento utilizado e quarto afetado, através de fichas individuais de controle.

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BIBLIOGRAFIA

DÜRR, J. W. Como produzir leite com qualidade. 2ª ed. Brasília: SENAR, 2007. 36p. (Coleção 133).

LOPES, M. A. Bovinocultura de leite: ordenha manual. São Paulo: FAESP/SENAR. 23p.

PHILPOT, W. N.; NICKERSON, S.C. Vencendo a Luta contra a Mastite. Westfalia.

SAMPAIO A. O. et al. Manual técnico: trabalhador na bovinocultura de leite. Belo Horizonte: SENAR-AR/MG/EMBRAPA: CNPGL, 1997. 271p.

SANTOS, M. V. Manejo de ordenha e qualidade do leite. São Carlos: SENAR/EMBRAPA, 2006.

http://www.cepav.com.br/textos/t_mastit.htm (MASTITE).

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