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manejo florestal O que é Manejo Florestal Sustentável? Trata-se de uma forma de administração da floresta utilizando-se de técnicas de condução, exploração, reposição e monitoramento praticadas de forma sustentável, visando manter a proteção e o uso sustentável da vegetação nativa e obter benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplos produtos e subprodutos, bem como a utilização de outros bens e serviços ambientais. Práticas de manejo florestal e coleta de frutos portal inea – serviço florestal – 1 –

manejo florestal - Rio de Janeiro · 2018. 1. 31. · ˚ ˝ ˝˜ ˚˛ ˚˜˝˛ ˆ Grandes esforços foram envidados na busca de conhecer e regulamentar a atividade. Ao longo dos anos

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manejo florestal

O que é Manejo Florestal Sustentável?Trata-se de uma forma de administração da fl oresta utilizando-se de técnicas de condução, exploração, reposição e monitoramento praticadas de forma sustentável, visando manter a proteção e o uso sustentável da vegetação nativa e obter benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplos produtos e subprodutos, bem como a utilização de outros bens e serviços ambientais.

Práticas de manejo fl orestal e coleta de frutos

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por que manejar uma floresta?

Além das determinações legais que impõem o manejo como única forma de exploração de determinadas tipologias fl orestais (Lei Federal n° 11.428/2006 e Lei Federal n° 12.651/2012), existem sete razões principais para que se realize o manejo de uma fl oresta. São elas:

Continuidade da produção: o manejo garante a produção de madeira e/ou outros produtos em uma área de fl oresta por tempo indeterminado.

Rentabilidade: o manejo gera benefícios econômicos que superam os custos, principalmente em função do aumento da produtividade do trabalho e redução de desperdícios.

Segurança de trabalho: os riscos de acidente de trabalho são reduzidos a partir do momento em que são atendidos os pressupostos do uso sustentável de um maciço fl orestal, quando comparado à exploração tradicional da fl oresta.

Respeito à lei: como o manejo fl orestal é obrigatório por lei, a sua não execução expõe as empresas a diversas penalidades.

Oportunidades de mercado: a exigência de certifi cação da madeira para atingir o mercado internacional de forma efetiva faz com que as empresas que praticam manejo fl orestal tenham maior facilidade de acesso aos mercados, especialmente o europeu e o norte-americano.

Conservação fl orestal: a cobertura fl orestal é garantida através do manejo, mantendo a diversidade vegetal original e reduzindo impactos ambientais sobre a fauna quando comparado à exploração tradicional.

Serviços ambientais: fl orestas manejadas contribuem para o equilíbrio do clima regional e global, principalmente pela manutenção do ciclo hidrológico e pela retenção de carbono.

Secagem das sementesPresença da fauna nas áreas de manejo

Artesanato a partir do cacho da palmeira-juçara

Colar produzido com a semente da palmeira-juçara

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atividades em andamento

Grandes esforços foram envidados na busca de conhecer e regulamentar a atividade. Ao longo dos anos de 2011 e 2012, técnicos da Gerência do Serviço Florestal (gesef) do Inea visitaram diversas comunidades, em diferentes Estados, para conhecer as formas de manejo sustentável visando desenvolver uma proposta de resolução que atenda aos anseios da sociedade fl uminense na garantia de um meio ambiente mais justo, saudável e equilibrado para todos. É importante destacar que o manejo fl orestal já ocorre de maneira informal no Estado do Rio de Janeiro, sendo nítido que nas regiões onde as comunidades tradicionais mantiveram práticas sustentáveis de exploração dos recursos fl orestais os fragmentos fi caram protegidos.

Os caixeiteiros da Costa Verde

Na região da Costa Verde existem bons exemplos de conservação das áreas fl orestadas por comunidades tradicionais que exploram recursos fl orestais. Na comunidade do Saco do Mamanguá, no município de Paraty, até hoje existem grandes áreas cobertas por fl oresta típica de área inundada, denominadas de “caixetais”. Estas áreas, com predominância da espécie Tabebuia cassinoides, conhecida vulgarmente como caixeta ou pau-de-tamanco, foram praticamente exterminadas no restante das áreas costeiras de Mata Atlântica para produção de lápis, tamancos e outros artefatos que precisam de madeira leve e fácil de ser trabalhada. No Saco do Mamanguá, os caixetais foram preservados pelos moradores que a utilizam para fabricação de remos e peças de artesanato. Os caixeteiros, como são conhecidos na região, utilizam técnicas de manejo que são sustentáveis, pois garantiram a manutenção dos caixetais mesmo com um longo período de extração de produtos fl orestais.

A preservação da palmeira-juçara

Outro caso interessante de ser destacado é a utilização dos frutos da palmeira juçara (Euterpe edulis). Esta espécie é muito conhecida por conta do seu palmito, o que gerou uma exploração excessiva que resultou na inclusão da espécie na lista ofi cial de espécies ameaçadas de extinção. Há cerca de 15 anos, algumas inciativas de substituir o palmito da juçara por palmitos plantados, como a pupunha por exemplo, ganharam força na região da Costa Verde. Nessa mesma época, a conscientização sobre

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a importância da preservação cresceu, e muitos produtores rurais passaram a plantar sementes de juçara em bananais e nas áreas de fl oresta em regeneração. Ao mesmo tempo, resgataram a cultura tradicional de utilizar os frutos da palmeira para a produção de sucos. Com características semelhantes às do já internacionalmente reconhecido açaí, a coleta de frutos para extração da polpa de juçara foi se tornando a atividade atraente economicamente, pois, além de se obter um valor maior com a polpa do que com o palmito, as sementes produzem anualmente, enquanto que o palmito só pode ser explorado uma única vez, causando a morte da palmeira.

Com o crescimento desta atividade, cresceu também a procura pelas áreas com abundância da espécie, tendo estas sido identifi cadas junto a comunidades tradicionais da região. No Quilombo do Campinho da Independência, por exemplo, também no município de Paraty, os moradores realizam a coleta e benefi ciam de forma comunitária, participando ainda da Rede Juçara – www.redejucara.org.br – que constitui um grupo de instituições com o objetivo de articular ações e projetos com o foco principalmente voltado ao desenvolvimento das cadeias produtivas da polpa dos frutos e das sementes, aliadas à conservação da espécie.

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