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30/03/2017 1 Manejo Integrado de Doenças Agronomia – 5º período Professor: João Eduardo Ribeiro da Silva Centro Universitário do Triângulo Introdução O objetivo no passado era exterminar completamente pragas e doenças das lavouras O uso de produtos químicos com alta toxicidade, baixa especificidade e baratos favoreciam este tipo de manejo. EXEMPLO: BHC, DDT (inseticidas) Introdução DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano Benzeno-hexa-clorado Introdução Introdução Introdução O uso indiscriminado provocou sérias perturbações no ecossistema agroecossistema Seleção de indivíduos resistentes Ressurgimento de espécies anteriormente controladas Surtos de pragas de importância historicamente secundária Diminuição de espécies benéficas Efeitos deletérios em animais e homens Acúmulo no solo, água e alimentos

Manejo Integrado de Doenças · DDT -Dicloro-Difenil-Tricloroetano Benzeno-hexa-clorado Introdução Introdução Introdução • O uso indiscriminado provocou sérias perturbaçõesno

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Manejo Integrado de Doenças

Agronomia – 5º período

Professor: João Eduardo Ribeiro da Silva

Centro Universitário do Triângulo Introdução

• O objetivo no passado era exterminarcompletamente pragas e doenças das lavouras

• O uso de produtos químicos com altatoxicidade, baixa especificidade e baratosfavoreciam este tipo de manejo.

EXEMPLO: BHC, DDT (inseticidas)

Introdução

DDT - Dicloro-Difenil-Tricloroetano

Benzeno-hexa-clorado

Introdução

Introdução Introdução

• O uso indiscriminado provocou sériasperturbações no ecossistema agroecossistema

– Seleção de indivíduos resistentes

– Ressurgimento de espécies anteriormente controladas

– Surtos de pragas de importância historicamentesecundária

– Diminuição de espécies benéficas

– Efeitos deletérios em animais e homens

– Acúmulo no solo, água e alimentos

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Introdução

• Paralelamente houve grande avanço emoutras áreas, como a entomologia florestal. Oalto custo do controle químico fez com que:

– Houvesse desenvolvimento do controle biológico:predadores, parasitóides e controle populacional

– Maior conhecimento da ecologia e dinâmicapopulacional de insetos – manutenção dos insetosem níveis economicamente aceitáveis

Introdução

Introdução Controle Integrado

• Início das décadas de 50, 60...

• Conceito mais amplo de controle de agentesnocivos

“O controle integrado é definido como um sistema de manejo de organismos nocivos que utiliza todas as técnicas e métodos apropriados de maneira mais compatível possível para manter as populações de organismos nocivos em níveis abaixo daqueles que

causam injúria econômica” (FAO, 1968)

Controle Integrado

• Não é apenas a sobreposição de duas técnicasde controle (ex.: químico e biológico), mas aintegração de todas as técnicas de manejo.

• Fatores que contribuiram:– Falhas de programas de erradicação química

– Abordagem econômica – controle se tornou maiscaro

– Maior consciência ecológico-social

Manejo Integrado

• Uma filosofia mais abrangente, o manejointegrado de pragas (Geiser, 1966), começou aser desenvolvida

• Alguns anos depois, o termo manejointegrado de doenças – MID foi proposto(Chiarappa, 1974)

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Manejo Integrado Manejo Integrado

Manejo Integrado

“Utilização de todas as técnicas disponíveis dentro de um programa unificado, de tal modo a

manter a população de organismos nocivos abaixo do limiar de dano econômico e a

minimizar os efeitos colaterias deletérios ao ambiente” (NAS, 1969)

Manejo Integrado

1. Determinar como o ciclo de um patógeno precisa ser modificado, de modo a mantê-lo abaixo do limiar de dano econômico

2. Combinar conhecimento biológico com tecnologia disponível p/ alcançar a modificação necessária – ecologia aplicada

3. Desenvolver métodos de controle adaptados às tecnologias disponíveis, compatíveis com aspectos econômicos e ecológico-sociais

Manejo Integrado

• Procura-se com o manejo integrado evitar a síndrome do pesticida:

– “a falha do controle químico é remediada pela intensificação do controle químico”

• E também a síndrome da resistência:

– “a vulnerabilidade genética a doenças é combatida com genes que aumentam a vulnerabilidade genética a doenças”

Limiar de Dano Econômico

• O conceito de Limiar de Dano Econômico é:

“Nível de ataque do organismo nocivo no qual o benefício de controle iguala a seu custo”

• É a base do Manejo Integrado

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Limiar de Dano Econômico

Linha de progresso da incidência foliar da ferrugem asiática nasoja 2ª safra

Limiar de Dano Econômico

Limiar de Ação

• Além do LDE, existe o limiar de ação:

“a severidade da doença na qual medidas de controle necessitam ser tomadas para impedir que

o limiar de dano econômico seja excedido”

• Determinado em função do tempo necessáriopara se tomar uma medida de controle, mais otempo para esta cessar a doença

Controle Supervisionado

“racionalização no uso de fungicidas baseado na monitoração da doença e no limiar de dano

econômico”

• Controle supervisionado x calendário fixo??

Controle Supervisionado Manejo x Controle

• Controle transmite a idéia de grau dedominância, que é inatingível pelo homem

• Manejo admite que os patógenos sãocomponentes inerentes do agroecossistema eque devem ser tratados numa base racional econtínua

• Manejo baseia-se no princípio de manter adoença abaixo do limiar de dano econômico,e não erradicá-la

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Benefícios do MID

1. Maior estabilidade da produção

2. Padronização dos procedimentos de MID

3. Rapidez e flexibilidade na resposta a surto epidêmicos

4. Menor agressão ao meio ambiente

Limiar de Dano Econômico

• Exemplo: Cultura da batata, nematóide Heterodera rostochiensis e o nematicida de pré-plantio D-D:

– Procedimento: amostragem do solo e contagem do número de ovos por grama de solo

– Decisão sobre a viabilidade ou não de aplicar

Limiar de Dano Econômico Limiar de Dano Econômico

• Informações necessárias:

• Função de dano: Dano com a injúria.

– Cada ovo de H. rostochiensis por grama de solo reduz a produção de batata em 0,1 ton/ha –determinado experimentalmente

Limiar de Dano Econômico

• Informações necessárias:

• Preço do produto: por exemplo, $40 portonelada de batata

• Função de controle: diminuição do patógenoapós a medida de controle. Exemplo: 80% deredução após a aplicação do nematicida

Limiar de Dano Econômico

• Assim, define-se as seguintes variáveis:

1) θ = nível de ataque (nº ovos/g de solo)

2) d: nível de dano (ton perdidas/nº ovo/g solo)

3) p: preço da batata/ton

4) k: redução do patógeno com o nematicida (%)

5) c: custo da aplicação/há

pdθk > c

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Limiar de Dano Econômico

• Substituindo:

θ = c/pdk

• Logo,

θ = 100/40 x 0,1 x 0,8 = 31 ovos/g de solo

Considerações sobre o LDE

• Envolve apenas considerações de ordem econômica... Não envolve riscos ambientais

• Incerteza na relação injúria-dano para muitas doenças

• Interações entre patógenos (Johnson, 1990) –sem interação, mais-que-aditiva, menos-que-aditiva

Considerações sobre o LDE

• Diferentes LDE dependendo do estágio dedesenvolvimento da planta

• Conceito desenvolvido tendo por base aocorrência de uma doença por vez, o que nãose observa na prática

MID

MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS

Aplicação mais difícil da fitopatologia

Mais simples no manejo de doenças!!!!

Manejo...

• Exige conhecimentos de difícil acesso ao produtor, como o funcionamento do ecossistema

• Monitoração constante da população de patógenos – cara e trabalhosa

Manejo...

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Integração...

• Mais simples e requer ações concentradas

• Uso harmônico de múltiplas táticas deproteção de plantas

• Tecnologias capazes de reduzirinstantaneamente as populações deorganismos nocivos – quimicos principalmente

MID

• Todos os problemas para a aplicação do MID vem do componente “manejo”

• LDE: não se aplica à maioria das doenças por não ser possível evitar a injúria...

Doenças x Insetos

• Doenças:

– Impossibilidade prática de quantificar propágulos antes da infecção (exemplo: esporos)

– Presença de propágulos no solo ou no ar não é condição exclusiva p/ ocorrer doença

• Insetos:

– Contagem de ovos, larvas, etc...

Doenças x Insetos

• Na prática, LDE para doenças é igual a injúria (% da planta atacada)

– Problema... Essa porcentagem não regride com o controle

Doenças x Insetos Doenças x Insetos

• Outros problemas...

– Patógenos explosivos, como Phytophtora

infestans; esperar os sintomas pra depois realizar o controle pode significar perda total da lavoura

– Período de incubação longo, como Hemileia

vastatrix; 10% de injúria hoje pode significar 3x mais em alguns dias

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Doenças x Insetos Doenças x Insetos

Soluções para o MID...

• Sistemas de previsão de doenças:

– Por praticidade, usa-se como LDE a % de injúrias,associado a ferramentas p/ tomada de decisão deaplicar ou não

– Exemplo: EPIPRE – diversas doenças no trigo

Soluções para o MID...

• Sistemas de previsão de doenças:

– Período crítico: leva em consideração acúmulonum sistema de pontos baseado em T e períodode molhamento, recomendando o trat. químicosempre que determinado nº de pontos forexcedido

– Exemplo: BLITECAST – patossistemabatata/Phytophtora infestans

Soluções para o MID...

• Barreiras encontradas...

– Baixa nível de adoção pelos produtores – apenas 20% confiavam nas recomendações do sistema EPIPRE no auge do seu uso

Soluções para o MID...

?

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Soluções para o MID...

• Barreiras encontradas...

– Considerável uso durante a fase dedesenvolvimento na Europa, quando osprodutores não precisavam pagar. Depois cobrava-se o uso e a adesão diminuiu.

– Em contraposição, os fungicidas eram muitobaratos

Soluções para o MID...

Outras considerações

• O controle biológico é vital no manejo depragas, porém menos evidente emfitopatógenos

• Os fungicidas são menos agressivos ao meioambiente

Outras considerações

• A conservação de inimigos naturais e amodificação do habitat tem pouca expressãono manejo de patógenos

• Fungicidas de largo espectro: o papeldesempenhado por outros microrganismos éde menor importância. Surtos de organismossecundários são menos comuns

Outras considerações Concluindo

• Dentro do contexto da fitopatologia:

– Dar maior ênfase ao componente “integração” do que ao componente “manejo”

– Procurar sempre a maior interação entre osmétodos de controle (cultural, físico, biológico,químico)

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Concluindo

• Evitar a síndrome da bala de prata:

“Todos os problemas fitossanitários podem ser solucionados, de uma vez e para sempre, caso a

tática ideal de controle seja achada”

Concluindo

• Foi o que ocorreu no passado com:

– Pesticidas (DDT, BHC)

– Modelos e computadores

– Biotecnologia

Concluindo

• Calendário fixo de aplicações (estratégiapreferida do produtor)

– Utilizar com modificações (Calendário semifixo)

– Manter ao máximo a simplicidade e confiabilidade

– Atrasar a primeira aplicação e/ou espaçar assubsequentes (condições de clima e inóculo)

Concluindo

• Utilizar limiar biológico de dano (LBD)

• Parcelas controle com variedades suscetíveismpara monitoração

• Componente preventivo de controle:pulverizações mais cedo e com doses menores

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