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Governo do Estado de Santa Catarina. Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural Programa Santa Catarina Rural / Microbacias 3 Programa Estadual de Competitividade da Agricultura Familiar SANTA CATARINA RURAL - PLANO DE MANEJO DE PRAGAS - Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção 1 E2363 V. 2

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Governo do Estado de Santa Catarina.Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento RuralPrograma Santa Catarina Rural / Microbacias 3

Programa Estadual de Competitividade da Agricultura Familiar

SANTA CATARINA RURAL

- PLANO DE MANEJO DE PRAGAS -Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção

Florianópolis (SC), Janeiro de 2010

LISTA DE SIGLAS

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E2363V. 2

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AA – Avaliação AmbientalADM – Associação de Desenvolvimento da MicrobaciaADR – Administração RegionalANVISA – Agencia Nacional de Vigilância SanitáriaABPM – Associação Brasileira de Produtores de MaçãATER – Assistência Técnica e Extensão RuralCIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa CatarinaCIT – Centro de Informações ToxicológicasCONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e AgronomiaCMDR – Conselho Municipal de Desenvolvimento RuralDOU – Diário Oficial da UniãoEMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaEPI – Equipamento de Proteção IndividualFAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e AlimentaçãoFATMA – Fundação do Meio AmbienteFAPESC – Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa CatarinaHa - HectareIBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisLED – Limiar Econômico de Dano MIP – Manejo Integrado de PragasMAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e AbastecimentoNA – Nível de AçãoNC – Nível de ControleNR – Norma RegulamentadoraNDE – Nível de Dano EconômicoOILB – Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado contra os Animais e Plantas NocivasOMS – Organização Mundial da SaúdePI – produção integradaPIA – Produção Integrada de ArrozPIB – Produção integrada de BananaPIF – Produção Integrada de FrutasPIM – Produção Integrada de MaçãPIT - Produção Integrada de TomatePCT – Produção Convencional de TomatePMASP – Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de ProduçãoPPA – Potencial de Periculosidade AmbientalPRAPEM/Microbacias 2 – Programa de Recuperação Ambiental e de Apoio ao Pequeno Produtor RuralRAC – Regulamento de Avaliação da ConformidadeRS – Rio Grande do SulSC – Santa Catarina (Estado)SAR – Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da AgriculturaSINDAG – Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para a Defesa AgrícolaSDA – Secretaria de Defesa Agropecuária SDS – Secretaria de Estado do Desenvolvimento SustentávelSEE – Secretaria Executiva EstadualSEATER – Sistema Epagri de Assistência Técnica e Extensão RuralSIA – Sistema Integrado de Informações sobre AgrotóxicosUFSC – Universidade Federal de Santa CatarinaUP – Unidade de ProduçãoUGT – Unidade de Gestão TécnicaURT – Unidade de Referencia Tecnológica

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Equipe ResponsávelEng. Agr. Vilmar ComassettoEng. Agr. Marcelo Alexandre de SáEng. Agr. Mara BenezEng. Agr. Elisangela Benedet da Silva

Equipe de Apoio:

Eng. Agr. Paulo Francisco da Silva

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................52. DESCRIÇÃO SUSCINTA DO PROGRAMA SC RURAL....................................................63. PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS EM SC..................................................74. POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BANCO MUNDIAL E O PROGRAMA..................105. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E CATARINENSE SOBRE AGROTÓXICOS......................11

5.1. GERAL.......................................................................................................................115.2. NO AMBIENTE DE TRABALHO................................................................................13

6. PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DO PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO.......................15

6.1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................156.2 DIRETRIZES PARA A MELHORIA AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO176.3 AÇÕES NECESSÁRIAS PARA A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO....................................186.4 CAPACITAÇÃO..........................................................................................................216.5 DIFUSÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PMASP............................................................226.6 ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PMASP.236.7 GESTÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE MANEJO DE PRAGAS..................................236.8 CUSTOS PARA IMPLEMENTAÇAO DO PMASP.....................................................246.9 ARRANJO INSTITUCIONAL......................................................................................24

ANEXO 1 – ATIVIDADES APOIADAS PELO PROGRAMA EM INVESTIMENTOS PRODUTIVOS, GESTÃO AMBIENTAL E INFRA-ESTRUTURA.........................................27ANEXO 2 - RELAÇÃO DA LEGISLAÇÃO SOBRE AGROTÓXICOS...................................30ANEXO 3 – PROCEDIMENTOS PARA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS................33ANEXO 4 – RECOMENDAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE QUÍMICO.......42ANEXO 5: PRODUÇÃO INTEGRADA..................................................................................49ANEXO 6 - PRODUÇÃO ORGÂNICA (PO)..........................................................................61ANEXO 9: CADERNO DE CAMPO PARA MONITORAMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO COM CERTIFICAÇÃO FITOSSANITÁRIA (CIDASC)....................................70

1. INTRODUÇÃO

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O Estado de Santa Catarina desenvolveu o Programa de Recuperação Ambiental e de Apoio ao Pequeno Produtor Rural – PRAPEM (Projeto Microbacias 2) durante o período de maio de 2002 a setembro de 2009. Este programa teve como objetivo geral promover o alívio à pobreza rural através de ações integradas para o desenvolvimento econômico, ambiental e social do meio rural catarinense, de forma sustentável e com a participação dos atores envolvidos através de: (i) da recuperação e da conservação dos recursos naturais; (ii) do aumento da renda das famílias rurais; (iii) da melhoria da infra-estrutura social, familiar e comunitária: (iv) do aumento da participação da comunidade nas tomadas de decisões.

O Programa Santa Catarina Rural é um programa do Governo do Estado de Santa Catarina com financiamento do Banco Mundial, com início em 2010 e término previsto para 2016. O financiamento, que visa consolidar a proposta de política pública para o desenvolvimento do meio rural de Santa Catarina, prevê investimentos da ordem de US$ 180 milhões, dos quais US$ 90 milhões serão financiados pelo BIRD e US$ 90 milhões serão aplicados pelo Estado, como contrapartida.

O Programa SC Rural apoiará a melhoria de sistemas produtivos, mas não prevê incentivo ás famílias rurais para a aquisição de agrotóxicos e nem incentivará o seu uso. No entanto, considerando que os agrotóxicos ainda são utilizados na atividade agropecuária para o controle de pragas e doenças e que representam riscos ambientais, o Programa apoiará ações que levem a adequação e controle do uso de agrotóxicos, em caso de necessidade de sua utilização orientando-os para que adotem o Manejo Integrado de Pragas1;2 (MIP) e a Produção Integrada3 (PI). Durante esse processo, os agricultores também serão motivados a migrarem para sistemas de produção cada vez menos impactantes ao meio ambiente. Essas ações deverão minimizar os riscos ambientais decorrentes de seu uso e aplicação, bem como proteger a saúde das famílias rurais e dos consumidores. O uso de agrotóxicos, quando acontecer, deverá sempre ser de acordo com o que prevê a legislação brasileira que trata sobre o assunto, oportunizando a conquista de ganhos ambientais adicionais ao Programa.

1 MIP – Manejo Integrado de Pragas: combinação de práticas para controle de parasitas utilizadas pelos agricultores, com uma vertente ecológica, que visa reduzir a dependência de pesticidas químicos sintéticos, e que engloba: a) gestão de parasitas (mantendo-os abaixo de níveis economicamente perigosos) em vez de procurar a sua erradicação; b) dependência, na medida do possível, de medidas destinadas a manter a população de parasitas num nível baixo, sem recorrer a produtos químicos; e c) seleção e aplicação de pesticidas, quando tiverem que ser usados, de uma forma que minimize os efeitos adversos nos organismos benéficos, seres humanos e meio ambiente (Manual Operacional do Banco Mundial OP 4.09, Pest Management, 1998).

2 A 29ª. Sessão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), realizada em Roma no período de 7 a 18 novembro de 1997, definiu o termo praga como: “Qualquer espécie, variedade ou biótipo de vegetal, animal ou agente patogênico prejudicial aos vegetais ou aos produtos vegetais”.

3 “A Produção Integrada é um sistema de exploração agrária que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos e contaminantes e para assegurar uma produção agrária sustentável” (TITI et al., 1995). É considerado um processo educativo que envolve toda a cadeia produtiva, desde pesquisa, ensino, extensão, passando pelos produtores, processadores, distribuidores e chegando ao consumidor. O foco é a produção de um alimento qualitativamente seguro que preserve o ambiente e a responsabilidade social. É um sistema de produção que recebe a certificação de que está sendo produzido de acordo com normas nacionais e internacionais de qualidade.

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Embora não financie a aquisição de agrotóxicos nem de outros agentes químicos, o Programa elaborou um Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção (PMASP) já que o SC Rural, ao incentivar a melhoria dos sistemas produtivos ou outras ações, pode, no caso de não haver um manejo adequado de pragas, contribuir para o incremento de uso de agrotóxicos.

Esse Plano segue as diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial nos aspectos relacionados com o uso correto e seguro de agrotóxicos, visando a saúde humana, preservação dos inimigos naturais, não contaminação do meio ambiente e prevenção da resistência das pragas, assim como a possível diminuição ou não elevação do custo de produção. Esse plano é parte integrante do documento “Avaliação Ambiental” do SC Rural.

Para a implementação do PMASP, é necessário sensibilizar o público envolvido através de eventos de capacitação dos técnicos da Epagri, das demais entidades parceiras envolvidas e dos produtores rurais beneficiados pelo Programa SC Rural. Outra ação nesse sentido será a assistência técnica, extensão rural e difusão das tecnologias, prioritariamente, através da adoção de metodologias de extensão grupais. Para tanto, prevê-se a implantação e acompanhamento de Unidades de Referência Tecnológica4 (URT’s) em cada UGT.

O objetivo geral do PMASP é orientar a implementação do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e da Produção Integrada (PI), segundo informações publicadas pela EMBRAPA, Epagri, CIDASC e Normas Gerais para o Uso de Agrotóxicos conforme prevê a legislação federal e estadual que tratam sobre esse assunto.

Este plano inclui especificamente: legislação atualizada sobre agrotóxicos; políticas do Banco Mundial sobre manejo de pragas e praguicidas; procedimentos para a elaboração, implementação e monitoramento do plano de melhoria ambiental em sistemas de produção, capacitação, difusão de tecnologias, implantação, acompanhamento e monitoramento da Implementação do plano, orientações sobre a gestão da informação sobre o manejo de pragas nos sistemas produtivos e arranjo institucional.

Nos anexos, apresentam-se as iniciativas de negócios a serem apoiadas pelo SC Rural, a legislação sobre agrotóxicos e as informações técnicas que subsidiam as propostas e sugestões de formulários para a elaboração e acompanhamento dos PMASP’s.

2. DESCRIÇÃO SUSCINTA DO PROGRAMA SC RURAL

O Programa Santa Catarina Rural será executado em todo o meio rural de Santa Catarina, tendo por base inicial e prioritária as 936 microbacias hidrográficas trabalhadas no Microbacias 2. Tendo por base as experiências desenvolvidas pelo Estado, o Programa avança para novos desafios, apoiando planos e projetos com um enfoque amplo de território que pode envolver o município, um grupo deles e, mesmo, uma determinada região e com o objetivo de aumentar a competitividade das organizações dos agricultores familiares.

4 A URT é uma metodologia de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) que quando instaladas em determinadas propriedades rurais, serão utilizadas na implementação dos trabalhos a serem desenvolvidos com os públicos beneficiários. A função das URT’s será aferir tecnologias, gerar informações e dados de referência, privilegiar a troca de experiências e a construção de novos conhecimentos. Os resultados obtidos deverão ser socializados com produtores, técnicos e demais interessados, utilizando os métodos de extensão adequados.

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A responsabilidade direta pela coordenação do Programa será da Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, através da Secretaria Executiva Estadual do Programa, tendo como executoras suas empresas vinculadas, Epagri e Cidasc, a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, a Secretaria de Infra-estrutura, a Secretaria de Turismo, a Fatma e a Polícia Militar Ambiental.

O Programa terá como objetivo geral aumentar a competitividade das Organizações de Produtores da Agricultura Familiar, através da participação em planos de negócios viáveis e do apoio de serviços públicos melhorados.

Como objetivos específicos se propõe:

Aperfeiçoar e promover sistemas, cadeias e arranjos produtivos locais;  Promover a melhoria da qualidade ambiental;  Aumentar a apropriação dos processos de desenvolvimento pelas comunidades;  Integrar ações e políticas públicas para o meio rural.

O Programa será implementado através dos seguintes componentes e subcomponentes:

Componente 1: Produção Sustentável e empreendedorismo da agricultura familiarSubcomponente 1.1: Pré-InvestimentosSubcomponente 1.2: Investimentos Produtivos e de Agregação de ValorComponente 2: Fortalecimento de Atividades Estruturantes da Competitividade RuralSubcomponente 2.1: Gestão Ambiental Subcomponente 2.2: Infra-estruturaSubcomponente 2.3: Defesa Sanitária Animal e VegetalSubcomponente 2.4: Serviços de ExtensãoSubcomponente 2.5: Capacitação dos técnicosComponente 3: Fortalecimento da Gestão do Setor PúblicoSubcomponente 3.1: Fortalecimento da Administração CentralSubcomponente 3.2: Fortalecimento da Gestão dos Setores Rural e AmbientalSubcomponente 3.3: Gestão e ComunicaçãoSubcomponente 3.4: Monitoramento, Avaliação e Disseminação

3. PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS EM SC.

Após a Segunda Guerra Mundial estabeleceu-se um padrão tecnológico no setor agrícola em que se observa uma estreita relação entre a agricultura moderna intensiva e o uso de agrotóxicos. A partir da década de 1960, tal modelo agrícola foi difundido para as regiões do terceiro mundo, inclusive O Brasil. A efetiva constituição do parque industrial brasileiro de agrotóxicos ocorreu na segunda metade dos anos 1970. A indústria de agrotóxicos implantada no país cresceu de forma significativa entre 1975/2007, acumulando elevações nas vendas de, por exemplo, 13,1% ao ano entre 1988/1999, e de aproximadamente 21%, entre 2001/2005. O Brasil é um grande consumidor de agrotóxicos, sendo que em 20045 foi responsável por 13,5% do faturamento da indústria mundial, terceiro maior índice em nível global, atrás apenas dos

5 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), do ano de 2004, através do relatório de indicadores de Desenvolvimento Sustentável, apontaram que o uso de agrotóxicos no país aumentou de 2,3 kg por hectare para 2,8 kg/ha, um aumento de 22%.  

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Estados Unidos e do Japão. Durante todo o período 1975/2007 o país sempre esteve entre os seis maiores mercados de agrotóxicos do mundo (TERRA; PELAEZ, 2009)6.

Em 2008, o Brasil assumiu a liderança mundial no consumo de agrotóxicos, superando os Estados Unidos. O levantamento do Instituto Internacional de Pesquisa em Agronegócios mostra um crescimento de quase 30% no mercado de insumos agrícolas em relação ao ano anterior. Os dados da indústria indicam que os produtores brasileiros compraram entre US$ 6,9 bilhões e US$ 7 bilhões em agrotóxicos, US$ 200 milhões a mais que os norte-americanos, até então líderes mundiais7.

Com relação ao Estado de Santa Catarina, a exemplo de outros Estados, na busca da elevação da produtividade de determinadas culturas, a utilização de agrotóxicos tem sido crescente. No geral, conforme Quadro 1, no período entre os anos de 2004 a 2008, ocorreu um aumento na ordem de 5.866 toneladas de ingrediente ativo para 8.030 toneladas, representando um aumento de 36,8%. Dentre as classes de agrotóxicos, as dados apontam que em Santa Catarina, os herbicidas foram os agrotóxicos mais consumidos, com participação anual de 51,28% no período, seguido dos fungicidas e inseticidas com 25,09% e 10,58%, respectivamente.

O uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura tem trazido sérios problemas ambientais pelo seu alto poder de poluição do solo, lençóis freáticos e dos alimentos. O número de trabalhadores rurais contaminados por agrotóxicos durante a atividade rural é preocupante. No Brasil, estima-se que morrem cerca de 5 mil trabalhadores por ano, vítimas de agrotóxicos.

QUADRO 1: VENDAS DE AGROTÓXICOS EM TONELADAS DE INGREDIENTE ATIVO EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 2004 A 2008.

ANOCLASSE 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 %Herbicida 3.257 3.291 3.153 4.157 4.118 51,28Fungicida 1.110 1.209 1.158 1.464 2.015 25,09Inseticida 530 608 513 704 850 10,58Acaricida 56 19 21 14 19 0,23Outros 913 721 770 892 1.028 12,80Total geral 5.866 5.848 5.615 7.231 8.030

FONTE: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG).

Em Santa Catarina, segundo Carvalho; Nodari; Nodari (2009)8 somente em 1984, com a criação do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC) junto ao Hospital Universitário da UFSC, mais tarde conveniado com a Secretaria de Estado da Saúde, é que foi iniciado o controle mais sistemático dos casos de intoxicação e morte associados aos agrotóxicos, no âmbito estadual.

Segundo os referidos autores, ao analisarem os dados fornecidos pelo CIT/SC (Figura 1), relatam que no período de 1986 a 2008 ocorreu o crescimento de intoxicações por agrotóxicos em SC. Observam que há que se levar em consideração que nos primeiros 6 TERRA, Fábio. H. B.; PELAEZ, Victor M. A evolução da indústria de agrotóxicos no Brasil de 2001 a 2007: a expansão da agricultura e as modificações na lei de Agrotóxicos. UFPR / Curitiba. Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/9/755.pdf. - Acesso em 20.12.2009. 7

? Disponível em: http://www.aged.ma.gov.br/2009/1/21/Pagina245.htm. Acesso em 20.01.2010.

8 CARVALHO, Miguel M; NODARI, Eunice, S.; NODARI, Rubens, O. Avanço no uso de agrotóxicos e das intoxicações humanas em Santa Catarina. In: Rev. Bras. de Agroecologia /nov. 2009 Vol. 4 No. 2.

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anos de funcionamento a abrangência do CIT era pequena e, gradativamente, foi se ampliando, caracterizando-se atualmente como centro de referência estadual.

FIGURA 1: EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE INTOXICAÇÕES NO ESTADO DE SANTA CATARINA, POR SEXO, NO PERÍODO 1986 A 2008. FONTE: CIT/SC.

Os dados da Figura 1 revelam que o número de óbitos também está crescendo, mas mais lentamente que o número de intoxicações. Contudo, tanto o número de intoxicações quanto o número de óbitos, seguramente estão subestimados, pois só eram registrados os casos em que os profissionais da área da saúde entravam em contato com o CIT para obter informações complementares do produto e dos sintomas.

FIGURA 2: EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ÓBITOS CAUSADOS POR AGROTÓXICOS EM SC, NO PERÍODO DE 1986 A 2008. FONTE: CIT/SC.

Desde a vigência da “Lei dos Agrotóxicos”, tem se observado alguns avanços em termos de prevenção, a exemplo da determinação em lei da responsabilidade compartilhada entre agricultores, canais de distribuição, indústria e poder público, quanto ao destino das embalagens vazias de agrotóxicos, em que se observa um aumento na sua devolução em centrais de recebimento e triagem, especialmente instalados, conforme prevê a legislação.

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Antes da legislação, as embalagens eram enterradas, queimadas ou jogadas em rios, contaminando a água e oferecendo ainda mais perigo aos animais e ao homem. Embora ainda se encontre tal situação em menor escala, houve um avanço muito grande nesse sentido.

Em relação à utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por ocasião do manuseio de agrotóxicos, ainda deixa bastante a desejar, principalmente pelos pequenos produtores rurais. Nessa questão verifica-se em nível de campo que ainda há a falta de informações referentes ao uso de agrotóxicos. Outra questão é a pouca conscientização quanto à importância do uso dos equipamentos de proteção, além da alegação de que os EPI’s são desconfortáveis. Diante do exposto, verifica-se que ainda há ainda a necessidade de conscientizar as famílias rurais dos problemas advindos do uso de agrotóxicos, os quais, devido ao manuseio incorreto, agravam ainda mais, tanto a saúde das pessoas quanto o meio ambiente.

4. POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BANCO MUNDIAL E O PROGRAMA

A Política Operacional 4.09, Pest Management, de dezembro de 1998, aplica-se em geral a empréstimos do Banco Mundial a projetos de desenvolvimento agrícola, quer eles financiem ou não pesticidas. De acordo com esta Política, esses projetos podem levar ao aumento no uso de pesticidas e poderá ter como conseqüência o aumento dos problemas ambientais, além de maior exposição ao risco das pessoas que manuseiam agrotóxicos. Ao avaliar um projeto que contemple o controle de pragas e parasitas, o Banco considera a legislação existente e a capacidade institucional das instituições do país com o objetivo de promover e apoiar uma estratégia segura, eficaz e ambientalmente benigna para esse controle.

Ao prestar assistência aos mutuários no controle de pragas e parasitas que afetam tanto a agricultura quanto a saúde pública, o Banco apóia uma estratégia que promova o uso de métodos de controle biológicos ou ambientais e que reduza a dependência de pesticidas químicos sintéticos.

O Banco utiliza vários meios para avaliar os métodos de controle de pragas agrícolas e apoiar um Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o uso seguro de pesticidas agrícolas: estudos econômicos e setoriais, avaliações ambientais setoriais e específicas de um projeto, avaliações participativas de métodos de MIP, e projetos de ajuste ou de investimento, e seus componentes, que tenham por objetivo específico apoiar a adoção e utilização do MIP.

Nas operações agrícolas financiadas pelo Banco, as pragas são normalmente controladas através de métodos de MIP, tais como controle biológico, práticas de cultivo e desenvolvimento e uso de variedades que sejam resistentes ou tolerantes às pragas.

Em relação à classificação de pesticidas e suas formulações específicas, o Banco segue a Classificação Recomendada de Pesticidas em Função do Perigo e Normas para Classificação (Genebra: WHO 1994-95) da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A seleção e uso de pesticidas em projetos financiados pelo Banco baseia-se nos seguintes critérios: a) Devem ter efeitos adversos mínimos na saúde humana; b) Devem ter sua eficácia comprovada no combate às espécies alvo; c) Devem ter um efeito mínimo nas espécies que não são o alvo da sua aplicação e no ambiente natural (os métodos, momento e freqüência da aplicação de pesticidas devem minimizar os danos aos inimigos naturais das espécies alvo); e, d) Seu uso tem de levar em conta a necessidade de se evitar o desenvolvimento de resistência nos parasitas.

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Um plano de gestão de pragas e parasitas reflete as políticas estabelecidas na OP 4.09, Pest Management. De acordo com o Manual Operacional do Banco Mundial BP 4.01 – Anexo C, o Plano é concebido de forma a minimizar os potenciais impactos adversos à saúde humana e ao meio ambiente, e a estimular a adoção do MIP em bases ecológicas. O Plano baseia-se em avaliações feitas in loco das condições locais, conduzidas por especialistas técnicos apropriados com experiência em MIP participativo. A primeira fase do Plano - um levantamento inicial para identificar os principais problemas com pragas e parasitas, e seus contextos (ecológico, agrícola, saúde pública, econômico e institucional), e definir parâmetros amplos – é executada como parte da preparação do Programa e apreciada na fase de avaliação. A segunda fase - desenvolvimento de planos operacionais específicos para resolver os problemas de pragas e parasitas identificados - é frequentemente executada como um componente do próprio projeto.

Assim, o Programa SC Rural poderá contribuir através da implantação do Plano de Manejo de Pragas onde também se prevê a capacitação dos técnicos e agricultores envolvidos com os projetos apoiados. Como a capacitação dos envolvidos em Manejo Integrado de Pragas, Produção Integrada e Uso Adequado de Agrotóxicos se colocam como uma obrigatoriedade e como condição para o apoio financeiro do investimento, com essas ações, espera-se que os produtores beneficiados venham a aplicar as informações básicas sobre manejo integrado de pragas, uso correto de agrotóxicos e destino adequado de embalagens vazias, potencializando os efeitos positivos dos projetos apoiados.

5. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E CATARINENSE SOBRE AGROTÓXICOS

A legislação brasileira e catarinense sobre agrotóxicos, com a descrição das leis, decretos e resoluções mais relacionadas com as atividades do Programa SC Rural são descritas sucintamente a seguir e de modo mais específico, encontram-se relacionadas no Anexo 2 deste documento.

5.1. GERAL

Os produtos fitossanitários, também denominados agrotóxicos, defensivos agrícolas, praguicidas, pesticidas ou agroquímicos são regidos pela Lei nº. 7.802 de 11 de julho de 1989 (Lei dos Agrotóxicos) que dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem, rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização, propaganda comercial, utilização, importação, exportação, destino final de resíduos e embalagens, registro dos produtos, classificação, controle, inspeção e fiscalização. Esta Lei teve sua regulamentação inicial baseada no Decreto nº. 98.816, de 11/01/90, e foi alterada pela Lei nº. 9.974, de 6/06/2000, regulamentada pelo Decreto nº. 4.074/02, de 4/01/02, atualmente em vigor. É o instrumento normativo que se encontra vigente com a finalidade de disciplinar a matéria em nível federal, estabelecendo que esses produtos só serão comercializados diretamente ao usuário, mediante apresentação de receituário próprio emitido por profissional legalmente habilitado.

A “Lei dos Agrotóxicos” define como competências, entre outras: da União, o ato de legislar sobre a produção, registro, transporte, classificação e controle tecnológico e toxicológico; dos Estados, o ato de legislar sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento, bem como fiscalizar o uso, o consumo, o comércio, o armazenamento e o transporte interno; dos Municípios, o ato de legislar supletivamente sobre o uso e o armazenamento. Já o Decreto nº. 4.074 especifica que o armazenamento obedecerá à legislação vigente e as instruções fornecidas pelo fabricante, inclusive especificações e procedimentos a serem adotados no caso de acidentes, derramamento ou vazamento de produto e, ainda, às normas municipais aplicáveis, inclusive quanto à edificação e à

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localização. Estabelece também que o transporte está sujeito às regras e aos procedimentos estabelecidos na legislação específica. Essa Lei também estabelece responsabilidade administrativa, civil e penal, pelos danos causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, quando a produção, a comercialização, a utilização e o transporte de agrotóxicos não cumprirem o disposto na Lei, na sua regulamentação e nas legislações estaduais e municipais.

A Lei nº. 9.605, de 12/02/1998 - “Lei de Crimes Ambientais” - também dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, amparada pela Constituição Federal, sendo que particularmente no seu artigo 56 refere-se a todas as operações com agrotóxicos.

Até a edição da Lei nº 7.802/89 (Lei dos Agrotóxicos), a legislação que regulamentava o setor no país tinha como base o Decreto nº. 24.114, de 12 de abril de 1934, portanto, publicado 55 anos antes, época em que os produtos organossintéticos, hoje largamente empregados, sequer eram utilizados como agrotóxicos e citados em portarias ministeriais, principalmente do Ministério da Agricultura e da Saúde. Os agrotóxicos podiam ser adquiridos sem qualquer documento técnico.

No registro de agrotóxicos são avaliados os resultados de estudos prévios requeridos para essa finalidade quanto a aspectos de eficiência agronômica e de impactos potenciais à saúde pública e ao ambiente. O registro é realizado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e no Ministério do Meio Ambiente (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA).

No MAPA é verificada a praticabilidade e a eficiência agronômica do produto, ou seja, dentre outros fatores, se a dose proposta é efetiva e econômica contra os alvos propostos, a seletividade do produto a inimigos naturais e a fitotoxidade.

Na ANVISA são realizados estudos para a determinação da toxicologia do produto, determinando-se a Classificação Toxicológica e a Avaliação Toxicológica, realizados em animais, em laboratório, e baseados em protocolos internacionais. A Classificação Toxicológica, obtida através da toxicidade aguda (exposição a uma dose única do produto), é realizada de acordo com parâmetros de classificação similares aos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) - Portaria SNVS nº. 3/92 -, do Ministério da Saúde, sendo os agrotóxicos classificados, principalmente pela DL509 por via oral e dérmica para os produtos técnicos e produtos formulados, assim como para outros indicadores relacionados a danos na córnea, lesões na pele e CL5010 inalatória para produto formulado que também contribuem para determinar a classificação do produto, em: Classe I – Extremamente Tóxico; Classe II – Altamente Tóxico; Classe III – Medianamente Tóxico; Classe IV – Pouco Tóxico; os quais determinam a cor da faixa do rótulo em: vermelho, amarelo, azul e verde, respectivamente.

9 Dose Letal 50% é uma estimativa estatística da quantidade de um tóxico requerida para matar 50% de uma grande população de animais utilizados em ensaios toxicológicos. No caso dos agrotóxicos, geralmente adota-se como parâmetros a DL 50 oral e a DL 50 dermal para ratos, expressas em miligramas por quilogramas de peso vivo. 10 Concentração Letal Inalatória 50% é determinada de forma semelhante à DL 50, porém a partir de uma estimativa estatística da concentração do tóxico no ambiente capaz de produzir a morte de 50% da população exposta. No caso dos agrotóxicos, é geralmente expressa em mg/l de ar por uma hora de exposição.

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Já para a Avaliação Toxicológica são determinados parâmetros indicadores da toxicidade em curto prazo, a médio e longo prazo (crônica), sendo realizado estudo acurado dos dados biológicos, bioquímicos e toxicológicos de uma substância. Verifica-se se o produto é mutagênico, teratogênico, carcinogênico, se afeta a reprodução e prole, o metabolismo e excreção, e a neurotoxicologia. Os dados obtidos com os estudos em animais de laboratório são extrapolados para o homem, com o objetivo de conhecer sua atuação em animais de prova e inferir os riscos para a saúde humana, e com isso são também determinadas as quantidades de resíduo permitidas.

No IBAMA são verificados os aspectos ambientais e da ecotoxicologia do produto, sendo determinado o seu Potencial de Periculosidade Ambiental (PPA), com base nos parâmetros bioacumulação, persistência, transporte, toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico, carcinogênico, obedecendo à seguinte graduação: Classe I – Produto Altamente Perigoso; Classe II – Produto Muito Perigoso; Classe III – Produto Perigoso; Classe IV – Produto Pouco Perigoso.

Foi instituído o Sistema Integrado de Informações sobre Agrotóxicos (SIA) conforme o Decreto nº. 4.074/2002, no Artigo 94, constituído de módulos de componentes e de informações de produtos registrados que permite a interação eletrônica entre os órgãos federais envolvidos no registro de agrotóxicos, seus componentes e afins. Depois de obtido o registro, pelo MAPA, todo agrotóxico ou afim, de uso agrícola, para ser comercializado deve ser cadastrado junto ao órgão competente dos Estados brasileiros. No Estado de Santa Catarina a competência é da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC)11. A fiscalização do comércio e uso dos agrotóxicos e afins também é exercida pela CIDASC, no sentido de assegurar aos agricultores produtos de boa qualidade, bem como coibir o uso indevido e inadequado desses insumos.

A promulgação e regulamentação da Lei Estadual que dispõe sobre o uso, comércio, transporte e armazenamento de agrotóxico – Lei n°. 11.069/98, Lei n°. 13.138/04 e Decreto nº. 3.657/05 foram importantes na regularização e uso racional desses produtos na agricultura, no controle de pragas, nas diversas fases de produção, armazenagem e beneficiamento de produtos agropecuários.

5.2. NO AMBIENTE DE TRABALHO

Também há legislação específica para a organização e ambiente de trabalho com agrotóxicos, principalmente através da Portaria nº. 86, de 03 de março de 2005, que trata da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura (NR 31). Esta Norma Regulamentadora “tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho”. E aplica-se a quaisquer atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura, verificadas as formas de relações de trabalho e emprego e o local das atividades, aplicando-se também às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários.

Quanto ao tema “Agrotóxicos, Adjuvantes e Produtos Afins”, a referida Norma diferencia trabalhadores em exposição direta e trabalhadores em exposição indireta: a) trabalhadores

11 A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC) é uma empresa pública com personalidade jurídica de direito privado, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural (SAR).

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em exposição direta: manipulam esses produtos em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte, e descontaminação de equipamentos e vestimentas; b) trabalhadores em exposição indireta: os que não manipulam diretamente esses produtos, mas circulam e desempenham suas atividade de trabalho em áreas vizinhas aos locais onde se faz a manipulação dos agrotóxicos em qualquer uma das etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação e descarte e descontaminação de equipamentos e vestimentas, e ou ainda os que desempenham atividades de trabalho em áreas recém-tratadas.

Estabelece obrigações do empregador rural ou do seu equiparado quanto aos cuidados para a preservação da segurança e saúde dos trabalhadores em exposição direta e indireta, estipulando os cuidados que deve ter com os trabalhadores, em todas as etapas do manuseio e uso dos agrotóxicos, desde a aquisição do produto, transporte, armazenamento, preparo da calda, aplicação, reentrada em áreas tratadas e destinação final das embalagens vazias.

Também dispõe que o empregador rural ou equiparado deve fornecer instruções suficientes aos que manipulam agrotóxicos, adjuvantes e afins, e aos que desenvolvem qualquer atividade em áreas onde possa haver exposição direta ou indireta a esses produtos. Deve garantir requisitos de segurança previstos nesta norma e proporcionar capacitação sobre prevenção de acidentes com agrotóxicos a todos os trabalhadores expostos diretamente, definindo conteúdo mínimo e carga horária.

Também estabelece que o empregador rural ou equiparado deve fornecer equipamentos de proteção individual e vestimentas adequadas aos riscos. Não devem propiciar desconforto térmico prejudicial ao trabalhador, em perfeitas condições de uso e devidamente higienizados, responsabilizando-se pela descontaminação dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho, e substituindo-os sempre que necessário, devendo também orientar quanto ao uso correto dos dispositivos de proteção.

São estabelecidos critérios para a conservação, manutenção, limpeza e utilização dos equipamentos de aplicação dos agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins, determinando que só podem ser realizadas por pessoas previamente treinadas e protegidas. A limpeza dos equipamentos será executada de forma a não contaminar poços, rios, córregos e quaisquer outras coleções de água.

Quanto aos agrotóxicos, adjuvantes e afins, estabelece que os produtos devem ser mantidos em suas embalagens originais, com seus rótulos e bulas, sendo vedada a reutilização, para qualquer fim, das embalagens vazias, cuja destinação final deve atender à legislação vigente.

De acordo com a Norma, o trabalhador que apresentar sintomas de intoxicação deve ser imediatamente afastado das atividades e encaminhado para atendimento médico, juntamente com as informações contidas nos rótulos e bulas dos agrotóxicos aos quais tenha sido exposto.

O artigo 14 da Lei nº. 7.802/89 estabelece as responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, quando a utilização de agrotóxicos, seus componentes e afins não cumprirem o disposto na legislação pertinente.

O artigo 16, por exemplo, estabelece que o empregador, profissional responsável ou o prestador de serviço, que deixar de promover as medidas necessárias de proteção à saúde e ao meio ambiente, estará sujeito à pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além de multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR.

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6. PROCEDIMENTOS PARA A ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAMENTO DO PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO.

6.1. INTRODUÇÃO

Embora não financie a compra de agrotóxicos, o Programa SC Rural elaborou um Plano de Melhoria Ambiental em Sistemas de Produção (PMASP) de acordo com o sistema produtivo adotado em cada propriedade. Esse Plano busca minimizar os possíveis impactos adversos da utilização de agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente, advindos de ações desenvolvidas no SC Rural e segue as diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial nos aspectos relacionados com o uso correto e seguro de agrotóxicos, visando: a preservação da saúde humana; a preservação dos inimigos naturais; a não contaminação do meio ambiente e a prevenção da resistência das pragas.

O PMASP é obrigatório para produtores rurais a serem beneficiados por iniciativas de negócios apoiadas pelo SC Rural e que tenham potencial de uso de agrotóxicos. Na Figura 03, apresenta-se o Fluxograma de procedimentos a serem seguidos a fim de se alcançar os resultados esperados com a melhoria ambiental em sistemas de produção.

FIGURA 03: FLUXOGRAMA DE PROCEDIMENTOS PARA MELHORIA AMBIENTAL EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Os procedimentos iniciam na fase regional de identificação das “Demandas Regionais” conforme Fluxograma de Avaliação Ambiental das Atividades Previstas no Subcomponente 1.2 – Investimentos Produtivos e de Agregação de Valor (FIGURA 04).

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Para cada uma das demandas regionais se realizará a identificação dos produtores beneficiados, aqui caracterizados como grupo temático, e que são ou serão fornecedores de matéria prima para os empreendimentos agroindustriais.

Os técnicos da Epagri, após devidamente capacitados12, farão, em cada propriedade, o diagnóstico da situação atual dos sistemas de produção, conforme formulário sugerido no Anexo 7. Nesse diagnóstico se fará a caracterização dos sistemas de produção adotados, levantamento do uso de agrotóxicos, sistema de manejo adotado e custos para o controle de pragas.

De acordo com os resultados do diagnóstico, se elaborará o PMASP de cada propriedade, os quais serão anexados aos documentos de Avaliação Ambiental do projeto. Serão elaborados pelo extensionista local da Epagri, com a participação dos produtores rurais beneficiados e contará com o apoio dos líderes dos projetos prioritários de cada UGT e dos líderes dos projetos de gestão socioambiental do Escritório Regional e das UGT’s.

FIGURA 04: FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS ATIVIDADES PREVISTAS NO SUB-COMPONENTE 1.2 - INVESTIMENTOS PRODUTIVOS E DE AGREGAÇÃO DE VALOR.

Para auxiliar na ação de capacitação contínua dos agricultores e na difusão de tecnologias para as diferentes culturas e sistemas de produção, serão implantadas URT’s em cada UGT. Essas unidades, que serão monitoradas pelos técnicos, também receberão a visita dos agricultores de cada grupo temático, que conjuntamente com os técnicos, farão a avaliação dos resultados.

Paralelamente a essa ação, cada produtor fará o monitoramento e sistematização dos resultados dos sistemas de produção de sua propriedade. Com o apoio do técnico responsável e dos demais membros do grupo temático será avaliado se os resultados esperados foram ou não alcançados.

12 Os técnicos envolvidos nos projetos serão capacitados a fim de receber orientações que servirão de subsídios para a elaboração, implementação e monitoramento dos PMASP’s.

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Caso os resultados tenham sido alcançados, se dará continuidade ao processo de qualificação do sistema de produção de cada cultura, buscando cada vez mais a redução no uso de agrotóxicos para o controle de pragas, motivando os membros do grupo temático a migrar para sistemas de produção menos impactantes ao meio ambiente.

Caso os resultados esperados não tenham sido alcançados, o produtor receberá nova capacitação e assistência técnica dirigida em nível de propriedade a fim de assimilar e adotar as tecnologias para a melhoria ambiental dos sistemas de produção.

6.2 DIRETRIZES PARA A MELHORIA AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

As diretrizes para a melhoria dos sistemas de produção têm por objetivo garantir que as ações a serem incentivadas, direta ou indiretamente pelo SC Rural causem o menor dano possível ao meio ambiente e á saúde das pessoas, tanto para aqueles que aplicam os agrotóxicos, quanto aos consumidores dos produtos agrícolas produzidos com o uso de agrotóxicos.

As diretrizes seguidas pela EPAGRI, através dos técnicos executores de cada Escritório Local, Regional e UGT, para a elaboração e implementação do PMASP, estarão baseadas nos conceitos de manejo integrado de pragas e de produção integrada, os quais serão abordados na capacitação, difusão e implementação em cada propriedade, com potencial uso de agrotóxicos, a ser beneficiada com os investimentos. Em última instância, visam a segurança e saúde dos agricultores e dos consumidores, além de evitar o surgimento de pragas resistentes.

Ressalta-se que quando houver necessidade do controle químico, deverá ser levado em conta as recomendações de todos os cuidados para a seleção e manuseio dos agrotóxicos, desde a aquisição até o descarte de embalagens vazias, que se encontram nas diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial, no Anexo 2 (Legislação vigente) e no Anexo 4 (Recomendações para a realização do controle químico.

Pode-se ter três situações para a elaboração dos PMASP’s: 1) Sistemas de produção com culturas com planos de amostragem de pragas não disponíveis; 2) Sistemas de produção com culturas para as quais existem planos de amostragem de pragas disponíveis e 3) Sistemas de produção com culturas com processo de implementação do sistema de produção integrada.

Nos dois primeiros casos, as diretrizes a serem seguidas baseiam-se no Manejo Integrado de Pragas, com as orientações descritas conforme Anexo 3 (Manejo Integrado de Pragas), Anexo 4 (Controle Químico de Pragas) aliadas às informações disponíveis no Banco de Dados da EMBRAPA, EPAGRI e CIDASC.

No terceiro caso, que trata da produção integrada, as diretrizes a serem seguidas também se baseiam no Manejo Integrado de Pragas, com as orientações descritas conforme Anexo 3 (Manejo Integrado de Pragas), Anexo 4 (Controle Químico de Pragas), além das orientações específicas para cada cultura, conforme descrito no Anexo 5 (Produção Integrada) e aquelas informações disponíveis no Banco de Dados da EMBRAPA e Epagri.

Os técnicos da Epagri diretamente envolvidos com os produtores rurais beneficiados, com o apoio da equipe técnica regional e das UGTs, deverão elaborar o PMASP, conforme sugestão de formulário do Anexo 7, para cada cultura utilizada como fonte de matéria prima dos empreendimentos agroindustriais. O referido plano deverá ser anexado ao

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documento de Avaliação Ambiental do projeto a ser apoiado, como condição para a apresentação da proposta á equipe técnica da UGT que analisará os projetos para aprovação e para a liberação dos recursos.

6.3 AÇÕES NECESSÁRIAS PARA A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

6.3.1 Aplicação do Diagnóstico dos Sistemas de Produção

Após a seleção das demandas que serão apoiadas, a primeira ação a ser realizada é a caracterização e diagnóstico do sistema de produção de cada propriedade naquelas culturas que são ou serão fonte de matéria prima para os projetos que serão apoiados. O objetivo específico desse item, que é parte integrante do PMASP, é obter dados básicos sobre o sistema de produção adotado pelos agricultores beneficiados com informações sobre o manejo de pragas e doenças adotado, bem como o custo para o seu controle, os quais servirão de subsídio para a elaboração do plano de ação propriamente dito.

6.3.2 Elaboração do PMASP Os extensionistas locais da Epagri diretamente envolvidos com os produtores rurais beneficiados pelo SC Rural deverão elaborar os PMASP’s para cada cultura, contando com o apoio e acompanhamento dos líderes dos projetos prioritários de cada UGT e do responsável pelo Programa de Gestão Socioambiental dos Escritórios Regionais e UGT’s da Epagri.

Preconiza-se que sua elaboração, implementação, execução e monitoramento sejam participativos, onde o extensionista local da Epagri, juntamente com os produtores beneficiados realizarão o levantamento de todas as informações relacionadas ao Plano, como disponibilidade de mão-de-obra e de equipamentos, nível tecnológico da exploração agrícola, vontade do produtor em adotar essa prática e outras informações necessárias à elaboração e execução desse Plano conforme Anexo 7.

Quando o controle químico for necessário, seja através da utilização do MIP, pela obtenção do Nível de Controle, ou sem o MIP (pela não existência para a cultura), ou através da PI, devem ser utilizados alguns critérios para o uso correto e seguro dos agrotóxicos. Esses critérios visam à segurança e saúde das pessoas que manuseiam os agrotóxicos, à preservação ambiental, e à saúde dos consumidores, além de evitar o surgimento de pragas resistentes, e são baseadas no conceito do Manejo Integrado de Pragas.

Esses critérios devem ser seguidos em todas as etapas do manuseio do produto: aquisição, transporte, armazenamento, preparo da calda, aplicação, e destinação de embalagens vazias, e encontram-se descritos no Anexo 4 e no Anexo 2 e nas diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial.

Também devem ser consideradas as informações do Receituário Agronômico para cada produto. Os extensionistas locais, com o apoio das equipes regionais responsáveis pelo programa, assim como aqueles em escala de UGT deverão acompanhar a implementação desses Planos Individuais, dando todo o suporte técnico necessário aos produtores envolvidos. O êxito ou o fracasso de sua implementação dependerá da capacitação prévia dos técnicos e dos produtores envolvidos.

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Como citado anteriormente, pode-se encontrar três situações em nível de sistemas produtivos que utilizam agrotóxicos e que demandarão a elaboração dos planos de ação: 1) Culturas para as quais não existam planos de amostragem de pragas estabelecidos; 2) Culturas com planos de amostragem de pragas estabelecidos; e 3) Culturas que estão incluídas no sistema de produção integrada.

O PMASP a ser elaborado dependerá da situação em que se encontram as unidades de produção conforme os dados sistematizados do diagnóstico do sistema de produção aplicado. Para cada situação serão adotados diferentes procedimentos.

6.3.2.1. Culturas que não possuem Plano de Amostragem de Pragas estabelecido

No caso dos sistemas de produção e culturas para as quais não existam planos de amostragem de pragas disponíveis, o plano de ação será elaborado com base no conceito de manejo integrado de pragas, descrito no Anexo 3 e nas recomendações para a realização do controle químico, conforme Anexo 4. Além disso, se buscará informações específicas de cada cultura disponíveis no Banco de Dados sobre Manejo de Pragas da Epagri e da Embrapa, com a colaboração dos pesquisadores das Estações de Pesquisa da Epagri e aliando-se à vivência dos agricultores em cada cultura.

No caso de não existirem informações na literatura sobre o Manejo Integrado de Pragas de determinada cultura, o técnico juntamente com o produtor podem partir de observações empíricas e buscar junto a institutos de pesquisa e universidades, com o apoio de outros extensionistas e pesquisadores da Epagri, novas parcerias para o desenvolvimento de um PMASP.

Através de ações de capacitação e difusão de tecnologias, os produtores rurais que estão nesse estágio de produção serão orientadas para adotarem sistemas menos impactantes para o controle de pragas, iniciando com o manejo integrado de pragas, mas motivando-as a migrarem para a produção integrada e outros sistemas menos impactantes, a exemplo da produção orgânica.

6.3.2.2 Culturas com Plano de Amostragem de Pragas estabelecido

Para os sistemas de produção que tem as culturas com planos de amostragem de pragas disponíveis e o Nível de Controle estabelecido, deve-se implantar o manejo integrado de pragas, também conforme orientações do Anexo 3 e do Anexo 4, específicas para cada cultura, e disponíveis no Banco de Dados sobre Manejo de Pragas da Epagri. Através de ações de capacitação e difusão de tecnologias, os agricultores que estão nesse estágio de produção serão estimulados a adotarem sistemas ainda menos impactantes para o controle de pragas, a exemplo da produção orgânica.

6.3.2.3 Culturas com Plano para o Sistema de Produção Integrada

Para os sistemas produtivos das culturas de maçã, banana, arroz e tomate, os agricultores serão orientados a adotar o sistema de Produção Integrada no qual deverão ser seguidas as orientações preconizadas de acordo com a especificidade de cada cultura conforme Anexo 5 (Produção Integrada).

O plano terá como objetivo principal, a adoção da produção integrada. Gradativamente, nesse processo, através da assistência técnica e capacitação, os agricultores serão

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estimulados a adotarem sistemas ainda menos impactantes para o controle de pragas, a exemplo da produção orgânica.

Nos três casos citados, os extensionistas locais, regionais e das UGT’s da Epagri deverão acompanhar a implementação dos planos e orientar o manejo adequado utilizando-se de metodologias grupais de extensão rural. Nesse caso, uma das metodologias é a implantação, monitoramento, avaliação e difusão dos resultados alcançados nas URT’s. Quando necessário, deverão ser utilizados métodos individuais de extensão rural, tal como a realização de visitas de acompanhamento, diretamente naquelas propriedades em que os agricultores não tenham atingido os resultados esperados conforme previsto no Fluxograma de Procedimentos para o PMASP.

No caso específico de produtores que têm interesse em comercializar sua produção além das fronteiras de SC, a legislação em vigor prevê que essas propriedades deverão se adequar as normas de Certificação Fitossanitária Vegetal executada pela CIDASC através da adoção de um conjunto de ações mitigadoras na Unidade de Produção13 (UP), visando a sanidade e a qualidade dos produtos de origem vegetal.

Nessa ação é feito o monitoramento de toda a cadeia de produção de cada cultura a ser exportada, iniciando nas unidades de produção até o processo de comercialização. Atualmente em Santa Catarina, a Certificação Fitossanitária é adotada para o caso de culturas da família das Musáceas, Rosáceas, Citros, Pinus e Sementes onde se monitora a presença ou não das chamadas “pragas quarentenárias”14.

As pragas quarentenárias são classificadas em: a) Praga Quarentenária Ausente, quando a praga é de importância econômica potencial para uma área em perigo, porém não presente no território nacional (Instrução Normativa Nº 52/06 – MAPA) e b) Praga Quarentenária Presente: praga de importância econômica potencial para uma área em perigo, presente no país, porém não amplamente distribuída e encontra-se sob controle oficial (Instrução Normativa Nº. 52/06 – MAPA).

Nessas Unidades de Produção15 é feito o acompanhamento de todos os tratos culturais e do controle fitossanitário adotado para a cultura. A assistência técnica é prestada individualmente por um responsável técnico que deve estar habilitado junto á CIDASC. O acompanhamento pelo responsável técnico e posterior fiscalização da CIDASC ocorre através do preenchimento do Caderno de Campo (Anexo 9).

13 Para efeito de Certificação Sanitária, uma Unidade de Produção (UP) padrão é uma área contínua, de tamanho variável e identificada por um ponto georreferenciado, plantada com a mesma espécie e estágio fisiológico, sob os mesmos tratos culturais e controle fitossanitário. A Unidade de Produção quando cadastrada junto á CIDASC recebe um Código Identificador que permite a rastreabilidade da produção. Atualmente existem cerca de 3.500 Unidades de Produção cadastradas junto á CIDASC.

14 Praga de importância econômica potencial para uma área em perigo, quando a praga ainda não existe ou, se existe, não está dispersa e encontra-se sob controle oficial. (Decreto Nº 5.759/06 – CIPV). Apresentam alto grau de transmissibilidade, requerendo das autoridades fitossanitárias locais, nacionais e internacionais, notificação imediata com intuito de evitar sua introdução e/ou disseminação em regiões consideradas indenes, ou sob o controle oficial do estado.

15 Para efeito de Certificação Sanitária uma Unidade de Produção (UP) padrão é uma área contínua, de tamanho variável e identificada por um ponto georreferenciado, plantada com a mesma espécie e estágio fisiológico, sob os mesmos tratos culturais e controle fitossanitário. A Unidade de Produção quando cadastrada junto á CIDASC recebe um Código Identificador que permite a rastreabilidade da produção.

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Outra ação da CIDASC é a fiscalização de trânsito interestadual com o objetivo de controlar a entrada em SC de pragas quarentenárias ou aquelas que venham a causar danos econômicos ao Estado. Essa ação tem por objetivo proteger o Estado contra a entrada de pragas e sua disseminação.

6.4 CAPACITAÇÃO

Para a implementação do PMASP está prevista a capacitação dos técnicos da Epagri e da CIDASC, além dos produtores rurais beneficiados pelo SC Rural como condição para o apoio financeiro ao investimento. O processo de capacitação, tanto para os técnicos quanto para os produtores beneficiados, deverá ser continuo e sua linha metodológica baseada na filosofia proposta no SC Rural.

6.4.1 Capacitação de Técnicos

Na Epagri deverão ser capacitados todos os líderes do Programa de Gestão Socioambiental de cada regional, totalizando 10 técnicos e os líderes do referido programa de cada escritório regional, totalizando mais 27 técnicos capacitados. Esses técnicos serão os responsáveis em cada regional e UGT pela implementação e monitoramento dos planos de manejo de pragas de cada regional e UGT.

Também deverão ser capacitados todos os extensionistas dos Escritórios Locais da Epagri onde há maior possibilidade de produtores serem apoiados com os investimentos citados. Essa capacitação deverá ser de responsabilidade de uma equipe de extensionistas e pesquisadores envolvidos com o tema em questão. Os técnicos dos regionais e UGTs da Epagri e das Administrações Regionais (ADR’s) da CIDASC após capacitados atuarão como instrutores em suas Regionais, tanto no auxílio para a capacitação dos extensionistas locais quanto no auxílio da capacitação dos produtores rurais, em colaboração com os técnicos dos Escritórios Locais.

Na CIDASC serão capacitados um técnico para cada ADR, totalizando 20 técnicos que são os responsáveis pela coordenação do monitoramento das Unidades de Produção em que se aplica a Certificação Sanitária. Da mesma forma, serão capacitados os 20 novos técnicos contratados pela CIDASC para dar a assistência técnica ás Unidades de Produção contempladas pelo SC Rural.

Os temas a serem abordados na capacitação dos técnicos, prioritariamente serão: agrotoxicologia, certificação sanitária de produtos vegetais, uso adequado de agrotóxicos, manejo integrado de pragas, produção integrada e produção orgânica.

Essas capacitações integrarão as atividades de capacitação de técnicos. Os recursos necessários serão previstos no orçamento do Plano de Gestão Ambiental, no componente gestão do projeto. Também poderá, conforme a necessidade e disponibilidade, haver a utilização de outros recursos financeiros.

6.4.2 Capacitação de Produtores Rurais

Os produtores a serem beneficiados pelos investimentos que têm possibilidade de incrementar o uso de agrotóxicos (Anexo 1) terão que obrigatoriamente serem capacitados

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nos seguintes temas: Manejo de cobertura do solo, controle de plantas invasoras, requisitos quanto ao uso de agrotóxicos e os limites máximos de resíduos (LMR), uso adequado de agrotóxicos, produção integrada e produção orgânica, preparo da calda e aplicação de agrotóxicos, manejo adequado das culturas, organização associativa e gerenciamento da produção integrada; segurança no trabalho, comercialização e marketing Ressalta-se que o êxito da execução do PMASP também depende da capacitação do produtor, que deverá conhecer e dominar todas as suas fases e procedimentos. Para tanto, nas fases de capacitação continuada em MIP e PI, pode-se utilizar de visitas à propriedades rurais que já adotam os referidos sistemas e nas quais possam ser evidenciados os resultados positivos.

Essas capacitações integrarão as atividades de capacitação de beneficiários. Os recursos necessários serão previstos no orçamento do componente 1 – Produção Sustentável e Empreendedorismo da Agricultura Familiar.

6.5 DIFUSÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PMASP

Para a difusão das tecnologias e implementação dos PMASP’s o Programa se utilizará de metodologias extensão rural e das Unidades Referência Tecnológica (URT) que serão implantadas em determinadas propriedades rurais em cada UGT.

Cada URT implantada será utilizada para a difusão de tecnologias, servindo como parâmetro para os trabalhos a serem desenvolvidos com os respectivos grupos temáticos, devendo atender as demandas oriundas destes grupos. A unidade poderá contemplar demandas locais, municipais e/ou regionais. O grupo técnico de apoio à UGT da Epagri será o responsável pela implantação, acompanhamento e avaliação das URT’s. A responsabilidade técnica pelas unidades será do respectivo líder do projeto na UGT. Em projetos de relevância local, onde não há líder regional, a responsabilidade pelas ações será da equipe local.

6.6 ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PMASP

Os extensionistas que elaborarão os PMASP’s, com a participação dos produtores beneficiados pelo SC Rural, deverão acompanhar a implementação destes conforme formulário sugerido no Anexo 8. O formulário deverá ser preenchido pelos próprios agricultores e os seus resultados discutidos coletivamente entre os agricultores do grupo temático, correlacionando com os dados monitorados e sistematizados de cada URT.

Esses resultados obtidos coletivamente serão relatados pelo extensionista local no Sistema Epagri de Assistência Técnica e Extensão Rural16 (SEATER). Os líderes dos projetos prioritários, além dos líderes do programa de gestão socioambiental de cada regional e UGT, deverão dar o suporte técnico necessário aos extensionistas locais e monitorar a implementação dos PMASP’s, através dos relatórios por eles relatados no SEATER, de visitas nas URT’s para o monitoramento e de visitas aos produtores. Esses técnicos regionais e de cada UGT elaborarão um relatório consolidado dessas ações, a partir do banco de dados do SEATER, conforme relato dos extensionistas locais.

16 O Sistema Epagri de Assistência Técnica e Extensão Rural (SEATER) permite que todas as ações realizadas pelos técnicos da Epagri, caracterizando-se como um banco de dados onde todos podem visualizar, em tempo real, tais como todos os atendimentos prestados aos agricultores.

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Os recursos financeiros para as atividades necessárias para a elaboração e implementação do PMASP estão previstos nos recursos para assistência técnica aos produtores, do Componente 1 - Produção Sustentável e empreendedorismo da agricultura familiar.

6.6.1 Resultados Esperados

Aumento da competitividade das organizações de produtores beneficiados com o aperfeiçoamento das cadeias e arranjos produtivos locais, acompanhado da melhoria da qualidade ambiental dos sistemas de produção com a redução dos níveis de uso de agrotóxicos, associado à melhoria nas suas práticas de manejo e aumento no número de produtores com manejo integrado de pragas e produção integrada.

6.7 GESTÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE MANEJO DE PRAGAS

A Epagri disponibilizará as informações sobre o Manejo de Pragas e Produção Integrada, além de informações específicas, ou seja, planos de amostragem de pragas existentes.

Para a obtenção de informações sobre o manejo integrado de pragas para outras culturas que ainda não têm planos disponíveis, os líderes de projetos prioritários de cada UGT responsáveis pela coordenação do PMASP em nível estadual, com a colaboração dos coordenadores regionais, deverão buscá-las na literatura científica, na EMBRAPA, assim como em visita a universidades e outros institutos de pesquisa. Também alguns desses técnicos, visando troca de experiências na área do manejo de pragas, poderão contatar pesquisadores e extensionistas de outro Estado brasileiro com experiência na área, para a realização de visita e troca de experiências.

Para as culturas de maçã, banana, arroz irrigado e tomate, deverão ser seguidos as orientações conforme previsto no Anexo 5, que trata da Produção Integrada.

Deverão ser elaborados Boletins Técnicos sobre os temas propostos, para serem distribuídos e subsidiarem os técnicos na elaboração e implementação dos sistemas, assim como Cartilhas sobre os temas, a serem distribuídas para os produtores que terão os PMASP elaborados.

Os recursos financeiros para a elaboração desses boletins estão previstos no Componente Gestão do Programa, na atividade comunicação.

6.8 CUSTOS PARA IMPLEMENTAÇAO DO PMASP

Os custos da implementação das atividades previstas neste PMASP acima estão inseridos nos custos de implementaçao do Plano de Gestão Ambiental do Programa (PGA) que, por sua vez foram inseridos nas tabelas de custo do Projeto (Costab) dentro dos seguintes itens:

Tabela 1 – Custo total de implementação do PGA (inclui custo das atividades de avaliaçao ambiental e do PMASP)

Descrição da Atividade Custo estimadoR$

Subcomponente do SC RURAL

Capacitação de Técnicos Regionais 151.200,00 Sub-Componente 2.4

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Capacitação de Técnicos Locais 648.000,00 Sub-componente 2.4

Capacitação de Produtores 300.000,00 Sub-Componente 2.1 e Sub-Componente 1.1

Implementação dos PMP 95.500,00 Sub-componente 2.4

Monitoramento e Avaliação 50.000,00 Sub-Componente 1.2 e componente 3

Elaboração e reprodução de Manual 17.000,00 Sub-Componente 3.3

Total 1.244.700,00

Para a implementação, monitoramento e avaliação dos PMASPs estimam-se um valor total de R$ 145.500,00. Este custo é referente a despesas de custeio das atividades dos técnicos da Extensão Rural da Epagri (Subcomponente 2.4), que dedicarão parte de seu tempo no projeto a dar assistência técnica direta a produtores e grupos de produtores nos aspectos de manejo de pragas, incluindo apoio para a elaboraçao e acompanhamento dos Planos.

6.9 ARRANJO INSTITUCIONAL

Na Secretaria Estadual do SC Rural haverá um coordenador responsável pelo Plano de Gestão Ambiental (PGA) do Programa, o qual também terá a responsabilidade de monitorar a elaboração e execução dos PMASP’s em nível estadual. Na Epagri, em nível da Gerência Técnica Estadual, a coordenação dos PMASP’s ficará a cargo dos gestores estaduais do Programa de Gestão Socioambiental e do Programa Tecnologias Ambientais da Epagri17. Nas Regionais e UGT’s, essa coordenação será realizada pelos líderes do Programa de Gestão Ambiental18. Nos municípios e microbacias, os responsáveis pela implementação, execução e monitoramento dos planos serão os extensionistas dos Escritórios Locais da Epagri, responsáveis pelo SC Rural.

Nas ADR’s da CIDASC, onde há unidades de produção com Certificação Fitossanitária Vegetal, a coordenação dos planos e monitoramento das ações nas referidas UP’s ficará a cargo de um técnico em cada ADR. Cada uma dessas unidades terá um técnico responsável habilitado junto á CIDASC. Nos casos em que os produtores sejam beneficiados pelo SC Rural, o responsável técnico será do quadro administrativo da CIDASC.

17 Cargo já existente na estrutura administrativa da Epagri.

18 Cargos já existentes na estrutura administrativa da Epagri.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – ATIVIDADES APOIADAS PELO PROGRAMA EM INVESTIMENTOS PRODUTIVOS, GESTÃO AMBIENTAL E INFRA-ESTRUTURA.

Atividades previstas no Subcomponente 1.2 – Investimentos Produtivos e de Agregação de ValorAtividades Descrição das ações passíveis de financiamento

1.2.1 Adequação de Sistemas de Produção (Ambiental, Sanitária, Fundiária)

Adequação do destino de dejetos humanos: Instalação de tanques sépticos ou reatores, com tratamento primário; caixa de gordura para cozinha e instalação de filtros biológicos ou outros sistemas de filtragem para tratamentos secundáriosAlocação e triagem de material reciclável: Construção de local para receber, separar, enfardar e encaminhar materiais das propriedades rurais para a reciclagem (vidros, papel, papelão, plásticos, latas, entre outros, exceto embalagens de agrotóxicos). Melhoria de sistemas individuais ou comunitários de abastecimento de água proveniente de fontes superficial ou subterrânea: Identificação das fontes que serão protegidas e a sua condição ambiental (pontos de contaminação por dejetos animais, humanos e agrotóxicos. Estagio de regeneração natural da vegetação e proximidade e localização de lavouras e pomares). Recuperação e/ou adequação do local e implantação do sistema mais adequado na captação para o consumo.Apoio a Restauração/recuperação e proteção das Áreas de Preservação Permanente e implantação da área de Reserva Legal: Identificação e demarcação das APP e das áreas que venham compor a Reserva Legal. Legalização e elaboração de um plano de recuperação ambiental. Adequação de sistema de tratamento de dejetos animais: Identificar o sistema de tratamento mais adequado para cada situação.

1.2.2 Agroindustrialização

Empreendimento de processamento e beneficiamento de produtos hortifrutigranjeirosEmpreendimento de beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares de origem vegetal Empreendimento de refinação e preparação de óleos vegetais Empreendimento de fabricação e engarrafamento de sucos e vinhoEmpreendimento de processamento e beneficiamento de produtos de origem animal (leite, carne, mel, pescado e outros)

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Atividades previstas no Subcomponente 1.2 – Investimentos Produtivos e de Agregação de ValorAtividades Descrição das ações passíveis de financiamento

1.2.3 Melhoria e diversificação dos sistemas de produção

Reciclagem de resíduos de culturas e da produção animal, em especial para produção de adubos (esterco de frango, biocomposto)Unidades de prestação de serviços no meio rural: Identificação e adequação das necessidades e potencialidades das regiões para a prestação de serviços relacionados à produção agrícola, artesanato, turismo, e outras.Cisternas e abastecedouros para fins de produção agrícola e pecuária: Construção ou instalação e manutenção do sistema.Implantação de estrutura de armazenamento, beneficiamento e secagem de grãos: Construção e/ou adequação de local para armazenamento, beneficiamento e secagem de grãos.Implantação e melhoria do manejo de pastagens.Implantação sistemas agroflorestais (SAF) Implantação e apoio na certificação de florestas de produção econômica já existenteProjetos de irrigaçãoProdução de plantas medicinais e ornamentaisTransição para sistemas agroecológicosProdução e distribuição de sementes crioulasPráticas de Manejo e conservação do soloImplantação de viveiros de produção de mudas (exóticas, nativas e frutíferas)Implantação de fruticulturaApoio a produção de olerícolas em ambiente controladoApoio a produção de olerícolas

1.2.4 Apoio a Empreendimentos não agrícolas

Produção de Artesanato: Matéria prima proveniente de sistemas agroflorestais (vime, lã, junco, palha, fibra de bananeira, outros):Confecção de artefatos de couro: Curtimento, secagem e/ou salga do couro e confecção de produtos artesanais.Empreendimento de Turismo Rural Sustentável:Identificação e adequação das potencialidades da região quanto a beleza cênica, a cultura e ao saber fazer tradicional, ao lazer, a biodiversidade, outros.

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Atividades previstas no Subcomponente 2.1 – Gestão Ambiental

Atividades Descrição das ações passíveis de financiamento2.1.1 Gestão de recursos hídricos

Implantação de ações de consultoria, estudos e capacitaçãoImplantação de rede de monitoramento hídrico no estado.

2.1.2 Gestão de Ecossistemas (corredores)

Apoio a comercialização de créditos de conservação na área dos corredores: Florestas conservadas para fins de servidão florestal (reserva legal), neutralização de carbono, marketing verde, responsabilidade socioambiental, etcImplantação de sistemas de integração ecológico-econômicos (SINs): Maior conexão da paisagem florestal nativa, tecnologias sustentáveis

Atividades previstas no Subcomponente 2.2 – Infra-estruturaAtividades Descrição da açãoEstradas rurais terciárias Adequação/Reabilitação de 1.300 km de estradas rurais terciárias.

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ANEXO 2 - RELAÇÃO DA LEGISLAÇÃO SOBRE AGROTÓXICOS

LEGISLAÇÃO DATA EMENTA ÂMBITO OBSERVAÇÕESGERALConstituição Federal 05.10.1988 Artigo 225 – Capítulo VI – Do Meio Ambiente

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Federal

Lei nº. 9.605 10.02.1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providências.

Federal “Lei de Crimes Ambientais”

Seção III - Da Poluição e outros Crimes Ambientais Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em deposito ou usar produto ou substancia tóxica, perigosa ou nociva a saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.

Decreto nº. 3.179 21.09.1999 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Federal Regulamenta a Lei 9.605.

AGROTÓXICOSLei nº. 7.802 10.07.1989 Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a

produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Federal “Lei dos Agrotóxicos” - É o instrumento normativovigente que disciplina a matéria em nível federal.Estabelece, dentre outras, a necessidade de Receituário Agronômico para aquisição de agrotóxicos, assim como a necessidade de devolução de embalagens vazias.

Estabelece a responsabilidade administrativa, civil e penal, pelos danos causados à saúde das pessoas e ao meio ambiente, quando a produção, a comercialização, a utilização e o transporte não cumprirem o disposto nesta Lei, na sua regulamentação e nas legislações estaduais e municipais.

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LEGISLAÇÃO DATA EMENTA ÂMBITO OBSERVAÇÕESDecreto nº. 98.816 10.01.1990 Regulamenta a Lei n° 7.802, de 1989, que dispõe

sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Federal Regulamentação inicial da Lei 7.802.

Lei nº. 9.974 06.06.2000 Altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Federal Altera a Lei 7.802 – “Lei dos Agrotóxicos”

Decreto nº. 4.074 04.01.2002 Regulamenta a Lei nº. 7.802, de 11 de julho de 1989 que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins e dá outras providências.

Federal Em vigor - Revoga o Decreto n° 98.816.

Decreto nº. 24.114 12.04.1934 Aprova o Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal. Federal O Decreto-Lei nº 5.478, de 12/05/1943 modifica o art. 20 e seus parágrafos, do Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, baixado com o decreto n. 24.114, de 12 de abril de 1934.

Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura - NR 31

03.03.2005 Tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho.

Federal Aprovada pela Portaria nº 86 do Ministério do Trabalho e Emprego. Aplica-se a quaisquer atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura, verificadas as formas de relações de trabalho e emprego e o local das atividades, aplicando-se também às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários.

Lei nº. 11.069 29.10.1998 Dispõe sobre o controle da produção, comércio, uso, consumo, transporte e armazenamento de agrotóxicos, seus componentes e afins no território do Estado de SC e adota outras providências.

Estadual A legislação estadual sobre os agrotóxicos, a Lei nº 11069, foi regulamentada pelo decreto nº 1900. Ambas definem as exigências para as empresas em geral, no emprego de quaisquer agrotóxicos, segundo as diferentes áreas de interesse.

Lei nº. 13.238 27.10.2004 Altera dispositivos da Lei nº. 11.069, de 1998 e adota outras providências.

Estadual

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LEGISLAÇÃO DATA EMENTA ÂMBITO OBSERVAÇÕESDecreto nº. 3.657 25.10.2005 Regulamenta as Leis nos 11.069, de 29 de dezembro

de 1998, e 13.238, de 27 de dezembrode 2004, que estabelecem o controle da produção, comércio, uso, consumo, transporte earmazenamento de agrotóxicos, seus componentes e afins no território catarinense.

Estadual

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ANEXO 3 – PROCEDIMENTOS PARA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

1. CONCEITO

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) pode ser caracterizado pela consonância dos métodos de controle com princípios ecológicos, econômicos e sociais, visando interferir o mínimo possível no agroecossistema. Através do MIP, com a utilização dos vários métodos de controle disponíveis (genético, legislativo, cultural, físico, mecânico, biológico e químico) de forma integrada, procurando-se reduzir o emprego desnecessário de agrotóxicos, é possível controlar a população de pragas em níveis que não causem danos econômicos às lavouras. E desse modo diminuir as conseqüências negativas do desses produtos, ou seja, o impacto ambiental e os riscos à saúde do aplicador e do consumidor.

O emprego do MIP é feito através de um planejamento da cultura em função das condições locais e dos problemas esperados. Assim, diversos métodos de controle podem ser adotados visando dificultar o crescimento populacional das pragas, que associado ao acompanhamento da cultura, permite o emprego dos defensivos químicos apenas quando necessário, reduzindo significativamente o custo de produção.

Inúmeros são os fatores determinantes para a ocorrência de uma praga. O mais importante deles é relação entre o valor esperado da produção e o custo de controle. Esse valor determina o tamanho das perdas que podem ser suportadas pela cultura. Uma cultura de baixa produtividade ou de baixo valor comercial tolera maior dano visto que o custo do controle pode se tornar maior do que as perdas provocadas pela praga. Outro fator é o nível populacional da praga verificado na cultura, visto que o dano ou a perda econômica é função direta da quantidade de insetos (ou ácaros) presentes na cultura.

Um aspecto importante a ser considerado é verificar se a tendência da população é crescer ou diminuir. Essa tendência é função das variáveis climáticas e das relações entre as espécies de insetos e ácaros presentes na área, principalmente insetos parasitóides e insetos e ácaros predadores.

Dessa forma, o estabelecimento de um programa de monitoramento do ecossistema, ou seja, de acompanhamento freqüente da cultura, para a determinação da tendência do crescimento populacional da praga e dos insetos e ácaros benéficos, e também do efeito dos métodos de controle adotados, é a principal ferramenta para o emprego do MIP.

O desenvolvimento e implantação do MIP requerem conhecimentos aprofundados sobre o ecossistema como um todo, que possibilitem um amplo planejamento, e, principalmente, que subsidiem a tomada de decisão pela adoção ou não de estratégias de controle e a escolha do sistema de redução populacional.

2. ETAPAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO MIP

Para o desenvolvimento e implantação do MIP, três etapas são fundamentais: 1) Definir a Unidade de Manejo; 2) Eleger as pragas-chaves e os inimigos naturais; 3) Aplicar os componentes do MIP. Essas etapas estão descritas a seguir.

2.1. Definir a Unidade de Manejo

A unidade básica de manejo de pragas é o talhão, que consiste numa área delimitada fisicamente por estradas, aceiros ou trilhas, e que são consideradas independentes umas

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das outras. Cada unidade deve conter a cultura em condições homogêneas quanto ao tipo de solo, tratos culturais, idade, variedade, microclima, entre outros, de modo que o comportamento da praga seja semelhante em toda a área da unidade, para que a amostragem seja representativa.

O tamanho do talhão é determinado pelo sistema de manejo da cultura, pela capacidade operacional de ação de combate, e pela sua capacidade de representar a população. Ou seja, deve ter uma área que permita a aplicação de um método de controle em tempo suficiente para não haver alteração da população da praga durante as operações de monitoramento e controle.

Cada unidade deve ser tratada de modo independente da outra, ou seja, todas as etapas devem ser aplicadas em cada unidade de manejo, sendo as ações assim como os resultados específicos de cada unidade.

2.2. Eleger as pragas-chaves e os inimigos naturais

Os aspectos de grande valor prático para programas de MIP são: reconhecer os organismos com potencial de causar danos e seus principais inimigos naturais. Serão adotados alguns conceitos, descritos a seguir:- Praga: qualquer organismo cuja determinada população afete a produtividade da cultura, causando um dano econômico significativo.- Dano Econômico: é qualquer perda econômica decorrente de uma injúria.- Injúria: é qualquer alteração deletéria decorrente da ação de um organismo.- Pragas-chave: organismos que estão freqüentemente presentes na cultura em níveis populacionais relativamente altos e que provocam injúrias que podem refletir em perdas significativas na produção.- Pragas ocasionais: organismos cujas populações são mantidas em níveis relativamente baixos provocando reflexos menos significativos na produção.- Inimigo natural de pragas: é todo organismo que para sobreviver e se reproduzir necessita de coleta de nutrientes atacando outro organismo que pode ser inseto ou ácaro fitófago.

As pragas-chave são as mais importantes da cultura, devendo ser selecionadas em uma lista das pragas que ocorrem ou podem ocorrer na cultura. Essa lista é feita através de consulta à literatura, entrevistas com técnicos ou produtores, ou estudos de campo.

Das espécies selecionadas como chave, é necessário ter conhecimento geral sobre elas com relação à sua biologia, ecologia, comportamento, principais inimigos naturais, técnicas de amostragem e de controle, etc., para poder manejá-las adequadamente.

Os inimigos naturais dividem-se em 3 grupos: os artrópodes predadores, os insetos parasitóides e os microorganismos entomopatógenos, que atacam os insetos e ácaros nocivos, reduzindo suas populações. Os artrópodes predadores englobam os insetos e arachinídeos, sendo que todo predador necessita de mais de uma presa para realizar seu ciclo de vida, ou seja, necessitam de alimentar-se de muitas presas para sua sobrevivência, e assim matam e comem outros insetos. Os mais significativos predadores de insetos são os próprios insetos, assim como os de ácaros pragas são os próprios ácaros.

Os parasitóides são insetos que se desenvolvem no corpo de outros insetos (hospedeiros) e que durante o seu desenvolvimento necessitam de apenas 1 hospedeiro. Na ordem Hymenoptera encontra-se a maioria dos insetos parasitos: são vespinhas minúsculas que depositam seus ovos dentro do corpo do hospedeiro onde a larva se desenvolve. Durante seu desenvolvimento, a larva alimenta-se das vísceras do inseto parasitado, levando-o à

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morte. O adulto parasitóide é de vida livre e alimenta-se de pólen, néctar e exudações diversas. As moscas (Diptera) parasitam deixando seus ovos ou larvas sobre seus hospedeiros, podendo ser facilmente observadas em lagartas e percevejos. Já os microorganismos entomopatógenos constituem-se de fungos, bactérias, vírus, etc., que provocam doenças nos insetos e ácaros nocivos, reduzindo suas populações.

A associação entre insetos herbívoros e seus predadores e parasitóides são de grande significância nos ecossistemas. A interação entre eles, suas plantas hospedeiras e outros animais são vitais para a manutenção do balanço ecológico. Em geral, quando esse balanço é perturbado ocorre o aparecimento de insetos-praga, doenças e plantas daninhas.

Os organismos que mais sofrem com as transformações de um ecossistema natural são os inimigos naturais (predadores e parasitóides), por serem mais sensíveis a variações de temperatura, umidade e ventos. Situados no terceiro nível da cadeia alimentar, os predadores e parasitóides alimentam-se de insetos herbívoros, mantendo em equilíbrio suas populações.

Quando expulsos de um ambiente, por não encontrarem condições mínimas de sobrevivência, esses inimigos naturais liberam as populações de insetos herbívoros. Como conseqüência, as espécies herbívoras predominantes reproduzem-se rapidamente e aumentam em número, aumentando o seu potencial biológico na presença de alimento abundante, tornando-se pragas.

2.3. Aplicar os componentes do MIP

Os componentes do Manejo Integrado de Pragas são as etapas que devem ser seguidas sempre que houver problemas de ataque de artrópodes (insetos ou ácaros) à cultura, com o objetivo de evitar prejuízo: a) Avaliação do Ecossistema; b) Tomada de decisão; c) Escolha dos Métodos de Controle, descritas a seguir.

A implementação dessas etapas, requer um planejamento prévio do ecossistema a ser manejado. Inicialmente deve-se determinar qual a unidade mínima de manejo, que geralmente corresponde a um talhão da cultura manejada.

2.3.1. Avaliação do agroecossistema

A avaliação do agroecossistema e seu planejamento, no sentido de conhecer as pragas-chave e os períodos críticos da cultura em relação ao ataque de pragas são fundamentais, pois é através do histórico da área e da cultura, da capacidade ou possibilidade de se poder fazer previsões da ocorrência e estabelecimento de pragas, em função dos fatores ecológicos, que outros métodos que não os químicos podem ser adotados.

Há necessidade de uma avaliação local do problema, onde são verificados quatro componentes do ecossistema: a planta, a praga, os inimigos culturais e o clima, conforme descrição a seguir:- Identificar as pragas-chaves- Identificar os Inimigos naturais das pragas-chaves- Realizar a amostragem das pragas-chaves e dos inimigos naturais- Avaliar o estágio fenológico da planta- Avaliar as condições climáticas do local- Avaliar também os resultados do combate à praga, caso tenha sido realizado.

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Para a avaliação dos componentes do ecossistema utiliza-se a amostragem das populações das pragas-alvo e de seus inimigos naturais, o conhecimento da cultura e das condições climáticas do local, sendo que todas as fases posteriores do MIP estão baseadas nessa amostragem.

O estudo das populações só é possível através de programas de amostragens, sendo que através de amostragens periódicas estabelece-se o monitoramento periódico de pragas ou de inimigos naturais. Portanto, a amostragem é fundamental para o desenvolvimento de programas de MIP, para determinação da densidade populacional dos artrópodes (percentagem de infestação), tanto nas etapas de avaliação do ecossistema como para o monitoramento visando à tomada de decisão sobre a necessidade ou não de controle da praga e quando intervir no agroecossistema.

Diversos programas de amostragens têm sido estabelecidos para diferentes culturas, para permitir o estabelecimento de previsões dos danos, ou seja, relacionar densidades populacionais com prejuízos. Assim é possível estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico, conceituados a seguir: a) Nível de Equilíbrio: corresponde à densidade populacional média, durante um longo período de tempo sem que ocorram mudanças permanentes; b) Nível de Controle (ou Nível de Ação): representa a densidade populacional na qual medidas de controle devem ser tomadas para evitar prejuízos econômicos, ou seja, para que não seja atingido o Nível de Dano Econômico; c) Nível de Dano Econômico: representa a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas para o agricultor; d) Nível de Não-Ação (NñA): é a densidade populacional do inimigo natural capaz de controlar a população da praga.

O esquema de amostragem deve ser definido de forma criteriosa, desde a escolha da unidade amostral, do número mínimo de amostras, da distribuição espacial do inseto na cultura, tipo de caminhamento, custo, eficiência das armadilhas e o nível de precisão requerido em função do objetivo.

Existem disponíveis 2 tipos de amostragem para pragas: amostragem convencional e amostragem seqüencial. Na amostragem convencional o número de amostras é fixo e determinado antes de se iniciar o procedimento de amostragem. No caso da amostragem seqüencial, o número de observações não é fixado e a decisão de terminar ou não a amostragem, depende das informações parciais fornecidas.

A amostragem seqüencial vem ganhando espaço em trabalhos de pesquisa sobre no Manejo Integrado de Pragas, e segundo alguns autores é bastante apropriada para o MIP. Na amostragem seqüencial as amostras continuam sendo tomadas aleatoriamente ou sistematicamente, mas esta se caracteriza por utilizar amostras de tamanho variável, diferindo da amostragem convencional que utiliza amostras de tamanho fixo, evitando uma amostragem excessiva, resultando em economia de tempo e esforço. Por outro lado, observa-se que na prática, ela não tem sido muito utilizada, talvez pela dificuldade de entendimento e aplicação da tabela de campo. A partir dos dados obtidos na amostragem são estabelecidas as árvores de decisão, um processo que permite relacionar custos e probabilidades dos resultados para as diversas alternativas de controle.

Portanto, para a avaliação do ecossistema utiliza-se o tipo de amostragem disponível para a amostragem das populações das pragas-alvo e de seus inimigos naturais, o conhecimento da cultura e das condições climáticas do local. Através do monitoramento (amostragem) periódico das pragas-chaves para determinação da percentagem de infestação, obtém-se o Nível de Controle – NC (ou Nível de Ação) estipulado para cada praga, que é o principal indicador da tomada de decisão para o controle da praga.

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Se houver possibilidade (pela disponibilidade de dados) de realização de amostragem para os inimigos naturais das pragas-chaves, para determinação da percentagem de infestação, obtém-se o Nível de Não-Ação (NñA), que é a densidade populacional do inimigo natural capaz de controlar a população da praga.

2.3.2. Tomada de decisão

Após a realização da amostragem, se for obtido o Nível de Controle ou de Ação (NC ou NA) para determinada praga, devem ser tomadas medidas de controle para que não haja dano econômico à cultura, ou seja, não seja atingido o Nível de Dano Econômico (NDE). Entretanto, se houver realização de amostragem para os inimigos naturais da praga-chave em questão, tem-se a possibilidade avaliar o parasitismo e predação, observados ao longo do programa de monitoramento, para a determinação da tendência de crescimento populacional do inseto, verificando também se o Nível de Não-Ação (NñA) foi atingido, pois se isso ocorrer há possibilidade de controle da praga, sem necessidade de adoção de medidas de controle.

2.3.3. Escolha do sistema de redução populacional

Uma vez tomada a decisão de adotar medidas de controle, deve-se fazer a opção por um sistema que envolva um ou mais métodos de redução populacional de pragas, levando-se em consideração alguns fatores como o histórico da área com relação a culturas, clima e ocorrência de pragas. Na medida do possível devem ser utilizados todos os métodos de controle disponíveis (legislativo, genético, cultural, físico, mecânico, biológico, comportamental), e se necessário, o controle químico.

Após a utilização do método ou de métodos de controle há a necessidade de acompanhar a flutuação populacional das pragas e dos inimigos naturais e verificar os efeitos dos métodos de redução populacional empregados, sobre a praga visada e sobre artrópodes não pragas.

Os métodos de controle utilizados no Manejo Integrado de Pragas – MIP são:

a) Método Legislativo: É um método de controle que se baseia em leis, decretos, portarias e outros mecanismos legislativos, de diferentes níveis institucionais, sejam federais ou estaduais, que obrigam ao cumprimento de medidas de controle por parte do produtor, como por exemplo, medidas obrigatórias que obrigam o produtor a erradicar plantas cítricas com sintomas de greening.

b) Método Mecânico: Consiste na utilização de medidas de controle que causem a destruição direta dos insetos ou que impeçam seus danos, tais como:b.1) catação manual: baseia-se na coleta manual e na destruição direta dos insetos alvo, mas é recomendada em pequenas áreas e quando a mão-de-obra é barata. Ex: coleta de frutos de laranja com sintomas de ataque do bicho furão;b.2) formação de barreiras: consistem no uso de qualquer prática que impeça ou dificulte o acesso dos insetos à planta. Ex: quebra-ventos, que consistem em cortinas florestais utilizadas na agricultura para atenuar ou desviar as correntes indesejáveis, que podem trazer pragas limitantes da produção agrícola; uso de viveiros telados para produção de mudas, uso de cones invertidos nos troncos das árvores; uso de tintas ou vernizes; uso de embalagens etc.b.3) armadilhas: os dispositivos de captura de insetos das armadilhas são considerados métodos mecânicos de controle, mas na maioria dos casos, elas são associadas a outros métodos. Existem armadilhas luminosas e adesivas (métodos mecânico e físico); armadilhas de feromônio (métodos mecânico e etológico), etc.

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c) Método Físico

Consiste na aplicação de métodos de origem física para o controle de insetos, tais como:c.1) temperatura: manipulação da temperatura do ambiente, tornando-a letal aos insetos);c.2) luminosidade: utilização de uma faixa de radiação luminosa (300 a 770 nm) paraatrair e capturar insetos adultos de hábito noturno. Ex.: armadilhas luminosas para capturar insetos;

d) Método Cultural

Consiste no emprego de certas práticas culturais, normalmente utilizadas para o cultivo das plantas, visando ao controle de pragas, tais como:d.1) planejamento da época de plantio: objetiva dessincronizar a fase suscetível da cultura com o pico de ocorrência da praga; d.2) plantio direto: favorece os inimigos naturais das pragas; entretanto, favorecem algumas pragas de solo, como formigas cortadeiras;d.3) poda ou desbaste: cortar e destruir, principalmente, os ramos de plantas perenes atacadas por brocas e outras pragas que se alastrem pelos ramos/tronco e causem a morte da planta.d.4) adubação equilibrada: planta bem nutrida, com adubação equilibrada, é mais resistente ao ataque de pragas;d.5) rotação de culturas: plantar alternadamente variedades que não sejam hospedeiras das mesmas pragas, para quebrar ou interromper o ciclo de desenvolvimento das mesmas;d.6) cobertura morta: uso de roçadeiras ecológicas ou adaptadas para jogar o mato cortado do meio da rua para debaixo da copa e entre plantas, em culturas permanentes, para aumentar predadores que vivem no solo, evitar herbicida na linha e auxiliar no controle natural de doenças causadas por fungos de solo;d.7) destruição dos restos culturais: arrancar os restos de cultura, quando não for possível a realização do plantio direto, para impedir que a praga complete o seu ciclo de desenvolvimento, ou mesmo evitar que esses resíduos vegetais sirvam de hospedeiros para outras pragas;d.8) cultura armadilha: plantar variedades suscetíveis ao redor ou mesmo no interior da área de cultivo, para atrair as pragas sobre as mesmas e, sobre elas, realizar o controle.

e) Método Comportamental ou Etológico:

É um método que se baseia no estudo fisiológico e comportamental dos insetos visando ao seu controle através do seu hábito ou comportamento. Existem dois tipos de controle etológico:

e.1) Com hormônios: são substâncias produzidas por glândulas internas e lançadas diretamente na hemolinfa dos insetos para provocar reações específicas em alguma parte de seu corpo. Têm-se os inibidores de síntese de quitina, os precocenos e juvenóides. Com base neles, foram desenvolvidas substancias sintéticas análogas ou antagônicas que são usadas no controle de pragas;

e.2) Com semioquímicos: são substâncias produzidas por glândulas internas ou externas e lançadas externamente ao corpo dos insetos para provocar reações específicas em outro indivíduo. São usadas na comunicação entre indivíduos. Os semioquímicos dividem-se em:

e.2.1) Feromônios: servem para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. Podem ser usados no MIP para: detecção (verificação da presença de pragas em determinados locais); monitoramento (estimar a densidade da população de pragas e acompanhar sua flutuação ao longo do tempo), e controle (controlar a praga). O controle pode ser feito através da:

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- coleta massal: consiste em se colocar grande quantidade de armadilhas para coletar grande número de indivíduos, reduzindo a população da praga. É eficiente em baixas populações da praga;- confundimento: consiste em saturar a área com feromônio, visando a reduzir os acasalamentos, pela desorientação do receptor. Muito usado em pomares;- cultura armadilha: consiste em se aplicar o feromônio em faixas de cultura ou em pontos específicos para atrair os insetos para aquele local, onde se pode aplicar um produto químico para eliminá-los. O feromônio de agregação é o mais usado neste processo.

e.2.2) Aleloquímicos: servem para a comunicação entre indivíduos de espécies diferentes. São divididos em:- cairomônios: a comunicação beneficia o receptor da mensagem, isto é, são atraentes. Ex. iscas formicidas;- alomônios: a comunicação beneficia o emissor da mensagem, isto é, são repelentes.

f) Método Genético

Consiste na seleção e utilização de espécies, subespécies, variedades e/ou cultivares que, devido a suas características genéticas, são menos danificadas que outras em igualdade de condições, ou seja, são mais resistentes. Os graus de resistência são:- imunidade: planta que não sofre danos;- resistência: planta que, devido a suas características genéticas, sofre um dano menor que o dano médio de outras em igualdade de condições; e - suscetibilidade: planta que sofre um dano maior que o dano médio de outras em igualdade de condições.

Os mecanismos usados pelas plantas para tornarem-se resistentes aos insetos, ou seja, os tipos de resistência são:

- antixenose ou não-preferência: as plantas são menos preferidas para a alimentação, abrigo ou oviposição pelas pragas, mas elas não afetam a biologia dos insetos caso sejam atacadas.- antibiose: as plantas afetam a biologia da praga, devido principalmente a presença de substancias tóxicas aos insetos.- tolerância: a planta suporta o ataque da praga sem afetar sua produção, nem a biologia da praga.- pseudo-resistência: resistência não transmitida hereditariamente. Pode ocorrer devido a fatores ambientais ou de manejo como a adubação. Existe a possibilidade de se induzir a resistência em determinada planta ao aplicar produtos que a beneficiam temporariamente.

g) Método Biológico

Consiste na regulação do tamanho das populações das pragas por meio dos seus inimigos naturais, que são denominados de agentes do controle biológico:

- Predadores: são organismos (insetos, aves, mamíferos, aranhas etc.) de vida livre durante o seu ciclo biológico, que mata a presa e que necessitam alimentar-se de mais de um indivíduo para completar o seu desenvolvimento (1 predador consome várias presas). Podem ser citados os seguintes insetos predadores: joaninhas, bicho lixeiro, hemípteros, etc. Os pássaros atuam como eficientes predadores de lagartas e adultos de muitas espécies de lepidópteros desfolhadores. Muitos ácaros são entomófagos e de grande importância na destruição de insetos, além de ácaros pragas. As aranhas são predadoras inespecíficas, muito embora bastante eficientes.

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- Parasitóides: insetos que durante o seu desenvolvimento necessitam apenas de um único hospedeiro (1 parasito consome 1 hospedeiro). Os parasitóides adultos têm vida livre e sua fonte de alimento é diferente da usada na sua fase jovem. Normalmente, os adultos se alimentam de pólen, néctar e exsudações diversas. As diferentes fases do inseto-praga (ovo-larva-pupa-adulto) podem ser parasitadas por diferentes espécies de parasitóides. Trichogramma soaresi (Hymenoptera: Trichogrammatidae): parasitóide oófago.

- Patógenos: são organismos (fungos, bactérias, vírus, nematóides etc.) que provocam doenças e a morte de insetos-praga. São classificados em: Fungos: embora no Brasil os melhores resultados de controle biológico com o uso de

fungo tenham sido encontrados no controle de cigarrinhas e cochonilhas, é bastante comum encontrar lagartas e pupas de desfolhadores controlados por fungos dos gêneros Beauveria, Metarhizium, Paecilomyces e outros.

Bactérias: são empregadas em pulverizações dos esporos sobre a praga, sendo altamente eficientes. A bactéria Bacillus thuringiensis é considerada a mais importante. Seus esporos, quando ingeridos pelas lagartas provocam a ruptura da parede intestinal, levando-as à morte. Já existem no mercado muitas variedades desta bactéria, sendo que estes produtos já são utilizados no Brasil há vários anos contra diversos lepidópteros e mostraram alta eficiência. É importante lembrar que a ação deste produto é ineficaz para as outras fases do inseto, sendo eficiente exclusivamente na fase de lagarta.

Vírus: são freqüentemente responsáveis pelo controle de muitos surtos de praga, aparecendo algum tempo depois do estabelecimento do inseto. É característico em uma lagarta contaminada por vírus paralisar sua alimentação e movimentação no final do período e 1 a 3 dias, ficando amarronzadas e apodrecendo, permanecendo nos galhos dependuradas, secas ou se liquefazendo.

O controle biológico pode ser de 2 tipos:

Natural: consiste na ação dos inimigos naturais das pragas sem a intervenção do homem;

Aplicado: consiste na introdução e manipulação direta ou indireta dos inimigos naturais pelo homem.

Existem 3 estratégias do controle biológico aplicado, que são:

Manutenção das condições ambientais (Controle Biológico por Conservação): consiste em manter ou manipular adequadamente as condições do ambiente para favorecer a reprodução, abrigo e alimentação dos inimigos naturais. Ex: uso de faixas de vegetação nativa entre os talhões de culturas permanentes ou nas culturas anuais; aumentar a diversidade de espécies plantadas; restringir o uso de agrotóxico, e se necessário, utilizar produtos seletivos, etc;

Multiplicação de Agentes Nativos (Controle Biológico por Incremento): consiste na criação e liberação de inimigos naturais nativos da região, para o controle de insetos-praga. Isso é feito quando a população de inimigos naturais não é suficiente para controlar as pragas ou quando não é possível melhorar as condições ambientais. Para tal, é necessário um bom programa de seleção dos IN, estudos de biologia da praga e do seu IN, estudos da relação praga-IN, desenvolvimento de técnicas de criação massal e acompanhamento de sua ação após a liberação.

Introdução de agentes exóticos (Controle Biológico Clássico): consiste na introdução de inimigos naturais exóticos na área, para o controle de insetos-pragas. Essa técnica tem sido bastante utilizada para controlar pragas introduzidas. Devem-se

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tomar os mesmos cuidados tomados na multiplicação de agentes nativos, além de verificar se o agente a ser introduzido não causará problemas com o tempo.

h) Método Químico

O Manejo Integrado de Pragas prioriza o uso de métodos naturais, biológicos e biotecnológicos para o controle de pragas, preservando-se os inimigos naturais e incentivando-se a introdução de espécies predadoras e parasitóides. Entretanto, quando for necessário, deve ser utilizado o método químico de controle de pragas. É o método mais utilizado no controle de pragas devido à rapidez para o preparo do controle, eficiência imediata, compatibilidade com as operações culturais e baixo custo inicial. Porém, apresenta a desvantagem de não ser específico, favorecer o surgimento pragas resistentes, ter alto custo em longo prazo, ser tóxico ao homem e outros animais, e perigoso ao meio ambiente.

Quando o controle químico for necessário devem ser utilizados alguns critérios para o uso correto e seguro dos agrotóxicos, descritos no Anexo 4 (Recomendações para a realização do controle químico),no Anexo 2 (Legislação vigente) e nas diretrizes da Política Operacional 4.09 (Manejo de Pragas) do Banco Mundial.

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ANEXO 4 – RECOMENDAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE QUÍMICO

1. INTRODUÇÃO

Por ocasião da implementação dos Planos de Manejo de Pragas – PiMP, quando houver necessidade de controle químico, seja através da utilização plena do Manejo Integrado de Pragas – MIP, com o monitoramento da cultura realizado por amostragens de pragas, ou sem o monitoramento (pela não existência de planos de amostragem), mas com a utilização dos conceitos de MIP, ou ainda nos sistemas de Produção Integrada, devem ser utilizados alguns critérios para o uso correto e seguro dos agrotóxicos. Esses critérios visam à preservação da saúde humana (das pessoas que manuseiam esses produtos e dos consumidores) e à não contaminação do meio ambiente, com a preservação de inimigos naturais e a prevenção de resistência de pragas, assim como à possível diminuição ou não elevação do custo de produção. Esses critérios devem ser seguidos em todas as etapas do manuseio do produto: aquisição, transporte, armazenamento.

2. NORMAS GERAIS PARA O USO DE AGROTÓXICOS19

Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (Lei Federal no. 7.802 de 1989).

Os agrotóxicos são importantes para o controle de pragas de várias culturas, todavia exigem precaução no seu uso, visando à proteção dos operários que os manipulam e aplicam, dos consumidores, dos animais de criação, de abelhas, peixes, de organismos predadores e parasitas, enfim, do meio ambiente

2.1 Toxicidade dos Defensivos Agrícolas

A toxicidade da maioria dos defensivos é expressa em termos do valor da Dose Média Letal (DL50), por via oral, representada por miligramas do produto tóxico por quilo de peso vivo, necessários para matar 50% de ratos e outros animais-testes.

Assim, para fins de prescrição das medidas de segurança contra riscos para a saúde humana, os produtos são enquadrados em função do DL50, inerente a cada um deles, conforme mostra a Tabela a seguir.

19 Conforme: FANCELI, Marilene. Sistema de Produção, 6. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Jan/2003.

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Tabela. Classificação toxicológica dos agrotóxicos em função da DL50.

Classe toxicológica

Descrição Faixa indicativa de cor

I Extremamente tóxicos (DL50 < 50 mg/kg de peso vivo)

Vermelho vivo

II Muito tóxicos (DL50 – 50 a 500 mg/kg de peso vivo)

Amarelo intenso

III Moderadamente tóxicos (DL50 – 500 a 5000 mg/kg de peso vivo)

Azul intenso

IV Pouco tóxicos (DL50 > 5000 mg/kg de peso vivo)

Verde intenso

2.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Os EPIs mais comumente utilizados são: máscaras protetoras, óculos, luvas impermeáveis, chapéu impermeável de abas largas, botas impermeáveis, macacão com mangas compridas e avental impermeável. Os EPIs a serem utilizados são indicados via receituário agronômico e nos rótulos dos produtos.

Recomendações relativas aos EPIs Devem ser utilizados em boas condições, de acordo com a recomendação do

fabricante e do produto a ser utilizado; Devem possuir Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho; Os filtros das máscaras e respiradores são específicos para defensivos e têm data

de validade; As luvas recomendadas devem ser resistentes aos solventes dos produtos; O trabalhador deve seguir as instruções de uso de respiradores; A lavagem deve ser feita usando luvas e separada das roupas da família;

Devem ser mantidos em locais limpos, secos, seguros e longe de produtos químicos.

2.3 Transporte dos Agrotóxicos

O transporte de defensivos pode ser perigoso, principalmente quando as embalagens são frágeis, devendo-se tomar as seguintes precauções:

Evitar a contaminação do ambiente e locais por onde transitam. Nunca transportar defensivos agrícolas junto com alimentos, rações, remédios etc. Nunca carregar embalagens que apresentem vazamentos. Embalagens contendo defensivos e que sejam susceptíveis a ruptura deverão ser

protegidas com materiais adequados durante seu transporte. Verificar se as tampas estão bem ajustadas. Impedir a deterioração das embalagens e das etiquetas. Evitar que o veículo de transporte tenha pregos ou parafusos sobressalentes

dentro do espaço onde devem ser colocadas as embalagens.

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Não levar produtos perigosos dentro da cabine ou mesmo na carroceria se nela viajarem pessoas ou animais.

Não estacionar o veículo junto às casas ou locais de aglomeração de pessoas ou de animais.

Em dias de chuva sempre cobrir as embalagens com lona impermeável, se a carroceria for aberta.

2.4 Armazenamento dos Agrotóxicos

Um fator importante na armazenagem é a temperatura no interior do depósito. As temperaturas mais altas podem provocar o aumento da pressão interna nos frascos, contribuindo para a ruptura da embalagem, ou mesmo, propiciando o risco de contaminação de pessoas durante a abertura da mesma. Pode ocorrer, ainda, a liberação de gases tóxicos, principalmente daquelas embalagens que não foram totalmente esvaziadas, ou que foram contaminadas externamente por escorrimentos durante o uso. Esses vapores ou gases podem colocar em risco a vida de pessoas ou animais da redondeza.

Recomendações gerais: Armazenar em local coberto, de maneira a proteger os produtos contra as

intempéries. A construção do depósito deve ser de alvenaria, não inflamável. O piso deve ser revestido de material impermeável, liso e fácil de limpar. Não deve haver infiltração de umidade pelas paredes, nem goteiras no telhado. Funcionários que trabalham nos depósitos devem ser adequadamente treinados,

devem receber equipamento de proteção individual e ser periodicamente submetidos a exames médicos. Junto a cada depósito deve haver chuveiros e torneira, para higiene dos trabalhadores.

Um “chuveirinho” voltado para cima, para a lavagem de olhos, é recomendável. As pilhas dos produtos não devem ficar em contato direto com o chão, nem

encostadas na parede. Deve haver amplo espaço para movimentação, bem como arejamento entre as

pilhas. Estar situado o mais longe possível de habitações ou de locais onde se conservem

ou consumam alimentos, bebidas, drogas ou outros materiais que possam entrar em contato com pessoas ou animais.

Manter separados e independentes os diversos produtos agrícolas. Efetuar o controle permanente das datas de validade dos produtos. As embalagens para líquido devem ser armazenadas com o fecho para cima. Os tambores ou embalagens de forma semelhante não devem ser colocados em

posição vertical sobre os outros que se encontram horizontalmente ou vice-versa. Deve haver sempre disponibilidade de embalagens vazias, como tambores, para o

recolhimento de produtos vazados. Deve haver sempre um adsorvente, como areia, terra, pó de serragem ou calcário,

para adsorção de líquidos vazados. Deve haver um estoque de sacos de plástico, para envolver adequadamente

embalagens rompidas. Nos grandes depósitos, é interessante haver um aspirador de pó industrial, com

elemento filtrante descartável para se aspirar partículas sólidas ou frações de pós vazados.

Se ocorrer um acidente que provoque vazamentos, tomar medidas para que os produtos vazados não alcancem fontes de água, não atinjam culturas, e que sejam contidos no menor espaço possível. Recolher os produtos vazados em recipientes

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adequados. Se a contaminação ambiental for significativa, avisar as autoridades, bem como alertar moradores vizinhos ao local.

Pequenos depósitos Não guardar defensivos agrícolas ou remédios veterinários dentro de residências

ou de alojamento de pessoal. Não armazenar defensivos nos mesmos ambientes onde são guardados alimentos,

rações ou produtos colhidos. Se defensivos forem guardados num galpão de máquinas, a área deve ser isolada

com tela ou parede, e mantida sob chave. Não fazer estoque de produtos além das quantidades previstas para uso em curto

prazo, como uma safra agrícola. Todos os produtos devem ser mantidos nas embalagens originais. Após remoção

parcial dos conteúdos, as embalagens devem ser novamente fechadas. No caso de rompimento de embalagens, estas devem receber uma sobrecapa,

preferivelmente de plástico transparente, para evitar a contaminação do ambiente. Deve permanecer visível o rótulo do produto.

Na impossibilidade de manutenção na embalagem original, por estar muito danificada, os produtos devem ser transferidos para outras embalagens que não possam ser confundidas com recipientes para alimentos ou rações. Devem ser aplicadas etiquetas que identifiquem o produto, a classe toxicológica e as doses a serem usadas para as culturas em vista. Essas embalagens de emergência não devem ser mais usadas para outra finalidade.

2.5 Receituário agronômico

Somente os engenheiros agrônomos e florestais, nas respectivas áreas de competência, estão autorizados a emitir a receita. Os técnicos agrícolas podem assumir a responsabilidade técnica de aplicação, desde que o façam sob a supervisão de um engenheiro agrônomo ou florestal (Resolução CONFEA No. 344 de 27-7-90).

Para a elaboração de uma receita é imprescindível que o técnico se dirija ao local com problema, para ver, avaliar, medir os fatores ambientais bem como suas implicações na ocorrência do problema fitossanitário e na adoção de prescrições técnicas.

As receitas só podem ser emitidas para os defensivos registrados na Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que poderá dirimir qualquer dúvida em relação ao registro ou à recomendação oficial de algum produto.

Aquisição dos defensivos agrícolas Procurar orientação técnica com o engenheiro agrônomo ou florestal. Solicitar o receituário agronômico, seguindo-o atentamente. Adquirir o produto em lojas cadastradas e de confiança. Verificar se é o produto recomendado (nome comercial, ingrediente ativo e

concentração). Observar a qualidade da embalagem, lacre, rótulo e bula. O prazo de validade, o número de lote e a data de fabricação devem estar

especificados. Exigir a nota fiscal de consumidor especificada.

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2.6 Cuidados no manuseio dos defensivos

O preparo da calda é uma das operações mais perigosas para o homem e o meio ambiente, pois o produto é manuseado em altas concentrações. Normalmente essa operação é feita próxima a fontes de captação de água, como poços, rios, lagos, açudes etc. Geralmente ocorrem escorrimentos e respingos que atingem o operador, a máquina, o solo e o sistema hídrico, promovendo,  dessa forma, a contaminação de organismos não alvos, principalmente daqueles que usarão a água para sua sobrevivência.  

Cuidados antes das aplicações

Siga sempre orientação de um técnico para programar os tratamentos fitossanitários.

Leia atentamente as instruções constantes do rótulo do produto e siga-as corretamente. O rótulo das embalagens deve conter as seguintes informações: dosagem a ser aplicada, número e intervalo entre aplicações, período de carência, culturas, pragas, patógenos etc. para os quais os produtos são indicados, DL50, classe toxicológica; efeitos colaterais no homem, animal, planta e meio ambiente, recomendações gerais em caso de envenenamento, persistência (tempo envolvido na degradação do produto), modo de ação do produto, formulação, compatibilidade com outros produtos químicos e nutrientes e precauções.

Inspecione sempre o plantio. Abra as embalagens com cuidado, para evitar respingo, derramamento do produto

ou levantamento de pó. Mantenha o rosto afastado do produto e evite respirá-lo, manipulando-o de

preferência com máscara. Evite o acesso de crianças, pessoas desprevenidas e animais aos locais de manipulação dos defensivos.

Não permita que pessoas fracas, idosas, gestantes, menores de idade e doentes apliquem defensivos. As pessoas em condições de aplicarem defensivos devem ter boa saúde, serem ajuizadas e competentes.

Esteja sempre acompanhado quando estiver usando defensivos muito fortes. Verifique se o equipamento está em boas condições. Use aparelhos sem vazamento e bem calibrados, com bicos desentupidos e filtros

limpos. Use EPIs durante a manipulação e aplicação de defensivos. Após a operação, todo

e qualquer equipamento de proteção deverá ser recolhido, descontaminado, cuidadosamente limpo e guardado.

Cuidados durante as aplicações Não pulverize árvores estando embaixo delas. Evite a contaminação das lavouras vizinhas, pastagens, habitações etc. Não aplique defensivos agrícolas em locais onde estiverem pessoas ou animais

desprotegidos. Não aplique defensivos nas proximidades de fontes de água. Não fume, não beba e não coma durante a operação, sem antes lavar as mãos e o

rosto com água e sabão. Não use a boca - nem tampouco arames, alfinetes ou objetos perfurantes - para

desentupir bicos, válvulas e outras partes dos equipamentos. Não aplique defensivos quando houver ventos fortes, aproveite as horas mais

frescas do dia. Não faça aplicações contra o sentido do vento.

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Não permita que pessoas estranhas ao serviço fiquem no local de trabalho durante as aplicações.

Evite que os operários, durante a operação, trabalhem próximo uns dos outros. Cuidados após as aplicações As sobras de produtos devem ser guardadas na embalagem original, bem fechada. Não utilize as embalagens vazias para guardar alimentos, rações e medicamentos;

queime-as ou enterre-as. Não enterre as embalagens ou restos de produto junto a fontes de água. Queime somente quando o rótulo indicar e evite respirar a fumaça. Respeite o intervalo recomendado entre as aplicações. Respeite o período de carência. Não lave equipamentos de aplicações em rios, riachos, lagos e outras fontes de

água. Evite o escoamento da água de lavagem do equipamento de aplicações ou das

áreas aplicadas para locais que possam ser utilizados pelos homens e animais. Ao terminar o trabalho, tome banho com bastante água fria e sabão. A roupa de

serviço deve ser trocada e lavada diariamente.

Descarte das embalagens vazias

O destino das embalagens vazias é atualmente regulamentado por lei e de responsabilidade do fabricante do produto, o qual periodicamente deve recolhê-las.

2.7 Causas de fracassos no controle fitossanitário

Aplicação de defensivos deteriorados. O defensivo pode deteriorar-se pelas condições de armazenagem e preparo.

Uso de máquinas e técnicas de aplicação inadequados. Não observância dos programas de tratamento, tanto no que diz respeito à época,

intervalo, como ao número de aplicações. Escolha errônea dos defensivos. Início do tratamento depois que grande parte da produção já está seriamente

comprometida. Confiança excessiva nos métodos de controle químico

2.8 Manutenção e lavagem dos pulverizadores

A manutenção e a limpeza dos aparelhos que aplicam defensivos devem ser realizadas ao final de cada dia de trabalho ou a cada recarga com outro tipo de produto, tomando os seguintes cuidados:

Colocar os EPIs recomendados. Após o uso, certificar-se de que toda a calda do produto foi aplicada no local

recomendado. Junto com a água de limpeza, colocar detergentes ou outros produtos

recomendados pelos fabricantes. Repetir o processo de lavagem com água e com o detergente por, no mínimo, duas

vezes. Desmontar o pulverizador, removendo o gatilho, as molas, as agulhas, os filtros e a

ponta, colocando-os em um balde com água. Limpar também o tanque, as alças e a tampa, com esponjas, escovas e panos

apropriados. Certificar-se de que o pulverizador está totalmente vazio.

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Verificar se a pressão dos pneus é a correta, se os parafusos de fixação apresentam apertos adequados, se a folga das correias é a conveniente etc.

Verificar se há vazamento na bomba, nas conexões, nas mangueiras, registros e bicos, regulando a pressão de trabalho para o ponto desejado, utilizando-se somente água para isso.

Destravar a válvula reguladora de pressão, quando o equipamento estiver com a bomba funcionando sem estar pulverizando. O mesmo procedimento deverá ser seguido nos períodos de inatividade da máquina.

No preparo da calda, utilizar somente água limpa, sem materiais em suspensão, especialmente areia.

Regular o equipamento, sempre que o gasto de calda variar de 15% em relação ao obtido com a calibração inicial.

Trocar os componentes do bico sempre que a sua vazão diferir 5% da média dos bicos da mesma especificação.

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ANEXO 5: PRODUÇÃO INTEGRADA

1. CONCEITO E BREVE HISTÓRICO DA PRODUÇÃO INTEGRADA

Segundo Titi et al.20 (1995) “a produção integrada é um sistema de exploração agrária que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos e contaminantes e para assegurar uma produção agrária sustentável”.

O conceito de Produção Integrada (PI) teve seus primórdios nos anos 70 pela Organização Internacional para o Controle Biológico e Integrado Contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB). Em 1976, discutiu-se na Suíça as relações entre o manejo das culturas de fruteiras e a proteção integrada das plantas, ocasião em que ficou evidenciada a necessidade de adoção de um sistema que atendesse às peculiaridades do agro-ecossistema, de forma a utilizar associações harmônicas relacionadas com as práticas de produção, incluindo-se neste contexto o manejo integrado e a proteção das plantas, fatores fundamentais para obtenção de produtos de qualidade e sustentabilidade ambiental. Somente em 1993, foram publicados pela OILB os princípios e normas técnicas pertinentes, que são comumente utilizados e aceitos como base nas diretrizes gerais de composição. Os precursores do sistema PI na Comunidade Européia foram Alemanha, Suíça e Espanha que já tinham iniciado anteriormente este processo de PI visto a necessidade de substituir as práticas convencionais onerosas por um sistema PI que diminuísse os custos de produção, melhorasse a qualidade dos alimentos e reduzisse os danos ambientais. Na Espanha, o rei estabeleceu no ano de 2002 um Decreto Real implantando definitivamente a PI de produtos agrícolas em todo o país.

Envolta no contexto da segunda metade da década de 90, a Produção Integrada surgiu a partir das demandas reais de satisfazer às necessidades da sociedade como um todo, no que se refere à: produção de alimentos e insumos industriais (fibras, couro, etc.), gerados pela produção agropecuária; geração de empregos no campo para população de baixa renda e escolaridade; e à redução de êxodo rural para as cidades grandes.

Inicialmente, visava otimizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP) nas fruteiras de clima temperado da Europa, técnica esta que vislumbra a redução do uso de agrotóxicos baseadas em controles culturais, químicos e biológicos. Sempre que possível, o MIP é orientado pelo Limiar de Dano Econômico (LDE) e pelo Nível de Dano Econômico (NDE), que requer o conhecimento da dinâmica populacional das pragas e doenças prioritárias de controle pelos Programas de MIP.

2. A PRODUÇÃO INTEGRADA EM NÍVEL DE BRASIL E DE SANTA CATARINA

A Produção Integrada é considerada um grande avanço tecnológico sustentável. No Brasil é disponibilizado e articulado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em parceria com o CNPq, Inmetro, Embrapa, universidades brasileiras, instituições estaduais de pesquisa agropecuária e extensão, entre as quais, a Epagri, cooperativas de produtores, instituições de apoio ao setor agropecuário, agroindústrias e fornecedores de insumos agrícolas.

20 TITI, A; BOLLER, E.F; GENDRIER, J.P (eds.). Producción Integrada: Principios y Directrices Técnicas. IOBC/WPRSBulletin, vol.18 (1,1), 1995. 22p.

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Em Santa Catarina, a coordenação desse sistema é da Epagri, que vem implementando-o gradativamente na produção de frutas e grãos. A primeira cadeia produtiva a utilizar o sistema e a mais desenvolvida é a da maçã que foi e continua sendo uma referência. Além da maçã, em Santa Catarina, também está em andamento a implementação da produção integrada da banana, do arroz irrigado, de tomate, de mel, da mandioca e da carne. A seguir apresenta-se uma breve descrição do histórico da PI para as culturas da maçã, da banana, arroz e tomate que já estão com estágios gradativos de implementação em Santa Catarina.

2.1 PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS (MAÇÃ)21

Em nível de Brasil, o Sistema Produção Integrada de Frutas (PIF) já atingiu a consolidação em 17 espécies frutíferas em 14 Estados da Federação, estando em andamento 23 projetos de fruticultura com o envolvimento de aproximadamente 500 instituições públicas e privadas, destacando a participação e parcerias de várias instituições obtendo-se resultados de destaque: i) 60% da área total nacional de produção de maçã; ii) aumento de emprego e renda na ordem de 3,0% (PIF Maçã); iii) diminuição dos custos de produção na maçã (40,0% em fertilizantes); iv) diminuição da aplicação de agrotóxicos e de resíduos químicos nas frutas; e v) melhoria do meio ambiente, da qualidade do produto consumido, da saúde do trabalhador rural e do consumidor final.

Os princípios básicos que regem a PIF estão amparados, principalmente, na elaboração e desenvolvimento de normas e orientações de comum acordo entre os agentes da pesquisa, ensino e desenvolvimento; extensão rural e assistência técnica; associações de produtores; cadeia produtiva específica; empresários rurais, produtores, técnicos e outros, por meio de um processo multidisciplinar, objetivando com isto, assegurar que a fruta produzida encontra-se em consonância com um sistema que garante que todos os procedimentos realizados estão em conformidade com a sistemática definida pelo Modelo de Avaliação da Conformidade adotado.

A PIF tem que ser vista de forma holística, estruturada sob os seus 04 pilares de sustentação (organização da base produtiva, sustentabilidade do sistema, monitoramento dos processos e informação) e os componentes que consolidam o processo (FIGURA 01).

21 Andrigueto, J.R.; Kososki, A.R. Desenvolvimento e Conquistas da Produção Integrada de Frutas no Brasil. Disponível em: http://www.cnpuv.embrapa.br/tecnologias/pin/pdf/p_01.pdf. Acesso em 21.12.2009.

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FIGURA 01: PRODUÇÃO INTEGRADA: VISÃO HOLÍSTICA

A PIF está colocada no ápice da pirâmide como o nível mais evoluído em organização, tecnologia, manejo e outros componentes, num contexto onde os patamares para inovação e competitividade são estratificados por níveis de desenvolvimento e representa os vários estágios que o produtor poderá ser inserido num contexto evolutivo de produção.

Preceituados pela PIF, os procedimentos e boas práticas agrícolas adotados têm que ser vistos com base no rol de exigências dos mercados importadores, principalmente da Comunidade Européia, rigorosa em requisitos de qualidade e sustentabilidade, enfatizando sempre a proteção do meio ambiente, segurança alimentar, condições de trabalho, saúde humana e viabilidade econômica. Os compradores europeus convencionaram a não possibilidade de exportação de maçãs para a União Européia (EU), se produzidas em sistema convencional. Atualmente, na Suíça e Dinamarca, quase já não existem mercados com frutas produzidas pelo sistema convencional.

O Brasil já possui seu Marco Legal da Produção Integrada, composto de Diretrizes Gerais e Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas regulamentadas por intermédio da Instrução Normativa nº. 20, de 20/09/2001, publicada no Diário Oficial da União (DOU), no dia 15 de outubro de 2001, Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC), Definições e Conceitos, Regimento Interno da Comissão Técnica, Formulários de Cadastro e outros componentes de igual importância. Esses documentos são resultantes da parceria entre o MAPA e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

As Normas Técnicas Específicas para as espécies frutíferas de maçã, uva de mesa, manga, mamão, caju, melão, pêssego, citros, coco, banana, figo, maracujá, caqui e goiaba já foram concluídas e publicadas pelo MAPA no Diário Oficial da União (DOU), tornando-as institucionalizadas e aplicáveis para implantação.

A regulamentação do sistema assegura que o cadastramento dos interessados é um pré-requisito a ser cumprido. Este cadastramento é feito no Organismo de Avaliação de

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Conformidade, por ocasião da livre adesão no Cadastro Nacional de Produtores e das Empacotadoras, sem descartar a importância para o sistema da identificação de origem do produto, utilização de instrumentos de monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade dos processos adotados ao longo da cadeia produtiva de frutas.

A Produção Integrada de Frutas (PIF) objetiva principalmente estabelecer uma relação de confiança para o consumidor de que o produto está conforme os requisitos especificados nas Normas Técnicas Específicas de cada espécie frutífera. A adoção do sistema PIF traz importantes vantagens para o produtor/empacotadora como também para o consumidor.

O Sistema “Modelo de Avaliação da Conformidade da Produção Integrada de Frutas” foi lançado em 01 de agosto de 2002 e oficializado pelo Ministro do MAPA, em 11 de setembro de 2002, em conjunto com a Logomarca PIF Brasil, Produção Integrada de Maçã (PIM) e o Selo de Conformidade da Maçã. A PIF, até dezembro de 2003, apresentou resultados significativos em relação ao número de adesões de produtores, área em PIF e montante da produção.

A estrutura técnica operacional de suporte ao sistema é composta por Normas Técnicas Específicas, para todas as frutas (15 Áreas Temáticas), Grade de Agroquímicos, Cadernos de Campo e Pós-Colheita e Listas de Verificação – Campo e Empacotadora.

A produção integrada de frutas atingiu valores de racionalização de agrotóxicos com percentagem de redução na utilização, conforme tabela abaixo:

Tabela 1 - Indicadores de Racionalização do Uso de Agrotóxicos em percentagem de redução

PRODUTOS Maçã Uva Mamão Pêssego CitrosInseticidas 25,0 89,0 35,7 66,0 75,0

Fungicidas 15,0 42,0 30,0 39,0 20,0

Herbicidas 67,0 100,0 78,0 50,0 66,7

Acaricida 67,0 100,0 35,7 87,5 45,0

Fonte: DEPROS/SDC/MAPA/2006

A história da produção integrada da maçã no Brasil22 tem como marco inicial os primeiros trabalhos que foram iniciados na Embrapa Uva e Vinho, em 1996, através de uma discussão interna sobre as abordagens mais adequadas a serem seguidas para dar condições para a implementação do sistema. Posteriormente, a informação foi discutida com técnicos de pesquisa e assistência técnica pública e privada, vinculados diretamente à produção de maçãs e, posteriormente, apresentada para discussão e avaliação com os representantes dos produtores.

Em 1997, iniciaram-se as reuniões para definição das normas para a Produção Integrada de Maçãs no Brasil, documento publicado em 1998, que teve como base os conceitos estabelecidos nas Normas européias para Produção Integrada e que acumulou no seu conteúdo, os conhecimentos básicos de produção de maçãs e os gerados pela pesquisa no país.

22 Sanhueza, R.M., História da Produção Integrada de Frutas no Brasil. Disponível em: http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/artigos/historia.html. Acesso em 21.12.2009.

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No inicio de 1998, em um esforço conjunto de todo o setor envolvido com a macieira, a Embrapa Uva e Vinho, EPAGRI, UFRGS, Instituto Biológico de São Paulo e Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), definiram-se cinco áreas localizadas nos três municípios mais importantes de produção dessa fruta (Vacaria, Fraiburgo e São Joaquím), com as cultivares Gala e Fuji, para iniciar a comparação do Sistema Integrado e o Convencional de produção de maçãs. Em cada local, áreas de 3,4 a 6,4 hectares foram alocadas para cada variedade e sistema de produção, perfazendo um total de 100 ha de área sob avaliação.

Contando com essas bases, foi elaborado um projeto (julho 1998/2002) para comparação dos dois sistemas de produção quanto aos itens apresentados a seguir:

a qualidade da fruta; a produtividade das áreas; a incidência de pragas e doenças e distúrbios fisiológicos; os resíduos de pesticidas; as características de conservação das maçãs; as características físico-químicas do solo e a composição da população das

invasoras e; a relação custo-benefício.

O acompanhamento das áreas, nos últimos dois ciclos vegetativos (98/99 e 99/2000), exigiu visitas, coletas de amostras e reuniões do grupo de trabalho para análises das condições de manejo da cultura. Estas atividades contaram com a valiosa participação dos técnicos responsáveis dos cinco pomares em estudo. Outras atividades permanentes são: os treinamentos ministrados pelos pesquisadores, que têm sido obrigatórios, e a avaliação do aproveitamento dos técnicos responsáveis pelas áreas de produção.

Neste último ciclo, além dos produtores com área experimental, outros sete introduziram manejos nos setores em produção utilizando como base para decisões as Normas para a Produção Integrada. Desta forma, teve-se no ciclo 1999/2000 no RS e SC, aproximadamente 250 ha de pomares de macieiras em Produção Integrada.

Algumas conclusões dos primeiros anos de trabalho são:

A Produção Integrada de maçãs é um conjunto tecnológico viável para o Brasil, que pode ser estabelecido com maiores vantagens nos pomares com produção e produtividade equilibrada e sem focos graves de pragas e doenças.

A condução dos trabalhos de implementação da Produção Integrada propicia um valioso aprendizado de trabalho conjunto das equipes de pesquisadores e produtores na execução de um pacote tecnológico previamente definido.

Constatam-se diferenças de abordagens no manejo dos 5 pomares em estudo, condições definidas pelos técnicos de cada pomar e caracterizadas pelo uso parcial das tecnologias recomendadas pela pesquisa e adequadas ao estilo e metas de trabalho de cada propriedade.

Verifica-se a necessidade de intensificar ações de pesquisa que alimentem o sistema e que sejam validadas dentro do pacote tecnológico. Confirma-se a extrema urgência que tem a criação de Estações de Aviso, distribuídas em todas as principais regiões produtoras, e a disponibilização de treinamentos para técnicos que atuem no monitoramento e coleta de dados dos pomares para embasar as ações de manejo do pomar.

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Estabelecem-se demandas urgentes da implementação de laboratórios regionais para as análises de resíduos na fruta, análise do solo e de outras partes vegetais, da regulamentação através de portarias do Ministério de Agricultura para a produção. Além disso, é importante a comercialização de produtos vegetais obtidos da Produção Integrada, bem como a definição e caracterização de empresas Certificadoras de Produção Integrada por uma instituição responsável pelo controle de qualidade no Brasil.

2.2 PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA23

Os trabalhos com a Produção Integrada da Banana (PIB) em Santa Catarina iniciaram em 2003, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, para a elaboração das Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Banana, que têm abrangência Nacional. Esse trabalho foi concluído em 2005 com a publicação pela Epagri do referido documento. Participaram representantes da cadeia produtiva dos principais estados produtores de banana do Brasil.

Além do apoio dessas instituições, também há a colaboração das Associações de Bananicultores de Luis Alves, Massaranduba, Schroeder e Corupá; da Federação Catarinense de Bananicultura; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária; Banalves; Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S.A e CIDASC.

A PIB é a produção de bananas de alta qualidade que recebem um selo de qualidade internacional sob a chancela do Instituto nacional de Metrologia (Inmetro). Tem como objetivo: 1) integrar as práticas culturais aplicadas à bananicultura, empregando tecnologias que considerem os recursos naturais, de forma a permitir uma produção sustentável que satisfaça as necessidades do homem do campo, bem como as da sociedade em geral, sem comprometer o meio ambiente assegurando sua preservação e biodiversidade;2) racionalizar o uso de insumos externos através de técnicas que permitam diminuir a variedade e o volume utilizado atualmente, bem como substituí-los ou alterná-los com outros insumos naturais e menos agressivos, visando proteger o homem, a água e o solo; 3) monitorar a cadeia produtiva e seu ecossistema com o propósito de identificar fontes de contaminação e sua origem. Qualificá-las e quantificá-las, bem como aos seus efeitos, para desenvolver um protocolo de normas e ações que promovam sua redução e permita, através da rastreabilidade, implantar um selo de identificação de produção integrada; e 4) garantir uma produção de qualidade com confiabilidade, aumentando dessa forma sua competitividade para assegurar rentabilidade e a fixação do homem ao campo com dignidade e priorizar a sustentabilidade do sistema produtivo da banana através da aplicação adequada dos recursos naturais e da regulação de mecanismos para substituição de insumos poluentes. É desenvolvida com o auxílio de instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e da rastreabilidade de todo o processo produtivo.

A PIB em Santa Catarina se justifica porque sua adoção extrapola, para os produtores e para a sociedade, a questão de agregação de valores ou de mercados alternativos. Santa Catarina, terceiro maior produtor de bananas do Brasil e principal exportador, tem mais de 30.000 hectares plantados e produz anualmente mais de 650.000 toneladas de banana. A maior parte da bananicultura do Estado, tipicamente familiar, está inserida no contexto de um grande número de microbacias e mananciais de água que precisam ser preservados.

23 Informações fornecidas por Robert Harri Hinz, Pesquisador/Fitopatologista/Estação Experimental da Epagri de Itajaí (SC).

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A maior parte da área plantada com bananas localiza-se em encostas de morros, interagindo com o ecossistema da Mata Atlântica, apresentando também uma nítida interface entre o meio rural e as cidades. Neste sentido, mesmo considerando-se o caráter de livre adesão preconizado pelas Diretrizes Gerais da Produção Integrada de Frutas, a demanda do mercado por produtos de qualidade associados ao contexto agroecológico e que permitam a rastreabilidade, sinaliza para a necessidade de implementar mudanças no sistema convencional de produção de bananas.

A Produção Integrada oferece aos bananicultores a oportunidade e as condições de acessar e reservar esse mercado, além de dar sustentabilidade ao seu agronegócio e mais saúde ao trabalhador e ao consumidor, preservando o ambiente.

Até o momento estão sendo capacitados produtores e técnicos em 6 módulos, sendo que 7 produtores se encontram em fase final de implantação, e deverão ser certificados até meados do ano de 2010. Paralelamente a esse trabalho, que tem apoio do MAPA, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas, estão sendo conduzidas ações com o objetivo de gerar, adaptar e fornecer a todos os bananicultores e demais agentes da cadeia produtiva, com enfoque na PIF, opções de Recursos Genéticos adequados; mudas certificadas; tecnologias de manejo e conservação do solo; levantamento e monitoramento nutricional dos bananais; monitoramento de pragas através da implantação de Sistemas de Previsão; monitoramento dos recursos hídricos; análise de resíduos; implantação de sistema de rastreabilidade e cadernetas de campo; promoção de assistência técnica especializada; assim como apoio na busca de recursos para dar sustentação às adequações na infra-estrutura exigidas ou recomendadas pela PIF.

Tecnologicamente, na área de Recursos Genéticos a Epagri conta com uma Coleção de Cultivares de Banana e um Banco Ativo de Germoplasma para o estudo, desenvolvimento e a recomendação de novas cultivares resistentes ou tolerantes a pragas e doenças; além de um Laboratório de Micro propagação de plantas com capacidade de produção superior a 300.000 mudas certificadas por ano . O levantamento das condições nutricionais dos bananais com fins de monitoramento, foi implantado nos municípios de Massaranduba, São João do Itaperiú e Luis Alves, Corupá, Jaraguá do Sul e Schroeder. Os dados obtidos indicam que nas propriedades monitoradas está sendo possível obter uma economia de até 30% no uso de adubos. Dessa forma, além de diminuir o custo de produção, estão sendo preservadas as estruturas física, química e biológica dos solos.

Na área de monitoramento de recursos hídricos, estão sendo conduzidos trabalhos na microbacia do Ribeirão Máximo, no município de Luis Alves, que concentra importante área de produção. No sentido de garantir a qualidade da água liberada após o processo de lavação da banana nas casas de embalagem, realizou-se uma análise dos efluentes que, com apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e UFSC, resultou no desenvolvimento de um sistema de tratamento desses efluentes cujo modelo já está sendo adaptado às casas de embalagem que estão sendo construídas ou adequadas para o sistema PIB. Além disso, estão sendo desenvolvidos estudos que tem como objetivo recomendar espécies de plantas para a recuperação e preservação dos solos, barrancos em carreadores e estradas internas, e matas ciliares nas unidades de produção.

O Sistema de Previsão para o Controle de Pragas está em processo de implantação, tendo sido instalados o Sistema de Previsão para o Controle do Mal-de-Sigatoka nos municípios de Luis Alves, Massaranduba e Criciúma; e em processo de instalação os Sistemas de

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Corupá e Garuva. Os resultados obtidos nos municípios com o Sistema de Previsão já implantados são altamente promissores. A aplicação da tecnologia proporciona ganhos de rendimento e redução de custos. Os ganhos de rendimento são sentidos no momento do corte do cacho em que o número de folhas úteis sobe de seis a oito no sistema tradicional para 10 a 12 folhas sadias com a aplicação da tecnologia. Isto implica no aumento da produtividade de 1,0 a 1,2 caixas (de 18 kg) por cacho no sistema tradicional para 1,6 a 1,8 caixas com o uso da tecnologia. Em termos de rendimento por hectare, o do sistema tradicional está em torno de 30 t e o sistema com a tecnologia em análise gira em torno de 45 toneladas.

A economia na redução de custos se faz sentir na diminuição do número de tratamentos fitossanitários necessários, onde há uma economia de 30 a 40% no número de tratamentos, que passou de 12 para um número entre seis e oito. A redução de custo está presente também na venda ao supermercado, onde há uma queda nas perdas decorrentes de uma maturação precoce. A queda se reduz de cerca de 30% para valores próximos de zero. A ausência de maturação precoce fez, inclusive, com que acabasse o sistema de venda em consignação que vigorava até então, onde as perdas pela maturação precoce eram assumidas pelo produtor e não pelo supermercado.

Tomando-se como exemplo município de Luis Alves, o primeiro a implantar o Sistema, pode-se observar que as bananeiras, no momento do corte do cacho apresentam em média de 10 a 12 folhas sadias e uma produção de 1,6 a 1,8 caixas de banana/cacho, contra 6 a 8 folhas sadias no momento do corte do cacho, e 1,2 a 1,4 caixas de banana/cacho nas regiões ainda não contempladas com essa tecnologia. A avaliação realizada neste município, com 4.500 ha de banana plantados, no ciclo 2003-2004, comprovou que com duas pulverizações a menos, são economizados cerca de R$ 1.200.000,00 anualmente. Atualmente com a presença da Sigatoka Negra, o Sistema é condição básica para o controle, em função da agressividade da doença.

A orientação para uso de matéria orgânica e a substituição de herbicidas por roçadas mecânicas com aplicação localizada deste insumo químico, reduziu para no máximo uma aplicação anual de herbicidas, permitindo a eliminação do uso de nematicidas para o controle de Radopholus similis, principal responsável pelo tombamento de bananeiras. O controle mecânico de mato com adição de matéria orgânica ao solo, resulta na presença de uma ampla diversidade de plantas no bananal sem competir com as bananeiras e numa microflora de solo antagônica a essa praga, reduzindo sua incidência para níveis de dano à cultura, inferiores aos níveis de dano econômico.

A Epagri desenvolveu um programa para o controle biológico do moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus), a principal praga da bananeira no mundo, que substitui o uso de inseticida químico. Para apoiar o sistema, a Epagri possui um laboratório para a produção de agentes biocontroladores, com capacidade para produzir até 1000 kg de massa do inseticida biológico Beauveria bassiana. Outra ação que vem ao encontro desse objetivo, é a instalação de laboratórios de apoio nas sedes dos Sistemas de Previsão em cada município, para crescimento desse inseticida biológico, e que vem aumentar a capacidade de produção do laboratório da Epagri. Está em estudos e fase de implantação um sistema de monitoramento através de armadilhas para essa praga e também para a traça-da-bananeira e tripes.

O Estado ainda não possui bananicultores certificados. Os 7 bananicultores em fase final para credenciamento, exploram uma área de 200 hectares produzindo anualmente cerca de 8.000 toneladas. Essa fruta será destinada para o mercado do Rio Grande do Sul. No entanto, praticamente toda a área de produção comercial de bananas do Estado tem a sua disposição e faz uso de tecnologias preconizadas pela Produção Integrada através da

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Epagri, um diferencial para a banana catarinense que é exportada para todos os estados da região sul, vários estados da região sudeste, Uruguai e Argentina. Atualmente a maioria das redes de supermercados está dando prioridade a produtos certificados e com selo de qualidade. A produção ainda é pequena para atender a demanda, em função do tempo e dos investimentos necessários para a adequação da cadeia produtiva (unidades de produção, casas de embalagem e logística) ao sistema. No entanto o nível de adesão da cadeia produtiva à Produção Integrada com conseqüente incremento na produção, segundo os produtores envolvidos, está também vinculado ao valor pago pelo produto.

A visão de futuro para a PIB é de continuar investindo no desenvolvimento de tecnologias em consonância com a Produção Integrada e na capacitação de produtores; promover a integração das redes de comercialização com grupos organizados de produtores; e difundir para a sociedade em geral os benefícios dos alimentos produzidos neste sistema.

As principais ações da Epagri nesse projeto acontecem através da pesquisa no desenvolvimento e adequação de tecnologias para atender as Diretrizes e Normas da Produção Integrada e através da assistência técnica no fomento à formação de grupos associativos, capacitação e divulgação das tecnologias geradas e na assistência técnica.

2.3 PRODUÇÃO INTEGRADA DE ARROZ IRRIGADO24

A Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) em Santa Catarina é mais recente do que nas culturas da maçã e da Banana. Visa o desenvolvimento sustentável da orizicultura baseado em três pilares fundamentais: o econômico, o social a proteção ambiental. O desenvolvimento da PIA em SC foi iniciado na safra 2006/07, na região do Litoral Sul. Desde então, foram formados Comitês Regionais da PIA, que visam o desenvolvimento de ações articuladas entre os diferentes segmentos representativos da Cadeia Produtiva do Arroz Irrigado.

O Projeto está em fase de mobilização e motivação dos técnicos e produtores visando a implementação das atividades nas diversas regiões produtoras de arroz irrigado em SC. Em SC, a sensibilização dos produtores e demais segmentos da Cadeia Produtiva tem sido realizada através de reuniões e seminários municipais/regionais. A partir do ano de 2007, adotou-se a estratégia de formação de Comitês Regionais da Produção Integrada, com a participação dos diferentes segmentos da cadeia produtiva, através de representantes do setor técnico, das indústrias e do setor produtivo.

No ano de 2007, foi formado o primeiro Comitê Regional da PIA – Litoral Sul. No ano de 2008, foi formado o Comitê do Alto Vale do Itajaí e em 2009, o Comitê do Baixo e Médio vale e o Comitê do Litoral Norte. As atribuições dos Comitês Regionais consistem em: a) mobilizar e motivar os agricultores para a participação na PIA; b) definir priorizar as ações na região; e c) Coordenar as ações e atividades técnicas na região.

Quanto as tecnologias adotadas, a PIA baseia-se, essencialmente, no uso correto das tecnologias, seguindo o preconizado pelas recomendações técnicas. No caso do arroz irrigado, destaca-se a proteção da natureza, melhoria no sistema de entaipamento das lavouras, preparo adequado do solo sem drenagem de água com sedimento em suspensão, plantio da lavoura na época recomendada e utlizando sementes certificadas de cultivares recomendadas, monitoramento de pragas, doenças e plantas daninhas, evitando

24 Informações fornecidas pelo Eng. Agr. Ph.D, José A. Noldin, pesquisador da Estação Experimental da Epagri/Itajaí.

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assim o uso exagerado de agrotóxicos, utilização de agrotóxicos recomendados, destino adequado do lixo, efluentes e retorno para as revendas das embalagens de agrotóxicos (triplice lavagem), retenção da água nas lavouras por um periodo mínimo de 30 dias após a aplicação de adubos e agrotóxicos.

Considerando que a adesão ao PIA é voluntária, um aspecto importante diz respeito ao acompanhamento constante da lavoura por parte de técnicos e produtores, assim como o preenchimento do caderno de Campo, com registro de todas as informações de cada lavoura.

Como vantagens para o produtor, a PIA apresenta uma redução de custos de produção pela racionalização e redução no uso de insumos; agregação de valor ao arroz ou sub-produto; padronização da qualidade; produto mais seguro ao consumidor; redução de riscos ambientais e competitividade em novos mercados.

Para o consumidor, as vantagens estão na melhoria na segurança alimentar, pois disponibilizará ao mercado produto livre de contaminação física, quimica e biológica; melhoria qualidade alimentar com garantia nas propriedades funcionais e nutricionais do arroz; rastreabilidade do produto com acesso as informações do processo de produção; e disponilização no mercado de arroz produzido com respeito ao ambiente e ao trabalhador.

Os planos da pesquisa com arroz na Epagri são no sentido de conscientizar os produtores sobre a importância da adoção de práticas que permitem a produção sustentável de arroz, sem causar prejuízos à natureza. A Epagri coordena o projeto em SC e tem articulado ações nos diferentes municípios, com a participação dos diversos elos da cadeia produtiva, com destaque para o segmento técnico, os produtores e as indústrias de beneficiamento.

2.4 PRODUÇÃO INTEGRADA DE TOMATE25

Desde 2005, a Epagri/Estação Experimental de Caçador tem desenvolvido trabalhos de pesquisa com a Produção Integrada de Tomate (PIT), com o objetivo de produzir tomates com uso de tecnologias mais limpas. Nesse texto que aborda a PIT se apresentam alguns resultados de pesquisa que atestam a viabilidade econômica e ambiental desse sistema agrícola de produção se comparado com a Produção Convencional de Tomate (PCT). De acordo com as pesquisas realizadas, na PIT, antes de iniciar o transplante das mudas, tem-se o cuidado especial com o preparo do solo, que se inicia com a semeadura da aveia-preta no inverno. Não é necessário fazer o tombamento nem o uso de dessecantes para o manejo das culturas de cobertura.

Realizaram-se experimentos nas safras de 2005-2006 e 2006-2007, em uma área de tomateiro cultivar Alambra com dimensão de 22m x 19,2m conduzida no sistema de PIT, comparada com a mesma cultivar sob sistema de PCT. Ambas as áreas receberam adubação de base. O tomate responde muito bem a aplicação de adubos, porém esta deve ser realizada com critérios, ou seja, a partir de resultados da análise do solo em que a lavoura vai ser implantada para que se consiga uma adubação equilibrada. Salienta-se que o excesso de adubos é mais preocupante do que a deficiência, porque isso pode levar a salinização e/ou antagonismo entre nutrientes, com efeitos negativos sobre a produção.

25 Becker, W. F.; Mueller, S.; Santos, J. P. dos; Wamser, A. F.; Suzuki, A.;Marcuzzo, L. L.Produção integrada de tomate no médio vale do rio do Peixe, em Santa Catarina. In: Produção integrada no Brasil: agropecuária sustentável alimentos seguros / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Brasília: Mapa/ACS, 2009.

Introdução57

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Por outro lado, a adubação deficiente implica a nao-exploração do potencial genético das cultivares, além da maioria dos fatores ambientais.

A redução do uso de defensivos com significativo controle de pragas, sem a perda da produtividade e qualidade do produto colhido, exige a adoção de práticas de manejo integrado que permitam seu controle eficiente. Várias práticas de manejo podem influenciar a sanidade das plantas, dentre elas os métodos de tutoramento e condução de plantas que tem papel importante na incidência de insetos-praga e doenças.

A melhoria das condições fisiológicas e fitossanitárias das plantas com o tutoramento vertical permite a diminuição do espaçamento entre plantas e, consequentemente, pode incrementar a produção de frutos. Entretanto, o aumento da densidade de plantas reduz o peso médio do fruto.

Na região do Alto Vale do Rio do Peixe, a pesquisa tem apontado que para o controle racional dos principais insetos-praga chave do tomateiro é necessário que várias práticas auxiliares sejam adotadas pelos agricultores, como: adubação equilibrada; não fazer escalonamento da produção em áreas próximas ao plantio; não utilizar defensivos químicos indiscriminadamente; manter a área com vegetação natural próxima da área de plantio, tendo-se o cuidado de eliminar somente as solanáceas nativas, pois estas podem ser hospedeiras de doenças e insetos-praga. Na cultura do tomateiro, geralmente, o controle de insetos-praga e doenças e feito por meio da aplicação de agroquímicos em cobertura. Além de dispendiosos, esses produtos podem afetar a fauna de inimigos naturais, reduzirem a diversidade biológica, desencadear o aparecimento de novas pragas e doenças e provocar desequilíbrio ambiental. A região do Alto Vale do Rio do Peixe é uma importante produtora dessa cultura no estado de Santa Catarina; no entanto, para controlar pragas e doenças há produtores que realizam até 60 pulverizações durante a safra.

Para controlar os insetos, muitos produtores realizam excessivas pulverizações preventivas de inseticidas, desconsiderando o nível de infestação da praga ou as condições climáticas favoráveis ao inseto. Além de aumentar os custos de produção, essa prática pode trazer sérios riscos de resíduos no produto colhido e problemas de intoxicação das pessoas envolvidas na aplicação.

O uso intensivo de inseticidas para o controle de insetos-praga do tomateiro induz o aparecimento de populações resistentes, além de deixar resíduos tóxicos nos frutos. Apesar das dificuldades encontradas no controle das principais pragas do tomateiro, exigindo geralmente a adoção de controle químico, a pesquisa aponta que é possível associá-lo a medidas culturais, biológicas e físicas.

Como orientação recomenda-se que quando a lavoura está sendo atacada por pragas, a primeira etapa do controle envolve o reconhecimento dos insetos e a observação da época de ocorrência destes. Devido à exigência dos consumidores por produtos sem resíduos e mais saudáveis, há uma tendência de diminuição do número de aplicações e de inseticidas disponíveis no mercado. Por isso, outros métodos de controle menos agressivos e dispendiosos devem ser adotados. Na Produção Integrada, o controle de pragas fundamenta-se em amostragens para determinar a intensidade do ataque da praga, bem como na sua dinâmica populacional.

No manejo integrado de insetos-praga, o controle é baseado no monitoramento que, por sua vez, é feito quando o inseto atinge o nível de controle, ou seja, quando é capturado um número tal que permita a realização do controle. Essa pratica permite fazer um acompanhamento do aumento e da diminuição das populações de insetos-praga e verificar

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as épocas de ocorrência e os picos populacionais, facilitando na orientação da tomada de decisão sobre o momento mais adequado para a realização do controle.

Outros métodos se baseiam na avaliação de algumas plantas pré-demarcadas na área e na captura de insetos com armadilhas adesivas coloridas, que atraem os insetos pela cor. Os pulgões, a mosca branca e as vaquinhas são monitoradas com armadilhas adesivas amarelas, e os trips, com armadilhas azuis.

Infelizmente, muitos insetos ainda não têm nível de dano estabelecido, por isso às pesquisas nessa área são de fundamental importância. Portanto, é fundamental que as medidas de controle de pragas sejam rigorosamente corretas para evitar prejuízos devido a ataques, elevação de custos dos tratamentos, permanência de resíduos nos frutos apos a colheita, riscos de intoxicação dos produtores e consumidores, contaminação ambiental e eliminação de organismos benéficos.

Comparativamente, o controle de insetos-praga na área de PCT é feito conforme calendário, a cada sete dias, com a utilização de inseticidas em cobertura de todas as classes toxicológicas. Já na área da PIT, o controle é realizado com o auxilio de monitoramento, com aplicação de inseticidas preferencialmente das classes toxicológicas III e IV. O controle de doenças, como “requeima” ou “mela”, é feito com o método de alerta (previsão), que consiste na avaliação de fatores climáticos e valores críticos de severidade da doença como determinantes do momento de pulverização.

ANEXO 6 - PRODUÇÃO ORGÂNICA (PO)

Segundo a FAO/OMS, a agricultura orgânica é um sistema holístico de gestão da produção que fomenta e melhora a qualidade do agroecossistema (em particular, a biodiversidade), dos ciclos biológicos e da atividade biológica do solo. Os sistemas de produção orgânica se baseiam em normas de produção específicas e precisas cuja finalidade é lograr

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agroecossistemas, que sejam sustentáveis do ponto de vista social, ecológico, técnico e econômico.

O Estado de Santa Catarina apresenta um grande percentual de agricultores familiares. Algumas praticam a agricultura orgânica, mas nem sempre comercializam os produtos como tais. Para Oltramari (2001)26, a agricultura familiar, devido aos seus saberes e aos seus conhecimentos no que se refere a grande diversificação da produção, processamento e exploração equilibrada dos recursos naturais, apresenta grandes potencialidades para produção desse tipo de alimentos. Nestes casos, esse tipo de agricultura exerce um importante papel na diferenciação dos produtos da agricultura familiar e na agregação de valor.

A Epagri possui linhas de trabalho na área de produção agroecológica, com diferentes subprojetos de pesquisa e cursos profissionalizantes. O Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina - Instituto Cepa/SC -, juntamente com outras instituições, desenvolveu uma pesquisa27 de identificação dos produtores e propriedades de Santa Catarina que produzem e comercializam produtos orgânicos e plantas medicinais.

O trabalho também teve como finalidade caracterizar o sistema de agricultura orgânica no estado, bem como contribuir para uma maior inserção de produtores neste sistema, fornecer dados que possibilitem estabelecer políticas públicas para o setor, difundir tecnologias alternativas já adotadas por esses agricultores, transmitir informações sobre a qualidade dos alimentos e verificar as perspectivas do estado para exportação.

A pesquisa registrou a existência de 706 propriedades em cultivo orgânico ou em conversão com 5.922 hectares. A região oeste detém 42% da área cultivada, a maioria com cultivos temporários. As propriedades possuem em conjunto mais 10.454 hectares de área territorial, sendo que as pastagens ocupam 35% da área das propriedades e 75% já utilizam cultivo orgânico. O restante da superfície das propriedades é área de preservação permanente, com floresta, em pousio e com obras viárias e construções.

Em 2001, foram produzidas, em lavouras temporárias orgânicas catarinenses, 9.726 toneladas, equivalentes R$ 11.327 milhões, sendo 45% hortaliças. As frutas orgânicas contribuíram com 3.600 toneladas e o valor foi de R$ 3,9 milhões. Além disso, existe a produção animal e de produtos orgânicos industrializados.

Em relação ao controle de pragas e doenças, a pesquisa apontou que a prática mais utilizada na PO é o uso de biofertilizantes, os quais apresentam ações múltiplas que liberam nutrientes para as plantas, substâncias orgânicas (hormônios vegetais e metabólicos secundários) e microorganismos vivos que podem atuar como controladores de parasitas. Outras práticas também difundidas é a utilização da calda bordalesa e/ou sulfocálcica e de extratos de origem vegetal.

Os resultados da pesquisa também apontaram que o controle mais comum de plantas invasoras é o controle manual, o que implica uma grande necessidade de mão-de-obra. Muitos adotam a cobertura morta e verde como uma técnica para controle do crescimento de plantas consideradas invasoras.

26 OLTRAMARI, A.C. Expansão da agricultura orgânica no mundo e potencial de crescimento da produção orgânica no estado de Santa Catarina. In: Agroindicador: indicadores para a agricultura catarinense, Florianópolis: Instituto Cepa/SC, dez/2001.

27 OLTRAMARI, A.C.; ZOLDAN, P.; ALTMANN, R. Agricultura orgânica em Santa Catarina. Florianópolis: Instituto CEPA/SC, 2002. 55p.

60

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Ainda segundo Oltramari (2001), o estado possui grande potencial para atender a esse crescente mercado de produtos orgânicos, principalmente por se constituir de pequenas propriedades rurais e possuir uma grande diversidade de condições agroecológicas favoráveis, vias de transporte, portos e proximidade dos grandes centros urbanos.

Entretanto, para que o poder público possa implementar medidas efetivas de apoio à produção orgânica em SC, é preciso, como primeiro passo, apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva, buscando melhorar o conhecimento referente ao sistema de produção e às suas potencialidades no mercado nacional e internacional.

Dentre os aspectos negativos apontados na pesquisa destacam-se a falta de linhas de crédito específico para a agricultura orgânica, principalmente durante o período de transição, além da falta de incentivos e financiamento para se criarem unidades de beneficiamento da produção orgânica, agregando valor a produção e renda aos agricultores.

Considerando os aspectos acima citados e diante da possibilidade de sua inserção nos sistemas de produção das famílias beneficiadas, o Programa SC Rural pode caracterizar-se numa excelente oportunidade de estimular a produção agrícola orgânica de alimentos na agricultura familiar dentro de uma visão agroecológica, visando o abastecimento do mercado brasileiro e internacional.

ANEXO 07: PLANO DE MELHORIA AMBIENTAL EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO.

1. IDENTIFICAÇÃO GRUPO TEMÁTICO/ PRODUTOR/PROPRIEDADEProdutor (s): ou Grupo: Comunidade/ MB Código (SEATER):

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2. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO:

2.1. Exploração(ões) agrícola(s) ou pecuária: Cultura ou criação: Variedade:Área (ha) ou rebanho: Época de plantio:Código da proposta se incentivada: Localização (UTM):

2.1.2 Modalidade de cultivo: Tipo de Tração: ( ) animal ( ) mecânica.

2.1.3 Quanto ao uso de insumos: ( ) convencional ( ) produção integrada ( ) orgânico/agroecologico

2.1.4 Quanto ao manejo conservacionista:( ) sistema convencional ( ) sistema de plantio direto ( ) cultivo mínimo.Obs:

2.2. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

2.2.1 Trator(es), principais características:Marca: Modelo / Ano:Estado conservação: ( ) bom, ( ) regular, ( ) ruim Obs:

2.2.2 Equipamento(s) de aplicação de agrotóxicos ou insumos veterinários:Tipo: Marca: Modelo/ Ano:Capacidade (l): Estado conservação: ( ) bom, ( ) regular, ( ) ruim Vazão utilizada: ( ) alta ( ) media ( ) baixa ( ) UBV

3. DIAGNÓSTICO DO MANEJO DE PRAGAS

(ENTREVISTA COM O(s) PRODUTOR(s) RURAL(s))

3.1 Utiliza agrotóxicos na propriedade? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, preencha a tabela abaixo:

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CULTURAS/ CRIAÇÕES Kg/LITROS/ (ano)

R$ (ano) aproximado

Total

3.2. Possui empregados: ( ) Não ( ) Sim

Se sim:

- Conhece a Norma Regulamentadora 31 – NR 31? ( ) Sim ( ) Não- Manuseiam agrotóxicos: ( ) Sim ( ) Não

3.3 Questões para avaliação sobre o uso de agrotóxicos na propriedade:

Para responder utilize o seguinte critério: S = Sim (respostas positivas); N = Não (respostas negativas);P = Parcialmente (respostas parcialmente positivas)

1. É o próprio produtor quem manuseia agrotóxicos (preparo da calda e aplicação)?

2. Tem assistência técnica para o manejo de pragas?

3. As pessoas que manuseiam agrotóxicos tiveram capacitação?

4. Realiza o monitoramento de pragas (amostragem)?

5. Toma a decisão de realizar o controle químico de pragas com base em calendário?

6. Consegue identificar pela cor da faixa do rótulo a toxicidade do produto (agrotóxico)?

7. Tem por hábito ler os rótulos e bulas dos produtos antes da aplicação?

8. Realiza o transporte de agrotóxicos?

9. Conhece os critérios para o transporte correto de agrotóxicos?

10. Possui depósito para armazenamento de agrotóxicos protegido contra entrada de

pessoas não autorizadas e de animais, e com sinalização de perigo?

11. Conhece os critérios para a armazenagem adequada de agrotóxicos?

12. As pessoas que manuseiam agrotóxicos utilizam Equipamentos de Proteção Individual

– EPI?

13. A manipulação de agrotóxicos (preparo da calda e outros tipos) é realizada em local

distante de fontes de água?

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14. Utiliza técnicas para aplicação mais eficaz de agrotóxicos e com maior segurança? Ex.:

(Aplicar nas horas mais frescas do dia, a favor do vento, etc.)

15. Os equipamentos de aplicação de agrotóxicos passam por regulagem e manutenção

periódicas?

16. Respeita o período de reentrada na cultura?

17. Respeita o intervalo de segurança (período de carência) dos agrotóxicos?

18. Conhece os sintomas de intoxicação por agrotóxicos?

19. Alguma pessoa que manuseia agrotóxico (preparo da calda, aplicação) já sofreu

intoxicação?

20. Conhece os procedimentos para primeiros socorros, em caso de intoxicação?

21. Realiza a tríplice lavagem e a devolução das embalagens vazias de agrotóxicos a

postos ou centrais de recebimento, assim como as sobras de calda sobre a cultura?

Conclusões do técnico - Com base do que foi verificado na propriedade, nas respostas do formulário e no dialogo com o(s) produtor(es).

4. RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DE PRAGAS

CULTURA/CRIAÇÃO(a ser monitorada):

Plano de amostragem de pragas

Existente Não Existente

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4.1. IDENTIFICAR AS PRAGAS E OS INIMIGOS NATURAIS

Para cultura/criação:

- Com Planos de Amostragem: consultar Banco de Dados sobre MIP.- Sem Planos de Amostragem: citar as pragas existentes no município/região.

4.1.1 Pragas-chave (Pragas-chave: organismos que estão freqüentemente presentes na cultura em níveis populacionais relativamente altos e que provocam injúrias que podem refletir em perdas significativas na produção).

NOME POPULAR: NOME CIENTÍFICO OCORRÊNCIA (período/fase cultura)

4.1.2. Pragas secundárias (ou ocasionais) - Pragas ocasionais: organismos cujas populações são mantidas em níveis relativamente baixos provocando reflexos menos significativos na produção.

NOME POPULAR: NOME CIENTÍFICO OCORRÊNCIA (período/fase cultura)

4.1.3. Inimigos naturais - Inimigo natural de pragas: é todo organismo que para sobreviver e se reproduzir necessita de coleta de nutrientes atacando outro organismo que pode ser inseto ou ácaro fitófago.

NOME POPULAR: NOME CIENTÍFICO OCORRÊNCIA (período/fase cultura)

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4.2. CULTURAS COM PLANO DE AMOSTRAGEM DE PRAGAS ESTABELECIDO

4.2.1. Amostragem das pragas-chaves e dos inimigos naturais - Transcrever informações e anexar a Ficha de Amostragem, existentes no Banco de Dados sobre Manejo Integrado de Pragas.

4.2.2. Tomada de decisão de controle: quando for obtido o Nível de Controle - (NC) Transcrever informações do Banco de Dados sobre Manejo Integrado de Pragas

4.3. CULTURAS SEM PLANO DE AMOSTRAGEM DE PRAGAS ESTABELECIDOCom base no item 4.2, na vivência do produtor, e no conhecimento do técnico responsável, deve-se recomendar a época de controle das pragas.

4.4. RECOMENDAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE REDUÇÃO POPULACIONAL Recomendar, com base na realidade local e consulta ao Plano de Manejo de Pragas, sempre considerando o conceito de MIP.

4.5. RECOMENDAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DO CONTROLE QUÍMICO: conforme recomendações para realização do controle químico (Ver ANEXO 04).

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REGISTRO PARA CONTROLE DE TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO

Produtor: Cultura/criação: Técnico responsável:

VISTO DO

TÉCNICO

DATA PROBLEMA IDENTIFICADO: INSETOS;DOENÇA; PLANTAS ESPONTÂNEAS.

PRODUTO COMERCIAL UTILIZADO

DOSAGEMPOR 100 L

ÁGUA.

VOLUMECALDA /HA

INTERVALO DE

SEGURANÇA(dias)

DESPESA COM O

PRODUTOR$

Total

67

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ANEXO 08: FICHA DE CONTROLE TECNICO SOBRE O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

DATAVISITA

*CÓDIGOProdutor

NOME PRODUTOR/ GRUPO

LOCAL CULTURA E

SISTEMA **

OBJETO DO CONTROLE: insetos; doença; plantas espontâneas

MIP situação

***

Valor aplicado

com agrotóxico

R$

OBSERVAÇÕES

* código SEATER. ** C – convencional. A – agroecologico. PI – produção integrada. *** (O – ótimo B – boa R – regular RR – ruim)

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ANEXO 9: CADERNO DE CAMPO PARA MONITORAMENTO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO COM CERTIFICAÇÃO FITOSSANITÁRIA (CIDASC).

Data de abertura: _________________

IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTOR:

Nome: ________________________________________________________________________

Endereço:____________________________________________________________UF:_______

CPF/CNPJ: __________________________ Município: ________________________________

Telefone: ____________________________ Cultura: __________________________________

Área (ha): __________________ Localização Georeferencial: ____________________________

Assinatura produtor: ____________________________

IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO:

Nome: _______________________________________________ CREA/SC N.º: ____________

Endereço: ________________________________________________________ UF: _________

CPF/CNPJ: ______________________________ Município: ____________________________

Telefone: ________________________________ E-mail: ______________________________

N.º Credenciamento CFO: ____________________

Assinatura do Responsável Técnico: __________________________________

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TERMO DE ABERTURA DO CADERNO DE CAMPO

Data: _________________ _________________________________________Assinatura/Identificação Responsável CIDASC

Anotações: A partir desta data, o proprietário e/ou Responsável Técnico da Unidade de Produção faráas anotações referentes a todas as atividades realizadas no pomar de citros

Fiscal Agropecuário Estadual:

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INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS UNIDADES DE PRODUÇÃO (UP)

UP(n.º)

Coordenadas Geográficas

Espécie

CultivarOrigem da muda

N.º de plantas

Área (ha)latitude longitude Altitude

(m)

Porta-enxerto

Copa ViveiroMunicípio UF

Técnico responsável:__________________________________________________________________

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TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO

Doença/Praga Data do tratamento

ProdutoPeríodo de carência (dias) UP N.º Receituário

Agronômico N.º Nota FiscalNome Dose (g ou ml/ha)

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TRATOS CULTURAISData/Período Trato Cultural* UP Observação

*Capina, roçagem, poda e outros.

Observação:_____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

Técnico responsável: ____________________________________

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FERTILIZAÇÃO DO SOLO – ADUBAÇÃO

UP Data Formulação Dose (kg ou l/ha) Observações

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ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Data Nome/tipo do adubo Quantidade (kg ou l/ha)

Forma de Aplicação

Observação: -_______________________________________________________________________

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REGISTRO DE COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO

UP

Material

DataTipos de análise

ResponsávelSolo

0 – 20 cm 20 – 40 cm Química Física

Observação: Os resultados das Análises Laboratoriais deverão ser arquivadas juntamente com o Caderno de Campo.

Técnico responsável: ____________________________________________________________________________

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FICHA DE INSPEÇÃO FITOSSANITÁRIA

Praga/Doença DataPlantas

amostradasObservado

Técnico Responsável: ____________________________________________________________

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REGISTRO DE COLHEITA DE FRUTOS

Data UP Estimativa produção (kg) Produção (kg) Responsável

Observações:

Técnico Responsável: ______________________________________________________________

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