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Manifestação cmc

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Page 1: Manifestação cmc

www.observatorioparana.tk

Curitiba, 28 de setembro de 2010.

À Presidência da Mesa da Câmara Municipal de Curitiba Aos Ilmos. Srs. Vereadores da Câmara Municipal de Curitiba Ref. Tramitação de Projeto de Lei Ordinária nº 005.00167.2010 que institui Potencial

Construtivo relativo ao Estádio Joaquim Américo Guimarães para a Copa de 2014.

Os movimentos sociais e populares e as organizações abaixo, que compõem o

Observatório Social de Políticas Públicas do Paraná, vêm à presença de Vossa

Excelência solicitar o regular processamento do indigitado Projeto de Lei Ordinária

nas Comissões que compõem esta Casa Legislativa com elaboração de todos os

respectivos pareceres quanto aos aspectos legais, urbanísticos e econômicos

envolvidos no mencionado PL. Ademais, com vistas a garantir a participação efetiva

e democrática da sociedade civil, bem como para dar cumprimento à Constituição

Federal de 1988, mister é a realização de audiências públicas que deverão orientar

os representantes em seus votos.

1. Do princípio da legalidade

No dia 03 de setembro foi realizada Audiência Pública convocada pela

Bancada do Partido dos Trabalhadores desta Casa, com a presença de diversos

representantes, segmentos da sociedade civil e do Sr. Algaci Túlio, Secretario Estadual

do Paraná para Assuntos da Copa, onde foram debatidas as medidas necessárias

para garantir que os investimentos para a Copa sejam integrados ao planejamento

das cidades.

Entre as aprovações que constam no documento anexo, há a preocupação da

sociedade civil quanto aos procedimentos adotados pelo Município de Curitiba e

Estado do Paraná para doação e transferência de potencial construtivo -

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equivalente a R$90 milhões de reais - para reforma do Estádio Joaquim Américo

Guimarães, principalmente em razão da ausência de condições prévias, parâmetros

legais e limites para este tipo de destinação, diversa do disposto no ordenamento.

A Lei Municipal nº 9.803 de 3 de janeiro de 2000, seguindo as diretrizes da Lei

Federal 10.257/2001, estabelece que a transferência do potencial construtivo pode

ser total ou parcial quando o proprietário é impedido de utilizar plenamente o

potencial de determinada área por limitações impostas pela Lei de Zoneamento e

Uso do Solo, que podem ser de ordem urbanística, para fins de preservação do

patrimônio cultural, histórico, natural e ambiental.

O instituto também pode ser utilizado como indenização nos casos de

“desapropriações destinadas a melhoramentos viários, equipamentos públicos,

programas habitacionais de interesse social, programas de recuperação ambiental,

e na subutilização de potencial construtivo por limitações urbanísticas, de imóveis

situados no Setor Estrutural.”

Assim, sendo instrumento de política urbana vinculado aos requisitos e previsões

legais, entende-se que a utilização do potencial construtivo deve seguir a finalidade

para que foi constituído, ou seja, ter como fundamento a primazia do interesse

público e coletivo sobre o individual.

Como é cediço, a transferência do potencial construtivo é instrumento de

gestão pública sobre aspectos de interesse social, o que permite o condicionamento

do direito de uso e construção às necessidades do conjunto da cidade. Da mesma

forma, as hipóteses e a destinação das receitas decorrentes da emissão de potencial

construtivo pelo Município, isto é, as possibilidades de utilização do instituto da

Outorga Onerosa do Direito de Construir, são condicionadas por lei, tendo caráter

eminentemente social de subsidiar a política habitacional urbana entre outros

interesses coletivos na cidade de Curitiba. Sendo assim, sua finalidade é de garantir o

interesse comum e o bem-estar de todos os cidadãos, nos termos das normas

constitucionais no que diz respeito à necessidade de integração entre planejamento,

legislação e gestão urbana democrática.

Não obstante, as recentes ações adotadas pelo Poder Público ofendem os

princípios fundamentais que regem suas funções. Ainda, considerando que os Ilmos.

Vereadores que compõem a Câmara Municipal têm no rol dos deveres inclusos no

exercício de ser um munus público, os compromissos de “cumprir a Constituição da

República Federativa do Brasil, a Constituição do Estado do Paraná, a Lei Orgânica

do Município de Curitiba e as demais leis” e “promover o bem geral do povo e de

Curitiba”, é fundamental que seja franqueada a sociedade civil organizada a

possibilidade de manifestar-se nesse procedimento.

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2. Da política participativa.

Ocorre que as decisões envolvendo o instituto estão, até o momento, sendo

praticadas sem a observância dos fundamentos da Política de Desenvolvimento

Urbano que deve ser conduzida à plena efetivação da função social da cidade e

da propriedade urbana, tendo como objetivos a gestão democrática e

participativa, a participação da população nos processos de decisão, planejamento

e gestão, entre outros previstos no Plano Direitor de Curitiba, na Constituição Federal

e no Estatuto da Cidade.

A participação da população nos processos decisórios é determinante para

garantir a legalidade e legitimidade na implantação dos projetos que interferem na

realidade urbana, no bem-estar e na qualidade de vida dos cidadãos. Isto porque

estão previstos gastos públicos e investimentos em infra-estruturas que deverão

apresentar solução aos problemas enfrentados pelos habitantes da cidade.

Assim, a audiência pública realizada na Câmara dos Vereadores de Curitiba

aprovou documento que deve ser atendido pelo Município, Estado e demais órgãos

de função pública para execução e planejamento das ações e projetos voltados

para o evento de 2014, permitindo a participação popular e a gestão participativa

do orçamento de forma a assegurar a efetividade do direito à cidade.

Neste sentido, pela relevância, os riscos e os inúmeros impactos possíveis à

população curitibana decorrentes do referido projeto, as organizações abaixo

requerem a tramitação do Projeto de Lei Ordinária nº 005.00167.2010 nas Comissões

Permanentes pertinentes, quais sejam, a Comissão de Legislação, Justiça e Redação

(artigo 52, I, do Regimento Interno desta Casa), a Comissão de Economia, Finanças e

Fiscalização (artigo 52, II), Comissão de Urbanismo e Obras Públicas (artigo 52, V) e a

Comissão de Segurança Pública e Defesa da Cidadania (art. 52, VI). Ademais,

requer-se a inclusão da Comissão Especial de Direitos Humanos desta Câmara

Municipal no acompanhamento e apreciação de tais expedientes, em face da

possibilidade, internacionalmente reconhecida em diversos tratados e resoluções da

Organização das Nações Unidas, de violações a esses direitos em contextos de

mega-eventos como a ora discutida Copa do Mundo.

Por sua competência regimentalmente instituída, imprescindível a análise detida

de cada uma dessas instâncias, com elaboração dos pareceres devidos e

incorporação das “reclamações e sugestões do povo” previstas no art. 53, III. De

forma a garantir esse tipo de participação popular e conferir legitimidade ao

procedimento legislativo em pauta, cabe ainda indicar a urgência da realização de

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audiências públicas ampliadas, convocadas pela totalidade da Câmara Municipal

de Curitiba em expediente oficial, garantida a representatividade dos diversos

segmentos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil em torno do tema,

conforme viabilizado pelo disposto no artigo 53, I, do mesmo Regimento Interno.

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