Manifestações - Aton Fon

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  • 7/27/2019 Manifestaes - Aton Fon

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    A DIREITA SAI DE CASA PELA PORTA DA ESQUERDA [1]

    por Aton Fon Filho

    Introduo

    Esse trabalho busca estabelecer uma viso de classe das manifestaes desencadeadas aps

    as elevaes de tarifas de transportes e da conjuntura que delas resultou. Embora considere

    principalmente a experincia de So Paulo, corresponde linha geral ao que o noticirio tambm

    sobre outras partes do Brasil.

    Na Mdia em geral, e mesmo em manifestaes da esquerda, vemos referncias

    indiscriminadas a povo, jovens, pessoas, trabalhadores. Mas que povo esse? Quais as

    determinaes de classe desses jovens e dessas pessoas? De que trabalhadores estamos

    falando? [2]

    A Base da Pirmide e a Classe Mdia

    Partamos de alguns pontos sobre a situao da classe mdia e dos trabalhadores da base da

    pirmide, com o respaldo da anlise de SINGER (2012) sobre o lulismo [3]. Referida anlise,

    no que aqui interessa, aponta que as diversas polticas econmicas e sociais do governo Lula

    geraram um realinhamento eleitoral que consiste, em termos os mais resumidos possveis, em

    que a populao de mais baixa renda [4] ali chamada de subproletariado a partir de

    2005/2006 se incorpora no apoio a Lula. Essa faixa do proletariado teria interesse na mudana,mas, contraditoriamente, rejeitaria o conflito. Quer a mudana dentro da ordem.

    Ao mesmo tempo, tambm no perodo 2005/2006, a classe mdia consuma sua passagem

    oposio, fundamentalmente atravs do apoio ao PSDB, mas tambm, uma pequena parte,

    oposio de esquerda.

    POCHMANN aponta que os empregos gerados na dcada de 2000 ficaram concentrados na

    base da pirmide social com renda at 1,5 salrios mnimos [5]. E que na faixa de renda

    acima de 3 salrios mnimos chegou a haver importante reduo das vagas:

    Na dcada de 1990, estabeleceu-se no Brasil um novo padro de trabalho, composto por um

    menor ritmo de gerao de postos de trabalhos e um perfil de remunerao distinto. Isso

    porque foram abertos somente 11 milhes de novos postos de trabalho, dos quais 53,6% no

    previam remunerao.

    Na faixa de renda de at 1,5 salrio mnimo, houve a reduo lquida de quase 300 mil postos

    de trabalho, e esse segundo padro de emprego diferenciou-se significativamente daquele

    verificado entre os anos 1970 e 1980.

    Por fim, a dcada de 2000 apresentou uma alterao importante no padro de trabalho da mode obra brasileira, marcada por forte dinamismo nas ocupaes geradas e no perfil

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    SINGER aponta, da, uma polarizao entre ricos e pobres. Lembra JESS SOUZA, para

    quem

    A classe mdia brasileira, por comparao com suas similares europeias, por exemplo, teria o

    singular privilgio de poder poupar o tempo das repetitivas e cansativas tarefas domsticas,

    que pode ser reinvestido em trabalho produtivo e reconhecido fora de casa. [6] [7]

    E conclui, ele prprio,

    Da a resistncia da classe mdia ao programa do lulismo de erradicao da misria,

    produzindo-se reao muito distante da indiferena poltica. O lulismo mexe com um conflito

    nuclear no Brasil, aquele que ope includos e excludos.

    Essa classe mdia, v-se, no obteve ganhos, e teve perdas econmicas.

    Se piora mais grave no houve na situao dessa classe mdia, foi ela muito mais perceptvel

    dada sua posio relativa, na medida em que viu os mais ricos passarem a ganharainda mais,

    decolarem e se afastarem, de modo que os de cima se perderam nas alturas, ao mesmo tempo

    em que os de baixo, os da base da pirmide ou de baixssima renda, tiveram uma certa

    ascenso, aproximando-se de seus calcanhares.

    Essa queda relativa da baixa classe mdia foi o elemento material que a conduziu a, somada

    questo ideolgica da luta contra a corrupo, abandonar desde 2005 o PT e Lula e aderir

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    Ainda h que investigar e desenvolver melhor o impacto que pode ter tido sobre isso uma viso

    que sobrepe a tica s determinaes da luta de classes, resqucio das lutas que levaram

    superao da ditadura militar e do papel da igreja catlica no processo.

    Das lutas que resultaram na derrota da ditadura militar, primeiro, e das dificuldades advindas

    da prolongada crise econmica e descenso das lutas operrias e urbanas, de modo geral,

    decorreu a apresentao de inmeras demandas como demandas de valores, ticas, e

    fundamentadas como direitos humanos.

    Reivindicaes que o desemprego profundo e prolongado tornavam impossveis de serem

    formuladas em face do patronato, passaram a ser formuladas em face do Estado,

    apresentadas como direitos, e Direitos Humanos: direito moradia, direito ao trabalho, direito

    sade, direito ao transporte. Tambm daquelas lutas contra a ditadura, permaneceram as

    reivindicaes de valores referentes a direitos identitrios, vinculados luta pela liberdade,como os valores anti-discriminatrios em geral, de raa, gnero, condio fsica, identidade e

    orientao sexual.

    Isso promoveu a influncia do multiculturalismo e da cultura de direitos humanos, sobrepondo-

    se, mesmo no interior das organizaes marxistas, viso dos processos de um ponto de vista

    de classes.

    Da, possivelmente, a evidncia de um liame de defesa de elementos reduzidos a ticos, ou

    postos no mbito de direitos humanos, unificando um bloco de organizaes partidrias

    marxistas, organizaes religiosas, movimentos sociais e identitrios [10] e mesmo indivduos

    dispersos na atualidade. Tais movimentos e indivduos buscam unidade e at logram

    estabelec-la em algumas circunstncias, em torno de questes de proteo da identidade,

    mas raramente em torno de questes sociais. Assim, por exemplo, se verdade que o MST

    pde apoiar as causas indgena ou LGBTT, no se tem notcia de indgenas ou o movimento

    LGBTT apoiando ocupaes do MST ou do MTST.

    Se a classe mdia que adotou a oposio ao lulismo pela esquerda pde se refugiar nas

    bandeiras ticas e identitrias, ou em sucedneos dos mesmo programas lulistas, aquela queadotou a oposio pela direita se viu privada de demandas materiais, ou que pudessem ser

    expressas materialmente.

    Esses setores adotaram a linguagem da extrema direita e hasteiam bandeiras como a da

    meritocracia contra as polticas de cotas e de insero de faixas de renda mais baixa nas

    universidades; contra as polticas de complementao de rendas [11], etc, o que expressava

    muito mais o susto de ver uma ascenso dos de baixo do que, concretamente, uma reduo de

    sua prpria condio material.

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    Nesse sentido, as anlises de POCHMANN e SINGER contm dados semelhantes, no

    apenas no que toca faixa de mais baixa renda subproletariado, para SINGER; base da

    pirmide, para POCHMANN , pois ainda que este no analise repercusses polticas e

    sociais dessa incidncia econmica, elas ficam subjacentes, mas tambm com relao classe

    mdia.

    As manifestaes em curso O Incio Hegemonia da Oposio de Esquerda

    As manifestaes de agora foram iniciadas por um movimento social de classe mdia, com

    uma demanda de interesse da populao de mais baixa renda. O MPL um movimento de

    classe mdia daquela oposio de esquerda, o que explica tambm a sua relao privilegiada

    com partidos como PSOL e PSTU, presentes nas manifestaes desde o incio.

    Suas manifestaes tinham um contedo e uma tendncia radicalizao contra o governo

    municipal petista e as correntes que o apoiam. Mas o MPL , tambm, um movimento que se

    reivindica na faixa do autonomismo e do anarquismo, da ao direta e da organizao

    horizontal.

    Esse fato, se autoriza a participao da juventude de classe mdia de esquerda, estabelece

    limitao participao dessa juventude , representada por suas organizaes. Isso introduz,

    j desde o incio, um valor desorganizativo ao processo. Os estudantes estavam na

    manifestao, mas no os diretrios e centros acadmicos [12].

    No interior do movimento, a predominncia da oposio de esquerda permitiu s vezes

    vislumbrar aes contra algumas correntes adversas, antes mesmo que o anti-partidismo e a

    ao coordenada da direita contra toda a esquerda se fizessem patentes. A verdade que a

    vitria da direita aconteceu nas condiespropiciadas por algumas, estimuladas por outras

    e combatidas por poucas foras de esquerda.

    Como houve aqui em SP aumento tambm das tarifas do metr, de responsabilidade do

    governo do PSDB, Alckmin lanou a represso contra as manifestaes, acompanhado pelos

    ces de guarda da mdia. Rapidamente, toda a oposio de esquerda, e mesmo algumas

    foras de esquerda que no desfilam na oposio, foram se somando.

    As escaramuas perduraram at a quinta-feira sangrenta, dia 13 de junho, quando os

    cachorros-loucos da PM, sob ordens do secretrio Fernando Grella (que justificou suas

    atitudes, num primeiro momento, aps a manifestao), no selecionaram alvos numa

    represso extremamente horizontalizada e extremamente violenta que alcanou parte da

    imprensa.

    Essa represso foi denunciada pela mdia merc de terem sido vitimados alguns de seus

    funcionrios, mas foi principalmente divulgada nos meios cibernticos, incidindo o fato de que a

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    tecnologia disponvel pe hoje ao alcance de 95% das pessoas uma cmara fotogrfica e de

    vdeo no bojo do obrigatrio telefone celular. Resultado: o massacre foi amplamente

    documentado.

    Feita a documentao, outro fator tecnolgico a existncia das redes sociais permitiu a

    divulgao da captura de uma realidade que se desconstri por suas prprias imagens, o que

    resultou na massificao da informao sobre as manifestaes pela internet, assim como pela

    prpria grande mdia que no podia seguir escondendo o que a web escancarava, sob pena de

    se ver desmoralizada.

    As manifestaes em curso O Salto para a Individualidade Hegemonia da Direita.

    E se deu, na manifestao seguinte, uma incorporao massiva da juventude de classe mdia,

    uma incorporao massiva anti-lulista, mesmo porque diminuiu o risco da represso, com o

    recuo de Alckmin e a retirada da PM.

    De qualquer forma, temos como evidente que essa incorporao foi, concretamente, expresso

    da juventude de classe mdia tradicional, sendo raras as participaes tanto de pessoas na

    faixa de mais de 40 anos, como de provenientes das camadas de mais baixa renda [13]. Isso

    no desmerece, sempre importante ressaltar, o fato de que a demanda inicial atendia

    interesses desta ltima faixa social, localizada na base da pirmide. Mas, no pode haver

    dvida de que a ampla massa que se incorpora depois da quinta-feira sangrenta foi o outro

    setor majoritrio da classe mdia anti-lulista.

    O que levou sua incorporao? A leitura de reportagens e entrevistas no conduz a mais do

    que generalidades e impresses: temos que nosmanifestar, no d mais para ficar calado.

    E a uma pletora de anlises que partem sempre da dificuldade de apreender as motivaes

    quando no so, elas prprias tentativas de vender novas motivaes.

    Podemos tambm adiantar aqui algumas impresses, a inda sem suficientes elementos

    concretos para embas-las.

    A ausncia de motivao consciente para a incorporao

    De incio, a ausncia de motivao clara, somada ao fato de se tratar da classe mdia j um

    indicativo importante. A classe mdia, tendo abandonado o PT e se passado para a oposio

    seja de esquerda, seja de direita , como mostra SINGER, demonstrou uma incapacidade de

    determinar suas prprias demandas, limitando-se a expressar valores genricos que defende

    ou foi levada a defender.

    De uma classe mdia desorganizada, mas sob a influncia/hegemonia de linhas polticas da

    direita que, em muitos casos, incorporou palavras de ordem da oposio de esquerda, o que se

    tem nas ruas um amlgama mal construdo de boas intenes e generalidades: defesa do

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    meio ambiente, contra as obras da copa e repdio corrupo, feitas aquelas nos moldes do

    que preconiza a igreja catlica e os movimentos culturalistas e de direitos humanos, e feita esta

    nos moldes do que defende o PSDB, uma viso da corrupo em que no aparecem os

    empresrios corruptores [14].

    Essa dificuldade de expressar demandas se somou (ou surgiu) do fato de que a oposio

    partidria ao lulismo se viu sem plataforma para apresentar sociedade que no fosse a da

    luta contra a corrupo, uma possvel motivadora, alis, do rompimento da classe mdia com

    o PT em 2005 [15].

    Solidariedade como motivadora da incorporao

    Por outro lado, parece evidente que as cenas de combate e cerco, de tentativas de

    aniquilamento e de retiradas da quinta-feira sangrenta, motivaram solidariedade mas mesmo

    essa solidariedade no ultrapassou, no fundamental, o mbito da classe mdia.

    A expresso no fundamental resulta a de dvidas sobre se a participao na pesquisa

    realizada pelo jornalista Datena em seu programa de televiso pode ter sido expresso da

    base da pirmide. A dvida vem da impresso sem qualquer suporte em dados de que seja

    esse seu pblico.

    Por outro lado, dado o momento em que vai ao ar o programa, certamente boa parte, seno a

    maioria dos trabalhadores dessa faixa no estaria em casa nem, menos ainda, frente TV ou

    pensaria em gastar uma ligao telefnica para dar essa opinio. De qualquer modo, ainda que

    se possa ter aquela participao nas pesquisas como manifestao da base da pirmide, no

    foi alm do possvel clique nos botes de um telefone, j que a participao concreta dos mais

    pobres nas manifestaes no foi percebida [16].

    importante verificar que essa solidariedade foi desencadeada diante da represso. Mas

    tambm vale a pena indagar por que uma represso to violenta foi capaz de fazer surgir um

    esprito de solidariedade em lugar do temor de participao que a polcia e o governo

    esperavam [17] [18].

    As imagens constroem a realidade Perda de identidade da manifestao O

    Espetculo

    Pe-se em considerao a possibilidade de que essa solidariedade tenha decorrido de uma

    identificao de classe; no com a classe cuja demanda motivava as manifestaes, mas com

    a classe que estava, concretamente, sendo agredida.

    Mas, sendo fruto de uma identidade de classe, foi tambm fruto de uma perda de identidade

    poltica da manifestao.

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    As redes sociais e a mdia trouxeram as imagens da represso na quinta-feira sangrenta. Mas

    as exibies de filmes e fotografias, em lugar de desvendar uma realidade, mascararam-na.

    Mais do que isso. As imagens no apenas mascararam a realidade, como criam uma nova

    realidade.

    As imagens mostravam pessoas fardadas atacando pessoas. Os atacantes eram reduzidos

    a PMs, fora do Estado. Os atacados eram reduzidos a manifestantes. Mas as imagens no

    mostravam as condicionantes polticas do Estado que atacava as pessoas, nem das pessoas

    que eram atacadas. Aqueles podiam ser o governo federal, estadual ou municipal, podiam ser

    expresso do PT, do PSDB ou qualquer outro; do neoliberalismo, do neodesenvolvimentismo,

    da luta pelo socialismo. Estes no eram militantes de esquerda, de tal ou qual partido, ou

    movimento social. Eram apenas pessoas que estavam na manifestao.

    O desaparecimento da condio militante de esquerda dos manifestantes constituiu um convitemaior incorporao de qualquer jovem de classe mdia. A participao j no tinha outros

    limites que a prpria disposio de estar l. No era mais uma manifestao de esquerda, que

    se limitava pela concordncia com uma palavra de ordem. Era uma manifestao para

    qualquer pessoa, com qualquer palavra de ordem [19]. No era mais pelos 20 centavos! Era

    por direitos!

    E era pelo espetculo!

    No sendo uma fora organizada cada um ficava responsvel por definir o que o levava

    manifestao. E cada um sabia que iria possivelmente ser filmado por um dentre os milhares

    de celulares e cmaras nas ruas. E iria para a internet, no facebook ou num blog, ou num site

    ou no instagram. E poderia ir para os jornais ou para os sites dos jornais. E para a televiso.

    Cada um que cuidasse, portanto, do modo como iria aparecer, como iria ser seu espetculo.

    As participaes se tornam, portanto, cada vez mais individuais, mesmo quando as pessoas

    agem sob a hegemonia da extrema direita. Essa hegemonia estabelece um padro de

    temas: corrupo; no por 20 centavos, por direitos ; contra a PEC 37; contra as obras da

    copa;pela reduo da maioridade penal; o gigante acordou. Mas a criatividade individual quefar a diferena e mobilizar outros, porque abre a disputa para que cada qual demonstre suas

    prprias qualidades de redator publicitrio. Se no era mais pelos 20 centavos, se era por

    direitos, era pelos direitos que cada um julgava importantes.

    E que no viesse, o MPL ou quem quer que fosse dizer que a manifestao era contra a tarifa.

    Afinal, se no se aceitava que o Estado pudesse pr limites manifestao, por que se havia

    de permitir que outros manifestantes pusessem?

    E, mais, por que se havia de permitir que fossem postos limites por pessoas que eram deesquerda e tinham bandeiras vermelhas, como vermelhas eram as bandeiras do PT, o mesmo

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    partido de que era o Prefeito que decretara o aumento? E a Presidente, que fora eleita indicada

    pelo PT e por Lula, que indicara esse prefeito? E que era corrupto e mensaleiro, como o diziam

    a mdia e a oposio de esquerda e a internet e os blogueiros e todo mundo sabia?

    E como somente esses partidos de esquerda que estavam presentes na manifestao, eram

    estes que tinham que ser postos para fora. Donde a palavra de ordem de sem partidos

    assume o significado de sem partidos de esquerda, j que o maior partido da oposio, a

    mdia, estava ali presente.

    O Antipartidarismo

    Nas manifestaes convocadas pelo MPL conviveram o apartidarismo e autonomismo desse

    movimento e a presena e atuao dos partidos da oposio de esquerda.

    A desconsiderao do carter de classe dos manifestantes iniciais e mesmo avaliaoequivocada das tendncias de classes e setores de classes na atual conjuntura, levaram o

    esquerdismo a acreditar que seu inimigo principal naquele momento inicial seriam os partidos e

    foras que de algum modo apoiavam ou se relacionavam com o governo.

    Conduzidos por uma viso primria e reducionista da poltica, que rejeita e no consegue

    conviver com a contradio, a oposio de esquerda prxima ao MPL dedicou-se, inicialmente,

    a promover a expulso de dentre os manifestantes, das correntes vinculadas ao governo,

    incapazes de uma lgica da luta de classes que os fizesse entender que atrair setores dos

    partidos governistas para a luta contra a tarifa adquiria primordialidade porque no apenas

    acrescia a fora dos manifestantes, como gerava desentendimentos na base governista [20].

    Viam, os partidos da oposio de esquerda, com isso, a possibilidade de se tornarem os

    condutores de um processo que, sem que entendessem bem o porqu, crescia

    exponencialmente, sem a presena das organizaes polticas. Vangloriavam-se de suas

    atitudes divisionistas e plantavam, com isso, a semente do antipartidarismo num terreno que j

    era fertilizado pelo carter individualista da classe mdia, pelo carter autonomista do MPL e

    pela desconstruo do carter de esquerda pela imagtica das manifestaes e da represso a

    elas.

    A primeira manifestao aps a quinta-feira sangrenta (a quinta da srie atual de protestos) viu,

    no Largo da Batata, um incio de choques entre os Partidos e a individualidade que acorreu s

    ruas. Mas foi na sexta manifestao que se consumaram os ataques contra os Partidos

    presentes, com queimas de bandeiras de ataques ao PCR, PSTU e PSOL.

    O pensamento hegemnico de direita j conduzia nesse sentido. Jabores e marcelos rezendes,

    depois de combaterem as manifestaes e terem corrigido a rota, passaram a centrar fogo na

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    necessidade de rejeio aos partidos, chamados de oportunistas e acusados de somente

    terem se somado os protestos aps o seu crescimento.

    Mas, se esse antipartidarismo partia do individualismo, o pensamento hegemnico foi

    fortalecido pela ao da prpria oposio de esquerda. E, finalmente, veio a contar com a

    direo organizada de grupos de extrema-direita, skinheads e quetais.

    Participao da base da pirmide

    No obtivemos elementos para mensurar possvel participao de trabalhadores da base da

    pirmide social nessas manifestaes. Certo que houve esforos descoordenados de

    convocao de protestos na periferia, pelo MTST, Periferia Ativa e alguns outros

    inindentificveis. Os nmeros apresentados pela mdia foram, em geral, extremamente

    reduzidos. Mas houve algumas excees. De qualquer modo, a constatao visual indicou que

    as manifestaes reuniam jovens brancos, de classe-mdia, sendo a presena de pessoas de

    mais idade ou negros uma absoluta exceo [21].

    J se estudou e apresentou que os grupos de skinheads so de extrao de entre os de mais

    baixa renda, expresso de uma conflitiva oposio ao conflito que a esquerda organiza. Sua

    presena no meio da manifestao de classe mdia perde identidade quanto origem social,

    mas a ganha quanto ideologia subjacente em ambos, variando naquilo que uns privilegiam a

    individualidade e outros propem ao organizada em defesa das propostas radicais fascistas.

    Violncia

    No temos como excluir a possibilidade de que a violncia tenha sido empregada como arma

    de convencimento pelo exemplo, ou como atividades de provocao para autorizar a represso

    policial. Mas no temos, tambm, como excluir a possibilidade da atitude individual

    desorganizada, motivada pela vontade vista como necessidade de ocupar um lugar na histria,

    e carente de orientaes e limites que a organizao proporciona.

    Mesmo no caso da mais completa identificao de um indivduo participante do ataque

    Prefeitura, filho de um pequeno empresrio, embora suas caractersticas fsicas pudessemsugerir, no houve outros que permitissem comprovar se seria ele integrante de organizaes

    para-militares fascistas.

    Pelo menos num caso, exatamente esse ocorrido no dia da sexta manifestao, em 18 de

    junho, a violncia esteve vinculada aos saques, com aspectos tambm demonstrativos de

    desorganizao, quando moradores de rua levaram para suas barracas de cobertores TVs de

    plasma que no apenas no poderiam utilizar, como nem poderiam carregar ou exibir para a

    venda.

    O fim das convocaes do MPL e possveis tendncias em SP

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    O fim das convocaes do MPL em SP correspondeu no apenas ao reconhecimento da vitria

    alcanada em termos especficos da demanda inicial, mas da necessidade de repensar os

    passos seguintes, diante da nova conjuntura criada.

    Esse fato no impedir, como no impediu, novas concentraes. Mas a desorganizao das

    convocaes pela web tende a faz-las perder massificao. Diversas manifestaes

    aconteceram na noite de sexta-feira, 21, e no sbado, 22 de junho. Na Avenida Paulista, sexta-

    feira noite, trs manifestaes perambularam com propostas distintas e, sem elemento

    aglutinador, no conversavam entre si: a do ato mdico, da cura gay e uma da Zona Leste

    Somos Ns. Outras em rodovias e no interior tambm aconteceram, mas a tendncia de que,

    salvo se se afirmar uma outra organizao com legitimidade para convoc-las, as

    manifestaes tendem a diminuir e refluir.

    Se o mesmo passar em outras cidades e Estados, parece cedo para afirmar.

    No possvel ainda saber o impacto de novas intervenes.

    O fascismo interessa ao capital?

    A proposio de petio pblica no AVAAZ, capitaneada por Pedro Abramovay, pedindo o

    impeachment de Dilma, pode ou no contribuir para formar um quadro golpista [22].

    Quanto avaliao das possibilidades de desenvolvimentos golpistas, ademais do que j se

    disse, acrescentamos que possvel perceber tambm um certo desarranjo entre as foras

    organizadas da direita. Se alguns editoriais do Estado de S.Paulo e da Folha de

    S.Paulo sugeriram convocaes golpistas, pode-se perceber, tambm sinais de medo da

    violncia e de perda de se controle. O acrscimo de noticirio sobre os conflitos e vandalismo

    se v tambm nos meios televisivos.

    Por outro lado, no parece que para o Capital a derrubada do governo fosse uma alternativa

    desejvel, uma vez que sairia de um modelo que lhe permite a garantia de todos os lucros e

    seu crescimento, em troca do ingresso numa situao de grande instabilidade.

    Donde podemos resumir afirmando que as manifestaes mostraram que a disposio

    oposicionista da classe mdia aprofunda-se para a direita, mas que essa mesma classe mdia

    se expressa desorganizadamente. Havendo, assim, um caldo de cultura para foras golpistas,

    esse mesmo caldo de cultura traz em si elementos que dificultam uma ao organizada nesse

    sentido.

    Concluso

    Na dcada de 50 e ainda antes de 1964, a esquerda brasileira reconstituiu um sebastianismo

    prprio em torno da imagem do conflito entre pobres e ricos, vislumbrando o dia em que os de

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    baixo da ordem social, localizados nas alturas geogrficas do Rio de Janeiro, fariam o assalto

    ao poder: Mas, olhem bem, vocs: quando derem vez ao morro, toda cidade vai cantar!.

    Ainda que as anlises mais consistentes apontem a inapetncia do subproletariado para o

    conflito social, a possibilidade de v-lo convertido em proletariado, aps 10 anos de lulismo

    pode, verdade, permitir enxerg-lo na Avenida Paulista. Trata-se, porm, de saber se

    naquele espao ele estaria se vendo ao lado ou contra essa classe mdia que por ora dali se

    adonou.

    Para a esquerda como para a direita, a viso do subproletariado como um novo proletariado

    pode povoar sonhos e pesadelos.

    BIBLIOGRAFIA

    DATAFOLHA. Maioria dos manifestantes em SP usa transporte pblico, diz Datafolha.Disponvel em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1299800-onibus-e-metro-sa...,

    acesso em 23 de junho de 2013.

    POCHMANN, Mrcio. Nova classe mdia? O trabalho na base da pirmide social brasileira.

    So Paulo: Boitempo, 2012.

    SINGER, Andr Vitor. Os sentidos do Lulismo. Reforma gradual e pacto conservador. So

    Paulo: Companhia das Letras, 2012.

    SINGER, Andr Vitor. Esquerda ou Direita? Disponvel emhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2013/06/1299454-esquerd..., acesso em 23

    de junho de 2013.

    [1] A definio de esquerda e direita sempre assunto merecedor de exames aprofundados.

    Dadas as condies deste trabalho limite de espao, de tempo, e o fato de estar redigindo

    no meio da floresta -, optamos por seguir a lio de BOBBIO e valer-nos da adeso busca

    da realizao da igualdade como parmetro definidor da diferena entre esquerda e direita,

    aquela com sinal positivo, esta com sinal negativo.

    [2] Nota da CNBB fala: declaramos nossa solidariedade e apoio s manifestaes, desde que

    pacficas, que tm levado s ruas gente de todas as idades, sobretudo os jovens. Trata-se de

    um fenmeno que envolve o povo brasileiro e o desperta para uma nova conscincia; Nota do

    PCB: Por todo o pas, centenas de milhares de pessoas, em sua maioria jovens, vm

    ocupando as ruas; Nota da Refundao Comunista: Todavia, a juventude, os trabalhadores

    e todo o povo brasileiro se mostram indignados e demonstram extraordinria capacidade

    combativa.; Carta Aberta dos Movimentos Sociais: As recentes mobilizaes so

    protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de

    mobilizaes.

    http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1299800-onibus-e-metro-sao-os-transportes-mais-utilizados-por-manifestantes-em-sp.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2013/06/1299454-esquerda-ou-direita.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2013/06/1299454-esquerda-ou-direita.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1299800-onibus-e-metro-sao-os-transportes-mais-utilizados-por-manifestantes-em-sp.shtml
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    [3] O trabalho de SINGER est voltado primordialmente para anlise do comportamento

    eleitoral. Desse modo, valer-nos dele para anlise de manifestaes de massas em situaes

    no eleitorais pode, evidentemente, ser inadequado. Julgamos, porm, que seu aporte sobre o

    conhecimento e posicionamentos do subproletariado e da classe mdia ajudam a entender

    como participam (ou no) do atual processo.

    [4] At 5 sm. de renda familiar, grosso modo, SINGER (2012, P. 42)

    [5] Uma dificuldade para o trabalho com dados de SINGER e POCHMANN reside no fato de

    aquele valer-se de renda familiar, e este de renda individual. Partindo de uma abordagem que

    considere a renda familiar constituda, em princpio, pela contribuio de dois trabalhadores,

    teramos de

    [6] SOUZA, Jess. Os batalhadores brasileiros, p. 23, apud SINGER 2012

    [7] Anote-se, para o exame da atual insurreio da classe mdia, uma medida mais de

    interesse da base da pirmide, a extenso s empregadas domsticas dos direitos trabalhistas

    reconhecidos aos demais trabalhadores.

    [8] Esses partidos embora adotando ou se dispondo a adotar uma teoria que os pe na defesa

    dos interesses do proletariado, esto fudamentalmente compostos de militantes de classe

    mdia. Tm, assim, a cabea nas estrelas enquanto os ps afundam na lama. Essa

    circunstncia gera sedues e descaminhos que no mor das vezes no so percebidos e so,

    pelo contrrio, justificados como a mais pura aplicao da teoria. O afastamento da anlise da

    situao concreta, da formao poltico-econmica-social em proveito do modo de produo

    parte disso, como as tendncias ao esquerdismo.

    [9] Possivelmente tenha sido o MST o nico movimento social a se diferenciar , aqui, por no

    assumir uma condio de movimento identitrio, nem reduzir suas demandas a similares de

    programas lulistas. Talvez tenha sido ele, por isso, o movimento social mais golpeado pelo

    lulismo com a rejeio de suas demandas.

    [10] Procuro aqui diferenciar movimentos sociais, aqueles cujas demandas tm, de algummodo, relao com a situao social das pessoas, como movimentos de sem-terra e sem-teto,

    daqueles movimentos que se destinam a afirmar ou proteger a identidade das pessoas, como

    movimentos feministas, pelo reconhecimento e proteo da diversidade sexual, de indgenas e

    quilombolas.

    [11] Como outros exemplos, podemos lembrar as bandeiras por reduo da maioridade penal,

    exigncia de maior atividade policial, por exemplo.

    [12] Um fato que no restou mensurado o da participao dos estudantes universitrios

    prounistas.

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    [13] Indicativo disso se tem em pesquisa do Datafolha publica na Folha de S. Paulo do dia 23

    de junho de 2012 em que, ao indagar-se sobre a continuidade das manifestaes na sexta-

    feira, dia 21, 66% se pronunciaram pela continuidade dos protestos e 34% contra: O apoio

    est entre os mais escolarizados, aqueles com renda mensal de cinco a dez salrios mnimos e

    entre os mais ricos. Contra esto principalmente os mais velhos e os que tm renda at dois

    salrios mnimos.Folha de S. Paulo, 23 de junho de 2013, Cotidiano 1, p.1.

    Esses resultados constituem tambm uma confirmao mais da concluso de SINGER sobre a

    rejeio do conflito pelo setor de mais baixa renda da sociedade. Quanto a essas

    manifestaes especificamente, porm, SINGER v nelas a presena do novo proletariado, ex-

    integrantes do sub-proletariado favorecidos com uma ascenso social: Se o estopim foi aceso

    pela classe mdia, o novo proletariado, forjado na dcada do lulismo, entrou nas avenidas,

    dando um colorido indito s marchas reivindicatrias. (SINGER (2013-A).

    Mas pesquisa realizada to somente entre participantes da maior das manifestaes havidas

    em So Paulo, a do dia 20 de junho, aps a reduo da tarifa do transporte pblico no permite

    localizar esse novo proletariado. Ouvidos pelo Datafolha 551 entrevistados, a pesquisa com

    margem de erro de 4% indicou que a maioria dos manifestantes tinha entre 21 e 35 anos

    (63%), e ensino superior (78%).

    [14] Perceba-se que no caso tornado pela mdia emblemtico da corrupo no Brasil o do

    mensalo -, no h a figura do corruptor que prov o dinheiro. Tratar-se-ia de caso de

    corrupo em que membros de um partido, com dinheiro do partido, corromperiam membros do

    prprio partido e de outros para votar matrias de interesse de seus partidos.

    [15] Lembremos que a luta contra a corrupo j era bandeira da classe mdia ao tempo da

    UDN.

    [16] Com a possvel exceo dos saques que teriam envolvido moradores de rua, durante a

    manifestao da tera-feira, 18/06.

    [17] Considero a hiptese, dado o fato da incorporao do setor jovem dessa classe mdia que

    tambm tenha ocorrido a identificao da abertura de uma janela histrica para a participao,

    para mudar o Brasil. Esses jovens lem e ouvem falar das lutas de seus avs contra a ditadura,

    de seus pais, entre os caras-pintadas. Podem ter visto agora a oportunidade e ouvido o

    chamado para ocupar seu lugar nas ruas. Que essa participao fosse desorganizada e

    individual, pode resultar do fato de que a janela que se abre se abre na tela do computador,

    que o chamado que se ouve no permite a organizao.

    [18] Um elemento episdico: Em 1968, milhares de pessoas foram s ruas em manifestaes

    contra a ditadura. Quando, em 1992, desatou-se o processo do impeachment de Collor, a TVGlobo levava ao ar, com grande sucesso, a srie Anos Rebeldes, que glamourizava a luta

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    contra a ditadura, inclusive a Passeata dos Cem Mil. Agora, coincidentemente, o canal Viva,

    dedicado a reapresentaes de programas de sucesso da Globo, exibia (segue exibindo) a

    mesma srie Anos Rebeldes. Teria esse fato ajudado a motivar os jovens de classe mdia a

    buscar um lugar na histria?

    [19] Diferente disso pensa SINGER (2013-A), para quem uma ausncia de direo unificada

    permitiu a diversidade de ideologias opostas nas manifestaes: O saudvel mpeto

    antivertical tem como contrapartida a falta de direo unificada. Ao no se delimitar com

    clareza o que cabia e o que no cabia nas manifestaes, elas comearam a agregar um

    pouco de tudo, at mesmo ideologias opostas, como ficou claro na briga entre direita e

    esquerda que marcou a comemorao da vitria na av. Paulista anteontem.

    [20] Somente na convocatria para a 7 manifestao, a ltima proposta pelo MPL, Jos Maria

    de Almeida, do PSTU, marcou posio nesse sentido: Ainda ontem part icipei de uma reunioonde ouvi crticas possibilidade de a juventude do PT participar das manifestaes com suas

    bandeiras. Penso o contrrio. Que bom que a juventude do PT quer somar-se a luta pela

    reduo da tarifa, agora, da reduo do preo da passagem e pelas demais demandas do povo

    que est nas ruas. Alguns podem dizer que trata-se de uma contradio, pois o governo do

    PT. Eu diria que uma boa contradio. Quanto mais gente do PT estiver nas ruas lutando,

    menos fora tero os governo do PT para fazer o que esto fazendo contra o povo, e isso, de

    alguma forma vai levar a uma superao desta contradio. Que venham ento as bandeiras

    do PT para somar-se luta pelas reivindicaes dos trabalhadores e da juventude brasileira.

    [21] Retomem-se aqui os dados fornecidos pelas pesquisas do Datafolha, apontando a

    participao amplamente majoritria quase exclusiva da classe mdia tradicional.

    [22] H tempos vimos sendo advertidos sobre denncias que apontam o AVAAZ como uma

    organizao a servio da CIA, que j promoveu o apoio interveno na Lbia e atualmente na

    Sria, e agora no Brasil.