Manoel de Barros

7/17/2019 Manoel de Barros

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Manoel de Barros (2007)

(Entrevista copiada do Blog Estação da Palavra)

A Revista Leituras é uma pulicação da !ecretaria de Educação B"sica do

#inistério da Educação $inanciada por um pro%eto da &'E!* !eu o%etivo éincentivar a compet+ncia leitora no amiente escolar* A revista n,mero 2-ano../ demarço de 2007/ troue uma entrevista com o poeta #anoel de Barros* Eis a entrevista1

uando o !r* omeçou a escrever poesia3#anoel1 Pra não mentir eu ac4o 5ue não sei* om de6 anos arreentou uma

rotoe%a* om 2 anos outra* om 8 outras* A data pode ser escol4ida* #as penso 5ueescrever mesmo na certe6a de 5ue $a6ia literatura $oi aos 8 anos*

#anoel de Barros s9 $oi recon4ecido como um grande poeta depois dos 70 anosde idade/ mesmo tendo pulicado seu primeiro livro/ Poemas concebidos sem pecado/

em :87* omo é para um escritor esperar tanto tempo pelo recon4ecimento de sua produção3 poeta precisa ser um pouco teimoso3

Puli5uei meu primeiro livro aos : anos* 'inguém me viu/ puli5uei aos 22/aos 2;/ aos 70 e ninguém me viu* #e acostumei com o sil+ncio* Eu sou con$ormadocomo um sapo*

!9 em ::: é 5ue o !r* Lançou livros para crianças1 Exercícios de ser criança*<" di$erença em escrever para adultos e para crianças3

Ac4o 5ue a palavra tem 5ue c4egar ao grau de rin5uedo para ser séria* 'esse primeiro livro in$antil talve6 eu ten4a aproveitado mel4or a inoc+ncia das palavras*

ue poetas ou escritores $oram essenciais para a sua $ormação3 uais os livros5ue o !r* gosta de reler3

Ainda no olégio !ão =osé/ interno/ eu li toda a literatura 5uin4entista portuguesa* Ria muito com >il ?icente e tive vontade de ser >il ?icente* @epois mederam ?ieira/ ?ieira lison%eava as palavras mais 5ue a sua doutrina* Até 4o%e gosto deler os 5uin4entistas portugueses*

poeta E6ra Pound a$irma 5ue 4" tr+s grandes procedimentos "sicos dalinguagem poética1 a 5ue eplora a m,sica/ a imagem e a ideia* !r* concorda com estaa$irmação3 !e sim/ de 5uais procedimentos sua ora mais se aproima3

en4o em mim uma certe6a* Esta1 o 5ue marca a eternidade de um artista é a sualinguagem e não as suas ideias* 'ão suprimo as ideias/ mas ac4o 5ue em poesia elas sãoo acess9rio* 'ão são $undamentais* A imagem e a m,sica são $undamentais* Poesia éarmação de palavras com um canto dentro* A armação de palavras não seria para darideias/ mas para transmitir encantamento*

'o soneto A um poeta/ lavo Bilac re$ere-se ao traal4o do poeta de modo asugerir uma penosa atividade de reescrita* sen4or tamém traal4a e teima/ e lima/ eso$re/ e suaC a cada poema3

Ac4o 5ue todo artista leva essa dor* A usca da per$eição é uma dor incur"vel*Por5ue a per$eição $oge sempre de 5uem a procura* uando o artista pensa 5ue atingiu o

milagre estético/ logo vai ver 5ue não atingiu*



om nasceu o amor pela poesia3 A escola teve algum papel nisso3!aemos todos 5ue poesia não se aprende na escola* Ac4o 5ue é um dom 5ue se

vai mostrando devagar* utros ac4am 5ue poesia não é um dom D é uma dis$unçãocereral* conse5u+ncia de um para$uso a mais ou a menos na caeça* Por5uedespraticar as normas é virtude em poesia*

uais suas principais lemranças do perFodo escolar3 <ouve algum (a) pro$essor(a) decisivo para sua carreira3

Gui aluno interno do colégio !ão =osé do Rio de =aneiro* <avia l" um padre 5ue$icou meu amigo e me mostrou e me indicou de literatura verdadeira/ livros $eitos comaplicação e vontade estética* @escori meu gosto liter"rio lendo tais livros*

ue consel4os daria a um pro$esso 5ue l4e perguntasse como despertar o gosto pela poesia em seus alunos3

Acredito no incentivo H leitura de ons livros* 'ão sei dar consel4os* 'a min4a pe5uena cidade 4avia um personagem de rua 5ue sempre repetia esta $rase1 uem não

ouve coseio/ conseio ouve eleC*

!r* %" a$irmou 5ue se aproimou do escritor >uimarães Rosa como se seaproimasse de um mito* Goi sua in$lu+ncia liter"ria mais marcante3 !r* conseguiriaselecionar uma $rase de >uimarães Rosa 5ue gostaria de ter escrito3

Eu aprendera antes com ?ieira 5ue literatura é linguagem* Ac4ei esse mistériono Rosa* Ele acrescentou esta $rase na nossa conversa1 Escrever é renascerC* Gi5ueicom essa $rase na min4a vida*

!r* escreve regularmente/ todos os dias3 em alguma rotina para escrever3Escrevo/ leio/ pes5uiso palavras das 7 4oras até 4oras* Pode ser 5ue escreva

alguma coisa tamém*

grande reposit9rio de sua ora se encontra nas recordaçIes de in$Jncia3 u o5ue aconteceu ontem pode ser o%eto de poesia tamém3

udo pode ser o%eto de poesia/ mas no meu caso as percepçIes da in$Jnciacostumam entrar no poema e até comandar*

!r* disse ter gostado muito de receer/ recentemente/ o Pr+mio 'estlé deLiteratura por5ue/ além de din4eiro/ ter" um edição especial 5ue ser" distriuFda para

iliotecas e escolas de todo o paFsC* !r* costuma receer cartas ou outras

mani$estaçIes de seus leitores3Recei alguns telegramas de amigos me cumprimentando pelo pr+mio* Pre6omuito o Pr+mio 'estlé por5ue sei 5ue a escol4a do livro é $eita por intelectuais damel4or 5ualidade*

cen"rio e as gentes do Pantanal estão muito presentes na sua ora* Atualmenteo !r* reside em ampo >rande* Aindamantém contato permanente com o amiente

pantaneiro ou dele se vale mais por mem9ria3 @" pra imaginar um #anoel de Barroslonge do Pantanal3

'ão ten4o mais $re5uentado as terras e as "guas do Pantanal* #as sei 5uemin4as palavras são nutridas e $ertili6adas pelo c4ão/ pelas "guas e pela nature6a

pantaneira*



ue livros o !r* pretende ler nos pr9imos meses3en4o lido muito pouco nestes ,ltimos anos* Ando relendo mais* =" escrevi 5ue

o livro mais novo 5ue ten4o lido é o ?el4o estamento*

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