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Sistema de Normalização Contabilistica CONFORTURIS POPH FMC SNC / S.M. Feira / 2012 Página 1 de 76 Formador/a: Sandra Rodrigues Módulo: Sistema de Normalização Contabilística Modalidade: Formações Modulares Certificadas Área de Formação: 344 Contabilidade 344032 Técnico /a de Contabilidade Notas Manual de Apoio Carga Horária 25 Horas

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS POPH FMC SNC / S.M. Feira / 2012 Página 1 de 76

Formador/a:

Sandra Rodrigues

Módulo:

Sistema de Normalização

Contabilística

Modalidade:

Formações Modulares

Certificadas

Área de Formação:

344 – Contabilidade

344032 – Técnico/a de

Contabilidade

Notas

Manual de Apoio

Carga Horária

25 Horas

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 2 de 76

Notas

O presente manual destina-se a apoiar a formação presencial do módulo “Sistema de

Normalização Contabilística” (SNC), inserido no ciclo de Formações Modelares Certificadas

da Área de Formação 344- Contabilidade-de Técnico/a de Contabilidade – Nível de

Qualificação do QNQ: 4.

Este manual está estruturado tendo por base o Conteúdo Programático do módulo. Assim,

inicia-se por uma abordagem genérica à normalização contabilística e à relação entre as

empresas e os profissionais de contabilidade.

O ponto 2 procura explicitar como está organizado o SNC ou seja, quais os instrumentos

que compõem o SNC, nomeadamente: as Bases para a Apresentação de Demonstrações

Financeiras, os Modelos de Demonstrações, Código de Contas, Normas Contabilísticas de

Relato Financeiro, Norma Normas Contabilísticas de Relato Financeiro para Pequenas

Empresas as Normas Interpretativas.

No ponto 3 reserva-se para o estudo da Estrutura Conceptual que foi proposta pela

Comissão de Normalização Contabilística como elemento estruturante do SNC. Neste

ponto são apresentadas a finalidade e tipificados os utentes e as suas necessidades das

demonstrações financeiras. Também são apresentados os objetivos, as características

qualitativas, os elementos das demonstrações financeiras, os critérios de reconhecimento

e de mensuração desses elementos e os conceitos de capital e de manutenção de capital.

A estrutura conceptual assegura a consistência e a logica de formulação das normas.

Algumas fontes de pesquisa encontram-se expressas nas Referências Bibliográficas que

acompanham este manual, mas as matérias deste tema, não se esgotam nelas.

As práticas formativas adotadas, devem, neste contexto, conduzir ao desenvolvimento de

competências profissionais, mas também pessoais e sociais, designadamente através de

métodos participativos que posicionem os formando no centro do processo de ensino-

aprendizagem e fomentem a motivação para apreender os conteúdos. Neste âmbito serão

privilegiados os métodos ativos, que permitem reforças o envolvimento dos formandos, a

autorreflexão sobre o processo de aprendizagem, partindo da partilha de pontos de vista e

de experiências do grupo. A dinamização de atividades didáticas será baseada em

demonstrações diretas e indiretas, dinâmica de grupo e resolução e discussão de

problemas em concreto

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas O contexto contabilístico

Normalização

Justo valor – credibilidade

As empresas e os profissionais da contabilidade

Organização formal do SNC

Bases para a Apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF)

Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF) ( Anexo com

compilação das divulgações exigidas pelas NCRF’s)

Código de Contas (CC) (com Quadro Síntese e das Notas de

Enquadramento)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)

Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades

(NCRF-PE)

Normas Interpretativas (NI)

Estrutura Conceptual

Finalidade das DF

Utentes e necessidades de informação

Objetivos das DF

Características qualitativas

Mensuração dos elementos das DF

Capital e Manutenção de capital

Conceitos contabilísticos

Património

Inventário

ÍNDICE GERAL

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Notas 1. Contexto contabilístico ........................................................................... 7

1.1 Normalização ...................................................................................... 7

1.2 Justo Valor - Credibilidade .................................................................... 10

1.3 As empresas e os profissionais da contabilidade ......................................... 11

2. Organização formal do SNC .................................................................. 12

2.1 Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras ............................. 12

2.1.1 Âmbito, finalidade e componentes ........................................................ 12

2.1.2 Princípios orientadores ....................................................................... 12

2.2. Modelos de Demonstrações Financeiras ................................................... 14

2.2.1 Balanço .......................................................................................... 16

2.2.1.1 Conceito de Património ................................................................. 26

2.2.1.2 Conceito de Inventário .................................................................. 26

2.2.2 Demonstração dos Resultados ............................................................. 26

2.2.3 Demonstração nas Alterações dos Capitais Próprios .................................. 33

2.2.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa ....................................................... 38

2.2.5 Anexo ............................................................................................ 43

2.3 Código de Contas ................................................................................ 45

2.4 Norma Contabilística de Relato Financeiro (NCRF) e Normas Interpretativas (NI) 56

2.5 Norma Contabilística de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE) . 58

3. Estrutura Conceptual ........................................................................... 60

3.1 Finalidade da Estrutura Conceptual ......................................................... 60

3.2 Utentes e Necessidades de Informação .................................................... 61

3.3 Objetivo das Demonstrações Financeiras .................................................. 62

3.4 Características qualitativas da informação das Demonstrações Financeiras ........ 64

3.4.1 Compreensibilidade ........................................................................... 64

3.4.2 Comparabilidade .............................................................................. 65

3.4.3 Relevância ...................................................................................... 66

3.4.4 Fiabilidade ...................................................................................... 67

3.4.5 Constrangimentos à informação relevante e fiável .................................... 70

3.5 Mensuração dos Elementos das Demonstrações Financeiras .......................... 72

3.6 Capital e Manutenção de Capital ............................................................ 73

4. Referências Bibliográficas ..................................................................... 75

5. Anexos ............................................................................................ 76

ÍNDICE DE FIGURAS

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Notas

Figura 1. Organização Formal do SNC ..................................................................... 12

Figura 2. Modelos de Demonstrações Financeiras .................................................... 16

Figura 3. Classificação de ativos e passivos no Balanço ............................................ 17

Figura 4. Balanço .................................................................................................... 24

Figura 5. Balanço (Modelo Reduzido) ...................................................................... 25

Figura 6. Demonstração dos Resultados por Naturezas ............................................ 30

Figura 7. Demonstração dos Resultados por Funções............................................... 31

Figura 8. Demonstração dos Resultados por Naturezas (Modelo Reduzido) ............... 32

Figura 9. Demonstração dos Resultados por Funções (Modelo Reduzido) ................. 32

Figura 10. Demonstração nas Alterações no Capitais Próprios no Período N-1 ............ 36

Figura 11. Demonstração nas Alterações no Capitais Próprios no Período N ............... 37

Figura 12. Demonstração de Fluxos de Caixa ............................................................ 42

Figura 13. Quadro Síntese de Contas ........................................................................ 45

Figura 14. Normas Contabilísticas de Relato Financeiro .............................................. 57

Figura 15. Objetivos das Demonstrações Financeiras e suas componentes ................. 62

Figura 16. Características qualitativas e restrições para o SNC ................................... 71

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Notas ABREVIATURAS

BADF – Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras

CC – Código de Contas

CE – Comunidade Europeia

CNC – Comissão de Normalização Contabilística

DC – Diretriz Contabilística

DR – Diário da Republica

IASB - International Accounting Standard Board

MDF – Modelos de Demonstrações Financeiras

NIC/IAS – Normas Internacionais de Contabilidade/International Accounting Standard

NIRF/IFRS – Normas Internacionais de Relato Financeiros/International Financial

Reporting Standard

NCRF – Norma Contabilística de Relato Financeiro

NI – Normas Interpretativas

NCRF-PE – Norma Contabilística de Relato Financeiro para Pequenas Entidade

EU – União Europeia

SNC – Sistema de normalização contabilística

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Notas

1. CONTEXTO CONTABILÍSTICO

1.1 NORMALIZAÇÃO

A normalização contabilística em Portugal está dividida por cinco entidades:

1. Banco de Portugal – regula as instituições financeiras;

2. Instituto de Seguros de Portugal – regula as empresas seguradoras;

3. Comissão de Normalização Contabilística (CNC) – regula as empresas

comerciais e indústrias e outras entidades;

4. Comissão de Normalização Contabilística da Administração Pública – regula

as entidades do sector público administrativo;

5. Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – pode estabelecer normas

contabilísticas específicas para as entidades com valores negociados em

bolsa, embora sujeita a audição prévia das demais entidades

normalizadoras.

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) tem por base as Normas

Internacionais de Contabilidade/International Accounting Standard (NIC/IAS) e é um

sistema contabilístico com base em princípios e não tanto em regras explícitas, tendo

como objetivos:

Aumentar a relevância da informação financeira, com as divulgações

alargadas, o que proporciona informação mais transparente. Esta informação

transparente poderá trazer benefícios para a entidade decorrentes de maior

confiança dos utentes das contas (por exemplo: redução de spread, maior

propensão para investir, etc.);

Aumentar a comparabilidade da informação financeira.

Na origem do SNC está a necessidade de alinhamento da contabilidade

portuguesa com as NIC, o que irá proporcionar os seguintes benefícios, tais como:

Maior utilidade da contabilidade, uma vez que estará mais alinhada com

critérios de gestão;

Existirá um maior afastamento relativamente à fiscalidade, a qual deixa de

determinar as regras contabilísticas;

Eliminação de barreiras na compreensão e interpretação de demonstrações

financeiras preparadas de acordo com critérios contabilísticos desajustados e

favorecem a comparabilidade.

O SNC pretende assegurar coerência e consistência dos normativos contabilísticos

aplicáveis aos vários tipos de entidades a operar em Portugal:

Entidades com valores mobiliários cotadas;

Entidades de menor dimensão;

Outras entidades que relatam

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Assim, está prevista uma organização do relato financeiro em três níveis:

1) IAS/IFRS tal como adotadas na União Europeia, nos termos do Regulamento

(CE) n.º 1606/2002 (art.º. 3.º e 4.º):

Aplicação obrigatória (demonstrações financeiras consolidadas) para

todas as entidades com valores mobiliários cotados; e

Opção de aplicação (demonstrações financeiras individuais) para as

entidades com valores mobiliários cotados que preparam

demonstrações financeiras consolidadas;

Opção de aplicação (demonstrações financeiras individuais e

consolidadas) para outras entidades que apresentam

demonstrações financeiras consolidadas;

Opção de aplicação (demonstrações financeiras individuais) para as

subsidiárias de entidades que aplicam as IFRS nas suas

demonstrações financeiras consolidadas, desde que sujeitas a

Certificação Legal de Contas.

2) Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRD) e Normas

Interpretativas (NI), previstas no âmbito do SNC (art.º 5.º e 6.º) – aplicação

a todas as entidades que relatam e que:

Não sejam obrigadas à aplicação das IFRS

Não optem pela aplicação das IFRS

Não optem pela aplicação da NCRF-PE

3) Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Empresas

(NCRF-PE), previstas no âmbito do SNC (art.º 8.º) – opção de aplicação por

parte de entidades que:

Não ultrapassem dois dos três limites seguintes;

- Total do balanço:1.500.000€

- Total dos rendimentos:3.000.000€

- Número médio de trabalhadores durante o exercício:501

Não apresentem demonstrações financeiras consolidadas;

Não sejam subsidiárias de entidades que apresentem

demonstrações financeiras consolidadas;

Não sejam obrigadas e não optem pela aplicação das IFRS;

Não tenham as suas demonstrações financeiras, por razões legais

ou estatuárias, sujeitas a Certificação Legal das Contas.

O SNC é composto pelos seguintes elementos:

1. Estrutura conceptual (EC) – Conjunto de conceitos contabilísticos

estruturantes que “regulam” todo o sistema;

1 Lei 20/2010

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 2. Bases para a apresentação de demonstrações financeiras (BADF) –

Regras sobre o que constitui e a que princípios essenciais devem

obedecer um conjunto completo de demonstrações financeiras;

3. Modelos de demonstrações financeiras (MDF) – Formatos padronizados

para o balanço, demonstrações dos resultados (por naturezas e por

funções), demonstração de alterações no capital próprio e

demonstrações dos fluxos de caixa, assim como um modelo orientador

para o anexo;

4. Código de contas (CC) – Estrutura codificada e uniforme de contas;

5. Normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF) e Normas

Interpretativas (NI):

Normas e interpretações adaptadas a partir das IFRS adotadas

pela UE;

Instrumento de normalização onde são prescritos os vários

tratamentos técnicos a adotar ao nível do reconhecimento,

mensuração, apresentação e divulgação;

6. Norma contabilística e de relato financeiro para pequenas entidades –

(NCRF-PE) – Norma que de forma unitária e simplificada, comtempla os

tratamentos de reconhecimento, mensuração, apresentação e

divulgação que, de entre os consagrados nas NCRF, são considerados

como os pertinentes e os mínimos a ser adotados por entidades de

menor dimensão.

As 28 NCRF propostas pelo SNC constituem o seu núcleo e seguem de perto as

disposições internacionais, baseando-se em quatro pilares:

1. Reconhecimento - definição de regras que determinam o registo

contabilístico de factos e transações que afetam a composição e os

valores do balanço e da demonstração dos resultados;

2. Mensuração - quanto e como se mede, em unidades monetárias, o valor

a ser objeto do reconhecimento, ou seja, como se irão determinar as

quantias que irão afetar os ativos e passivos no balanço e os

rendimentos e gastos na demonstração dos resultados;

3. Apresentação - em que parte, em que rúbricas, com que detalhe ou em

que agregação, quais e sob que formas devem ser publicadas as

respetivas informações nas demonstrações financeiras;

4. Divulgação - respeita a quais as notas de teor qualitativo ou

quantitativo, de desenvolvimento, de explicação, de fundamentação, de

discriminação, de complemento informativo para os stakeholders das

demonstrações financeiras.

O reconhecimento, a apresentação e a divulgação são inerentes a todas as NRCF,

no entanto, o mesmo não se passa em relação às bases de mensuração usadas na

preparação das demonstrações financeiras, onde se identificam três exceções: NCRF 2 –

Demonstração de fluxos de caixa; NCRF 5 – Divulgação de partes relacionadas, e a NCRF

22 – Contabilização dos subsídios do Governos e divulgação de apoios do Governo).

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 1.2 JUSTO VALOR - CREDIBILIDADE

A definição de Justo Valor proposta pela CNC no âmbito do SNC não é um

conceito novo. Este conceito foi consagrado, pela primeira vez, no nosso normativo

contabilístico através da Diretriz Contabilística n.º 1 (DC 1), de 8 de Agosto de 1991, com

o título de “Tratamento Contabilístico de Concentrações de Atividades empresariais”, cujo

item 3.2.3 determina:

Justo valor é a quantia pela qual um bem (ou serviço) poderia ser trocado, entre uma comprador conhecedor e interessado e um vendedor nas mesmas condições, numa transacção ao seu alcance”

Em 1993, foi publicada a Diretriz Contabilística n.º 13 (DC 13), intitulada de

“Conceito de Justo Valor”, a qual determina regras para a sua aplicação a diversas

rubricas do ativo e do passivo.

Assim, este é um conceito que foi “importado” das NIC, as quais já constituíram a

base de elaboração de um número significativo das 29 DC publicadas e que foram

sucedidas pelas NRCF. Com a implementação do SNC, este conceito ganha uma nova

força, pois estas normas alargam a sua aplicação. De acordo com o §98 da EC (2009),

Justo Valor é:

Quantia pela qual um activo poderia ser trocado ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e disposta a isso, numa transacção em que não exista relacionamento entre elas.

As NIC(IAS)/NIRF(IFRS) e as NCRF permitiram algumas práticas contabilísticas

suscetíveis de subjetividade e volatilidade, as quais não dão credibilidade à contabilidade,

muito menos, aos seus utentes. Por exemplo, o Justo Valor tem sido um dos “culpados”

da crise financeira internacional, pois os escândalos financeiros conhecidos tem derivado

da utilização de critérios subjetivos, baseados em expectativas otimistas, que

inflacionaram artificialmente os ativos, os resultados e os capitais próprios das empresas

e, consequentemente, as ações e o mercado de capitais, nomeadamente através da

aplicação do Justo Valor aos instrumentos financeiros derivados.

Se são as próprias normas que permitem tal relevação contabilística, pode-se

dizer que é a própria contabilidade que as põe em causa.

Coloca-se a questão: Não será preferível manter a “mensuração contabilística ao

custo histórico” (mais fiável e prudente) e dar informações sobre o Justo Valor, não no

balanço nem na demonstração dos resultados, mas apenas fazer a sua divulgação no

anexo ao balanço e à demonstração dos resultados? É neste contexto que a problemática

do valor, ou da valorimetria (medição, mensuração) em contabilidade sempre foi e

continuara a ser um dos principais aspetos conceptuais da contabilidade.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 1.3 AS EMPRESAS E OS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE

Os profissionais em Portugal no âmbito da contabilidade dividem-se em dois

grupos, de acordo com a sua qualificação académica e/ou pela Classificação Nacional de

Profissões (CNP)2. Quanto à qualificação académica:

Técnico-profissional - habilitado pelas escolas secundárias, escolas profissionais e

centros de formação profissional do Instituto de Emprego e Formação

Profissional (IEFP). O detentor do curso Tecnológico de Administração, que tinha

como primitiva designação «empregado(a) de escritório», pode optar pela área

específica de contabilidade e gestão, a qual dá a possibilidade de exercer as

profissões de técnico de contabilidade, técnico de contabilidade e gestão, entre

outras.

Superior - habilitado pelas instituições do ensino superior (faculdades e institutos

politécnicos) da alçada do Ministério da Educação. O licenciado em Contabilidade

tem um vasto leque de profissões, sendo as mais representativas: TOC, mediante

condições definidas pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC);

contabilista; diretor administrativo e financeiro; auditor interno e externo;

planeamento e controlo de gestão (controller); quadro superior de administração

pública; quadro de instituições

Os profissionais que não possuam a cédula de TOC só poderão efetuar

contabilidades de entidades que se encontram no regime fiscal simplificado, e com

contabilidade não organizada.

O desempenho do atual contabilista (TOC) é insuficiente para as necessidades e

desafios que se deparam às micro e pequenas empresas. Faz sentido que se exija que o

profissional de contabilidade seja um elemento pró-ativo e integrado na competitividade

das organizações frente ao mercado globalizado. Terá de estar sempre recetivo à

aprendizagem contínua, tendo por missão cultural de receber, processar e difundir

informações, mas não apenas históricas. Prioritariamente, terá de desenvolver uma forte

capacidade de diagnóstico, não se podendo cingir apenas à visão de uma contabilidade

limitada às paredes da empresa, ao limite geográfico onde ela está implantada ou ao

espartilho do cumprimento da responsabilidade e regularidade

2 CNP no sítio: http://cdp.portodigital.pt/profissoes/classificacao-nacional-das-profissoes-cnp/especialistas-das-

ciencias-fisicas-matematicas-e-engenharia/.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas

2. ORGANIZAÇÃO FORMAL DO SNC

Conforme já referido, o SNC configura um modelo de normalização baseado mais

em princípios do que em regras explicitas e que se pretende em sintonia com as Normas

Internacionais de Contabilidade emitidas pelo International Accounting Standards Board

(IASB) a adotadas pela União Europeia (EU), bem como coerente com a Diretiva n.º

78/660/CEE do Conselho, de 25 de Julho de 1978 (Quarta Diretiva), e a Diretiva n.º

83/349/CEE do Conselho, de 13 de Junho de 1983 (Sétima Diretiva), que constituem os

principais instrumentos de harmonização do domínio contabilístico na UE. Tal coerência

encontra-se garantida, uma vez que o processo de adoção na UE das normas

internacionais de contabilidade implica o respeito pelos critérios estabelecidos no n.º 2 do

art.º 3 do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19

de Julho.

Figura 1. ORGANIZAÇÃO FORMAL DO SNC

2.1 BASES PARA APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

2.1.1 ÂMBITO, FINALIDADE E COMPONENTES

As Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF) estabelecem

requisitos globais que permitem assegurar a comparabilidade, quer com as demonstrações

financeiras de períodos financeiros anteriores da entidade, quer com as demonstrações

financeiras de outras entidades. O reconhecimento, a mensuração, a divulgação e os

aspetos particulares de apresentação de transações específicas e outros acontecimentos

são tratados nas NCRF.

2.1.2 PRINCÍPIOS ORIENTADORES

As BADF definem os princípios orientadores que se devem seguir na preparação

da informação financeira, nomeadamente:

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 13 de 76

Notas a) Continuidade – as demonstrações financeiras devem ser preparadas no

pressuposto da entidade em continuidade, a menos que o órgão de

gesto pretenda liquidar a entidade ou cessa o negócio, ou que não

tenha alternativa realista a não ser adotar uma dessas alternativas.

Devem ser divulgadas as incertezas materiais relacionadas com

acontecimentos ou condições que possam lançar duvidas significativas

acerca da capacidade da entidade de prosseguir como uma entidade em

continuidade. Caso as demonstrações financeiras não sejam preparadas

com base no pressuposto de continuidade, esse facto deve ser

divulgado, juntamente com os fundamentos pelos quais as

demonstrações financeiras foram preparadas e a razão pela qual a

entidade não é considerada como estado em continuidade.

b) Regime do acréscimo (periodização económica) – as demonstrações

financeiras devem ser preparadas utilizando o regime contabilístico do

acréscimo, exceto para informações de fluxos de caixa. Na utilização do

regime contabilístico do acréscimo, os itens são reconhecidos como

ativos, passivos, capital próprio, rendimentos e gastos (os elementos

das demonstrações financeiras) quando satisfaçam as definições e os

critérios de reconhecimento para esses elementos contidos na estrutura

conceptual.

c) Consistência de apresentação – a apresentação e a classificação de itens

nas demonstrações financeiras de resultados devem ser mantidas de um

período para o outro, a menos que seja percetível, após uma alteração

significativa na natureza das operações da entidade ou uma revisão das

respetivas demonstrações financeiras que outra apresentação ou

classificação é mais apropriada, tendo em consideração os critérios para

seleção e aplicação de politicas contabilísticas contidas na NCRF

aplicável ou então, caso uma NCRF estabeleça uma alteração na

apresentação.

Uma entidade deverá alterar a apresentação das suas demonstrações

financeiras apenas se a apresentação alterada proporcionar informação

fiável e mais relevante para os utentes das demonstrações financeiras e

se for provável que a estrutura revista continue, de modo a que a

comparabilidade não seja prejudicada. Ao efetuar tais alterações na

apresentação, uma entidade reclassifica a sua informação comparativa

de acordo com a informação comparativa.

d) Materialidade e agregação – cada classe material de itens semelhantes

devem ser apresentadas separadamente nas demonstrações financeiras.

Os itens de natureza ou função dissemelhante devem ser apresentados

separadamente, a menos que sejam imateriais. Considera-se que as

omissões ou declarações incorretas de itens são material quando

podem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões económicas

das utentes tomadas com base nas demonstrações financeiras. A

materialidade depende da dimensão e da natureza da omissão ou do

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas erro, ajuizados nas circunstâncias que os rodeiam. A dimensão ou a

natureza do item, ou uma combinação de ambas, pode ser o fator

determinante.

e) Compensação – os ativos e passivos, e os rendimentos e gastos, não

devem ser compensados, exceto quando tal for exigido ou permitido por

uma NCRF. A compensação prejudica a capacidade dos utentes em

compreender as transações, outros acontecimentos e condições que

tenham ocorrido e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade.

Deduções de obsolência nos inventários e deduções de divida nas contas

a receber, não é considerado uma compensação

f) Informação comparativa – a menos que uma NCRF o permita ou exija

de outra forma, as demonstrações financeiras devem ser preparadas

com informação comparativa com respeito ao período anterior para

todas as quantias relatadas nas demonstrações financeiras. A

informação comparativa deve ser incluída para informação narrativa e

descritiva quando seja relevante para a compreensão das

demonstrações financeiras do período corrente.

Quando a apresentação e a classificação de itens nas demonstrações

financeiras sejam corrigidas, as quantias comparativas devem ser

reclassificadas, a menos que tal seja impraticável.

Quando as quantias comparativas sejam reclassificadas, uma entidade

deve divulgar a natureza da reclassificação, a quantia de cada item ou

classe de itens que tenha sido reclassificada e a razão para a

reclassificação.

Quando for impraticável reclassificar quantias comparativas, uma

entidade deve divulgar a razão para não as reclassificar e a natureza dos

ajustamentos que triam sido feitos se as quantias tivessem sido

reclassificadas.

2.2. MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Os MDF são publicados, através de Portaria do membro do Governo responsável

pela área das finanças, com a faculdade de delegar, os modelos para as seguintes

demonstrações financeiras, que constituem um conjunto completo de demonstrações

financeiras, de acordo com o art.º 11 do SNC e do §8 da EC (2009):

a) Balanço;

b) Demonstração de resultados (por natureza e por funções)

c) Demonstração das alterações no capital próprio;

d) Demonstração dos fluxos de caixa;

e) Anexo (divulgação nas bases de preparação e politicas contabilísticas

adotadas e divulgações exigidas pelas NCRF).

Ainda nos termos do n.º 2 do art.º 11 do SNC (2009), as pequenas entidades, a

que se refere o art.º 9 do mesmo diploma, são dispensadas de apresentar a

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas demonstração das alterações no capital próprio e as demonstrações dos fluxos de caixa,

podendo apresentar modelos reduzidos relativamente às restantes demonstrações

financeiras.

As demonstrações financeiras proporcionam informação de uma entidade acerca

de:

a) Ativos;

b) Passivos;

c) Capital próprio;

d) Rendimentos;

e) Gastos;

f) Fluxos de caixa; e

g) Outras alterações no capital próprio.

Esta informação, juntamente com outra incluída nas notas do anexo, ajuda os

utentes das demonstrações financeiras a prever os futuros fluxos de caixa da entidade e,

em particular, a sua tempestividade e certeza. Do ponto de vista contabilístico, as

demonstrações financeiras devem apresentar apropriadamente a:

a) Posição financeira

b) Desempenho financeiro

c) Fluxos de caixa

Isto significa que as demonstrações financeiras devem representar de forma

fidedigna os efeitos das transações, outros acontecimentos e condições de acordo com as

definições e critérios de reconhecimento para ativos, passivos, rendimentos e gastos

estabelecidos na EC. Uma apresentação apropriada exige que uma entidade:

a) Selecione e adote políticas contabilísticas de acordo com a NCRF aplicável;

b) Apresente a informação financeira, incluindo as políticas contabilísticas, de

uma forma que proporcione a disponibilização de informação relevante,

fiável, comparável e compreensível;

c) Proporcione divulgações adicionais quando o cumprimento dos requisitos

específicos contidos nas NCRF possa ser insuficiente para permitir a sua

compreensão pelos utentes.

Do ponto de vista financeiro, o analista terá sempre que preparar demonstrações

financeiras para satisfazer os objetivos de uma análise financeira, visto que esta análise

não é possível ser efetuada de acordo com o Regime do Acréscimo. Assim, as

demonstrações financeiras têm de ser adaptadas para possibilitar uma análise com base

nos fluxos de caixa e não no regime do acréscimo.

Os MDF são distintos para entidades que apliquem as NCFR e para as que

apliquem a NCRF-PE:

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 2. MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

(entidades que apliquem as NCRF)

Balanço

Demonstração dos resultados por natureza

Demonstração dos resultados por funções

Demonstração das alterações no capital próprio

Demonstração de fluxos de caixa

Anexo

MODELOS DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

(entidades que apliquem as NCRF-PE)

Balanço (modelo reduzido)

Demonstração dos resultados por natureza (modelo reduzido)

Demonstração dos resultados por funções

Anexo

Fonte: Elaboração própria

2.2.1 BALANÇO

O modelo adotado para o Balanço assume a forma vertical, identificando o ativo,

o capital próprio e o passivo.

Segundo uma perspetiva patrimonialista, o Balanço é classificado como um

quadro que evidência a situação patrimonial da entidade, ou seja, o conjunto de bens

direitos e obrigações que lhes estão afetos.

Existe uma relação fundamental que tem que se verificar obrigatoriamente no

balanço:

Ativo = Passivo + Capital Próprio

Esta expressão constitui o princípio básico da contabilidade, segundo o qual a

aquisição do património da empresa (Ativo) tem que ser financiado por capitais dos

sócios/acionistas (capital próprio) ou por capitais alheios (passivo).

De acordo com o §49 da EC define-se

Ativo como um recurso controlado pela entidade como resultado de

acontecimentos passados e do qual se espera que fluam para

entidade benefícios económicos futuros;

Passivo como uma obrigação presente da entidade proveniente de

acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera que

resulte um exfluxo de recurso da entidade incorporando benefícios

económicos;

Capital Próprio como o interesse residual nos ativos da entidade

depois de deduzir todos os seus passivos.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 17 de 76

Notas O Balanço apresenta uma classificação geral segundo o critério de distinção entre

os ativos e os passivos correntes e não correntes, definidos nos §10 a 13 da NCRF 1 e

devendo ser classificados como tal quando satisfizerem qualquer um dos critérios

constantes do §14 a §42 da mesma norma.

De acordo com o §14 NCRF 1, um ativo é classificado como ativo corrente se é

esperado que seja realizado, vendido ou consumido no decurso normal do ciclo

operacional da entidade, ou então, seja detido essencialmente para a finalidade de ser

negociado, ou que seja realizado num período de 12 meses após a data do balanço, ou

então é caixa ou equivalente a caixa, a não ser que lhe seja limitada a troca ou uso para

liquidar um passivo durante pelo menos 12 meses após a data do balanço.

Em relação à definição do ativo não corrente, a norma define por oposição do

que é corrente, ou seja, ativos tangíveis, intangíveis e financeiros cuja natureza seja de

longo prazo.

De acordo com o §17 NCRF 1, um passivo ativo é classificado como passivo

corrente se é esperado que sejam liquidados durante o ciclo operacional normal da

atividade, ou seja, detido essencialmente para a finalidade de ser negociado ou deva ser

liquidado num período até 12 meses após a data do balanço ou a entidade não tenha o

direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos 12 meses após

a data do balanço. O que determina serem classificados de corrente, ou não, é se são

parte do capital usado no ciclo operacional normal da entidade. De acordo com o §18 da

NCRF 1, os itens operacionais são classificados como passivos correntes, mesmo que

estejam para ser liquidados mais de 12 meses após a data de balanço. Outros passivos

correntes não são liquidados como parte do ciclo operacional, mas está prevista a sua

liquidação para um período até 12 meses após a data de balanço ou estão essencialmente

detidos para a finalidade de serem negociados. Por sua vez, os passivos financeiros que

proporcionem financiamento numa base a longo prazo e cuja liquidação não esteja

prevista para um período até 12 meses após a data do balanço são passivos não

correntes.

A noção de corrente, não depende do prazo pelo qual foi constituído, mas sim se

é liquidado no prazo até 12 meses pós-balanço.

Figura 3. CLASSIFICAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS NO BALANÇO

ATIVOS CORRENTES PASSIVOS CORRENTES

Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso do ciclo operacional da entidade. Espera-se que seja detido essencialmente para

ser negociado. Espera-se que seja realizado num período até 12

meses após a data do balanço For caixa ou equivalente de caixa, a menos que

lhe seja limitada a troca ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos 12 meses após a data do Balanço.

Espera-se que seja liquidado no decurso do ciclo operacional da entidade. Espera-se que seja detido essencialmente para

ser negociado. Espera-se que seja liquidado num período até

12 meses após a data do balanço A entidade não tenha um direito incondicional

de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos 12 meses após a data do Balanço

ATIVOS NÃO CORRENTES PASSIVOS NÃO CORRENTES

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 18 de 76

Notas Todos os outros ativos são classificados como não correntes (ativo fixo, intangíveis e financeiro)

Todos os outros passivos são classificados como não correntes

FONTE: Elaboração própria

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA FACE DO BALANÇO E NO ANEXO

De acordo com o §25 a §28 da NCRF 1, a informação mínima a apresentar na

face do balanço consta do respetivo modelo publicado na Portaria 986/2009. Linhas de

itens adicionais, títulos e subtotais podem ser apresentados na face do balanço quando a

apresentação for relevante para uma melhor compreensão da posição financeira da

entidade.

Uma entidade deve divulgar, ou na face do balanço ou no anexo, outras

subclassificações das linhas de itens apresentadas, classificadas de uma forma apropriada

para as operações da entidade. O nível de pormenor proporcionado nas subclassificações

avaliações depende dos requisitos das NCRF e da dimensão, natureza e função das

quantias envolvidas. As divulgações variam para cada item, por exemplo:

- Os itens do ativo fixo tangível são desagregados em classes de acordo

com a NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis;

- As contas a receber são desagregadas em contas a receber de clientes

comerciais, contas a receber de partes relacionadas, pré-pagamento e

outras;

- Os inventários são subclassificados de acordo com a NCFR 18 –

Inventários, em classificações tais como mercadorias, consumíveis de

produção, matérias primas, trabalho em curso e bens acabados;

- As provisões são desagregadas em provisões para benefícios dos

empregados e outros itens; e

- O capital social e as reservas são desagregados em várias rúbricas, tais

como capital, reserva legal e outras reservas.

A informação fornecida no Balanço é histórica e essencialmente financeira.

Histórica pois reflete acontecimentos já passados e financeira pois estes estão

referenciados em unidades monetárias.

O Balanço inclui a classificação de contas ativo não corrente do seguinte

modo:

Ativos fixos tangíveis – compreende as quantias, liquidas de

depreciações e de perdas de imparidade acumuladas, assumidas à data

do relato, pelos ativos abrangido pela NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis,

Compreende também os respetivos adiantamentos por conta de

investimentos cujo preço esteja previamente fixado;

Propriedade de investimento – compreende as quantias liquidas

assumidas, à dará de relato, pelos ativos abrangidos pela NCRF 11 –

Propriedades de Investimento;

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 19 de 76

Notas Trespasse (goodwill) – regista as quantias respeitantes ao trespasse

/goodwill), cujo o tratamento está previso, designadamente, na NCRF 14

– Concentração de Atividade Empresariais, na NCRF 15 – Investimentos

em Subsidiárias e Consolidação e a NCRF 12 – Imparidade de Ativos

Ativos intangíveis – regista as quantias, líquidas de amortizações e de

perdas por imparidade acumuladas, dos ativos tratados pela NCRF 6 –

Ativos Intangíveis, à data de relato. Também relevam as quantias de

ativos intangíveis decorrentes de aplicação da NCRF 26 – Matérias

Ambientais;

Ativos biológicos – regista as quantias dos ativos biológicos de atividade

agrícolas, tratadas pela NCRF 17 – Agricultura, que tenham

característica de não corrente;

Participações financeiras – método de equivalência patrimonial –

compreende as quantias de investimento e interesses, em subsidiarias,

em associadas e em entidades conjuntamente controladas, para as

quais, no balanço individual ou no balanço consolidado, se adote o

método da equivalência patrimonial, posteriormente ao seu

reconhecimento inicial.

Participações financeiras – outros métodos – compreende as quantias de

investimentos em partes de capital, para que as quais não sejam de

adotar o método de equivalência patrimonial, conforme previsto nas

NCRF 13 – Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos

em Associadas, NCRF 14 – Concentração de Atividades Empresariais,

NCRF 15 – Investimentos em Subsidiarias e Consolidação e NCRF 27 –

Instrumentos Financeiros.

Acionistas/Sócios – regista as quantias não correntes respeitantes às

posições financeiras ativas derivadas do relacionamento da entidade

com os seus detentores de capital, agindo nessa qualidade.

Outros ativos financeiros – regista as quantias de ativos classificáveis

como financeiros nos termos da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros,

com caracter não corrente e que não sejam incluídas noutras rúbricas

do ativo não correntes.

Ativos não correntes detidos para venda – regista as quantias, líquidas

de depreciações e de perdas de imparidade acumuladas, dos ativos

classificados como não correntes detidos para venda, nos termos da

NCRF 8 – Ativos não Correntes Detidos para Venda e Unidades

Operacionais Descontinuadas.

O Balanço inclui a classificação de contas ativo corrente do seguinte modo:

Inventários – rúbrica que abrange as quantias dos ativos classificados

como tal nos termos da NCR 18 – Inventários, incluindo os produtos

agrícolas colhidos, conforme definido na NCRF 17 – Agricultura.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 20 de 76

Notas Ativos biológicos – compreende as quantias dos ativos biológicos de

atividade agrícolas, tratadas pela NCRF 17 – Agricultura, que tenham

característica corrente.

Clientes – regista as quantias de ativos financeiros relativos a dividas a

receber de clientes liquidas de perdas de imparidade acumuladas, à data

de relato, cujo tratamento contabilístico é efetuado pelas NCRF 2 –

Rédito e NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Adiantamentos a fornecedores – regista as quantias de ativos financeiros

respeitantes a adiantamentos a fornecedores de bens e serviços e de

investimento cujo preço não esteja previamente fixado, cujo tratamento

contabilístico se insere na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Estado e outros entes públicos – compreende os ativos correntes por

quantias a favor da entidade, respeitantes a impostos, taxas e

contribuições obrigatórias derivadas do relacionamento das entidades

com o Estado e outros entes públicos.

Acionistas/sócios – regista as quantias correntes respeitantes às

posições financeiras derivadas do relacionamento da entidade com os

seus detentores de capital agindo nessa qualidade.

Outras contas a receber - Compreende as quantias de ativos financeiros

correspondentes a contas a receber que não estejam inseridas nas

demais rubricas de contas a receber, e cujo tratamento é estabelecido

na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros

Diferimentos – regista as quantias respeitantes a despesas e

pagamentos que, à data de relato, antecedem o momento de uso ou

consumo de recursos.

Ativos financeiros detidos para negociação – regista as quantias

respeitantes a ativos financeiros detidos para negociação, cujo

tratamento é definido pela NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Outros ativos financeiros - regista quantias de ativos classificados

como financeiros nos termos da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros,

com carácter corrente e que não sejam incluídos noutras rubricas do

ativo corrente.

Caixa e depósitos bancários – regista as quantias de ativos monetários

que se enquadram no conceito de caixa e seus equivalentes, tal como

definido na NCRF 3 – Demonstração dos Fluxos de Caixa.

O Balanço inclui a classificação de contas Capital Próprio do seguinte modo:

Capital realizado - corresponde ao capital realizado nos termos

estatutários e que simultaneamente satisfaça a definição de

instrumento de capital próprio da NCRF 27 – Instrumentos

Financeiros. Corresponde à diferença entre a quantia de capital

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 21 de 76

Notas estatutário da entidade e a parte não realizada pelos sócios.

Ações (quotas) próprias - compreende a quantia de ações ou quotas

próprias adquiridas, a qual inclui a respetiva componente de prémio

ou de desconto. Tendo presente as disposições legais aplicáveis, esta

matéria é tratada na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Prestações suplementares e outros instrumentos de capital próprio -

compreende as quantias relativas, quer a prestações suplementares

de capital, quer a outros instrumentos classificáveis como de capital

próprio, desde que obedeçam à definição de instrumentos de capital

próprio da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Prémios de emissão de ações - compreende as quantias de prémios

com a emissão de ações, nos termos da NCRF 27 – Instrumentos.

Reservas legais - compreende as quantias respeitantes a reservas não

distribuíveis, de génese legal, estatutária ou outra, e cujo tratamento

é definido pela NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Outras reservas - compreende as quantias de todas e quaisquer

reservas distribuíveis, cuja afetação decorre de deliberações dos

detentores de capital. Contabilisticamente é matéria tratada na NCRF

27 – Instrumentos Financeiros.

Excedentes de revalorização - compreende todas as quantias

correspondentes às posições assumidas pelos excedentes de

revalorização, à data de relato, de ativos fixos tangíveis e intangíveis,

cuja contabilização obedece ao definido na NCRF 6 – Ativos

Intangíveis e na NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis.

Ajustamentos em ativos financeiros - Compreende as flutuações de

valor de ativos financeiros à data de relato que, por força das

disposições da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, devam ser

repercutidas em capital próprio.

Outras variações no capital próprio - compreende as quantias

reconhecidas diretamente no capital próprio, por força das NCRF.

Designadamente, têm aqui cabimento as diferenças de conversão de

demonstrações financeiras expressas em moeda diferente da de

relato, previstas na NCRF 23 – Efeitos das Alterações nas Taxas de

Câmbio, e ajustamentos derivados de impostos diferidos, previstos na

NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento.

Resultados transitados – regista os resultados dos períodos anteriores,

para os quais não exista uma deliberação específica sobre a sua

aplicação (se lucros), ou cobertura (se prejuízos). Esta rubrica regista

também alguns efeitos decorrentes da NCRF 4 – Políticas

Contabilísticas, Alterações nas Estimativas e Erros, e dos efeitos da

mudança de referencial contabilístico, tal como definido na NCRF 3 –

Formatada: Não sublinhado

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Adoção pela Primeira Vez das Normas Contabilísticas e de Relato

Financeiro.

Resultado líquido do período - regista o resultado líquido do período,

depois de considerado o imposto sobre o rendimento do período,

apurado nos termos da NCRF 25 – Impostos sobre o rendimento.

Interesses minoritários - compreende as quantias afetas aos interesses

minoritários, no balanço consolidado, cujo tratamento é definido na

NCRF 15 – Investimentos em Subsidiárias e Consolidação.

O Balanço inclui a classificação de contas Passivo não corrente do seguinte

modo:

Provisões - compreende as quantias de provisões, cujo tratamento é

definido na NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Contingentes, bem como na NCRF 26 – Matérias Ambientais.

Financiamentos obtidos - compreende as quantias referentes a

passivos financeiros classificados como não correntes, tal como

estabelecido na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros. Abrange

também as responsabilidades de um locatário numa locação financeira,

nos termos da NCRF 9 – Locações.

Responsabilidades por benefícios pós-emprego - compreende as

quantias assumidas pela entidade para com os seus empregados, nos

termos da NCRF 28 – Benefícios dos Empregados. Se, do cômputo das

responsabilidades e seu balanceamento com ativos afetos, ou por

força de atualizações, decorrer o apuramento de uma quantia líquida

de sinal contrário, poderá ser inscrita no ativo não corrente uma

rubrica homóloga.

Passivos por impostos diferidos - compreende, expressamente, as

quantias de passivos por impostos diferidos reconhecidos ao abrigo da

NCRF 25 – Imposto sobre o Rendimento.

Outras contas a pagar - compreende as quantias de passivos

financeiros correspondentes a contas a pagar de carácter não

corrente, que não estejam inseridas nas demais rubricas de contas a

pagar, e cujo tratamento é estabelecido na NCRF 27 – Instrumentos

Financeiros. Inclui, nomeadamente, as quantias relativas a cauções

dos órgão sociais e do pessoal.

O Balanço inclui a classificação de contas Passivo corrente do seguinte modo:

Fornecedores - compreende as quantias de passivos financeiros por

dívidas a pagar a fornecedores, à data de relato, cujo tratamento

contabilístico é abrangido pela NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Adiantamentos de clientes - compreende as quantias de passivos

financeiros respeitantes a adiantamentos de clientes da entidade em

transações cujo preço não esteja previamente fixado, cujo tratamento

contabilístico se insere na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Estado e outros entes públicos - compreende os passivos por quantias

em dívida respeitantes a impostos, taxas e contribuições obrigatórias

derivadas do relacionamento das entidades com o Estado e outros

entes públicos com autoridade para lançar tributos.

Acionistas / sócios - regista às quantias correntes respeitantes às

posições financeiras passivas derivadas do relacionamento da entidade

com os seus detentores de capital, agindo nessa qualidade.

Financiamentos obtidos - compreende as quantias referentes a

passivos financeiros, classificados como correntes, tal como

estabelecido na NCRF 27 – Instrumentos Financeiros. Também

abrange as quantias por responsabilidades de um locatário numa

locação financeira, nos termos da NCRF 9 – Locações.

Outras contas a pagar - compreende as quantias de passivos

financeiros correspondentes a contas a pagar de carácter corrente,

que não estejam inseridas nas demais rubricas de contas a pagar, e

cujo tratamento é estabelecido na NCRF 27 – Instrumentos

Financeiros. Inclui também as quantias de adiantamentos de

clientes em transações cujo preço esteja previamente fixado.

Passivos financeiros detidos para negociação - compreende as

quantias respeitantes a passivos financeiros detidos para negociação,

tal como definido pela NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

outros passivos financeiros – regista as quantias de passivos

classificados como financeiros nos termos da NCRF 27 – Instrumentos

Financeiros e que não sejam incluídos noutras rubricas do passivo

corrente.

Diferimentos – destina-se especificamente a evidenciar as quantias

respeitantes a receitas e recebimentos que, à data de relato, devam

ser reconhecidos nos períodos seguintes.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 4. BALANÇO

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Para as entidades que, nos termos legais, adotem a NCRF-PE está contemplado o

modelo menos desenvolvido do Balanço, denominado de “modelo reduzido”. Todas as

referências anteriores ao Balanço são aplicáveis a estas entidades.

Figura 5. BALANÇO (MODELO REDUZIDO)

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas

2.2.1.1 CONCEITO DE PATRIMÓNIO

Para o exercício da sua atividade uma entidade necessita de ter património, cuja

a sua composição reflete o seu ramo de atividade. Os elementos patrimoniais de uma

entidade numa determinada data, é designado de Património. O Património representa o

conjunto de valores que uma empresa administra para poder exercer a sua atividade e

alcançar objetivos previstos.

Os elementos que constituem o Património de uma entidade são o Ativo, que

representa os bens e direitos e o Passivo, que representa as obrigações.

2.2.1.2 CONCEITO DE INVENTÁRIO

De acordo com a NCRF 18 – Inventários, os Inventários são ativos:

Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial;

No processo de produção para venda; ou

Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de

produção ou na prestação de serviços.

Os inventários incluem bens comprados e detidos para recenda incluindo, por

exemplo, mercadorias compradas por retalhistas e detidas para revenda ou terreno e

outras propriedades detidas para revenda. Também englobam bens acabados produzidos,

ou trabalhos em curdso que estejam a ser produzidos pela entidade e incluem materiais e

consumíveis aguardando o seu uso no processo de produção. No caso de um prestador de

serviços, os inventários incluem os custos do serviço, tal como descreve o §19 da NCRF

18, relativamente ao qual a entidade ainda não tenha reconhecido o referido rédito.

Desde que os prestadores de serviços tenham inventários, estes são mensurados pelos custos da respectiva produção. Esses custos consistem na mão de obra e outros custos com o pessoal directamente envolvido na prestação do serviço, incluindo pessoal de supervisão, e os gastos atribuíveis.

2.2.2 DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS

Os itens a apresentar na demonstração de resultados deverão basear-se numa

classificação que atenda à sua natureza (Demonstração dos Resultados por Natureza),

podendo adicionalmente, ser apresentada uma demonstração dos resultados em que a

classificação dos itens se baseie na sua função dentro da entidade (Demonstração de

Resultados por Funções).

Todos os itens de rendimentos e de gastos reconhecidos num período devem ser

incluídos nos resultados a menos que uma norma o exija de outro modo.

A configuração geral da dDemonstração de resultados, quer seja por natureza,

quer seja por funções, tem um formato vertical.

A Demonstração dos Resultados por Naturezas inclui a classificação de contas do

seguinte modo:

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Vendas e serviços prestados – compreende o rédito apurado no período

relativamente as vendas de bens e os serviços prestados, nos termos da

NCRF 20 – Rédito e NCRF 19 – Contratos de Construção.

Subsídios à exploração – compreende as quantias atribuída à entidade a

título de subsídios relacionados com rendimentos, nos termos da NCRF

22 – Contabilização dos Subsistidos do Governos e Divulgações de

Apoios do Governos

Ganhos / perdas imputadas de subsidiárias, associadas e

empreendimentos conjuntos – compreende a quantia liquida dos ganhos

e perdas relativos às entidades em epigrafe, tal como prescrito na NCRF

13 – Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em

Associadas, e NCRF 15 – Investimentos em Subsidiarias e Consolidação.

Variação nos inventários de produção – evidencia as variações das

quantias dos inventários da produção, entre o inicio e o fim do período

de relato, cujos critérios de mensuração estão tratados pela NCRF 17 –

Agricultura e NCRF 18 – Inventários.

Trabalhos para a própria entidade – compreende as quantias

reconhecidas comos gastos relativos a trabalhos que a entidade realize

para si mesma e que devam ser capitalizadas no período como ativo,

nos termos das NCRF 6 – Ativos Intangíveis, NCRF 7 Ativos Fixos

Tangíveis, NCRF 11 – Propriedades de Investimento e NCRF 18 –

Inventários.

Custo das Mercadorias Vendidas de Matérias Consumidas – expressa o

custo das mercadorias saídas para venda na atividade comercial da

entidade, bem como o custo das matérias-primas, subsidiarias e outras

matérias consumidas na atividade produtiva de bens e serviços, tal

como estabelecido na NCRF 18 – Inventários e NCRF 19 – Contratos de

Construção, sendo ainda pertinente a NCRF 20 – Rédito.

Fornecimentos e serviços externos – compreende as quantias relativas

ao consumo e uso de bens e serviços destinados ao desenvolvimento da

sua atividade. São pertinentes para esta rubrica as disposições da NCRF

18 – Inventários, NCRF 19 – Contratos de Construção e NCRF 20 –

Rédito.

Gastos com Pessoal – compreende as quantias respeitantes a encargos

com os recursos humanos ao serviço da entidade, nos termos da NCRF

28 – Benéficos dos Empregados.

Ajustamentos de inventários (perdas / reversões) – regista-se os

ajustamentos / variações liquidas ocorridas no período, referentes às

estimativas de perdas (e suas reversões) que afetam os inventários.

Neste âmbito releve a NCRF 18 – Inventários.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Imparidades de dívidas a receber (perdas / reversões) - compreende as

variações liquidas ocorridas no período, referentes às estimativas de

perdas (e suas reversões) por imparidades que afetam as dividas a

receber. São relevantes para este efeito a NCRF 27 – Instrumentos

Financeiros e, indiretamente, a NCRF 20 – Rédito.

Provisões (aumentos / Reversões) - compreende as variações liquidas

ocorridas no período, referentes às provisões em geral, reconhecidas e

mensuradas em aplicações da NCRF 21 – Provisões, Passivos

Contingentes e Ativos Contingentes.

Imparidade de ativos não depreciáveis / amortizáveis (perdas /

reversões) – regista as variações liquidas ocorridas no período,

referentes às estimativas de perdas (e suas reversões) por imparidades

que digam respeito a ativos ou grupos de ativos não sujeitos a

depreciações nem a amortização ( incluindo investimentos financeiros).

Aplicam-se as NCRF 12 – Imparidade de Ativos e NCRF 27 -

Instrumentos Financeiros.

Aumentos/reduções de justo valor – compreende os aumentos ou

reduções nas quantias de ativos ou passivos, mensuradas pelo justo

valor com reconhecimento nos resultados. Relevam para este efeito as

NCRF 11 – Propriedades de Investimento, NCRF 17 – Agricultura e NCRF

27 – Instrumentos Financeiros.

Outros rendimentos e ganhos – compreende todos os rendimentos e

ganhos não incluídos em qualquer outra rúbrica;

Outros gastos e perdas – compreende todos os gastos e perdas não

incluídos em qualquer outra rúbrica.

Gastos/reversões de depreciação e de amortização – compreende as

quantias relativas a gastos (e reversões) de depreciação e amortização

de ativos nos termos das NCRF 6 – Ativos Intangíveis, NCRF 7 – Ativos

Fixos Tangíveis, NCRF 9 – Locações e NCRF 11 – Propriedades de

Investimento.

Imparidade de ativos depreciáveis/amortizáveis (perdas/reversões) –

regista as variações liquidas ocorridas no período, referentes às

estimativas de perdas (e suas reversões) por imparidades que digam

respeito a ativos ou grupos de ativos sujeitos a depreciação e a

amortização. Aplica-se a NCRF 12 – Imparidade de Ativos.

Juros e rendimentos similares obtidos – compreende as quantias de

rendimentos obtidos relacionados com o financiamento da entidade. São

relevantes para este efeito as NCRF 27 – Instrumentos Financeiros e,

indiretamente, a NCRF 20 – Rédito.

Juros e gastos similares suportados– compreende as quantias de gastos

suportados com o financiamento da entidade. Relevam para este efeito

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas as NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, NCRF 9 – Locações e,

indiretamente, a NCRF 10 – Custos de Empréstimos Obtidos.

Imposto sobre o rendimento do período – compreende a soma algébrica

do impostos estimado para o período com o imposto diferido,

relativamente aos rendimento do período, nos termos da NCRF 25 –

Imposto sobre o Rendimento.

Resultado líquido atribuível a detentores do capital da empresa-mãe e a

interesses minoritários – no caso de serem preparadas demonstrações

financeiras consolidadas, esta rubrica evidência os resultados atribuíveis

aos detentores do capital da empresa-mãe e aos interesses minoritários,

tal como estabelecido na NCRF 15 – Investimentos em Subsidiarias e

Consolidação.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 6. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas

Figura 7. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES

Para as entidades que, nos termos legais, adotem a NCRF-PE está contemplado o

modelo menos desenvolvido de demonstração dos resultados por naturezas e por funções,

denominado de “modelo reduzido”. Todas as referências anteriores a estas demonstrações

são aplicáveis a estas entidades.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 8. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS (MODELO REDUZIDO)

Figura 9. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES (MODELO REDUZIDO)

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA FACE DA DEMONSTRAÇÃO DOS

RESULTADOS

De acordo com o §31 a §36 da NCRF 1, a informação mínima a apresentar na

face da Demonstração de Resultados consta do respetivo modelo publicado na Portaria

986/2009. Linhas de itens adicionais, títulos e subtotais podem ser apresentados na face

da demonstração de resultados, quando tal apresentação for relevante para uma melhor

compreensão do desempenho financeiro da entidade.

Uma entidade não deve apresentar itens de rendimento e de gasto como itens

extraordinários, quer na face da demonstração dos resultados quer no anexo.

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NO ANEXO

Quando os itens de rendimentos e de gastos são materiais, a sua natureza e

quantia devem ser divulgadas separadamente e quando as entidades classifiquem os

gastos por função, devem divulgar informação adicional sobre a natureza dos gastos,

incluindo gastos de depreciação e de amortização e os gastos com o pessoal.

2.2.3 DEMONSTRAÇÃO NAS ALTERAÇÕES DOS CAPITAIS PRÓPRIOS

O modelo da demonstração das alterações no capital próprio foi aprovado pela

Portaria 986/2009, de 7 de Setembro. No anexo n.º 4 dessa portaria encontra-se o

modelo base da Demonstração nas Alterações dos Capitais Próprios a ser utilizado pelas

entidades abrangidas pelo SNC, tal como previsto no §39 da NCRF 1, com exceção das

Pequenas Entidades (PE), para as quais não existe obrigatoriedade de elaboração desta

demonstração financeira.

As alterações de capital próprio de uma entidade entre duas datas de balanço

refletem o aumento ou diminuição nos seus ativos líquidos, ou riqueza durante o período,

segundo os princípios particulares de mensuração adotados e divulgados nas

demonstrações financeiras (§40 da NCRF 1).

A Demonstração das Alterações dos Capitais Próprios apresenta todas as

alterações no capital próprio, quer do período corrente quer do período anterior.

O objetivo desta demonstração é o de refletir todas as alterações no capital

próprio entre dois períodos contabilísticos.

Esta demonstração financeira é uma matriz explicativas de todas alterações

ocorridas na expressão monetária e na composição do capital próprio e suas várias

rubricas, em cada período. Assim, as alterações ocorridas são divididas em dois grupos

com características distintas:

Operações com detentores de capital

Operações com resultado líquido do período e outras alterações no

capital próprio.

Esta demonstração apresenta-se desdobrada, quer para o período N, quer para o

período N-1. As alterações que se devem descrever são:

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Primeira adoção de novo referencial contabilístico – compreende as

quantias de ajustamento ao capital próprio derivadas da aplicação de

novo referencial contabilístico. Releva para o efeito da aplicação do SNC

a NCRF 3 – Adoção pela Primeira vez as NCRF. Esta rúbrica deixará de

surgir nas demonstrações dos subsequentes períodos de relato.

Alterações de Politicas contabilísticas – compreende as quantias

derivadas de alterações de politicas contabilísticas que, noe termos da

NCRF 4 – Politicas Contabilísticas, Alterações nas estimativas

contabilísticas e erros, ou de outras NCRF, devam ser repercutidas

diretamente no capital próprio.

Diferenças de conversão de demonstrações financeiras – compreende as

quantias geradas pelas diferenças apuradas pela conversão para a

moeda de relato, de demonstrações financeiras de subsidiarias ou de

unidades operacionais estrangeiras, por força da NCRF 23 – Os efeitos

de alterações em taxas de câmbio.

Realização de excedente de revalorização de ativos fixos tangíveis e

intangíveis – regista as quantias relativas à realização (pelo uso ou pela

venda), do excedente de revalorização de ativos aos quais se adota, na

mensuração subsequente, o modelo de revalorização previsto pelas

NCRF 6 – ativos Intangíveis e a NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis.

Excedente de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis e

respetivas variações – regista-se as quantias relativas ao

reconhecimento do excedente inicial da revalorização de ativos e as

posteriores flutuações decorrentes da mensuração subsequente, nos

termos da aplicação do modelo de revalorização previsto nas NCRF 6 –

Ativos Intangíveis e NCRF 7 – Ativos Fixos Tangíveis.

Ajustamento por impostos diferidos – compreende as quantias de

alterações em rúbricas de capital próprio provocadas pelos ajustamentos

anuais por contrapartida de ativos ou passivos por impostos diferidos,

nos termos da NCRF 25 – Imposto Sobre o Rendimento.

Outras alterações reconhecidas no capital próprio – compreende as

alterações no período que não sejam derivadas do relacionamento com

os detentores de capital nem correspondam a nenhuma das

anteriormente mencionadas.

Realizações de capital – compreende as realizações ocorridas no capital

da entidade anteriormente subscrito. Releva para este efeito a NCRF 27

– Instrumentos Financeiros.

Realizações de prémios de emissão – compreende as quantias de

realização de prémios de emissão de instrumentos de capital próprio da

entidade, tratados contabilisticamente nos termos da NCRF 27 –

Instrumentos Financeiros.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 35 de 76

Notas Distribuições – Compreende as quantias relativas a distribuições aos

detentores de capital, de resultados ou de reservas. Releva para este

efeito a NCRF 27 – Instrumentos Financeiros.

Entradas para cobertura de perdas – compreende as quantias relevantes

a entradas efetuadas pelos detentores de capital, em dinheiro ou em

espécie, para cobertura de prejuízos. Releva para este efeito a NCRF 27

– Instrumentos Financeiros.

Outras operações – compreende as quantias de outras alterações

derivadas de relacionamento com os detentores de capital que não

estejam incluídas nas rubricas anteriores.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 10. DEMONSTRAÇÃO NAS ALTERAÇÕES NO CAPITAIS PRÓPRIOS NO PERÍODO N-1

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Figura 11. DEMONSTRAÇÃO NAS ALTERAÇÕES NO CAPITAIS PRÓPRIOS NO PERÍODO

N

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 2.2.4 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Uma entidade deve preparar uma demonstração de fluxos de caixa de acordo

com os requisitos da NCRF 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa emitida pela CNC, e

deve apresenta-la como parte integrante das suas demonstrações financeiras de cada

período.

A demonstração de fluxo de caixa é uma das principais demonstrações

financeiras e apresenta a criação e a utilização de “caixa e seus equivalentes” por

atividade (operacional, de investimento e de financiamento) durante um determinado

período de tempo. O montante líquido dos fluxos de caixa de um período deverá

corresponder à variação do saldo inicial e final do caixa e seus equivalentes. Se o caixa

não nos oferece grandes dúvidas, o mesmo não se passara relativamente ao conceito de

equivalência de caixa. Segundo a NCRF 2, equivalente de caixa são investimentos

financeiros a curto prazo, que sejam facilmente convertíveis em quantias conhecidas de

dinheiro e que sejam sujeitos a um risco insignificante de alterações de valor.

Relativamente à classificação dos fluxos de caixa, a NCRF 2 estabelece que a

demonstração dos fluxos de caixa deve reportar separadamente os fluxos de caixa das

atividades operacionais, de investimento e do financiamento. A definição de cada uma

destas atividades é a seguinte:

Atividades operacionais são as principais atividades produtoras de rédito da

entidade e outras atividades que não sejam de investimento ou de

financiamento, por exemplo:

o Recebimentos de caixa provenientes da venda de bens e da prestação

de serviços;

o Pagamentos a fornecedores de bens e serviços;

o Pagamentos de caixa e por conta de empregados, etc;

Atividades de investimento são a aquisição e alienação de ativos a longo

prazo e de outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa, por

exemplo:

o Pagamentos de caixa para aquisição de ativos tangíveis, intangíveis e

outros ativos a longo prazo . Estes pagamentos incluem os relacionados

com custos de desenvolvimento capitalizados e ativos fixos tangíveis

autoconstruídos.

o Recebimento de caixa por vendas de ativos fixos tangíveis, intangíveis e

outos ativos a longo prazo;

o Pagamentos de caixa para aquisição de instrumentos de capital próprio

ou de divida de outras entidades e de interesses em empreendimentos

conjuntos;

o Adiantamentos de caixa e empréstimos feios a outras entidades;

o Recebimentos de caixa provenientes do reembolso de adiantamentos e

de empréstimos feitos a outras entidades.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Atividades de financiamento são as atividades que têm como consequência

alterações na dimensão e composição do capital próprio e nos empréstimos

obtidos pela entidade, por exemplo:

o Recebimentos de caixa provenientes da emissão de ações ou de outros

instrumentos de capital próprio;

o Pagamentos de caixa por aquisição de ações (quotas) próprias, redução

do capital ou amortização de ações (quotas);

o Recebimentos provenientes da emissão de certificados de divida,

empréstimos, livranças, obrigações, hipotecas e outros empréstimos

obtidos a curto ou longo prazo;

o Desembolsos de caixa e quantias de empréstimos obtidos;

o Pagamentos de caixa por um locatário para a redução de uma divida em

aberto relacionada com uma locação financeira.

A classificação por atividades proporciona informação que permite aos utentes

determinar o impacto dessas atividade na posição financeira da entidade e nas quantias

de caixa e seus equivalentes.

De acordo com o §14 da NCRF 2, uma entidade pode relatar os fluxos de caixa

proveniente de atividades operacionais pelo uso de um dos dois métodos seguinte:

a) Método direto – pelo qual são divulgadas as principais classes dos

recebimentos e dos pagamentos brutos de caixa; ou

b) Método indireto – os resultados são ajustados pelos efeitos de

transações de natureza que não sejam por caixa, de quaisquer

diferimentos ou acréscimos de recebimentos e pagamentos de caixa

operacionais passados ou futuros, e itens de rédito ou gasto associado

com fluxos de caixa e investimento ou de financiamento.

As entidades devem relatar os fluxos de caixa de atividades operacionais pelo

método direto. Este método proporciona informação que pode ser útil na estimativa de

fluxos de caixa futuros e que não é disponibilizada pelo método indireto.

Uma entidade deve relatar separadamente as principais classes dos recebimentos

brutos de caixa e dos pagamentos brutos de caixa provenientes das atividades de

investimento e de financiamento. A soma algébrica dos fluxos de caixa operacionais, de

investimento e de financiamento é a variação do saldo de caixa e seus equivalentes do

período.

JUROS E DIVIDENDOS

A NCRF 2, no §23 requer que os juros e dividendos recebidos e pagos sejam

apresentados separadamente na demonstração de fluxos de caixa, devendo cada um

deles ser classificado de forma consistente, de período para período, nas atividades

operacionais, de investimento ou de financiamento. O §24 da mesma norma refere que a

quantia total de juros pagos durante um período deve ser divulgada na demonstração de

fluxos de caixa quer tenha sido reconhecida como um gasto na demonstração dos

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas resultados, quer tenha sido capitalizada de acordo com a NCRF 10 – Custos de

Empréstimos Obtidos.

Os juros pagos e juros e dividendos recebidos podem ser classificados como

fluxos de caixa operacionais porque entram na determinação do resultado,

alternativamente podem ser classificados como fluxos de caixa de financiamento e fluxos

de caixa de investimento respetivamente porque são custos de obtenção de recursos

financeiros ou retornos do investimento. Os dividendos pagos podem ser classificado como

fluxos de caixa de financiamento porque são um custo da obtenção de recursos

financeiros e alternativamente, os dividendos pagos podem ser classificados como um

componente de fluxo de caixa das atividade operacionais a fim de ajudar os utentes a

determinar a capacidade de uma entidade a pagar dividendos a partir dos fluxos de caixa

operacionais §25 e §26 da NCRF 2) .

A Demonstração dos Fluxos de Caixa inclui a classificação de contas do seguinte

modo:

FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADE OPERACIONAIS PELO MÉTODO DIRETO

Recebimentos de clientes – compreende a quantia dos fluxos de caixa

provenientes de clientes de acordo com o definido nas alíneas a) e b),

do §10, da NCRF 2.

Pagamentos a fornecedores – compreende a quantia dos fluxos de caixa

saídos para fornecedores, de acordo com o definido na alínea c) do §10,

da NCRF 2.

Pagamentos ao pessoal – compreende a quantia dos fluxos de caixa

saídos para empregados, de acordo com o definido na alínea d) do §10,

da NCRF 2.

Pagamento/recebimento do imposto sobre o rendimento – compreende

a quantia liquida dos fluxos de caixa operacionais, respeitantes ao

imposto sobre o rendimento, tal como definido na alínea e) do §10, da

NCRF 2.

Outros recebimentos/pagamentos – compreende a quantia liquida de

todos os demais fluxos de caixa operacionais, não evidenciados nas

linhas anteriores, que caem no âmbito dos §9 a §11 da NCRF 2.

FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADE DE INVESTIMENTO PELO MÉTODO DIRETO

Pagamentos - compreende as quantias respeitantes a ativos fixos

tangíveis, ativos intangíveis, investimentos financeiros e outros ativos

qualificado como atividades de investimento, mostrados pelas respetivas

quantias brutas provenientes das transações envolvidas, tal como

decorre das alíneas a), c), e) e g) do §12 da NCRF 2.

Recebimentos – compreende as quantias provenientes de transações

com ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis, investimentos financeiros e

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 41 de 76

Notas outros ativos, qualificados como atividades de investimento, mostrados

pelas respetivas quantias brutas, tal como decorre das alíneas b), d), f)

e h) do §12 da NCRF 2.

FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADE DE FINANCIAMENTO PELO MÉTODO DIRETO

Recebimentos – provenientes de:

- financiamentos obtidos, tal como exemplificado na alínea c) do §13 da

NCRF 2;

- realizações de capital e de outros instrumentos d capital próprio, tal

como exemplificado alínea a) do §13 da NCRF 2;

- cobertura de prejuízos, de âmbito análogo às realizações de

instrumentos de capital próprio referidas na alínea a) do §13 da NCRF 2;

- doações, cujo fluxo seja qualificado como de financiamento, que se

enquadrem no §13 da NCRF 2;

- outras operações de financiamento, além das referidas nas rubricas

precedentes, cujo fluxo seja qualificado comode financiamento, que se

enquadrem no §13 da NCRF 2;

Pagamentos – respeitantes a:

- financiamentos obtidos, correspondente a desembolsos, nos termos do

exemplificado na alínea d) do §13 da NCRF 2;

- juros e gastos similares, qualificados como afetos a atividade de

financiamento, no âmbito do §13 da NCRF 2;

- dividendos, afetos a atividade de financiamento, cuja classificação seja

adequada aos requisitos do §26 da NCRF 2;

- reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio,

qualificados como afetos a atividades de financiamento, cujo o âmbito é

análogo ao exemplificado na alínea d) do §13 da NCRF 2;

- outras operações, classificadas como de financiamento nos termos dos

§13 e §23 a §26 da NCRF 2, que não sejam evidenciadas nas rubricas

anteriores.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas

Figura 12. DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA

A NCRF 2 requer a divulgação nas notas as demonstrações financeiras da

seguinte informação:

Relativamente a aquisições e alienações de subsidiárias ou de outras

unidades empresariais durante o período:

o Retribuição total da compra ou alienação;

o Parte da retribuição da compra ou da alienação liquidada por meio de

caixa e seus equivalentes;

o Quantia de caixa e seus equivalentes na subsidiárias ou na unidade

empresaria adquirida ou alienada; e

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas o Quantia de ativos e passivos que não sejam caixa ou seus equivalentes

na subsidiaria ou unidade empresarial adquirida ou alienada, resumida

por categoria principal

Transações de investimento e de financiamento que não exijam o usao de

caixa ou seus equivalentes;

Saldos significativos de caixa e seus equivalentes detidos pela entidade, que

não estejam disponíveis para uso pelo grupo.

2.2.5 ANEXO

A Portaria n.º 986/2009, de 7 de Setembro, incluí no seu anexo n.º 6 o modelo

base do Anexo a ser utilizado pelas entidades abrangidas pelo SNC, com exceção das

designadas Pequenas Entidades (PE) para as quais foi publicado no anexo nº 10 um

modelo reduzido. Nos mencionados anexos referidos foi referido que o documento

apresentado não constitui um formulário relativo às notas do Anexo, mas apenas uma

simples compilação das divulgações que são exigidas pelas NCRF. Cada entidade deverá

criar a sua própria sequência numérica, em conformidade com as divulgações que

considerem ser necessárias. A Portaria ainda refere que as notas de 1 a 4 devem ser

sempre explicitadas e ficam reservadas para assuntos identificados nas NCRF 1 e 2.

A existência do anexo como uma demonstração financeira deve-se sobretudo à

necessidade de divulgar e expor aos utentes da informação o que as restantes

demonstrações financeiras não apresentam na sua face e que seja exigido pelas NCRF.

Assim, enquanto as demonstrações financeiras se limitam a apresentar valores dentro de

uma estrutura definida, as notas do anexo explicam os critérios e as formas como se

contabilizam esses valores, detalhando em maior pormenor algumas dessas contas, o que

possibilita aos utentes da informação poderem perceber melhor as informações contidas

nas demonstrações financeiras.

De acordo com a NCRF 1, o anexo, deve:

a) Apresentar informação acerca das bases de preparação das demonstrações

financeiras e das políticas contabilísticas usadas;

b) Divulgar a informação exigida pelas NCRF que não seja apresentada na face

do balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das

alterações no capital próprio ou na demonstração dos fluxos de caixa; e

c) Proporcionar informação adicional que não seja apresentada na face do

balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das alterações

na capital própria ou na demonstração dos fluxos de caixa, mas que seja

relevante para uma melhor compreensão de qualquer uma delas. Cada item

na face do balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das

alterações no capital próprio e na demonstração dos fluxos de caixa, que

tenha merecido uma nota no anexo, deve ter uma referência cruzada.

Uma das informações mais importantes a constar no anexo será o de apresentar

o referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras, dado que, com a

entrada em vigor do SNC, Portugal passa a ter três nível de normalização e o analista

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas financeira tem de saber posicionar o seu trabalho mediante o referencial seguido pela

entidade. Assim, de acordo com o §44 da EC (2009), as notas do anexo devem ser

apresentadas pela seguinte ordem:

a) Identificação da entidade, incluindo domicilio, natureza da atividade, nome e

sede da empresa-mãe, se aplicável;

b) Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeira;

c) Resumo das principais políticas contabilísticas adaptadas;

d) Informação de suporte de itens apresentados na face do balanço, na

demonstração dos resultados, na demonstração das alterações no capital

próprio e na demonstração dos fluxos de caixa, pela ordem em que cada

demonstração e cada linha de item seja apresentada;

e) Passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos;

f) Divulgações exigidas por diplomas legais;

g) Informações de caracter ambiental;

As normas que constam do SNC apelam, muitas vezes, aos juízos de valor dos

gestores para reconhecimento e mensuração dos itens nas demonstrações financeiras. É

também no anexo que poderemos encontrar um resumo das políticas contabilísticas

significativas ou outras notas, os juízos de valor, com a exceção dos que envolvam

estimativas, que o órgão de gestão fez no processo de aplicação das políticas

contabilísticas da entidade e que tenham maior impacto nas quantias reconhecidas nas

demonstrações financeiras. Isto para além de divulgar, no anexo, informação acerca dos

principais pressupostos relativos ao futuro, e outras principais fontes da incerteza das

estimativas à data do balanço, que tenham um risco significativo de provocar um

ajustamento material nas quantias escrituradas dos ativos e passivos durante o período

contabilístico seguinte.

É ainda no anexo que encontramos uma das informações relevantes para a

análise do risco da empresa, com a apresentação de informação relativa aos passivos

contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos. Os utentes da informação

devem ter esta informação em consideração pois é importante conhecer as

responsabilidades que estejam fora do balanço, dos compromissos assumidos pela gestão

e que podem afetar a situação financeira no futura e de todos os outros contingentes que

possam ter implicações financeiras relevantes no futuro. Esta informação deriva da

aplicação da NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e ativos Contingentes. Esta não

é a única norma, onde a apreciação de gestão do risco de atividade da entidade determina

a avaliação com base em pressupostos e juízos. Contudo, o que se constata é que o anexo

continuará a ser a principal fonte de informação relativa às políticas seguidas pela

entidade.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 2.3 CÓDIGO DE CONTAS

As demonstrações financeiras resultam do processamento de um elevado número

de transações que são agregados em classes de acordo com a sua natureza ou função. O

processo de agregação é a de, fluxo a fluxo, lançamento a lançamento, acumular em

contas. No caso do SNC essas contas estão pré-definidas pois existe um Código de Contas

obrigatório, que normaliza esta fase de agregação.

O CC é publicado através de portaria do membro do Governo responsável pela

área das finanças, com a faculdade de delegar. Sendo um documento não exaustivo,

contém no essencial:

O quadro síntese de contas;

O Código de Contas (lista codificada de contas); e

Notas de enquadramento.

O Código de Contas é composto por 8 classes, sendo da:

1 à 5 para contas de Balanço;

6 à 7 para contas de Resultados;

8 para Apuramento dos Resultados

Deixa-se de seguida o “Quadro Síntese de Contas”

Figura 13. QUADRO SÍNTESE DE CONTAS

1 - Meios Financeiros Líquidos 2 – Contas a receber e a pagar

11 Caixa 21 Clientes

12 Depósitos à ordem 22 Fornecedores

13 Outros depósitos bancários 23 Pessoal

14 Instrumentos financeiros 24 Estado e outros entes públicos

25 Financiamentos obtidos

26 Acionistas/sócios

27 Outras contas a receber e a pagar

28 Diferimentos

29 Provisões

3 – Inventários e Ativos Biológicos 4 - Investimentos

31 Compras 41 Investimentos financeiros

32 Mercadorias 42 Propriedades de investimento

33 Matérias-primas, subsidiarias e de consumo 43 ativos fixos tangíveis

34 Produtos acabados e intermédios 44 ativos intangíveis

35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos 45 Investimentos em curso

36 Produtos e trabalhos em curso 46 ativos não correntes detidos para venda

37 ativos biológicos

38 Reclassificação e regularização de inventários e act.

biológicos

39 Adiantamentos por conta de compras

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas 5 – Capital Próprio 6 - Gastos

51 Capital 61 Custo das mercadorias vendidas e das matérias

consumidos 52 Ações (quotas) próprias 62 Fornecimento e serviços externos

53 Prestações suplementares e outros instrumentos de

cap. próprio

63 Gastos com pessoal

54 Prémios de emissão 64 Gastos de depreciação e de amortização

55 Ajustamentos em ativos financeiros 65 Perdas por imparidade

56 Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis

e intangíveis

66 Perdas por reduções de justo valor

57 Outras variações no capital próprio 67 Provisões do período

58 Reservas 68 Outros gastos e perdas

59 Resultados transitados 69 Gastos e perdas de financiamento

7 – Rendimentos 8 – Resultados e Imputações ao Capital Próprio

71 Vendas 81 Resultado do período

72 Prestações de serviços 89 Dividendos antecipados

73 Variações nos inventários da produção

74 Trabalhos para a própria entidade

75 Subsídios à exploração

76 Reversões

77 Ganhos por aumentos d justo valor

78 Outros rendimentos e ganhos

79 Rendimentos e ganhos de financiamento

Fonte: Elaboração própria

As presentes notas de enquadramento têm o objetivo de ajudar na interpretação

e ligação do código de contas com as respetivas NCRF, funcionando como mero auxiliar

aos preparadores da informação financeira. Não se pretende efetuar uma ligação

exaustiva entre o código de contas e as NCRF, mas apenas algumas referências

especificas para determinadas contas.

Classe 1 – Meios financeiros líquidos

Esta classe destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem quer o dinheiro

e depósitos bancários quer todos os ativos ou passivos financeiros mensurados ao justo

valor, cujas alterações sejam reconhecidas na demonstração de resultados.

14 – Instrumentos financeiros

Esta conta visa reconhecer todos os instrumentos financeiros que não sejam

caixa (conta 11) ou depósitos bancários que não incluam derivados (contas 12 e 13)

que sejam mensurados ao justo valor cujas alterações sejam reconhecidas na

demonstração de resultados. Consequentemente, excluem-se desta conta os restantes

instrumentos financeiros que devam ser mensurados ao custo, custo amortizado

ou método da equivalência patrimonial (classe 2 ou conta 41).

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Classe 2 – Contas a receber e a pagar

Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores,

pessoal, Estado e outros entes públicos, financiadores, acionistas, bem como outras

operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutra

classes especificas. Incluem-se ainda nesta classe os diferimentos (para permitir o registo

dos gastos e dos rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.

21 - Clientes

Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de serviços.

218 - Adiantamentos de clientes

Esta conta regista as entregas feitas à entidade relativas a fornecimentos, sem

preço fixado, a efetuar a terceiros. Pela emissão da fatura, estas verbas serão

transferidas para as respetivas subcontas da rubrica 211 – Clientes c/c. 219,

229, 239, 269 e 279 - Perdas por imparidade acumuladas

Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias registadas e

as que resultem da aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes

ativos incluídos na classe 2, podendo ser subdivididas a fim de facilitar o

controlo e possibilitar a apresentação em balanço das quantias líquidas. As

perdas por imparidade anuais serão registadas nas contas 651 – Perdas por

imparidade – Em dívidas a receber, e as suas reversões (quando deixarem de

existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas contas 7621 –

Reversões de perdas por imparidade – Em dívidas a receber. Quando se verificar

o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as imparidades, as contas em

epígrafe serão debitadas por contrapartida das correspondentes contas da classe

2.

22 - Fornecedores

Regista os movimentos com os vendedores de bens e de serviços, com excepção dos

destinados aos investimentos da entidade.

225 - Fornecedores - Faturas em receção e conferência

Respeita às compras cujas faturas, recebidas ou não, estão por lançar nas

subcontas da conta 221 por não terem chegado à entidade até essa data ou não

terem sido ainda conferidas. Será debitada por crédito da conta 221, aquando da

contabilização definitiva da fatura.

228 - Adiantamentos a fornecedores

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a fornecimentos (sem preço

fixado) a efetuar por terceiros. Pela receção da fatura, estas verbas serão

transferidas para as respetivas subcontas da conta 221.

231 - Remunerações a pagar

O movimento desta conta insere-se no seguinte esquema normalizado:

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 48 de 76

Notas 1ª fase - pelo processamento dos ordenados, salários e outras remunerações,

dentro do mês a que respeitem: débito, das respetivas subcontas de 63 - Gastos

com o pessoal, por crédito de 231, pelos valores líquidos apurados no

processamento e normalmente das contas 24 - Estado e outros entes públicos

(nas respetivas subcontas), 232 - Adiantamentos e 278 - Outros

devedores e credores, relativamente aos sindicatos, consoante as entidades

credoras dos descontos efetuados (parte do pessoal);

2ª fase - pelo processamento dos encargos sobre remunerações (parte

patronal), dentro do mês a que respeitem: débito da respectiva rubrica em 635 -

Gastos com o pessoal - Encargos sobre remunerações, por crédito das subcontas

de 24 - Estado e outros entes públicos a que respeitem as contribuições

patronais;

fase - Pelos pagamentos ao pessoal e às outras entidades: debitam-se as

contas 231, 24 e 278, por contrapartida das contas da classe 1.

24 - Estado e outros entes públicos

Nesta conta registam-se as relações com o Estado, Autarquias Locais e outros

entes públicos que tenham características de impostos e taxas.

241 - Imposto sobre o rendimento

Esta conta é debitada pelos pagamentos efetuados e pelas retenções na

fonte a que alguns dos rendimentos da entidade estiverem sujeitos.

No fim do período será calculada, com base na matéria coletável estimada,

a quantia do respetivo imposto, a qual se registará a crédito desta conta por

débito de 8121 – Imposto estimado para o período.

242 - Retenção de impostos sobre rendimentos

Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte

relativamente a rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de IRS,

podendo ser subdividida de acordo com a natureza dos rendimentos.

243 - Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

Esta conta destina-se a registar as situações decorrentes da aplicação do

Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.

2521 – Empréstimos por obrigações

Regista os empréstimos por obrigações, sem

prejuízo do referido na nota à conta 53.

261 – Acionistas c/subscrição e 262 – Quotas não liberadas

Para efeitos de elaboração do Balanço, os saldos destas contas são deduzidos

Capital nos termos da NCRF 27 – Instrumentos financeiros (§ 8).

271 – Fornecedores de investimentos

Regista os movimentos com vendedores de bens e serviços com destino aos

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 49 de 76

Notas investimentos da entidade.

2712 – Faturas em receção e conferência

Respeita às aquisições cujas faturas, recebidas ou não, estão por lançar

na conta 2711 - Fornecedores de investimentos – contas gerais por não

terem chegado à entidade até essa data ou não terem sido ainda

conferidas.

Será debitada por crédito da conta 2711, aquando da

contabilização definitiva da fatura.

2713 - Adiantamentos a fornecedores de investimentos

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a fornecimentos, sem

preço fixado, de investimentos a efetuar por terceiros. Pela receção da

fatura, estas verbas serão transferidas para as respetivas contas na

rubrica 2711 - Fornecedores de investimentos – contas gerais.

272 – Devedores e credores por acréscimos

Estas contas registam a contrapartida dos rendimentos e dos gastos que devam

ser reconhecidos no próprio período, ainda que não tenham documentação

vinculativa, cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período ou períodos

posteriores.

273 – Benefícios pós-emprego

Regista as responsabilidades da entidade perante os seus trabalhadores ou

perante a sociedade gestora de um fundo autónomo.

274 – Impostos diferidos

São registados nesta conta os ativos por impostos diferidos que sejam

reconhecidos para as diferenças temporárias dedutíveis e os passivos por

impostos diferidos que sejam reconhecidos para as diferenças temporárias

tributáveis, nos termos estabelecidos na NCRF 25 – Impostos sobre o

Rendimento.

275 - Credores por subscrições não liberadas

Credita-se pelo valor total da subscrição de quotas, ações, obrigações e outros

títulos, por contrapartida das respetivas contas de investimentos financeiros.

276 – Adiantamentos por conta de vendas

Regista as entregas feitas à entidade com relação a fornecimentos de bens e

serviços cujo preço esteja previamente fixado. Pela emissão da fatura, estas

verbas serão transferidas para as respetivas contas da rubrica 211 – Clientes

c/c.

28 - Diferimentos

Compreende os gastos e os rendimentos que devam ser reconhecidos nos

períodos seguintes.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 50 de 76

Notas 283 - Subsídios para investimentos

Inclui os subsídios associados com ativos, que deverão ser transferidos, numa

base sistemática, para a conta 7883 - Imputação de subsídios para

investimentos, à medida em que se forem contabilizando as

depreciações/amortizações do investimento a que respeitem.

29 - Provisões

Esta conta serve para registar as responsabilidades cuja natureza esteja claramente

definida e que à data do balanço sejam de ocorrência provável ou certa, mas incertas

quanto ao seu valor ou data de ocorrência (vide NCRF 21 – Provisões, passivos

contingentes e ativos contingentes).

As suas subcontas devem ser utilizadas diretamente pelos dispêndios para que

foram reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que haja lugar.

Classe 3 – Inventários e ativos biológicos

Esta classe inclui inventários (existências):

Detidas para venda no decurso da atividade empresarial;

No processo de produção dessa venda;

Na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de

produção ou na prestação de serviços;

Ativos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da atividade agrícola,

que consumíveis no decurso do ciclo normal da atividade quer de produção

ou regeneração.

As quantias escrituradas nas contas desta classe terão em atenção o que em

matéria de mensuração se estabelece na NRCF 18 – Inventários e NCRF 17 –

Agricultura.

387 – Ativos biológicos

Serão registados nesta conta, designadamente, as reclassificações de ativos

biológicos para inventários. As variações de justo valor são reconhecidas nas

contas 664 e 774.

39 – Adiantamentos por conta de compras

Regista as entregas feitas pela entidade relativas a compras cujo preço esteja

previamente fixado. Pela receção da fatura, estas verbas devem ser transferidas para a

conta 221 – Fornecedores c/c.

Classe 4 – Investimentos

Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se

destinam a serem vendidos ou transformados no decurso normal das operações da

entidade, quer sejam da sua propriedade, quer estejam em regime de locação financeira.

Compreende os investimentos financeiros, as propriedades de investimento, os ativos fixos

tangíveis, os ativos intangíveis, os investimentos em curso e os ativos não correntes

detidos para venda.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 51 de 76

Notas No caso de ser utilizado o modelo de revalorização nos ativos fixos tangíveis e ativos

intangíveis, poderão ser utilizadas subcontas que evidenciem o custo de

aquisição/produção e as revalorizações (positivas ou negativas).

Se a revalorização originar uma diminuição do valor do ativo essa diminuição deve ser

reconhecida em conta apropriada de gastos (subcontas da conta 65) na parte em que seja

superior ao excedente de revalorização que porventura exista. Se originar um

aumento do valor do ativo esse aumento é creditado diretamente na conta

apropriada do capital próprio (56 - Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e

intangíveis). Contudo esse aumento será reconhecido em resultados (subcontas da conta

762) até ao ponto que compense um decréscimo de revalorização anteriormente registado

em gastos.

41 – Investimentos financeiros

Os investimentos financeiros que representem participações de capital são mensurados

de acordo com os métodos indicados no quadro seguinte, conforme NCRF 13 –

Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em associadas,

NCRF 15 – Investimentos em subsidiárias e consolidação e NCRF 27 –

Instrumentos financeiros:

PARTICIPAÇÕES

NAS CONTAS INDIVIDUAIS NAS CONTAS

CONSOLIDADAS

Em subsidiárias Método da equivalência

patrimonial

Método da consolidação

integral

Em associadas Método da equivalência

patrimonial

Método da equivalência

patrimonial

Em empreendimentos conjuntos

(entidades conjuntamente

controladas)

Método da consolidação

proporcional ou método da

equivalência patrimonial

Método da consolidação

proporcional

Noutras entidades Método do custo ou método

do justo valor (conta 14)

Método do custo ou método

do justo valor

Na aplicação destes métodos deverá, ainda, ter-se em atenção o seguinte:

• O uso do método da equivalência patrimonial nas contas individuais de uma

empresa-mãe que elabore contas consolidadas deve ser complementado com

a eliminação, por inteiro, dos saldos e transações intragrupo, incluindo

rendimentos e ganhos, gastos e perdas e dividendos. Os resultados

provenientes de transações intragrupo que sejam reconhecidos nos ativos,

tais como inventários e ativos fixos, são eliminados por inteiro. As perdas

intragrupo podem indicar uma imparidade que exija reconhecimento nas

demonstrações financeiras consolidadas.

• A participação numa entidade conjuntamente controlada poderá ser

mensurada ou pelo método da consolidação proporcional ou pelo método da

equivalência patrimonial se o empreendedor não tiver de elaborar contas

consolidadas. Se o empreendedor elaborar contas consolidadas, então terá de,

nas suas contas individuais, mensurar a participação na entidade

conjuntamente controlada pelo método da equivalência patrimonial.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 52 de 76

Notas De acordo com o método da equivalência patrimonial, o custo de aquisição de uma

participação será acrescido ou reduzido:

• da quantia correspondente à proporção nos resultados líquidos da entidade

participada;

• da quantia correspondente à proporção noutras variações nos capitais

próprios da entidade participada;

• da quantia dos lucros distribuídos à participação; e

• da quantia da cobertura de prejuízos que tenha sido deliberada.

• Aquando da primeira aplicação do método da equivalência patrimonial,

devem ser atribuídas às partes de capital as quantias correspondentes à fração

dos capitais próprios que elas representavam no início do período, por

contrapartida da conta 5511 - Ajustamentos em ativos financeiros –

Relacionados com o método da equivalência patrimonial – Ajustamentos de

transição.

Para as entidades que optem por aplicar, de acordo com o § 2 da NCRF 27, a IAS 39,

os ativos financeiros que sejam designados como disponíveis para venda, e cujas

alterações de valor são imputadas a capital próprio, podem ser distribuídos pelas

diversas contas da classe 4 criando as subcontas apropriadas.

419, 429, 439, 449, 459 e 469 – Perdas por imparidade acumuladas

Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias registadas e as que

resultem da aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes activos

incluídos na classe 4, podendo ser subdivididas a fim de facilitar o controlo e possibilitar

a apresentação em balanço das quantias líquidas. As perdas por imparidade anuais

serão registadas nas subcontas da conta 65, e as suas reversões (quando deixarem de

existir as situações que originaram as perdas) são registadas nas subcontas da conta

762. Quando se verificar o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as

imparidades, as contas em epígrafe serão debitadas por contrapartida das

correspondentes contas da classe 4. Estas contas poderão ser subdivididas em função

das contas respetivas.

436 – Equipamentos biológicos

Serão registados nesta conta os animais e plantas vivos que reúnam os

requisitos de reconhecimento como investimento e não se enquadrem na

atividade agrícola.

442 – Projetos de desenvolvimento

Serão registados nesta conta os dispêndios que, nos termos do § 57 da NCRF 6

– Ativos intangíveis, reúnam as condições para se qualificarem como ativos

intangíveis.

46 – Ativos não correntes detidos para venda

Esta conta destina-se a registar os ativos a que se refere a NCRF 8 – Ativos não

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 53 de 76

Notas correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas. Os passivos

associados a ativos não correntes detidos para venda mantêm a sua mensuração e

apenas deverão ser identificados para efeitos de divulgação.

454 – Adiantamentos por conta de investimentos

Regista as entregas feitas pela entidade por conta de investimentos cujo preço

previamente fixado. Pela receção da fatura, estas verbas devem ser transferidas

para a conta 2711 – Fornecedores de investimentos – contas gerais.

Classe 5 – Capital, reservas e resultados transitados

Esta classe evidência o capital subscrito, devendo se deduzido, para efeitos de elaboração

do Balanço, o eventual saldo da conta 261 – Acionistas com subscrição ou 262 – Quotas

não liberadas.

51- Capital

Esta conta evidencia o capital subscrito, devendo ser deduzido, para efeitos de

elaboração do Balanço, o eventual saldo da conta 261 – Acionistas c/subscrição ou 262

– Quotas não liberadas.

52 - Ações (quotas) próprias

A conta 521 - Valor nominal é debitada pelo valor nominal das ações ou quotas próprias

adquiridas. Ainda na fase de aquisição, a conta 522 - Descontos e prémios é

movimentada pela diferença entre o custo de aquisição e o valor nominal.

Quando se proceder à venda das ações ou quotas próprias, para além de se efetuar o

respetivo crédito na conta 521, movimentar-se-á a conta 522 pela diferença entre o

preço de venda e o valor nominal.

Simultaneamente, a conta 522 deverá ser regularizada por contrapartida da conta

579 – Outras variações no capital próprio - Outras, de forma a manter os descontos e

prémios correspondentes às ações (quotas) próprias em carteira.

53 - Prestações suplementares e outros instrumentos de capital próprio

Esta conta será utilizada para reconhecer as prestações suplementares ou quaisquer

outros instrumentos financeiros (ou as suas componentes) que não se enquadrem na

definição de passivo financeiro. Nas situações em que os instrumentos financeiros (ou

as suas componentes) se identifiquem com passivos financeiros, deve utilizar-se rubrica

apropriada das contas 25 – Financiamentos obtidos ou 26 – acionistas/sócios.

55 - Ajustamentos em ativos financeiros

Evidencia os ajustamentos decorrentes, designadamente, da utilização do método da

equivalência patrimonial em subsidiárias, associadas e entidades conjuntamente

controladas.

5511 – Ajustamentos em ativos financeiros – Relacionados com o

método da equivalência patrimonial – Ajustamentos de transição

Quando da transição para a aplicação do método da equivalência

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 54 de 76

Notas patrimonial, esta conta regista a diferença entre as quantias atribuídas às

partes de capital, correspondentes à fração dos capitais próprios que

representavam no início do período, e as quantias por que se

encontravam expressas.

5512 - Ajustamentos em ativos financeiros – Relacionados com o método

da equivalência patrimonial – Lucros não atribuídos

Esta conta será creditada pela diferença entre os lucros imputáveis às

participações e os lucros que lhes forem atribuídos (dividendos),

movimentando-se em contrapartida a conta 59 – Resultados transitados.

5513 - Ajustamentos em ativos financeiros – Relacionados com o método

da equivalência patrimonial – Decorrentes de outras variações nos capitais

próprios

Esta conta acolherá, por contrapartida das contas 411 a 413 os valores

imputáveis à participante na variação dos capitais próprios das

participadas, que não respeitem a resultados.

56 - Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis

Esta conta é creditada em consequência da revalorização dos ativos fixos e vai sendo

debitada por contrapartida da conta 59 – Resultados transitados, em função da

realização da revalorização. Essa realização ocorre pela depreciação, abate ou venda do

bem.

As diminuições de um ativo por revalorização serão debitadas na conta em epígrafe até

ao montante do saldo existente. A parcela da diminuição que ultrapasse o saldo

existente será considerada gasto do período (subconta apropriada da conta 65),

conforme NCRF 6 e 7. Se a revalorização do bem originar a reversão de uma perda

reconhecida em períodos anteriores, essa reversão será levada aos rendimentos do

período (subcontas da conta 762).

Relativamente a reavaliações, após o registo na conta 5611 do valor do aumento do

imobilizado líquido, a conta 5612 será debitada por contrapartida da conta 2742 –

Passivos por impostos diferidos pelo montante do imposto correspondente à fracção do

excedente de reavaliação não relevante para a tributação. Aquando da realização do

excedente de reavaliação, a subconta 5612 será creditada pela correspondente fracção

do imposto sobre o rendimento, por contrapartida da conta 59 – Resultados transitados.

Simultaneamente, a conta 2742 – Passivos por impostos diferidos será debitada por

contrapartida da conta 241 – Imposto sobre o rendimento. Para efeitos de apresentação

em balanço, a quantia (saldo devedor) da conta 5612 – Impostos diferidos, será abatida

ao saldo da conta 5611 – Antes de impostos.

571 - Diferenças de conversão de demonstrações financeiras

Inclui as diferenças de câmbio derivadas da transposição de uma unidade operacional

estrangeira (nos termos da NCRF 23 – Os efeitos de alterações em taxas de câmbio).

Classe 6 – Gastos

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 55 de 76

Notas Esta classe inclui os gastos e as perdas respeitantes ao período.

613 – Ativos biológicos (compras)

Recolhe as aquisições de ativos biológicos efetuadas durante o ano, transferidas

da conta 313 – Ativos biológicas.

6331 - Prémios param pensões

Respeita aos prémios da natureza em epígrafe destinados a entidades externas,

a fim de que estas venham a suportar oportunamente os encargos com o

pagamento de pensões ao pessoal.

67 – Provisões do período

Esta conta regista os gastos no período decorrentes das responsabilidades cuja

natureza esteja claramente definida e que à data do balanço sejam de ocorrência

provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor ou data de ocorrência.

683 – Dívidas incobráveis

Apenas regista, por contrapartida da correspondente conta da classe 2, as

dívidas cuja incobrabilidade se verifique no período e que não tivessem sido

consideradas anteriormente em situação de imparidade.

684 – Perdas em inventários

Apenas regista, por contrapartida da correspondente conta da classe 3, as

perdas que se verificarem no período e que não tivessem sido consideradas

anteriormente em situação de imparidade.

6852 – Gastos e perdas em subsidiárias, associadas e empreendimentos

conjuntos – Aplicação do método da equivalência patrimonial

Esta conta regista os gastos e perdas relativos às participações de

capital, derivados da aplicação do método da equivalência patrimonial,

sendo considerados para o efeito apenas os resultados dessas entidades.

686 - Gastos e perdas nos restantes investimentos financeiros

Respeita aos gastos e perdas relacionados com os investimentos financeiros

contabilizados nas contas 414 e 415.

6886 – Perdas em instrumentos financeiros

Regista as perdas relacionadas com a conta 14 – Instrumentos financeiros

Classe 7 – Rendimentos

Esta classe inclui rendimentos e os ganhos respeitantes ao período.

71 – Vendas

Destina-se a registar as vendas deduzidas do IVA e outros impostos;

72 – Prestação de Serviços

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 56 de 76

Notas Destina-se a registar os trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos objetos ou

finalidade principais da entidade. Poderá integrar os materiais incorporados no caso de

estes não serem faturados separadamente.

73 – Variações nos inventários de produção

Destina-se a registar os valores referentes as variações de inventários de produção. Esta

conta será movimentada em contrapartida das contas da classe 3.

75 – Subsídios à exploração

Esta conta inclui os subsídios relacionados com o rendimento conforme estabelecido na

NCRF 2 – Contabilidade dos Subsídios do Governo e Divulgação de Apoios ao Governo.

7852 – Rendimentos e ganhos em subsidiárias, associadas e empreendimentos

conjuntos – Aplicação do método da equivalência patrimonial

Esta conta regista os rendimentos e ganhos relativos às participações de capital

derivados da aplicação do método da equivalência patrimonial, sendo

considerados para o efeito apenas os resultados dessas entidades.

7884 – Ganhos em instrumentos financeiros

Regista os ganhos relacionados com a conta 14 - Instrumentos financeiros.

Classe 8 – Resultados

Esta classe destina-se a apurar o resultado liquido do período, podendo ser utilizada para

auxiliar à determinação do resultado extensivo, tal como consta na Demonstração das

Alterações do Capital Próprio

811 – Resultados antes de impostos

Destina-se a concentrar, no final do exercício, os gastos e rendimentos registados

nas contas das classes 6 e 7, respetivamente;

8121 – Imposto estimado par ao período

Destina-se ao valor de imposto estimado que incidirá sobre os resultados

corrigidos para efeitos fiscais, por contrapartida da conta 2411 – Estado e Outros

Entes Públicos-Impostos sobre o rendimento.

2.4 NORMA CONTABILÍSTICA DE RELATO FINANCEIRO (NCRF) E NORMAS

INTERPRETATIVAS (NI)

As Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF) constituem uma

adaptação das normas internacionais de contabilidade, adotadas pela UE, tendo em conta

o tecido empresarial português e o facto de algumas entidades se encontrarem obrigadas

ou terem a opção de aplicar as citadas normas internacionais, nos termos do Regulamento

(CE) n.º 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho. Assim, o

conjunto das NCRF pode não contemplar algumas das normas internacionais e as NCRF

podem dispensar a aplicação de determinados procedimentos e divulgações exigidos nas

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 57 de 76

Notas correspondentes normas internacionais, embora garantindo no essencial, os critérios de

reconhecimento e de mensuração contidos nestas normas.

As NCRF são propostas pela Comissão de Normalização Contabilística e

publicadas através de Avisos no Diário da Republica, depois de homologadas pelo membro

do Governo responsável pela área das finanças, com a faculdade de delegar, sendo a sua

aplicação obrigatória a partir da data de entrada em vigor indicada em cada uma delas.

As NCRF estão estruturadas por temas (tipo de factos contabilísticos) tendo sido

emitidas um conjunto de 28 NCRF.

Figura 14. NORMAS CONTABILÍSTICAS DE RELATO FINANCEIRO

NCRF 1 ‐ Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras

NCRF 2 ‐ Demonstração de Fluxos de Caixa

NCRF 3 ‐ Adopção pela primeira vez das NCRF

NCRF 4 ‐ Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros

NCRF 5 ‐ Divulgações de Partes Relacionadas

NCRF 6 ‐ Activos Intangíveis

NCRF 7 ‐ Activos Fixos Tangíveis

NCRF 8 ‐ Activos não Correntes Detidos para Venda e Unidades Operacionais

Descontinuadas

NCRF 9 ‐ Locações

NCRF 10 ‐ Custos de Empréstimos Obtidos

NCRF 11 ‐ Propriedades de Investimento

NCRF 12 ‐ Imparidade de Activos

NCRF 13 ‐ Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos em Associadas

NCRF 14 ‐ Concentrações de Actividades Empresariais

NCRF 15 ‐ Investimentos em Subsidiárias e Consolidação

NCRF 16 ‐ Exploração e Avaliação de Recursos MineraisNCRF 17 ‐ Agricultura

NCRF 18 ‐ Inventários

NCRF 19 ‐ Contratos de Construção

NCRF 20 ‐ Rédito

NCRF 21 ‐ Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes

NCRF 22 ‐ Contabilização dos Subsídios do Governo e Divulgação de Apoios do Governo

NCRF 23 ‐ Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio

NCRF 24 ‐ Acontecimentos Após a data do Balanço

NCRF 25 ‐ Impostos Sobre o Rendimento

NCRF 26 ‐ Matérias Ambientais

NCRF 27 ‐ Instrumentos Financeiros

NCRF 28 ‐ Benefícios dos Empregados

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 58 de 76

Notas O conjunto do normativo que estrutura o SNC é formado não só pelas NCRF’s

mas também pelas normas interpretativas (NI):

NI 1 – Consolidação – entidade de finalidades espaciais;

NI 2 – Uso de técnicas de valor presente para mensurar o valor de uso.

Estas normas servem de esclarecimento ou orientação sobre o conteúdo dos

restantes instrumentos que integram o SNC. As NI, também são propostas pela Comissão

de Normalização Contabilística e publicadas através de Avisos no Diário da Republica,

depois de homologadas pelo membro do Governo responsável pela área das finanças, com

a faculdade de delegar, sendo a sua aplicação obrigatória a partir da data de entrada em

vigor indicada em cada uma delas.

Além destas normas pode-se recorrer, nas condições definidas no DL 158/2009,

às normas do IASB, que emite as IAS e as IFRS, bem como as normas interpretativas a

essas normas, as SIC e as IFRIC.

2.5 NORMA CONTABILÍSTICA DE RELATO FINANCEIRO PARA PEQUENAS ENTIDADES

(NCRF-PE)

Tendo em conta as entidades a que se destina o SNC, no processo de adaptação

das normas internacionais de contabilidade houve a preocupação de, sem distorcer a

homogeneidade, a qualidade e a coerência globais, eliminar tratamentos pouco ou nada

aplicáveis à realidade nacional e evitar níveis de exigência informativa porventura

excessivos. É criada uma norma especificamente destinada às entidades de menor

dimensão, que assenta nos mesmos requisitos técnicos de referência e permite delimitar e

simplificar num único documento, mais acessível e de mais fácil aplicação, as exigências

contabilísticas mais comuns a esse universo.

A NCRF-PE contempla de, forma unitária e simplificada, os tratamentos de

reconhecimento, de mensuração, de apresentação e de divulgação, que no cômputo dos

consagrados nas NCRF.,

De acordo com o art.º 9 do SNC, alterado pela Lei 20/2010, de 23 de Agosto,

considera-se pequena entidade aquela que não ultrapassem dois dos três limites

seguintes, salvo quando por razões legais ou estatuárias tenham as duas demonstrações

financeiras sujeitas a certificação legal de contas:

a) Total do balanço: 1.500.000€;

b) Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 3.000.000€;

c) Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

Os limites previstos nas alíneas acima operam da seguinte forma:

a) Sempre que dois dos três limites referidos sejam ultrapassados num

determinado exercício, a opção deixa de poder ser exercida a partir do

segundo exercício seguinte, inclusive;

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 59 de 76

Notas b) Sempre que os limites referidos deixem de ser ultrapassados num

determinado exercício, a entidade pode exercer opção a partir do segundo

exercício seguinte, inclusive.

Nos casos em que a pequena entidade tenha as suas contas sujeita a certificação

legal de contas, ou caso integre o perímetro de consolidação de uma entidade que

apresente demonstrações financeiras consolidadas, aquela entidade não pode aplicar o

regime previsto na NCRF-PE

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 60 de 76

Notas 3. ESTRUTURA CONCEPTUAL

A Estrutura Conceptual (EC) foi homologada pelo Aviso nº 15652/2009, de 7 de

Setembro (DR nº 173, II série), para ser adotada a partir do dia 1 de Janeiro de 2010,

data de entrada em vigor do novo Sistema de Normalização Contabilística e segue, de

muito perto, a Estrutura Conceptual para a preparação e apresentação das demonstrações

financeiras do IASB.

Algumas das definições simples que se têm encontrado acerca da EC e que

ajudam a entender esta noção, são:

Ideias ou conceitos coerentes, organizados de tal forma que sejam fáceis de

comunicar;

Um conjunto de pressupostos, princípios e definições que um conjunto de

profissionais adota para um trabalho conjunto;

A base de pensamento sobre o que fazemos.

Estas ideias transmitem a noção de que EC significa falar de matriz de conceitos

que está na base de todo o processo e útil à realização de qualquer tarefa.

A EC constitui um documento autónomo que trata:

Das finalidades das demonstrações financeiras, seus utentes e necessidades

de informação;

Das características qualitativas que determinam a utilidade da informação

contida nas demonstrações financeiras;

Da definição, reconhecimento e mensuração dos elementos a partir dos

quais se constroem as demonstrações financeiras; e

Dos conceitos de capital e de manutenção de capital

Na prática, a EC contém as linhas gerais de aplicação do SNC orientando os

preparadores das demonstrações financeiras no sentido de providenciarem informação

que satisfaça as necessidades comuns da maior parte dos utentes.

3.1 FINALIDADE DA ESTRUTURA CONCEPTUAL

Como já referido, a EC estabelece conceitos que estão subjacentes à preparação

e apresentação das demonstrações financeiras para utentes externos. De acordo com o §2

da EC a finalidade desta estrutura é:

Ajudar os preparadores das demonstrações financeiras na aplicação das

NCRF e no tratamento de tópicos que ainda tenham de constituir assunto de

uma dessas normas;

Ajudar a formar opinião sobre a aderência das demonstrações financeiras às

NCRF;

Ajudar os utentes na interpretação da informação contida nas

demonstrações financeiras preparadas; e

Proporcionar aos que estejam interessados no trabalho da CNC informação

acerca da sua abordagem à formulação das NCRF.

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 61 de 76

Notas A EC não é uma NCRF e em casos de dúvida na aplicação de uma ou de outra, a

que prevalece é a NCRF (§3 e §4 da EC (2009)).

Assim, podemos dizer que as grandes finalidades das Demonstrações Financeiras

resumem-se a:

Fornecer informação independentemente da natureza destes;

Fornecer informação diferenciada em função dos interesses de cada um.

Quando se preparam as demonstrações financeiras estas têm que transmitir uma

informação que interesse aos seus utentes atuais e potenciais, nas suas tomadas de

decisões.

Em primeiro lugar deve-se classificar a informação financeira, ela é história e

essencialmente financeira. É histórica porque reflete acontecimentos já passados e

financeira pois estão referenciadas em unidades monetárias.

3.2 UTENTES E NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO

De acordo com o §9 da EC (2009), os utilizadores da informação financeira são

utentes que num qualquer momento da sua atividade, necessitem de tomar decisões.

Assim, temos:

Investidores — Os fornecedores de capital de risco e os seus consultores

estão ligados ao risco inerente aos, e ao retorno proporcionado pelos, seus

investimentos. Necessitam de informação para os ajudar a determinar se

devem comprar, deter ou vender. Os acionistas estão também interessados

em informação que lhes facilite determinar a capacidade da entidade pagar

dividendos.

Empregados — Os empregados e os seus grupos representativos estão

interessados na informação acerca da estabilidade e da lucratividade dos

seus empregadores. Estão também interessados na informação que os

habilite a avaliar a capacidade da entidade proporcionar remuneração,

benefícios de reforma e oportunidades de emprego.

Mutuantes — Os mutuantes estão interessados em informação que lhes

permita determinar se os seus empréstimos, e os juros que a eles respeitam,

serão pagos quando vencidos.

Fornecedores e outros credores comerciais — Os fornecedores e outros

credores estão interessados em informação que lhes permita determinar se

as quantias que lhes são devidas serão pagas no vencimento. Os credores

comerciais estão provavelmente interessados numa entidade durante um

período mais curto que os mutuantes a menos que estejam dependentes da

continuação da entidade como um cliente importante.

Clientes — Os clientes têm interesse em informação acerca da continuação

de uma entidade, especialmente quando com ela têm envolvimentos a prazo,

ou dela estão dependentes.

Governo e seus departamentos — O Governo e os seus departamentos estão

interessados na alocação de recursos e, por isso, nas atividades das

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 62 de 76

Notas entidades. Também exigem informação a fim de regularem as atividades das

entidades, determinar as políticas de tributação e como base para

estatísticas do rendimento nacional e outras semelhantes.

Público — As entidades afetam o público de diversos modos. Por exemplo,

podem dar uma contribuição substancial à economia local de muitas

maneiras incluindo o número de pessoas que empregam e patrocinar

comércio dos fornecedores locais. As demonstrações financeiras podem

ajudar o público ao proporcionar informação acerca das tendências e

desenvolvimentos recentes na prosperidade da entidade e leque das suas

atividades.

3.3 OBJETIVO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Como já foi referido anteriormente, o objetivo das demonstrações financeiras é o

de proporcionar informação acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações

na posição financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na

tomada de decisões económicas (§12 da EC (2009)).

Figura 15. OBJETIVOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E SUAS COMPONENTES

A posição financeira de uma entidade analisa-se através da componente das

demonstrações financeiras, designadamente o “Balanço” e resulta dos recursos

económicos controlados por esta, da sua estrutura financeira, da sua capacidade de

liquidez e solvência e da sua capacidade de adaptação às alterações do ambiente em que

opera. A liquidez refere-se à disponibilidade de caixa no futuro próximo depois de ter em

conta os compromissos financeiros durante esse período e a solvência refere-se à

disponibilidade de caixa durante prazo mais longo para satisfazer os compromissos

financeiros à medida que se vençam (§15 e §16 da EC (2009)).

QUAL A UTILIDADE DE CONHECIMENTO DA POSIÇÃO FINANCEIRA?

A utilidade do conhecimento da posição financeira vem da possibilidade de se

poder efetuar analises sobre:

Capacidade da entidade em gerar no futuro fluxos de caixa e

equivalentes, em resultado da utilização dos seus recursos económicos;

Posição financeira Desempenho Alterações na

posição financeira

Balanço

Demonstração de

Resultados

Demonstração dos

Fluxos de Caixa

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Futuras necessidades de empréstimos, através da analise da estrutura

financeira;

Lucros futuros;

Fluxos de caixa a serem distribuídos

Capacidade da entidade de satisfazer os seus compromissos financeiros

à medida que se vencerem.

O Balanço permite elaborar análises relacionadas com os valores conseguidos

para cada elemento patrimonial, já que nele se encontram as expressões financeiras dos

factos acumulados até à data da elaboração das demonstrações financeiras.

QUAL A UTILIDADE DE CONHECIMENTO DO DESEMPENHO DE UMA ENTIDADE ECONÓMICA?

A Demonstração dos Resultados permite analisar o desempenho da entidade que

é complementado com as notas expressas no Anexo ao Balanço e às Demonstrações dos

Resultados, na informação não quantitativa.

A utilidade do conhecimento do desempenho vem da possibilidade de se poder

efetuar analises sobre:

Na predição da capacidade da entidade gerar fluxo de caixa, a partir dos

recursos existentes;

Na formação de juízos acerca da eficácia com que a entidade pode empregar

recursos adicionais.

A informação acerca das alterações na posição financeira é obtida através da

Demonstração de fluxos de caixa e da Demonstração de Origens e Aplicações de Fundos

(DOAF). A informação proporcionada por estas demonstrações financeiras:

Permite avaliar as atividades de investimento, de financiamento e

operacionais, de uma entidade, durante o período de relato;

Proporciona aos utentes uma base para determinar a capacidade de uma

entidade de gerar dinheiro e seus equivalente e as necessidades da entidade

de utilizar esses fluxos de dinheiro.

Apesar de, de acordo com objetivo referido, as demonstrações financeiras terem

sido preparadas com a finalidade de proporcionarem toda a informação de que os utentes

necessitam para tomarem as suas decisões económicas, o certo é que as demonstrações

financeiras fornecem informação histórica sobre os efeitos financeiros de acontecimentos

passados, e não proporcionam qualquer informação não financeiras (§13 da EC (2009)).

É importante que os utentes da informação financeira façam uma avaliação da

capacidade da entidade para gerar caixa e equivalente de caixa, bem como da

tempestividade e certeza da sua geração. Os utentes têm mais possibilidade de avaliar a

capacidade da entidade de gerar caixa e equivalente de caixa se lhe for proporcionada

informação que foque a posição financeira, o desempenho e as alterações na posição

financeira

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas A EC considera no seu §22 que “a fim de satisfazer os seus objetivos, as

demonstrações financeiras são preparadas de acordo com o regime contabilístico do

acréscimo”.

O Regime do Acréscimo (ou Periodização Económica) é um pressuposto

subjacente nas demonstrações financeiras e define o momento do reconhecimento dos

factos patrimoniais. O §22 refere que as demonstrações financeiras para satisfazerem os

seus objetivos são preparadas de acordo com o regime contabilístico do acréscimo.

Através deste regime, os efeitos das transações e de outros acontecimentos são

reconhecidos quando eles ocorram, sendo registados contabilisticamente e relatados nas

demonstrações financeiras dos períodos com os quais se relacionem. Desta forma, as

informações financeiras transmitem aos utentes não somente as transações passadas

envolvendo o pagamento e o recebimento de caixa, mas também as obrigações de

pagamento no futuro e de recursos que representem caixa a ser recebida no futuro. Outro

pressuposto subjacente é o da Continuidade que pressupõe que a entidade continuará a

operar no futuro. Se não for em continuidade, a entidade deverá divulgar esse facto.

3.4 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES

FINANCEIRAS

Na execução das tarefas inerentes à atividade contabilística, nomeadamente o

método de contabilização a utilizar, as quantias a reconhecer, o tipo de informação a

divulgar e a forma com que essa informação deve ser apresentada, não pode esquecer a

definição das características mais ajustadas à apresentação final da informação, para que

se apresente com qualidade para os utentes tomarem as suas decisões económicas.

Assim, pode-se dizer que as características qualitativas são as particularidades que tornam

a informação financeira, oferecida nas demonstrações financeiras, prestável aos utentes.

De acordo com o §24 da EC (2009), as características qualitativas são “os

atributos que transformam a informação proporcionada nas demonstrações financeiras útil

aos utentes”. A Estrutura Conceptual do SNC tem quatro principais características

qualitativas:

1. Compreensibilidade

2. Relevância

3. Fiabilidade

4. Comparabilidade

A EC tem uma preocupação em definir e interligar cada uma destas

características com o objetivo de tomada de decisões e a importância de cada uma delas

no modelo contabilístico que tem por base o paradigma da utilidade.

3.4.1 COMPREENSIBILIDADE

A compreensibilidade é uma qualidade fundamental, uma vez que, os utentes das

demonstrações financeiras devem entender rapidamente a informação contida nas

mesmas.

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Notas Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas demonstrações financeiras é a de que ela seja rapidamente compreensível pelos utentes. §25 da EC (2009)

Para que, as informações que se apresentem de forma mais complexa, mas

relevante, sejam fornecidas, ainda que a sua perceção possa não ser acessível a todos os

utentes, consideram-se os seguintes pressupostos:

Para este fim, presume-se que os utentes tenham um razoável conhecimento das atividades empresariais e económicas e da contabilidade e vontade de estudar a informação com razoável diligência. §25 da EC (2009)

A informação acerca de matérias complexas, a incluir nas demonstrações

financeiras dada a sua relevância para a tomada de decisões dos utentes, não deve ser

excluída com o fundamento de que ela possa ser demasiada difícil para a compreensão de

certos utentes.

3.4.2 COMPARABILIDADE

Na crescente globalização de mercados que existe no mundo atual, a informação

financeira tem cada vez mais um maior papel nas decisões económicas. Desta forma, a

informação financeira tem que ser produzida de forma a possibilitar a elaboração de

comparações. Assim, com base na informação fornecida aos utentes, estes devem ser

capazes de:

Comparar as demonstrações financeiras de uma entidade através do

tempo, com vista a poder identificar tendências na posição financeira e

no desempenho, e

Comparar as demonstrações financeiras de diferentes entidades, com

vista a poder avaliar, de forma relativa, a sua posição financeira, o seu

desempenho e as alterações na posição financeira.

Assim, como as decisões entram muitas vezes em necessidades de comparação

entre as decisões tomadas, os utentes têm necessidade de comparar as informações

provenientes, tanto de várias fontes, como entre vários anos, logo, a comparabilidade e a

consistência têm uma implicação importante na tomada de decisão dos utentes, uma vez

que estes devem ser capazes de identificar quais as tendências da posição financeira e do

desempenho da entidade.

O §41 da EC (2009) alerta no sentido de não ser confundida comparabilidade

com uniformidade. Não é apropriado que a entidade continue a contabilizar da mesma

maneira uma transação ou outro acontecimento se a política adotada não estiver de

acordo com as características qualitativas de relevância e da fiabilidade. Este paragrafo

também alerta no sentido de que é inapropriado que uma entidade deixe as suas políticas

contabilísticas inalteradas quando existem alternativas mais relevantes e fiáveis.

É fundamental para os utentes das informações financeiras perceber como as

alterações das políticas contabilísticas afetam a comparabilidade histórica da informação,

por exemplo, a NCRF 4– “Politicas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas

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Sistema de Normalização Contabilistica

CONFORTURIS Formadora Sandra Rodrigues Página 66 de 76

Notas e erros”, prescreve os critérios para a seleção e alteração das políticas contabilísticas, bem

como o tratamento contabilística e divulgações das alterações nas políticas contabilísticas

e correções de erros. Esta norma procura melhorar a relevância e a fiabilidade das

demonstrações financeiras de uma entidade e a sua comparabilidade ao longo do tempo.

3.4.3 RELEVÂNCIA

A relevância da informação é um fator preponderante para as necessidades de

tomada de decisão dos utentes das demonstrações financeiras, pelo que, uma informação

é relevante sempre que seja útil para a tomada de decisões dos utentes das

demonstrações financeiras e quando influência as decisões económicas dos utentes, ou

seja, sempre que tenha prestado algum apoio na avaliação dos acontecimentos passados,

presentes ou futuros ou na confirmação, ou correção, das suas avaliações passadas. Pode-

se afirmar que a informação financeira tem duas funções:

A função preditiva – segundo a qual a informação financeira deverá permitir

uma análise à capacidade da entidade para tirar vantagens das

oportunidades que lhe surjam e da sua capacidade de agir em eventuais

situações adversas;

A função confirmatória – segundo a qual a informação financeira deve

permitir saber se as precisões efetuadas no passado foram ou não

alcançadas.

Estas duas funções encontram-se interligadas, ou seja, a capacidade de fazer

predições a partir da informação financeira é melhorada sempre que seja possível a

confirmação das predições anteriormente efetuadas. De acordo com o §28 da EC (2009),

A informação acerca da posição financeira e do desempenho passado é frequentemente usada como base para predizer a posição financeira e o desempenho futuros e outros assuntos em que os utentes estejam diretamente interessados, tais como pagamentos de dividendos e de salários, movimentos de preços de títulos e a capacidade da entidade de satisfazer os seus compromissos à medida que se vençam. Para ter valor preditivo, a informação não necessita de estar na forma de uma previsão explicita. A capacidade de fazer predições a partir das demonstrações financeiras é porem melhorada pela maneira como é apresentada a informação sobre as transacções e acontecimentos passados. Por exemplo, o valor preditivo da demonstração dos resultados é aumentado se os itens dos rendimentos ou de gastos não usuais, anormais e não frequentes forem separadamente divulgados.

Para melhor caracterização da relevância devemos salientar que a informação

financeira é influenciada pela natureza, pela materialidade e pela oportunidade dos factos

patrimoniais relatados.

De acordo com o §29 da EC (2009), a natureza da informação é por si mesma

suficiente para determinar a sua relevância. Por exemplo, o relato de um novo negócio na

avaliação dos riscos e oportunidades que se deparam à entidade independentemente dos

resultados conseguidos pelo novo negócio no período de relato.

A oportunidade relaciona-se com o momento em que a informação é

disponibilizada em relação ao momento da necessidade da sua utilização. Uma informação

é oportuna se está disponível quando os seus utilizadores necessitem de a utilizar no

processo de tomada das decisões. Se a informação perde oportunidade deixa de ser

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas relevante para a tomada de decisões, por inutilidade do seu conhecimento. Este conceito

relaciona-se com uma das restrições da informação financeira - tempestividade da

informação.

A materialidade relaciona-se com a alteração do sentido da decisão económica

resultante do seu conhecimento, ou seja, de acordo com o §30 da EC (2009), a

informação é material se a sua omissão ou inexatidão influenciarem as decisões

económicas dos utentes, tomadas na base das demonstrações financeiras. Não sendo uma

característica qualitativa primária que a informação tenha que ter para ser útil proporciona

um patamar ou um ponto de corte.

Assim, a importância desta componente da relevância vem do facto do utilizador

da informação financeira alterar a sua opinião se estiver perante a omissão ou inexatidão

do relato de um facto patrimonial e da medida em que esse facto poderá influenciar as

decisões económicas destes utentes, tomadas com base nas demonstrações financeiras

analisadas.

A materialidade está ligada à dimensão do erro ou ao elemento julgado nas

circunstâncias particulares da sua omissão ou inexatidão, logo pode-se dizer que o

conceito de materialidade não pode ser definido com precisão para todas as situações, ou

seja, uma informação que é materialmente relevante numa determinada entidade pode

não ter materialidade relevante noutra.

Da relação entre a definição de relevância e de materialidade pode-se concluir

que se uma informação financeira é material então essa informação é relevante, isto

porque o conceito de materialidade fornece uma medida para avaliar a relevância.

3.4.4 FIABILIDADE

A fiabilidade traduz-se na confiança que os utentes das demonstrações

financeiras podem depositar na informação financeira divulgada, pelo que a mesma deve

estar isenta de erros materiais, traduzindo fidedignamente a realidade que pretende

representar. Assim, a informação financeiras tem que ser verificável, tem que estar

corretamente representada e tem que ser neutra (§31 da EC (2009)).

De acordo com §32 da EC (2009), a informação pode ser relevante e não ser

fiável, ou seja, pode acontecer que o reconhecimento de um facto, ainda que relevante,

induz em engano os utentes das informações financeiras, o que torna a informação não

fiável. Por exemplo, se a validade e quantia de uma reclamação, por danos sob ação legal

estiverem em disputa, pode ser inapropriado para a entidade reconhecer no balanço a

quantia inteira da reclamação, embora possa ser apropriado divulgar a quantia e

circunstâncias de reclamação.

Para que a fiabilidade da informação financeira seja conseguida, será necessário

verificar os seguintes atributos:

Representação fidedigna

Substância sobre a forma

Neutralidade

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas Prudência

Plenitude

REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA

Para ser fiável, a informação financeira deve representar fidedignamente as

transações e outros acontecimentos que ela ou pretende representar ou possa

razoavelmente esperar-se que represente. Por exemplo, o balanço deve representar

fidedignamente as transações e outros acontecimentos de que resultem ativos, passivos e

capital próprio da entidade na data do relato que satisfaçam os critérios de

reconhecimento (§33 da EC (2009)).

A representação fidedigna relaciona-se com a expectativa que gerada no utente

da informação financeira, a informação a produzir tem que ter em atenção o que o

utilizador espera, legitimamente, obter da consulta dos elementos que lhe são

apresentados. A importância deste subatributo da informação financeira prendesse com a

dificuldade em obtê-lo, visto que a maior parte da informação financeira corre o risco de

não conseguir atingir este objetivo em face do que ela pretende retratar (§34 da EC

(2009)).

As principais dificuldades inerentes à identificação de operações e de

acontecimentos a serem valorizados e a necessidade de aplicação de técnicas de

valorimetria (por exemplo o custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas) são

exemplo de situações que podem levar a representações que não materializam a

representação fidedigna dos factos. No entanto existem situações que pela sua relevância,

exigem o seu reconhecimento apesar de não existir a garantia d transmitirem uma

representação fidedigna.

SUBSTÂNCIA SOB A FORMA

De acordo com o §35 da EC (2009),

Se a informação deve representar fidedignamente as transações e outros acontecimentos que tenha por fim representar, é necessário que eles sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e realidade económica e não meramente com a sua forma legal. A substância das transações ou de outos acontecimentos nem sempre é consistente com a que é mostrada pela sua forma legal ou idealizada.

Por exemplo no caso de uma contabilização do leasing, neste caso o locatário

utiliza o bem locado, tendo o controlo económico desse bem, mas não o seu controlo

legal. No entanto será a utilização económica que fará com que possam ser gerados

benefícios económicos futuros através da utilização deste bem, ao atendermos à sua

forma legal em detrimento da substância económica estaríamos a evidenciar benefícios

económicos, sem evidenciarmos os bens que estiveram na base dessa criação. Deste

modo o reconhecimento do bem nos ativos da entidade contribui para uma representação

fiável da informação financeira.

Assim, sempre que não se verifique uma coincidência entre a “Substância

Económica” e a “Forma Jurídica” dos factos a relatar, a informação financeira deve

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas representar fidedignamente as operações e outros acontecimentos pelo que deve ser dada

primazia à substância económica, pois esta é que esteve na base dos efeitos

consequentes nos resultados e na situação financeira.

NEUTRALIDADE

De acordo com o §36 da EC (2009),

Para que seja fiável, a informação contida nas demonstrações financeiras deve ser neutra, ou seja, livre de preconceitos. As demonstrações financeiras não são neutras se, por via da selecção ou da apresentação da informação, elas influenciarem a tonada de uma decisão ou um juízo de valor a fim de atingir um resultado ou um efeito predeterminado.

Assim, por Neutralidade entende-se o facto da informação financeira não poder

ser utilizada para privilegiar um determinado grupo de utentes em detrimento de outros,

ou evidenciar uns factos patrimoniais em relação a outros, só desta forma o produtor das

demonstrações financeiras, conseguira dar credibilidade as demonstrações financeiras

geradas. Assim, se a informação financeira estiver influenciada por uma tomada de

decisão ou juízo com vista a um objetivo predeterminado, então as demonstrações

financeiras violam este subatributo, não estando em presença de uma informação

financeira neutral.

PRUDÊNCIA

Os preparadores das demonstrações financeiras deparam-se constantemente com

incertezas que inevitavelmente rodeiam muitos acontecimentos e circunstâncias, tais como

a cobrabilidade duvidosa de dívidas a receber, a vida útil provável de instalações e

equipamentos e o número de reclamações de garantias que possam ocorrer. Essas

incertezas são reconhecidas através da divulgação da sua natureza e extensão e pela

aplicação de prudência na preparação das demonstrações financeiras. O §37 da EC

(2009), refere que a Prudência é a inclusão de um grau de precaução no exercício dos

juízos necessários ao fazer as estimativas necessárias em condições de incerteza, de

forma que os ativos ou os rendimentos não sejam sobreavaliados e os passivos ou os

gastos não sejam subavaliados. O mesmo paragrafo salvaguarda que o exercício da

prudência não permite, por exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões

excessivas, a subavaliação deliberada de ativos ou de rendimentos, ou deliberada

sobreavaliação de passivos ou de gastos, porque as demonstrações financeiras não seriam

neutras e, por isso, não teriam a qualidade de fiabilidade.

PLENITUDE

De acordo com o §38 da EC (2009), para que seja fiável, a informação contida

nas demonstrações financeiras deve ser completa. Uma omissão pode tornar uma

informação falsa ou enganadora, por conseguinte não fiável e deficiente em termos da sua

relevância.

Ao longo do tratamento contabilístico dos factos patrimoniais a relatar vários são

os casos em que o subatributo da plenitude não se atinge, nomeadamente quando se

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas considera como custo elementos indivisíveis e que não são consumidos no exercício em

que o seu custo foi considerado, por exemplo: material de escritório como lápis,

borrachas, esferográficas e outros consumíveis que são considerados como custo num

determinado exercício, mas que nele não são esgotados. Nestes casos, para uma

informação plena, deveríamos considerar num determinado exercício a parte do custo

correspondente à parte consumida e no ou nos exercícios seguintes a parte restante, que

poderíamos trata como uma amortização, ou como um custo diferido.

3.4.5 CONSTRANGIMENTOS À INFORMAÇÃO RELEVANTE E FIÁVEL

A preparação da informação financeira deve respeitar as características

qualitativas, no entanto deve-se ter presente que o processo de preparação da informação

financeira padece de alguns constrangimentos. A relevância e a fiabilidade da informação

financeira apresentada é condicionada por algumas restrições:

Tempestividade

Balanceamento entre benefício e custo

Balanceamento entre as características qualitativas

TEMPESTIVIDADE

Se houver demora indevida no relato da informação ela pode perder a sua relevância. O órgão de gestão pode necessitar de balancear os méritos relativos do relato tempestivo com o fornecimento de informação fiável. Para proporcionar informação numa base tempestiva pode muitas vezes ser necessário relatar antes de serem conhecidos todos os aspectos de uma transacção ou outro acontecimento, diminuindo por conseguinte a fiabilidade. Ao contrário, se o relato for demorado até que todos os aspectos sejam conhecidos, a informação pode ser altamente fiável mas de pouca utilidade para os utentes que tenham tido entretanto de tomar decisões. Para conseguir a ponderação entre relevância e fiabilidade, a consideração dominante é a de como melhor satisfazer as necessidades dos utentes nas tomadas de decisões económicas. §43 da EC (2009)

O atraso no relato da informação financeira pode fazer perder a sua relevância. É

necessário ponderar entre fornecer uma informação a tempo e ter a garantia que essa

informação é relevante. Assim, poderá ser mais adequado proporcionar uma informação

tempestiva aos utentes, mesmo correndo o risco da sua fiabilidade ou relevância não estar

garantida, do que apenas fornecer a dita informação quando já temos a garantia da sua

fiabilidade mas já perdeu a oportunidade de ser utilizada na tomada de decisão do utente.

Desta forma, sempre que existam dúvidas entre a oportunidade de prestar uma

informação financeira e a fiabilidade e relevância dessa informação, o critério de

ponderação a aplicar deverá ser a consideração de como melhor satisfazer as

necessidades dos utentes nas tomadas de decisões económicas, procurando transmitir a

imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e das suas alterações e do

desempenho.

BALANCEAMENTO ENTRE BENEFÍCIO E CUSTO

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas A ponderação entre benefício e custo é mais um constrangimento influente do que uma característica qualitativa. Os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de a proporcionar. A avaliação dos benefícios e custos é, contudo, substancialmente um processo de ajuizamento. Para além disso, os custos não recaem necessariamente sobre os utentes que fruem os benefícios. Os benefícios podem também ser usufruídos pelos utentes que não sejam aqueles para quem a informação é preparada: por exemplo, o fornecimento de informação adicional a mutuantes pode reduzir os custos dos empréstimos obtidos por uma entidade. Por estas razões é difícil aplicar um teste custo – beneficio a qualquer caso particular. Não obstante, os normalizadores em particular, assim como os preparadores e utentes das demonstrações financeiras, devem estar conscientes deste constrangimento. §44 da EC (2009)

Uma das limitações à obtenção da informação financeira, é o custo da obtenção

dessa mesma informação. Deve ter-se consciência de que os benefícios derivados de obter

uma informação financeira devem exceder o custo de proporcionar essa informação. Esta

ponderação entre custo-benefício é mais uma restrição generalizada do que uma

característica qualitativa. Deste modo, quer os preparadores quer os utentes das

demonstrações financeiras devem estar conscientes desta restrição à obtenção da

informação relevante e fiável.

BALANCEAMENTO ENTRE CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS

Na prática é muitas vezes necessário um balanceamento, ou um compromisso, entre características qualitativas. Geralmente a aspiração é conseguir um balanceamento apropriado entre as características a fim de ir a encontro dos objectivos das demonstrações financeiras. A importância relativa das características em casos diferentes é a questão de juízo de valor profissional.

§45 da EC (2009)

O preparador das demonstrações financeiras tem muitas vezes necessidade de

escolher entre as diversas características qualitativas, de forma a atingir os objetivos

subjacentes à elaboração das demonstrações financeiras, quando para atingirmos uma

delas temos que dar menos importância a outra. Como sabemos qual delas devemos dar

mais ou menos importância, tendo como objetivo a qualidade da informação financeira?

De forma esquemática podemos representar as relações entre as características

qualitativas e Restrições para o SNC da seguinte forma:

Figura 16. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS E RESTRIÇÕES PARA O SNC

Fonte: FREITAS, 2009

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas O quadro em cima procura sintetizar o processo para a produção da informação

financeira. O utente tem que determinar as características que considera essenciais à

utilidade da informação financeira que pretende que lhe seja apresentada e de seguida

monstra os subatributos que a informação tem que verificar para que as características

sejam determinadas.

3.5 MENSURAÇÃO DOS ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A atribuição de valor a ativos e passivos, mensuração na terminologia das normas

internacionais, é um aspeto essencial no processo contabilístico. O §97 da EC (2009) do

SNC estabelece a seguinte definição de mensuração:

Mensuração é o processo de determinar as quantias monetárias pelas quais os elementos das demonstrações financeiras devam ser reconhecidos e inscritos no balanço e na demonstração de resultados.

O §98 da EC (2009) destaca as bases de mensuração relativamente aos Ativos e

aos Passivos:

a) Custo histórico – os ativos são registados pela quantia de caixa, ou

equivalente de caixa paga ou pelo justo valor da retribuição dada para os

adquirir no momento da sua aquisição. Os passivos são registados pela

quantia dos proventos recebidos em troca da obrigação, ou em algumas

circunstâncias, como por exemplo: impostos sobre o rendimento, pelas

quantias de caixa ou equivalentes de caixa, que se espera que venham a ser

pagas para satisfazer o passivo no decurso normal dos negócios;

b) Custo corrente – os ativos são registados pela quantia de caixa ou de

equivalentes de caixa que teria de ser paga se o mesmo ou um equivalente

fosse corretamente adquirido. Os passivos são registados pela quantia não

descontada de caixa, ou de equivalentes de caixa, que seria necessária para

liquidar corretamente a obrigação;

c) Valor realizável (de liquidação ou liquido) – os ativos são registados pela

quantia de caixa, ou equivalentes de caixa, que possa ser corretamente

obtida ao vender o ativo numa alienação ordenada. Os passivos são

escriturados pelos seus valores de liquidação, isto é as quantias não

descontadas de caixa ou equivalentes de caixa que se espera que sejam

pagas para satisfazer os passivos no decurso normal dos negócios;

d) Valor presente – os ativos são escriturados pelo valor presente descontado

dos futuros influxos líquidos de caixa que se espera que o item gere no

decurso normal dos negócios. Os passivos são escriturados pelo valor

presente descontado dos futuros exfluxos líquidos de caixa que se espera

que sejam necessários para liquidar os passivos no decurso normal dos

negócios;

e) Justo valor – quantia pela qual um ativo pode ser trocado ou um passivo

liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso, numa transação em

que não exista relacionamento entre elas.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas O §99 da EC (2009) refere que para escolha da base de mensuração a seguir por

uma entidade de relato que geralmente é adotada pelas entidades é o custo histórico,

contudo reconhece a combinação de outras bases de mensuração designadamente a

aplicadas aos inventários, ou aos títulos negociáveis. Por exemplo:

Os inventários têm uma mensuração inicial ao preço de custo, no entanto, após o

registo inicial ao custo, os inventários devem ser mensurados pelo mais baixo do

custo ou do valor realizável (§9 da NCRF18). A redução da quantia dos

inventários para o valor realizável liquido é consistente com o prescrito no §28 da

NCRF18 “(…) A prática de reduzir o custo dos inventários (write down) para o

valor realizável liquido é consistente com o ponto de vista de que os activos não

devem ser escriturados por quantias superior àquelas que previsivelmente

resultariam da sua venda ou uso”.

Os títulos negociáveis podem ser escriturados pelo seu valor de mercado e os

passivos por pensões de reforma são escriturados pelo seu valor presente.

3.6 CAPITAL E MANUTENÇÃO DE CAPITAL E A DETERMINAÇÃO DO LUCRO

A EC, nos §100 a §108, refere dois conceitos de capital:

a. Conceito de capital financeiro: ativos líquidos ou capital próprio da

empresa associado à manutenção do capital nominal investido ou no

poder de compra do capital investido. Um lucro apenas é obtido se a

quantia financeira dos ativos líquidos no fim do período exceder a

quantia financeira dos ativos líquidos no inicio do período, depois de

excluir quaisquer distribuições a, e contribuições de, os proprietários

durante o período. A manutenção do capital financeiro pode ser

mensurada quer em unidades monetárias nominais quer em unidades de

poder de compra constantes.

b. Conceito de capital físico: capacidade produtiva da empresa basada em,

por exemplo, unidades de produção diárias. Por este conceito, um lucro

só é obtido se a capacidade física produtiva (ou capacidade operacional)

da empresa (ou os recursos ou os fundos necessários para conseguir

essa capacidade) no fim do período exceder a capacidade física

produtiva no inicio do período, depois de excluir quaisquer distribuições

a, e contribuições de, os proprietários durante o período.

A seleção por uma empresa do conceito apropriado de capital deve basear-se nas

necessidades dos utentes as suas demonstrações financeiras. Um conceito financeiro de

capital deve ser adotado se os utentes das demonstrações financeiras estiverem

interessados na manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra do

capital investido. Se, porem, a principal preocupação dos utentes for a capacidade

operacional da empresa, deve ser usado um conceito físico de capital. O conceito

escolhido indica o objetivo a ser atingido na determinação do lucro, mesmo que possam

existir algumas dificuldades de mensuração para tornar o conceito operacional.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas A principal diferença entre os dois conceitos de manutenção do capital é o

tratamento dos efeitos das alterações de preços nos ativos e passivos da empresa. Em

termos gerais, uma empresa mantém o seu capital se tiver tanto capital no fim do período

como tinha no começo do mesmo.

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Sistema de Normalização Contabilistica

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Notas

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Internet

http://www.cnc.min-financas.pt/

www.otoc.pt

http://cdp.portodigital.pt/profissoes/classificacao-nacional-das-profissoes-

cnp/especialistas-das-ciencias-fisicas-matematicas-e-engenharia

Legislação

EC (2009), Diário da República, 2ª série, nº 173. Aviso n.º 15652/2009, de 7 de

Setembro, pp. 36227-36234.

Lei 20/2010, Diário da República, 1ª série, n.º 163 de 23 de Agosto de 2010, pp.

3661.

NCRF (2009), Diário da República, 2ª série, nº 173. Aviso n.º 15655/2009, de 7

de Setembro, pp. 36260-36359.

NCRF-PE (2009), Diário da República, 2ª série, nº 173. Aviso n.º 15654/2009, de

7 de Setembro, pp. 36237-36260

Portaria 986/2009, Diário da República, 1ª série, n.º 173 de 7 de Setembro de

2009, pp.6006-6029.

SNC (2009), Diário da República, 1ª série, nº 133. Decreto-Lei n.º 158/2009, de

13 de Julho, pp. 4375-4384.

Livros e Outros

FREITAS, Guilhermina (2009), Manual de Formação - SNC – Estrutura

Conceptual, Câmara dos Técnicos Oficias de Contas.

RODRIGUES, João (2012), SNC - Sistema de Normalização Contabilístico

Explicado, 3ª Edição, Porto Editora, ISBN: 978-972-0-01785-7.

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Notas

5. ANEXOS

PORTARIA 986/2009, DIÁRIO DA REPÚBLICA, 1ª SÉRIE, N.º 173 DE 7 DE

SETEMBRO DE 2009, PP.6006-6029