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Manual Culturas Hortícolas Sem Solo.pdf

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  • MANUAL DE CULTURASHORTCOLAS SEM SOLO

    PROMOTOR

    COORDENADORCARLA SOFIA MIRANDA (AIHO)

    AUTORESCARLA SOFIA MIRANDA (AIHO)

    SUSANA HENRIQUES (AIHO)LAURA RODRIGUES (EPATV)

    ANA SOFIA RODRIGUES (EAN)ANTNIO ALMEIDA MONTEIRO (ISA)

    JOO CAO (CENTRO DE HIDROPONIA HUBEL)MRIO REIS (UNIV. ALGARVE)

    LUS EIRINHAS ANTUNES

    COLABORADORESREVISO TCNICA: ANTNIO DE ALMEIDA MONTEIRO (ISA)

    AMLIA LOPES (DGPC)

    DAVID INCIO (HORTCOLA DO OESTE)LUS CARVALHO (CAMPOESTE)

    FINANCIADO POR

    OESTE 2004

  • FICHA TCNICA

    Ttulo: Manual de Culturas Hortcolas Sem Solo

    Coordenador: Carla Sofia Miranda (AIHO)

    Autores: Carla Sofia Miranda (AIHO), Susana Henriques (AIHO), Laura Rodrigues (EPATV),Ana Sofia Rodrigues (EAN), Antnio Almeida Monteiro (ISA), Mrio Reis (UNIV. ALGARVE),Joo Cao (CENTRO DE HIDROPONIA HUBEL), Lus Eirinhas Antunes

    Edio: Associao Interprofissional de Horticultura do Oeste

    Reviso Tcnica: Antnio Monteiro, Amlia Lopes

    Impresso: Soartes - artes grficas, lda.

    Tiragem: 500 exemplares

    ISBN: 972-99189-0-2

    Depsito legal: 209584/04

  • 3AGRADECIMENTOS

    Direco da AIHO que teve a coragem de apostar na realizao deste trabalho e que se esforouem criar ao grupo de trabalho as melhores condies possveis.

    Ao Sr. Prof. Dr. Antnio Monteiro (ISA), pela reviso tcnica do trabalho, pelo seu inestimvelapoio e dedicao demonstrado durante o desenvolvimento do mesmo, pela cedncia de manuaistcnicos e outro material. Tambm por todo o incentivo e apoio equipa tcnica que executou oManual.

    Sra. Eng Amlia Lopes (DGPC), pela reviso tcnica do captulo referente s doenas e cednciade fotografias.

    Ao Sr. Prof. Dr. Ernesto Vasconcelos pelo apoio que concedeu realizao do captulo Nutriodas Plantas.

    Ao Sr. Prof. Dr. Jorge Menezes pelo contributo realizao do captulo Infraestruturas e equipamento.

    Eng Rita Prieto (Projecto Agro 4) pelo apoio que prestou realizao deste trabalho.

    Aos tcnicos David Incio (Hortcola do Oeste), Lus Carvalho e Ivo Mateus (Campoeste), pelacedncia de material e pela transmisso de alguns dos seus conhecimentos prticos no que respeita aocultivo sem solo.

    empresa Carmo & Silvrio pela cedncia de fotografias.

    Ao Sr. Prof. Mrio Reis e Sr. Eng Joo Cao por terem acedido elaborao de dois captulosdeste Manual, a Reutilizao da soluo nutritiva e a cultura do morango, respectivamente.

    Ao MADRP - Programa AGRO (Medida 7) e FSE, por co-financiarem este projecto.

    A todos que directa ou indirectamente, contriburam para que a publicao deste manual fosse umarealidade, o nosso BEM HAJA.

  • 5I - INTRODUO (por Antnio Almeida Monteiro e Carla Miranda) ........................................................................ 9

    II - SISTEMA DE CULTIVO HIDROPONICO

    1 - Infraestruturas e equipamento

    - Estufas (por Carla Miranda).................................................................................................................. 17- Sistemas de fertirrega (por Carla Miranda, Lus Antunes e Ivo Mateus) ...................................................... 21- Controlo climtico (por Lus Antunes) .................................................................................................. 25

    2 - Substratos mais usados em culturas sem solo (por Laura Rodrigues)- L de rocha ........................................................................................................................................ 31- Fibra de cco ..................................................................................................................................... 33- Perlita ................................................................................................................................................ 35- Substratos alternativos ...................................................................................................................... 37

    3 - Viveiro (por Carla Miranda)- L de rocha ........................................................................................................................................ 39- Fibra de cco ..................................................................................................................................... 41

    4 - Instalao dos substratos (por Carla Miranda)- L de rocha ........................................................................................................................................ 43- Fibra de cco ..................................................................................................................................... 49

    5 - Nutrio das Plantas (por Susana Henriques) ......................................................................................... 55

    6 - Rega (por Susana Henriques) .................................................................................................................... 77

    III CONDUO DAS CULTURAS

    - Tomate (por Susana Henriques) ................................................................................................................. 85- Pimento (por Carla Miranda) ................................................................................................................... 97- Morango (por Joo Cao) ..................................................................................................................... 101

    IV DOENAS (por Ana Sofia Rodrigues) ...................................................................................................... 109

    V REUTILIZAO DA SOLUO NUTRITIVA (por Mrio Reis) ...................................................... 141

    VI ASPECTOS ECONMICOS (por Laura Rodrigues) .............................................................................. 147

    GLOSSRIO ............................................................................................................................................... 151

    NDICE

  • 6II - SISTEMA DE CULTIVO HIDROPONICO

    1 - Infraestruturas e equipamento

    EstufasFig. 1 - N. de exploraes, rea e n. de estufas segundo o tipo de estufa, expressos em % (cedida

    por Lus Antunes) ......................................................................................................................... 17Fig. 2 - Estufa do tipo capela, com utilizao de prumos de eucalipto .................................................... 18Fig. 3 - Estufas modernizadas, na regio Oeste. ....................................................................................... 19Fig. 4 - Estufa multimodular (Projecto AGRO n4) com aberturas zenitais e laterais. ............................ 19Fig. 5 a) e b) - Terraplanagem do solo da estufa, antes da instalao do substrato. ................................. 19Fig. 6 - Cobertura do solo com plstico .................................................................................................... 20Fig. 7 - Colocao de placas de drenagem sob a placa de l de rocha para servir de canal soluo dedrenagem. .................................................................................................................................................. 20

    Sistemas de fertirregaFig. 1 - Esquema explicativo da rega com controlo da drenagem por bandejas inteligentes (cedida

    por Lus Antunes) ........................................................................................................................ 22Fig. 2 - Programador (cedida por Campoeste) .......................................................................................... 22Fig. 3 - Sistema de injeco (cedida por Campoeste) ............................................................................... 26Fig. 4 - Sistema de filtragem com reservatrio automtico (cedida por Campoeste) ............................... 23Fig. 5 - Efeito da agitao sobre as solues nutritivas (cedida por Campoeste) ..................................... 24Fig. 6 - Cubas e sistema de injeco de adubo ......................................................................................... 24Fig. 7 - Bandeja de activao de regas ..................................................................................................... 24

    Controlo climticoFig. 1 - Sala de controlo ............................................................................................................................ 25Fig. 2 - Sensores instalados no exterior .................................................................................................... 25Fig. 3 - Sensores instalados no interior ..................................................................................................... 25Fig. 4 - Ventilao lateral .......................................................................................................................... 26Fig. 5 - Ventilao zenital ......................................................................................................................... 26Fig. 6 - Automatismo da ventilao zenital .............................................................................................. 26Fig. 7 - Configurao de parmetros de actuao da janela zenital (cedida por Lus Antunes) ............... 26Fig. 8 - Resultado da programao de um diferencial de temperatura de 0C ......................................... 27Fig. 9 - Resultado da programao de um diferencial de temperatura de 2C ......................................... 27Fig. 10 - Configurao da pr-ventilao (cedida por Lus Antunes) ....................................................... 28Fig. 11 - Programao dos alarmes de vento (cedida por Lus Antunes) ................................................. 28Fig. 12 - Configurao do alarme de chuva (cedida por Lus Antunes) ................................................... 29Fig. 13 - Informaes sobre o estado actual do controlador (cedida por Lus Antunes) .......................... 29

    2 - Substratos mais usados em culturas sem soloFig. 1 - Esquema do processo de fabrico da l de rocha ........................................................................... 31Fig. 2 - Placas de l de rocha .................................................................................................................... 31Fig. 3 - Placas de l de rocha abandonadas na explorao agrcola ......................................................... 33Fig. 4 - Fibra de Cco ............................................................................................................................... 33Fig. 5 - Fibra de Cco acondicionada em manga de Polietileno .............................................................. 34Fig. 6 - Sacos c/ fibra de cco ................................................................................................................... 35Fig. 7 - Vaso de poliestireno expandido .................................................................................................... 35Fig. 8 - Perlita expandida. , tambm visvel, esquerda, o mineral antes do processamento ................ 36Fig. 9 - Almofadas de Perlita .................................................................................................................... 36

    NDICE DE IMAGENS

  • 73 - ViveiroFig. 1 - Bloco de l de rocha ..................................................................................................................... 40Fig. 2 - Humedecimento dos blocos de l de rocha,antes da repicagem .................................................................................................................................... 40Fig. 3 a) - placa com plantas de tomateiro para repicar nos blocos do tabuleiro da fig. 3 b) ................... 41Fig. 4 - Bloco de l de rocha pronto a ser transplantado .......................................................................... 41

    4 - Instalao dos substratos

    L de rochaFig. 1 - Esquema de distribuio das placas na estufa (cedida por Campoeste) ...................................... 43Fig. 2 a) Placa de l de rocha antes da abertura dos orifcios ................................................................... 44Fig. 2 b) Placa de l de rocha aps da abertura dos orifcios .................................................................. 44

    Fig. 3 - Saturao das placas de l de rocha ............................................................................................. 44Fig. 4 - Placa de l de rocha em fase de saturao, com orifcio de drenagem preso com grampo ......... 44Fig. 5 - Orifcio de drenagem aberto na extremidade da placa que se encontra menor cota ................. 45Fig. 6 - Colocao do bloco de l de rocha e respectivapiqueta de rega .......................................................................................................................................... 45Fig. 7 - Colocao do gotejador a uma profunfidade suficiente para prender o bloco placa de l de ro-cha ............................................................................................................................................................. 45Fig. 8 - Placa de l de rocha desprovida de plstico, na bandeja de drenagem ........................................ 46Fig. 9 - Elctrodos da bandeja .................................................................................................................. 46Fig. 10 - Monitorizao da soluo nutritiva sada do gotejador e soluo drenada ............................. 46Fibra de ccoFig. 1 - Colocao de banda de plstico, sob os sacos de fibra de cco ................................................... 49Fig. 2 - Vaso fibra de cco ....................................................................................................................... 50Fig. 3 a - Abertura orifcios de drenagem ................................................................................................. 50Fig. 3 b - Orifcios de drenagem ............................................................................................................... 50Fig. 4 - Disposio dos vasos de fibra de cco ......................................................................................... 50Fig. 5 - Disposio dos orifcios de drenagem nos vasos de fibra de cco .............................................. 50Fig. 6 - Saturao do substrato fibra de cco ............................................................................................ 51Fig. 7 - Verificao do grau de humidade que apresenta a fibra de cco para posterior plantao .......... 51Fig. 8 - Disposio dos cortes em forma de T invertido, num saco de fibra de cco ........................... 51Fig. 9 - Bandeja de drenagem ................................................................................................................... 51Fig. 10 - Verdete na fibra de cco ......................................................................................................... 52Fig. 11 - Disposio das plantas de tomateiro e gotejador num vaso de fibra de cco ............................ 52Fig. 12 - Leitura dos valores de CE e pH da soluo nutritiva ................................................................. 53Fig. 13 a) - Colocao de 150ml de gua num recipiente ......................................................................... 53Fig. 13 b) - Perfazer com fibra de cco at ao volume de 250 ml ............................................................ 53Fig. 13 c) - Perfazer com fibra de cco at ao volume de 250 ml ............................................................ 53Fig. 13 d) - Medio da CE da fibra de cco ............................................................................................ 53

    5 - Nutrio das PlantasFig. 1 - Captao de amostra de soluo nutritiva em substrato l de rocha ............................................ 72Fig. 2 - Aparelho de leitura da CE e pH.................................................................................................... 73Fig. 3 - Calibrao do aparelho de medicao pH e CE ........................................................................... 73Fig. 4 - Estufa de tomate com sistema de aquecimento ............................................................................ 73

    6 - RegaFig. 1 a) - Recolha da gua da chuva ........................................................................................................ 77Fig. 1 b) - Reservatrio de gua ................................................................................................................ 77

  • III CONDUO DAS CULTURAS

    TomateFig. 1 a) - Tipo de tomate: beef ................................................................................................................. 85Fig. 1 b) - Tipo de tomate: cacho .............................................................................................................. 85Fig. 1 c) - Tipo de tomate: chucha ............................................................................................................ 85Fig. 1 d) - Tipo de tomate: cocktail ........................................................................................................... 85Fig. 2 - Plantao paralela ......................................................................................................................... 86Fig. 3 - Plantao em quincncio.............................................................................................................. 86Fig. 4 - Consociao entre uma cultura de tomate e uma cultura de alface ............................................ 87Fig. 5 a) - Colmeias de abelhes em inicio de cultura .............................................................................. 87Fig. 5 b) - Colmeias de abelhes no final da cultura ................................................................................ 87Fig. 6 - Poda de rebentos onde se deixou uma poro de rebento agarrado ao caule e onde se

    realizou a tcnica do rasgo. ..................................................................................................... 88Fig. 7 - Duas intensidades de desfolha ..................................................................................................... 89Fig. 8 - Tutoramento das plantas com recurso a argolas ........................................................................... 90Fig. 9 a) - Cabides ..................................................................................................................................... 90Fig. 9 b) - Carretos .................................................................................................................................... 90Fig. 10 a) - Carrinho com rodas ................................................................................................................ 91Fig. 10 b) - Carrinho movendo-se sobre carris (colocao de cabides antes do inicio da cultura) .......... 91Fig. 11 - Blotchy ....................................................................................................................................... 93Fig. 12 - Puffiness ..................................................................................................................................... 94Fig. 13 - Cicatrizes .................................................................................................................................... 94Fig. 14 - Rachados ................................................................................................................................... 95

    PimentoFig. 1 - Cultura do pimento em fibra de cco (cedida por Carmo & Silvrio) ......................................... 97Fig. 2 - Florao e vingamento dos frutos (cedida por Carmo & Silvrio) .............................................. 98Fig. 3 - Aspecto do fruto em substrato fibra de cco (cedida por Carmo & Silvrio) .............................. 98Fig. 4 - Podrido apical (cedida por Carmo & Silvrio) ........................................................................... 99

    MorangoFig. 1 - Sistema de produo de morangos em substrato, com duas alturas de plantao (cedida por

    Centro Hidroponia Hubel) .......................................................................................................... 101Fig. 2 - Polinizao das flores de morangueiro por Bombus terrestris (cedida por Centro Hidroponia

    Hubel) ......................................................................................................................................... 102Fig. 3 e 4 - Morango no incio do perodo vegetativo (ar livre) e em pleno desenvolvimento

    vegetativo (sob coberto) (cedida por Centro Hidroponia Hubel) ........................................ 105Fig. 5 e 6 - Variedade Camarosa em plena produo (cedida por Centro Hidroponia Hubel) ............ 107

    IV DOENASFig. 1 Mtodos de luta contra agentes patognicos ............................................................................. 117

    V REUTILIZAO DA SOLUO NUTRITIVAFig. 1 - Sistema fechado (cedida por Mrio Reis) .................................................................................. 141Fig. 2 - Reciclagem da soluo drenada ................................................................................................. 141

  • 9Objectivos do manual

    A cultura em substrato est a ter crescente aceitao na Regio Oeste. Tratando-se de uma tecnologiasem tradio na zona, a sua utilizao necessita de novos conhecimentos, nem sempre facilmentedisponveis aos tcnicos e agricultores interessados. Existe bastante bibliografia sobre a cultura emsubstrato, mas em lngua estrangeira e muitas vezes em edies pouco acessveis.

    A cultura em substrato uma das prioridades do Projecto de experimentao e divulgao AGROn. 4 que est a decorrer at 2005, sob a responsabilidade da AIHO Associao Interprofissional deHorticultura do Oeste. Tm sido testados no mbito deste projecto sistemas de cultura em substrato,o que permite aferir do seu interesse para a regio e aperfeioar a forma de conduo das culturas.

    H j bastantes produtores da Regio Oeste, assim como de outras regies do pas, que utilizam acultura em substrato. Umas vezes com conhecimento prprio das tcnicas a utilizar, outras vezesassessorados por tcnicos especializados. Estes pioneiros, vo desbravando caminho e experimentandoos sistemas e tcnicas mais aconselhveis para cada situao.

    A equipa que preparou o manual recolheu os conhecimentos existentes na regio e fora dela, como objectivo de escrever uma publicao de carcter prtico e voltada para o utilizador. Partiu-se dainformao bibliogrfica, acrescentaram-se os conhecimentos obtidos a partir do Projecto AGRO n 4e completou-se com a experincia de tcnicos a trabalhar na zona e o saber de docentes do ensinotcnico e superior.

    O carcter prtico do manual reforado pelas fotografias e por um vdeo explicando osprocedimentos. No basta saber porqu, tambm necessrio saber fazer. Espera-se que quem seinicia na cultura em substrato encontre no manual a soluo para os problemas de quem comea,muitas vezes questes simples, mas cuja soluo nem sempre evidente. Quem j tem experincia detrabalho com substratos encontrar no manual informao mais aprofundada sobre os aspectosimportantes desta tcnica, que esperamos possa ser til na melhoria da produtividade das culturas e daeficcia dos sistemas em utilizao.

    Como todas as publicaes, este manual conter certamente erros e omisses, sobretudo porque foiescrito num curto perodo de tempo devido a condicionantes do programa que o financiou. Desde jpedimos aos leitores que nos relevem essas falhas, mas simultaneamente gostaramos de lhespedir para fazerem chegar equipa que preparou o manual eventuais comentrios ou discordncias. atravs da troca de informao e de experincia entre os interessados que conseguiremos fazermelhores culturas em substrato na Regio Oeste.

    Conceito de Cultivo Sem Solo

    Inclui todos os mtodos e sistemas que fazem crescer as plantas fora do seu ambiente natural: o solo.Engloba todos os termos como: hidroponia, semi-hidroponia, NFT e aeroponia.

    Hidroponia pode ser definida como a cincia do crescimento das plantas sem utilizar o solo, usandoum meio inerte como a areia, turfa, vermiculite, casca de pinheiro ou outros, sendo necessrio fornecer planta todos os elementos necessrios ao seu adequado desenvolvimento.

    Outros autores, denominam mtodos hidropnicos aqueles que utilizam algum tipo de meio decultivo designado cultivo sem solo, sendo o cultivo unicamente com gua, a verdadeira hidroponia.

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    Histria

    O cultivo de plantas sem solo no recente, basta lembrarmo-nos dos jardins suspensos da Babilnia,dos jardins flutuantes dos aztecas, no Mxico ou at mesmo do povo egpcio cuja prova ainda hojeconsta dos seus hierglifos datados de centenas de anos a.C.

    No entanto, foi a partir da poca dos descobrimentos, aquando da descoberta pelo belga Jan VanHelmont, que as plantas obtm determinadas substncias nutritivas atravs da gua, que se desenvolveumais o cultivo de plantas sem solo.

    Em 1804, Saussure demonstrou que as plantas so compostas por elementos qumicos obtidos pelagua, solo e ar. O passo seguinte foi eliminar completamente o solo como meio de suporte das plantase cultivar em soluo que continha os minerais essenciais ao seu desenvolvimento. Este ltimoconseguido pelos alemes Sachs (1860) e Knop (1861), que foram desenvolvendo o cultivo em soluonutritiva, denominada nutriculture e que no difere do modo como hoje se processa a investigaoem nutrio mineral e fisiologia vegetal.

    Posteriormente a 1929, W.F. Gericke, do departamento de nutrio vegetal da Universidade daCalifrnia, transferiu para a escala comercial, toda a tecnologia at ento desenvolvida em laboratrio,denominando a este sistema de cultivo em nutrientes, hidroponics, palavra derivada do grego hydro(gua) e ponos (trabalho), literalmente trabalho na gua.

    Desde ento, tem-se assistido a uma enorme evoluo no cultivo de plantas sem solo sobretudoligado indstria dos plsticos e ao incremento de rea de estufas que tem vindo a optar por estessistemas de produo muito intensivos, utilizando na maioria dos casos, tecnologia bastante avanada.

    Duas grandes vantagens oferecidas por este tipo de sistemas so os elevados rendimentos obtidose a possibilidade de produzir legumes frescos nas regies mais ridas do mundo ou outras regiesincultas de que so exemplo zonas rochosas ou praias.

    Futuramente a hidroponia pode ser encarada no s como um sistema de produo altamente rentvel,assim como um sistema de produo intensiva de alimentos num pas de Terceiro Mundo. A nicarestrio neste tipo de sistema a disponibilidade de gua potvel e de nutrientes. No entanto, emregies costeiras, poder optar-se pela desalinizao da gua do mar, usando a areia da praia comosuporte para crescimento das plantas.

    A hidroponia um meio excelente para fazer crescer legumes frescos, no s em pases com poucasuperfcie cultivvel como em pases com elevados ndices populacionais ou importncia turstica,forando ao desaparecimento da agricultura. Com o potencial produtivo oferecido por este tipo desistemas, uma regio ou pas pode facilmente tornar-se auto-suficiente em produtos hortcolas frescos,ou at mesmo exportador que o caso de Portugal em determinados perodos do ano.

  • 11

    Vantagens e inconvenientes da produo sem solo

    Vantagens Inconvenientes

    - Proporcionar a produo de produtos hortcolasde alta qualidade.

    - Maior produtividade.- Possibilita a produo em locais onde no seria

    possvel produzir em solo.- Uniformidade da cultura.- Balano ideal de gua e nutrientes.- Maior eficincia na utilizao de gua,

    representando um menor consumo de gua porkilograma de produo obtida.

    - Maior densidade de plantas por rea.- Fcil correco de carncias ou excesso de

    nutrientes.- Controle perfeito de pH.- Maior precocidade da cultura, pois a planta tem

    sempre gua e nutrientes sua disposio, emqualquer fase do seu ciclo vegetativo.

    - Possibilidade de fazer monocultura no mesmosubstrato.

    - Reduo nos sistemas fechados, decontaminaes para o meio ambiente e reduodos riscos de eroso.

    - Economia em maquinaria, por no sernecessrio tractor e alfaias.

    - Possibilidade de mecanizar e ou robotizar acolheita.

    - Alternativa ao uso de brometo de metilo,contribuindo para a manuteno da camada deozono.

    - Quando os objectivos so comerciais, requerelevados conhecimentos tcnicos de fisiologiae nutrio vegetal.

    - O investimento inicial muito elevado.- Requer abundncia em gua (circuitos abertos).- Necessidade de conhecer a espcie que se vai

    cultivar.- Maior possibilidade de proliferao de algumas

    doenas, atravs da gua.

    Porqu fazer culturas em substrato?

    A rea de cultura em substrato est a aumentar rapidamente em todo o mundo. So as plantas emvaso, a produo de flores e sobretudo a produo de hortalias em estufa, que por toda a parte deixamo solo, com todas as suas limitaes, em favor da cultura sem solo sob os mais diversos sistemas. Atendncia crescente de se passar da cultura no solo para os substratos tem uma explicao clara nasgrandes vantagens que da se podem obter. Destaca-se em primeiro lugar o aumento da produtividadedas culturas e a diminuio do risco de quebras de produo. possvel trabalhar em condiesptimas de nutrio mineral e de alimentao de gua s plantas. A cultura em substrato adapta-semuito bem aos novos sistemas de produo onde tudo tem de estar sobre controlo para ser possvelatingir todos os anos os objectivos em termos de produtividade e qualidade dos produtos. A novahorticultura no admite azares. Tudo tem que estar a funcionar correctamente. O produto tem quechegar ao comprador a tempo e horas e nas quantidades previstas. A cultura em substrato, como se vermais frente, adapta-se perfeitamente tendncia para a utilizao de sistemas de produo de preciso.

    A cultura em substrato tambm muito mais cmoda e prtica do que a cultura no solo. Acabam-se as mobilizaes, o problema das infestantes, a limpeza da estufa muito mais fcil e o risco dedoenas radiculares bastante menor. Muda-se a cultura com muito mais facilidade. agradvel

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    trabalhar numa estufa limpa e sem lama. sobretudo um sistema para os que gostam de controlar acultura e no deixar as coisas ao acaso.

    Algumas dificuldades da cultura em substrato

    Como tudo na vida, a cultura em substrato tem alguns inconvenientes. O primeiro inerente aoprprio sistema. Tratando-se de uma tcnica mais complexa, preciso saber trabalhar com ela. como conduzir um automvel. necessrio saber e ter carta de conduo. Mas hoje em dia ningumvai fazer longas deslocaes a p. Se queremos chegar longe com as nossas culturas h que aprendera trabalhar com tcnicas mais sofisticadas. Ver-se- ao longo deste manual que a cultura em substrato mais simples do que parece primeira vista, desde que se respeitem algumas regras bsicas e seescolha o sistema mais adequado a cada situao em particular.

    O grande desafio para os utilizadores da cultura em substrato de natureza ambiental. No vai serpossvel no futuro continuar a utilizar sistemas abertos, que lancem nas linhas de gua a drenagem dasoluo nutritiva. Os sistemas fechados, que fazem a reutilizao da soluo nutritiva, so tecnicamenteviveis e so j largamente utilizados em muitos pases. Na Holanda, por exemplo, so obrigatrios e,por isso, os sistemas abertos deixaram de ser utilizados. esse o caminho a seguir.

    tecnicamente complexo passar da cultura no solo para a cultura em substrato, assim como existetambm um salto tecnolgico para passar de um sistema aberto para um sistema fechado. Por isso, mais fcil a um produtor comear com um sistema aberto e depois, com mais experincia, passar paraum sistema fechado do que iniciar-se com um sistema fechado. Os sistemas fechados so mais difceisporque exigem um controlo muito rigoroso da composio da soluo de rega alm de necessitaremde gua de boa qualidade. Como todos os elementos minerais que a planta no utiliza se vo acumulandona soluo, h que ajustar muito bem a soluo de rega s necessidades da planta. Caso contrrio asoluo de rega vai tendo cada vez mais o que planta no quer em vez do que ela precisa.

    Os sistemas fechados de cultura em substrato bem conduzidos so altamente eficazes na utilizaoda gua e dos fertilizantes e muito amigos do ambiente. Trata-se de uma actividade limpa, com muitopouco desperdcio e por isso em sintonia com a horticultura do futuro.

    Conduzir a cultura pode ser fcil

    Uma das primeiras questes levantadas por quem se inicia na cultura em substrato tem a ver com aeventual dificuldade em regular a rega e a fertilizao de forma a assegurar condies ptimas denutrio das plantas.

    Para comear, existem frmulas para preparar a soluo nutritiva e valores recomendados para opH e condutividade da soluo. As chamadas mquinas de rega permitem uma regulao razoveldos tempos de rega e das quantidades de gua a aplicar. Toda esta informao se encontra no presentemanual, numa forma que esperamos seja clara e fcil de utilizar. Depois basta seguir algumas regrasbsicas, quase todas regras de bom senso.

    Verificar periodicamente os valores do pH, condutividade e volume de gua de drenagem. Osistema de cultura em substrato muito mais instvel do que o solo. Qualquer falha na rega oufertilizao imediatamente notada pelas plantas e tem que ser detectada e corrigida em cima da hora.A deciso deve ser rpida. Contudo, se houver um acompanhamento cuidado possvel detectar umaqualquer falha antes que se produzam prejuzos na cultura. Todos os dias preciso haver a certeza quetudo funciona conforme programado. No basta regular o pH ou a condutividade na mquina derega. preciso, utilizando sondas independentes, ter a certeza que a programao est a produzir oefeito desejado.

    A programao da rega e da fertilizao s deve ser alterada em caso de extrema necessidade.Evitar utilizar diferentes formulaes da soluo nutritiva de acordo com o desenvolvimento da culturaou com as condies climatricas. Quanto menos modificaes se introduzirem ao longo da cultura,tanto melhor. O mesmo se aplica condutividade e ao pH da soluo. A explicao para esta

  • 13

    recomendao simples e lgica. A planta um ser vivo que tem a capacidade de se adaptar salteraes do meio. Contudo, essa adaptao relativamente lenta quando comparada com a de umsistema mecnico. Por exemplo, possvel alterar o pH da soluo em segundos atravs do computadorda mquina de rega, mas a planta vai demorar vrios dias a reagir e a adaptar-se ao novo valor depH. Assim, a alterao dos parmetros da rega e fertilizao deve ser feita passo a passo, aguardandodepois que o sistema planta-soluo nutritiva atinja um novo ponto de equilbrio. Quanto menosalteraes se introduzirem ao longo da cultura mais estvel ser o sistema e mais fcil ser detectarqualquer eventual problema.

    Qual o melhor substrato?

    No existe tal coisa como o melhor substrato ou o melhor sistema de cultura sem solo. Existemsim, substratos utilizados adequadamente ou ento substratos utilizados de forma inadequada ou maladaptados aos sistemas de produo.

    O substrato, como se ver mais frente neste manual, funciona como um reservatrio para a soluonutritiva a partir de onde a planta se alimenta. Dentro de certos limites, qualquer substrato bomdesde que a rega e a soluo nutritiva estejam bem adaptadas s suas caractersticas fisico-qumicas.No se podem comparar substratos regando-os todos da mesma forma e depois escolher o que deumelhor resultado. Nesse caso, no se escolheu o melhor substrato, mas sim o que estava mais bemadaptado ao mtodo de rega utilizado. Se o mtodo de rega tivesse sido outro, poderia ter sido tambmoutro o substrato com melhor comportamento.

    A l de rocha o substrato mais utilizado nos sistemas tecnicamente evoludos. Possibilita aobteno de elevados rendimentos, mas no permite falhas. Umas horas sem rega, no Vero, podesignificar a perda da cultura, por exemplo. Vai muito bem em estufas com um bom condicionamentoambiental e d bons resultados com utilizadores experientes.

    A fibra de cco, devido a ter maior microporosidade, cede a gua com mais dificuldade do que a lde rocha e tem melhor poder tampo. Tem um tempo de reaco mais lento e por isso tolera um menorrigor na conduo da rega e da fertilizao. Apesar disso, quando bem utilizada pode atingirprodutividades idnticas s da l de rocha.

    Existem ainda muitos outros substratos como a perlite, muito utilizada em Espanha, substratosobtidos a partir da compostagem de resduos orgnicos, etc. Todos podem ser bons desde que utilizadoscorrectamente. Ao longo deste manual sero discutidas em pormenor essas condies de utilizao.

    Qual o factor limitante de um determinado sistema?

    Em meados do sc. XIX o Prof. Liebig, um notvel cientista alemo, comparou a fertilizao dasculturas a uma selha de madeira com aduelas de diferente comprimento. Quando se deitava gua naselha, a quantidade de gua retida dependia da altura da aduela mais baixa. No caso de uma soluonutritiva, o comportamento da planta pode ser determinado por um nutriente que esteja abaixo do valorptimo. Pode haver suficiente azoto, fsforo e potssio por exemplo, mas se o magnsio no for suficiente o seu teor na soluo que vai limitar a actividade da planta. O magnsio seria o factor limitante.

    O conceito do factor limitante pode tambm aplicar-se a qualquer sistema de produo de culturasem estufa. Os produtores que tm modernizado as suas exploraes sabem que h sempre algumacoisa que fica para trs e que muitas vezes impede que todo o resto d o rendimento adequado. poisimportante detectar qual a componente que est a limitar as prestaes do conjunto.

    Passando para o caso da cultura em substrato, o primeiro factor limitante costuma ser o sistema defertirrega que no est correctamente programado e regulado. Depois poder ser a estufa que no amais adequada ou a proteco contra pragas e doenas que no recebe a devida ateno. E assim pordiante.

    Um produtor que instale um sistema de cultura em substrato, mas no cuide adequadamente dasoutras componentes da sua explorao, dificilmente consegue os nveis de produtividade e qualidade

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    que a cultura em substrato lhe poderia proporcionar. Mas ateno aos investimentos excessivos emequipamentos e instalaes, que podem desequilibrar financeiramente a empresa. Por outro lado,nem tudo o que novo o melhor. prefervel trabalhar com um equipamento antigo, mas bemafinado e sujeito a uma manuteno adequada, do que com um equipamento novo, mal regulado e quepode falhar por falta de manuteno.

    Nota:A descrio do funcionamento de alguns equipamenos deste manual refere-se a marcas comerciais

    unicamente para facilidade e clareza da exposio. Trata-se, na maioria dos casos, de equipamentosem uso no projecto AGRO n. 4. A referncia a marcas comerciais ao longo do manual no implica,contudo, qualquer juzo de valor ou preferncia por parte dos autores.

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    BIBLIOGRAFIA

    CHAVES, R.Q. & LACERDA, Z.C. Hidroponia Cultivo Sem Solo

    DURN, J.M., MARTINEZ, E. & NAVAS, L.M. (2000). Los cultivos sin suelo: de la hidroponia a laaeroponia (I). Vida Rural n 101, 1 de Febrero de 2000.

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    LANGLAIS, C. & RYCKEWAERT, P. Guide de la culture sous abris en zone tropicale humide. Laculture hors sol sur substrat (pag. 35-36). Cirad

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    SZMIDT, R. (1997). Review of plant ubstrates for greenhouse cultivation in arid and saline areas.Acta Hort. 443.

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    ESTUFAS

    Breve caracterizao da horticultura protegida na regio Oeste

    Em Portugal existem 25 165 exploraes com culturas hortcolas que perfazem uma rea base de31 763 ha. A regio Oeste assume-se como a mais importante detendo 65% desta rea, ocupando20 672 ha e 31% das exploraes (7 812).

    No que diz respeito s culturas hortcolas intensivas em estufa, existem em Portugal cerca de 3 295exploraes ocupando 1 177 ha. Na regio Oeste existem 895 exploraes que ocupam 385 ha, numtotal de 5 430 estufas (INE, 2002).

    Estufas

    No quadro seguinte so apresentados relativamente regio Oeste, os tipos de estufas maisfrequentes.

    Quadro 1: N. de exploraes, rea e n. de estufas segundo o tipo de estufa

    Fonte: I.N.E, 2002

    Fig. 1 - N. de exploraes, rea e n. de estufas segundo o tipo de estufa, expressos em %

    As estufas do tipo simples e duplas tm nesta regio um claro predomnio. As estufas do tipomltipla so estufas de construo moderna e que s mais recentemente chegaram ao nosso pas, mastem vindo a aumentar a sua importncia na regio Oeste. Este tipo de estufa comporta custos deinvestimento superiores mas apresenta vantagens para o desenvolvimento da cultura e uma melhoriano clima interior da estufa conseguindo-se uma ventilao mais eficiente. Assim, perspectiva-se aprogressiva substituio das estufas do tipo simples ou duplo, envelhecidas, por estufas modernas dotipo mltiplo. Os tneis e os parrais so pouco visveis nesta regio pois, so normalmente utilizadosem situaes especficas.

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    Na regio Oeste, verifica-se segundo dados do INE, que em cerca de 47% das exploraes queocupam 40% da rea, existem estufas com menos de 7 anos de construo. O parque de estufasapresenta-se assim razoavelmente renovado, tendo-se observado uma progressiva substituio dasestufas mais envelhecidas, pois em apenas 10% das exploraes que ocupam 11% da rea existemestufas com mais de 12 anos de construo.

    Culturas

    No quadro que se segue so apresentadas as principais culturas em estufa na regio do Oeste,podendo aferir-se a importncia de cada uma no cultivo hortcola protegido desta regio.

    Quadro 2: Superfcie total e produes das principais culturas hortcolas em estufa

    Fonte: DRARO (2000) in Loureno, 2000

    Das culturas hortcolas em estufa destacam-se as culturas da alface, tomate, feijo verde, pimento,melo e meloa como as mais frequentes na regio Oeste. A cultura do tomate claramente a maisimportante, representando cerca de 44% da superfcie total e 63% da produo, sendo por isso, base deestudo dos ensaios levados a cabo pela Associao Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO).

    Condies prvias adequadas instalao do sistema

    As culturas hortcolas produzi-das sob o sistema de cultivohidropnico necessitam da instala-o prvia de uma estufa que pro-teja da ocorrncia de chuvas, ven-tos e geadas.

    Neste tipo de estrutura podem serutilizados os mais diversos tipos demateriais, disponveis no mercado ea mesma pode apresentar diferentestipos de arquitectura, consoante aregio onde construda.

    Na regio Oeste, as mesmascomearam por ser unimodulares,com p-direito bastante reduzido,telhado triangular ou em capela,sendo utilizados prumos de madeirade eucalipto (espcie muitoabundante nesta regio) na suaconstruo (Fig. 2).

    Fig. 2 - Estufa do tipo capela, com utilizao de prumos de eucalipto

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    Mais recentemente, as estufas so construdasunidas constituindo multimdulos, em arco, sendo oao galvanizado, o material mais utilizado na suaconstruo. As mesmas apresentam p-direito superiora 3 metros com abertura zenital e controlo automticodos parmetros climticos (Fig. 3).

    A cobertura das estufas desta regio na sua grandemaioria em filme polietileno, distintos entre si pelassuas caractersticas, sendo o filme trmico de 3camadas o mais comum.

    No cultivo hidropnico h toda a vantagem em seoptar por estruturas mais modernizadas, apesar doinvestimento tambm ser superior. No entanto,quando o objectivo produzir apenas uma culturaanual, a estufa deve ser suficientemente alta epossibilitar boas condies de arejamento, para ummaior rendimento final. Por outro lado, a longevidadeda estrutura substancialmente superior o que permiteao investidor obter um retrocesso do seu investimentopor mais anos.

    A dimenso das estufas multimodulares no importante. No entanto, aconselhvel para ummelhor arejamento, que as mesmas apresentemaberturas laterais e aberturas zenitais (Fig. 4).

    A localizao da estufa sem dvida um factor muito importante a ter em conta pelo empresrioagrcola. Assim, uma estufa dever ser instalada em locais abrigados do vento, prximo de fontes degua de boa qualidade e energia elctrica e num local soalheiro.

    Depois de construda a estufa, o solo dever ser nivelado tendo em conta o declive necessrio para oescoamento das guas de drenagem e a construo dos respectivos canais de escoamento dessas guas(Fig. 5 a).

    Toda a superfcie dever estar totalmente plana (Fig. 5 b).

    Muitos agricultores optam pela cobertura do solo com filme polietileno branco de 6 milsimas depolegadas de espessura para favorecer a reflexo da luz e uma boa higiene no interior da estufa. Noentanto, esta prtica torna-se desvantajosa quando o plstico se comea a degradar, pelo pisoteio a que submetido e por outro, caso o agricultor opte pelo mesmo servir de canal de drenagem da soluoexcedente, frequente o aparecimento de algas (Fig. 6).

    Fig. 3 - Estufas modernizadas, na regio Oeste.

    Fig. 4 - Estufa multimodular (Projecto AGRO n4) comaberturas zenitais e laterais.

    Fig. 5 a) e b) - Terraplanagem do solo da estufa, antes da instalao do substrato.

    a) b)

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    Outra hiptese manter o solo sem cobertura,colocando apenas uma faixa de plstico bicolor(branco e preto), em cada uma das linhas de forma aservir de canal de drenagem ao substrato a instalar. Omesmo dever ser instalado de forma a manter a facebranca para o exterior e a preta voltada para o interior,o que dificultar o aparecimento de algas junto srazes, onde a gua de drenagem circular.

    Numa situao ainda mais perfeita, h disponvelno mercado placas de drenagem prprias para seremcolocadas sob as placas de substrato, ficando este maiselevado em relao ao solo (Fig. 7). A maiordesvantagem deste ltimo sistema o encarecimentoda instalao.

    Noutra situao extrema h ainda quem proceda instalao do substrato directamente sobre o solo, semqualquer cobertura de plstico, sendo o drenadolixiviado para as camadas subterrneas do mesmo.Obviamente, este sistema desaconselhvel peloimpacte ambiental que produz e pelo aparecimentode infestantes a que conduz, junto das placas decultivo. Apesar deste sistema ser o mais semelhanteao cultivo em solo, h que referir que por o incrementode adubos neste sistema ser superior, tambm acontaminao de guas subterrneas com os lixiviadosseria mais preocupante.

    Os drenados nos anteriores sistemas so conduzidos a um reservatrio prprio, podendo sernovamente incrementados no sistema (sistema fechado) ou dar-lhes outros destinos, como o caso darega de culturas de ar livre em parcelas adjacentes ou rega de jardins (sistema aberto).

    O tipo de solo, neste sistema cultural, obviamente no importante.

    Fig. 6 - Cobertura do solo com plstico

    Fig. 7 - Colocao de placas de drenagem sob a placa del de rocha para servir de canal soluo de drenagem.

    BIBLIOGRAFIA:

    ANTUNES, L.M.E. (2003). Controlo automtico da temperatura e humidade relativa do ar atravs deventilao natural numa estufa no aquecida. Relatrio de fim de curso em Engenharia Agronmica,ISA, UTL.

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    LOURENO, I.C. (2000). Influncia da estratgia da proteco na incidncia das principais pragasnoas culturas protegidas - Regio Oeste. Relatrio de fim de curso em Engenharia Agronmica, ISA,UTL.

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    Em hidroponia o controlo da soluo nutritiva, nomeadamente em relao ao pH, condutividadeelctrica, e gesto da rega (fertirrega), fazendo chegar a gua e os nutrientes planta de uma formasistemtica e atempada com o objectivo de evitar carncias ou excessos problemticos, tem um papelpreponderante na obteno de culturas com qualidade e economicamente rentveis.

    ELEMENTOS QUE COMPEM O SISTEMA DE REGA1. Programador de rega e fertirrega2. Quadro elctrico3. Sistema de injeco hidrulico4. Bomba de rega principal5. Sistema de filtragem6. Tanques de mistura com controle de nvel e agitador7. Sondas de condutividade elctrica e pH8. Bandeja de activao de regas

    1. Programador de rega e fertirregaApresentamos dois exemplos de programadores de rega, mais utilizados pelos agricultores do Oeste:

    Sistema de controlo - NTC MithraO equipamento electrnico, NTC Mithra, regula automaticamente os valores de pH, da condutividade

    elctrica e a injeco de adubo segundo valores programados pelo utilizador. Para tal indispensvelinstalar um conjunto de sensores que determinem o pH e a condutividade elctrica da gua de entradae da soluo nutritiva de sada.

    A rega pode ser programada atravs do estabelecimento de um horrio de rega para cada dia e porsectores. Este programa, no caso particular do projecto AGRO n4, faz a diviso da rea da estufa em quatrosectores para cada tipo de substrato, sendo ordenado o nmero de regas e a sua durao para cada sector.

    A grande vantagem deste equipamento a possibilidade de efectuar regas com controlo de drenagemmediante bandeja inteligente.

    Para o funcionamento deste processo necessrio definir o horrio em que o programa est activado.A partir da hora de incio, o programa est activado para executar a primeira rega. O incio da primeirarega determinado por um valor de radiao exterior de arranque que o utilizador programou. Quandoa radiao acumulada (desde as 00:00 horas do dia em que se activa o programa) supera o valor daradiao de arranque, ter incio a primeira rega automaticamente.

    A durao da primeira rega definida priori pelo utilizador. No entanto, o sistema pode alter-laautomaticamente baseando-se na humidade relativa que exista nesse instante, nas condies da primeirarega no dia anterior (humidade relativa, durao e percentagem de drenagem), assim como napercentagem de drenagem ideal e no factor de correco da humidade relativa. A durao desta primeirarega nunca ser maior que a durao mxima, nem menor que a durao mnima, valores essesprogramados pelo utilizador.

    Aps esta primeira rega inicia-se um tempo de repouso mnimo. Este tempo definido peloutilizador, no entanto pode ser modificado pelo sistema em funo da radiao acumulada.

    A segunda rega realizar-se- quando a radiao acumulada, que voltou ao valor zero aps a primeirarega, superar a radiao de corte. O valor da radiao de corte calculado pelo sistema baseando-se naradiao de controlo e na percentagem de drenagem da rega anterior.

    No caso da percentagem de drenagem produzida na rega anterior ser superior ao da drenagem idealestabelecida, corrigida a radiao de corte assumindo-se um valor mais elevado e fazendo com queesta rega seja mais espaada no tempo que a anterior. Pelo contrrio, se a percentagem de drenagemtiver sido inferior ao valor da drenagem ideal, a radiao de corte corrigida tomando um valormenor, sendo a rega antecipada.

    SISTEMAS DE FERTIRREGA

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    Fig. 1 - Esquema explicativo da rega com controlo da drenagem por bandejas inteligentes

    A durao da segunda rega, que determinado pelo utilizador, pode ser alterada pelo sistema,dependendo da percentagem de drenagem produzida na rega anterior. Se a drenagem for maior que adrenagem ideal, o sistema diminuir esta rega. No caso da percentagem de drenagem ser inferior ideal, o sistema aumentar a sua durao.

    A durao da rega determinada pelo sistema estar compreendido entre os valores mximos emnimos estabelecidos pelo utilizador.

    De seguida proceder-se- a outro perodo de repouso e a terceira rega ser realizada mediante arepetio do processo descrito.

    O sistema vai calculando durante a durao do programa o nmero e a durao das regas necessriaspara fazer coincidir a percentagem de drenagem produzida com a drenagem ideal, requerida peloutilizador.

    Este equipamento fornece estatsticas relativas evoluo do pH e da condutividade elctrica,sendo indicados os valores mnimos, mdios e mximos registados em cada dia. ainda permitida aconsulta dos consumos de gua, do tempo e do nmero de regas de cada sector, assim como o valor dadrenagem obtida no final de cada dia.

    O sistema est equipado com um conjunto de alarmes relativos ocorrncia de valores de pH e decondutividade elctrica na soluo fora do intervalo especificado pelo utilizador. Existem tambmalarmes respeitantes presso mxima ou mnima no sistema, ou seja, quando a entrada correspondentese encontrar activada durante um intervalo de tempo superior ao estabelecido pelo utilizador. Porltimo, existe ainda um alarme que indica que uma das cubas com adubo ou cido se encontram,vazios, ou abaixo do limite estabelecido.

    Sistema de controlo - ELOTECO programador ELOTEC est equipado com o

    programa de gesto mcu ferti (Fig. 2), que permitea instalao em qualquer computador compatvel. Oprogramador permite controlar at 6 sistemas deinjeco de adubo em parmetros como acondutividade elctrica, pH e percentagem de adubopretendidos. regulao do nmero de vlvulas atrabalhar em simultneo, tempo de regas de cadavlvula, modo de rega (hora fixa, contacto ou porciclos programveis), arranques manuais de cada Fig. 2 - Programador

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    grupo executando as tarefas programadas. Tem a capacidade tambm de trabalhar de forma combinadacom um controlador de clima.

    2 Quadro elctricoO quadro elctrico permite efectuar todas as funes efectuadas pelo programador sendo accionado

    o seu funcionamento, colocando-se este no modo manual e accionando a funo que se pretendeexecutar naquele momento.

    3 Sistema de injeco hidrulicoO sistema de injeco (Fig. 3) constitudo:

    1 Venturis Tem como funo fazer a suco doadubo da cuba ao qual est ligado. Os venturisgeralmente utilizados so de 1 L (litro) para acubas de 1000L e de 3/4 L para as cubas de 500L.

    2 Filtros dos venturis Tem a funo de filtrarpequenos elementos slidos suspensos nassolues nutritivas. So utilizados filtros de 3/4de polegada com uma malha de 80 Mesh ou 200micron que permitem a filtragem de elementosat 0.2 mm.

    3 Fluxometros So utilizados com a funo de regular o dbito de injeco da soluo de fertirregade cada venturi. Os dbitos utilizados so de 600L/h de adubo, para caudais de gua de 20 000 e100 000 L/h e de 150 L/h de adubo para os caudais entre 1000 e 10 000 L/h de gua.

    4 Electrobomba centrfuga horizontal Electrobomba, com potncia varivel em funo do nmerode venturis a utilizar. Tem como funo pr em funcionamento os venturis.

    4 Bomba de rega principalElectrobomba vertical e multicelulares, com bomba e impulsores em ao inoxidveis prpria para

    trabalhar com lquidos que contenham cloro e outros elementos qumicos. A potncia varivel emfuno do caudal e altura manomtrica.

    5 - Sistema de filtragem com retrolavagemautomtica

    O sistema de filtragem automtico (Fig. 4) constitudo por trs filtros de 3 L com malha de 120Mesh ou 130 Micron, com capacidade de filtrar 50m3/h a uma presso mxima de 10 Bar.

    Os filtros so lavados independentemente uns dosoutros, sem ser preciso parar as regas aquando dalavagem de um dos filtros. Cada filtro possui umcontacto que accionado hora e durante o tempoque foi programado.

    6 - Tanques de mistura com controle de nvel e agitadorNa escolha dos reservatrios fundamental ter em conta se os mesmos so fabricados com alguma

    material que liberte substncias txicas para a soluo nutritiva e posteriormente contamine as plantas.No geral, os depsitos mais utilizados so construdos em fibra de vidro, plstico ou chapas de

    metal galvanizado. Na possibilidade de haver reaco do material constituinte do recipiente com asoluo nutritiva, necessrio a aplicao de um produto, na forma de pintura, que evite a corroso domaterial. No entanto, deve-se observar com bastante ateno se esse produto no tambm fitotxico.

    Fig. 3 - Sistema de injeco

    Fig. 4 - Sistema de filtragem com reservatrio automtico

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    Relativamente forma, tamanho e localizao dosreservatrios, difere quanto ao distribuidor, sendo nogeral cilndricos e o seu tamanho depender do tipode cultivo e da rea a cultivar. Na sua base oreservatrio deve apresentar um orifcio que facilitaro seu esgotamento e a sua limpeza.

    So normalmente utilizados 4 tanques de 1000Lpara as solues nutritivas, e um de 500L para acolocao do cido.

    Cada tanque possui um controlador de nvel, assimcomo um sistema de agitadores, que accionadoautomaticamente, sempre que solicitada as soluesque contm cada cuba. Este sistema de agitaopermite uma maior diluio dos adubos minimizadoentupimentos nos Venturis (Fig. 5).

    Os adubos so distribudos pelos diversos tanques,dando exemplo o caso do sistema montado no projectode experimentao e demonstrao da AIHO queapresenta 5 tanques (Fig. 6). Nos quais os adubos sodistribudos da seguinte forma:

    Cuba 1 - nitrato de clcioCuba 2 - fosfato monopotssico, nitrato potssioCuba 3 - sulfato de magnsio + sulfato de potssioCuba 4 - micronutrientes (ferro, mangans, zinco,

    cobre, boro e molibdnio)Cuba 5 - cido fosfrico

    O sistema faz a injeco de adubo na gua de rega, em propores estabelecidas pelo utilizador,sendo feito o controlo do pH pela adio de cido, contido na quinta cuba. O controlo da condutividadeelctrica feito atravs da adio do prprio adubo, mantendo a soluo com os valores desejadospelo utilizador ao longo da campanha.

    7 - Sondas de condutividade elctrica e pHAs sondas so colocadas aps o sistema de filtragem e imediatamente antes das electrovlvulas de sada.

    Tm como funo fazer a leitura da condutividade elctrica e pH da gua, informando ao programadorestes valores que por sua vez d ordem s electrovalvulas dos venturis para debitarem a quantidade deadubo e cido at se chegar aos valores pretendidos.

    8 - Bandeja de activao de regasA bandeja consiste num recipiente em fibra onde

    se colocam 2 placas do substrato com as plantas dacultura que estamos a trabalhar. Esta possui umelctrodo sensvel gua, ligado ao programador quepassa a informao da necessidade de rega sempreque o elctrodo deixa de estar em contacto com a gua(Fig. 7).

    O emprego da bandeja inteligente d ao controladora capacidade de calcular e realizar tanto o nmero deregas, como a durao de cada uma, de tal forma quese alcance a percentagem de drenagem idealdeterminada pelo utilizador.

    Fig. 6 - Cubas e sistema de injeco de adubo

    Fig. 5 - Efeito da agitao sobre as solues nutritivas

    Fig. 7 - Bandeja de activao de regas

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    CONTROLO CLIMTICO

    O controlo climtico na conduo de uma cultura sem solo fundamental para o sucesso da mesma.Apesar da grande diversidade de sistemas de controlo climtico existentes disposio no mercado,iremos neste captulo abordar o exemplo do sistema instalado no projecto AGRO n. 4, do qual detemosmais experincia e informao.

    Sistema de controlo automtico da ventilao

    O sistema PRIVA NUTRICONTROL - NTCCL108 permite a realizao de controlo climticomediante o accionamento de uma srie de actuadores.Este sistema constitudo por um mostrador onde afixada toda a informao relacionada com aprogramao e leituras, e um teclado composto por15 teclas onde possvel a introduo de qualquerordem ou programao. Pode-se controlarseparadamente diferentes sectores na mesma estufa.

    Este controlador pode estar ligado a um compu-tador munido de um programa prprio, a partir do qual, possvel realizar qualquer alterao dos parmetrosde trabalho do controlador. Esta ligao permite umamaior facilidade na gesto do equipamento, sendo possvel uma recolha mais detalhada dos dadosclimticos registados e uma visualizao mais directa do estado e programao dos actuadores.

    Dados climticos

    Na estufa devem ser instalados sensores detemperatura e humidade relativa do ar (Fig. 3), e noexterior devem ser instalados sensores de temperaturado ar, humidade relativa, radiao, velocidade e direcodo vento e ainda o de presena de chuva (Fig. 2).

    O programa faz a recolha dos valores provenientesda medio dos sensores a cada hora do dia e quandose registe qualquer alterao. Desta forma, o utilizadortem ao seu dispor medies referentes a:

    - temperatura do ar interior,- temperatura do ar exterior,- humidade relativa interior- humidade relativa exterior- radiao global- velocidade do vento- direco do vento.

    tambm possvel ter acesso a estatsticas diriasde cada uma destas variveis, que digam respeito aoseu valor mdio nesse dia, ao mnimo e mximoregistado, assim como a hora em que ocorreram.

    Os resultados podem ser mostrados em tabela ougraficamente, podendo ser escolhido o intervalo entredatas dos registos a analisar. Opcionalmente estesdados podem ser impressos e tambm exportados emformato de ficheiro Excel, HTML ou texto.

    Fig. 1 - Sala de controlo

    Fig. 2 - Sensores instalados no exterior

    Fig. 3 - Sensores instalados no interior

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    Actuadores

    Este sistema de controlo est preparado para controlar os seguintes actuadores automaticamente:- humidificador- janela lateral direita (Fig. 4)- janela lateral esquerda- janela zenital (Fig. 5)- redes de sombreamento- aquecimento- reciclagem de gua- iluminao.

    Na configurao da janela zenital possvelprogramar o horrio em que est activo o controloautomtico, especificando uma hora de incio euma hora de fim.

    A regulao da ventilao zenital (Fig. 6), ouseja, a abertura das janelas superiores feita emfuno da temperatura ambiente real e dahumidade relativa no interior da estufa. O sistemaactua sobre as janelas zenitais de tal forma que seconsigam alcanar os valores de temperaturaambiente ideal e humidade relativa idealprogramados pelo utilizador (Fig. 7).

    Se a temperatura aumenta ou diminui em tornodo valor da temperatura ideal definida, o sistema

    Fig. 7 - Configurao de parmetros de actuao da janela zenital

    Fig. 4 - Ventilao lateral Fig. 5 - Ventilao zenital

    Fig. 6 - Automatismo da ventilao zenital

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    realiza a abertura ou encerramento das janelas respectivamente. Existe um comando especfico,diferencial de temperatura, que permite que a temperatura flutue em torno do valor de referncia semque ocorra actuao do sistema sobre as janelas, evitando-se assim que para pequenas oscilaes detemperatura o sistema esteja sistematicamente a intervir, abrindo e encerrando as janelas zenitais, oque para alm de ser pouco eficiente provoca um desgaste desnecessrio dos componentes mecnicos.

    Exemplificando, se a temperatura programada for 25C e a temperatura ambiente permanecer entreos 24C e 26C o sistema accionaria continuamente a abertura e encerramento das janelas, como possvel observar na figura 8.

    Fig. 8 - Resultado da programao de um diferencial de temperatura de 0C

    Fig. 9 - Resultado da programao de um diferencial de temperatura de 2C

    Se, por exemplo for programado um diferencial de 2C a janela superior receber ordem de aberturaquando a temperatura ambiente alcanar os 27C e assim permanecer at ao momento em que atemperatura desa abaixo dos 23C (Fig. 9).

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    O sistema tambm pode actuar segundo um valor programado de humidade relativa ideal, mass no caso de a temperatura ambiente real estar correcta, ou seja, for idntica temperatura idealprogramada (Fig. 7). Proceder-se- ento abertura ou encerramento das janelas, diminuindo ouaumentando o valor da humidade relativa.

    tambm passvel de programao, o tempo mximo de activao, ou seja, no momento em quese procede abertura das janelas, definido o tempo de funcionamento dos motores que proporcional diferena entre a temperatura ideal e a temperatura real. Podem ser introduzidos parmetros relativosao tempo de espera entre activaes, que corresponde ao tempo de espera entre cada ciclo necessriopara que se estabilizem os valores de temperatura e humidade relativa real, e ao tempo total de aberturada janela, o qual diz respeito ao tempo empregue pelo sistema para abrir completamente as janelas, apartir da posio de fecho.

    Este equipamento tem ainda ao dispor uma segunda programao para a ventilao, denominadapr-ventilao. A pr-ventilao uma activao segundo a qual, a abertura e encerramento das janelasest condicionada unicamente pelo valor da humidade relativa. Deste modo, esta programao estespecialmente indicada para eliminar o excesso de humidade que se apresenta no interior das estufasnas primeiras horas da manh.

    A programao de pr-ventilao consiste na especificao de um horrio de actuao, noestabelecimento de uma temperatura mxima para no actuar a pr-ventilao, ou seja, um valor detemperatura acima do qual as janelas zenitais nopodero ser encerradas mesmo que exista um dficede humidade e seja necessrio encerrar as janelas paraa devida correco. necessrio tambm aconfigurao de um valor de temperatura mnima paraa pr-ventilao poder actuar, ou seja, um valor detemperatura ambiente abaixo do qual mesmo que ahumidade relativa assim o exija, as janelas no seroabertas garantindo-se uma temperatura ambientemnima no interior da estufa (Fig. 10).

    Este sistema permite visualizar os dados em tabela ou grfico, relativos s percentagens de aberturadas janelas zenitais ao longo do dia, podendo ser definido pelo utilizador um intervalo de dias paraanlise.

    Alarmes

    O sistema contempla um conjunto de alarmes de segurana relativos ao factor vento (Fig. 11).Dispe de alarme segundo a direco (N;S;E;O) e a velocidade do vento, previamente programadas,sendo a abertura das janelas limitada (% de abertura) s condies estabelecidas pelo utilizador. Tmtambm um alarme referente exclusivamente velocidade do vento, independentemente da sua direco.Assim a abertura das janelas mais uma vez limitada ao valor programado da velocidade do vento. de referir que estes alarmes esto organizados numprimeiro e num segundo nvel de alarme, existindosempre primazia do primeiro sobre o segundo. Osistema s actua quando se atingem as condiesprogramadas no primeiro alarme. Depois quando oprimeiro alarme deixa de actuar, passa a actuar osegundo. Assim, conveniente configurar os primeirosalarmes para situaes de vento mais adversas para aestrutura da estufa, traduzindo-se numa abertura dasjanelas da estufa mais limitada ou at mesmo no seuencerramento.

    Fig. 10 - Configurao da pr-ventilao

    Fig. 11 - Programao dos alarmes de vento

  • 29

    O exemplo seguinte mostra uma das programaes possveis de serem utilizadas:Neste sistema est includo um alarme que detecta a entrada de chuva, podendo ser limitada a

    abertura das janelas a um valor mximo na sua presena. Tambm programvel o tempo para aconfirmao da presena de chuva, ou seja, o espao de tempo para que o sistema accione a situaode alarme e limite a abertura das janelas ao valor definido, assim como o tempo para a confirmao daausncia de chuva, que corresponde ao tempo que o sistema deve estar sem a indicao (sinal) dechuva pelo sensor para que seja entendido como paragem de chuva. ainda necessrio introduzir otempo mnimo de encerramento das janelas, que diz respeito ao tempo em que as janelas permanecerolimitadas na sua abertura, uma vez que o sistema tenha detectada a situao de chuva. Passado essetempo desaparecer a limitao sempre que o sistema tenha a indicao da ausncia de chuva (Fig. 12).

    Outras caractersticas do sistema:- a comunicao entre o controlador CL108 e o computador necessita da introduo de um cdigo de

    acesso, ou seja, necessria a sua introduo sempre que se quiser alterar a programao docontrolador, evitando-se o perigo do controlador ser utilizados por desconhecidos;

    - permite conhecer qual o estado actual do controlador, transmitindo os valores instantneos dossensores de direco e velocidade do vento, da temperatura interior e exterior, da humidade relativainterior e exterior e da radiao. tambm comunicado o estado dos actuadores, no nosso caso apercentagem de abertura das janelas zenitais verificada no momento. tambm assinalado quando accionado o alarme de chuva (Fig. 13);

    - tambm conhecido o histrico dos eventos acontecidos na instalao, sendo mostradoscronologicamente: os cortes de electricidade, a reinicializao do sistema, etc;

    - existe a possibilidade de escolher o idioma em que pode decorrer a aplicao.

    Fig. 12 - Configurao do alarme de chuva

    Fig. 13 - Informaes sobre o estado actual do controlador

  • BIBLIOGRAFIA

    ANTUNES, L.M.E. (2003). Controlo automtico da temperatura e humidade relativa do ar atravs deventilao natural numa estufa no aquecida. Relatrio de fim de curso em Engenharia Agronmica,ISA, UTL.

    PRIVA NUTRICONTROL (2002). Controlador de clima, NTC CL 108. Manual del usuario. Murcia,Espanha.

    PRIVA NUTRICONTROL (2002). NTC CL 108-PC. Manual del usuario. Murcia, Espanha.

    PRIVA NUTRICONTROL (2002). Equipo de fertirrigacion, NX 300 Hidroponico (Bandeja Inteli-gente). Manual de instrucciones. Murcia, Espanha.

  • 31

    L DE ROCHA

    Introduo

    A l de rocha usada como substrato para culturas protegidas h mais de 25 anos, sendo actualmenteo mais divulgado quer na Europa quer nos Estados Unidos - ocupa mais de 5 000 ha em todo o mundo.Usa-se, em horticultura para tomate, pimento, pepino, feijo verde, beringela, courgette, melo, melanciae morango. Em floricultura usado para produo de rosa, gerbera e cravo.

    Esta tecnologia cultural teve incio em1969, na Dinamarca.

    Caracterizao

    A l de rocha um substrato fibroso e inerte obtido a partir da fundio, a 1 600C, de rochasbaslticas diabases- e cal usando como combustvel o carvo de coque (Fig. 1).

    A massa fundida posteriormente colocada numsistema de rodas giratrias que produzem fibras de cercade 0,05 mm de espessura. Essas fibras sero depoiscomprimidas em blocos de dimenses variveis,dependendo da finalidade a que se destinam (Fig. 2).

    Durante o processo de produo das fibras h junode um aglutinante (resina fenlica), de molhantes epolmeros de ureia-formol (Berjn, 2000) de modo a conseguir uma absoro uniforme de gua.Dependendo dos fabricantes podero ainda ser adicionados dixido de silcio, e xidos diversos. Orendimento do fabrico de 1m3 de rocha para 90 m3 de l de rocha.

    Fig. 1 - Esquema do processo de fabrico da l de rocha ( Garcia, 2000)

    Fig. 2 - Placas de l de rocha

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    Caractersticas Fsico-Qumicas da L de Rocha

    * Quimicamente, um substrato inerte, consequncia de ter sido produzido a altas temperaturas, comcapacidade de troca catinica nula, pelo que no vai interferir no equilbrio da soluo nutritiva que se tenhacalculado para cada fase do ciclo vegetativo da cultura. Tem reaco ligeiramente alcalina ( pH 7 a 8,5).

    * Nas propriedades fsicas destaca-se a compacidade e homogeneidade que vo permitir um controlefcil da humidade, condutividade elctrica (CE) e pH durante a vida til do substrato.

    Apresenta baixa densidade aparente (0,08 g cm3), porosidade total elevada (> 96%), boa capacidadede reteno de gua (95% da gua retida pela l de rocha facilmente assimilvel) (Berjn, M.A.,2000) e baixa inrcia trmica, o que implica que a temperatura da soluo nutritiva facilmente seaproxima da temperatura do substrato no momento da rega. Posteriormente, tambm a temperatura dosubstrato aumenta ou diminui, conforme seja a temperatura e a radiao do meio ambiente.

    O teor de humidade e a oxigenao dependem da disposio das fibras e da altura das placas. Comefeito, o gradiente de humidade cresce de cima para baixo pelo que a oxigenao maior na parte decima da placa de l de rocha. Quando estas so muito baixas preciso garantir que no haja acumulaode gua no interior, para evitar asfixia radicular.

    A disposio das fibras uma caracterstica que influencia, sobretudo, a re-saturao do substrato. Nomercado internacional existem placas de l de rocha com fibras verticais e com fibras horizontais (Quadro 1).

    Quadro 1: Tipos de placas de l de rocha

    Garcia (2000) refere que as placas de l de rocha de fibra vertical apresentam vantagens relativamentes de fibra horizontal:

    Melhor re-saturao das placas devido sua grande capilaridade; A maior densidade da placa favorece a maior homogeneidade na distribuio da humidade no seu

    interior, o que, por sua vez promove um enraizamento melhor distribudo pelo volume total da placa; A maior eficincia no uso da gua faz com que haja menos dificuldade de corrigir a CE; A placa mais rgida o que assegura a sua utilizao por vrios anos sem perder propriedades; H diminuio da drenagem que se traduz em economia de gua e fertilizantes.

    Vantagens da l de rocha como substrato:

    Produto de origem natural e quimicamente inerte; Permite um controle fcil da rega e nutrio das plantas que se traduz em alto potencial produtivo; Manipulao fcil pelo facto de ser leve; Esteriliza-se facilmente com vapor, podendo ser usado trs ou quatro anos (Resh, 2001); Economia de gua e fertilizantes; Como tem baixa inrcia trmica, a temperatura da soluo nutritiva aproxima-se facilmente da

    temperatura do substrato, no momento da rega; um meio de cultura livre de patogneos e de sementes de infestantes;

    Fonte: Garcia (2000)

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    Possui grande capacidade de arejamento (porosidade total superior a 96%) Mantm uma alta percentagem de gua

    facilmente disponvel (95%, segundoBerjn, 2000) o que cria condies para umrpido desenvolvimento da cultura;

    perfeitamente homogneo e de estruturacompacta permitindo um desenvolvimentoradicular tambm homogneo.

    A principal desvantagem apontada a este tipode substrato advm do facto de no serbiologicamente degradvel (Fig. 3). Pode serreciclado mas isso implica que existam unidadesde reciclagem prximo das zonas de produo.

    FIBRA DE CCO

    Introduo

    A fibra de cco um substrato que se comeoua impor comercialmente no final dos anos 90.Usa-se como componente das misturas parasubstrato de viveiros ou para plantas ornamentais,em jardinagem para melhorar terrenos ou paramulching e como substrato para produo dehortcolas e flores de corte.

    um substrato obtido do mesocarpo - vulgocasca - do fruto do coqueiro (Cocus nucifera L.) aps processamento fazendo a separao das fibrascompridas usadas na indstria txtil fica um resduo constitudo por fibras curtas e partculas finas,designadas p de cco. este resduo que aproveitado para substrato (Fig 4).

    Caracterizao

    Apesar de alguma variao relacionada com a origem, cultivar e estado de maturao do cco naaltura da colheita, a fibra de cco apresenta, em geral, as caractersticas indicadas no quadro 2.

    Quadro 2: Caractersticas fsico qumicas da fibra de cco

    Fonte: Bunt, 1988, Abad et al, 1989, cit por Vera & Lpez, 2000.

    Fig. 3 - Placas de l de rocha abandonadas na explorao

    Fig. 4 - Fibra de Cco

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    As propriedades fsicas da fibra de cco so semelhantes s das turfas tamanho das partculas,inrcia trmica e curva de reteno hdrica. Todas estas caractersticas se relacionam com a abundanteexistncia de microporos (dimetro inferior a 300 mm) o que determina uma elevada % de guadificilmente disponvel. O facto de ser um material que no se contrai nem acama torna-o bom paramelhorador das propriedades fsico-qumicas dos solos. Tem uma elevada capacidade de reteno degua, podendo reter at 8 vezes o seu peso apesar de, como se verifica no quadro 2 nem toda estarfacilmente disponvel para as plantas.

    A elevada capacidade de troca catinica permite a realizao de fertirregas intermitentes, ou seja,alternar regas com soluo nutritiva e regas de gua apenas, apesar de, do ponto de vista estritamentenutricional ser prefervel fazer uma fertirrigao contnua.

    Os teores de nitratos, fsforo, potssio, clcio e magnsio presentes na fibra de cco soprofundamente variveis mas, em geral, altos para fsforo e potssio e baixos para clcio e magnsio(Noguera et al,1997). Tambm a quantidade presente de sais como cloretos, sdio e sulfatos varivel,sobretudo com os processos de lavagem. Convm lembrar, a este propsito, que o coqueiro umaespcie halfita e com tendncia para concentrar na casca do fruto os sais fitotxicos evitando, destaforma, danos no sistema fotossinttico das folhas.

    Quanto a propriedades biolgicas, por ter um elevado contedo em lenhina, tem elevada resistncia degradao microbiana, o que lhe confere uma grande durabilidade anualmente perde menos de5% do seu volume.

    Processamento para obteno do produto comercial

    A casca de cco moda, as fibras separadas por tamanhos e os resduos de baixa granulometria p -acumulados. O doseamento desse resduo com as fibras curtas determina as propriedades fsicas do produto.

    importante que, durante o processamento da casca do cco ou depois do substrato j pronto, hajalavagem abundante para eliminar os sais fundamentalmente cloreto de sdio acumulados devido aco dos ventos marinhos, na zona de cultura do coqueiro.

    A fase de armazenamento do material outro ponto crtico do processamento dado que a compactaoexcessiva ou demasiado tempo de armazenamento originam perda de estrutura das fibras.

    Sistemas de cultura em fibra de cco

    O produto comercial pode apresentar-se deformas diversas:

    Em manga (Fig. 5) de polietileno oupolipropileno negro, coberto por com umacapa de polietileno branco/negro. A manga de comprimento varivel com a dimenso daestufa onde colocada, tem 25 a 35 cm delargura e 15 a 20 de altura. Utiliza-sesobretudo em sistemas de produo abertos.

    Em sacos ou almofadas (Fig. 6) depolietileno branco / negro com volumesvariveis dependendo da cultura a realizar.

    Fig. 5 - Fibra de Cco acondicionada em manga de Polietileno,( Alarcn, 2000)

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    Em vasos (Fig. 7) de materiais diversos, sen-do os mais usados os de poliestireno expan-dido, com dimenses muito diversificadas.

    Em qualquer dos casos importa salientar queo volume de substrato por planta dever ser de 4a 6,5 litros, para culturas como tomate, pimento,pepino e melo.

    Vantagens da fibra de cco comosubstrato

    Boa inrcia trmica, melhor do que a da lde rocha e da perlita tem a capacidade deamortecer temperaturas ambientaisextremas, o que a torna interessante paraestufas sem aquecimento.

    Grande capacidade de reteno de gua, oque diminui o risco de perdas de produoem situaes de falta de energia para ofuncionamento do sistema de rega, porexemplo. Tambm a frequncia das regaspode ser menor.

    Grande durabilidade - com uma utilizaocorrecta, a fibra de cco pode ser usada pormais de 5 anos, podendo at as suascaractersticas melhorarem ao longo do tempo (Vera & Lopz, 2000).

    Interessante, em termos ambientais, por se tratar de um resduo da indstria txtil que aproveitadoe por ser biodegradvel.

    Interesse social - a fibra de cco produzida, fundamentalmente, em pases tropicais emdesenvolvimento (Malsia, Sri Lanka, Mxico, Brasil, ndia,) pelo que constitui um factor decrescimento da economia destes pases.

    PERLITA

    Introduo

    A perlita o substrato mais usado nas culturas hidropnicas em Espanha com 36,4% da rea,contra 32,4% em areia e 22,5% em l de rocha (Lucas, 2000). As razes deste xito prendem-se,naturalmente, com as suas caractersticas fsico-qumicas mas tambm com a disponibilidade do produtoe o preo competitivo.

    Composio

    A perlita um mineral do grupo das Rolitas, semelhante a um vidro natural, sem restos orgnicosna sua composio e com origem em formaes vulcnicas submarinas formadas na era Terciria,com o passar do tempo emergiram superfcie e formam, na maioria, cones e chamins vulcnicas.

    Quimicamente um silicato de alumnio com pequenas quantidades de outros elementos comopotssio, clcio, magnsio e fsforo. A quantidade de ferro, sdio e cloro condicionam a sua utilizao

    Fig. 6 - Sacos c/ fibra de cco

    Fig. 7 - Vaso de poliestireno expandido

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    como substrato. Possui uma percentagem varivel de gua combinada como resultado do arrefecimentobrusco do magma na gua do mar.

    Obteno do Produto Comercial

    Aps extraco, o mineral limpo eclassificado, separado por dimenses,desagregado, desumidificado e separado porintervalos granulomtricos. O mineral assimprocessado submetido a tratamento trmico temperatura superior a 1 000C provocando asua transformao: as partculas aumentam 10 a20 vezes o seu volume original, transformando-se em gros particularmente leves. Hvaporizao rpida da gua combinada e, comoconsequncia, a estrutura da partcula torna-seporosa - perlita expandida (Figura 8).

    Caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas

    A perlita um substrato de grande consistncia e, portanto, resistente eroso provocada pelo cresci-mento das razes, quimicamente inerte e, sendo de origem inorgnica e processado a altas temperatu-ras, no tem qualquer actividade biolgica. A perlita tem valores de capacidade de reteno de guadisponvel e de porosidade muito prximas do ptimo 20 a 30 % e + de 85%, respectivamente (Quadro 3).

    Quadro 3 : Propriedades fsicas e qumicas de interesse agronmico, da perlita.

    Fonte: Lucas (2000)* Granulometria da perlita

    Produto Comercial

    Para culturas sem solo, em recipiente, o tipoGL0/6 ( granulometria 0 a 6 mm) o maisindicado. uma granulometria mdia/grossa comum excelente equilbrio ar /gua, proporcionandobom arejamento no perodo crtico de Dezembroa Maro e assegura alta durabilidade.

    O tipo MK1( granulometria 0 a 3mm ) maisindicada para misturas com turfas ou fibra decco, para meio de cultura em viveiros,proporcionando mais arejamento. Fig. 9 - Almofadas de Perlita, ( Otavi Ibrica SA)

    Fig. 8 - Perlita expandida. , tambm visvel, esquerda, omineral antes do processamento.(Otavi Ibrica SA).

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    O tipo F (granulometria 0 a 1,5mm), com elevada reteno de gua, s se usa em viveiro.A perlita comercializa-se em sacos de plstico biocapa, tipo almofada, de 20, 28, 34, 37 ou 40

    litros, sendo as duas ltimas as mais vulgares (Fig 8). Alternativamente, usam-se vasos de volumevarivel, com ou sem tampa, que funcionam como mais uma barreira trmica aumentam a temperaturado substrato at 5 C.

    SUBSTRATOS ALTERNATIVOS

    Nos ltimos anos tem-se procurado outras substncias para substratos, sobretudo para encontraralternativas mais econmicas e de baixo impacto ambiental. Neste contexto, tm-se ensaiado sobretudosubstncias orgnicas que constituem subprodutos da prpria actividade agrcola: fibra de madeira,casca de pinheiro, bagao de uva e casca de arroz.

    A fibra de madeira um substrato que se encontra j patenteado em Espanha com a designaocomercial de FIBRALUR e constitudo por fibras de madeira obtidas mecanicamente e sujeitas,posteriormente, a tratamento trmico 90 a 100C durante cerca de 20 minutos. Apresenta propriedadesfsico-qumicas muito estveis, decomposio muito lenta (alta relao C/N), condutividade elctricamuito baixa, capacidade de reteno de gua superior fibra de cco, sendo indicado para utilizar emhorticultura, quer como substncia nica quer em mistura (Muro et al,2003).

    A casca de arroz e o bagao de uva apresentam bons resultados, na cultura de pimento, apesar deo consumo de gua total da cultura ser superior relativamente cultura em perlita ou fibra de cco(Conesa & Garcia, 2000). A melhor produo obtm-se quando se associa fibra de cco e casca dearroz.

    A casca de pinheiro compostada e o composto de bagao de uva tm sido objecto de ensaio noCentro de Experimentao Horto-frutcola do Pataco, tendo-se estimado os custos destes substratoscomparativamente com os mais usados l de rocha e fibra de cco ( Projecto PAMAF 6156). Asredues de custos /m2 so significativas, especialmente quando se compara bagao de uva (o substratomais barato) com fibra de cco (o substrato mais caro). A casca de pinheiro compostada confere boascondies de limitao de fungos no solo podendo constituir uma boa alternativa quando as doenasde solo forem limitativas.

  • BIBLIOGRAFIA:

    BERJN, M.A.& MURRAY, P.N. (2000). Los sustratos en los cultivos sin suelo. Manual de cultivosin suelo, 4:137-183.

    CONESA, FRANCISCO E. VICENTE; GARCIA, MARIA JOS SEZ (2000) Sustratos alternati-vos: comparacin de seis sustratos en cultivo integrado de pimiento en invernadero in tecnologiapara cultivos de alto rendimento, coord. Antnio L. Alarcn, ed NOVEDADES AGRCOLAS SA

    GARCIA, ALFREDO (2000) cultivo en lana de roca in Tecnologia para cultivos de alto rendimen-to, coord. Antnio L. Alarcn, ed NOVEDADES AGRCOLAS SA

    LUCAS, MANUEL (2000) Cultivo en perlita in Tecnologia para cultivos de alto rendimento, coord.Antnio L. Alarcn, ed NOVEDADES AGRCOLAS SA

    MURO, J; ECAY E.; SALAS M.C.; URRESTARAZU M (2003) FIBRALUR, un nuevo sustratopara utilizacin hortcola folheto informativo

    RESH, H.M. (2001) Cultivos Hidroponicos. Nuevas tcnicas de produccin. 5 edicin. EdicionesMundi-Prensa. Madrid Barcelona Mxico.

    VERA, ANTONIO L. ALARCN; LPEZ FRANCISCO MURCIA (2000) Cultivo em fibra decoco in Tecnologia para cultivos de alto rendimento, coord. Antnio L. Alarcn, ed NOVEDADESAGRCOLAS SA

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    Introduo

    Para se obter bons resultados no cultivo sem solo, imprescindvel partir de jovens plntulas deelevada qualidade. Portanto, no viveiro que se iniciam os primeiros cuidados a ter com a cultura queiremos conduzir. Na maioria dos casos, os produtores recorrem a viveiristas que detm know howsuficiente em matria de sementeira para cultivo sem solo.

    Sementeira

    Todas as plantas para cultivos hidropnicos devem ser semeadas a partir de semente s e isenta dequalquer patogneo.

    O tempo mdio que a planta demora desde que semeada at sair do viveiro, depende da poca doano e da cultura a que se refere, variando no caso do pepino em 4 semanas, tomate 6 e pimento 8.

    Existem diversas possibilidades de sementeira, conforme seja a cultura e o tipo de substrato ondevai ser transplantado.

    L DE ROCHA

    No caso da l de rocha pode-se semear directamente em bandejas multi-pack, cujo contedo poderser turfa, perlite, vermiculite ou l de rocha granulada (Resh, 2001), ou directamente em discos deturfa prensada, ou em cubos de l de rocha, Horticubos Oasis, cubos Kys ou blocos Br-8. Estes doisltimos so cubos em fibra de papel com aproximadamente 4 cm ou 1 polegadas.

    As sementes so colocadas nos pequenos orifcios que os substratos anteriormente referidosapresentam e posteriormente cobertas com uma mistura de turfa.

    Os discos de turfa, depois de submersos em gua 5 a 12 minutos, aumentam o seu volume at 4 cmde dimetro. Depois coloca-se a semente no orficio da parte superior. Estes discos tm a particularidadede conter reservas nutritivas suficientes para cobrir as necessidades da maioria das plantas durante 3 a4 semanas. Estes discos, assim como os cubos de papel (cubos Kys e Br-8) so colocados directamentena bancada de cultivo, quando as plntulas atingem o ptimo de transplantao.

    Os cubos Osis e os cubos e blocos de l de rocha so os mais utilizados em cultivos NFT e l derocha.

    Os blocos de l de rocha apresentam boas propriedades fsicas, baixo volume e peso, elevadaporosidade e grande capacidade de reteno de gua. As suas propriedades estreis excluem anecessidade de desinfeco.

    Existem no mercado, diversos tipos de cubos/blocos de l de rocha para propagao ou cultivo deplantas.

    Os cubos de propagao podem apresentar vrios tamanhos: cubos pequenos de (2,5 x 2,5 x 4cm)em bandejas de 200 e os cubos grandes de (4 x 4 x 4 cm; 4,4 x 4,4 x 4 cm) em bandejas de 98.

    Os cubos pequenos so mais adequados cultura da alface, enquanto os outros so melhores paraculturas normalmente tutoradas como o caso do tomate, pimento e pepino.

    Os cubos de propagao vm j providos de orifcio centrado no taco, adaptado s semeadorasautomticas comercializadas na regio mediterrnea e so desprovidos de cinta plstica volta decada taco individual.

    Posteriormente, esses cubos so colocados nos blocos de cultivo (Fig. 1), aps vrias semanas decrescimento, tendo por vantagem o facto de as plntulas poderem continuar o seu crescimento nomesmo meio, diminuindo o choque muitas vezes verificado na altura do transplante.

    Kiemplug so tacos cilndricos com dimetro de 2 cm e uma altura de 2,5 cm e esto dispostosnuma bandeja de poliesterano. Estes tacos pequenos so utilizados, semelhana dos cubos depropagao, para sementeira, para posteriormente repicar nos blocos.

    O bloco de cultivo apresenta dimenses de 7,5 x 7,5 x 6,5 cm (Fig. 1) e utilizado para a germinaoassim como para receber o repicado do cubo de germina