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1 rientar a atuação dos cipeiros classistas e combativos, informar sobre seus direitos e deveres, tirar suas principais dúvidas a respeito das nor- mas de saúde e segurança que devem ser seguidas pelas empresas e explicar pontos importantes da legislação, que estejam relacionados ao trabalho da CIPA. São esses os principais objetivos deste manual, produzido pelo departa- mento de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Cam- pos e região sob supervisão da Secretaria de Organização de Base e Depar- tamento de Saúde do Sindicato. Nosso objetivo é que este material seja uma fonte de consultas para cipeiros e cipeiras da nossa base e possa esclarecer dúvidas que venham a surgir no exercício de sua função. Também esperamos que este manual possa contri- buir para ampliar e despertar ainda mais a consciência dos trabalhadores para a importância da CIPA e do papel que deve ser desempenhado para garantir que este seja um instrumento verdadeiramente forte e atuante na defesa dos trabalhadores. E que isso, consequentemente, possa promover a ampliação da luta por um ambiente de trabalho saudável e seguro. Boa leitura! Apresentação O

Manual da CIPA

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Page 1: Manual da CIPA

1

rientar a atuação dos cipeiros classistas e combativos, informar sobre

seus direitos e deveres, tirar suas principais dúvidas a respeito das nor-

mas de saúde e segurança que devem ser seguidas pelas empresas e explicar

pontos importantes da legislação, que estejam relacionados ao trabalho da CIPA.

São esses os principais objetivos deste manual, produzido pelo departa-

mento de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Cam-

pos e região sob supervisão da Secretaria de Organização de Base e Depar-

tamento de Saúde do Sindicato.

Nosso objetivo é que este material seja uma fonte de consultas para cipeiros

e cipeiras da nossa base e possa esclarecer dúvidas que venham a surgir no

exercício de sua função. Também esperamos que este manual possa contri-

buir para ampliar e despertar ainda mais a consciência dos trabalhadores

para a importância da CIPA e do papel que deve ser desempenhado para

garantir que este seja um instrumento verdadeiramente forte e atuante na

defesa dos trabalhadores.

E que isso, consequentemente, possa promover a ampliação da luta por

um ambiente de trabalho saudável e seguro. Boa leitura!

Apresentação

O

Page 2: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

2

Expediente

Este material é responsabilidade da Secretaria de

Organização de Base e departamento de Saúde do Sindicato

dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região

Sede: Rua Maurício Diamante, 65 - São José dos Campos/SPCep. 12209-570 - Fone: (12) 3946-5333 - Fax: 3922.4775Site: www.sindmetalsjc.org.br - E-mail: [email protected]

Redação: Eliane MendonçaEdição: Ana Cristina SilvaRevisão: Ana Cristina Silva e Rodrigo CorreiaEditoração eletrônica: 360º MKT & DesignIlustração: Bruno César GalvãoFotolito e Impressão: Gráfica Monteart

É permitida a utilização parcial ou total dos textos desta cartilha,

desde que citada a fonte. É expressamente proibida a utilização

das ilustrações sem autorização expressa, sob pena de violação

de direitos autorais.

Page 3: Manual da CIPA

3

As condições de trabalho e o aumento da exploração 05

CIPA: UM INSTRUMENTO DE LUTA DOS TRABALHADORES

CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 11

Entenda pra que serve sua estabilidade 13

CIPA e Sindicato: com esse time a vitória é certa 14

Os 10 mandamentos dos cipeiros e cipeiras classistas e combativos 16

CIPA - FUNCIONAMENTO

Como funciona a CIPA? 21

Como um bom cipeiro deve agir? 22

A importância das mulheres na CIPA 23

Como funcionam as reuniões da CIPA? 24

Investigação de acidentes: uma tarefa do cipeiro 25

Mapa de Risco: o que é? 26

Como elaborar o Mapa de Risco 27

Tabela descritiva dos riscos ambientais 29

Saiba o que é a SIPAT 30

Cursos de Formação 31

CIPA - OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE NAS EMPRESAS

LER/DORT uma epidemia nas fábricas 35

Combater o assédio moral: uma prioridade do bom cipeiro 37

Depressão: uma doença que pode ser causada pelo trabalho 39

ENTENDA SEUS DIREITOS

CAT: Comunicação de Acidente de Trabalho 43

Em quais situações devemos exigir a CAT do empregador 44

Entenda os tipos de auxílio-doença 46

O que é o auxílio-acidente? 48

O que é PPP e pra que serve? 50

Aposentadoria especial 51

Ataques do governo dificultam a vida do trabalhador 52

Defender a estabilidade dos lesionados é uma das metas 55

LEGISLAÇÃO

Conheça as principais leis, NRs e cláusulas sociais 59

Procure sempre o Sindicato 66

Índice

Page 4: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

4

Page 5: Manual da CIPA

5

as últimas décadas, o trabalho passou por profundas mudanças. Hoje, tra-

balhamos de forma totalmente diferente do que se fazia antigamente.

É a chamada “reestruturação produtiva”, que começou a ser implementada

com força a partir da década de 90, e que afetou profundamente os trabalhado-

res e trabalhadoras.

As empresas adotaram novos métodos de produção e de trabalho. São

mudanças que, juntamente com as novas tecnologias, alteraram completa-

mente a forma de se trabalhar.

Polivalência

Hoje, nas fábricas e locais de trabalho, o trabalhador chega a fazer o traba-

lho de duas, três pessoas para dar conta da produção exigida pelos patrões.

A reestruturação produtiva tem significado demissões, corte de custos, po-

livalência (várias atividades para um mesmo trabalhador), flexibilização da

jornada e direitos, entre outras mudanças prejudiciais aos trabalhadores.

As condições de trabalho

e o aumento da exploração

N

Page 6: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

6

Ritmo acelerado

Outro aspecto desta nova realidade é a eliminação dos tempos e pausas. É

o trabalho “just-in-time”, “enxuto”, com ritmo pré-determinado, em que o

trabalhador tem de atender a produção da empresa, sob pressão do chefe,

das máquinas e até dos próprios companheiros.

O número de horas extras é excessivo. Além disso, as empresas demitem e

cada vez mais reduzem os postos de trabalho. Quando fazem recontrata-

ções, é com salário menor.

Já o ritmo de produção só aumenta. Para se ter uma ideia, na GM, em 1997,

se produziam 37 carros por hora, com 10 mil trabalhadores. Hoje, são cerca de

8.500 funcionários para dar conta de uma produção de 54 carros por hora.

Tudo isso faz o trabalhador ultrapassar os seus limites. Sob tanta pressão,

não é à toa que tem aumentado a cada ano o número de acidentes e doen-

ças ocupacionais.

O fato é que no capitalismo, o único objetivo das empresas é obter lucro a

qualquer custo. Os patrões estão sempre em busca de maior competitividade

e produtividade. Para isso, não pensam duas vezes em explorar nossa força

de trabalho ao máximo.

Page 7: Manual da CIPA

7

Crise econômica

A crise econômica, que estourou em 2008, agravou ainda mais esse

cenário. E os trabalhadores estão sentindo na pele as consequências.

Para se safarem da crise, que eles mesmos criaram, os capitalistas já mos-

tram como pretendem agir: aumentando a exploração dos trabalhadores.

Os patrões estão jogando a conta da crise nas costas dos trabalhadores, com

demissões, redução de direitos, aumento da jornada e do ritmo de trabalho.

Por outro lado, os governos federal e estadual, que liberaram bilhões para

salvar empresas e banqueiros, além de conceder incentivos fiscais, como a

redução do IPI, nada fizeram para garantir aos trabalhadores a estabilidade

no emprego. Ao contrário, também têm feito vários ataques aos direitos.

Portanto, mais do que nunca, a classe trabalhadora deve estar unida e se

organizar para enfrentar os ataques.

Page 8: Manual da CIPA

CIPA - um instrumento

para fortalecer a luta

dos trabalhadores

Page 9: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

10

Page 10: Manual da CIPA

11

CIPA: Comissão Interna

de Prevenção de Acidentes

O QUE É?

IPA é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. É uma comissão

que tem o objetivo de evitar acidentes e garantir a saúde e a segurança

do trabalhador no local de trabalho. É um importante instrumento de luta e

organização dos trabalhadores, que deve ser usado em todos os momentos.

PARA QUE SERVE?

A principal tarefa da CIPA é

garantir a saúde e a segurança

dos trabalhadores no desempe-

nho do seu trabalho. A CIPA tem

como responsabilidade investi-

gar, discutir e lutar contra as con-

dições de trabalho inseguras, in-

salubres, perigosas e irregulares.

Cipeiros e cipeiras podem e

devem organizar e encaminhar

reivindicações e negociar me-

lhorias no local de trabalho. A

participação da CIPA nas cam-

panhas salariais e de PLR, jun-

to com o Sindicato, também é

fundamental.

Isso porque a CIPA deve sem-

pre defender os interesses dos

trabalhadores e ser um elo en-

tre trabalhadores e o Sindicato.

C

Page 11: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

12

CIPA surgiu de uma recomendação da OIT (Organização Internacio-

nal do Trabalho), em 1921, e transformou-se em determinação legal

no Brasil, através do decreto-lei 7.036, artigo 82, de 1944.

Mas foi só no final da década de 70 que a CIPA tornou-se um instrumento

de luta dos trabalhadores para a conquista de melhores condições de trabalho.

Hoje, mais de 30 anos depois, o que vemos é patrões e governo se unindo

para criar, a cada dia, mais mecanismos para enfraquecer e descaracterizar

a CIPA, reduzindo o número de participantes e retirando direitos já conquis-

tados pelos trabalhadores.

Isso acontece porque a burguesia sabe da força da CIPA e, por isso, cons-

tantemente ataca a organização no local de trabalho e faz de tudo para

impedir sua existência. Prova disso são os frequentes ataques e perseguições

a cipeiros e cipeiras, em várias fábricas de nossa base.

A

Você sabe como surgiu a CIPA?

Page 12: Manual da CIPA

13

Entenda pra que serve

a sua estabilidade

estabilidade, que é concedida por lei aos cipeiros e cipeiras, não é uma

medida com o objetivo de beneficiá-los.

É um dos instrumentos necessários para garantir que o cipeiro ou cipeira

tenha total liberdade de atuação na defesa dos trabalhadores, sem que seja

penalizado pela empresa, com a demissão.

Portanto, o mandato de um cipeiro é da categoria que o elegeu e deve ser

utilizado para benefício dos trabalhadores.

Portanto, faça o seu trabalho e use sua estabilidade da melhor forma possível.

É isso que os trabalhadores que o elegeram esperam de você. Pense nisso!

A

Page 13: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

14

ma das principais metas do Sindicato é construir CIPAs combativas no

local de trabalho, com a criação de uma organização de base viva e

atuante que, junto com o Sindicato, estará à frente das lutas em defesa dos

trabalhadores.

Nesse sentido, os cipeiros são imprescindíveis. Afinal, vocês, cipeiros e ci-

peiras eleitos (as) nas fábricas, é que podem estar no dia a dia junto aos

trabalhadores, fortalecendo a organização no local de trabalho e, consequen-

te, as lutas da categoria.

Lembre-se: o Sindicato não é só um prédio, uma estrutura física, que age

sozinha. O Sindicato são os trabalha-

dores, unidos e mobilizados por seus

objetivos. Sozinho, o Sindicato possui

uma grande limitação: não chega a

todas as fábricas da base. Uma dire-

toria com 41 dirigentes não tem como

estar presente constantemente no

dia a dia do trabalhador de todas as

empresas, dentro do local de traba-

lho.

Quem tem condições de fazer

isso? É você cipeiro, ativista, delega-

do sindical, membro da comissão de

fábrica.

Ativistas e trabalhadores, juntos, é

que podem, por exemplo, garantir

uma CIPA forte e organizada que, aí

sim, junto com o Sindicato, estará à

frente das lutas. Só assim teremos

uma organização de base e um Sindi-

Os patrões vivem tentando

impedir a formação de CIPAs

combativas, pois querem conti-

nuar sua exploração, sem resis-

tência. As formas de boicotes

são muitas: há empresas que

burlam a lei e não realizam as

eleições; perseguem e reprimem

os cipeiros; tentam transformar

a atuação dos cipeiros como

meros fiscalizadores do uso de

EPIs e até orientam chefes e

gerentes a se candidatarem.

Por isso, abra o olho! A CIPA é

um direito nosso! Não deixe que

o patrão ataque sua organização!

CIPA e Sindicato: com esse

time a vitória é certa

Você sabia?

U

Page 14: Manual da CIPA

15

cato ainda mais fortes para combater os ataques dos patrões e do governo.

Além disso, cipeiros e cipeiras eleitos pelos trabalhadores tornam-se, auto-

maticamente, membros do Conselho de Representantes, que é um dos ór-

gãos mais importantes de decisão do Sindicato, estando acima da própria

diretoria. É assim porque quem deve mandar no Sindicato e decidir os rumos

da entidade é a base. Contamos com você!

Page 15: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

16

Os 10 mandamentos

dos cipeiros e cipeiras

classistas e combativos

Page 16: Manual da CIPA

17

Investigue todo e qualquer acidente no local de trabalho e

elabore um relatório completo sobre os fatos.

1Defender sempre os trabalhadoresEssa é a primeira regra do cipeiro classista e combativo. Diante de

qualquer ataque da patronal aos trabalhadores, o cipeiro e a cipeira

devem estar preparados para defender os direitos dos trabalhadores.

2PrevenirPrevenir não é observar se o trabalhador está usando EPI

(equipamento de proteção individual). Prevenir é estar atento

às condições do local de trabalho e seus efeitos sobre os

trabalhadores. É ter consciência que o mais importante é a

prevenção “coletiva”. Observar tudo, desde as máquinas e sua

conservação até o ritmo de trabalho e a pressão da chefia.

3OuvirEstar preparado para ouvir toda e qualquer reclamação ou

denúncia dos trabalhadores. Às vezes, pode parecer

pouco, mas todo trabalhador pode ajudar o cipeiro e toda

informação tem importância. Ouça sempre.

4AnotarAnote tudo: todas as reclamações, sugestões, críticas, denúncias,

para que possam ser averiguadas e respondidas.

5ResponderResponda a todos os questionamentos, sugestões e

reclamações que receber dos trabalhadores. Isso estabelece

uma relação de confiança entre o trabalhador e o cipeiro.

6Investigar

Page 17: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

18

7Organizar

Não existe CIPA atuante e forte sem a organização dos

trabalhadores. Os trabalhadores precisam conhecer e ajudar a

elaboração do trabalho do cipeiro para que seja uma luta do

conjunto da fábrica. Qualquer reivindicação com os trabalhadores

unidos e organizados é mais fácil de ser conquistada. Organização

e luta é a meta de qualquer CIPA atuante.

8Ser parceiro do Sindicato

A CIPA é um dos principais instrumentos da organização no

local de trabalho e para o fortalecimento da luta da categoria.

Por isso, a sua atuação em parceria com o Sindicato é

fundamental. Os cipeiros devem fazer parte do dia a dia do

Sindicato. A entidade mantém um departamento para

atendimento aos cipeiros. Este espaço deve ser ocupado.

9Participar das lutas

Só a luta muda a vida. É pela ação direta dos trabalhadores,

unidos e organizados a partir do seu local de trabalho, que as

conquistas são possíveis. Portanto, todas as lutas travadas pelos

trabalhadores devem ter os cipeiros na linha de frente.

10Formar-se

Um bom cipeiro deve sempre estar interessado em adquirir

conhecimento, fazer cursos de formação e conhecer a

legislação. A empresa tem engenheiros, médicos, técnicos

para defender o ponto de vista da empresa. Cipeiros

combativos precisam se preparar e se formar para

responder a patronal e saber argumentar na hora de

defender os direitos dos trabalhadores.

Page 18: Manual da CIPA

19

CIPA - Funcionamento

Page 19: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

20

Page 20: Manual da CIPA

21

formação da CIPA é paritária, ou seja, metade de seus membros é indi-

cada pela empresa e a outra metade é eleita pelos trabalhadores.

As eleições devem ocorrer anualmente, em todas as empresas, obrigatoriamen-

te. O mandato dos eleitos na CIPA é de um ano, sendo permitida uma reeleição.

O número de cipeiros pode variar de uma fábrica para outra, em razão do

número de funcionários, atividade e grau de risco da empresa.

As reuniões da CIPA devem, obrigatoriamente, ser realizadas mensalmen-

te, para debater problemas de saúde e segurança dos trabalhadores. As reu-

niões devem ser acompanhadas por todos os membros da CIPA (os indicados

pela empresa e os eleitos pelos trabalhadores).

Os cipeiros devem convocar reuniões extraordinárias todas as vezes em

que houver necessidade, como no caso de acidentes.

Todo e qualquer trabalhador ou trabalhadora pode se candidatar a uma

vaga na Cipa.

Como forma de barrar a repressão das empresas, a lei garante estabilida-

de de emprego aos cipeiros e cipeiras eleitos (as) por dois anos (durante o

ano do mandato e no ano posterior, chamado de período de carência).

Como funciona a CIPA

A

Page 21: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

22

m cipeiro classista e combativo sabe que deve usar sua estabilidade no

emprego para estar a serviço da classe trabalhadora.

Não é tarefa do cipeiro fiscalizar se os colegas estão ou não usando os

equipamentos de segurança. Lembre-se: isso é o que a empresa quer que

você faça.

Um cipeiro classista deve estar sempre atento às irregularidades no ambi-

ente de trabalho e nunca, jamais, fazer conchavos com o patrão.

Um cipeiro combativo vai fiscalizar a empresa e as condições de trabalho a

que os trabalhadores são submetidos. Isso significa estar atento ao ritmo de

trabalho, às condições de trabalho, à pressão da chefia, ao estado de conser-

vação dos maquinários e equipamentos, assédio moral, falta de gente nas

linhas, etc.

Deve fazer rondas diárias, ouvir reclamações de trabalhadores e agir sem-

pre quando a empresa tentar colocar o lucro na frente da segurança dos

trabalhadores: é esse o principal papel do cipeiro.

O cipeiro dos trabalhadores também deve assegurar que tudo o que for

discutido nas reuniões da CIPA seja devidamente documentado em ata.

Como um bom cipeiro deve agir?

U

Page 22: Manual da CIPA

23

A importância das mulheres na CIPAesmo após anos de combate ao machismo, a discriminação contra a

mulher ainda é grande. O fato é que o capitalismo utiliza da opressão

às mulheres para aumentar a exploração e garantir mais lucros.

As mulheres são as que ganham os salários mais baixos, além de sofrerem

com o alto ritmo da produção e com as doenças ocupacionais. São principais

vítimas do assédio moral no trabalho, correspondendo a 70% dos casos.

Também são as que

sofrem maior pressão

no trabalho, sem con-

tar o assédio sexual. Se

tudo isso não bastas-

se, as mulheres ainda

são as primeiras da lis-

ta em caso de demis-

sões.

Portanto, é de ex-

trema importância

que as mulheres tam-

bém participem ativa-

mente das CIPAs nas

fábricas.

É preciso fortalecer

a CIPA, elegendo

companheiras que

possam atuar na defe-

sa de todos os traba-

lhadores mas, em es-

pecial, das mulheres

trabalhadoras de sua

empresa.

M

Page 23: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

24

Como funcionam

as reuniões da CIPA?s reuniões da Cipa podem ser ordinárias ou extraordinárias.

As ordinárias são aquelas já previstas no calendário normal, e devem ocor-

rer obrigatoriamente, todo mês, em datas e horários pré-estabelecidos.

As reuniões extraordinárias podem ocorrer a qualquer momento, quantas

vezes forem necessárias. Um acidente grave na empresa, por exemplo, é um

bom motivo para que seja solicitada pelos cipeiros uma reunião extraordinária.

É importante que antes de qualquer reunião da CIPA, os cipeiros conver-

sem para estabelecer um roteiro de assuntos importantes que deverão ser

discutidos.

Os cipeiros também devem estar atentos e garantir que todos os proble-

mas e irregularidades constatadas pela CIPA sejam registradas na ata da

reunião. Essa é uma forma de documentar o trabalho da CIPA, mesmo que

haja resistência da empresa.

Por exemplo: um cipeiro constata que uma máquina de determinado setor

funciona de forma irregular, apresentando riscos de acidentes. A empresa já

foi avisada sobre os riscos, mas não fez nada. Isso precisa ficar registrado em

ata. Assim, se um dia ocorrer um acidente nesta máquina, o trabalhador aci-

dentado terá como provar que o acidente foi causado por negligência da

empresa.

Em último caso, se o cipeiro ou cipeira não conseguir incluirr tudo o que

julgar necessário na ata das reuniões, deve fazer um adendo à ata, que deve

ser protocolado na empresa, na DRT (Delegacia Regional do Trabalho) e no

Sindicato.

A

Page 24: Manual da CIPA

25

Investigação de acidentes:

uma tarefa do cipeiro

CIPA deve investigar sempre que ocorrer um acidente dentro da fábrica.

Essa é uma das principais tarefas dos cipeiros.

Na investigação, o cipeiro classista deve considerar todo e qualquer tipo

de interferência que pode ter levado ao acidente. Desde a pressão da chefia,

ritmo acelerado de trabalho, excesso de horas extras, redução de mão de

obra, até a negligência da empresa (no caso de o risco com a máquina em

questão já ter sido alertado pela CIPA, por exemplo).

O patrão sempre tentará fugir da sua responsabilidade em um acidente e

jogar a culpa no funcionário. Mas um cipeiro classista deve ficar atento a

qualquer manobra que a empresa tenta fazer e defender o trabalhador.

Lembre-se: o mais importante na apuração de um acidente é evitar que

outros acidentes ocorram. Portanto, é importante que o resultado de uma

investigação sempre resulte na melhoria das condições de trabalho do setor

em questão. É papel da CIPA sugerir as alterações para que os acidentes não

se repitam, além de cobrar da empresa a efetivação dessas mudanças.

Também é papel do

cipeiro e da cipeira

dos trabalhadores

acompanhar todo o

tratamento e recu-

peração do funcioná-

rio acidentado, certifi-

cando-se sempre que a

empresa está amparando o

trabalhador acidentado, custe-

ando todo o seu tratamento e

atendimentos necessários.

A

Page 25: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

26

Mapa de Risco: o que é?Uma portaria do Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Tra-

balhador (DNSST), em vigor desde dezembro de 1992, tornou obrigató-

ria a elaboração de Mapas de Risco pelas CIPAs, nas empresas.

O Mapa de Risco é um levantamento dos pontos de risco nos diferentes

setores das empresas. É a identificação de situações e locais potencialmente

perigosos.

A partir de uma planta baixa de cada seção são levantados todos os tipos

de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande. Es-

tes tipos são agrupados em cinco grupos, classificados por cores diferentes.

A idéia é que os funcionários de cada seção apontem aos cipeiros os prin-

cipais problemas.

Além de detectar os problemas, o Mapa de Risco deve sugerir alterações

que eliminem ou amenizem o risco iminente.

Após receber o levantamento, a empresa terá 30 dias para analisar e

negociar com os membros da CIPA ou do Departamento de Segurança e

Medicina do Trabalho (SESMT), se

houver, prazos para providenciar as

alterações propostas. Caso estes pra-

zos sejam descumpridos, a CIPA de-

verá comunicar à Delegacia Regional

do Trabalho.

Portanto, é tarefa dos cipeiros

classistas e combativos elaborar um

mapa de risco completo e eficiente.

Fique atentoProblemas de gestão como, por

exemplo, o assédio moral, podem

e devem ser identificados e re-

gistrados no Mapa de Risco.

U

Page 26: Manual da CIPA

27

Como elaborar o Mapa de Risco?

O primeiro passo é procurar conhecer todos os setores/seções da em-

presa: o que se produz em cada uma delas e como é o processo de

produção. Também é necessário saber o quanto é produzido, para se estimar

o quanto é produzido por hora, avaliando assim o tempo que os trabalhado-

res dispõem para executar o trabalho.

Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia, tais como

medidas de proteção coletiva e individual; medidas de organização do

trabalho (ritmo, horas extras, pausas para descanso, jornada de trabalho, tur-

nos de revezamento, etc); e medidas de higiene e conforto: banheiro, lavató-

rios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer.

1

2

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Page 27: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

28

O próximo passo é listar todas as matérias-primas e os demais insumos

(equipamentos, tipo de alimentação das máquinas etc.) envolvidos no

processo produtivo. Afinal, riscos químicos podem estar envolvidos.

Listar todos os riscos existentes, setor por setor, etapa por etapa (se fo-

rem muitos, priorize aqueles que os trabalhadores mais se queixam, aque-

les que geram doenças ocupacionais ou do trabalho, comprovadas ou não,

ou que haja suspeitas). Considere importante qualquer informação dos tra-

balhadores.

Identificar os indicadores de saúde:

- queixas mais frequentes;

- acidentes ocorridos/ doenças do trabalho com maior incidência;

- principais causas de ausência no trabalho.

Agora, na planta da seção, exatamente no local onde se encontra o

risco (uma máquina, por exemplo) deve ser colocado o círculo no tama-

nho avaliado pela CIPA e na cor correspondente ao grau de risco.

A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores,

deve ser representada por círculos de tamanhos proporcionalmente di-

ferenciados: pequeno (2,5 cm de diâmetro), médio (5 cm de diâmetro) e gran-

de (10 cm de diâmetro).

Essas marcações também recebem uma cor (vermelho, verde, marrom,

amarelo e azul), que corresponde a um tipo de risco: químico, físico,

biológico, ergonômico e mecânico.

Pronto! Agora é só colocar o mapa em um local visível para alertar aos

trabalhadores sobre os perigos existentes naquela área.

3

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9

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Page 28: Manual da CIPA

29

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VERDE

VERMELHO

MARROM

AMARELO

AZUL

Tabela

descri

tiva d

os r

iscos a

mbie

nta

is

Page 29: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

30

Saiba que é a SIPATSipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) é um

evento obrigatório nas empresas brasileiras segundo a legislação traba-

lhista. Deve ser organizada anualmente pela CIPA (Comissão Interna de Pre-

venção de Acidentes) com o objetivo de conscientizar os empregados sobre a

saúde e segurança no trabalho além da prevenção de acidentes.

No entanto, nem todas as empresas cumprem isso à risca. Algumas em-

presas ficam anos sem realizar uma Sipat. Algumas realizam de forma irregu-

lar, como é o caso da GM, que desrespeita a lei, já que não deixa que a CIPA

organize a Sipat.

Com isso, a empresa toma a frente do evento, que acaba sendo superficial,

além de levar aos trabalhadores apenas informações que são de interesse da pa-

tronal. Os riscos e problemas existentes na fábrica são escondidos ou camuflados.

Por isso, é papel dos cipeiros dos trabalhadores cobrar a realização da

Sipat, anualmente, e que, de fato, ela seja organizada pelos cipeiros e aborde

questões importantes e de interesse dos funcionários.

A

Page 30: Manual da CIPA

31

cipeiro classista e combativo

deve ter uma formação técni-

ca, política, teórica e ideológica que

lhe dê condição de compreender o

sistema capitalista, sob uma visão

classista, para que possa lutar contra

a exploração e em defesa da classe

trabalhadora.

Neste sentido, os cursos, palestras

e debates promovidos pelo Sindicato são fundamentais. Os cipeiros devem

participar de todo e qualquer curso ministrado pelo Sindicato.

Os cursos, palestras e debates, que são promovidos pelo Sindicato, têm o

objetivo de oferecer um suporte técnico aos cipeiros e cipeiras para que pos-

sam enfrentar a disputa com a patronal e construir uma atuação classista e

combativa.

Os cursos das empresas

Os cipeiros e cipeiras eleitos também devem estar atentos quanto ao con-

teúdo e tempo dos cursos, que devem ser realizados sempre pelas empresas,

no início de cada gestão, e devem ter a duração de 20 horas.

Caso sejam ministrados aos sábados ou depois do expediente de trabalho,

os cipeiros e cipeiras têm de receber horas extras.

Cursos de Formação

Fique atentoA nossa Convenção Coletiva ga-

rante 2 dias por ano para que os

cipeiros (as) participem de cursos

de formação, sem prejuízo para

o trabalhador

O

Page 31: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

32

Page 32: Manual da CIPA

33

Os principais problemas

de saúde nas empresas

Page 33: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

34

Page 34: Manual da CIPA

35

LER/DORT uma

epidemia nas fábricas

abe aquela dorzinha

chata que aparece

justamente quando você

está trabalhando? Cuida-

do! Você pode estar com

LER/DORT (Lesão por Es-

forço Repetitivo/Distúrbi-

os Osteomusculares Rela-

cionados ao Trabalho).

O termo LER/DORT

refere-se a um conjunto

de doenças do sistema

musculoesquelético, que

é lesionado por excesso

de uso ou uso indevido.

Isso ocorre pelos mais

diversos motivos, sendo

que o principal causador,

invariavelmente, é o processo de or-

ganização do trabalho.

A mais comum das doenças ocu-

pacionais atinge principalmente mús-

culos, ossos e tendões, causando, por

exemplo, tenossinovites, tendinites,

bursites e mialgias.

S

Você sabia?

Se sofrer um acidente de traba-

lho ou adquirir uma doença ocu-

pacional e ficar com alguma se-

quela irreversível ou alguma re-

dução de sua capacidade de tra-

balho, a estabilidade é garantida,

pela nossa Convenção Coletiva,

até a aposentadoria.

Page 35: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

36

Como prevenir

É importante que todos entendam que é obrigação dos patrões oferece-

rem boas condições de trabalho. Porém, o que vemos são jornadas prolon-

gadas, ritmo acelerado, cobrança excessiva de metas de produção e pouco

tempo para descanso.

Pressionados pela reestruturação produtiva, implementada pelas em-

presas, os trabalhadores veem sua saúde ser prejudicada a cada dia.

O que todos precisam

saber é que a CIPA é a

porta de entrada para

combater tudo isso.

A prevenção é o

combate à supe-

rexploração no

ambiente de

trabalho, o que

inclui o comba-

te ao ritmo ace-

lerado de traba-

lho, longas jorna-

das e pressão da

chefia, além de

exigir pausas en-

tre os ciclos.

E, para isso,

a construção

de uma CIPA

forte e mobiliza-

da é indispensá-

vel. Mas a CIPA

só atingirá esse

objetivo se for

classista e comba-

tiva.

Page 36: Manual da CIPA

37

Combater o assédio moral:

uma prioridade do bom cipeiro

ssédio moral é crime e vem se tornando um problema cada vez mais

frequente dentro das empresas. Por isso, deve ser uma das frentes de

combate dos cipeiros e cipeiras.

Como identificar?

O assédio moral é caracterizado pela exposição constante e repetitiva a

situações de humilhação no ambiente de trabalho. São situações que expõem

o trabalhador a um clima ruim de trabalho, ofende sua dignidade e chega a

colocar em risco seu emprego. Ou seja, uma prática comum de chefes e

superiores, que gera uma série de consequências negativas à saúde e ao bem

estar do trabalhador.

A

Page 37: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

38

O assédio moral é um problema de saúde?

Sim. Segundo psicólogos, o assédio moral leva o trabalhador a uma deses-

tabilização emocional que pode resultar em medo, raiva e ansiedade, num

primeiro momento. Mas pode evoluir para transtornos maiores, como a de-

pressão e a síndrome do pânico, ou até levar o trabalhador ao suicídio, em

casos mais graves.

O que o cipeiro (a) pode fazer para combater essa prática?

O cipeiro deve orientar os trabalhadores a denunciar e a não baixar a

cabeça para situações que causem constrangimento. Se a situação persistir,

o cipeiro pode e deve intervir. O caminho é denunciar o assédio, organizar os

trabalhadores e fazer com que o ataque conste em ata. Em casos mais gra-

ves, o caso pode até ser levado à Justiça.

Também deve instigar a solidariedade de classe, sempre. Do tipo:”Mexeu

com meu companheiro, mexeu comigo!”

Page 38: Manual da CIPA

39

Depressão: uma doença que

pode ser causada pelo trabalho

risteza, desânimo, agitação ou ansiedade demonstrados em excesso. Se

no seu ambiente de trabalho você tem colegas que se enquadram em

algum desses comportamentos, fique alerta. Eles podem estar com depressão.

A depressão é uma doença incapacitante para o trabalho. Hoje, já é a 5ª

doença que mais gera afastamentos do trabalho.

A depressão ocupacional pode ser desencadeada, principalmente, por três

fatores: assédio psicológico, assédio moral e determinados produtos químicos.

O assédio psicológico ocorre, por exemplo, quando uma lesão leva à limi-

tação física. Diante dessa limitação, o trabalhador sente-se incapaz e,

consequentemente, entra em depressão.

T

Page 39: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

40

Segundo estatísticas da Previ-

dência Social os transtornos men-

tais ocupam a terceira posição

entre as causas de concessão de

benefícios previdenciários.

Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a

Previdência Social, revelou que o número de trabalhadores com proble-

mas mentais vem aumentando nos últimos anos.

Bancários, frentistas, trabalhadores do comércio, metalúrgicos, rodo-

viários e transportadores aéreos estão entre as categorias de maior risco.

Outro fator é o assédio moral.

Quando o trabalhador é humilhado

por seu chefe e, por medo de repre-

sálias, não tem como se defender,

corre sério risco de entrar num qua-

dro depressivo.

Por fim, o contato com produtos

químicos, como os solventes utilizados

na Embraer, que são neurotóxicos.

Fique atentoÉ extremamente necessário

que o cipeiro classista fique aten-

to a eventuais casos de depres-

são que possam surgir no seu

ambiente de trabalho. Também

deve orientar o trabalhador a

procurar ajuda.

Apesar do preconceito que

existe em torno da doença, é pre-

ciso lutar para que as empresas

reconheçam a depressão como

uma doença ocupacional e emi-

tam a CAT.

Você sabia?

Page 40: Manual da CIPA

41

Entenda seus direitos

Page 41: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

42

Page 42: Manual da CIPA

43

CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) é o documento que a em-

presa precisa emitir sempre que ocorrer um acidente típico ou uma do-

ença do trabalho, com ou sem o afastamento do trabalhador.

O registro da CAT deve ser feito pela empresa que deve dar uma cópia

para o trabalhador e encaminhar uma cópia para o Sindicato. Mas se a em-

presa se negar a emitir a CAT, o Sindicato ou qualquer outra autoridade públi-

ca também pode emitir o documento. Além disso, também pode ser emitida

pelo próprio acidentado, seus dependentes ou seu médico de confiança.

CAT: Comunicação de

Acidente de Trabalho

A

CAT serve para registrar a ocorrên-

cia de um acidente de trabalho, do-

ença profissional ou uma doença re-

lacionada ao trabalho, como é o caso

da LER/DORT, por exemplo.

O registro dos dados referentes

aos acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais tem o objetivo de en-

quadrar as empresas, de acordo com

os graus.

Atenção

A CAT, por si só, não dá ga-

rantia de estabilidade de empre-

go para ninguém. Ela só prova

que o trabalhador sofreu um aci-

dente ou tem um problema de

saúde relacionado ao trabalho.

Para ter a estabilidade, o tra-

balhador tem que ter se afasta-

do da empresa por mais de 15

dias e ter recebido o benefício

do tipo B91, do INSS.

Pra que serve?

Page 43: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

44

Em quais situações

devo exigir a emissão de

uma CAT do meu empregador

Toda vez que um

trabalhador se

machucar ou se

acidentar no ambi-

ente de trabalho

sofrendo uma lesão,

com ou sem afasta-

mento, é necessário

emitir uma CAT.

A CAT é obrigató-

ria em todos os

casos, desde os

pequenos ferimentos

até em casos graves,

como em acidentes

fatais. Deve, inclusive, ser reaberta quantas vezes for necessário, a cada

vez que ocorrer reincidência ou piora no quadro clínico do trabalhador

acidentado.

O acidente pode ser aquele que aconteceu dentro da fábrica ou durante

o trajeto de ida e volta ao trabalho.

Por isso, se você sofrer um acidente no trabalho ou durante seu trajeto,

a empresa tem a obrigação de abrir uma CAT, em até 24 horas. Em caso de

morte, a CAT deve ser emitida imediatamente.

Page 44: Manual da CIPA

45

Afastamentos

A CAT também precisa ser emitida quando o trabalhador permanece afas-

tado da empresa por mais de 15 dias por conta de uma dor que suspeite ter

sido causada pelo trabalho.

Lembre-se: você tem direito ao registro de uma CAT, independente da

gravidade do caso. Além disso, a empresa deve entregar uma via do docu-

mento ao trabalhador, constando o número de registro no INSS.

Fique de olho e exija sempre os seus direitos!

Em caso de qualquer problema, procure o Departamento de Saúde do

Sindicato.

Page 45: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

46

Entenda os tipos de auxílio-doençaxistem dois tipos de auxílio-doença: o previdenciário (B31) e o acidentário

(B91). Ambos beneficiam trabalhadores com algum tipo de problema de

saúde. Mas os dois têm características que os diferem. Veja:

Auxílio-doença previdenciário (B31)

Funciona assim: todo trabalhador que, por problemas de saúde, se sentir

incapacitado para o trabalho, deve consultar um médico.

Se houver a necessidade de afastamento do trabalho, o médico irá emitir

um atestado, que deve ser levado à empresa. É importante também solicitar

um laudo ou relatório médico sobre o respectivo problema de saúde.

Os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento, com atestado, é de

responsabilidade da empresa, que deverá efetuar o pagamento integral ao

trabalhador. A partir do 16º dia, se ainda persistir a necessidade de

afastamento, o trabalhador é encaminhado ao INSS com o requerimento do

auxílio-doença. Uma vez concedido, o pagamento passa a ser de

responsabilidade do INSS.

Para ter direito ao auxílio-doença previdenciário, também conhecido como

B31, é necessário que já tenha cumprido a carência de, no mínimo 12 meses

de contribuições previdenciárias.

Auxílio-doença acidentário (B91)

Esta modalidade de auxílio-doença é concedido em casos de doenças

relacionadas ao trabalho, ou em decorrência de acidente de trabalho ou de

trajeto.

Ou seja, pode ter sido causado por um acidente típico (cair, cortar, bater,

quebrar, escorregar, queimar, etc), ou de trajeto (aqueles que acontecem no

trajeto entre o trabalho e a residência do trabalhador, ou vice-versa). Também

E

Page 46: Manual da CIPA

47

B91 - Com estabilidade

Benefício concedido ao trabalhador incapacitado para o trabalho

em decorrência de acidente de trabalho (típico ou trajeto) ou doença

ocupacional. Se o afastamento for maior que 15 dias, esse benefício

dá direito à estabilidade por 12 meses após o retorno às atividades, e

no período de afastamento o empregador está obrigado a depositar o

FGTS para o trabalhador. Se o trabalhador ficar com alguma sequela,

o B91 garante estabilidade até a aposentadoria, conforme está

previsto no Acordo Coletivo da categoria.

B31 - Sem estabilidade

Benefício concedido ao trabalhador com doença comum, ou seja,

que não foi adquirida no trabalho ou durante a prática profissional.

Com esse tipo de benefício, o trabalhador tem estabilidade de

emprego por igual período ao do seu afastamento, limitado a 60

dias após o retorno ao trabalho.

pode ter sido provocado pelo exercício

da profissão ou da função (LER/

DORT, depressão, problemas de

coluna, etc).

Para a concessão deste tipo de

benefício, é imprescindível que o

trabalhador tenha uma CAT emitida

pela empresa. A CAT é um direito do

trabalhador e deve ser exigida, sempre, pela CIPA.

AtençãoOriente os trabalhadores a

sempre tirar cópias de todos seus

atestados e exames antes de en-

tregar as cópias para a empresa.

Entenda a diferença entre o B91 e o B31

Page 47: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

48

O que é auxílio-acidente?

revisto pelo artigo 86 da Lei 8213/91, o auxílio acidente é um benefício

mensal, no valor de 50% do salário benefício, concedido pelo INSS ao

segurado como indenização, até a aposentadoria.

Nos casos de acidentes relacionados ao trabalho ou doença ocupacional,

o auxílio-acidente é conhecido como B94.

P

Page 48: Manual da CIPA

49

Você sabia?

Esse benefício vem sofrendo ataques do governo federal. Até 98

era concedido de forma vitalícia. No entanto, FHC cortou esse

dispositivo, e o benefício passou a ser concedido até a aposentadoria.

O decreto 3048/99 possui vários anexos, entre eles o anexo III

que estabelece que pode receber o benefício o trabalhador que tiver

alguma perda auditiva, visual ou da fala, prejuízo estético, perda total

ou parcial de membros, alterações articulares, redução da força ou

desempenho muscular ou redução da capacidade respiratória.

Estes anexos criados pelo governo federal restringiram o direito à

concessão administrativa do benefício pelo INSS. Contudo, é possível

recorrer ao judiciário caso você tenha alguma sequela que implique

na redução de sua capacidade para o trabalho.

Quem tem direito?

O trabalhador vítima de acidente, que tenha ficado com alguma sequela

que implique na redução de sua capacidade para o trabalho que

habitualmente exercia.

Page 49: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

50

Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é o antigo SB40. Um formulário

que deve ser preenchido com todas as informações relativas ao emprega-

do como, por exemplo, a atividade que exerce, o agente nocivo ao qual é expos-

to, a intensidade e a concentração do agente, exames médicos clínicos, além de

dados referentes à empresa.

As empresas devem preencher o PPP para todos os seus empregados, inde-

pendentemente do ramo de atividade da empresa e da exposição a agentes

nocivos.

Um direito do trabalhador

Quando houver o desligamento do empregado, a empresa é obrigada a for-

necer uma cópia autêntica do PPP ao trabalhador, sob pena de multa, caso não

o faça.

É papel do cipeiro exigir que as empresas mantenham o PPP sempre atualiza-

do. Embora a empresa não seja obrigada por lei a fazer isso, a recomendação do

Sindicato é que os cipeiros cobrem das empresas a disponibilização do PPP, uma

vez por ano, para que os trabalhadores verifiquem se as informações nele conti-

das estão corretas.

O PPP é um documento importante e, quando elaborado corretamente, pode

garantir ao trabalhador(a) o direito à aposentadoria especial (leia mais sobre a

aposentadoria especial na próxima página).

A CIPA deve ficar de olho e orientar os trabalhadores a não aceitarem PPP

incompleto ou com informações incorretas. É papel do cipeiro ou cipeira solicitar

medições de agentes nocivos na empresa, periodicamente, além de exigir que as

medições sejam corretamente registradas nos PPPs, além das atas das reuniões

da CIPA.

Se constatar um erro, peça sempre as alterações necessárias.

Lembre-se: é um direito do trabalhador e sua garantia para a aposentadoria!

O que é PPP e pra que serve?

O

Page 50: Manual da CIPA

51

Fique atento

Aposentadoria especialQuem tem direito à aposentadoria especial?

Tem direito à aposentadoria especial quem trabalhou, no mínimo, 15, 20

ou 25 anos em atividade exposta a riscos que prejudique sua saúde ou sua

integridade física. Mas, para isso, é preciso que o trabalhador comprove,

através do PPP, perante o INSS, que o trabalho foi exercido de forma

permanente, não ocasional ou intermitente.

Quais os agentes nocivos considerados prejudiciais à saúde?

A lista é extensa. Mas, via de regra, os agentes nocivos podem ser químicos

(substâncias químicas), físicos (como ruído, vibração ou calor em excesso, por

exemplo) ou biológicos (fungos ou bactérias, por exemplo).

Como o cipeiro deve agir para ajudar os trabalhadores que têm

direito à aposentadoria especial?

Sempre que identificar um risco, o cipeiro deve solicitar medições e o

registro . Isso também deve ser feito sempre que houver mudanças que

alterem esses níveis como, por exemplo, a chegada de novas máquinas no

setor ou o barulho excessivo de um equipamento devido à falta de manutenção

ou manutenção inadequada.

Também é tarefa do cipeiro acompanhar as medições, além de assegurar

que sejam corretamente anotadas no PPP dos trabalhadores.

Afinal, uma medição correta dá ao trabalhador o direito ao adicional de

insalubridade, se comprovado que os níveis estão acima dos considerados

como aceitáveis. O recebimento do

adicional de insalubridade facilita bas-

tante a concessão da aposentadoria

especial, no futuro.

O mesmo se aplica aos demais

agentes nocivos, como a eletricidade

ou produtos químicos.

Se a empresa se negar a fazer

medições, deixe isso registrado

nas atas de reunião da CIPA.

Page 51: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

52

Ataques do governo

dificultam a vida do trabalhadoros últimos anos, o trabalhador brasileiro tem sofrido inúmeros ataques

do governo a seus direitos. Desde o governo FHC, passando pelo de

Lula, ocorreram reformas na Previdência e mudanças no INSS, que prejudica-

ram os trabalhadores, dificultando a aposentadoria e a obtenção de benefíci-

os previdenciários.

Muitos vezes os ataques até vêm camuflados como se fossem algo bom

para a classe trabalhadora. Mas, infelizmente, são o contrário. Reduzem di-

reitos do trabalhador, em detrimento dos interesses das empresas. Veja abai-

xo três desses exemplos.

Alta programada

A Alta Programada está prevista no artigo 1º, do Decreto nº. 5.844, de

13 de julho de 2.006. Por meio deste mecanismo, quando o trabalhador con-

segue obter o auxílio-doença, é estabelecido um prazo para que ele retorne

ao trabalho, com base em uma “estimativa” para sua recuperação.

Ao final desse período, independente de estar curado ou não, o trabalha-

dor tem o benefício suspenso e deve voltar ao trabalho.

A principal crítica a esse mecanismo, criado sob a alegação de diminuir a

demanda de perícias no INSS e reduzir as filas, é que, se o trabalhador não

estiver totalmente recuperado e precisar dar entrada em novo pedido, terá

de voltar ao trabalho doente ou enfrentar uma nova maratona.

Terá de esperar um mês após a suspensão da licença, passar novamente

pela perícia e esperar o resultado, correndo o risco de ficar sem salário ou ser

demitido durante esse tempo. Ou seja, uma medida que ajuda as empresas a

se livrarem dos lesionados.

N

Page 52: Manual da CIPA

53

NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário)

Criado pela lei 11.430/06 e regulamentado pelo Decreto n. 6.042/07,

entrou em vigor em 01/04/07. O NTEP tem por finalidade estabelecer uma

relação entre uma causa (ambiente laboral) e um efeito (doença ocupacional

do trabalhador), ou seja, o nexo entre a doença e a atividade laboral.

Foi lançado com ares de ser uma coisa boa, já que tirava do trabalhador a

tarefa de provar que adquiriu uma doença em função do trabalho, uma vez

que isso passou a ocorrer de forma automática. Caso a empresa discordasse,

teria 15 dias para apresentar as contraprovas e tentar alterar o benefício e,

por consequência, a estabilidade do trabalhador.

Porém, na prática, isso não é verdade. O projeto que criou o NTEP sofreu

várias modificações, que descaracterizaram totalmente o que poderia ter de

válido. Várias empresas ficaram de fora da lista do nexo causal. Empresas

com alto índice de afastamentos e doenças ocupacionais.

Outra modificação é o direito da empresa recorrer do B91, com base na

IN (Instrução Normativa (IN) 31, do INSS, que se caracteriza como um dos

maiores ataques do governo, pois joga nas costas do trabalhador a responsa-

bilidade de provar o nexo da doença com o trabalho.

Page 53: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

54

Instrução Normativa (IN) 31

Depois de receber inúmeras reclamações das empresas, devido à institui-

ção do NTEP, o governo federal editou a Instrução Normativa 31, que foi

publicada no Diário Oficial da União no dia 11/09/2008, alterando alguns

procedimentos e rotinas para beneficiar os patrões.

A IN 31 criou a possibilidade de o estabelecimento de nexo não acontecer

em alguns casos de acidentes típicos e de trajeto, além das doenças relacio-

nadas à exposição ao amianto, silica ou chumbo. Um absurdo sem tamanho.

Outra coisa que mudou foi o prazo de recurso. Antes, a empresa tinha 15

dias para recorrer, apresentando suas contraprovas. Só depois da análise des-

sas contraprovas é que o INSS decidia se o benefício era suspenso ou sofria

alguma alteração. A partir da IN 31, a empresa ganha maior prazo de recur-

so. O pior é que o simples recebimento do recurso pelo INSS já altera o bene-

fício, suspende a estabilidade e deixa o trabalhador à mercê da empresa.

Page 54: Manual da CIPA

55

Defender a estabilidade dos

lesionados é uma das metasara os patrões, o trabalhador é

igual a uma máquina: serve en-

quanto funciona. Quebrou, troca por

outro.

Por isso, quando um trabalhador

ou trabalhadora se acidenta ou ad-

quire uma doença do trabalho, tem

início uma longa e sofrida jornada,

onde a dor e a humilhação são as

marcas. A empresa não o quer mais e faz de tudo para demiti-lo.

O assédio moral passa a ser a arma mais cruel: o trabalhador é per-

seguido e humilhado das mais variadas formas.

As empresas organizam o trabalho de tal forma que até os companheiros

(as) de trabalho discriminam o lesionado.

Por isso, a defesa dos lesionados deve ser uma das prioridades dos cipeiros

e cipeiras combativos.

De acordo com a nossa Convenção Coletiva, o trabalhador lesionado tem

estabilidade de emprego garantida até a aposentadoria. É papel da CIPA

lutar junto com o Sindicato para fazer com que essa cláusula seja respeitada.

Serviço compatível

O trabalho compatível, ou seja, atuar numa função que não agrave a do-

ença do trabalhador, é um direito de todo companheiro ou companheira

lesionada (o).

É papel do cipeiro fazer com que a empresa respeite os trabalhadores

lesionados, reencaminhando-os para um posto de trabalho compatível.

O cipeiro deve acompanhar o remanejamento do funcionário para outra

função e se certificar de que é mesmo compatível às limitações do lesionado.

P

Page 55: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

56

Page 56: Manual da CIPA

57

Legislação

Page 57: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

58

Page 58: Manual da CIPA

59

odo bom cipeiro deve, obrigatoriamente, conhecer o mínimo da legislação

sobre saúde e segurança do trabalho, o que inclui as principais NRs

(Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina no Trabalho) que, entre

outras coisas, regulamenta a CIPA e seu funcionamento.

Como o número de leis e NRs é muito grande, incluímos nesse manual um

glossário, com uma breve descrição das principais leis e NRs em vigor, para

que você, cipeiro e cipeira, possa consultar sempre que necessário.

Lembre-se que todos os direitos descritos neste adendo é resultado de

longos anos de lutas dos trabalhadores e, portanto, devem ser respeitados.

Ter conhecimento destes direitos é importante para a defesa da saúde e

segurança no trabalho.

E lembre-se: você foi eleito pelos trabalhadores da sua empresa. Portanto,

sua tarefa é lutar para fazer com que tais direitos sejam cumpridos.

Conheça as principais leis,

NRs e cláusulas sociais

T

Page 59: Manual da CIPA

CIPA MANUAL DO CIPEIRO

60

NR 5NR 5

NR 3NR 3

- Leis

Constituição Federal, artigo 7º:

Todo trabalhador tem o direito a um ambiente de trabalho saudável.

Lei 8.213/91 do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social)

Artigo 89 - Reabilitação/Serviço Compatível

Na reabilitação, o trabalhador acidentado será readaptado para uma

função adequada à sua redução da capacidade laborativa.

Artigo 93 - Portadores de deficiência

Toda empresa com mais de 100 trabalhadores está obrigada a preen-

cher em seu quadro funcional, um percentual de 2% a 5%, com reabilita-

dos ou portadores de deficiência.

Artigo 338 - Ambiente seguro

A empresa é responsável pela adoção de medidas de proteção individual e coletiva;

Artigo 341 - Punição

A Previdência Social deve impor uma ação regressiva contra a empresa

em caso de negligência quanto às normas.

- NRs (Normas Regulamentadoras em

Segurança e Medicina do Trabalho)

Interdição ou Embargo

Estabelece os mecanismos de Intervenção da Auditoria Fiscal em situação

de grave e iminente risco de acidente de trabalho ou de doença ocupacional

para o trabalhador. Considera-se como grave e iminente risco qualquer

condição que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com

lesão grave à integridade física do trabalhador.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

Dispõe sobre a implantação da CIPA, sua constituição, organização,

atribuições e funcionamento. Também aborda como as reuniões devem ser

Page 60: Manual da CIPA

61

NR 6NR 6

NR 12NR 12

NR 9NR 9

NR 7NR 7

NR 10NR 10

NR 15NR 15

conduzidas, os recursos, o pedido de reunião extraordinária e as eleições.

EPIs (Equipamento de Proteção Individual)

Estabelece as regras para a fabricação, importação, uso, restauração e

treinamento dos equipamentos de proteção individual e específicos para

proteção aos riscos nos ambientes de trabalho. Também determina que o

fornecimento dos EPIs deve ser feito pelas empresas, gratuitamente. Além

disso, as empresas também devem promover a substituição do EPI

imediatamente, quando danificado.

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO

Trata dos exames médicos: admissional, periódicos, de retorno ao trabalho,

de mudança de função e do exame demissional. Também determina que, a

cada exame médico realizado, o médico emitirá o ASO (Atestado de Saúde

Ocupacional), em 2 (duas) vias, sendo que uma das vias será obrigatoriamente

entregue ao trabalhador.

PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)

Visa fazer com que a empresa se antecipe e controle os riscos ambientais.

Uma das determinações desta NR é a elaboração do Mapa de Risco.

Segurança em instalações e serviços em eletricidade

Estabelece parâmetros para a garantia da segurança no trabalho, nas

diversas etapas dos serviços em eletricidade. Também prevê que os

trabalhadores podem se recusar a executar uma tarefa sempre que

constatarem evidências de riscos graves e iminentes para a sua segurança e

saúde ou a de outras pessoas.

Máquinas e Equipamentos

Determina que, para os trabalhos contínuos em prensas ou outras máquinas

e equipamentos, onde o operador possa trabalhar sentado, devem ser

fornecidos assentos adequados. O mesmo se aplica às mesas para colocação

de peças que estejam sendo trabalhadas. Os equipamentos devem estar na

altura e posição adequadas, a fim de evitar fadiga ao operador.

Atividades e Operações Insalubres

Esta NR estipula os “Limites de Tolerância” dos agentes de risco que não

causarão danos à saúde dos trabalhadores durante o trabalho. Também deixa

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CIPA MANUAL DO CIPEIRO

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NR 16NR 16

NR 17NR 17

NR 24NR 24

claro que as empresas devem ter por meta a eliminação ou neutralização da

insalubridade.

Atenção: fique de olho nos anexos. O Anexo 1 – Limites de Tolerância

para Ruído, por exemplo, tem uma tabela bem explicativa do quanto de hora

trabalhada é permitido para determinado nível de ruído. Determina também

como devem ser realizadas as medições. Além de ruído, existem anexos com

limites para calor, frio, radiações, agentes químicos, poeiras minerais, dentre

outros.

Atividades e Operações Perigosas

Esta NR classifica as atividades consideradas perigosas (combustível,

explosivos e eletricidade), que podem ocasionar vários acidentes graves.

Também é esta NR que determina o pagamento dos adicionais de

periculosidade, de forma temporária ou contínua, dependendo da atividade

executada.

Ergonomia

Estabelece alguns parâmetros que permitem a adaptação das condições

de trabalho às características psicofisiológicas (corpo e mente) dos

trabalhadores(as).

Atenção

A NR 17 também prevê que nas atividades que exijam sobrecarga muscular

estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e

inferiores, é importante observar a obrigatoriedade de pausas para descanso,

como forma de prevenir problemas de saúde mais graves.

Além disso, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15

(quinze) dias, o trabalhador deverá retornar gradativamente aos níveis de

produção vigentes na época anterior ao afastamento. Por exemplo: No caso

de digitadores, o trabalhador não deverá ultrapassar a marca de 8.000 toques

por hora e, no máximo, cinco horas de jornada fazendo a mesma atividade.

Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

O local de trabalho deve dispor de conforto e segurança para os

trabalhadores, com instalações sanitárias adequadas, vestiários com armários,

ambiente limpo e organizado, locais específicos para refeições, área para

descanso e fornecimento de água potável.

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NR 26NR 26

Atenção: Está previsto na NR 24: cada empresa deve dispor de um

sanitário para cada 20 trabalhadores, que devem estar limpos, higienizados e

sem nehum odor. Também deve ter pias e toalhas secas e limpas à disposição

dos trabalhadores.

Sinalização de segurança

Serve para indicar e advertir sobre os riscos existentes no local de trabalho.

A tal sinalização é secundária. O importante nesta NR é a tal “rotulagem

preventiva”, que determina que os rótulos de todos os produtos perigosos ou

nocivos à saúde utilizados pela produção contenham informação breve,

precisa, simples e de fácil compreensão sobre o produto, além de contra-

indicações de uso, riscos, medidas de primeiros socorros, etc.

- Outros direitos e garantias

Direito de fiscalização

* O dever de fiscalizar os ambientes de trabalho é do INSS (Instituto

Nacional de Seguridade Social), das DRTs (Delegacias Regionais do Traba-

lhador) e do Ministério Público do Trabalho. No entanto, é garantido aos

Sindicatos e CIPAS o direito de acompanhar as investigações dos ambientes

de trabalho realizadas pelos órgãos oficiais. Isso está previsto:

- na Constituição Estadual/SP (artigo 229, parágrafos 1, 2 e 4);

- no Código de Saúde do Estado de SP (lei complementar 791, artigo

35, parágrafo 3)

- na NR 1

Direito de interromper atividades e/ou parar máquinas

*Ao sindicato dos trabalhadores e representantes da CIPA é garantido o

direito de requerer a interdição de uma máquina, setor ou de todo o ambi-

ente de trabalho, quando houver exposição à risco iminente para a vida ou

saúde dos trabalhadores.

(previsto no Código Estadual de Saúde - Lei Complementar 791, artigo 35)

Sobre o direito à informação

*Todo trabalhador tem o direito de receber o resultado dos seus exames

médicos. Isso está previsto na NR7, no artigo 59 do Código de Ética Médi-

ca e na Convenção 161 da OIT (Organização Internacional do Trabalho)

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CIPA MANUAL DO CIPEIRO

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* Em todo o exame médico para efeito de trabalho deverá ser emitido o

ASO (Atestado de Saúde Ocupacional), com cópia para o trabalhador (NR 7).

Sobre ética e comportamento dos médicos

*Os médicos das empresas devem basear suas atividades profissionais

de acordo com o Código de Ética da categoria, que está regulamentado

pela resolução nº 1.931/2009, do Conselho Federal de Medicina, em

vigor desde 13/04/2010. Veja o que diz esse Código de Ética, em seus

principais trechos:

Capítulo 1 - Princípios Fundamentais

Parágrafo XII

O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser

humano, pela eliminação e controle dos riscos à saúde inerentes às ativida-

des laborais.

É vedado ao médico:

Capítulo 3 - Responsabilidade Profissional

Artigo 12

Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condições de trabalho que

ponham em risco sua saúde, devendo comunicar o fato aos empregadores

responsáveis.

Parágrafo único. Se o fato persistir, é dever do médico comunicar o

ocorrido às autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina.

Capítulo 10 - Documentos Médicos

Artigo 80

Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o

justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade.

Artigo 88

Negar ao paciente o acesso ao seu prontuário, deixar de lhe fornecer

cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessári-

as à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio pacien-

te ou a terceiros.

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Capítulo 11 - Auditoria e Perícia Médica

Artigo 92

Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal,

quando não tenha realizado pessoalmente o exame.

Artigo 93

Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de

qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu traba-

lho ou de empresa em que atue ou tenha atuado.

Artigo 94

Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos

atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em pre-

sença do examinado, reservando suas observações para o relatório.

Artigo 98

Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir

como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas

atribuições e de sua competência.

Sobre a abertura de CATs:

*Artigo 169 da CLT - obriga a notificação de doenças profissionais e das

que foram ocasionadas em virtude de condições especiais de trabalho,

comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções

expedidas pelo Ministério do Trabalho.

* Lei 8.213 - Artigo 22

A empresa é obrigada a emitir a CAT em todos os casos de acidente de

trabalho ou de doença ocupacional (adquirida no trabalho), no prazo de 24

horas. A CAT deve ser enviada ao INSS com a cópia para o trabalhador e

para o Sindicato. Em caso de recusa por parte da empresa em emitir a CAT,

esta poderá ser feita em um órgão do serviço de saúde pública, a pedido

do Sindicato ou do próprio trabalhador.

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Procure sempre o Sindicato

m cada uma das páginas dessa cartilha você, cipeiro ou cipeira de luta,

aprendeu um pouco mais sobre como agir, de forma classista e combativa,

nas mais diversas situações.

Esperamos ter atingido o nosso objetivo, que era dar a munição necessá-

ria para que os cipeiros e cipeiras pudessem fazer o seu trabalho, da melhor

forma possível, além de entender a responsabilidade do seu papel no chão

de fábrica.

Não se esqueça: o classismo deve nortear todos os seus passos. Sua prin-

cipal missão, como ativista, é resgatar o espírito de classe nos trabalhadores

da sua empresa. Só assim ficaremos mais fortes e, por consequência, fare-

mos uma luta mais forte também.

Se no caminho surgir alguma dúvida, procure sempre o Sindicato.

A Secretaria de Organização de Base e o Departamento de Saúde estão

sempre prontos para atendê-lo e orientá-lo. Portanto, ocupe esse espaço.

Você pode vir pessoalmente ou entrar em contato pelo email

[email protected] ou ainda pelo telefone 3946-5308.

E

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Telefones úteis

- Sindicato

Recepção (12) 3946-5333

Saúde (12) 3946-5308

Jurídico (12) 3946-5319

- Gerência Reg. do Min. do Trabalho (12) 3921-5466

- Ministério Público do Trabalho (12) 3922-5794

- Creso (12) 3947-8667

- Pronto Socorro Municipal (12) 3901-3400

- Resgate (Bombeiros) 193

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