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SLM.INS.M3-00 MANUAL DE ANESTESIOLOGIA E TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA DA FACULDADE DE SÃO LEOPOLDO MANDIC CAMPINAS 2012

Manual de Anestesiologia Terapêutica

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Guia de procedimentos clínicos.

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SLM.INS.M3-00

MANUAL DE ANESTESIOLOGIA E TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA

DA FACULDADE DE SÃO LEOPOLDO MANDIC

CAMPINAS 2012

Page 2: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

Faculdade São Leopoldo Mandic

Autoria: Profa. Dra. Juliana Cama Ramacciato

Prof. Dr. Rogério Heládio Lopes Motta

Profa. Fernanda Lopes Cunha

Normalização: Fabiana Menezes Messias de Andrade

Glaucia Aparecida de Melo

Vigência: 01.06.2012

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SUMÁRIO

1 PADRÃO DE ATENDIMENTO CLÍNICO SÃO LEOPOLDO MANDIC .................. 3

1.1 Conduta Prévia ao atendimento .............................................................. 4

2 ANESTESIOLOGIA ...................................................................................... 5

2.1 Técnicas Anestésicas .............................................................................. 6

2.1.1 Infiltrativa ........................................................................................... 6

2.2 Anestesia dos nervos Alveolar Inferior, Lingual e Bucal - Técnica

Clássica .................................................................................................. 9

2.3 Soluções Anestésicas e Doses Máximas ................................................ 11

3 TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA ............................................................. 16

3.1 Normas de receituário e genéricos ....................................................... 16

3.2 Lei dos Genéricos (Lei 9787/99) .......................................................... 16

3.3 Decreto 793 de 5/04/1993 ................................................................... 16

3.3.1 Receita comum .................................................................................. 17

3.3.2 Receita magistral - farmácia de manipulação .................................... 17

3.3.3 Receita de medicamentos sujeitos ao controle pela VISA .................. 17

3.3.4 Medicações que requerem Notificação de Receita .............................. 17

4 Protocolo de Controle de Ansiedade ........................................................ 19

4.1 Sedação oral ......................................................................................... 19

4.2 Sedação inalatória (Mistura Oxigênio/Óxido Nitroso) .......................... 21

5 PROTOCOLO DE CONTROLE DE DOR (ANALGÉSICOS E ANTI-

INFLAMATÓRIOS) .................................................................................... 22

5.1 Analgésicos .......................................................................................... 22

5.1.1 Dipirona sódica (derivados Pirazolônicos) ......................................... 22

5.1.2 Paracetamol (Acetaminofeno) .......................................................... 23

5.1.3 Ibuprofeno ........................................................................................ 23

5.2 Anti-inflamatórios ................................................................................. 23

5.2.1 AINES ................................................................................................ 24

5.2.3 AIES .................................................................................................. 25

5.3 Indicações ............................................................................................ 26

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6 Controle das Infecções - uso de Antibióticos em Odontologia.................. 28

6.1 Tratamento de infecções já instaladas .................................................. 30

6.1.2 Uso profilático ................................................................................... 31

7 PROTOCOLO PARA PROFILAXIA DE ENDOCARDITE INFECCIOSA

PRECONIZADO PELA AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA) ................. 33

7.1 Normas gerais de conduta para a profilaxia à Endocardite Infecciosa .. 34

REFERENCIAS ............................................................................................. 36

ANEXO A - RECEITA COMUM ....................................................................... 38

ANEXO B - RECEITA MAGISTRAL - via para a farmácia de manipulação ...... 39

ANEXO C - RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL ............................................. 40

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1 PADRÃO DE ATENDIMENTO CLÍNICO SÃO LEOPOLDO MANDIC

A Anestesiologia e a Terapêutica Medicamentosa têm um papel fundamental na

Odontologia como coadjuvante dos procedimentos clínicos, atuando para propiciar

conforto e segurança para o paciente. O conhecimento destas disciplinas visa não

somente utilizar protocolos medicamentosos que gerem benefícios durante o

atendimento, mas também avaliar e evitar possíveis interações medicamentosas,

complicações, situações de emergências e reações indesejáveis (Ramacciato, Motta,

2011).

Desta forma, o Departamento de Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica

Medicamentosa desta Instituição de Ensino Superior (IES) padronizou recomendações

para conduta clínica prévia ao atendimento, técnicas anestésicas a serem executadas,

bem como a escolha das soluções anestésicas segundo as características do

procedimento clínico, anamnese e histórico de saúde do paciente. Também foram

estabelecidos os protocolos farmacológicos embasados na Literatura e suas indicações

nas mais variadas situações clínicas quando o uso de medicamentos se faz necessário.

Neste material será apresentado um resumo das principais técnicas anestésicas

preconizadas e seus itens de segurança, doses máximas de anestésico local a serem

respeitadas e soluções anestésicas comerciais recomendadas para as atividades clínicas

nesta IES. Também serão abordadas situações clínicas com indicações medicamentosas

bem como os protocolos medicamentosos indicados, acompanhado de normas para

prescrição de medicamentos em Odontologia.

Lembramos que é preconizado nesta IES o uso racional de medicamentos, o qual

foi definido pela Conferência Mundial de Saúde, realizada em Nairóbi no Quênia, no ano

de 1985. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o uso racional de um

medicamento é caracterizado quando os pacientes recebem os medicamentos

apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades

individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e

sua comunidade (Oenning et al., 2011).

Diante deste conceito, é válido ressaltar a importância da realização de uma

anamnese adequada, assim como a avaliação dos sinais vitais, principalmente a aferição

da pressão arterial e alguns outros parâmetros vitais, somados à análise de exames

complementares para correto estabelecimento da conduta anestésica e terapêutica.

Além disso, atenção especial deve ser dada aos medicamentos e/ou drogas lícitas

ou ilícitas que o paciente já faça uso para evitar possíveis interações medicamentosas

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indesejáveis. Caso seja necessária literatura científica para consulta, entre em contato

com os Professores do Departamento.

1.1 Conduta Prévia ao atendimento

Os exames laboratoriais são um dos artifícios mais usados pela medicina moderna

na busca e auxílio em diagnósticos. Os exames de sangue, também chamados de

análises sanguíneas, fazem parte de um grupo de exames complementares usados por

todas as especialidades médicas. O cirurgião-dentista em muitas situações clínicas

também pode e deve utilizar estes exames na rotina do dia-a-dia na clínica odontológica.

Desta forma, também será disponibilizado outro material pela IES no qual são

apresentados os exames complementares mais relevantes para a clínica odontológica. A

importância destes exames recai tanto sobre a prevenção de riscos e complicações no

decorrer do procedimento clínico, quanto no aspecto do cirurgião dentista exercer seu

papel de profissional de saúde.

Os exames laboratoriais que serão requisitados obrigatoriamente para

procedimentos mais invasivos envolvendo as especialidades de: Cirurgia, Endodontia,

Implantodontia e Periodontia são:

a) Hemograma;

b) Glicemia em jejum;

c) Hemoglobina glicosilada;

d) Glicosímetro – dextro, glicemia capilar;

e) Exame de Urina tipo I;

f) VHS;

g) PCR;

h) RNI (apenas para pacientes anticoagulados).

Além destes exames, também será exigido para qualquer atividade clínica na IES,

a aferição e registro, em TODAS as sessões de atendimento, da pressão arterial e da

oximetria de pulso (saturação de oxigênio e frequência cardíaca) no prontuário clínico do

paciente, independente da invasividade do tratamento.

É valido ressaltar que a partir de Junho de 2012 este protocolo será obrigatório

para o atendimento de pacientes na IES.

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2 ANESTESIOLOGIA

O cirurgião-dentista deve ter sempre em mente que o paciente não pode sentir

dor, sobretudo quando se depara com a possibilidade de emergências médicas. O

controle da dor intra-operatória é fundamental para evitar, por exemplo, episódios de

angina, crises de asma e ocorrência de infarto. A seleção correta e o uso de doses

seguras das soluções anestésicas locais previnem outras modalidades de emergências,

como crises hipertensivas, reações alérgicas e acidentes vasculares, quando se torna

importantíssima também a escolha de um vasoconstritor adequado (Ramacciato et al.,

2007).

Desta forma, é importante que o profissional se familiarize com nomenclaturas

oficiais de vasoconstritores, que segundo a Denominação Comum Brasileira, desde 2005,

são:

a) ADRENALINA = EPINEFRINA

b) NORADRENALINA = NOREPINEFRINA

c) LEVONORDEFRINA = CORBADRINA

d) FENILEFRINA

e) FELIPRESSINA (OCTAPRESSIN® - nome comercial associado a marca Citanest®)

As soluções anestésicas recomendadas para as atividades clínicas na IES são

PRINCIPALMENTE:

a) LIDOCAÍNA 2% COM EPINEFRINA 1:100.000;

b) PRILOCAÍNA 3% COM FELIPRESSINA 0,03UI/mL.

Também podem ser utilizados os sais anestésicos: ARTICAÍNA 4% e

MEPIVACAÍNA 2%, ambos associados à EPINEFRINA 1:100.000.

Ressalta-se que a ARTICAÍNA associada à EPINEFRINA 1:100.000 ou 1:200.000,

deve ser utilizada PREFERENCIALMENTE para técnicas infiltrativas devido a relatos

freqüentes na literatura de PARESTESIA associada ao uso desta solução em técnica de

bloqueio, especialmente do Nervo Alveolar Inferior.

A solução de BUPIVACAÍNA 0,5% COM EPINEFRINA 1:200.000, pode ser utilizada

quando se justificar um procedimento de longa duração, não havendo aplicabilidade

clínica em procedimentos de rotina ou na Odontopediatria.

Os vasoconstritores NOREPINEFRINA (noradrenalina), CORBADRINA

(levonordefrina) e FENILEFRINA estão PROIBIDOS para as atividades clínicas na IES.

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As anestesias tronculares, principalmente do Nervo Alveolar Inferior e Lingual,

devem ser realizadas EXCLUSIVAMENTE com AGULHAS LONGAS 27G, evitando-se

fratura, além de garantir um maior sucesso de técnica e o mais importante, favorecer a

eficiência na aspiração (Malamed, 2005). Também se enquadram nesta recomendação as

técnicas de bloqueio do nervo Infra-Orbital, Mentual e Nervo Alveolar Superior Posterior

(NASP).

Diante de algumas intercorrências clínicas, também é recomendação deste Manual

que NÃO se realize anestesias intrapulpares de forma rotineira, dando preferência para

outras formas de anestesia complementar, como por exemplo, o uso de soluções de

articaína em anestesia infiltrativa na região tratada, a anestesia intraligamentar ou a

técnica intra-óssea.

2.1 Técnicas Anestésicas

A anestesia odontológica pode ser dividida em anestesia infiltrativa (ou terminal

ou periférica) e troncular (ou regional ou de bloqueio ou de condução). A técnica

infiltrativa é aquela na qual a solução anestésica é depositada ao redor de terminações

nervosas sensitivas periféricas, promovendo anestesia de uma pequena área (onde

origina a sensibilidade conduzida pela terminação nervosa). Na técnica troncular a

solução anestésica é aplicada a um tronco nervoso antes do mesmo dividir-se em ramos

menores, conseguindo-se anestesia de uma área maior com duração maior.

Obs.: Ressalta-se que as seringas Carpules recomendadas para uso na IES são

apenas as que apresentam dispositivos de ASPIRAÇÃO.

2.1.1 Infiltrativa

Pode ser dividida em: mucosa superficial, submucosa, subperióstica,

intraligamentosa (ou intraligamentar, ou peridentária ou intra-articular), intrapulpar e

intra-óssea.

2.1.1.1 Mucosa superficial – TÓPICA

Em seus estudos, Meechan (2008) cita que há dois aspectos fundamentais da

anestesia local que podem gerar um quadro de desconforto, a inserção da agulha

(punção) e a velocidade de injeção da solução anestésica. Desta forma, a aplicação de

anestésicos tópicos intra-orais tem sido comumente utilizada para reduzir a dor

relacionada à punção, contribuindo para o conforto e redução de ansiedade do paciente.

Existem várias opções de anestésicos tópicos no mercado, entretanto as principais

formulações são:

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a) Benzocaína 20% - grupo éster – maior possibilidade de complicações como

sobredosagem, alergia e metemoglobinemia.

b) Lidocaína 5% - grupo amida;

c) Lidocaína 10% - grupo amida - spray1

Na técnica de anestesia tópica, a pomada anestésica é colocada diretamente em

contato com a mucosa, produzindo anestesia superficial apenas neste local. É utilizada

antes da realização de outras técnicas, para evitar a dor da punção ("picada") da agulha.

Material utilizado: gaze estéril, "cotonete" (ou algodão e pinça clínica) e

anestésico tópico (gel, pomada ou solução).

Técnica: passar uma gaze estéril onde será feita a punção (para a secagem da

mucosa e remoção do maior número possível de microrganismos do local onde será feita

a punção). Colocar uma pequena porção (0,5 cm ou menos) de anestésico tópico no

cotonete ou "bolinha" de algodão, e aplicá-lo por 2 minutos sobre o local da punção.

2.1.1.2 Submucosa

Nesta técnica a solução anestésica é depositada logo abaixo da mucosa, acima do

periósteo, ou seja, na região de submucosa, abolindo a sensibilidade dos tecidos moles

(mucosa e submucosa) ao redor da área na qual o anestésico foi injetado. Técnica

freqüentemente utilizada como complementar ao procedimento anestésico principal, por

exemplo, na palatina do dente a ser tratado e também para remoção de lesões em tecido

moles.

Material utilizado: seringa Carpule com dispositivo de aspiração, tubete

anestésico e agulha curta 30G (além do material para a técnica infiltrativa mucosa

superficial – topica, que deve ser realizada previamente).

Técnica: introduzir a agulha (cerca de 0,5 a 1,0 cm) na região a ser anestesiada

e administrar lentamente a solução (normalmente para essa técnica é suficiente 0,5

tubete).

Na região palatina: por ser uma área reconhecidamente dolorida para a técnica

anestésica, recomenda-se que com a ponta do dedo seja comprimida a mucosa palatina

junto à área a ser anestesiada, produzindo uma isquemia na região. Esta isquemia faz

1 Ao usar a forma de solução em spray, colocar uma gaze próxima ao local onde será depositado o anestésico para evitar que o mesmo escorra em direção à garganta do paciente. Para evitar esse tipo de acidente e delimitar melhor a área de anestesia é preferível colocar o anestésico em uma bolinha de algodão e posicionar a mesma em contato com a mucosa, ao invés de aplicar o jato diretamente na boca. Deve-se sempre lavar a região para remover resíduos do anestésico tópico evitando ulcerações e necrose superficial.

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com que a injeção do anestésico seja menos dolorosa. Introduzir a agulha, cerca de 1

cm acima do colo do dente a ser tratado. Injetar lentamente de 1/4 a 1/3 do tubete.

É importante não exceder esse volume, pois a mucosa palatina é muito fibrosa e o

vasoconstritor presente na solução anestésica pode causar necrose da região,

especialmente no caso das aminas simpatomiméticas.

2.1.1.3 Subperióstica (“Inflitrativa vestibular”)

É a técnica mais utilizada na maxila, quando se deseja intervir em 1 ou 2 dentes.

Nesta técnica, a solução é aplicada entre o osso e o periósteo, de onde se difunde para

as terminações nervosas, promovendo uma anestesia efetiva do osso, periósteo, dente e

tecidos moles, permitindo assim a realização dos procedimentos odontológicos.

Na mandíbula, onde o osso é compacto (ao contrário da maxila, formada por osso

esponjoso), esta técnica só pode ser usada em crianças na dentição decídua e nos dentes

anteriores (incisivos) em pacientes adultos. Exceção à esta regra pode ser feita com a

solução de ARTICAÍNA 4% associada a epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000, a qual tem

demonstrado em vários estudos ser eficiente em anestesias infiltrativas para dentes

posteriores da mandíbula, inclusive em dentes com pulpite para complementação de

anestesia de bloqueio do nervo Alveolar Inferior realizada previamente com a Lidocaína,

Mepivacaína ou Prilocaína associadas a vasoconstritores.

Área anestesiada: dente, osso e periósteo vestibular e palatino, mucosa e

submucosa vestibulares. A mucosa e submucosa palatinas não são anestesiadas - usar

complementação.

Instrumental: seringa Carpule com dispositivo de aspiração, 1 tubete anestésico

e agulha curta 30G (além do material para a técnica infiltrativa mucosa superficial, que

deve ser realizada previamente).

Pontos de referência: fórnix (fundo se sulco vestibular).

Técnica: o ponto de punção situa-se no fórnix em direção ao lábio ou bochecha,

na região compreendida entre duas raízes (correspondentes aos dentes que se quer

anestesiar). Pode-se também realizar a técnica na direção do dente a ser anestesiado.

Deve-se evitar a punção em locais de inserção muscular, como freios e bridas.

Estando o paciente com a boca entreaberta, afastar o lábio/bochecha, introduzir a

agulha ± 2 mm para fora do sulco vestibular (em direção à bochecha), com angulação de

450 em relação à vestibular do dente, com o bisel voltado para a coroa do mesmo, até

encontrar resistência óssea. A profundidade de introdução da agulha é de 1 a 1,5 cm,

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devendo o bisel ficar na altura do ápice do dente a ser anestesiado para que um volume

suficiente do anestésico chegue a este local por difusão.

Deixar sempre uma parte da agulha (limite de segurança ± 2 a 3mm) para fora

dos tecidos e, após aspirara, injetar o anestésico lentamente. Em pacientes pediátricos o

ideal é não tocar o periósteo, pois mesmo com injeção lenta, pode haver maior

sensibilidade nestes pacientes. Nestes casos a melhor posição da agulha é paralela ao

longo eixo do dente.

2.2 Anestesia dos nervos Alveolar Inferior, Lingual e Bucal - Técnica Clássica

Recomenda-se que seja realizada a técnica clássica, descrita no Manual de

Anestesia Local de Malamed (2005), em que a agulha é inserida em uma única posição,

evitando-se grandes movimentações da agulha inserida em tecido mole, e assim maior

possibilidade de fraturas.

Esta técnica deve ser usada quando se deseja intervir na região de molares

inferiores, mesmo que um único dente ou quando se necessita anestesiar vários dentes

de uma hemi-arcada da mandíbula, sendo um destes um molar inferior.

Áreas anestesiadas: dentes de ICI a 3o MI (considerar a possibilidade de

sobreposição de inervação pelo nervo do lado oposto); osso e periósteo vestibular e

lingual da região acima; mucosa e submucosa lingual da região acima; 2/3 anteriores da

língua; mucosa vestibular da região de ICI a 2o PMI (considerar a possibilidade de

sobreposição de inervação pelo nervo do lado oposto); hemi-lábio inferior.

Instrumental: seringa Carpule com dispositivo de aspiração, 1 tubete anestésico

e AGULHA LONGA 27G (além do material para a técnica infiltrativa mucosa superficial,

que deve ser realizada previamente).

Pontos de referência: incisuras sigmóide e coronóide, face oclusal dos MIs do

lado a ser anestesiado; fossa retromolar; prega ptérigomandibular; face oclusal dos PMIs

do lado oposto ao que será anestesiado ou comissura labial do lado oposto; dedo

indicador do dentista; borda inferior da mandíbula e borda posterior do ramo da

mandíbula.

Localização do forame mandibular: na intersecção de duas linhas, uma

ligando a incisura sigmóide à borda inferior da mandíbula e outra ligando a incisura

coronóide à borda posterior do ramo da mandíbula. O forame mandibular localiza-se,

geralmente, na intersecção destas duas linhas.

Ponto de punção: colocar o dedo indicador paralelo (apoiado) à face oclusal dos

MIs do lado a ser anestesiado, com a unha voltada para o plano sagital mediano (a ponta

do dedo deve ficar na região do trígono retromolar). A seguir, traçar uma linha

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imaginária que vai da inserção superior da unha até a prega ptérigomandibular. O ponto

de punção encontra-se sobre esta linha, cerca de 2 a 3mm antes da prega

ptérigomandibular, ou seja, em direção à bochecha. Quando o lado a ser anestesiado for

o esquerdo, pode-se contornar a cabeça do paciente com a mão esquerda (para os

destros) e usar o polegar ao invés do dedo indicador. Ao utilizar o polegar como

referência, o ponto de punção deverá ser feito na altura do meio da unha. Baseando-se

nestas referências, o ponto de punção situa-se ao redor de 1 a 1,5 cm acima da linha

oclusal dos molares inferiores.

Técnica: estando o paciente com a boca bem aberta, apoiar o corpo da seringa

nos PMIs do lado oposto ao que será anestesiado ou na comissura labial do lado oposto,

na ausência destes, e introduzir a agulha no ponto de punção já descrito, com o bisel

voltado para o osso, ou seja, voltado para a bochecha. Introduzir a agulha até encontrar

resistência óssea e retirá-la cerca de 1 mm. Nesta técnica a agulha penetra cerca de 25

mm. Nesse local faz-se a aspiração. Se a aspiração for negativa (não entrar sangue no

tubete ou entrar uma bolha de ar), injetar lentamente um terço do tubete e fazer nova

aspiração. Se a aspiração for negativa, injetar o segundo terço do tubete. Repetir

novamente a aspiração e, se negativa, injetar o restante do tubete. Se a aspiração for

positiva (entrar sangue no tubete), retirar quase toda a agulha para fora dos tecidos e

redirecioná-la. Fazer nova aspiração e só injetar o anestésico após a obtenção de

aspiração negativa.

Com a técnica clássica do Alveolar Inferior e Lingual, não conseguimos anestesiar

a mucosa vestibular de 1o MI a 3o MI, região inervada pelo NERVO BUCAL. Quando a

anestesia desta região se faz necessária, podemos realizá-la na região do trígono

retromolar ou abaixo da saída do ducto parotídeo ou ainda no fórnix (fundo de sulco

vestibular), na direção da face distal do último molar da mandíbula.

O melhor local para esta complementação é a região do trígono retromolar:

a) instrumental: seringa Carpule, tubete anestésico e agulha curta;

b) ponto de punção: região do trígono retromolar atrás do último molar da

mandíbula;

c) técnica: afastar a bochecha do paciente e com a agulha paralela à face oclusal

dos molares inferiores, introduzir a mesma no ponto de punção descrito acima,

mantendo o bisel voltado para o osso. A agulha deve penetrar de 2 a 4 mm.

Aspirar e injetar cerca de 1/2 tubete lentamente.

Para a anestesia de molares inferiores, exceto para procedimentos em tecidos

moles, é INACEITÁVEL a anestesia infiltrativa, sendo preconizada a Técnica Clássica do

Nervo Alveolar inferior e Lingual com complementação do nervo Bucal.

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Exceção à esta regra pode ser feita a solução de ARTICAÍNA 4% associada a

epinefrina 1:100.000, a qual tem demonstrado em vários estudos ser eficiente em

infiltrativas para dentes posteriores da mandíbula, principalmente em dentes com pulpite

para complementação de anestesia de bloqueio do Nervo Alveolar Inferior.

2.3 Soluções Anestésicas e Doses Máximas

No Brasil, estima-se que são usados cerca de 250 milhões de tubetes anestésicos

por ano. O baixo número de reações adversas relatadas em relação à quantidade de

tubetes utilizados reflete a grande segurança clínica destas drogas quando utilizadas

corretamente, isto é, respeitando as doses máximas para cada paciente dentro de

parâmetros necessários para uma anestesia eficaz.

Todos os agentes anestésicos locais disponíveis na forma injetável no Brasil

pertencem ao grupo amida que raramente provoca reações alérgicas. Os raros casos de

alergia estão possivelmente relacionadas aos conservantes ou antioxidantes adicionados

às soluções, como o bissulfito e o metilparabeno.

A formulação das soluções anestésicas, para uso odontológico em tubetes

normalmente é composta pelo sal anestésico (cloridrato) associado ou não a

vasoconstritores, dissolvidos em um veículo (água estéril). Naquelas soluções com

vasoconstritores simpatomiméticos são adicionados antioxidantes, principalmente os

bissulfitos de sódio ou potássio.

Os sais anestésicos exercem o efeito farmacológico reduzindo a transmissão de

impulsos dolorosos através de interferência nos mecanismos normais de despolarização

da membrana. A ligação a receptores específicos localizados na membrana nervosa, mais

especificamente nos canais de sódio, resulta em redução ou bloqueio da permeabilidade

e do influxo deste íon e, assim, a condução nervosa.

Os principais sais disponíveis no Brasil são a lidocaína, a prilocaína, a

mepivacaína, a articaína, todos de duração intermediária quando associados a

vasoconstritores, além da bupivacaína, único sal anestésico disponível em tubetes

odontológicos de longa duração.

Todos os sais anestésicos locais apresentam algum grau de atividade

vasodilatadora, influenciando na duração do efeito anestésico. Quanto mais significativa

for essa atividade, mais rápido o anestésico será retirado do local anestesiado, reduzindo

a duração anestésica, aumentando a possibilidade de injeções repetidas e elevando o

nível sangüíneo do composto, o que pode elevar o risco de atingir superdosagem.

Desta forma, a associação aos vasoconstritores compensa a atividade

vasodilatadora, aumentando a segurança do anestésico local, além de outras vantagens

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clínicas. Estes agentes aumentam a duração e a qualidade da anestesia, diminuindo os

níveis plasmáticos e, conseqüentemente, a probabilidade de efeitos sistêmicos adversos

e toxicidade. Além disso, reduzem a concentração necessária para anestesia adequada e

controlam a hemorragia durante procedimentos cirúrgicos.

Dos sais anestésicos disponíveis no mercado brasileiro sem a associação a

vasoconstritores, a mepivacaína é o sal que possui menor atividade vasodilatadora,

podendo ser utilizada clinicamente em procedimentos de curta duração e sem

necessidade de hemostasia (tempo de anestesia pulpar de 20 à 40 minutos) na

concentração de 3% sem vasoconstritor (lembrando sempre do maior risco de

sobredosagem em injeções repetidas). Portanto, o uso desta solução anestésica

deve ser evitado, especialmente em crianças.

Existem dois tipos de vasoconstritores que se diferenciam pelo mecanismo e local

de ação, as aminas simpatomiméticas e a felipressina. As AMINAS

SIMPATOMIMÉTICAS atuam em receptores adrenérgicos nas paredes dos vasos

(arterial e venoso) provocando vasoconstrição intensa, enquanto a FELIPRESSINA (ou

Octapressin®) atua diretamente no músculo vascular, principalmente no lado venoso e

não no arterial, o que pode explicar o pior controle de sangramento em cirurgias quando

este vasoconstritor é utilizado. A ADRENALINA ou EPINEFRINA é o mais potente e

eficiente vasoconstritor utilizado em Odontologia, sendo, portanto o vasoconstritor mais

recomendado para a Odontologia. É válido ressaltar que na IES NÃO SÃO ACEITOS

outros vasoconstritores deste grupo (noradrenalina/norepinefrina, fenilefrina e

levonordefrina/corbadrina).

Pacientes saudáveis toleram bem os aumentos de adrenalina no plasma, mas o

mesmo pode não ocorrer em pacientes com problemas cardiovasculares e

diabéticos. Para minimizar o risco de reações adversas deve-se optar por soluções que

contenham o vasoconstritor na menor concentração e que produzam a mesma qualidade

de anestesia (1:100.000 ou 1:200.000), SEMPRE LIMITANDO A DOSE ao mínimo de

tubetes, e REALIZANDO ASPIRAÇÃO PRÉVIA E INJEÇÃO LENTA.

A FELIPRESSINA (Prilocaína 3% associada a felipressina 0,03UI/ml) por não

causar os efeitos adversos cardiovasculares comuns às aminas simpatomiméticas, torna-

se uma ótima opção terapêutica para pacientes cardiopatas ou hipertensos e diabéticos,

principalmente não compensados. Ressalta-se que este vasoconstritor (FELIPRESSINA)

NÃO é recomendado em GESTANTES.

De qualquer forma, os anestésicos devem ser sempre escolhidos de acordo com a

história médica do paciente, com o tempo de duração do tratamento e a necessidade de

hemostasia, além das características químicas de composição da solução. O cirurgião-

dentista que restringe sua prática a uma só solução anestésica ou a uma só técnica

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anestésica não estará proporcionando atendimento de qualidade para seus pacientes. No

quadro 1 são apresentadas as soluções anestésicas disponíveis no mercado, mostrando

as combinações entre sais e vasoconstritores, e suas indicações e contra-indicações.

Quadro 1 - Soluções anestésicas disponíveis no mercado.

Sal Anestésico Vasoconstritor Nome Comercial Indicação

Lidocaína 2% Epinefrina 1:100.000 Epinefrina 1:200.000

Alphacaine 100®

Alphacaine 200®*

INDICADO PARA A MAIORIA DOS PACIENTES

Pacientes “especiais” Máximo 2 tubetes *Máximo 4 tubetes

Lidocaína 2% Epinefrina 1:50.000 Alphacaine 50® EVITAR

Lidocaína 2% Fenilefrina 1:2500 Novocol® EVITAR

Lidocaína 2% Norepinefrina 1:50.000

Xylestesin®, Lidostesin® EVITAR

Lidocaína 3% Norepinefrina 1:50.000

Lidostesin® EVITAR

Lidocaína 2% Sem vasoconstritor Xylestesin® EVITAR

Prilocaína 3% Felipressina 0,03UI/mL

Citanest®, Prilonest®, Citocaína®

INDICADO: Asmáticos, Usuários de drogas, Pacientes

não compensados EVITAR: Grávidas, Anêmicos Insuficiência Respiratória

Mepivacaína 2% Epinefrina 1:100.000 MepiAdre®, Mepivalem AD® INDICADO PARA A MAIORIA

DOS PACIENTES

EVITAR: Grávidas, Crianças

Mepivacaína 2% Norepinefrina 1:100.000

MepiNor® EVITAR

Mepivacaína 2% Corbadrina 1:20.000

MepiLevo® EVITAR

Mepivacaína 3% Sem vasoconstritor Mepi SV®, Mepivalem SV® Procedimentos curtos, indicada raramente

EVITAR: Grávidas, Crianças

Bupivacaína 0,5% Epinefrina 1:200.000 Neocaína® INDICADO: Procedimentos longos, normalmente cirúrgicos EVITAR: Grávidas,Crianças

Articaína 4% Epinefrina 1:100.000 Epinefrina 1:200.000

Articaine100® Articaine200®

INDICADO: Dentes ou Situações de difícil

anestesia CUIDADO:

Dose máxima em crianças

Alguns fatores podem afetar a profundidade e a duração da anestesia. Embora

óbvio, o clínico não pode deixar de considerar a possibilidade da variação individual na

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SLM.INS.M3-00

14

resposta ao anestésico (bem como a qualquer outra droga!). Além disso, deve observar

as variações anatômicas e modificar a técnica anestésica para conseguir o melhor efeito.

O pH, bem como a vascularização, do local da injeção podem interferir enormemente

com o resultado final. Assim, a solução anestésica depositada em tecidos com o pH

baixo, como abscessos ou inflamações, por exemplo, ou em áreas mais

vascularizadas, podem reduzir o tempo de anestesia ou simplesmente não

promover a anestesia. A competência na administração da droga é igualmente

importante, devendo a técnica ser sempre executada corretamente. O tipo de injeção

anestésica, infiltração ou bloqueio, também afeta a profundidade e a duração da

anestesia.

A ansiedade, medo e estresse também afetam o limiar de dor e, portanto o

sucesso e qualidade anestésica. Assim, métodos de sedação são altamente

recomendáveis em odontologia (Ramacciato, Motta, 2011).

A aspiração prévia é ESSENCIAL e OBRIGATÓRIA para garantir segurança ao

procedimento da anestesia local odontológica. Sem este procedimento o clínico poderá

injetar inadvertidamente a solução anestésica para diretamente na circulação sangüínea

do paciente, causando a falha na anestesia e possibilitando o aparecimento de efeitos

adversos sistêmicos. Além disso, a velocidade de injeção deve ser sempre LENTA

(1 mL/min, ou seja, entre 1,5 a 2,0 min para injetar 1 tubete) garantindo um maior

conforto (por distender menos os tecidos) e segurança.

As doses máximas admitidas para a anestesia odontológica em pacientes

saudáveis são calculadas em função da concentração do sal anestésico. O quadro 2

apresenta as doses máximas para cada sal anestésico.

Quadro 2 – Doses máximas de sais anestésicos recomendadas na Odontologia.

Sal anestésico Doses máximas Quantidade de tubetes

permitida

Lidocaína e Mepivacaína A 2%

Adultos e crianças 4,4 mg/kg Adulto (70kg) = 8 tubetes *Crianças = 1 tubete/10kg de peso

Lidocaína** e Mepivacaína A 3% Adultos e crianças 4,4 mg/kg

Adulto (70kg) = 5 ½ tubetes Crianças = ½ tubete/10kg de peso

Prilocaína A 3% Adultos e crianças 6 mg/kg Adulto (70kg) = 7 ½ tubetes Crianças = 1 tubete/10kg de peso

Bupivacaína A 0,5%*** Adultos = 1,3 mg/kg Adulto (70kg) = 10 tubetes

Articaína A 4% Adultos = 7 mg/kg / Crianças = 5 mg/kg (4 a 12 anos)

Adulto (70kg) = 7 tubetes Crianças = 2/3 tubete/10kg de peso

*A dose máxima para a criança nunca deve ultrapassar a de um adulto. **Não existe razão para o uso da lidocaína a 3%. Esta concentração é mais tóxica e não mais efetiva. ***A Bupivacaína não deve ser utilizada em crianças menores do que 12 anos.

Fonte: Malamed, 2005.

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SLM.INS.M3-00

15

É importante ressaltar que caso não sejam respeitadas as doses máximas

preconizadas para os sais anestésicos, poderão ocorrer efeitos adversos sérios sobre os

sistema nervoso central (convulsão e depressão generalizada) e cardiovascular (parada

cardiorrespiratória) (Andrade, Ranali, 2011). A seguir é demonstrado um exemplo de

cálculo de dose de sal anestésico a partir do peso do paciente.

EXEMPLO PARA CÁLCULO:

Paciente de 20kg Lidocaína 2% � 2g -------- 100ml � 2000mg ---------- 100ml � 20mg/ml 1 tubete = 1,8 ml logo em cada tubete 2% temos 36 mg de sal (Lidocaína) Dose máxima para Lidocaína = 4,4mg/kg � 20kg = 88 mg

88 mg (dose teto para este peso) / 36mg (dose de Lidocaína/tubete) = 2,4 tubetes

Portanto, para um paciente de 20 kg podemos utilizar com segurança cerca de

2 tubetes, quando associado a vasoconstritor, pois soluções sem vasoconstritores são

absorvidas mais rapidamente e mais tóxicas.

Page 18: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

16

3 TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA

3.1 Normas de receituário e genéricos

A PRESCRIÇÃO de medicamentos é um documento escrito que retrata a conclusão

de um raciocínio clínico a partir de dados coletados por meio de uma anamnese criteriosa

que reflete a história do paciente, bem como a avaliação física do mesmo, contribuindo

para o sucesso do resultado clínico e do tratamento oferecido (Meiners, 2001).

A PRESCRIÇÃO é o ato de definir o medicamento a ser consumido pelo paciente,

com a respectiva posologia (dose, freqüência de administração e duração do

tratamento), e este ato é expresso mediante a elaboração de uma “RECEITA MÉDICA.”

Além disso, o profissional também deve seguir os seguintes princípios (Política Nacional

de medicamentos, Portaria nº 3.916/98):

a) o CD deve estar apto a prescrever corretamente, obedecendo às normas ditadas

pela Legislação vigente (Decreto no 793 – 5/04/1993);

b) abolir prescrições verbais;

c) realizar prescrição escrita de medicamentos, quer seja de formulação magistral ou

de produto industrializado, contendo orientação de uso para o paciente, feita em

talonário próprio de profissionais habilitados.

3.2 Lei dos Genéricos (Lei 9787/99)

Além disso, somente será aviada a receita médica ou odontológica que contiver

denominação genérica do medicamento.

3.3 Decreto 793 de 5/04/1993

Seguem abaixo outras normas legais relacionadas à prescrição de medicamentos:

a) escrita à tinta, legível, obedecendo à nomenclatura de pesos e medidas oficiais;

b) nunca utilizar abreviaturas;

c) conter posologia e duração total do tratamento;

d) conter nome e endereço do paciente;

e) conter data e assinatura, endereço Consultório/residência, no CRO/CRM;

f) restringir prescrever medicamentos de uso NÃO odontológico;

g) não deixar espaços em branco;

h) solicitar a leitura da receita pelo paciente e tirar as dúvidas;

Page 19: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

17

i) realizar duas vias (original para o paciente) da prescrição, sendo que a cópia deve

ser anexada ao prontuário clínico do paciente, com a rubrica do mesmo;

j) mesmo nas receitas impressas em computador, a data e assinatura do profissional

devem ser a tinta e de próprio punho, acompanhada do carimbo do mesmo.

3.3 Tipos de receitas

3.3.1 Receita comum

Para a maioria dos medicamentos utilizados em Odontologia (Anexo A).

3.3.2 Receita magistral - farmácia de manipulação

Em TRÊS vias, distintas, sendo uma para o farmacêutico, uma para o paciente

com as orientações de uso e a terceira para ser anexada ao prontuário do paciente pelo

profissional (Anexo B).

3.3.3 Receita de medicamentos sujeitos ao controle pela VISA

Medicações que requerem Receita de Controle Especial (antiga Carbonada):

analgésicos de Ação Central, Antidepressivos, ANTIMICROBIANOS e AINES (“coxibs”)

específicos para Cox 2.

Receita de Controle Especial (Anexo C), devem ser em 3 vias, sendo uma retida

na farmácia no ato da compra, uma para o paciente e a terceira para ser anexada ao

prontuário do paciente pelo profissional.

Validade das receitas:

a) validade de 1 mês: BUSPIRONA, FLUOXETINA, HIDRATO DE CLORAL, TRAMADOL,

CODEÍNA, DEXTROPROPOXIFENO;

b) validade de 10 dias: ANTIMICROBIANOS, AINES (“coxibs”) específicos para cox2 –

CELECOXIB e ETORICOXIB.

3.3.4 Medicações que requerem Notificação de Receita

A notificação acompanha a Receita Comum (ex.: benzodiazepínicos, segundo

Portaria 344/98), não substitui, e apenas autoriza a dispensação (compra) de

medicamentos de substâncias das listas A1 e A2 (entorpecentes), A3, B1 e B2

(psicotrópicas), C2 (retinóicas) e C3 (imunossupressoras).

Para uso em Odontologia, os medicamentos constantes da lista B1 (AZUL) são

os Ansiolíticos (BENZODIAZEPÍNICOS): Alprazolam (Frontal); Bromazepam (Lexotan);

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Cloxazolam (Olcadil); Diazepam (Valium); Flurazepam (Dalmacorm); Lorazepam (Lorax);

Midazolam (Dormonid).

Para a liberação destes medicamentos pela farmácia, apesar da prescrição em

receita comum, é necessário usar a notificação de Receita AZUL (documento pessoal e

intransferível solicitado junto à VISA do município e impressa em gráfica autorizada

constando a numeração fornecida pelo Órgão, com validade de 30 dias (Anexo D).

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19

4 PROTOCOLO DE CONTROLE DE ANSIEDADE

O medo odontológico é um problema mundial e uma barreira universal para a

procura de tratamento dental. O medo pode ser adquirido na infância por experiências

desagradáveis próprias ou indiretamente por relatos de pais, parentes e conhecidos

permanecendo na idade adulta, é agravado por tratamentos traumáticos, falta de

confiança e sensação de perda de controle (Milgrom, Weinstein, 1993). A odontofobia

está presente em grande parcela da população, sendo que mais de 40% evita procurar

atendimento odontológico devido ao medo e ansiedade.

Assim, um dos grandes desafios para a Odontologia moderna é o controle do

medo e ansiedade, sentimentos geradores de estresse e, conseqüentemente

manifestações adversas de comportamento e alterações sistêmicas potencialmente

perigosas. Portanto, o controle destes fenômenos deve nortear o atendimento

odontológico, proporcionando real qualidade de atendimento e conforto ao paciente

durante o procedimento clínico.

No Brasil, o controle farmacológico do estresse realizado pelo cirurgião-dentista,

pode ser feito essencialmente por meio de duas formas: por via oral, normalmente com

benzodiazepínicos, ou inalatória, com a mistura de óxido nitroso e oxigênio, que poderá

ser realizada desde que o profissional esteja habilitado de acordo com a Resolução do

Conselho Federal de Odontologia 51/04 de 12 de maio de 2004.

Indicações para uso de métodos de sedação:

a) quando não é possível condicionar o paciente somente pela tranquilização verbal;

b) como Medicação Pré Anestésica em:

− intervenções cirúrgicas maiores;

− drenagens de abscessos;

− traumatismos acidentais;

c) pacientes diabéticos, cardiopatas, hipertensos (após trocar informações com o

médico);

d) para a prevenção de emergências médicas.

4.1 Sedação oral

O uso dos Benzodiazepínicos é seguro quando utilizados em dose única e como

única forma de sedação, sem associações com outros depressores do Sistema Nervoso

Central (inclusive álcool, analgésicos de ação central, anti-eméticos, anti-histamínicos,

inibidores da tosse e relaxantes musculares).

Page 22: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

20

A escolha destes medicamentos deve depender do nível de ansiedade do paciente

e do potencial do procedimento cirúrgico em gerar estresse. Uma DOSE ÚNICA, cerca de

1 hora antes do procedimento, deve ser a primeira opção para o uso. Uma segunda dose,

na noite anterior à consulta, permite mais conforto, principalmente ao paciente mais

odontofóbico (Groppo et al., 2009).

O Diazepam (Valium®) apresenta um tempo de eliminação longo devido à

produção de metabólitos ativos. Além disso, existe uma tendência desses agentes em se

ligar ao tecido adiposo, prolongando a duração da ação, especialmente em idosos e

obesos, devendo ser evitado nestes pacientes.

Nestes casos (idosos e obesos), a melhor opção são os agentes de eliminação

mais rápida, mais hidrossolúveis e que não produzem metabólitos ativos, tais como o

lorazepam (Lorax®) 1 a 2 mg, duas horas antes do atendimento. O Lorazepam também

apresenta menor incidência de efeito paradoxal.

Como recomendação para a sedação por via oral, o Alprazolam (Frontal®) na dose

de 0,5mg, apresenta sedação normalmente confortável, sem efeitos muito pronunciados

e amnésia exagerada. O quadro 3 apresenta os principais benzodiazepínicos utilizados na

Odontologia e suas características farmacocinéticas, bem como a posologia indicada.

Quadro 3 - Características dos benzodiazepínicos mais utilizados na Odontologia.

Nomes genéricos Especialidades Doses usuais Latência Duração

DIAZEPAM VALIUM® 5 a 10 mg 45 a 60 min 20 – 50 h

LORAZEPAM LORAX® 1 a 2 mg 2 h 10 – 18 h

MIDAZOLAM DORMONID® 7,5 a 15 mg 20 min 2 – 5 h

ALPRAZOLAM FRONTAL® 0,5 a 0,75 mg 60 min 12 – 15 h

Outros cuidados adicionais:

a) informar ao paciente os sintomas a serem observados;

b) requisitar ao paciente para vir acompanhado nas consultas;

c) evitar uso concomitante de bebidas alcoólicas/drogas depressoras do sistema

nervoso central;

d) estar atento em relação à ocorrência de reações paradoxais (contrária à

esperada);

e) não dirigir ou operar máquinas perigosas sob efeito da medicação.

Page 23: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

21

As restrições e orientações devem estar contidas na receita como orientação ao

paciente, e como precaução legal.

4.2 Sedação inalatória (Mistura Oxigênio/Óxido Nitroso)

Nas disciplinas clínicas de graduação, a sedação inalatória poderá ser realizada na

presença dos professores da Disciplina de Sedação Inalatória (Profa. Juliana Cama

Ramacciato e Prof. Rogério Heládio Lopes Motta). Na Pós-Graduação, os CDs

comprovadamente habilitados para a realização da técnica e registrados junto ao CFO

poderão realizar a técnica sempre que necessário mediante requerimento prévio do

equipamento e da apresentação de sua habilitação.

Page 24: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

22

5 PROTOCOLO DE CONTROLE DE DOR (ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS)

5.1 Analgésicos

São os medicamentos de escolha para o controle de dor PÓS-OPERATÓRIA. A

primeira dose deve ser administrada de preferência com o paciente ainda anestesiado,

imediatamente após o procedimento.

Esta é uma medicação para o conforto do paciente, e o paciente deve ser alertado

que não é necessário “acordar de madrugada” para a tomada, apenas enquanto houver

desconforto ou dor. A prescrição deve ser por, no máximo, 24 a 48h.

Uso em Odontologia: Controle de dor pós-operatória de leve a moderada.

5.1.1 Dipirona sódica (derivados Pirazolônicos)

Em 1920, o Metamizol foi sintetizado na Alemanhã pela companhia Hoechst AG, e

em 1922 foi iniciada sua produção em escala comercial (WHO, 2002; Andrade, 2006). A

Dipirona Sódica ou Metamizol é um analgésico antipirético do grupo dos pirazolonas, já

no mercado mundial há mais de 80 anos. No Brasil é um dos medicamentos mais

populares (Hamerschlak, Cavalcanti, 2005). O Metamizol é comercializado como princípio

ativo único ou em associações medicamentosas sob os seguintes nomes: Dipirona®,

Anador®, Dipidor®, Novalgina®, Neosaldina®, Lisador®, Dipiron®, entre outros.

Considerando a sua alta eficácia, baixo custo, ampla disponibilidade, utilização

popular e margem de segurança, a dipirona sódica é o principal medicamento de escolha

para o tratamento de dores agudas e crônicas e também como antipirético no Brasil. O

seu uso é restringido em pacientes alérgicos, com alterações hematológicas severas e

em pacientes com pressão arterial sistólica inferior a 100 mmHg.

Na década de 70 foi relatado que este medicamento poderia estar associado com

casos de agranulocitose e anemia aplásica, e desde então seu uso vem sendo associado

a estas patologias. Entretanto, estudos realizados entre 2002 e 2003 no Brasil

encontraram 0,5 casos de agranulocitose por ano por milhão de indivíduos (Hamerschlak

et al., 2005), conclusão similar observada pelo clássico “Estudo de Boston” (Ramacciato,

Motta, 2011).

Indicação: Dipirona sódica – Novalgina® - 500 mg de 4 em 4 horas.

Em caso de dor mais intensa pode ser utilizado o LISADOR®, uma associação de

dipirona, prometazina e adifenina, a cada 6 horas. Este medicamento (LISADOR®) pode

causar sonolência em alguns pacientes, o que torna importante informar o mesmo sobre

desta possibilidade.

Page 25: Manual de Anestesiologia Terapêutica

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23

5.1.2 Paracetamol (Acetaminofeno)2

O Paracetamol foi liberado para uso pelo Food and Drug Administration (FDA) nos

Estados Unidos em 1953 e em 1955 o laboratório McNeil iniciou sua venda sob o nome

comercial Tylenol®. Em 1956, comprimidos de Paracetamol foram colocados à venda no

Reino Unido. Sua popularidade como um analgésico de venda livre aumentou

rapidamente, pela eficácia e devido a menores efeitos adversos gástricos do que outros

analgésicos.

Assim como a Dipirona, o Paracetamol é uma droga utilizada como analgésico e

antitérmico e embora possua pouca atividade antiinflamatória é também classificada

como anti-inflamatório não esteroidal (AINES) devido ao seu mecanismo de ação

(inibição da enzima ciclooxigenase) (Andrade, 2006).

Até 2009, a recomendação para a dose teto de PARACETAMOL/dia não deveria

ultrapassar 4g por risco de hepatotoxicidade e falência hepática. Recentemente o FDA

reduziu a dose teto diária de Paracetamol para 2,6g devido a crescente preocupação em

relação a hepatotoxicidade. Desta forma, este medicamento NÃO deve ser utilizado em

pacientes com qualquer alteração hepática, alcoólatras (Ramacciato, Motta, 2011).

A hepatotoxicidade causada pelo Paracetamol é a principal causa de falência

aguda hepática nos Estados Unidos, podendo ocorrer em sobredosagem ou até mesmo

em doses terapêuticas em indivíduos susceptíveis. O dano hepático esta relacionado não

diretamente com a droga, mas com um metabólito tóxico, a N-acetil-p-

benzoquinoneimina, gerada pelo sistema enzimático do citocromo P450 (Guggenheimer,

Moore, 2011).

Indicação: Paracetamol (acetaminofeno) - Tylenol® - 750 mg de 6 em 6 horas.

5.1.3 Ibuprofeno

Outra droga que pode ser usada como analgésico para substituir o paracetamol é

o Ibuprofeno. Este medicamento é classificado como anti-inflamatório não esteroidal

(AINES) devido ao seu mecanismo de ação, sendo largamente utilizado como analgésico

e antitérmico.

Indicação: Ibuprofeno – Advil® - 400 mg de 6 em 6 horas ou 600 mg a cada 12

horas.

5.2 Anti-inflamatórios

Os antiinflamatórios estão entre as drogas mais utilizadas na Odontologia, uma

vez que a grande maioria das dores relatadas em odontologia tem como em sua etiologia 2 Este analgésico deve ser utilizado APENAS quando a Dipirona for CONTRA-INDICADA.

Page 26: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

24

processos inflamatórios. Portanto, o conhecimento dos mecanismos de ação dos

fármacos anti-inflamatórios é de grande importância para que o profissional os utilize nos

pacientes como uma opção terapêutica segura e rápida no controle dos problemas

advindos da inflamação (Ramacciato, Motta, 2011).

Estes medicamentos atuam inibindo a geração de mediadores inflamatórios

originados da metabolização do ácido aracdônico após lesão tecidual.

Classificação:

a) AINES (anti-inflamatórios não esteroidais - inibidores da COX);

b) AIES (anti-inflamatórios esteroidais ou corticosteróides).

5.2.1 AINES

Estes medicamentos são considerados inibidores reversíveis da enzima

cicloxigenase, inibindo a formação principalmente de prostaglandinas, podendo

apresentar diferentes graus de seletividade a isoforma Cox 2.

Obs.: Este grupo de medicamentos caracteriza uma segunda opção

terapêutica na impossibilidade de prescrição de corticosteróides, considerados

PRIMEIRA OPÇÃO PARA PREVENÇÃO DE EDEMA E DOR.

Estes medicamentos podem ser utilizados em procedimentos cirúrgicos para

prevenção e para o controle da resposta inflamatória aguda. Cabe ao profissional nortear

a utilização do AINES de maneira correta, sendo que, quanto menor o tempo de uso

destes medicamentos ou até mesmo a utilização de doses únicas, menor serão os efeitos

adversos e a possibilidade de interações medicamentosas indesejadas.

Além disso, quadros inflamatórios agudos já instalados, como pulpites,

pericementites, fraturas dentais, dentre outros, direcionam principalmente para uma

rápida intervenção clinica, sendo que a associação com a terapêutica medicamentosa é

apenas coadjuvante.

Nestes casos, este grupo pode ser usado no período pré-operatório, devendo

desta maneira ser utilizado cerca de 60 a 30 minutos antes da intervenção, e mantido

por 48 horas no pós-operatório.

Page 27: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

25

Quadro 4 - Posologia usual dos AINES para a prevenção/controle da inflamação.

Nomes genéricos Especialidades Doses Intervalo

Diclofenaco Potássico Cataflam®

Flogan® 50 mg 6 a 8 horas

Diclofenaco Sódico Voltaren® 50 mg 6 a 8 horas

Cetoprofeno Profenid® 100 mg 12 horas

Nimesulide Nisulid®/Scaflan® 100 mg 12 horas

Meloxicam Movatec® 15 mg 24 horas

Os AINES vem apresentando potencial hepatotóxico, o qual tem sido comprovado

por vários artigos publicados na literatura, em especial, a NIMESULIDA (Scaflam®,

Nisulid®, por exemplo). Assim, ressalta-se o cuidado com estes medicamentos em

pacientes com doença hepática pré-existente.

O ETORICOXIB 120 mg (ARCOXIA®) e o CELECOXIB 100mg (CELEBRA®)

requerem a RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL (Resolução RDC nº 79, de 04 de

novembro de 2008), e a posologia é 1 comprimido 1 hora antes, e a cada 24 horas por

até 48 horas.

Ressaltamos que um fato muito importante do qual o cirurgião-dentista deve ter

conhecimento é que os AINES cada vez mais estão relacionados a interações

medicamentosas indesejáveis (especialmente com anti-hipertensivos,

anticoagulantes e anti-plaquetários), sendo várias delas de risco significativo para os

pacientes. Isso porque eles inibem a síntese de prostaglandinas e tromboxanos, e

possíveis interações podem ocorrer com medicamentos que dependem de níveis séricos

desses mediadores químicos. Outro fator relevante é o alto grau de ligação protéica

desse grupo de fármacos, podendo predispô-los a interações com outras drogas que

também apresentam essa característica, tais como os hipoglicemiantes orais (Haas,

1999, Motta et al., 2010).

5.2.3 AIES

Outra classe de medicamento que pode ser utilizada na clínica odontológica são os

corticosteróides. Esta classe é constituída por hormônios esteroidais naturais ou análogos

sintéticos. Dos naturais, somente o cortisol e a hidrocortisona tem utilidade clinica. Já os

sintéticos apresentam efeitos colaterais menores, sendo, portanto, considerados mais

eficazes (Alexander, Throndson, 2000). O quadro 5 mostra os principais antiinflamatórios

esteroidais.

Page 28: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

26

Quadro 5 – Antiinflamatórios esteroidais.

Corticosteróide Potência

Antiinflamatória

Meia-vida

Biológica (horas)

Hidrocortisona 1 18 – 12

Metilprednisolona 5 12 – 36

Dexametasona 20 – 30 36 – 72

Betametasona 20 – 30 36 – 72

Estes medicamentos inibem a enzima fosfolipase A2, sendo a dexametasona e a

betametasona os corticosteróides mais utilizados na Odontologia. A potência de ação

destes dois fármacos é 25 a 30 vezes maior do que as drogas padrões do mesmo grupo;

isso sem mencionar o tempo de vida plasmática que é maior, fazendo com que sejam

utilizados em dose única pré operatória ou por um tempo restrito (Kumeer, Coelho,

2002).

Por atuarem no início da formação da cascata inflamatória, estes fármacos

apresentam maior potência anti-inflamatória que os AINES. Logo, os corticosteróides

podem ser utilizados para procedimentos com expectativa de resposta inflamatória de

maior intensidade, como exodontia de inclusos, cirurgias periodontais ou perirradiculares,

instrumentação endodôntica mais complexa, cirurgias de enxerto e em cirurgias para

colocação de implantes (Alexander, Throndson, 2000, Andrade, 2006, Ramacciato,

Motta, 2011).

Os corticosteróides apresentam eficácia e segurança comprovada na Literatura em

Odontologia para prevenção de dor e edema pós-operatório, e são geralmente utilizados

em DOSE ÚNICA ou tempo extremamente curto (48 horas), devido a sua potência e

meia-vida plasmática. Os efeitos colaterais conhecidos dos corticosteróides não são

válidos para esta aplicação terapêutica.

5.3 Indicações

Uso pré-operatório: DOSE ÚNICA: Betametasona ou Dexametasona 4 a 8 mg, via

oral, 1 hora antes do procedimento (são drogas eqüipotentes).

Tratamento de lesões bucais (estomatite, aftas): uso tópico: Acetonido de

Triamcinolona – Omcilon A, 3x ao dia, após as refeições, por até 7 dias ou remissão

dos sintomas.

Page 29: Manual de Anestesiologia Terapêutica

SLM.INS.M3-00

27

Importante: o pico de inflamação no pós-operatório acontece entre 36 a 48

horas, e é por isso o uso de antiinflamatórios na Odontologia não deve superar este

período. Edema expandindo após 48 a 72 horas caracteriza infecção, e não inflamação,

sendo que o paciente deve ser reavaliado clinicamente e, se necessário, deve ser

prescrito antimicrobianos (Alexander, Throndson, 2000).

Page 30: Manual de Anestesiologia Terapêutica

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28

6 CONTROLE DAS INFECÇÕES - USO DE ANTIBIÓTICOS EM ODONTOLOGIA

Os antimicrobianos podem ser classificados por diferentes critérios, tais como a

ação biológica, espectro de ação e mecanismo de ação. Todos estes critérios relacionam-

se entre si, pois dependendo do mecanismo de ação o antimicrobiano pode ser

bactericida ou bacteriostático (ação biológica), e pode ter espectro de ação estreito,

amplo ou aumentado (Andrade, 2006). Além disso, os antimicrobianos podem ser

classificados de quatro maneiras distintas:

a) antimicrobianos que atuam sobre a parede celular (Amoxicilina, Ampicilina e

Penicilina);

b) antimicrobianos que atuam sobre a síntese de proteínas (Eritromicina,

Claritromicina, Clindamicina e Azitromicina);

c) antimicrobianos que atuam sobre a síntese dos ácidos nucléicos (Metronidazol);

d) antimicrobianos que atuam sobre a membrana citoplasmática (antifúngicos como

o Cetoconazol).

Como mencionado anteriormente, o tipo de mecanismo de ação interfere no efeito

do antimicrobiano. A Amoxicilina, por exemplo, por inibir a produção de uma estrutura

primordial da célula bacteriana (parede celular), acaba provocando a lise da mesma,

tendo, portanto um efeito bactericida. Assim como o efeito bactericida da Amoxicilina,

um efeito similar tem o Metronidazol, que por interromper a síntese do DNA bacteriano

provoca a morte da célula bacteriana. Já os macrolídeos como a Claritromicina, ao inibir

a síntese de proteínas, conseguem apenas inibir o crescimento bacteriano, o que os leva

a ter um efeito bacteriostático (Pallasch, 1996).

Como indicação para o tratamento com antimicrobianos na clinica odontológica

temos basicamente duas situações distintas: o tratamento de infecções já estabelecidas

e a profilaxia ou prevenção de infecções. No caso do tratamento das infecções já

estabelecidas, deve-se ressaltar que o tratamento com antimicrobianos é um

coadjuvante dos procedimentos clínicos, uma vez que a remoção da causa da infecção

deve ser priorizada (Andrade et al., 2004).

No caso da profilaxia antibiótica, o cirurgião-dentista deverá administrar os

antimicrobianos em pacientes que não apresentam evidências de infecção para a

prevenção de uma infecção, seja na ferida cirúrgica (como exodontia de molares inclusos

com histórico de pericoronarite e cirurgias para colocação de implantes), conhecida como

profilaxia cirúrgica, ou para a prevenção de colonização bacteriana à distância (como o

caso da endocardite bacteriana em pacientes suscetíveis).

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Segundo Paluzzi (1993), a profilaxia antibiótica cirúrgica está indicada nos

segundos casos:

a) para prevenir a contaminação de uma área estéril;

b) quando a infecção é remota, mas associada a uma alta taxa de morbidade;

c) em procedimentos cirúrgicos associados a altas taxas de infecção;

d) durante a implantação de material protético.

Entretanto, ainda existem muitas controvérsias quanto ao uso de antimicrobianos

na profilaxia de infecções que possam ocorrer na região operada. Autores como Tong &

Rothwell (2000) relataram que se as medidas de assepsia e antissepsia forem seguidas à

risca e não havendo quebra de cadeia asséptica, não estaria indicada a profilaxia

antibiótica nestes casos, a não ser que o paciente tenha o sistema imune comprometido

ou haja história de doenças sistêmicas ou contra indicações de risco.

Seguindo esta tendência, Andrade (2006) afirmou que a exodontia de dentes

inclusos apresenta um baixo risco de infecção pós-operatória, desde que os principios de

técnica cirúrgica e normas rígidas de assepsia e antissepsia sejam obedecidas. Em

pacientes que não apresentam comprometimento do sistema imune e não sejam

susceptiveis a infecções à distância, muitos autores afirmam que a profilaxia antibiótica

em cirurgias de terceiros molares retidos não é recomendada, visto que não há uma

diferença significativa entre pacientes submetidos a tratamento com antimicrobianos e

pacientes submetidos ao não tratamento com os antimicrobianos ou ao uso de placebo

(Martin et al., 2005). Na Implantodontia esta controvérsia também é acentuada. Vários

autores tem publicado diferentes recomendações quanto ao período de uso de

antimicrobianos para as cirurgias de instalação de implantes.

Um dos estudos mais relevantes na área é o de Esposito et al. (2008), onde os

autores realizaram uma revisão sobre o tema com vários estudos clínicos que avaliaram

diferentes protocolos medicamentosos em relação a dose e período de manutenção da

administração de antimicrobianos após cirurgias de instalação de implantes. Após uma

avaliação criteriosa, os autores sugerem que 2 g de Amoxicilina por via oral uma hora

antes do procedimento reduz significativamente as falhas dos implantes dentais

instalados em condições normais. Além disso, os autores mencionam que não existem

evidências científicas que demonstrem que o uso de antimicrobianos no pós-operatório

seja benéfico, e qual deles seria o mais eficaz nestes casos.

Como indicação para o tratamento com antimicrobianos na clinica odontológica

temos basicamente duas situações distintas: o tratamento de infecções já estabelecidas

e a profilaxia ou prevenção de infecções.

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6.1 Tratamento de infecções já instaladas

No caso do tratamento das infecções já estabelecidas, deve-se ressaltar que o

tratamento com antimicrobianos é um coadjuvante dos procedimentos clínicos, uma vez

que a remoção da causa da infecção deve ser priorizada (Andrade, 2006). Infecções orais

apresentam evolução rápida, porém uma vez removida a causa (ex.: exodontia,

raspagem ou tratamento endodôntico) a cura, ou involução do processo também será

rápida se houver intervenção clínica e medicamentosa. O profissional deve sempre

priorizar o procedimento clinico para remoção da causa, e a prescrição de

antimicrobiano deve ser mantida somente se houver manifestação sistêmica (febre,

taquicardia, perda de apetite, fadiga, linfadenopatia, mal estar, etc). Além disso, nestes

casos recomenda-se o acompanhamento da evolução clínica do paciente (a cada 24

horas), para que o profissional possa ter um parâmetro mais diferenciado para o término

da antibioticoterapia após a remissão de sinais e sintomas (geralmente três dias após a

intervenção clínica). É importante ressaltar que não existem evidências científicas que

suportem o conceito de “Ciclo de Resistência da Bactéria”, pelo qual recomendava-se que

qualquer uso de antimicrobianos na Odontologia deveria permanecer por um prazo

mínimo de 7 dias.

Seguem a seguir algumas recomendações de antimicrobianos para casos de

infecções leves a moderadas.

Quadro 6 - Infecções leves a moderada.

Antimicrobiano Dose de Ataque Dose de Manutenção Intervalo

Amoxicilina (*) 1g 500 mg 8h

Amoxicilina BD 875 mg 875 mg 12h

Ampicilina 1g 500 mg 8h

A Amoxicilina deve ser a droga de primeira escolha por características favoráveis

quanto a espectro de ação para microbiota da cavidade oral e por seu perfil

farmacocinético, atingindo altas concentrações plasmáticas em 45 a 60 minutos após a

administração oral.

Para casos de infecções de maior severidade (pericoronarite, abcessos maiores,

infecções crônicas), o CD pode optar por associações de antimicrobianos, como mostra o

quadro a seguir.

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Quadro 7 – Infecções de maior severidade.

Antimicrobiano Dose

de Ataque

Dose de

Manutenção

Intervalo

Amoxicilina +

Metronidazol

1g +

250 mg

500 mg +

250 mg

8h

8h

Amoxicilina BD +

Metronidazol

875 mg+

400 mg

875 mg+

400 mg

12h

12h

Amoxicilina +

Clavulanato

1g 500 mg 8h

Em casos de pacientes alérgicos à Penicilina, recomenda-se a utilização de

macrolídeos (Claritromicina) ou Azitromicina para casos de infecções leves a moderadas,

e de Clindamicina para casos de infecções mais severas.

Quadro 8 – Antibioticoterapia para pacientes alérgicos à Penicilina.

Antimicrobiano Dose

de Ataque

Dose de

Manutenção

Intervalo

Azitromicina 500 mg 500 mg 24 h

Claritromicina 1 g 500 mg 12 h

Clindamicina 600 mg 300 mg 6 h

A Eritromicina, antigamente recomendada como droga alternativa em pacientes

alérgicos a penicilina não é mais recomendada pela alta incidência de microorganismos

resistentes a este antimicrobiano, por sua hepatotoxicidade e também pelas várias

interações medicamentosas possíveis com esta droga (Ramacciato, Motta, 2011).

6.1.2 Uso profilático

No caso da profilaxia antibiótica, o cirurgião-dentista deverá administrar os

antimicrobianos em pacientes que não apresentam evidências de infecção para a

prevenção de uma infecção, seja na ferida cirúrgica (como exodontia de molares inclusos

com histórico de pericoronarite e cirurgias para colocação de implantes), conhecida como

profilaxia cirúrgica, ou para a prevenção de colonização bacteriana à distância (como o

caso da endocardite infecciosa em pacientes suscetíveis). Basicamente, estas situações

são divididas da seguinte maneira:

Page 34: Manual de Anestesiologia Terapêutica

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Para prevenir infecções na própria cavidade bucal: em casos de cirurgias de

implante, procedimentos mais invasivos em pacientes imunocomprometidos (diabéticos,

nefropatas, usuários de drogas).

Para prevenir infecções à distância: prevenção da Endocardite Infecciosa, e em

pacientes portadores de próteses ortopédicas e fístulas arterio-venosas.

Nos casos de profilaxia antibiótica tem sido recomendada a preconizada pela

American Heart Association. Embora esta recomendação tenha sido direcionada para a

prevenção da Endocardite Infecciosa, ela tem sido usada como referência nos demais

casos em que a profilaxia antibiótica seja recomendada:

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7 PROTOCOLO PARA PROFILAXIA DE ENDOCARDITE INFECCIOSA PRECONIZADO

PELA AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA)

Quadro 9 – Drogas e esquemas posológicos.

DROGA POSOLOGIA ADULTO

POSOLOGIA CRIANÇA

Amoxicilina (Amoxil→)

2g 1hora antes

50 mg/kg 1hora antes

ALÉRGICOS ÀS PENICILINAS 1. Clindamicina (Dalacin-C→-300mg)

ou 2. Azitromicina (Zitromax→-500 mg) ou Claritromicina (Klaricid→-250 mg)

600 mg 1hora antes

500 mg 1hora antes

20 mg/kg 1hora antes

15 mg/kg 1hora antes

É importante ressaltar que, em relação à prevenção da Endocardite Infecciosa, a

American Heart Association recomenda a profilaxia antibiótica APENAS para pacientes de

alto risco, como demonstra o quadro a seguir:

Quadro 10 - Condições RISCO do paciente.

RISCO

CONDIÇÕES DE ALTO RISCO

PROFILAXIA É RECOMENDADA

• Valvas cardíacas protéticas (qualquer tipo) • Endocardite bacteriana prévia • Condutos pulmonares construídos cirurgicamente • Doença cardíaca congênica cianótica complexas, como a transposição das grandes artérias, os estados ventriculares simples e a tetralogia de Fallot.

CONDIÇÕES DE RISCO MODERADO

PROFILAXIA NÃO É RECOMENDADA

• A maioria das malformações cardíacas congênitas, exceto as já descritas; • Disfunção valvar adquirida (ex:doença cardíaca reumática); • Cardiomiopatia hipertrófica; • Prolapso de valva mitral com regurgitação valvar e/ou espessamento dos folhetos valvares.

CONDIÇÕES DE RISCO MÍNIMO

PROFILAXIA NÃO É RECOMENDADA

• Defeito septo atrial secundum isolado; • Correção cirúrgica de defeito septo atrial, ventricular, ou ducto arterioso patente (sem resíduos após 6 meses); • Prolapso de valva mitral sem regurgitação valvar; • Murmúrios (sopros) cardíacos fisiológicos ou funcionais; • Doença de Kawasaki prévia sem disfunção valvar; • Febre reumática prévia sem disfunção valvar; • Marcapassos cardíacos (intravascular ou epicárdico) e desfibriladores implantados.

Uma dúvida comum dos profissionais é em relação aos procedimentos clínicos em

que é recomendada a profilaxia antibiótica para a prevenção da endocardite infecciosa. O

quadro a seguir mostra detalhes a respeito das situações clínicas em que é recomendada

a profilaxia antibiótica.

Page 36: Manual de Anestesiologia Terapêutica

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Quadro 11 – Procedimentos de risco em clínica odontológica.

RECOMENDAÇÃO PROCEDIMENTOS

PROFILAXIA É RECOMENDADA

• Extrações dentais; • Procedimentos periodontais (cirurgias, raspagem subgengival e polimento radicular, sondagem, inserção subgengival de fibras e tiras contendo antimicrobianos e tratamento de manutenção)

• Cirurgias de colocação de implantes dentais e enxertos; • Reimplantação de dentes avulsionados; • Instrumentação endodôntica (além ápice) ou cirurgia periapical; • Colocação de bandas ortodônticas • Injeção de anestésicos locais pela técnica intraligamentar;

PROFILAXIA NÃO É RECOMENDADA

• Dentística restauradora ou preparo protético (com ou sem fio retrator)

• Injeção de anestésicos locais • Reconstrução dental e preparos intrarradiculares; • Tratamento endodôntico aquém ápice; • Colocação de isolamento absoluto; • Remoção de suturas; • Tomada radiográfica ou moldagens; • ATF ou selantes; • Ajustes de ap. ortodônticos • Colocação de próteses/ap. ortodônticos removíveis; • Exfoliação de dentes decíduos.

A seguir são apresentadas algumas recomendações adicionais para pacientes de

risco para endocardite infecciosa. Por exemplo, se o paciente já se encontra sob

tratamento com antimicrobianos (Amoxicilina, por exemplo), por motivos médicos, o

profissional não deve aumentar simplesmente a dose do antibiótico em uso!!! Nestes

casos recomenda-se selecionar uma droga de outro grupo (Clindamicina, por exemplo).

Se o paciente fizer uso constante de antimicrobianos (geralmente do grupo das

penicilinas) para prevenir a recorrência de febre reumática aguda, deve-se selecionar a

Clindamicina, Azitromicina ou a Claritromicina para a profilaxia da endocardite, pois a

microbiota destes indivíduos pode ser resistente às penicilinas (devido a pressão seletiva

por uso recorrente). Além disso, o CD também deve seguir algumas recomendações

adicionais descritas a seguir.

7.1 Normas gerais de conduta para a profilaxia à Endocardite Infecciosa

a) trocar informações com o cardiologista do paciente: comportamento ético, Maior

confiabilidade ao paciente, Segurança profissional;

b) fazer o paciente bochechar, por 1 minuto, com uma solução de Clorexidina (0,12

a 0,2%) antes de cada sessão de atendimento;

c) somente iniciar o atendimento após certificar-se que o paciente tomou a

medicação antibiótica profilática;

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d) não empregar Tetraciclinas, sulfas ou outros antimicrobianos não recomendados

pelas normas da AHA, 2007 na profilaxia da endocardite;

e) planejar o tratamento de tal forma que seja possível realizar o maior número de

procedimentos odontológicos, sob uma mesma cobertura antibiótica;

f) evitar os traumatismos gengivais;

g) estabelecer um intervalo mínimo de 9 a 14 DIAS entre as sessões, para minimizar

a seleção de microrganismos resistentes;

h) instituir medidas de prevenção das doenças bucais;

i) realizar “check-up” periódicos.

Na dúvida sobre a necessidade de se FAZER ou NÃO a profilaxia da

endocardite, FAÇA, com cópia da receita rubricada pelo paciente para guardar

no prontuário clínico.

Page 38: Manual de Anestesiologia Terapêutica

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36

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ANEXO A – RECEITA COMUM

IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL Especialidade CRO

End. Consultório/residência

* Serviço Público: constar nome/endereço e cada profissional deverá ter seu carimbo para identificação. CABEÇALHO:Nome/Endereço do paciente USO EXTERNO/INTERNO** INSCRIÇÃO: Nome genérico, concentração, quantidade ORIENTAÇÃO: Doses, horários, precauções, etc

DATA, CARIMBO e ASSINATURA

(à tinta e de próprio punho) ** Qualquer medicação administrada por via Oral, quando o paciente deglute o medicamento é

considerada USO INTERNO. Outras vias de administração (Injetável, Sublingual, Retal, Bochecho) são consideradas USO EXTERNO.

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ANEXO B – RECEITA MAGISTRAL - VIA PARA A FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL Especialidade CRO

End. Consultório/residência

* Serviço Público: constar nome/endereço e cada profissional deverá ter seu carimbo para identificação. CABEÇALHO:Nome/Endereço do paciente Preparar: Digluconato de Clorexidina _______________________________ 0,12% q.s.p _________________________________________________ 1 litro

DATA, CARIMBO e ASSINATURA (à tinta e de próprio punho)

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ANEXO C - RECEITA DE CONTROLE ESPECIAL

UF XX

NOTIFICAÇÃO DE RECEITA SÉRIE J

NO 01 123456

IDENTIFICAÇÃO DO EMITENTE MEDICAMENTO OU SUBSTÂNCIA

FORMA FARM/CONCENT. P/ UNID POSOL.

QUANTIDADE E APRESENTAÇÃO

NOME

B

Data ____ de __________ de _______

PACIENTE: _______________________

__________________________________

END: _____________________________

__________________________________

ASSINATURA E CARIMBO

IDENTIFICAÇÃO DO COMPRADOR NOME:_____________________________________________________________ IDENT. NO_________________ÓRGÃO EMISSOR_________ FONE __________ END: ______________________________________________________________

IDENTIFICAÇÃO DO FORNECEDOR

____________ ___/___/______

NOME DATA