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1 INTRODUÇÃO À BALÍSTICA FORENSE Balística -Ciência do movimento e comportamento no espaço de corpos arremessados e atirados, especialmente dos projéteis propulsionados por explosivos. Forense -Que se refere ao foro judicial. Natureza Jurídica “Natureza Jurídica toda especial, que extravasa a condição de simples meio probatório, para atingir uma posição intermediária entre a prova e a sentença” (ARANHA, 1987.p.134). Conceito de Balística Forense Balística forense é uma disciplina, integrante da criminalística, que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência. Objetivo da Balística Forense Visa provar a ocorrência de infração penal, por meio de exames e perícias, bem como e principalmente esclarecer o MODO como ocorrerão tais infrações. “Parte do conceito criminalístico que tem por objetivo especial o estudo das armas de fogo, das munições e dos fenômenos e efeitos próprios dos disparos destas armas, no que tiverem de útil ao esclarecimento e a prova de questões de fato, no interesse da Justiça, tanto Penal como Civil”. RABELO, Eraldo. Balística Forense. 3ª Ed. Porto Alegre: Sagra, 1995. Conceito de Arma Arma é todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa do homem. Para a balística forense interessa as armas classificadas como perfuro-contundentes, que são as que produzem lesões que causam, ao mesmo tempo, perfuração e ruptura de tecidos, com ou sem laceração e esmagamento dos mesmos. Enquadram-se neste tipo de lesões as produzidas pelos projéteis expelidos de armas de fogo. Princípios de Balística Balística é a ciência que se preocupa em estudar o movimento de corpos lançados ao ar livre, o que geralmente está relacionado ao disparo de projéteis por uma arma de fogo. Conceito de Arma de Fogo Armas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso complexas que utilizam, para expelir seus projéteis, a força expansiva dos gases resultante da combustão da pólvora. A inflamação da carga de projeção dará origem aos gases que, expandindo-se, produzirão pressão contra a base do projétil, expelindo-o através do cano e projetando-se no espaço, indo produzir seus efeitos à distância. Armas de porte Armas de porte são aquelas de pequeno volume, que podem ser acondicionadas em um coldre para ser levado junto ao corpo da pessoa. Daí a denominação “porte” de arma de fogo. Podemos citar como exemplos de armamento os revólveres e as pistolas. Armas portáteis Relativamente ao seu emprego táctico as armas podem adquirir a classificação de portáteis, possuindo a característica de poderem ser utilizadas ou transportadas por um só homem. Cartucho de Munição Cartucho é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo (estojo+projetil+pólvora+espoleta=cartucho de munição).

Manual de Balística Forense

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INTRODUÇÃO À BALÍSTICA FORENSE

Balística-Ciência do movimento e comportamento no espaço de corposarremessados e atirados, especialmente dos projéteispropulsionados por explosivos.

Forense -Que se refere ao foro judicial.

Natureza Jurídica“Natureza Jurídica toda especial, que extravasa a condição desimples meio probatório, para atingir uma posição intermediáriaentre a prova e a sentença” (ARANHA, 1987.p.134).

Conceito de Balística ForenseBalística forense é uma disciplina, integrante da criminalística, que estuda as armas de fogo,sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relaçãodireta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.

Objetivo da Balística ForenseVisa provar a ocorrência de infração penal, por meio de exames e perícias, bem como eprincipalmente esclarecer o MODO como ocorrerão tais infrações.

“Parte do conceito criminalístico que tem por objetivo especial o estudo das armas de fogo,das munições e dos fenômenos e efeitos próprios dos disparos destas armas, no que tiveremde útil ao esclarecimento e a prova de questões de fato, no interesse da Justiça, tanto Penalcomo Civil”. RABELO, Eraldo. Balística Forense. 3ª Ed. Porto Alegre: Sagra, 1995.

Conceito de ArmaArma é todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa do homem.Para a balística forense interessa as armas classificadas como perfuro-contundentes, que sãoas que produzem lesões que causam, ao mesmo tempo, perfuração e ruptura de tecidos, comou sem laceração e esmagamento dos mesmos. Enquadram-se neste tipo de lesões asproduzidas pelos projéteis expelidos de armas de fogo.

Princípios de BalísticaBalística é a ciência que se preocupa em estudar o movimento de corpos lançados ao ar livre,o que geralmente está relacionado ao disparo de projéteis por uma arma de fogo.

Conceito de Arma de FogoArmas de fogo são exclusivamente aquelas armas de arremesso complexas que utilizam, paraexpelir seus projéteis, a força expansiva dos gases resultante da combustão da pólvora.A inflamação da carga de projeção dará origem aos gases que, expandindo-se, produzirãopressão contra a base do projétil, expelindo-o através do cano e projetando-se no espaço,indo produzir seus efeitos à distância.

Armas de porteArmas de porte são aquelas de pequeno volume, que podem ser acondicionadas em umcoldre para ser levado junto ao corpo da pessoa. Daí a denominação “porte” de arma de fogo.Podemos citar como exemplos de armamento os revólveres e as pistolas.

Armas portáteisRelativamente ao seu emprego táctico as armas podem adquirir a classificação de portáteis,possuindo a característica de poderem ser utilizadas ou transportadas por um só homem.

Cartucho de MuniçãoCartucho é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo(estojo+projetil+pólvora+espoleta=cartucho de munição).

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CalibreO calibre de uma munição é a bitola ou diâmetro do projétil utilizado em uma arma de fogoque normalmente é expressa em centésimos de polegadas.Então quando dizemos calibre 38, estamos informando que o projétil desta munição possui0,38 (na verdade .358 , o pescoço do estojo é que tem .379) polegadas de diâmetro ou seja,aproximadamente 9,6 mm.Seu diâmetro em milímetros é também outra forma muito utilizada para especificar o calibrede uma munição. Por exemplo: uma pistola 765 significa que seu projétil possui 7,65 mm;uma pistola 635 possui projétil de 6,35 mm.

O calibre do cano raiado é dado pelo diâmetro entre os baixosrelevos das raias, isto é o maior diâmetro interno desse cano.Isto é devido ao fato de que o projétil deve adentrar no cano,sendo provido o giro do mesmo, através dos altos relevos,ocorrendo com isto, as impressões mecânicas, utilizadas,por exemplo, para fins de perícia forense.

Estes conceitos são válidos para a maioria das munições/armas de fogo, porém para asespingardas (armas de canos longos e lisos), o conceito de calibre é diferente.

Para estas armas, o calibre corresponde ao número de esferas de chumbo, conseguidas, comuma libra de peso, sendo de diâmetro igual ao do diâmetro interno cano. Por exemplo: com453,8 gramas (1 libra) de chumbo, faz-se esferas com o diâmetro do cano, obtendo com isto,12 esferas, no caso. Neste, então, o calibre é o 12 gauge, ou seja calibre 12.

Energia cinéticaEm física, a energia cinética é a quantidade de trabalho que teve que ser realizado sobre umobjeto para tirá-lo do repouso e colocá-lo a uma velocidade v.Energia cinética é energia em movimento.A energia cinética é similar à energia potencial. Quanto mais pesado o objeto e mais rápidoele se mover, mais energia cinética terá. A fórmula para a energia cinética é:EC = 1/2*m*v2, onde m é massa e v é velocidade.

Divisão da BalísticaBalística é a ciência e arte que estuda integralmente as armas de fogo, o alcance e a direçãodos projetis por elas expelidos e os efeitos que produzem.

Balística interna-A que trata do que ocorre dentro do cano da arma de fogo (dinâmica dos gases da pólvora emecânica do canhão) e é a parte da balística que estuda a estrutura, os mecanismos, ofuncionamento das armas de fogo e a técnica do tiro, bem como os efeitos da detonação daespoleta e deflagração da pólvora dos cartuchos, no seu interior, até que o projétil saia daboca do cano da arma.

A balística interna, ao estudar a arma e seus mecanismos, analisa a estrutura, mecanismos efuncionamento das armas de fogo, o tipo de metal usado em sua construção e a resistênciado mesmo às pressões desenvolvidas na ocasião do tiro. Na combustão da pólvora ocorre

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uma transformação química que gera, quase instantaneamente, uma grande quantidade degases, em alta temperatura. A força expansiva destes gases fornecerá o trabalho necessáriopara que seja expelido o projétil.

Balística externa-A que trata da trajetória do projétil depois de deixar o cano (p ex, da influência davelocidade inicial do projétil e da gravidade e resistência do ar na probabilidade de acertar oalvo), estuda a trajetória do projétil, desde que abandona a boca do cano da arma até a suaparada final. Analisa as condições do movimento, velocidade inicial do projétil, sua forma,massa, superfície, resistência do ar, a ação da gravidade e os movimentos intrínsecos doprojétil.

Balística dos efeitos, também denominada de balísticaterminal ou balística do ferimento, estuda os efeitosproduzidos pelo projétil desde que abandona a bocado cano até atingir o alvo, incluem-se, neste estudo,possíveis ricochetes, impactos, perfurações e lesõesexternas ou internas, nos corpos atingidos.

Quando o alvo atingido pelo projétil for um ser humano, o estudo dos efeitos nele produzidos,em especial as lesões traumáticas, levará a balística a se relacionar de forma direta com amedicina legal. Os vestígios materiais extrínsecos ao ser humano, são objetos da balística dosefeitos, enquanto que os intrínsecos, são estudados e analisados pela medicina legal.

Classificação Geral das Armas de fogoFundamentam-se em cinco critérios específicos e diferenciados, independentes uns dosoutros, pelos quais as armas de fogo são classificadas: quanto à alma do cano; quanto aosistema de carregamento; quanto ao sistema de inflamação; quanto ao funcionamento e,por fim, quanto à mobilidade e ao uso.

Alma do CanoO cano das armas de fogo é confeccionado a partir de um cilindro de aço, perfuradolongitudinalmente, em sua região mediana, por uma broca. Se permanecer com estaperfuração, a qual poderá ser calibrada e, posteriormente, sofrer um polimento, estaremosdiante de um cano de alma lisa. As armas que usam este tipo de cano serão classificadascomo armas de alma lisa.

As espingardas são armas de fogo dotadas de cano com alma lisa, podendo apresentar, ounão, um estrangulamento próximo à boca do cano, denominado choque.

Há canos nos quais, em uma etapa posterior, mediante o uso de uma oumais brocas especiais, são produzidos sulcos paralelos e helicoidais,as raias, sendo denominadas de canos de alma raiada e, as armas defogo confeccionadas com estes canos, são as armas de fogo de cano dealma raiada. Como exemplos podemos citar os revólveres, as pistolas,as submetralhadoras, as carabinas, os rifles e os fuzis.

Cada fabricante possui uma concepção sobre o que constitui o melhor raiamento dos canosdas armas de fogo, adotando para suas armas características próprias relacionadas com asraias, em especial quanto ao número, orientação (destrogira ou sinistrogira), largura,profundidade e ângulo de inclinação. Os números de raias mais usados são de seis ou cinco,existindo canos com quatro, sete, oito, nove, dez e doze raias.

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-Orientação destrogira:Sentido do giro horário ou para a direita.

-Orientação sinistrogira:Sentido do giro anti-horário ou para a esquerda.

A orientação predominante das raias, tanto em armas curtas como em armas longas, édestrogira, isto é, no sentido horário. As raias são sulcos paralelos, destinados a imprimir aosprojetis um movimento giratório, em torno do eixo de sua trajetória, cuja função é de mantera estabilidade dos mesmos, ao longo do seu percurso.

Sistema de CarregamentoUsa-se o termo carregamento no sentido de por carga, isto é, de colocar a munição ou oscartuchos em posição tal que, com o acionamento do gatilho, se consiga produzir de imediatoo tiro. Nesta situação pode-se afirmar que a arma está carregada. Quando for colocarmunição nas câmaras do tambor do revólver ou no carregador de uma pistola, diz-se que aarma está municiada.

Sistema de InflamaçãoA evolução do sistema de inflamação da carga acompanhou a evolução da pólvora e oadvento do cartucho. A primeira pólvora conhecida e usada foi a pólvora negra, uma misturamecânica de salitre, enxofre e carvão.

A descoberta de que certas substâncias, tais como fulminato de mercúrio, clorato de potássioe estifinato de chumbo, possuem propriedades de se inflamar instantaneamente, comexplosão, tornou possível sua colocação em cápsulas de espoletamento. Surgiram, então, ossistemas de inflamação por percussão.

Com o advento das pólvoras de base química, de nitrocelulose ou nitrocelulose enitroglicerina, começou a fabricação das armas de repetição (não automáticas, semi-automáticas e automáticas) eficientes.

Conforme o tipo de cartucho utilizado, as armas são classificadas em armas de percussãocentral e de percussão radial. Cartuchos de percussão central possuem a espoleta ou cápsulade espoletamento embutida no centro de seu culote ou base metálica.

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Já os cartuchos de percussão radial, anelar ou periférica, não possuem espoleta e a misturainiciadora (carga de inflamação) está disposta em anel, no interior da orla oca, saliente, dopróprio culote do estojo.

Há dois tipos de percussão: direta e indireta. A percussão é direta quando o percutor é opróprio cão ou está montado neste, podendo ser fixo ou móvel (flutuante). É indireta quandoo percutor é uma peça inerte, retrátil, a qual é acionada pelo impacto do cão,à ocasião do tiro.

Classificação quanto ao funcionamentoSão armas de repetição não automáticas aquelas cujos mecanismos de repetição e de disparodependem exclusivamente da força muscular do atirador. Ex. os Revólveres.As armas de repetição são semi-automáticas quando o esforço muscular do atirador énecessário apenas para o funcionamento do mecanismo de disparo, aproveitando-se a forçade expansão dos gases oriundos da combustão da pólvora para o funcionamento automáticodo mecanismo de repetição. São exemplos deste tipo de arma a maioria das pistolas.

São consideradas automáticas as armas de repetição nas quais tanto o mecanismo derepetição como o disparo são acionados pela força expansiva dos gases de combustãoda pólvora. Os tiros nas armas semi-automáticas é intermitente, ao passo que nas armasautomáticas, além do tiro intermitente, existe a possibilidade de produzir o tiro contínuo,em rajada, como ocorre com as submetralhadoras e os fuzis.

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Nas armas de repetição é importante que se estabeleça a diferença entre as expressõesarma alimentada e arma carregada. Alimentar uma arma é provê-la de munição.

Diz-se, portanto, que uma arma de fogo está alimentada, quando nela se achar colocada todaa munição que a mesma comporta. Uma pistola estará alimentada quando seu carregador,repleto de cartuchos, for colocado em posição normal, no alojamento do carregador.A arma de repetição está carregada quando nela contém um cartucho na câmara, emcondições de ser percutido, detonado e deflagrado de imediato, para a produção do tiro,mediante simples pressão do gatilho.

Classificação quanto à mobilidade e ao usoAs armas de fogo, quanto ao uso, são classificadas em coletivas e individuais. Uma armade fogo será coletiva quando o seu funcionamento regular exige o concurso de dois oumais homens e ela é usada em benefício de um grupo. Será individual quando for usadapor um só homem, para sua defesa pessoal.

Armas de fogo curtas - RevólveresRevólver é uma arma de fogo curta, portátil, de repetição, não automática, com um sócano e várias câmaras de combustão que integram um cilindro denominado tambor.É o único tipo de arma de fogo cujo cano não possui câmara de combustão.Os cartuchos, alojados nas câmaras do tambor, são detonados e deflagrados quando,pelo giro do tambor ao redor do seu eixo, entram em alinhamento com o cano e o percutor.

O revólver é a única arma de fogo desprovida de culatra propriamente dita. As câmaras dotambor são abertas nas duas extremidades e a base das munições, colocadas em cada umadelas, serve de culatra, exceto no momento do tiro, quando toca na placa localizada na regiãoposterior da montagem (retângulo do alojamento do tambor). Esta placa, que seria a culatrapropriamente dita, recebe o nome de placa de obturação.

O revólver é, também, o único tipo de arma de fogo que não está carregada quando umcartucho está alojado na câmara que se alinha ao cano e percutor, porque, ao ser acionadoo mecanismo, ela é deslocada para a esquerda do cano.

Munições para RevólverAs munições para revólveres são destinadas à defesa, à caça e ao esporte. Elas são as maisutilizadas pelo público civil para defesa pessoal, mas seu uso também é tradicional no meiopolicial. O consumidor civil pode adquirir desde o calibre .32 S&W até o .38 SPL.Para o uso policial destacam-se o .38 SPL, .357 Magnum e .44 Magnum.

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As munições chamadas +P (maior pressão) ou +P+ (pressão ainda maior) desenvolvempressões de disparo acima das normais, devendo ser utilizadas em armas de projeto efabricação modernos e apropriados para resistir às pressões desenvolvidas por ocasião dotiro. É sempre recomendável realizar uma consulta prévia aos fabricantes para verificar seo modelo da arma está apto a disparar essas munições.

Pistolas Semi-AutomáticasEstas pistolas, chamadas às vezes, de forma imprópria, de automáticas, não o são, de fato,senão em parte, pois não produzem o tiro contínuo, em rajada, mas apenas um tiro de cadavez, o qual será inteiramente dependente da vontade do Operacional.

Nelas, o aproveitamento dos gases da deflagração se faz exclusivamente para acionar omecanismo de repetição, sendo automática, assim, a substituição dos cartuchos,na câmara do cano.

Partes essenciais de uma pistola semi-automáticaSão consideradas como essenciais, numa pistola semi-automática, asseguintes partes ou peças: a armação, contendo o mecanismo de disparoe o receptáculo do carregador; o cano, com a respectiva câmara; o ferrolho,com o bloco da culatra; e o carregador.

A armação, confeccionada em aço, alumínio, liga de alumínio ou polímero, é a peça de maiordimensão e que serve de suporte ou alojamento para as demais peças, em especial para ocano, ferrolho, na região superior, e de parte do mecanismo de disparo. A parte através daqual a pistola é empunhada, denomina-se de cabo, o qual é oco e funciona como receptáculoou alojamento do carregador.

O carregador é uma peça em separado, compreendendo o cofre, com o transportadoracionado pela mola recuperadora, o qual é, normalmente, alojado no cabo da pistola.

O cano possui, na região posterior, a câmara de combustão, desprovida de raiamento edestinada a receber a munição. A partir da câmara, até a boca, o cano é raiado, podendo ter,ou não, em sua extremidade anterior, a massa de mira. Na face posterior da câmara há umentalhe que permite o alojamento da parte anterior do extrator. Na porção inferior aparecea rampa de acesso das munições destinada a facilitar sua introdução na câmara do cano.

O ferrolho é uma peça móvel que desliza, nas fases de recuo e de recuperação, após cadatiro, podendo conter o bloco da culatra. A face anterior desta é escavada e nela se apóia oculote da munição. No bloco da culatra das pistolas de percussão direta está montado o cão-percutor e sua mola, enquanto que nas de percussão indireta, aparece o percutor retrátil e amola recuperadora do mesmo. Na maioria das pistolas, o extrator também está montado no

bloco daculatra.

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O mecanismo de disparo é constituído pelo gatilho, cão-percutor (pistolas de percussãodireta), cão e percutor (pistolas de percussão indireta), com as respectivas molas, portravas (manuais, de punho, de armadilha) e calços de segurança. A trava manual, comcomando externo através de uma alavanca serrilhada, é a mais freqüente nas pistolassemi-automáticas.

MUNIÇÃO PARA PISTOLASCada vez mais utilizadas pelo público civil, as munições para pistola são amplamente usadasno meio policial, bem como no militar. Isso se deve à capacidade de municiamento, àfacilidade de recarregamento e à evolução técnica das armas semi-automáticas.

Calibre das armas raiadasNas armas dotadas de cano com alma raiada, deve ser feitas a conceituação,caracterização e distinção entre calibre real e calibre nominal.

Calibre realO calibre real, medido na boca do cano, corresponde ao diâmetro interno da alma do cano,sendo, portanto, uma grandeza concreta. É sempre uma medida exata, expressa e aferívelcom precisão, dentro de escassos limites de tolerância. O calibre real corresponde à parte nãoraiada da alma do cano, e deve ser medida entre dois cheios diametralmente opostos.

Calibre nominalO Calibre nominal é sempre designativo de um tipo particular de munição e também da armaqual este tipo de munição deve ser usada corretamente.

As muniçõesAs munições possuem os seguintes elementos: o estojo (3), a espoleta (4),a pólvora (2) e o projétil (1). Munição é o conjunto de cartuchos necessários oudisponíveis para uma arma ou uma ação qualquer em que serão usadasarma de fogo.

EstojoO estojo é o componente externo de união mecânica do cartucho, demaior dimensão, apesar de não ser essencial ao disparo, já quealgumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se deum componente indispensável às armas modernas.

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O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao disparo fiquem unidos em umapeça, facilitando o manejo da arma e acelera o intervalo em cada disparo.

Sua forma é bastante variada, assim como o material usado na sua confecção. Constitui oelemento inerte do cartucho e, ao mesmo tempo, é o único elemento que possibilita aocartucho seu funcionamento eficaz e a sua padronização como unidade de munição.

Atualmente, a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos, principalmente olatão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos construídos com diversostipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão(espingardas) e outros.

A parte anterior e aberta do estojo é denominada boca, onde fica engastado o projétil,e sua extremidade posterior bastante espessada, o culote, em cuja base, concentricamente,é escavado o alojamento cilíndrico para a espoleta, o qual se comunica como interior doestojo, onde fica a carga de projeção (pólvora), por um ou dois orifícios, os eventos.

No centro deste alojamento, dependendo do tipo de espoleta, o estojo poderá apresentar,ou não, a bigorna, contra a qual é comprimida a cápsula, no momento da percussão.A maioria destes estojos possui, logo acima do culote, uma gola, na qual se encaixa a garrado extrator, sendo o diâmetro do culote igual ao diâmetro maior do corpo.

A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de forma aaproveitar as suas características físicas.

Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:

Quanto à forma do corpo:Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum;e Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá umapequena conicidade para facilitar o processo de extração. Os estojos tipo garrafa foramcriados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem ser excessivamente longo outer um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em cartuchos de fuzis, quegeram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de pequeno calibre.

Quanto aos tipos de base:Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura(virola);Sem aro: tem apenas a virola; eRebatido: A base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.

A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua formadetermina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além depossibilitar a ação do extrator sobre o estojo.

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Quanto ao tipo de iniciação:

Fogo Circular: A mistura detonante é colocada no interior do estojo, dentro do aro, e detonaquando este é amassado pelo percursor;

Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta,fixada no centro da base do estojo.

Espoleta ou CápsulaA espoleta é um pequeno recipiente metálico e uma bigorna, em forma de cápsula, quecontém a mistura iniciadora (carga de inflamação), montada no alojamento localizado nocentro do culote do estojo. Todos os cartuchos que possuem espoleta são denominados defogo central.

A mistura detonante, é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito geradopelo amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percursor. A queima dessamistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo,chamados eventos.

Mistura IniciadoraA mistura iniciadora (carga de inflamação) contida nas cápsulas de espoletamento, sãomisturas explosivas à base de estifinato e chumbo, nitrato de bário, trissulfeto de antimônio,tetrazeno e alumínio atomizado.

Quando o percutor da arma deforma a cápsula de espoletamento, a mistura iniciadora nelacontida é comprimia contra a bigorna, quebrando os cristais. Inicia-se assim uma chamae a queima total da pólvora se dá numa fração muito pequena. Durante esse tempo sãogerados gases de alta temperatura e pressão, cuja energia térmica desenvolvida é suficientepara iniciar uniformemente a queima da pólvora.

PólvoraPólvora ou carga de projeção, é um combustível sólido, granular, com diversos formatos degrãos, podendo inflamar-se com grande rapidez, com a produção de grande volume de gasese elevação da temperatura.

É a fonte de energia química capaz de arremessar o projétil a frente, imprimindo-lhe grandevelocidade. A energia é produzida pelos gases resultantes da queima do propelente, quepossuem volume muito maior que o sólido original. O rápido aumento de volume de matériano interior do estojo gera grande pressão para impulsionar o projétil.

Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora química oupólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com grandeeficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e réplicas paratiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos que a pólvoranegra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas quantidades.

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Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizadas atualmente em armas de defesa:

Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose.Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina,tem maior conteúdo energético.

ProjétilOs cartuchos são carregados, em regra, com um único projétil, alojado total ou parcialmenteno interior do estojo. O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que éarremessada à frente quando da detonação da espoleta e consequente queima do propelente.É a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.

Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é obtida pelopropelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora, que, aoqueimar, produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no interior doestojo, suficiente para expelir o projétil.

Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a certaquantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito egera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciadorgeralmente está contido dentro da espoleta.

O projétil pode ser dividido em três partes:

Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre exposta, fora do estojo;Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e está sujeita à açãodos gases resultantes a queima da pólvora.Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas destinadas a receber graxaou para aumentar a fixação do projétil ao estojo.

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Projéteis de chumboComo o nome indica, são projéteis construídos exclusivamente com ligas desse metal.Podem ser encontrados diversos tipos de projéteis, destinados aos mais diversos usos, osquais podemos classificar de acordo com o tipo de ponta e tipo de base.

Projéteis EncamisadosSão projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa chamada camisa oujaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e níquel; cobre,níquel e zinco; cobre e zinco; zinco e estanho ou aço. O núcleo é constituídogeralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o peso necessário e um bomdesempenho balístico.

Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa abertana base e fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta(projéteis expansivos). Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance.

Os projéteis expansivos ao atingir um alvo humano é capaz de amassar-se ou expandir-se eaumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo de projétil teve seu usoproibido para fins militares pela Convenção de Genebra.

Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados (a camisarecobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa recobre parcialmente ocorpo, deixando sua parte posterior exposta. Os tipos de pontas e tipos de bases são osmesmos que os anteriormente citados para os projéteis de chumbo.

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Alcance do TiroO alcance do tiro depende do ângulo de tiro (ângulo que a linha de tiro faz com a horizontal),das condições atmosféricas, da arma e da munição empregada, tendo em vista a variedadede projetis e de cargas para cartuchos de um mesmo calibre. O comprimento do cano daarma tem influência direta no alcance do tiro.

No estudo do alcance de um tiro podemos distinguir o alcance útil,alcance máximo e de precisão.

Alcance útil é definido como a distância máxima em que o p rojétil causará ferimentosde certa gravidade a um homem.

Alcance máximo ou alcance real é a distância compreendida entre a boca do cano da armae o ponto de chegada do projétil. Considera-se ponto de chegada o local em que o projétilencontra o solo.

Alcance com precisão ou alcance de utilização é a distância em que um atirador é capazde atingir, com razoável grau de certeza, áreas em que se situam os principais órgãosvitais do corpo humano.

Poder de paradaÉ simplesmente a capacidade que o projétil possui, durante o impacto, de incapacitar umapessoa instantaneamente, impedindo que continue a fazer o que estava fazendo no momentodo impacto (instantaneamente significa dentro de um a dois segundos).

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Arma curta para uso civilÉ uma arma de defesa com grande poder de parada da ação agressora e com reduzidovolume e peso. A função principal da arma curta de defesa (revólver ou pistola) é incapacitaro agente agressor, a uma distância regular e com eficiência.

Arma curta para uso policialA arma mais indicada é a pistola, com as seguintes características:-mecanismo de dupla ação e ação simples;-trava de percutor e desarmador do cão;-calibre .40 S&W ou .45 ACP.

A vantagem dos calibres citados, com munição expansiva, é que dificilmente irão ultrapassaro alvo. Mais da mesma maneira que para o uso civil, o treinamento com a correta orientação,neste caso com o Instrutor Cássio Holanda, e-mail: [email protected], é o fatorprimordial para o correto uso e sem embustes de qualquer arma. Devemos sempre lembrarque a arma por si só não faz absolutamente nada.Portanto o fator humano é a chave principal.

Incidente de tiroOcorre quando se produz uma interrupção dos tiros sem danos materiais e/ou pessoais, pormotivo independente da vontade do atirador. p.ex. falha da munição.

Acidente de tiroOcorre quando se produz uma interrupção dos tiros com danos de qualquer natureza,materiais e/ou pessoais. p.ex. a arma explodiu na sua cara!

Conceito de Tiro acidentalEm casos de morte ou lesão corporal, em que o agente vulnerante tenha seu projétil expelidopor arma de fogo, ocorre com alguma freqüência a alegação de que a arma disparouacidentalmente, procurando-se, com isso, desvincular o fato de qualquer idéia de dolo ouculpa. É necessário estabelecer a diferença entre disparo acidental e tiro acidental. Dispararé colocar o mecanismo de disparo da arma em movimento. Para que um disparo acidentalproduza um tiro acidental, é necessário que ocorra a detonação e deflagração de umamunição e a projeção de uma bala através do cano da arma. Nem todo disparo dá origema um tiro, mas todo tiro é precedido do disparo do mecanismo da arma.

Tiro acidentalÉ todo tiro que se produz em circunstâncias anormais, sem acionamento regular domecanismo de disparo, devido a defeitos ou falta do mecanismo de segurança da arma,ou seja, exclusivamente, aquele resultante de um disparo eficaz produzido por essa arma, oqual não teve como causa determinante o acionamento normal, por ato humano, domecanismo de disparo da mesma.

Mecanismos de segurança das armas de fogoAs armas de fogo modernas, em sua maioria absoluta, possuem mecanismos de segurançaeficientes e que impendem a ocorrência de tiro acidental.

Semper Parabellum,Cássio HolandaAnalista de Segurança.Coordenador de Cursos.www.tirotatico.com.br(21) [email protected]