Manual de Contabilidade Pública

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Ministério da Fazenda.

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MINISTRIO DA FAZENDA SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL

MANUAL DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PBLICOPARTE VIII Demonstrativo de Estatsticas de Finanas PblicasAplicado Unio, Estados, Distrito Federal e MunicpiosVlido para o exerccio de 2011 Portaria Conjunta STN/SOF n 4, de 30 de novembro de 2010

3a edio

Braslia 2010

Parte VIII 08.00.00 Demonstrativo de Estatsticas de Finanas Pblicas

MINISTRO DA FAZENDA Guido Mantega SECRETRIO-EXECUTIVO Nelson Machado SECRETRIO DO TESOURO NACIONAL Arno Hugo Augustin Filho SECRETRIO-ADJUNTO Andr Luiz Barreto de Paiva Filho SUBSECRETRIOS Lscio Fbio de Brasil Camargo Marcus Pereira Auclio Paulo Fontoura Valle Eduardo Coutinho Guerra Cleber Ubiratan de Oliveira COORDENADORA-GERAL DE ESTUDOS ECONMICO-FISCAIS Fabiana Magalhes Almeida Rodopoulos COORDENADOR DE ESTUDOS ECONMICO-FISCAIS Felipe Palmeira Bardella GERENTE DE ESTATSTICAS DE FINANAS PBLICAS Bruno Fabrcio Ferreira da Rocha EQUIPE TCNICA Andresa Costa Biason Felipe Augusto Trevisan Ortiz Heliane Bertulucci Fernandes Heloisa Teixeira Saito Janet Maria Pereira Jeanne Vidal de Araujo Renato Nogueira Starling Informaes STN: Fone: (61) 3412-2203 Fax: (61) 3412-1700 Correio Eletrnico: [email protected] Pgina Eletrnica: www.tesouro.fazenda.gov.br

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ndice 08.00.00 PARTE 8 DEMONSTRATIVOS DE ESTATSTICAS DE FINANAS PBLICAS................................................................................................208.01.00 INTRODUO ........................................................................................................ 508.01.01 CONSIDERAES GERAIS .......................................................................................................... 8 08.01.02 OBJETIVO DO DEFP .................................................................................................................. 10 08.01.03 MUDANA METODOLGICA EM RELAO AO MANUAL DE EFP 1986 ................................... 12 08.01.03.01 Abrangncia ................................................................................................................ 12 08.01.03.02 Regime de registro de eventos econmicos ................................................................ 12 08.01.03.03 Avaliao ..................................................................................................................... 12 08.01.03.04 Balano Patrimonial .................................................................................................... 12 08.01.03.05 Integrao de fluxos e estoques .................................................................................. 12 08.01.03.06 Arcabouo Analtico .................................................................................................... 13 08.01.04 ESTRUTURA DO DEFP .............................................................................................................. 13

08.02.00 ABRANGNCIA..................................................................................................... 1408.02.01 INTRODUO .......................................................................................................................... 14 08.02.02 ABRANGNCIA NO MBITO DO SETOR PBLICO BRASILEIRO ................................................. 16 08.02.02.01 Governo Central (GC) .................................................................................................. 16 08.02.02.02 Governos Estadual, DF e Municipal ............................................................................. 18 08.02.02.03 Corporaes Pblicas .................................................................................................. 19 08.02.02.04 Corporaes Financeiras ............................................................................................. 20 08.02.03 SISTEMAS DE COLETA DE DADOS ............................................................................................ 20 08.02.03.01 Governo Central .......................................................................................................... 20 08.02.03.02 Governos Estaduais, Distrito Federal e Governos Municipais ..................................... 21 08.02.03.03 Corporaes No Financeiras ...................................................................................... 21 08.02.03.04 Corporaes Financeiras ............................................................................................. 21

08.03.00 FLUXOS, ESTOQUES E REGRAS CONTBEIS ........................................................... 2308.03.01 FLUXOS, ESTOQUES E REGRAS CONTBEIS NO MANUAL DE EFP 2001 ................................... 23 08.03.01.01 Tipos de Fluxos ............................................................................................................ 23 08.03.01.02 Regras Contbeis ......................................................................................................... 24 08.03.02 REGRAS GERAIS APLICADAS AO GOVERNO GERAL BRASILEIRO .............................................. 26 08.03.02.01 Regras Contbeis ......................................................................................................... 26 08.03.02.02 Plano de Contas Aplicado ao Setor Pblico PCASP ................................................... 29

08.04.00 ARCABOUO ANALTICO DO MANUAL DE EFP 2001 .............................................. 3008.04.01 OBJETIVOS ANALTICOS........................................................................................................... 30 08.04.01.01 Componentes e Conceitos do Arcabouo Analtico ..................................................... 30 08.04.01.02 Indicadores sintticos Adicionais da poltica fiscal ...................................................... 37

08.05.00 RECEITAS ............................................................................................................. 3908.05.01 RECEITAS E SEUS COMPONENTES NO MANUAL DE EFP 2001 ................................................. 39 08.05.02 CLASSIFICAO DAS RECEITAS APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO ............................ 46

08.06.00 DESPESAS ............................................................................................................ 5208.06.01 DESPESAS E SEUS COMPONENTES NO MANUAL DE EFP 2001 ................................................ 52 08.06.02 FUNES DE GOVERNO .......................................................................................................... 56 08.06.03 CLASSIFICAO ECONMICA DA DESPESA APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO ......... 60 08.06.03.01 Principais Agregados da Despesa ................................................................................ 60 08.06.03.02 Principais Agregados da Despesa por Funo ............................................................. 63

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08.07.00 BALANO PATRIMONIAL ...................................................................................... 6508.07.01 BALANO PATRIMONIAL ......................................................................................................... 65 08.07.01.01 Classificao de Ativos e Passivos no Manual de EFP 2001 ........................................ 65 08.07.01.02 Partidas Informativas .................................................................................................. 70 08.07.01.03 Avaliao de Ativos e Passivos .................................................................................... 70 08.07.02 CLASSIFICAO DE ATIVOS E PASSIVOS APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO .............. 71

08.08.00 TRANSAES ATIVAS E PASSIVAS......................................................................... 7508.08.01 TRANSAES COM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS ........................................................... 75 08.08.01.01 Avaliao ..................................................................................................................... 75 08.08.01.02 Momento de Registro .................................................................................................. 75 08.08.01.03 Registro Lquido e Consolidao de Fluxos .................................................................. 75 08.08.01.04 Atrasados .................................................................................................................... 75 08.08.02 CLASSIFICAO DAS TRANSAES COM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS POR TIPO DE INSTRUMENTO FINANCEIRO E POR RESIDNCIA.................................................................................... 76 08.08.03 CLASSIFICAO DE ATIVOS E PASSIVOS APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO .............. 77

08.09.00 OUTROS FLUXOS ECONMICOS ........................................................................... 7908.09.01 GANHOS E PERDAS POR VALORAO ..................................................................................... 79 08.09.02 OUTRAS VARIAES DE VOLUME ATIVAS E PASSIVAS ............................................................ 79 08.09.03 CLASSIFICAO DE OUTROS FLUXOS ECONMICOS APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO ............................................................................................................................................ 81

08.10.00 OPERAES DE DVIDA DO GOVERNO .................................................................. 8408.10.01 JUROS, PRINCIPAL E ATRASADOS ............................................................................................ 84 08.10.02 ASSUNO DE DVIDA ............................................................................................................. 84 08.10.03 PAGAMENTO DE DVIDA EM NOME DE OUTRA UNIDADE ....................................................... 85 08.10.04 PERDO DE DVIDA ................................................................................................................. 85 08.10.05 REESTRUTURAO E REPROGRAMAO DE DVIDA............................................................... 85 08.10.06 CANCELAMENTO E REDUO CONTBIL DE DVIDA ............................................................... 86 08.10.07 CONVERSES DE DVIDA EM CAPITAL SOCIAL ......................................................................... 86 08.10.08 ARRENDAMENTOS FINANCEIROS E OPERACIONAIS ................................................................ 86 08.10.09 REMOO CONTBIL DE DVIDA ............................................................................................. 87 08.10.10 CLASSIFICAO DA DVIDA PBLICA APLICADA AO SETOR PBLICO BRASILEIRO .................. 87

08.11.00 CONSOLIDAO .................................................................................................. 8908.11.01 CONTEXTUALIZAO .............................................................................................................. 89 08.11.02 PRIORIDADES NO PROCESSO DE CONSOLIDAO................................................................... 90 08.11.03 REGRAS GERAIS DO PROCESSO DE CONSOLIDAO ............................................................... 91

08.12.00 MTODOS DE ESTIMAO E POLTICA DE REVISO DAS INFORMAES ................ 9208.12.01 MTODOS DE ESTIMAO ...................................................................................................... 92 08.12.02 POLTICA DE REVISO DE INFORMAES ............................................................................... 93

08.13.00 DEMONSTRATIVOS DO MANUAL DE EFP 2001 ...................................................... 94 08.14.00 TABELAS DE DERIVAO DO MANUAL DE EFP 2001 ............................................ 103

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08.01.00 INTRODUOA Secretaria do Tesouro Nacional tem como misso defender o cidado-contribuinte, de hoje e de amanh, por meio da busca permanente do equilbrio dinmico entre receitas e despesas e da transparncia do gasto pblico. Nesse sentido, segundo o art. 20 do Anexo I do Decreto n o 7.037, de 14 de setembro de 2010, que dispe sobre a estrutura regimental do Ministrio da Fazenda, compete Secretaria do Tesouro Nacional, rgo central dos Sistemas de Administrao Financeira Federal e de Contabilidade Federal:XXVI - elaborar e divulgar, no mbito de sua competncia, estatsticas fiscais, demonstrativos e relatrios, em atendimento a dispositivos legais e acordos, tratados e convnios celebrados pela Unio com organismos ou entidades internacionais; XXXVI - promover avaliao peridica das estatsticas e indicadores fiscais, visando adequar o sistema brasileiro de estatsticas fiscais s melhores prticas internacionais e aos requisitos locais.

Neste contexto que se insere a competncia regimental para a elaborao deste Demonstrativo de Estatsticas de Finanas Pblicas (DEFP) que busca alinhar as prticas estatsticas do pas s normas internacionais, com o objetivo de adequar a estatstica fiscal brasileira praticada pela maioria dos pases. O acompanhamento da situao fiscal de um pas tem importncia fundamental na orientao dos gestores pblicos para a implementao de polticas eficientes, voltadas ao crescimento econmico permanente, com responsabilidade fiscal e sustentabilidade a longo prazo. Para tanto, as estatsticas fiscais so de extrema relevncia e devem ser apuradas atravs de metodologias definidas, normatizadas e amplamente divulgadas. Assim, a adoo de metodologias estatsticas harmonizadas e alinhadas a padres internacionais permite a produo de indicadores fiscais para a avaliao das finanas pblicas de um pas e a comparao da situao fiscal de diversos pases. Alm disso, a questo da transparncia fiscal tem recebido ateno considervel tanto da parte de formuladores de polticas quanto do cidado comum. A crise financeira mundial recente reafirmou uma antiga lio: boas estatsticas e anlises acuradas so fundamentais para o monitoramento efetivo e formulao de poltica econmica a nvel nacional e internacional. Insere-se nesse contexto a avaliao e implementao da nova metodologia de Estatsticas de Finanas Pblicas sob o marco analtico do Government Finance Statistics Manual - 2001 (GFSM 2001) ou Manual de Estatsticas Fiscais de 2001 (MEFP 2001), bem como a harmonizao de estatsticas fiscais no mbito do MERCOSUL. Tais padres requerem a compilao de informaes da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, e suas respectivas corporaes pblicas financeiras e no financeiras de todos os entes da federao. Em 2001, foi publicada pelo Fundo Monetrio Internacional a segunda edio do Manual de Estatsticas de Finanas Pblicas MEFP, revisando a primeira publicao

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de 1986, com o objetivo de promover maior transparncia e conhecimento das finanas e das operaes governamentais, bem como de estabelecer integrao das estatsticas fiscais com outros marcos metodolgicos de estatsticas macroeconmicas, como o Sistema de Contas Nacionais, de 1993, a 5 edio do Manual de Balano de Pagamentos e o Manual de Estatsticas Monetrias e Financeiras. A edio de 2001 do MEFP, ao promover a consistncia econmica e temporal das estatsticas, possibilita a completa integrao de fluxos e estoques, bem como a determinao do impacto das polticas fiscais na evoluo temporal do Patrimnio Lquido do pas. Dessa forma, o Manual introduziu o conceito de patrimnio nas estatsticas fiscais, em linha com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico. A integrao das contas do setor fiscal com as contas dos setores externo, financeiro e monetrio e com o Sistema de Contas Nacionais (SCN 1993) permite o aproveitamento das informaes produzidas pelos demais sistemas e o acompanhamento e anlise da economia dos pases de forma integrada. Com o objetivo de se obter uma viso mais ampla das operaes de governo, o novo Manual apresenta um sistema estatstico especializado para anlise e avaliao do desempenho do setor pblico, em um marco analtico integrado, atualizado de acordo com as normas internacionais de contabilidade pblica e harmonizado com os demais sistemas estatsticos existentes. H que se ressaltar, entretanto, que a adoo da nova metodologia no implica em mudanas nas prticas de compilao das estatsticas de finanas pblicas adotadas pelo Brasil e sob a responsabilidade do Banco Central e do Tesouro Nacional, tampouco em relao prtica contbil preconizada pela Lei no 4.320/64 e adotada pelo Governo Geral em todas suas esferas. Os sistemas de compilao dos dados para fins de estatsticas fiscais ou contabilidade pblica atualmente em vigor no Brasil tm objetivos prprios e devem se constituir na base de dados do novo sistema. O resultado final ser, seguramente, estatsticas fiscais mais abrangentes, o que deve propiciar elementos para uma anlise mais ampla e detalhada da avaliao das polticas pblicas e contribuir para o aperfeioamento analtico das finanas pblicas. O MEFP 2001 introduziu importantes mudanas em relao ao tratamento anterior dado s estatsticas nacionais e a principal delas refere-se cobertura institucional, cujo enfoque o Setor Governo Geral definido na base de unidades institucionais. Para identificar as transaes e atividades fiscais que ocorram fora do setor do governo geral, incentivada a compilao de estatsticas do Setor Pblico e a identificao de transaes entre as unidades do Setor do Governo Geral e do Setor das Corporaes Pblicas. O DEFP uma aplicao do MEFP 2001 ao caso brasileiro, considerando as especificidades de nossa conformao institucional e legal, definida em normas como a Lei no 4.320, de 17 de maro de 1964, e a Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, bem como nossas regras e procedimentos contbeis. As adaptaes necessrias foram feitas para que a produo de estatsticas conforme a metodologia do MEFP 2001 se realizasse dentro do marco contbil e jurdico vigente. O DEFP contribuir para o aprimoramento das tarefas dos distintos atores da economia brasileira que participam do processo de anlise, tomada de deciso e formao de

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opinio em matria de finanas pblicas. O DEFP faz parte do trabalho da Secretaria do Tesouro Nacional para a melhoria da transparncia fiscal, entendendo-se esse processo como abertura para maior conhecimento e compreenso por parte dos usurios sobre a estrutura e as funes do governo, dos objetivos de poltica fiscal e das estatsticas de finanas pblicas do Brasil.

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08.01.01 CONSIDERAES GERAIS O Demonstrativo de Estatsticas de Finanas Pblicas (DEFP), produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional, visa orientar e harmonizar a elaborao das estatsticas de finanas pblicas, no mbito do setor pblico, ao Manual de Estatsticas de Finanas Pblicas 2001 (MEFP 2001) do Fundo Monetrio Internacional (FMI). O DEFP dispe sobre os principais conceitos e classificaes que norteiam o MEFP 2001 e orienta os gestores da Unio, dos Estados, DF e Municpios e suas respectivas empresas pblicas a classificar e adequar os fatos econmicos ocorridos e registrados na contabilidade pblica de cada ente, segundo esse novo arcabouo metodolgico. Alm disso, est adaptado realidade do governo brasileiro, notadamente respeitando a legislao brasileira e observando a prtica atual da contabilidade pblica vigente no Pas. O DEFP no trata sistematicamente dos aspectos prticos da compilao das estatsticas de finanas pblicas, os quais devero ser tratados futuramente em Guia Prtico de Compilao a ser publicado. Tampouco esgota os conceitos e classificaes definidos no MEFP 2001, que atualmente est publicado em ingls, espanhol, rabe, francs, chins e russo. O referido Manual j est traduzido para o portugus e encontra-se em fase de reviso para posterior publicao. O MEFP 2001 atualiza o MEFP 1986 e representa um avano significativo no desenvolvimento de padres para a compilao e apresentao de estatsticas fiscais e insere-se em uma tendncia de mbito mundial na busca da transparncia nas finanas, operaes e fiscalizao por parte dos governos. Em resposta crescente complexidade da formulao e avaliao de polticas fiscais governamentais, a anlise fiscal vem evoluindo rapidamente. No esforo de atender a esse monitoramento, o DEFP 2001 introduz o regime de competncia para o registro de eventos econmicos de forma a abranger todos os fluxos de recursos. Alm disso, os conceitos e princpios apresentados no MEFP 2001 so harmonizados com os padres correspondentes de outros sistemas estatsticos macroeconmicos internacionalmente aceitos. Esses sistemas estatsticos so o Sistema de Contas Nacionais (SCN 1993), a sexta edio do Manual do Balano de Pagamentos do FMI e o Manual de Estatsticas Monetrias e Financeiras do FMI. O DEFP representa um passo na evoluo de metodologias estatsticas. Reconhece-se que a adoo do sistema plenamente integrado como definido no MEFP 2001 ter implantao em mdio prazo, pois depende de que os sistemas contbeis sejam capazes de refletir a adoo do regime de competncia no registro de eventos econmicos e das respectivas classificaes. Importa esclarecer que se encontra em desenvolvimento projeto de evoluo da contabilidade pblica brasileira, coordenado pelo rgo central de contabilidade da Unio, em conjunto com os representantes dos entes subnacionais e da classe contbil, o processo de convergncia da contabilidade pblica s Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pblico (NIC-SP) que esto sendo divulgadas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Este projeto em curso tambm inclui o

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desenvolvimento do plano de contas nico aplicado a Unio, Estados, DF e Municpios, com o propsito de harmonizar conceitos e procedimentos. O cronograma de implantao dever finalizar em 2013 para implantao conjunta pelos entes da federao em 2014, conforme dispe a Portaria STN n 751, de 16/12/2009. Este novo arcabouo contbil, adequado s normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor pblico, viabilizar a elaborao de estatsticas fiscais em conformidade ao MEFP 2001. Porm, at a implantao deste modelo contbil compatvel com o MEFP 2001, sero necessrios tratamentos especficos para que os dados disponveis tenham consistncia e coerncia com este novo arcabouo metodolgico. Para tanto, tais tratamentos devero constar em partidas informativas nos demonstrativos relacionados. H que se ressaltar, entretanto, que a adoo do DEFP no implica em mudanas nas prticas de compilao das estatsticas de finanas pblicas adotadas atualmente pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional, tampouco em relao prtica contbil preconizada pela Lei no 4.320/1964 e adotada pelos governos no mbito da Federao. Os sistemas que compilam dados para fins de estatsticas fiscais em desenvolvimento no pas tm objetivos prprios e devem se constituir em uma nova base de dados que possa viabilizar, inclusive, a implantao deste novo sistema. Os resultados finais sero, seguramente, estatsticas fiscais abrangentes, o que deve propiciar indicadores para anlise e avaliao robusta e detalhada das polticas pblicas e contribuir para o aperfeioamento analtico das finanas pblicas no Pas.

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08.01.02 OBJETIVO DO DEFP O objetivo do DEFP proporcionar um arcabouo conceitual que facilite anlises de poltica fiscal e possibilite quantificar as aes do Setor Pblico, ou seja, dos setores de Governo Geral e de Corporaes, este constitudo pelas unidades institucionais (entidades) controladas pelos governos que exercem atividades comerciais. Em contraste com o MEFP 1986 anterior, que enfatiza o impacto das operaes do governo sobre a demanda agregada e, portanto, o valor do dficit, o MEFP 2001 tem como preocupao a composio dos resultados fiscais. Esse Manual compatvel com o balano de pagamentos de acordo com a metodologia contida na quinta edio do Manual de Balano de Pagamentos do Fundo Monetrio Internacional (BPM5), publicado em 1993 e que o Brasil, somente em 2001, passou a utilizar. Os conceitos utilizados neste Manual assim como o do MEFP 2001 guardam estreita relao com o Sistema de Contas Nacionais da Organizao das Naes Unidas (ONU) SCN 1993. Destaca-se que o MEFP 2001, alm de possibilitar a integrao de fluxos e estoques pela utilizao do regime de competncia, ainda acrescenta o demonstrativo de fluxo de caixa. Ou seja: neste novo arcabouo metodolgico, amplia-se o conjunto de informaes fiscais disponveis. A classificao de fluxos e estoques se aproxima de outros arcabouos metodolgicos, como o SCN 1993. Para adequao a esses arcabouos, o Governo Geral, antes definido por funes, passa a ser expresso por um conjunto de unidades institucionais, cuja atividade principal implementar polticas pblicas, por meio da proviso de bens e servios no disponveis no mercado e da distribuio de renda e riqueza, sendo essas atividades custeadas por recursos compulsrios advindos das entidades que compem os outros setores da economia. Adicionalmente, as transaes com ativos no financeiros passam a no ser mais computadas como receita e despesa, por no representarem despesa efetiva. Da mesma forma, os ativos financeiros constitudos com finalidade de polticas pblicas passam a ser registrados no Balano Patrimonial, diferentemente do que previa o MEFP 1986, que considerava somente a efetivao do pagamento. No DEFP, registram-se duas classes de fluxos: transaes e outros fluxos econmicos. A maioria das transaes so interaes entre duas unidades institucionais que tem lugar por mtuo acordo. As transaes de receitas e despesas afetam o patrimnio lquido. As transaes com ativos no financeiros e financeiros afetam as reavaliaes de ativos e passivos, mas no o patrimnio lquido. Os outros fluxos econmicos incluem as variaes de preos e uma diversidade de outros fatos econmicos que afetam os valores de ativos e passivos. O Balano Patrimonial um demonstrativo contendo os estoques dos ativos financeiros e no financeiros prprios, o saldo de direitos de outras unidades, os passivos e o patrimnio lquido equivalente ao valor total dos ativos menos o total dos passivos. O fato de ser dado tratamento integral as transaes e aos outros fluxos econmicos no DEFP permite conciliar plenamente os balanos de abertura e de encerramento. Em

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outras palavras, o estoque de um ativo ou passivo no incio de um perodo contbil mais as suas variaes resultantes de transaes e outros fluxos econmicos so iguais ao estoque ao final do perodo. Esse sistema estatstico integrado permite descrever e analisar, na sua totalidade, os efeitos de polticas pblicas e de fenmenos econmicos especficos.

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08.01.03 MUDANA METODOLGICA EM RELAO AO MEFP 1986 As principais diferenas em relao ao MEFP 1986 so resumidas a seguir.

08.01.03.01 ABRANGNCIA O foco da abrangncia do MEFP 2001 o setor de Governo Geral conforme definido no SCN 1993, com base nas unidades institucionais. A abrangncia do MEFP 1986 definida sobre uma base funcional e inclui as transaes relevantes de qualquer unidade que desempenhe uma funo de governo. Frequentemente, unidades institucionais classificadas como corporaes e que no compem o setor de governo geral desempenham polticas pblicas. No entanto, neste Manual a compilao das estatsticas fiscais tem foco no setor pblico, cujo objetivo identificar as transaes financeiras entre as unidades do governo geral e as corporaes pblicas.

08.01.03.02 REGIME DE REGISTRO DE EVENTOS ECONMICOS No MEFP 2001, os fluxos so registrados pelo regime de competncia, ou seja, no momento em que o valor econmico criado, transformado, trocado, transferido, ou extinto. No MEFP 1986, as transaes so registradas quando o valor monetrio recebido ou pago. No MEFP 1986 apenas transaes no monetrias selecionadas constavam como partida informativa, no sendo registradas nos demonstrativos, enquanto que essas transaes so plenamente integradas nas estatsticas no MEFP 2001.

08.01.03.03 AVALIAO A avaliao dos fluxos, assim como dos estoques de ativos, passivos e patrimnio lquido feita a preos correntes de mercado no MEFP 2001. No MEFP 1986, a avaliao de ttulos de dvida se realiza pelo valor de vencimento.

08.01.03.04 BALANO PATRIMONIAL O Balano no MEFP 2001 inclui todo o estoque de ativos financeiros, ativos no financeiros, passivos e patrimnio lquido, enquanto que o MEFP 1986 contm apenas estoques de dvidas financeiras pagas.

08.01.03.05 INTEGRAO DE FLUXOS E ESTOQUES Os registros de transaes e outros fluxos econmicos permitem a integrao total de fluxos e estoques e a conciliao dos balanos de abertura e encerramento. Tal conciliao no vivel na metodologia do MEFP 1986 por no considerar o conjunto das transaes ocorridas durante o exerccio financeiro que expliquem o saldo dos estoques no balano encerrado.

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08.01.03.06 ARCABOUO ANALTICO O MEFP 2001 introduz na metodologia de elaborao da estatstica fiscal novas partidas de resultado. Isto porque passou a considerar somente receita e despesa efetivas, que afetam o patrimnio lquido, o que tambm modifica o conceito das transaes com os ativos no financeiros. No MEFP 1986, considerava-se como receita e despesa as transaes financeiras com os ativos no financeiros, o que impactava o dficit e ou supervit global. No Manual de EFP 2001, a diferena entre receitas e despesas resulta em resultado operacional lquido, ou seja, reflete a variao do PL resultante de transaes. As transaes que envolvem aquisio ou alienao de ativos financeiros nesta nova abordagem so tratadas como transaes financeiras e o emprstimo/endividamento lquido uma partida de resultado definida como a aquisio lquida de ativos financeiros menos o incorrimento lquido de passivos resultantes de transaes. No MEFP 1986, a aquisio lquida de ativos financeiros para fins de poltica econmica foi especificada como crditos concedidos menos amortizaes e tratada como despesa para a obteno do dficit/supervit global.

08.01.04 ESTRUTURA DO DEFP A estrutura do DEFP est disposta nos seguintes temas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Introduo; Abrangncia; Fluxos, Estoques e Regras Contbeis; Arcabouo Analtico do MEFP 2001 Receitas; Despesas; Balano Patrimonial; Transaes Ativas e Passivas; Outros Fluxos Econmicos; Dvida Pblica, Consolidao, e Mtodos de Estimao e Poltica de Reviso das Informaes.

Compem este DEFP os Apndices I e II, contendo, respectivamente, os Demonstrativos Fiscais e as Tabelas de Derivao.

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08.02.00 ABRANGNCIA08.02.01 INTRODUO A abrangncia das estatsticas fiscais de um ente pblico a composio das unidades institucionais residentes e no residentes que tm como atividade primria a execuo de polticas pblicas caracterizadas como atividades no mercantis. A principal caracterstica deste DEFP para viabilizar a consolidao dos setores a agregao a partir da unidade institucional considerada pelo critrio econmico mesmo conceito utilizado no SCN 1993. No MEFP 1986, diferentemente, considerava-se a unidade funcional. Considera-se unidade institucional residente da economia aquela que tem a capacidade de possuir ativos, contrair passivos e realizar atividades econmicas e transaes com outras entidades, alm de possuir um balano com ativos, passivos e patrimnio lquido. Essas unidades institucionais agrupadas, em suas atividades primrias consolidam os setores e subsetores, possibilitando anlises macroeconmicas setoriais e globais, conforme demandas de diferentes usurios. A unidade institucional residente de um pas se tem um centro de interesse econmico no territrio econmico do pas. O conceito de residncia no MEFP abrange o territrio geogrfico administrado pelo pas, ou seja, independentemente de sua localizao fsica. Por exemplo, as corporaes pblicas se consideram residentes das economias em cujo territrio desempenham as suas atividades. A reviso da abrangncia das estatsticas fiscais deveria ocorrer, metodologicamente, a cada cinco anos. Como a totalidade das unidades institucionais do Governo Central compe as informaes disponveis no Siafi e no Sistema de Informaes das Estatais (Siest) sistema que fornecer os dados das corporaes no financeiras consideradas na abrangncia do GC e que no esto no Siafi , a atualizao do escopo dessas unidades ser automtica. Para as demais unidades institucionais que compem a estatstica fiscal, como os Conselhos Federais e as Organizaes Sociais, sero observados perodos de reviso a cada cinco anos. O MEFP 2001 classifica as seguintes unidades institucionais: corporaes, as quase corporaes, as instituies sem fins lucrativos e as unidades de governo. As corporaes so entidades jurdicas que produzem bens ou servios para o mercado e podem ser fonte de renda para seus controladores e/ou acionistas. So classificadas como corporaes pblicas as controladas pelos governos e, somente neste caso, so consideradas no MEFP 2001. As quase corporaes so entidades no legalmente constitudas como corporaes, mas que funcionam como essas ao realizar atividades comerciais e possuir autonomia. As instituies sem fins lucrativos (ISFL) so entidades que produzem bens e servios, mas no so fonte de renda, bens ou outros ganhos financeiros para as unidades que as criam, controlam ou financiam. As ISFL fornecem bens ou servios mercantis e no mercantis e so classificadas no setor de governo quando este exerce o controle dessas entidades.

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As unidades de governo tm como atividade primria desempenhar funes de governo, ou seja, compem os Poderes Legislativo, Judicirio e Executivo. Esta funo primria consiste em fornecer bens e servios no mercantis para a comunidade, financiados com impostos e outras transferncias obrigatrias de unidades de outros setores econmicos. Os fundos de previdncia social, quando no organizados como unidades institucionais, so unidades de governo (Administrao Direta). Porm, quando organizados como unidades institucionais, devem manter seus ativos e passivos separados e realizar transaes financeiras em seu prprio nome (Administrao Indireta). No MEFP 2001 os setores esto estruturados em Governo Geral (Central, Estadual e Municipal) e Corporaes Pblicas (Financeiras e no Financeiras) consolidando o Setor Pblico. Setor de Governo Geral (GG) O Setor de Governo Geral composto por unidades institucionais classificadas conforme a seguir: 1) Unidades de Governo (central, estadual e municipal); 2) Fundos de Previdncia Social; 3) Instituies Sem Fins Lucrativos; 4) Unidades Institucionais. Setor Pblico (SP) O MEFP 2001 efetua a compilao das estatsticas do Governo Geral e de outras entidades pblicas - no consideradas no governo geral - consolidando o Setor Pblico. Para tanto, classificam-se as unidades institucionais como corporaes ou quase corporaes pblicas que se subdividem em financeiras e no financeiras. As financeiras podem ser corporaes pblicas monetrias, incluindo o Banco Central, e corporaes pblicas financeiras no monetrias.

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Quadro 08.02.01.00.1 Abrangncia do Setor Pblico MEFP 2001SETOR PBLICO

SETOR GOVERNO GERAL SUBSETOR GOVERNO CENTRAL

SETOR CORPORAES PBLICAS SUBSETOR CORPORAES PBLICAS NO FINANCEIRAS

SUBSETOR GOVERNOS ESTADUAISSUBSETOR GOVERNOS MUNICIPAIS

SUBSETOR CORPORAES PBLICAS FINANCEIRAS

CORPORAES MONETRIAS (BANCO CENTRAL)

CORPORAES NO MONETRIAS

08.02.02 ABRANGNCIA NO MBITO DO SETOR PBLICO BRASILEIRO 08.02.02.01 GOVERNO CENTRAL (GC) As unidades que compem o governo denominam-se: oramentrias, unidades de previdncia social, instituio sem fins lucrativos e demais entidades e podem ser identificadas na estrutura da Administrao Direta e Indireta, pertencentes aos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social (OFSS), relativas aos Poderes Legislativo, Judicirio e Executivo. No Governo Central so considerados os sistemas previdencirios do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) que atende aos trabalhadores do setor privado e identificado como unidade institucional e o Regime Prprio de Previdncia dos Servidores Pblicos (RPPS), que no unidade institucional. O RPPS no pode ser classificado como unidade institucional por no dispor dos elementos necessrios estabelecidos no Manual como autonomia para realizar transaes econmicas em nome prprio e balano especfico. Neste caso, o RPPS se classifica como uma unidade de governo que se consolidada no subsetor de Governo Central. Em relao ao RGPS, embora este fundo de previdncia qualifica-se como unidade institucional e possa vir a compor um subsetor especfico, no caso brasileiro ser agregado ao setor de Governo Central. A abrangncia do Governo Central est descrita conforme a composio a seguir detalhada: I. Administrao Direta: compe-se das unidades governamentais dos Poderes (Legislativo, Judicirio e Executivo) que desempenham atividade primria como funo de governo. Classificam-se em:

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a) Ministrios: Compem-se de unidades administrativas de primeiro grau na hierarquia federal, vinculadas s respectivas unidades oramentrias pertencentes estrutura do Poder Executivo. b) rgos Superiores: Compem-se de unidades administrativas de primeiro grau na hierarquia federal, vinculadas s respectivas unidades oramentrias que pertencem aos Poderes Legislativo e Judicirio. c) Agncia Governamental: uma entidade pblica integrada administrao indireta do Estado cuja misso executar as polticas e programas pblicos planejados institucionalmente no mbito dos ministrios. II. Administrao Indireta: composta pelas unidades institucionais que desempenham funes de governo de forma descentralizada. Classificam-se em: a) Fundaes Pblicas: Entidade administrativa autnoma, criada por lei com personalidade jurdica de direito pblico, patrimnio prprio e atribuies estatais especficas para realizar os fins que a lei lhe atribuir. b) Autarquias: Entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, criada por lei para o desenvolvimento de atividades que no exijam execuo por rgos ou entidades de direito pblico, com autonomia administrativa, patrimnio prprio, e funcionamento custeado, basicamente, por recursos do Poder Pblico, ainda que sob forma de prestao de servios. c) Fundos Especiais: Representa a parcela de recursos do Tesouro Nacional vinculados por lei realizao de determinados objetivos de poltica econmica, social ou administrativa do governo. d) Empresas Estatais Dependentes: So entidades controladas que recebem do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excludos, no ltimo caso, aqueles provenientes de aumento de participao acionria (Lei n 101/2000-LRF). Embora essas unidades institucionais juridicamente tenham sido criadas como empresas pblicas, de fato tm as caractersticas de autarquia, autonomia administrativa e financeira, sujeitas ao controle do Tribunal de Contas da Unio, executando aes de governo e dependentes dos oramentos pblicos (OFSS); e) Empresas No Dependentes: So entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo da Unio, criada por lei para a explorao de atividade econmica que o Governo seja levado a exercer por fora de contingncia ou de convenincia administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Foram consideradas na abrangncia do Governo Central as empresas pblicas independentes que vendem a totalidade dos bens e servios produzidos ao governo. III - Conselhos Profissionais: So classificados como unidades institucionais de governo central por serem entidades de direito pblico, dispor de autonomia administrativa e financeira e exercerem atividades de fiscalizao profissional, o que se

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caracteriza competncia tipicamente pblica, conforme estabelece os artigos 5, XIII, 21, XXIV, e 22, XVI da Constituio Federal. IV - Organizaes Sociais: So entidades privadas sem fins lucrativos que se qualificam, conforme a legislao vigente, para receber benefcios pblicos pelo desempenho de atividades de interesse da comunidade e esta relao se materializa por meio do contrato de gesto. No Governo Central esto consideradas as entidades que recebem recursos integrais para o desempenho de suas atividades.

08.02.02.02 GOVERNOS ESTADUAL, DF E MUNICIPAL A abrangncia dos governos subnacionais obedece a mesma composio estabelecida para o Governo Central. Merece destaque a questo de Fundos de Previdncia Social que conforme critrio definido para o subsetor GC, tambm sero agregados aos subsetores Estadual, DF e Municipal, conforme o caso. Quadro 08.02.01.00.21. 1.1 1.2 2. 2.1 2.2 2.3 ABRANGNCIA DOS GOVERNOS SUBNACIONAIS ADMINISTRAO DIRETA RGOS DA ADMINISTRAO DIRETA FUNDOS DE PREVIDNCIA SOCIAL DA AD. DIRETA ADMINISTRAO INDIRETA ENTIDADES DESCENTRALIZADAS INSTITUIES SEM FINS LUCRATIVOS (ISFL) OUTRAS INSTITUIES DE GOVERNO

Classificam-se como unidades institucionais denominadas outras instituies do governo por exemplo, os consrcios pblicos que so parcerias institucionalizadas, formadas por dois ou mais entes federados objetivando o desenvolvimento regional por meio da implementao de aes e polticas pblicas conjuntas. A cada cinco anos ser revista a abrangncia para os entes subnacionais, considerando a criao e extino de rgos, fundos especiais e consrcios pblicos. Visando demonstrar a estrutura da abrangncia aplicada ao caso brasileiro, especificamente ao governo geral, demonstra-se a seguir a relao conceitual das entidades que compem cada subsetor.

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Quadro 08.02.01.00.3 Abrangncia Governo GeralGOVERNO GERAL

GOVERNO CENTRAL

GOVERNO ESTADUAL

GOVERNO LOCAL

MINISTRIOS SECRETARIAS AGNCIAS ENTIDADES AUTNOMAS INSTITUIES S/FINS LUCRATIVOS

SECRETARIAS RGOS AGNCIAS ENTIDADES AUTNOMAS INSTITUIES S/FINS LUCRATIVOS CONSRCIOS PBLICOS

SECRETARIAS RGOS AGNCIAS ENTIDADES AUTNOMAS INSTITUIES S/FINS LUCRATIVOS CONSRCIOS PBLICOS

08.02.02.03 CORPORAES PBLICAS Este setor composto por corporaes pblicas denominadas na legislao brasileira de empresas pblicas, que se classificam em financeiras e no financeiras e cujo conceito est a seguir descrito. Corporaes Pblicas referem-se as entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo dos entes, criada por lei para a explorao de atividade econmica que o governo seja levado a exercer por fora de contingncia ou de convenincia administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito e que no MEFP 2001 esto classificadas em Financeiras e No Financeiras. Corporaes Pblicas No Financeiras so aquelas que produzem bens e servios a preos de mercado cujo controle do capital do ente pblico. Corporaes Pblicas Financeiras so aquelas cujo controle do ente controlador que tem como funo social captar recursos financeiros no mercado e realizar emprstimos para os setores da economia. Essas entidades so classificadas em monetrias e no monetrias. No caso brasileiro, o Banco Central do Brasil a autoridade monetria do pas; portanto, a nica unidade institucional que compe o subsetor de corporaes pblicas financeiras monetrias, enquanto as demais instituies financeiras pblicas classificam-se como corporaes financeiras no monetrias. Seguindo o mesmo critrio e guardando coerncia com o MEFP 2001, compem o subsetor de corporaes pblicas no financeiras as empresas pblicas e sociedades de economia mista com controle da Unio, Estado, DF e Municpios que produzem bens e servios de mercado.

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A abrangncia do setor de corporaes no financeiras ser revista anualmente por ocasio do levantamento de informaes junto ao sistema de coleta de informaes das empresas no financeiras federais SIEST.

08.02.02.04 CORPORAES FINANCEIRAS Todas as corporaes financeiras cujo controle acionrio pertena ao governo so includas no subsetor de corporaes pblicas financeiras. As corporaes pblicas financeiras no Brasil pertencem Unio e aos governos estaduais, no havendo instituies pertencentes aos governos municipais. O Tesouro Nacional tambm controlador da Caixa Econmica Federal, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico, do Banco do Nordeste S.A., do Banco da Amaznia S.A. e da Agncia Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A Caixa Econmica Federal, o BNDES e a Finep so empresas pblicas, com controle exclusivo do Tesouro Nacional. As demais instituies so sociedades annimas com controle do Tesouro Nacional. Ressalte-se que a Finep uma empresa pblica vinculada ao Ministrio da Cincia e Tecnologia que tem como objetivo a promoo do desenvolvimento econmico e social do pas por meio do financiamento a atividades envolvendo cincia, tecnologia e inovao. As agncias de fomento tm como objetivo conceder financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos na unidade da federao onde tenham sede. Devem ser constitudas sob a forma de sociedade annima de capital fechado e estar sob o controle estadual. So consideradas corporaes financeiras, mas no podem captar recursos junto ao pblico, recorrer ao redesconto e ter conta de reserva no Banco Central.

08.02.03 SISTEMAS DE COLETA DE DADOS 08.02.03.01 GOVERNO CENTRAL A fonte primria para a obteno dos dados do Governo Central o Siafi Sistema de Administrao Financeira do Governo Federal. A partir de 2009, o balano patrimonial, as demonstraes e respectivas tabelas de derivao sero disponibilizados no Siafi, conforme j ocorre para as informaes legais divulgadas pelo Governo Federal, em cumprimento legislao vigente para a administrao pblica brasileira. Para tanto, foram desenvolvidas no Siafi transaes que observam as regras e dispositivos do MEFP 2001 e que estruturam, consolidam e evidenciam as informaes majoritrias do Governo Central no balano patrimonial, nas demonstraes e tabelas de derivao. Importa esclarecer que ainda persistem diferenas conceituais em funo do estgio atual de evoluo da contabilidade pblica nacional, comentado no tpico 4.2 (Regras Gerais Aplicadas ao Governo Geral Brasileiro), e que adequaes e evolues faro parte deste processo cuja consolidao est prevista para o exerccio de 2014 (Portaria STN n 751, de 16/12/2009).

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No entanto, conforme j comentado no tpico 2, a abrangncia do Governo Central maior que as informaes disponveis no Siafi. Para isso, ser disciplinada pela STN a forma de captao dos dados relativos s organizaes sociais, dos conselhos federais e das corporaes no financeiras classificadas no GC e, posteriormente, os dados sero consolidados pela STN.

08.02.03.02 GOVERNOS ESTADUAIS, DISTRITO FEDERAL E GOVERNOS MUNICIPAIS As fontes de dados primrios para os Estados, Distrito Federal e Municpios so as informaes contidas no QDCC (Quadro de Dados Contbeis Consolidado), por meio do Sistema de Coleta de Dados Contbeis SISTN e englobam receitas e despesas oramentrias, ativo e passivo patrimonial para o cumprimento do que dispe o art. 51 da Lei Complementar n 101/2000 (LRF). A estatstica que atende ao art. 51 da LRF publicada anualmente; porm, para fins do governo geral, a periodicidade ser trimestral. Neste caso, os dados dos entes subnacionais devem ser estimados de acordo com a metodologia apresentada na seo 08.12.00.

08.02.03.03 CORPORAES NO FINANCEIRAS As fontes primrias de dados das Corporaes No Financeiras controladas pela Unio so as demonstraes financeiras trimestrais e anuais dos grupos empresariais consolidados1 transmitidas pelas empresas Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e divulgadas em sua pgina na internet2, e as demonstraes anuais das demais empresas estatais federais informadas ao Departamento de Coordenao e Governana das Empresas Estatais (DEST) e armazenadas no Sistema de Informaes das Empresas Estatais (SIEST). Essas demonstraes financeiras referem-se ao balano consolidado, demonstrao de resultados (DRE), ao fluxo de caixa (DFC) e demonstrao de valor adicionado (DVA), quando disponvel.

08.02.03.04 CORPORAES FINANCEIRAS A fonte primria para as informaes das corporaes financeiras o Plano Contbil das Instituies do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), gerenciado pelo Banco Central do Brasil, bem como os demonstrativos divulgados pelas prprias corporaes, caso no abrangidas por aquele plano de contas. O Cosif apresenta os critrios e procedimentos contbeis a ser observados pelas instituies financeiras e demais instituies autorizadas a funcionar pela Autoridade Monetria, bem como a estrutura do plano de contas que deve ser seguido.

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Grupos Eletrobrs e Petrobras. http://www.cvm.gov.br/

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Segundo as normas do Cosif, cabe s instituies financeiras, alm de seguir os princpios fundamentais de contabilidade: a) adotar mtodos e critrios uniformes no tempo, sendo que as modificaes relevantes devem ser evidenciadas em notas explicativas, quantificando os efeitos nas demonstraes financeiras, quando aplicvel; b) registrar as receitas e despesas no perodo em que elas ocorrem e no na data do efetivo ingresso ou desembolso, em respeito ao regime de competncia; c) fazer a apropriao mensal das rendas, inclusive mora, receitas, ganhos, lucros, despesas, perdas e prejuzos, independentemente da apurao de resultado a cada seis meses; d) apurar os resultados em perodos fixos de tempo, observando os perodos de 1 de janeiro a 30 de junho e 1 de julho a 31 de dezembro; e) proceder s devidas conciliaes dos ttulos contbeis com os respectivos controles analticos e mant-las atualizadas, conforme determinado nas sees do Cosif.

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08.03.00 FLUXOS, ESTOQUES E REGRAS CONTBEIS08.03.01 FLUXOS, ESTOQUES E REGRAS CONTBEIS NO MEFP 2001 As estatsticas das unidades institucionais do Governo Geral/Setor Pblico relacionamse com os fluxos e estoques. Os fluxos refletem a criao, transformao, troca, transferncia ou extino de valor econmico. Envolvem mudana do volume, composio ou valor de ativos, passivos e patrimnio lquido (PL) da unidade. Os estoques significam a posio dos ativos e passivos de uma unidade e seu patrimnio lquido em um determinado momento. Os dados dos fluxos e dos estoques so os componentes fundamentais do arcabouo analtico do MEFP 2001. Os dados dos fluxos servem para expor os resultados de eventos ocorridos durante o perodo contbil e os dados dos estoques servem para elaborar o balano de encerramento do perodo contbil e o saldo de abertura do exerccio subsequente. Os fluxos e os estoques registrados no sistema de EFP so integrados o que significa que as variaes nos estoques podem ser totalmente explicadas pelos fluxos. Em outras palavras, a relao S1 = S0 + F vlida para cada estoque, onde S0 e S1 representam os valores de um estoque especfico no incio e no final de um perodo contbil, respectivamente, e F representa o valor lquido de todos os fluxos do perodo que afetaram o referido estoque.

08.03.01.01 TIPOS DE FLUXOS 1.Transaes Uma transao uma interao entre duas unidades institucionais por mtuo acordo ou uma ao dentro de uma unidade cujos efeitos analticos devem ser tratados como transao e podem ser em dinheiro ou espcie. Acordo mtuo significa que houve conhecimento e consentimento prvios por parte das unidades, mas no que ambas as unidades entraram na transao voluntariamente. Algumas transaes so impostas em virtude de lei, como o pagamento de impostos. Embora as unidades individuais no sejam livres para fixar os valores dos impostos que pagam, h da parte da comunidade reconhecimento e aceitao coletiva da obrigao de pagar impostos. Assim, pagamentos de impostos so considerados transaes, apesar de ser compulsrios. Semelhantemente, as medidas necessrias para cumprir decises judiciais ou administrativas podem no ser tomadas voluntariamente, mas so tomadas com conhecimento e consentimento prvios das partes envolvidas. Embora a maioria das transaes ocorra entre duas unidades, h casos nos quais a mesma unidade funciona em dois diferentes segmentos econmicos e, para efeitos analticos, convm tratar esses atos como uma transao. Nesse caso, denomina-se transao interna. Por exemplo, uma unidade proprietria de um ativo fixo, como um

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edifcio, atua como consumidora dos servios do ativo e como proprietria do ativo fixo que proporciona esses servios. Esta interpretao permite registrar a transao como consumo de capital fixo, que uma importante categoria de gasto e causa de variao do valor dos ativos de propriedade do governo. Muitas transaes que envolvem bens so tambm transaes internas. Todas as transaes so permutas de bens de igual valor ou transferncias de bens de uma unidade a outra. Uma transao uma troca/permuta quando uma unidade doa um bem, um servio, um ativo ou mo de obra a uma segunda unidade e recebe uma contraprestao de mesmo valor. A remunerao de empregados, a compra de bens e servios, os juros, a venda de um edifcio e a emisso de bnus so permutas. Todas as transaes no expressas monetariamente devem receber um valor monetrio, j que o MEFP 2001 trabalha exclusivamente com fluxos e estoques monetrios. A permuta, a gratificao de honorrios em espcie e outros pagamentos em espcie, assim como a transferncia em espcie, so exemplos tpicos de transaes no monetrias das unidades de governo. 2. Outros Fluxos Econmicos Outro fluxo econmico uma variao no volume ou valor de um ativo ou passivo que no resulta de uma transao. As variaes de volume so descritas como outras variaes do volume de ativos ou, mais simplesmente, outras variaes de volume, e variaes de valor so descritas como ganhos e perdas por valorao. Em todo caso, uma referncia a uma variao do volume ou valor de um ativo refere-se tambm a uma variao do passivo, conforme o caso.

08.03.01.02 REGRAS CONTBEIS As regras contbeis para o registro dos fluxos e dos estoques no MEFP 2001 tm por objetivo assegurar que os dados gerados pelo sistema se ajustem s normas aceitas para compilao de estatsticas econmicas. Desta forma, existem mais semelhanas entre essas regras e as que aplicam s empresas e governos em suas atividades econmicas financeiras do que diferenas conceituais. Por exemplo, no Manual , todos os ativos e passivos so avaliados a preos de mercado corrente e no ao custo histrico; as vendas de bens e servios registram-se pelo valor bruto e no se deduz o custo dos bens vendidos; e as unidades de capital aberto que se dedicam produo mercantil se contabilizam como investimentos e no por equivalncia patrimonial. 1. Sistema Contbil O MEFP 2001 utiliza a contabilidade praticada pela maioria dos pases, ou seja, a de partidas dobradas. Assim, a contabilidade pblica brasileira deve estar alinhada a praticada internacionalmente, observando as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pblico, o que no caso brasileiro remete ao processo de convergncia s Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pblico. O MEFP 2001 utiliza o regime de competncia para determinar em que momento se registra os fluxos. Com este mtodo, os fluxos se registram quando se cria, transforma,

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troca, transfere ou extingue o valor econmico. Resumindo, os efeitos dos eventos econmicos se registram no perodo em que ocorrem, independentemente de ter-se efetuado ou estar pendente a cobrana ou o pagamento efetivo. A utilizao desse critrio procura adequar plenamente o momento do registro com o modo pelo qual se definem as atividades econmicas e outros fluxos. Assim se capta automaticamente qualquer acumulao de atrasos na forma de obrigaes vencidas mas ainda no pagas. 2. Avaliao O Manual EFP 2001 estabelece que todos os fluxos e estoques se avaliam a preos correntes de mercado. Os fluxos devero avaliar-se pelos preos vigentes na data em que se registram. Os estoques devem ser avaliados pelos preos vigentes data de encerramento do balano. 3. Registro Bruto e Lquido de Fluxos e Estoques Os fluxos e os estoques podem ser apresentados em valores brutos e lquidos. As opes que o MEFP 2001 utiliza so as seguintes: As categorias de receita e despesa se demonstram em termos brutos, com a exceo de retificaes, dedues e devolues como os reembolsos; As aquisies e vendas de ativos no financeiros distintos de imveis se representam em termos brutos; As aquisies e vendas de ativos financeiros e imveis se representam em termos lquidos; Os outros fluxos econmicos se demonstram em termos lquidos; Os saldos de ativos no financeiros se demonstram deduzindo o consumo de capital fixo, os ganhos e perdas de valorao, a depreciao, amortizao e exausto e outras variaes ocorridas no perodo, ou seja, so avaliados a preos de mercado; e Os saldos de ativos e passivos financeiros so demonstrados deduzindo os ganhos e perdas de valorao e outras variaes ocorridas no perodo, ou seja, so avaliados a preos correntes de mercado. 4. Consolidao O processo de consolidao um mtodo de apresentao das estatsticas de um conjunto de unidades que se configura como uma nica unidade, pois envolve a eliminao de todas as transaes e as relaes devedor-credor que ocorrem entre as unidades envolvidas. No sistema de EFP, os dados apresentados referentes a um grupo de unidades normalmente so consolidados. Em particular, as estatsticas do setor de governo geral e de cada um de seus subsetores so apresentadas de modo consolidado. Se em dada apresentao so includas unidades do setor pblico, os dados das corporaes pblicas devem ser apresentados de duas maneiras: como um setor

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separado e juntamente com as unidades de governo geral. Em ambos os casos, as estatsticas devem ser apresentadas de maneira consolidada dentro de cada grupo. 5. Ativo ou Passivo Contingente Contingncias so condies ou situaes que podem afetar o desempenho ou posio financeira do setor de governo geral, dependendo da ocorrncia ou no de um ou mais eventos futuros. Por exemplo, uma garantia de emprstimo dada por uma unidade de governo geral pode resultar em despesa se o devedor ficar inadimplente, mas no possvel saber se a despesa ser incorrida ou, se incorrida, qual ser o seu valor at que ocorra a inadimplncia ou o emprstimo seja totalmente pago. Este manual segue o SCN 1993 ao no tratar quaisquer contingncias como ativos ou passivos financeiros, uma vez que no so direitos ou obrigaes incondicionais. Todavia, as contingncias, especialmente se tiverem alta probabilidade de resultar em despesa, podem ser particularmente significativas para o setor de governo geral e para o setor pblico. Devem-se registrar como partidas informativas as informaes agregadas sobre todas as contingncias importantes. Alm do valor bruto da possvel receita ou despesa, devem ser apresentadas as estimativas da receita ou despesa esperada. Essa posio relativamente diferente dos padres de contabilidade financeira, que reconhecem passivos contingentes quando provvel que eventos futuros confirmem a deteriorao de um ativo ou o incorrimento de um passivo e o seu valor possa ser razoavelmente estimado. Quando uma contingncia reconhecida como passivo de uma unidade do governo geral, registra-se um fluxo com despesa e um aumento do passivo.

08.03.02 REGRAS GERAIS APLICADAS AO GOVERNO GERAL BRASILEIRO 08.03.02.01 REGRAS CONTBEIS No caso brasileiro, as estatsticas fiscais sero elaboradas observando-se o critrio de caixa para as receitas e o de competncia para as despesas pblicas, configurando-se em um regime de competncia modificada. Tal fato decorre da legislao brasileira que estabelece para as finanas pblicas dos entes federados o regime de caixa para as receitas e de competncia para as despesas. No caso brasileiro, em funo da particularidade da legislao que permite que empenhos em fase de liquidao sejam classificados como despesa do exerccio financeiro do oramento, conforme o art. 36 da Lei no 4.320/643, torna-se necessrio efetuar tratamento de ajuste, excluindo-se esses valores para melhor adequao conceitual. Portanto, as estatsticas elaboradas para um dado exerccio devem excluir os empenhos inscritos em restos a pagar no processados no prprio exerccio e considerar o valor dos empenhos inscritos em restos a pagar no processados em anos anteriores, cuja liquidao tenha se efetivado no exerccio financeiro a que se referem as estatsticas. Assim, no se subestima o valor da despesa especialmente os investimentos pblicos e, ao mesmo tempo, preserva-se a coerncia tcnica em relao ao conceito de competncia. importante esclarecer que os demais3

Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas no pagas at o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das no processadas.

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reflexos contbeis decorrentes da inscrio dos empenhos no exerccio devem ser quantificados e excludos. No caso do Governo Central, esse procedimento ser efetivado pela sistematizao metodolgica do Projeto de EFP 2001, no Siafi. Caber STN definir as regras contbeis que viabilizaro a estatstica fiscal sem o valor dos empenhos dos restos a pagar no processados inscritos no exerccio financeiro da estatstica e da incluso dos valores dos empenhos inscritos em anos anteriores e liquidados no exerccio. Para os entes subnacionais, assim como para o Governo Central , considerado o regime de caixa para as receitas e de competncia para as despesas. At o ano de 2008, o Quadro dos Dados Contbeis Consolidados (QDCC) apresentava somente as informaes de despesas oramentrias empenhadas (equivalentes ao somatrio das despesas liquidadas e restos a pagar no processados). A partir de 2009 o quadro passou a ser composto pelas despesas empenhadas, liquidadas e pagas. 1. Avaliao No mbito da administrao direta da Unio, dos Estados, DF e Municpios, os ativos no financeiros no so avaliados, ao passo que o MEFP recomenda avaliao a preos de mercado. Por outro lado, os ativos classificados como bens de uso geral e ativos de subsolo de valor econmico no so contabilizados e no constam nas estatsticas elaboradas a partir da contabilidade pblica atual. O projeto de modernizao e conformao da contabilidade pblica brasileira aos padres internacionais da contabilidade patrimonial aplicados ao setor pblico tem como objetivo a introduo desses conceitos na contabilidade pblica brasileira. Para tanto, o processo em curso prope regras e padres compatveis s normas internacionais que devero ser observadas por todos os entes federados. Prope tambm um Plano de Contas nico aplicado ao Setor Pblico PCASP4, em processo de elaborao e com prazo de adoo, pela Federao, at o exerccio financeiro de 2014, conforme cronograma estabelecido na Portaria STN no 751, de 16/12/2009. Desta forma, a apurao do valor contbil de ativos no financeiros a preos de mercado na contabilidade pblica observar o calendrio de adoo da contabilidade pblica patrimonial a ser executado pelo rgo central de contabilidade da Unio (STN). Neste propsito, o Plano de Contas nico definir os conceitos e respectivas contas contbeis de depreciao, exausto, amortizao, reavaliao e reduo ao valor recupervel dos ativos, como tambm os procedimentos referentes contabilizao dos bens pblicos de uso comum mensurveis. Este projeto demandar integrao e coordenao harmonizada com a Secretaria de Patrimnio da Unio (SPU), gestora do Sistema de Gerenciamento dos Imveis de Uso Especial da Unio (SPIUNET) e responsvel pela regulao do cadastro de bens imveis. No caso dos Estados, DF e Municpios, dever haver tambm integrao dos sistemas de informao geridos pelos agentes responsveis tanto da contabilidade pblica como do controle patrimonial do ente poltico.4

Neste caso, entende-se por Setor Pblico o conjunto dos rgos e entidades da administrao direta e indireta, como as autarquias, fundaes e empresas pblicas dependentes.

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2. Estoques5 Os estoques devem ser considerados pelo uso efetivo e para tanto fundamental a integrao dos sistemas paralelos, o que ainda no factvel na maioria dos entes pblicos. Desta forma, faz-se necessrio criar frmula que permita mensurar o uso do estoque para o exerccio financeiro. Tambm neste caso, as regras definidas para o valor do estoque de uso efetivo no exerccio financeiro constaro do Balano Patrimonial6. Basicamente ser utilizada a informao do estoque inicial e final, mensurando o fluxo ou uso efetivo do exerccio financeiro. 3. Consumo de Capital Fixo (CCF) Foram consideradas as informaes contabilizadas como depreciao, exausto e amortizao. No entanto, o conceito de consumo de capital fixo ainda no est disseminado na contabilidade pblica brasileira devido a pouca aderncia contabilidade patrimonial no mbito da administrao pblica, o que resulta em informaes no abrangentes e pouco representativas. Efetivamente, apenas as entidades da administrao indireta que atendem concomitantemente as Leis nos 4.320/64 e 6.404/76 observam este fundamento. Desta forma, somente aps a reestruturao contbil em curso no mbito da administrao pblica, em conformidade s normas internacionais da contabilidade para o setor pblico que ser factvel a identificao adequada e coerente do valor do CCF7 em toda a administrao pblica. 4. Dvida Ativa Dado que o valor dos estoques desse ativo so relevantes nas contas pblicas e que a realizao da receita de dvida ativa tem histrico pouco representativo em relao ao valor do estoque contabilizado, torna-se necessrio efetuar tratamento estatstico, procedendo a excluso do valor correspondente e as respectivas variaes e inform-lo como partida informativa. No entanto, as receitas de dvida ativa so consideradas no cmputo das estatsticas. Esse o tratamento atual, mas a partir da adoo da contabilidade patrimonial passar a ser considerado o estoque lquido contabilizado. 5. Balano Geral da Unio (BGU) As informaes estatsticas elaboradas so consistentes com os dados do Balano Geral da Unio. No entanto, constatam-se divergncias de foco e conceitos devido abordagem e o objetivo de cada estatstica que so diferentes e atendem distintos usurios. 6. Consolidao

5

No Manual de Estatstica de Finanas Pblicas 2001, traduzido para o portugus e em processo de reviso, utilizou-se o termo existncia para diferenciar do termo estoque utilizado para o saldo da dvida. 6 No caso do Governo Central ser criada a sistematizao para o clculo do uso efetivo do estoque no Siafi, a partir do Projeto EFP 2001. 7 At a completa implantao da contabilidade patrimonial na administrao pblica, a metodologia para clculo do CCF ser a mesma observada pelo IBGE na elaborao das estatsticas das contas nacionais.

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Inicialmente, as estatsticas fiscais no mbito da Federao sero submetidas a agregao, uma vez que no ser factvel proceder ao tratamento metodolgico de consolidao. As estatsticas fiscais do Governo Geral (GG) e do Setor Pblico classificar-se-o como agregados estatsticos at que os sistemas estejam todos implantados e possibilitem o tratamento de consolidao8.

08.03.02.02 PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PBLICO PCASP O Governo Federal realizou importantes aes para o processo de convergncia da contabilidade pblica aos padres internacionais. Foi publicada a Portaria MF no 184, de 25 de agosto de 2008, que dispe sobre as diretrizes a ser observadas pelos entes pblicos quanto aos procedimentos, prticas, elaborao e divulgao das demonstraes contbeis, de modo a conform-los s Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pblico (NIC-SP). A citada Portaria atribuiu STN um novo desafio diante da internacionalizao das regras de contabilidade: a responsabilidade de identificar as necessidades de convergncia, editar normativos, manuais, instrues de procedimentos contbeis e o Plano de Contas Nacional, objetivando a elaborao e publicao de demonstraes contbeis consolidadas, em consonncia com os pronunciamentos da Federao Internacional de Contadores e s normas do Conselho Federal de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pblico. Assim, com o objetivo de uniformizar as prticas contbeis, foi publicada a Portaria n 467, de 6 de agosto de 2009, que aprova o Plano de Contas Aplicado ao Setor Pblico (PCASP), volume V do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico. Esse volume aborda os aspectos relacionados ao Plano de Contas, padronizando-o nacionalmente, adequando-o aos dispositivos legais vigentes, aos padres internacionais de Contabilidade do Setor Pblico e s regras e procedimentos de Estatsticas de Finanas Pblicas reconhecidas por organismos internacionais.

8

No GC foram consideradas as regras de consolidao existentes e disponveis no Siafi, embora se reconhea que parte das informaes a serem consolidadas no o foram efetivamente.

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08.04.00 ARCABOUO ANALTICO DO MEFP 2001O governo e suas corporaes pblicas9 realizam inmeras transaes. O arcabouo das estatsticas de finanas pblicas delineado para facilitar a anlise macroeconmica. Embora haja claramente uma relao estreita entre os dados contbeis e as estatsticas econmicas, eles no atendem aos mesmos objetivos e podem divergir no tratamento de partidas especficas. Tradicionalmente, os governos tm mantido suas contas sob o regime de caixa. Isso se reflete no arcabouo analtico do MEFP 1986. A incluso de receitas e gastos somente em regime de caixa tem a vantagem de concentrar a ateno do governo em sua restrio financeira, que tradicionalmente vista como sua prioridade mais limitadora. Contudo, os governos tm encontrado menos restrio de liquidez na execuo de suas polticas fiscais e aderido mais noo de separar o momento do ato fiscal do momento de seu pagamento de modo que as transaes de caixa no captem adequadamente nem a cronologia da ao e nem seu efeito sobre a economia. Em consequncia, tem crescido a necessidade de dados no disponveis nas transaes de caixa como base para a avaliao de polticas fiscais. Tambm est em curso uma transio mundial rumo a uma contabilidade patrimonial.

08.04.01 OBJETIVOS ANALTICOS O sistema de EFP um instrumento quantitativo de apoio anlise fiscal. Para que seja possvel a anlise efetiva da poltica fiscal, as estatsticas geradas pelo sistema tm que facilitar a identificao, mensurao, monitoramento e avaliao do efeito das polticas econmicas e outras atividades do governo sobre a economia, bem como da sustentabilidade dessas polticas e atividades. Para o cumprimento dos objetivos analticos, o arcabouo analtico das EFP deve produzir dados que (1) estejam estreitamente ligados a outros sistemas estatsticos macroeconmicos (contas nacionais, balano de pagamentos e estatsticas monetrias e financeiras) e, (2) permitam ao analista a avaliao da solidez financeira do setor de governo geral segundo critrios geralmente aplicados a outras organizaes da economia.

08.04.01.01 COMPONENTES E CONCEITOS DO ARCABOUO ANALTICO O ncleo do arcabouo analtico um conjunto de quatro demonstrativos financeiros. Trs dos demonstrativos podem ser combinados para demonstrar que toda a variao dos estoques resulta dos fluxos. So: (4.2) o Demonstrativo de Operaes do Governo; (4.4) o Demonstrativo de Outros Fluxos Econmicos; e (4.5) o Balano Patrimonial10. Alm disso, o arcabouo inclui um Demonstrativo de Fontes e Usos de Caixa que fornece informaes essenciais sobre liquidez.9

No caso brasileiro, consideram-se as empresas pblicas e as sociedades de economia mista com controle governamental. 10 No caso brasileiro, a opo foi pelo uso do termo Balano Patrimonial por ser a traduo mais adequada da expresso Balance Sheet utilizada na verso em ingls do MEFP 2001.

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O Demonstrativo de Operaes do Governo um resumo das transaes do setor de governo geral em dado perodo contbil. Essencialmente, as transaes representam variaes em saldos que se originam de interaes mutuamente aceitas entre unidades institucionais, tais como a venda de um bem ou servio por uma unidade e sua compra por outra. O arcabouo tambm reconhece que uma unidade pode agir em dois papis de interesse econmico e inclui entre as transaes algumas partidas que no envolvem outra unidade institucional. Por exemplo, o consumo de capital fixo reconhece que uma unidade , ao mesmo tempo, a titular do ativo fixo e a consumidora dos servios por ele prestados. Em seu conjunto, as transaes respondem pela maior parte da execuo da poltica fiscal. Conforme descrito na seo seguinte, as transaes so classificadas de modo a demonstrar os efeitos da poltica fiscal sobre o patrimnio lquido do setor de governo geral, sua demanda por crdito e seus acervos de ativos e passivos. O Demonstrativo de Outros Fluxos Econmicos tabula as variaes dos estoques de ativos, passivos e patrimnio lquido resultantes de fontes distintas de transaes. Mais especificamente, os ganhos de valorao11 representam variaes de estoques decorrentes de movimentos de preo, inclusive variaes da taxa de cmbio. As outras variaes do volume de ativos referem-se a variaes de estoques decorrentes de eventos como a descoberta de novos ativos (ex.: jazidas minerais) e exausto ou destruio de ativos (ex.: esgotamento de jazidas minerais). Quadro 08.04.01.01.1-Arcabouo Analtico do Manual EFP 2001FluxosDemonstrativo de Operaes do Governo Estoques Receita menos DespesaIgual a

Demonstrativo de Outros Fluxos Econmicos Estoques

Balano de Abertura

Balano de Encerramento

Patrimnio lquido

Variao do patrimnio lquido devida a transaes

Variao do patrimnio lquido devida a outros fluxos econmicos

Patrimnio lquido

Igual a

Igual a

Igual aGanhos de valorao e outras variaes do volume de ativos no f inanceiros

Igual a

Ativos no f inanceiros

Transaes com ativos no f inanceiros

Ativos no f inanceiros

Mais

Mais

Mais

Mais

Patrimnio financeiro lquido

+

Emprstimo/ endividamento lquido

+

Variao do patrimnio financeiro lquido devida a outros fluxos econmicos

=

Patrimnio financeiro lquido

Igual a

Igual a

Igual a

Igual a

Ativos f inanceiros

Transaes com ativos f inanceiros

Ganhos de valorao e outras variaes do volume de ativos financeiros

Ativos f inanceiros

Menos

Menos

Menos

Menos

Passivos

Transaes com passivos

Ganhos de valorao e outras variaes do volume de passivos

Passivos

11

Ganhos de valorao usado como abreviao do termo mais geral ganhos e perdas de valorao.

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O Balano Patrimonial registra os estoques de ativos, passivos e patrimnio lquido do setor de governo geral ao trmino de cada perodo contbil. Ao desmembrar o ativo total e o passivo total em seus componentes e estabelecer as fontes de suas variaes de um perodo a outro em termos de transaes e outros fluxos econmicos conforme definido acima, o arcabouo oferece uma explicao estatstica slida dos fatores responsveis pela variao no patrimnio lquido do governo. O Demonstrativo de Fontes e Uso de Caixa (08.04.01.01.3) registra as entradas e sadas de caixa, utilizando uma classificao semelhante do Demonstrativo de Operaes do Governo. O Demonstrativo de Operaes do Governo (Quadro 08.04.01.01.2) apresenta detalhes de transaes com receita, despesa, aquisio lquida de ativos no financeiros, aquisio lquida de ativos financeiros e incorrimento lquido de passivos. A receita definida como o aumento de patrimnio lquido resultante de transaes e a despesa como a reduo de patrimnio lquido resultante de transaes. A aquisio lquida de ativos no financeiros igual a formao bruta de capital fixo menos consumo de capital fixo mais variaes de estoques e transaes com outros ativos no financeiros. Quadro 08.04.01.01.2 Demonstrativo de Operaes de GovernoTRANSAES QUE AFETAM O PATRIMNIO LQUIDO: RECEITAS Impostos Contribuies sociais Transferncias Outras Receitas DESPESAS Remunerao dos empregados Uso de bens e servios Consumo de Capital Fixo Juros Subsdios Transferncias Benefcios Sociais Outras Despesas RESULTADO OPERATIVO LQUIDO/BRUTO/ 1 TRANSAES EM ATIVOS NO FINANCEIROS: AQUISIO LQUIDA DE ATIVOS NO-FINANCEIROS/ 2 Ativos fixos Variao de estoques Objetos de valor Ativos no produzidos EMPRSTIMOS/ENDIVIDAMENTO LQUIDO/ 3 TRANSAES EM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS (FINANCIAMENTO): AQUISIO LQUIDA EM ATIVOS FINANCEIROS Internos Externos INCORRIMENTO DE PASSIVOS LQUIDOS Internos Externos /1 O resultado operativo lquido igual a receitas menos despesas. O resultado operativo lquido igual a receitas menos despesas excludo o consumo de capital fixo. /2 Aqusio menos disposio menos consumo de capital fixo /3 Emprstimo menos endividamento lquido igual ao resultado operativo lquido menos a aquisio lquida de ativos no financeiros. Tambm igual a aquisio lquida de ativos financeiros menos o incorrimento de passivos lquidos.

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Dois importantes resultados analticos derivam do Demonstrativo de Operaes do Governo. Receita menos despesa igual a resultado operacional lquido. A deduo subsequente da aquisio lquida de ativos no financeiros resulta no emprstimo (+)/endividamento (-) lquido, que tambm igual ao resultado lquido das transaes com ativos e passivos financeiras. O resultado operacional lquido um indicador sinttico da sustentabilidade corrente das operaes do governo. comparvel ao conceito de poupana mais transferncias de capital lquidas a receber utilizado na contabilidade nacional. Deve-se notar que o resultado operacional lquido (e a variao equivalente do patrimnio lquido devida a transaes), tal como definido aqui, exclui ganhos e perdas resultantes de variaes dos nveis de preo e outras variaes do volume de ativos. O componente da variao no patrimnio lquido devida a transaes pode ser atribudo diretamente s polticas governamentais, considerando-se que os governos tm controle sobre suas transaes. O mesmo no pode ser dito a respeito dos demais componentes da variao total do patrimnio lquido (outros fluxos econmicos), pois os governos no os controlam diretamente. O emprstimo (+)/endividamento (-) lquido um indicador sinttico que revela a medida em que o governo coloca recursos financeiros disposio de outros setores da economia ou utiliza os recursos financeiros gerados por outros setores. Pode, portanto, ser visto como indicador do efeito financeiro da atividade governamental sobre o resto da economia. Difere do conceito de emprstimo/endividamento lquido do SCN 1993 no caso em que o governo mantiver um regime de aposentadoria no financiado para seus empregados. No sistema de EFP, o valor presente das obrigaes de pagar benefcios de aposentadoria reconhecido como passivo, ao passo que no SCN 1993 isso no ocorre. O resultado operacional bruto difere do resultado operacional lquido por no incluir o consumo de capital fixo como despesa. O consumo de capital fixo, na prtica, pode ser difcil de medir e h casos em que no possvel uma estimativa satisfatria. Nessas condies, o resultado operacional bruto pode ser mais prtico para a anlise do que o resultado operacional lquido. O resultado operacional lquido, contudo capta todos os custos correntes de operaes governamentais. 1. Operaes de Caixa do Governo As informaes a respeito das fontes e dos usos de caixa so importantes para se avaliar a liquidez do setor governo geral. O Demonstrativo de Fontes e Usos de Caixa (Quadro 08.04.01.01.3) evidencia a quantia total de caixa gerada ou absorvida por (1) operaes correntes; (2) transaes com ativos no financeiros; e (3) transaes envolvendo ativos e passivos financeiros distintos do prprio caixa. A variao lquida da posio de caixa do governo a soma da caixa lquida recebida dessas trs fontes. A disponibilidade de caixa a soma do disponvel e de equivalentes. O efetivo disponvel se refere ao caixa e bancos e aos depsitos vista em instituies financeiras. Os equivalentes so investimentos financeiros de alta liquidez que podem ser convertidos facilmente em disponvel como opo do governo e os recursos de outras disponibilidades considerados parte integrante da administrao do caixa.

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A diferena entre o demonstrativo de operaes do governo, elaborado no conceito de competncia, e o demonstrativo de fontes e usos de caixa, elaborado no conceito de caixa, que neste as transaes se registram no momento do recebimento da receita ou pagamento da despesa. Dessa forma, transaes liquidadas com pagamento futuro no so captadas neste demonstrativo. Transaes como o consumo de capital fixo, transaes imputadas, trocas e outras transaes em espcie so transaes no monetrias. QUADRO 08.04.01.01.3 DEMONSTRATIVO DE FONTES E USOS DE CAIXAFLUXO DE CAIXA POR ATIVIDADES OPERATIVAS: ENTRADA DE CAIXA POR ATIVIDADES OPERATIVAS Impostos Contribuies sociais Transferncias Outras Receitas SADA DE CAIXA POR ATIVIDADES OPERATIVAS Remunerao dos empregados Uso de bens e servios Consumo de Capital Fixo Juros Subsdios Transferncias Benefcios Sociais Outras Despesas ENTRADA LQUIDA DE CAIXA POR ATIVIDADES OPERATIVAS FLUXO DE CAIXA POR INVESTIMENTO EM ATIVOS NO FINANCEIROS: COMPRA DE ATIVOS NO-FINANCEIROS Ativos fixos Variao de estoques Objetos de valor Ativos no produzidos VENDA DE ATIVOS NO-FINANCEIROS Ativos fixos Variao de estoques Objetos de valor Ativos no produzidos SADA LQUIDA DE CAIXA POR INVESTIMENTO EM ATIVOS NO FINANCEIROS SUPERVIT/DFICIT DE CAIXA /1 FLUXO DE CAIXA POR ATIVIDADE DE FINANCIAMENTO: AQUISIO LQUIDA EM ATIVOS FINANCEIROS, EXCLUDO CAIXA Internos Externos INCORRIMENTO DE PASSIVOS LQUIDOS Internos Externos ENTRADA LQUIDA DE CAIXA POR ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO VARIAO LQUIDA POR GANHO DE CAIXA/2 /1 Entrada lquda de caixa por atividades operativas menos sada lquida de caixa por investmento de ativos no financeiros /2 Supervit/dficit de caixa mais entrada lquida de efetivo por atividades de financiamento.

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2. Demonstrativo de Outros Fluxos Econmicos O Quadro 08.04.01.01.4 apresenta os efeitos sobre o patrimnio lquido do governo que no so resultado de transaes governamentais. Eles so classificados como variaes do valor ou do volume de ativos, passivos e patrimnio lquido. A partida de resultado desse demonstrativo a variao de patrimnio lquido devida a outros fluxos econmicos. QUADRO 08.04.01.01.4 DEMONSTRATIVO DE OUTROS FLUXOS ECONMICOSEstado de outros fluxos econmicos Variao no Patrimnio Lquido como Resultado de Outros Fluxos EconmicosATIVOS NO FINANCEIROS Ganhos e Perdas por Valorao Outras Variaes de Volume ATIVOS FINANCEIROS Ganhos e Perdas por Valorao Outras Variaes de Volume PASSIVOS Ganhos e Perdas por Valorao Outras Variaes de Volume

3. Balano Patrimonial O Balano Patrimonial apresentado no Quadro 08.04.01.01.5. Ele demonstra os estoques de ativos e passivos no fim do perodo contbil. Tambm inclui o patrimnio lquido, definido como ativo total menos passivo total. A variao do patrimnio lquido a medida preferida para a avaliao da sustentabilidade das atividades fiscais. Pode ser difcil atribuir valores de mercado a alguns ativos no financeiros do governo e certas anlises concentram-se apenas nos ativos financeiros do setor governo geral e no em seus ativos totais. Em consequncia, o patrimnio financeiro lquido, tambm demonstrado no Quadro 08.04.01.01.5, definido como ativo financeiro total menos passivo total.

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QUADRO 08.04.01.01.5 BALANO PATRIMONIALBalano de Abertura Patrimnio Lquido ATIVOS NO FINANCEIROS Ativos Fixos Estoques Objetos de Valor Ativos No Produzidos ATIVOS FINANCEIROS Internos Moeda e Depsitos Valores Distintos de Aes Emprstimos Aes e Outras Participaes de Capital Reservas Tcnicas de Seguro Derivativos Financeiros Outras Contas a Receber Externos Moeda e Depsitos Valores Distintos de Aes Emprstimos Aes e Outras Participaes de Capital Reservas Tcnicas de Seguro Derivativos Financeiros Outras Contas a Receber Ouro Monetrio e DES PASSIVOS Internos Moeda e Depsitos Valores Distintos de Aes Emprstimos Aes e Outras Participaes de Capital Reservas Tcnicas de Seguro Derivativos Financeiros Outras Contas a Pagar Externos Moeda e Depsitos Valores Distintos de Aes Emprstimos Aes e Outras Participaes de Capital Reservas Tcnicas de Seguro Derivativos Financeiros Outras Contas a Pagar Balano de Encerramento

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08.04.01.02 INDICADORES SINTTICOS ADICIONAIS DA POLTICA FISCAL Para a anlise macroeconmica, os indicadores de poltica fiscal abrangem os trs principais resultados do sistema de EFP, outros resultados usados por diversas instituies (inclusive o FMI) e outros indicadores macroeconmicos importantes de fluxos e estoques. Essas variveis podem ser aplicadas a diferentes nveis de governo, ao setor de governo geral ou ao setor pblico. 1. Principais Resultados de Estatsticas de Finanas Pblicas Resultado operacional lquido igual a receita menos despesa. O resultado operacional bruto igual a receita menos despesa distinta do consumo de capital fixo. Emprstimo/endividamento lquido igual a resultado operacional lquido menos aquisio lquida de ativos no financeiros (ou resultado operacional bruto menos aquisio lquida de ativos no financeiros, excludo tambm o consumo de capital fixo). O emprstimo/endividamento lquido tambm igual a aquisio lquida de ativos financeiros menos aumento lquido de passivos. Supervit/dficit de caixa representado pela entrada lquida de caixa por atividades operacionais menos sada lquida de caixa por investimentos em ativos no financeiros. Resultado fiscal global o emprstimo/endividamento lquido ajustado mediante reordenamento das transaes com ativos e passivos que se consideram realizadas para fins de poltica pblica. Em particular, todos os ingressos oriundos de privatizaes (inclusive vendas de ativos fixos) so includos como partidas financeiras, e os subsdios concedidos sob a forma de emprstimos so reconhecidos como despesa12. Resultado fiscal global ajustado o resultado fiscal global (ou emprstimo/endividamento lquido) ajustado para excluir, em parte ou no todo, as receitas de doaes, determinadas atividades de encraves como o setor petroleiro, e/ou transaes volumosas e ocasionais, que possam distorcer a anlise fiscal. Resultado primrio global igual a resultado fiscal global mais despesa de juros lquida. Resultado operacional primrio igual a resultado operacional lquido mais despesa de juros lquida. Poupana bruta igual a resultado operacional bruto menos transferncias de capital lquidas a receber, inclusive doaes de capital lquidas e impostos sobre o capital (cdigos de EFP 1113 e 1135). 2. Outras Variveis Macroeconmicas: Carga fiscal igual a receita tributria mais contribuies compulsrias seguridade social (em porcentagem do PIB).12

O resultado operacional lquido, o supervit/dficit de caixa e os outros resultados podem ser ajustados da mesma forma.

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Gasto total igual a despesa mais aquisio lquida de ativos no financeiros (excludos os objetos de valor, se possvel). Composio do gasto total a desagregao do gasto total de acordo com a classificao funcional. Gasto de consumo final do governo estimado pela remunerao dos empregados, mais o uso de bens e servios, mais o consumo de capital fixo, menos as vendas de bens e servios, mais as compras para transferncia direta a famlias (principalmente benefcios sociais em espcie). Investimento bruto igual a aquisio menos alienao de ativos no financeiros (excludos os objetos de valor, se possvel). Riqueza e Dvida: Posio de riqueza lquida o patrimnio lquido, que igual ao estoque total de ativos menos passivos. Posio de riqueza financeira lquida igual a estoque total de ativos financeiros menos passivos financeiros. Posio de dvida bruta o estoque de todos os passivos, exceto as aes e outras participaes de capital e os derivativos financeiros. Passivos contingentes so representados pelo estoque de garantias explcitas do governo (setor pblico) mais o valor presente lquido das obrigaes dos planos de previdncia social.

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08.05.00 RECEITAS08.05.01 RECEITAS E SEUS COMPONENTES NO MEFP 2001 Para o MEFP 2001 toda receita (1)13 um aumento do Patrimnio Lquido (PL) decorrente de uma transao. Para as unidades de governo as quatro principais fontes de receita so: os impostos e outras transferncias obrigatrias impostas pelas unidades de governo; as rendas derivadas dos ativos (receitas patrimoniais); as vendas de bens e servios; e as transferncias voluntrias recebidas de outras unidades. As receitas so consideradas pelo valor lquido das dedues e retificaes. As devolues e/ou retificaes da receita reduzem ou corrigem o patrimnio lquido e classificam-se como receita negativa. A receita tributria decorre de uma transferncia obrigatria dos demais setores da economia ao setor de governo geral. Multas e sanes pecunirias no decorrentes de impostos e a maioria das contribuies previdncia social no se classificam como receita tributria. As demais receitas se classificam nas categorias identificadas como contribuies sociais, transferncias, receitas patrimoniais, vendas de bens e servios e outras receitas. As contribuies sociais so receitas efetivas ou presumidas provenientes de empregadores em proveito dos empregados, trabalhadores autnomos e no empregados em seu prprio proveito, com o fim de garantir direito a benefcios sociais aos contribuintes, seus dependentes ou sobreviventes. As transferncias14 so repasses voluntrios que as unidades de governo recebem de outras unidades de governo ou de organizaes internacionais. As doaes classificamse como correntes e de capital e podem ser recebidas em dinheiro e em espcie. As receitas patrimoniais so receitas decorrentes de ativos financeiros e de ativos no produzidos disposio de outras unidades. As principais receitas so os juros, dividendos e aluguis de ativos no produzidos. As vendas de bens e servios incluem vendas de estabelecimentos mercantis, as taxas administrativas, as vendas ocasionais por estabelecimentos no mercantis e as vendas presumidas de bens e servios. As vendas de bens e servios so registradas pelo valor bruto, ou seja, sem a deduo do custo de produo. Tambm so consideradas receitas no tributrias as multas, sanes pecunirias, depsitos em cauo transferidos, indenizaes provenientes de decises judiciais, transferncias voluntrias distintas de doaes15 e vendas de bens existentes, incluindo artigos militares usados.

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Dgito inicial indicativo para a classificao do MEFP 2001. No MEFP 2001 o termo utilizado Doaes, embora a opo deste Demonstrativo de Estatsticas de Finanas Pblicas Aplicado ao Setor Pblico seja pelo termo Transferncias por guardar maior coerncia com a legislao brasileira. 15 No DEFP o termo utilizado para essa categoria Doaes.

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A venda de ativo no financeiro que no integre o estoque 16 no afeta o Patrimnio Lquido e no constitui receita e sim transao com ativo no financeiro. A anlise fiscal utiliza o conceito de carga fiscal, que representa o valor das transferncias obrigatrias impostas pelas unidades do setor de