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Manual de Forja Artistica

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Índice

1. Histórico de Santana de Parnaíba

2. Ferragens no Período Colonial

3. Forja Artística 3.1 Introdução

3.2 Ferramentas

3.3 Diferenças entre Forja e Serralheria

3.4 Equipamentos de Segurança

4. Forja Artística no POEAO – Santana de Parnaíba

4.1 Ferragens Encontradas no Centro Histórico

5. Referências

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1. Histórico de Santana de Parnaíba

Santana de Parnaíba nasceu às margens do rio Tietê, durante a administração de Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil. Há registros de que o primeiro a se instalar na região foi o português Manuel Fernandes Ramos, participante de uma expedição realizada em 1561 por Mem de Sá para explorar o sertão – no sentido Rio Tietê abaixo, em busca de ouro e metais preciosos. Estabeleceu-se no povoado, construindo uma fazenda e uma capela em louvor a Santo Antônio, esta capela se situava onde hoje encontra-se a casa paroquial, atrás da atual igreja Matriz. Posteriormente, seu filho André Fernandes e sua mulher, Suzana Dias, construíram, em 1580, uma nova capela, dedicada à Senhora Sant’Anna de Parnaíba, que se transformaria mais tarde, na atual igreja matriz da cidade. Em 14 de novembro de 1625, o povoado que cresceu ao redor da capela foi elevado à categoria de vila com a denominação de Santana de Parnaíba. Durante o período colonial, a vila possuía apenas uma economia de subsistência, baseada nas lavouras de trigo, algodão, cana, feijão e milho, sustentando um pequeno comércio com as povoações vizinhas. Seus habitantes, para contornar as dificuldades econômicas decorrentes de seu isolamento em relação à metrópole, contavam com o fato da vila ser um importante ponto de partida do movimento das bandeiras, que exploravam o sertão com o duplo objetivo de capturar indígenas e descobrir metais preciosos. Vários monumentos históricos, entre os quais se destacam a capela de N. Sra. da Conceição do Voturuna (tombada pelo IPHAN em 1941), a Casa Bandeirista (tombada pelo IPHAN em 1958) – atual Museu Casa do Anhanguera e a Casa do Largo de São Bento (remanescente do Mosteiro Beneditino), são testemunhas desse passado colonial. A vila chega ao século XIX desenvolvendo poucas atividades econômicas, situação agravada ainda mais pela abertura de novas estradas que ligavam São Paulo a outras vilas e cidades sem passar por Parnaíba. Sofreu também o impacto de não ter havido em suas terras a substituição da cultura de cana-de-açúcar pela de café. A cidade permaneceu estagnada até o início do século XX, quando a Light & Power Company construiu sua primeira usina hidrelétrica no país, abrindo um novo campo de trabalho na região. Santana de Parnaíba ainda preserva seu patrimônio histórico com suas construções coloniais, e concentra um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos do Estado, com 209 edificações, tombadas, em 1982, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio

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Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).

2. Ferragens no Período Colonial No período colonial, devido às dificuldades de produção, tanto por causa de ausência de mão-de-obra, quanto pelas condições materiais; as ferragens eram precárias, escassas, geralmente fabricadas pelos ferreiros, utilizando o ferro forjado de grande espessura, muitas vezes substituído por encaixes de madeira ou pedaços de couro – apesar de frágeis para suportar o peso das peças de madeira maciça que constituíam as folhas de esquadrias. As ferragens para acionamento eram chamadas “dobradiças de cachimbo” ou “dobradiças de leme”.

O leme era a chapa de ferro fixada com grossos cravos de ferro, aplicados em peças transversais de madeira, as quais tinham as mais variadas dimensões e desenhos. Para o fechamento, utilizavam-se ferrolhos – barras colocadas verticalmente nas folhas, com fechamento de Cremona, semelhantes aos modelos mais recentes.

Dobradiça de Leme

As aldrabas ou aldravas eram pequenas argolas ou alças metálicas fixadas em um eixo, para o visitante bater na porta; seria para acionar uma tranqueta e, assim, abrir a porta pelo lado de fora, funcionando também como uma campainha primitiva. Aldrabas e batentes seriam para anunciar visitas e, conforme o desenho, proteger a casa dos maus olhados e intenções duvidosas, advertindo os intrusos para consequências imprevisíveis, ao exibir sinais de poder.

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A aldraba distingue-se do batente por exercer a função de trinco ou ferrolho, rodando de 90º a 180º, o que permite abrir e fechar a porta.

Puxadores e trancas

As chapas de metal usadas para ornamentar ou disfarçar o orifício em que se introduz a chave são chamadas de espelho. À medida que se aproximava do século XVIII, os espelhos das fechaduras passaram a contar com maior cuidado na elaboração, tornando-se verdadeiras cartelas, de gosto barroco ou rococó.

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Aldraba e Espelho

3. Forja Artística

3.1 Introdução Forja é uma fornalha de que se servem os ferreiros e

outros artífices para incandescer os metais para serem

trabalhados numa bigorna (o ferro deve estar vermelho

mais para o amarelo, de preferência, então retira-se o

ferro da forja e o leva até à bigorna).

As forjas da época medieval consistiam numa espécie

de lareira elevada, toda em pedra ou barro (qualquer

material resistente ao calor), com uma pequena área

circular, formando uma bacia, depois com uma

entrada ligada ao fole, ferramenta usada para atiçar o

fogo na hora da forja de metais.

Para usar uma forja, basta formar uma camada de carvão com 10 cm por todo

o forno, acender o carvão e alimentar as chamas com ar. Com a camada de

carvão em brasas, coloca-se a peça a ser moldada no interior da câmara, faz-se

uma cobertura de carvão por cima da peça e alimenta-se o fogo, sem parar, até

que a peça atinja o ponto de forjamento para, então, ser moldada na bigorna.

Este processo repete-se cada vez que a peça perde seu ponto de forjamento.

O sistema é composto dos seguintes itens: fornalha (material carburante e ar),

bigorna, martelos, tenazes, limas e líquidos para arrefecimento (óleo/água).

Neste sistema, o ferreiro atua no metal aquecido a fim de gerar uma forma

desejada. A principal ação é a deformação da estrutura inicial. Posteriormente,

segue-se para o tratamento térmico para conferir ao metal as qualidades

desejadas.

Para se forjar uma barra de metal, é necessário colocar, primeiramente, o

minério na fornalha para ser transformado em barra. Em seguida, com a barra

já pronta e apoiada na bigorna, acerta-se o martelo, esquentando a barra

(fazendo com que ela fique modelável) e criando um novo produto.

Figura 2 - Fole

Figura 1 - Bigorna Medieval

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3.2 Ferramentas

Fornalha

Pode ser num buraco na terra, parcialmente tapado,

para manter calor. Deve ter uma injeção de ar, e utilizar

carvão, única substância que consegue

arder até temperaturas que derretam

ferro/aço.

Bigorna

É uma ferramenta utilizada pelos

ferreiros em caráter manual.

Constituída num bloco maciço de ferro

fundido, bem resistente a golpes, com

duas pontas, sendo uma rombuda e

outra mais pontiaguda, com uma

plataforma plana na parte superior e

uma densa base de ferro fundido,

suportada por uma base dupla cônica invertida e extremamente forte e bem

larga em suas pontas, a fim de suportar os golpes do ferreiro.

É usada para moldar ferramentas pré-fundidas ou aquecidas até atingir o nível

de calor denominado rubro, no qual o metal fica bastante elástico e pode ser

moldado através de pancadas fortes e constantes.

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Martelo

É basicamente um amplificador de força que serve

para converter o trabalho mecânico em energia

cinética e pressão, com a utilização do cabo como

"momento físico", de atuação. Se o objeto for rígido

e maciço, ou se estiver posicionado sobre algum tipo

de bigorna, sua cabeça irá percorrer apenas uma

distância muito curta, antes de parar. Desse modo,

não é necessário utilizar muita energia para que se

produza uma grande força de impacto, capaz de dobrar o ferro, ou quebrar a

pedra mais dura. Na forja artística, o

martelo é chamado de “Macho de Forja”.

O macho de forja é um martelo muito

pesado que é composto por duas partes, a

cabeça quadrada ou a redonda que serve

para aplainar e a pena que serve para

estirar, podendo variar de inclinação, de

acordo com o cabo que fica cravado em um orifício da massa de ferro que

compõe o macho. Martelo é a ferramenta usada para martelar a peça no

processo de forjamento.

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Tenazes

Tenaz é uma ferramenta usada,

geralmente, por ferreiros e serralheiros. É

um tipo de alicate para pegar objetos

metálicos à distância e por isso dotado de

longos cabos. Tem origem bastante antiga.

Parecido com uma tesoura a tenaz possui

cabos compridos o suficiente para que o

utilizador possa manipular

materiais metálicos nas forjas ou cadinhos, ou segurá-los enquanto se

encontram em brasa, para malhar em bigornas.

A tenaz difere de pinças e alicates não apenas

pela sua destinação, como também pelo

formato de sua ponta de pegada, que pode ser

curva ou retilínea, porém mais grosseira, mas

sobretudo, pelo comprimento do cabo, que no

seu caso são muito mais longos.

Limas, Cinzéis e Grosas

As Limas servem para desbastar o aço a os

cinzéis são ferramentas que vão auxiliar no

processo de modelagem. Um jogo de limas e

grosa é parte importante do equipamento

para serviços caseiros. As limas se destinam,

principalmente, a trabalhos com metais, já as

grosas são mais utilizadas para desbastar

madeiras.

Para cada tipo de trabalho e dependendo do volume de material a ser

removido e do acabamento desejado, pode-se contar com limas e grosas de

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diversos formatos (chata, cônica, redonda, meia

cana, triangular e quadrada), que apresentam

dimensões e tipos de cortes variados. De modo

geral, quanto maior o serviço maior a lâmina a

ser empregada.

3.3 Diferenças entre Forja e Serralheria

O ferreiro forjador é o artífice que trabalha o ferro ou outro

tipo de metal, que é moldado a quente ou a frio com

finalidade de dar-lhe uma forma ou uma utilidade. Daí a

expressão “ferro forjado ou batido” para o objeto elaborado

pelo ferreiro.

A arte de forjar é totalmente diferente da atual atividade do

serralheiro. O serralheiro trabalha o ferro, cortando-o e

serrando-o em vários pedaços para juntá-los pela solda. Diferentemente do

ferreiro, que cortava e unia os metais com infinitas técnicas de junção, como

tarugos, cravos, rebites e etc.

Desde sua descoberta, o ferro passou a ser um dos

elementos de grande interesse para arquitetos e

engenheiros para a confecção de ferrolhos, aldravas,

cravos, cadeados, fechaduras e grandes portões.

Enfim, a arte de forjar o ferro guarda inúmeros segredos.

Atualmente, está restrita aos oficiais de conservação e restauro do Patrimônio

Cultural e aos que se dedicam à fina arte de construção de móveis e utensílios.

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3.4 Equipamentos de Segurança

Os maiores riscos das operações de forjamento são: incêndio, queimaduras e

inalação de fuligens de carvão.

Os profissionais ferreiros devem utilizar os EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA

INDIVIDUAL (EPIS). Estes devem proteger contra perigos das queimaduras

provocadas por fagulhas, respingos de material forjados e partículas aquecidas.

E proteger, até mesmo, da peça a ser forjada, pois a mesma pode escapar do

tenáz e atingir seu corpo.

Quando estiver operando uma forja, ou seja, durante o forjamento, o operador

deve proteger:

As mãos, com luvas feitas de couro.

O tronco, com um avental de couro.

Os pés e as pernas, com botinas de segurança providas de biqueiras de

aço e perneiras, com polainas que cubram o peito do pé e protejam

contra fagulhas ou respingos que possam entrar pelas aberturas

existentes nas botinas.

Em todo o processo de forjamento, o rosto deve ser

protegido com protetor facial ou óculos com lentes

claras.

As roupas do profissional devem ser de tecido não

inflamável e devem estar sempre limpas, secas e

sem manchas de graxa e óleo para evitar que

peguem fogo com facilidade.

Além desses cuidados com proteção individual, o

operador deve ficar sempre atento para evitar

acidentes que podem ocorrer no uso e no manuseio

com as ferramentas. Para isso, algumas precauções

devem ser tomadas:

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Manter o local de atividade sempre limpo;

Retirar todo material inflamável do local de atividade, antes de iniciar o

forjamento;

Manter o local bem ventilado;

Restringir o trânsito no local da atividade, isolando-o por meio de faixas de

segurança;

Providenciar ajuda adicional para a reutilização das atividades;

Colocar à mesa de atividade, os gabaritos e as ferramentas adequadas para que

tudo esteja ao seu alcance;

Retirar da oficina tudo aquilo que não for da atividade de forjamento;

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4. Forja Artística no POEAO – Santana de Parnaíba

A oficina de forja artística tem como objetivo o resgate das técnicas tradicionais e da

profissão de ferreiro.

A atividade de ferreiro, hoje, absorve o conhecimento básico em serralheria

convencional e pintura de acabamento sobre superfícies metálicas.

No Centro Histórico de Santana de Parnaíba, a oficina atua na manutenção,

substituição e criação de toda parte de ferragens dos imóveis tombados, tais como:

espelhos, fechaduras, aldravas, dobradiças, ferrolhos, portões e nos suportes para

instalação de placas indicativas de comércio e próprios municipais.

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4.1 Ferragens encontradas no Centro Histórico (Museu do Anhanguera,

Casarão Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo, Casarios da Rua Bartolomeu Bueno da Silva, Rua André Fernandes e Rua Suzana Dias) e Cemitério.

4.1.2 Aldravas e Batentes

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4.1.3 Dobradiças e Ferrolhos

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4.1.4 Espelhos e Maçanetas

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4.1.5 Portões e Gradis

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4.1.6 Suportes e Cruzes

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4.1.7 Postes, Gateiras e outros Objetos.

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5 Referências

MAÇARICO, Luiz Felipe, Aldrabas e Batentes de Porta – Uma Reflexão sobre Patrimônio Imperceptível. FILHO, Nestor Goulart Reis – Quadro da Arquitetura no Brasil. SALA, Dalton. “Um Exercício de História” – Santana de Parnaíba no Período Colonial

SAIA, Luís. “Notas sobre a arquitetura rural paulista do segundo século” – Arquitetura Civil I. Textos Escolhidos da Revista do IPHAN.

Iconografia Acervo Prefeitura Municipal do Município de Santana de Parnaíba Acervo CEMIC (Centro de Memoria e Integração Cultural “Capitã Berta de Moraes Néri”), CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arquitetônico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) POEAO – Santana de Parnaíba (Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios).

SECOM – Secretaria de Comunicação Social

Redação e Diagramação Cecília Rodrigues Valente Márcia Cardoso Lima Kishi Tiago Martins Miranda Prado Marisa Ramazotti