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MANUAL DE FORMAÇÃO PARA O EXAME DE ACESSO ÀS LICENÇAS FEDERATIVAS E DE TIRO DESPORTIVO Autorizada a publicação deste manual pelo seu autor: Adalberto de Almeida Fernandes

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MANUAL DE FORMAÇÃO PARA O EXAME DE ACESSO ÀS LICENÇAS FEDERATIVAS

E DE TIRO DESPORTIVO

Autorizada a publicação deste manual pelo seu autor:

Adalberto de Almeida Fernandes

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GENERALIDADES Este manual destina-se à preparação dos candidatos à obtenção das seguintes licenças:

- Licenças Federativas - Licenças de Tiro Desportivo

vocacionadas e necessárias para a prática de tiro desportivo. Por isso, estas nada têm a ver com as licenças necessárias para a utilização de armas em defesa pessoal ou na prática da caça.

A prática desta modalidade desportiva pode ser feita com dois tipos de arma: - Armas funcionando por ar comprimido - Armas de fogo Quando se pretende fazer tiro desportivo apenas com o primeiro tipo de armas referido, é suficiente a obtenção de uma Licença Federativa. Pretendendo utilizar armas de fogo na prática desportiva, serão necessárias as duas licenças.

De qualquer forma, o exame que se propõem fazer os candidatos a atiradores desportivos, não difere pelo tipo de armas a utilizar, sendo sempre o mesmo. Segundo especificado na Lei, este exame consta de três fases, a realizar pela ordem seguinte, sendo cada uma delas, só por si, eliminatória: - Teste teórico de respostas por escolha múltipla - Teste prático de manuseamento e segurança com a utili- zação das armas - Teste prático de tiro Os candidatos que obtiverem aprovação nas três fases do exame, poderão requerer a Licença Federativa adequada à modalidade ou modalidades que pretendam praticar, que será emitida pela Federação Portuguesa de Tiro, após solicitação do Clube de Tiro em que se inscreveram. Após a emissão desta, poderão os seus titulares requerer à Direcção Nacional da PSP a emissão da Licença de Tiro Desportivo, entidade que tem a competência para a sua emissão, dado tratar-se de uma licença de uso e porte de arma. Assim, o mesmo exame, permite o acesso às duas licenças.

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ESTRUTURA DOS EXAMES EXAME TEÓRICO É um exame escrito e consta de um conjunto de dezasseis questões, com quatro possibilidades de escolha de resposta, em que o candidato tem que responder acertadamente a um mínimo de doze questões. As dezasseis perguntas repartem-se por três temas: - Legislação sobre a prática de tiro desportivo - Manuseamento e normas de segurança com as armas - Noções de Balística PRIMEIRO EXAME PRÁTICO Este fase do exame consta de duas provas idênticas: -Procedimentos para municiar uma pistola semi-automática de calibre .22” e depois desmuniciar. - Idem com uma carabina do mesmo calibre, de repetição manual. Estas operações devem ser executadas no total cumprimento das normas de segurança estabelecidas. Em cada um dos casos, o candidato deverá introduzir cinco munições .22 LR no carregador da arma, introduzir este na arma, municiar a câmara e visar o alvo. Sem produzir o disparo, deverá efectuar as operações em sentido contrário, de desmuniciamento.

É eliminatório nesta fase o seguinte: - Colocação do dedo indicador no gatilho mesmo momentaneamente,

durante as operações citadas. - Virar a arma para direcção diferente da linha dos alvos. - Pousar a arma na bancada com munições. - Produzir um disparo acidental.

SEGUNDO EXAME PRÁTICO Os candidatos, após aprovação nas fases anteriores do exame, realizarão uma prova de tiro com uma arma de ar comprimido, podendo, à sua escolha, ser: - Arma curta - Arma longa (carabina)

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Nesta prova, terão que efectuar uma concentração de dez disparos num raio de: - 20 cm, no caso de utilização de arma curta - 10 cm, no caso de carabina Os calibres autorizados na prova prática serão 4,5 mm e 5,5 mm. Antes de efectuar a prova prática de tiro, os candidatos poderão efectuar cinco disparos de treino e verificação das miras, se assim o desejarem. Podem-se candidatar ao exame em questão os maiores de 18 anos mas, em casos especiais, é permitido a menores com idade não inferior aos 14 anos. Aquando da inscrição do atirador na Federação Portuguesa de Tiro, com a anuidade a pagar é pago também um seguro desportivo obrigatório. Este seguro nada tem a ver com outro seguro obrigatório, da responsabilidade do atirador, o de Responsabilidade Civil, caso possua armas.

ARMAS E MUNIÇÕES

Embora a Lei não o exija, nem conste do exame em questão, os candidatos devem preocupar-se em obter algum conhecimento das armas que podem utilizar, assim como do seu funcionamento.

Porém, algumas noções mesmo elementares sobre munições são obrigatórias e matéria de exame, quanto mais não seja para poderem ser distinguidas as munições permitidas ou não permitidas, conforme as licenças federativas de que os atiradores sejam titulares.

As munições comuns utilizadas em tiro desportivo com bala, possuem um

invólucro metálico que contém a pólvora e um projéctil, podendo ter ou não um fulminante destacável.

É este aspecto que distingue os dois tipos principais de munições: - Munições de Percussão Central, possuindo um fulminante destacável. - Munições de Percussão Anelar, ou de Percussão Lateral, sem

fulminante destacável.

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Munição de Percussão Lateral ou Anelar, de pequeno calibre

Munição de Percussão Central de grosso calibre

Actualmente apenas existem munições de percussão anelar de pequenos

calibres: .17” (4,5 mm) e .22 (5,56 mm). Todas as restantes são de percussão central.

Matéria inflamável Fulminante

Percussão Lateral

Percussão Central

.22 (.224”)

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Ambas as munições são de calibre .22” ou 5,56 mm. A primeira uma .22 LR de

percussão anelar. A segunda uma 5.56 X 45 ou .223 Remington, de percussão central. Por isso, a primeira pode ser utilizada pelos detentores das Licenças Federativas A ou D, e a segunda exige pelo menos a Licença Federativa B

Relativamente aos projécteis, existe uma variedade imensa de projécteis,

mas muito mais reduzida no que diz respeito aos projécteis usados em tiro desportivo.

Basicamente, os projécteis podem ser em liga de Chumbo, Estanho e Antimónio, sem qualquer revestimento:

Projéctil LRN – Lead Round Nose

ou revestido com diversos materiais, como o latão, o vinil, etc.:

Projétil FMJ – Full Metal Jacket

Os projécteis que possuem um revestimento metálico em latão, um dos

tipos mais usuais, designam-se por FMJ, ou seja, Full Metal Jacket. Estes possuem uma maior capacidade de perfuração devido ao

revestimento mais duro. As munições mais utilizadas em Tiro de Precisão ou de Recreio são as

.22 LR, quer se trate de armas curtas ou longas. Trata-se de munições relativamente pouco custosas mas de grande precisão.

O Tiro de Precisão também pode ser praticado com munições de grosso calibre, pelos titulares das Licenças Federativas mais avançadas (B ou C).

Os únicos projéteis de calibre .32” e .38” permitidos com a Licença Federativa B, são projécteis aproximadamente cilíndricos, em liga e não revestidos, designados por WadCutter:

Projéctil Wadcutter

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Os projéteis da munição .22 LR nunca são blindados, mas em liga. Podem, porém, ser revestidos de modo a poderem ser confundidos com projécteis blindados, mas, efectivamente não o são. Trata-se de uma fica camada de cobre depositada por electrólise ou galvanoplastia, pouco aumentando a dureza exterior.

Quanto aos conhecimentos, mesmo sumários, sobre as armas, os

candidatos e atiradores menos informados poderão recorrer a formadores dos clubes de tiro que, decerto, estarão à disposição para esse fim. Não se pode falar em verdadeira segurança na prática de tiro sem um mínimo de conhecimentos sobre as armas de fogo. Também a segurança apenas se consegue com o reino bem orientado. Pistola Semi-Automática

Revólver

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Carabina de Ferrolho, as mais utilizadas em Tiro Desportivo

Carabina Semi-Automática

Accionamento do ferrolho de uma carabina de repetição manual O dedo indicador nunca deve apoiar na gatilho dutrante a operação, como erradamente, mostra a imagem

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O dedo que dispara deve estar sempre fora do guarda mato, excepto no momento de disparar

Apenas no momento em que se vai disparar o dedo é colocado no gatilho

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AS LICENÇAS

O Tiro Desportivo contempla a prática de diversas modalidades com regulamentos próprios, tutelados por uma Federação, para as quais os atiradores deverão estar devidamente habilitados. As modalidades de tiro com bala, tuteladas pela Federação Portuguesa de Tiro, resumem-se a: - Tiro de Precisão, praticado com armas curtas ou longas, de diversos calibres conforme as respectivas Licenças - Tiro de Recreio, mais informal, praticado com armas de pequeno calibre, curtas ou longas - Tiro Dinâmico, apenas com armas curtas de grosso calibre A prática de tiro desportivo supõe o cumprimento do regulamentado: - Pela Lei sobre o Tiro Desportivo: 42/2006 - Regulamentação sobre as Carreiras de Tiro - Normas emanadas pela Federação Portuguesa de Tiro

16 A Lei Geral das Armas 50/2013, a quinta evolução de 5/2006, apenas poderá ser pontualmente aplicada à prática do Tiro Desportivo em situações em que se verifique omissão da 42/2006. Como já referido, a prática de tiro desportivo com armas de fogo supõe a habilitação do atirador com as duas licenças, que valem em conjunto. - Licença Federativa - Licença de Tiro Desportivo A perda de validade de qualquer uma, impossibilita a prática desportiva de tiro com armas de fogo. A Licença de Tiro Desportivo é emitida pela Direcção Nacional da PSP após a obtenção da Licença Federativa. Essa licença possui as seguintes características: - Tem a validade de cinco anos, após o que tem que ser renovada. - É de tipo único, independentemente das modalidades praticadas, do tipo de armas, e dos calibres utilizados.

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Quanto à Licença Federativa, apresenta diferentes características: - Tem a validade de um ano, sendo neste período renovada. - Para a sua renovação é necessária a comparência a provas desportivas

(pelo menos uma prova anual, excepto tiro dinâmico, em geral exigindo três provas) e a apresentação do atestado médico desportivo no mês de aniversário.

- Renovação apenas se não existência de sanções disciplinares por má conduta.

- Existem diversos tipos de Licenças Federativas para tiro com arma de fogo com bala: A, B, C e D.

O candidato que obtém aprovação no exame, pode optar pela Licença A

ou pela Licença D, conforme a forma de tiro que pretender praticar: - Quem pretende praticar uma forma de tiro mais informal, não

propriamente de competição, deve requerer a Licença D, destinada ao designado como Tiro de Recreio.

- Quem pretender praticar uma forma de tiro mais ligada à competição, deverá requerer a Licença A.

Ambas estas licenças apenas permitem a utilização das seguintes armas

e calibres: - Ar comprimido de calibre 4,5 ou 5,5 mm - De fogo, em armas de calibre até .22” (5,56 mm) de percussão anelar

(percussão central de calibre .22” não são permitidas com estas licenças!) Outras diferenças existem entre as Licenças Federativas A e D: - A Licença A permite evolução nas armas e calibres utilizados: Licenças

B e C - Permite a posse de um número ilimitado de armas desde que de calibre

.17” ou .22 de percussão anelar - A Licença D apenas permite a posse de até quatro armas desses

calibres em qualquer tipo. e não permite qualquer evolução - A Licença D permite ainda a utilização de armas de cartuchos de

chumbos de 9 mm (ou 12 mm?) - As armas curtas utilizadas com a Licença A em tiro de precisão,

obrigatoriamente terão um comprimento não inferior a 220 mm. Com comprimento inferior, apenas podem ser utilizadas em Tiro de Recreio, praticado com a Licença Federativa D

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A evolução das licenças Federativas processa-se da seguinte forma: Exige a comparência do atirador em pelo menos duas provas anuais

oficiais, durante dois anos, obtendo, pelo menos em uma prova, a pontuação mínima exigida pelas normas da FPT (definidas para cada evolução: A para B e B para a C).

Assim, é exigida a permanência mínima de dois anos com cada tipo de licença.

Aos atiradores pertencentes a Forças Armadas ou de Segurança é atribuída, com a aprovação no exame, de imediato a Licença Federativa C, não estando, portanto, sujeitos à normal evolução.

Ao detentor de uma Licença B já é permitida a utilização das seguintes

armas: - Armas curtas até ao calibre .38” (9 mm) em tiro de precisão (ISSF),

apenas com projécteis do tipo WadCutter - Armas longas até ao calibre de 8 mm em tiro de precisão A Licença C permite: - Armas curtas até ao calibre .45” (11,43 mm) em tiro de precisão com

quaisquer projécteis - O mesmo que a Licença B em armas longas O Tiro dinâmico, que em Portugal está tutelado pela FPT, é unicamente o

IPSC, International Practical Shooting Confe- deration, e é exigido dos atiradores:

- Licença Desportiva C - Aprovação em exame para a modalidade A prática de tiro com armas de pólvora negra (MLAIC) apenas é permitida

atiradores: - Possuindo a Licença Federativa B ou C - Aprovação em curso específico para a modalidade O atirador pode possuir a Licença D conjuntamente com uma das

Licenças A, B ou C. O número de armas de grosso calibre (superior a .22”) está limitado a: - 4 para Tiro Dinâmico - 6 para Tiro de Precisão

sendo o dobro quando o atirador tem o estatuto de Mestre Atirador.

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Além das Licenças Federativas A, B, C e D, para tiro com bala, existe

ainda a Licença Federativa E, que se refere a prática de Tiro Desportivo com armas de cartuchos de chumbos, mas que diz respeito a modalidades tituladas não pela FPT mas sim pela Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça.

RESUMO DAS LICENÇAS FEDERATIVAS

A B C D E

Armas curtas ou longas de munições de

percussão anelar até

.22” ou 5,56 mm, no caso de armas de fogo, com o

mínimo de 22 cm se curtas. De 4,5 ou 5,5 mm se de ar comprimido

Armas de fogo curtas

até ao calibre .38” com projécteis

WadCutter e carabinas de calibre até

8mm

Armas curtas até ao calibre .45” (12,43 mm) com quaisquer tipos de

projécteis, e carabinas de calibres até

8mm

Armas curtas ou longas de munições de

percussão anelar até

.22” ou 5,56 mm, no caso de armas de

fogo e, de 4,5 ou 5,5

mm se de ar comprimido.

Armas de cartuchos de chumbos até

9mm (12mm?)

Armas de cartuchos de

chumbos, nos calibres de acordo

com as modalidades

Mínimo de permanência:

2 anos

Mínimo de permanência:

2 anos

Tiro de Precisão

Tiro de Precisão

Tiro de Precisão

Tiro de Recreio

Modalidades próprias

MLAIC, com curso

MLAIC, com curso

IPSC, com exame

FPT FPT FPT FPT FPTAC

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DIVERSOS

AQUISIÇÃO DE ARMAS O procedimento para adquirir uma arma de fogo por parte de um atirador é o seguinte: - Contactar a direcção do clube indicando a marca, modelo e as características da arma que pretende comprar. - A direcção do clube solicita à Federação Portuguesa de Tiro a emissão de uma declaração que comprova que a arma pretendida apresenta características que se enquadram numa determinada modalidade de competição por si tutelada. - Em posse dessa declaração, o atirador solicita autorização de compra à Direcção Nacional da PSP. Assim sendo, as armas e munições permitidas aos atiradores desportivos são aquelas para as quais existam modalidades desportivas tuteladas pelas Federações e de acordo com as Licenças Federativas que se possuam. RECARGA DE MUNIÇÕES A recarga de munições é permitida por Lei aos detentores da Licença de Tiro Desportivo e uma das Licenças Federativas B, C ou E. A Lei especifica que, quanto a munições recarregadas, num determinado momento, o seu número não deve ultrapassar as 500 unidades. UTILIZAÇÃO DAS ARMAS As Armas adquiridas para a prática do tiro desportivo devem ser utilizadas em locais próprios, devidamente homologados pelas Federações que tutelam as diversas modalidades. Esses locais podem ser: CARREIRAS DE TIRO – Onde se pratica o Tiro de Precisão, em posição parada do atirador, em postos de tiro cobertos, existindo uma bancada onde o atirador coloca o seu equipamento, espaldões que evitam a saída dos

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projécteis para locais menos convenientes, e uma barreira para-balas, local onde os projécteis se devem enterrar evitando possíveis e perigosos ricochetes. Destinam-se exclusivamente a tiro com bala. CAMPOS DE TIRO – Locais ao ar livre, podendo existir um pequeno coberto abrigando os atiradores que praticam qualquer das modalidades de tiro com armas de cartuchos de chumbos, vulgarmente designadas por armas de caça. OUTROS LOCAIS DE TIRO – Ao ar livre, onde existem diversos espaços ladeados ao fundo e lateralmente por barreiras que absorvem os impactos dos disparos das modalidades de Tiro Dinâmico.

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UTILIZAÇÃO DAS ARMAS E SEGURANÇA A segurança é o aspecto mais importante a atender-se na prática do Tiro Desportivo. Não sendo em si as armas que são perigosas, são-no, porém, potencialmentes perigosos os eventuais atitadores que se descuidam no cumprimento das normas, pelo que tem que haver total exigência por parte de quem responsável num local de tiro. As armas de fogo podem apresentar um maior potencial de perigo que qualquer outro por diversos factores: - Facilidade de disparo – Nada tão simples como o apertar de um gatilho, voluntária ou involuntariamente, mesmo por uma criança. - Está sujeita a erros de manuseamento que podem ser extremamente perigosos, assim como a acções involuntárias. Qualquer outra arma, à partida, se é usada é por vontade do seu portador; uma arma de fogo pode ser disparada involuntariamente. - Está também sujeita a avarias que, não constituindo normalmente estas o perigo em si, ele existe muitas vezes associado à tentativa de solucionar os problemas. - Pode constituir um perigo duplo, quer para qualquer um que se encontre na sua linha de fogo quer para o próprio manuseador. - Qualquer outra arma não exige para o seu manuseamento conhecimentos especiais. Uma arma de fogo exige um mínimo de conhecimentos do seu funcionamento e manuseamento, sem os quais o perigo aumenta consideravelmente. Deste modo, há uma total necessidade do conhecimento e cumprimento de normas de segurança, quer no manuseamento simples da arma, quer durante as sessões de tiro, tratando-se de um simples treino ou de uma competição. A regra mais básica que deve ser estabelecida é que uma arma deve ser sempre tratada da mesma forma e com o mesmo cuidado quer esteja carregada ou descarregada.

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Melhor ainda, o utilizador de uma arma de fogo nunca deve agir como tendo a certeza que a arma está descarregada. Pelo contrário, deve sempre pensar que, neste aspecto, não existem certezas. A prática revela isto mesmo. Constantemente se ouve falar de disparos acidentais com armas, muitas vezes imobilizadas há tantos anos que ninguém se lembrou que pudessem estar carregadas e, muito menos, que estivesse uma munição na câmara. Há erros de manuseamento, que muito facilmente podem ser cometidos, que criam verdadeiras situações de perigo eminente. Uma das operações mais perigosas pode ser mais o desmuniciar de uma arma do que o de a municiar. Isto acontece particularmente numa pistola. Para o desmuniciamento de uma arma deste tipo, são necessárias duas operações: - a extracção do carregador - a extracção da munição que pode existir na câmara Estas operações devem ser feitas por esta ordem e nunca pela inversa. Se assim se proceder verifica-se o seguinte: O carregador é extraído com as suas munições. Se houver uma outra na câmara, ao puxar a corrediça atrás esta deverá sair e, quando a corrediça correr novamente à frente, não haverá uma outra munição no carregador que possa municiar a arma. Se se proceder pela ordem inversa, verifica-se o seguinte: Ao puxar a corrediça atrás, sai a munição que se encontra na câmara; ao correr novamente à frente é introduzida nova munição e, quando se extrai o carregador, aquela munição continua na câmara, podendo normalmente ser disparada mesmo com o carregador desinserido. Este exemplo é dado apenas para mostrar que uma simples distracção, naquilo que deve ser um acto normalíssimo, pode acarretar uma enorme situação de perigo. As normas de segurança não incluem apenas o manuseamento das armas. Há outros cuidados que é obrigatório serem tidos em consideração, como a utilização de óculos de protecção e protectores de ouvidos, não só por parte dos atiradores como dpor todos os presentes. Quanto aos primeiros podem ser óculos de correcção normal da visão mas também óculos só para protecção.

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Relativamente à protecção de ouvidos podem ser usados quer os de apoio na cabeça quer os de inserção no ouvido, normalmente em silicone. Muito importante é não menosprezar os calibres pequenos que, quanto ao ponto de vista da letalidade são-no efectivamente. Embora existam diferenças enormes entre as várias munições de calibre .22 LR, devem-se considerar perigosas mesmo a distâncias consideráveis. Sendo a segurança o principal aspecto a atender num local de tiro, refere-se a título indicativo que para que o projéctil de uma munição não cause danos no impacto com a pele, a sua energia deverá ser tal, no caso de um projéctil de 0,53 g de massa, de uma arma de ar comprimido de calibre 4,5 mm, a sua velocidade não exceda os 77 m/s. Da mesma forma, para o mesmo efeito, para uma munição de calibre .22”, um projéctil de 2,55 g não deverá ter uma velocidade superior a 44 m/s. São os seguintes os valores das distâncias médias a que se considera haver perigo na utilização das munições utilizadas com a Licença Federativa A ou com a Licença D: Projécteis 4,5 mm de ar comprimido: 100 m Projécteis .22 de munição .22 LR: 1600 m

O TRANSPORTE DE ARMAS Uma arma obtida com uma licença para fins desportivos pode transitar desde que devidamente acondicionada e descarregada. Mesmo dentro das instalações de tiro, estas armas só podem ser municiadas no posto de tiro e após autorização do juiz da prova.

Antes desta ordem, e no postos de tiro, as armas deverão estar nas

seguintes condições: Armas pousadas na mesa, com o cano orientado na direcção dos alvos, carregador desmuniciado ao lado da arma e esta deverá estar aberta ou ter a corrediça na posição recuada. Exceptua-se a esta norma o que se passa com a prática de Tiro Dinâmico, em que as armas andam devidamente inserias nos respectivos coldres, só podendo ser retiradas em áreas de segurança próprias.

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A SEGURANÇA NO POSTO DE TIRO

Como se viu, as armas não podem ser manuseadas fora do posto de tiro. No Tiro de Precisão elas têm que ir para cada posto de tiro devidamente

acondicionadas em estojo próprio, assim como para a mesa da verificação técnica antes do início da prova, e no fim da prova, se solicitado para confirmação.

Os carregadores só devem ser municiados após ordem para tal e seguidamente introduzidos na arma.

No fim de cada prova, as armas deverão ser novamente acondicionadas após ordem do juiz da prova.

Os canos das armas, quer estejam na mão quer pousadas, mesmo desmuniciadas, devem estar sempre viradas na direcção dos alvos.

Importante, é considerar que o dedo indicador apenas deve ser colocado no gatilho da arma quando se pretender mesmo disparar, e só nesse momento.

Não é permitido tocar numa arma se qualquer pessoa se encontrar em frente da linha de tiro, mesmo lateralmente.

Evidentemente, numa zona onde exista público não é permitido o manuseamneto de armas nem munições.

Particular cuidado deve também ser tido com a passagem de mão de uma arma, por exemplo para empréstimo.

Isso é permitido, mas que deve ser feito na presença de um árbitro da

prova.

INTERRUPÇÕES DE TIRO A resolução das interrupções de tiro que se verificam com pistolas semi-

automáticas, exige além de um mínimo de conhecimentos sobre as armas e seu funcionamento, os cuidados necessários para a resolução dos problemas sem riscos e no total cumprimentos das normas de segurança.

Desta forma, quando se verificar uma interrupção de tiro, se se tratar de uma prova de competição terá que ser alertado o juiz da prova para o sucedido, que irá analisar a situação e verá se há condições para a repetição da sessão de tiro ou continuação da prova do atirador.

Sem ser considerado matéria de exame, refere-se o seguinte: Mesmo numa normal utilização de uma arma num simples treino de tiro, o

procedimento a adoptar requer diversos cuidados. Em primeiro lugar, a arma deve ser conservada apontada sempre e sem

excepção na direcção dos alvos. Se a munição não disparou, deve-se aguardar alguns segundos antes de

qualquer procedimento, no sentido se não se verifica o disparo com atraso. Se isto não se verificar, deverá então procurar-se a razão da situação.

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Se se tratar de um revólver, o que se segue não se aplica, dado o que já foi referido anteriormente. Trata-se então, a seguir, de problemas de pistolas semi-automáticas, apresentando-se as situações mais frequentes.

A primeira coisa é distinguir se ao accionar o gatilho se não produziu o disparo ou se a arma ficou encravada.

Se não se produziu o disparo, deverá observar-se se a câmara estava municiada e, neste caso, se o fulminante foi ou não percutido com profundidade suficiente.

Se não estava municiada, possivelmente o carregador não foi bem

inserido ou a corrediça não foi puxada atrás no início. Se estava municiada deve-se reparar se o fulminante foi percutido; neste

caso há problema com a munição e a utilização de outras deverá resolver o problema.

Se não foi percutido ou foi apenas ligeiramente deverá haver problema com a arma.

Tendo-se produzido o disparo mas tendo seguidamente encravado a arma, poderá haver uma cápsula encravada não tendo saído pela janela de expulsão. Neste caso deverá puxar-se totalmente a corrediça atrás fazendo sair a cápsula vazia, retomando a sessão de tiro.

Se continuar o defeito poderão experimentar-se outras munições diferentes mas deverá, mais possivelmente, haver problemas com a arma.

Em qualquer outro tipo de interrupção a arma deverá ser examinada. Todas estas operações e verificações devem ser feitas sempre com o

cano apontado na direcção dos alvos e sempre observando que ninguém ultrapasse para além da linha de tiro. No caso de se verificar a queda no chão de uma arma, deverá ser o árbitro da competição a apanhá-la e, em princípio, o atirador não deverá continuar a sua prova, pois pode haver danos mesmo não visíveis que acarretem situações de perigo, e que só após uma análise mais profunda se possam tirar conclusões. Dado que alguns acidentes de tiro se manifestam nas regulares operações de manutenção e de carregar e descarregar uma arma, felizmente não havendo notícia de ocorrências deste género no tiro desportivo, estas operações devem ser feitas com toda a atenção, atendendo à verificação de obstruções do cano, verificação visual da câmara que pode estar municiada mesmo com o carregador desinserido, atender à activação de mecanismos de segurança, etc. De uma manera geral, o atirador deve proceder as tradicionais manobras de segurança, sempre que: - Não exista certeza quanto ao municiamento de uma arma - Se proceda à entrega ou recepção de arma - Se proceda a limpezas da arma - Se inicie ou termine uma sessão de tiro - Quando ocorra uma avaria

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DISPOSIÇÕES GERAIS O responsável pela carreira de tiro elabora mensalmente um registo nominal dos atiradores que frequentam as instalações, as armas utilizadas e os disparos efectuados, bem como de todas as ocorrências que contrariam as normas previstas na lei, das quais deve dar conhecimento à DN/PSP. Cabe ao responsável da carreira de tiro, após cada sessão de tiro, preencher e carimbar o livro de registo de munições do atirador. Antes ou durante sessões de tiro é expressamente proibido o consumo de bebidas alcoólicas ou quaisquer substâncias psicotrópicas, ou análogas, que alterem as normais faculdades psicomotoras, situações que acarretam a imediata saída da carreira ou campo de tiro. Os responsáveis podem recorrer a meios de medição qualitativa.

A zona reservada aos espectadores deve situar-se à retaguarda dos postos de tiro ou em área que não conflua com os ângulos de tiro. As normas técnicas e de segurança das carreiras e campos de tiro são devidamente publicitadas e afixadas em local visível. Não são permitidas sessões de tiro entre as 20 e as 9 horas do dia seguinte, excepto em carreiras de tiro devidamente insonorizadas

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NOÇÕES DE BALÍSTICA A Balística é uma ciência muito complexa, tanto quanto simples é a sua definição: A Balística é o estudo do comportamento dos projécteis. Na verdade, perante definição tão simples, não é fácil imaginar tudo o que esta ciência envolve. Em geral, quem fala em Balística, pretende referir-se à trajectória do projéctil desde que abandona o cano da arma até que se verifique um impacto. A Balística é muito mais do que isto, e o que se acaba de referir representa apenas uma das partes em que se divide a Balística, a Balística Externa. Mas não existe apenas esta. De modo muito simplista, a Balística pode dividir-se em três formas: - A Balística Interna - A Balística Externa - A Balística Terminal e (ou) de Efeitos como alguns autores consideram. A Balística Interna diz respeito aos fenómenos que se verificam ainda no interior do cano da arma. No caso de uma arma curta, isto passa-se em cerca de uma milésima de segundo, mas todo o conhecimento que a Balística Interna envolve é quase ilimitado! A Balística Externa, como se disse, tem a ver com o que se passa na trajectória exterior do projéctil. Não envolvendo conhecimentos tão vastos como a Balística Interna, apresenta também grande complexidade. A Balística Terminal e (ou) de Efeitos refere-se aos fenómenos respeitantes ao impacto do projéctil contra qualquer tipo de corpo ou objecto atingido. Pretendendo um maior rigor no estudo da Balística, este deveria dividir-se em cinco partes e não três: Balística Interna, tal como foi definida. Balística Intermédia, que estuda o que se passa desde que o projéctil abandona o cano da arma até que os efeitos dos gases da deflagração da pólvora se deixam de fazer sentir. Balística Externa, como foi definida. Balística Terminal, referida aos fenómenos sofridos pelo projéctil no impacto verificado.

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Balística de Efeitos, tendo a ver com os fenómenos sofridos pelo corpo ou objecto atingido pelo projéctil. A estas cinco divisões da Balística poderia juntar-se uma sexta, que, tendo um campo de aplicação diferente, baseia-se nos conhecimentos da Balística tradicional, é a Balística Forense, importante na investigação ciminal, relaciona a munição e seus componentes, como projéctil e cápsula, com a arma que a disparou e com o utilizador. Outros aspectos enquadram-se também na Balística Forense, como o estudo dos ferimentos provocados pelas armas. O atirador desportivo geralmente atende sobretudo à Balística Exterior. É o que mais lhe interessa e o que tem mais a ver com a segurança na utilização das armas de fogo. Um projéctil no seu movimento na trajectória exterior, vai animado de uma determinada energia, a Energia Cinética, cujo valor é dado pela fórmula Ec = ½ m . v² em que m é a massa do projéctil e v a sua velocidade num determinado momento. Como o projéctil vai perdendo velocidade com a distância percorrida, devido sobretudo às forças de atrito, como a resistência do ar, a sua energia vai diminuindo. Dado que a energia varia de forma exponencial com a velocidade, a quebra de velocidade implica uma maior quebra do valor da energia cinética. O mesmo não acontece com a variação da energia em função da massa do projéctil, pois esta é constante durante toda a trajectória e a variação se verifica de forma linear e não exponencial. A trajectória de um projéctil está condicionada por diversas solicitações, sendo as principais a resistência do ar, que lhe trava o movimento, e a acção da gravidade, que faz baixar a trajectória. Assim, esta apresenta um percurso da seguinte forma, indicando-se essas forças em determinados momentos: cano da arma

Tema também estudado em Balística Externa é o dos ricochetes, fenómeno potencialmente perigoso, principalmente porque o modo como se

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processa é bastante imprevisível, dependendo sobretudo da forma e desenho da superfície atingida que o provoca. Quando se produz um embate de um projéctil contra um qualquer corpo, a energia que transportava o projéctil no momento do embate, em parte é absorvida pelo projéctil e também pelo objecto atingido, e a restante é transportada pelo projéctil na nova direcção. Um exemplo de ricochete extremamente perigoso, é o que se passa quando um projéctil atinge uma superfície da água de forma rasante. Praticamente não se verifica absorção de energia no impacto, pelo que o projéctil parte para a nova direcção que toma quase com a mesma velocidade e energia. Quase nunca um ricochete segue regras com rigor o que, mesmo apenas teoricamente, apenas sucederia considerando o objecto atingido perfeitamente plano e indeformável. De qualquer modo, seria, por exemplo, mais previsível um ricochete de um projéctil sobre uma superfície plana do que sobre uma superfície curva, pela variação do possível do ângulo de incidência. A forma como os ricochetes se processam depende sobretudo da maior ou menor dureza dos projécteis e também da dureza da superfície atingida. Quanto menos energia for absorvida no embate, mais elevada será a energia do ricochete. Por isso um projéctil mais mole, como um não revestido, pode ricochetear, mas com menos energia do que se se tratasse de um projéctil do tipo FMJ. Ricochetes que também podem ser perigosos são os ricochetes no solo, pelo que nas carreiras de tiro o solo deve ser em matéria que absorva os projécteis, como areia, ou mesmo terra.

Real Clube de Tiro de Viseu www.rctviseu.com Contactos Email: [email protected]

Telefones: Luís Caiado – Presidente do RCTV, 929051946; Francisco Maria – Assuntos Federativos, 925849357.

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