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1 Manual sobre os Resíduos Sólidos da Construção Civil

Manual de Gestao de Residuos Solidos

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  • 1Manual sobre os Resduos Slidos da

    Construo Civil

  • 2Autores

    Antonio Eduardo Bezerra Cabral Kelvya Maria de Vasconcelos Moreira

    Fortaleza, agosto de 2011

    Sindicato da Indstria da Construo Civil do Cear

    Programa Qualidade de Vida na Construo

  • 308 - Resduos da Construo CivilDefinio e OrigemClassificaoGeraoComposioProblemas Ambientais Devido Deposio Inadequada

    18 - Como Evitar Perdas no Canteiro de Obras

    21 - Instrumentos Legais para Gesto de RCDResoluo N 307/2002 do CONAMANormas Tcnicas Lei Federal N 12.305/2010 - PNRS

    25 - Gesto de RCD no Canteiro de Obras CaracterizaoSegregao ou Triagem Acondicionamento TransporteDestinao FinalFormulrios

    32 - Reduo, Reutilizao e Reciclagem de RCD Agregados Reciclados de RCDCompsitos Cimentcios com Agregados RecicladosPavimentao com Agregados Reciclados

    39 - Consideraes Finais

    Sumrio

  • 4Introduo

    A problemtica dos resduos da construo civil vem movendo a cadeia produtiva do setor, j que a Resolu-o N 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) atribui responsabilidades compartilhadas aos geradores, transportadores e gestores municipais quan-to ao gerenciamento destes resduos.

    Cabe aos municpios definir uma poltica municipal para os resduos da construo civil, incluindo sis-temas de pontos de coleta. Aos construtores, cabe a implantao de planos de gerenciamento de resduos para cada empreendimento.

    A cidade de Fortaleza/CE j possui desde 2006 um Plano de Gesto de Resduos da Construo Civil, com definio de quatro reas para a instalao de reas de reciclagem, tendo atualmente apenas uma rea em funcionamento.

    Reconhecendo a necessidade preeminente de redu-zir a gerao destes resduos e de lhes dar destinao final ambientalmente adequada, o SINDUSCON-CE e o DEECC-UFC elaboraram este Manual sobre os Resduos Slidos da Construo Civil com o propsito de nortear os profissionais da rea no correto gerencia-mento dos resduos da construo.

    Boa leitura!

  • 5Apresentao

    O crescimento consolidado do setor da construo civil est transformando a realidade dos canteiros de obras. J se verifica o grande avano na qualidade da construo civil, que passa a investir em tecnologias e qualificao como forma de aumentar a produtivi-dade e reduzir os desperdcios. Visando orientar nosso pessoal, o Sinduscon-CE elaborou este Manual sobre os Resduos Slidos da Construo Civil. Aqui, esto todas as informaes necessrias para tornar nossas construes mais enxutas e sustentveis, de forma a contribuir com a preservao do meio-ambiente e com o desenvolvimento do setor.

    Roberto Srgio O. FerreiraPresidente do Sinduscon-CE

  • 6Depoimentos

    Num planeta onde cada vez maior a preocupao com o meio ambiente, as atitudes sustentveis tornam--se imprescindveis para todos os setores da economia. No Brasil, desde 2010 est em vigor a Poltica Na-cional de Resduos Slidos (PNRS), definindo papeis de cada setor, na preservao do meio-ambiente. Ao lanar o Manual de Resduos Slidos, o Sinduscon-CE vem reforar a importncia destes procedimentos, com a difuso das tcnicas mais adequadas para a destina-o de cada tipo de resduo. Assim, esperamos que, quando a nova poltica estiver 100% implantada, o setor esteja afinado, aproveitando o que poder ser reu-tilizado, conhecendo a legislao e gerando benefcios econmicos, sociais e ambientais.

    Ricardo Teixeira

    Vice-presidente do Sinduscon-CE

  • 7Depoimentos

    Com o manual de gesto de resduos slidos o Sin-duscon-CE visa estimular a incorporao de prticas de sustentabilidade na construo levando as empresas do setor a adotarem uma agenda de introduo pro-gressiva de mudana e inovao na forma de produ-zir e gerir os resduos de suas obras, considerando de forma harmoniosa a adequao ambiental, dignidade social e viabilidade econmica.

    Paula Frota

    Vice-presidente de Sustentabilidade do Sinduscon-CE

  • 8A Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT clas-sifica os resduos slidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica para que possam ser geren-ciados adequadamente.

    Assim, a NBR 10.004 (ABNT, 2004a) define resduos slidos como resduos nos estados slido e semi-slido, que resul-tam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. ...

    Ainda que os resduos oriundos das atividades da indstria da cons-truo civil no estejam explicitamente citados, estes esto inclusos nas atividades industriais ou mesmo nas atividades de servios.

    No entanto, h uma Resoluo especfica para os resduos da construo civil, a Resoluo 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, que dispe sobre a gesto destes resduos. Esta Resoluo define claramen-te que os resduos da construo civil so os provenientes de construes, reformas, reparos e demolies de obras de cons-truo civil, e os resultantes da preparao e da escavao de terrenos, tais como: tijolos, blocos cermicos, concreto em ge-ral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e com-pensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, calia ou metralha.

    As causas da gerao destes resduos so diversas, mas po-dem-se destacar (LEITE, 2001):

    A falta de qualidade dos bens e servios, podendo isto dar origem s perdas de materiais, que saem das obras na forma de entulho;

    A urbanizao desordenada que faz com que as construes passem por adaptaes e modificaes gerando mais resduos;

    O aumento do poder aquisitivo da populao e as facili-dades econmicas que impulsionam o desenvolvimento de novas construes e reformas;

    Resduos da construo civil

  • 9 Estruturas de concreto mal concebidas que ocasionam a reduo de sua vida til e necessitam de manuteno correti-va, gerando grandes volumes de resduos;

    Desastres naturais, como avalanches, terremotos e tsunamis;

    Desastres provocados pelo homem, como guerras e bombardeios.

    De modo geral, os nveis tecnolgicos da regio e da construto-ra influenciam diretamente no volume de resduos gerados, pois levam em considerao a qualidade dos materiais e componen-tes; a qualificao da mo-de-obra; existncia de procedimentos operacionais e mecanismos de controle do processo construtivo.

    Tendo em vista que grande parcela dos resduos da constru-o civil oriunda das atividades dos canteiros de obras e de servios de demolio (PINTO, 1999), pode-se denomin-los genericamente de resduos de construo e demolio RCD.

    Resduos da construo civilSo os provenientes de construes, reformas, reparos e demolies

    de obras de construo civil, e os resultantes da preparao e da escavao de terrenos.

    So eles: tijolos, blocos cermicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, arga-massa, gesso, telhas, pavimento asfltico, vidros, plsticos, tubulaes, fiao eltrica, etc.

    (Resoluo 307/CONAMA)

  • 10

    Classificao

    A classificao dos resduos slidos pela NBR 10.004 (ABNT, 2004a) est relacionada com a atividade que lhes deu origem e com seus constituintes. Desta forma, os resduos slidos so classificados em:

    A) Resduos classe I

    Perigosos;

    B) Resduos classe II

    No perigosos;

    resduos classe II A No inertes.

    resduos classe II B Inertes.

    Usualmente os resduos da construo civil esto enquadra-dos na classe II B, composta pelos resduos que submetidos a um contato dinmico e esttico com gua destilada ou de-sionizada, temperatura ambiente [...], no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

    Entretanto, a presena de tintas, solventes, leos e outros deriva-dos pode mudar a classificao do RCD para classe I ou classe II A.

    Uma classificao mais adequada dada pela Resoluo 307 do CONAMA, a qual classifica os resduos da construo civil em 4 classes. A resoluo 348, de 16 de Agosto de 2004, e a Resoluo 431, de 24 de maio de 2011, modificaram a classi-ficao da Resoluo 307, inserindo o amianto como material perigoso (classe D) e mudando a classificao do gesso, de Clas-se C para a Classe B, respectivamente. O Quadro 1 apresenta a classificao dos resduos conforme a CONAMA 307.

  • 11

    Quadro 1 - Classificao dos resduos da construo civil pela Resoluo 307 do CONAMA.

    Embora o gesso tenha sido reclassificado como resduo classe B, este ainda necessita ser depositado em recipiente prprio, no sendo permitido a sua mistura com os demais resduos classe B, muito menos com os das outras classes.

    Gerao

    A cadeia produtiva da construo civil, tambm denomina-da construbusiness, engloba setores que vo desde a extrao da matria-prima e consequente produo dos materiais at a execuo da construo em si, sendo que o setor que mais

  • 12

    se destaca pela gerao de empregos, renda e pela dimenso o da construo, conforme detalhado na Figura 1. Somente no ano de 2009, a construo correspondia 61,2% de toda a cadeia produtiva.

    Este macrocomplexo da indstria da construo civil a principal geradora de resduos da economia. Estima-se que o construbusiness seja responsvel por cerca de 40% dos res-duos de toda a economia (JOHN, 2001).

    Ainda que os resduos produzidos nas atividades de constru-o, manuteno e demolio tenham estimativa de gerao muito varivel, admite-se que os valores tpicos encontram-se entre 0,40 e 0,50 t/hab.ano, valor igual ou superior massa de lixo urbano (JOHN, 2001).

    A tabela 1 apresenta um resumo da gerao de RCD em al-gumas cidades brasileiras apontando para a grande variao de sua porcentagem em relao aos resduos slidos urbanos (RSU).

    Figura 1 - Composio da cadeia produtiva da construo civil em 2009. Fonte: CBIC, 2010.

  • 13

    Tabela 1 - Gerao de RCD em algumas cidades brasileiras.

    No que diz respeito aos RCD da cidade de Fortaleza/Ce, da-dos de 2008 da EMLURB Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao apontam uma gerao mensal de cerca de 92 mil toneladas de lixo urbano, sendo a construo civil respon-svel por 53% desse total, ou seja, 49 mil toneladas por ms (NOVAES; MOURO, 2008).

    Estudos de Oliveira et al (2011) sobre a gerao e compo-sio de RCD em Fortaleza, nos perodos de maro/2008 a fevereiro/2009, apontaram que a cidade produz 702 t/dia de RCD, com uma taxa de gerao de 0,11 t/hab.ano. Estes valores esto bem abaixo da mdia nacional j mencionada de 0,50 t/hab.ano, possivelmente, devido a no deteco dos resduos que so gerados pelos pequenos geradores e de-positados irregularmente em locais no licenciados. Foram avaliados somente os resduos transportados por empresas li-cenciadas na prefeitura, que usualmente atendem somente s empresas construtoras, bem como os resduos coletados pelo rgo municipal responsvel pelo pequeno gerador.

  • 14

    Composio

    Existe uma grande diversidade de matrias-primas e tcnicas construtivas que afetam, de modo significativo, as caractersticas dos resduos gerados, principalmente quanto composio e quantidade. Outros aspectos, como o desenvolvimento econmico e tecnolgico da re-gio, as tcnicas de demolio empregadas, e a estao do ano tambm podem interferir indiretamente na com-posio dos RCD.

    De modo geral, podem existir componentes inorgnicos e minerais, como concretos, argamassas e cermicas, e com-ponentes orgnicos, plsticos, materiais betuminosos, etc. A variao da composio (em massa) estimada, em geral, em termos de seus materiais (ANGULO; JOHN, 2002).

    A tabela 2 apresenta a composio de RCD de algumas cidades brasileiras. Observa-se que o somatrio dos percen-tuais de concreto, argamassa e material cermico, para cada cidade apresentada, corresponde a mais de 60% do total de resduos gerados. Esses resultados demonstram o potencial de reciclabilidade dos RCD, uma vez que os resduos men-cionados pertencem Classe A, potencialmente reciclveis como agregados.

    Em 2008, a COOPERCON-CE Cooperativa da Construo Civil do Estado do Cear divulgou dados dos percentuais de resduos, por classe, produzidos em obras verticais de Fortaleza/Ce, cadastradas na cooperativa, apontando para uma produo de 74% de resduos classe A, 10% da classe B, 15% da classe C e 1% da classe D (NOVAES; MOURO, 2008). Ressalta-se que no esto inclusos os resduos de es-cavao e demolio.

  • 15

    Tabela 2 - Composio do RCD de algumas cidades brasileiras.

    Oliveira et al (2011) identificaram que a argamassa o principal constituinte do RCD de Fortaleza, corresponden-do, em mdia, a 38% da massa do RCD. Em seguida tm-se os resduos de concreto e de cermica, com 14% e 13%, em mdia, respectivamente, do total do RCD descartado (Figura 2). A soma do percentual destes constituintes atinge 65% do total do RCD de Fortaleza, coadunando com os dados expostos na tabela 2. Confirma-se que as maiores perdas, em Fortaleza, ocorrem nas fases de concretagem, alvenaria, emboo/reboco e revestimento.

  • 16

    Verifica-se que grande parcela dos RCD produzidos em Fortale-za tem elevado potencial de reciclabilidade. Estes resduos podem ser reciclados como agregados e retornar cadeia da construo.

    Figura 2 - Composio mdia do RCD de Fortaleza nos anos de 2008 e 2009. Fonte: Oliveira et al (2011)

    Os RCD produzidos em maior quantidade so argamassa, concreto e material cermico; materiais com alto poder de reciclagem.

    Problemas Ambientais Devido Deposio Inadequada

    Hoje j reconhecido que os RCD so um dos responsveis pelo esgotamento de reas dos aterros de RSU, uma vez que correspondem a mais de 50% dos resduos slidos urbanos (massa/massa) (ANGULO et al, 2003).

    Estes resduos possuem em sua composio materiais inde-sejveis, tais como cimento amianto, gesso de construo e alguns resduos qumicos que, se depositados inadequada-mente, podem provocar graves impactos ao meio ambiente e prejuzos para a sociedade (MOREIRA, 2010).

    H significativa gerao de RCD em servios classificados como construo informal, abrangendo atividades de reforma e ampliao, em que seus geradores ou os pequenos coletores que os atendem dispem estes resduos em reas no regularizadas pelo poder pblico local. Como resultado, essas reas se tornam sorvedouros dos RCD e acabam atraindo todo e qualquer tipo

  • 17

    Aterro de inertesrea onde so empregadas tcnicas de disposio de resduos da

    construo civil Classe A no solo, visando a reservao de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilizao da rea, utilizando princpios de engenharia para confin-los ao menor volume possvel, sem causar danos sade pblica e ao meio ambiente.

    (Resoluo 307/CONAMA)

    de resduo para o qual no se tenha soluo de captao roti-neira. Nestes casos, a administrao pblica fortuitamente faz a limpeza da rea, contudo o problema da deposio inadequada persiste formando um verdadeiro ciclo vicioso sem soluo.

    A deposio inadequada do RCD compromete a paisagem do local; o trfego de pedestres e de veculos; provoca o as-soreamento de rios, crregos e lagos; o entupimento da dre-nagem urbana, acarretando em enchentes; alm de servirem de pretexto para o depsito irregular de outros resduos no--inertes, propiciando o aparecimento e a multiplicao de ve-tores de doenas, arriscando a sade da populao vizinha.

    Elevados custos so dispendidos para a realizao desta prti-ca, principalmente em virtude dos equipamentos utilizados no recolhimento dos mesmos serem totalmente inadequados (equi-pamentos pesados, caminhes basculantes, ps carregadeiras, entre outros) a esse tipo de servio (PINTO, 2001). Alm disso, essa prtica no promove a sustentabilidade, uma vez que no incentiva a reduo, reutilizao ou reciclagem desses resduos.

    Infelizmente, um grande nmero de cidades brasileiras se encontra nesta situao de promoo da gesto dos resduos de maneira emergencial.

    O Art. 4 da Resoluo 307 do CONAMA enfatiza que os RCD no podem ser dispostos em aterros de resduos domiciliares, em reas de bota fora, em encostas, corpos dgua, lotes vagos e em reas protegidas por Lei. Para os RCD Classe A, a disposio final adequada exclusivamente em aterro de inertes, sendo que estes resduos devem, preferencialmente, ser reciclados.

  • 18

    Como evitar perdas no canteiro de obras

    As perdas ocasionadas pelo desperdcio dos materiais durante a construo de uma edificao so as grandes responsveis pela gerao de RCD no canteiro de obras. Estas perdas podem ocorrer em diferentes fases da obra e por distintos motivos.

    A Figura 3 sintetiza as principais causas, quais sejam:

    Perda ocasionada por superproduo, quando, por exem-plo, produz-se argamassa em quantidade superior necess-ria para o dia de trabalho;

    Perda por manuteno de estoques, podendo induzir os operrios a reduzirem os cuidados com os materiais por saber que existe grande quantidade armazenada;

    Perda durante o transporte, quando, por exemplo, os blo-cos cermicos quebram por serem carregados em carrinhos--de-mo no propcios ou o saco de cimento rasga por ser carregado no ombro do trabalhador;

    Perda pela fabricao de produtos defeituosos, quando, por exemplo, durante a inspeo de qualidade verificado que uma pa-rede foi construda em desacordo com o projeto, ou quando o pro-jeto sofre alterao, ou ainda quando, no ato da desforma de uma pea estrutural, constata-se que a concretagem foi mal executada;

    Perda no processamento em si, quando, por exemplo, so feitos recortes em placas cermicas ou quebras em blocos ce-rmicos para adequao com a rea construda.

    Os materiais que normalmente so desperdiados em maior quantidade nos canteiros de obra so o cimento, a areia e a argamassa, no necessariamente nesta ordem. E a ocorrncia de perdas acontece com mais intensidade no estoque e no transporte dos materiais do que durante o processamento em si (FORMOSO et al, 1996).

  • 19

    Melhorias podem ser obtidas sem a introduo de equipa-mentos caros ou avanadas tcnicas gerenciais, mas tambm simplesmente atravs de cuidados elementares no recebimen-to, na estocagem, no manuseio, na utilizao e na proteo dos materiais (FORMOSO et al, 1996).

    A seguir esto destacadas algumas dicas para minimizar a ocorrncia de perdas no canteiro de obras:

    Produzir argamassa apenas na quantidade suficiente para o dia de trabalho, determinada previamente pela rea a ser executada no dia.

    Armazenar os blocos cermicos ou de concreto e as telhas formando pilhas com quantidades iguais sobre paletes para evitar quebras e facilitar o transporte (Figura 4).

    Transportar blocos e sacos de cimento em carrinhos ade-quados, como ilustrado na Figura 5, a fim de reduzir o risco de quebra dos blocos e de rompimento dos sacos.

    Armazenar o cimento em local arejado e protegido de sol e chuva sobre estrado de madeira com 30 cm de altura e distante 30 cm da parede, conforme detalhado na Figura 6.

    Figura 3 - Causas das perdas na construo civil.

  • 20

    A quantidade de sacos a serem empilhados vai depender do tempo em que ficaro armazenados. Assim, deve-se empilhar 10 sacos se o tempo de armazenamento destes for superior a 10 dias e 15 sacos se o tempo de armazenamento destes for inferior a 10 dias.

    Sempre que possvel, evitar cortes de placas cermicas. Para isso, o uso de projetos com a coordenao modular essencial.

    Definir previamente o layout da central de concreto de forma a reduzir o caminho percorrido pelo operrio dos ma-teriais at a betoneira.

    Manter o canteiro de obras limpo e organizado, pois influen-ciar o trabalhador a ser mais cauteloso no manuseio dos ma-teriais, alm de reduzir a ocorrncia de acidentes do trabalho.

    Figura 4 - Estocagem de material paletizao.

    Figura 5 - Transporte adequado de blocos cermicos.

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    Figura 6 - Armazenamento de sacos de cimento.

    Como principal instrumento para o gerenciamento dos RCD, esta Resoluo prev a implementao de um Plano Integra-do de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil, a ser elaborado pelos Municpios e pelo Distrito Federal, devendo incorporar um Programa Municipal de Gerenciamento de Re-sduos da Construo Civil (PMGRCC) e Projetos de Gerencia-mento de Resduos da Construo Civil (PGRCC). A cidade de Fortaleza/Ce j possui este Plano Integrado desde 2006.

    O PMGRCC deve ser elaborado, implementado e coordena-do pelos Municpios e pelo Distrito Federal, e deve estabele-cer diretrizes tcnicas e procedimentos para o exerccio das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os critrios tcnicos do sistema de limpeza urbana local.

    Os PGRCC devem ser elaborados e implementados pelos grandes geradores e devem estabelecer os procedimentos ne-cessrios para o manejo e destinao ambientalmente ade-quados dos resduos.

    A classificao em pequenos e grandes geradores, para o caso especfico da cidade de Fortaleza/Ce, especificada na Lei Mu-nicipal N 8.408, de 24 de dezembro de 1999, estabelecendo

    Instrumentos legais para a gesto de RCD

  • 22

    que o produtor de resduos slidos cuja quantidade produzida exceda 50 Kg, por dia, e que seja proveniente de estabeleci-mentos domiciliares pblicos, comerciais, industriais e de ser-vios, ser denominado grande gerador e este ser responsvel pelos servios de acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinao final dos seus resduos, de-vendo custe-los. Por conseguinte, a produo diria inferior a 50 Kg de resduos caracterizada como pequena gerao e ser gerenciada pelo sistema de limpeza urbana municipal.

    No caso de empreendimentos e atividades que no sejam enquadrados na legislao como objeto de licenciamento am-biental, o PGRCC dever ser apresentado juntamente com o projeto do empreendimento para anlise pelo rgo compe-tente do poder pblico municipal, no caso de Fortaleza, pela SEMAM, em conformidade com o PMGRCC.

    Para empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamen-to ambiental, o PGRCC dever ser analisado dentro do proces-so de licenciamento, junto ao rgo ambiental competente.

    No que diz respeito ao contedo do PGRCC, este deve con-templar as etapas constantes na Figura 7: caracterizao, se-gregao, acondicionamento, transporte e destinao final.

    Figura 7 - Etapas do PGRCC a ser elaborado pela empresa privada.

  • 23

    Quadro 2 - Normas tcnicas da ABNT sobre a reciclagem de RCD.

    Normas Tcnicas

    As normas tcnicas foram elaboradas pelos Comits Tcni-cos e publicadas pela ABNT em 2004, conforme sintetizado no Quadro 2.

    Estas normas envolvem as diretrizes para implantao de reas de transbordo e triagem, de aterros de inertes e de reci-clagem dos RCD, alm de procedimentos para a execuo da pavimentao com agregados reciclados e de concreto sem funo estrutural.

  • 24

    Lei Federal N 12.305/2010 PNRS

    Aps duas dcadas de discusses, em 02 de agosto de 2010, foi sancionada a Lei Federal N 12.305, que institui a Polti-ca Nacional dos Resduos Slidos (PNRS). A Lei dispe sobre os princpios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao gerenciamento de resduos slidos (includos os resduos da construo civil), s responsabilidades dos geradores e do poder pblico e aos instrumentos econmicos aplicveis.

    Quanto s empresas e empreendimentos privados, a PNRS prev a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, considerando como responsveis no s os fabricantes, mas tambm os importadores, distribuidores, co-merciantes e at os consumidores e titulares dos servios de limpeza urbana ou manejo.

    O sistema de logstica reversa tambm tratado como ins-trumento na PNRS, juntamente com a coleta seletiva, para a implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Este sistema caracterizado por um con-junto de aes, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituio dos resduos slidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos pro-dutivos, ou outra destinao final ambientalmente adequada.

    Outro ponto impactante da PNRS que a partir de quatro anos aps a data de sua publicao, portanto a partir de 02 de agosto de 2014, a prefeitura e os geradores de resduos s podero dispor nos aterros sanitrios os rejeitos e no mais os resduos passveis de reciclagem como ocorre atualmente. A PNRS considera como rejeitos os resduos slidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recupe-rao por processos tecnolgicos disponveis e economica-mente viveis, no apresentem outra possibilidade que no a disposio final ambientalmente adequada.

    Especificamente quanto aos resduos da construo civil, a PNRS deixa claro que as empresas de construo civil esto sujeitas elaborao de plano de gerenciamento de resduos slidos, nos termos do regulamento ou de normas estabele-

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    cidas pelos rgos do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA. Este plano de gerenciamento deve atender ao disposto no plano municipal de gesto integrada de resduos slidos do respectivo Municpio.

    Um dos objetivos da Lei a no gerao de resduos, se-guida da reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos mesmos, bem como a sua disposio final ambientalmente adequada. Para atingir seus objetivos, dentre os instrumentos utilizados pela PNRS, destaca-se a pesquisa cientfica e tecno-lgica, reforando o papel da academia na soluo ou mini-mizao dos problemas ambientais.

    A gesto dos RCD deve seguir os preceitos do Projeto de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil (PGRCC) elaborado para o empreendimento e apresentado ao rgo fiscalizador competente.

    Segue, pormenorizada, cada etapa que os gestores devem seguir:

    Antes de desenvolver as estratgias de gerenciamento dos resduos no canteiro de obras se faz necessrio caracterizar o seu volume e a sua composio, pois so dados fundamentais para proceder ao dimensionamento dos recipientes que acon-dicionaro estes RCD.

    Portanto, a primeira ao para elaborar o PGRCC realizar um levantamento estatstico da gerao desses resduos, por tipo. Para o levantamento geralmente se usa como base as quantida-des cadastradas nos formulrios de produo mensal dos resdu-os de obras anteriores da empresa, desde que tenham o mesmo padro (sistema construtivo, nmero de pavimentos, rea cons-truda, etc). Para o caso das empresas que ainda no possuem acervo de obras anteriores, adotam-se, como levantamento esta-tstico, referncias bibliogrficas nacionais e internacionais.

    Gesto de RCD no canteiro de obras

  • 26

    Estes formulrios de produo mensal dos resduos so do-cumentos exigidos pelo rgo municipal fiscalizador compe-tente, de preenchimento obrigatrio durante toda a execuo da obra, e discriminam a quantidade de resduo produzida por classe e por fase da obra, a empresa contratada para transporte dos mesmos, o local de destinao final e o endereo da obra. Estes dados devem estar em consonncia com os emitidos pelas empresas contratadas para a coleta e destinao final.

    Ao final da obra, os formulrios, tanto da empresa construto-ra como da empresa contratada para coleta, so encaminha-dos ao rgo fiscalizador para averiguao da quantidade de resduos prevista no PGRCC e efetivamente gerada.

    Para o caso especfico de Fortaleza/Ce, o rgo municipal fiscalizador a Secretaria do Meio Ambiente e Controle Ur-bano (Semam) e todos os formulrios podem ser obtidos na pgina da Prefeitura Municipal na internet: http://www.forta-leza.ce.gov.br/semam.

    Segregao ou Triagem

    Esta uma etapa relevante para o processo de gerenciamen-to dos RCD, pois, se bem executada, possibilitar a mxima reciclagem dos resduos, considerando que estes sejam enca-minhados para usinas de reciclagem.

    Para que os resduos sejam reciclados e reaproveitados como matria-prima, as caractersticas do produto reciclado devem ser compatveis ao uso a que ele se prope. A reciclagem dos RCD contaminados com materiais no-inertes produz reciclados de pouca qualidade. Ento, fundamental a separao dos diversos tipos de resduos produzidos, onde a fase inerte a que possui maior potencial de reciclagem para produo de reciclados de boa qualidade a serem reaproveitados na prpria construo civil.

    Pode-se utilizar a mo-de-obra previamente treinada para efetuar a segregao do RCD ainda no canteiro de obras e logo aps ela seja gerada.

    Alm de contribuir ao processo de reciclagem, a atividade de segregao dos resduos possibilita a organizao e lim-

  • 27

    peza do local de trabalho podendo trazer como benefcio in-direto a reduo no ndice de afastamento de trabalhadores por acidente provocado pela desordem no canteiro. A Figura

    Figura 8 - Segregao de RCD no canteiro de obras.Fonte: ECOATITUDE - aes ambientais, 2011.

    8 ilustra um exemplo de canteiro de obras bem organizado, onde os resduos esto separados por classe.

    Acondicionamento

    Consiste de duas etapas: primeiro, deve-se dispor os RCD j segregados em recipientes especficos para cada tipo e finali-dade de resduos; e, posteriormente, deve-se encaminh-los para o armazenamento final.

    No caso de restos de madeira, metal, papel, plstico e vidro em pequenas quantidades, podem ser utilizadas bombonas, tambores ou mesmo coletores de lixo de tamanhos variados (Figura 9a). No interior dos recipientes podem-se colocar sa-cos de rfia a fim de facilitar a coleta para o armazenamento final. Estes recipientes podem ficar dispostos em cada pavi-mento do edifcio em construo ou em locais estratgicos definidos no projeto do layout do canteiro de obras.

    No caso de resduos orgnicos, copos plsticos descartveis, papis sujos ou outros passveis de coleta pblica, deve-se uti-lizar recipiente com tampa e saco de lixo simples. A localiza-o deve ser nas proximidades do refeitrio e de bebedouros.

  • 28

    Para resduos mais volumosos e pesados, como os de classe A, podem ser utilizadas baias fixas ou mveis ou mesmo ca-

    a b

    Figura 9 - (A) Tambores para acondicionamento inicial e (B) caamba estacionria.

    Figura 9 - Adesivos indicadores dos tipos de resduos.Fonte: Pensar ambiental, 2011.

    ambas estacionrias em locais de fcil retirada pela empresa contratada (Figura B).

    J os resduos volumosos e leves, como papis, plsticos, entre outros, podem ser dispostos em grandes caixas e ficar abrigados em locais com cobertura e fcil acesso para remo-o pela empresa contratada.

    Lembrando que, seja qual for o acondicionamento neces-sria a sinalizao do tipo de resduo por meio de adesivo com indicao da cor padronizada, segundo a Resoluo 275, de 25 de abril de 2001, do CONAMA, que estabelece o cdigo de cores para os diferentes tipos de resduos, a ser

  • 29

    adotado na identificao de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva, con-forme Figura 10 e Quadro 3.

    Transporte

    Em geral, o deslocamento horizontal dos resduos realiza-do em carrinhos-de-mo e giricas; e o deslocamento vertical realizado em tubos condutores de entulho, conforme Figura 11, ou elevadores de carga. Caso o volume de resduos seja muito grande, usa-se a grua para o transporte vertical.

    J o transporte externo executado por empresas de coleta de RCD contratadas pela construtora e devem ser cadastradas e credenciadas pelo rgo municipal fiscalizador. Conside-

    Quadro 3 Cores padronizadas dos recipientes para cada tipo de resduo.

  • 30

    rando a cidade de Fortaleza/Ce, estas empresas precisam estar cadastradas na Semam e na Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb). A lista destas empresas de coleta encontra--se disponvel no site da Semam.

    Destinao Final

    O Art. 10 da Resoluo 307 do CONAMA indica que os RCD de Classe A devem ser reutilizados ou reciclados na for-ma de agregados. Em ltimo caso, podem ser encaminhados para reas de aterro de resduos da construo civil.

    Contudo, quanto aos resduos das Classes B, C e D, a Resolu-o no especifica formas de reciclagem ou reutilizao para cada tipo de resduo, apenas indica que devem ser armaze-nados, transportados e destinados em conformidade com as normas tcnicas especficas.

    Assim, a seguir esto dispostas algumas sugestes para a des-tinao final de componentes de obras:

    O entulho de concreto, se no passar por beneficiamen-to, pode ser utilizado na construo de estradas ou como material de aterro em reas baixas. Caso passe por britagem e posterior separao em agregados de diferentes tamanhos, pode ser usado como agregado para produo de concreto asfltico, de sub-bases de rodovias e de concreto com agre-

    Figura 11 Tubo condutor vertical de entulho.Fonte: ROTOMIXBRASIL, 2011.

  • 31

    gados reciclados; artefatos de concreto, como meio-fio, blo-cos de vedao, briquetes, etc.

    A madeira pode ser reutilizada na obra se no estiver suja e danificada. Caso no esteja reaproveitvel na obra, pode ser triturada e usada na fabricao de papel e papelo ou pode ser usada como combustvel;

    O papel, papelo e plstico de embalagens, bem como o metal podem ser doados para cooperativas de catadores;

    O vidro pode ser reciclado em novo vidro, em fibra de vidro, telha e bloco de pavimentao ou, ainda, como adio na fabricao de asfalto;

    O resduo de alvenaria, incluindo tijolos, cermicas e pedras, pode ser utilizado na produo de concretos, embora possa ha-ver reduo na resistncia compresso, e de concretos espe-ciais, como o concreto leve com alto poder de isolamento tr-mico. Pode ser utilizado tambm como massa na fabricao de tijolos, com o aproveitamento at da sua parte fina como mate-rial de enchimento, alm de poder ser queimado e transformado em cinzas com reutilizao na prpria construo civil;

    Os sacos de cimento devem retornar fbrica para utiliza-o com combustvel na produo do cimento;

    O gesso pode ser reutilizado para produzir o p de gesso novamente ou pode ser usado como corretivo de solo;

    As empresas coletoras dos RCD da cidade de Fortaleza/Ce devem apresentar formulrio construtora e Semam com indicao do local de destinao final devidamente autorizado pelo rgo ambiental.

  • 32

    Resduos perigosos devem ser incinerados ou aterrados com procedimentos especficos. Alguns resduos como os de leos, de tintas e solventes, agentes abrasivos e baterias po-dem ser reciclados.

    O Art. 4 da Resoluo 307 do CONAMA deixa claro que os geradores devem ter como objetivo prioritrio a no ge-rao de resduos e, secundariamente, a reduo, a reutili-zao, a reciclagem e a destinao final dos RCD, termos integrantes do PGRCC.

    No tocante problemtica da disposio final de grandes volumes de RCD somado a escassez de recursos naturais em algumas regies brasileiras, vrios estudos esto sendo desen-volvidos para analisar formas de reuso e reciclagem do ma-terial. A seguir esto detalhadas algumas alternativas j bem difundidas para o aproveitamento dos RCD.

    A NBR 15.116 (ABNT, 2004f), que dispe sobre os requisi-tos para utilizao de agregados reciclados de RCD em pavi-mentao e preparo de concreto sem funo estrutural, define agregado reciclado como um material granular proveniente do beneficiamento de resduos de construo ou demolio de obras civis que apresenta caractersticas tcnicas para a aplicao em obras de edificao e infra-estrutura (Figura 12).

    Estes agregados reciclados so provenientes do beneficia-mento de resduo pertencente Classe A e podem ser dividi-dos em dois tipos, de acordo com a porcentagem de fragmen-tos de concreto na sua frao grada:

    Agregado reciclado de concreto (ARC): mnimo de 90%, em massa, de fragmentos de concreto;

    Reduo, reutilizao e reciclagem de RCD

  • 33

    Agregado reciclado misto (ARM): menos de 90%, em mas-sa, de fragmentos de concreto.

    a b

    Figura 12 (a) Areia reciclada e (b) Brita reciclada.

    Tabela 3 Requisitos gerais para agregados reciclados em concreto sem funo estrutural.

    Ainda que no haja uma unanimidade quanto aos custos dos agregados reciclados, certo que os valores sempre sero inferiores aos dos agregados naturais.

  • 34

    A tabela 3 expe os requisitos gerais impostos pela referi-da norma aos agregados reciclados destinados ao preparo de concreto sem funo estrutural.

    necessrio fazer uma ressalva quanto s caractersticas destes agregados: a possibilidade da presena de faces po-lidas em materiais cermicos, como pisos e azulejos, pode interferir negativamente na resistncia compresso do con-

    Figura 13 Produo de agregados reciclados.

    creto. Assim, sua viabilidade condicionada ao uso como agregado para concreto no estrutural, conforme indica a NBR 15.116, em substituio parcial aos agregados con-vencionais (areia e brita). Pela Figura 13 verifica-se que os equipamentos necessrios para a instalao de uma usina de reciclagem so simples: britador, peneira e esteira. Em Fortaleza/Ce, funciona a Usina de Reciclagem de Fortaleza (USIFORT), cujo processo de reciclagem resulta em areia e brita de diferentes granulometrias.

    Compsitos Cimentcios com Agregados Reciclados

    O uso de agregados reciclados em compsitos cimentcios j foi testado em vrios trabalhos do Brasil e do Exterior. No Estado do Cear, o Grupo de Pesquisa em Materiais de Cons-truo e Estruturas (GPMATE) da Universidade Federal do

  • 35

    Cear e o Grupo de Estudos em Materiais Alternativos para Construo e Concretos Especiais (MACCE) da Universidade Estadual Vale do Acara tm atuado nesta vertente, produzin-do alguns resultados, como:

    Reuso de cacos de blocos cermicos e telhas em substituio par-cial brita natural na produo de concreto (MACCE) (Figura 14);

    Triturao de material cermico at a finura de p para uso como aglomerante em argamassas de revestimento (GPMATE e MACCE) e como fler na produo de concretos estruturais (GPMATE) (Figura 15);

    a

    a

    b

    b

    Figura 14 (a) Resduo de material cermico e (b) Corpo-de-prova de concreto com material cermico.

    Figura 15 (a) P cermico; (b) Ensaio em argamassa com p cermico.

  • 36

    a

    a

    b

    b

    Figura 16 (a) Tijolo de solo-cal com p cermico e (b) Tijolo de concreto com agregado reciclado.

    Figura 17 (a) Ensaio de espalhamento no concreto auto-adensvele (b) Corpo-de-prova rompido.

    Figura 18 Bloco de pavimentao com agregados reciclados.

    Uso de agregados reciclados para produo de concretos estruturais, obtendo-se resistncias de at 35MPa (GPMATE);

    Produo de tijolo de solo-cal com incorporao de p cermico (MACCE) e de tijolo de concreto com incorporao de agregados reciclados (GPMATE) (Figura 16);

  • 37

    Tabela 4 - Requisitos gerais para agregados reciclados destinados pavimentao.

    Uso de brita reciclada em substituio brita natural para produo de concreto auto-adensvel, um tipo de concreto especial (GPMATE) (Figura 17);

    Produo de blocos de pavimentao com agregados reci-clados (GPMATE) (Figura 18).

    Pavimentao com Agregados Reciclados

    A reciclagem de RCD como agregado para ser misturado ao solo na constituio das camadas de base, sub-base e revesti-mentos primrios de pavimentao a alternativa mais difundida e aceita no meio tcnico por possuir estudos mais consolidados.

    O aproveitamento do agregado reciclado na pavimentao apresenta diversas vantagens (CARNEIRO et al, 2001):

    Utilizao de quantidade significativa de material recicla-do tanto na frao mida, quanto na grada;

    Simplicidade dos processos de execuo do pavimento e de produo do agregado reciclado (separao e britagem

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    primria), contribuindo para a reduo dos custos e a difuso dessa forma de reciclagem;

    Possibilidade de utilizao dos diversos materiais compo-nentes do entulho (concretos, argamassas, materiais cermi-cos, areia, pedras, etc.);

    Utilizao de parte do material em granulometrias gra-das reduzindo o consumo de energia necessrio para a reci-clagem do entulho.

    A NBR 15.115 (ABNT, 2004e) estabelece os critrios para execuo de camadas de reforo do subleito, sub-base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primrio, com agregado reciclado em obras de pavimentao, enquan-to que a NBR 15.116 (ABNT, 2004f) expe os requisitos para utilizao dos agregados reciclados em pavimentao, con-forme simplificado na tabela 4.

    O Laboratrio de Mecnica dos Pavimentos (LMP) da Universidade Federal do Cear (UFC) j desenvolveu v-rias pesquisas com a utilizao do agregado reciclado do resduo de construo e demolio na pavimentao que comprovam a sua aplicao na rea rodoviria com bons resultados, tais como:

    Aplicao dos agregados reciclados em camadas de bases e sub-bases de pavimentos;

    Emprego de misturas solo e RCD para emprego em cama-das granulares de pavimentos;

    Aplicao do agregado reciclado para revestimentos do tipo Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), trata-mento superficial simples (TSS), duplo (TSD) e triplo (TST).

  • 39

    O conceito de qualidade aplicado na indstria da constru-o civil vem provocando uma mudana no cenrio de geren-ciamento dos seus resduos, at pouco tempo negligenciado. Percebe-se que j existem empresas focadas na reduo de perdas nos canteiros de obras e incentivando a reciclagem.

    Os profissionais da construo civil, j firmados ou aqueles que ainda esto no incio da vida profissional, em qualquer esfera, devem estar preparados para as atividades de reduzir, reutilizar e reciclar os resduos em seus ambientes de trabalho a fim de fortalecer o desenvolvimento sustentvel, pois esta a nova vertente da construo civil nacional.

    Nesse sentido, publicaes como esta contribuem para a transferncia, ao meio tcnico, de conhecimento fundamental para a mudana no paradigma de impacto negativo ao meio ambiente provocado pela construo civil.

    A sustentabilidade, to almejada pelo sociedade atual, certamente s ser atingida se a construo civil, umas das principais, se no a principal indstria consumidora de ma-tria-prima e geradora de resduos, tornar-se sustentvel. A correta gesto dos seus resduos j um importante passo para a realizao disto.

    Consideraes finais

  • 40

    ANGULO, S.C.; JOHN, V.M. Normalizao dos agregados grados de re-sduos de construo e demolio reciclados para concretos e a variabilida-de. In: IX Encontro nacional de tecnologia do ambiente construdo. Foz do Iguau, 2002. Anais...

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    Antonio Eduardo Bezerra Cabral

    Possui graduao em Enge-nharia Civil pela Universida-de Federal do Cear (1997), mestrado em Engenharia Civil (Construo Civil) pela Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em Cincias da Engenharia Am-biental pela Universidade de So Paulo (2007), com estgio no exterior (Universiy of Tech-

    nology, Sydney - Austrlia). Atualmente professor Adjun-to do Departamento de Engenharia Estrutural e Construo Civil (DEECC) da Universidade Federal do Cear (UFC). Atua no ensino de graduao em Engenharia Civil da UFC, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia Estrutural e Construo Civil (PEC) da UFC e no Programa de Ps--Graduao em Tecnologia e Gesto Ambiental (PGTGA) do Instituto Federal de Educao, Cincias e Tecnologia do Cear (IFCE), alm de participar e coordenar vrios pro-jetos de pesquisa e de extenso. Tem experincia na rea de Construo Civil, atuando principalmente nos seguintes temas: diagnstico de patologias em edificaes, reparo e reforo do concreto armado, concretos especiais e gesto de resduos slidos da construo civil.

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    Kelvya Maria de Vasconcelos Moreira

    Possui graduao em Enge-nharia Civil pela Universidade Estadual Vale do Acara (2008) e em Tecnologia do Saneamento Ambiental pelo Instituto Centro de Ensino Tecnolgico (2004), alm de especializao em En-genharia de Segurana do Tra-balho pelo Instituto Superior de Teologia Aplicada (2010). Atua no ensino de graduao e ps-

    -graduao lato sensu, alm de ministrar cursos em eventos acadmicos. Atualmente mestranda em Engenharia Civil, modalidade Construo Civil, do Programa de Ps-Gradu-ao em Engenharia Estrutural e Construo Civil (PEC) da Universidade Federal do Cear. Tem experincia na rea de Tecnologia do Concreto atuando nos temas: materiais alter-nativos para a construo, concretos especiais e gesto de resduos slidos da construo civil. Na rea de Engenharia Sanitria, com nfase em Saneamento Ambiental, atua nos seguintes temas: resduos slidos, zoneamento ambiental e preservao dos recursos naturais.

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    Manual sobre os Resduos Slidos da Construo Civil

    Sindicato da Indstria da Construo Civil do Cear Sinduscon-CE www.sinduscon-ce.org.br

    Vice-presidente de Sustentabilidade Paula Frota

    Superintendente Ftima Santana

    Autores Antonio Eduardo Bezerra Cabral Kelvya Maria de Vasconcelos Moreira

    Concepo Visual Gadioli Cipolla Comunicao www.gadioli.com

    Direo de arte Cassiano Cipola

    Diagramao e finalizao Samuel Harami

    Ilustraes Jordo Tom Menezes

    Impresso Expresso Grfica Tiragem: 500 exemplares

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