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Manual de Serigrafia Aline Carmem de Lima R. Horta A serigrafia abrange tanto as Artes Plásticas quanto as Artes Gráficas, desde há vários séculos, não se sabe ao certo se foram os chineses ou os japoneses que primeiro a utilizaram. Desde então vem sendo utilizada de diversas maneiras, como por exemplo, para decoração de tecidos, cartazes, e etc… Muito parecida com a estampilha, que é um dos mais antigos processos de reprodução de imagens em série, mas não se pode afirmar que seja um aperfeiçoamento desse processo. A estampilha nada mais é do que voce fazer um recorte numa folha de papel, metal ou cartão e onde fica o vazado é onde a imagem irá aparecer e onde ficou intacto serviu com fôrma de impressão. O processo do sik- screen consiste em um suporte de madeira onde é fixado uma trama de seda, nele é comprimido a tinta em movimentos de vai e vem com um rodo de borracha, onde não está obstruido a tinta entra e forma a imagem. Há vários métodos de preparar a tela, no estêncil há um recorte feito em um papel ou em um papel contact, este recorte será depositado na tela e será o estêncil real. No método direto é feito um desenho direto na seda, com um giz de cera, tinta litográfica ou pincel. Depois toda superfície é coberta com cola e água e então age o princípio da Litografia que é o da repulsão entre água e

Manual de Serigrafia

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Manual de SerigrafiaAline Carmem de Lima R. Horta

A serigrafia abrange tanto as Artes Plásticas quanto as Artes Gráficas, desde há

vários séculos, não se sabe ao certo se foram os chineses ou os japoneses que primeiro a

utilizaram. Desde então vem sendo utilizada de diversas maneiras, como por exemplo,

para decoração de tecidos, cartazes, e etc…

Muito parecida com a estampilha, que é um dos mais antigos processos de

reprodução de imagens em série, mas não se pode afirmar que seja um aperfeiçoamento

desse processo. A estampilha nada mais é do que voce fazer um recorte numa folha de

papel, metal ou cartão e onde fica o vazado é onde a imagem irá aparecer e onde ficou

intacto serviu com fôrma de impressão.

O processo do sik- screen consiste em um suporte de madeira onde é fixado uma

trama de seda, nele é comprimido a tinta em movimentos de vai e vem com um rodo de

borracha, onde não está obstruido a tinta entra e forma a imagem.

Há vários métodos de preparar a tela, no estêncil há um recorte feito em um

papel ou em um papel contact, este recorte será depositado na tela e será o estêncil real.

No método direto é feito um desenho direto na seda, com um giz de cera, tinta

litográfica ou pincel. Depois toda superfície é coberta com cola e água e então age o

princípio da Litografia que é o da repulsão entre água e óleo. Em seguida depois de seco

é feito a desobstrução com terebentina, dissolvendo a tinta graxa.

Há também o método fotomecânico.

Hoje em dia não é mais usado a seda e sim náylon ou poliéster nas telas

serigráficas.

A serigrafia permite impressões nos mais variados suportes e com as mais

variadas tintas. Para tantas cores que se pretende empregar tantos estênceis devem ser

feitos.

Não se sabe quando a serigrafia surgiu no Brasil, mas foi mais demorado o seu

desenvolvimento do que em outros países. Pois até pouco tempo aqui só era conhecido

o método de filme de corte para preparar as telas. Depois com a venda da emulsão

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fotográfica que permite a facilidade e é mais economica é que houve um enorme

progresso da serigrafia.

Recentemente o processo foi aceito no Brasil como técnica de gravura artística a

partir de 1967.

A Serigrafia tem aplicações ramificadas e dinâmica pois abrange a produção

industrial de larga escala e pode ser usada com diversas tintas, cores e suportes de

diversos tamanhos e formas. Como por exemplo, metais, vidros, madeiras, borrachas,

azulejos, camisetas, papéis de parede, e etc…

A serigrafia se iguala aos outros processos de gravura:, Xilogravura, Litografia,

Gravura em Metal, Infogravura ( realizada em meios digitais por artistas

contemporâneos).

Como nos demais processos ele se divide em gravação e impressão, cuja matriz

é o quadro serigráfico que é uma tela de madeira no qual se estica um tecido de náylon

ou poliéster. Quanto maior o número de fios mais fino será o tecido e maior a precisão

da impressão. Para desenhos com pastel oleoso usa-se 55 ou 60 fios, para imprimir

sobre tecidos usa-se o de até 77 fios, para imprimir sobre papéis usa-se de 55 a 120 fios.

O processo é diferente dos demais porque a matriz não produz resultado depois

de entintar e pressionar por contato no suporte. Ela no momento que entinta é

simultânea à impressão.

As imagens impressas são produzidas por processos diretos, onde é fixado a

imagem direto na tela, ou por processo fotográfico onde a sensibilização por exposição

à luz revela a imagem.

Em ambos os processos as áreas vazadas são entremeadas pela tinta. As áreas

fechadas não deixam a tinta passar, assim no suporte que será gravado a tinta passa de

maneira uniforme e se deposita nas áreas que ficaram abertas. Pode- se fazer impressões

em jornais para conferências. As outras impressões devem ser feitas em papeis de altas

gramaturas para não enrugarem.

A serigrafia é um processo positivo, onde não precisa ser feita a inversão ou

espelhamento de imagens.

O rodo deve ser muito bem guardado e lavado sempre após seu uso para evitar o

empenamento. Com uma espátula é feita a distribuição da tinta nas bordas internas do

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quadro serigráfico, em seguida com o rodo escolhido de acordo com o tamanho da

imagem aberta é feita a pressão puxando o rodo para o lado oposto fazendo com que a

tinta atravesse a área vazada. Depois levanta-se a tela que é presa numa mesa, retira-se o

suporte impresso e coloque outro repetindo assim com o rodo. Esse processo é feito

usando apenas uma cor, monocromia, para duas cores ou mais é feito o mesmo

procedimento depois que secar o suporte impresso. Os abertos e fechados são diferentes

para cada cor. É preciso ter cuidado com as trocas de suporte pois é preciso exatidão no

posicionamento da imagem, para que o registro entre as impressões seja perfeito. Uma

forma de ajudar na exatidão desse registro é colocar um acetato embaixo do quadro

serigráfico e prendê-lo nas bordas com fita adesiva de maneira que dê para levantá-lo e

abaixá-lo toda hora para consertar o posicionamento da imagem. A primeira impressão

sempre é feita nesse acetato permitindo assim que se ajuste a imagem ao suporte final.

Todo o processo deve ser feito rapidamente para que a tinta não seque na tela e entupa

os fios.

Nos processos diretos são usados fitas e papéis adesivos, papéis porosos,

laminados diversos como isolantes. E como vedantes são usados materiais

ceróides( parafina..), filme de recorte, pintura com emulsão, fitas e papéis adesivos e

pastel oleoso.

No processo fotográfico a emulsão fotográfica é responsavel por fechar as

tramas da tela nas áreas que não receberão tinta no desenho. O sensibilizante é

adicionado na emulsão e deve ser mexido lentamente para não dar bolha de ar e deve ser

manuseado longe da luz. Depois deixe descansar durante 15 minutos e após esse tempo

deve ser aplicado sobre a tela e aguardar secar. Depois de seca deve receber a exposição

da luz para que reaja e firme na tela.

Para impressão desse método deve-se utilizar transparencias, papel vegetal,

acetato de retroprojetor,etc.. O nanquim é muito usado pois ele nos dá um preto

absoluto que bloqueia a passagem da luz na gravação da tela.

Com pesos sobre o quadro em contato com a mesa de gravação a luz reage e

fixa a emulsão na tela e as áreas pretas com nanquim são retiradas com água após o

processo. Só no final que a luz pode ser acesa. Imediatamente deve-se lavar o quadro

para que não mais reaja, e retirar a emulsão da área da imagem.

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Para desgravar o quadro deve-se mergulhá-lo numa soluçao de água sanitária ou

cloro, deixar o quadro de molho em seguida lavar e secar e para retirar os resquícios ou

“fantasmas” de imagens utiliza-se uma estopa com álcool friccionando em movimentos

circulares nos dois sentidos simultaneamente.

Para preparar a tinta serigráfica deve-se preparar uma base branca pigmentável

em seguida misturar um pigmento corante a essa base. Essa mistura deve ser lenta e

demorada para que fique homogênea e não prejudique a impressão.

As tiragens serigráficas devem ser numeradas no canto inferior esquerdo, com

título no centro e nome e data no canto inferior direito. Igual ás outras gravuras. Quando

uma tiragem já foi efetuada e deseja fazer uma alteração deve-se numerar como na

tiragem antiga seguida da sigla V. T ( variante ou variação da tiragem).

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