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Manual de SerigrafiaAline Carmem de Lima R. Horta
A serigrafia abrange tanto as Artes Plásticas quanto as Artes Gráficas, desde há
vários séculos, não se sabe ao certo se foram os chineses ou os japoneses que primeiro a
utilizaram. Desde então vem sendo utilizada de diversas maneiras, como por exemplo,
para decoração de tecidos, cartazes, e etc…
Muito parecida com a estampilha, que é um dos mais antigos processos de
reprodução de imagens em série, mas não se pode afirmar que seja um aperfeiçoamento
desse processo. A estampilha nada mais é do que voce fazer um recorte numa folha de
papel, metal ou cartão e onde fica o vazado é onde a imagem irá aparecer e onde ficou
intacto serviu com fôrma de impressão.
O processo do sik- screen consiste em um suporte de madeira onde é fixado uma
trama de seda, nele é comprimido a tinta em movimentos de vai e vem com um rodo de
borracha, onde não está obstruido a tinta entra e forma a imagem.
Há vários métodos de preparar a tela, no estêncil há um recorte feito em um
papel ou em um papel contact, este recorte será depositado na tela e será o estêncil real.
No método direto é feito um desenho direto na seda, com um giz de cera, tinta
litográfica ou pincel. Depois toda superfície é coberta com cola e água e então age o
princípio da Litografia que é o da repulsão entre água e óleo. Em seguida depois de seco
é feito a desobstrução com terebentina, dissolvendo a tinta graxa.
Há também o método fotomecânico.
Hoje em dia não é mais usado a seda e sim náylon ou poliéster nas telas
serigráficas.
A serigrafia permite impressões nos mais variados suportes e com as mais
variadas tintas. Para tantas cores que se pretende empregar tantos estênceis devem ser
feitos.
Não se sabe quando a serigrafia surgiu no Brasil, mas foi mais demorado o seu
desenvolvimento do que em outros países. Pois até pouco tempo aqui só era conhecido
o método de filme de corte para preparar as telas. Depois com a venda da emulsão
fotográfica que permite a facilidade e é mais economica é que houve um enorme
progresso da serigrafia.
Recentemente o processo foi aceito no Brasil como técnica de gravura artística a
partir de 1967.
A Serigrafia tem aplicações ramificadas e dinâmica pois abrange a produção
industrial de larga escala e pode ser usada com diversas tintas, cores e suportes de
diversos tamanhos e formas. Como por exemplo, metais, vidros, madeiras, borrachas,
azulejos, camisetas, papéis de parede, e etc…
A serigrafia se iguala aos outros processos de gravura:, Xilogravura, Litografia,
Gravura em Metal, Infogravura ( realizada em meios digitais por artistas
contemporâneos).
Como nos demais processos ele se divide em gravação e impressão, cuja matriz
é o quadro serigráfico que é uma tela de madeira no qual se estica um tecido de náylon
ou poliéster. Quanto maior o número de fios mais fino será o tecido e maior a precisão
da impressão. Para desenhos com pastel oleoso usa-se 55 ou 60 fios, para imprimir
sobre tecidos usa-se o de até 77 fios, para imprimir sobre papéis usa-se de 55 a 120 fios.
O processo é diferente dos demais porque a matriz não produz resultado depois
de entintar e pressionar por contato no suporte. Ela no momento que entinta é
simultânea à impressão.
As imagens impressas são produzidas por processos diretos, onde é fixado a
imagem direto na tela, ou por processo fotográfico onde a sensibilização por exposição
à luz revela a imagem.
Em ambos os processos as áreas vazadas são entremeadas pela tinta. As áreas
fechadas não deixam a tinta passar, assim no suporte que será gravado a tinta passa de
maneira uniforme e se deposita nas áreas que ficaram abertas. Pode- se fazer impressões
em jornais para conferências. As outras impressões devem ser feitas em papeis de altas
gramaturas para não enrugarem.
A serigrafia é um processo positivo, onde não precisa ser feita a inversão ou
espelhamento de imagens.
O rodo deve ser muito bem guardado e lavado sempre após seu uso para evitar o
empenamento. Com uma espátula é feita a distribuição da tinta nas bordas internas do
quadro serigráfico, em seguida com o rodo escolhido de acordo com o tamanho da
imagem aberta é feita a pressão puxando o rodo para o lado oposto fazendo com que a
tinta atravesse a área vazada. Depois levanta-se a tela que é presa numa mesa, retira-se o
suporte impresso e coloque outro repetindo assim com o rodo. Esse processo é feito
usando apenas uma cor, monocromia, para duas cores ou mais é feito o mesmo
procedimento depois que secar o suporte impresso. Os abertos e fechados são diferentes
para cada cor. É preciso ter cuidado com as trocas de suporte pois é preciso exatidão no
posicionamento da imagem, para que o registro entre as impressões seja perfeito. Uma
forma de ajudar na exatidão desse registro é colocar um acetato embaixo do quadro
serigráfico e prendê-lo nas bordas com fita adesiva de maneira que dê para levantá-lo e
abaixá-lo toda hora para consertar o posicionamento da imagem. A primeira impressão
sempre é feita nesse acetato permitindo assim que se ajuste a imagem ao suporte final.
Todo o processo deve ser feito rapidamente para que a tinta não seque na tela e entupa
os fios.
Nos processos diretos são usados fitas e papéis adesivos, papéis porosos,
laminados diversos como isolantes. E como vedantes são usados materiais
ceróides( parafina..), filme de recorte, pintura com emulsão, fitas e papéis adesivos e
pastel oleoso.
No processo fotográfico a emulsão fotográfica é responsavel por fechar as
tramas da tela nas áreas que não receberão tinta no desenho. O sensibilizante é
adicionado na emulsão e deve ser mexido lentamente para não dar bolha de ar e deve ser
manuseado longe da luz. Depois deixe descansar durante 15 minutos e após esse tempo
deve ser aplicado sobre a tela e aguardar secar. Depois de seca deve receber a exposição
da luz para que reaja e firme na tela.
Para impressão desse método deve-se utilizar transparencias, papel vegetal,
acetato de retroprojetor,etc.. O nanquim é muito usado pois ele nos dá um preto
absoluto que bloqueia a passagem da luz na gravação da tela.
Com pesos sobre o quadro em contato com a mesa de gravação a luz reage e
fixa a emulsão na tela e as áreas pretas com nanquim são retiradas com água após o
processo. Só no final que a luz pode ser acesa. Imediatamente deve-se lavar o quadro
para que não mais reaja, e retirar a emulsão da área da imagem.
Para desgravar o quadro deve-se mergulhá-lo numa soluçao de água sanitária ou
cloro, deixar o quadro de molho em seguida lavar e secar e para retirar os resquícios ou
“fantasmas” de imagens utiliza-se uma estopa com álcool friccionando em movimentos
circulares nos dois sentidos simultaneamente.
Para preparar a tinta serigráfica deve-se preparar uma base branca pigmentável
em seguida misturar um pigmento corante a essa base. Essa mistura deve ser lenta e
demorada para que fique homogênea e não prejudique a impressão.
As tiragens serigráficas devem ser numeradas no canto inferior esquerdo, com
título no centro e nome e data no canto inferior direito. Igual ás outras gravuras. Quando
uma tiragem já foi efetuada e deseja fazer uma alteração deve-se numerar como na
tiragem antiga seguida da sigla V. T ( variante ou variação da tiragem).
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