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Cuidados Paliativos Manual do Cuidador de Idosos

Projeto A Arte do Cuidar 2012

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Sumário

Apresentação.......................................................................................5

Capítulo 1

Manipulação do paciente ................................................................ 11

Capítulo 2

Alimentação ..................................................................................... 26

Capítulo 3

Comunicação .................................................................................... 33

Capítulo 4

Medicação e Hospitalização ........................................................... 51

Capítulo 5

Dores, Curativos e Outros Sintomas .............................................. 64

Capítulo 6

Cuidados com o Cuidador ................................................................ 82

Capítulo 7

Primeiros Socorros ........................................................................... 92

Agradecimentos...............................................................................121

Ficha Técnica...................................................................................123

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Apresentação

Mais um ano, mais um trabalho árduo, mais uma conquista!

Desta vez nós voltamos o nosso olhar para o cuidador que não é um

profissional da área da Saúde, que muitas vezes nem teve o direito de escolha, que

não foi preparado para as tarefas que enfrenta e que, muitas vezes se sente

invisível...

Na nossa ação de médicos com a visão dos Cuidados Paliativos, muitas vezes

percebemos o cansaço do cuidador, o sofrimento constante, os sacrifícios que faz, a

dedicação contínua ao doente, e temos a impressão de que ele não é valorizado

como deveria.

Este é o alerta que o Manual de Cuidados Paliativos de 2012 pretende deixar a

quem o leia: tão importante quanto a equipe multiprofissional de cuidados ao doente

é a presença de um cuidador amoroso, dedicado, competente e valorizado como

elemento fundamental de apoio ao doente.

Que os nossos cuidadores familiares se sintam cada vez mais valorizados.

Os alunos da Faculdade de Medicina de Itajubá, construindo este Manual,

contribuem para a formação de cuidadores mais competentes e conscientes da

importância do seu papel.

E, como professora destes alunos (sorte minha), sinto-me mais uma vez

orgulhosa deles!

Profa. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo

Professora Assistente da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos

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Reflexões a respeito da evolução do conceito de morte nos Códigos de Ética Médica

A palavra morte não aparecia nos códigos de ética médica em seu princípio e

até recentemente. A ausência da palavra morte refletia a onipotência da medicina e

dos conselhos, negando o fato mais singular da vida. Aos poucos as letras do Código

foram mudando, em função de avanços na visão da saúde e da doença e das

modificações nas ações dos médicos. O médico, diante de doentes terminais deveria

comunicar aos familiares e pessoas próximas sobre as possibilidades de desfecho

fatal (1945), não podendo colaborar de forma alguma para apressar a morte do

paciente (1965) . No código de 1988, a regra estabelecia que o médico não poderia

abandonar seu paciente portador de doença crônica ou incurável e nele é reforçada a

proibição do uso de meios para abreviar a vida do paciente (eutanásia), mesmo que

a pedido deste ou de seu responsável legal. Com a evolução dos conceitos e

tratamentos humanitários e o surgimento dos Cuidados Paliativos, o CFM, na

tentativa de normatizar condutas médicas protetoras aos profissionais e aos

pacientes, edita em 2006 a resolução 1805, que estabelece que “é permitido ao

médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do

doente, em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da

pessoa ou de seu representante legal”. Diante desta postura inovadora do Conselho

Federal de Medicina, surgiram reações tanto no meio médico como na sociedade e

no mundo jurídico, e a resolução foi suspensa por uma liminar do Poder Público.

Somente em 2011, após muita discussão e esclarecimentos prestados pelo Conselho,

o mesmo Juiz revogou a liminar, dando então força legal para a decisão do CFM. Na

última atualização do Código de Ética Medica, de 2009, mesmo ainda durante o

trâmite da ação civil pública contra a resolução 1805, o Conselho Federal de Medicina

ratifica em seus artigos e parágrafos a proibição da distanásia (obstinação

terapêutica) e institui definitivamente a ortotanásia (morte digna, sem dor, sem

sofrimento) afirmando que “nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o medico

evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e

propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os Cuidados Paliativos apropriados” e

no artigo 41 do novo Código expressa que “nos casos de doença incurável e

terminal, deve o medico oferecer todos os Cuidados Paliativos disponíveis, sem

empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando

sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade,

a de seu representante legal”.

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Após a conquista da inclusão dos Cuidados Paliativos no Código de

Ética Médica, o Conselho Federal de Medicina, através de sua Câmara Técnica sobre

a Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, avançou em mais um aspecto

fundamental da dignidade e autonomia do ser humano, em seus momentos finais.

De um modo geral as decisões sobre o que fazer com o paciente em seus momentos

críticos sempre foi de responsabilidade do médico ou dos familiares dos pacientes,

principalmente quando eles não tem como responder por si mesmos ou fazer sua

escolha. Assim sendo, em 31 de agosto de 2012 foi publicado no Diário Oficial da

União a resolução CFM numero 1.995/2012, que trata do assim chamado

Testamento Vital, ou seja, normatiza as regras para que as pessoas em geral possam

“definir diretivas antecipadas de seus desejos sobre os cuidados e tratamentos que

quer ou não receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e

autonomamente, sua vontade”. Pode-se delegar antecipadamente, por escrito, esta

responsabilidade ao seu médico de confiança ou designar um representante de suas

relações para tal fim.

Provavelmente há muito ainda a se conquistar para o bem estar deste

grupo de pacientes, mas estas determinações do Conselho Federal de Medicina

promoveram um grande avanço na busca de melhor qualidade de morte no Brasil,

que em uma pesquisa recente feita pelo “The Economist Intelligence Unit – 2010,

amargou uma 38a classificação entre 40 paises.

Um outro aspecto positivo é que em se tratando de normatização do

CFM, os médicos, ainda resistentes em sua maioria com relação ao encaminhamento

ou cuidado de seus pacientes com a ênfase nas diretrizes dos Cuidados Paliativos,

serão obrigados, por força de lei, a seguir este caminho.

Esperemos que muitas novidades advenham a partir destas aberturas,

pois todos nós teremos a ganhar, posto que todos somos finitos. E que a exemplo de

outros países, o Brasil possa sair de uma postura primitiva, dando novos passos em

busca de melhor qualidade de vida e de morte.

Dr. Kleber Lincoln Gomes

Titular da Disciplina de Psiquiatria

Presidente da AISI

30/09/2012

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Aos alunos do Projeto “A Arte do Cuidar”

Todos vocês, que participaram da produção do já vitorioso Manual e do Vídeo

sobre Cuidados Paliativos em 2011, têm agora um desafio maior e mais difícil: a

produção de material de apoio aos cuidadores antes chamados de informais.

Ainda em 2012 o Governo Federal criou a profissão de CUIDADOR,

regulamentando-a e formalizando a sua prática. Uma das exigências é que a pessoa

tenha diploma do curso básico completo.

Além do grau de escolaridade, a pessoa tem que reunir certas características:

ter empatia para com o sofrimento do outro, ser capaz de um bom relacionamento

social, ter responsabilidade profissional, ter iniciativa, ter vontade de estudar, ter

noções básicas de enfermagem e, acima de tudo, ter AMOR AO PRÓXIMO!

Boa sorte aos alunos e aos cuidadores,

Prof. Dr. Marco Tullio de Assis Figueiredo

Titular da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos

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Capítulo 1

Manipulação do paciente

Laís Novaes Ayres

A manipulação adequada do idoso é fundamental para sua qualidade de vida e

ajuda A manipulação adequada do idoso é fundamental para sua qualidade de vida e

ajuda a evitar dores e lesões para ele e para o cuidador. Além disso, é importante

que se estimule a mudança de posição e o caminhar, mesmo que por pouco tempo,

pois ajuda na circulação sanguínea e evita o surgimento das feridas, úlceras de

pressão e escaras. Quando possível, deve-se encorajá-lo a realizar o movimento

sozinho, mas sempre com supervisão e atenção para a necessidade de auxílio.

Durante toda a manipulação, explique à pessoa cuidada o que será realizado

usando frases curtas e claras. Verifique se ela compreendeu o que foi explicado e, se

necessário, repita.

Todos os movimentos devem ser realizados de forma coordenada e

simultânea, principalmente quando há mais alguém auxiliando no procedimento. Por

isso é indicado que se conte “1, 2, 3...” para melhor coordenação.

Tenha paciência ao se deparar com situações difíceis, como a falta de

cooperação da pessoa cuidada. Ela pode estar com medo, envergonhada, com dor

ou ter tido experiências ruins que despertaram receios à manipulação. A colaboração

depende da confiança que ela tem no cuidador e, para isso, é preciso carinho,

tempo, paciência e respeito.

O que são úlceras de pressão e escaras?

As úlceras de pressão são feridas ou lesões causadas pela diminuição

prolongada da circulação sanguínea. Elas aparecem de uma hora para outra e levam

muito tempo para cicatrizar. Quando a lesão fica necrosada (com uma crosta preta e

endurecida) é chamada de escara. É comum surgir esse tipo de lesão em pacientes

idosos acamados, quando estes permanecem por muito tempo na mesma posição,

podendo ser mais grave em pacientes desnutridos, diabéticos e/ou com incontinência

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urinária ou fecal. As lesões aparecem com mais frequência nas áreas do corpo que

estão em contato com a cama ou com a cadeira. Os locais mais comuns são: região

final da coluna, calcanhares, tornozelos, quadril e cotovelos.

Para prevenir as úlceras é necessário estimular o paciente a mudar de posição

a cada duas horas. Além disso, o alívio da pressão na pele, principalmente nas áreas

de risco, como nas proeminências ósseas, é fundamental. Para aliviar a pressão

pode-se usar colchão tipo “caixa de ovo” entre o colchão e o lençol e usar travesseiro

ou outro material macio como apoio para as áreas de risco.

Exemplo de colchão caixa de ovo.

Ao mudar o paciente de posição, faça todos os movimentos com muito

cuidado para não feri-lo, pois a pele de uma pessoa idosa é muito frágil. E tenha o

cuidado de manter a roupa de cama sempre esticada, já que as dobras do lençol

também podem ferir a pele.

O tratamento das escaras consiste na limpeza da lesão com soro fisiológico e

na retirada da parte ulcerada quando estiver presente e será realizado pelos

profissionais da saúde. Ao cuidador cabe, além da mudança de posição, manter a

área limpa e seca e tomar os devidos cuidados no banho e na higiene da fralda,

evitando contaminações da ferida pela urina e pelas fezes.

O sol ajuda na cicatrização de feridas, por isso sempre que possível leve a

pessoa cuidada para tomar sol por volta de 30 minutos ou o quanto ela aguentar.

Sempre antes das 10 horas ou depois da 16 horas e com filtro solar.

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Caso a ferida aumente, infeccione ou apareçam novas áreas com lesão

comunique a Equipe de Saúde e siga as suas orientações.

Como mudar o idoso de posição?

A movimentação no leito deve ser realizada, preferencialmente, por duas

pessoas e a cada duas horas. Essa mudança pode provocar lesões tanto no idoso

como no cuidador se for realizada de forma incorreta. Sempre que o idoso conseguir,

peça a sua ajuda; isso vai estimular a sua independência e ele se sentirá mais útil.

Ele deve ser informado do que será feito e para onde será transferido. É importante

que o idoso e o cuidador estejam com sapatos baixos, firmes nos pés e com solado

antiderrapante.

Colocando o idoso de lado

Para colocar o paciente nessa posição, fique do lado que pretende virar o

paciente e peça para que ele dobre os joelhos e cruze a perna e o braço para o lado

que vai virar. Caso o paciente não tenha forças, faça isso por ele. Certifique-se que o

outro braço não vai ficar embaixo do corpo após manipulação. Vire a cabeça dele em

sua direção. Por último rode a pessoa gentilmente, usando o seu ombro e joelho.

Esse movimento também pode ser realizado com o auxílio de um plástico

deslizante e resistente embaixo do corpo do idoso. Nessa manobra o cuidador deve

ficar do lado oposto ao qual a pessoa será virada e manter o outro lado com uma

grade de proteção. Primeiro, deve-se puxá-lo para sua direção e para a beirada da

cama, em seguida elevar o plástico cuidadosamente para o outro lado da cama.

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Trazendo o idoso para um dos lados da cama

Para realizar esse movimento, duas pessoas devem ficar do lado que se

deseja trazer o paciente. Os cuidadores devem ficar com uma das pernas em frente

da outra, com os joelhos e quadris flexionados. Uma pessoa deve colocar um dos

braços sob a cabeça e, o outro, na região lombar. A outra pessoa coloca um dos

braços também sob a região lombar e, o outro, na região posterior da coxa. Assim

que os dois estiverem bem posicionados, devem trazer o paciente para este lado da

cama de modo simultâneo e coordenado.

Caso não tenha ajuda de uma segunda pessoa, faça o movimento em etapas.

A ajuda de um plástico sob o corpo do paciente facilita o movimento.

Sentando o paciente no leito

O cuidador deve ficar de frente para o paciente, colocar um dos seus joelhos

na cama, ao nível do quadril do paciente e sentar-se sobre seu próprio tornozelo. Em

seguida, deve segurar no cotovelo do paciente, que também vai segurar o cotovelo

do cuidador.

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No caso do paciente não conseguir auxiliar, é necessário realizar o

procedimento com duas pessoas e com o auxílio de um plástico. Cada cuidador fica

de um lado da cama olhando na direção oposta à do paciente. Eles devem colocar

um joelho na cama no nível do quadril do paciente e a outra perna fixa no chão.

Com uma mão segurando a mão do paciente e a outra segurando o plástico. Com os

dois bem posicionados, podem trazer o paciente para frente enquanto sentam-se em

seus calcanhares.

Se o cuidador precisar colocar o idoso sentado na beira da cama, ele deve

sentá-lo e mover os seus membros inferiores para fora do leito. Outra opção é

colocar o paciente de lado e elevar a cabeceira da cama; uma pessoa segura a

região dorsal e o ombro, enquanto a outra pessoa segura os membros inferiores,

feito isso podem girar o paciente de forma coordenada até ele ficar sentado.

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Para movimentar o idoso sentado para a cabeceira da cama, é preciso que ele

flexione as pernas com o cuidador segurando seus pés. Em seguida, o paciente apoia

uma mão de cada lado do corpo e dá um impulso para trás.

Mas se o paciente não puder colaborar, duas pessoas devem realizar o

procedimento com o auxilio de um plástico deslizante e resistente. As duas pessoas

devem ficar uma de cada lado do leito, olhando na mesma direção do paciente. Com

um joelho na cama, mantendo a outra perna firme no chão, uma mão segura o

plástico e a outra a mão do paciente, as duas pessoas devem, simultaneamente,

sentar-se sobre os calcanhares e mover o idoso.

Transferindo o idoso da cama para a cadeira

O paciente pode executar essa transferência de uma forma independente ou

com ajuda, utilizando uma tábua de transferência (dispositivo existente no mercado

e projetado para facilitar a transferência lateral de forma mais segura para o

cuidador e o paciente). Mesmo que sozinho, auxilie-o aproximando a cadeira da

cama; elas devem ter a mesma altura. A cadeira deve ficar posicionada do lado em

que o paciente tem maior mobilidade. Tome o cuidado de travar a cadeira e o leito,

remova o braço da cadeira e erga o apoio dos pés. Se for utilizar a tábua, esta deve

estar apoiada seguramente entre a cama e a cadeira. Assim o paciente pode deslizar

da cama para a cadeira com maior segurança.

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Se o paciente não puder executar a transferência sozinho, ajude-o a sentar-se

na beira da cama e peça para que ele apoie os pés no chão. Permaneça na frente

dele para evitar que ele se desequilibre e caia, flexione os joelhos e passe os braços

em torno da cintura dele. Quando o paciente se sentir seguro, peça-lhe para se

levantar ou dar um impulso e erga-o, trazendo-o junto. Guie a pessoa até uma

cadeira.

Esse procedimento pode ser realizado com o auxílio de um cinto de

transferência, como mostra a figura a seguir.

Caso o paciente tenha muita dificuldade para se movimentar e não conseguir

ajudar, a transferência deve ser realizada por duas pessoas. Peça para o paciente

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cruzar os braços e flexionar o joelho. A primeira pessoa pega a parte superior do

corpo abraçando o tronco e apoiando as mãos nos braços cruzados da pessoa

cuidada. A segunda pessoa segura as pernas do idoso. Quando os três estiverem

seguros, os cuidadores devem levá-lo até a cadeira. Os movimentos devem ser

simultâneos e coordenados e as duas pessoas devem flexionar os joelhos evitando

forçar a coluna e proporcionar maior segurança ao doente.

Ajudando o idoso a caminhar

Primeiro levante o paciente da cadeira ou da poltrona. Para isso coloque o

paciente para frente da cadeira, puxando-o alternadamente pelo quadril. Permaneça

ao lado da cadeira, olhando do mesmo lado que o paciente. O paciente deve colocar

uma mão no braço da cadeira com a outra apoiada pela mão do cuidador. Com o

outro braço circunde a cintura do paciente. Levante de uma forma coordenada, com

movimentos de balanço. Dependendo das condições do idoso, pode ser necessária a

participação de outra pessoa, do outro lado da cadeira, como ilustrado na figura.

Para caminhar fique bem próximo ao paciente, de preferência do lado que

apresenta alguma deficiência. Coloque uma mão embaixo do braço ou da axila do

paciente e a outra mão segurando a mão do paciente. Outro jeito é o cuidador ficar

em frente ao paciente e segurar firmemente os seus antebraços.

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Como acomodar o idoso na cama

Os idosos que apresentam dificuldade de movimentação e são acamados

devem ser posicionados de forma adequada e confortável.

Deitado de barriga para cima

Coloque um travesseiro fino e firme embaixo da cabeça do paciente, observe

se ele está reto, com a cabeça alinhada à coluna e se está com os braços ao lado do

corpo, as mãos apoiadas no colchão e abertas. Faça um rolinho com a toalha e

coloque embaixo do joelho, coloque uma proteção para o calcanhar e outra para o

pé de forma que ele não fique caído.

Deitado de lado

Coloque um travesseiro fino sob a cabeça e pescoço de modo que a cabeça

fique alinhada com a coluna. Coloque um travesseiro grande nas costas do paciente,

para evitar que ele se vire, e outro travesseiro entre os braços da pessoa para dar

maior conforto. Mantenha os joelhos levemente dobrados, sempre com o travesseiro

entre eles. Coloque ainda um travesseiro fino embaixo da perna.

Deitado de barriga para baixo

A cabeça do idoso deve estar voltada para um dos lados e acomodada em um

travesseiro fino. Deixe os braços para cima de modo que os cotovelos fiquem

nivelados com os ombros. Coloque travesseiros finos embaixo do peito e do

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estômago. Ajeite as pernas apoiando os tornozelos e elevando os pés com uma

toalha enrolada.

Sentado ou Semi-sentado (até 450)

As costas e os pés devem ficar sobre algum acolchoado. Coloque um

travesseiro fino sob a cabeça e o pescoço de modo que a cabeça fique alinhada com

a coluna. Coloque os braços ao lado do corpo ou com as mãos em cima da coxa,

sempre apoiadas em um travesseiro fino. E mantenha os joelhos semi-fletidos.

________________

As setas ( ) indicam pontos de pressão que podem formar feridas caso o

paciente fique por tempo prolongado nessa posição e sem apoio.

Higiene Pessoal

Lavagem das mãos do cuidador

É importante que o cuidador lave as mãos antes e depois de qualquer cuidado

realizado com o paciente.

a) Com um sabonete esfregue as mãos por volta de um minuto e enxágue

tirando todo o sabão;

b) Ensaboe a mão novamente lavando dedo por dedo e unhas;

c) Com as mãos ainda cheias de sabão lave a parte da torneira que vai

tocar para fechá-la;

d) Enxágue a mão e a torneira;

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e) Seque as mãos em uma toalha limpa.

A higiene pessoal proporciona conforto, bem-estar e é um fator importante

para a saúde. O banho é importante para preservar a integridade da pele, realizar

exercícios e movimentar o idoso. Deve-se priorizar o banho no chuveiro, mas se não

for possível o banho pode ser dado na cama.

O banho deve ser diário e no horário que o paciente escolher. Se ele não

puder escolher prefira os horários menos frios do dia, como os períodos da tarde ou

da manhã. Estimule-o a fazer sua higiene, faça apenas aquilo que ele não conseguir

fazer. Se ele conseguir tomar banho sozinho, prepare todo o material e deixe perto

dele, mas não o deixe completamente sozinho, pois ele pode escorregar e cair.

Para preparar o banho primeiro arrume todo o material que irá utilizar; o

material deve estar limpo e deve ser exclusivo do paciente. Deixe a troca de roupa

separada e feche as portas e janelas para evitar a corrente de ar. Em seguida

escolha um sabonete neutro e verifique a temperatura da água; se ela estiver muito

quente pode ressecar a pele. O cabelo deve ser lavado pelo menos três vezes na

semana.

Na hora de enxugar use uma toalha macia evitando a fricção, seque bem para

evitar assaduras e micoses, principalmente nas partes íntimas e dobras do joelho,

axilas, cotovelos, mamas e entre os dedos.

Durante o banho, verifique se há alteração na pele como cor, temperatura,

inchaço, manchas, feridas, principalmente nas regiões quentes, úmidas e expostas a

fezes e urina. Inspecione também o couro cabeludo, observe se há feridas, caspa,

piolho ou coceira. Se houver alguma dessas alterações, comunique à equipe de

saúde. Em caso de lesões com curativo, proteja a área para que não molhe.

Alguns pacientes podem se recusar a tomar banho. Identifique as causas;

estas podem ser cansaço, dificuldade para locomover, medo de cair ou de sentir dor,

vergonha, experiência ruim no passado, cuidador do sexo oposto, etc.

O banho de chuveiro pode ser feito com a pessoa sentada numa cadeira de

plástico com apoio lateral e colocada sobre tapete antiderrapante, ou em cadeiras

próprias para banho.

Caso o paciente não tenha condições de ir até o chuveiro, é bom que o

cuidador seja ajudado por outra pessoa no momento de dar o banho no leito. Isso é

importante para proporcionar maior segurança à pessoa cuidada e para evitar danos

à saúde do cuidador.

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Para dar o banho na cama, além dos cuidados já mencionados, deve-se cobrir

o colchão com plástico e separar duas vasilhas com água morna e em uma delas

colocar o sabonete neutro. Faça a higiene da boca. Em seguida molhe um pano na

vasilha com o sabonete e ensaboe o rosto, a orelha e o pescoço. Com outro pano

molhado em água limpa, enxágue, seque com uma toalha macia (pressionando

levemente para não machucar) e passe creme hidratante. Faça o mesmo com os

membros superiores, tronco, membros inferiores e costas. Tome o cuidado de cobrir

as partes do corpo que não estão sendo lavadas, evitando constrangimento para o

paciente.

Para lavar os cabelos no leito coloque o travesseiro na beira da cama e cubra

com um plástico, ponha uma bacia embaixo da cabeça da pessoa, molhe o cabelo,

passe xampu, enxágue e seque bem.

A higiene das partes íntimas deve ser feita no banho diário e também após a

pessoa urinar e evacuar; assim evita-se umidade, assaduras e feridas (escaras). O

ideal é oferecer o pano com sabonete para que o paciente mesmo faça a

higienização, mas se ele estiver impossibilitado será o cuidador que a fará. Se o

banho for no leito, após lavar as costas do paciente coloque a comadre e deite-o

com a barriga para cima, para depois ensaboar, enxaguar e enxugar, feito isso

descarte a toalha. Na mulher é importante lavar a vagina da frente para trás, assim

evita-se que a água escorra do ânus para a vulva. No homem é importante descobrir

a cabeça do pênis para que se possa lavar e secar bem toda a região.

No fim do banho aproveite para passar creme e massagear a pele; isto ajuda

a manter a elasticidade da pele e a melhorar a circulação sanguínea evitando lesões.

Após vestir o paciente, passe o desodorante, penteie o cabelo e corte a unhas se

necessário.

Dicas para vestir

As roupas devem ser confortáveis, de preferência de tecido de algodão e

adequadas ao clima e aos desejos do paciente. A vestimenta deve ser simples, com

aberturas laterais ou frontais e com velcro para fechamento, assim como os sapatos.

Estimule o paciente a vestir-se sozinho, sempre auxiliando e supervisionando.

Dê a ele tempo para isso. Peça para que o idoso sente-se para evitar a perda de

concentração e o desequilíbrio. É importante que o paciente mantenha-se

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concentrado; se necessário desligue a TV, o radio e/ou peça para que ele descreva

os movimentos como “segurar o botão, encontrar o buraco, colocar o botão”.

Quando o paciente tem um lado do corpo comprometido procure usar roupas

que fechem na frente. Comece a vesti-lo pelo lado afetado e na hora de despi-lo

deixe esse lado por último. Estimule o paciente a ajudar com o lado não

comprometido.

Quanto a pacientes limitados, em cadeiras de rodas ou poltronas, opte por

roupas confortáveis e largas (especialmente nos quadris).

Em caso de lesões na pele, use roupas largas ou faça adaptações na roupa,

como desmembrar a manga da roupa.

Limpeza das roupas

a) Enxágue para tirar as sujeiras maiores;

b) Deixe de molho por uma hora em um balde com água misturada com

água sanitária (um copo);

c) Lave com água e sabão;

d) Enxágue;

e) Passe a ferro.

Uso de fralda

As fradas podem fazer parte do cotidiano de um idoso. Quando isso ocorre é

importante verificar o surgimento das assaduras. O uso da fralda abafa o local, que

fica quente e úmido, tornando-o ainda mais sensível à irritação pelo contato da urina

e das fezes. É aconselhável o uso de fraldas descartáveis e com maior absorção para

manter a pele seca. Caso o paciente use fralda de pano, deve-se fazer a mesma

limpeza que das roupas, mas separadamente.

Procure checar a cada três horas se o paciente urinou ou evacuou; caso seja

necessário, efetue a troca da fralda e faça a higiene íntima do idoso. Não se esqueça

de lavar as mãos antes e depois da troca de fraldas.

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Como colocar a fralda em um paciente idoso

a) Com o paciente deitado de lado coloque a fralda por baixo dele o

quanto puder;

b) Vire-o para o outro lado e puxe a fralda para que fique totalmente

embaixo do paciente;

c) Coloque o paciente de barriga para cima e feche a fralda.

Assaduras

As assaduras são lesões de contato na pele, comuns nas dobras do corpo e

nádegas, principalmente se o paciente faz uso de fraldas. Ocorre devido à umidade e

calor ou pelo contato com fezes e urina. É comum em idosos com incontinência

urinária ou fecal. As assaduras podem se apresentar de forma avermelhada e com

descamações ou na forma de lesões mais profundas associadas a infecções.

Para prevenir as assaduras deve-se fazer a higiene íntima e usar a fralda

adequada, e os pelos pubianos cortados com tesoura também ajudam a manter a

área seca. Se for possível, exponha a área com assadura ao sol, pois isso ajuda na

cicatrização da pele. A hidratação da pele é fundamental para evitar lesões, mas

muitos cremes podem piorar as assaduras devido ao atrito ou pelos seus

componentes. Por isso, é importante comunicar a equipe de saúde o uso de

pomadas, a presença de assaduras e pedir orientações.

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Capítulo 2

Alimentação

Fernanda Couto Zanin

O envelhecimento provoca mudanças fisiológicas que alteram a forma

como os nutrientes são absorvidos pelo organismo. Sendo assim, uma

alimentação adequada em qualidade e quantidade é fundamental para a boa

nutrição dos pacientes, principalmente daqueles mais debilitados. É essencial

que o idoso tenha uma dieta equilibrada em carboidratos, proteínas, vitaminas,

minerais, gorduras, para a regulação de diversas funções no organismo. Além disso,

a higiene da boca contribui para o bem-estar e saúde do idoso.

Cuidados com a boca

A limpeza da boca deve ser feita de 3 a 4 vezes ao dia - pela manhã, à noite e

após as refeições. Os dentes devem ser limpos com uma escova macia e de cabeça

pequena, usando pequena quantidade de pasta dental para evitar engasgos. Na

língua, também pode ser usada uma escova macia ou um raspador de língua para a

remoção da crosta branca (saburra lingual), tomando o cuidado de não tocar o final

da língua, pois isto pode provocar ânsia de vômito. Sempre que possível, usar

também o fio dental.

Para a higienização da boca, é preciso que o paciente fique com a coluna reta,

em uma posição confortável (de preferência sentado) em frente à pia ou na cama e

com uma bacia à sua frente.

Lembre-se de oferecer bastante líquido (água, sucos, chás) ao paciente

durante todo o dia para evitar a desidratação e manter a boca sempre úmida,

controlando, assim, o aumento da quantidade de bactérias.

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Prótese dentária

A higiene oral nos pacientes que usam próteses dentárias deve ser cuidadosa.

Estas devem ser retiradas após cada refeição, higienizadas fora da boca com escova

de cerdas mais duras e, após a limpeza da cavidade oral, recolocadas na boca.

Alguns pacientes correm risco de engolir a prótese. Nesse caso, ela é colocada

somente no momento das refeições.

Para a limpeza das gengivas e bochechas, utiliza-se uma gaze ou algodão

embebido em água. Essa limpeza deve ser realizada após cada refeição e,

principalmente, à noite antes de dormir.

Faça uma limpeza mais rigorosa das próteses duas vezes por semana, no

mínimo. Para isso, coloque-as em meio copo de água - não precisa ser filtrada - com

três gotas de água sanitária por 30 minutos em um recipiente com tampa. Em

seguida lave-as bem com detergente neutro ou sabão de coco em água corrente.

Atenção: a limpeza da boca deve ser feita mesmo nos pacientes que não tem

dentes e não usam próteses.

Doenças da boca

A cavidade oral limpa evita a formação de colônias de bactérias que, em

excesso, podem causar pneumonias aspirativas, cárie dentária e outras infecções.

Outros fatores que contribuem para a ocorrência de infecções na boca são: perda de

dentes, próteses mal ajustadas, gengivites (inflamação das gengivas), diminuição da

saliva.

A melhor forma de prevenir cáries e gengivites é a boa higiene bucal, além da

alimentação saudável.

Alguns medicamentos e doenças graves podem causar sangramento nas

gengivas; portanto, o cuidador deve estar atento ao sangramento mais constante e à

presença de pus nas mesmas. Quando forem observados tais sintomas, a equipe de

saúde deve ser avisada.

Além disso, observar se a falta de apetite (que é comum nos idosos

acamados) não está acentuada por feridas na boca, dentes quebrados, cárie, prótese

mal adaptada, alterações e inflamações das gengivas.

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Como alimentar o idoso

Em hipótese alguma o idoso deve estar deitado para se alimentar ou ingerir

líquidos, seja a alimentação pela boca ou por sonda. O ideal seria que ele se

mantivesse sentado, como em uma cadeira, mas como isso nem sempre é possível

para um idoso acamado, recomenda-se que ele fique o mais próximo possível da

posição sentada, a fim de evitar engasgos.

Ele também deve permanecer nessa posição por pelo menos 30 minutos após

ter recebido o alimento ou tomado qualquer líquido, inclusive medicações.

O momento da refeição deve ser prazeroso e tranquilo. O cuidador precisa ter

muita paciência nesses momentos e não deve lembrar ao idoso que ele já não come

como antes ou que está perdendo peso. Deve permitir que ele coma devagar,

porções pequenas de comida e oferecer alimentação variada. A quantidade

adequada de alimentos do dia deve ser dividida em cinco a seis refeições, com um

intervalo de três horas entre elas. E a ingestão de líquidos (seis a oito copos ao dia)

deve ocorrer pelo menos uma hora antes ou após as refeições.

Alimentação saudável

Os requisitos para uma alimentação saudável podem ser resumidos em:

variedade, moderação e equilíbrio. Deve ser composta diariamente por:

■ alimentos energéticos, como: arroz, aveia, trigo, milho, farinhas derivadas

desses cereais, massas em geral, bolo, pães, batatas, mandioca, polvilho, óleos

vegetais, azeites, margarina, manteiga, sendo que os últimos devem ser consumidos

em pequenas quantidades;

■ vitaminas, minerais e fibras, compostas de todas as frutas, verduras,

legumes e cereais integrais;

■ proteínas: carnes, ovos, leite, queijos, iogurtes, coalhadas, além de

leguminosas como feijão, soja, lentilha, grão de bico e ervilha.

Todas as refeições devem conter alimentos energéticos, vitaminados e

proteinados. Devem ser preferidas as preparações assadas, grelhadas ou preparadas

no vapor e evitadas as frituras e alimentos industrializados.

Os alimentos também podem ser enriquecidos, por exemplo: cozinhar uma

beterraba e carne junto com o feijão ou acrescentar cenoura ralada no arroz.

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As vísceras animais, como o fígado, são alimentos riquíssimos em nutrientes

importantes para o bom funcionamento do organismo, além de fornecerem

proteínas. Uma sugestão é prepará-las junto com carne moída, ficará nutritivo e o

sabor será mascarado.

Outras recomendações gerais para a alimentação

O cuidador precisa ter um cuidado especial com a temperatura e o prazo de

validade dos alimentos oferecidos. É recomendado que ele observe e até prove a

comida antes de servi-la ao idoso.

É recomendável que toda refeição seja bonita, cheirosa, gostosa, variada, que

contenha todos os grupos de alimentos, de fácil digestão e em quantidades

suficientes.

Procure evitar a monotonia, variando frequentemente os temperos e o modo

de preparo dos alimentos. Use à vontade temperos naturais (alho, cebola, ervas,

como salsa, manjericão, coentro, alecrim, orégano), evitando sempre o sal.

É importante evitar o uso de laxantes, se ele não for prescrito pelo médico.

Alimentação por sonda (dieta enteral)

A sonda para suporte alimentar é um tubo fino, de borracha flexível que é

colocada pelo nariz, descendo até o estômago quando há dificuldades para engolir os

alimentos e medicamentos. Ela é necessária apenas enquanto o paciente não

consegue se alimentar pela boca.

Após a sonda ser colocada, um nutricionista indicará a dieta mais adequada e

dará as orientações necessárias.

Caso surjam problemas com a sonda, como o deslocamento ou o entupimento

por alimentos ou remédios, não tente recolocá-la; procure a equipe de saúde.

Recomendações importantes

1. Nunca introduza na sonda a dieta muito quente ou muito gelada, pois

isto pode causar danos ao estômago e à sonda.

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2. A dieta deve estar bem fluida para evitar o entupimento da sonda. Para

isso, os alimentos devem ser muito bem cozidos, batidos (de preferência no

liquidificador) e coados de duas a três vezes.

3. A sopa para a sonda deve ser preparada diariamente, mantida na

geladeira e batida somente no momento da refeição, para a conservação dos

nutrientes.

4. A dieta deve ser dada com o paciente sentado ou, se ele estiver

acamado, com a cabeceira elevada.

5. O gotejamento da dieta deve ser no máximo de 60 gotas por minuto.

Um fluxo muito rápido pode causar diarreia e vômitos.

6. Após terminar a dieta ou medicação, a sonda deve ser lavada com 30ml

de água.

7. Mesmo que o paciente não esteja mastigando os alimentos, deve-se

manter sua boca limpa e seus dentes escovados, para evitar cáries e infecções.

8. Após a limpeza da boca, passe hidratante labial ou manteiga de cacau

nos lábios para evitar rachaduras e ressecamento.

9. Sempre ofereça água, sucos ou chás nos intervalos das refeições para

evitar a desidratação.

10. A narina onde foi introduzida a sonda deve ser limpa diariamente, com

cotonete umedecido, para evitar o acúmulo de crostas e ferimentos nesse local.

11. Mantenha a sonda fechada após seu uso. Caso contrário, haverá

retorno daquilo que estiver no estômago.

12. Lave todo o material que foi usado com sabão neutro e água,

enxaguando-o bem.

Náuseas e vômitos

Enjoos e vômitos são efeitos colaterais comuns durante o tratamento. Quando

isso ocorrer, siga essas recomendações:

Servir alimentos de fácil digestão, restringindo doces, frituras, alimentos

gordurosos.

Evitar que o paciente se deite logo após as refeições, pois isto favorece

os vômitos.

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Evitar alimentos muito quentes, pois esses liberam odores que podem

piorar as náuseas.

Aumentar a ingestão de líquidos nos intervalos das refeições.

Chupar gelo ou picolé de limão pode ajudar a diminuir o enjoo.

Fracionar as refeições e servi-las em pequenas porções.

Não deixar o paciente de estômago vazio, pois assim ele ficará mais

enjoado.

Comer devagar e mastigar bem os alimentos.

Não se alimentar durante os episódios de vômitos.

Escovar os dentes e lavar a boca com frequência.

Gases (Flatulência)

O excesso de gases causa grande desconforto ao paciente e para evitá-lo,

recomenda-se:

Comer mais devagar, mastigando bem os alimentos.

Evitar refrigerantes e bebidas com gás.

Evitar falar durante as refeições.

Evitar os alimentos que provocam gases: caroço do feijão, ovos, aveia,

repolho, couve-flor, soja, berinjela, agrião, batata-doce, condimentos picantes.

Uma boa alimentação é parte fundamental para o bem-estar do idoso (e de

todas as pessoas). Ter bons cuidados com a boca e hábitos alimentares saudáveis é

cuidar da saúde e ter uma qualidade de vida melhor.

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Capítulo 3

Comunicação P

Paula Boson Trotta

Independente de idade, o ser humano é um ser social, por isso a comunicação

e a interação com outros são aspectos primordiais na vida das pessoas. Este capítulo

abordará a comunicação entre o paciente idoso e a sua família e as melhores

maneiras de realizá-la frente às peculiaridades de cada doença. É essencial que a

família compreenda que o idoso deve estar ciente de tudo o que se refere à sua

doença, desde os resultados e agravos diretos até as mudanças cotidianas que isso

acarreta.

A importância da comunicação

A comunicação tem um papel fundamental na interação com os idosos,

ajudando a estabelecer uma relação de confiança entre o cuidador e a pessoa

cuidada. O cuidador deve ter a habilidade de prestar atenção às condições do idoso,

ter interesse e ser compreensivo, o que ajuda o paciente na satisfação de suas

necessidades.

Dizemos que a comunicação é eficiente, quando quem fala consegue obter o

efeito desejado sobre quem ouve. As palavras utilizadas têm grande poder, já que

tanto podem ser benéficas como prejudiciais, caso não sejam devidamente

compreendidas.

Muitas vezes, a doença associada ao isolamento agrava ainda mais a situação

psicológica já precária dos idosos. Por isso é tão importante cuidar do diálogo para

que o paciente não se isole ou seja isolado. O doente que é amparado lida melhor

com a sua doença e elabora com mais facilidade seus sentimentos.

A comunicação é o que conecta os seres humanos. Sem essa conexão,

podemos considerar que a pessoa apenas existe, e não vive. Conseguir expressar o

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que queremos é o primeiro passo para alcançarmos nossos objetivos. Para o

paciente, é ferramenta essencial para que ele consiga suportar todas as dificuldades

de sua doença, conseguindo reclamar de problemas ou sendo capaz de expressar

seus sentimentos e de se sentir compreendido e acolhido.

Dicas para melhor comunicação

Uso de frases objetivas e curtas é um bom primeiro passo para facilitar a

comunicação com o paciente idoso. Dessa maneira, fica claro o que se quer

comunicar e deixa-se o mínimo de dúvidas possível. Frases como “Agora é hora do

almoço” ilustram bem a clareza necessária na comunicação com o idoso. Essa clareza

é importante, pois o paciente pode já estar confuso por conta da doença, ou por

conta da idade. Isso não significa que a comunicação deve ser limitada ao menor

número de frases possível. O paciente deve manter contato com todos aqueles que

lhe querem bem.

Os cuidadores devem repetir a fala quando esta for interpretada de maneira

errada, de preferência utilizando sinônimos. A repetição da frase com outras palavras

pode solucionar erros mais simples de comunicação. A paciência é fundamental

nesses momentos: repita quantas vezes for necessário, até que o idoso compreenda

a mensagem. Não demonstre que está incomodado por ter que repetir várias vezes,

tente compreender que a dificuldade não é uma escolha do paciente e que ele

também se sente frustrado por não conseguir se comunicar como antigamente.

A paciência é essencial na comunicação com o idoso. Esses pacientes

demoram mais para entender e elaborar suas falas. Aguarde a resposta da primeira

pergunta antes de fazer a segunda e não o interrompa no meio de sua fala. A

interrupção pode demonstrar pressa e impaciência, muitas vezes impedindo o doente

de expressar seu pensamento completamente, ou ainda, pode fazer com que ele

perca o raciocínio que vinha fazendo e não consiga dizer o que queria. Procure falar

de forma clara e pausada e se necessário aumente o tom de voz.

Evite tratar os pacientes como crianças, utilizando nomes inapropriados como

“vovô”, a menos que o seja; ou termos infantilizados como “bonitinho”, a menos que

seja um apelido criado antes da doença. O fato de o paciente ser idoso e estar

doente não significa que ele é incapaz de entender os fatos que o rodeiam e de

decidir a respeito de sua vida.

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A postura também é importante quando se fala com um paciente,

especialmente os idosos. Fale de frente, sem encobrir a boca, e pratique movimentos

labiais amplos, que facilitem o entendimento de quem escuta. Não se vire ou se

afaste do paciente enquanto fala, deixe que a atenção dele permaneça no que lhe é

dito.

As condições do ambiente também são de grande ajuda nessas situações:

uma sala bem iluminada para que seja possível o acompanhamento dos movimentos

labiais e de todos os gestos, um ambiente que não tenha outros ruídos ou que isole

os ruídos externos também são pontos fortes no auxílio à comunicação.

É importante adequar a comunicação às limitações do doente. Não é porque

uma pessoa não consegue falar, que ela não consegue se comunicar. O cuidador

deve desenvolver novos meios de comunicação, como a escrita por exemplo. Se o

doente não consegue executar movimentos delicados, como o de segurar um lápis

ou caneta, outra solução é estabelecer códigos. Gestos combinados que signifiquem

palavras chave do cotidiano como “sim”, “não”, “comida”, “banheiro”, “dormir”. É

importante que esses gestos sejam simples, como franzir a testa, piscar os olhos,

movimentar um dedo.

O toque, o olhar, o carinho, o beijo são meios de estabelecer uma relação

forte entre cuidador e o cuidado. O costume de ouvir música, além de recordar

pessoas, épocas e sentimentos, ajuda na comunicação, pois estimula o ouvir assim

como o uso da voz. Esses são elementos da comunicação não verbal.

Comunicação não verbal

A comunicação envolve muitas outras ferramentas que não a fala. Todos os

sinais transmitidos pelas expressões faciais, postura corporal, gestos, tom de voz,

distanciamento ou proximidade corporal ou mesmo o silêncio são maneiras de

comunicar ou negar algum sintoma. Os gestos das mãos, braços, cabeça e olhos

estão diretamente coordenados com a fala. Porém é fundamental saber que a

linguagem não verbal depende da cultura de cada um. Ou seja, um gesto que

signifique algo para uma pessoa, não necessariamente tem o mesmo significado para

outra. Um exemplo é o arroto, que em países de cultura chinesa, significa um elogio

ao alimento, e em culturas como a nossa é sinal de falta de educação.

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Quando um idoso é abordado pela primeira vez, um dos meios que o cuidador

possui para demonstrar seu interesse e disponibilidade é com certeza o

comportamento não verbal. A partir daí será desenvolvida uma relação de

cumplicidade necessária para que o doente se sinta à vontade para revelar suas

necessidades e dúvidas.

O olhar é a primeira característica percebida, pois frequentemente é utilizado

para entrar em contato com o outro. Constitui em um sutil e importante instrumento

para receber dados e informar o que se sente ou pensa. Os olhos constituem os

indicadores mais poderosos do nosso estado de alma. Olhe nos olhos ao conversar, e

perceba quando a pessoa não retribui o olhar de forma direta; isso pode significar

que ela está escondendo algo, ou que não está sendo completamente sincera. Se for

o caso, abra o jogo, e pergunte diretamente: “Olhe para mim, o que está

acontecendo?”. Investigue se algo mudou, se ela apresenta um novo sintoma, ou se

algo a incomoda.

Já o tato constitui uma ação mais direta. Deve-se ter consciência do que se

comunica pelo toque, pois este tanto pode servir de aproximação como de ameaça.

Uma palavra amiga, um sorriso caloroso e uma suave troca de olhares podem abrir

as portas ao encontro com o idoso. O aperto de mão, por exemplo: ao cumprimentar

alguém mostramos nossa firmeza: se o aperto é forte, mostramos que não há

restrições; se é frouxo, mostramos medo da situação e da pessoa que

cumprimentamos. Mexer as mãos e esfregá-las sem parar, apertar constantemente

os dedos das mãos e coçar os pulsos durante uma conversa são sinais que podem

revelar insegurança sobre o assunto conversado, ou sobre as circunstâncias. Manter-

se próximo da pessoa com quem se conversa demonstra interesse no assunto e

afeto pelo interlocutor. Braços cruzados demonstram descontentamento com a

situação geral em que se encontra. O toque pode ser o único modo de contato em

algumas situações próprias da velhice e no se aproximar da morte.

Também há meios de perceber se o interlocutor está mentindo ao falar: se ele

desviar o olhar, principalmente se for para baixo, se esfregar o nariz ou coçar o

pescoço deve-se suspeitar de alguma inverdade no depoimento. É importante

também perceber os sinais por parte do doente. Em que situações ele faz caretas ou

solta gemidos, para que se consiga traduzir esses sinais. O principal cuidador, que é

aquele que passa a maior parte do tempo com o doente, é a pessoa mais indicada

para perceber os elementos dessa comunicação. Se essa pessoa não conseguir

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traduzir ou responder, é indicado que essas informações sejam passadas à equipe

profissional que cuida desse paciente.

Obstáculos Gerais à Comunicação

Existem muitos fatores que podem surgir como obstáculos à comunicação:

fatores intrínsecos do paciente, como questões psicológicas ou dificuldades de falar

ou escutar; fatores ambientais, como barulhos e falta de privacidade; ou até fatores

religiosos. Por isso é essencial saber reconhecer esses empecilhos e a melhor

maneira de contorná-los. As doenças psíquicas e aquelas que afetam o raciocínio

(cognitivas) são as que mais complicam a comunicação.

No caso das doenças psíquicas o paciente, muitas vezes, não se apresenta

consciente do mundo que o cerca. Esse déficit (diminuição da consciência) tem clara

influência na interação desses pacientes com qualquer aspecto externo. Porém,

essas doenças não representam uma parcela muito significativa das doenças nos

idosos.

As doenças cognitivas, que parecem evidentes apenas nos momentos de crise

do paciente, trazem problemas em se expressar, desde a dificuldade de compreender

o que lhe é dito, até a dificuldade de pensar e responder. Mais detalhadamente, a

dificuldade pode estar na incapacidade de prestar atenção, de recordar, de trabalhar

a informação, ou de reorganizar as informações fornecidas. As competências

cognitivas são aquelas básicas necessárias para as atividades cotidianas como ler,

lembrar, decidir ou planejar.

Comunicação com o paciente traqueostomizado

O paciente que faz uso de traqueostomia (cânula inserida na traqueia para

permitir a respiração) é um tipo clássico de paciente que precisa de adaptações à

comunicação. Mas, apesar de o problema parecer óbvio, as atitudes a serem

tomadas a respeito nem sempre são. A solução mais eficiente é o uso de uma

Válvula de Fala (ou válvula fonatória); ela é destinada a pacientes que fazem uso de

traqueostomia ou são dependentes de ventilador mecânico para respirar, mas que

são capazes de articular fonemas. Esta válvula é facilmente adaptada à cânula da

traqueostomia, permitindo a entrada de ar, mas não a saída do mesmo. Porém nem

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todo paciente está apto a usar esse equipamento, além de a válvula não poder ser

utilizada por muitas horas seguidas. Cada paciente deverá passar por uma avaliação

multiprofissional.

Além de proporcionar uma fala audível, a válvula pode trazer outros

benefícios, como a melhora da deglutição, do olfato, do paladar e da pressão

pulmonar.

Às vezes o paciente aprende a tampar o orifício da traqueostomia, podendo

falar com alguma facilidade.

Nos casos em que por algum motivo não for possível o uso da válvula, ou nos

momentos em que o paciente estiver sem ela, faz-se necessárias outras medidas

para adaptar. A combinação de dois métodos é poderosa nesses momentos:

perguntas de “sim” e “não” e o uso da escrita. As perguntas de “sim” e “não” servem

para uma conversa mais dinâmica, que será guiada pelo familiar. A escrita entra para

suprir a necessidade do paciente de exprimir o que ele pensa através de frases mais

elaboradas.

Problemas na fala

Cada idoso envelhece de um jeito: alguns apresentam maiores modificações

na fala, outros na audição. Os problemas na fala englobam desde aqueles que

evidenciam dificuldades no uso social da linguagem e na fluência, até os que

denotam desconhecimento de palavras. Por isso, as mudanças que ocorrem no

processo de comunicação por conta do envelhecimento não são uniformes para

todas as pessoas que envelhecem. As alterações na linguagem podem levar o idoso

ao isolamento, pois ele não consegue transmitir verbalmente e de maneira

compreensível as suas angústias e sentimentos. Essas barreiras na fala podem ser

naturais ou relacionadas à doença.

Ao identificar esses empecilhos, devemos agir diretamente em relação à

causa. Se a dificuldade está em pronunciar algumas palavras, é necessário um

trabalho mais detalhado com o fonoaudiólogo, para que os músculos da fala sejam

melhores adaptados. Muitas vezes algumas manobras simples podem solucionar o

problema. Basta que o problema seja identificado e levado a sério. O paciente que

possui dificuldade em pronunciar algumas palavras, que antes falava normalmente,

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vai apresentar problemas para deglutir. Fique atento aos momentos em que o

paciente se alimenta.

Problemas auditivos

Além dos problemas na fala, os idosos apresentam outro obstáculo para uma

comunicação eficiente: dificuldades em receber a mensagem. Ou seja, o

envelhecimento e a doença levam a maiores dificuldades em estar atento ao

comunicador, em captar a mensagem e em compreender o seu conteúdo.

O envelhecimento afeta o sistema auditivo, sendo resultado de vários fatores

externos como exposição prolongada a ruídos altos, má nutrição, estresse, uso de

medicamentos, além de fatores hereditários. A perda progressiva da audição é

normal e se dá em função da idade, surgindo por volta dos 60 anos.

Primeiramente ocorre a perda de audição das frequências agudas, o que faz

com que o entendimento da maioria das palavras fique deficiente. Por isso é comum

o idosos alegar que ouve, mas não compreende. Ele escuta o som, mas não percebe

as palavras ditas. Outro indicativo de surdez é o costume de aumentar o volume da

televisão e de procurar sentar-se mais próximo a ela. Além disso, podemos observar

quando o idoso sente necessidade da leitura labial para entendimento de uma fala.

Ao tampar a boca ao falar, podemos testar se ele entende o som, ou se precisa ler o

que é dito.

Ao se detectar um problema auditivo devemos analisar a necessidade e a

possibilidade de implantação de próteses, lembrando que o uso de prótese não

proporcionará uma audição como a anterior, mas, sim, apenas uma melhora da

audição atual.

Saber a verdade

É muito comum que os familiares fiquem em dúvida sobre o quanto se deve

contar ao paciente sobre a doença e suas mudanças. Muitos ficam na dúvida entre

poupá-lo da triste realidade ou “escancarar” logo todos os detalhes. Claro que entre

uma situação e outra existem muitas respostas. Tomar conhecimento de que se está

com uma doença grave é um dos momentos mais difíceis de todo o processo. É

delicado conversar sobre o assunto, mas de um modo geral é sempre melhor que o

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paciente saiba a sua real condição. Mesmo que se tente esconder, normalmente a

maioria dos pacientes sabe que tem uma doença grave.

O paciente pode começar a suspeitar que a doença esteja se agravando

somente pela ansiedade aumentada da família, pelos cochichos entre os membros

mais próximos e pelo fato de que ninguém mais toca no assunto de sua doença com

naturalidade.

É bom que as notícias sejam contadas por alguém que tenha uma relação de

intimidade com o paciente. Não precisa ser uma pessoa sozinha; se vários membros

da família quiserem participar desse momento, também é válido. O importante é que

quem participe da conversa tenha um laço de intimidade com o paciente e faça parte

do processo inteiro. Se a família quiser, também pode incluir o médico para

compartilhar e ajudar a esclarecer qualquer dúvida. Nesse momento os familiares

devem colocar o foco de sua atenção no doente e em suas emoções, oferecendo

apoio, encorajamento e amor.

Para saber como e o que dizer, é bom que o comunicador das notícias

converse com todos os membros da equipe multiprofissional. Eles podem dar boas

ideias de como abordar o assunto. Conversar com outros cuidadores que já

passaram pela mesma situação também é um bom caminho. Na hora de contar,

tente encontrar um lugar com privacidade, onde todos tenham tempo dizer tudo que

quiserem e o paciente consiga digerir todas as informações.

Não é bom demorar muito tempo depois do diagnóstico para conversar com o

paciente. Esperar muito tempo fará com que o paciente não tenha total confiança

nas pessoas a seu redor, pois um segredo a seu respeito foi guardado por muito

tempo. A conversa deve correr de maneira suave e deve contar com a sinceridade e

a franqueza de todos os presentes.

A conversa franca deve se tornar costume durante o tratamento, para manter

os canais de comunicação abertos. Dessa maneira o doente se sente confortável

para expressar qualquer pensamento, sem censura. Manter padrões de comunicação

franca desde o início vai ajudar a fortalecer o relacionamento e a confiança do

paciente em seus cuidadores. Também proporcionará ao cuidador discutir seus

próprios sentimentos em relação a toda doença. Você pode contar a ele sobre os

seus sentimentos, pois apesar do doente estar com medo e inseguro com a incerteza

de seu futuro, ele percebe o que se passa ao seu redor, mas cuide para que você

não faça do doente o seu apoio, ao invés de ser o apoio dele.

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Não tenha medo de perguntar ao doente o que ele pensa ou o que está

sentindo; ao contrário, incentive-o a falar no assunto. É bom que ele converse sobre

o assunto, pois isso o ajuda a elaborar melhor suas emoções. Explique que se o

paciente se sentir triste, ele pode conversar sobre seus sentimentos negativos

também. Não reprima o paciente com frases como “Não fique triste” ou “Não fique

assim”. Entenda que o fato de o paciente saber da realidade de sua condição vai

trazer à tona sentimentos que devem ser entendidos e vividos, e não contidos. Diga

a ele que tudo bem sentir-se abatido de vez em quando, e saiba que assim como a

dor e os outros sintomas, os sentimentos negativos também vão e vem. Isso dará a

ele uma válvula de escape para esse turbilhão de emoções que ele está enfrentando.

E saiba que haverá dias bons e dias ruins durante o tempo da doença.

Saber a verdade sobre sua doença e acompanhar os detalhes de sua evolução

dá ao doente a oportunidade de colocar suas vontades em ordem. Saber o quanto

ou até quando é esperado que ele seja capaz de realizar certas atividades faz com

que ele se programe para fazer tudo o que tem vontade. Por exemplo: se é esperado

que o paciente possa viajar ainda por algum tempo, é bom que ele programe todas

as viagens que pretende realizar dentro desse período. Ou se o paciente precisa

passar por uma cirurgia que o impedirá de comer pela boca, é bom que ele saiba

todos os detalhes para que coma aquilo que tiver vontade antes da cirurgia.

Saber o rumo de sua doença e decidir o que fazer a respeito de cada mudança

dá ao paciente maior autonomia sobre a própria vida e mais segurança sobre o

tratamento. Mesmo as pequenas decisões como o que comer, ou aonde ir, melhora

as perspectivas do próprio paciente sobre o seu futuro. E isso só é possível, se ele

tiver consciência da verdade que o cerca.

Outro aspecto positivo da comunicação da verdade é a união que a conversa

propicia a todos os familiares. Ao conversar sobre a doença os envolvidos percebem

o envolvimento e as dificuldades pelas quais os outros também estão passando. Isso

traz a sensação de que todos estão no mesmo barco, unindo mais ainda a família.

Conversas frequentes e sinceras podem ajudar a diminuir a ansiedade a respeito do

futuro, aumentando a qualidade de vida do paciente e dos cuidadores, tanto nos

momentos finais da doença quanto em seu transcorrer. O diálogo auxilia a família

inteira a enfrentar a enfermidade com mais lucidez.

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E se eu tiver dúvidas?

Algumas vezes os profissionais de saúde conversam em linguagem técnica,

sem perceber que não estão mais em seu meio profissional. Interrompa-os e

pergunte. Simples assim. Você não deve ficar com dúvida nenhuma. Se não sabe o

que uma palavra significa, pergunte. Se não sabe como será realizado um

procedimento, pergunte. Informe-se com os profissionais sobre todos os aspectos da

doença, para que seja capaz de passar informações ao paciente. Dessa maneira,

você consegue ser franco e realista caso o paciente lhe pergunte algo sobre seu

tratamento. Seja explícito nas suas respostas, diga exatamente aquilo que você está

pensando e, se ele perguntar algo que você não saiba, seja sincero e diga que

tentará descobrir a resposta. Ninguém espera que você saiba tudo. Não se

envergonhe ao dizer que você não sabe alguma coisa.

Algumas dúvidas que são comuns a um paciente em cuidados paliativos são:

“Porque eu?”. Diga que nem mesmo os especialistas sabem o porquê de uma pessoa

vir a ter uma doença grave e mortal. Outra pergunta muito comum é: “O que

acontecerá comigo?”. Talvez ainda haja esperança de cura, talvez não. Você deve

ser muito cuidadoso ao responder a essa pergunta. Não alimente falsas esperanças,

inventando soluções que não existem, ou dizendo que os médicos estão otimistas,

quando não estão. Mas também não acabe com a esperança que esse paciente tem.

No final das contas é importante que ninguém conviva com dúvidas, nem o

paciente nem o cuidador. Ao surgir uma nova indagação, solucione-a. Entender o

que está acontecendo, ajuda a enfrentar a doença com todas as suas dificuldades.

Como conversar sobre a doença

Depois de receber o diagnóstico o doente demora um tempo para assimilar as

novas informações sobre a sua saúde e sobre as condições que se apresentam com

a sua nova condição. É ideal que seus cuidadores criem um clima propício para que o

paciente fale sobre o que pensa e sobre o que está sentindo em relação a todas as

mudanças que estão ocorrendo. A atitude da família ao abordar esse tema deve ser

bem clara: a família deve dar importância a tudo o que o paciente fala.

Uma boa maneira de iniciar as conversas é com perguntas amplas como

“Como está se sentindo?”, “Como está hoje?”. Esse tipo de pergunta permite ao

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doente falar sobre aquilo que mais o perturba. É importante que ele se sinta

confortável para conversar sobre os assuntos mais delicados e perceba que seu

ouvinte dá importância às suas queixas e aflições.

Identifique as emoções expressas pelo idoso e traduza em palavras o que é

observado em frases como “É normal que você sinta raiva”, ou “Estou vendo que

você está triste; no que você está pensando?”. Isso pode ajudar o doente a

expressar melhor seus sentimentos e até a lidar melhor com eles, uma vez que uma

pergunta como “Tudo bem?” tende a levar a uma resposta natural “Tudo.” Mesmo

que não esteja.

Frente a um diagnóstico terminal a expressão emocional mais evidente é a

ansiedade, o medo, a raiva, a descrença, o isolamento e até uma paralisia

emocional, como se fosse uma tentativa de desligamento da realidade. É essencial

identificar as emoções que o paciente vivencia e jamais fingir que estas não existem.

Não reprima um sentimento somente pelo fato de ele ser negativo. Ter uma doença

terminal é doloroso, e é natural que se sinta tristeza. É comum que as pessoas

tentem abafar esses sentimentos com frases como: “Não quero saber de tristeza!”

que são ditas na intenção de animar, mas na verdade acabam inibindo um

sentimento que é real e está ali. A ajuda de um psicólogo profissional pode ser

fundamental.

A morte como parte natural da vida

Apesar da morte ser parte natural da vida, não é nada fácil lidar com ela no

momento em que ela chega. Vivemos nossa vida sem imaginar que o final dela

chegará um dia. Diante da possibilidade de morte, o paciente e a família passam por

um leque de sentimentos contraditórios tais como raiva, culpa, incapacidade, dor,

angústia, medo, impotência e até alívio.

Ao perceber que não se pode mudar o rumo da própria vida, surgem

sentimentos como a raiva e a impotência. A culpa surge em relação aos cuidados

que poderiam ter sido tomados, mas não foram, aos exames que poderiam ter sido

feitos e aos hábitos que poderiam ter sido melhores.

Por outro lado, com o passar do tempo, a família desgastada e o paciente

exausto podem sentir-se aliviados ao pensar na morte como final dessa condição.

Esse sentimento dificilmente é reconhecido, muito menos aceito. É necessário que

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todos tenham consciência de seus limites e entendam que em alguns momentos

nada se pode fazer para evitar a morte. Nessas situações os esforços devem estar

voltados para garantir o bem estar do paciente e para manter sua dignidade e a

melhor qualidade de vida possível.

A morte é melhor suportada e depois superada, quando se tem com quem

partilhar os sentimentos. Esconder os sentimentos, chorar escondido, negar a perda

não facilita em nada lidar com o processo que, por menos que se queira, é real. O

conforto pode aparecer de diversas maneiras, como na religião ou nas amizades.

Converse a respeito dos seus pensamentos com as pessoas que estão passando pela

mesma situação que você ou por situações parecidas. Você também pode conversar

com os profissionais que estão ligados a você.

A mudança de papéis

O idoso, patriarca ou matriarca da família, entra em conflito ao perceber que

seu papel de chefe da família está em declínio com o passar dos anos. Os filhos, que

antes precisavam ser protegidos e educados, agora são quem mantém a família

estruturada. E nessa nova dinâmica entram genros e noras que trazem

características completamente novas para o relacionamento dentro da família.

Apesar de muitas vezes não existir um conflito explícito entre os familiares, o idoso

pode sentir que não é bem vindo. Em alguns casos, isso leva o doente a escolher

mudar-se para uma Casa de Repouso.

Devemos ter cuidado para que essa pessoa que uma vez foi a responsável

pelo sustento e bem estar da família não se sinta inútil. O sentimento de impotência

pode ser extremamente prejudicial no enfrentamento da doença: o paciente pode

transferir esse sentimento para a relação dele mesmo com a sua doença e acreditar

que não tem recursos para enfrentá-la.

Para manter um bom relacionamento familiar é importante ser claro quanto

aos sentimentos de todos da família pelo idoso: mostrar que gosta, fazer companhia,

fazer agrados. É comum pensar que as pessoas sabem dos nossos sentimentos por

elas, mas é fundamental expressar em palavras e deixar claros nossos pensamentos,

dores e emoções.

É importante fazer com que o idoso se sinta acolhido em seu lar, e querido em

todas as ocasiões. Outro jeito de demonstrar esse afeto é fazer um esforço extra

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para levar esse idoso, se possível, aos eventos familiares. Perceber que todos estão

ajudando e se mobilizando em favor da simples presença dessa pessoa em uma

missa festiva, um aniversário ou qualquer evento familiar significativo é um

importante sinal de apreço.

A saída de casa

Em alguns casos, com a evolução da doença, torna-se inviável para a família

manter o doente em casa por motivos financeiros, por indisponibilidade do cuidador

ou pela falta de capacitação para os cuidados específicos que esse doente necessita.

A decisão de levá-lo a uma instituição deve ser tomada depois de esgotadas todas as

alternativas que os idosos possam ter para continuarem a viver no seio das suas

famílias. Nesse momento, o recomendado é que esse doente seja encaminhado para

uma instituição de qualidade reconhecida. Porém existe uma dificuldade muito

grande em aceitar a institucionalização. Existe o preconceito de que elas não são

capazes de cuidar de todos os pacientes e o tabu de que a família que

institucionaliza seu doente o está abandonando. Por isso, essa questão deve ser bem

trabalhada e bem discutida com todos os membros da família, especialmente o

doente.

O paciente deve estar ciente de tudo o que acontece a respeito de sua doença

e a melhor maneira é manter um relacionamento aberto, através da conversa franca.

Ele deve ter conhecimento dos motivos que o levaram à institucionalização, das

possibilidades que existem e da opinião de todos os responsáveis por essa decisão,

assim como deve ser capaz de expressar sua opinião sobre o assunto. A satisfação

ou insatisfação demonstrada pelos idosos depende muito dos motivos que os

levaram à institucionalização. Naqueles idosos em que a entrada para a instituição foi

por opção, o nível de satisfação é maior.

Comunicação com o paciente com Alzheimer

A comunicação com um paciente com Alzheimer é muito complicada devido ao

fato de que a relação com o doente vai se tornando progressivamente mais precária.

A confusão e a agitação também compõem o quadro do paciente com Alzheimer e,

por isso, sempre que se for falar com ele deve-se falar de forma calma e tranquila. O

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cuidador deve adaptar-se à realidade da doença, o que significa ter conhecimento de

que o doente vai perdendo a capacidade de reter novas informações e a memória

recente. Em relação a esses pacientes o mais importante é manter a comunicação,

mesmo com assuntos secundários que podem ser as coisas simples presentes no

ambiente, o que está passando na televisão ou sobre algum parente querido.

Primeiro, ao iniciar uma conversa com um portador de Alzheimer identifique-

se. Com a evolução da doença, infelizmente, o doente passa a não reconhecer as

pessoas que fazem parte de sua vida, esquecendo primeiro as que conheceu mais

recentemente, como os filhos, e por último as que conhece desde a infância, como

os pais.

Utilizar-se de frases curtas e objetivas para facilitar a compreensão também é

uma boa medida. Evite usar a palavra “não” especialmente no início das frases, uma

vez que os doentes com Alzheimer tendem a não registrar as primeiras palavras de

uma frase. Ou seja, a frase: “Não se sente na cadeira” deve ser substituída por:

“Sente-se no sofá”.

Tenha cuidado com a linguagem corporal, ou seja, a posição dos braços, das

mãos, as expressões faciais exageradas, ou inexistentes, exageros na proximidade

ou distância do doente. Gestos e tons de voz excessivos podem assustá-lo. Use a

linguagem corporal a seu favor: um abraço forte, um segurar de mão, estabelecem

uma relação por vezes mais forte que palavras ditas. Lembre-se que é necessário

observar se o doente gosta de ser tocado ou prefere a distância.

Luto antecipatório

Quando uma pessoa mais velha fica doente e entra em cuidados paliativos, os

familiares começam a cogitar a possibilidade de falecimento. Ao cogitar essa

possibilidade os cuidadores passam por uma série de sentimentos. A pessoa que está

à morte, juntamente com seus parentes e amigos, vive um processo de luto

antecipatório: semelhante ao luto normal, porém em época anterior à morte

propriamente dita. Como o próprio nome diz, pessoas parecem estar antecipando a

morte. Nesse momento surgem muitas dúvidas e sentimentos negativos como

ansiedade, incerteza, impotência ou preocupação. Entenda que o sentimento de luto,

tanto do próprio paciente como da família, passará por algumas fases. É importante

entendê-las para ajudar nesse processo.

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A negação normalmente começa logo após o recebimento do diagnóstico, ou

até um pouco antes, quando o paciente adia a ida ao médico com o pensamento

“Não deve ser nada sério”. As pessoas envolvidas passam por um tipo de bloqueio de

sentimentos. Tenha cuidado para não julgar alguém que esteja passando por essa

fase, por aparentar nem ligar para a doença. E também cuide para não se sentir

culpado por não sentir algo diante de uma situação terminal, você provavelmente

estará passando pela negação.

A raiva é a fase que normalmente aparece em seguida. É quando não

conseguimos mais conter todos os sentimentos que não vivenciamos na negação. É

quando ficamos menos racionais e mais vulneráveis. Nessa fase devemos cuidar para

que a pessoa não faça algo de que possa se arrepender depois. Os relacionamentos

ficam problemáticos e todo o ambiente fica tenso e hostil. Junto com a raiva podem

surgir sentimentos de revolta, inveja e ressentimento. Mais uma vez, o cuidador deve

entender que essa pessoa está passando por uma fase de enfrentamento da doença

e não deve tomar para si eventuais ofensas e demonstrações de desafeto.

Já a barganha normalmente aparece nas demonstrações de fé religiosa

exacerbada. Promessas de mudança de comportamento caso a doença se resolva e

pedidos de ajuda a todas as fontes de poder que se conheça são comuns.

A depressão aparece ao se perceber que nada se pode fazer para mudar a

realidade. É importante que a família e o paciente estejam amparados por um

profissional da área da saúde mental, alguém que não esteja pessoalmente envolvido

na situação de doença. Aparece junto com a consciência de debilidade física, quando

as perspectivas de morte não podem mais ser negadas.

Por último vem a aceitação, quando as pessoas sentem-se em paz com os

acontecimentos e começam a superar suas dores. É um momento de repouso e

serenidade antes da morte. Se o paciente conseguir chegar a essa fase, ele viverá a

experiência de um processo de morte com serenidade e muita paz. Se os familiares

já estiverem nessa fase, ainda melhor, pois poderão oferecer conforto e

compreensão nos momentos finais.

Cada pessoa passa por essas cinco fases do luto de seu próprio jeito. Elas não

acontecem necessariamente nessa ordem e nem com a mesma intensidade e

duração. E não há o que se possa fazer para “tirar” uma pessoa de determinada

fase. O que devemos fazer, sempre, e em todos os momentos, é estarmos dispostos

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a acolher a pessoa que está sofrendo, mostrar que estamos disponíveis e que

também sentimos a mesma perda.

Assuntos a Conversar

O tema que é profundamente difundido no país e que muito provavelmente

será do agrado de qualquer idoso, doente ou não, são as novelas. O costume

nacional de assistir novelas pode ser usado como ferramenta na aproximação com o

familiar doente. Pode-se conversar sobre os personagens, os impasses, os segredos

ou o futuro de cada história. E como a novela dura meses e a história vai evoluindo,

torna-se um assunto que não acaba facilmente. Outro ponto a favor das telenovelas

é a fuga momentânea da realidade: ao discutir a vida de outras pessoas,

principalmente pessoas fictícias, o doente esquece seus próprios problemas e

condições. É notável a influência que a televisão e todo o seu conteúdo têm sobre as

pessoas, especialmente pessoas com muito tempo em casa e poucas atividades,

como os idosos. É claro que se deve identificar os assuntos prediletos do doente e

propiciar a ele o prazer de vivenciá-los.

É natural também que o idoso sinta saudade dos tempos de jovem, quando

tinha disposição, vivacidade e vivia aventuras. A nostalgia normalmente aparece

como uma sensação de saudades de um tempo feliz. Mas, ao contrário da saudade,

a nostalgia só aumenta quando se entra em contato com sua causa, pois esse

sentimento refere-se a algo que não voltará mais. É saudável e natural sentir-se

nostálgico, especialmente no caso dos idosos, que já viveram uma vida inteira cheia

de episódios diferentes. Sentir-se nostálgico significa que em algum momento da

vida se foi feliz. Estimular os idosos a compartilhar histórias antigas é uma maneira

de trazer um pouco da felicidade de outras épocas para um momento difícil. Histórias

passadas, da infância, da juventude, dos namoros, do casamento, de parentes, de

quando eram mais novos, são assuntos populares entre os idosos, justamente por

evocar essas emoções. Os idosos têm necessidade de contar os seus casos para

quem quer que queira escutá-los, pois a lembrança é o que sobrou do passado. É

uma maneira de revigorarem suas energias.

O valor da espiritualidade realmente aumenta nos momentos finais de vida. A

crença da existência de um paraíso, um Deus, ajuda os doentes a aceitarem mais a

sua condição. A espiritualidade é reconhecida como fonte de bem-estar e qualidade

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de vida. Então a religião aparece como veículo para se expressar a própria

espiritualidade. Falar de Deus, dos santos, das esperanças para o futuro entra como

um assunto muito importante entre doente e cuidadores, além de fazer com que

ambos se sintam mais seguros e protegidos.

Por último, mas não menos importante, entram os familiares. Conversar sobre

quem se ama, filhos, netos e sobrinhos, é muito bom. Como diz o ditado popular

“Quem meu filho beija, minha boca adoça”, tendemos a ter simpatia por aqueles que

demonstram carinho por alguém que amamos. Assim, conversar sobre as pessoas

queridas do doente pode ser uma boa maneira de se aumentar o vínculo com ele.

Isso não deve ser difícil, pois, normalmente, os familiares e amigos já conhecem as

pessoas queridas dos seus idosos.

Com o avanço das tecnologias e tratamentos médicos, os pacientes que

entram em cuidados paliativos podem viver anos após um diagnóstico terminal.

Independente das características que compõem a realidade do doente é fundamental

que a família sirva de apoio para este.

O doente deve sentir-se confortável no ambiente em que vive, sendo capaz de

desfrutar de tudo que ainda lhe é permitido. Para isso uma comunicação eficiente é

essencial. Através dela ele expressará seus incômodos e desejos. Cada caso terá

suas limitações e particularidades, e cabe aos cuidadores identificá-las e adaptarem

essas dificuldades ao ambiente. Garantindo a comunicação dinâmica, fluente e

sincera garante-se ao paciente dignidade e mais tranquilidade nos seus momentos

finais.

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Capítulo 4

Medicação e Hospitalização Anic Campos Alves

Os medicamentos para os idosos podem ser tanto uma fonte de alívio e cura

como podem causar grande sofrimento, não só pelos efeitos colaterais que podem

produzir, como também pela administração incorreta destes.

Durante a hospitalização, a administração de medicamentos é realizada pela

equipe de enfermagem; entretanto, quando o idoso retorna para casa os problemas

começam a aparecer.

Além da dificuldade em gerenciar suas medicações, o uso de muitos

medicamentos simultâneos, a distribuição correta de horários e as diferentes

dosagens são fatores que aumentam o risco de erros. Neste aspecto, o cuidador é

muito importante, já que o indivíduo sozinho raramente conseguirá seguir

corretamente as prescrições médicas. Ao lado disso, as pessoas mais velhas às vezes

trazem consigo muitas crenças e preconceitos sobre os medicamentos, o que

prejudica o uso correto destes.

Em geral, os idosos aderem melhor ao tratamento do que os jovens, porém

muitos fatores podem levar a uma baixa adesão, resultando em falhas na

terapêutica. Estes fatores podem ser intencionais (sente-se mal com a medicação,

não gosta de tomar comprimidos, não gosta do sabor do medicamento) ou não

intencionais (esquecimento, dificuldade em deglutir os comprimidos, esquemas

terapêuticos complicados, ausência de auxílio de um cuidador, entre outros). Todas

as queixas sobre o tratamento devem ser discutidas com o médico para que, deste

modo, o tratamento seja seguido da melhor forma possível para o idoso.

Os cuidados começam durante a consulta médica, enquanto o médico

prescreve, e continuam em casa, onde os cuidados são contínuos.

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Durante a consulta

É nesta hora que todas as dúvidas devem ser tiradas. Procure entender a

medicação que está sendo prescrita ao idoso, além de fazê-lo entender também. Se

possível, ele precisa entender sua condição, saber que medicação está usando, quais

os benefícios esperados e quais são seus efeitos colaterais.

Muitas vezes, é necessário memorizar muitas informações, o que pode ser

uma dificuldade a mais. Nesta hora, não há problema algum em lançar mão de um

material de anotação, tanto paras as perguntas a serem feitas quanto para anotar as

respostas. Se achar necessário, peça ao seu médico para que ele mesmo anote as

informações importantes sobre o uso daquela medicação.

Não sabe o que perguntar? Separamos algumas perguntas que podem auxiliá-

lo na hora da consulta.

No que essa medicação vai ajudar no alívio dos sintomas?

O comprimido pode ser partido, dissolvido, misturado com bebidas ou

ingerido com as refeições?

O remédio exige que o paciente evite:

algum tipo de alimento,

outras medicações,

atividades e exercícios físicos enquanto estiver usando o medicamento,

bebidas alcoólicas?

O remédio pode afetar o sono?

Em que horário é melhor tomá-lo?

O que fazer se alguém se esquecer de administrar alguma dose?

Quais são os efeitos adversos e o que fazer nessa situação?

Lembre-se de levar uma lista dos medicamentos que o idoso já toma, a

frequência e as dosagens. Receitas anteriores ou a própria embalagem do

medicamento podem ser levadas à consulta para auxiliá-lo. Avise ao médico sobre

alergias ou outros problemas com medicações anteriormente usadas. Não esconda

hábitos e vícios, avise sobre o uso de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas.

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Na hora de comprar a medicação

Confira se o medicamento que foi entregue é o mesmo escrito na

receita;

Não aceite a sugestão do balconista para trocar a medicação prescrita.

Converse com o seu médico antes;

Não compre medicamentos que já foram abertos ou cujas embalagens

aparentam ser muito velhas;

Confira a data de validade e não compre medicamentos quando a data

de validade não está especificada na embalagem.

Conservação

Mantenha os medicamentos nas embalagens originais e bem fechadas, isso

facilita o controle da data de validade e ajuda a não confundi-los.

Existem caixinhas porta-medicação (também chamadas porta-

comprimido), que auxiliam as pessoas a tomar corretamente os medicamentos.

Essas caixinhas são divididas por períodos do dia (manhã, almoço, jantar, ao deitar)

e ainda podem ser separadas por dias da semana. Existem vários modelos, dos mais

caros aos mais simples (que também são muito eficientes). Aqui colocamos dois

exemplos que podem ajudar na organização dos comprimidos da rotina do idoso.

Lembre-se sempre de anotar o nome e a data de vencimento dos remédios quando

retirá-los da embalagem.

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Existem outros cuidados muito importantes na conservação da medicação:

Mantenha os medicamentos em local arejado, seco, ao abrigo do sol e

da luz.

Não os guarde no banheiro, ao lado de filtros de água ou outros lugares

com muita umidade, isso pode estragá-los.

Conserve-os em temperatura ambiente, não se deve guardá-los em

geladeira, a menos que seja indicado. Se a medicação precisar de resfriamento,

guarde-a na geladeira, mas dentro de um saco plástico.

Nunca guarde os remédios do idoso junto com outras substâncias, pois

ele pode confundi-las; reserve um espaço apenas para a medicação.

Lembre-se de jogar fora os medicamentos vencidos ou aqueles cujo

aspecto ou a coloração mudaram. Para isso é importante conferir periodicamente a

data de vencimento deles.

Mantenha sempre a receita médica em um local de fácil acesso, de

preferência perto do local reservado para guardar a medicação. Deste modo é mais

fácil consultar sempre que haja dúvida.

Administrando a medicação em casa

A utilização de artifícios para ajudar a lembrar dos horários de ingestão dos

medicamentos pode ser útil, como, por exemplo, associar a ingestão dos remédios a

algo que se faça todos os dias: ao se levantar, nos horários das refeições ou ao se

deitar. O uso de lembretes no espelho, na porta da geladeira ou na beira do leito

pode auxiliar o cuidador, como também facilitar ao idoso a criação do hábito diário

de ingestão dos seus remédios. Sempre que possível, é bom evitar administrar a

medicação nos horários em que a pessoa dorme, pois isso interfere na qualidade do

sono.

Cartazes são de grande auxílio na hora de lembrar a rotina diária de

medicação. Eles podem, inclusive, conter imagens para ajudar aqueles que têm

dificuldade de leitura. O cartaz a seguir é um exemplo de cartaz diário, e serve

principalmente para aqueles cuja rotina de medicação é a mesma todos os dias. Ele

pode ser obtido em versão maior ou em outras versões através do e-mail de contato

do Projeto A Arte do Cuidar.

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Além de auxiliar o cuidador, os cartazes ajudam a estimular a memória do

idoso sobre sua própria medicação, colaborando com sua autoestima quando este

lembra “por conta própria” que precisa tomar o medicamento.

Marcar as doses já tomadas também evita o erro de administrá-las duas vezes

ou mais, ou de esquecê-las. O uso de tabelas como esta pode auxiliar o controle do

cuidador sobre a medicação, além de evitar superdosagens quando o idoso tem mais

de um cuidador.

Medicação Diária:

Dias do Mês Exemplo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Manhã/Café da manhã ×

Tarde/Almoço ×

Noite/Jantar ×Dias do Mês 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Manhã/Café da manhã

Tarde/Almoço

Noite/Jantar

Dias do Mês 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

Manhã/Café da manhã

Tarde/Almoço

Noite/Jantar

MEDICAÇÕES: MÊS:

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Para obtenção de bons resultados terapêuticos, os intervalos entre as

medicações devem seguir à risca a prescrição médica. Tomá-las antes da hora

recomendada pode causar efeitos adversos, assim como os atrasos na administração

podem atrapalhar o tratamento e provocar reaparecimento de sintomas como a dor.

A intenção é não permitir que o paciente sinta dor, independente de se poder ou não

tratar a causa.

ATENÇÃO!

Evitando erros na via de administração

É muito importante não se esquecer de confirmar o local onde o medicamento

deverá ser usado (nariz, boca, ouvido, ânus, pele, etc.), conhecendo a forma certa

de aplicar no idoso ou de fazê-lo ingerir. Confira alguns conceitos e dicas importantes

sobre as vias de administração de medicamentos.

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Via oral: é a administração do medicamento pela boca e deglutido com

auxílio de líquidos. Conheça o indivíduo na sua particularidade e se souber ou

suspeitar que ele vem resistindo à terapia medicamentosa, verifique se ele de fato

engoliu o comprimido: peça (com gentileza) para que ele abra a boca.

Os comprimidos, cápsulas e drágeas são geralmente tomados com um

copo cheio de água. As drágeas não devem ser partidas, nem as cápsulas devem ser

abertas. Apresentações em forma de pó oral devem ser preparadas antes de serem

ingeridas. O pó não deve ser colocado diretamente na boca.

No caso das suspensões orais deve-se agitar bem o frasco do medicamento e usar

a colher-medida ou o copinho de plástico, próprio para esse tipo de medicamento e

que geralmente acompanha a embalagem do produto (o mesmo vale para os

xaropes). Fique atento à dosagem prescrita pelo médico e seja fiel a ela. Após

tomar a medicação pode-se oferecer ao idoso um copo de água. Outros tipos de

bebida (sucos, refrigerantes, etc.) nem sempre podem ser tomados após a

medicação; lembre-se de perguntar ao seu médico ou conferir na bula a esse

respeito.

Medicações em gotas podem ser diluídas com um pouco de água; deve-se seguir

o número de gotas prescrito e não administrar direto na boca.

Via sublingual: Os medicamentos sublinguais seguem o mesmo

procedimento empregado para aqueles de via oral, exceto que a medicação deve ser

colocada sob a língua. Depois de colocar o medicamento sob a língua da pessoa,

oriente-a para que a mesma não engula a medicação. Até que esteja completamente

dissolvida, não lhe ofereça água. Além disso, não se pode fumar, comer ou chupar

balas enquanto a medicação estiver se dissolvendo.

Via retal: É a introdução de supositório ou clister medicamentoso.

Lave bem as mãos. Coloque o idoso deitado de lado no leito, voltando-se para o lado

esquerdo, dobrando o joelho direito, mantendo a perna direita flexionada e a

esquerda estirada. Insira o supositório retal, segurando sua extremidade com gaze,

com o auxílio de uma luva, o supositório deve ser colocado logo além do esfíncter

anal, evitando assim sua expulsão. Deixe-o deitado por alguns minutos procurando

retê-lo no intestino por, pelo menos, uma hora.

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Via tópica ou cutânea: é a aplicação de medicamento na pele. Antes

de aplicá-lo, lave bem as mãos e preferencialmente use luvas e aplicadores.

Despreze a primeira porção da pomada antes de usá-la. Coloque a pomada sobre

uma espátula sem contaminá-la e espalhe o medicamento de forma uniforme sobre a

superfície indicada.

Via nasal: Consiste em levar à mucosa do nariz um medicamento

líquido. Para isso o cuidador deve certificar-se de que o nariz está limpo, colocar o

idoso preferencialmente deitado com a cabeça bem inclinada para trás, permitindo

que o medicamento penetre profundamente. Ele deve permanecer deitado por

alguns minutos para melhor absorção.

Via Oftálmica: O cuidador deve lavar as mãos, deitar o idoso (ou

sentá-lo, colocando a cabeça bem inclinada para trás). Depois deve puxar a pálpebra

inferior para baixo, usando o dedo indicador e então pingar o colírio (ou colocar a

pomada oftálmica) sem encostar o aplicador nos olhos, usando as quantidades

recomendadas pelo médico. Oriente-o para fechar os olhos devagar e tentar não

ficar piscando. No caso de uma pomada a ser aplicada nos olhos, após colocá-la,

peça para que o idoso feche os olhos e movimente-os em círculos, ou de um lado

para o outro, a fim de espalhar bem o produto por toda a sua superfície.

Após a aplicação, pode-se limpar a área externa dos olhos com um lenço ou

um pedaço de gaze.

Gotas no ouvido (Produtos Otológicos): Coloque a pessoa sentada

e com a cabeça inclinada para o lado - ou deitada - deixando o ouvido afetado para

cima. Pingue o número de gotas prescrito pelo médico e não encoste o aplicador no

ouvido para não contaminá-lo.

Atenção: antes de usar o produto pode-se esfregar o frasco com as palmas das

mãos até atingir a temperatura do corpo. Não colocar o frasco do medicamento em

“banho-maria” ou em água quente, pois a alta temperatura pode alterar as

propriedades da medicação e causar queimaduras.

Efeitos adversos

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Reação adversa a medicamentos é qualquer resposta prejudicial, desagradável

e não intencional que ocorre com medicamentos em doses normalmente utilizadas.

Não são consideradas reações adversas os efeitos que ocorrem após o uso acidental

ou intencional de doses maiores que as habituais.

Como a polifarmácia (uso simultâneo de múltiplos medicamentos) é muito

comum nos idosos, especialmente naqueles com alguma doença, isso os predispõe à

ocorrência de interações medicamentosas (quando os efeitos de uma medicação são

alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum outro agente).

A interação medicamentosa é causa comum de efeitos adversos.

Além disso, os pacientes idosos têm mais tendência a reações adversas pela

dificuldade em seguir corretamente tratamento e devido às alterações do organismo

próprias do envelhecimento.

Ademais, para evitar efeitos tóxicos decorrentes de superdosagem por

administração errada da medicação as tabelas exemplificadas nesse capítulo são de

grande auxílio.

É importante, portanto, conhecer os possíveis efeitos adversos de cada

medicação conversando com o seu médico sobre isso. A bula do remédio também

contém esse tipo de informação e é bom que a pessoa responsável (ou as pessoas

responsáveis) pela medicação conheça tais interações; ler a bula pode ser de grande

ajuda. Sempre comunique à equipe de saúde qualquer reação não esperada ou

aumentada que possa ser relacionada às medicações.

Hospitalização

A hospitalização tende a tornar-se desagradável para o idoso e para todos os

envolvidos nos cuidados dele. As mudanças nos seus hábitos de vida, bem como o

distanciamento do ambiente familiar, dos objetos pessoais, da família e dos amigos

podem fazer desta uma experiência um tanto desgastante para todos. Para os

idosos, essa condição pode ser ainda acentuada, considerando-se que eles

apresentam maior incidência no número de internações, além de permanecerem

maior tempo hospitalizados.

A Instituição deve oferecer vínculo, acolhimento e uma assistência

humanizada para que os efeitos ruins da experiência sejam amenizados. Contudo,

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toda instituição tem suas regras que devem sempre ser respeitadas para que haja

um bom relacionamento entre família e equipe de saúde.

Cabe ressaltar que o Estatuto do Idoso, diz que: “Ao idoso internado ou em

observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde

proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral,

segundo o critério médico”. Ou seja, o estatuto evidencia a necessidade da presença

de alguém responsável pelo idoso, para receber informações sobre seu estado geral,

receber notícias a respeito de mudanças do quadro clínico e obter informações

relevantes sobre o tratamento. Além disso, a hospitalização traz sentimentos de

medo, impotência e fragilidade e ter por perto alguém de confiança traz um maior

sentimento de acolhimento e segurança.

Ainda quando se trata dessa faixa etária, principalmente naqueles com algum

comprometimento cognitivo, vítimas de algum tipo de demência, as mudanças de

ambiente e a presença de pessoas estranhas podem causar irritação e agravar a

confusão mental; nessas situações, a presença de alguém conhecido pode ajudar a

aliviar estes problemas.

Cuidar do ambiente de internação também pode ajudar a tornar esse período

mais agradável; converse com a equipe de saúde sobre a possibilidade de levar

alguns objetos pessoais ou que sejam do agrado do idoso para deixá-lo mais a

vontade, tais como porta-retratos, flores ou outros objetos de estima. Pelo risco de

contaminação nem sempre tal atitude é possível, mas vale à pena certificar-se sobre

tal possibilidade.

Para tornar a experiência da hospitalização mais agradável, a ocupação dos

períodos de solidão com atividades que propiciem prazer mostra-se uma estratégia

favorável. A prática da conversa e o recebimento de visitas de familiares e de amigos

pelos idosos, além de ocuparem o tempo livre, fazem com que ele se sinta

importante e querido. Para aqueles que gostam, e ainda conseguem, boas sugestões

de atividades de lazer são a leitura e as atividades artesanais. Para aqueles que

sempre demonstraram prazer na leitura ou na música, mas não podem mais realizar

tais atividades, o cuidador pode levar livros para ler ao paciente ou cantar músicas

para ele; existem muitos relatos a respeito dos efeitos benéficos dessas atividades no

bem-estar dos pacientes internados. Em resumo, é muito importante que o idoso

tenha diferentes formas de entretenimento disponíveis para vencer o tédio e a

depressão decorrentes do período de internação. Consulte também a equipe de

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saúde sobre a possibilidade de caminhar com ele dentro da instituição; caso seja

possível, essa atividade também pode ajudar.

Esteja preparado: Tenha sempre uma mala ou uma sacola pronta para

internações de emergência.

Pode-se utilizar a lista abaixo como uma referência quando fizer a mala para

levar para o hospital. Ter uma lista faz com que não se esqueça de algo importante.

Chinelos confortáveis e seguros;

Meias;

Roupas íntimas;

Ao menos uma muda de roupa para voltar para casa (normalmente

durante a internação o idoso permanece com a roupa do hospital);

Agasalhos;

Cosméticos de uso habitual;

Produtos de higiene pessoal;

Pasta e Escova de dente;

Escova de cabelo;

Documentos pessoais e carteira do plano de saúde ou do SUS.

Medicina caseira

A respeito dos conhecimentos e práticas populares relativos ao uso de plantas

medicinais (medicina caseira), amplamente conhecidas e difundidas na nossa cultura,

cabem alguns alertas. Pode-se lançar mão dessas práticas quando se acredita em

seu sucesso, principalmente quando se tratam de tradições de família que são

importantes para o idoso ou para o cuidador, mas sempre com cuidado e precaução.

Em geral a medicina caseira, quando não contradiz nem conflita com a

medicina oficial e não se coloca como uma alternativa, mas apenas como um

complemento, é quase sempre isenta de riscos. Seguir essas tradições e crenças

particulares ajuda o paciente a sentir-se bem e ninguém discorda do fato de que se

sentir bem é bom para a saúde.

Contudo, cabe esclarecer um mito que ainda existe a respeito das plantas

medicinais: popularmente diz-se que o uso das plantas medicinais “se bem não faz,

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mal também não”. Essa afirmação é totalmente errônea, pois todo medicamento

quer seja de origem química ou natural possui efeitos positivos e também negativos

ao organismo. Assim, podem ocorrer intoxicação e efeitos desagradáveis decorrentes

do uso de plantas medicinais.

Automedicação

Para encerrar este capítulo sobre medicação, não podemos deixar de alertar

sobre essa prática comum e motivo de grande preocupação por parte dos

profissionais da saúde: a automedicação. Muitas vezes o tratamento médico é

realizado apenas de forma parcial, outras vezes não é realizado de todo e, outras

vezes ainda, é baseado em experiências prévias de vizinhos, parentes, conhecidos ou

do próprio paciente. Com essa prática, pode-se mascarar sintomas importantes para

o diagnóstico correto do problema, o paciente pode ter reações adversas e reações

alérgicas; o uso inadequado pode ainda favorecer as interações medicamentosas,

causar dependência química, entre outros problemas sérios. Qualquer que seja o

caso, o risco para a saúde é real, principalmente quando o tratamento envolve

medicamentos químicos e é realizado sem orientação competente. É imprescindível

que o cuidador e o paciente sigam corretamente as orientações médicas para o

sucesso do tratamento e bem-estar do idoso.

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Capítulo 5

Dores, Curativos e Outros Sintomas

Mayara Motta Melo

Dor

A dor é um sintoma muito comum na maioria das doenças e que acaba por

gerar estresse físico e emocional para os doentes e cuidadores, de forma que todo

cuidado possível em relação à dor é bem-vindo.

É importante lembrar que quem define a intensidade da dor é o doente, e não

o cuidador.

Tipos de dor

É de grande importância que o cuidador tenha noção do tipo de dor do

paciente, para fazer a devida intervenção. Uma classificação bem simples é a que

descreve as dores em crônica e aguda.

Dor aguda - Resultante de cirurgias, traumas, inflamações, infecções e

complicações, ou seja, está relacionada com alguma lesão e, depois de curada, a dor

desaparece. Essa dor é como um alerta e pode ser seguida de outros sintomas

como: aumento da frequência cardíaca e respiratória, aumento da pressão,

ansiedade e agitação.

Dor crônica - Se mesmo após a cura da lesão a dor persistir, então se trata

de uma dor crônica. É o caso do herpes zoster, do câncer, da AIDS, do diabetes, da

artrite, etc. Dura mais de três meses, é uma dor contínua e intermitente.

Normalmente não tem outro sintoma acompanhando.

Além disso, podemos graduar as dores em: leve, moderada e severa. Para

isso você pode fazer uso de escalas de dor, que serão descritas adiante.

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Avaliação da dor

A dor deve ser avaliada constantemente. O paciente e seu cuidador precisam

estar preparados para relatar qualquer alteração no padrão de dor. As alterações

estão relacionadas à intensidade, duração, características, ritmo, fatores

desencadeantes e atenuantes da dor.

Como a dor de cada indivíduo é diferente, deve-se sempre levar em conta o

que o paciente refere e descreve. Caso ele não tenha condições de descrever a dor,

o cuidador terá que interpretar o seu comportamento. Para isso, ele deve fazer uso

de recursos como as escalas de dor, sendo que qualquer escala pode ser utilizada,

desde que o paciente consiga descrever a intensidade e o tipo de dor com ela. As

mais utilizadas são a escala visual numérica e a escala visual analógica. Na

primeira, o paciente deve atribuir uma nota entre zero e dez para a sua dor, sendo

que zero corresponde a nenhuma dor e dez corresponde à pior dor já

experimentada. Também se pode usar a escala de faces, na qual o paciente aponta a

face que com a expressão que melhor reflete a sua dor.

Deve-se ficar atento aos pacientes idosos e aos portadores de demência, pois

eles têm certa dificuldade para descrever a dor e entender as escalas. Além disso, as

alterações de humor e comportamento podem ser interpretadas como dor.

As avaliações indiretas devem ser evitadas, pois quando o cuidador apenas

observa as reações do paciente e atribui uma característica à dor pode estar

omitindo alguma informação.

Lembrar que os pacientes em Cuidados Paliativos, normalmente, sentem dor

por causa de: câncer metastático, doença articular com deformidades, pós-

operatório de cirurgias, queimaduras, procedimentos como banho, troca, mudança

de posição e de curativos, e utilização de drenos.

Quando o doente não se comunica, deve-se atentar para a ocorrência de

posições incomuns do corpo que tendem a diminuir a dor, agitação persistente

(mesmo com uso de medicamentos), diminuição do nível de atividade, gemência,

choro, alteração do sono, diminuição do apetite, etc. Nesses casos, pode-se adotar a

seguinte avaliação:

Dor aguda - expressão facial, gemência, choro, aumento da tensão

muscular, alterações no pulso, na pressão arterial e na frequência respiratória.

Dor crônica - comportamento deprimido e piora do estado mental.

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O cuidador tem obrigação de comunicar o profissional de saúde sobre

qualquer alteração no quadro de dor, ainda que seja pelo telefone.

Convívio com a dor

A dor persistente pode alterar a mobilidade do paciente, a sensibilidade à dor

e os sentimentos do paciente. Por exemplo: a dor pode causar uma contração

muscular; se essa contração for mantida por muito tempo, ela ocasionará mais dor e

mais contração muscular. Com o tempo o paciente tenderá a diminuir sua

movimentação.

O sistema neurológico modifica-se frente ao estímulo doloroso constante:

tende a ficar muito sensível e ocorre um desequilíbrio entre o sistema que informa a

existência de dor e aquele que a suprime.

O psiquismo também se altera frente à dor constante. O paciente tende a se

sentir deprimido, ansioso, hostil e com raiva. Esse paciente, provavelmente, irá

colaborar menos com o tratamento. A depressão tira-lhe o desejo e a disposição

para o autocuidado, traz o desejo de isolamento, o sentimento de abandono, e ele

pode ter muitos pensamentos sobre a morte.

A dor também pode perturbar o sono. A pessoa sente dificuldade para iniciar o

sono, acorda durante a noite, sente-se cansada e indisposta pela manhã.

O acompanhamento do paciente com dor oncológica

O cuidador é responsável pela avaliação da dor do paciente no domicílio. Ele

deve fazer essa avaliação duas ou três vezes ao dia e sempre que achar que houve

alguma alteração. Quando houver essa alteração, informe ao médico.

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A avaliação é feita por meio de anotações numa tabela:

Dia/hora Onde

dói?

Qual a

intensidade

(0-10)?

O que

melhora

e o que

piora?

O que

ele não

consegue

fazer por

causa da

dor?

O que

ele fez

no dia?

Após ingerir o

medicamento

o alívio foi:

bom, regular

ou ruim?

Tratamento

O paciente em tratamento de dor crônica faz uso de vários medicamentos. O

cuidador, além de saber o tipo de dor que o paciente está sentindo, deve saber se o

medicamento está funcionando e quais os efeitos colaterais dele, a fim de entender e

realizar o que foi prescrito e informar ao médico sobre as mudanças no quadro.

Nunca suspenda abruptamente o uso de um medicamento, principalmente

sem consultar o médico, e siga corretamente as indicações médicas. Em algumas

situações o intestino pode ficar preso, mas isso pode ser regulado com dieta e

medicamentos. Também pode ocorrer sonolência, confusão leve, euforia, náuseas,

vômitos, boca seca, suor e tremores, que podem ser controlados e desaparecem

dentro de 3 a 7 dias. Caso o paciente aparente estar com os músculos contraídos de

forma involuntária, avise à equipe de saúde: o remédio pode estar sendo tóxico ao

paciente. Isso pode ocorrer por desidratação, então é importante hidratar o paciente

o mais rápido possível. Nesses casos, será preciso reduzir a dose do medicamento (o

médico terá que informar a dose necessária nesse momento) e, assim que a situação

for controlada, você poderá voltar a dar a dose usual.

Devem ser feitas avaliações contínuas para verificar as respostas ao

medicamento e mudanças no padrão de dor, sendo importante observar as

mudanças de posição, de humor e dos gestos do paciente. O profissional de saúde

deve ser informado sobre qualquer mudança no quadro.

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Terapias Complementares

A dor atinge diversos setores: emocional, físico, social e espiritual. Esta é a

DOR TOTAL, como definida por Cicely Saunders. Portanto, a dor pode ser muito

melhor controlada quando há uma colaboração estreita entre medicamentos e

recursos não medicamentosos.

Existem técnicas não-invasivas que oferecem ao doente a sensação de

controle da situação, mostrando que o paciente tem responsabilidade e que deve

participar do tratamento. As terapias incluem: imposição de mãos, toque terapêutico,

Reiki, para citar apenas algumas terapias complementares. O cuidador deve

conversar com o paciente sobre as crenças e preferências dele.

Fadiga

É um sintoma complexo que, quando se torna frequente, sem causa

específica, pode indicar doenças incuráveis, como câncer, AIDS, insuficiência

cardíaca, etc. Também é uma queixa muito comum de pacientes que estão fazendo

tratamentos como quimioterapia e radioterapia.

As intervenções incluem: exercícios físicos, planejamento e priorização das

atividades do dia a dia, bem como organização dos períodos de sono e atividade,

com respaldo dos profissionais de saúde que acompanham o paciente.

Porém, dificilmente haverá o alívio completo desse cansaço. O que se pode

fazer é eliminar ou atenuar o que está ocasionando a fadiga, como: dor, alterações

no sono, anemia, alterações nutricionais, atividade física. O médico pode indicar um

medicamento, se for necessário.

Dispneia

É a sensação de falta de ar. O tratamento visa aliviar esse sintoma, promover

conforto e qualidade de vida. Saber o motivo desse sintoma é o primeiro passo para

poder ajudar o paciente. O cuidador deve discutir as opções de alívio da dispneia

com o médico, o doente e os familiares.

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Além do tratamento farmacológico, também pode ser bom procurar métodos

não farmacológicos, como: fisioterapia e mudanças na rotina do paciente (planejar

as atividades diárias, ficar em posição confortável, falar devagar, evitar extremos de

temperatura, não deixar a água correr diretamente no rosto durante o banho,

colocar apoio no leito para levantar a cabeça, evitar carregar objetos pesados,

utilizar roupas mais leves, caminhar mais lentamente).

Constipação e Diarreia

Constipação é um relato comum de pacientes em diversas patologias.

Constipação é o que chamamos de “intestino preso”. Ocorre quando há uma

alteração na frequência e na consistência das fezes. É importante notar as mudanças

bruscas no funcionamento intestinal e procurar ajuda do profissional de saúde que

acompanha o paciente.

Em indivíduos saudáveis, a frequência de evacuação pode oscilar de uma vez

ao dia até uma vez a cada 3-4 dias.

Os idosos são mais sujeitos a ela, principalmente devido à diminuição do

tônus muscular, à alteração da sensibilidade, aos hábitos irregulares de defecação,

aos distúrbios metabólicos, ao uso crônico de drogas laxativas e ao consumo de

alimentos triturados ou peneirados.

Para o paciente ser considerado constipado, ele deve apresentar dois ou mais

sintomas dentre esses: esforço para evacuar, fezes duras e/ou como bolinhas,

sensação de esvaziamento incompleto, sensação de obstrução anorretal durante a

evacuação, três evacuações ou menos por semana, uso de manobras para facilitar a

evacuação (como retirada manual das fezes). Esses sintomas devem estar presentes

durante mais de 12 semanas, não necessariamente consecutivas. O paciente não

pode usar laxante nesse período e não pode apresentar fezes líquidas.

Sinais e sintomas comuns da constipação: diminuição da frequência de

evacuações, esforço excessivo para evacuar, sensação de esvaziamento incompleto,

fezes endurecidas e de volume diminuído e desconforto ao evacuar, distensão

abdominal, dor, náuseas e vômitos.

A constipação pode ser resultado da redução de atividades físicas, vida

sedentária, falta de privacidade ou tempo para evacuar, consumo inadequado de

líquidos e fibras, fatores psicológicos e sociais, tumores que podem interferir na

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eliminação intestinal de alguma forma, déficits nutricionais, musculares e

neurológicos em pacientes com câncer e da utilização de medicamentos. Lembre-se

que o paciente acamado tem maior dificuldade para evacuar.

A prevenção é melhor que o tratamento, podendo reduzir a necessidade de

procedimentos invasivos. As medidas de prevenção envolvem: consumo de 1,5L de

líquido ou mais por dia, de alimentos ou de suplementos ricos em fibras (pelo menos

20-35g/dia); prática de exercícios e uso de laxantes, se necessário e com orientação

médica.

O treinamento do hábito intestinal pode ser feito ficando-se um período do

dia, de preferência após o café da manhã, sentado no banheiro, aguardando de 5 a

15 minutos. A massagem na barriga com movimentos circulares no sentido horário

pode ajudar.

Para o funcionamento intestinal: comer verduras (repolho, couve, brócolis,

agrião, rúcula – cruas ou cozidas, pelo menos um prato ao dia), legumes (abobrinha,

cenoura, tomate, vagem, feijão, lentilha e grão de bico – diariamente), frutas

(mamão, laranja, pêssego, abacate, coco fresco, ameixa, pera – de preferência com

o bagaço, duas unidades ao dia), farelo de trigo (duas colheres de sopa, duas vezes

ao dia), sopa de aveia (3 colheres de sopa, duas vezes ao dia), 2 L de líquido por

dia, fibra solúvel três vezes ao dia – após as principais refeições, mingau de ameixa

(cozinhe 15 ameixas pretas em 2 copos de água; quando soltar o caroço, amasse ou

corte as ameixas, formando uma pasta, misture 2 colheres de sopa com óleo de

amêndoa doce, milho ou girassol, pode bater no liquidificador, mas não peneire nem

coe, adoce a gosto), o mingau também pode ter 6 colheres de sopa de uva passa ou

15 damascos secos. Evite maisena, creme de arroz, fubá e arrozina.

Se mesmo com esses cuidados o intestino continuar “preso” por mais de 3

dias, você deve acrescentar o reeducador intestinal vegetal (medicamento a base de

vegetal ou exclusivamente vegetal, encontrado em várias apresentações, como, por

exemplo, na forma de gel, geleia, pó e cápsulas). Comece com uma colher de chá e

aumente até 3 colheres de chá ao dia e beba de 1 a 2 copos de água após a

ingestão do laxativo natural.

Caso o paciente ainda não consiga defecar em pelo menos 3 dias, será preciso

começar o uso de supositório de glicerina.

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Para o sucesso do tratamento outros fatores também podem contribuir, como:

dar privacidade ao paciente, ajudá-lo a fazer alguma atividade física (de acordo com

as limitações do paciente e recomendações médicas) e a massagem na barriga.

Para facilitar o controle, o cuidador pode utilizar uma tabela onde coloca os

dias do mês e marca com X os dias em que o intestino funcionou. Também é

importante anotar as dificuldades e facilidades que você, cuidador teve para seguir

as orientações. Além disso, deve-se anotar a consistência das fezes, a periodicidade,

o alívio e o desconforto do paciente. Tudo isso deve ser passado ao médico.

Caso o paciente apresente diarreia, você não deve suspender nenhuma das

orientações acima, apenas diminua a frequência e a quantidade dos alimentos

laxativos em uso e aumente o consumo de líquidos. Se mesmo assim a diarreia

persistir, suspenda o reeducador intestinal vegetal, o farelo de trigo, o mingau de

ameixa e a aveia e evite os alimentos laxativos indicados. É importante conversar

com o médico sobre tudo isso que está acontecendo.

No caso de pacientes diabéticos, com problemas no rim ou no coração, que

possuem colostomia ou sondas para alimentação, outras orientações poderão ser

adaptadas. Portanto, converse com o profissional de saúde e veja o melhor

procedimento.

O tratamento com farelo de trigo é feito com uma mistura de 3 copos de

maçãs sem casca, batidas ou raspadas, com 2 copos de farelo de trigo integral e um

copo e meio de suco de ameixa. O paciente deve ingerir uma colher de sopa por dia

durante uma semana, aumentando uma colher por semana/dia até 6 colheres de

sopa/dia (quando atingir 3 colheres de sopa/dia suspender o uso de laxantes;

continuar com o laxante apenas se o paciente não apresentar movimento intestinal

por 3 dias consecutivos) e monitorar o paciente quanto ao consumo de pelo menos

1,5 L/dia de líquidos. Recomenda-se o uso das 3 colheres de sopa/dia antes do café

da manhã; e quando for mais de 4 colheres, dividir a dose (metade antes do café e

metade depois do jantar).

Entende-se por diarreia, apresentar mais de três vezes fezes pastosas ou

líquidas num período de 24 horas. É muito menos comum que a constipação, mas

ocorre frequentemente em pacientes com AIDS.

A principal causa da diarreia é o uso incorreto de laxantes. Alguns pacientes

esperam até se tornarem obstipados e, então, abusam de laxantes em altas doses. A

radioterapia na barriga e na bacia também pode ocasionar diarreia, com uma maior

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ocorrência entre a segunda e a terceira semana do tratamento e mantendo por certo

período após o término das sessões.

O tratamento é feito com uma dieta mais restrita, com alimentos leves.

Procura-se oferecer as refeições num intervalo máximo de 3 em 3 horas, variar os

alimentos para evitar a monotonia do cardápio, comer sempre devagar e mastigar

bem os alimentos, ingerir líquidos durante o dia o suficiente para repor as perdas,

comer frutas como: maçã, pera, banana prata ou banana maçã, melão, melancia,

goiaba (sem casca e sem semente), sucos naturais de maçã com gotinhas de

limão, caju ou maracujá, limonada, utilizar alho, cebola, ervas naturais e pouco óleo

para o preparo das refeições, moderar o consumo de sal, acrescentar sopa no

almoço e jantar. Deve-se evitar o consumo de alimentos gordurosos (frituras,

cremes, empanados, preparações à milanesa); produtos industrializados, enlatados,

frios (presunto, mortadela, salame), embutidos (salsicha, linguiça); leite e derivados

gordurosos, verduras cruas e cozidas, legumes com casca e semente, grãos (feijão,

ervilha, lentilha, grão de bico); no caso de preparações com molho, este deve ser

natural e peneirado. Além disso, existem alguns medicamentos que podem ser

usados, mas só sob ordem médica.

Náuseas e Vômitos

A náusea é uma sensação desagradável que antecede o ato de vomitar. O

vômito é a expulsão forçada do conteúdo gástrico pela boca. São sintomas que

causam mal-estar e prejuízos à vida diária do paciente.

Existem diversas causas desses sintomas. Podem ser desencadeados por

quimioterapia, radioterapia, infecções, dor intensa, analgésicos, anestésicos,

procedimentos cirúrgicos, doenças que atrapalham o funcionamento do estômago e

do intestino.

Náuseas e vômitos devem ser investigados quanto à frequência, intensidade,

duração, fatores desencadeantes e quanto às limitações diárias. A escala analógica

visual pode ser utilizada para a avaliação da intensidade da náusea. Nos episódios de

vômito deve-se detectar a quantidade, o conteúdo, o aspecto e a frequência. Tudo

deve ser anotado e comunicado ao profissional.

Com esses dados, o médico poderá avaliar se é necessário o uso de

medicamentos (antieméticos).

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Cuidados como: manter o ambiente calmo, ventilado e confortável, a

alimentação saudável (evitando alimentos gordurosos e fazendo intervalos de 3

horas entre as refeições), ingestão de líquidos, higiene oral, cabeceira do leito

elevada durante a alimentação e durante os episódios de náusea e vômito. Pode-se

também utilizar técnicas de distração: música, televisão, filmes, pintura, desenho,

jogos, que podem desviar a atenção do paciente. Terapias complementares como

acupuntura, acupressão, auriculoterapia, hipnose, musicoterapia, reflexologia, Reiki,

toque terapêutico, tai-chi chuan, massagem, homeopatia, biofeedback, suplementos

alimentares e fitoterapia podem ajudar. Lembrar que essas terapias devem ser

realizadas por profissionais capacitados e o médico deve ser informado sobre a

realização desse procedimento.

Alterações cognitivas

A cognição envolve consciência, atenção, percepção e memória. As principais

alterações cognitivas são: delírio, demência, ansiedade e depressão. Como a

alteração cognitiva pode ser causada por diversos fatores, deve-se fazer uma

avaliação periódica e detalhada do paciente, buscando as possíveis causas.

Alterações cognitivas podem afetar a expectativa de vida dos pacientes e

agem diretamente sobre a sua qualidade de vida. A detecção precoce e o controle

dessas alterações são cruciais para o manejo efetivo do paciente em programas de

Cuidado Paliativo.

A demência é uma doença caracterizada pela morte rápida de várias células

do cérebro. A pessoa vai perdendo a capacidade de fazer coisas simples. A

demência provoca perda de memória, confusão, comportamentos estranhos e

mudanças na personalidade.

É comum que o paciente apresente dificuldade para lembrar um fato recente,

porém ele se lembra de coisas do passado detalhadamente, além de ter dificuldade

de se situar quanto ao tempo e ao local. Ele esquece o nome das coisas, repete as

mesmas histórias, tem crises de choro, ansiedade, depressão, fica facilmente

zangado, chateado ou agressivo e tem desinibição sexual. Pode sentir dificuldade de

compreender o que lhe dizem, de executar tarefas domésticas e fazer sua higiene

pessoal, pode comportar-se de maneira inadequada fugindo a regras sociais (sair

vestido de pijama, andar despido, etc.), esconder ou perder coisas e depois acusar

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as pessoas de tê-las roubado; e pode ter alucinações, ver imagens, ouvir vozes e

ruídos que não existem.

É comum que o paciente idoso tenha esquecimentos ocasionais, tenha

dificuldade de concentração, confunda datas e coisas. Esses sinais, com a evolução

da doença, vão se tornando cada vez mais marcantes. Se você perceber sinais de

demência no paciente, converse com o médico dele.

O que fazer para ajudar o paciente: manter o ambiente agradável, iluminado,

silencioso e com objetos familiares, tentar manter fixo um ritmo de dia/noite

(vigília/sono), controlar os sons do ambiente (nem sons altos, nem cochichos),

chamar o paciente pelo nome, orientá-lo sobre as questões tempo e espaço, manter

uma boa relação com o paciente, explicar todos os procedimentos e tudo o que

acontece com ele (inclusive as alucinações), não isolar o paciente, procurar sempre

escutá-lo e responder com sinceridade, não discutir com o paciente. Cuidado: não se

ofenda com os comentários do paciente e não perca o respeito por ele, lembre-se

que ele está doente e não sabe o que está dizendo.

Além disso, você pode propiciar atividades que exercitam a memória, tais

como: leitura, canto e palavras cruzadas. Você pode ajudá-lo a anotar em um

caderno coisas que ele tem que fazer, organizando as atividades do dia-a-dia e

ajudando-o a não esquecer coisas importantes.

Desmaio

Desmaio é a perda temporária da consciência. Causas: queda da pressão

arterial, convulsões, doenças do coração, hipoglicemia, derrame e outras.

Enquanto a pessoa estiver inconsciente, não ofereça líquidos ou alimentos,

pois ela pode engasgar. Verifique se a pessoa apresenta ferimentos ou fraturas. Peça

ajuda para levantar a pessoa e coloque-a na cama. Mantenha a pessoa deitada, com

a cabeça no mesmo nível do corpo.

Se o paciente for diabético, espere que ele recupere a consciência, e dê um

copo de água com açúcar. Se for possível, verifique a pressão e sinta os batimentos

do pulso. Se a pessoa não melhorar, procure imediatamente a equipe de saúde.

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Alteração do sono/vigília

Pode ser causada por dor noturna, depressão, ansiedade, inatividade durante

o dia, cochilos diurnos, medicamentos.

Você pode auxiliar o paciente ajudando-o a relaxar, ouvindo os seus medos,

evitando que ele cochile, incentivando exercícios e retirando o álcool e a cafeína da

dieta.

Tudo deve ser relatado ao médico; é comum que pacientes em Cuidados

Paliativos tenham que fazer uso de remédios para conseguir dormir.

Desidratação

A desidratação acontece quando a pessoa perde líquidos e sais minerais pelo

vômito ou pela diarreia.

O paciente com desidratação apresenta sinais como pele seca, olhos fundos,

pouca saliva e urina.

É importante informar toda e qualquer alteração à equipe médica, mas se o

paciente não conseguir beber água ou soro e se os vômitos/diarreia não pararem,

procure a equipe urgentemente. Pode ser necessário aplicar soro na veia.

Hipoglicemia

A hipoglicemia é a diminuição do nível do açúcar no sangue. Acontece

principalmente nos diabéticos, quando fazem muito exercício físico em jejum ou

quando ficam longo tempo sem se alimentar. Também pode ocorrer hipoglicemia

quando o diabético recebe uma dose alta de insulina ou de medicamentos para o

controle da doença ou quando consomem bebida alcoólica em excesso. O período do

dia em que mais ocorre a hipoglicemia é entre as refeições.

A hipoglicemia pode ser acompanhada por pele fria, pálida e úmida, suor frio,

cansaço, desorientação, convulsões, tontura, sonolência, tremor, visão turva ou

dupla, coração disparado, nervosismo, dor de cabeça, dormência nos lábios e língua,

irritação.

Se você notar esses sinais e sintomas avise a equipe médica, eles vão poder

orientar sobre como medir a glicemia e o que fazer nesses casos.

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Prurido

O prurido é uma coceira que ocorre por: pele seca, alergias, inflamação e

infecções da pele.

Para melhorar o prurido pode-se fazer a hidratação da pele e dar um banho

não muito quente no paciente.

Fale com o médico e cheque a medicação e os alimentos que podem estar

interferindo, e que remédio pode solucionar os problemas de alergia, inflamação e

infecções da pele.

Soluço

Soluço é como um reflexo anormal da respiração. O soluço pode ser episódico

ou persistente. A esse último você tem que ficar atento, principalmente se ocorrer

por mais de 48 horas; nesse caso há necessidade de investigação da causa.

Algumas manobras físicas podem melhorar o soluço, como: prender a

respiração ou soprar contra um obstáculo; estimular a nasofaringe ou a garganta por

meio de ingestão de água gelada, gargarejo ou ingestão de açúcar puro; fazer

pressão sobre os olhos para estimular o nervo vago; manipular o diafragma – fazer

flexão das coxas sobre o tórax ou apoiar o tórax contra uma superfície.

Tosse

A tosse é uma resposta a estímulos no aparelho respiratório, como os

inflamatórios e mecânicos. Quando a tosse persiste por muito tempo pode atrapalhar

o sono do paciente e agravar outros sintomas (dispneia, fadiga, dores).

Quando a tosse apresenta escarro, o médico pode indicar umidificação do ar

ou inalação com solução fisiológica, medicamentos e técnicas de fisioterapia

respiratória.

Os horários para alimentar o paciente, a quantidade oferecida a ele e a

postura dele devem ser levados em conta para evitar entrada de substâncias

estranhas nas vias respiratórias.

Se houver tosse com grande eliminação de sangue, tente manter o paciente

respirando normalmente e posicione-o de forma que o local de sangramento fique

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para baixo. Em casos muito graves, em que o paciente esteja correndo risco de vida,

procure deixá-lo o mais confortável possível.

Anorexia

Anorexia é a perda de apetite, com consequente diminuição da ingestão

alimentar. Pode ser causada pela própria doença do paciente (câncer avançado, por

exemplo), por medicamentos e sintomas que podem interferir na fome do paciente.

Nesses casos, procure dar alimentos em pequenas quantidades e em

intervalos regulares. Procure alimentos que agradem o paciente e incentive as

refeições junto à família. Muitas vezes, é preciso o auxílio de medicamentos nesse

processo. Portanto, comunique o médico sobre a situação. Lembrando que a

anorexia é normal nos últimos dias de vida, é necessário que a família do paciente

seja orientada a compreender e aceitar essa limitação.

Fraqueza

A fraqueza pode estar relacionada com a progressão da doença, anemia, dor,

depressão, insônia e infecções.

As medidas que podem melhorar a qualidade de vida do paciente nesse

aspecto são: conservar a energia dele, dar apoio emocional e aumentar os períodos

de descanso.

A equipe de saúde deve estar a par de todas as dificuldades do paciente e às

queixas de fraqueza.

Boca seca

Esse sinal pode ser ocasionado por medicação, desidratação, respiração pela

boca, candidíase oral, vômitos, anorexia, depressão e ansiedade.

A primeira providência é oferecer líquido (principalmente os cítricos e gelados)

ao paciente e umedecer os lábios dele. Depois, você deve informar ao médico sobre

o assunto a fim de que ele oriente, retire ou acrescente remédios ou até mesmo

indique o uso de saliva artificial.

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Disfunção urinária

A perda de urina é causada pela progressão da doença, por alterações do

nível de consciência ou pelo efeito colateral de medicações.

As medidas não-farmacológicas envolvem o dispositivo urinário não invasivo

com bolsa coletora ou garrafa plástica para homens ou fraldas descartáveis, que

devem ser indicadas pelo médico. Logo, é de enorme importância que o médico fique

ciente desse sintoma, para que ele possa orientar e prescrever medicamentos.

Mioclonias

São contrações repentinas e incontroláveis dos músculos. São causadas por:

medicamentos, abstinência de álcool e outras drogas e por baixa concentração de

oxigênio no cérebro.

O tratamento envolve necessariamente medicamentos, portanto avise o

médico. O que o cuidador pode fazer é explicar ao paciente o que está acontecendo.

Feridas

Ferida é a interrupção na continuidade de um tecido do corpo. Existem feridas

cirúrgicas, que são os cortes feitos pelo médico e que podem formar feridas; e se

essas não forem bem cuidadas pode haver infecção e secreção. Também existem os

ferimentos não cirúrgicos que estão relacionados com quedas, acidentes, raspões e

úlceras. Relate sempre à equipe a ocorrência de ferimentos.

Queda

As quedas são os acidentes que mais ocorrem com as pessoas idosas e

fragilizadas por doenças, ocasionando fraturas principalmente no fêmur, costela,

coluna, bacia e braço.

Após uma queda é importante que a equipe de saúde avalie a pessoa e

identifique a causa, buscando no ambiente os fatores que contribuíram para o

acidente. Assim, podem ajudar a adotar medidas de prevenção e tornar a casa mais

segura.

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Quando você for levantar o paciente que sofreu uma queda, primeiro observe

se existe alguma deformidade, dor intensa ou incapacidade de movimentação, o que

sugere fratura. Num caso suspeito de fratura, não tente “colocar no lugar”; procure

não movimentar a pessoa e chame o serviço de emergência, o mais rápido possível.

Curativos

Os pacientes com doença avançada têm a espessura da pele diminuída,

perdem peso e têm a pele ressecada, o que aumenta o risco de lesões na pele e

dificulta a cicatrização. Com isso, em Cuidados Paliativos, o tratamento de feridas é

baseado na prevenção delas, no controle dos sintomas das lesões e no conforto do

paciente. A cicatrização é uma consequência possível, mas não é a meta.

Úlceras venosas são complicações da insuficiência venosa crônica, que estão

associadas ao surgimento de varizes e tromboses. O médico vai indicar o melhor

procedimento: cirurgia, enfaixar o membro, utilizar produtos cicatrizantes ou

antibióticos. Você, como cuidador, ficará responsável pela aplicação de pomadas,

pelos cuidados com a perna enfaixada, por manter o paciente com as pernas

elevadas (30-45 graus).

Úlceras arteriais são causadas por problemas nos grandes vasos, são

perfurantes e dolorosas. Na maioria das vezes, localizam-se nos pés.

Prevenindo as quedas

1. Orientar o idoso sobre os riscos de queda e suas consequências.

2. Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas e manter uma alimentação

saudável.

3. Levar o paciente a consultas com o oftalmologista e

otorrinolaringologista, pelo menos uma vez ao ano.

4. Verificar se o paciente não está com dificuldades para se locomover,

ver se não há alterações nos pés.

5. O paciente deve fazer exercícios físicos, acompanhados por um

fisioterapeuta e terapia ocupacional, o que lhe dará segurança para se movimentar

em casa.

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6. Optar por sapatos mais eficientes de vestir: evitar cadarços, fivelas e

fechos difíceis de enxergar e nada de saltos. Sapatos com tecidos maleáveis também

são melhores porque evitam os famosos calos e machucados, além de se adaptarem

aos edemas que fazem parte do dia a dia dos idosos.

Adaptando a casa

1. Manter os móveis e objetos da casa na mesma posição;

2. Manter a casa bem iluminada;

3. Retirar os tapetes do caminho;

4. Locais livres de obstáculos;

5. Fios de equipamentos elétricos devem ser fixados ao longo das

paredes;

6. Colocar antiderrapantes nos pisos do banheiro e da cozinha;

7. Os utensílios de cozinha devem ser colocados no armário em altura

acima dos joelhos e que não ultrapasse os ombros. Os objetos mais pesados devem

estar nas prateleiras inferiores e os mais leves organizados nas superiores;

8. Pode ser instalado também, caso haja necessidade, um acessório

ajustável que eleve a altura do vaso sanitário e barras de apoio na parede lateral;

9. Fixar barras de segurança na parede do banheiro e ensinar o idoso a

não apoiar no porta-toalhas ou nas saboneteiras caso sinta algum desequilíbrio;

10. Trocar o colchão da cama antes que ele deforme, pois isso prejudica a

coluna vertebral e dificulta a independência para se deitar e se levantar.

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Capítulo 6

Cuidados com o Cuidador

Ana Flávia Alvarenga Hostalácio Lima

Cuidar é zelar pelo outro, é oferecer seus talentos, é ter preparo e escolhas

traduzidos em atitudes, é perceber a outra pessoa como ela é e como se mostra seus

gestos e falas, sua dor e limitação. Cuidar, afinal, é praticar o cuidado, que se revela

por meio do carinho, atenção, precaução, dedicação e responsabilidade. Assim, o

cuidador é aquele que reúne todas essas qualidades expressas pelo sentimento de

solidariedade e de doação, promovendo apoio e assistência ao ser humano, cuja

essência se encontra no cuidar.

A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO

que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos

por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar,

saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa

assistida”. No entanto, há um sentido muito mais amplo, pois além do sofrimento

físico existem aspectos emocionais, sociais, a história de vida e os sentimentos da

pessoa a ser cuidada que também estão envolvidos.

O cuidador deve reconhecer e considerar tudo isso, pois lhe dá condições de

prestar o cuidado de forma individualizada dando atenção especial às

particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada. Além disso, facilita

perceber as atividades que a pessoa não consegue fazer sozinha ou tem dificuldade

de realizar, que é justamente quando o cuidador deve atuar, acompanhando-a e

auxiliando-a a se cuidar, mas não fazendo por ela. É assim que se estimula a

autonomia, mesmo que em tarefas pequenas. É válido ressaltar que não incluem nas

funções do cuidador as técnicas e procedimentos que estão dentro das funções de

outros profissionais, principalmente na área de enfermagem.

O cuidador do idoso é aquele familiar ou responsável pelo cuidado ao idoso, o

qual apresenta limitações para realizar as atividades e tarefas da vida cotidiana. É

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também o principal responsável por receber orientações e esclarecimentos da

equipe, fazendo elo entre o idoso, a família e os serviços de saúde ou da

comunidade. E principalmente, é aquele que une trabalho com afetividade,

disponibilidade e capacidade de ouvir o outro, sem tirar-lhe sua autonomia e

independência. Enfim, o cuidador, seja ele familiar ou profissional contratado, é peça

fundamental na difícil tarefa de proporcionar um envelhecimento mais saudável e

com menor comprometimento funcional.

Sabe-se que esta tarefa é difícil porque, apesar dos esforços despendidos para

garantir uma velhice cada vez mais ativa e saudável, a maioria dos idosos

experimenta alguma fragilidade nessa fase da vida. Nessa situação, os idosos

precisam da ajuda de cuidadores e a família passa a ser vista como núcleo central

para o acolhimento e o cuidado. Diante desse impasse nem sempre se pode escolher

ser cuidador e isso requer aprendizado e adaptação, mas todos nós somos um

cuidador em potencial, no âmbito familiar.

Frustrações, angústias e outros sintomas

A tarefa de cuidar de alguém expõe o indivíduo a situações adversas e

provoca mudanças na rotina e no estilo de vida do cuidador, além de se somar às

suas próprias atividades e sobrecarregá-lo. Ainda há o sofrimento emocional por ter

que lidar com uma doença que acomete a pessoa querida. Diante dessa situação é

comum o cuidador sentir cansaço físico, ser acometido por um quadro depressivo ou

de estresse, se ver na necessidade de abandonar o trabalho e se deparar com

repercussões na vida conjugal e familiar. Tudo isso é prejudicial ao cuidador, mas

também se reflete na sua família e na pessoa cuidada.

As respostas a essa situação variam de indivíduo para indivíduo, como

também variam no mesmo indivíduo ao longo do tempo, isso porque algumas

pessoas lidam mais adequadamente com as adversidades do cuidar.

Quanto aos sintomas físicos que podem afetar o cuidador incluem dores em

todo o corpo, principalmente na coluna e braços pelo fato de ajudar na deambulação

do paciente; cansaço geral; e distúrbios do sono pela preocupação ou pela

interrupção do sono para prestar atenção aos cuidados. Também podem aparecer

alterações na saúde física do cuidador, relacionadas com o tempo limitado para o

autocuidado.

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Há casos de isolamento social por dedicação total e integral ao paciente; além

de sentimentos negativos, como nervosismo, pena, tristeza e impaciência, mas

também sentimentos positivos de crescimento pessoal, superação de conflitos e

aproximação do familiar. Ao contrário, as relações com os outros familiares podem

ser caracterizadas pelo afastamento e conflitos. E em relação à situação financeira

das famílias, na maioria das vezes, se altera com uma redução da renda familiar por

abandono do trabalho e aumento das despesas.

É importante ressaltar também que às vezes o paciente não reconhece os

esforços do cuidador, podendo ser até agressivo. No entanto, essa é uma maneira

pela qual o paciente manifesta sua angústia, suas frustrações com a doença e suas

próprias limitações, não significando que tais sentimentos referem-se ao cuidador.

Pelo contrário, ele sabe que este não o abandonará, mesmo sendo agressivo.

O autocuidado

A tarefa do cuidador é uma tarefa nobre, no entanto complexa, pois é

permeada por sentimentos diversos e contraditórios, além de sobrecarga emocional,

repercussões físicas e alterações financeiras, na vida social e nas relações familiares.

Na prática percebemos que o cuidador principal geralmente é o mais

envolvido no cuidado, por isso o mais sujeito a estresse e sobrecarga. Por esse

motivo, é importante, quando possível, dividir as tarefas e responsabilidades entre os

familiares mais próximos, evitando-se assim a sobrecarga de apenas um indivíduo.

Além disso, o cuidador pode e deve realizar atividades de autocuidado que

consistem em atitudes e comportamentos que a pessoa tem em seu próprio

benefício, visando cuidar de si próprio.

Assim, cuidadores necessitam estar atentos à rotina do cuidado, para que as

ações repetitivas não destruam o prazer de cuidar e não diminuam o vínculo afetivo

com o doente. O cuidado verdadeiro é um trabalho prazeroso e que gera

sentimentos positivos como a satisfação, aproximação, superação, crescimento

pessoal, entre outros.

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Cuidando do cuidador

Ser um cuidador não significa apenas desprendimento em função do próximo,

mas inclui também cuidados consigo. Isso porque o ato de cuidar gera diversas

consequências na vida do cuidador, desde social, até física e emocional, tornando

necessárias intervenções – direcionadas aos cuidadores – que assegurem um estilo

de vida o qual garanta o bem-estar individual.

O estilo de vida adequado valoriza a boa nutrição, a atividade física,

comportamento preventivo, controle do estresse e o estabelecimento de

relacionamentos saudáveis. Estas considerações são importantes, pois possuem

grande influência na saúde geral e na qualidade de vida dos cuidadores, que devem

ser mantidas tanto pela integralidade do cuidador como para garantir uma

assistência eficaz ao paciente.

Para isso, o primeiro passo é o cuidador reconhecer seus próprios limites e

disponibilidades de cuidado e atenção, para não se doar mais do que pode oferecer;

assim, se tem tranquilidade para atuar e o cuidar não se torna uma imposição e,

consequentemente, uma tortura.

O segundo passo é assegurar a saúde física e mental, que é obtida através do

descanso e procurando entender os próprios sentimentos e aceitá-los, como um

processo normal de crescimento psicológico.

O terceiro passo consiste na divisão das tarefas, caso não seja possível, é

recomendado, ao menos, uma reunião de família para expor as informações a

respeito da doença do paciente e sua situação; isso proporciona tranquilidade para o

cuidador que pode dividir as informações e angústias sobre a rotina e os problemas

com a pessoa cuidada.

Outras dicas que também são úteis para preservar a saúde do cuidador e

aliviar suas tarefas são: reservar um tempo para si, para se cuidar, realizar

atividades físicas e de lazer, descansar e relaxar; e pedir ajuda quando algo não

estiver bem ou se necessário. Tudo isso ajuda a reduzir o cansaço físico e mental,

recuperando as energias gastas com o cuidado com o outro.

Além disso, os cuidadores também podem procurar serviços que dão

assistência visando acolhê-los. Dentre esses, existem: rede socioassistencial

articulada pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS); capacitações

sobre cuidados específicos com idosos; grupos organizados por Pastoral, ABRAz e

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pelos Centros de Referência em Saúde da Pessoa Idosa; e os grupos de cuidadores,

onde os cuidadores trocam experiências, desabafam sobre medos e dificuldades,

compartilham e esclarecem dúvidas, recebendo apoio e alívio das angústias.

O cuidador e a pessoa cuidada

Primeiramente, é essencial estabelecer uma relação de confiança com a

pessoa cuidada. Sendo que, se o cuidador se mostrar com atitudes de carinho e

respeito essa relação se estabelecerá automaticamente e o cuidador será uma

referência, a quem o idoso pode recorrer sempre quando necessário.

É importante também, que essa relação seja baseada na parceria, ou seja,

deve haver a participação de ambos, para que um possa entender melhor as

necessidades do outro e, principalmente, reconhecer e respeitar seus limites. Assim,

o cuidador não se sobrecarrega e a independência do idoso é preservada.

Além disso, é fundamental estabelecer uma relação interpessoal entre

cuidador e cuidado, percebendo e compreendendo as reações e os sentimentos que

acometem o idoso que, na maioria das vezes, são diversos e contraditórios. Dessa

maneira, é possível que o cuidador não se atente apenas para o estado físico, mas

também para as dimensões mental, sentimental e espiritual, fazendo do ato de

cuidar uma ação completa e afetiva.

Tais reações e comportamentos do idoso podem ser expressos através de

sentimentos de raiva, medo, confusão, tristeza, choro, entre outros; e podem

dificultar o cuidado, uma vez que a pessoa cuidada pode se negar a realizar as

solicitações do cuidador. Este deve compreender a situação e não se culpar, frustrar

ou se julgar incapaz.

Tudo isso mostra como o cuidar é uma ação complexa, porém não é

impossível. Alguns detalhes podem facilitar e ajudar nessa tarefa, como por exemplo:

fazer acordos, principalmente quando o idoso solicita a todo o momento o cuidador,

mesmo sem necessidade, isso garante a autonomia do paciente, ao mesmo tempo

em que preserva a independência do cuidador; reconhecer e não ultrapassar os

limites dos envolvidos nessa relação assegura tanto o bem-estar quanto a

privacidade; preservar o direito da pessoa cuidada de que esta saiba o que está

acontecendo consigo; tratar o idoso de acordo com sua idade, pois estar doente ou

com limitações não significa que não são capazes de fazer escolhas e ter

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determinadas atitudes; escutar, respeitar e valorizar o que o idoso fala; respeitar a

dor e outros sentimentos do paciente, e se atentar para o que podem significar; e

jamais descarregar o cansaço físico e mental no paciente.

Por fim, não se deve encarar essa situação em que o idoso se encontra como

incapacitação, voltando os cuidados apenas no sentido de saná-la e se esquecer do

restante. A vida continua, tanto para ele como para o cuidador. Por isso, é

importante continuar compartilhando momentos com os que estão ao redor, falar e

demonstrar os sentimentos, estimular e integrar o idoso ao mundo, garantindo a

satisfação com a vida.

O cuidador e a família

Quando um membro da família atinge a velhice e começa a ter limitações

necessitando de maiores cuidados, a responsabilidade recai sobre a família e,

geralmente, tem um membro da família que se torna o principal responsável.

Essa situação provoca mudanças na vida de todos, sobretudo na dos membros

que assumem os cuidados principais. Há necessidade de conciliar responsabilidades

antigas ao novo papel de cuidador, o que provoca não só sentimentos geradores de

sofrimento frente às perdas relacionadas com o ente querido, como também às suas

próprias.

Por tudo isso, é importante que a família divida as tarefas e determine funções

para que não sobrecarregue ninguém. É também recomendado realizar reuniões

familiares com o objetivo de expor aos demais membros sobre a situação do doente

e a proximidade da morte.

Com a evolução da doença, pode haver a necessidade de os familiares

assumirem a tomada das decisões. Nesses casos, o cuidador principal deve

compartilhar a responsabilidade com os demais familiares, fazendo valer a autonomia

do paciente pelo que compartilharam de sua biografia, ou seja, baseado naquilo que

compartilharam da história de vida do doente.

O cuidador e a equipe de saúde

O ato de cuidar não significa e nem qualifica o cuidador como um profissional

de saúde, portanto, presume-se que, provavelmente, ele não esteja preparado para

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exercer algumas das funções do cuidador. É por isso que a equipe de saúde deve se

aliar a ele e garantir apoio e assistência.

A forma primordial para ajudar os cuidadores é transmitir informações, que é

requisito básico para saber lidar com situações diversas. Além disso, os profissionais

de saúde devem planejar e orientar os familiares quanto às funções e atividades a

serem realizadas no domicílio, evidenciando inclusive aquilo que não deve ser feito.

Afinal, procedimentos técnicos são responsabilidades dos profissionais de saúde,

sendo assim os cuidadores não devem realizá-los.

O trabalho torna-se mais efetivo quando a equipe, juntamente com a família,

procura alternativas para amenizar o sofrimento, a preocupação e outras dificuldades

enfrentadas. Assim, mesmo com as informações e orientações apresentadas, é

necessário que a equipe tenha sempre disponibilidade de oferecer assistência.

Em algumas situações o simples fato de estar junto da família, ouvir, e

entender são o suficiente, pois contribuem para manter o equilibro familiar, o que

também compete à equipe, tanto durante o período de cuidado como após o

falecimento do idoso. Para isso, cada família e paciente devem ser vistos como

únicos e ter suas necessidades atendidas da forma mais adequada possível.

Maus-tratos

Maus-tratos correspondem a qualquer ato ou omissão que cause dano,

incômodo ou comprometa o bem-estar e saúde do idoso, incluindo agressões físicas,

psicológicas, sexuais, abandono, negligências, abusos econômico-financeiros,

omissão, violação de direitos e autonegligência. Podem ser praticados pelo cuidador,

por familiares, amigos, vizinho, ou por um profissional de saúde, como consequência

de um ato impensado ou de uma ação planejada que ocorra uma única vez ou que

se repetem.

O risco de ser vítima de violência é maior tanto quanto mais dependente for a

pessoa. Assim, cuidadores, familiares e profissionais de saúde dos idosos devem

estar sempre atentos à detecção de sinais e sintomas que possam indicar maus-

tratos.

É importante também que cada um dessa rede de cuidadores reflita sobre

seus atos ao cuidar do idoso dependente, se há alguma falha ou se

inconsequentemente teve alguma atitude negativa para com o idoso, pois mesmo o

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descuido e a negligência são considerados maus-tratos. Caso tenha ocorrido, procure

desculpar-se, além de identificar as razões e buscar a ajuda da equipe de saúde.

Infelizmente maus-tratos e violência contra os idosos existem e isso causa

repercussões físicas e psicológicas na vida do idoso. Por isso, é essencial uma boa

orientação de como cuidar e a conscientização de que os maus-tratos não devem ser

ignorados. Somente com a denúncia da pessoa ou da instituição que provoca os

maus-tratos, é que se garante proteção e segurança total para os idosos.

Em casos de maus-tratos, denuncie no Conselho Municipal dos Direitos da

Pessoa Idosa ou no Ministério Público ou nas delegacias policiais ou no IML. Tais

órgãos garantirão os direitos dos idosos vítimas de violência.

Reconhecendo o fim

Cuidar de pessoas idosas traz muitos desafios, sendo um deles a morte.

Apesar de esta fazer parte de um ciclo e termos certeza de que ela virá em algum

momento, nunca estamos preparados para enfrentá-la. Isso porque sempre envolve

sentimentos diversos, como incapacidade, culpa, revolta, alívio, raiva, tristeza e que,

dificilmente, são reconhecidos e aceitos.

O fim significa recuperação, aceitação e adaptação e para isso é preciso que o

cuidador e os familiares reconheçam seus limites, percebam tudo o que foi feito pelo

bem-estar do paciente e entendam que não são capazes de evitar o fim, mas, sim,

torná-lo mais digno e sereno.

Aproximar-se de quem está morrendo mostra-nos do que cada um precisa no

seu fim. Pode ser o silêncio, a liberdade para expressar seus sentimentos, o toque, a

conversa. Mas, enfim, a disposição é o que importa e talvez seja uma das principais

ações do cuidador.

Há vários meios para suportar a perda da pessoa querida e, nessas horas,

cada um, do seu jeito, procura amenizar o sofrimento. Rezar, mudar de ambiente,

conversar sobre a situação, reencontrar amigos e familiares, cuidar de si mesmo e

reorganizar a vida são maneiras de conseguir encarar tal situação.

É importante salientar que esse momento é mais facilmente suportado quando

se tem com quem compartilhar, pois esconder os sentimentos e negar a perda não

amenizam o sofrimento.

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Após o falecimento do paciente e depois de um período normalmente difícil, a

família procura se reorganizar, desde o aspecto afetivo até o financeiro. O conforto e

a atenção que devem ser dados aos familiares, nesse momento, envolvem essa

compreensão.

Assim, o papel mais importante do profissional de saúde é o apoio à família no

processo de luto, estimulando as competências familiares. Isso facilita a

reestruturação tanto individual como familiar.

Como proceder no caso de óbito

Em caso de óbito na residência, deve-se procurar o serviço de verificação de

óbitos para solicitar a emissão do atestado de óbito. Caso não haja na cidade esse

serviço, o médico do serviço de saúde público mais próximo ao local do falecimento

emitirá o atestado de óbito. Caso o óbito ocorra no hospital, a própria instituição

orientará o familiar/cuidador sobre como obter a declaração de óbito.

Após a emissão da declaração de óbito, esta deverá ser levada ao Cartório

que registrará o óbito e emitirá a Certidão de Óbito. Este documento é imprescindível

para a realização do sepultamento e de todas as outras providências necessárias.

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Capítulo 7

Primeiros Socorros Ana Livia da Silva Ferreira

Ao se tornar idoso, o indivíduo sofre algumas alterações no funcionamento do

seu corpo e passa a depender de cuidado constante. Pode haver mudança na sua

capacidade de se comunicar ou de realizar atividades que antes fazia com facilidade,

exigindo uma atenção maior do cuidador.

Para se prevenir acidentes, é preciso conhecer e observar o comportamento

do idoso. É importante também que o cuidador saiba agir em caso de emergências

que possam colocar a vida ou a saúde do idoso em risco.

O objetivo deste capítulo é instruir o cuidador sobre o que fazer em caso de

acidentes, que possuem gravidade variável. É preciso manter a calma e ter sempre

em mãos alguns números úteis de telefone:

1. Do médico responsável pelo idoso;

2. Dos Bombeiros- 193;

3. Do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)- 192;

4. Da família do idoso ou seu responsável.

Sinais vitais e sinais de apoio

Os sinais vitais são aqueles que indicam funcionamento normal básico do

corpo humano. São eles: temperatura, pulso, respiração e pressão arterial. Eles

podem ser percebidos facilmente e sua ausência indica alteração importante no

funcionamento do corpo. Sua verificação rápida e precisa é fundamental para que

sejam feitos primeiros socorros eficazes.

Já os sinais de apoio auxiliam na avaliação do funcionamento de órgãos vitais.

São eles: cor e umidade da pele, dilatação e reatividade das pupilas, estado de

consciência e motilidade e sensibilidade do corpo.

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TEMPERATURA

A temperatura normal do corpo varia de 35,9°C a 37,2°C, mas está sujeita a

variação em caso de exercício físico, digestão, temperatura ambiente e alterações

emocionais. Abaixo, no Quadro 1, estão relacionadas as faixas de temperatura

corporal e a sua relação com a normalidade.

A forma mais comum de se medir a temperatura de um indivíduo é colocando-

se o termômetro nas axilas, o que deve indicar um valor entre 36°C a 36,8°C.

Quadro 1- Classificação das temperaturas corporais de acordo com sua intensidade.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

FEBRE: é a elevação anormal da temperatura corporal. É acompanhada de

falta de apetite, suor, pulso rápido, respiração rápida, mal estar, calafrios, dor de

cabeça, pele rosada. Pode ser causada por tumores, infecções, acidentes vasculares

e traumatismos.

Para se combater a febre, pode-se colocar compressas frias no corpo. Há

medicamentos específicos para esse fim, mas devem ser administrados somente com

a supervisão de um médico.

PULSO

O pulso representa a passagem de sangue por um vaso sanguíneo, levando à

sua distensão. Ele pode ser sentido com os dedos e normalmente segue os

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batimentos do coração. Há também uma relação direta do pulso com a temperatura

corporal: quanto maior a temperatura, maior o pulso.

O pulso é avaliado segundo sua frequência (Quadro 2), que pode sofrer

alterações: quando há prática de exercício físico, banho frio, excitação emocional, o

pulso é acelerado. Em caso de desmaios, o pulso diminui. A faixa normal é de 60 a

70 para homens adultos e de 70 a 80 para mulheres adultas.

Para se avaliar a frequência, deve-se posicionar o braço do idoso em

posição relaxada, pressionar levemente os dedos indicador e médio no ponto

específico de uma artéria e contar os batimentos durante 60 segundos.

As artérias mais utilizadas são a radial (no braço, próximo ao polegar) e

a carótida (no pescoço) (Figura 1).

Quadro 2- Classificação do pulso segundo sua frequência. Fonte: Manual de

Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

Figura 1- Locais comuns para medição de pulso: pulso radial (braço, próximo ao polegar)

ou carotídeo (pescoço). Fonte: Science Photo Library.

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RESPIRAÇÃO

A respiração é fundamental à vida, pois é através dela que captamos o

oxigênio necessário às funções vitais. Ela pode ser percebida através dos

movimentos do peito e/ou barriga: uma inspiração mais uma expiração são

consideradas um movimento respiratório.

A frequência normal da respiração é de 14 a 20 movimentos por minuto. As

alterações respiratórias estão resumidas no Quadro 3, sendo que podem ser

causadas por doenças cardíacas, uso de medicamentos, entre outros.

Quadro 3- Classificação da frequência respiratória segundo sua frequência. Fonte: Manual

de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

PRESSÃO ARTERIAL

A pressão arterial é a força com que o sangue circula pelo corpo e depende,

entre outros fatores, da condição dos vasos sanguíneos, do grau de contração do

coração e da quantidade e viscosidade do sangue. É medida em milímetros de

mercúrio (mmHg) e pode ser dividida em sistólica (máxima), variando de 100 a 140

mmHg, ou diastólica (mínima), variando de 60 a 90 mmHg (ver Quadro 4).

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Pode haver diminuição da pressão em situações de sono/ repouso, anemia,

hemorragia, hipotireoidismo, entre outros. Já a digestão, emoção, convulsão,

hipertireoidismo e arteriosclerose podem elevar a pressão.

Para se medir a pressão, deve-se ter em mãos materiais especiais, como

estetoscópio e esfigmomanômetro. Embora esse procedimento não seja de difícil

realização, é aconselhável que seja realizado por pessoas experientes, como

enfermeiros ou médicos.

Quadro 4- Variações da pressão arterial. Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de

Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

DILATAÇÃO E REATIVIDADE DAS PUPILAS

A pupila é uma abertura no centro da íris (parte colorida do olho), através da

qual passam os raios de luz para que possamos enxergar os objetos. Quando

exposta à luz, a pupila se contrai, ficando com sua abertura reduzida. Quando há uso

de colírios ou lesão cerebral, a pupila fica dilatada e sua abertura se expande.

Deve-se observar as pupilas com uma luz lateral aos olhos. Se isso não for

possível, pode-se observar à luz ambiente. Muitos fatores podem levar à dilatação da

pupila: “stress”, tensão, medo, parada cardíaca, abuso de drogas, intoxicação e uso

de colírios (Figura 2).

Figura 2- À esquerda,

pupilas dilatadas. À

direita, abertura normal

da pupila. Fonte: Science

Photo Library.

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COR E UMIDADE DA PELE

A cor e umidade da pele podem ser indicativos de ocorrências graves com o

idoso. Parada cardiorrespiratória, morte, estado de choque, febre e queimaduras são

alguns dos fatores que podem alterar o equilíbrio normal da pele humana. Essas

alterações podem ser observadas na face, no peito, na barriga e nos braços e

pernas. O Quadro 5 mostra quando e como a pele pode estar alterada.

Quadro 5- Alterações da cor e umidade da pele. Fonte: Manual de Primeiros Socorros,

Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

ESTADO DE CONSCIÊNCIA

O estado de consciência reflete o estado de lucidez da pessoa, em que ela

pode perceber o ambiente ao seu redor com clareza. Quando se encontra um

acidentado que é capaz de dizer onde está e o que houve com ele, pode-se dizer que

ele está consciente. Este estado pode estar alterado por desmaio, coma, convulsão,

parada cardíaca ou respiratória, alcoolismo, entre outros.

MOTILIDADE E SENSIBILIDADE DO CORPO

Se uma pessoa se encontra consciente, mas incapaz de realizar algum

movimento ou de sentir algum estímulo, ela está fora da sua saúde normal. A

capacidade de movimentar e sentir são indicativos muito importantes, pois podem

refletir lesões no membro paralisado, lesões na medula ou no cérebro, causadas por

acidentes vasculares ou traumáticos.

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Se um braço ou uma perna estão paralisados, a lesão pode ter ocorrido em

um nervo do membro afetado. Já a incapacidade de movimento das duas pernas

pode indicar lesão na medula espinhal. Se há desvio do canto da boca para um dos

lados, pode ter ocorrido lesão no nervo da face ou acidente vascular cerebral (AVC),

causando lesão no cérebro e levando a incapacidade de movimento ou até da fala.

Nesses casos, é importante que se tome cuidado com o transporte do

acidentado, a fim de se evitar que a lesão se complique.

Acidentes em idosos

Abaixo serão listados os principais acidentes que ocorrem em idosos, assim

como suas causas, consequências e o que fazer para socorrer alguém acidentado.

1. ASFIXIA

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Asfixia pode ser definida como parada respiratória, com o coração ainda em

funcionamento. Pode ser causada por fumaça em incêndios, afogamento,

soterramento, engasgos ou esmagamento do corpo.As principais causas de asfixia

em idosos são engasgo e acúmulo de secreções que podem impedir a passagem do

ar para os pulmões.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

A falta da respiração pode ocasionar lesão no cérebro, por isso é importante

que a função respiratória seja restaurada em menos de 4 minutos.

COMO DETECTAR?

A pessoa asfixiada não respira e muitas vezes apresenta lábios e ponta dos

dedos azuis, assim como pupilas dilatadas. Em caso de engasgo, também haverá

algum objeto na boa do acidentado. Geralmente os engasgos são causados por

dentaduras, moedas, alimentos, saliva, espinhos de peixe ou osso de galinha.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Facilitar a passagem de ar através da boca e narinas;

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Retirar o que causa a asfixia. Por exemplo: retirar objetos estranhos

que possam estar dentro da boca ou garganta do acidentado (discutido adiante);

Desapertar as roupas do acidentado;

Colocar o acidentado deitado de lado, para que ele continue respirando

(essa posição é considerada uma posição de segurança);

Iniciar respiração de socorro e fazê-la quantas vezes for preciso

(explicado no tópico de parada cardiorrespiratória);

Manter o acidentado aquecido e tranquilo;

Não dar líquidos se a pessoa estiver inconsciente;

Não deixar o acidentado sentar ou se levantar. Ele deve permanecer

deitado mesmo após ter recuperado a respiração. Ele também não deve ser

transportado até que sua respiração tenha voltado ao normal;

Solicitar socorro especializado, mesmo que o acidentado já tenha

voltado ao normal.

Muitas vezes não é fácil retirar o objeto que causa o engasgo em uma pessoa.

Para isso, há duas técnicas principais: fazer pressão sobre a barriga ou dar pancadas

nas costas.

A pressão sobre a barriga deve ser feita quando a pessoa está sufocando. A

pessoa que vai socorrer deve ficar atrás da vítima do engasgo e colocar suas pernas

entre as dela para dar apoio em caso de desmaio. Localize o ponto médio entre o

umbigo e as costelas (próximo à região do estômago). Nesse ponto, deve colocar

suas mãos, sendo uma fechada por baixo e uma aberta por cima, cobrindo a

primeira. Deve ser feita pressão para trás e para cima, conforme mostra Figura X.

Essa técnica pode ser feita se a pessoa estiver deitada ou em pé.

Os tapas nas costas devem ser feitos somente quando a pessoa não estiver

sufocando. Vale lembrar que as mãos devem estar dobradas em forma de concha. As

pancadas devem ser dadas de baixo para cima nas costas do acidentado, que pode

estar deitado, sentado ou em pé (ver Figura 3 e Quadro 6). O objetivo é tirar o

objeto que causa o engasgo.

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Quadro 6- Técnicas para realização de tapotagem (tapa nas costas) de vítimas de engasgo.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

Figura 3- A- Pessoa

engasgada sufocando.

B- Técnica de pressão

na barriga para retirada

do objeto que causa

engasgo.

C- Técnica de

tapotagem (tapa nas

costas) para retirada do

objeto que causa

engasgo.

Fonte: Science Photo

Library.

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2. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Acontece quando uma pessoa para de respirar e seu coração para de bater. Pode ter

várias causas, mas é causada principalmente por mau funcionamento do coração,

problemas respiratórios ou acidentes. A parada cardiorrespiratória está entre as três

principais emergências médicas, juntamente com edema de pulmão e grandes

perdas de sangue.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

É preciso que a pessoa seja socorrida em até 4 minutos, pois quanto mais o

atendimento demora para ser feito, menores são as chances de recuperação. Caso

isso não seja feito, a vítima pode morrer ou ficar com alguma sequela.

COMO DETECTAR?

A vítima de parada cardiorrespiratória apresenta o seguinte quadro:

Pulso fraco ou ausente no pescoço (nesse caso inicie imediatamente as

manobras de ressuscitação);

Não respira ou respira com dificuldade (a pessoa demora 30s para

parar de respirar);

Movimento da garganta;

Cor roxa ou azul nos lábios e pontas dos dedos;

Inconsciência (a pessoa não responde a estímulos externos);

Pupilas dilatadas (demoram 45s para aparecer).

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

O pulso deve ser o primeiro sinal a ser verificado. Se você perceber que uma

pessoa está sem pulso, não espere até que ela apresente os demais sinais da parada

cardiorrespiratória. Comece a ressuscitação imediatamente.

Antes de começar a técnica de ressuscitação, alguns pontos devem ser

levados em conta:

O ar precisa passar para os pulmões da vítima, portanto, veja com

certa frequência se há algo impedindo que o ar passe. É comum que a língua

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escorregue e feche a garganta. Para evitar que isso aconteça, incline a cabeça da

vítima para trás conforme mostra a Figura 4 (faça isso somente se não houver

fratura na região do pescoço);

Se houver algum objeto na boca da pessoa acidentada, retire-o

imediatamente.

Figura 4- À esquerda,

vítima com a passagem

aérea obstruída. À direita,

o ar passa para os

pulmões com facilidade

devido à simples

inclinação da cabeça.

Fonte: Manual do

Cuidador do Idoso.

Após ter liberado a passagem do ar, siga as seguintes etapas (essas etapas estão

esquematizadas na Figura 5):

A- Posicionamento

POSIÇÃO DO ACIDENTADO:

Coloque-o deitado, com a barriga para cima, em superfície plana e

firme (no chão, por exemplo);

A cabeça não deve ficar mais alta que os pés, portanto, não utilize

travesseiros ou semelhantes.

POSIÇÃO DE QUEM VAI SOCORRER:

A pessoa que vai socorrer deve ficar de joelhos ao lado da vítima. Os

ombros do socorrista devem ficar na mesma reta do peito da vítima.

B- Respiração boca a boca

Deite a pessoa de costas;

Remova prótese dentária ou objetos que estejam na boca da vítima,

também limpe sangue ou vômito;

Coloque uma das mãos sob a nuca do acidentado e a outra mão na

testa;

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Incline a cabeça do acidentado para trás até que o queixo fique em um

nível superior ao do nariz (observe se a língua atrapalha a passagem de ar);

Feche as narinas do acidentado, usando os dedos polegar e indicador

da mão que foi colocada na testa do acidentado;

Inspire profundamente;

Coloque a boca com firmeza sobre a boca do acidentado, vedando-a

totalmente;

Sopre com força para dentro da boca do acidentado, até notar que seu

peito está levantando;

Aperte com calma a região do estômago do acidentado, para que o ar

saia;

Inspire novamente e repita o procedimento até que o acidentado possa

receber assistência médica.

C- Massagem cardíaca externa (compressão do peito)

Antes de começar a massagem cardíaca externa, o socorrista deverá localizar

o ponto do peito da vítima onde deverá ser feita pressão. Para isso, deve-se localizar

o ponto de junção das costelas: no meio do peito, vá descendo em linha reta em

direção ao umbigo até encontrar o limite final do osso. Assim que esse ponto for

localizado, deve-se contar dois dedos acima. É nesse ponto que a compressão

deverá ser feita. Continue com as seguintes etapas:

O socorrista deve colocar suas mãos (uma sobre a outra) no peito da

vítima, no ponto determinado para compressão;

Estenda os braços e use o seu próprio peso para comprimir o peito da

vítima. Se o socorrista utilizar somente os braços para fazer força, logo se cansará;

Remova a pressão rapidamente, sem retirar as mãos do peito da

vítima;

Tome cuidado para não quebrar os ossos do peito da vítima. Para isso,

deve ser observada corretamente a posição das mãos;

É preciso intercalar a massagem cardíaca com as respirações boca a

boca. Aqui, tem-se duas situações possíveis:

Se houver duas pessoas prestando socorro, uma delas pode fazer a

massagem enquanto a outra, nos intervalos das compressões, faz a respiração boca

a boca. O correto seria 1 ventilação boca a boca a cada 5 compressões do peito.

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Se houver apenas um socorrista, a taxa de ventilações deve ser de 2 a

cada 15 compressões do peito.

Figura 5- Socorrista fazendo massagem cardíaca externa e outro realizando a respiração

boca a boca em vítima de parada cardiorrespiratória

Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

3. ESTADO DE CHOQUE

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

O estado de choque não possui definição única, mas é representado por um conjunto

de sintomas cardiovasculares que não possuem uma causa em comum. Ele acontece

quando há mau funcionamento entre o coração, vasos sanguíneos e o sangue,

gerando um desequilíbrio no corpo.

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Esse quadro pode ter várias causas: infecção generalizada, perda de sangue

(hemorragia), perda de plasma, perda de água em quadros de diarreia,

hipersensibilidade (alergia muito forte), problemas no coração, uso de

medicamentos, infarto, queimadura, envenenamento, afogamento, choque elétrico,

entre outros.

COMO DETECTAR?

A pessoa que se encontra em choque apresenta:

Pele pálida e extremidades azuladas;

Suor;

Fraqueza;

Pulso rápido e fraco;

Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil;

Olhar indiferente, com pupilas dilatadas;

Ansiedade, medo;

Sede intensa;

Visão nublada;

Náusea e vômitos;

Batimentos acelerados do coração;

Indiferença a estímulos externos;

Perda parcial ou total de consciência.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Na prática, há pouco o que se fazer para socorrer alguém nessa situação. O

que se pode fazer é atuar para impedir que o choque ocorra ou a situação se agrave:

Deite a pessoa;

Afrouxe suas roupas e retire próteses dentárias, alimentos ou objetos

que possam estar dentro da boca do indivíduo;

Se não houver fratura nas pernas e pés, posicione uma almofada ou

cobertor dobrado abaixo das pernas, a fim de que estes fiquem no máximo 30cm

mais elevados que o corpo (se houver fratura nas pernas, esse procedimento não

deve ser feito);

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Se a pessoa estiver consciente, mas sangrando pela boca ou nariz, ou

estiver inconsciente, vire-a de lado para que ela possa respirar em segurança (Figura

6);

Verificar se a vítima está respirando. Se não estiver, o socorrista precisa

estar preparado para realizar respiração boca a boca;

Observar o pulso, que em situações de choque está rápido e fraco;

Providenciar o conforto da vítima: se ela estiver com frio, precisa ser

agasalhada; se estiver desconfortável, deve-se posicioná-la da melhor maneira

possível (se houver fratura, aconselha-se não mover a vítima);

Mantenha a calma. Isso é importante tanto para a vítima quanto para

quem a socorre. Isso é importante para se poder monitorar as alterações em seu

estado físico e de consciência.

Ligue para assistência especializada, pois a vítima vai precisar de

tratamento complexo, que só pode ser administrado por profissionais equipados e

preparados para esse tipo de ocorrência.

Figura 6- Socorrista posicionando de lado a vítima em choque, a fim de que ela respire em

segurança. Fonte: A- Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação

Oswaldo Cruz; B- Science Photo Library.

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4. HEMORRAGIA

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Hemorragia é a perda de sangue, seja por ferimentos ou pelo nariz e boca.

Pode ser dividida em interna e externa. A hemorragia externa é aquela na qual o

sangue fica visível fora do corpo, ocorrendo em ferimentos ou dentro do estômago,

nesse caso sendo expelido pela boca. Já na hemorragia interna, o sangue extravasa

para dentro do corpo, seja para a barriga, pulmões, olhos ou cérebro. Os locais mais

comuns de hemorragia interna são o tórax (peito) e o abdome (barriga)

As hemorragias podem ser espontâneas ou traumáticas. Se for espontânea,

pode ser indicativo de doença grave. Se for traumática, pode ser consequência de

acidentes, como quedas, pancadas ou lesões perfuro-cortantes.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

As hemorragias leves não tratadas podem causar anemia; já as graves podem

levar ao estado de choque (pela perda excessiva de sangue).

COMO DETECTAR?

Existe uma variedade de sinais e sintomas que podem ser observados em um

indivíduo com hemorragia. Esses indicativos variam de acordo com a quantidade de

sangue perdido e a velocidade de sua perda. Quanto mais sangue for perdido, mais

grave será o quadro. Quanto mais rápida a perda, mais difícil se torna sua

contenção. O Quadro 7 mostra a relação de volume de sangue perdido com a

alteração observada no indivíduo.

Em geral, os indivíduos que sofrem de hemorragia apresentam pulso fraco e

rápido, pele fria, suor abundante, palidez, sede, medo, vertigem, náusea, vômitos de

sangue, calafrios, estado de choque, confusão mental, barriga rígida, desmaio e

dificuldade de respirar.

Quando há uma hemorragia interna, a pele do local atingido pode ficar

avermelhada e inchada e a perda de sangue pode ser percebida através do vômito

ou tosse. A Figura 7 mostra diferentes tipos de hemorragia, que podem ser

detectadas analisando-se ferimentos, nariz ou boca e a pele.

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Figura 7- Hemorragias: em A, perda de sangue por ferimento e em B, perda de sangue

pelo nariz, ambas sendo classificadas como hemorragias externas. Em C, hemorragia interna

na região do olho. Fonte: Science Photo Library.

Quadro 7- Relação entre

volume de sangue perdido e

as alterações observadas no

indivíduo. Fonte: Manual de

Primeiros Socorros, Núcleo de

Biossegurança da Fundação

Oswaldo Cruz.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Em todos os casos de hemorragia, atendimento especializado deve ser

procurado rapidamente. Porém, há algumas condutas que devem ser tomadas

enquanto o socorro médico não é realizado.

Se a hemorragia for em algum dos membros:

Manter o indivíduo agasalhado;

Se ele estiver inconsciente, não dê líquidos para ele beber;

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Comprimir as áreas próximas à lesão a fim de parar o sangramento;

Se a hemorragia for intensa e a simples compressão não for suficiente,

fazer um torniquete (esquematizado na Figura 8):

Elevar o membro ferido acima do coração;

Pegar uma faixa larga e longa de tecido possuindo duas pontas para

amarrar;

Fazer o torniquete acima da ferida ;

Colocar um pedaço de madeira, caneta ou vareta no meio do nó e dar outro

nó completo acima da vareta;

Aperte o torniquete girando a vareta;

Fixe a vareta com as pontas do pano;

Mantenha o torniquete apertado, afrouxando-o apenas a cada 10 ou 15

minutos, depois voltando a apertá-lo novamente.

Figura 8- Como se fazer um torniquete para interromper o sangramento.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

Se a hemorragia for através do nariz, a conduta deve ser a seguinte:

Acalmar a pessoa que sangra;

Sentá-la em um local arejado;

Afrouxar suas roupas;

Encostar suas costas, mas manter sua cabeça levantada;

Comprimir as narinas levemente, para estancar o sangramento;

Inclinar a cabeça do acidentado para trás e manter sua boca aberta;

Colocar compressa fria em sua testa e nuca;

Se o sangramento continuar, colocar gaze ou algodão nas narinas;

Encaminhar o acidentado para receber socorro especializado;

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Se o sangramento parar, é preciso evitar com que o acidentado assoe o

nariz por no mínimo 2h, a fim de se evitar novo sangramento.

Em caso de tosse com sangue, o acidentado deve ser tranquilizado e deitado

de lado para que não seja sufocado. Ele não deve falar nem fazer esforço. É

importante manter a calma e transportá-lo imediatamente para um local onde possa

receber socorro especializado.

Se houver vômitos com sangue, o indivíduo deve ser deitado de lado e deve

ficar sem comer e beber. É importante manter compressas frias ou bolsa de gelo

sobre seu estômago.

Se o indivíduo estiver sangrando pela boca, deve-se comprimir a área afetada

com uma gaze ou algodão. Essa compressão pode ser feita com a mão ou com a

própria mordida do acidentado.

Em caso de sangramento pelo orifício anal, deitar o indivíduo de costas, com

bolsa de gelo sobre sua barriga e na região anal.

Se a perda de sangue for juntamente com a urina, o indivíduo deve ser

encaminhado diretamente para atendimento especializado.

5. EDEMA AGUDO DE PULMÃO

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

É o acúmulo anormal de líquido nos pulmões, constituindo uma das mais

graves emergências médicas.

Qualquer problema que gere um batimento enfraquecido do coração (infarto,

problemas nas válvulas cardíacas) pode levar a acúmulo de líquido nos pulmões.

Também são importantes causas a deficiência de proteína no sangue, problemas nos

rins, uso de morfina ou até mesmo radioterapia para tumores no peito.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

O edema agudo do pulmão é um caso grave que pode levar a parada

cardiorrespiratória, colocando a vida da pessoa em risco.

COMO DETECTAR?

A pessoa que apresenta edema agudo de pulmão vai mostrar alterações

visíveis, como:

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Alteração nos movimentos respiratórios;

Falta de ar, que piora ao se realizar atividade ou ao se deitar com a

cabeceira baixa, fazendo com o indivíduo prefira ficar sentado;

Dificuldade em respirar (aumenta a frequência respiratória);

Respiração com ruídos;

Movimentação das asas do nariz durante a respiração;

A pele se torna fria e acinzentada/azulada, com suor frio;

Ansiedade e agitação;

Coração acelerado;

Aumento da temperatura corporal;

A tosse que antes era seca, passa a ser acompanhada de secreção

espessa que pode conter sangue.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

A primeira medida a ser tomada é chamar uma ambulância ou serviço médico

de urgência/ emergência de um hospital. Além disso, a vítima não deve ser

movimentada, sendo fundamental que ela permaneça em posição confortável em

ambiente calmo e ventilado. É preciso também:

Observar com cuidado os sinais vitais;

Tranquilizar a vítima;

Evitar a ingestão de líquidos ou alimentos;

Afrouxar as roupas;

No caso de parada do coração, iniciar imediatamente a massagem de

ressuscitação cardiorrespiratória.

6. INFARTO DO MIOCÁRDIO

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

O infarto é decorrente do entupimento de um vaso sanguíneo que irriga o

coração, podendo prejudicar o seu batimento normal. Esse quadro é geralmente

causado por placa de gordura aderida a parede de vasos sanguíneos.

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QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

Pode haver parada do coração, levando o indivíduo à morte.

COMO DETECTAR?

O indivíduo que está tendo um infarto apresenta os seguintes sintomas:

Dor no peito, que pode se espalhar para braço esquerdo, mandíbula

pescoço e até estômago;

Angústia e sensação de morte iminente;

Ter dor que não diminui com o repouso;

Palpitação, desmaio, vertigem, suor intenso;

Náusea, podendo haver vômitos e diarreia;

Em casos mais graves, pode haver edema pulmonar e choque.

O infarto é um caso grave que geralmente é confundido com indigestão. É

preciso ficar atento para os seus sinais característicos, pois a vítima de infarto deve

ser levada imediatamente para um hospital.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Atente também para a necessidade de:

Não movimentar muito a vítima;

Manter a pessoa deitada e calma;

A vítima não deve ingerir alimentos os líquidos;

No caso de parada do coração, faça a técnica de ressuscitação

cardiorrespiratória.

7. DESMAIO

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Os desmaios acontecem quando o cérebro recebe pouco oxigênio, fazendo

com que a pessoa perca a sua consciência de forma rápida e temporária. Pode ser

causado por cansaço, hipoglicemia (falta de açúcar no sangue), fome, emoções,

nervosismo, dor, prolongado tempo em pé, mudança rápida de posição (de deitado

para em pé), ambientes fechados e quentes, problemas no coração.

COMO DETECTAR?

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A pessoa desmaiada apresenta os seguintes sintomas:

Fraqueza, palidez, tontura, náusea;

Suor frio abundante;

Pulso fraco e respiração lenta;

Extremidades frias;

Escurecimento da visão;

Devido à perda de consciência, o acidentado cai no chão e pode se

ferir.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

É importante encaminhar a pessoa desmaiada para atendimento a fim de se

descobrir as causas de desmaio. Se ela ficar inconsciente por mais de 2min, procurar

um hospital rapidamente.

Se a pessoa está começando a desfalecer:

Sente-a numa cadeira ou local semelhante;

Curve-a para frente;

Baixe a cabeça do acidentado e a coloque entre as pernas, forçando-a

para baixo;

Mantenha a cabeça mais baixa que os joelhos;

Fale para a pessoa respirar profundamente até que o mal estar acabe

(Figura9).

Figura 9- Como proceder em caso de mal estar.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de

Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

Se a pessoa já está desmaiada:

Mantenha o acidentado deitado, com sua cabeça e ombros em nível

mais baixo que o restante do corpo (Figura 10);

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Afrouxe sua roupa e mantenha o ambiente arejado;

Mantenha a vítima agasalhada;

Se houver vômito, vire a cabeça do acidentado de lado, para que se

evite sufocamento;

Não se deve dar alimentos ou líquidos enquanto ele estiver

inconsciente. Somente depois de acordado poderá ser dado café ou água com

açúcar;

Não dê a ele bebidas alcoólicas.

Figura 10- Em caso de desmaio, mantenha a cabeça e ombros em nível mais baixo que o

restante do corpo. Fonte: A- Science Photo Library; B- Manual de Primeiros Socorros, Núcleo

de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

8. CONVULSÃO

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

É contração violenta dos músculos, podendo haver ou não perda de

consciência. Pode haver várias causas, dentre elas febre, hipoglicemia, traumatismo

na cabeça, tumor, edema no cérebro, epilepsia ou outras doenças do sistema

nervoso central. A convulsão tem duração de 2 a 4 minutos, após os quais a pessoa

melhora gradativamente. Pode haver perda de memória logo após sua ocorrência,

mas que também melhora com o tempo.

COMO DETECTAR?

Os sintomas são:

Inconsciência;

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A pessoa pode cair no chão;

Olhar vago;

Suor;

Pupila dilatada.;

Lábios azulados;

Espuma na boca;

A pessoa pode morder a língua ou lábios;

Corpo rígido e contração do rosto;

Palidez;

Movimentos desordenados e involuntários.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Tente evitar que a pessoa caia. Procure ampará-la e acomode sua

cabeça;

Retire da boca qualquer coisa que possa obstruir a passagem de ar ou

causar ferimentos, como próteses e alimentos;

Retire qualquer objeto próximo que possa causar ferimento, como

escadas, janelas, objetos de vidro ou cortantes;

Não tente controlar os movimentos da vítima, mas se assegure de que

ela não esteja se machucando;

Afrouxe a roupas da vítima, tanto na cintura quanto no pescoço;

Durante esse evento, a pessoa pode vomitar. È importante, então, virar

sua cabeça para o lado para que ela não sufoque;

Não coloque nenhum objeto na boca da vítima (nem rígido, nem

macio);

Não jogue água fria no rosto da pessoa;

Depois de terminada a convulsão, mantenha a pessoa deitada até que

ela retorne ao normal;

Se ela tiver vontade de dormir, ajude-a a se acomodar em um lugar

confortável;

É importante saber qual foi a causa específica da convulsão. Para isso,

a pessoa deve ser encaminhada a um médico.

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9. QUEIMADURAS

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Queimadura é uma lesão, provocada por calor ou frio, que pode colocar em

risco a integridade da pessoa.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

As queimaduras causam dano à pele ou partes mais profundas do corpo,

podendo deformar, incapacitar ou levar um indivíduo à morte.

Elas podem ser classificadas de acordo com sua gravidade:

Queimaduras de primeiro grau: possui vermelhidão, dor, edema,

podendo haver bolhas;

Queimaduras de segundo grau: são avermelhadas, dolorosas, com

bolhas e edema e apresentam pele solta, sendo mais profundas que as de primeiro

grau;

Queimaduras de terceiro grau: são mais profundas ainda que as de

segundo grau. Lesam vasos sanguíneos e nervos, podendo expor até os ossos.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

Todo tipo de queimadura requer atendimento médico. Não aplicar gelo,

substâncias químicas ou pomadas. Evite especialmente aplicar pasta de dente,

manteiga ou graxa.

Nas queimaduras de primeiro grau, deve-se lavar o local com água corrente a

temperatura ambiente durante 1min. Se o acidentando estiver consciente e tiver

sede, dê-lhe água.

As queimaduras de segundo grau exigem cuidados maiores, a fim de se evitar

infecções. Após lavar o local, cubra a ferida com pano ou gaze úmidos e limpos. Não

fure as bolhas que possam surgir no local. Além disso, agasalhe o acidentado e o

posicione confortavelmente com as pernas 30cm elevadas em relação à cabeça. Não

dê medicamentos e retire joias ou outros acessórios. Encaminhe o acidentado para

atendimento especializado.

Em queimaduras de terceiro grau, tome as mesmas medidas dos casos

anteriores. Porém, para envolver a pele, opte por papel alumínio ou invés de pano ou

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gaze. Nunca se esqueça de encaminhar o acidentado imediatamente para serviço

médico de urgência.

10. ENVENENAMENTO E INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS

O QUE É E QUAIS AS CAUSAS?

Intoxicação com alguma substância são as alterações provenientes do seu uso

inadequado, seja por grande dose ou por sensibilidade do indivíduo que a utiliza.

Essas substâncias podem ser venenos ou substâncias tóxicas.

A reação gerada pode ser a intoxicação ou a alergia. Em caso de intoxicação,

as alterações são causadas pela própria substância e podem ser observadas logo na

primeira dose. Já na alergia, o que acontece é uma resposta intensa do corpo da

pessoa, como inchaço e vermelhidão.

QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

Abaixo, seguem relacionados efeitos e algumas das substâncias que podem

ter sido utilizadas:

Sonolência, torpor e coma: barbitúricos, morfina, anticonvulsivante,

diazepínicos, antidepressivos;

Coma: morfina, sedativos, anestésicos, álcool, insulina;

Vômito ou diarreia: antibióticos, anticonvulsivantes;

Hipertensão: epinefrina, corticoides.

COMO DETECTAR?

Se a pessoa apresentar qualquer dos sintomas abaixo, suspeite de

envenenamento. Podem ocorrer também, vômitos, náuseas, aumento ou diminuição

das pupilas, salivação, suor excessivo, respiração alterada e inconsciência.

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Quadro 7- Suspeitas de envenenamento. Fonte: Manual de Primeiros Socorros, Núcleo de

Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz.

O QUE FAZER PARA SOCORRER ALGUÉM NESSA SITUAÇÃO?

A melhor prática contra intoxicação é a prevenção. Fique de olho!

Em caso de contato com a pele:

Lave bem com água pura corrente;

Não aplicar outra substância química.

Em caso de ingestão:

Se o acidentado estiver com parada cardiorrespiratória, NÃO FAÇA

RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA;

Procure frascos por perto do acidentado para tentar descobrir a causa

da intoxicação. É importante informar isso ao médico;

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Os efeitos podem não ser imediatos, portanto, observe bem o

acidentado após o contato com a substância ingerida;

Leve o acidentado até um pronto-socorro.

Não provocar vômito em caso de envenenamento pelas seguintes substâncias:

Agentes corrosivos, como ácidos e lixívia;

Soda cáustica;

Veneno que provoque queimadura dos lábios e da boca;

Alvejantes;

Tira-ferrugem;

Água com cal;

Amônia;

Desodorante;

Lustra-móveis ou cera;

Querosene, gasolina, fluido de isqueiro ou benzina.

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Agradecimentos

É com muito orgulho que apresentamos mais este trabalho do Projeto A Arte

do Cuidar. Durante a divulgação do “Manual de Cuidados Paliativos – alunos

ensinando alunos”, que lançamos em 2011, tivemos uma grande procura por parte

daqueles que tinham em casa pessoas em Cuidados Paliativos. Como o outro foi

escrito em linguagem técnica e com informações voltadas, principalmente, para

profissionais e estudantes da área de saúde, resolvemos, agora, voltar nosso olhar

para eles: os cuidadores.

Dessa vez, separamos sete temas de grande importância para o cotidiano

daqueles que cuidam de uma pessoa em Cuidados Paliativos. Dividimos, então, o

trabalho em dois Manuais: este, voltado ao Cuidador de Idosos e outro, a ser

lançado em 2013, focado no Cuidador de Criança. Neste Manual, você encontra

dicas, instruções e informações sobre os principais aspectos desse cuidado diário.

Também, as fotos dos idosos e cuidadores que estão entre os capítulos foram tiradas

pelos alunos e as frases que as acompanham retiramos de filmes famosos. Tendo

em vista que é um trabalho voltado ao público em geral e não para a área acadêmica

julgamos não ser necessário colocar referências bibliográficas. Mas se você, leitor,

tiver alguma dúvida ou quiser mais informações, deixamos o e-mail do nosso Projeto

e alguns sites de referência sobre o assunto.

Por fim, é preciso agradecer a todos que tornaram esse Manual possível, às

autoras dos capítulos, à Fernanda e à Mariana que ajudaram na arte gráfica e aos

demais membros do Projeto “A Arte do Cuidar”, que levam essa ideia para frente e

lutam para dar continuidade a esse trabalho. Um agradecimento especial à Dra.

Graça e ao Dr. Marco Tullio, que plantaram a semente de Cuidados Paliativos em

nossos corações e que nos motivam a lutar pelo amor e pelo cuidado àqueles que

precisam de nós.

Acadêmica Anic Campos Alves

Coordenadora do Manual do Projeto A Arte do Cuidar

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Nosso Contato:

http://www.facebook.com/aarte.docuidar.9

[email protected]

Sites Sugeridos:

Associação dos Cuidadores de Idosos de Minas Gerais:

www.aciminas.com.br

ABRAz-MG / Sub-regional Itajubá:

Coordenadora: Rita de Cassia Sagiorato

E-mail: [email protected]

Guia prático do cuidador, 2008 - Ministério da Saúde:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf

Instituto Nacional do Câncer :

www.inca.gov.br

Viva a Vida – Entidade de Apoio à Pessoa com Câncer em Itajubá:

http://www.vivaavidadeitajuba.com.br

www.cuidardeidosos.com.br

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Ficha técnica

Titular da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos:

Prof. Dr. Marco Tullio de Assis Figueiredo

Assistente da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos:

Supervisora do Projeto “A Arte do Cuidar”

Profa. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo

Coordenação Editorial:

Anic Campos Alves

Revisão Final:

Profa. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo

Anic Campos Alves

Letícia Leme Resende

Edição gráfica:

Anic Campos Alves

Fernanda Garcia Bueno Wolf

Mariana Matielo Ribeiro

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Projeto “A Arte Do Cuidar”

Supervisora: Profa. Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo

Secretária: Larissa Rosas Almada

Presidente: Otávio Augusto Bagatini

Vice presidente: Paloma Alves da Silva Ferreira

1ª secretária: Miria Freitas Andrade

2ª secretária: Laís de Oliveira Toledo

1ª tesoureira: Laís Novaes Ayres

2ª tesoureira: Andressa Brunheroto

Coordenadora Manual: Anic Campos Alves

Secretária: Ana Flávia Alvarenga Hostalácio Lima

Coordenadora vídeo: Gabriela Hernandes de Oliveira

Secretária: Lívia Santiago Peneluppi

Coordenadora Artigos: Ana Livia da Silva Ferreira

Secretário: Vinícius Silveira Accurcio

Coordenadora Cursos: Franciele Maria de Carvalho

Secretária: Isadora Isis de Oliveira Araújo

Coordenadora Estágios: Larissa Rosas Almada

Secretária: Laís de Oliveira Toledo

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A Instituição

FMIt

Diretor:

Prof. Dr. Rodolfo Souza Cardoso

1º Vice-Diretor:

Prof. Dr. José Marcos dos Reis

2º Vice-Diretor:

Prof. Dr. Angelo Flávio Adami

Assessora Pedagógica:

Profª. Leila Rubinsztajn Direzenchi

Administradora Escolar:

Econ. Ângela Bacci Fernandes

Secretaria de Ensino:

Sandra Regina Junqueira

AISI

Presidente:

Dr. Kleber Lincoln Gomes

Vice Presidente:

Sr. Luiz Carlos Alonso Capasciutti

Secretário:

Sr. Camilo de Assis Silva

Conselho Fiscal:

Dr. Fredmarck Gonçalves Leão

Sr. Gil Fernando Ribeiro Grillo

Suplentes:

Sr. Benedito Rita

Sr. José Algeu Machado

Sr. Roberto Silva Leite

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Apoio

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