Manual Olhares Em Foco2

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    Manual Olhares em Foco

    A fotografia participativa enquanto ferramenta

    de engajamento social de jovens em contextos de risco

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    SUMRIO

    1- Apresentao ................ ................ ................. ............... ................. ............... ................ ................ ................. ............... ........ 3

    2- Objetivos do uso da fotografia enquanto ferramenta de aprendizagem ................ ................ ................ ................ ..... 3

    3- Sobre a fotografia participativa ................ ................ ................ ................ ................ ................ ................ ................ .......... 4

    4- O photovoice.................... ................ ................ ................ ................ ................ ................. ............... ................ ................ ..... 5

    5- Mas porqu trabalhar a fotografia como ferramenta de participao com jovens? ................ ................ ................ .. 6

    6- Fases do olhares em foco ............... ................ ................ ................ ................ ................. ................ ................ ................ .... 96.1 Etapas da Fase 1 ............... ................ ................ ................ ................ ................. ................ ................ ................ ............. 11

    7- Como dar o pontap inicial ao projeto olhares em foco ............... ................. ................ ................ ................ ............. 12

    8- Executando uma proposta olhares em foco ................. ................ ................ ................ ................ ................ ................ 15

    9- O passo a passo ............... ................ ................ ................. ............... ................ ................ ................. ............... ................. .. 23

    10- O papel dos educadores ................ ................ ................ ................ ................ ................ ................. ............... ................. .. 32

    11- Monitoramento e avaliao ................ ................ ................ ................ ................. ................ ................ ................ ............. 33

    12- Dicas para garantir uma continuidade................. ................ ................ ................ ................ ................ ................ ........... 36

    13- Projetos que trabalham com fotografia ................. ............... ................. ................ ................ ................ ................ ........ 37

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    APRESENTAO

    Esse documento serve-nos de orientao para a implementao da imagem fotogrficaenquanto ferramenta de interveno e ao social aplicada com jovens provenientes decontextos de excluso e vulnerabilidade social. Nos propusemos neste Manual expor osprocessos de experincias vivenciados pelo Projeto Olhares em Foco atravs da fotografiaparticipativa e da visualidade, permitindo partilhar os conhecimentos em torno de um processoancorado na expresso visual, reflexo identitria e resgate de autoestima de jovens a partir dasexperincias realizadas no Brasil e em Portugal. Atravs das prticas aplicadas no ProjetoOlhares em Foco, procuramos discutir a participao dos pblicos juvenis envolvidos em tornodas suas representaes e perspectiva de si mesmos, dos seus grupos de amigos, das suasfamlias e das suas comunidades. Atravs desta plataforma de ao social as imagenstransformaram-se num suporte para o desenvolvimento de um pensamento crtico que levadiretamente a uma compreenso individual e coletiva das necessidades e problemticas

    ilustradas nas fotografias e avaliadas pelo processo dialgico participativo, com enfoque numaincidncia poltica que resulta num maior engajamento social.

    2-

    OBJETIVOS DO USO DA FOTOGRAFIA ENQUANTOFERRAMENTA DE APRENDIZAGEM

    O mtodo Photovoice um processo para a coleta e estmulo para que as crianas e jovensenvolvidos expressem atravs de uma linguagem alternativa e visual os seus interesses,preocupaes e questes que os afetam diretamente atravs da produo da fotografias comoinstrumento de manifestao e projeo de voz.

    O Photovoice tem trs objetivos principais:

    1. Permitir com que os participantes registrem e reflitam sobre suas imagens os recursos,as necessidades e as problemticas da sua comunidade.

    2. Promover um dilogo crtico e o conhecimento sobre questes pessoais e coletivas

    atravs dos dilogos orientados pelos grupos das fotografias.3. Fornecer uma experincia de representao visual de experincias comunitrias

    enquanto envolve e tenta mobilizar os formadores de polticas pblicas.

    Photovoice pretende adicionar elemento visual nos processos participativos, ajudando acomunidade a se envolver em uma mudana individual e coletiva, alm de cooperar nasquestes de planejamento e solues de polticas pblicas.

    Resultados do mtodo Photovoice:

    Photovoice fornece evidncia tangvel dos aspectos visuais de um tema ou proposta fornecendoum registro das sugestes, dilogos e decises do grupo.

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    Como voc usa Photovoice?Para engajar uma comunidade ou grupo socialPara descobrir os problemas comunitrios.Para desenvolver competncias e habilidades sociais e tcnicas na comunidade.Para desenvolver um plano de ao para uma mudana estruturada.Para comunicar um problema.Para construir alianas e consenso.Para empoderar a comunidade.

    3-

    SOBRE A FOTOGRAFIA PARTICIPATIVA

    O conceito de fotografia participativa vem sendo trabalhado por diversasentidades no mundo,sendo uma delas o PhotoVoice (www.photovoice.org). Embora a fotografia seja uma atividadeparticipativa por natureza, a fotografia participativa objetiva utilizar a linguagem fotogrficacomo uma ferramenta para promover a voz de pessoas e grupos, capacitando-os comhabilidades para documentar e divulgar suas prprias ideias e percepes sobre o mundo.Voz uma metfora para descrever o poder que uma pessoatem para comunicar suas ideias,para dialogar e para participar de decises polticas, sociais e culturais que afetam sua vida. Emprojetos de fotografia participativa, o ato de fotografar e a leitura e divulgao das fotosproduzidas servem como uma maneira de as pessoas se colocarem, dialogarem e secomunicarem com o mundo ao seu redor, sejam seus familiares, suas comunidades, seus lderes

    ou a sociedade de uma forma geral. O processo de criao e divulgao das fotografias umaimportante oportunidade de empoderamento de grupos que tm pouco ou nenhum acesso aosmeios de comunicao.

    http://www.photovoice.org/http://www.photovoice.org/http://www.photovoice.org/http://www.photovoice.org/
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    O mtodo de ao social em que usa instrumentos participativos visuais como a fotografias nocaso do projeto Olhares em Foco serve para motivar uma colaborao mais estruturada entre osfacilitadores e educadores com as crianas e jovens participantes. Atravs da linguagem visualeles desenvolvem competncias sociais e tcnicas para documentar e refletir sobre suasrealidades. A partir da experincia pessoal de cada jovem, so promovidas anlises sobre aidentidade pessoal (Mundo do Eu) a identidade de grupo (Meus Amigos), a identidade familiar(Minha Famlia) e a identidade social comunitria (Minha Comunidade). Atravs das imagens sorealizados dilogos sobre as suas escolhas e as questes que apontam serem importantes, tanto anvel individual quanto coletivo, estimulando um processo de engajamento e empoderamentosocial.

    O projeto Olhares em Foco utiliza a fotografia como um instrumento estratgico e precioso,possibilitando aos adolescentes a oportunidade de discutir as suas representaes visuais a partir

    das suas experincias sensoriais. O envolvimento dos participantes em uma propostaparticipativa passa a ser uma estratgia de desconstruo das disparidades de estatuto e de poderexistentes entre adolescentes e adultos. Os envolvidos criam significados e histrias visuaissobre as suas prprias vidas, onde a fotografia fornece a oportunidade de acessarem a distintasrealidades, perspetivas, comunicar e sensibilizar os jovens participantes para as questes sociaisque os rodeiam.

    O relativo baixo custo do projeto Olhares e facilidade de divulgao das fotografias possibilitamcompartilhar e potencializar os dilogos, facilitando que as discusses sobre os recursos,

    necessidades e problemticas comunitrias ultrapassassem as barreiras culturais e lingusticas decada contexto.

    O objetivo do projeto Olhares em Foco no formar fotgrafos, nem muito menos ser umcurso de fotografia. A imagem fotogrfica apenas uma ferramenta que despoleta dilogos eformas de expresso, valorizando as vivncias de cada participante. Ao facilitar uma oficina comadolescentes, estes tero a oportunidade de identificar, representar e reforar os recursos dassuas comunidades atravs de tcnicas e representaes fotogrficas. Ao mesmo tempo em que dada a devida prioridade as suas preocupaes e inquietaes, descobrindo de forma coletiva

    solues para uma transformao social estruturada.

    4-

    O PHOTOVOICE

    O mtodo de interveno social intitulado Photovoice a utilizao da fotografia comoferramenta de base para a ao social e desenvolvimento comunitrio, sem que os facilitadorestenham conhecimentos profundos sobre as tcnicas fotogrficas. Os participantes soconvidados a representar a sua comunidade e os seus pontos de vista, tirando fotografias,

    discutindo em conjunto sobre estas imagens e desenvolvendo narrativas. Desenvolvido em1992 pelas investigadoras Caroline Wang, da Universidade de Michigan, nos EUA, e Mary Ann

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    Burris, da Universidade de Londres, o Photovoice baseia-se na fotografia como um instrumentobastante flexvel, que atravessa as barreiras culturais e lingusticas para promover um dilogocrtico entre pessoas de diferentes geraes e contextos culturais.

    O Photovoice a base metodolgica do projeto Olhares em Foco. A voz no Photovoice compreendida como um acrnimo para Voicing Our Individual and Collective Experience1. Assim aimagem usada para orientar as discusses e estimular os adolescentes participantes a refletiremsobre suas prprias condies de vida, mas tambm no sentido de partilhar as suas experinciaspessoais.

    Como base da fotografia participativa, o projeto Olhares em Foco fundamenta que os retratosfotogrficos da comunidade devem ser gerados por indivduos conhecedores de suas realidades.O modelo de aprendizagem baseado nas experincias de vida, inserindo a imagem fotogrficacomo ferramenta que dialoga com as escolhas do que os jovens fotografam durante as oficinas.

    As discusses entre o grupo acerca das imagens produzidas facilitam e encorajam os envolvidosa analisar criticamente e coletivamente as condies sociais que contribuem e prejudicam seudesenvolvimento pessoal e o bem-estar comunitrio. O que diferencia que cmera fotogrficaest nas mos de membros da comunidade, em vez de na posse de pessoas externas realidadelocal.

    5- MAS PORQU TRABALHAR A FOTOGRAFIA COMOFERRAMENTA DE PARTICIPAO COM JOVENS?

    Os educadores do projeto Olhares em Foco utilizam a fotografia como meio para oferecer aosjovens a oportunidade para refletir sobre suas vidas e tomar medidas sociais atravs desensibilizao da comunidade e dos decisores polticos a partir das imagens fotogrficasproduzidas e dos dilogos em grupo levantados durante as oficinas.

    A participao em atividades de fotografia participativa pode ser uma tima ferramenta para

    melhorar a construo de identidade, que tambm um importante passo cognitivo sobre opercurso para o engajamento social dos adolescentes envolvidos.

    A proposta apresentada pelo Olhares em Foco proporciona uma oportunidade para os jovensganharem novas perspetivas sobre questes associadas cultura, normas comunitrias,comportamentos, estrutura social e desejos na mesma conjuntura em que so incentivados adesenvolver uma compreenso de si prprios, das suas relaes de amizade, das relaesfamiliares e com a sua comunidade. Desta forma, eles tm a possibilidade de defender suaspreocupaes atravs de sua voz, representada nos olhares, e suas experincias.

    1Expressando nossas experincias individuais e coletivas (traduo livre).

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    Mas porqu trabalhar a fotografia como meio de ao social com grupos juvenis? O mtodo um instrumento estratgico bastante valioso no trabalho social com adolescentes trs aspetos: 1-

    No envolvimento e estmulo participao, 2- na superao dos obstculos referentes aodomnio textual e oral e 3- as inmeras dimenses de anlise e usos teraputicos que a imagempossibilita.

    1- O primeiro que supera o nvel de envolvimento e entusiasmo de participao,comparativamente a outros projetos de interveno social com este pblico. A estratgia pensada como a mais eficaz pela noo cooperativa entre os educadores e osadolescentes. Neste caso, o mtodo participativo visual serve como meio atrativo deenvolver ativamente os participantes no processo colaborativo de construo de uma

    agenda para a mudana social estruturada, desconstruindo algumas disparidades eestatutos de poder que existem entre os adolescentes envolvidos e os educadores quepertencem ao universo adulto.

    Alguns encontros, informaes prvias do projeto Olhares em Foco e conversasantecipadas com os jovens selecionados servem para um maior aproveitamento dosmomentos de dilogos e partilhas, fortaleceram esse relacionamento. De alguma formao uso das cmeras fotogrficas possuiu uma finalidade de empoderamento nosenvolvidos. O controle sobre os equipamentos fotogrfico desperta nos jovens umsentimento de importncia relativamente s suas experincias, o seu reconhecimento

    identitrio e das suas problemticas e necessidades, que ainda pouco refletida por serainda um referencial bastante obscuro e distante de ser solucionado.

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    2- O segundo aspeto sobre o uso da fotografia como instrumento de interveno socialcom jovens d-se pela superao dos obstculos e das capacidades dos participantes aonvel das limitaes do uso do portugus e do domnio das formas de expresso escritas.

    A linguagem visual um outro modelo de expresso e voz criativa e inovadora, quepossibilita aos jovens representarem e articularem as suas experincias e vises sobre emtorno das suas realidades.

    3- O terceiro e ltimo aspecto passa por estudos j concretizados sobre os usosteraputicos da fotografia, no campo da psicologia social. Nesta disciplina, as

    fotografias so utilizadas como importantes fontes de informaes sobre as histrias eexperincias dos jovens participantes, aliada a dilogos sobre o processo de escolhas eproduo da imagem fotogrfica. As fotografias tem muito a dizer sobre quem sproduziu. A partir delas possvel perceber quais as suas preocupaes e o queconsideram ser importante para si mesmos, revelando assim um pouco de suaspersonalidades e identidade.

    Entre os objetivos do uso da fotografia em projetos sociais com adolescentes, destaca-se o:

    Estimulo a reflexo entre os jovens sobre os seus direitos, bases identitrias e razesculturais;

    Divulgao do olhar dos jovens envolvidos deflagrando os problemas que enfrentam e arealidade que os cercam, promovendo a sua voz e participao;

    Questionamento dos esteretipos que os meios de comunicao social muitas vezes

    promovem sobre os jovens provenientes de contextos em vulnerabilidade social; Difuso da cultura e da realidade local por meio da disseminao e exposio das

    fotografias dos jovens; Estimulo a troca, a convivncia, o respeito e o dilogo entre o grupo, atravs de debates

    entre os participantes. Promoo de habilidades nos jovens em diversos domnios: tcnicas fotogrficas, gesto

    de grupos, autoconfiana e comunicativa para falarem e defenderem seus pontos devista em pblico;

    Identificao da importncia da visualidade para estes grupos de jovens (roupas, gestos,poses);

    Entendimento das problemticas, necessidades e recursos locais;

    Em torno das anlises que podem ser feitas sobre as imagens, a partir dos debates em grupo, oprojeto Olhares em Foco possibilita dois nveis de anlise:

    1-Aspetos explcitos e estticos referentes fotografia

    Ateno a locais, pessoas, objetos que so representados e os graus de relaes em que osjovens possuem, alm do momento e objetivos das escolhas fotogrficas. Os aspetos

    relacionados com a informao subjetiva da imagem podem ser estimulados atravs de questescomo:

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    a) Porque escolheu essa cena?b) O que passava pela sua mente enquanto tirava esta fotografia?c) Qual a histria que acha que deve estar por trs desta fotografia?d) Para si, o que significa esta imagem?e) Est satisfeito com o resultado?

    f)

    Existe alguma coisa em particular que gostaria de destacar a partir da foto?

    2- Aspetos implcitos e contextuais referentes fotografia

    Procura dar vida e dinmica quando os adolescentes explicam o que estava acontecendo no atoda captao fotogrfica. Para promover o debate sobre estes aspetos algumas perguntas guiarameste nvel, como:

    a) Quem estava presente quando tirou a fotografia?b) Quem so estas pessoas e locais?c)

    O que se passava no momento da captao fotogrfica?d) Existe algo que gostaria de destacar a partir desta imagem?e) Em que aspeto essa fotografia mostra a si, os seus amigos, a famlia ou a sua

    comunidade?

    6-

    FASES DO OLHARES EM FOCO

    O projeto Olhares em Foco foi idealizado para ter quatro fases de desenvolvimento do

    denominadas de: Capacitao,Multiplicao,Advocacy eSustentabilidade.

    1Capacitao

    Nesta etapa so identificados os contextos nos quais o projeto Olhares em Foco pode seraplicado e os educadores que daro deram suporte proposta. Realiza-se uma seleo dosadolescentes, mobiliza e sensibiliza os participantes e os pais sobre a importncia de participarde uma ao social com base na reflexo crtica das temticas comunitrias. A fotografia aferramenta de expresso e elemento fomentador dos debates acerca das problemticas, recursos

    e necessidades comunitrias e individuais. Nesta fase so dinamizadas oficinas de formao paragrupos de jovens, organizados encontros e sadas fotogrficas que resultam em exposiesdentro e fora das comunidades. Esta etapa deve ser com um grupo de adolescentes e deve terentre 15 e 20 encontros de 3 a 4 horas, dependendo das condies de cada organizao. Aexposio final deve culminar com o final desta fase.

    2Multiplicao

    Os projetos que passarem pela Fase 1 de Capacitao podero estruturar a segunda etapa doOlhares em Foco que consiste na identificao dos jovens mais participativos e interessados

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    para que estes possam a ser os agentes multiplicadores e educadores do projeto, disseminando oque aprenderam e fortalecendo um grupo estruturado na organizao que representa o ProjetoOlhares em Foco. Essa etapa deve ser marcada pela autonomia do grupo e liberdade denegociao com as organizaes e seus tcnicos. Todos os documentos devem ser repassados eas avaliaes de monitoramento devem ser participativas com os adolescentes multiplicadores.Os jovens so incentivados a replicar as oficinas em diferentes grupos e contextos. Nestesentido, todos os materiais pedaggicos, logsticos e avaliativos so compartilhados com osjovens envolvidos na fase 1. O apoio e acompanhamento da execuo so realizados pelasorganizaes acolhedoras e os educadores envolvidos. Nesta etapa o educador apenas orienta asaes e decises do grupo que dever ser estimulado a tomar o controle do projeto.

    3Advocacy

    nesta etapa que os grupos de jovens devem estar formados e mobilizados para identificar asnecessidades, problemticas e solues de cada contexto, com o intuito de construrem umaagenda estratgica direcionada para uma possvel e futura mudana social, apoiada pelaorganizao acolhedora do projeto. Assim permite um desenvolvimento comunitrioestruturado atravs da interlocuo com agentes decisores de polticas pblicas, atravs de umprocesso de incidncia poltica. A partir desta fase possvel que a fotografia no seja mais aferramenta e os prprios jovens identifiquem outros meios para comunicarem e expressaremsuas inquietaes e vozes. Modelos de monitorizao e interveno, junto representantespolticos e instituies, devem ser organizados para uma ao social eficaz, permitindo uma

    inverso das relaes de poder e utilizao dinmicas criativas e estruturadas nos interessescomunitrios.

    4Sustentabilidade

    Possivelmente essa fase vir a ser a mais complexa e difcil de ser avaliada e acompanhada,devido ao seu carter autnomo. Um plano de sustentabilidade da proposta deve ser elaboradoj na segunda fase a partir da necessidade e interesse do grupo de se expressar. A elaborao de

    uma proposta de continuidade do processo deve-se a liberdade autnoma dos membros dogrupo apontarem como querem expor suas vozes e suas inquietaes, seja pela fotografia oupelo graffiti, msica, dana, rdio, vdeo, etc. Esta etapa poder favorecer o reconhecimento deestratgias para gerao de renda e oportunidades de sustentabilidade garantidas pela prestaode servios, direitos autorais e formao profissionalizante, garantidos a partir de umaformalizao e institucionalizao dos grupos de jovens, apoiados pela organizao. Esta podeser alcanada pela emerso de grupos sociais formais, cooperativas, redes de organizaes, entreoutros modelos que proporcionaro diferentes caminhos a percorrer e novos objetivos.

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    6.1 ETAPAS DA FASE 1

    1-

    Sensibilizao e seleo dos jovens participantes e dos tcnicos das organizaes quevo acompanhar o projeto.

    2- Encontros iniciais de formao, a partir de dinmicas e vivncias, que facilitassem umprocesso de aprendizagem ldica e participativa dos contedos e dilogosfundamentados na garantia de direitos, sistema de proteo e valorizao da identidadepessoal e coletiva dos jovens.

    3- Produo das fotografias e debate sobre as dificuldades, escolhas, enquadramentos e osobjetivos que desejavam obter com as imagens captadas

    4- Edio, divulgao e montagem de uma exposio fotogrfica constituda em torno dos

    debates sobre as imagens, as necessidades, os recursos e as problemticas comunitrias epessoais.

    Em relao ao cronograma de execuo foram criadas quatro metas que estiveramfundamentadas nos quatro mdulos de aprendizagem

    1- a) reunies preparatrias de sensibilizao, seleo dos jovens, organizao do materialdidtico,

    2-

    b)/c) aquisies de habilidades tcnicas de manusear o equipamento, produo deimagens, textos, realizao de debates sobre a realidade local e os contedos dasfotografias

    3- d) exposio fotogrfica comunitria.

    Dentro desta estrutura de oficinas devem ser trabalhadas a fotografia e seus elementos depoder, segurana e tica; o desenvolvimento de habilidades bsicas tcnicas do equipamentopara captao fotogrfica; habilidades comunicativa; escolha e seleo de imagensrepresentativas das quais jovens gostariam de projetar e discutir.

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    As conversas estimulam os jovens participantes a serem capazes de reconhecer e identificar asproblemticas e necessidades pessoais e comunitrias. O reconhecimento e entendimentolegtimo das estratgias so os instrumentos catalisadores que proporcionam uma possvelmudana.

    O educador do projeto Olhares em Foco deve envolver-se com os participantes com o intuitode promover um ambiente de respeito mtuo, em que as contribuies individuais de cada umdevam valorizadas e partilhadas. O papel de educador e o educando transitam entre todos osmembros dos grupos num processo participativo de troca de conhecimentos e experincias.Ningum sabe mais do que ningum. As conversas em pequenos grupos, dinmicas ldicas,relaes com os adolescentes so concebidas com o intuito de proporcionar um espaocomunicativo seguro e confivel entre os jovens participantes e o educador que faz parte douniverso adulto.

    7-

    COMO DAR O PONTAP INICIAL AO PROJETO OLHARESEM FOCO

    Para iniciar o Projeto Olhares em Foco em sua organizao, pode-se pensar em nove fases dedesenvolvimento.

    1. Identificar os decisores polticos na comunidade com algum perfil de lideranacomunitria.

    levantada a questo: Quem tem o poder de tomar decises que podem melhorar a situao?.Podem ser includos adolescentes membros da comunidade e jovens envolvidos em outrasatividades e influentes entre o grupo para a concretizao da disseminao dos resultados e

    vontade poltica do grupo.

    2. Recrutar um grupo de jovens participantes para o projeto Olhares em Foco.

    Para permitir a facilidade prtica e uma discusso aprofundada recomenda-se entre 10 a 15jovens com igualdade de gnero. Estes podem ser mobilizados atravs de distintos nveis deescolaridade, grupos pertencentes a instituies religiosas e juvenis, podem ser adolescentes jestruturados e organizados ou que no estejam inseridos em atividades na organizao. fundamental identificar projetos e parceiros que possam fazer parte de uma rede (centroculturais, escolas, creches, outras organizaes, rgos do governo, associao de moradores,rdios comunitrias, etc..) que d suporte ao projeto, proporcionando uma mobilizaocomunitria mais eficaz.

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    3. Introduzir a metodologia do projeto Olhares em Foco aos participantes e facilitaruma discusso de grupo sobre imagem, poder e tica.

    O primeiro encontro com os jovens deve ser iniciado pelas regras do grupo e de funcionamentoda interveno, criadas em conjunto com os adolescentes participantes. As questes ticas

    devem vir logo em seguida para um entendimento sobre a responsabilidade de quem empunhaa cmera, direitos de privacidade, respeito ao prximo, consentimentos informados para aspessoas fotografadas e retratao de fatos embaraosos e constrangedores. O respeito pelacolaborao deve ser transversal ao processo em todos os momentos de captao fotogrfica,tanto pelos participantes quanto pelos educadores. Desta forma minimizam os riscos potenciaispara o bem-estar dos jovens participantes e das pessoas fotografadas. Sugere-se a discusso dequestes que incluem: Qual a forma aceitvel para se aproximar de algum para fotograf-lo?Deve-se tirar fotografias de pessoas sem o consentimento delas? Em que momentos nogostarias que lhe tirassem uma fotografia? A quem poderias mostrar suas imagens fotogrficas equais os impactos que causaria?

    4. Obter o consentimento informado.

    Esta uma etapa pode ser uma caracterstica limitadora participao e ao envolvimento dosgrupos de jovens. Contudo o projeto Olhares em Foco aconselha que as primeiras sessessejam enfatizadas questes como segurana, autoridade e responsabilidade que soconsequentes ao uso de uma cmera fotogrfica. necessrio que pais ou responsveis legaisaprovem a participao dos jovens e que eles concedam o direito autorais ao grupo das suasfotografias. Quanto s pessoas fotografadas, estas devem ser informadas pelos adolescentes

    participantes sobre o projeto e devem perguntar se podem fotograf-las. No caso do uso deimagens para fins financeiros do grupo os direitos de imagem devem ser solicitados aosfotografados.

    5. Identificar um ou mais temas para as fotografias.

    Os participantes podem desenvolver debates sobre as temticas em conjunto e assimdeterminar o que cada um deseja fotografar. Ou, dado um tema especfico, podem discutirmaneiras em que esses tpicos possam ser representados. Aps sarem para tirarem fotografiasso realizadas discusses e reflexes acerca das imagens captadas e das questes levantadas nasimagens.

    6. Distribuir as cmeras para os participantes e rever como us-las.

    So disponibilizadas cmeras fotogrficas digitais aos adolescentes participantes. Osequipamentos devem ser os mais simples possveis, pois quanto mais recurso tiverem mais osenvolvidos no projeto estaro preocupados em como manusear as cmeras e pouco vo seimportar com os olhares. As sadas devem ser feitas em duplas e podero levar as cmeras paracasa, caso se responsabilizem. A ideia que se apropriem do equipamento fotogrfico como se

    fosse deles e no da organizao.

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    A qualidade esttica da imagem no uma preocupao da proposta, mas sim o olhar queincide sobre os objetos, pessoas e os lugares fotografados. Mesmo s sesses referentes acomposio tcnica e enquadramento fotogrfico no devem ser apresentadas imagens ou

    fotgrafos de referncia para no influenciar e direcionar os olhares e as composies visuaisdos jovens para padres estticos j existentes. Quando necessrio falar de planos, ngulos eiluminao, como componentes que potencializam a informao visual da imagem fotogrfica,as fotografias dos prprios jovens podem ser apresentadas como exemplos. Assim eles serosuas prprias influncias.

    7. Dar tempo aos participantes para tirar as fotografias.

    Os jovens participantes devem determinar em grupo um tempo para estarem de posse dascmeras para retornarem com as fotografias que se propuseram a captar. Em seguida, mais uma

    vez se renem para discutir suas fotografias.

    8. Promover reunies para discutir as fotografias e identificar os recursos eproblemticas comunitrias.

    Trs estgios fornecem as bases de anlise das imagens captadas que so chamadas de seleo,contextualizao e codificao.

    A)

    Em primeiro lugar, cada participante seleciona algumas fotografias que melhor refletemas suas preocupaes e identificam os recursos comunitrios. A abordagem participativa firmada nesta primeira etapa. Para que os jovens possam levantar as questes necessrio que sejam eles a escolher as fotografias e histrias que consideram maisimportantes ou que simplesmente gostem mais.

    B) Num segundo momento, os participantes contextualizam as histrias contidas nasimagens. A abordagem participativa centrada na discusso em grupo sobre asexperincias individuais e coletivas. Um quadro de dilogo crtico indicado atravs de

    questes como: O que vs? O que realmente est a acontecer na imagem? Como issorelaciona-se com as nossas vidas? Porque esta situao o preocupa? O que podemosfazer sobre isso?

    C) O terceiro momento de anlise das imagens fundamentado na identificao dasquestes e temas que emergem das fotografias. Nesta etapa, facultado aosparticipantes reconhecerem trs tipos de dimenses que surgem a partir do processo dedilogo: questes, temas ou teorias. Os jovens podem apontar os problemas quando aspreocupaes so alvos que os afetem diretamente, imediatos e tangveis. Esta a

    aplicao mais direta da anlise. Essas trs fases devem ser executadas para cada rodadade fotografias tiradas pelos participantes. A quantidade destas rodadas depende de

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    fatores como tempo das oficinas, as preferncias dos educadores e participantes,oramento, disponibilidade e outras consideraes de ordem prtica e logstica.

    9. Disseminao das imagens e exposio fotogrfica

    A ltima etapa para a mobilizao da Fase 1 do projeto Olhares em Foco fundamentada noplanejamento partilhado e das estratgias de como as fotografias sero divulgadas e as histriascontadas. A exposio das imagens pode ser feita atravs de inmeros meios e estratgias(exposies fotogrficas, livros, catlogos, pginas em redes sociais, blog, etc.) com o objetivode disseminar os trabalhos, histrias e recomendaes aos familiares, membros da comunidade,lideranas e decisores polticos locais.

    8-

    EXECUTANDO UMA PROPOSTA OLHARES EM FOCO

    Todo projeto surge de uma ideia. E a maior parte das ideias (as vezes todas) podem serdesenvolvidas em projetos ou intervenes sociais. O essencial no apenas ter uma ideia boa,mas tambm o desejo, o compromisso, o conhecimento e a confiana para coloc-la em prtica.O projeto Olhares em Foco possui uma flexibilidade muito grande no que toca a sua execuo.Pode ser desenvolvido em apenas um dia, como um workshop, envolvendo poucas pessoas oupode ser formado como uma ao continua, em que todas as suas quatro fases (de

    Capacitao, Multiplicao, Advocacy e Sustentabilidade) so planejadas eimplementadas, em um projeto de vrios anos.

    O conjunto de objetivos, as pessoas envolvidas e os recursos materiais e financeirosdeterminaro a amplitude do projeto Olhares em Foco. s vezes, pensamos em fazer umainterveno pequena, mas ela acaba atingindo muito mais pessoas que imaginvamos. Outras

    vezes, planejamos fazer uma interveno grande e no conseguimos, mas a ao de escalamenor acaba tendo impactos alm dos previstos.

    Esse Manual apresenta algumas consideraes sobre as possibilidades de elaborao e execuodo projeto Olhares em Foco. O objetivo auxiliar na organizao de ideias sobre umdeterminado projeto para facilitar a captao de recursos, o planejamento, o monitoramento, aavaliao e o trabalho em equipe. O conjunto destes fatores pode ajudar a garantir o sucesso e asustentabilidade do projeto.

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    Os jovens participantes

    Os adolescentes, de preferncia entre 11 e 21 anos, de comunidades urbanas e rurais so o

    pblico-alvo do projeto Olhares em Foco. O modelo participativo o ponto forte do projetoadotando a varivel da educao pela experincia, onde as vivncias dos envolvidos sovalorizadas no processo de emancipao e colaborao.

    Quando tratamos de atividades que atingem um grupo de pessoas com a inteno de ensinar,transformar, mudar, estimular ou criar algo, importante estruturar o projeto de forma que opblico-alvo seja envolvido em todo o processo - como protagonista e sujeito ativo - a fim degarantir que o projeto responda s necessidades, aos desejos, s demandas e s reflexes dogrupo de forma contnua e ativa. Isso envolve um processo de conhecer, entender e envolver

    pessoas que podem ter experincias e conhecimentos muito distintos.Em cada local, as pessoas e grupos sociais tm caractersticas e necessidades diferentes.

    Alguns questionamentos devem ser feitos pela equipe tcnica do projeto Olhares em Foco parauma maior adequao no que se prope estar alinhado com as necessidades de cada grupo.

    De onde so os participantes? Qual sua faixa etria?

    Por que trabalhar com esse grupo e no com outro?

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    Quais as necessidades e caractersticas especficas do grupo (comunicacionais, educacionais,logsticas, financeiras, culturais, etc.)? O que eles precisam para poder participar ativamente do projeto? Como sero envolvidos na elaborao do projeto? De que forma o projeto ser estruturado a fim de possibilitar o protagonismo do grupo? Eles querem um projeto? uma demanda oriunda deles? Por qu?

    Sobre a seleo dos adolescentes

    Para garantir uma seleo justa e de participao dos adolescentes no projeto Olhares em Foco,abrimos um perodo de inscries. Neste perodo tomamos as seguintes medidas:

    Na seleo de participantes, prezamos por uma igualdade de gnero. Isso deveser bastante divulgado para que os jovens saibam que tanto os meninos, quantoas meninas sero bem-vindos.

    Durante a divulgao, deixamos claro que a alfabetizao e o conhecimento doportugus no ser um pr-requisito, pois queremos valorizar uma linguagem euma forma de expresso visual. Por isso provas ou redaes no so muitobem-vindas. No devem ser excludos os jovens com dificuldades de expressooral ou escrita.

    Alguns panfletos de divulgao devem ser feitos e distribudos pela organizao,na comunidade e na escola. O material promocional serve para que os jovenslevem para casa e mostrem para s suas famlias. s vezes, os familiares noacreditam que o curso est acontecendo e/ou os jovens tinham dificuldades decomunicao com a famlia.

    Utilizamos os vrios recursos da internet para divulgar o cursoFacebook, blogtwitter , Orkut, e-mail e em alguns casos podem ser enviadas mensagem detexto, por celular. Todos os recursos digitais merecem destaque.

    imprescindvel garantir que haja tempo suficiente para divulgar o projeto e o incio dasoficinas antes de come-lo, a fim de reunir um grupo de qualidade e informado sobre oprojeto. No vale a pena comear rapidamente e de forma atropelada as oficinas, pois osadolescentes podero estar ainda formatados que isso ser um curso de fotografia, com cunhoprofissionalizante. Alguns participantes ficam perdidos, pois achavam que aps a formao odiploma ser reconhecido por instituies de capacitao profissional e pelo MEC.

    O recrutamento dos jovens participantes deve ser feito com antecedncia e os tcnicos de cadaorganizao devem partilhar com os adolescentes documentos e conversas a cerca de todas as

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    informaes sobre o projeto, objetivos, regras e responsabilidades da equipe tcnica e dosjovens. Assim, aumenta a coeso dos jovens envolvidos com a organizao e no deixa dvidasrelativamente ao que a proposta se prope realizar. Uma sesso de esclarecimento, antes deiniciar o projeto pode ser feita com os jovens participantes e os familiares. Neste momentopodem ser apresentados vdeos, fotos e dados sobre o projeto em outras comunidades.

    Deve-se deixar claro que o processo de continuidade, mas existe uma liberdade departicipao para que no seja obrigatria, mas sim voluntria. Os jovens podem sair ou sereminseridos no meio do processo, sem dramas ou sermes. No entanto, devem serencorajados a permanecerem at o fim do projeto com o intuito de os estimular acomprometimentos futuros.

    Apesar de reconhecermos os diferentes estgios de desenvolvimento cognitivo na adolescncia,tentamos fazer com que os interesses e preocupaes dos envolvidos possam ser transversais atodo o grupo. As diferenas e necessidades individuais podem ser trabalhadas particularmentecom cada jovem pelo educador em momentos isolados e particulares. O interesse do projetoOlhares em Foco manter uma unidade.

    Quanto ao nmero de participantes os grupos no devem passar dos 15 adolescentes. Umnmero maior dificulta a manuteno do controle dos nimos e a ateno com os jovens. Emalguns casos podem ser entregues aos jovens mais velhos a responsabilidade de acompanharem

    os mais novos nas sadas fotogrficas. A incluso de mais participantes nas oficinas s devemser aceites na condio de ter mais de um educador a acompanhar todas as oficinas.

    Sobre os locais das oficinas

    Os espaos onde sero desenvolvidas as oficinas devem ser locais onde eles se sentem seguros,tanto fisicamente quanto emocionalmente, de modo a expressarem suas preocupaes eanseios. extremamente importante selecionar bem os locais apropriados para odesenvolvimento do projeto. Saber que a escola um ambiente de educao formal que possuicertas regras e limitaes e que os espaos das organizaes so locais de educao ldica onde

    algumas regras e normas no so aceitas. Desde o incio essa deve ser uma preocupaopartilhada entre o educador e as organizaes para que esse ambiente seja conhecido pelosjovens e fomente uma execuo ldica e comprometida do projeto Olhares em Foco com osparticipantes. Um local estvel poder diminuir o desgaste de relaes ainda no consolidadas econflitos, por vezes entre estranhos, e acelerar o ritmo da aplicao dos contedos e dosdebates.

    Sobre o tempo das oficinas

    Em alguns casos os jovens selecionados para o projeto j esto inseridos em atividadespromovidas pelas organizaes. Em outros casos, os adolescentes participantes podem no

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    estar habituados a participar de projetos sistemticos, dialgicos, de continuidade e longadurao. Existe a necessidade de no deixar uma atividade montona para os jovens j maismilitantes e ativos e no to exigente para os que no esto acostumados a participarem deprojetos sociais de continuidade, com as suas normas, horrios, regras, etc. O papel doeducador fazer um projeto atrativo para ambos os pblicos.

    O projeto Olhares em Foco bastante flexvel nas suas duraes. O ideal que seja entre 15 e20 encontros, de 3 a 4 horas cada. Contudo, propostas muito longas necessitam de uma maiordinmica para que no haja desmobilizao. Em projetos com encontros muito espaados, nofim poucos frequentam e demonstram estarem cansados de fotografar a comunidade e os seusmembros. Nestes casos necessitam de novos desafios para retratarem, ou sadas para fora dacomunidade.

    Assim como propostas muito curtas podem tender ao esquecimento em pouco tempo edesmobilizao. O pblico-alvo do projeto so adolescentes, e uma caracterstica deste grupose desinteressar rapidamente caso no seja apresentado algo dinmico e entusiasmante.

    O sucesso do projeto repousa sobre a confiana desenvolvida entre os jovens, educadores eorganizao. S atravs de relaes fortalecidas com o tempo e de um ambiente seguro osadolescentes se sentem confortveis para falar e interagir com adultos.

    Sobre os materiais e equipamentos

    As cmeras fotogrficas devem ser as digitais mais simples possveis, pois quanto mais recursostiverem mais os envolvidos no projeto estaro preocupados em como manusear as cmeras epouco vo se importar com os olhares. As sadas devem ser feitas em duplas e podero levar ascmeras para casa, caso se responsabilizem. A ideia que se apropriem do equipamentofotogrfico como se fosse deles e no da organizao.

    Ao partilharem os equipamentos fotogrficos os participantes negociam e dialogam sobre suas

    escolhas com os amigos, fazendo com que o registo fotogrfico deixe de ser um momentoindividual, por completo, para ser uma experincia compartilhada e coletiva. A distribuio dascmeras, para que os jovens as levassem para casa, pode virar a ser um momento agitado do dia,assim como quando retornam das sadas fotogrficas.

    O educador deve acalmar os nimos e organizar bem os equipamentos se esto em boascondies, pilhas carregadas e cartes de memria vazios.

    Bolsas e correias devem ser utilizadas para a segurana e manuteno do equipamento.

    Antes dos jovens sarem com os equipamentos, papel do educador mostrar comos esegura e carrega as cmeras.

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    Perdas, roubos e furtos devem ser previstos, mas podero ser minimizados caso osjovens compreendam que os equipamentos so deles, a partir de um processo deapropriao.

    Em casos onde o grupo de jovens responsvel, eles devem fazer toda a gesto do

    material, manuteno e arquivamento

    Ao retornar de casa sada fotogrfica o educador, junto com os jovens devem transferir asimagens para um nico computador. Uma parte significativa do tempo das oficinas deve serdestinada ao arquivamento das fotografias no computador e organizao das pastas pelosnomes dos jovens. No queremos correr o risco de criar constrangimentos de fotografiasproduzidas por um jovem ser creditava ou veiculada com o nome de outro. Por vezes perde-semuito tempo com essa logstica.

    Na volta das sadas fotogrficas necessrio gerir os nimos dos jovens que vem da rua aomesmo momento em que se arquiva as imagens e distribui as cmeras fotogrficas para levarempara casa. Organizao e concentrao so fundamentais, pois estas so ocasies propcias parao surgimento de ambientes confusos e agitados. Por isso, em muitos casos, as fotografiaspodem ser discutidas no incio da oficina no dia seguinte, o que perde um pouco do momento,pois os participantes tm que recordar todo o cenrio que havia fotografado. Contudo, por

    vezes, o comeo de cada encontro normalmente mais calmo e tranquilo e os jovens nodemonstram tanto cansao e alvoroo.

    Sobre a especificao e adequao das atividades

    A flexibilidade do mtodo em cada contexto possibilita a adaptao dos objetivos s realidadese aos jovens de cada grupo. A flexibilidade do currculo e das atividades do projeto Olhares emFoco devem ser levadas em conta desde a sua idealizao em que pontos podem ser inseridosdurante o processo, assim como outros facilmente retirados de acordo com a necessidade decada contexto.

    Apenas um ponto deve ser necessariamente colocado no incio de cada projeto. A construocoletiva das regras, normas ticas so obrigatoriamente os temas de abertura com cada grupo.

    As oficinas incorporam muitas atividades prticas que resultaram no fato de, desde a primeirasesso, os jovens saiam para fotografar e se sentiam confortveis em retratar suas experinciasatravs da cmera. Isso mantem os jovens envolvidos no projeto evitando, de certo modo, otdio estabelecido por uma proposta com base no dilogo e discusses de temas crticos epolmicos. As abordagens criativas mantem os jovens envolvidos em sesses que participam

    voluntariamente de um ambiente de dilogo sobre suas reflexes pessoais e suas experinciasprovadas.

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    As diversas sadas fotogrficas com o acompanhamento dos educadores tambm possibilitamque o currculo possa ser implementado de forma mais dinmica. Quando saem para fotografara comunidade, o educador acompanha os jovens que passam a apresentar os locais e pessoasque conhecem, passando a observ-los com um olhar mais atento aos pormenores e menosnegligenciado.

    Como forma de estimular a explorao do assunto a ser fotografado, so atribudas missesfotogrficas de fotografar si mesmos (Mundo do Eu) ao grupo de amigos (Meus Amigos), ssuas famlias (Minha Famlia) e sua comunitria (Minha Comunidade). Apesar de ter prezar poruma liberdade criativa, esses objetivos so necessrios para estimul-los. Estas orientaesnorteadoras incentivam os jovens a captar coisas como: o que mais gosto mais na minhacomunidade; o que gostaria de mudar; como o meu quotidiano; entre outras.

    fundamental dar tempo suficiente para que eles possam completar estas misses.

    As exposies fotogrficas

    As exposies fotogrficas so os momentos pices deste processo. o fechamento de umciclo que tem comeo, meio e fim. E esse fim tem um resultado prtico e palpvel para osjovens. A exposio fotogrfica abre o espao e a possibilidade de dilogo para fora do grupo.

    A partir das perspetivas e escolhas que cada participante representa nas fotografias, as imagens

    produzidas tem um impacto emotivo considervel sobre os familiares e as pessoas que visitamas exposies.

    As conquistas devem ser comemoradas! Esses pequenos rituais melhoram a autoestima evalorizam os caminhos percorridos. preciso organizar, junto com os jovens, de formaparticipativa como ser, onde ser e quando sero as exposies. importante criar ummomento de socializao e comemorao.

    Cada jovem escolhe um nmero limitado de fotografias feitas por eles para serem expostas.Nunca devem passar de mais de 60 fotografias, pois se no fica uma exposio cansativa para o

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    visitante. As fotos podem ser expostas num muro, em varais, em painis. A criatividade deve seraflorada. As fotos devem sem impressas em formatos maiores, no mnimo 20x30. As molduraspodem ser feitas de cartolina preta ou outros suportes, com o nome do autor em baixo e, depreferncia, um texto do jovem autor sobre a fotografia para contextualizar o visitante. Umlivro de visitas tambm pode ser inserido para que as pessoas coloquem suas impresses. Orestante das imagens no impressas podem ser projetadas numa das paredes do espao commsica, onde os visitantes sentam e observam as imagens produzidas durante o projeto a partirde uma experincia sinestsica.

    Membros da comunidade e atores pblicos como diretores de escolas, de organizaes,secretrios prefeitos e vereadores devem ser convidados por um convite personalizado, assimcomo os familiares dos jovens participantes. O restante da comunidade pode ser informadoatravs de panfletos distribudos pelos adolescentes envolvidos em um dia de mutiro que

    podero ser disponibilizados no comrcio local e colado nas ruas, unidades de sade,associaes e escolas. Um documento pode ser enviado aos meios de comunicao (jornaislocais e rdios comunitrias e websites) contendo as informaes sobre o projeto, localidade,tempo de execuo, jovens envolvidos e objetivos, assim como um depoimento de um jovem ede um familiar. Outra forma de divulgao a criao de uma pgina na internet (seja um blog,um website ou um perfil no Facebook) para divulgar as fotos, as informaes sobre o projeto ea exposio. sugerido que o suporte das fotografias seja algo que dure para que a exposiopossa ser realizada em outros espaos externos comunidade. As exposies tm que serrealizadas nos dias e horrios que os pais e membros da comunidade possam ir visitar, comofinais de tarde ou fins-de-semana.

    Sugerimos que seja feita uma exposio, com a presena dos amigos e familiares dosparticipantes, a ser realizada na prpria organizao. fundamental que a primeira exposioseja feita na comunidade para que os amigos e parentes dos adolescentes possam ir. Em seguidaoutros locais como escolas, centros de sade, associaes, centros culturais e outros sejamcontactados para que os olhares e vozes dos participantes sejam disseminados. No se deveesquecer de produzir certificados com o nmero de horas das oficinas, nome do participante eda organizao. Isso muito importante para mostrar aos familiares, s escolas e a futurosempregadores.

    As exposies fotogrficas o espao onde as vozes e olhares podem ser reconhecidascoletivamente pelos membros de dentro e externos s comunidades, o que possibilita aos jovenso aumento da confiana e um sentimento de terem feito algo potencialmente til e importanteem seus contextos sociais. Nestes momentos suas vozes deixam de ser ouvidas apenas entre ogrupo e os tcnicos das organizaes envolvidas e passam a ser projetadas e valorizadas pelasfamlias, amigos, lderes comunitrios, interlocutores e representantes externos. Com asrepercusses miditicas que o projeto pode conseguir as preocupaes e necessidades dos

    jovens passam a ser disseminadas uma escala que eles no imaginam alcanar, ampliando oprotagonismo e o empoderamento idealizado pela proposta.

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    Este papel de conexo entre os grupos de jovens e os formadores de opinies das esferaspblicas e de poder aplicado atravs das exposies fotogrficas comunitrias. Este espaoatua como intermedirio onde os participantes, membros da comunidade e atores sociais,

    podem se envolver diretamente e descortinar as barreiras e diferenas entre todos.Este momento valorizado por todos os envolvidos no projeto, pois esto a ser ouvidos pelosdecisores que formulam e executam as polticas locais voltadas aos jovens. fundamentalconvidar atores pblicos como lderes comunitrios, diretores de escolas, secretrios municipaisde cultura, educao e juventude, vereadores e at prefeitos.

    As organizaes acolhedoras podem utilizar o poder visual e mobilizador das exposiesfotogrficas para captar a ateno dos interlocutores locais e dos meios de comunicao social,o que cria oportunidades que facilitaram a comunicao das expresses e inquietaes dosjovens, representadas nas imagens e em alguns discursos prestigiados pela cobertura miditica.

    9-

    O PASSO A PASSO

    Um passo muito importante para a realizao do projeto Olhares em Foco, ou qualqueratividade pedaggica, a elaborao de um plano de aulas. nele que sero detalhados o

    objetivo de cada aula, a metodologia, os contedos abordados, as dinmicas utilizadas, omaterial pedaggico e o tempo que deve ser destinado para cada atividade, dentro da cargahorria proposta.

    Antes de pensar sobre os detalhes de cada aula, preciso planejar o curso em sua totalidade,detalhando os objetivos especficos da oficina e como cada aula vai contribuir para o objetivogeral do projeto. Isso importante para o planejamento do projeto, mesmo que no meio doprocesso seja preciso modificar alguma coisa.

    Alm do plano de aulas, a equipe envolvida na ao deve fazer um planejamento que incluareunies, momentos de planejamento e avaliao, relatrios, divulgao e outras atividades quecontribuam para atingir os objetivos do projeto.

    Segue um exemplo de um plano detalhado de uma oficina do projeto Olhares em Foco:

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    Aula Actividade Dinmica Objectivo Resultado

    Aula 1

    A importncia daComunicao;A comunicaovisual como elemento

    da linguagem no-verbal; Histria daFotografia;

    "Apresentao dos participantes eexpectativas para o curso;Apresentao e construo da Torre deBabel;

    Dinmica da Caverna de Plato;Aula terica com apresentao deimagens e slides para a histria daFotografia;

    Debater sobre a importncia daComunicao para as relaeshumanas;Debater e discutir a relao da

    imagem com a representao, oimaginrio e a iluso;

    A completaraps cada aula

    Aula 2

    lbum de Famlia, afotografia enquantoarquivo e memriafotogrfica;Histria daFotografia;

    Dinmica com as fotografias de famlia econstruo de histrias de vida atravsdas representaes visuais;Continuao da aula terica comapresentao de imagens e slides para ahistria da Fotografia;

    Apresentar um dilogo sobre ashistrias de vida atravs das imagenspodem ter diferentes interpretaes,memrias e lembranas;Dar a conhecer um pouco dahistria da fotografia e da culturavisual;

    A completaraps cada aula

    Aula 3

    A fotografiadocumental e social

    Aula terica sobre a histria dafotografia documental;Filme Nascidos em Bordis;Aula terica de apresentao sobre osprojecto sociais no mundo que trabalhama fotografia como forma dedesenvolvimento social;

    Debate sobre a fotografia comoferramenta de debate dasproblemticas sociais;Debate sobre o filme Nascidos emBordis;Reflexo sobre as potencialidadesque a fotografia possui narepresentao de realidades;

    A completaraps cada aula

    Aula 4

    O Retrato;O mundo do EU;

    Dinmica de fotografarem a si mesmos etenta contar histrias atravs da imagemde cada um;Criar um perfil de cada um para incluirno site do projecto, com fotos;Quais so os meus direitos e deveresEdio e debate sobre as fotografias;

    Promover um debate acerca daidentidade pessoal e individual e dosdireitos. Quem eu sou? Quais someus direitos e deveres?

    A completaraps cada aula

    Aula 5

    A composio

    fotogrfica

    Aula terica sobre composio

    fotogrfica, luz, planos, ngulos, regra dosteros;Sada fotogrfica prtica para teste dosconhecimentos de composio eenquadramento;Edio e debate sobre as fotografiasproduzidas;

    Apresentar algumas tcnicas de

    composio fotogrfica para que osolhares passem a ser maispotencializados nos objectos a seremfotografados

    A completar

    aps cada aula

    Aula 6

    Linhas, desenhos,cores e texturas

    Aula terica para explicar as tcnicas delinhas, formas, desenhos, cores, texturas emovimento;Sada fotogrfica para teste dosconhecimentos;Edio e debate sobre as fotografias;

    Apresentar algumas tcnicas delinhas, desenhos, cores e texturaspara que os olhares passem a ser maispotencializados nos objectos a seremfotografados

    A completaraps cada aula

    Aula 7

    Foco, profundidadede campo, diafragma,velocidade e tipos decmeras

    Aula terica para explicar as tcnicas deFoco, profundidade de campo, diafragma,velocidade, tipos de cmeras;Sada fotogrfica para teste dosconhecimentos;Edio e debate sobre as fotografias;

    Apresentar algumas tcnicas deiluminao para que os olharespassem a ser mais potencializadosnos objectos a serem fotografados

    A completaraps cada aula

    Aula 8

    Flash e diferentestipos de Iluminao

    Aula terica e prtica de tcnicas deiluminao em luz do dia, em luz artificiale nocturna.

    Apresentar algumas tcnicas deFoco, profundidade de campo,diafragma e velocidade para que osolhares passem a ser maispotencializados nos objectos a seremfotografados

    A completaraps cada aula

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    Aula 9

    Minha Famlia Dinmica de fotografarem suas famlias elocal onde moram;Qual o meu papel e como sou ouvido naminha famliaEdio e debate sobre as fotografias;

    Promover um debate acerca daidentidade pessoal e individualatravs da famlia.

    A completaraps cada aula

    Aula10

    tica do fotgrafo,uso da imagem edireito do autor;Bons e mausexemplos;Publicao edisseminao domaterial produzido;

    Debate sobre tica, direitos do autor,bom usos de imagens, direitos e deveres;Insero de fotografias no site doprojecto;Aula de abertura de contas em sites defotografia ou redes sociais; Dinmica: simulao de uma redacode jornal e deciso sobre publicao denotcia polmica sobre bullying

    Promover um debate sobre boasprticas fotogrficas, de relaeshumanas, de cidadania e demobilizao social

    A completaraps cada aula

    Aula11

    Debate sobrenotcias

    debate sobre notcias publicadas emJornal ou veiculadas na TV sobre crianase jovens, como foram feitas, o queconcordam e discordam e fariamdiferente

    debater sobre representaomeditica e direitos;

    A completaraps cada aula

    Aula12

    Minha Comunidade Dinmica de fotografarem suacomunidade e escola;Edio e debate sobre as fotografias;

    Promover um debate acerca daidentidade pessoal e individualatravs da sua comunidade einstituies qual a representam. Deonde venho? Para onde vou?

    A completaraps cada aula

    Aula13

    Minha Comunidade;Publicao edisseminao domaterial produzido:

    Dinmica de fotografarem suacomunidade e escola;Edio e debate sobre as fotografias; Apresentar tcnicas de disseminao dasprodues dos jovens da Oficina;Insero de fotografias no site doprojecto;Aula de edio digital de imagem;

    Dinamizar tcnicas de reproduodas suas produes atravs dainternet, mostrar tcnicas depublicao de fotografias e apresentarbreves tcnicas de edio de imagem

    A completaraps cada aula

    Aula14

    Preparao daexposio itinerante

    Preparao da exposio;Orientao de como produzir eorganizar a exposio;Aula de edio digital de imagem;

    Preparao da exposio;Apresentao e debate de estratgiasde continuidade do projecto nacomunidade e sustentabilidade;

    A completaraps cada aula

    Aula15

    Exposio itinerante Exposio itinerante; Exposio itinerante;Dinamizar pelo menos umaexposio fotogrfica das imagensproduzidas pela Oficina;

    A completaraps cada aula

    O projeto Olhares em Foco dever ser dividido em quatro mdulos de anlise que incidemsobre as relaes e anlises de identidade dos jovens:

    1- Identidade pessoal (Mundo do Eu)2- Identidade de grupo (Meus Amigos),3- Identidade familiar (Minha Famlia)4- Identidade social comunitria (Minha Comunidade).

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    1- Mundo do Eu

    Nesta etapa os jovens recebem a misso fotogrfica de retratarem-se atravs de autorretratose de fotografarem uns aos outros. Possivelmente surgiro fotografias feitas em frente aespelhos, com os braos estendidos, com o temporizador automtico e a pedido de outras

    pessoas, retratos de roupas e acessrios, com nfase em acessrio moda com destaque nasmarcas e estilos.

    O ato de se fotografarem a si prprios muito importante para percebermos como e de queforma eles gostariam de ser vistos atravs das suas prprias representaes fotogrficas. Oautorretrato mostra o adolescente em todo o seu esplendor, questionando-os a cada manh oque mais importante e quem ele gostaria de ser. Os autorretratos podem ser associados a umgesto narcisista, no no sentido pejorativo, mas no ato de auto-observao e autoexposioindividual. Os adolescentes gostam de se ver a si prprios, o seu corpo e os seus adornos como

    um produto de sua prpria criao a ser partilhado ou simplesmente autocontemplado.

    A representao visual desta natureza uma das mais comuns pois se espera a constituio deuma reproduo legtima da identidade pessoal de cada participante atravs de uma projeo

    visual e discursiva em que o adolescente quer ver-se refletido.

    Muitas imagens destacam componente esttica como um elemento importante na construoidentitria dos jovens, associada s roupas, acessrios e adornos. Acreditamos que esses

    elementos so objetos representados pelos jovens como uma afirmao simblica depertencimento a um determinado grupo para que sejam aceites pelos outros. A formam comose vestem e se comportam dita que grupo e quais os comportamentos coletivos que possuem,perante aos amigos.

    2- Meus Amigos

    Neste mdulo os jovens recebem a misso fotogrfica de retratarem seus grupos de amigos.

    Na adolescncia as pessoas se avaliam a si prprio luz daquilo que percebe ser a maneiracomo os outros o julgam, em comparao com os demais e com as pessoas que se tornaramimportantes para ela. Os adolescentes valorizarem e moldarem a sua personalidade atravs dassuas relaes com os outros pelas semelhanas com os iguais, faz parte da sua formaoidentitria no momento em que necessitam de ser aceites pelos grupos de amigos. justamentenesta fase da vida que se d um maior alargamento das relaes sociais e os amigos passam aassumir uma posio central nas decises do jovem e a ocupar mais tempo nas relaes. Aconvivncia com o grupo de amigos possibilita ao adolescente um aumento da sua autoestima(o que inclui a liberdade de expresso), promovendo a explorao e o desenvolvimento dequalidades pessoais e da sua identidade.

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    Neste mdulo as fotografias demonstraram uma representao de mundo que destacam aamizade como um suporte estrutural na construo da identidade do adolescente e de como oeu pode ser constitudo, em que as esferas coletivas e individuais se cruzam. O corpocontinua a ser um elemento importante para a visualidade e imagem na adolescncia (atravsdas roupas, adornos, tatuagens, etc.). Os gestos nas fotografias apontam o corpo como lugar dediscurso e expresso que pode ser vislumbrado como recurso estratgico de propagao deideais e identificao social.

    Acreditamos que os gestos e posturas corporais possuem uma relao evidente com o esforodos jovens construrem sua identidade. A foto de um adolescente com os braos ao lado docorpo pode significar passividade, enquanto aqueles que esto com os braos cruzadosrepresentam resistncia e fora. A linguagem gestual merece uma ateno profunda doseducadores nos dilogos em grupo.

    As fotografias de afeto e carinho podem significar vrias coisas: precisamos uns dos outros,somos exclusivamente parceiros e no precisamos de nada nem de ningum. Um gesto tpicoadolescente, alegando soberania para si mesmo no contexto de amizade.

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    3- Minha Famlia

    Neste mdulo os jovens recebem a misso fotogrfica de retratarem sua famlia. A famlia

    uma desta instituio social que possui ampla interveno durante a juventude. na fase daadolescncia que a famlia vem a perder uma gradual fora de importncia, fazendo com que o

    adolescente se distancie das relaes familiares e desenvolva competncias sociais deindependncia e autonomia. A Psicologia Social aponta para a adolescncia como uma fase da

    vida assente por vezes em relaes conflituosas entre pais e filhos que partem da aquisio deliberdade e de distintas percees, levando a uma falta de comunicao, entendimento e tensesno ambiente familiar

    As amizades passam a exercer uma forte influncia nos adolescentes, compensando esubstituindo de certo modo algumas as relaes familiares. A famlia possivelmente pode ser amisso fotogrfica onde alguns vo cumprir com xito, mas outros iro se negar. Normalmente

    as famlias mais estruturadas da comunidade, aquelas com pais e mes, com boas relaes comos filhos, so as mais retratadas. Os jovens que no retratam suas famlias tm muito a dizersobre as suas relaes com os pais. Por vezes tem vergonha e orgulho de fotografar seusfamiliares. Tudo isso pode ser discutido e analisado pelas fotografias e pela falta delas.

    Em alguns contextos o conceito de famlia pode ir alm da consanguinidade. Como osambientes so comunitrios e os envolvidos crescem sob cuidados partilhados com outraspessoas, como os vizinhos e membros da comunidade, estes so considerados integrantes dafamlia e em alguns casos podem interferir na educao, assim como puni-los.

    Muitas crianas surgem nas imagens fotogrficas. Existem dois argumentos que justificam essasimagens e as escolhas por parte dos jovens. O primeiro fundamenta-se por ser uma prtica dostcnicos das organizaes tirarem fotos das crianas da comunidade para serem enviadas aosfinanciadores nos processos de comunicao entre criana-padrinho. O segundo argumento doaparecimento de fotos de crianas justifica-se pelo fato especialmente das meninas teremresponsabilidades de cuidados dos membros mais novos da famlia, similares aos dos adultos.Por passarem mais tempo com as crianas, fotografavam-nas com mais frequncia.

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    4- Minha Comunidade

    Neste mdulo os jovens recebem a misso fotogrfica de retratarem sua comunidade. Dentreessas imagens podem surgir fotografias de:

    Grafitis e artes urbanas em espaos pblicos comunitrios

    Da e na organizao e na escola

    De profisses, comrcio, servios e afazeres comunitrios.

    Dos Ambientes pblicos como ruas, praas e parques

    Dos espaos de prtica esportiva

    De paisagem, da comunidade ou de lugares sem o foco nas pessoas

    De objetos pessoais, da casa ou da comunidade que acharam importante de seremretratados ou objetos de interesse e desejo como carros, motas, bicicletas, vaso de flores,

    equipamentos eletrnicos, etc.).

    Um dos fatores de maior influncia na formao da identidade do indivduo est intimamentevinculado com o meio social e com as tradies culturais dos ambientes em que os adolescentesse encontram inseridos. Na fase da adolescncia a interveno dos valores, crenas, prticasculturais e ideologias referentes ao contexto social em que o adolescente vive relevante para aconstruo identitria e da personalidade de cada um, possibilitando um entendimento de comoa sociedade modela a maneira de ser jovem e como estes participam dos processos de criao ecirculao culturais, assim como a prpria sociedade.

    Neste sentido, a relao entre o jovem e o meio contribui para o projeto Olhares em Foco nosentido de uma compreenso mais detalhada de como os jovens participantes representam ascomunidades e seus membros. As escolhas fotogrficas dizem-nos quais so os modelos deapropriao que estes jovens possuem com os espaos pblicos. Os detalhes das composiesfotogrficas produzidas pelo projeto Olhares em Foco acrescentaram como uma formadiferenciada de anlise de como os participantes se identificam com as pessoas e os lugares deconvvio comunitrio como a rua, as quadras esportivas, praas, parques, entre outros. Osespaos comuns destacam-se nas imagens em que grande parte dos envolvidos na proposta tem

    a necessidade de apresentar os seus olhares particulares acerca dos locais e paisagenscomunitrias.

    As fotografias das e nas organizaes podem ser entendidas como ambientes de segurana, emque os jovens se sentem confortveis para estar a fotografar. Especialmente essa retrataodiferencia entre rapazes e meninas. A rua consagrada predominantemente como parte douniverso masculino. Assim como os ambientes privados so apropriados pelas mulheres.

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    Os retratos da paisagem da comunidade so inteno da retratao de algo belo e harmnicoem que o propsito da imagem encobrir os problemas sociais que coabitam, dando lugar aamplas e belas paisagens.

    Identificar-se com o meio faz parte do processo de reconhecimento que um individuo possuipara se aceitar como parte integrante daquela estrutura social. Os contextos de segurana que osespaos das organizaes oferecem so fundamentais para que os jovens participantes doprojeto Olhares em Foco demonstrem o quanto se sentem confiantes em retratar um ambienteapropriado por eles.

    Os recursos, necessidades e problemticas comunitrias

    Os temas pontuados nos debates sobre as imagens so de fundamental importncia para uma

    reflexo crtica sobre os contextos sociais nos quais os jovens esto inseridos, a partir de suasperspetivas e experincias pessoais. A maioria dos jovens declaram que o projeto os estimulapela primeira vez a pensar de forma crtica sobre o que gostam e no gostam em suascomunidades.

    Observar, mediar, estimular e pontuar esse processo parte do trabalho do educador do projetoOlhares em Foco. A existncia de algum que oua suas preocupaes com ateno tem umsentido valioso para os jovens, em que o ato de registo fotogrfico lhes concedereconhecimento suficiente para falarem dos mais diversos temas que os perturbam e inquietam.

    Exemplo do quadro de recursos, necessidades e problemticas comunitrias

    Recursos e pontos positivos Problemticas e necessidades

    Os moradores da comunidade;A dinmica do comrcio local formal e

    informal;Os servios ofertados na comunidade

    como escola, centro de sade e diversosprojetos sociais;A localizao geogrfica e as vistas da

    cidade;Aa identidade local;Os eventos e festas comunitrias;Os diversos espaos polidesportivos;A organizao social local;A quantidade de igrejas com diferentes

    cultos;A oferta de bens e servios que possibilita

    no serem obrigados a sair dacomunidade;

    Transporte entre as vilas do Aglomerado

    Unidades de sade fechadas e sem mdicos;Falta de saneamento (quando chove muitas casas

    ficam em risco e no existe sistema deescoamento da gua);

    A quantidade de organizaes e associaes que

    disputam os jovens mas que possuem poucasatividades direcionadas sua faixa etria;

    Falta de participao dos jovens nos movimentossociais organizados e nas associaescomunitrias;

    Trfico de drogas (poder dos traficantes e falta decontrole do poder pblico);

    Segurana pblica e violncia (altos ndices dehomicdios entre jovens, tiroteios, conflitos entretraficantes);

    Falta de oportunidades e futuro que restringe os

    jovens a trabalhos tcnicos e informais;Preconceito e estigma de serem faveladosO poder de vigilncia e a fora exercida pela

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    da Serra; polcia;A corrupo da polcia para a manuteno do

    trfico de drogas;Violncia domstica e de gnero (casos de abusos

    sexuais, estupros na comunidade);

    Famlias monoparentais e reestruturadas;Explorao infantil (pais levam crianas e jovens

    para pedir dinheiro nos semforos da cidade);Ausncia do estado;Processo recente de realojamento para os

    conjuntos habitacionais prximos ao morro;

    10-

    O PAPEL DOS EDUCADORES

    Trabalhar para estimular o surgimento de multiplicadores um dos principais objetivos doseducadores do projeto Olhares em Foco. A Fase 1 de Capacitao deve ser pensada em comoidentificar os jovens que possivelmente passaro a ser os pilares da Fase 2 de Multiplicao eque tomaro a frente do projeto. Os jovens necessitam ser estimulados para teremautoconfiana de tomarem decises autnomas. Lembrem-se que a fase da adolescncia mercada pela intermediao onde o indivduo no se reconhece mais criana, mas no aceitoainda no universo adulto, sendo constantemente taxado de irresponsvel. Demandar

    responsabilidades de gesto da proposta elevar a confiana de um adolescente reconhecendo opapel importante que ele poder vir a desempenhar em sua comunidade.

    Ao mesmo tempo, atravs da formao dos educadores de jovens multiplicadores, desenvolve-se a capacidade organizacional das pessoas a fim de que elas possam se organizar em torno deprioridades e preocupaes decididas por elas mesmas. Os participantes analisam e questionamas realidades e refletem sobre estratgias de mudana, desmitificando o conhecimento e criamsuas prprias conscincias, reflexes.

    O educador ganha uma importncia ainda maior para os jovens, pois representa uma posio deresponsabilidade da qual eles sentem muito orgulho. Ser educador do projeto Olhares em Foco assumir a responsabilidade de mediar oportunidades e de entregar as decises aos jovens.

    As caractersticas de um educador do projeto Olhares em Foco so:

    Ter uma postura sria e comprometida; Agir com tica;

    Conhecer de forma bsica os assuntos abordados, no apenas das tcnicasfotogrficas, mas muito bem dos temas que sero discutidos pelas imagens;

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    Ser organizado(a) e disciplinado(a); Ser educado(a)/cordial; Ouvir as opinies e no ser autoritrio; Ter relaes de confiana com o grupo; Ser comunicativo(a);

    Dividir seu conhecimento e querer aprender com os outros; Procurar entender as questes e dificuldades da turma; Ser colaborador(a) e prestativo(a); Estar disposto(a) a aprender e estudar; Ser responsvel; Ser criativo(a); Ser cuidadoso(a) e interessado(a); Ser incentivador(a), estimulando os alunos/ participantes; Ter boas relaes com os participantes;

    Trabalhar em parceria, reconhecendo a necessidade de unir foras para alcanarmelhores resultados.

    Entre os objetivos do educador destacamos:

    Garantir que haja elementos dinmicos no curso que incentivem os participantesa se tornarem agentes multiplicadores a fim de dar continuidade s atividades doprojeto.

    Garantir que os participantes sintam-se parte integrante do projeto, entendamque as oficinas no pertencem aos coordenadores/facilitadores.

    Estimular os multiplicadores a continuar fotografando!

    11-MONITORAMENTO E AVALIAO

    O processo avaliativo inclui a contnua sistematizao e monitorizao da aprendizagem dosjovens e dos educadores. Devem ser produzidos pelos educadores dirios de campo descritivos

    e analticos e um relatrio final dos indicadores de sucesso e fraquezas encontradas para cadaobjetivo apontado, bem como as oportunidades de continuidade. A avaliao e monitoramentodeve ser colaborativa e se estender aos participantes e a organizao social.

    Existem vrias ferramentas disponveis para monitorar e avaliar um projeto social. Cada umatem suas vantagens e depende do grupo e dos objetivos a serem atingidos. O ideal usar aferramenta em que o educador esteja mais habituado para poder dar a oportunidade de avaliar ecolocar os jovens participantes para se expressarem.

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    importante refletir sobre quais so as ferramentas adequadas, de acordo com o perfil de cadagrupo. Alm de monitorar os objetivos do projeto, importante acompanh-lo e avali-lo deforma mais ampla. Isso pode ser feito por meio das seguintes perguntas:

    O projeto est funcionando? O que no est funcionando? O projeto est sendo prazeroso? O que no est sendo prazeroso? O que deveramos fazer diferente? Qual o impacto (mudana) mais importante para voc?

    Essas perguntas podem ser feitas em diversos momentos da formao e de prefernciaregistradas em reunies, encontros ou vdeos. O mais importante tentar compreender dosjovens quais esto sendo os erros e acertos.

    As avaliaes devem ser fundamentadas em trs eixos de anlise.1- Detalhamento quantitativo e qualitativo do trabalho de campo;2- Identificao de pontos crticos baseado nos procedimentos da Metodologia de

    Interveno Participativa dos Atores Sociais, a partir da dinmica Que bom quepena que tal

    3- Avaliao de fatores internos e externos dos processos e estruturas.

    Segue um modelo de Avaliao:

    Avaliao do Projeto Olhares em Foco

    1 - Proposta ______________________________________________________________________________

    1.1 - Objetivos: __________________________________________________________________________

    2 - Detalhamento Quantitativo:______________________________________________________________

    Detalhamento Quantitativo Comunidade X

    PerodoQuantidade de Oficinas/encontros

    Quantidade de Horas/AulasJovens Envolvidos

    Associao de suporteData da Exposio Final

    Tcnicos da Associao diretamente envolvidos eparticipantes de toda a oficina

    Mdia de Idade dos jovensQuantidade de Fotografias captadas

    Quantidade de Cmeras UtilizadasFotografias na exposio

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    3Identificao de Pontos Crticos e Opes

    3.1Pontos Crticos encontradosPontos Crticos (positivos e

    negativos)

    Solues (opes?)

    3.2 OpesOpes Possibilidades

    4Avaliao Interna ParticipativaQue Bom? Que Pena? Que Tal?

    Do Projeto OlharesDa Organizao

    5Avaliao ExternaExterna Organizao Externa Comunidade

    Pessoas

    Tecnologia

    Processos

    Organizao

    Estruturas

    Os educadores devem produzir dois dirios de campo para acompanhar o andamento dasatividades. Um dirio de campo descritivo, feito apos cada oficina, que sintetiza as atividadesdirias, e um dirio de campo analtico que aponta as impresses e opinies do educador sobrecada etapa do processo que analisa as imagens e os dilogos levantados sobre elas, produzido acada 5 Aulas Esses documentos sero anexados ao relatrio final de cada oficina. Alguns delespodem ser gravados em vdeos com depoimentos dos jovens, e anexadas fotos. Esses materiaisservem para uma anlise mais profundas dos contextos a serem discutidos com as organizaes

    com a finalidade de rever e repensar as polticas estratgicas de interveno social em cadacontexto.

    Exemplo de Dirio de Campo descritivo

    Cheguei na comunidade um pouco atrasado pela manh, tive ainda que organizar o material. Essematerial foi comprado o resto do material para ser levado para o projeto e cheguei por volta das duas(14hs) da tarde, e tinha marcado que o projeto ia ser dia 13:30 s 16:30 e s vezes poderia ser estendermais um pouco, pela disponibilidade dos jovens. Poucas eram as meninas que estavam ali participando,e das que estavam participando acredito que quatro ou cinco eram bastante ativas na discusso.

    Fizemos a dinmica sobre a Torre de Babel. A dinmica no correu muito bem, os jovens noconseguiam no comunicar atravs da linguagem no-verbal. Eles tinham que falar, estavam sempre

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    falando atravs de linguagem verbal. Eles eram bastante violentos quando pediam um material, umacola, j que era disponibilizado um (1) elemento de cada material, para que eles construssem a Torre

    de Babel. Durou bastante tempo, durou meia hora, at por que eles no conseguiam definir entre eles

    qual era a melhor forma de construir a Torre de Babel.

    Exemplo de Dirio de Campo analtico

    Muitos adultos estavam bebendo e alguns jovens. Como j dissemos o lcool uma problemtica dacomunidade pois os tcnicos sociais dizem que os jovens cada vez mais comeam a beber mais cedo.No entanto, nenhum jovem da oficina estava bebendo ou elo menos interessado em estar sentado namesa de bar consumindo lcool. Um dos aspectos pode ser pelo facto deles estarem a fazer algo quepara eles estava bem mais interessante, diferente e divertido do que estar a beber. Outro pode ser que,ao contrrio de que os jovens bebem por ociosidade e falta do que fazer, eles bebem por influncia ereferncia das pessoas adultas da comunidade. Todas as mes e homens da comunidade estavamnaquele dia a beber uma cerveja enquanto s crianas brincavam ao seu p e os adolescentes

    fotografavam.

    Por ltimo imprescindvel coletar depoimentos dos jovens e familiares em vdeos para arquivoe avaliao, assim como podem ser utilizados como material de divulgao e captao derecursos futuros que possibilitem a continuidade do projeto. O formato d aos adolescentesenvolvidos a oportunidade de expressarem-se sobre o andamento do projeto e sobre o impactogerado em suas vidas. A filmagem pode ser feita com uma cmera fotogrfica simples,utilizando um computador para baixar as imagens. importante elaborar bem as perguntas que

    vo orientar os depoimentos. O ideal que essas perguntas sejam debatidas junto com o grupopara que todos entendam e concordem com essa ferramenta de monitoramento. Os educadorese podem rever esses vdeos para verificar os erros e acertos e para divulgar as aes e resultadosdo projeto Olhares em Foco.

    12-

    DICAS PARA GARANTIR UMA CONTINUIDADE

    Montar um grupo de estudos ou de multiplicadores, que se encontrem comregularidade, para conversar sobre o projeto e novas ideias;

    Organizar visitas a exposies e eventos; Marcar momentos para fazer anlises de fotos em conjunto; Garantir que todos os participantes tenham acesso aos equipamentos do projeto

    depois do final das oficinas; Incluir, no cronograma, um mdulo sobre continuao e multiplicao do

    projeto para que educadores e participantes pensem e planejem as atividades decontinuao;

    Incluir um mdulo sobre como ser um multiplicador do projeto;

    Realizar um treinamento sobre como formatar projetos e apoiar a elaborao denovas ideias que venham a surgir;

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    Realizar varais fotogrficos e debates em lugares diferentes para divulgar oprojeto, suas fotos e resultados;

    Continuar atualizando o blog ou a rede social do projeto; Explorar possibilidades de parcerias com outras entidades, grupos no-

    governamentais e governamentais e/ou indivduos;

    Pesquisar possibilidades para comercializar o trabalho para gerao de rendae/ou investimento em outras atividades: venda de fotos, trabalhos comoassistente de fotgrafos profissionais;

    Pesquisar fontes de financiamentoeditais, fundos e instituies; Criar uma rede de pessoas e grupos interessados no projeto profissionais e

    no profissionais. importante enviar informaes regulares a essas pessoassobre as atividades do projeto.

    13-

    PROJETOS QUE TRABALHAM COM FOTOGRAFIA

    Alfabetizao VisualSo Paulosp

    [email protected]

    Agncia EnsaioJoo [email protected]

    FotoativaBelmpa

    [email protected]

    [email protected]

    Lata MgicaPorto Alegrers

    [email protected]

    Observatrio de Favelas do Rio de Janeiro / Projeto Imagens do Povo

    Rio de Janeirorjwww.imagensdopovo.org.br/ip

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    [email protected]

    Oi Kabum!Recife-pe, Salvador - ba, Rio de Janeiro - rj

    www.oifuturo.org.br/oifuturo.htm#/educ_kabum.aspOi Kabum! Rio: [email protected] Kabum! Salvador: [email protected] Kabum! Recife: [email protected]

    Olhares do MorroRio de Janeiro - RJ

    [email protected]

    Imaginrio ColetivoBelo Horizonte - MGhttp://imaginariocoletivo.org/[email protected]

    PhotoVoiceLondresReino Unido

    [email protected]

    Ficha Tcnica

    Textos e conceo do projetoDaniel Meirinho

    FotografiasJorge Quinto

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    ANEXOS

    TERMO DE CESSO DE DIREITOS SOBRE IMAGEM E DIREITOS AUTORAIS

    Pelo presente instrumento, com base na Lei de Direitos Autorais de n 9.610, de 19 de fevereiro

    de 1998, o abaixo assinado e identificado concedeao projeto Olhares em Foco, os direitos de

    uso de todas as imagens realizadas pelo cedente das fotografias por ele produzidas para

    disseminao social e interventiva, tanto do ChildFund Brasil, como da Organizao

    ______________________________. O recebimento de qualquer quantia pelas imagens ser

    imediatamente repassada aos jovens, assim como toda publicao ter que ser referenciada aoautor no qual produziu a imagem fotogrfica.

    Desde j autorizo a livre utilizao do material, permitindo expressamente ao projeto sua

    edio, adaptao ou cesso terceiros. Declaro ainda que a autorizao do presente Termo

    concedida em carter irrevogvel e irretratvel, de forma que no poder ser pleiteada qualquer

    tipo de recompensa ou remunerao, a qualquer ttulo ou a qualquer tempo.

    Nome do jovem envolvido:____________________________________________________

    Data:___/___/_____

    _______________________________________________________________________

    Assinatura do jovem

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    DECLARAO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

    Este documento solicita o seu consentimento para participar do projeto Olhares emFoco, que intervm sobre a fotografia enquanto ferramenta de reflexo e interveno

    social com jovens moradores da comunidade ____________________. O propsitodesta ao apresentar o olhar e perceo dos jovens sobre suas realidades eexperincias de vida. Todo o processo participativo e os jovens envolvidos tero aoportunidade de decidir a forma pela qual os resultados sero utilizados.

    Este projeto pretende atender a um grupo de jovens (de 10 a 20) vinculados aorganizao _____________________, que desenvolve aes de desenvolvimentosocial e comunitrio na comunidade __________________________, na

    _________________. Em parceria com os jovens e os tcnicos da instituio,discutiremos temas relevantes as necessidades, os recursos e as problemticas queenvolvem a comunidade. Disponibilizaremos cmeras fotogrficas para que os

    participantes faam fotografias de suas vidas e como enxergam os seus mundos.Discusses sobre as imagens sero realizadas entre o grupo e os investigadores doprojeto em relao as fotografias e as suas escolhas.

    No haver risco fsico ou de segurana dos jovens participantes deste estudo, assimcomo no haver custos aos envolvidos. Com a finalidade confidencialidade de suasidentidades, os jovens tero a opo de escolher uma alcunha que ser utilizada comoreferncia aos seus nomes. Todos os encontros sero gravados em udio e,possivelmente, em vdeo. As permisses para que eles faam fotografias de outraspessoas sero solicitadas oralmente, por meio da apresentao do projeto e seusobjetivos.

    A participao dos jovens completamente voluntr ia e estes podem ret irar -se doprojeto a qualquer momento que decidirem. Podem ainda solicitar uma cpia destedocumento a qualquer altura.

    O educador(a) _____________________________ o responsvel por este projeto.Caso necessite de alguma dvida pode contactar com o educador(a) ou a organizao

    ________________________pelo telefone _________________ ou pelo email____________________________.

    Compreendi a informao que me foi dada e aceito participar de livre vontade deste projeto acima

    mencionado e autorizo de livre vontade a participao daquele que legalmente represento. Tambmautorizo a divulgao dos resultados obtidos como fotografias, vdeos e depoimentos

    Nome do jovem envolvido:________________________________________

    Data:___/___/_____

    _________________________________________ ______________________________Assinatura do jovem

    _________________________________________ ______________________________Assinatura do responsvel

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