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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MARCELO JOSÉ MONTEIRO FERREIRA PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL FORTALEZA 2016

Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MARCELO JOSÉ MONTEIRO FERREIRA

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS

MENTAIS COMUNS E VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS AGENTES DE

SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL

FORTALEZA

2016

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MARCELO JOSÉ MONTEIRO FERREIRA

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS

COMUNS E VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA

PENITENCIÁRIA NO BRASIL

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Saúde Coletiva do Departamento de Saúde

Comunitária, da Universidade Federal do

Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Doutor em Saúde

Coletiva. Área de concentração:

Epidemiologia das Doenças Transmissíveis.

Orientadora: Profa. Dra. Ligia Regina

Sansigolo Kerr

FORTALEZA

2016

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela força constante, revigorando o coração nos momentos mais difíceis.

Aos meus pais, verdadeiros professores da Vida, que me orientam no caminho do

bem.

Aos meus irmãos Ana Paula, Daniela e Sérgio, companheiros de jornada, sempre

juntos de coração mesmo nas distâncias físicas.

À Eugênia Marques, grande amor da minha vida, mais um capítulo concluído para

o nosso livro de aventuras. Muito obrigado por me ajudar a tornar esse momento possível.

Nunca esquecerei...

À minha filha Marina, obrigado por me ensinar um amor tão grande que não cabe

em mim. O seu sorriso todas as manhãs me motiva a buscar ser uma pessoa melhor.

Aos amigos Mário Martins e Débora Pinho, pela partilha de uma vida repleta de

utopias e alicerçada na igualdade de direitos e solidariedade entre os povos.

À Profa. Dra. Ligia Kerr, minha orientadora. Obrigado pela confiança depositada

e por me ensinar a “ler” a Epidemiologia. Levarei esses ensinamentos por toda a minha

história.

Ao Prof. Carl Kendall, obrigado pela partilha de conhecimentos, experiências e

pelos sorrisos e abraços sempre afetuosos.

Às professoras Rosa Salani e Linda Macena, minha gratidão pela oportunidade do

trabalho coletivo e pelos aprendizados adquiridos durante essa jornada.

Aos professores Kelen Gomes, Luciano Pamplona, Magda Moura, Henrique

Alencar, Alberto Novaes, Ricardo Pontes e Luciano Correia, muito mais do que colegas de

trabalho, tornaram-se companheiros de sonhos.

Aos colegas da 1ª turma do Doutorado em Saúde Coletiva, da Universidade

Federal do Ceará. Agradeço a cada um pelos bons momentos vividos juntos.

À Dominik e Zenaide, pelos sempre sinceros e afetuosos sorrisos e gentilezas.

Vocês tornam esse programa especial.

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“Tempo virá. Uma vacina preventiva de erros

e acertos se fará. As prisões se transformarão

em escolas e oficinas. E os homens,

imunizados contra o crime, cidadãos de um

novo mundo, contarão às crianças do futuro,

estórias absurdas de prisões, celas, altos muros

[...] contarão de um tempo superado” (CORA

CORALINA).

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RESUMO

A violência no ambiente de trabalho contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde

entre Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). O cotidiano de trabalho desses profissionais

é estressante, podendo trazer consequências graves para a sua integridade física e psicológica,

tais como ansiedade e estresse. Objetiva estimar a prevalência de transtornos mentais comuns,

violência no trabalho e seus fatores associados em Agentes de Segurança Penitenciária do

sexo feminino no Brasil. Trata-se de um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional,

recorte do projeto intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária

feminina e de servidoras prisionais”. A população consiste em ASP vinculadas formalmente

ao sistema penitenciário feminino brasileiro, atuando em contato direto com mulheres

privadas de liberdade e que aceitaram participar do estudo. A amostra foi estipulada em 40%

das ASP presentes no momento da coleta, sendo excluídas do cálculo as agentes em férias,

licença ou recém-ingressas. Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado.

Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de Confiança

foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou mostraram-se

como de confundimento. A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão

Logística. Foram verificados os fatores que aumentaram a probabilidade da ASP desenvolver

transtornos mentais comuns ou sofrer violência no ambiente de trabalho. As estimativas

pontuais e intervalares, bem como as análises de associação bivariada e multivariada foram

realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com a ponderação obtida pelo

inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por estágio de amostragem. Cerca

de 30,6% das entrevistadas obtiveram transtornos mentais comuns. O consumo de calmantes

que não necessitavam de receituário médico para aquisição foi relatado por pouco mais de

22% das entrevistadas. As ASP que obtiveram transtornos mentais comuns possuem mais

chances de sofrer violência no ambiente prisional (OR = 1,879 (95%IC: 1,069 - 3,305)). Com

relação ao número de violências sofridas no trabalho, 55% referiram ter sido vítimas de dois

ou mais episódios. Cerca de 68,4% (95%IC: 62,5 - 73,8) das ASP declararam ter

conhecimento de eventos envolvendo violência com colegas de trabalho na prisão. As ASP

que ingressaram na faixa etária de 25 a 35 anos possuem as maiores chances (OR = 4,06

(95%IC: 1,6 - 10,8)) de sofrer violência no trabalho. A chance de sofrer violência aumenta

para as mulheres que trabalharam em casas de privação provisória (OR = 1,80 (95%IC: 1,07 -

3,03) e penitenciárias (OR = 2,16 (95%IC: 1,28 - 3,63)). No Brasil, episódios de agressões e

ameaças no trabalho acometem grande parcela das ASP. O contato direto com a população

encarcerada e os altos níveis de estresse no trabalho contribuem para a conformação de um

ambiente violento. Evidenciaram-se contextos laborais com baixo suporte social entre as ASP.

Isso contribui para que o ambiente de trabalho torne-se ainda mais desgastante, inseguro e

perigoso. O setor Saúde, por seu turno, precisa ampliar o escopo de suas atuações junto as

ASP, tendo em vista a vulnerabilidade inerente às funções que desempenham nas unidades

prisionais.

Palavras-chave: Violência no Trabalho. Agressão. Transtornos Mentais. Estresse

Ocupacional. Saúde do Trabalhador.

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ABSTRACT

Violence in the workplace contributes to the development of health problems among

Correctional Officers (CO). The daily work of these professionals is stressful, and can have

serious consequences for their physical and psychological integrity, such as anxiety and

stress. It aims to estimate the prevalence of common mental disorders, violence at work and

its associated factors in Female Prison Security Agents in Brazil. It is a cross-sectional,

analytical study of national scope, a cut of the project entitled "National health survey on

female prison population and prison servants". The population consists of CO formally linked

to the Brazilian female penitentiary system, acting in direct contact with women deprived of

their freedom and who accepted to participate in the study. The sample was stipulated in 40%

of the CO present at the time of collection, excluding holiday, license or new entrants. Data

were collected through a self-administered questionnaire. The Pearson chi-square test was

performed. Odds Ratio and Confidence Intervals were estimated for factors that showed a

significant association or showed to be confounding. The multivariate analysis was performed

through the Logistic Regression model. Factors that increased the likelihood of CO

developing common mental disorders or experiencing violence in the work environment were

verified. Point and interval estimates, as well as bivariate and multivariate association analyzes were performed using the complex sampling module with the weighting obtained by

the inverse of the product of the probabilities of choosing the CO by sampling stage. About

30.6% of the interviewees had common mental disorders. The consumption of painkillers that

did not require medical prescription for acquisition was reported by slightly more than 22% of

those interviewed. CO that obtained common mental disorders were more likely to suffer

violence in the prison setting (OR = 1.879 (95% CI: 1.069 - 3.305)). With regard to the

number of violence suffered at work, 55% reported having been victims of two or more

episodes. About 68.4% (95% CI: 62.5-73.8) of the ASP reported having knowledge of events

involving violence with co-workers in prison. The CO that entered the age group of 25 to 35

years have the greatest odds (OR = 4.06 (95% CI: 1.6 - 10.8)) of suffering violence at work.

The chance of suffering violence increases for women working in temporary deprivation

homes (OR = 1.80 (95% CI: 1.07 - 3.03) and penitentiaries (OR = 2.16 (95% CI: 1, 28 - 3,63).

The direct contact with the incarcerated population and the high levels of stress at work

contribute to the formation of a violent environment. With low social support among CO,

which contributes to making the work environment even more exhausting, unsafe and

dangerous. The Health sector, in turn, needs to expand the scope of its activities with the CO.

In view of the vulnerability inherent in their functions in prisons.

Keywords: Workplace Violence. Aggression. Mental Disorders. Burnout. Occupational

Health.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Trabalhadoras do sistema prisional brasileiro por forma de contratação....... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Profissionais em atividade no sistema prisional brasileiro........................... 35

Tabela 02 - Censo das unidades prisionais femininas do Brasil...................................... 37

Tabela 03 - Censo das unidades prisionais femininas do Brasil por estados................... 37

Tabela 04 - Censo dos presídios por região, estado e faixa do numero de presas........... 38

Tabela 05 - População alvo para seleção da amostra composta por unidades

penitenciárias femininas do Brasil................................................................ 39

Tabela 06 - População penitenciária feminina brasileira que deveria compor a amostra 41

Tabela 07 - População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra............. 41

Tabela 08 - População penitenciária feminina brasileira compôs a amostra por estrato,

região, estado, capital ou interior.................................................................. 42

Tabela 09 - População penitenciária feminina brasileira compôs a amostra por estrato,

região, estado, município e estabelecimento penal....................................... 43

Tabela 10 - Presídios selecionados passa compor a amostra nacional da população

penitenciária feminina................................................................................... 44

Tabela 11 -

Amostra final da população penitenciária feminina brasileira pertencente

ao Inquérito Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário Feminino

Brasileiro.......................................................................................................

45

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS

COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA FEMININAS NO

BRASIL

Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral e de violência sofrida antes do ingresso no

sistema prisional das Agentes de Segurança Penitenciária........................... 60

Tabela 2 -

Perfil psicossocial e autorrelato ou conhecimento de violências sofridas

por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha

atualmente ou em outra que trabalhou..........................................................

65

Tabela 3 - Cuidados com a saúde e autorrelato de doenças crônicas não

transmissíveis................................................................................................ 67

Tabela 4 - Análise dos fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns em ASP. 70

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS à VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS

AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL

Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral, psicossocial e de violência sofrida antes

do ingresso no sistema prisional das Agentes de Segurança Penitenciária... 91

Tabela 2 - Violências sofridas por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade

Prisional que trabalha atualmente ou em outra unidade que trabalhou......... 96

Tabela 3 - Formas e pessoas suspeitas de praticarem violência na unidade prisional

em que a ASP trabalha.................................................................................. 96

Tabela 4 -

Análise de associação entre os fatores socioeconômicos, psicossociais, de

violência antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a

violência autorreferida pelas ASP no sistema prisional................................

100

Tabela 5- Análise multidimensional entre os fatores que apresentaram significância

para a predição de violência sofrida pelas ASP............................................ 107

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Trabalhadores do sistema prisional por vínculo empregatício e por

Unidade da Federação................................................................................... 33

Quadro 02 - Quantitativo de servidores responsáveis pela custódia de pessoas presas.... 34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACASI Audio Computer Assisted Self-Interviewing AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification Test CDC Disease Control and Prevention CEP Comitê de Ética em Pesquisa CID-10 Classificação Internacional das Doenças CNPCP Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária DAFW Days Away from Work DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis DEPEN Departamento Penitenciário Nacional DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos MPT Ministério Público do Trabalho OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial da Saúde OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PNAISP Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de

Liberdade no Sistema Prisional PNSSP Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora SAP Secretaria de Administração Penitenciária SAQ Self-Administered Questionnaries TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TMC Transtornos Mentais Comuns VISAT Vigilância em Saúde do Trabalhador

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 17

2

TRANSTORNOS PSÍQUICOS, ACIDENTES E VIOLÊNCIAS

SOFRIDAS NO AMBIENTE DE TRABALHO DAS AGENTES DE

SEGURANÇA PENITENCIÁRIA.....................................................................

20

3

O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO

TRABALHADOR E DA TRABALHADORA EM SITUAÇÕES DE

VULNERABILIDADE OCUPACIONAL.........................................................

29

4 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 31

4.1 Objetivos Específicos............................................................................................ 31

5 METODOLOGIA................................................................................................. 32

5.1 População do Estudo e Critérios de Inclusão e Exclusão.................................. 32

5.2 Amostragem.......................................................................................................... 36

5.3 Coleta de Dados.................................................................................................... 46

5.4 Instrumentos e Variáveis Coletadas................................................................... 48

5.5 Análise de Dados................................................................................................... 50

5.6 Treinamento da Equipe de Campo..................................................................... 51

5.7 Aspectos Éticos...................................................................................................... 51

6

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS

MENTAIS COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA

PENITENCIÁRIA FEMININAS NO BRASIL.................................................

53

7

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA NO

TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO

BRASIL.................................................................................................................

84

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 114

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 117

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO................................................................................................... 129

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP............................. 131

ANEXO B – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO......................................... 135

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APRESENTAÇÃO

A presente tese é produto de um trabalho realizado a muitas mãos, que buscou

desvelar um contexto psicossocial e sanitário muitas vezes velado, escondido por detrás de

grandes muros, grades e fardamentos. Trata-se de um estudo em que objetivou estimar a

prevalência de violências e transtornos mentais comuns, em sua relação com o trabalho, entre

agentes de segurança penitenciária do sexo feminino no Brasil.

Conforme demonstramos na primeira parte da “Introdução”, diversos são os

riscos ocupacionais presentes no cotidiano laboral dos agentes de segurança penitenciária.

Contudo, apesar da relevância do tema, a literatura ainda apresenta grandes lacunas no sentido

de evidenciar as relações entre as condições de trabalho e saúde desses profissionais. Estudos

tornam-se ainda mais escassos quando se tratam da população de agentes penitenciárias do

sexo feminino.

Características inerentes às atividades laborais dos agentes de segurança

contribuem para que esses profissionais tornem-se mais susceptíveis ao desenvolvimento de

problemas relacionados à saúde física e mental. Nesse contexto, o item “Transtornos

psíquicos, acidentes e violências sofridas no ambiente de trabalho das agentes de

segurança penitenciária” aborda as relações entre os fatores organizacionais do trabalho das

agentes com o desenvolvimento de morbidades psíquicas.

Lançamos luz ainda, à exposição crônica à violência existente no ambiente

prisional. Fatores como a superlotação das unidades carcerárias, o baixo efetivo de agentes

penitenciárias e o uso recorrente de agressões como forma de manter o disciplinamento e a

ordem no interior das prisões contribuem para tornar, tanto as agentes como as detentas, mais

vulneráveis às práticas violentas.

O estresse no ambiente de trabalho prisional é bem documentado na literatura

nacional e internacional. Estudos apontam para uma maior prevalência de transtornos mentais

comuns entre agentes de segurança, quando comparados a outras ocupações. Além dos

transtornos mentais, alterações de comportamento e uso de medicamentos calmantes também

são descritos na literatura.

No item “O papel das políticas públicas de saúde do trabalhador e da

trabalhadora em situações de vulnerabilidade ocupacional” buscamos chamar a atenção

do setor Saúde para a necessidade de se priorizar a categoria das agentes de segurança

Page 15: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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penitenciária. Em nosso estudo, identificamos importantes lacunas com relação a ações

direcionadas a essa categoria profissional. Mesmo nas políticas públicas direcionadas para a

população carcerária, percebe-se um hiato na proposição de ações resolutivas, capazes de

enxergar a complexidade e vulnerabilidade inerentes ao processo de trabalho das agentes de

segurança.

Na “Metodologia”, apresentamos em detalhes o delineamento do estudo,

buscando situar o leitor na complexidade que foi a realização de uma pesquisa com essa

população em âmbito nacional. Esse desafio foi ainda maior devido à ausência de

informações oficiais relacionadas às agentes de segurança penitenciária em diversos estados.

Esse contexto de desinformação demonstra a falta de prioridade conferida pelo Estado a essas

profissionais.

Na seção dos “Resultados” uma advertência faz-se necessária aos leitores. Na

elaboração da nossa tese, escolhemos apresentar os resultados já no formato de artigos

científicos. Esta foi uma das opções oferecidas pelo Colegiado do Programa de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Ceará.

Nesse sentido, dois artigos compõem a seção dos “Resultados”. O primeiro,

objetiva estimar a prevalência e fatores associados à violência no trabalho das Agentes de

Segurança Penitenciária no Brasil. Nesse manuscrito, identificamos uma alta prevalência de

agentes que já sofreram pelo menos um episódio de violência durante o trabalho no ambiente

prisional. Além disso, fatores como trabalhar em outros ambientes prisionais, baixa

escolaridade, baixa renda mensal e menor tempo de experiência profissional associaram-se a

um maior risco de sofrer violência na prisão.

O segundo manuscrito aborda a prevalência dos transtornos mentais comuns e

seus fatores associados ao trabalho nas ASP no Brasil. Cerca de 30,6% das entrevistadas

apresentaram transtornos mentais comuns. A quase totalidade das participantes relatou

considerar o seu trabalho de risco e estressante. Os elevados níveis de estresse no trabalho

contribuem para o surgimento de distúrbios comportamentais, de ansiedade distúrbios no

padrão do sono.

Sabemos que a presente tese apresenta limitações a serem sanadas. O contexto

prisional é extremamente complexo para ser esgotado em um único estudo. Os estudos sobre

Agentes de Segurança Prisionais são escassos e pouco difundidos no Brasil. Contudo,

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consideramos que contribuímos, ainda que minimamente, para ampliar os debates e visibilizar

os importantes problemas de saúde pública que acometem as agentes de segurança

penitenciária no Brasil.

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17

1 - INTRODUÇÃO

O estudo sobre o perfil de morbimortalidade das populações que se encontram

privadas de liberdade em unidades prisionais é tema de investigações na comunidade

científica internacional e nacional (BAGATIN; PEREIRA; AFIUNE, 2006; NOGUEIRA;

ABRAHAO; GALESI, 2011). Além disso, é objeto de políticas públicas de saúde no Brasil,

tendo sua maior expressão na Portaria 1777/2003 que instituiu o Plano Nacional de Saúde no

Sistema Penitenciário (BRASIL, 2003a). De acordo com a referida legislação, são

consideradas ações prioritárias, dentre outras:

III – A implementação de medidas de proteção específica, como vacinação contra

hepatites, influenza e tétano;

V – A implantação de ações para a prevenção dos agravos psicossociais decorrentes

do confinamento (BRASIL, 2003, p.2-3).

Tais medidas são de suma importância, sobretudo pelo fato de que as condições

de confinamento dificultam o acesso desses indivíduos aos serviços de saúde,

impossibilitando a efetivação da atenção integral à saúde. A esse contexto, somam-se a

precariedade das instalações prisionais, contribuindo em grande medida para ampliar o

potencial de contaminação por doenças infectocontagiosas, conforme demonstra o autor:

O cárcere é um local onde coabitam dezenas, centenas e milhares de pessoas, muitas

vezes desprovidas de assistência, sem nenhuma separação, em absurda ociosidade.

Normalmente, é um local úmido, infecto, onde inúmeras pessoas vivem

compartilhando de um mesmo espaço, em celas coletivas, por onde transitam

livremente ratos e baratas (LEAL, 2001, p.58).

A estrutura física dos presídios favorece a disseminação de patologias que

possuem estreita vinculação com ambientes insalubres. Locais pouco ventilados e que

albergam um grande quantitativo de pessoas compartilhando do mesmo espaço, aliadas às

precárias condições de higiene, falta de controle da qualidade dos alimentos fornecidos e uso

de drogas ilícitas configuram-se como fatores de risco à saúde desta população (BORGES,

2011).

Somam-se ainda, a superior carga de desordens mentais. Conforme demonstraram

Watson et al., (2004), 90% dos presos da Inglaterra apresentam algum problema de saúde

mental. Além disso, as “prisões são instituições causadoras de sofrimento, desconforto e

instabilidade pessoal, física, biológica e psicológica, para os diversos grupos de pessoas que lá

se encontram, vivem e trabalham” (LOURENÇO, 2010, p.47). Para Ramos e Esper (2007), a

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vida nas penitenciárias é uma das mais dramáticas fontes de distúrbios psíquicos que se tem

notícia, fazendo vítimas tanto os presos quanto os seus carcereiros.

Considerando o contexto exposto, o trabalho desenvolvido sob certas condições,

antes de significar fonte de realização, satisfação, vitalidade e bem estar, pode estar

intimamente ligado a diversos desequilíbrios que se manifestam das mais variadas formas na

saúde física e mental das pessoas (SELIGMANN-SILVA, 2013). Como exemplo, tomamos a

situação dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Esses profissionais, além de

submetidos a atividades que necessitam de um constante e permanente autocontrole

emocional, ainda estão sujeitos a situações que envolvem riscos para a sua vida ou própria

integridade física. A presença de “ambientes precarizados, perigosos e insalubres de algumas

unidades prisionais” (Lourenço, 2010, p.38), aumenta sua exposição a fatores de risco de

natureza física, química, biológica e de ordem psíquica.

Pesquisa realizada por Fernandes et al., (2002) investigou possíveis associações

entre condições de trabalho e saúde de 311 agentes de segurança penitenciária. Os autores

identificaram que estes profissionais estão frequentemente suscetíveis a situações geradoras

de estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, correndo o risco, inclusive, de

serem mortos. Levantamento epidemiológico realizado por Lourenço (2005) também

evidenciou situações semelhantes. Segundo o autor, os ASP, além de acometidos

psicologicamente, também são vítimas de agressões físicas, tornando-se incapazes de viver

uma existência digna e decente. Alguns, inclusive, foram mortos durante o exercício laboral

nas prisões ou fora delas.

Diante desse contexto, pode-se classificar a categoria de Agente de Segurança

Penitenciária como uma ocupação arriscada e estressante, onde o risco e a vulnerabilidade são

inerentes às características do seu trabalho no interior das unidades prisionais (TSCHIEDEL,

2012). Contudo, tanto a Saúde Coletiva de modo geral, como a Saúde do Trabalhador em

específico, pouco tem discutido sobre as implicações do trabalho no sistema prisional para a

saúde dessa população.

Desse modo, diferentemente de diversas pesquisas cujo enfoque analítico centra-

se na população privada de liberdade, “o Agente de Segurança Penitenciária não mereceu, até

os dias atuais, muita atenção nos estudos acadêmicos, não só no Brasil como em outros

países” (LOURENÇO, 2010, p.36). Vasconcelos (2000), após uma revisão bibliográfica,

também constatou lacunas importantes no conhecimento científico em torno das questões

Page 19: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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relacionadas à saúde dos ASP. Os estudos tornam-se ainda mais escassos quando abordam

especificamente profissionais do sexo feminino (TSCHIEDEL, 2012).

Diante do exposto e movido pela relevância e caráter inovador do objeto,

assumimos como tema de investigação, uma análise sobre as condições de trabalho e suas

repercussões para a saúde das Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Para tanto,

adotamos como matriz analítica, os aportes teórico-conceituais advindos do campo da Saúde

do Trabalhador compreendidos aqui como:

Um grau de coesão teórica e de práxis na formulação e implementação de políticas

públicas, nas ações de vigilância, na produção de conhecimentos, na visão teórica,

nas demandas da prática, nas propostas de transformação e de luta e no controle

social exercido por coletivos de trabalhadores organizados em busca de melhores

condições laborais e de saúde (MINAYO-GOMEZ, 2011, p.29).

Em consonância com tais pressupostos, nos desafiamos a superar alguns modelos

teóricos que restringem seu arcabouço explicativo a uma correlação de linearidade entre

agente, exposição e riscos, tais como a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional. Por

outro lado, nos propomos a contribuir com a ampliação do conhecimento acerca do processo

saúde-doença dessa categoria profissional em específico, em sua relação com o trabalho.

De acordo com essas premissas, nos conduzimos à luz dos princípios e diretrizes

do SUS, fundamentados na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora

(PNST). Nela, aponta para a necessidade de priorizar, “pessoas e grupos em situação de maior

vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades laborais de maior risco para a saúde”

(BRASIL, 2012, p.2).

Apresentamos a seguir a fundamentação teórica que alicerça esta tese, abordando

num primeiro momento as condições/relações de trabalho em sua interface com o perfil de

morbimortalidade das Agentes de Segurança Penitenciária. Em seguida, demonstramos como

o exercício laboral no interior das unidades prisionais é fator contributivo para uma maior

prevalência dos transtornos psíquicos e de violências no ambiente prisional.

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2 – TRANSTORNOS PSÍQUICOS, ACIDENTES E VIOLÊNCIAS SOFRIDAS NO

AMBIENTE DE TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA

As condições de trabalho são constituídas por elementos estruturais presentes nos

loci onde se desenvolvem os processos produtivos, caracterizados principalmente pela sua

infraestrutura física que viabilizam, em maior ou menor medida, o exercício laboral. Nesse

sentido, o ambiente de trabalho pode, frequentemente, apresentar características cuja natureza

venha a desencadear algum dano ou agravo à saúde dos trabalhadores. Referimo-nos aqui ao

conjunto das cargas de trabalho que podem estar presentes nas formas de “substâncias

químicas, agentes físicos, mecânicos, biológicos e inadequação ergonômica dos postos de

trabalho” (PORTO, 2000, p.8).

Nesse sentido, faz-se necessário o reconhecimento pormenorizado dos fatores de

riscos presentes nos ambientes laborais para fins de erradicação e/ou de controle, prevenindo

dessa forma, danos, lesões ou doenças não só ao indivíduo, como também ao coletivo de

trabalhadores que ali desempenham suas atividades. Quando esse diagnóstico não acontece,

ou é realizado de forma parcial, o estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um

determinado evento e sua condição de trabalho torna-se de difícil comprovação. Isso traz

importantes implicações éticas, técnicas e legais que repercutem diretamente, tanto no

provimento de benefícios previdenciários, como na definição de políticas públicas e de ações

de saúde para esse segmento da população.

Por outro lado, as relações de trabalho são constituídas por elementos

interacionais, mediados pelo conjunto dos componentes socioafetivos entre os profissionais.

Incluem-se aqui as características da organização do trabalho e das práticas de gerenciamento,

muitas vezes apresentadas como estruturas autoritárias que não valorizam a participação dos

trabalhadores, tarefas repetitivas e monótonas, ou ainda, a tensão e medo constante

(TSCHIEDEL, 2012).

Desse modo, ao lançarmos luz em direção a um modelo analítico que leve em

conta as dimensões acima, nos aproximamos um pouco mais da complexidade que permeia o

cotidiano laboral de diversas categorias profissionais de modo geral, e das Agentes de

Segurança Penitenciária em específico. É notório que a saúde dos trabalhadores é algo muito

mais abrangente, que se interrelaciona com elementos que estão para além do conjunto das

condições e relações presentes nos ambientes de trabalho. Ela é determinada também pela

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situação de moradia, alimentação, salário e lazer, por exemplo. Contudo, não podemos

desconsiderar que “o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores caracteriza-se pela

coexistência de agravos que têm relação direta com condições de trabalho específicas, como

os acidentes de trabalho e as doenças profissionais” (BRASIL, 2001, p.20).

Para Santos (2010), o trabalho desempenhado pelas ASP envolve um conjunto de

atividades bem peculiares a sua função, que compreende desde serviços de vigilância,

custódia e disciplina dos encarcerados, tais como:

Cuidar da disciplina e segurança dos presos; fazer rondas periódicas; fiscalizar o

trabalho e o comportamento da população carcerária; observar os regulamentos e as

normas institucionais; providenciar assistência aos presos; informar às autoridades

competentes sobre as ocorrências surgidas durante o seu período de trabalho;

verificar as condições de limpeza e higiene das celas e instalações sanitárias de uso

dos presos; deslocar o encarcerado da cela até os locais de atendimento como

enfermarias e salas das equipes técnicas (psicólogos e assistentes sociais)

(SANTOS, 2010, p.58).

O processo de trabalho dos ASP geralmente é desenvolvido em sistemas de

turnos. Além disso, faz-se necessário observar também a existência (ou não) de pausas

durante o trabalho, as distâncias a serem percorridas para a realização das atividades, as

relações de poder e os sistemas hierárquicos instituídos, bem como as formas de

relacionamentos profissionais entre as trabalhadoras e delas com a chefia.

Outros aspectos importantes a serem considerados dizem respeito à excessiva

carga de atenção, limitada autonomia e baixo poder de decisão que permeia o processo de

trabalho das ASP. Sobre essas questões, pesquisa realizada por Lourenço (2010) demonstrou

que a rotina de trabalho dessas profissionais não proporciona possibilidades para o

desenvolvimento de alternativas às rígidas regras institucionais. Desse modo, seus afazeres

tornam-se previamente determinados e com pouca margem para mudanças ou adaptações,

cerceando o potencial criativo das trabalhadoras. Como consequência, tem-se um trabalho

alicerçado em regras pouco flexíveis, repetitivo e monótono.

Além disso, as agentes penitenciárias quase nunca participam dos processos

decisórios para a definição de procedimentos e/ou estabelecimento de normas e regras que

possam contribuir para um melhor funcionamento das unidades prisionais (LOURENÇO,

2010). Esses fatores convergem para a desmotivação, falta de reconhecimento das suas

Page 22: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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capacidades e habilidades pessoais, além do sentimento de impotência das trabalhadoras

frente às tarefas exigidas.

Estudos demonstraram ainda que a atual conjuntura jurídica do Brasil favorece a

conformação de um cenário em que, na maioria das vezes, as ASP são impossibilitadas de

desempenhar suas atividades laborais com tranquilidade e segurança. A superlotação das

unidades prisionais, o número reduzido de agentes penitenciárias, a falta de treinamento

adequado e a escassez de equipamentos de segurança contribuem para a manutenção das

condições precárias de trabalho. Como corolário, observa-se uma crescente sobreposição de

tarefas, que implicam em acúmulo de funções e sobrecarga de trabalho (VASCONCELOS,

2000; SANTOS, 2010).

Ainda na dimensão dos aspectos relacionados à organização do trabalho das ASP,

outros elementos merecem destaque para uma melhor compreensão do processo de

precarização, tais como:

Composição do salário mensal por proporção significativa de gratificações, restrição

no pagamento dessas gratificações em caso de acidentes do trabalho e doença

profissional, insuficiência e irregularidade no pagamento do auxílio transporte,

cerceamento de informações sobre o acesso aos planos de ascensão profissional,

dentre outras (SANTOS, 2010, p. 18).

A categoria das ASP convive ainda com distintas formas de vinculação no

mercado de trabalho, coabitando por vezes em uma mesma unidade penitenciária,

funcionárias terceirizadas, celetistas, com contrato temporário e estatutárias. Estudo realizado

em Minas Gerais demonstrou que 72% do grupo pesquisado tinham contratos temporários e

apenas 28% eram pertencentes ao regime estatutário. Importante salientar que essa situação é

comum a outros estados brasileiros (LOURENÇO, 2010).

As incertezas inerentes à forma de contratação temporária e/ou terceirizada são

responsáveis por potencializar um grande número de queixas relacionadas ao trabalho. A

trabalhadora, além de ter um vínculo empregatício instável, também é prejudicada pela falta

de acesso a uma série de direitos institucionais como progressões funcionais e ascensão a

cargos de chefia. Além disso, estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística

e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)1 evidenciou que apesar de desempenharem as mesmas

funções, os trabalhadores terceirizados recebem em média 27% a menos do que os

1 Estudo disponível em: <http://www.dieese.org.br/. Acesso em 06 de Outubro de 2015>

.

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contratados diretos e ainda tem uma jornada de trabalho semanal 7% superior. Ainda, para o

Ministério Público do Trabalho (MPT), cerca de 50% dos acidentes de trabalho e das doenças

ocupacionais são sofridos por trabalhadores terceirizados2.

Diante do exposto, percebe-se que o trabalho das agentes de segurança

penitenciária pode ser caracterizado como uma atividade permeada por importantes cargas

psicoemocionais. Esses elementos contribuem para a existência dos riscos psicossociais

responsáveis por gerar tensão, fadiga, estresse e esgotamento profissional que são elementos

determinantes para o surgimento de doenças e transtornos mentais (TSCHIEDEL, 2012).

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os riscos

psicossociais no trabalho consistem em aspectos interacionais relacionados ao conteúdo,

organização e gestão do trabalho, além das condições ambientais e organizacionais que

influenciam de forma negativa na saúde dos trabalhadores (INTERNATIONAL LABOUR

OFFICE, 1981). Suas características englobam:

Sobrecarga (excesso de tarefas, pressão de tempo e repetitividade); subcarga

(monotonia, baixa demanda, falta de criatividade); falta de controle sobre o trabalho

(baixo poder de decisão sobre o que e como fazer); distanciamento entre grupos;

isolamento social no ambiente de trabalho; conflitos de papéis, conflitos

interpessoais; falta de apoio social; tipo de personalidade, estilos de coping

(enfrentamento do estresse), atitudes com relação à própria saúde, distúrbios

psicológicos, dentre outros (TSCHIEDEL, 2012, p.13).

Merece destaque ainda a diversidade de situações ansiogênicas a que essas

profissionais estão suscetíveis. Estudo demonstra que as ASP estão expostas, durante a sua

jornada de trabalho, a diversas experiências que se relacionam a um sentimento de incerteza

quanto à eficiência da segurança das próprias unidades penitenciárias em que trabalham. A

possibilidade de rebeliões, fugas em massa e presença de armas entre as reclusas constituem-

se como fatores de sobrecarga que cronificam o desgaste físico e mental dessas profissionais

(MARTINS, 2009).

Nesse sentido, estudos apontam que o risco iminente de violência no interior das

unidades penitenciárias contribui para a produção de desequilíbrios e/ou transtornos mentais

relacionados ao trabalho. Para Lourenço (2010), é comum a prática de violência psicológica

perpetrada por pessoas privadas de liberdade contra os agentes penitenciários, tendo sua maior

2 Estudo disponível em <http://www.prt13.mpt.gov.br/2-uncategorised/139-terceirizados-sofrem-mais-acidentes-

no-trabalho. Acesso no dia 06 de Outubro de 2015>.

Page 24: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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expressão nas ameaças de morte. Os dados revelaram que 49,5% da sua amostra já sofreram

esse tipo de vitimização, não fazendo distinção entre profissionais experientes ou recém-

ingressos no sistema penitenciário (LOURENÇO, 2010).

Outro fator relacionado às sobrecargas emocionais sofridas pelas ASP refere-se à

impossibilidade da livre expressão emocional. Geralmente, as agentes que deixam seus

sentimentos transparecerem durante o trabalho frequentemente são taxadas pelas colegas e

detentas como pessoas fracas e despreparadas emocionalmente. Dessa forma, é comum o uso

da expressão de que “quando se veste o uniforme, se tira o coração” (LOURENÇO, 2010,

p.20).

Todos esses aspectos corroboram para a disseminação e amplificação de situações

promotoras de estresse relacionado ao trabalho, definido por alguns autores como “um

distúrbio fisiológico, psicológico ou do funcionamento social do indivíduo em resposta as

condições presentes no ambiente laboral que constituem ou representam uma ameaça

percebida ao seu bem estar ou a sua segurança” (LANCEFIELD; LENNINGS; THOMSON,

1997, p.206). Essa perspectiva, apesar de considerar uma dimensão interacional entre o

indivíduo e o ambiente de trabalho, não evidencia os fatores relacionados à organização do

trabalho, responsáveis também por promover sofrimento e distúrbios psíquicos.

Por outro lado, numa abordagem mais ampliada, o estresse relacionado ao

trabalho pode ser caracterizado como um problema negativo, resultante da impossibilidade do

trabalhador em lidar com os diferentes fatores estressores presentes no ambiente laboral, que

podem ser classificados em:

Fatores intrínsecos para o trabalho (condições inadequadas de trabalho, turno de

trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, riscos [...] e

quantidade de trabalho); papéis estressores (papel ambíguo, papel conflituoso, alto

grau de responsabilidade para com pessoas); relações no trabalho (relações difíceis

com chefe, colegas subordinados, clientes sendo diretamente ou indiretamente

associados); estressores na carreira (falta de desenvolvimento na carreira,

insegurança no trabalho); estrutura organizacional (estilos de gerenciamento, falta de

participação, pobre comunicação); interface trabalho-casa (dificuldade no manejo

dessa interface) (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001, p. 18).

Importante salientar que os elementos acima elencados estão presentes também no

cotidiano de trabalho das agentes de segurança penitenciária. Nesse sentido, pesquisa

demonstra que sentimentos como tensão, ansiedade, frustração, exaustão emocional e angústia

Page 25: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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constantemente promovem situações de sofrimento e instabilidade emocional entre esse grupo

populacional (LANCEFIELD; LENNINGS; THOMSON, 1997).

Nesse sentido, pesquisa realizada com 241 ASP demonstrou que 68% dos

profissionais entrevistados classificaram seu trabalho como moderadamente ou muito

estressantes (LINDQUIST; WHITEHEAD, 1986). Dentre os fatores contributivos, Armstrong

et al., (2004) demonstraram que a falta de clareza sobre as suas reais atribuições para a

execução das tarefas cotidianas contribuem para fomentar o estresse no ambiente de trabalho.

Outros estudos identificaram ainda que o estresse ocupacional pode desencadear

alterações do comportamento. Pesquisa realizada com 311 ASP de oito unidades

penitenciárias da região metropolitana de Salvador demonstrou que 68,5% dos entrevistados

referiram fazer uso de bebidas alcoólicas. Houve ainda suspeita de alcoolismo em 15,6% da

amostra (FERNANDES et al., 2002).

O número de morbidades autorreferidas foi bastante expressivo, sendo relatadas

por 91,6% dos agentes de segurança penitenciária. Desses, 53,1% apresentaram até cinco

queixas e 38,5% mais de cinco. Isso representa um elevado percentual de morbidade referida,

tendo uma possível correlação com as condições de trabalho (FERNANDES et al., 2002).

Cabe salientar ainda que o estresse relacionado ao trabalho pode não ser

assimilado da mesma maneira entre profissionais do sexo masculino e feminino. É possível

que as mulheres estejam mais vulneráveis às tensões do trabalho em unidades penitenciárias.

Dentre os fatores explicativos, destaca-se a recorrência de situações envolvendo a

manifestação de hostilidade por parte dos colegas de trabalho e detentas, criando situações

responsáveis por desacreditar o profissionalismo das agentes (ARMSTRONG; GRIFFIN,

2004).

Atitudes estressantes representaram um aumento na ocorrência de assédio moral

e/ou tratamento inadequado junto às ASP (ARMSTRONG; GRIFFIN, 2004). Outro aspecto

analisado diz respeito à necessidade constante das agentes de segurança penitenciária em

desenvolverem estratégias para manter sua autoridade no ambiente de trabalho, repercutindo

num comportamento altamente desgastante para elas (FERNANDES, 2002).

Em adição aos fatores organizacionais, pesquisadores vêm se debruçando também

sobre a importância de se considerar as implicações do estresse relacionado ao trabalho no

ambiente familiar. Estudo realizado por Lourenço (2010) demonstrou que o medo é o

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sentimento que mais aflige as ASP fora dos muros das prisões. De acordo com o autor, cerca

de 70,4% da sua amostra relataram que já apresentaram dificuldades para dormir por passar a

noite pensando em episódios de violência. Ainda, por questões de segurança, muitos agentes

afirmaram que sempre optavam por pegar rotas alternativas nos trechos de deslocamento entre

o trabalho-residência-trabalho (LOURENÇO, 2010).

Entre tantas dificuldades inerentes ao exercício laboral, o autor acresce:

O afrontamento de situações com grandes tensões diárias, o estilo de mando

inadequado, o clima laboral, a insegurança derivada do próprio trabalho, os conflitos

na motivação ocupacional e a escassez de meios humanos e materiais são as razões

pelas quais estes funcionários estão enquadrados no grupo de risco do burnout

(LOURENÇO, 2010, p.214).

O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um tipo de resposta

prolongada a fatores estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Não deve,

portanto, ser confundido ou utilizado como sinônimo de estresse ocupacional (SELIGMANN-

SILVA, 2013).

Alguns autores caracterizam o burnout como uma composição de sentimentos de

fracasso, acompanhado de exaustão, causados por excessivos desgastes de origem

ocupacional (HAHN; CARLOTTO, 2008). De acordo com Maslach e Jackson (1981), o

burnout pode ser conceituado como a conjunção de três sentimentos bem característicos,

ambos apresentando relação direta com aspectos organizacionais do trabalho: compreende a

exaustão emocional, a despersonalização e o reduzido senso de realização profissional. A

exaustão emocional refere-se a um sentimento de esgotamento pessoal e profissional, aliados

à fadiga e sobrecarga de trabalho. A despersonalização está relacionada com o

comportamento de tratar os colegas de trabalho de maneira insensível e com indiferença. Já o

reduzido senso de realização profissional refere-se ao sentimento de não ser competente e

bem sucedido o suficiente no trabalho (MASLACH; JACKSON, 1981).

Para Seligmann-Silva (2013), também estão presentes na síndrome de burnout o

desenvolvimento de auto imagens negativas, aliadas a perda de interesse e atitudes

desfavoráveis, além de episódios de frustrações no trabalho. Dentre as sintomatologias,

destaca-se o desgaste profissional mediado por fatores interacionais relacionados à

psicodinâmica do trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e

emocionais (BRASIL, 2001).

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27

No quadro clínico, também podem ser identificados sintomas como:

História de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função ou profissão que

muitas vezes ganha o caráter de missão;

Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional)

Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que

deveria receber os serviços ou cuidados;

Queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho

(BRASIL, 2001, p.192).

Para Finney et al. (2013), a estrutura organizacional e as relações hierárquicas

presentes nas unidades prisionais contribuem para o surgimento de sintomatologias

semelhantes as descritas anteriormente. Situações como diminuição das relações sociais e

aumento dos conflitos familiares também estão associados ao exercício laboral. Ainda de

acordo com as autoras, 37% dos ASP apresentam experiências de burnout no trabalho. Este

número é cerca de 19 a 30% maior quando comparado às categorias profissionais de modo

geral.

Além disso, pesquisas demonstraram que quanto maior o contato com os presos,

mais elevado foi o nível de burnout entre os agentes de segurança penitenciários. Esses

achados sugerem uma correlação positiva entre postos de trabalho e níveis de burnout entre

agentes de segurança penitenciaria (LINDQUIST et al., 1986).

Situações envolvendo riscos de lesões fatais e não fatais decorrentes do trabalho

são comuns no cotidiano dos ASP. De acordo com o Bureu of Labor Statistics, em 2009 os

APS tiveram os mais altos índices de Days Away from Work (DAFW) por lesões não fatais

(445,6 por 10.000) quando comparados a todas as outras ocupações (117,2 por 10.000)

(BUREAU OF LABOR STATISTICS, 2011).

Pesquisa realizada por Konda et al., (2012) evidenciou que no período de 1999 a

2008, ocorreram 113 acidentes com morte entre agentes penitenciários nos Estados Unidos.

Dentre esses, a maioria (62%) dos homicídios foram cometidos nos próprios locais de

trabalho. Quando estratificados por gênero, 11% das fatalidades ocorreram entre agentes do

sexto feminino.

Chamam a atenção ainda os elevados índices de suicídio, representando um terço

dos eventos violentos. Destes, 38% foram praticados por ferimentos à bala (KONDA;

REICHARD; TIESMAN, 2012). Esses dados são corroborados por estudos que

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demonstraram que os agentes de segurança penitenciária de New Jersey tinham taxas duas

vezes maiores de suicídio (34.8 por 100.000) quando comparados aos próprios oficiais de

polícia (15.1 por 100.00) e população geral (14 por 100.000) (NEW JERSEY, 2009).

Outro estudo realizado por Tiesman et al., (2010) aponta que os suicídios

ocorridos nos locais de trabalho respondem por 29% de todas as mortes intencionais dos ASP,

em comparação a apenas 9% de todas as demais categorias. De acordo com os autores, cerca

de 56% dos eventos ocorreram em pessoas com idade entre 24 e 44 anos.

Com relação às lesões não fatais em APS, foram registradas 125.200 ocorrências

tratadas nos departamentos de emergência durante o período de 1999 a 2008 nos Estados

Unidos. Destas, cerca de um terço acometeram as extremidades superiores. Esse quantitativo

amplia-se para 63% quando agrupamos as lesões que afetaram mãos e dedos. Os tratamentos

mais dispensados foram em relação a entorses e distensões (30%), seguido de contusões e

escoriações (28%) (KONDA et al., 2012).

Resultados de pesquisa publicada no National Institute for Occupational Safety

and Health em 2013 demonstrou que somente no ano de 2011 foram registrados 544 lesões

ou doenças relacionadas ao trabalho por 10.000 ASP graves o suficiente para perderem pelo

menos um dia de trabalho. Esses dados são quatro vezes maiores do que os encontrados para

as demais categorias profissionais (117 casos por 10.000 trabalhadores) que perderam um dia

de trabalho. Também em 2011, registrou a ocorrência de 254 acidentes de trabalho por 10.000

ASP decorrentes de agressões ou atos violentos praticados por detentos. Esse número é

consideravelmente mais elevado quando comparado ao restante da população trabalhadora,

com apenas sete episódios relatados no ano (KONDA; TIESMAN; REICHARD; HARTLEY,

2013).

Ainda segundo os autores, a maioria dos eventos não fatais (73%) ocorreu em

agentes de segurança prisionais do sexo masculino. Cerca de 37% das agressões não fatais e

lesões por ato violento aconteceram no momento de imobilizar um detento ou interagindo

com um preso durante uma briga. Mais da metade dos agentes acometidos (54%) tinham 35

anos ou mais (KONDA; TIESMAN; REICHARD; HARTLEY, 2013).

No contexto nacional, ainda carecemos de bancos de dados e sistemas de

informação que nos permitam uma comparação mais precisa desses eventos entre a população

das ASP. Contudo, achados de Lourenço (2010) demonstraram que, de abril a junho de 2000,

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a incidência de atendimentos a servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP)

foi de 1,95, quando comparados a 0,06 referentes a servidores de toda a Universidade de São

Paulo.

A compreensão conjuntural de todos esses elementos que constituem o processo

de trabalho das ASP é fundamental para uma correta determinação dos riscos ocupacionais de

agressões ou de natureza psicossocial em sua relação com a saúde mental dessa população.

Nesse sentido, a contínua exposição dessas trabalhadoras ao conjunto de situações acima

elencadas favorece o surgimento de desequilíbrios e/ou transtornos mentais e

comportamentais relacionados ao trabalho. Qualquer comprometimento em um desses

componentes pode representar uma desestruturação no processo fisiológico ou psicoafetivo

dessas trabalhadoras.

3 – O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA

TRABALHADORA EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE OCUPACIONAL

A PNST aponta para a necessidade de priorizar pessoas e grupos em situação de

maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades laborais expostos a situações

que configurem maior risco para sua saúde (BRASIL, 2012). Nesse sentido, o

reconhecimento dos riscos presentes nos ambientes de trabalho é de fundamental importância

para a elaboração de medidas de controle, prevenção de doenças e promoção da saúde, bem

como para o estabelecimento de políticas públicas sensíveis a atividades profissionais

particulares, como é o caso das ASP.

Para tanto, faz-se necessário um maior comprometimento por parte do setor saúde

na implementação de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), tendo em vista

sua característica de atuar junto a “situações em que condições de trabalho afetam a saúde de

forma negativa, provocando acidentes ou desencadeando processos de adoecimento”

(MACHADO, 2011, p.72). A VISAT tem por objetivo, a análise permanente da situação de

saúde na perspectiva do controle dos determinantes, riscos e danos, buscando garantir a

integralidade da atenção por meio de ações de redução da morbimortalidade combinadas às de

promoção da saúde.

Nesse contexto, as atividades da VISAT buscam estabelecer uma reorganização

em todo o processo de trabalho, podendo com isso, eliminar ou minimizar o risco de acidentes

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e de adoecimentos relacionados ao trabalho. Desse modo, partimos da premissa de que a

VISAT é composta pelo tripé informação-decisão-ação (TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS,

1998). Assim, a realização de atividades como a identificação das necessidades, demandas e

problemas dos trabalhadores, realização da análise da situação de saúde, além da adoção de

medidas de intervenção nos processos e ambientes de trabalho são essenciais para uma efetiva

VISAT.

Esse exercício torna-se fundamental, sobretudo em atividades ocupacionais onde

ainda persistem lacunas importantes, seja em relação ao perfil de morbimortalidade da

população trabalhadora específica, seja sobre o reconhecimento dos riscos presentes no

ambiente de trabalho. Dessa forma, enxergamos neste trabalho a possibilidade de aliar as

contribuições oriundas do campo da Epidemiologia como instrumento de orientação para a

tomada de decisões que impactem positivamente nas condições de trabalho e saúde das

agentes de segurança penitenciária no Brasil.

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31

4 – OBJETIVO GERAL

Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns, violência no trabalho e seus fatores

associados em Agentes de Segurança Penitenciária do sexo feminino no Brasil.

4.1 – Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil sociodemográfico e psicossocial das agentes de segurança

penitenciária;

Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados ao trabalho

em agentes de segurança penitenciária;

Estimar a prevalência de violência sofrida pelas agentes de segurança antes do

ingresso no sistema prisional;

Estimar a prevalência de violência no trabalho e seus fatores associados nas agentes de

segurança penitenciária;

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5 – METODOLOGIA

Estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, recorte do projeto intitulado

“Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras

prisionais” financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), Ministério da Saúde através do Fundo Nacional de Saúde e dst/aids e hepatites virais

desenvolvido em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia (Região

Norte), Ceará (Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste), São

Paulo e Minas Gerais (Região Sudeste), Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul) entre

janeiro de 2014 a dezembro de 2015. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Ceará/ Propesq sob o protocolo 188.211.

5.1 - População do Estudo e Critérios de Inclusão e Exclusão

De acordo com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014), o sistema penitenciário brasileiro atualmente conta com

cerca de 67.176 profissionais. O Quadro 1, abaixo, demonstra a distribuição dos trabalhadores

por vínculo empregatício nas Unidades da Federação, considerando as seguintes formas de

inserção:

a) Efetivo: ocupante de cargo público, mediante concurso público, seja

estável ou não no serviço;

b) Comissionado: ocupante de cargo de confiança, de livre nomeação e

exoneração.

c) Terceirizado: servidor contratado por regime celetista, por empresa

contratada pela Administração da Unidade Penitenciária;

d) Temporário: servidor contratado, sem concurso público, para atender as

necessidades temporárias de excepcional interesse público, nos termos

do Artigo 37, Inciso IX, da Constituição Federal3 (MINISTÉRIO DA

JUSTIÇA, 2014).

3 De acordo com o Artigo 37, Inciso IX, “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.

Page 33: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

33

UF EFETIVO COMISSIONADO TERCEIRIZADO TEMPORÁRIO TOTAL

No % No % No % No %

AC 1.115 98 3 0 15 1 13 1 1.133

AL 440 55 13 2 220 28 120 15 793

AM 430 30 104 7 908 63 5 0 1.447

AP 769 95 39 5 3 0 0 0 810

BA 2.410 62 189 5 1.027 26 449 12 3.904

CE 2.285 85 30 1 489 18 6 0 2.681

DF 1.859 99 4 0 21 1 0 0 1.876

ES 1.052 25 275 7 1.123 27 1.779 42 4.215

GO 794 35 182 8 55 2 1.241 55 2.269

MA 760 51 90 6 662 44 28 2 1.499

MG 4.807 29 296 2 934 6 10.904 65 16.768

MS 1.405 94 36 2 14 1 41 3 1.495

MT 2.678 98 19 1 14 1 46 2 2.746

PA 496 20 105 4 53 2 1.905 75 2.536

PB 1.754 87 119 6 14 1 127 6 2.013

PE 2.005 83 66 3 56 2 312 13 2.427

PI 766 87 63 7 20 2 36 4 883

PR 4.202 91 17 0 0 0 467 10 4.630

RJ 37 62 11 18 9 15 3 5 6.655

RN 1.031 96 13 1 12 1 20 2 1.076

RO 2.130 95 75 3 22 1 24 1 2.246

RR 286 98 5 2 1 0 1 0 293

RS 3.827 94 88 2 137 3 37 1 4.069

SC 2.295 65 66 2 1.240 35 183 5 3.530

SE 310 68 4 1 143 31 4 1 458

SP NI NI NI NI NI NI NI NI 34.478

TO 637 48 193 15 290 22 210 16 1.319

Total 40.580 60 2.105 3 7.482 11 17.961 27 67.176

Quadro 1: Trabalhadores do sistema prisional por vínculo empregatício e por Unidade da Federação

Fonte: INFOPEN, 2014.

Cabe salientar ainda que nesse total não estão contabilizados os números do

estado de São Paulo, tendo em vista a ausência de respostas ao levantamento. Ainda, o estado

do Rio de Janeiro informou incorretamente o número de trabalhadores, constando apenas 60

servidores. Contudo, foram recuperados dados do INFOPEN de Junho de 2013, onde

demonstra que existiam 34.478 servidores no sistema prisional paulista e 6.655 no fluminense

(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).

Considerando os oito estados que possuem o maior quantitativo de trabalhadores

no sistema prisional, temos a seguinte ordem: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,

Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia e Santa Catarina. Percebe-se, portanto, uma

maior concentração dos trabalhadores nas regiões Sul e Sudeste do país.

No que tange às formas de vinculação no sistema penitenciário, 60% dos

trabalhadores são efetivos, 27% temporários, 11% terceirizados e outros 3% comissionados.

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34

A maioria dos trabalhadores desempenham atividades de custódia4, representando um total de

68% dos recursos humanos alocados nas unidades prisionais (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2014).

Ainda sobre os tipos de vinculação, apesar de predominar nas unidades prisionais

da Federação a presença dos servidores efetivos (60%), no Brasil existem algumas exceções.

Nos estados do Amazonas e Espírito Santo os terceirizados assumem o primeiro lugar.

Com relação ao quantitativo de servidores responsáveis por atividades de custódia

da população privada de liberdade, no país há, em média, uma proporção de oito pessoas

presas para cada agente penitenciário (Quadro 2), variando de estado para estado. Importante

salientar que, de acordo com a Resolução No 09 de 2009 do Conselho Nacional de Política

Criminal e Penitenciária (CNPCP), a proporção máxima desejada é de um agente para cada

cinco presos.

Quadro 2: Quantitativo de servidores responsáveis pela custódia de pessoas presas

Fonte: INFOPEN, 2014.

4 De acordo com o Manual do Agente Penitenciário do Paraná, as atividades de custódia representam os atos de

guardar, proteger, manter em segurança e sob vigilância alguma pessoa que se apresenta presa, detida ou sob

cuidados especiais no âmbito do sistema prisional. Estudo disponível em:

<www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/manual_agente_pen.pdf> .

UF Agentes de Custódia Proporção de presos por agente

AC 897 3,9

AL 536 10,1

AM 760 9,7

AP 613 4,3

BA 2.070 5,7

CE 1.374 14,8

DF 1.200 11,1

ES 3.133 5,2

GO 1.515 8,7

MA 608 7,5

MG 13.430 4,2

MS 1.016 14,0

MT 2.250 4,6

PA 1.799 7,0

PB 1.208 7,9

PE 1.011 31,2

PI 471 6,8

PR 3.542 5,5

RJ NI NI

RN 744 9,5

RO 1.678 4,5

RR 235 6,8

RS 2.298 12,2

SC 2.326 7,7

SE 318 12,8

SP NI NI

TO 574 5,6

Total 45.619 8,0

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35

62

28

8 2

Conforme demonstrado, Pernambuco é o estado com o maior número de presos

por trabalhadores em atividade de custódia no Brasil (31,2 presos para cada funcionário),

seguido pelo Ceará (14,8) e Mato Grosso do Sul (14). Apenas 38% das unidades prisionais

apresentam uma proporção de até cinco presos para cada agente penitenciário. São eles: Acre

(3,9), Amapá (4,3), Minas Gerais (4,2), Mato Grosso (4,6) e Rondônia (4,5) (MINISTÉRIO

DA JUSTIÇA, 2014).

Para fins dessa pesquisa, a população deste estudo obedeceu aos seguintes

critérios de inclusão: ser composta por agentes de segurança penitenciária do sexo feminino

do Brasil, cuja vinculação seja de natureza efetiva, terceirizada ou temporária e com pelo

menos trinta dias de trabalho na função. De acordo com dados do INFOPEN (2014), o

sistema penitenciário brasileiro conta atualmente com 9.505 servidoras no sistema

penitenciário, conforme se observa na Tabela 1, abaixo:

EFETIVO COMISSIONADO TERCEIRIZADO TEMPORÁRIO TOTAL

Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.

21.672 5.879 502 176 2.788 821 11.152 2.629 36.114 9.505

Tabela 1: Profissionais em atividade no sistema prisional brasileiro

Fonte: INFOPEN, Junho de 2014. Organizado pelo autor.

Conforme demonstrado, 62% das agentes penitenciárias estão inseridas no sistema

prisional com vínculo efetivo. Chama a atenção ainda o percentual de 28% de profissionais

serem temporárias, 8% terceirizadas e apenas 2% comissionadas, conforme demonstra a

Figura 1.

Figura 1 – Trabalhadoras do sistema prisional brasileiro por forma de contratação

Fonte: INFOPEN, 2014. Organizado pelo autor.

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36

Os dados estratificados por sexo e tipo de vinculação para as agentes penitenciárias obedecem

a mesma distribuição dos encontrados no conjunto dos trabalhadores do sistema prisional do

Brasil.

Adotamos ainda como critérios de exclusão para esse estudo:

Unidades penitenciárias com menos de 75 internas, por possuírem estruturas

semelhantes às de delegacia;

Profissionais com menos de seis meses na atividade de agente de segurança

penitenciária;

Profissionais que, mesmo efetivadas como agentes penitenciárias, estejam assumindo

cargos comissionados no momento da pesquisa, tendo em vista ser outra a natureza e a

especificidade do trabalho;

Profissionais que estejam impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de

pesquisadores por qualquer motivo no momento da pesquisa.

5.2 – Amostragem

A amostragem foi realizada em múltiplos estágios. Inicialmente, foram

selecionados, intencionalmente, dois estados por região que tinham as maiores populações

carcerárias femininas. A seguir, estratificaram-se os presídios/estado de acordo com o número

de presidiárias, capital, região metropolitana e interior. Foram incluídos no plano amostral os

presídios com mais de 75 residentes, por possuírem obrigatoriedade de serviços de saúde.

Devido à inexistência de informações oficiais prévias do tamanho da população de ASP

feminina no país, a amostra foi estipulada em 40% da população presente no período de

coleta, sendo excluídas do cálculo as ASP em férias, licença ou recém-ingressas (menos de 30

dias). O plano amostral encontra-se em detalhes abaixo.

A amostragem foi realizada em múltiplos estágios:

1) Primeiramente realizou-se o censo das unidades prisionais que abrigam mulheres no

Brasil, por região, considerada de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e com base nos dados do Departamento Penitenciário Nacional

(DEPEN) de 2012, conforme demonstrado na Tabela 2 abaixo:

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37

Tabela 2 – Censo das unidades prisionais femininas do Brasil, 2012.

Região N. de presídios (%) Total de presidiárias (%) Média dp

Norte 33 12,7 2110 9,4 63,9 111,5

Nordeste 29 11,2 3803 16,9 131,1 217,1

Centro-oeste 15 5,8 2169 9,6 144,6 243,4

Sudeste 93 35,9 10957 48,7 117,8 294,3

Sul 89 34,4 3457 15,4 38,8 70,3

Total 259 100,0 22496 100,0 86,9 209,9

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

2) A escolha dos estados por região foi realizada através de uma amostragem não

probabilística, sendo selecionados os maiores em população penitenciária feminina

(Tabela 3):

Tabela 3 – Censo das unidades prisionais femininas do Brasil por estados, 2012.

Região/ Estado N. de presídios % Total de

presidiárias

% Média dp

Norte

AC 4 12,1 263 12,5 65,8 98,2

AM 9 27,3 290 13,7 32,2 42,2

AP 1 3,0 142 6,7 142,0 0,00

PA 6 18,2 749 35,5 124,8 238,3

RO 11 33,3 452 21,4 41,1 43,5

RR 1 3,0 158 7,5 158,0 0,00

TO 1 3,0 56 2,7 56,0 0,00

Total 33 100,0 2110 100,0 63,9 111,5

Nordeste

AL 2 6,9 137 3,6 68,5 50,2

BA 9 31,0 506 13,3 56,2 38,7

CE 1 3,4 633 16,6 633 -

MA 3 10,3 180 4,7 60,0 90,9

PB 5 17,2 366 9,6 73,2 83,0

PE 2 6,9 1403 36,9 70,5 460,3

PI 3 10,3 107 2,8 35,7 33,2

RN 3 10,3 277 7,3 92,3 96,7

SE 1 3,4 194 5,1 194 -

Total 29 100 3803 100,0 131,1 217,1

Centro-oeste

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38

DF 1 6,7 555 25,6 555,0 -

GO 5 33,3 228 10,5 45,6 46,3

MS 8 53,3 511 23,6 63,9 50,4

MT 1 6,7 875 40,3 875 -

Total 15 100,0 2169 100,0 144,6 243,4

Sudeste

ES 4 4,3 1436 13,1 359,0 177,6

MG 72 77,4 2418 22,1 33,6 49,0

RJ 5 5,4 1325 12,1 265 171,8

SP 12 12,9 5778 52,7 481,5 683,9

Total 93 100,0 10957 100,0 117,8 294,3

Sul

PR 2 2,2 533 15,4 266,5 178,9

RS 60 67,4 1740 50,3 29,0 65,4

SC 27 30,3 1184 34,2 43,9 39,3

Total 89 100,0 3457 100,0 38,8 70,3

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

3) Realizou-se estratificação dos presídios por estado e número de presas. Considerando que

os presídios com menos de 75 internas possuem estrutura semelhante a de delegacias, foi

definida como população alvo as agentes penitenciárias que trabalham em unidades

prisionais com, no mínimo, 75 residentes. Logo, para a amostra, realizou-se o censo dos

presídios por região, estado e faixa de presas (menos de 75 e 75 ou mais), conforme

demonstrado na Tabela 4:

Tabela 4 – Censo dos presídios por região, estado e faixa do numero de presas, 2012.

< 75 presidiárias 75 presidiárias

Região Estado N. de

presídios

% Total de

presas

% N. de

presídios

% Total de %

presas

Norte AC 3 12,5 51 11,0 1 11,1 212 12,9

AM 7 29,2 82 17,7 2 22,2 208 12,6

AP 0 0.0 0 0.0 1 11,1 142 8,6

PA 4 16,7 63 13,6 2 22,2 686 41,7

RO 9 37,5 212 45,7 2 22,2 240 14,6

RR 0 0.0 0 0.0 1 11,1 158 9,6

TO 1 4,2 56 12,1 0 0.0 0 0.0

24 100,0 464 100,0 9 100,0 1646 100,0

Nordeste AL 1 5,3 33 4,9 1 10.0 104 3,3

BH 7 36,8 292 43,4 2 20.0 214 6,8

CE 0 0.0 0 0.0 1 10,0 633 20,2

MA 2 10,5 15 2,2 1 10,0 165 5,3

PB 4 21,1 153 22,7 1 10,0 213 6,8

PE 0 0.0 0 0.0 2 20,0 1403 44,8

PI 3 15,8 107 15,9 0 0.0 0 0.0

Page 39: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

39

RN 2 10,5 73 10,8 1 10,0 204 6,5

SE 0 0.0 0 0.0 1 10,0 194 6,2

19 100,0 673 100,0 10 100,0 3130 100

Centro-

Oeste

DF 0 0.0 0 0.0 1 16,7 555 29,6

GO 4 44,4 114 38,5 1 16,7 114 6,1

MS 5 55,6 182 61,5 3 50,0 329 17,6

MT 0 0.0 0 0.0 1 16,7 875 46,7

9 100,0 296 100,0 6 100,0 1873 100,0

Sudeste ES 0 0.0 0 0.0 4 15,4 1436 14

MG 67 98,5 1538 98.6 5 19,2 880 8,6

RJ 1 1,5 22 1,4 4 15,4 1303 12,7

SP 0 0.0 0 0.0 12 12,9 5778 52,7

Total 68 100,0 1560 100,0 25 100,0 10291 100,0

Sul PR

RS

0

55

0.0

72,4

0

883

0.0

61,5

2

5

15,4

38,5

533

857

26,4

42,4

SC 21 27,6 553 38,5 6 46,2 631 31,2

Total

Região

76 100,0 1436 100,0 13 100,0 2021 100,0 100

Total

Brasil

196 75,4 4429 18,9 64 24,6 18961 81,1

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

4) Desse modo, a população alvo para a seleção da amostra do estudo está apresentada na

Tabela 5:

Tabela 5 – População alvo para seleção da amostra composta por unidades penitenciárias femininas do Brasil

Região (estrato) Estado N. presídios Total de presidiárias Média de presidiárias DP

Norte AC 1 212 212,0 -

(Estrato1) AM 2 208 104,0 26,9

AP 1 142 142,0 -

PA 2 686 343,0 374,8

RO 2 240 120,0 39,6

RR 1 158 158,0 -

Total Região 9 1646 182.9 164,9

Nordeste AL 1 104 104,0 -

(Estrato2) BA 2 214 107.0 45,3

CE 1 633 633,0 -

MA 1 165 165,0 -

PB 1 213 213,0 -

PE 2 1403 701,5 460,3

RN 1 204 204,0 -

SE 1 194 194,0 -

Total Região 10 3130 313,0 299,0

Centro-oeste DF 1 555 555,0 -

(Estrato3) GO 1 114 114,0 -

MS 3 329 109,7 49,7

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40

MT 1 875 875,0 -

Total Região 6 1873 312,2 329,5

Sudeste ES 4 1436 359,0 177,6

(Estrato4) MG 5 880 176,0 101,2

RJ 4 1303 325,8 121,5

SP 12 5778 481,5 683,9

Total Região 25 9397 375,88 486,1

Sul PR 2 533 266,5 178,9

(Estrato5) RS 5 857 171,4 179,5

SC 6 631 105,2 22,8

Total Região 13 2021 155,5 130,6

Brasil Total 64 18961 296,3 363,7

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

5) Para a população privada de liberdade que reside em unidades penitenciárias com 75 ou

mais pessoas, foi considerada a amostragem em múltiplos estágios definida por:

Estágio 1: Definição das regiões com os seus respectivos estratos

(total de 5) cujos elementos considerados para a amostragem são os

estados. Para cada região foram amostrados dois estados e sua

escolha foi realizada por meio de um processo amostral não

probabilístico, considerando as unidades penitenciárias com maior

população carcerária na região;

Por Unidade da Federação, foi considerada a estratificação definida

a partir da localização das unidades prisionais e quantitativo de

presidiárias residentes nos respectivos locais, obedecendo os

seguintes critérios:

i. A localização das unidades prisionais foi considerada,

respectivamente: capital, região metropolitana e interior;

ii. As faixas do quantitativo de detentas considerada foi de 75 a

150, 151 a 500 e >500;

Objetivando tornar mais homogêneo o número de unidades

prisionais em cada estrato, nos municípios do interior do estado de

São Paulo a estratificação dos presídios também considerou o

elemento distância (<190 km e 190 km) dos municípios e capital;

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41

Dessa forma, a Tabela 6 demonstra a população alvo e os estados da

amostra.

Tabela 6 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra

Região Estado N. presídios N. de presidiárias Média de presidiárias DP

Norte PA 2 686 343,0 374,8

RO 2 240 120,0 39,6

Nordeste CE 1 633 633,0 -

PE 2 1403 701,5 460,3

Centro-oeste DF 1 555 555,0 -

MT 1 875 875,0 -

Sudeste ES 4 1436 359,0 177,6

SP 12 5778 481,5 683,9

Sul RS 5 857 171,4 179,5

SC 6 631 105, 2 22,8

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

6. Por motivos operacionais que envolveram a falta de respostas a diversos contatos

feitos pelos pesquisadores, na região Sudeste o estado do Espírito Santo foi substituído

por Minas Gerais. Além disso, na região Sul, Santa Catarina foi substituída por

Paraná, conforme demonstra a Tabela 7.

Tabela 7 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra

Região Estado N. presídios Total de presidiárias Média de presidiárias dp

Norte PA 2 686 343,0 374,8

RO 2 240 120,0 39,6

Total região 4 926 231,5 252,8

Nordeste CE 1 633 633,0 -

PE 2 1403 701,5 460,3

Total região 3 2036 678,7 327,9

Centro-oeste DF 1 555 555,0 -

MT 1 875 875,0 -

Total região 2 1430 715,0 226,3

Sudeste MG 5 880 176,0 101,2

SP 12 5778 481,5 683,9

Total região 17 6658 391,6 587,1

Sul PR 2 533 266,5 178,9

RS 5 857 171,4 179,5

Total região 7 1390 198,6 170,2

Total 34 13334 392,2 467,7

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

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42

7. Nos estados que pertencem à amostra, foram definidos os estratos, o quantitativo de

unidades prisionais por estrato e os municípios da localização dos estabelecimentos

prisionais (Tabela 8).

8. O número de mulheres privadas de liberdade por estratos, região, estado, município e

unidade prisional estão apresentados na Tabela 9.

Tabela 8 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra por estrato, região, estado, capital ou

interior

Estrato Região Estado Região no estado N. de

residentes

N. de

presídios

Município

1

Município

2

Município

3

1 Norte PA Interior 75 a 150 1 Marabá - -

2 Norte PA Interior > 500 1 Ananindeua - -

3 Norte RO Capital/Região

metropolitana

75 a 150 2 Porto Velho Porto

Velho

-

4 Nordeste CE Capital/Região

metropolitana

> 500 1 Aquiraz - -

5 Nordeste PB Capital/Região

metropolitana

> 500 1 Recife - -

6 Nordeste PB Interior 150 a 500 1 Buíque - -

7 Centro

oeste

DF Capital/Região

metropolitana

> 500 1 Brasília - -

8 Centro

oeste

MT Capital/Região

metropolitana

> 500 1 Cuiabá - -

9 Sudeste MG Capital/Região

metropolitana

75 a 150 1 Belo

Horizonte

- -

10 Sudeste MG Capital/Região

metropolitana

150 a 500 1 Belo

Horizonte

- -

11 Sudeste MG Interior 75 a 150 2 Juiz de Fora Ribeirão

das Neves

-

12 Sudeste MG Interior 150 a 500 1 S. Joaquim

de Bicas

-

13 Sudeste SP Capital/Região

metropolitana

150 a 500 1 São Paulo - -

14 Sudeste SP Capital/Região

metropolitana

> 500 2 São Paulo São Paulo -

15 Sudeste SP Interior/distância

capital < 190 KM

75 a 150 1 S. José dos

Campos

16 Sudeste SP Interior/distância

capital < 190 KM

150 a 500 3 Itapetininga Piracicaba Tremembé

17 Sudeste SP Interior/distância

capital < 190 KM

> 500 1 Campinas - -

18 Sudeste SP Interior/distância

capital >= 190 KM

75 a 150 2 Araraquara Rio Claro -

19 Sudeste SP Interior/distância

capital >= 190 KM

150 a 500 2 Ribeirão

Preto

S. José do

R. Preto

-

20 Sul RS Capital/Região

metropolitana

75 a 150 1 Montenegro - -

21 Sul RS Capital/Região

metropolitana

150 a 500 1 Porto

Alegre

- -

22 Sul RS Interior 75 a 150 3 Caxias do

Sul

Rio

Grande

Torres

23 Sul PR Capital/Região

metropolitana

75 a 150 1 Curitiba - -

24 Sul PR Interior 150 a 500 1 Piraquara - -

Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.

Page 43: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

43

Tabela 9 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra por estrato, região, estado, município e estabelecimento penal

Região Estrato Estado Município Estabelecimento penal Nº de residentes

N 1 PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes 78

2 PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino 608

3 RO Porto Velho Penitenciária Feminina 148

3 RO Porto Velho Presídio Provisório Feminino de Porto Velho 92

NE 4 CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora Aurí Moura Costa 633

5 PB Recife Colônia Penal Feminina do Recife 1027

6 PB Buíque Colônia Penal Feminina de Buíque 376

CO 7 DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal 555

8 MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana Maria Do Couto May 875

SE 9 MG Belo Horizonte Centro de Remanejamento Centro-Sul 105

10 MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto 325

11 MG Juiz de Fora Penitenciária Professor Ariovaldo Campos Pires 87

11 MG Ribeirão das Neves Presido Feminino Jose Abranches Goncalves 128

12 MG São Joaquim de Bicas Presidio de São Joaquim de Bicas-II 235

13 SP São Paulo Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista 158

14 SP São Paulo Penitenciária Feminina de Santana 2463

14 SP São Paulo Penitenciária Feminina Dra Marina Cardoso de Oliveira do Butantã +Anexo 656

15 SP São José dos Campos Centro de Ressocialização Feminino de São José dos Campos 115

16 SP Itapetininga Centro de Ressocialização Feminino de Itapetininga 266

16 SP Piracicaba Centro de Ressocialização Feminino Carlos Sidnes Cantarelli 222

16 SP Tremembé Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier de Tremembé 174

17 SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas 1054

18 SP Araraquara Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara 94

18 SP Rio Claro Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro 108

19 SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto 258

19 SP São José do Rio Preto Centro de Ressocialização Feminino de São José do Rio Preto 210

S 20 RS Montenegro Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro 97

21 RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier 492

22 RS Torres Presídio Estadual Feminino de Torres 100

22 RS Caxias do Sul Penitenciária Indústrial de Caxias do Sul 75

22 RS Rio Grande Presídio Estadual de Rio Grande 93

23 PR Curitiba Centro Regime Semi-Aberto Feminino 140

24 PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná 393

Page 44: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

44

9. Para os estratos que possuem mais de uma unidade penitenciária, as mesmas foram

escolhidas de maneira aleatória. A amostra final foi composta pelos seguintes locais e

estabelecimentos prisionais (Tabela 10):

Fonte: Adaptado por Gama, 2015.

10. Para as unidades penitenciárias selecionadas, foi realizado o sorteio aleatório pela listagem

de escala das agentes no momento das entrevistas, buscando contemplar 40% do total das

trabalhadoras. O sorteio ocorreu somente no momento da chegada dos pesquisadores às

unidades prisionais para a realização das entrevistas.

Tabela 10 – Presídios selecionados para compor a amostra nacional da população penitenciária feminina

Unidade Estado Município Estabelecimento Penal

1 PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes

2 PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino

3 RO Porto Velho Penitenciária Feminina

4 CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora Aurí Moura Costa

5 PB Recife Colônia Penal Feminina do Recife

6 PB Buíque Colônia Penal Feminina de Buíque

7 DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal

8 MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana Maria Do Couto May

9 MG Belo Horizonte Centro de Remanejamento Centro-Sul

10 MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto

11 MG Ribeirão das Neves Presídio Feminino Jose Abranches Goncalves

12 MG São Joaquim de Bicas Presídio de São Joaquim de Bicas II

13 SP São Paulo Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista

14 SP São Paulo Penitenciária Feminina de Santana

15 SP São José dos Campos Centro de Ressocialização Feminino de São José dos Campos

16 SP Piracicaba Centro de Ressocialização Feminino Carlos Sidnes Cantarelli

17 SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas

18 SP Rio Claro Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro

19 SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto

20 RS Montenegro Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro

21 RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier

22 RS Caxias do Sul Penitenciária Industrial de Caxias do Sul

23 PR Curitiba Centro Regime Semiaberto Feminino

24 PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná

Page 45: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

45

Tabela 11 – Amostra final da população penitenciária feminina brasileira pertencente ao Inquérito Nacional de

Saúde do Sistema Penitenciário Feminino Brasileiro

UF Município Estabelecimento Penal

Pop.

Atual

Agentes

Amostra

Agentes

Coletadas

PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes 10 5

PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino 81 34

Total por estado 91 39

RO Porto Velho Penitenciária Feminina 51 21

Total por estado 51 21

CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora

Aurí Moura Costa

73 29

Total por estado 73 29

PE Recife Colônia Penal Feminina do Recife - -

PE Buíque Colônia Penal Feminina de Buique - -

Total por estado

MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana

Maria Do Couto May

52 21

Total por estado 52 21

DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal 93

Total por estado 93

MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino

Estevão Pinto

115 32

MG Ribeirão das Neves Presido Feminino José Abranches

Gonçalves

45 18

MG São Joaquim de Bicas Presídio de São Joaquim de Bicas II 72 30

Total por estado 232 80

SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas 66 20

SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto 67 22

Total por estado 133 44

RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier 26 12

RS Caxias do Sul Penitenciária Industrial de Caxias do Sul 9 4

Total por estado 35 16

PR Curitiba Centro Regime Semiaberto Feminino 4 4

PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná 47 25

Total por estado 51 29

TOTAL AMOSTRA 810 295

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46 A população total de ASP nas unidades no momento da coleta de dados foi de

810, sendo estimada uma amostra ideal de 324 pessoas. A amostragem foi procedida de

seleção através de gerador de números aleatórios da Intemodino Group, sendo a identificação

feita através de listagem nominal fornecida em cada unidade prisional. Foram sorteadas 324

ASP. O número de ASP por presídio variou de 4 a 33. Ocorreram 4,6 % de perdas na seleção

inicial (n=17), devido à escolta externa e acompanhamento a serviço de saúde. Ao final,

foram abordadas 371 ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa (n=76),

perfazendo uma amostra final de 295 mulheres. Foram incluídas ASP de todos os turnos e

equipes de trabalho.

5.3 – Coleta de Dados

A presente pesquisa adotou a tecnologia de Audio Computer Assisted Self-

Interviewing (ACASI). A opção pelo ACASI decorre de sua aplicabilidade em pesquisas que

envolvem sujeitos em situações de vulnerabilidade, além de ser indicado quando existe a

necessidade de abordar informações sensíveis, de cunho pessoal e comportamentos de risco

para a saúde. Estudos realizados utilizando o ACASI têm evidenciado a possibilidade desse

método em reduzir barreiras socioculturais e psicológicas no que se refere a questões

relacionadas a comportamentos socialmente indesejáveis (SIMÕES; BASTOS, 2004).

Além disso, pesquisas sugerem que sua utilização tende a render frequências mais

altas de respostas relacionadas a comportamentos sexuais quando comparadas a outros

métodos. Ao ser comparado com o Self-Administered Questionnaries (SAQ) em pesquisa

realizada com 1690 adolescentes do sexo masculino, os participantes que utilizaram o ACASI

relataram maiores práticas homossexuais e uso de drogas injetáveis em relação aos

participantes que utilizaram o SAQ (MORRISON-BEEDY; CAREY; TU, 2006).

Uma pesquisa de revisão sistemática realizada em bases de dados internacionais

abordou a eficiência da utilização do ACASI como ferramenta de coleta de dados para

pesquisas. Dentre as vantagens, destacou-se a padronização das entrevistas, onde todos os

participantes respondem as mesmas perguntas, eliminando parte dos vícios das entrevistas

tradicionais. Além disso, destacou-se também a maior privacidade conferida aos

entrevistados, livrando-os do contato frente a frente com entrevistadores para responder a

questões sobre comportamentos sexuais de risco (SIMÕES et al., 2004).

Page 47: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

47 Outro estudo apontou como potencialidade da utilização do ACASI a

possibilidade dos participantes entrarem diretamente com suas respostas no computador ou

tablet, evitando assim, possíveis erros de digitação. Um maior anonimato e descrição por

parte dos entrevistados também foi relatado como uma das vantagens dessa técnica de coleta

de dados, possibilitando respostas mais fidedignas, sobretudo a questões de natureza mais

pessoal ou sensível (ESTES et al., 2010).

Pesquisa realizada por Kim et al. (2008), comparou a utilização de três diferentes

métodos para coleta de dados: entrevistas face a face, questionário autoaplicado em papel e o

ACASI. Dentre os seus resultados, as respostas consideradas mais sensíveis foram reveladas

no ACASI quando comparados aos outros dois métodos.

Em pesquisa realizada com pacientes de uma clínica para tratamento de doenças

sexualmente transmissíveis constatou que, dentre os entrevistados, as mulheres eram mais

propensas a admitir certos comportamentos de risco com o ACASI em comparação a

entrevistas realizadas diretamente com entrevistadores. Isso porque elas consideraram ficar

mais à vontade e livres de pré-julgamentos, favorecendo uma maior fidedignidade nas

respostas (GHANEM; HUTTON; ZENILMAN; ZIMBA; ERBELDING, 2005).

Resultados semelhantes também podem ser observados no estudo realizado por

Estes et al., (2010). Seus achados corroboram que várias mulheres reconheceram o ACASI

como uma ferramenta capaz de garantir confidencialidade e ausência de julgamentos dos

entrevistadores.

O ACASI também demonstrou boa eficácia quando aplicado para avaliação dos

fatores de risco em doenças infectocontagiosas. Nesse sentido, estudo realizado por Riley

(2001) encontrou relatos mais frequentes de diferentes comportamentos de risco para a

transmissão de tuberculose entre os participantes entrevistados pelo ACASI do que em outros

métodos.

No âmbito desta pesquisa, os dados foram coletados em conjunto com equipes de

pesquisadores de cada um dos Estados, mediante a realização de oficinas temáticas buscando

dar uniformidade e consistência em relação ao uso dos instrumentos. Para o recrutamento das

ASP, procedemos com contato prévio junto à Direção da respectiva unidade prisional,

solicitando permissão para a realização do estudo. Em seguida, realizamos um sorteio entre as

agentes em serviço, explicando o intuito da pesquisa.

Page 48: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

48

5.4 – Instrumentos e Variáveis Coletadas

O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis

de suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões,

sendo as 4 primeiras relacionadas a sintomas físicos e outras 16 a sintomas psicoemocionais

(COELHO et al., 2009; SANTOS et al., 2011).

A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de

comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de

aspectos subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais,

especialmente em grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas

com a diminuição das funções laborais e sociais (COELHO et al., 2009; SANTOS et al.,

2011).

Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte

para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade.

Nesse estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP,

em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres (ALVES, 2009;

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002; TAVARES, 2010).

O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a

identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto

por 10 itens e avalia tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool,

além de sintomas de dependência (MARTINS et al., 2008). Dentre as potencialidades do

instrumento, destaca-se a facilidade e rapidez na aplicação, além da possibilidade de fornecer

orientações focadas no padrão de consumo do sujeito avaliado (MORETTI-PIRES;

CORRADI-WEBSTER, 2011).

A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas

categorias, de baixo risco e de risco ou alto risco. O consumo de baixo risco refere-se às ASP

que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram

escores acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento (MORETTI-PIRES; CORRADI-

WEBSTER, 2011).

As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa

pesquisa estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da

Page 49: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

49

Saúde e da legislação vigente no Brasil (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002;

BRASIL, 2006). As definições de violência física grave relacionam-se aos episódios

envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de enforcamento. As violências físicas

severas relacionam-se a episódios com objetos que causaram ferimentos ou lesões corporais,

tais como armas de fogo, agressões com facas ou instrumentos perfurocortantes. As agressões

ou violências sofridas antes do ingresso no sistema prisional obedeceram às mesmas

definições supracitadas.

A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades

prisionais em que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida

pela própria ASP) ou conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por

colega de trabalho). A violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi

autoreferida.

Aspectos socioeconômicos como idade (estratificadas em menos de 30, 31-35, 36-

40, 41-45, 46-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram investigados.

A raça/cor (parda, negra, branca e amarela) foi autoreferida, obedecendo aos critérios

estabelecidos no Brasil. A renda mensal foi mensurada em salários mínimos e contabilizada

em moeda local (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).

No componente trabalho, perguntou-se sobre a forma de ingresso no sistema

prisional (concurso público ou contrato), a idade de ingresso no presídio, tempo de trabalho

como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao

ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em

que a ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória,

penitenciária, colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as

definições do Ministério da Justiça do Brasil (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015).

O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos sem

a necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram Rohypnol®,

Valium® ou Dormonid®. Foram incluídas ainda perguntas sobre o consumo de cigarros

(atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas ilícitas atualmente

(maconha, crack, merla).

O autorrelato acerca do atual estado de saúde foi estratificado em três categorias

Page 50: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

50

(muito bom, bom e regular ou ruim). O tempo de atividades físicas foi categorizado em: ≥150

minutos e ≤150 minutos por semana, de acordo com os critérios estabelecidos no VIGITEL.

O tempo em horas por dia que costuma assistir televisão foi classificado em dois estratos (<3

horas e >3 horas). A partir desses dois escores, definiu-se a ASP como sedentária (tempo de

atividade física semanal ≤150 minutos + ≥3 horas por dia que costuma assistir televisão) ou

não sedentária (tempo de atividade física semanal ≥150 minutos + ≤3 horas por dia que

costuma assistir televisão) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

A classificação dos hábitos alimentares em saudáveis ou não, também seguiu os

critérios definidos no VIGITEL (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Para o

autorrelato de doenças, foram incluídas as cardiopatias (anginas, derrame ou trombose

cerebral), diabetes, hipercolesterolemia, asma ou bronquite asmática.

5.5 – Análise dos Dados

Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS® versão 20.0 e Stata

®

versão 13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de

Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou

mostraram-se como fatores de confundimento.

A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão Logística.

Foram verificados os fatores que, no contexto multidimensional, aumentaram a probabilidade

da ASP sofrer transtornos mentais comuns e violência no ambiente de trabalho. Aqueles que

demonstraram significância em até 20% foram levados ao modelo logístico.

As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação

bivariada e multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com

a ponderação obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por

estágio de amostragem. O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As

frequências absolutas e relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das

frequências não ponderadas e ponderadas.

Page 51: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

51

5.6 – Treinamento da Equipe de Campo

Como forma de promover a disseminação do conhecimento e contribuir na

criação de redes de colaboradores em pesquisa, foi realizada a seleção de pesquisadores locais

mediante o atendimento de critérios como afinidade com o tema e graduação na área da

saúde. Além disso, a equipe de pesquisadores de campo foi treinada nos seguintes

procedimentos: realização das entrevistas, testes rápidos para doenças infecciosas com devida

certificação e treinamento em Unidade Básica de Saúde de referência para o tema no

município de Fortaleza. A mesma foi composta por: supervisor de atividades de campo,

profissionais para a realização dos exames físicos, profissionais para a realização dos exames

laboratoriais e entrevistadores. O número de profissionais envolvidos foi estabelecido em

acordo com o tamanho da amostra calculada para cada unidade prisional.

Para a realização das pesquisas nos diferentes estados, foi solicitado ao setor

saúde responsável pelas respectivas unidades prisionais, a presença de profissionais

devidamente capacitados para a realização dos exames clínicos e laboratoriais.

5.7 – Aspectos Éticos

Conforme referido em momento anterior, o presente estudo faz parte da pesquisa

intitulada “Inquérito Nacional de Saúde na População Penitenciária Feminina e de Servidoras

Prisionais”, realizada em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), do Ministério da Justiça. A mesma obedeceu

todas as recomendações inscritas na Resolução 196/965, do Conselho Nacional de Saúde,

referente à ética em pesquisa envolvendo seres humanos.

Ainda, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) segundo parecer

consubstanciado mediante protocolo N. 188.211, de 31 de Janeiro de 2013 (ANEXO A). Os

Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos sujeitos participantes da pesquisa

foram apresentados no Apêndice A.

As sujeitas da pesquisa, antes de participar da mesma, foram informadas sobre os

objetivos, métodos e benefícios do estudo. Para as que concordaram em participar do estudo,

5 Resolução vigente à época de apreciação no Comitê de Ética em Pesquisa

Page 52: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

52

foi lido e posteriormente assinado o TCLE. Foi assegurado ainda as participantes, o direito de

desistir a qualquer momento da pesquisa, sem prejuízo de nenhuma natureza.

Tendo em vista que a pesquisa foi desenvolvida no âmbito de unidades prisionais

e a manipulação dos dados poderá implicar em informações relevantes sobre a rotina de

trabalho das mesmas, todas as informações colhidas durante a pesquisa e após a sua conclusão

deverão ser mantidas sob sigilo por todos os que dela participarem.

Para tanto, os pesquisadores que atuam na pesquisa assinaram, quando da entrega

do protocolo de pesquisa e antes do início dos trabalhos, um termo de confidencialidade.

Dentre as orientações contidas no referido termo, destaca-se a instruir a todos aqueles que

vierem a participar do inquérito, sobretudo os selecionados para atuar em atividades de

entrevistas e coleta de material com agentes penitenciárias.

Os integrantes da pesquisa se comprometeram ainda a não identificar as agentes

penitenciárias, garantindo a confidencialidade dos dados. Ações foram desenvolvidas visando

assegurar o aconselhamento, tratamento e acompanhamento das participantes da pesquisa que

apresentarem algum agravo à saúde identificado no momento da realização do trabalho de

campo.

Page 53: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

53

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS

COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA FEMININAS NO

BRASIL

RESUMO

A profissão dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) é considerada como uma das mais

estressantes do mundo. Como consequência, esses profissionais apresentam uma prevalência

elevada de transtornos mentais comuns (TMC) quando comparados a outras categorias

profissionais. Objetiva estimar a prevalência de TMC e fatores associados ao trabalho em

ASP no Brasil. Estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, realizado em 15 unidades

prisionais femininas, nas cinco regiões brasileiras. A população foi composta por ASP do

sexo feminino. A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes nas unidades prisionais

no momento da coleta. Realizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e

Intervalo de Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação

significativa. Cerca de 30,6% das ASP apresentam transtornos mentais comuns. Na análise de

associação, ASP que consideraram seu trabalho estressante (OR = 3: IC95% 1,3 - 6,9) e que

sofreram violência na prisão (OR = 1,8: IC95% 1,6 - 3,3) apresentaram maiores chances de

desenvolver TMC. A prevalência de TMC entre as ASP foi consideravelmente elevada. Nesse

contexto ações intersetoriais são de fundamental importância para a qualificação das

intervenções em saúde do trabalhador junto a essas profissionais.

Palavras-Chave: Transtornos Mentais; Estresse Ocupacional; Agente de Segurança

Penitenciário; Violência Laboral; Saúde do Trabalhador.

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54

INTRODUÇÃO

A profissão dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) é considerada como

uma das mais estressantes do mundo1. Estima-se que aproximadamente 42,1% dos ASP

apresentem quadros de estresse relacionado ao trabalho2. Esse percentual pode ser

considerado elevado, principalmente quando comparado com a população geral, cuja

prevalência varia de 19 a 30%3.

Nos últimos dez anos, os ASP têm enfrentado índices cada vez mais elevados de

estresse relacionado ao trabalho, produzindo impactos negativos na sua saúde mental4. Uma

investigação realizada com 1.738 ASP de unidades prisionais federais dos Estados Unidos

objetivou mensurar o potencial impacto das condições de trabalho para a saúde mental desses

profissionais. A maioria dos participantes (68,1%) relatou problemas de concentração e sinais

de depressão. Referiram também presença de sintomas como dores de cabeça e de estômago5.

Pesquisa realizada com 241 ASP no Alabama demonstrou que 68% dos

entrevistados classificaram seu trabalho como moderadamente ou muito estressante6. A

experiência de estresse relacionado ao trabalho foi fortemente atribuída aos níveis de

ansiedade e depressão7.

Características inerentes ao processo de trabalho dos ASP são consideradas

fatores estressores, responsáveis por desencadear problemas de saúde. Elementos como o

constante estado de alerta para o enfrentamento de situações de emergência, bem como a

necessidade de intervenções envolvendo o uso de força física para a separação de conflitos

entre os presos foram considerados como estressores no ambiente de trabalho dos ASP3. A

estrutura hierárquica militar, presente em algumas unidades prisionais, também tem sido

apontada como corresponsável para a geração de tensão e irritabilidade8,9

.

Outros fatores responsáveis por gerar estresse entre os ASP relacionam-se a

insatisfação com o salário e o contato direto com detentos que possuem comportamentos

agressivos. Além disso, a superlotação e o número insuficiente de profissionais foram

considerados como importantes fatores de risco prejudiciais à saúde mental desses

profissionais10

.

Essas variáveis estressoras estão relacionadas com a percepção do perigo no

cotidiano laboral. Agentes de Segurança Penitenciária que consideraram seu trabalho como

mais perigoso apresentaram níveis mais elevados de estresse11

. O medo de ser agredido ou de

Page 55: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

55

testemunhar situações envolvendo violência entre os reclusos também foi considerado como

fonte estressora para os ASP3.

No Brasil, a literatura apresenta características semelhantes. Pesquisa realizada

com 311 ASP em oito unidades penitenciárias da região metropolitana de Salvador

evidenciou que esses profissionais estão frequentemente suscetíveis às situações geradoras de

estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, correndo o risco, inclusive, de serem

mortos12

.

Fatores estressores presentes no ambiente laboral repercutem de forma negativa

no comportamento dos ASP. Estudo realizado com 91 ASP de unidades prisionais na região

metropolitana de Minas Gerais demonstrou que 70,4% da sua amostra relataram dificuldades

para dormir e 62,7% já acordaram no meio da noite pensando em episódios violentos13

.

Nesse sentido, evidencia-se que os ASP estão submetidos a um conjunto de

atividades e procedimentos que exigem um permanente autocontrole emocional. Além disso,

convivem cotidianamente com fatores organizacionais que envolvem riscos para a sua própria

integridade física e mental14

.

No âmbito do sistema penitenciário, o estresse relacionado ao trabalho repercute

em uma expectativa de vida mais curta para os ASP15

. Associa-se ainda à desordens

emocionais e comportamentais, além do surgimento de transtornos mentais comuns16-18

.

Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) são caracterizados por um conjunto de

sintomas como fadiga, insônia, irritabilidade, comprometimento da memória e dificuldades de

concentração19

. Frequentemente, esses transtornos representam um alto custo social e

econômico, pois constituem causa importante de perda de produtividade, absenteísmo e

diminuição da produtividade20

.

Alguns estudos sugerem maior prevalência de estresse relacionado ao trabalho e

transtornos mentais comuns em ASP do sexo feminino. De acordo com os autores, esses

achados podem estar relacionados à busca por espaço em uma profissão historicamente

dominada pelos homens. Além disso, a conjunção de demandas laborais alinhadas às da vida

diária contribui para o aumento desses episódios entre as mulheres, podendo causar ainda,

situações envolvendo conflitos familiares11;21

.

Page 56: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

56 A literatura apresenta importantes lacunas no estudo dos TMC em ASP do sexo

feminino, sobretudo em países em desenvolvimento. O presente manuscrito tem como

objetivo, estimar a prevalência de transtornos mentais comuns e seus fatores associados ao

trabalho em agentes de segurança penitenciária do sexo feminino no Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

Tipo e local de estudo

Realizou-se um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, parte do

projeto intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de

servidoras prisionais”. Desenvolveu-se o trabalho entre janeiro de 2014 a dezembro de 2015,

em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia (Região Norte), Ceará

(Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste), São Paulo, Minas

Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul).

População de estudo e amostra

A população consistiu em ASP do sexo feminino, vinculadas formalmente ao

sistema penitenciário brasileiro, atuando em contato direto com mulheres privadas de

liberdade e que aceitaram participar do estudo. Devido à ausência de informações oficiais

sobre o quantitativo de ASP do sexo feminino no Brasil à época da realização da pesquisa, a

amostra levou em consideração a população carcerária feminina, sendo realizada em

múltiplos estágios.

Inicialmente foram selecionados, intencionalmente, dois estados por região

político-administrativa brasileira que tinham as maiores populações carcerárias femininas22

. A

seguir, os presídios foram estratificados de acordo com o número de presidiárias e localização

(capital, região metropolitana ou interior). Foram incluídos no plano amostral apenas os

presídios com mais de 75 detentas, devido à obrigatoriedade de possuírem serviços de

saúde23

.

A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes no momento de coleta. Em

unidades prisionais onde o quantitativo de ASP era igual ou inferior à 33, todas as agentes

foram incluídas. Foram excluídas do cálculo amostral as ASP em férias, licença ou recém-

Page 57: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

57

ingressas (menos de 30 dias).

A seleção das participantes foi realizada por meio de gerador de números

aleatórios Intemodino Group. A identificação foi feita através de listagem nominal fornecida

em cada unidade prisional.

Instrumentos e variáveis coletadas

Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado, utilizando

tecnologia de Audio Computer-Assisted Self-Interviewing – ACASI. A opção pelo ACASI

decorre da sua aplicabilidade em pesquisas, onde existe a necessidade de se abordar

informações sensíveis, de cunho pessoal, ou mesmo relacionadas a comportamentos de risco

para a saúde24

.

O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis

de suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões,

sendo as 4 primeiras relacionadas a sintomas físicos e outras 16 a sintomas

psicoemocionais25,26

.

A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de

comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de

aspectos subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais,

especialmente em grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas

com a diminuição das funções laborais e sociais25,26

.

Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte

para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade.

Nesse estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP,

em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres19, 27,28

.

O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a

identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto

por 10 itens e avalia tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool,

além de sintomas de dependência29

. Dentre as potencialidades do instrumento, destaca-se a

facilidade e rapidez na aplicação, além da possibilidade de fornecer orientações focadas no

padrão de consumo do sujeito avaliado30

.

Page 58: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

58 A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas

categorias, de baixo risco e de risco ou alto risco. O consumo de baixo risco refere-se às ASP

que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram

escores acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento.

As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa

pesquisa estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da

Saúde e da legislação vigente no Brasil31,32

. As definições de violência física grave

relacionam-se aos episódios envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de

enforcamento. As violências físicas severas relacionam-se a episódios com objetos que

causaram ferimentos ou lesões corporais, tais como armas de fogo, agressões com facas ou

instrumentos perfurocortantes. As agressões ou violências sofridas antes do ingresso no

sistema prisional obedeceram às mesmas definições supracitadas.

A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades

prisionais em que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida

pela própria ASP) ou conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por

colega de trabalho). A violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi

autoreferida.

Aspectos socioeconômicos como idade (categorizadas em menos de 30, 31-35,

36-40, 41-45, 46-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram

investigados. A raça (parda, negra, branca e amarela) foi autoreferida, obedecendo aos

critérios estabelecidos no Brasil. A renda mensal foi mensurada em salários mínimos e

contabilizada em moeda local33

.

No componente trabalho, perguntou-se sobre a forma de ingresso no sistema

prisional (concurso público ou contrato), a idade de ingresso no presídio, tempo de trabalho

como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao

ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em

que a ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória,

penitenciária, colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as

definições do Ministério da Justiça do Brasil34

.

O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos com

Page 59: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

59

ou sem a necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram

Rohypnol®, Valium® ou Dormonid®, Foram incluídas ainda perguntas sobre o consumo de

cigarros (atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas ilícitas

atualmente (maconha, crack, merla).

O autorrelato acerca do atual estado de saúde foi estratificado em três categorias

(muito bom, bom e regular ou ruim). O tempo de atividades físicas foi categorizado em: ≥150

minutos e ≤150 minutos por semana, de acordo com os critérios estabelecidos no VIGITEL.

O tempo em horas por dia que costuma assistir televisão foi classificado em dois estratos (<3

horas e >3 horas). A partir desses dois escores, definiu-se a ASP como sedentária (tempo de

atividade física semanal ≤150 minutos + ≥3 horas por dia que costuma assistir televisão) ou

não sedentária (tempo de atividade física semanal ≥150 minutos + ≤3 horas por dia que

costuma assistir televisão)35

.

A classificação dos hábitos alimentares em saudáveis ou não, também seguiu os

critérios definidos no VIGITEL35

. Para o autorrelato de doenças, foram incluídas as

cardiopatias (anginas, derrame ou trombose cerebral), diabetes, hipercolesterolemia, asma ou

bronquite asmática.

Análise dos dados

Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS® versão 20.0 e Stata

®

versão 13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de

Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou

mostraram-se como fatores de confundimento.

As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação

bivariada e multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com

a ponderação obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por

estágio de amostragem. O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As

frequências absolutas e relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das

frequências não ponderadas e ponderadas.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade

Page 60: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

60

Federal do Ceará/PROPESQ, mediante protocolo de nº 188.211. Por se tratar de pesquisas

envolvendo seres humanos, todas as participantes leram e concordaram com o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as características socioeconômicas, de violências sofridas

antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho das ASP. A média de idade das

entrevistadas foi de 38,14 (±8,52) anos. Mais de 60% encontram-se na faixa etária de 31 a 45

anos (tabela 1).

Cerca de 64,3% (95%IC: 58,6 - 69,6) das ASP possuem ensino superior

incompleto, completo ou mesmo cursam alguma pós-graduação. Pouco mais de 60% possuem

pelo menos um filho e 44,9% (95%IC: 39,0 - 51,0) são a principal fonte de renda da família.

Aproximadamente 60% das ASP relataram ter sofrido episódios de violência ou

agressão antes do ingresso no sistema penitenciário (95%IC: 54 - 65,6). Dessas, pouco mais

de 1/3 afirmaram ter sido vítima de pelo menos dois ou mais atos violentos. Dentre as formas,

as mais frequentes foram roubo (31,4%), violência física leve (25,8%) e violência psicológica

(21,9%), respectivamente (tabela 1).

O alto percentual de membros da própria família apontados como perpetradores

de violências ou agressões contra as ASP chama a atenção. Mais de 84% foram indicados

como responsáveis por praticarem agressões físicas graves, 81,1% para agressões físicas leves

e 67,2% para abusos ou violência sexual.

Quanto ao regime de trabalho, a distribuição foi praticamente a mesma para

concursadas e contratadas. A média de idade para o ingresso no sistema penitenciário foi de

29,9 (±6,73) anos e 45,8% (95%IC: 40,2 - 51,5) das ASP possuem menos de cinco anos de

experiência.

Com relação a ocupações pregressas, 91,5% (95%IC: 87,8 - 94,3) referiram

trabalhar em outros estabelecimentos antes de ingressarem no sistema prisional com

atividades não relacionadas à segurança. No que diz respeito a sua ocupação atual como ASP,

73% já trabalharam em mais de um estabelecimento prisional. Os estabelecimentos prisionais

mais citados foram penitenciárias, presídios ou casas de privação provisória, respectivamente

(tabela 1).

Page 61: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

61 Mais de 2/3 das ASP consideram seu trabalho como de risco e estressante. A

quase totalidade das entrevistadas considera ter conhecimentos suficientes para a sua prática

profissional na área de segurança. Contudo, para as áreas voltadas à saúde reprodutiva e

doenças crônicas, esse quantitativo não chegou a 1/3 das ASP (TABELA 1).

Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral e de violência sofrida antes do ingresso no sistema prisional

das Agentes de Segurança Penitenciária no Brasil, 2016

n

1 %

2 95% IC

2

Idade (anos)

Média (±dp) 295 38,14 (±8,52)

≤ 30 51/295 15,3% 11,8 - 19,8

31 |--| 35 87/295 30,0% 24,8 - 35,7

36 |--| 40 72/295 25,6% 20,7 - 31,2

41 |--| 45 25/295 8,5% 5,7 - 12,4

46 |--| 49 25/295 9,2% 6,3 - 13,7

50 ou mais 35/295 11,3% 8,1 - 15,6

Raça

Negra 41/293 14,8 11 - 19,6

Parda 130/293 44,1 38,4 - 50

Branca 111/293 37,7 32,5 - 43,1

Amarela 11/293 3,4 1,9 - 6,2

Estuda atualmente

Não 226/292 76,6 71,2 - 81,3

Sim 66/292 23,4 18,7 - 28,8

Grau de instrução

Ensino Fundamental ou Médio 109/295 35,7 30,4 - 41,4

Ensino Superior incompleto/ completo ou Pós-graduação 186/295 64,3 58,6 - 69,6

Religião

Não tenho religião ou crença 18/292 5,9 3,6 - 9,4

Católica 160/292 54,8 48,7 - 60,6

Evangélica 93/292 32,2 26,8 - 38

Espírita 13/292 4,3 2,5 - 7,3

Outro(a) 8/292 2,9 1,4 - 5,9

Situação conjugal

Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7 27,2 - 38,7

Casada/União estável 198/294 67,3 61,3 - 72,8

Filhos

Não 116/289 39,9 34,8 - 45,9

Sim 173/289 60,1 54,1 – 66,2

Nº de filhos

1 73/172 44,5% 36,8 - 52,5

2 65/172 36,6% 29,4 - 44,4

Page 62: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

62

≥3 34/172 18,9% 13,5 - 25,9

No de pessoas que residem na casa além da ASP

1 86/294 28,9 23,9 - 34,5

2 a 3 142/294 50,5 44,5 - 56,4

4 ou mais 66/294 20,6 16,4 - 25,7

É principal fonte de renda da família

Não 165/294 55,1 49,0 – 61,0

Sim 129/294 44,9 39,0 – 51,0

Renda mensal da ASP

Mais de 1 a 3 salários mínimos 62/294 18,4 14,9 - 22,5

Mais de 3 a 5 salários mínimos 132/294 47,1 42,4 - 51,9

Mais de 5 salários mínimos 100/294 34,5 30,6 - 38,7

Renda mensal da família

Mais de 1 a 3 salários mínimos 35/286 10,3 7,6 - 13,9

Mais de 3 a 5 salários mínimos 70/286 24,0 19,6 - 29,1

Mais de 5 a 10 salários mínimos 121/286 43,2 37,5 - 49,1

Mais de 10 salários mínimos 60/286 22,5 18,4 - 27,2

VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP ANTES DE

TRABALHAR NO SISTEMA PRISIONAL

Sofreu violência antes do trabalho no sistema prisional 171/291 59,9% 54 - 65,6

Nº de violências sofridas antes do trabalho no sistema prisional

0 120/291 40,1 34,4 – 46,0

1 80/291 26,9 21,9 - 32,5

2 51/291 18,2 13,9 - 23,5

≥ 3 40/291 14,8 10,8 - 19,9

Tipos e responsáveis pela prática de violências/agressões sofridas

antes de trabalhar no sistema prisional

Rouboa 86/291 31,4 25,9 - 37,4

Quem roubou fazia parte da família 15/79 17,3 10,5 - 27,2

Dano moralb 48/289 16,9 12,9 - 21,9

Quem ofendeu moralmente fazia parte da família 17/44 36,8 22,6 - 53,7

Violência psicológicac 60/290 21,9 17,2 - 27,4

Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família 30/54 55,2 40,6 – 69,0

Violência sexuald 29/288 11,1 7,8 - 15,5

Quem violou sexualmente fazia parte da família 18/28 67,2 47,6 - 82,2

Violência física leve e 74/290 25,8 20,8 - 31,5

Quem agrediu fazia parte da família 53/68 81,1 70,0 - 88,8

Violência física grave f 21/289 7,9 5,0 - 12,3

Quem agrediu fazia parte da família 17/21 84,5 63,8 - 94,4

Violência física severa g 11/294 3,9 2,0 - 7,4

Quem agrediu fazia parte da família 7/9 77,3 37,4 - 95,1

Page 63: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

63

Considera que ficou com algum comprometimento na saúde

física ou mental por conta das violências ou agressões que

ocorreram antes de trabalhar no sistema prisional

27/288 9,3 6,3 - 13,7

Considera que esses problemas aconteceram por falta de

condições para acessar algum tratamento de saúde 23/281 9,0 5,9 - 13,4

CARACTERÍSTICAS LABORAIS

Forma de ingresso no sistema prisional

Concurso público 101/211 51,7 48,8 – 55,0

Contrato 111/211 48,3 45,0 - 51,2

Idade que ingressou no sistema prisional

Média (±dp) 294 29,9 (±6,73)

≤25 anos 83/294 28,8 23,5 - 34,6

26 |--| 35 anos 161/294 53,7 47,5 - 59,8

> 35 anos 50/294 17,5 13,4 - 22,6

Tempo (anos) que trabalha como agente

Média (±dp) 295 8,11 (±6,61)

5 anos ou menos 138/295 45,8 40,2 - 51,5

6 a 10 anos 92/295 31,6 26,6 - 37,1

Mais de 10 anos 64/295 22,6 18,3 - 27,4

Ocupação anterior ao ingresso no sistema prisional

Não 26/289 8,4 5,7 - 12,2

Sim 263/289 91,6 87,8 - 94,3

Militar, guarda, segurança, vigilante 17/289 6,0 3,7 - 9,6

Não relacionada à atividade de segurança 246/289 85,5 80,8 - 89,3

Trabalhou em outro estabelecimento prisional

Não 79/295 27,0 22,5 – 32,0

Sim 216/295 73,0 68,0 - 77,5

1 estabelecimento prisional 162/295 53,8 48,3 - 59,3

2 ou mais estabelecimentos prisionais 54/295 19,2 15,3 - 23,8

Tipos de estabelecimentos prisionais que já trabalhou

Penitenciária 137/295 47,0 41,6 - 52,5

Presídios ou Casas de privação provisória 100/295 35,3 30,8 - 40,2

Cadeia pública 14/295 4,8 2,8 - 8,2

Casas de albergado ou Albergue 13/295 4,7 2,7 - 8,2

Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 13/295 4,1 2,2 - 7,4

Colônia agrícola 10/295 2,7 1,4 - 5,2

Outro(a) 7/295 2,5 1,1 - 5,2

Considera seu trabalho no sistema prisional

Apenas de risco 5/291 1,4 0,6 - 3,3

Apenas estressante 50/291 17,9 13,5 – 23,0

Risco e estressante 236/291 80,9 75,5 - 85,3

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FORMAÇÃO COMO ASP

Participou de alguma formação especifica antes, durante ou

após iniciar o seu trabalho no sistema prisional 254/291 87,6 83,2 - 91,1

Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional

nas áreas de

Segurança 262/278 94,7 91,3 - 96,8

Drogas ilícitas (maconha, merla, crack) 154/278 55,9 49,8 - 61,8

Drogas lícitas (álcool e tabaco) 152/278 54,5 48,5 - 60,3

Doenças infecciosas 126/278 45,2 39,1 - 51,5

Saúde mental 100/278 36,3 30,6 - 42,3

Doenças crônicas 70/278 24,5 19,9 - 29,8

Saúde reprodutiva 57/278 21,1 16,5 - 26,5

A Tabela 2 apresenta o perfil psicossocial e autorrelato ou conhecimento de

violências sofridas pela ASP e/ou colegas de profissão na unidade prisional em que trabalha

atualmente ou em outra que trabalhou. Pouco mais de 30% (95%IC: 63,4 - 74,8) das

entrevistadas apresentaram níveis compatíveis para transtornos mentais comuns. Dentre os

fatores diagnósticos mais frequentes, destacaram-se o nervosismo, tensão ou preocupação,

seguidos por dificuldades para dormir e presença frequente de dores de cabeça (TABELA 2).

O uso de calmantes, incluindo os benzodiazepínicos, foi referido por 30% das

ASP. Quanto ao consumo de álcool, 32,3% afirmaram fazer uso. Contudo, apenas 8,5%

enquadraram-se no padrão de consumo de risco ou alto risco (TABELA 2).

Cerca de 33,7% (95%IC: 28,3 - 39,5) das ASP afirmaram ter sofrido algum tipo

de violência ou agressão durante o trabalho no sistema penitenciário. Mais de 30% das

entrevistadas relataram ter sofrido pelo menos um episódio de violência no exercício de suas

funções (TABELA 2).

Dentre os tipos de violência autorreferida durante o trabalho, as mais frequentes

foram violência psicológica (22,8%), roubo (11,6%) e violência moral (11,1%). Ao incluir os

casos em que a ASP teve conhecimento de episódios de violência envolvendo colegas de

trabalho, os percentuais elevaram-se consideravelmente (TABELA 2).

Pouco mais de 2/3 das ASP afirmaram ter sofrido ou conhecem colegas de

profissão que foram vítimas de violência no ambiente de trabalho. Quanto ao número de

violências sofridas ou conhecidas, 35,8% (95%IC: 30,4 - 41,7) referiram 3 ou mais episódios.

Page 65: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

65

Dentre os tipos, as mais frequentes foram violência psicológica (48,1%), violência física

(47,8%) e roubo (41%) (TABELA 2).

Tabela 2 - Perfil psicossocial/autorrelato ou conhecimento de violências sofridas por ASP e/ou

colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha atualmente ou em outra que trabalhou.

COMPONENTE PSICOSSOCIAL n

1 %

2 95% IC

2

Escore SRQ-20

<7 204/291 69,4 63,4 - 74,8

>=7 87/291 30,6 25,2 - 36,6

Fatores Diagnósticos

Dores de cabeça frequentes 107/291 37,6 31,8 - 43,8

Falta de apetite 40/291 14,8 10,8 - 19,9

Dorme mal 112/291 41,2 35,4 - 47,3

Assusta-se com facilidade 75/290 26,5 21,5 - 32,3

Tremores de mão 38/291 13,9 10,1 - 18,9

Sente-se nervosa, tensa ou preocupada 154/289 53,7 47,5 - 59,8

Tem má digestão 74/290 25,6 20,6 - 31,4

Tem dificuldade para pensar com clareza 51/289 18,8 14,3 - 24,3

Tem se sentido triste ultimamente 97/291 32,9 27,3 - 38,9

Tem chorado mais do que de costume 53/290 19,6 15,1 - 25,2

Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas

atividades diárias 78/289 27,3 22,1 - 33,2

Tem dificuldades para tomar decisões 68/288 24,8 19,8 - 30,6

Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa

sofrimento) 66/286 23,0 18,3 - 28,5

É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida 9/290 3,8 2,0 - 7,3

Tem perdido o interesse pelas coisas 59/290 20,7 16,2 - 26,1

Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo 11/289 4,4 2,3 - 8,1

Tem tido ideias de acabar com a vida 14/289 5,7 3,3 - 9,7

Sente-se cansada o tempo todo 75/291 26,5 21,4 - 32,2

Tem sensações desagradáveis no estômago 88/290 30,9 25,6 - 36,8

Cansa-se com facilidade 86/291 30,0 24,7 - 35,9

Usa algum tipo de calmante atualmente

Não 213/291 72,7 67,0 - 77,7

Sim 78/291 27,3 22,3 – 33,0

Benzodiazepínicos 9/289 3,0 1,5 - 5,9

Outros tipos 75/289 26,5 21,6 - 32,2

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66

CONSUMO DE DROGAS LÍCITAS (álcool e cigarro)

Usa ou usou álcool e/ou cigarro 193/285 67,7 61,7 - 73,1

Atualmente consome bebida alcoólica 92/285 32,3 26,9 - 38,3

Classificação do consumo de álcool (AUDIT)

Baixo risco ou abstinência (0 - 7) 258/280 91,5 87,1 - 94,5

Consumo de risco ou alto risco (>= 8) 22/280 8,5 5,5 - 12,9

Fuma ou fumou cigarros

Não 232/290 81,8 77,0 - 85,8

Sim 58/290 18,2 14,2 – 23,0

Usa algum tipo de droga ilícita atualmente

Não 288/291 99,4 97,9 - 99,8

Sim 3/291 0,6 0,2 - 2,1

VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP NA PRISÃO

Sofreu violência na prisão em que trabalha 94/284 33,7 28,3 - 39,5

No de violências sofridas

0 190/284 66,3 60,5 - 71,7

1 - 2 81/284 28,4 23,1 - 34,3

≥ 3 13/284 5,3 3,1 - 8,9

Tipos de violência sofrida durante o trabalho no sistema prisional

Roubo 31/292 11,6 8,1 - 16,3

Violência moral a

30/287 11,1 7,7 - 15,7

Violência psicológica b 63/282 22,8 18,1 - 28,4

Assédio sexual c

9/281 3,1 1,5 - 6,3

Violência física 13/278 4,1 2,3 – 7,0

Violência física leve d 12/283 3,7 2,1 - 6,6

Violência física grave e/ou severa e f 2/282 0,7 0,2 -3,1

AUTORRELATO E/OU CONHECIMENTO DE VIOLÊNCIA

COM COLEGAS DE TRABALHO

Autorrelato de violência ou conhecimento com colega de trabalho

na prisão 207/292 71,2 65,5 - 76,3

No de violências sofridas ou conhecidas

0 94/291 31,6 26,3 - 37,5

1 - 2 94/291 32,5 27,0 - 38,5

≥ 3 103/291 35,8 30,4 - 41,7

Tipos de violência sofrida pela ASP e/ou colega

Roubo 118/292 41,0 35,2 - 47,1

Violência moral a

96/287 34,3 29 - 40,1

Violência psicológica b 136/282 48,1 42 - 54,3

Assédio sexual c

26/281 9,2 6,1 - 13,6

Violência física 134/284 47,8 42,1 - 53,5

Violência física leve d 110/283 40,0 34,4 - 45,9

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Violência física grave e/ou severa e f 93/285 32,3 27,3 - 37,8

1: valores observados;

2: valores ponderados

a: acusada injustamente de ter cometido algum delito ou ter sido acusada de atitudes que consideram

vergonhosas b: ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou ridicularizada

c: tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que considera sexual

d: tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito

e: esbofeteada, espancada, queimada ou tentativa de enforcamento

f: ferida de propósito com faca, outro objeto perfurocortante, revólver ou outra arma de fogo, além de outros

objetos que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.).

A Tabela 3 apresenta as informações relacionadas aos cuidados com a saúde e

autorrelato para doenças crônicas não transmissíveis. Pouco mais de 82% das ASP

consideram seu estado atual de saúde como muito bom ou bom. Contudo, 17,5% (95%IC:

13,7 - 22,7) classificaram sua saúde como regular ou ruim (TABELA 3).

Com relação às práticas de atividades físicas, 58,8% (95%IC: 52,5 - 64,9) das

ASP gastam menos de 150 minutos por semana com alguma atividade. Mais de 66% foram

classificadas como sedentárias e 65,6% não possuem hábitos alimentares saudáveis

(TABELA 3).

No que tange às doenças crônicas não transmissíveis, cerca de 80,9% (95%IC:

64,0 - 91,0) das ASP que autorrelataram hipertensão e recebem acompanhamento médico. A

hipercolesterolemia e a diabetes estiveram presentes em 11,9% e 5,2% dos autorrelatos,

respectivamente (TABELA 3).

Tabela 3 - Cuidados com a saúde e autorrelato de doenças crônicas não transmissíveis

CUIDADOS COM A SAÚDE n

1 %

2 95% IC

2

Considera o seu estado de saúde atualmente como

Muito bom 91/291 32,5 27 - 38,6

Bom 146/291 49,7 43,5 - 55,9

Regular/Ruim 54/291 17,8 13,7 - 22,7

Possui plano de saúde 242/294 82,7 78,0 - 86,5

Prática de atividade física

Tempo (min) de atividade física/semana

≥ 150min/sem 109/275 41,2 35,1 - 47,5

< 150min/sem 166/275 58,8 52,5 - 64,9

Tempo (horas) por dia que costuma assistir televisão

< 3 horas 228/290 81,1 76,3 - 85,1

≥3 horas 62/290 18,9 14,9 - 23,7

Sedentária

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Não 87/277 33,9 28,2 - 40,2

Sim 190/277 66,1 59,8 - 71,8

HÁBITOS ALIMENTARES

Hábito alimentar saudável

Não 198/290 65,6 59,6 - 71,2

Sim 92/290 34,4 28,8 - 40,4

AUTORRELATO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS

Cardiopatias 15/292 5,7 3,4 - 9,4

Relata possuir doença do coração 11/287 4,5 2,5 - 8,1

Relata angina ou infarto do coração 4/291 1,4 0,5 - 3,7

Relata derrame ou trombose cerebral 1/292 0,3 0,0 – 1,8

Hipertensão

Recebe acompanhamento médico para hipertensão 34/41 80,9 64,0 – 91,0

Diabetes 17/288 5,2 3,2 - 8,3

Hipercolesterolemia 32/278 11,9 8,3 - 16,7

Asma ou bronquite asmática 21/293 7,7 5,0 - 11,7

Recebe acompanhamento médico para asma ou bronquite

asmática 10/21 51,5 30,8 - 71,6

1: valores observados ;

2: valores ponderados

A Tabela 4 apresenta as análises dos fatores associados aos transtornos mentais

comuns entre as ASP. Não houve associações estatisticamente significativas com relação aos

aspectos socioeconômicos, idade, raça e grau de instrução. Contudo, ASP que são a principal

fonte de renda da família apresentam maiores chances de sofrerem TMC quando comparadas

com as que não são (OR = 3,01 (95%IC: 1,72 - 5,28)) (TABELA 4).

Com relação aos aspectos laborais, o regime de trabalho (concurso público ou

contrato), a idade em que ingressou no sistema prisional e o tempo que trabalha como agente

não foram estatisticamente significativos. As ASP que consideraram seu trabalho estressante

possuem maiores chances de sofrerem TMC (OR = 3,01 (95%IC: 1,30 - 6,92)) (TABELA 4).

O consumo de álcool não apresentou associação com o desenvolvimento de TMC.

Mas, as ASP que fumam atualmente apresentaram maiores chances de desenvolverem TMC

(OR = 1,9 (95%IC: 1,01 - 3,65)). O uso de calmantes apresentou forte associação com TMC

(OR = 4,3 (95%IC: 2,3 - 7,9)). Já para os benzodiazepínicos, não foram identificadas

associações estatisticamente significativas (TABELA 4).

As ASP que sofreram algum tipo de violência antes do ingresso no sistema

penitenciário apresentaram maiores chances de desenvolver TMC (OR = 3,24 (95%IC: 1,81 -

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6,09)). Dentre os tipos de violência sofrida, a violência sexual (OR = 5,17 (95%IC: 2,19 -

12,21)), os danos morais (OR = 3,56 (95%IC: 1,76 - 7,19)), a violência psicológica (OR =

3,23 (95%IC: 1,72 - 6,06)) e o roubo (OR = 2,79 (95%IC: 1,57 - 4,96)) apresentaram

associação estatisticamente significativa (TABELA 4).

O autorrelato e/ou conhecimento de episódios envolvendo violência no ambiente

prisional também apresentou associação com os TMC. ASP que sofreram violência no

trabalho possuem maiores chances de desenvolverem TMC (OR = 1,87 (95%IC: 1,06 - 3,30))

quando comparadas às que nunca sofreram. O autorrelato ou conhecimento de episódios

envolvendo colegas de trabalho vítimas de violência física (OR = 2,73 (95%IC: 1,53 - 4,88)),

violência psicológica (OR = 2,54 (95%IC: 1,34 - 4,81)) e violência sexual (OR = 2,49

(95%IC: 1,05 - 5,92)) apresentaram associações estatisticamente significativas com o

desenvolvimento de TMC (TABELA 4).

ASP que consideraram seu estado atual de saúde como regular ou ruim

apresentaram maiores chances de desenvolverem TMC (OR = 5,30 (95%IC: 2,30 - 12,20)).

Com relação às doenças crônicas não transmissíveis, ASP que autorrelataram hipertensão (OR

= 2,08 (95%IC: 1,01 - 4,30)) e hipercolesterolemia (OR = 2,83 (95%IC: 1,27 - 6,28))

apresentam maiores chances de sofrerem TMC quando comparadas com as que não referiram

essas patologias (TABELA 4).

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Tabela 4 - Análise dos fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns em ASP

SRQ ≥ 7 SRQ < 7 p-value OR

2 95%IC (OR)

2

n/N 1

% 2

95%IC2 n/N

1 %

2 95%IC

2

PERFIL SOCIOECONÔMICO

Idade

≤ 30 anos 15/48 31,7 19,8 - 46,6 33/48 68,3 53,4 - 80,2 1,13 0,4 - 2,6

31 |--| 45 anos 55/184 30,8 24,0 - 38,5 129/184 69,2 61,5 - 76,0 1,07 0,5 - 2,1

> 45 anos 17/59 29,2 18,5 – 43,0 42/59 70,8 57,0 - 81,5 0,963 1,00 -

Raça

Parda ou Negra 50/170 30,0 23,3 - 37,8 120/170 70,0 62,2 - 76,7 0,901 1,00 -

Branca ou Amarela 36/119 30,8 22,5 - 40,6 83/119 69,2 59,4 - 77,5

1,03 0,59 - 1,79

Estuda atualmente

Não 70/223 31,5 25,3 - 38,4 153/223 68,5 61,6 - 74,7 0,433 1,00 -

Sim 15/65 26,1 16,4 – 39,0 50/65 73,9 61,0 - 83,6 0,76 0,39 - 1,48

Grau de instrução

Ensino fundamental ou médio 39/108 37,1 27,8 - 47,4 69/108 62,9 52,6 - 72,2 0,089 1,00 -

Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 48/183 27,0 20,8 - 34,3 135/183 73,0 65,7 - 79,2 0,62 0,36 - 1,07

Situação conjugal

Solteira ou sem parceiro estável 34/94 36,8 27,2 - 47,5 60/94 63,2 52,5 - 72,8 0,145 1,00 -

União estável 53/196 27,7 21,4 - 35,1 143/196 72,3 64,9 - 78,6

0,66 0,37 - 1,15

Filhos

Não 26/112 23,7 16,5 - 32,9 86/112 76,3 67,1 - 83,5 0,145 1,00 -

Sim 57/112 33,3 26,1 - 41,4 115/112 66,7 58,6 - 73,9

1,60 0,90 - 2,83

No de filhos

1 26/73 36,8 25,8 - 49,4 47/73 63,2 50,6 - 74,2 0,640 1,43 0,66 - 3,10

2 19/65 28,9 18,5 - 42,2 46/65 71,1 57,8 - 81,5

1,00 -

>= 3 12/34 35,0 20,2 - 53,2 22/34 65,0 46,8 - 79,8

1,32 0,50 - 3,45

No de pessoas que residem na casa além da ASP

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1 28/85 32,6 23,1 - 43,9 57/85 67,4 56,1 - 76,9 0,243 1,81 0,82 - 4,00

2 a 3 44/139 33,0 25,0 - 42,1 95/139 67,0 57,9 – 75,0 1,84 0,88 - 3,85

4 ou mais 14/66 21,1 12,5 - 33,3 52/66 78,9 66,7 - 87,5 1,00 -

É a principal fonte de renda da família

Não 33/163 20,0 14,3 - 27,4 130/163 80,0 72,6 - 85,7 <0,001 1,00 -

Sim 53/127 43,0 34,1 - 52,5 74/127 57,0 47,5 - 65,9 3,01 1,72 - 5,28

Renda mensal da ASP

1 a 3 salários mínimos 14/60 25,0 15,1 - 38,5 46/60 75,0 61,5 - 84,9 0,429 1,00 -

Mais de 3 a 5 salários mínimos 39/131 29,4 21,9 - 38,3 92/131 70,6 61,7 - 78,1 1,24 0,59 - 2,63

Mais de 5 salários mínimos 34/99 35,3 25,6 - 46,4 65/99 64,7 53,6 - 74,4 1,63 0,75 - 3,56

Renda mensal da família

1 a 3 salários mínimos 6/34 19,3 8,6 - 37,8 28/34 80,7 62,2 - 91,4 0,614 1,00 -

Mais de 3 a 5 salários mínimos 20/69 28,4 18,6 - 40,7 49/69 71,6 59,3 - 81,4 1,65 0,55 - 4,89

Mais de 5 a 10 salários mínimos 38/121 32,5 24,1 - 42,3 83/121 67,5 57,7 - 75,9 2,01 0,72 - 5,58

Mais de 10 salários mínimos 18/58 30,4 19,3 - 44,3 40/58 69,6 55,7 - 80,7 1,81 0,59 - 5,53

CARCATERÍSTICAS LABORAIS

Regime de trabalho

Concurso público 35/101 33,5 24,4 - 43,9 66/101 66,5 56,1 - 75,6 0,291 1,00 -

Contrato 28/110 26,4 18,5 - 36,1 82/110 73,6 63,9 - 81,5 0,71 0,37 - 1,34

Idade que ingressou no presidio

≤ 25 anos 29/81 36,4 25,9 - 48,4 52/81 63,6 51,6 - 74,1 1,51 0,64 - 3,55

25 --| 35 anos 47/160 28,9 22,0 - 36,9 113/160 71,1 63,1 – 78,0 1,07 0,48 - 2,36

> 35 anos 11/49 27,4 15,8 - 43,1 38/49 72,6 56,9 - 84,2 0,485 1,00 -

Tempo (anos) que trabalha como agente

5 anos ou menos 33/134 26,5 19,3 - 35,3 101/134 73,5 64,7 - 80,7 0,398 1,00 -

6 a 10 anos 34/92 35,7 26,0 - 46,7 58/92 64,3 53,3 – 74,0 1,53 0,82 - 2,85

Mais de 10 anos 20/64 32,3 20,9 - 46,2 44/64 67,7 53,8 - 79,1 1,32 0,64 - 2,71

Trabalhou em outro estabelecimento prisional

Sim 69/213 33,3 26,8 - 40,6 144/213 66,7 59,4 - 73,2 0,116 1,00 -

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72

Não 18/78 23,2 14,9 - 34,3 60/78 76,8 65,7 - 85,1 0,60 0,32 - 1,13

No de estabelecimentos prisionais que já trabalhou

0 18/78 23,2 14,9 - 34,3 60/78 76,8 65,7 - 85,1 0,318 1,00 -

1 estabelecimento prisional 53/291 33,2 25,8 - 41,4 108/291 66,8 58,6 - 74,2 1,64 0,85 - 3,15

2 ou mais estabelecimentos prisionais 16/52 33,8 21,0 - 49,5 36/52 66,2 50,5 – 79,0 1,68 0,71 - 3,97

Tipos de estabelecimentos prisionais que já trabalhou

Presídios ou casas de privação provisória

Não 61/192 31,5 25,0 - 38,8 131/192 68,5 61,2 – 75,0 0,698 1,00 -

Sim 26/99 29,0 20,0 - 40,1 73/99 71,0 59,9 – 80,0 0,89 0,49 - 1,60

Penitenciária

Não 40/156 26,6 19,9 - 34,7 116/156 73,4 65,3 - 80,1 0,149 1,00 -

Sim 47/135 35,1 26,8 - 44,4 88/135 64,9 55,6 - 73,2 1,49 0,86 - 2,57

Considera seu trabalho na prisão estressante

Não 8/48 14,7 7,3 - 27,6 40/48 85,3 72,4 - 92,7 0,008 1,00 -

Sim 79/241 34,2 28,0 - 40,9 162/241 65,8 59,1 – 72,0

3,00 1,30 - 6,92

COMPONENTE PSICOSSOCIAL

Classificação do consumo de álcool (AUDIT)

Baixo risco ou abstinência (0-7) 78/258 31,2 25,4 - 37,6 180/258 68,8 62,4 - 74,6 0,107 1,00 -

Consumo de risco ou alto risco (>=8) 3/22 13,8 4,2 - 36,8 19/22 86,2 63,2 - 95,8 0,35 0,09 - 1,32

Você fuma ou fumou cigarros

Não 62/232 28,1 22,2 - 34,8 170/232 71,9 65,2 - 77,8 0,042 1,000 -

Sim 25/58 42,9 30,2 - 56,6 33/58 57,1 43,4 - 69,8 1,926 1,017 - 3,645

Você usa ou usou algum tipo de droga ilícita

Não 86/288 30,5 25,1 - 36,6 199/274 72,0 65,9 - 77,4 - - -

Sim 1/3 41,3 5,5 - 89,4 5/15 25,6 10,2 - 51,1 - - -

Usa algum tipo de calmante atualmente

Não 46/213 21,6 16,3 - 28,2 196/269 72,2 66,1 - 77,6 <0,001 1,000 -

Sim 41/78 54,5 42,5 - 66 8/20 36,0 17,7 - 59,6 4,343 2,375 - 7,942

Usa benzodiazepínicos atualmente

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73

Não 77/280 28,1 22,8 - 34,1 203/279 72,2 66,1 - 77,5 - - -

Sim 8/9 92,1 58,9 - 99 1/10 7,0 0,9 - 37,7 - -

VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP ANTES DE

TRABALHAR NO SISTEMA PRISIONAL

A ASP sofreu violência antes de ingressar no sistema

penitenciário

Não 20/120 16,7 10,7 - 24,9 100/120 83,3 75,1 - 89,3 <0,001 1,000 -

Sim 67/171 39,9 32,3 - 48,1 104/171 60,1 51,9 - 67,7 3,324 1,812 - 6,098

A ASP foi roubada antes de ingressar no sistema

penitenciário

Não 48/205 23,5 17,9 - 30,2 157/205 76,5 69,8 - 82,1 <0,001 1,000 -

Sim 39/86 46,2 35,1 - 57,6 47/86 53,8 42,4 - 64,9 2,796 1,576 - 4,96

A ASP sofreu algum dano moral antes de ingressar no

sistema penitenciário

Não 59/241 25,1 19,7 - 31,4 182/241 74,9 68,6 - 80,3 <0,001 1,000 -

Sim 26/48 54,4 38,9 - 69,2 22/48 45,6 30,8 - 61,1 3,561 1,761 - 7,198

A ASP sofreu alguma violência psicológica antes de ingressar

no sistema penitenciário

Não 56/230 24,9 19,4 - 31,3 174/230 75,1 68,7 - 80,6 <0,001 1,000 -

Sim 31/60 51,7 38,3 - 64,9 29/60 48,3 35,1 - 61,7 3,230 1,722 - 6,062

A ASP sofreu alguma violência sexual antes de ingressar no

sistema penitenciário

Não 69/259 26,6 21,2 - 32,9 190/259 73,4 67,1 - 78,8 <0,001 1,000 -

Sim 18/29 65,3 45,6 - 80,8 11/29 34,7 19,2 - 54,4 5,173 2,191 - 12,216

A ASP sofreu alguma violência física grave antes de ingressar

no sistema penitenciário

Não 75/268 28,6 23,2 - 34,6 193/268 71,4 65,4 - 76,8 0,022 1,000 -

Sim 11/21 53,7 31,8 - 74,3 10/21 46,3 25,7 - 68,2 2,901 1,131 - 7,439

Considera que ficou com algum comprometimento na saúde

física ou mental por conta das violências ou agressões que

ocorreram antes do ingresso no sistema prisional

Não 67/261 26,3 21,0 - 32,3 194/261 73,7 67,7 – 79,0 <0,001 1,000 -

Sim 19/27 73,0 53,0 - 86,7 8/27 27,0 13,3 – 47,0 7,597 3,061 - 18,851

Page 74: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

74

Considera que esses problemas aconteceram por falta de

condições para acessar algum tratamento de saúde

Não 69/258 27,1 21,7 - 33,2 189/258 72,9 66,8 - 78,3 <0,001 1,000 -

Sim 15/23 68,2 46,3 - 84,2 8/23 31,8 15,8 - 53,7 5,777 2,241 - 14,893

AUTORRELATO E/OU CONHECIMENTO DE

VIOLÊNCIA COM COLEGAS DE TRABALHO

Autorrelato ou conhecimento de violência na prisão com

colega

Nunca soube 15/81 19,6 11,8 - 30,9 66/81 80,4 69,1 - 88,2 0,025 1,000 -

Soube 71/207 34,6 27,9 – 42,0 136/207 65,4 58,0 - 72,1

2,166 1,093 - 4,291

Sofreu violência na prisão em que trabalha

Não 45/186 25,4 19,4 - 32,6 141/186 74,6 67,4 - 80,6 0,028 1,000 -

Sim 38/94 39,1 29,0 - 50,2 56/94 60,9 49,8 – 71,0

1,879 1,069 - 3,305

Sofreu violência psicológica na prisão

Não 53/215 25,6 19,8 - 32,3 162/215 74,4 67,7 - 80,2 0,004 1,000 -

Sim 30/63 46,6 33,5 - 60,2 33/63 53,4 39,8 - 66,5

2,544 1,344 - 4,816

Autorrelato ou conhecimento de violência sexual com colega

de trabalho na prisão

Não 68/251 27,9 22,4 - 34,2 183/251 72,1 65,8 - 77,6 0,034 1,000 -

Sim 13/26 49,2 29,7 - 68,9 13/26 50,8 31,1 - 70,3

2,494 1,05 - 5,925

Autorrelato ou conhecimento de violência física com colega de

trabalho na prisão

Não 29/146 19,9 13,9 - 27,8 117/146 80,1 72,2 - 86,1 0,001 1,000 -

Sim 53/134 40,5 31,8 - 49,8 81/134 59,5 50,2 - 68,2

2,739 1,536 - 4,884

Conhecimento de violência física leve com colega de trabalho

na prisão

Não 37/169 22,6 16,5 - 30,2 132/169 77,4 69,8 - 83,5 0,005 1,000 -

Sim 44/110 39,9 30,5 - 50,2 66/110 60,1 49,8 - 69,5

2,273 1,284 - 4,026

CUIDADOS COM A SAÚDE

Considera o seu estado de saúde como

Muito bom 14/90 15,2 8,9 - 24,9 76/90 84,8 75,1 - 91,1 <0,001 1,000 -

Page 75: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

75

Bom 49/146 34,5 26,8 - 43,2 97/146 65,5 56,8 - 73,2 2,937 1,432 - 6,024

Regular/Ruim 24/53 48,8 34,8 – 63,0 29/53 51,2 37,0 - 65,2 5,308 2,308 - 12,206

Possui plano de saúde

Não 17/51 32,3 20,2 - 47,4 34/51 67,7 52,6 - 79,8 0,799 1,000 -

Sim 70/239 30,3 24,4 – 37,0 169/239 69,7 63,0 - 75,6 0,913 0,453 - 1,839

AUTORRELATO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS

Hipertensão

Não 66/245 27,6 22,0 - 34,1 179/245 72,4 65,9 – 78,0 0,043 1,000 -

Sim 19/42 44,3 29,2 - 60,6 23/42 55,7 39,4 - 70,8 2,089 1,014 - 4,304

Hipercolesterolemia

Não 62/244 25,8 20,4 – 32,0 182/244 74,2 68,0 - 79,6 0,008 1,000 -

Sim 14/32 49,6 31,8 - 67,5 18/32 50,4 32,5 - 68,2 2,833 1,278 - 6,281 1

: valores observados ; 2: valores ponderados

Page 76: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

76

DISCUSSÃO

Nossos achados evidenciaram que parcela significativa das ASP apresentam transtornos

mentais comuns. Dentre os fatores associados, destacaram-se: considerar o seu trabalho na prisão

estressante, sofrer violência durante o trabalho no sistema prisional e fazer uso de algum

medicamento calmante.

O nervosismo (53,7%), a dificuldade para dormir (41,2%) e a presença frequente de

dores de cabeça (37,6%) como os distúrbios psicossomáticos mais prevalentes referidos pelas ASP.

Resultados semelhantes foram encontrados no Irã, indicando que os ASP enfrentaram muitos

problemas de natureza psíquica advindos da exposição ao ambiente de trabalho estressante. Em

decorrência, frequentemente desenvolveram problemas emocionais, distúrbios comportamentais,

ansiedade e distúrbios do sono10

.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 19 a 30% da população geral

consideram o seu trabalho estressante36

. Entre os ASP, esse percentual eleva-se para 37%3. No

âmbito da nossa pesquisa, mais de 2/3 das entrevistadas consideraram o seu trabalho de risco e

estressante. Alguns fatores contribuem para tornar o trabalho no ambiente prisional particularmente

estressante. Dentre eles, destacam-se o constante estado de atenção, o regime de trabalho por turnos

e o baixo efetivo de profissionais em relação à população carcerária10

.

A proporção média de ASP para presos na França e Alemanha é de 1:3. Na Inglaterra e

no Japão é de 1:3,3 e 1:4, respectivamente. Até mesmo na China, que possui a segunda maior

população carcerária feminina do mundo, essa proporção é de aproximadamente 1:5,537,22

. No

Brasil, o déficit de ASP para a população carcerária é expressivo. Levantamento recente demonstra

que no país há em média uma proporção de 1 agente para cada 8 pessoas presas. Alguns estados

como Pernambuco possuem 1 ASP para 31,2 presas22

. Importante salientar que de acordo com a

legislação vigente no país, a proporção máxima desejada é de 1 agente para cada 5 presas38

.

Outro fator contributivo para o aumento do estresse no ambiente prisional relaciona-se à

perspectiva de gênero. Pesquisa demonstrou que ASP do sexo feminino sofrem mais estresse no

ambiente prisional quando comparadas com os homens. Isso pode estar relacionado à busca por

espaços em uma profissão historicamente dominada pelo sexo masculino11

. Além disso, somam-se

as diversas demandas advindas do contexto social e familiar para as mulheres. Nesta pesquisa,

quase metade das entrevistadas são a principal fonte de renda da família e 60% possuem filhos.

Esse achado reforça as múltiplas jornadas de trabalho que as mulheres assumem atualmente,

trazendo como consequência uma sobrecarga física e emocional. Isto pode ser evidenciado no

Page 77: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

77

nosso estudo, onde pouco mais de 1/3 das ASP que são a principal fonte de renda da família

apresentam TMC.

As ASP que consideraram seu trabalho na prisão estressante, possuem ainda maiores

chances de desenvolver TMC. Estudo aponta para uma forte associação entre as condições laborais

desses profissionais e o surgimento de sofrimento psíquico. Também sugere o aumento de

problemas somáticos, tais como dores de cabeça, de estômago e dores nas costas5, igualmente

identificados em nosso estudo.

A presença de TMC parece estar relacionada também às formas de violências sofridas

por ASP antes do ingresso no ambiente prisional. Nossos achados mostram que as entrevistadas que

passaram por experiências de roubo e de violências física, psicológica e sexual, antes de trabalhar

no presídio, apresentam maiores chances de desenvolver TMC. Esses eventos mostram como a

exposição à violência pode trazer consequências psicológicas em longo prazo, devendo ser

analisada de forma ampliada.

Dentro do ambiente prisional, o elevado nível de estresse contribui para a

susceptibilidade das detentas e ASP às práticas de violência e agressões. Nesta pesquisa, mais de

1/3 das ASP que afirmaram ter sofrido algum tipo de violência no trabalho desenvolveram TMC.

Agentes penitenciários e outros profissionais de segurança estão mais expostos à

violência durante o exercício das suas funções do que outras categorias profissionais. Estudo

realizado em 2010 com 1.529 policiais na Finlândia demonstrou que 23% consideraram-se

frequentemente expostos à violência39

. No Brasil, pesquisa realizada com delegados de polícia na

região nordeste evidenciou que nos 12 meses anteriores à data da realização da pesquisa, 28% da

população entrevistada afirmou ter sofrido agressões por detentos40

.

A regularidade com que os ASP estão expostos a insultos, agressões, ameaças e

violência no trabalho repercute em sobrecargas físicas e psicológicas. Vários estudos relataram uma

prevalência mais elevada de sintomas depressivos em agentes penitenciários cronicamente expostos

à violência35,37,40,41

. Isso contribui ainda para o aumento das taxas de morbidade e mortalidade entre

esses profissionais.

A violência ocorrida durante o trabalho no sistema prisional engloba diversas

manifestações, que acabam por interferir no desempenho profissional e na qualidade de vida das

agentes de segurança. A chance de desenvolver TMC está associada também ao conhecimento de

episódios de violências sofridas pelas colegas no trabalho. As ASP que relataram sofrer ou ter

Page 78: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

78

conhecimento de violências com colegas de trabalho possuem mais chances (OR = 2,116 (95%IC:

1,093 - 4,291)) de desenvolver TMC.

O medo de presenciar incidentes violentos envolvendo colegas de trabalho foi associado

a uma constante fonte de estresse para os ASP. Além disso, identificou-se um prejuízo no

desempenho das suas atividades, sobretudo nos aspectos relacionais junto aos detentos, interferindo

no seu papel de ressocializar esses sujeitos na sociedade42

.

O autorrelato e/ou conhecimento da violência sexual (49,2%), violência psicológica

(46,6%) e violência física (40,5%) com colegas no ambiente de trabalho, apresentou associação

estatisticamente significativa à presença de TMC. As agressões verbais, ameaças, insultos e

tentativas de chantagens também estiveram associados a sintomas depressivos em outras pesquisas3.

A exposição constante dos ASP ao estresse no ambiente prisional contribui ainda para o

desenvolvimento de algumas doenças crônicas. Dentre elas, a literatura evidencia uma maior

prevalência de doenças coronarianas, hipertensão arterial e diabetes em ASP quando comparados

com diversas outras ocupações15

.

No âmbito da nossa pesquisa, as ASP que se autodeclararam hipertensas apresentaram

maiores chances (OR = 2,089 (95%IC: 1,014 - 4,304)) de desenvolver TMC. Esses resultados

corroboram com os encontrados em estudo realizado com ASP na China, onde identificou

associação entre doenças crônicas com sintomas depressivos37

.

O ambiente estressante no sistema prisional favorece o uso de medicamentos calmantes

entre os ASP. Nossa pesquisa evidenciou que mais da metade das entrevistadas que referiram uso

dessas substâncias apresentou TMC.

O uso de medicamentos calmantes entre ASP do sexo feminino também foi identificado

em estudo realizado no Canadá. Os dados demonstraram que as mulheres apresentaram uma maior

prevalência no consumo desses medicamentos (18,7%), quando comparadas com os homens

(11,8%)43

.

O autorrelato sobre o estado atual de saúde apresentou associação estatisticamente

significativa com sofrimento psicológico. Em nosso estudo, as ASP que consideraram sua saúde

como regular ou ruim possuem maiores chances de desenvolverem TMC. Esses resultados

corroboram com estudos realizados em ASP no Canadá, onde apontou que os profissionais mais

expostos ao estresse no trabalho relataram mais problemas de saúde44

.

Page 79: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

79

CONCLUSÃO

A prevalência de TMC entre ASP no Brasil é superior a 30%. Dentre os principais

fatores associados, destacaram-se considerar o seu trabalho na prisão como estressante, sofrer

violência antes do ingresso no sistema prisional e durante o exercício do trabalho, além do uso de

medicamentos calmantes.

O conjunto dos fatores estressores presentes no ambiente de trabalho prisional repercute

em implicações negativas para a saúde física e mental das ASP. Além disso, contribui para a perda

da eficiência no desempenho das suas funções, o aumento do absenteísmo e um número maior de

afastamentos por conta das doenças relacionadas ao trabalho, sobretudo os transtornos mentais

comuns.

A exposição frequente à violência no ambiente prisional proporciona um aumento dos

níveis de estresse entre as ASP. Além disso, o estado constante de alerta, a superlotação das

unidades penitenciárias e o baixo efetivo de profissionais fomenta o desenvolvimento de problemas

emocionais e de distúrbios comportamentais. Todo esse contexto favorece o aumento no consumo

de medicamentos calmantes por parte das ASP.

A exposição constante ao estresse no ambiente prisional pode acarretar ainda o

surgimento de doenças crônicas. Dentre elas, destacam-se as coronarianas, hipertensão arterial e

diabetes.

Nesse contexto, as políticas públicas voltadas para a Saúde do Trabalhador precisam

estar atentas às complexidades e vulnerabilidades inerentes a categoria profissional dos ASP. O

desenvolvimento de ações intersetoriais envolvendo Ministério da Saúde, da Justiça e entidades

representativas de classe tornam-se fundamentais para a qualificação das intervenções junto a essas

profissionais, atuando de forma resolutiva e sistemática.

Page 80: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

80

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psychotropic drug use among correctional officers. International Journal of Law and Psychiatry.

2010; 33(2):122-9.

44. Bourbonnais R, Malefant R, Vézina M, Jauvin N, Brisson I. Work characteristics and health of

correctional officers. Rev. Epidemiol Sante Publique. 2005; 53(2):127-142.

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PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS

AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL

RESUMO

A violência no trabalho é um grave problema de saúde pública. Dentre as categorias profissionais

mais acometidas, destacam-se os Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Objetiva estimar a

prevalência e fatores associados à violência no trabalho das ASP no Brasil. Estudo seccional,

analítico, de abrangência nacional, realizado em 15 unidades prisionais femininas, nas cinco regiões

do Brasil. A população foi composta por ASP do sexo feminino. A amostra foi estipulada em 40%

das ASP presentes nas unidades prisionais no momento da coleta. Realizou-se o teste de qui-

quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalo de Confiança foram estimados para os fatores que

apresentaram associação significativa. A análise multivariada foi realizada através do modelo de

Regressão Logística, com nível de significância de 5%. A prevalência de pelo menos um episódio

de violência nas ASP foi de 28,4% (IC95%: 23,1 - 34,2). Na análise multivariada, os fatores que se

associaram à violência nas ASP foram: escolaridade (OR = 1,8 : IC95% 1,01 - 3,4), trabalhar em

outro estabelecimento prisional (OR = 4,5 : IC95% 2,1 - 9,9) e renda mensal (OR = 3,1 : IC95% 1,2

- 7,6). O tempo de trabalho como ASP apresentou indicativo de risco para a faixa de 6 a 10 anos

(OR = 2 : IC95% 1,06 - 3,9) de experiência profissional. Violências e agressões acometem grande

parcela das ASP no Brasil. Faz-se necessária a adoção de medidas intersetoriais, capazes de intervir

no ambiente de trabalho, de forma a torna-lo mais seguro e menos violento.

Palavras-Chave: Violência Laboral; Agente de Segurança Penitenciário; Agressão; Segurança

Pública; Estresse Ocupacional.

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INTRODUÇÃO

A violência é considerada um dos grandes problemas sociais e de saúde na atualidade.

De acordo com o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, registram-se anualmente mais de 1,3

milhões de mortes no mundo em consequência da violência, em todas as suas formas de

manifestações1.

A violência no ambiente de trabalho também é considerada um importante problema de

saúde pública. Para o Joint Programme on Workplace Violence, a violência no trabalho é definida

como qualquer incidente onde trabalhadores são abusados, ameaçados ou agredidos em

circunstâncias relacionadas ao ofício que desempenham. Esses incidentes podem assumir a forma

de abusos ou agressões de natureza física ou psicológica, desencadeados tanto por colegas de

profissão, como por empregadores, clientes, pacientes ou acompanhantes2.

A violência no trabalho é um fenômeno comum, porém, muitas vezes não notificado em

diversos países. Apesar disto, o Crime Survey for England and Wales estimou que, durante os anos

de 2011 e 2012, cerda de 1,4% dos trabalhadores adultos foram vítimas de um ou mais incidentes

de violência no trabalho. Outros 0,7% informaram que foram agredidos fisicamente enquanto

estavam trabalhando e 0,8% foram ameaçados. Isso representa cerca de 312.000 vítimas de

violência, 159.000 agressões e 169.000 ameaças nesse período3.

O registro de casos de violência no trabalho é mais frequente em algumas ocupações,

tais como profissionais de Saúde, Educação e Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). As

particularidades inerentes ao processo de trabalho dessas categorias profissionais contribuem para

que os trabalhadores estejam mais expostos a esses eventos4.

No caso dos ASP, o contato direto com a população privada de liberdade, a superlotação

e o baixo efetivo de profissionais em relação à população encarcerada figuram entre as principais

causas para o uso da força e a ocorrência de agressões e ameaças no ambiente prisional4. Somam-se

ainda, a diversidade de funções exercidas pelos ASP no âmbito do sistema penitenciário, tais como

ressocializar, vigiar e punir os indivíduos em privação de liberdade5.

Os ASP utilizam-se, muitas vezes, de práticas disciplinares humilhantes e agressivas. A

punição sobre as populações encarceradas torna-se um instrumento de coerção, empregada como

um dispositivo para o disciplinamento dos detentos. Desse modo, não raro constatam-se condutas

abusivas que retratam um cotidiano marcado pela opressão e violência no sistema prisional6.

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86 A literatura evidencia que a violência física e psicológica em diferentes intensidades são

fatores que interferem no trabalho e na integridade física dos ASP. Pesquisa realizada entre ASP

norte-americanos durante os anos de 1999 a 2008 registrou a ocorrência de 125.200 agressões não

fatais, o que corresponde a uma prevalência de 3,0% ao ano. No mesmo período, 113 casos de

lesões fatais decorrentes de agressões graves e severas foram registradas, representando uma taxa de

mortalidade de 2,7% ao ano7.

O National Institute for Occupational Safety and Health nos Estados Unidos,

demonstrou que somente no ano de 2011 foram registrados 544 lesões ou doenças relacionadas ao

trabalho por 10.000 ASP, graves o suficiente para perderem pelo menos um dia de trabalho. Esses

dados são quatro vezes maiores do que os encontrados para as demais categorias profissionais (117

casos por 10.000 trabalhadores). Também em 2011, registrou a ocorrência de 254 acidentes de

trabalho por 10.000 ASP decorrentes de agressões ou atos violentos praticados por detentos. Esse

número é consideravelmente mais elevado quando comparado ao restante da população

trabalhadora norte-americana (7 por 10.000)8.

Somente no ano de 2013, o French National Observatory of Crime notificou 12.879

casos de violência física contra ASP. Isso corresponde a uma prevalência anual de 9%, pouco mais

de 4 vezes superior ao estimado para a população trabalhadora francesa em geral (1,7%)9. No

Canadá, foram identificadas associações positivas entre a tensão no trabalho, o baixo suporte social

dos colegas/supervisores e o assédio moral no trabalho10

. ASP italianos apresentaram exaustão

emocional relacionada à exposição a situações estressantes como censuras injustas, trabalho extra e

exposição a insultos/ameaças dos detentos11

.

Violências, agressões e ameaças são consideradas como um dos principais fatores de

risco para o desenvolvimento de problemas de saúde entre ASP. Além disso, estudo evidencia que o

trabalho desses profissionais é extremamente estressante, podendo trazer consequências graves para

a sua integridade física e psicológica, tais como ansiedade, estresse, sensação de desamparo e

ideação suicida12

.

No Brasil, ainda persistem grandes lacunas relacionadas a pesquisas envolvendo

violência no ambiente de trabalho dos ASP. Esses estudos tornam-se ainda mais escassos quando se

trata de ASP do sexo feminino. O presente manuscrito objetiva estimar a prevalência de violência

no trabalho e seus fatores associados em Agentes de Segurança Penitenciária do sexo feminino no

Brasil.

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87

MATERIAIS E MÉTODOS

Tipo e local de estudo

Foi realizado um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, parte do projeto

intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras

prisionais”. Foi desenvolvido em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia

(Região Norte), Ceará (Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste),

São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul) entre janeiro de 2014 a

dezembro de 2015.

População de estudo e amostra

A população consistiu em ASP do sexo feminino, vinculadas formalmente ao sistema

penitenciário brasileiro, atuando em contato direto com mulheres privadas de liberdade e que

aceitaram participar do estudo. Devido à ausência de informações oficiais sobre a população de

estudo no Brasil à época da realização da pesquisa, a amostra levou em consideração a população

carcerária feminina, sendo realizada em múltiplos estágios.

Inicialmente foram selecionados, intencionalmente, dois estados por região político-

administrativa brasileira que tinham as maiores populações carcerárias femininas13

. A seguir, os

presídios foram estratificados de acordo com o número de presidiárias e localização (capital, região

metropolitana ou interior). Foram incluídos no plano amostral apenas os presídios com mais de 75

detentas, devido à obrigatoriedade de possuírem serviços de saúde 14

.

A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes no momento de coleta. Em

unidades prisionais onde o quantitativo de ASP era igual ou inferior à 33, todas as agentes foram

incluídas. Foram excluídas do cálculo amostral as ASP em férias, licença ou recém-ingressas

(menos de 30 dias).

A seleção das participantes foi realizada por meio de gerador de números aleatórios

Intemodino Group. A identificação foi feita através de listagem nominal fornecida em cada unidade

prisional.

Page 88: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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Instrumentos e variáveis coletadas

Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado, utilizando tecnologia de

Audio Computer-Assisted Self-Interviewing – ACASI. A opção pelo ACASI decorre da sua

aplicabilidade em pesquisas onde existe a necessidade de se abordar informações sensíveis, de

cunho pessoal, ou mesmo relacionadas à comportamentos de risco para a saúde15

.

O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis de

suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões, sendo as 4

primeiras relacionadas à sintomas físicos e outras 16 sobre sintomas psicoemocionais16, 17

.

A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de

comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de aspectos

subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais, especialmente em

grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas com a diminuição das

funções laborais e sociais16,17

.

Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte para

a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade. Nesse estudo,

adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP, em conformidade

com as orientações estabelecidas para mulheres18-20

.

O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a identificação

dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto por 10 itens e avalia

tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool, além de sintomas de

dependência21

. Dentre as potencialidades do instrumento, destaca-se a facilidade e rapidez na

aplicação, além da possibilidade de fornecer orientações focadas no padrão de consumo do sujeito

avaliado22

.

A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas categorias,

de baixo risco e de risco ou alto risco, respectivamente. O consumo de baixo risco refere-se às ASP

que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram escores

acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento.

As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa pesquisa

estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da Saúde e da

legislação vigente no Brasil23,24

. As definições de violência física grave relacionam-se aos episódios

envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de enforcamento. As violências físicas

Page 89: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

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severas relacionam-se a episódios com objetos que causaram ferimentos ou lesões corporais, tais

como armas de fogo, agressões com facas ou instrumentos perfurocortantes. As agressões ou

violências sofridas antes do ingresso no sistema prisional obedeceram às mesmas definições

supracitadas.

A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades prisionais em

que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida pela própria ASP) ou

conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por colega de trabalho). A

violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi autor referida.

Aspectos socioeconômicos como idade (categorizadas em menos de 30, 31-35, 36-39,

40-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram investigados. A raça (parda,

negra, branca e amarela) foi autorreferida, obedecendo aos critérios estabelecidos no Brasil. A renda

mensal foi medida em salários mínimos e contabilizada em moeda local25

.

No componente trabalho, foi perguntada a idade de ingresso no sistema prisional, tempo

de trabalho como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao

ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em que a

ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória, penitenciária,

colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as definições do Ministério

da Justiça do Brasil26

.

O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos sem a

necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram Rohypnol®, Valium® ou

Dormonid®, cuja aquisição depende de receituário médico. Foram incluídas ainda perguntas sobre

o consumo de cigarros (atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas

ilícitas atualmente (maconha, crack, merla).

Análise dos dados

Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS®

versão 20.0 e Stata® versão

13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de Confiança foram

estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou mostraram-se como fatores

de confundimento.

A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão Logística. Foram

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verificados os fatores que, no contexto multidimensional, aumentaram a probabilidade da ASP

sofrer violência no ambiente de trabalho. Aqueles que demonstraram significância em até 20%

foram levados ao modelo logístico.

As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação bivariada e

multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com a ponderação

obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por estágio de amostragem.

O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As frequências absolutas e

relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das frequências não ponderadas e

ponderadas.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do

Ceará/PROPESQ, mediante protocolo 188.211. Por se tratar de pesquisas envolvendo seres

humanos, todas as participantes leram e concordaram com o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

RESULTADOS

A população total nas unidades prisionais durante a coleta foi de 810 ASP, sendo

estimada uma amostra de 324 pessoas. Destas, ocorreram 4,6 % de perdas na seleção inicial devido

à escolta externa e acompanhamento das detentas aos serviços de saúde. Ao final, foram abordadas

371 ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa, perfazendo uma amostra final de 295

participantes. Foram incluídas ASP de todos os turnos e equipes de trabalho.

Neste estudo, a média de idade das ASP foi de 38,14 (±8,5) anos e 73,4% (95%IC: 68,0

- 78,1) encontram-se na faixa etária de 31 a 50 anos. Aproximadamente 44% se auto declararam

como negras e 37,7% como brancas. Quanto ao nível de escolaridade, 64,3% (95%IC: 58,6 - 69,6)

frequentam a universidade, já completaram o ensino superior ou pós-graduação. Cerca de 2/3 são

casadas ou vivem em união estável. Metade das ASP moram com mais 2 ou 3 pessoas, 81,6%

possuem renda mensal variando de 3 a mais de 5 salários mínimos e 44,9% são a principal fonte de

renda da família (TABELA 1).

A média de idade para o ingresso das ASP no sistema prisional foi de 29,9 (±6,73) anos,

sendo a maior frequência distribuída na faixa etária entre 25 a 35 anos. O tempo médio de trabalho

como agente foi de 8,11 (±6,6) anos, sendo que 22,6% (95%IC: 18,3 - 27,4) trabalhavam há mais de

10 anos. (TABELA 1).

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91 Sobre ocupações pregressas, 91,5% (95%IC: 87,8 - 94,3) referiram trabalhar em outros

estabelecimentos antes de ingressarem no sistema prisional. A maioria dessas, nunca desempenhou

funções relacionadas à atividade de segurança nacional/particular. No que diz respeito a ocupação

como ASP, 73% já trabalhou em mais de um estabelecimento prisional (TABELA 1).

Com relação aos conhecimentos adquiridos para o exercício profissional, 94,7%

(95%IC: 91,3 - 96,8) afirmaram ser suficientes na área de segurança, 55,9% (95%IC: 49,8 - 61,8)

sobre drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.) e 54,5% (95%IC: 48,5 - 60,3) sobre drogas lícitas

(álcool e tabaco). A quase totalidade das agentes (80,9%) considera seu trabalho como de risco e

estressante (TABELA 1).

No que tange aos componentes psicossociais, 30,6% (95%IC: 25,2 - 36,6) das ASP

obtiveram níveis compatíveis para transtornos mentais comuns. O consumo atual de calmantes que

não necessitam de receituário médico foi relatado por pouco mais de 22% das entrevistadas. Já em

relação aos benzodiazepínicos, apenas 3% das ASP referiram seu uso.

Sobre o consumo de cigarros, 81,8% (95%IC: 77 - 85,8) das entrevistadas declararam já

ter fumado alguma vez na vida. Contudo, apenas 12% ainda permanecem com hábitos tabagistas

atualmente.

Cerca de 32,3% (95%IC: 26,9 - 38,3) das ASP afirmaram consumir bebidas alcoólicas.

Destas, pouco mais de 91% apresentam consumo de baixo risco ou abstinência e 8,5% em consumo

de risco ou alto risco.

A quase totalidade (99,4%) das ASP declarou não fazer uso de nenhum tipo de drogas

ilícitas atualmente. Esse expressivo percentual pode ser explicado em parte, por se tratar de uma

questão delicada, sobretudo no âmbito do sistema prisional. Dessa forma, o autorrelato pode sofrer

viés de resposta por parte das ASP.

Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral, psicossocial e de violência sofrida antes do ingresso no sistema

prisional das Agentes de Segurança Penitenciária. n

1 %

2 95%IC

2

Idade (anos)

Media (±dp) 295 38,14 (±8,52)

< 30 51/295 15,3 11,8 ; 19,8

31 |-- 36 87/295 30,0 24,8 ; 35,7

36 |-- 40 63/295 22,4 17,8 ; 27,8

40 |-- 50 59/295 21,0 16,4 ; 26,6

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92

≥ 50 35/295 11,3 8,1 ; 15,6

Raça

Parda 41/293 14,8 11,0 - 19,6

Negra 130/293 44,1 38,4 - 50,0

Branca 111/293 37,7 32,5 - 43,1

Amarela 11/293 3,4 1,9 - 6,2

Grau de Instrução

Ensino Fundamental ou Médio 109/295 35,7 30,4 - 41,4

Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 186/295 64,3 58,6 - 69,6

Situação Conjugal Atual

Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7 27,2 - 38,7

União estável e/ou casada 198/294 67,3 61,3 - 72,8

Filhos 173/289 60,3 54,1 - 66,2

Numero médio (±dp) de filhos 172 1,87 (±1,27)

Idade media (±dp) do filho mais novo 167 11,78 (±7,98)

Idade media (±dp) do filho mais velho 97 20,14 (±8,78)

No de pessoas que residem na casa além da ASP

1 86/294 28,9 23,9 - 34,5

2 a 3 142/294 50,5 44,5 - 56,4

4 ou mais 66/294 20,6 16,4 - 25,7

Renda mensal da ASP em Salários Mínimos

1 a 3 62/294 18,4 14,9 - 22,5

Mais de 3 a 5 132/294 47,1 42,4 - 51,9

Mais de 5 100/294 34,5 30,6 - 38,7

ASP é principal fonte de renda da família 129/294 44,9 39,0- 51,0

COMPONENTE VIOLÊNCIA E/OU AGRESSÃO SOFRIDA

ANTES DO INGRESSO NO SISTEMA PRISIONAL

Sofreu violência antes do trabalho na prisão

Não 120/291 40,1 34,4 - 46

Sim 171/291 59,9 54 - 65,6

No de violências antes do trabalho na prisão

1 80/171 44,9 37,4 - 52,5

2 51/171 30,5 23,5 - 38,4

>=3 40/171 24,7 18,3 - 32,5

Tipos e responsáveis pela prática de violências/agressões sofridas

antes de trabalhar na prisão

Roubo 86/291 31,4 25,9 - 37,4

Quem roubou fazia parte da família 15/79 17,3 10,5 - 27,2

Dano moral 48/289 16,9 12,9 - 21,9

Quem ofendeu moralmente fazia parte da família 17/44 36,8 22,6 - 53,7

Violência psicológica 60/290 21,9 17,2 - 27,4

Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família 30/54 55,2 40,6 - 69

Violência sexual 29/288 11,1 7,8 - 15,5

Quem violou sexualmente fazia parte da família 18/28 67,2 47,6 - 82,2

Violência física leve 74/290 25,8 20,8 - 31,5

Quem agrediu fazia parte da família 53/68 81,1 70 - 88,8

Violência física grave 21/289 7,9 5 - 12,3

Quem agrediu fazia parte da família 17/21 84,5 63,8 - 94,4

Violência física severa 11/289 3,9 2 - 7,4

Page 93: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

93

Quem agrediu fazia parte da família

7/9 77,3 34,7 - 95,1

COMPONENTE TRABALHO

Idade que ingressou no presidio

Média (±dp) 294 29,9 (±6,73)

=< 25 anos 83/294 28,8 23,5 - 34,6

25 --| 35 anos 161/294 53,7 47,5 - 59,8

> 35 anos 50/294 17,5 13,4 - 22,6

Tempo (anos) que trabalha como agente

Média (±dp) 294 8,11 (±6,61)

5 anos ou menos 138/294 45,8 40,2 - 51,5

6 a 10 anos 92/294 31,6 26,6 - 37,1

Mais de 10 anos 64/294 22,6 18,3 - 27,4

Ocupação anterior ao ingresso no Sistema Prisional

Não 26/289 8,5 5,7 - 12,2

Sim 263/289 91,5 87,8 - 94,3

Militar, guarda, segurança, vigilante 17/289 6,0 3,7 - 9,6

Não relacionada à atividade de segurança 246/289 85,5 80,8 - 89,3

Trabalhou em outro estabelecimento prisional 216/295 73,0 68,0 - 77,5

Quantos outros estabelecimentos penais trabalhou

0 79/295 27,0 22,5 - 32

1 162/295 53,8 48,3 - 59,3

2 ou mais 54/295 19,2 15,3 - 23,8

Tipos de estabelecimentos penais que já trabalhou

Cadeia pública 14/295 4,8 2,8 - 8,2

Presídios ou casas de privação provisória 100/295 35,3 30,8 - 40,2

Penitenciária 137/295 47,0 41,6 - 52,5

Colônia agrícola 10/295 2,7 1,4 - 5,2

Casas de albergado ou albergue 13/295 4,7 2,7 - 8,2

Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 13/295 4,1 2,2 - 7,4

Outro(a) local 7/295 2,5 1,1 - 5,2

Considera seu trabalho na prisão

Apenas estressante 5/291 1,4 0,6 - 3,3

Apenas de risco 50/291 17,9 13,5 – 23,0

Risco e estressante 236/291 80,9 75,5 - 85,3

Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional nas áreas de

Segurança 262/278 94,7 91,3 - 96,8

Saúde mental 100/278 36,3 30,6 - 42,3

Saúde reprodutiva 57/278 21,1 16,5 - 26,5

Drogas lícitas (álcool e tabaco) 152/278 54,5 48,5 - 60,3

Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.) 154/278 55,9 49,8 - 61,8

COMPONENTE PSICOSSOCIAL

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Escore SRQ-20

<7 204/291 69,4 63,4 - 74,8

>=7 87/291 30,6 25,2 - 36,6

Consumo de Calmantes Atualmente

Não 213/291 72,7 67 - 77,7

Sim 78/291 27,3 22,3 - 33

Consumo de Benzodiazepínicos Atualmente

Não 280/289 97 94,1 - 98,5

Sim 9/289 3 1,5 - 5,9

Consumo de Cigarros

Fuma ou já fumou cigarros?

Não 232/290 81,8 77 - 85,8

Sim 58/290 18,2 14,2 - 23

Sim, atualmente 39/290 12,0 8,7 - 16,2

Sim, mas parei 19/290 6,2 4,0 - 9,6

Consumo de Bebidas Alcoólicas

Não 193/285 67,7 61,7 - 73,1

Sim 92/285 32,3 26,9 - 38,3

Classificação do Consumo - AUDIT

Baixo risco ou abstinência (0 - 7) 258/280 91,5 87,1 - 94,5

Consumo de risco ou alto risco 22/280 8,5 5,5 - 12,9

Consumo de Drogas Ilícitas Atualmente

Não 288/291 99,4 97,9 - 99,8

Sim 3/291 0,6 0,2 - 2,1

1: valores observados;

2: valores ponderados

Mais da metade das entrevistadas referiram ter sofrido algum episódio de violência

antes do ingresso no sistema prisional. Quanto ao número de violências, pouco mais de 55% das

entrevistadas referiram ter sido vítimas de dois ou mais episódios (TABELA 1).

Dentre os tipos, o roubo (31,4% (95%IC: 25,9 - 37,4)), a violência física leve (25,8%

(95%IC: 20,8 - 31,5)), a violência psicológica (21,9% (95%IC: 17,2 - 27,4)) e os danos morais

(16,9% (95%IC: 12,9 - 21,9)) foram os mais frequentes, respectivamente (TABELA 1).

Chama a atenção o alto percentual de pessoas que fazem parte da família, apontadas

como responsáveis por praticarem violência ou agressão nas ASP. Mais de 80% das violências

físicas leves e 77,3% das violências físicas severas tiveram como perpetradores, pessoas da própria

família. Cerca de 55,2% dos responsáveis por praticarem violência psicológica e 36,8% dos danos

morais também foram atribuídos à pessoas da própria família das ASP (TABELA 1).

Os eventos envolvendo violência contra as ASP merecem destaque. Apenas 3,7% das

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95

ASP declararam não saber e/ou não querer responder se já sofreram algum episódio de violência no

ambiente de trabalho. Esse percentual foi ainda menor (1,4%) quando se tratou do conhecimento em

relação à violência sofrida por colegas de profissão (TABELA 2).

Cerca de 68,4% (95%IC: 62,5 - 73,8) das ASP declararam ter conhecimento de eventos

envolvendo violência com colegas de trabalho na prisão. Já para os eventos de violência auto

relatados, o percentual foi de 33,7% (95%IC: 28,2 - 39,4) (TABELA 2).

Quando estratificadas por tipo, o conhecimento sobre violências sofridas por colegas de

trabalho permanece com uma maior frequência do que entre as relatadas pelas próprias

entrevistadas, distribuídas respectivamente da seguinte maneira: violência física 42,5% (95%IC:

36,8 - 48,4) e 4,1% (95%IC: 2,3 - 7,0); psicológica 42,2% (95%IC: 36,2 - 48,4) e 22,8% (95%IC:

18,1 - 28,4); roubo 38,4% (95%IC: 32,7 - 44,4) e 11,6% (95%IC: 8,1 - 16,3); violência moral

30,9% (95%IC: 25,7 - 36,6) e 11,1% (95%IC: 7,7 - 15,7). Além disso, o conhecimento sobre pelo

menos 3 ou mais formas de violências sofridas pelas colegas de trabalho foi de 35,8% e de 5,3%

(95%IC: 3,1 - 8,9%) com a própria ASP (TABELA 2).

Tabela 2 - Violências sofridas por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha

atualmente ou em outra unidade que trabalhou

VIOLÊNCIA SOFRIDA COLEGA ASP

n/N1 %

2 95%IC

2 n/N

1 %

2 95%IC

2

Teve conhecimento de violência na prisão 197/291 68,4 62,5-73,7 93/291 33,7 28,2 - 39,4

Nº de violências sofridas ou conhecidas

0 94/291 31,6% 26,3 ; 37,5 190/284 66,3% 60,5 - 71,7

1 - 2 94/291 32,5% 27,0 ; 38,5 81/284 28,4% 23,1 -34,3

>= 3 103/291 35,8% 30,4 ; 41,7 13/284 5,3% 3,1 - 8,9

Tipo de violência que teve conhecimento

Roubo 109/292 38,4 32,7 - 44,4 31/292 11,6 8,1 - 16,3

Violência moral a 87/287 30,9 25,7 - 36,6 30/287 11,1 7,7 - 15,7

Violência psicológicab 119/282 42,2 36,2 - 48,4 63/282 22,8 18,1 - 28,4

Assédio sexual c 24/281 8,7 5,7 – 13,0 9/281 3,1 1,5 - 6,3

Violência física 116/282 42,5 36,8 - 48,4 13/278 4,1 2,3 - 7,0

Violência física leved 106/283 38,9 33,4 - 44,8 12/283 3,7 2,1 - 6,6

Violência física grave e/ou severa 90/285 31,7 26,6 – 37,3 2/282 0,7 0,2 -3,1

Violência física gravee 61/282 22,1 17,5 - 27,3 1/282 0,5 0,1 - 3,3

Violência física severaf 58/285 20,0 15,6 - 25,1 1/282 0,3 0,0 - 1,9

Objeto usado na violência física severa

Faca ou objeto perfurante 31/285 9,4 6,6 - 13,2 1/282 0,3 0,0 - 1,9

Revolver ou outra arma de fogo 12/285 5,0 2,8 - 8,9 0/282 0,0 -

Outros objetos que causam ferimento 7/285 2,4 1,1 - 5,4 0/282 0,0 -

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96

Faca ou objeto perfurante e revolver 3/285 1,2 0,4 – 4,0 0/282 0,0 -

Faca ou objeto perfurante e outro 5/285 1,9 0,8 - 4,6 0/282 0,0 - 1

: valores observados ; 2: valores ponderados

a: acusada injustamente de ter cometido algum delito ou ter sido acusada de atitudes que consideram vergonhosas

b: ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou ridicularizada

c: tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que considera sexual

d: tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito

e: esbofeteada, espancada, queimada ou tentativa de enforcamento

f: ferida de propósito com faca, outro objeto perfurocortante, revólver ou outra arma de fogo, além de outros objetos

que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.).

Para todos os tipos de violência sofridas, as detentas e as próprias ASP aparecem como

as principais suspeitas de execução. Contudo, a natureza das agressões difere para ambas. Conforme

observa-se na Tabela 3, as detentas foram as mais citadas como suspeitas de praticarem violência

física grave e severa 93,1% (95%IC: 80,3 - 97,8), violência física leve 89,4% (95%IC : 79,6 - 94,8)

e violência psicológica 52,4% (95%IC: 43,0 - 61,5) (TABELA 3).

As ASP, por seu turno, foram apontadas como as principais suspeitas de praticarem

roubos (74,6% (95%IC: 62,3 - 84,0%)), violência moral (68,1% (95%IC: 55,9 - 78,3%)) e assedio

sexual (66,8% (95%IC: 43,1 - 84,3%)) entre as próprias colegas de trabalho. Os policiais e/ou

outros funcionários do presídio também foram significativamente citados como suspeitos de

cometer violência moral, 23,5% (95%IC: 14,7 - 35,3%) e violência psicológica, 22,6% (95%IC:

15,3 - 32,0%) (TABELA 4).

Tabela 3 – Formas e pessoas suspeitas de praticarem violência na unidade prisional em que a ASP trabalha

n/N

1 %

2 95%IC

2

Pessoas suspeitas de cometer roubo

Presidiárias/ Detentas. 24/73 32,9 22,6 – 45,0

ASP 55/73 74,6 62,3 – 84,0

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 6/73 7,8 3,5 – 16,6

Visitante 4/73 6,4 2,4 – 16,0

Outro(a) 5/73 8,8 3,4 - 20,6

Frequência de roubo

Raramente 65/90 72,0 60,7 – 81,0

Às vezes 21/90 23,7 15,3 - 34,8

Frequentemente 4/90 4,3 1,6 - 11,5

Pessoas suspeitas de cometer violência moral

Presidiárias/ Detentas. 30/81 38,8 27,9 - 50,9

ASP 55/81 68,1 55,9 - 78,3

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 18/81 23,5 14,7 - 35,5

Visitante 8/81 9,9 4,8 - 19,2

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97

Outro(a) 2/81 1,3 0,3 - 5,7

Frequência de violência moral

Raramente 43/85 51,3 40,0 - 62,4

Às vezes 22/85 28,0 18,5 - 39,8

Frequentemente 20/85 20,8 13,7 - 30,2

Pessoas suspeitas de cometer violência psicológica

Presidiárias/ Detentas. 61/116 52,4 43,0 - 61,5

ASP 49/116 39,8 30,7 - 49,7

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 24/116 22,6 15,3 - 32,0

Visitante 13/116 11,6 6,8 - 19,2

Outro(a) 6/116 4,6 1,9 - 10,7

Frequência de violência psicológica

Raramente 39/119 34,2 26,1 - 43,3

Às vezes 37/119 30,7 22,8 - 39,9

Frequentemente 43/119 35,2 26,8 - 44,5

Pessoas suspeitas de cometer assédio sexual

Presidiárias/ Detentas. 9/21 37,4 19,2 - 60,1

ASP 14/21 66,8 43,1 - 84,3

Policiais e ou outros funcionários da prisão 0/21 0,0 -

Visitante 6/21 33,2 15,7 - 56,9

Outro(a) 1/21 4,8 0,7 - 27,5

Frequência de assédio sexual

Raramente 14/22 68,7 46,4 - 84,8

Às vezes 6/22 20,9 9,1 - 41,3

Frequentemente 2/22 10,4 2,4 - 35,4

Pessoas suspeitas de cometer violência física leve

Presidiárias/ Detentas. 85/93 89,4 79,6 - 94,8

ASP 8/93 9,6 4,7 - 18,9

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 0/93 0,0 -

Visitante 2/93 2,5 0,6 – 10,0

Outro(a) 0/93 0,0 -

Frequência da violência física leve

Raramente 56/91 62,2 51,2 - 72,1

Às vezes 24/91 26,8 18,2 - 37,5

Frequentemente 11/91 11,0 6.0 - 19,4

Pessoas suspeitas de cometer violência física grave

Presidiárias/ Detentas. 44/47 93,1 80,3 - 97,8

ASP 3/47 6,9 2,2 - 19,7

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 0/47 0,0 -

Visitante 0/47 0,0 -

Outro(a) 1/47 1,2 0,2 - 8,2

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98

Frequência da violência física grave

Raramente 29/47 64,6 49,4 - 77,4

Às vezes 12/47 24,4 13,9 - 39,3

Frequentemente 6/47 11,0 4,8 - 23,2

Faca ou objeto perfurante 1/285 0,3 0,0 - 1,9

Pessoas suspeitas de cometer violência física severa

Presidiárias/ Detentas. 39/42 93,1 80,3 - 97,8

ASP 2/42 3,9 1,0 - 14,3

Policiais e/ou outros funcionários da prisão 1/42 2,0 0,3 - 12,9

Visitante 1/42 1,5 0,2 – 10,0

Outro(a) 2/42 8,8 2,2 - 29,4

Frequência da violência física severa

Raramente 32/42 74,6 58,3 - 86,1

Às vezes 8/42 17,8 8,6 - 33,3

Frequentemente 3/42 7,6 2,3 - 22,5

1: valores observados ;

2: valores ponderados

A Tabela 4 refere-se à análise de associação entre os fatores socioeconômicos,

psicossociais, violência sofrida antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a

violência auto referida pelas ASP no sistema prisional. As ASP que afirmaram ser a principal fonte

de renda da família têm mais chances de sofrerem violência quando comparadas àquelas que não

são (OR = 1,9 (95%IC: 1,1 - 3,3)). Aspectos relacionados à idade, raça, grau de instrução, situação

conjugal e renda mensal não apresentaram associações estatisticamente significativas (TABELA 4).

A idade de ingresso das ASP no sistema prisional demonstrou associação

estatisticamente significativa para a ocorrência de violência no trabalho. As ASP que ingressaram

na faixa etária de 25 a 35 anos possuem as maiores chances (OR = 4,0 (95%IC: 1,6 - 10,8)) de

sofrerem violência no ambiente de trabalho, seguidas das que ingressaram no sistema prisional com

menos de 25 anos (OR = 3,6 ( 95%IC: 1,3 - 9,7)) (TABELA 4).

As ASP que já trabalharam em outro estabelecimento prisional tiveram mais chances de

sofrer violência quando comparadas às que nunca trabalharam em outo estabelecimento prisional

(OR = 4 (95%IC: 1,9 - 8,3)). Quando considerados os números de estabelecimentos prisionais em

que trabalharam, a chance de sofrer violência foi maior para o grupo das ASP que trabalhou em

dois ou mais presídios (OR = 7,2 (95%IC: 3 - 16,9)). A chance de sofrer violência no ambiente de

trabalho aumenta para as mulheres que trabalharam em casas de privação provisória (OR = 1,8

(95%IC: 1,07 - 3,03) e penitenciárias (OR = 2,1 (95%IC: 1,2 - 3,6)) (TABELA 4).

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99 As ASP que obtiveram níveis compatíveis com transtornos mentais comuns possuem

mais chances de sofrer violência no ambiente prisional (OR = 1,8 (95%IC: 1,06 - 3,3)). O consumo

de cigarros e de álcool entre as ASP não apresentou associação estatisticamente significativa com

violência no trabalho (TABELA 4).

Contudo, o uso atual de calmantes que não necessitam de prescrição médica apresentou

forte associação com os episódios envolvendo violência no trabalho (OR = 4,3 (95%IC: 2,3 - 7,7)).

Já para os benzodiazepínicos, não foram identificadas associações (TABELA 4).

As ASP que sofreram algum tipo de agressão ou violência antes do ingresso no sistema

prisional obtiveram maiores chances (OR = 4,1 (95%IC: 2,3 - 7,5)) de serem vítimas de violência

no ambiente de trabalho. Dentre os tipos que obtiveram associações estatisticamente significativas

encontram-se o roubo (OR = 2,4 (95%IC: 1,4 - 4,4)), a agressão psicológica (OR = 3 (95%IC: 1,6 -

5,7)) e agressão física leve (OR = 2,6 (95%IC: 1,4 - 4,4)) (TABELA 4).

As demais formas de violência como assédio moral, assédio sexual e agressões físicas

graves não obtiveram associações significativas. Os suspeitos de praticarem os atos violentos ou de

agressões também não obtiveram associação com o desfecho de interesse (TABELA 4).

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100

Tabela 4 – Análise de associação entre os fatores socioeconômicos, psicossociais, de violência antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a

violência auto referida pelas ASP no sistema prisional.

VIOLENCIA COM A ASP

n/N1 %

2 95%CI

2 p-value OR 95%CI

Idade (anos)

21 --| 30 anos 12/51 27,2 15,8 - 42,5 0,094 1,48 0,52 - 4,20

30 --| 50 anos 73/200 37,2 30,7 - 44,2 2,35 1,00 - 5,49

≥ 50 anos 9/33 20,1 10,2 - 36,0 1,00 -

Raça

Negra 15/38 34,5 20,8 - 51,3 0,439 1,27 0,56 - 2,85

Parda 36/125 29,3 21,5 - 38,6 1,00 -

Branca 39/109 37,8 28,9 - 47,6 1,47 0,80 - 2,67

Grau de instrução

Ensino fundamental ou médio 38/105 39,2 29,7 - 49,5 0,172 1,46 0,85 - 2,52

Ensino superior incompleto/ completo ou pós 56/179 30,6 24,1 – 38,0 1,00 -

Situação conjugal atual

Solteira ou sem parceiro estável 30/92 32,0 22,7 - 42,9 0,684 1,13 0,63 - 2,02

União estável e/ou casada 64/191 34,7 27,9 - 42,1 1,00 -

Possui filhos

Sim 56/167 34,1 26,9 - 42,1 0,875 1,04 0,60 - 1,81

Não 36/112 33,1 24,7 - 42,7 1,00 -

Sem a ASP, quantas pessoas moram na casa

0 a 1 31/81 39,3 28,6 - 51,1 0,467 1,47 0,70 - 3,09

2 a 3 43/139 31,5 24,1 - 39,9 1,05 0,53 - 2,06

4 ou mais 19/63 30,5 20,0 - 43,7 1,00 -

Renda mensal

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101

Mais de 1 a 3 salários mínimos 14/56 24,3 14,5 - 37,8 0,121 1,00 -

Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390) 40/132 32,2 24,4 - 41,2 1,48 0,70 - 3,13

Mais de 5 salários mínimos 40/95 40,8 31,8 - 50,6 2,15 1,00 - 4,55

Você é a principal fonte de renda de sua família

Sim 50/123 41,7 32,8 - 51,1 0,018 1,95 1,12 - 3,39

Não 43/160 26,8 20,2 - 34,7 1,00 -

Idade que ingressou no presidio

≤ 25 anos 27/82 36,7 26,3 - 48,5 3,66 1,38 - 9,75

25 --| 35 anos 60/152 39,1 31,3 - 47,5 4,06 1,6 - 10,28

> 35 anos 7/49 13,7 6,3 - 27,1 0,008 1,00 -

Tempo (anos) que trabalha como agente

5 anos ou menos 35/134 27,5 20,2 - 36,2 0,114 1,00 -

6 a 10 anos 36/88 39,6 29,3 - 50,8 1,73 0,95 - 3,16

Mais de 10 anos 23/61 38,8 28,6 - 50,1 1,68 0,90 - 3,11

Teve outra ocupação antes de trabalhar no SP

Sim 85/253 34,2 28,5 - 40,3 0,840 1,10 0,43 - 2,83

Não 8/25 32,0 16,0 - 53,8 1,00 -

Teve outra ocupação antes de trabalhar no SP

Não 8/25 32,0 16,0 - 53,8 0,918 1,11 0,26 - 4,74

Sim, militar, guarda, segurança, vigilante, etc 5/16 29,8 12,0 - 57,1 1,00 -

Sim, não relacionada segurança nacional/ particular 80/237 34,5 28,6 - 40,9 1,24 0,38 - 4,01

Trabalhou em outro estabelecimento prisional

Sim 83/207 40,8 34,1 - 47,8 < 0,001 4,04 1,95 - 8,37

Não 11/77 14,6 8,0 - 24,9 1,00 -

Quantos outros estabelecimentos penais trabalhou

0 11/77 14,6 8,0 - 24,9 < 0,001 1,00 -

1 55/154 35,5 27,8 – 44,0 3,23 1,51 - 6,90

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102

2 ou mais 28/53 55,2 42,2 - 67,4 7,22 3,08 - 16,92

Estabelecimentos penais que já trabalhou

Cadeia pública

Sim 6/13 45,0 20,4 - 72,3 0,403 1,65 0,50 - 5,42

Não 88/271 33,2 27,7 - 39,1 1,00 -

Presídios ou Casas de privação provisória

Sim 38/96 42,3 32,9 - 52,3 0,026 1,80 1,07 - 3,03

Não 56/188 28,9 22,6 - 36,2 1,00 -

Penitenciária

Sim 54/133 42,6 34,5 - 51,2 0,004 2,16 1,28 - 3,63

Não 40/151 25,6 19,0 - 33,6 1,00 -

Colônia agrícola

Sim 3/9 21,3 5,8 - 54,5 - - -

Não 91/275 34,0 28,5 – 40,0

Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico

Sim 7/13 56,1 27,6 - 81,2 0,129 2,64 0,74 - 9,35

Não 87/271 32,7 27,1 - 38,8 1,00 -

Casas de albergado ou Albergue

Sim 6/12 43,1 18,5 - 71,6 0,511 1,52 0,43 - 5,35

Não 88/272 33,2 27,6 - 39,4 1,00 -

Considera trabalho na prisão um trabalho de risco

Sim 92/275 34,0 28,6 – 40,0 - - -

Não 2/4 42,8 9,2 - 84,7

Considera trabalho na prisão um trabalho estressante

Sim 82/230 36,0 29,9 - 42,7 0,146 1,82 0,81 - 4,09

Não 11/48 23,7 12,9 - 39,4 1,00 -

Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional nas

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103

seguintes áreas

Segurança

Sim 84/252 33,9 28,2 - 40,1 0,999 1,01 0,31 - 3,26

Não 5/16 33,8 14,0 - 61,6 1,00 -

Saúde mental

Sim 34/95 37,8 28,3 - 48,3 0,356 1,30 0,74 - 2,3

Não 55/173 31,8 24,9 - 39,6 1,00 -

Drogas lícitas (álcool e tabaco)

Sim 57/147 38,8 30,8 - 47,3 0,098 1,62 0,91 - 2,87

Não 32/121 28,1 20,3 - 37,5 1,00 -

Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.)

Sim 59/149 39,6 31,6 - 48,1 0,048 1,79 1,00 - 3,21

Não 30/119 26,7 19,0 - 36,2 1,00 -

Escore SRQ-20

<7 56/197 29,7 23,5 - 36,7 1,00 -

>=7 38/83 44,2 33,5 - 55,5 0,028 1,879 1,069 - 3,305

Fuma ou fumou cigarros

Sim 20/54 34,2 22,5 - 48,2 0,999 1,000 0,524 - 1,906

Não 74/225 34,2 28,2 - 40,8 1,000 -

Consome bebidas alcoólicas

Sim 37/88 41,4 31,3 - 52,4 0,065 1,708 0,966 - 3,023

Não 53/186 29,3 22,9 - 36,7 1,000 -

Escore AUDIT

Consumo de risco ou alto risco 8/20 45,4 24,8 - 67,7 0,227 1,791 0,687 - 4,668

Baixo risco ou abstinência 80/251 31,7 26,2 - 37,7 1,000 -

Utiliza algum tipo de calmante atualmente

Sim 43/75 58,7 47,1 - 69,4 <0,001 4,304 2,382 - 7,779

Page 104: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

104

Não 51/205 24,8 19 - 31,7 1,000 -

Utiliza algum benzodiazepínico atualmente

Sim 7/9 64,7 27,8 - 89,7 - - -

Não 85/269 32,5 27 - 38,4 - - -

Utiliza drogas ilícitas atualmente

Sim 8/12 56,1 26,7 - 81,8 0,125 2,646 0,730 - 9,586

Não 84/266 32,6 27,1 - 38,6 1,000 -

Sofreu violência antes do trabalho no sistema prisional

Sim 73/166 45,5 37,9 - 53,2 <0,001 4,168 2,315 - 7,505

Não 21/114 16,7 10,8 - 24,8 1,000 -

No de violências antes do trabalho no sistema prisional

1 27/79 33,9 23,7 - 45,9 0,039 1,000 -

2 27/49 55,9 41,1 - 69,7 - 2,474 1,124 - 5,448

>=3 19/38 54,2 38,1 - 69,5 - 2,309 1,004 - 5,311

Tipos de violência antes do trabalho no sistema prisional

Roubo

Sim 37/82 48,6 37,5 - 59,7 0,002 2,491 1,406 - 4,415

Não 57/198 27,5 21,5 -34,4 1,000 -

Quem roubou fazia parte da família

Sim 3/14 22,5 7,2 - 52,1 0,067 0,281 0,068 - 1,164

Não 30/63 50,9 38,1 - 63,6 1,000 -

Agressão moral

Sim 18/47 43,7 30,4 - 57,9 0,139 1,640 0,847 - 3,175

Não 76/233 32,1 26,1 - 38,8 1,000 -

Quem agrediu moralmente fazia parte da família

Sim 9/17 59,2 34,3 - 80,1 0,112 3,145 0,747 - 13,236

Não 7/26 31,5 16,3 - 52,2 1,000 -

Page 105: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

105

Agressão psicológica

Sim 32/59 54,2 41,2 - 66,6 <0,001 3,053 1,635 - 5,703

Não 61/220 27,9 22,0 - 34,7 1,000 -

Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família

Sim 15/29 47,2 29,3 - 65,9 0,217 0,472 0,142 - 1,569

Não 15/24 65,5 44,2 - 82,0 1,000 -

Agressão sexual

Sim 14/29 49,9 31,5 - 68,3 0,065 2,140 0,940 - 4,872

Não 79/249 31,8 26,2 - 37,8 1,000 -

Quem agrediu sexualmente fazia parte da família

Sim 9/18 50,7 27,7 - 73,5 0,619 1,523 0,287 - 8,096

Não 4/10 40,3 15,0 - 72,1 1,000 -

Agressão física leve

Sim 35/70 50,5 38,6 - 62,3 <0,001 2,624 1,446 - 4,763

Não 58/209 28,0 22,0 - 34,8 1,000 -

Quem agrediu fisicamente fazia parte da família

Sim 24/52 47,1 33,7 - 61,0 0,228 0,456 0,124 - 1,673

Não 10/15 66,2 38,1 - 86,1 1,000 -

Agressão física grave

Sim 11/20 56,1 33,3 - 76,6 - -

Não 83/259 32,3 26,7 - 38,5 -

Quem agrediu fisicamente fazia parte da família

Sim 7/16 47,8 24,1 - 72,5 - -

Não 4/4 100 - -

Agressão física severa

Sim 3/10 43,7 15,9 - 76,2 - - -

Não 91/274 33,3 27,7 - 39,4 -

Page 106: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

106

Quem agrediu fisicamente fazia parte da família

Sim 2/6 47,3 12,9 - 84,5 - -

Não 1/2 72,7 14,1 - 97,7 -

1: valores observados;

2: valores ponderados

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107 A Tabela 5 apresenta os fatores significativos que foram levados ao contexto de

análise multivariada para a predição da violência sofrida pelas ASP.

Tabela 5 – Análise multivariada entre os fatores que apresentaram significância para a predição de

violência sofrida pelas ASP.

FATORES1 p - value

2 OR 95% IC (OR)

Idade (anos) 0,014 0,953 0,918 - 0,991

Qual o seu grau de instrução?

Ensino fundamental ou médio 0,043 1,864 1,017 - 3,416

Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 1,000 -

Qual a sua renda mensal?

Mais de 1 a 3 Salários Mínimos 0,018 1,000 -

Mais de 3 a 5 Salários Mínimos 1,357 0,609 - 3,024

5 Salários Mínimos ou mais 3,134 1,283 - 7,658

Tempo (anos) que trabalha como agente

5 anos ou menos 0,089 1,000 -

6 a 10 anos 2,062 1,067 - 3,982

mais de 10 anos 1,911 0,777 - 4,698

Trabalhou em outro estabelecimento prisional

Sim <0,001 4,580 2,117 - 9,910

Não 1,000 -

1:Total de casos válidos - 282 de 295 observados;

2: Nível de significância de 5% e acuraria de 67%;

Controlado por variáveis: Idade (na sua forma quantitativa); Grau de Instrução; Renda Mensal; Raça/Cor;

Principal fonte de renda da família; Tempo (anos) que trabalha como agente; Trabalhou em outro estabelecimento

prisional; Estabelecimentos prisionais que já trabalhou; Presídios ou Casas de Privação Provisória; Considera o

seu trabalho na prisão como estressante; Considera ter conhecimentos suficientes para a prática profissional em

drogas ilícitas; Escore SRQ-20 (<7. >=7); Utiliza algum tipo de calmante atualmente; Sofreu violência antes do

trabalho no sistema prisional.

No contexto de análise multivariada, a idade foi analisada na sua forma quantitativa.

O resultado demonstrou que ela se comportou como um fator de proteção (OR = 0,9 (95%IC: 0,9

- 0,99)) para violência no ambiente de trabalho das ASP (TABELA 5).

As ASP que apresentam menores níveis de escolaridade estão mais sujeitas a sofrerem

violência no ambiente de trabalho prisional. As agentes que possuem apenas o ensino fundamental

ou médio possuem maiores chances de sofrerem violência (OR = 1,8 (95%IC: 1,01 - 3,4)) quando

comparadas às profissionais de nível superior (TABELA 5).

Em contrapartida, as ASP que possuem os maiores rendimentos estão mais propensas

à sofrerem violência. As agentes que possuem renda mensal igual ou superior a cinco salários

mínimos apresentam as maiores chances de sofrerem violência no ambiente de trabalho (OR = 3,1

(95%IC: 1,2 - 7,6)) (TABELA 5).

Page 108: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

108 O tempo de trabalho como agente penitenciária comportou-se como boderline no

contexto de análise multidimensional. Apesar de não ter apresentado um p-valor significativo

quando analisado em conjunto, obteve indicativo de risco significativo para a faixa de 6 a 10 anos

(OR = 2 (95%IC: 1,06 - 3,9)) de trabalho (TABELA 5).

O trabalho em outros estabelecimentos prisionais apresentou-se como fator de risco

para a ocorrência de violência. As ASP que referiram trabalhar em mais de um estabelecimento

prisional apresentam maiores chances (OR = 4,5 (95%IC: 2,1 - 9,9)) de sofrerem violência no

trabalho quando comparadas às que trabalharam em apenas uma instituição (TABELA 5).

DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram que mais da metade das ASP declararam ter

conhecimento ou sofrido episódios de violência na prisão. Quanto ao número de violências

sofridas ou conhecidas, parcela significativa das entrevistadas relataram de uma a três ocorrências

no exercício das suas funções. Dentre os tipos de violência, as mais prevalentes foram a

psicológica, a física em geral e a violência física grave e/ou severa, respectivamente.

De acordo com Cashmore12

, 93% dos incidentes de violência no local de trabalho

contra ASP em New South Wales, Austrália, foram deflagrados por detentos. Em nosso estudo,

tanto detentas como as próprias ASP foram apontadas como as principais suspeitas de executarem

os atos de violência. Contudo, a natureza das agressões e ameaças foi diferente. Para os episódios

envolvendo violência física leve, a grande maioria dos casos foi atribuída às detentas. Esse

percentual foi ainda maior quando se tratou de violência física grave e severa.

No que tange a violência auto referida pelas ASP, as que ingressaram no sistema

prisional na faixa etária de 25 a 35 anos possuem mais chances de sofrerem violência no trabalho

quando comparadas com as demais faixas etárias. Nesse quesito, estudo realizado com 992 ASP e

policiais na Finlândia demonstrou que a idade também estava associada à violência no trabalho.

Profissionais com menos de 35 anos apresentaram de 3 a 5 vezes mais chances de serem

acometidos por agressões graves27

.

Trabalhadores mais jovens podem estar mais propensos a sofrerem violências ou

agressões no local de trabalho devido a pouca experiência, pela falta de treinamentos ou por se

envolverem em um volume maior de atividades quando comparados aos profissionais mais

experientes. Além disso, o pouco conhecimento sobre as regras institucionais das unidades

Page 109: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

109

prisionais pode contribuir para o aumento na frequência desses eventos entre os profissionais mais

jovens.

Adultos com menos de 30 anos ou os que trabalharam há menos de um ano no

emprego também foram apontados como as principais vítimas de sofrerem violência no ambiente

de trabalho em Portugal. Esse fenômeno pode ser explicado pelo maior grau de escolaridade com

que esta faixa etária ingressa no mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de

sentimentos de ameaça e insegurança quanto à permanência no emprego entre os mais

experientes28

.

Nosso estudo não apresentou associações estatisticamente significativas entre tempo

de trabalho como ASP e eventos envolvendo violência. Entretanto, pesquisa realizada com 1.734

policiais e ASP na Finlândia evidenciou que profissionais com experiência de trabalho entre 4 a 9

anos estavam mais propensos a sofrerem agressões quando comparados a outros com tempo de

serviço inferior27

.

As ASP que trabalharam em mais de um estabelecimento prisional apresentaram

maiores chances de sofrerem violências quando comparadas com as que nunca trabalharam em

outra unidade penitenciária. As profissionais que trabalharam em casas de privação provisória

apresentaram maiores chances de sofrer violência no trabalho.

As casas de privação provisória foram criadas no Brasil com o objetivo de encarcerar

presos que ainda não foram julgados pelos seus crimes. No país, cerca de 30% das mulheres

custodiadas no sistema prisional brasileiro aguardam seu julgamento pela justiça. O elevado

número de presas nessas condições repercute diretamente na superlotação das casas de privação

provisória, deixando detentas e agentes mais vulneráveis às práticas de violência e agressões13

.

Além disso, o relatório Mundial do Human Rights Wacht destaca o baixo quantitativo de ASP nas

instituições penitenciárias, o que compromete a capacidade de manter o controle sobre as prisões,

deixando as populações encarceradas mais vulneráveis à violência29

.

A alta prevalência de eventos envolvendo violência contra as ASP no Brasil não deve

ser entendida como um fenômeno circunscrito apenas ao interior das unidades prisionais ou ao

contato direto com as detentas. Ao contrário, precisa ser compreendida levando-se em

consideração o contexto social em que se inserem tanto os profissionais de segurança como as

mulheres privadas de liberdade.

Nesse sentido, nosso estudo aponta para um dado importante. As ASP que sofreram

Page 110: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

110

algum tipo de violência ou agressão antes do ingresso no sistema prisional obtiveram maiores

chances de serem vítimas de violência no trabalho. Sabe-se que o fenômeno da violência é

complexo e multifatorial. Contudo, a literatura evidencia alguns elementos que nos auxiliam na

sua compreensão.

Estudos demonstraram que filhos que sofreram violências ou agressões na infância ou

adolescência, tendem a repetir esse padrão de comportamento violento na vida adulta30

. Outras

pesquisas sugerem que, cerca de 70% dos autores de agressões, sofreram ou presenciaram

situações de violência na infância. Isso demonstra que a exposição a essas vivências no passado

pode influenciar o comportamento de adultos, sobretudo na forma violenta de resolverem

conflitos31,32

.

O uso da violência também é uma prática comum utilizada por policiais fora do

ambiente prisional no Brasil. Frequentemente, as forças de segurança brasileira utilizam força

excessiva ou desnecessária em suas operações, o que as torna mundialmente conhecida como uma

das polícias mais violentas do mundo33

.

O número de pessoas mortas pela polícia brasileira aumentou em quase 40% em 2014,

chegando a mais de 3000 eventos. Somente no estado do Rio de Janeiro, que detêm as maiores

taxas de mortes causadas pela polícia no Brasil, 569 pessoas morreram em decorrência de

operações policiais entre janeiro e outubro de 2015. Isso representa um aumento de 18% em

relação ao mesmo período de 201429

.

Além disso, agentes de segurança, policiais militares, civis e bombeiros fora de

serviço ou já desligados de suas corporações praticaram homicídios e/ou participam de grupos de

extermínio que atuam em diversas cidades do país. De acordo com dados da Anistia Internacional,

a polícia brasileira é a que mais mata no mundo. Em 2012, foram registrados 56 mil homicídios

cometidos por agentes de segurança. Somente no ano de 2014, 15,6% dos homicídios registrados

no Brasil tinham como autor um policial33

.

Outra informação que chama a atenção refere-se a impunidade desses crimes. Das 220

investigações envolvendo homicídios cometidos por policiais no Brasil desde 2011, 183 não

foram, sequer, concluídas29

. Todo esse contexto contribui para o fomento de ambientes violentos e

inseguros, sobretudo no interior das unidades prisionais brasileiras.

Dessa forma, tanto detentas quanto ASP convivem frequentemente com situações

onde a violência está presente, seja fora das unidades prisionais ou mesmo dentro das prisões. Isso

Page 111: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

111

repercute de maneira negativa na construção das relações sociais entre todos os que vivenciam o

cotidiano das unidades carcerárias.

Com relação aos eventos que não envolveram agressões físicas, pesquisa realizada

entre os anos de 2007 a 2010 com profissionais de saúde do sistema prisional australiano

demonstrou que 71% dos casos de violência no ambiente de trabalho foram de natureza

psicológica e envolvendo agressão verbal12

. Nossos achados também demonstraram um

percentual elevado para esse tipo de violência. Dentre as pessoas apontadas como suspeitas, as

próprias ASP foram as principais citadas de praticarem roubos (74,6%), violência moral (68,1%),

assédio sexual (66,8%) e violência psicológica (39,8%).

Os resultados acima descritos sugerem um cenário de baixo suporte social entre as

colegas de trabalho. Agressões verbais e ameaças entre colegas de trabalho costumam ser

motivados por sentimentos de inveja, ciúme, competição ou visando obter vantagens pessoais para

uma promoção funcional. Isso traz implicações negativas para a saúde mental das ASP, tornando-

as mais propensas a problemas de natureza psicológica28

.

O suporte social entre colegas no ambiente de trabalho é relatado como um importante

mecanismo para aliviar os efeitos negativos entre os trabalhadores após a ocorrência de episódios

envolvendo agressões e violências, contribuindo para o reestabelecimento do seu bem estar físico

e emocional4. É responsável ainda por diminuir o estresse e o sofrimento psicológico

34,35.

Além disso, o suporte social desenvolvido entre colegas de trabalho e supervisores

têm sido associado a um maior bem estar entre os ASP, fortalecendo os laços de cooperação e

solidariedade entre os trabalhadores36

. Contudo, o trabalho nas unidades prisionais é permeado

por uma considerável sobrecarga de estresse emocional, contribuindo para que frequentemente

colegas de trabalho sejam vítimas de violência interpessoal10

.

O estresse no ambiente de trabalho apresenta forte associação com o aumento de

agressões interpessoais e a diminuição da produtividade na execução das atividades profissionais.

Além disso, a percepção de um local de trabalho inseguro e violento foi relacionada com a

ocorrência de intimidações, assédio moral e sexual entre os próprios colegas de trabalho37

.

Segundo Garbarino38

, o trabalho de ASP e outros profissionais que atuam diretamente

com a segurança são considerados extremamente estressantes, tendo em vista a sua exposição

quase que cotidiana a eventos violentos. Nossos dados corroboram com essa informação, tendo

em vista que cerca de 80,9% das ASP consideraram seu trabalho como de risco e estressante.

Page 112: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

112 O trabalho também foi considerado estressante para 70% dos participantes de uma

pesquisa realizada com 167 ASP de duas unidades prisionais de Paris. O clima de trabalho foi

considerado desagradável quando comparado a outras ocupações como policiais, motoristas de

transporte público e seguranças particulares39

.

Policiais e ASP são categorias profissionais reconhecidamente expostas ao risco de

desenvolverem distúrbios relacionados à saúde mental. A excessiva carga de tensão, a constante

ameaça de violências e o baixo suporte social entre colegas de trabalho tornam esses profissionais

mais propensos a desempenharem atitudes agressivas e autoritárias no ambiente prisional38

.

As consequências do estresse e da violência no ambiente de trabalho das ASP tornam-

se particularmente preocupantes, sobretudo no que tange a saúde mental dessas profissionais.

Nossos achados evidenciaram que quase metade das ASP que relataram ter sofrido violência no

trabalho, apresentaram níveis compatíveis com transtornos mentais comuns.

Estima-se que aproximadamente 42,1% dos ASP apresentam quadros de estresse

relacionado ao trabalho40

. Esse percentual pode ser considerado elevado, principalmente quando

comparado com a população geral, cuja prevalência varia de 19 a 30%41

.

Características inerentes ao processo de trabalho dos ASP são consideradas como

importantes fatores estressores, responsáveis por desencadear problemas de saúde mental. O medo

de ser agredido ou de testemunhar situações envolvendo violência no ambiente prisional contribui

como importantes fontes estressoras para os ASP41

.

Fatores estressores presentes no ambiente laboral repercutem de forma negativa no

comportamento dos ASP. Uma investigação realizada com 1.738 ASP de unidades prisionais

federais dos Estados Unidos objetivou mensurar o potencial impacto das condições de trabalho

para a saúde mental desses profissionais. A maioria dos participantes (68,1%) relatou problemas

de concentração e sinais de depressão42

.

Estudos demonstram que a experiência de estresse relacionado ao trabalho foi

fortemente atribuída aos níveis de ansiedade e depressão relatados pelos ASP40

. Esse ambiente de

trabalho ansiogênico e violento pode estar associado ao uso de calmantes pelas ASP. Nosso

estudo evidenciou que 58,7% das ASP que sofreram violência fazem uso de calmantes.

O modelo final de análise multidimensional demonstrou a magnitude da associação de

cada fator na predição da violência sofrida pela ASP. Os fatores que se associaram à variável

desfecho também foram identificados em outros estudos36,38,39,40

. Contudo, o tempo de trabalho

Page 113: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

113

como ASP, apesar de não ter apresentado significância estatística quando analisado no conjunto,

obteve indicativo de risco significativo para o estrato de 6 a 10 anos de experiência profissional,

indicando consistência dos resultados do presente estudo com a literatura existente11,12,39

.

Considerando que pouco mais de 30% das ASP possuem entre 6 a 10 anos de

experiência profissional, a possibilidade de cometerem erros de procedimento ou adotarem

práticas exageradas que promovam a violência no ambiente prisional deve ser considerada. Como

consequência, podem pôr em risco a sua própria integridade física, como também a saúde e a

segurança de toda a população que convive no sistema prisional.

CONCLUSÃO

A violência no ambiente de trabalho é um fenômeno global, de graves implicações

para a saúde pública. Dentre as ocupações que mais sofrem com a violência no trabalho, destaca-

se a do Agente de Segurança Penitenciário. O contato direto com a população privada de

liberdade, a superlotação das unidades prisionais e o baixo quantitativo de trabalhadoras são

comumente referenciados como os principais fatores contributivos para a ocorrência de violência

no ambiente prisional.

No Brasil, episódios envolvendo agressões e ameaças no ambiente de trabalho

acometem grande parcela da população das ASP. O uso de práticas violentas como forma de

manter o controle das unidades prisionais e disciplinar as detentas contribui para a conformação

de um ambiente prisional violento.

Além disso, evidenciaram-se contextos laborais com baixo suporte social entre as

ASP. Isso contribui para que o ambiente de trabalho torne-se ainda mais desgastante, inseguro e

perigoso. O conjunto dessas circunstâncias colabora para o aumento do absenteísmo, agressões

interpessoais e diminuição da produtividade na execução das atividades profissionais.

A necessidade de capacitações sistemáticas para as ASP faz-se fundamental. Apesar

da maioria considerar que possui conhecimento suficiente na área de segurança, outras áreas

merecem atenção. Dentre elas, destacam-se a saúde mental e reprodutiva, fundamentais para uma

intervenção qualificada em unidades prisionais femininas.

Por fim, faz-se necessária a adoção de ações e medidas intersetoriais, capazes de

intervir no ambiente de trabalho das ASP de forma a torna-lo mais seguro e menos violento. O

Page 114: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

114

setor Saúde no Brasil, por seu turno, precisa ampliar o escopo de suas atuações junto as ASP,

tendo em vista a vulnerabilidade inerente às funções que desempenham nas unidades prisionais.

Nesse sentido, o desenvolvimento de ações sistemáticas de promoção da saúde e prevenção de

doenças no trabalho, sobretudo de natureza psíquica, tornam-se necessárias e urgentes para essa

categoria profissional.

8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após uma profunda imersão sobre o processo de trabalho das Agentes de Segurança

Penitenciária no Brasil, diversos questionamentos e problematizações fazem-se presentes.

Contudo, um esforço apriorístico a guisa de considerações finais torna-se necessário.

Ao abordar o complexo universo das Unidades Prisionais no Brasil, percebemos que o

modelo de encarceramento que hoje presenciamos é transpassado pelo reflexo de sociedade em

que vivemos. As ASP, por seu turno, também são produto e produtoras desse contexto no âmbito

do seu exercício profissional.

A crescente onda de violência e insegurança que permeia a nossa atual sociedade

inflama e reforça discursos e práticas que atentam, por vezes, contra a dignidade humana. Ganha

força, por exemplo, narrativas injuriosas de que “bandido bom é bandido morto”, reverberando

também no interior das unidades prisionais.

Como corolário, comportamentos e práticas violentas instauram-se como único

subterfúgio para o controle da segurança interna dos presídios, deixando tanto a população

carcerária como as ASP expostas a uma situação de exposição crônica a violência. Conforma-se,

portanto, um ambiente em que a ressocialização da população privada de liberdade é colocada em

xeque.

Por outro lado, as prisões assemelham-se muito mais a “depósitos” de pessoas que não

mais servem ao convívio social. Nesse quesito, a história da Saúde Pública no Brasil já nos

apresenta diversos exemplos de como esse modelo “higienista” está fadado ao fracasso.

Assistimos, em um passado recente, ao isolamento de pessoas portadoras de doenças

transmissíveis como tuberculose e hanseníase. Na dimensão da saúde mental, o processo de

internação manicomial até hoje se apresenta como um desafio a ser superado. Quando

enxergaremos que a situação das penitenciárias apresenta-se como análoga, a exigir da sociedade

um outro caminho que não seja o pautado na exclusão de toda monta? Quando perceberemos que

Page 115: Manual Operacional para Coleta de Dados da População ... · recorte do projeto intitulado ... ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification

115

o atual modelo carcerário, antes de representar uma solução para os problemas dos que se desviam

da Lei, apresenta-se como mais um ingrediente que coloca toda a sociedade em um ciclo vicioso

de violência, prisão e punição?

O Brasil é o 4º país com a maior população carcerária do mundo. Prende muito e

prende muito mal. Somos detentores de uma Polícia considerada como uma das mais violentas do

mundo. Por outro lado, uma radiografia da nossa comunidade carcerária revela que a população

privada de liberdade é composta, em sua maioria, de jovens negros, com baixo nível de

escolaridade e que vivem em condições onde muitas vezes, o Estado não consegue dar assistência.

Cria-se, portanto, um contexto de Violência Institucional, tanto por parte do braço da Polícia,

como de grande parcela da sociedade que não consegue acessar os mínimos direitos garantidos

por Lei.

Outro ponto de reflexão que identificamos no decorrer desta tese é a dificuldade que o

Sistema Penitenciário tem de se enxergar enquanto um “Sistema”. Muitas das ações

desenvolvidas não consideram a complexidade e a diversidade de situações presentes no ambiente

prisional. As políticas públicas muitas vezes atendem as populações privadas de liberdade, mas

deixam de lado os ASP.

Como consequência, a precarização do trabalho dos ASP vai cada vez mais se

agudizando, tornando essa categoria profissional mais propensa ao desenvolvimento de doenças

de natureza física e psicológica. A Saúde do Trabalhador, por seu turno, precisa estar atenta para o

desenvolvimento de ações sistemáticas e intersetoriais, como forma de minimizar esses impactos

no conjunto desses trabalhadores.

LIMITES DO ESTUDO

Cabe-nos aqui, abordar algumas das principais limitações encontradas nesse estudo.

Iniciamos com a dificuldade que foi o contato e a realização da pesquisa em algumas cidades do

Brasil. Por vezes, a Direção das unidades penitenciárias não contribuía para a realização dos

trabalhos, colocando diversos empecilhos para a sua efetivação.

Como exemplo, citamos o caso de Pernambuco. A equipe de pesquisadores tentou por

diversas vezes o contato prévio para a realização dos trabalhos de campo. Em todas as

oportunidades, o diálogo não conseguia avançar e acabamos por ter de abrir mão desse estado.

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116 Mesmo quando os contatos eram estabelecidos, era comum a equipe de pesquisadores

encontrarem dificuldades para acessar o ambiente prisional. Diversos procedimentos rígidos de

segurança dificultavam o contato com a população de estudo.

Além disso, a própria dinâmica complexa de trabalho das Agentes de Segurança

Penitenciária impunha aos pesquisadores uma flexibilidade necessária para contornar diversas

situações. Por vezes, ASP que foram selecionadas para participarem do estudo, desistiam por ter

de assumir algum posto de trabalho, ou mesmo, ter que conduzir alguma detenta. Isso fez com que

enfrentássemos uma perda amostral de pouco mais de 20%.

O grande volume de informações e de procedimentos laboratoriais por que passavam

as ASP, tomava grande parte do tempo da equipe de pesquisa. Além disso, os altos custos de

deslocamento e estadia impediam uma permanência mais prolongada nas cidades. Desse modo,

tornava-se praticamente inviável pensar em estratégias de reposição de amostra.

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CEP:

60.430-270

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pesquisa: “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária e de servidores prisionais do

Brasil”. Pesquisador responsável: Prof. Dr. Roberto da Justa Pires Neto.

Os Ministérios da Saúde e da Justiça, através da Universidade Federal do Ceará, visando estimar

a ocorrência de hipertensão arterial (pressão alta), diabetes, alterações de colesterol e triglicérides

(gordura no sangue), obesidade, desnutrição, anemia, asma, sífilis, infecção por HIV, hepatite B, hepatite

C, tuberculose e hanseníase, na população penitenciária no Brasil, está executando uma pesquisa. Os

resultados desta pesquisa poderão contribuir para a elaboração de ações que visem à melhoria no seu

atendimento e de outras pessoas no que diz respeito à sua saúde.

Para a realização desta pesquisa é necessária à retirada de pequena quantidade de seu sangue.

Uma ou mais coletas posteriores podem ser solicitadas a você, mas a autorização para uma única coleta

agora não o obriga a aceitar coletas posteriores. Caso as informações obtidas por esta pesquisa possam

beneficiá-la, elas serão prontamente repassadas à unidade onde você está sendo acompanhada e estará a

sua disposição e de sua equipe de saúde. Você não tem obrigação alguma de contribuir para este ou

outro estudo e, se decidir não participar, seus direitos à assistência médica e tratamento não serão

afetados.

Se você concordar em participar desta pesquisa, acontecerá o seguinte:

Um pesquisador fará uma rápida entrevista e preencherá um Formulário no qual deverá constar seu

nome, dados de identificação, entre outras informações. Todas essas informações serão anotadas de

forma confidencial. Mesmo participando do estudo você poderá se recusar a fornecer qualquer

informação solicitada. O resultado desta pesquisa, se divulgado, irá garantir o total anonimato das

participantes e o caráter confidencial das informações.

Você terá que responder um questionário com questões sobre sua saúde e sobre doenças que

você tem ou já teve, além de hábitos de vida.

Será retirado cerca de 50 ml de sangue de seu braço. Como em qualquer coleta de sangue, costuma

haver desconforto local (picada da agulha) e risco de formação de hematoma leve. Todas as medidas

serão tomadas para que isso não ocorra.

Você passará por um exame físico com um médico e uma avaliação com um enfermeiro. O enfermeiro

irá tirar algumas medidas, como seu peso e altura.

Eu_______________________________________________, tendo sido devidamente

esclarecida sobre as condições que constam do documento “ESCLARECIMENTOS AO SUJEITO DA

PESQUISA”, de que trata o Projeto de Pesquisa intitulado “Inquérito nacional de saúde na população

penitenciária e de servidores prisionais – componente doenças transmissíveis e não

transmissíveis”, que tem como pesquisador responsável o Dr. Roberto da Justa Pires Neto,

especialmente no que diz respeito ao objetivo da pesquisa, aos procedimentos a que serei submetida, aos

riscos e aos benefícios, declaro que tenho pleno conhecimento dos direitos e das condições que me

foram assegurados, a seguir relacionados:

A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito

dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa.

A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer

momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento. A segurança de que não serei

identificada e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada à minha privacidade.

O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que esta

possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.

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CEP:

60.430-270

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O compromisso de que serei devidamente acompanhada e assistida durante todo o período de

minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu tratamento, após

a conclusão dos trabalhos da pesquisa.

Declaro, ainda, que concordo inteiramente com as condições que me foram apresentadas e que,

livremente, manifesto minha vontade de participar do referido projeto.

Nome:___________________________________________Assinatura:_________________________

____________

Cidade:__________________________________________Data:______________________________

____________

Eu, Roberto da Justa Pires Neto, coordenador da pesquisa, responsabilizo-me pelo cumprimento das

condições aqui expostas.

Assinatura:___________________________________________ Data:_______

( ) Concordo em responder os questionários ( ) Concordo em realizar o teste rápido para sífilis

( ) Concordo em realizar os exames clínicos ( ) Concordo em realizar o teste rápido para

hepatite B

( ) Concordo em realizar o teste rápido para

HIV

( ) Concordo em realizar o teste rápido para

hepatite C

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CEP:

60.430-270

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Avaliação das condições de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais

Pesquisador: Roberto da Justa

Área Temática:

Versão: 2

CAAE: 09471512.6.0000.5054

Instituição Proponente: Departamento de Saúde Comunitária

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 188.211

Data da Relatoria: 31/01/2013

Apresentação do Projeto:

Estudo observacional, transversal, do tipo descritivo, de abrangência nacional financiado pelo

Ministério da Saúde, Fundo Nacional de Saúde. Esta pesquisa será realizada com indivíduos do

sexo feminino privados de liberdade e servidoras prisionais no Sistema Penitenciário brasileiro.

Para as presidiárias foram traçados os seguintes critérios de inclusão: cumprir pena há pelo menos

1 ano em regime fechado ou semi-aberto e cumprir pena em penitenciária com serviço de saúde

(setor de saúde e equipe de saúde). Como critérios de exclusão foram estabelecidos: presidiárias

não acessíveis por qualquer motivo; impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de

pesquisadores; cumprir pena há menos de 1 ano; cumprir pena em regime aberto; Cumprir pena

em penitenciária sem serviço de saúde (setor de saúde e equipe de saúde); estrangeira e não

possuindo domínio da língua portuguesa. Para as servidoras prisionais foram estabelecidos os

critérios de inclusão: serem agentes prisionais e atuar em penitenciárias há pelo menos 2 anos e

em contato direto e frequente com presidiárias. Como critérios de exclusão, foram estabelecidos:

não estarem acessíveis por qualquer motivo; impossibilitadas de serem atendidos pela equipe de

pesquisadores; atuar em penitenciárias há menos de 2 anos; sem contato direto e frequente com

presidiárias. Serão realizadas medidas de tendência central e dispersão, testes de associação e

análises de regressão. O valor-p predeterminado será de 0,05. O estudo trabalhará com

amostragem probabilística realizada em dois estágios: amostragem por conglomerados e

amostragem aleatória simples ou sistemática. Amostragem por conglomerado será utilizada

nicialmente para a escolha aleatória das unidades penitenciárias de cada estado. Amostragem

aleatória simples ou amostragem sistemática será empregada em cada unidade penitenciária, tendo

por base uma listagem das mulheres privadas de liberdade e de servidoras prisionais

existentes em um determinado momento. No estudo das representações sociais será utilizada

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amostra de conveniência. Para a amostra, foram considerados dois estados de cada uma das 5

regiões do país. Foi definido a seleção dos estados com maior população penitenciária conforme

dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias. Ficou estabelecido também a

inclusão de presídios com 75 ou mais residentes. Com base nestes critérios, ficaram selecionados

os seguintes estados para comporem a amostragem do estudo: Pará, Rondônia, Ceará,

Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e

Santa Catarina. Serão avaliadas 2.518 detentas e 482 agentes penitenciários. Será utilizado teste

para determinação de anti-HIV, imunoenzimático, 4ª geração, para detecção qualitativa

simultânea de anticorpos contra o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 e tipo 2 (HIV-1/HIV-

2). Será utilizado teste imunoenzimático direto, do tipo ¿sanduíche¿, para detecção qualitativa do

antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBsAg) em amostras de soro e plasma humano.

Será empregado teste imunoenzimático para detecção qualitativa de anticorpos anti-HBc total e

anti-HCV em amostras de soro ou plasma. Será utilizado kit para determinação de anticorpos no

soro ou plasma para determinação da sífilis. Hanseníase será confirmada por pesquisa de BAAR

em linfa de lesão suspeita. Para definição de normotensão arterial, serão aceitas como normais

para indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 85 mmHg de pressão

diastólica e inferiores a 130 mmHg de sistólica. A glicemia será dosada utilizando-se kit para

determinação quantitativa da glicose presente em soro ou plasma, pelo sistema colorimétrico

enzimático. Baixo peso, sobrepeso e obesidade serão definidos a partir do cálculo do Índice de

Massa Corporal (IMC). Colesterol total será dosado utilizando-se kit para determinação

quantitativa de colesterol total presente no soro ou plasma humano, pelo sistema colorimétrico.

Para avaliação do consumo de bebida alcoólica por presidiárias e servidoras prisionais será

utilizado um instrumento desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) O

AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test) tem como finalidade identificar pessoas

com consumo de risco, uso nocivo e dependência de álcool. Este consiste de 10 questões que

avaliam o consumo de álcool nos últimos 12 meses. A avaliação da cárie e doenças da gengivas

será realizada por instrumento específico. Para avaliação da saúde mental, serão usados o

Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Para

conhecer o perfil de consumo de substâncias psicoativas na população penitenciária e de

servidores prisionais, será apresentada aos participantes uma relação das principais substâncias

encontradas no contexto brasileiro (por exemplo, maconha, cocaína, crack, álcool). Na ocasião,

será solicitado que este leia a lista e indique a partir de uma escala de frequência a resposta que

mais identifica o seu padrão de consumo. Esta escala será composta pelos os seguintes valores: 6

= Todos os dias; 5 = Mais de uma vez na semana; 4 = Uma vez na semana; 3 = Uma vez no mês;

2 = Uma vez no ano; 1 = Uma vez na vida. Com o objetivo de levantar as representações

sociais dos participantes pretende-se selecionar, probabilisticamente, da amostra total de

participantes do estudo, uma sub-amostra sistemática. Para tanto, ter-se-á em conta o intervalo de

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confiança de 95% e o nível de significância de 0,05. A apreensão das Representações Sociais se

dará por meio de um questionário, envolvendo questões abertas sobre os temas de interesse: Aids,

Sífilis, Tuberculose, Hipertensão, Hanseníase, Uso Drogas; e Direito à Saúde. As perguntas serão

respondidas de forma individual, podendo, em função da viabilidade, ser gravadas e depois

transcritas para um editor de texto. O conteúdo da fala dos participantes (respostas abertas às

perguntas do questionário) será estudado por meio da análise de conteúdo. Segundo os autores,

será adotada a tecnologia de auto-entrevista assistida por computador (audio computer-

assisted selfinterviewing ACASI).

Objetivo da Pesquisa:

Gerais:

- Avaliar as condições de saúde, no que diz respeito às doenças transmissíveis e não

transmissíveis mais prevalentes na população de mulheres privadas de liberdade e servidoras

prisionais nas penitenciárias, presídios, cadeias e similares;

- Subsidiar a implantação e implementação do Plano Nacional de Saúde no Sistema

Penitenciário, bem como contribuir para o controle e redução dos agravos mais frequentes à saúde

desses segmentos sociais.

Específicos:

- Estimar a prevalência dos seguintes agravos de natureza transmissível: HIV, hepatite B e C,

sífilis, tuberculose, hanseníase e outras dermatoses (escabiose, micoses e impetigo) na população

penitenciária feminina e de servidoras prisionais;

- Estimar a prevalência das seguintes doenças crônicas não transmissíveis: hipertensão arterial,

diabetes e asma na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais;

- Estimar a prevalência de transtornos mentais maiores na população penitenciária feminina e de

servidoras prisionais (exceto hospitais de custódia);

- Conhecer o perfil de consumo de substâncias psicoativas na população penitenciária feminina e

de servidoras prisionais;

- Estimar a prevalência de cárie dentária e das doenças da gengiva na população penitenciária

feminina e de servidoras prisionais;

- Estimar a prevalência de obesidade, sobrepeso, baixo peso e anemia na população penitenciária

feminina e de servidoras prisionais;

- Avaliar as condições da saúde reprodutiva na população penitenciária feminina;

- Analisar as percepções sobre os principais fatores e práticas de risco para aids, sífilis,

tuberculose, hipertensão, hanseníase e uso de substâncias psicoativas na população

penitenciária feminina e de servidoras prisionais;

- Compreender as percepções e conhecimentos sobre as práticas de prevenção para aids, sífilis,

tuberculose, hipertensão, hanseníase e uso de substâncias psicoativas na população penitenciária

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60.430-270

feminina e de servidoras prisionais;

- Compreender as percepções e conhecimentos sobre as práticas de prevenção para a saúde

reprodutiva;

- Analisar as representações sociais para aids, sífilis, tuberculose, hipertensão, anseníase e uso de

substâncias psicoativas na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais;

- Analisar as representações sociais do direito à saúde na população penitenciária feminina e

servidoras prisionais;

- Estimar a prevalência de violência sofrida nas diferentes fases da vida na população

penitenciária feminina.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

O projeto apresenta riscos físicos e psicológicos. Entre os riscos físicos apontam-se aqueles associados a coleta de material biológico. Entre os riscos psicológicos estão aqueles associados às

descompensações psicológicas devido a reflexão de seu estado atual.

Entre os benefícios estão a determinação do perfil das condições de saúde da população

penitenciária feminina e de servidoras prisionais, segundo as macro-regiões, as populações

masculina e feminina e as particularidades institucionais.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Pesquisa relevante para a área de saúde coletiva. Estudo com coerência entre objetivos

apresentados e metodologia elaborada

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Foram apresentados todos os documentos obrigatórios.

Recomendações:

Sem mais recomendações

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

Considerações Finais a critério do CEP:

FORTALEZA, 23 de Janeiro de 2013

Assinador por:

FERNANDO ANTONIO FROTA BEZERRA

(Coordenador)

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ANEXO B – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO

Manual Operacional para Coleta de

Dados da População Penitenciária

Feminina e de Servidoras Prisionais

INQUÉRITO NACIONAL

DE SAÚDE NA

POPULAÇÃO

PENITENCIÁRIA

FEMININA E DE

SERVIDORAS PRISIONAIS

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60.430-270

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CONTEÚDO

A. Componente - Recrutamento, TCLE e Critérios de Inclusão ................................. 132

Sub-componente: Critérios de inclusão (A1) ................................................... 132

Sub-componente: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (A2) ............ 132

B. Componente - Dados Demográficos .......................................................................... 133

E. Componente- Transtornos Mentais (SRQ) .............................................................. 135

F. Componente – Tabaco, álcool e outras drogas ............................................................. 136

Sub-componente: Tabagismo (F1) .................................................................. 136

Sub-componente: Consumo de Álcool(AUDIT) – Servidoras prisionais (F2) . 137

Sub-componente: Outras drogas (F3) .............................................................. 139

G. Componente – Trabalho e relações com as presidiárias ......................................... 144

H. Componente - Violência ............................................................................................. 145

Sub-componente: Violência ANTES de trabalhar na prisão ............................ 145

Sub-componente: Violência DEPOIS de trabalhar na prisão ........................... 151

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60.430-270

137

ID Sujeito Pesquisa

Confirmação ID Sujeito Pesquisa

A. Componente - Recrutamento, TCLE e Critérios de Inclusão

A.1. Data do Recrutamento (dd/mm/aaaa)

A.2. Data do Nascimento (dd/mm/aaaa)

A.3. Data de Ingresso no trabalho de Sistema Prisional (mm/aaaa)

Sub-componente: Critérios de inclusão (A1)

A1.1. Qual sua cor ou raça?

1. Preta

2. Parda

3. Branca

4. Amarela

5. Indígena

6. Outro

7. Não sei ou Não quero responder

A1.2. Qual o seu grau de instrução?

1. Analfabeto

2. 1ª a 3ª série do ensino fundamental

3. 4ª a 7ª série do ensino fundamental

4. Ensino fundamental completo (terminou a 8ª ou 9ª série)

5. 1º ou 2º ano do ensino médio

6. Ensino médio completo (terminou 3º ano colegial ou 3º científico)

7. Superior incompleto

8. Superior completo

9. Outro __________________________________________________________

10. Não sei ou Não quero responder

A1.3. Em qual cidade e estado você nasceu?

Cidade: ____________________

Estado: ____________________

Sub-componente: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (A2)

A2.1. TCLE. 1 Critérios de Inclusão

1. Agentes prisionais

2. Atuando há prelo menos 12 meses em contato direto com as mulheres presidiárias

A2.2. TCLE. 2 Critérios de exclusão

1. Não acessíveis por qualquer motivo

2. Impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de pesquisadores

A2.3. TCLE. 3 Declarou que compreendeu as informações apresentadas no TCLE e deu consentimento

para participação no estudo?

1. Não

2. Sim

A2.4. TCLE. 4 Declarou concordar que amostras de sangue sejam coletadas para diagnóstico das doenças

em estudo?

1. Não

2. Sim

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138

A2.5. TCLE. 5 Declarou concordar que o exame clínico seja realizado?

1. Não

2. Sim

B. Componente - Dados Demográficos

B.1. Qual é sua situação conjugal atual?

1. Solteira e sem parceiro ou parceira fixo

2. Possui parceiro fixo

3. Possui parceira fixa

4. Casada ou união estável

5. Separada

6. Desquitada ou divorciada

7. Viúva

8. Outro

9. Não sei ou Não quero responder

B.2. Qual é a sua religião ou crença religiosa?

1. Não tenho religião ou crença

2. Católica

3. Evangélica

4. Espírita

5. Outro

6. Não sei ou Não quero responder

B.3. Qual era a sua ocupação antes de trabalhar no Sistema Prisional?

1. Não trabalhava

2. Alta funcionária do governo, dirigente, gerente ou alta funcionária de empresa

3. Profissional de nível superior

4. Profissional das artes

5. Profissional ou técnica de nível médio

6. Trabalhadora de serviços administrativos

7. Trabalhadora da prestação de serviços e comerciários

8. Trabalhadora de serviços domésticos

9. Trabalhadora agropecuária, florestal de caça e pesca

10. Trabalhadora manual (produção de bens e serviços industriais)

11. Trabalhadora manual da construção civil

12. Trabalhadora manual de reparação e manutenção

13. Membro das forças armadas, policial e bombeiro militar

14. Ocupações mal especificadas do trabalho informal (ambulante, manobrista, guardadora de carro,

etc.)

15. Outro

16. Não sei ou Não quero responder

B.4. Em quais estabelecimentos penais você já trabalhou?(MARQUE QUANTAS OPÇÕES FOREM

VERDADEIRAS)

1. Nunca trabalhei em outro estabelecimento prisional

2. Cadeia Pública

3. Presídios ou Casas de privação provisória

4. Penitenciária

5. Colônia agrícola

6. Casas de albergado ou Albergue

7. Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico

8. Outro

9. Não sei ou Não quero responder

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139

B.5. Está estudando atualmente?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

B.6. Fora você, quantas pessoas moram na sua casa?

1. Mora sozinha

2. Uma

3. Duas

4. Três

5. Quatro

6. Cinco

7. Seis

8. Sete

9. Mais de sete pessoas

10. Não sei ou Não quero responder

B.7. Qual é o grau de instrução de sua mãe?

1. Analfabeta

2. 1ª a 3ª série do ensino fundamental

3. 4ª a 7ª série do ensino fundamental

4. Ensino fundamental completo (terminou a 8ª ou 9ª série)

5. 1º ou 2º ano do ensino médio

6. Ensino médio completo (terminou 3º ano colegial ou 3º científico)

7. Superior incompleto

8. Superior completo

9. Não lembro

10. Outro

11. Não sei ou Não quero responder

B.8. Hoje você é a principal fonte de renda de sua família?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

B.9. Qual a sua renda mensal?

1. Sem rendimento

2. Até 1 salário mínimo (R$ 678)

3. Mais de 1 a 2 salários mínimos (R$ 679 a R$ 1356)

4. Mais de 2 a 3 salários mínimos (De R$ 1357 a R$ 2034)

5. Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390)

6. Mais de 5 a 10 (R$ 3391a R$ 6780)

7. Mais de 10 a 20 (R$ 6789 a R$ 13560)

8. Acima 20 salários mínimos (R$ 13561 ou mais)

9. Não sei ou Não quero responder

B.10. Qual a renda mensal de sua família?

1. Sem rendimento

2. Até 1 salário mínimo (R$ 678)

3. Mais de 1 a 2 salários mínimos (R$ 679 a R$ 1356)

4. Mais de 2 a 3 salários mínimos (De R$ 1357 a R$ 2034)

5. Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390)

6. Mais de 5 a 10 (R$ 3391a R$ 6780)

7. Mais de 10 a 20 (R$ 6789 a R$ 13560)

8. Acima 20 salários mínimos (R$ 13561 ou mais)

9. Não sei ou Não quero responder

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140

B.11. Você possui plano de saúde?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

F. Componente - Transtornos Mentais (SRQ)

K.1. Tem dores de cabeça frequentes?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.2. Tem falta de apetite?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.3. Dorme mal?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.4. Assusta-se com facilidade?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.5. Tem tremores de mão?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.6. Sente-se nervosa, tensa ou preocupada?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.7. Tem má digestão?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.8. Tem dificuldade para pensar com clareza?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.9. Tem se sentido triste ultimamente?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.10. Tem chorado mais do que de costume?

1. Não

2. Sim

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141

3. Não sei ou Não quero responder

K.11. Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas Atividades diárias?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.12. Tem dificuldades para tomar decisões?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.13. Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)?

1. Não trabalho

2. Não

3. Sim

4. Não sei ou Não quero responder

K.14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.15. Tem perdido o interesse pelas coisas?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.16. Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.17. Tem tido idéias de acabar com a vida

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.18. Sente-se cansada o tempo todo?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.19. Tem sensações desagradáveis no estômago?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

K.20. Cansa-se com facilidade?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

L. Componente – Tabaco, álcool e outras drogas

Sub-componente: Tabagismo (L1)

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L1.1. Você fuma ou fumou cigarros?

1. Não (PULE PARA SUBCOMPONENTE L2.)

2. Sim (PULE PARA L1. 3)

3. Sim, mas parei de fumar

4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA SUBCOMPONENTE L2.)

L1.2. Quantos cigarros você fumava por dia? (APÓS RESPONDER, PULE PARA

SUBCOMPONENTE L2.)

_______________ CIGARROS

1. Não sei

2. Não quero responder

L1.3. Quantos cigarros você fuma por dia?

1. Menos de 10

2. De 11 a 20

3. De 21 a 30

4. Mais de 31

5. Não sei ou Não quero responder

L1.4. Você fuma mais frequentemente pela manhã?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

L1.5. Quanto tempo após acordar você fuma seu primeiro cigarro?

1. Dentro de 5 minutos

2. Entre 6 e 30 minutos

3. Entre 31 e 60 minutos

4. Após 60 minutos

L1.6. Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação?

1. O primeiro da manhã

2. Outro

3. Não sei ou Não quero responder

L1.7. Você acha difícil não fumar em lugares proibidos como igrejas, bibliotecas, etc.?

1. Não

2. Sim

L1.8. Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de cama a maior parte do tempo?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

L1.9. Alguma das pessoas que moram com você costuma fumar dentro de casa?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

Sub-componente: Consumo de Álcool (AUDIT) – Servidoras prisionais (L2)

L2.1. Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome bebidas alcoólicas (bebida

alcoólica)?

1. Nunca bebi (PULE PARA SUB-COMPONENTE L3)

2. Uma vez por mês ou menos

3. 2 a 4 vezes por mês

4. 2 a 3 vezes por semana

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5. 4 ou mais vezes por semana

L2.2. Quantas doses de bebida alcoólica você consome em um dia normal?

1. 0 ou 1

2. 2 ou 3

3. 4 ou 5

4. 6 ou 7

5. 08 ou mais

L2.3. Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome cinco ou mais doses em uma única

ocasião?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

L2.4. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você achou que não conseguiria parar de beber,

uma vez tendo começado?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

L2.5. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você não conseguiu fazer tarefas ou atividades que

você normalmente faz por causa da bebida alcoólica?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

L2.6. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você precisou de uma dose de bebida alcoólica

pela manhã para poder se sentir bem ao longo do dia após ter bebido bastante no dia anterior?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

L2.7. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você se sentiu culpado ou com remorso após ter

consumido bebida alcoólica?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

L2.8. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você foi incapaz de se lembrar do que aconteceu

na noite anterior porque você estava consumindo bebida alcoólica?

1. Nunca

2. Menos de uma vez por mês

3. Uma vez por mês

4. Uma vez por semana

5. Diariamente ou quase todo dia

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144

L2.9. Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a outra pessoa após ter bebido?

1. Não

2. Sim, mas não no ultimo ano (últimos 12 meses)

3. Sim, durante o ultimo ano (últimos 12 meses)

L2.10. Alguém ou algum parente, amigo ou médico, já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu

que você parasse?

1. Não

2. Sim, mas não no ultimo ano (últimos 12 meses)

3. Sim, durante o ultimo ano (últimos 12 meses)

Sub-componente: Outras drogas (L3)

L3.1. Você usa ou usou Maconha ou haxixe?

1. Não (PULE PARA L3. 4)

2. Sim (PULE PARA L3. 3)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 4)

L3.2. Com que frequência você usava Maconha ou haxixe antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 4

L3.3. Com que frequência você usa Maconha ou haxixe atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.4. Você usa ou usou Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz)?

1. Não (PULE PARA L3. 7)

2. Sim (PULE PARA L3. 6)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 7)

L3.5. Com que frequência você usava Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz) antes de você trabalhar na

prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 7

L3.6. Com que frequência você usa Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz) atualmente?

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145

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.7. Você usa ou usou Cocaína injetável?

1. Não (PULE PARA L3. 10)

2. Sim (PULE PARA L3. 9)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 9)

4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA L3. 10)

L3.8. Com que frequência você usava Cocaína injetável antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 10

L3.9. Com que frequência você usa Cocaína injetável antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.10. Você usa ou usou Ecstasy?

1. Não (PULE PARA L3. 13)

2. Sim (PULE PARA L3. 12)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 12)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 13)

L3.11. Com que frequência você usava Ecstasy antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 13

L3.12. Com que frequência você usa Ecstasy atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

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146

7. Todos os dias

L3.13. Você usa ou usou LSD?

1. Não (PULE PARA L3. 16)

2. Sim (PULE PARA L3. 15)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 15)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 16)

L3.14. Com que frequência você usava LSD antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 16

L3.15. Com que frequência você usa LSD atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.16. Você usa ou usou merla ou oxi?

1. Não (PULE PARA L3. 19)

2. Sim (PULE PARA L3. 18)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 18)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 19)

L3.17. Com que frequência você usava merla ou oxi antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 19

L3.18. Com que frequência você usa merla ou oxi atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.19. Você usa ou usou Crack?

1. Não (PULE PARA L3. 22)

2. Sim (PULE PARA L3. 21)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 21)

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147

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 22)

L3.20. Com que frequência você usava Crack antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 22

L3.21. Com que frequência você usa Crack atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.22. Você usa ou usou substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.)?

1. Não (PULE PARA L3. 25)

2. Sim (PULE PARA L3. 24)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 24)

4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA L3. 25)

L3.23. Com que frequência você usava substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.). Antes de você

trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 25

L3.24. Com que frequência você usa substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.) atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.25. Você usa ou usou substancias inalantes (thinner e cola)?

1. Não (PULE PARA L3. 28)

2. Sim (PULE PARA L3. 27)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 27)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 28)

L3.26. Com que frequência você usava substancias inalantes (thinner e cola)antes de você trabalhar na

prisão?

1. Nunca

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60.430-270

148

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 28

L3.27. Com que frequência você usa substancias inalantes (thinner e cola) atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.28. Você usa ou usou benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou dormonid?

1. Não (PULE PARA L3. 31)

2. Sim (PULE PARA L3. 30)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 30)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 31)

L3.29. Com que frequência você usava medicamentos benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou

dormonid antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 31

L3.30. Com que frequência você usa medicamentos benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou

dormonid atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

L3.31. Você usa ou usou algum medicamento calmante?

1. Não (PULE PARA COMPONENTE M)

2. Sim (PULE PARA L3. 33)

3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 33)

4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA COMPONENTE M)

L3.32. Com que frequência você usava medicamento calmante antes de você trabalhar na prisão?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

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6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA COMPONENTE M

L3.33. Com que frequência você usa medicamento calmante atualmente?

1. Nunca

2. Uma vez na vida

3. Uma vez no ano

4. Uma vez no mês

5. Uma vez por semana

6. Mais de uma vez por semana

7. Todos os dias

M. Componente – Trabalho e relações com as presidiárias

M.1. Você participou de alguma formação especifica para agentes prisionais antes, durante ou após

iniciar o seu trabalho na prisão?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

M.2. Quais dos temas abaixo você considera ter conhecimentos suficientes para sua pratica profissional

na prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Segurança

2. Doenças infecciosas

3. Doenças crônicas

4. Saúde mental

5. Saúde reprodutiva

6. Drogas lícitas (álcool e tabaco)

7. Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.)

8. Não sei ou Não quero responder

M.3. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença crônica como diabetes, hipertensão

arterial, etc.?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

M.4. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença infecciosa como tuberculose, hepatites,

aids, etc.?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

M.5. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença algum sintoma de DST (ferida,

corrimento, verrugas)?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

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60.430-270

150

M.6. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem transtorno mental como depressão, choro fácil,

irritabilidade, etc.?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

M.7. Qual sua atitude ao detectar que uma presa que era usuária de droga ilícita (maconha, crack, merla,

etc.) está em crise de abstinência?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

M.8. Qual sua atitude ao detectar que uma presa que era usuária de droga lícita (álcool) está em crise de

abstinência?

1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos

2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos

3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa

4. Não faz nada

5. Não sei ou Não quero responder

M.9. Você considera seu trabalho na prisão como um trabalho estressante?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

M.10. Você considera seu trabalho na prisão como um trabalho de risco?

1. Não

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder

N. Componente - Violência

Sub-componente: Violência ANTES de trabalhar na prisão

N.1. Alguém já ficou com seu dinheiro, bens materiais ou objetos pessoais sem sua permissão?

9. Não (PULE PARA N5)

10. Sim

11. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N5)

N.2. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

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60.430-270

151

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.3. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE

UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.4. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.5. Você já sofreu algum dano moral, ou seja, alguém já acusou você injustamente ter cometido algum

delito ou alguém lhe acusou de ter tido atitudes que consideram vergonhosas?

1. Não (PULE PARA N9)

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N9)

N.6. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE

UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.7. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE

UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Entre 0 e 9 anos

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2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.8. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.9. Você já sofreu alguma violência psicológica, ou seja, já foi ameaçada, humilhada, chantageada,

perseguida, ridicularizada, impedida de ver algum familiar ou prenderam você em casa?

1. Não (PULE PARA N13)

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N13)

N.10. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.11. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE

UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.12. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

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N.13. Alguém já lhe deu tapas, empurrou, beliscou ou puxou os seus cabelos para machucar?

1. Não (PULE PARA N17)

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N17)

N.14. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.15. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se

necessário.

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.16. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.17. Alguém já esbofeteou, espancou, queimou ou tentou enforcar você?

1. Não (PULE PARA N21)

2. Sim

3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N21)

N.18. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

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154

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

1. Não sabe/Não quer responder

N.19. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se

necessário.

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.20. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.21. Alguém já feriu você com faca, outro objeto perfuro-cortante (estilete, caco de vidro, etc.) revólver

ou outra arma de fogo para lhe machucar, além de outros objetos que causaram ferimento?

1. Sim, com faca ou outro objeto cortante

2. Sim, revólver ou outra com arma de fogo

3. Sim, com outros objetos que causaram ferimento

4. Não(PULE PARA N25)

5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N25)

N.22. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

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60.430-270

155

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto(s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.23. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se

necessário.

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

6. Não sabe/Não quer responder

N.24. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.25. Alguém já tentou manter relações sexuais com você ou forçou qualquer outra conduta que

considere de cunho sexual sem a sua permissão?

1. Não (PULE PARA N29)

2. Sim

3. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N29)

N.26. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA

OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Pai

2. Outra pessoa da família

3. Mãe

4. Amigo ou Colega

5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado

6. Algum conhecido da família

7. Filho (s)

8. Alguém na escola e/ou na creche

9. Padrasto

10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição

11. Madrasta

12. Estranhos

13. Irmão ou Irmã

14. Alguém no trabalho

15. Tio(s) ou Tia(s)

16. Policiais na rua

17. Avô ou Avó

18. Outros

19. Neto (s)

20. Não sabe/Não quer responder

N.27. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? V?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE

UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Entre 0 e 9 anos

2. Entre 10 e 19 anos

3. Entre 20 e 24 anos

4. Entre 25 e 59 anos

5. Com 60 anos ou mais

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156

6. Não sabe/Não quer responder

N.28. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.29. Você considera que ficou com algum problema físico (problemas no corpo) e/ou psicológico

(problemas emocionais) por causa de alguma dessas situações que aconteceu antes de você trabalhar na

prisão?

1. Não

2. Sim

3. Não sabe/não quer responder

N.30. Você considera que esse ou esses problemas aconteceram pela falta de condições de fazer algum

tratamento de saúde (tratamento físico ou psicológico)?

1. Não

2. Sim

3. Não sabe/Não quer responder

Sub-componente: Violência DEPOIS de trabalhar na prisão

AS PERGUNTAS A SEGUIR, DIZEM RESPEITO AO QUE VOCÊ POSSA TER

PRESENCIADO OU TER TIDO CONHECIMENTO DENTRO DA PRISÃO ATUAL OU EM OUTRA

PRISÃO QUE VOCÊ POSSA TER PASSADO.

N.31. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega

que teve o dinheiro, bens materiais ou objetos pessoais retirados sem a permissão? E isso já aconteceu

com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN34)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN34)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N34)

N.32. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.33. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? Você deve

somente UMA opção.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.34. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega

que sofreu violência moral, ou seja, foi acusada injustamente de ter cometido algum delito ou mesmo

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157

tenha sido acusada de atitudes que consideram vergonhosas? E isso já aconteceu com você? (VOCÊ

PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARA N37)

2. Não, nunca aconteceu comigo(PULE PARA N37)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer responder (PULE PARA N37)

N.35. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.36. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.37. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega

que sofreu violência psicológica, ou seja, foi ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou

ridicularizada? E isso já aconteceu com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE

NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN40)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN40)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer (PULE PARAN40)

N.38. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.39. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOC DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

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N.40. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega

que já levou um tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito? E isso já

aconteceu com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN43)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN43)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARAN43)

N.41. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.42. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.43. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma que

colega foi esbofeteada, espancada, queimada ou sofreu tentativa de enforcamento? E isso já aconteceu

com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN46)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN46)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N46)

N.44. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.45. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.46. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou, você soube de alguma colega

que foi ferida com faca, outro objeto perfuro-cortante (estilete, caco de vidro, etc.), revólver ou outra

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arma de fogo, além de outros objetos que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.) de

propósito? E isso já aconteceu com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE

NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN49)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN49)

3. Sim, com colega: faca ou outro objeto cortante

4. Sim, com colega: revólver ou outra com arma de fogo

5. Sim, com colega: outros objetos que causaram ferimento

6. Sim, comigo: faca ou outro objeto cortante

7. Sim, comigo: revólver ou outra com arma de fogo

8. Sim, comigo: outros objetos que causaram ferimento

9. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N49)

N.47. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.48. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

4. Não sabe/Não quer responder

N.49. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou, você soube de alguma colega

que sofreu assédio sexual, tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que você considera

sexual? E isso já aconteceu com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE

NECESSÁRIO).

1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN52)

2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN52)

3. Sim, soube de alguma colega vítima.

4. Sim, aconteceu comigo.

5. Não sabe/Não quer responder (PULE PARAN52)

N.50. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro

da prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).

1. Presidiárias/ Detentas

2. Agentes prisionais/carcerárias

3. Policiais

4. Outros funcionários da prisão

5. Visitante

6. Outro

7. Não sabe/Não quer responder

N.51. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE

MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Raramente

2. Às vezes

3. Frequentemente

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4. Não sabe/Não quer responder

N.52. Você soube de alguma colega que recebeu de atendimento de saúde por causa de alguma violência

mais grave que aconteceram no ambiente de trabalho? E você recebeu atendimento de saúde por causa

de alguma violência grave dentro da prisão? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE

NECESSÁRIO).

1. Nunca soube de alguém que passou por essas situações (ENCERRA O COMPONENTE)

2. Nunca passei por algumas dessas situações (ENCERRA O COMPONENTE)

3. Sim, a colega recebeu atendimento de saúde

4. Não, a colega não recebeu atendimento de saúde (PULE PARA N54)

5. Sim,eu recebi atendimento de saúde

6. Não, não recebi atendimento de saúde (PULE PARA N54)

7. Não sabe/Não quer (ENCERRA O COMPONENTE)

N.53. Se sim, quem foi a primeira pessoa a atender/socorrer essa colega ou você na prisão? VOCÊ

DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.

1. Médico

2. Enfermeiro

3. Auxiliar de enfermagem

4. Psicólogo

5. Dentista

6. Presidiárias/ Detentas

7. Companheira de trabalho

8. Agentes prisionais/ Agente penitenciário

9. Policial

10. Visitante

11. Outro

12. Não sabe/Não quer responder

N.54. Essa colega ficou com alguma sequela física (problemas no corpo) e ou psicológica (problemas

emocionais, pânico, depressão) por causa de alguma dessas situações que aconteceram na prisão atual

ou em prisões anteriores? E você ficou com alguma sequela?

1. Não, eu não fiquei com sequelas (ENCERRA O COMPONENTE)

2. Não, a colega não ficou com sequelas (ENCERRA O COMPONENTE)

3. Sim, a colega ficou com sequelas

4. Sim, eu fiquei com sequelas

5. Não sabe/Não quer (ENCERRA O COMPONENTE)

N.55. Você acha que essa sequela se deu pela falta de algum tratamento de saúde (físico ou psicológico)

dentro da prisão atual ou em prisões anteriores?

1. Não (ENCERRA O COMPONENTE)

2. Sim

3. Não sabe/Não quer responder (ENCERRA O COMPONENTE)