Upload
dodieu
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COMUNITÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
MARCELO JOSÉ MONTEIRO FERREIRA
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS
MENTAIS COMUNS E VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS AGENTES DE
SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL
FORTALEZA
2016
MARCELO JOSÉ MONTEIRO FERREIRA
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS
COMUNS E VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA
PENITENCIÁRIA NO BRASIL
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em
Saúde Coletiva do Departamento de Saúde
Comunitária, da Universidade Federal do
Ceará, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor em Saúde
Coletiva. Área de concentração:
Epidemiologia das Doenças Transmissíveis.
Orientadora: Profa. Dra. Ligia Regina
Sansigolo Kerr
FORTALEZA
2016
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela força constante, revigorando o coração nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais, verdadeiros professores da Vida, que me orientam no caminho do
bem.
Aos meus irmãos Ana Paula, Daniela e Sérgio, companheiros de jornada, sempre
juntos de coração mesmo nas distâncias físicas.
À Eugênia Marques, grande amor da minha vida, mais um capítulo concluído para
o nosso livro de aventuras. Muito obrigado por me ajudar a tornar esse momento possível.
Nunca esquecerei...
À minha filha Marina, obrigado por me ensinar um amor tão grande que não cabe
em mim. O seu sorriso todas as manhãs me motiva a buscar ser uma pessoa melhor.
Aos amigos Mário Martins e Débora Pinho, pela partilha de uma vida repleta de
utopias e alicerçada na igualdade de direitos e solidariedade entre os povos.
À Profa. Dra. Ligia Kerr, minha orientadora. Obrigado pela confiança depositada
e por me ensinar a “ler” a Epidemiologia. Levarei esses ensinamentos por toda a minha
história.
Ao Prof. Carl Kendall, obrigado pela partilha de conhecimentos, experiências e
pelos sorrisos e abraços sempre afetuosos.
Às professoras Rosa Salani e Linda Macena, minha gratidão pela oportunidade do
trabalho coletivo e pelos aprendizados adquiridos durante essa jornada.
Aos professores Kelen Gomes, Luciano Pamplona, Magda Moura, Henrique
Alencar, Alberto Novaes, Ricardo Pontes e Luciano Correia, muito mais do que colegas de
trabalho, tornaram-se companheiros de sonhos.
Aos colegas da 1ª turma do Doutorado em Saúde Coletiva, da Universidade
Federal do Ceará. Agradeço a cada um pelos bons momentos vividos juntos.
À Dominik e Zenaide, pelos sempre sinceros e afetuosos sorrisos e gentilezas.
Vocês tornam esse programa especial.
“Tempo virá. Uma vacina preventiva de erros
e acertos se fará. As prisões se transformarão
em escolas e oficinas. E os homens,
imunizados contra o crime, cidadãos de um
novo mundo, contarão às crianças do futuro,
estórias absurdas de prisões, celas, altos muros
[...] contarão de um tempo superado” (CORA
CORALINA).
RESUMO
A violência no ambiente de trabalho contribui para o desenvolvimento de problemas de saúde
entre Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). O cotidiano de trabalho desses profissionais
é estressante, podendo trazer consequências graves para a sua integridade física e psicológica,
tais como ansiedade e estresse. Objetiva estimar a prevalência de transtornos mentais comuns,
violência no trabalho e seus fatores associados em Agentes de Segurança Penitenciária do
sexo feminino no Brasil. Trata-se de um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional,
recorte do projeto intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária
feminina e de servidoras prisionais”. A população consiste em ASP vinculadas formalmente
ao sistema penitenciário feminino brasileiro, atuando em contato direto com mulheres
privadas de liberdade e que aceitaram participar do estudo. A amostra foi estipulada em 40%
das ASP presentes no momento da coleta, sendo excluídas do cálculo as agentes em férias,
licença ou recém-ingressas. Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado.
Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de Confiança
foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou mostraram-se
como de confundimento. A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão
Logística. Foram verificados os fatores que aumentaram a probabilidade da ASP desenvolver
transtornos mentais comuns ou sofrer violência no ambiente de trabalho. As estimativas
pontuais e intervalares, bem como as análises de associação bivariada e multivariada foram
realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com a ponderação obtida pelo
inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por estágio de amostragem. Cerca
de 30,6% das entrevistadas obtiveram transtornos mentais comuns. O consumo de calmantes
que não necessitavam de receituário médico para aquisição foi relatado por pouco mais de
22% das entrevistadas. As ASP que obtiveram transtornos mentais comuns possuem mais
chances de sofrer violência no ambiente prisional (OR = 1,879 (95%IC: 1,069 - 3,305)). Com
relação ao número de violências sofridas no trabalho, 55% referiram ter sido vítimas de dois
ou mais episódios. Cerca de 68,4% (95%IC: 62,5 - 73,8) das ASP declararam ter
conhecimento de eventos envolvendo violência com colegas de trabalho na prisão. As ASP
que ingressaram na faixa etária de 25 a 35 anos possuem as maiores chances (OR = 4,06
(95%IC: 1,6 - 10,8)) de sofrer violência no trabalho. A chance de sofrer violência aumenta
para as mulheres que trabalharam em casas de privação provisória (OR = 1,80 (95%IC: 1,07 -
3,03) e penitenciárias (OR = 2,16 (95%IC: 1,28 - 3,63)). No Brasil, episódios de agressões e
ameaças no trabalho acometem grande parcela das ASP. O contato direto com a população
encarcerada e os altos níveis de estresse no trabalho contribuem para a conformação de um
ambiente violento. Evidenciaram-se contextos laborais com baixo suporte social entre as ASP.
Isso contribui para que o ambiente de trabalho torne-se ainda mais desgastante, inseguro e
perigoso. O setor Saúde, por seu turno, precisa ampliar o escopo de suas atuações junto as
ASP, tendo em vista a vulnerabilidade inerente às funções que desempenham nas unidades
prisionais.
Palavras-chave: Violência no Trabalho. Agressão. Transtornos Mentais. Estresse
Ocupacional. Saúde do Trabalhador.
ABSTRACT
Violence in the workplace contributes to the development of health problems among
Correctional Officers (CO). The daily work of these professionals is stressful, and can have
serious consequences for their physical and psychological integrity, such as anxiety and
stress. It aims to estimate the prevalence of common mental disorders, violence at work and
its associated factors in Female Prison Security Agents in Brazil. It is a cross-sectional,
analytical study of national scope, a cut of the project entitled "National health survey on
female prison population and prison servants". The population consists of CO formally linked
to the Brazilian female penitentiary system, acting in direct contact with women deprived of
their freedom and who accepted to participate in the study. The sample was stipulated in 40%
of the CO present at the time of collection, excluding holiday, license or new entrants. Data
were collected through a self-administered questionnaire. The Pearson chi-square test was
performed. Odds Ratio and Confidence Intervals were estimated for factors that showed a
significant association or showed to be confounding. The multivariate analysis was performed
through the Logistic Regression model. Factors that increased the likelihood of CO
developing common mental disorders or experiencing violence in the work environment were
verified. Point and interval estimates, as well as bivariate and multivariate association analyzes were performed using the complex sampling module with the weighting obtained by
the inverse of the product of the probabilities of choosing the CO by sampling stage. About
30.6% of the interviewees had common mental disorders. The consumption of painkillers that
did not require medical prescription for acquisition was reported by slightly more than 22% of
those interviewed. CO that obtained common mental disorders were more likely to suffer
violence in the prison setting (OR = 1.879 (95% CI: 1.069 - 3.305)). With regard to the
number of violence suffered at work, 55% reported having been victims of two or more
episodes. About 68.4% (95% CI: 62.5-73.8) of the ASP reported having knowledge of events
involving violence with co-workers in prison. The CO that entered the age group of 25 to 35
years have the greatest odds (OR = 4.06 (95% CI: 1.6 - 10.8)) of suffering violence at work.
The chance of suffering violence increases for women working in temporary deprivation
homes (OR = 1.80 (95% CI: 1.07 - 3.03) and penitentiaries (OR = 2.16 (95% CI: 1, 28 - 3,63).
The direct contact with the incarcerated population and the high levels of stress at work
contribute to the formation of a violent environment. With low social support among CO,
which contributes to making the work environment even more exhausting, unsafe and
dangerous. The Health sector, in turn, needs to expand the scope of its activities with the CO.
In view of the vulnerability inherent in their functions in prisons.
Keywords: Workplace Violence. Aggression. Mental Disorders. Burnout. Occupational
Health.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Trabalhadoras do sistema prisional brasileiro por forma de contratação....... 35
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Profissionais em atividade no sistema prisional brasileiro........................... 35
Tabela 02 - Censo das unidades prisionais femininas do Brasil...................................... 37
Tabela 03 - Censo das unidades prisionais femininas do Brasil por estados................... 37
Tabela 04 - Censo dos presídios por região, estado e faixa do numero de presas........... 38
Tabela 05 - População alvo para seleção da amostra composta por unidades
penitenciárias femininas do Brasil................................................................ 39
Tabela 06 - População penitenciária feminina brasileira que deveria compor a amostra 41
Tabela 07 - População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra............. 41
Tabela 08 - População penitenciária feminina brasileira compôs a amostra por estrato,
região, estado, capital ou interior.................................................................. 42
Tabela 09 - População penitenciária feminina brasileira compôs a amostra por estrato,
região, estado, município e estabelecimento penal....................................... 43
Tabela 10 - Presídios selecionados passa compor a amostra nacional da população
penitenciária feminina................................................................................... 44
Tabela 11 -
Amostra final da população penitenciária feminina brasileira pertencente
ao Inquérito Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário Feminino
Brasileiro.......................................................................................................
45
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS
COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA FEMININAS NO
BRASIL
Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral e de violência sofrida antes do ingresso no
sistema prisional das Agentes de Segurança Penitenciária........................... 60
Tabela 2 -
Perfil psicossocial e autorrelato ou conhecimento de violências sofridas
por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha
atualmente ou em outra que trabalhou..........................................................
65
Tabela 3 - Cuidados com a saúde e autorrelato de doenças crônicas não
transmissíveis................................................................................................ 67
Tabela 4 - Análise dos fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns em ASP. 70
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS à VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS
AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL
Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral, psicossocial e de violência sofrida antes
do ingresso no sistema prisional das Agentes de Segurança Penitenciária... 91
Tabela 2 - Violências sofridas por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade
Prisional que trabalha atualmente ou em outra unidade que trabalhou......... 96
Tabela 3 - Formas e pessoas suspeitas de praticarem violência na unidade prisional
em que a ASP trabalha.................................................................................. 96
Tabela 4 -
Análise de associação entre os fatores socioeconômicos, psicossociais, de
violência antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a
violência autorreferida pelas ASP no sistema prisional................................
100
Tabela 5- Análise multidimensional entre os fatores que apresentaram significância
para a predição de violência sofrida pelas ASP............................................ 107
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Trabalhadores do sistema prisional por vínculo empregatício e por
Unidade da Federação................................................................................... 33
Quadro 02 - Quantitativo de servidores responsáveis pela custódia de pessoas presas.... 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACASI Audio Computer Assisted Self-Interviewing AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social ASP Agente de Segurança Penintenciários AUDIT Alcohol Use Disorders Identification Test CDC Disease Control and Prevention CEP Comitê de Ética em Pesquisa CID-10 Classificação Internacional das Doenças CNPCP Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária DAFW Days Away from Work DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis DEPEN Departamento Penitenciário Nacional DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos MPT Ministério Público do Trabalho OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial da Saúde OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PNAISP Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional PNSSP Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora SAP Secretaria de Administração Penitenciária SAQ Self-Administered Questionnaries TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TMC Transtornos Mentais Comuns VISAT Vigilância em Saúde do Trabalhador
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 17
2
TRANSTORNOS PSÍQUICOS, ACIDENTES E VIOLÊNCIAS
SOFRIDAS NO AMBIENTE DE TRABALHO DAS AGENTES DE
SEGURANÇA PENITENCIÁRIA.....................................................................
20
3
O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO
TRABALHADOR E DA TRABALHADORA EM SITUAÇÕES DE
VULNERABILIDADE OCUPACIONAL.........................................................
29
4 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 31
4.1 Objetivos Específicos............................................................................................ 31
5 METODOLOGIA................................................................................................. 32
5.1 População do Estudo e Critérios de Inclusão e Exclusão.................................. 32
5.2 Amostragem.......................................................................................................... 36
5.3 Coleta de Dados.................................................................................................... 46
5.4 Instrumentos e Variáveis Coletadas................................................................... 48
5.5 Análise de Dados................................................................................................... 50
5.6 Treinamento da Equipe de Campo..................................................................... 51
5.7 Aspectos Éticos...................................................................................................... 51
6
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS
MENTAIS COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA
PENITENCIÁRIA FEMININAS NO BRASIL.................................................
53
7
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA NO
TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO
BRASIL.................................................................................................................
84
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 114
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 117
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO................................................................................................... 129
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP............................. 131
ANEXO B – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO......................................... 135
14
APRESENTAÇÃO
A presente tese é produto de um trabalho realizado a muitas mãos, que buscou
desvelar um contexto psicossocial e sanitário muitas vezes velado, escondido por detrás de
grandes muros, grades e fardamentos. Trata-se de um estudo em que objetivou estimar a
prevalência de violências e transtornos mentais comuns, em sua relação com o trabalho, entre
agentes de segurança penitenciária do sexo feminino no Brasil.
Conforme demonstramos na primeira parte da “Introdução”, diversos são os
riscos ocupacionais presentes no cotidiano laboral dos agentes de segurança penitenciária.
Contudo, apesar da relevância do tema, a literatura ainda apresenta grandes lacunas no sentido
de evidenciar as relações entre as condições de trabalho e saúde desses profissionais. Estudos
tornam-se ainda mais escassos quando se tratam da população de agentes penitenciárias do
sexo feminino.
Características inerentes às atividades laborais dos agentes de segurança
contribuem para que esses profissionais tornem-se mais susceptíveis ao desenvolvimento de
problemas relacionados à saúde física e mental. Nesse contexto, o item “Transtornos
psíquicos, acidentes e violências sofridas no ambiente de trabalho das agentes de
segurança penitenciária” aborda as relações entre os fatores organizacionais do trabalho das
agentes com o desenvolvimento de morbidades psíquicas.
Lançamos luz ainda, à exposição crônica à violência existente no ambiente
prisional. Fatores como a superlotação das unidades carcerárias, o baixo efetivo de agentes
penitenciárias e o uso recorrente de agressões como forma de manter o disciplinamento e a
ordem no interior das prisões contribuem para tornar, tanto as agentes como as detentas, mais
vulneráveis às práticas violentas.
O estresse no ambiente de trabalho prisional é bem documentado na literatura
nacional e internacional. Estudos apontam para uma maior prevalência de transtornos mentais
comuns entre agentes de segurança, quando comparados a outras ocupações. Além dos
transtornos mentais, alterações de comportamento e uso de medicamentos calmantes também
são descritos na literatura.
No item “O papel das políticas públicas de saúde do trabalhador e da
trabalhadora em situações de vulnerabilidade ocupacional” buscamos chamar a atenção
do setor Saúde para a necessidade de se priorizar a categoria das agentes de segurança
15
penitenciária. Em nosso estudo, identificamos importantes lacunas com relação a ações
direcionadas a essa categoria profissional. Mesmo nas políticas públicas direcionadas para a
população carcerária, percebe-se um hiato na proposição de ações resolutivas, capazes de
enxergar a complexidade e vulnerabilidade inerentes ao processo de trabalho das agentes de
segurança.
Na “Metodologia”, apresentamos em detalhes o delineamento do estudo,
buscando situar o leitor na complexidade que foi a realização de uma pesquisa com essa
população em âmbito nacional. Esse desafio foi ainda maior devido à ausência de
informações oficiais relacionadas às agentes de segurança penitenciária em diversos estados.
Esse contexto de desinformação demonstra a falta de prioridade conferida pelo Estado a essas
profissionais.
Na seção dos “Resultados” uma advertência faz-se necessária aos leitores. Na
elaboração da nossa tese, escolhemos apresentar os resultados já no formato de artigos
científicos. Esta foi uma das opções oferecidas pelo Colegiado do Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Ceará.
Nesse sentido, dois artigos compõem a seção dos “Resultados”. O primeiro,
objetiva estimar a prevalência e fatores associados à violência no trabalho das Agentes de
Segurança Penitenciária no Brasil. Nesse manuscrito, identificamos uma alta prevalência de
agentes que já sofreram pelo menos um episódio de violência durante o trabalho no ambiente
prisional. Além disso, fatores como trabalhar em outros ambientes prisionais, baixa
escolaridade, baixa renda mensal e menor tempo de experiência profissional associaram-se a
um maior risco de sofrer violência na prisão.
O segundo manuscrito aborda a prevalência dos transtornos mentais comuns e
seus fatores associados ao trabalho nas ASP no Brasil. Cerca de 30,6% das entrevistadas
apresentaram transtornos mentais comuns. A quase totalidade das participantes relatou
considerar o seu trabalho de risco e estressante. Os elevados níveis de estresse no trabalho
contribuem para o surgimento de distúrbios comportamentais, de ansiedade distúrbios no
padrão do sono.
Sabemos que a presente tese apresenta limitações a serem sanadas. O contexto
prisional é extremamente complexo para ser esgotado em um único estudo. Os estudos sobre
Agentes de Segurança Prisionais são escassos e pouco difundidos no Brasil. Contudo,
16
consideramos que contribuímos, ainda que minimamente, para ampliar os debates e visibilizar
os importantes problemas de saúde pública que acometem as agentes de segurança
penitenciária no Brasil.
17
1 - INTRODUÇÃO
O estudo sobre o perfil de morbimortalidade das populações que se encontram
privadas de liberdade em unidades prisionais é tema de investigações na comunidade
científica internacional e nacional (BAGATIN; PEREIRA; AFIUNE, 2006; NOGUEIRA;
ABRAHAO; GALESI, 2011). Além disso, é objeto de políticas públicas de saúde no Brasil,
tendo sua maior expressão na Portaria 1777/2003 que instituiu o Plano Nacional de Saúde no
Sistema Penitenciário (BRASIL, 2003a). De acordo com a referida legislação, são
consideradas ações prioritárias, dentre outras:
III – A implementação de medidas de proteção específica, como vacinação contra
hepatites, influenza e tétano;
V – A implantação de ações para a prevenção dos agravos psicossociais decorrentes
do confinamento (BRASIL, 2003, p.2-3).
Tais medidas são de suma importância, sobretudo pelo fato de que as condições
de confinamento dificultam o acesso desses indivíduos aos serviços de saúde,
impossibilitando a efetivação da atenção integral à saúde. A esse contexto, somam-se a
precariedade das instalações prisionais, contribuindo em grande medida para ampliar o
potencial de contaminação por doenças infectocontagiosas, conforme demonstra o autor:
O cárcere é um local onde coabitam dezenas, centenas e milhares de pessoas, muitas
vezes desprovidas de assistência, sem nenhuma separação, em absurda ociosidade.
Normalmente, é um local úmido, infecto, onde inúmeras pessoas vivem
compartilhando de um mesmo espaço, em celas coletivas, por onde transitam
livremente ratos e baratas (LEAL, 2001, p.58).
A estrutura física dos presídios favorece a disseminação de patologias que
possuem estreita vinculação com ambientes insalubres. Locais pouco ventilados e que
albergam um grande quantitativo de pessoas compartilhando do mesmo espaço, aliadas às
precárias condições de higiene, falta de controle da qualidade dos alimentos fornecidos e uso
de drogas ilícitas configuram-se como fatores de risco à saúde desta população (BORGES,
2011).
Somam-se ainda, a superior carga de desordens mentais. Conforme demonstraram
Watson et al., (2004), 90% dos presos da Inglaterra apresentam algum problema de saúde
mental. Além disso, as “prisões são instituições causadoras de sofrimento, desconforto e
instabilidade pessoal, física, biológica e psicológica, para os diversos grupos de pessoas que lá
se encontram, vivem e trabalham” (LOURENÇO, 2010, p.47). Para Ramos e Esper (2007), a
18
vida nas penitenciárias é uma das mais dramáticas fontes de distúrbios psíquicos que se tem
notícia, fazendo vítimas tanto os presos quanto os seus carcereiros.
Considerando o contexto exposto, o trabalho desenvolvido sob certas condições,
antes de significar fonte de realização, satisfação, vitalidade e bem estar, pode estar
intimamente ligado a diversos desequilíbrios que se manifestam das mais variadas formas na
saúde física e mental das pessoas (SELIGMANN-SILVA, 2013). Como exemplo, tomamos a
situação dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Esses profissionais, além de
submetidos a atividades que necessitam de um constante e permanente autocontrole
emocional, ainda estão sujeitos a situações que envolvem riscos para a sua vida ou própria
integridade física. A presença de “ambientes precarizados, perigosos e insalubres de algumas
unidades prisionais” (Lourenço, 2010, p.38), aumenta sua exposição a fatores de risco de
natureza física, química, biológica e de ordem psíquica.
Pesquisa realizada por Fernandes et al., (2002) investigou possíveis associações
entre condições de trabalho e saúde de 311 agentes de segurança penitenciária. Os autores
identificaram que estes profissionais estão frequentemente suscetíveis a situações geradoras
de estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, correndo o risco, inclusive, de
serem mortos. Levantamento epidemiológico realizado por Lourenço (2005) também
evidenciou situações semelhantes. Segundo o autor, os ASP, além de acometidos
psicologicamente, também são vítimas de agressões físicas, tornando-se incapazes de viver
uma existência digna e decente. Alguns, inclusive, foram mortos durante o exercício laboral
nas prisões ou fora delas.
Diante desse contexto, pode-se classificar a categoria de Agente de Segurança
Penitenciária como uma ocupação arriscada e estressante, onde o risco e a vulnerabilidade são
inerentes às características do seu trabalho no interior das unidades prisionais (TSCHIEDEL,
2012). Contudo, tanto a Saúde Coletiva de modo geral, como a Saúde do Trabalhador em
específico, pouco tem discutido sobre as implicações do trabalho no sistema prisional para a
saúde dessa população.
Desse modo, diferentemente de diversas pesquisas cujo enfoque analítico centra-
se na população privada de liberdade, “o Agente de Segurança Penitenciária não mereceu, até
os dias atuais, muita atenção nos estudos acadêmicos, não só no Brasil como em outros
países” (LOURENÇO, 2010, p.36). Vasconcelos (2000), após uma revisão bibliográfica,
também constatou lacunas importantes no conhecimento científico em torno das questões
19
relacionadas à saúde dos ASP. Os estudos tornam-se ainda mais escassos quando abordam
especificamente profissionais do sexo feminino (TSCHIEDEL, 2012).
Diante do exposto e movido pela relevância e caráter inovador do objeto,
assumimos como tema de investigação, uma análise sobre as condições de trabalho e suas
repercussões para a saúde das Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Para tanto,
adotamos como matriz analítica, os aportes teórico-conceituais advindos do campo da Saúde
do Trabalhador compreendidos aqui como:
Um grau de coesão teórica e de práxis na formulação e implementação de políticas
públicas, nas ações de vigilância, na produção de conhecimentos, na visão teórica,
nas demandas da prática, nas propostas de transformação e de luta e no controle
social exercido por coletivos de trabalhadores organizados em busca de melhores
condições laborais e de saúde (MINAYO-GOMEZ, 2011, p.29).
Em consonância com tais pressupostos, nos desafiamos a superar alguns modelos
teóricos que restringem seu arcabouço explicativo a uma correlação de linearidade entre
agente, exposição e riscos, tais como a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional. Por
outro lado, nos propomos a contribuir com a ampliação do conhecimento acerca do processo
saúde-doença dessa categoria profissional em específico, em sua relação com o trabalho.
De acordo com essas premissas, nos conduzimos à luz dos princípios e diretrizes
do SUS, fundamentados na Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
(PNST). Nela, aponta para a necessidade de priorizar, “pessoas e grupos em situação de maior
vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades laborais de maior risco para a saúde”
(BRASIL, 2012, p.2).
Apresentamos a seguir a fundamentação teórica que alicerça esta tese, abordando
num primeiro momento as condições/relações de trabalho em sua interface com o perfil de
morbimortalidade das Agentes de Segurança Penitenciária. Em seguida, demonstramos como
o exercício laboral no interior das unidades prisionais é fator contributivo para uma maior
prevalência dos transtornos psíquicos e de violências no ambiente prisional.
20
2 – TRANSTORNOS PSÍQUICOS, ACIDENTES E VIOLÊNCIAS SOFRIDAS NO
AMBIENTE DE TRABALHO DAS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA
As condições de trabalho são constituídas por elementos estruturais presentes nos
loci onde se desenvolvem os processos produtivos, caracterizados principalmente pela sua
infraestrutura física que viabilizam, em maior ou menor medida, o exercício laboral. Nesse
sentido, o ambiente de trabalho pode, frequentemente, apresentar características cuja natureza
venha a desencadear algum dano ou agravo à saúde dos trabalhadores. Referimo-nos aqui ao
conjunto das cargas de trabalho que podem estar presentes nas formas de “substâncias
químicas, agentes físicos, mecânicos, biológicos e inadequação ergonômica dos postos de
trabalho” (PORTO, 2000, p.8).
Nesse sentido, faz-se necessário o reconhecimento pormenorizado dos fatores de
riscos presentes nos ambientes laborais para fins de erradicação e/ou de controle, prevenindo
dessa forma, danos, lesões ou doenças não só ao indivíduo, como também ao coletivo de
trabalhadores que ali desempenham suas atividades. Quando esse diagnóstico não acontece,
ou é realizado de forma parcial, o estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um
determinado evento e sua condição de trabalho torna-se de difícil comprovação. Isso traz
importantes implicações éticas, técnicas e legais que repercutem diretamente, tanto no
provimento de benefícios previdenciários, como na definição de políticas públicas e de ações
de saúde para esse segmento da população.
Por outro lado, as relações de trabalho são constituídas por elementos
interacionais, mediados pelo conjunto dos componentes socioafetivos entre os profissionais.
Incluem-se aqui as características da organização do trabalho e das práticas de gerenciamento,
muitas vezes apresentadas como estruturas autoritárias que não valorizam a participação dos
trabalhadores, tarefas repetitivas e monótonas, ou ainda, a tensão e medo constante
(TSCHIEDEL, 2012).
Desse modo, ao lançarmos luz em direção a um modelo analítico que leve em
conta as dimensões acima, nos aproximamos um pouco mais da complexidade que permeia o
cotidiano laboral de diversas categorias profissionais de modo geral, e das Agentes de
Segurança Penitenciária em específico. É notório que a saúde dos trabalhadores é algo muito
mais abrangente, que se interrelaciona com elementos que estão para além do conjunto das
condições e relações presentes nos ambientes de trabalho. Ela é determinada também pela
21
situação de moradia, alimentação, salário e lazer, por exemplo. Contudo, não podemos
desconsiderar que “o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores caracteriza-se pela
coexistência de agravos que têm relação direta com condições de trabalho específicas, como
os acidentes de trabalho e as doenças profissionais” (BRASIL, 2001, p.20).
Para Santos (2010), o trabalho desempenhado pelas ASP envolve um conjunto de
atividades bem peculiares a sua função, que compreende desde serviços de vigilância,
custódia e disciplina dos encarcerados, tais como:
Cuidar da disciplina e segurança dos presos; fazer rondas periódicas; fiscalizar o
trabalho e o comportamento da população carcerária; observar os regulamentos e as
normas institucionais; providenciar assistência aos presos; informar às autoridades
competentes sobre as ocorrências surgidas durante o seu período de trabalho;
verificar as condições de limpeza e higiene das celas e instalações sanitárias de uso
dos presos; deslocar o encarcerado da cela até os locais de atendimento como
enfermarias e salas das equipes técnicas (psicólogos e assistentes sociais)
(SANTOS, 2010, p.58).
O processo de trabalho dos ASP geralmente é desenvolvido em sistemas de
turnos. Além disso, faz-se necessário observar também a existência (ou não) de pausas
durante o trabalho, as distâncias a serem percorridas para a realização das atividades, as
relações de poder e os sistemas hierárquicos instituídos, bem como as formas de
relacionamentos profissionais entre as trabalhadoras e delas com a chefia.
Outros aspectos importantes a serem considerados dizem respeito à excessiva
carga de atenção, limitada autonomia e baixo poder de decisão que permeia o processo de
trabalho das ASP. Sobre essas questões, pesquisa realizada por Lourenço (2010) demonstrou
que a rotina de trabalho dessas profissionais não proporciona possibilidades para o
desenvolvimento de alternativas às rígidas regras institucionais. Desse modo, seus afazeres
tornam-se previamente determinados e com pouca margem para mudanças ou adaptações,
cerceando o potencial criativo das trabalhadoras. Como consequência, tem-se um trabalho
alicerçado em regras pouco flexíveis, repetitivo e monótono.
Além disso, as agentes penitenciárias quase nunca participam dos processos
decisórios para a definição de procedimentos e/ou estabelecimento de normas e regras que
possam contribuir para um melhor funcionamento das unidades prisionais (LOURENÇO,
2010). Esses fatores convergem para a desmotivação, falta de reconhecimento das suas
22
capacidades e habilidades pessoais, além do sentimento de impotência das trabalhadoras
frente às tarefas exigidas.
Estudos demonstraram ainda que a atual conjuntura jurídica do Brasil favorece a
conformação de um cenário em que, na maioria das vezes, as ASP são impossibilitadas de
desempenhar suas atividades laborais com tranquilidade e segurança. A superlotação das
unidades prisionais, o número reduzido de agentes penitenciárias, a falta de treinamento
adequado e a escassez de equipamentos de segurança contribuem para a manutenção das
condições precárias de trabalho. Como corolário, observa-se uma crescente sobreposição de
tarefas, que implicam em acúmulo de funções e sobrecarga de trabalho (VASCONCELOS,
2000; SANTOS, 2010).
Ainda na dimensão dos aspectos relacionados à organização do trabalho das ASP,
outros elementos merecem destaque para uma melhor compreensão do processo de
precarização, tais como:
Composição do salário mensal por proporção significativa de gratificações, restrição
no pagamento dessas gratificações em caso de acidentes do trabalho e doença
profissional, insuficiência e irregularidade no pagamento do auxílio transporte,
cerceamento de informações sobre o acesso aos planos de ascensão profissional,
dentre outras (SANTOS, 2010, p. 18).
A categoria das ASP convive ainda com distintas formas de vinculação no
mercado de trabalho, coabitando por vezes em uma mesma unidade penitenciária,
funcionárias terceirizadas, celetistas, com contrato temporário e estatutárias. Estudo realizado
em Minas Gerais demonstrou que 72% do grupo pesquisado tinham contratos temporários e
apenas 28% eram pertencentes ao regime estatutário. Importante salientar que essa situação é
comum a outros estados brasileiros (LOURENÇO, 2010).
As incertezas inerentes à forma de contratação temporária e/ou terceirizada são
responsáveis por potencializar um grande número de queixas relacionadas ao trabalho. A
trabalhadora, além de ter um vínculo empregatício instável, também é prejudicada pela falta
de acesso a uma série de direitos institucionais como progressões funcionais e ascensão a
cargos de chefia. Além disso, estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)1 evidenciou que apesar de desempenharem as mesmas
funções, os trabalhadores terceirizados recebem em média 27% a menos do que os
1 Estudo disponível em: <http://www.dieese.org.br/. Acesso em 06 de Outubro de 2015>
.
23
contratados diretos e ainda tem uma jornada de trabalho semanal 7% superior. Ainda, para o
Ministério Público do Trabalho (MPT), cerca de 50% dos acidentes de trabalho e das doenças
ocupacionais são sofridos por trabalhadores terceirizados2.
Diante do exposto, percebe-se que o trabalho das agentes de segurança
penitenciária pode ser caracterizado como uma atividade permeada por importantes cargas
psicoemocionais. Esses elementos contribuem para a existência dos riscos psicossociais
responsáveis por gerar tensão, fadiga, estresse e esgotamento profissional que são elementos
determinantes para o surgimento de doenças e transtornos mentais (TSCHIEDEL, 2012).
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os riscos
psicossociais no trabalho consistem em aspectos interacionais relacionados ao conteúdo,
organização e gestão do trabalho, além das condições ambientais e organizacionais que
influenciam de forma negativa na saúde dos trabalhadores (INTERNATIONAL LABOUR
OFFICE, 1981). Suas características englobam:
Sobrecarga (excesso de tarefas, pressão de tempo e repetitividade); subcarga
(monotonia, baixa demanda, falta de criatividade); falta de controle sobre o trabalho
(baixo poder de decisão sobre o que e como fazer); distanciamento entre grupos;
isolamento social no ambiente de trabalho; conflitos de papéis, conflitos
interpessoais; falta de apoio social; tipo de personalidade, estilos de coping
(enfrentamento do estresse), atitudes com relação à própria saúde, distúrbios
psicológicos, dentre outros (TSCHIEDEL, 2012, p.13).
Merece destaque ainda a diversidade de situações ansiogênicas a que essas
profissionais estão suscetíveis. Estudo demonstra que as ASP estão expostas, durante a sua
jornada de trabalho, a diversas experiências que se relacionam a um sentimento de incerteza
quanto à eficiência da segurança das próprias unidades penitenciárias em que trabalham. A
possibilidade de rebeliões, fugas em massa e presença de armas entre as reclusas constituem-
se como fatores de sobrecarga que cronificam o desgaste físico e mental dessas profissionais
(MARTINS, 2009).
Nesse sentido, estudos apontam que o risco iminente de violência no interior das
unidades penitenciárias contribui para a produção de desequilíbrios e/ou transtornos mentais
relacionados ao trabalho. Para Lourenço (2010), é comum a prática de violência psicológica
perpetrada por pessoas privadas de liberdade contra os agentes penitenciários, tendo sua maior
2 Estudo disponível em <http://www.prt13.mpt.gov.br/2-uncategorised/139-terceirizados-sofrem-mais-acidentes-
no-trabalho. Acesso no dia 06 de Outubro de 2015>.
24
expressão nas ameaças de morte. Os dados revelaram que 49,5% da sua amostra já sofreram
esse tipo de vitimização, não fazendo distinção entre profissionais experientes ou recém-
ingressos no sistema penitenciário (LOURENÇO, 2010).
Outro fator relacionado às sobrecargas emocionais sofridas pelas ASP refere-se à
impossibilidade da livre expressão emocional. Geralmente, as agentes que deixam seus
sentimentos transparecerem durante o trabalho frequentemente são taxadas pelas colegas e
detentas como pessoas fracas e despreparadas emocionalmente. Dessa forma, é comum o uso
da expressão de que “quando se veste o uniforme, se tira o coração” (LOURENÇO, 2010,
p.20).
Todos esses aspectos corroboram para a disseminação e amplificação de situações
promotoras de estresse relacionado ao trabalho, definido por alguns autores como “um
distúrbio fisiológico, psicológico ou do funcionamento social do indivíduo em resposta as
condições presentes no ambiente laboral que constituem ou representam uma ameaça
percebida ao seu bem estar ou a sua segurança” (LANCEFIELD; LENNINGS; THOMSON,
1997, p.206). Essa perspectiva, apesar de considerar uma dimensão interacional entre o
indivíduo e o ambiente de trabalho, não evidencia os fatores relacionados à organização do
trabalho, responsáveis também por promover sofrimento e distúrbios psíquicos.
Por outro lado, numa abordagem mais ampliada, o estresse relacionado ao
trabalho pode ser caracterizado como um problema negativo, resultante da impossibilidade do
trabalhador em lidar com os diferentes fatores estressores presentes no ambiente laboral, que
podem ser classificados em:
Fatores intrínsecos para o trabalho (condições inadequadas de trabalho, turno de
trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, riscos [...] e
quantidade de trabalho); papéis estressores (papel ambíguo, papel conflituoso, alto
grau de responsabilidade para com pessoas); relações no trabalho (relações difíceis
com chefe, colegas subordinados, clientes sendo diretamente ou indiretamente
associados); estressores na carreira (falta de desenvolvimento na carreira,
insegurança no trabalho); estrutura organizacional (estilos de gerenciamento, falta de
participação, pobre comunicação); interface trabalho-casa (dificuldade no manejo
dessa interface) (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001, p. 18).
Importante salientar que os elementos acima elencados estão presentes também no
cotidiano de trabalho das agentes de segurança penitenciária. Nesse sentido, pesquisa
demonstra que sentimentos como tensão, ansiedade, frustração, exaustão emocional e angústia
25
constantemente promovem situações de sofrimento e instabilidade emocional entre esse grupo
populacional (LANCEFIELD; LENNINGS; THOMSON, 1997).
Nesse sentido, pesquisa realizada com 241 ASP demonstrou que 68% dos
profissionais entrevistados classificaram seu trabalho como moderadamente ou muito
estressantes (LINDQUIST; WHITEHEAD, 1986). Dentre os fatores contributivos, Armstrong
et al., (2004) demonstraram que a falta de clareza sobre as suas reais atribuições para a
execução das tarefas cotidianas contribuem para fomentar o estresse no ambiente de trabalho.
Outros estudos identificaram ainda que o estresse ocupacional pode desencadear
alterações do comportamento. Pesquisa realizada com 311 ASP de oito unidades
penitenciárias da região metropolitana de Salvador demonstrou que 68,5% dos entrevistados
referiram fazer uso de bebidas alcoólicas. Houve ainda suspeita de alcoolismo em 15,6% da
amostra (FERNANDES et al., 2002).
O número de morbidades autorreferidas foi bastante expressivo, sendo relatadas
por 91,6% dos agentes de segurança penitenciária. Desses, 53,1% apresentaram até cinco
queixas e 38,5% mais de cinco. Isso representa um elevado percentual de morbidade referida,
tendo uma possível correlação com as condições de trabalho (FERNANDES et al., 2002).
Cabe salientar ainda que o estresse relacionado ao trabalho pode não ser
assimilado da mesma maneira entre profissionais do sexo masculino e feminino. É possível
que as mulheres estejam mais vulneráveis às tensões do trabalho em unidades penitenciárias.
Dentre os fatores explicativos, destaca-se a recorrência de situações envolvendo a
manifestação de hostilidade por parte dos colegas de trabalho e detentas, criando situações
responsáveis por desacreditar o profissionalismo das agentes (ARMSTRONG; GRIFFIN,
2004).
Atitudes estressantes representaram um aumento na ocorrência de assédio moral
e/ou tratamento inadequado junto às ASP (ARMSTRONG; GRIFFIN, 2004). Outro aspecto
analisado diz respeito à necessidade constante das agentes de segurança penitenciária em
desenvolverem estratégias para manter sua autoridade no ambiente de trabalho, repercutindo
num comportamento altamente desgastante para elas (FERNANDES, 2002).
Em adição aos fatores organizacionais, pesquisadores vêm se debruçando também
sobre a importância de se considerar as implicações do estresse relacionado ao trabalho no
ambiente familiar. Estudo realizado por Lourenço (2010) demonstrou que o medo é o
26
sentimento que mais aflige as ASP fora dos muros das prisões. De acordo com o autor, cerca
de 70,4% da sua amostra relataram que já apresentaram dificuldades para dormir por passar a
noite pensando em episódios de violência. Ainda, por questões de segurança, muitos agentes
afirmaram que sempre optavam por pegar rotas alternativas nos trechos de deslocamento entre
o trabalho-residência-trabalho (LOURENÇO, 2010).
Entre tantas dificuldades inerentes ao exercício laboral, o autor acresce:
O afrontamento de situações com grandes tensões diárias, o estilo de mando
inadequado, o clima laboral, a insegurança derivada do próprio trabalho, os conflitos
na motivação ocupacional e a escassez de meios humanos e materiais são as razões
pelas quais estes funcionários estão enquadrados no grupo de risco do burnout
(LOURENÇO, 2010, p.214).
O burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um tipo de resposta
prolongada a fatores estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Não deve,
portanto, ser confundido ou utilizado como sinônimo de estresse ocupacional (SELIGMANN-
SILVA, 2013).
Alguns autores caracterizam o burnout como uma composição de sentimentos de
fracasso, acompanhado de exaustão, causados por excessivos desgastes de origem
ocupacional (HAHN; CARLOTTO, 2008). De acordo com Maslach e Jackson (1981), o
burnout pode ser conceituado como a conjunção de três sentimentos bem característicos,
ambos apresentando relação direta com aspectos organizacionais do trabalho: compreende a
exaustão emocional, a despersonalização e o reduzido senso de realização profissional. A
exaustão emocional refere-se a um sentimento de esgotamento pessoal e profissional, aliados
à fadiga e sobrecarga de trabalho. A despersonalização está relacionada com o
comportamento de tratar os colegas de trabalho de maneira insensível e com indiferença. Já o
reduzido senso de realização profissional refere-se ao sentimento de não ser competente e
bem sucedido o suficiente no trabalho (MASLACH; JACKSON, 1981).
Para Seligmann-Silva (2013), também estão presentes na síndrome de burnout o
desenvolvimento de auto imagens negativas, aliadas a perda de interesse e atitudes
desfavoráveis, além de episódios de frustrações no trabalho. Dentre as sintomatologias,
destaca-se o desgaste profissional mediado por fatores interacionais relacionados à
psicodinâmica do trabalho, sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e
emocionais (BRASIL, 2001).
27
No quadro clínico, também podem ser identificados sintomas como:
História de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função ou profissão que
muitas vezes ganha o caráter de missão;
Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional)
Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que
deveria receber os serviços ou cuidados;
Queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho
(BRASIL, 2001, p.192).
Para Finney et al. (2013), a estrutura organizacional e as relações hierárquicas
presentes nas unidades prisionais contribuem para o surgimento de sintomatologias
semelhantes as descritas anteriormente. Situações como diminuição das relações sociais e
aumento dos conflitos familiares também estão associados ao exercício laboral. Ainda de
acordo com as autoras, 37% dos ASP apresentam experiências de burnout no trabalho. Este
número é cerca de 19 a 30% maior quando comparado às categorias profissionais de modo
geral.
Além disso, pesquisas demonstraram que quanto maior o contato com os presos,
mais elevado foi o nível de burnout entre os agentes de segurança penitenciários. Esses
achados sugerem uma correlação positiva entre postos de trabalho e níveis de burnout entre
agentes de segurança penitenciaria (LINDQUIST et al., 1986).
Situações envolvendo riscos de lesões fatais e não fatais decorrentes do trabalho
são comuns no cotidiano dos ASP. De acordo com o Bureu of Labor Statistics, em 2009 os
APS tiveram os mais altos índices de Days Away from Work (DAFW) por lesões não fatais
(445,6 por 10.000) quando comparados a todas as outras ocupações (117,2 por 10.000)
(BUREAU OF LABOR STATISTICS, 2011).
Pesquisa realizada por Konda et al., (2012) evidenciou que no período de 1999 a
2008, ocorreram 113 acidentes com morte entre agentes penitenciários nos Estados Unidos.
Dentre esses, a maioria (62%) dos homicídios foram cometidos nos próprios locais de
trabalho. Quando estratificados por gênero, 11% das fatalidades ocorreram entre agentes do
sexto feminino.
Chamam a atenção ainda os elevados índices de suicídio, representando um terço
dos eventos violentos. Destes, 38% foram praticados por ferimentos à bala (KONDA;
REICHARD; TIESMAN, 2012). Esses dados são corroborados por estudos que
28
demonstraram que os agentes de segurança penitenciária de New Jersey tinham taxas duas
vezes maiores de suicídio (34.8 por 100.000) quando comparados aos próprios oficiais de
polícia (15.1 por 100.00) e população geral (14 por 100.000) (NEW JERSEY, 2009).
Outro estudo realizado por Tiesman et al., (2010) aponta que os suicídios
ocorridos nos locais de trabalho respondem por 29% de todas as mortes intencionais dos ASP,
em comparação a apenas 9% de todas as demais categorias. De acordo com os autores, cerca
de 56% dos eventos ocorreram em pessoas com idade entre 24 e 44 anos.
Com relação às lesões não fatais em APS, foram registradas 125.200 ocorrências
tratadas nos departamentos de emergência durante o período de 1999 a 2008 nos Estados
Unidos. Destas, cerca de um terço acometeram as extremidades superiores. Esse quantitativo
amplia-se para 63% quando agrupamos as lesões que afetaram mãos e dedos. Os tratamentos
mais dispensados foram em relação a entorses e distensões (30%), seguido de contusões e
escoriações (28%) (KONDA et al., 2012).
Resultados de pesquisa publicada no National Institute for Occupational Safety
and Health em 2013 demonstrou que somente no ano de 2011 foram registrados 544 lesões
ou doenças relacionadas ao trabalho por 10.000 ASP graves o suficiente para perderem pelo
menos um dia de trabalho. Esses dados são quatro vezes maiores do que os encontrados para
as demais categorias profissionais (117 casos por 10.000 trabalhadores) que perderam um dia
de trabalho. Também em 2011, registrou a ocorrência de 254 acidentes de trabalho por 10.000
ASP decorrentes de agressões ou atos violentos praticados por detentos. Esse número é
consideravelmente mais elevado quando comparado ao restante da população trabalhadora,
com apenas sete episódios relatados no ano (KONDA; TIESMAN; REICHARD; HARTLEY,
2013).
Ainda segundo os autores, a maioria dos eventos não fatais (73%) ocorreu em
agentes de segurança prisionais do sexo masculino. Cerca de 37% das agressões não fatais e
lesões por ato violento aconteceram no momento de imobilizar um detento ou interagindo
com um preso durante uma briga. Mais da metade dos agentes acometidos (54%) tinham 35
anos ou mais (KONDA; TIESMAN; REICHARD; HARTLEY, 2013).
No contexto nacional, ainda carecemos de bancos de dados e sistemas de
informação que nos permitam uma comparação mais precisa desses eventos entre a população
das ASP. Contudo, achados de Lourenço (2010) demonstraram que, de abril a junho de 2000,
29
a incidência de atendimentos a servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP)
foi de 1,95, quando comparados a 0,06 referentes a servidores de toda a Universidade de São
Paulo.
A compreensão conjuntural de todos esses elementos que constituem o processo
de trabalho das ASP é fundamental para uma correta determinação dos riscos ocupacionais de
agressões ou de natureza psicossocial em sua relação com a saúde mental dessa população.
Nesse sentido, a contínua exposição dessas trabalhadoras ao conjunto de situações acima
elencadas favorece o surgimento de desequilíbrios e/ou transtornos mentais e
comportamentais relacionados ao trabalho. Qualquer comprometimento em um desses
componentes pode representar uma desestruturação no processo fisiológico ou psicoafetivo
dessas trabalhadoras.
3 – O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA
TRABALHADORA EM SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE OCUPACIONAL
A PNST aponta para a necessidade de priorizar pessoas e grupos em situação de
maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades laborais expostos a situações
que configurem maior risco para sua saúde (BRASIL, 2012). Nesse sentido, o
reconhecimento dos riscos presentes nos ambientes de trabalho é de fundamental importância
para a elaboração de medidas de controle, prevenção de doenças e promoção da saúde, bem
como para o estabelecimento de políticas públicas sensíveis a atividades profissionais
particulares, como é o caso das ASP.
Para tanto, faz-se necessário um maior comprometimento por parte do setor saúde
na implementação de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT), tendo em vista
sua característica de atuar junto a “situações em que condições de trabalho afetam a saúde de
forma negativa, provocando acidentes ou desencadeando processos de adoecimento”
(MACHADO, 2011, p.72). A VISAT tem por objetivo, a análise permanente da situação de
saúde na perspectiva do controle dos determinantes, riscos e danos, buscando garantir a
integralidade da atenção por meio de ações de redução da morbimortalidade combinadas às de
promoção da saúde.
Nesse contexto, as atividades da VISAT buscam estabelecer uma reorganização
em todo o processo de trabalho, podendo com isso, eliminar ou minimizar o risco de acidentes
30
e de adoecimentos relacionados ao trabalho. Desse modo, partimos da premissa de que a
VISAT é composta pelo tripé informação-decisão-ação (TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS,
1998). Assim, a realização de atividades como a identificação das necessidades, demandas e
problemas dos trabalhadores, realização da análise da situação de saúde, além da adoção de
medidas de intervenção nos processos e ambientes de trabalho são essenciais para uma efetiva
VISAT.
Esse exercício torna-se fundamental, sobretudo em atividades ocupacionais onde
ainda persistem lacunas importantes, seja em relação ao perfil de morbimortalidade da
população trabalhadora específica, seja sobre o reconhecimento dos riscos presentes no
ambiente de trabalho. Dessa forma, enxergamos neste trabalho a possibilidade de aliar as
contribuições oriundas do campo da Epidemiologia como instrumento de orientação para a
tomada de decisões que impactem positivamente nas condições de trabalho e saúde das
agentes de segurança penitenciária no Brasil.
31
4 – OBJETIVO GERAL
Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns, violência no trabalho e seus fatores
associados em Agentes de Segurança Penitenciária do sexo feminino no Brasil.
4.1 – Objetivos Específicos
Caracterizar o perfil sociodemográfico e psicossocial das agentes de segurança
penitenciária;
Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados ao trabalho
em agentes de segurança penitenciária;
Estimar a prevalência de violência sofrida pelas agentes de segurança antes do
ingresso no sistema prisional;
Estimar a prevalência de violência no trabalho e seus fatores associados nas agentes de
segurança penitenciária;
32
5 – METODOLOGIA
Estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, recorte do projeto intitulado
“Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras
prisionais” financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Ministério da Saúde através do Fundo Nacional de Saúde e dst/aids e hepatites virais
desenvolvido em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia (Região
Norte), Ceará (Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste), São
Paulo e Minas Gerais (Região Sudeste), Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul) entre
janeiro de 2014 a dezembro de 2015. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Ceará/ Propesq sob o protocolo 188.211.
5.1 - População do Estudo e Critérios de Inclusão e Exclusão
De acordo com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014), o sistema penitenciário brasileiro atualmente conta com
cerca de 67.176 profissionais. O Quadro 1, abaixo, demonstra a distribuição dos trabalhadores
por vínculo empregatício nas Unidades da Federação, considerando as seguintes formas de
inserção:
a) Efetivo: ocupante de cargo público, mediante concurso público, seja
estável ou não no serviço;
b) Comissionado: ocupante de cargo de confiança, de livre nomeação e
exoneração.
c) Terceirizado: servidor contratado por regime celetista, por empresa
contratada pela Administração da Unidade Penitenciária;
d) Temporário: servidor contratado, sem concurso público, para atender as
necessidades temporárias de excepcional interesse público, nos termos
do Artigo 37, Inciso IX, da Constituição Federal3 (MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA, 2014).
3 De acordo com o Artigo 37, Inciso IX, “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”.
33
UF EFETIVO COMISSIONADO TERCEIRIZADO TEMPORÁRIO TOTAL
No % No % No % No %
AC 1.115 98 3 0 15 1 13 1 1.133
AL 440 55 13 2 220 28 120 15 793
AM 430 30 104 7 908 63 5 0 1.447
AP 769 95 39 5 3 0 0 0 810
BA 2.410 62 189 5 1.027 26 449 12 3.904
CE 2.285 85 30 1 489 18 6 0 2.681
DF 1.859 99 4 0 21 1 0 0 1.876
ES 1.052 25 275 7 1.123 27 1.779 42 4.215
GO 794 35 182 8 55 2 1.241 55 2.269
MA 760 51 90 6 662 44 28 2 1.499
MG 4.807 29 296 2 934 6 10.904 65 16.768
MS 1.405 94 36 2 14 1 41 3 1.495
MT 2.678 98 19 1 14 1 46 2 2.746
PA 496 20 105 4 53 2 1.905 75 2.536
PB 1.754 87 119 6 14 1 127 6 2.013
PE 2.005 83 66 3 56 2 312 13 2.427
PI 766 87 63 7 20 2 36 4 883
PR 4.202 91 17 0 0 0 467 10 4.630
RJ 37 62 11 18 9 15 3 5 6.655
RN 1.031 96 13 1 12 1 20 2 1.076
RO 2.130 95 75 3 22 1 24 1 2.246
RR 286 98 5 2 1 0 1 0 293
RS 3.827 94 88 2 137 3 37 1 4.069
SC 2.295 65 66 2 1.240 35 183 5 3.530
SE 310 68 4 1 143 31 4 1 458
SP NI NI NI NI NI NI NI NI 34.478
TO 637 48 193 15 290 22 210 16 1.319
Total 40.580 60 2.105 3 7.482 11 17.961 27 67.176
Quadro 1: Trabalhadores do sistema prisional por vínculo empregatício e por Unidade da Federação
Fonte: INFOPEN, 2014.
Cabe salientar ainda que nesse total não estão contabilizados os números do
estado de São Paulo, tendo em vista a ausência de respostas ao levantamento. Ainda, o estado
do Rio de Janeiro informou incorretamente o número de trabalhadores, constando apenas 60
servidores. Contudo, foram recuperados dados do INFOPEN de Junho de 2013, onde
demonstra que existiam 34.478 servidores no sistema prisional paulista e 6.655 no fluminense
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).
Considerando os oito estados que possuem o maior quantitativo de trabalhadores
no sistema prisional, temos a seguinte ordem: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia e Santa Catarina. Percebe-se, portanto, uma
maior concentração dos trabalhadores nas regiões Sul e Sudeste do país.
No que tange às formas de vinculação no sistema penitenciário, 60% dos
trabalhadores são efetivos, 27% temporários, 11% terceirizados e outros 3% comissionados.
34
A maioria dos trabalhadores desempenham atividades de custódia4, representando um total de
68% dos recursos humanos alocados nas unidades prisionais (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,
2014).
Ainda sobre os tipos de vinculação, apesar de predominar nas unidades prisionais
da Federação a presença dos servidores efetivos (60%), no Brasil existem algumas exceções.
Nos estados do Amazonas e Espírito Santo os terceirizados assumem o primeiro lugar.
Com relação ao quantitativo de servidores responsáveis por atividades de custódia
da população privada de liberdade, no país há, em média, uma proporção de oito pessoas
presas para cada agente penitenciário (Quadro 2), variando de estado para estado. Importante
salientar que, de acordo com a Resolução No 09 de 2009 do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária (CNPCP), a proporção máxima desejada é de um agente para cada
cinco presos.
Quadro 2: Quantitativo de servidores responsáveis pela custódia de pessoas presas
Fonte: INFOPEN, 2014.
4 De acordo com o Manual do Agente Penitenciário do Paraná, as atividades de custódia representam os atos de
guardar, proteger, manter em segurança e sob vigilância alguma pessoa que se apresenta presa, detida ou sob
cuidados especiais no âmbito do sistema prisional. Estudo disponível em:
<www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/manual_agente_pen.pdf> .
UF Agentes de Custódia Proporção de presos por agente
AC 897 3,9
AL 536 10,1
AM 760 9,7
AP 613 4,3
BA 2.070 5,7
CE 1.374 14,8
DF 1.200 11,1
ES 3.133 5,2
GO 1.515 8,7
MA 608 7,5
MG 13.430 4,2
MS 1.016 14,0
MT 2.250 4,6
PA 1.799 7,0
PB 1.208 7,9
PE 1.011 31,2
PI 471 6,8
PR 3.542 5,5
RJ NI NI
RN 744 9,5
RO 1.678 4,5
RR 235 6,8
RS 2.298 12,2
SC 2.326 7,7
SE 318 12,8
SP NI NI
TO 574 5,6
Total 45.619 8,0
35
62
28
8 2
Conforme demonstrado, Pernambuco é o estado com o maior número de presos
por trabalhadores em atividade de custódia no Brasil (31,2 presos para cada funcionário),
seguido pelo Ceará (14,8) e Mato Grosso do Sul (14). Apenas 38% das unidades prisionais
apresentam uma proporção de até cinco presos para cada agente penitenciário. São eles: Acre
(3,9), Amapá (4,3), Minas Gerais (4,2), Mato Grosso (4,6) e Rondônia (4,5) (MINISTÉRIO
DA JUSTIÇA, 2014).
Para fins dessa pesquisa, a população deste estudo obedeceu aos seguintes
critérios de inclusão: ser composta por agentes de segurança penitenciária do sexo feminino
do Brasil, cuja vinculação seja de natureza efetiva, terceirizada ou temporária e com pelo
menos trinta dias de trabalho na função. De acordo com dados do INFOPEN (2014), o
sistema penitenciário brasileiro conta atualmente com 9.505 servidoras no sistema
penitenciário, conforme se observa na Tabela 1, abaixo:
EFETIVO COMISSIONADO TERCEIRIZADO TEMPORÁRIO TOTAL
Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
21.672 5.879 502 176 2.788 821 11.152 2.629 36.114 9.505
Tabela 1: Profissionais em atividade no sistema prisional brasileiro
Fonte: INFOPEN, Junho de 2014. Organizado pelo autor.
Conforme demonstrado, 62% das agentes penitenciárias estão inseridas no sistema
prisional com vínculo efetivo. Chama a atenção ainda o percentual de 28% de profissionais
serem temporárias, 8% terceirizadas e apenas 2% comissionadas, conforme demonstra a
Figura 1.
Figura 1 – Trabalhadoras do sistema prisional brasileiro por forma de contratação
Fonte: INFOPEN, 2014. Organizado pelo autor.
36
Os dados estratificados por sexo e tipo de vinculação para as agentes penitenciárias obedecem
a mesma distribuição dos encontrados no conjunto dos trabalhadores do sistema prisional do
Brasil.
Adotamos ainda como critérios de exclusão para esse estudo:
Unidades penitenciárias com menos de 75 internas, por possuírem estruturas
semelhantes às de delegacia;
Profissionais com menos de seis meses na atividade de agente de segurança
penitenciária;
Profissionais que, mesmo efetivadas como agentes penitenciárias, estejam assumindo
cargos comissionados no momento da pesquisa, tendo em vista ser outra a natureza e a
especificidade do trabalho;
Profissionais que estejam impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de
pesquisadores por qualquer motivo no momento da pesquisa.
5.2 – Amostragem
A amostragem foi realizada em múltiplos estágios. Inicialmente, foram
selecionados, intencionalmente, dois estados por região que tinham as maiores populações
carcerárias femininas. A seguir, estratificaram-se os presídios/estado de acordo com o número
de presidiárias, capital, região metropolitana e interior. Foram incluídos no plano amostral os
presídios com mais de 75 residentes, por possuírem obrigatoriedade de serviços de saúde.
Devido à inexistência de informações oficiais prévias do tamanho da população de ASP
feminina no país, a amostra foi estipulada em 40% da população presente no período de
coleta, sendo excluídas do cálculo as ASP em férias, licença ou recém-ingressas (menos de 30
dias). O plano amostral encontra-se em detalhes abaixo.
A amostragem foi realizada em múltiplos estágios:
1) Primeiramente realizou-se o censo das unidades prisionais que abrigam mulheres no
Brasil, por região, considerada de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e com base nos dados do Departamento Penitenciário Nacional
(DEPEN) de 2012, conforme demonstrado na Tabela 2 abaixo:
37
Tabela 2 – Censo das unidades prisionais femininas do Brasil, 2012.
Região N. de presídios (%) Total de presidiárias (%) Média dp
Norte 33 12,7 2110 9,4 63,9 111,5
Nordeste 29 11,2 3803 16,9 131,1 217,1
Centro-oeste 15 5,8 2169 9,6 144,6 243,4
Sudeste 93 35,9 10957 48,7 117,8 294,3
Sul 89 34,4 3457 15,4 38,8 70,3
Total 259 100,0 22496 100,0 86,9 209,9
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
2) A escolha dos estados por região foi realizada através de uma amostragem não
probabilística, sendo selecionados os maiores em população penitenciária feminina
(Tabela 3):
Tabela 3 – Censo das unidades prisionais femininas do Brasil por estados, 2012.
Região/ Estado N. de presídios % Total de
presidiárias
% Média dp
Norte
AC 4 12,1 263 12,5 65,8 98,2
AM 9 27,3 290 13,7 32,2 42,2
AP 1 3,0 142 6,7 142,0 0,00
PA 6 18,2 749 35,5 124,8 238,3
RO 11 33,3 452 21,4 41,1 43,5
RR 1 3,0 158 7,5 158,0 0,00
TO 1 3,0 56 2,7 56,0 0,00
Total 33 100,0 2110 100,0 63,9 111,5
Nordeste
AL 2 6,9 137 3,6 68,5 50,2
BA 9 31,0 506 13,3 56,2 38,7
CE 1 3,4 633 16,6 633 -
MA 3 10,3 180 4,7 60,0 90,9
PB 5 17,2 366 9,6 73,2 83,0
PE 2 6,9 1403 36,9 70,5 460,3
PI 3 10,3 107 2,8 35,7 33,2
RN 3 10,3 277 7,3 92,3 96,7
SE 1 3,4 194 5,1 194 -
Total 29 100 3803 100,0 131,1 217,1
Centro-oeste
38
DF 1 6,7 555 25,6 555,0 -
GO 5 33,3 228 10,5 45,6 46,3
MS 8 53,3 511 23,6 63,9 50,4
MT 1 6,7 875 40,3 875 -
Total 15 100,0 2169 100,0 144,6 243,4
Sudeste
ES 4 4,3 1436 13,1 359,0 177,6
MG 72 77,4 2418 22,1 33,6 49,0
RJ 5 5,4 1325 12,1 265 171,8
SP 12 12,9 5778 52,7 481,5 683,9
Total 93 100,0 10957 100,0 117,8 294,3
Sul
PR 2 2,2 533 15,4 266,5 178,9
RS 60 67,4 1740 50,3 29,0 65,4
SC 27 30,3 1184 34,2 43,9 39,3
Total 89 100,0 3457 100,0 38,8 70,3
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
3) Realizou-se estratificação dos presídios por estado e número de presas. Considerando que
os presídios com menos de 75 internas possuem estrutura semelhante a de delegacias, foi
definida como população alvo as agentes penitenciárias que trabalham em unidades
prisionais com, no mínimo, 75 residentes. Logo, para a amostra, realizou-se o censo dos
presídios por região, estado e faixa de presas (menos de 75 e 75 ou mais), conforme
demonstrado na Tabela 4:
Tabela 4 – Censo dos presídios por região, estado e faixa do numero de presas, 2012.
< 75 presidiárias 75 presidiárias
Região Estado N. de
presídios
% Total de
presas
% N. de
presídios
% Total de %
presas
Norte AC 3 12,5 51 11,0 1 11,1 212 12,9
AM 7 29,2 82 17,7 2 22,2 208 12,6
AP 0 0.0 0 0.0 1 11,1 142 8,6
PA 4 16,7 63 13,6 2 22,2 686 41,7
RO 9 37,5 212 45,7 2 22,2 240 14,6
RR 0 0.0 0 0.0 1 11,1 158 9,6
TO 1 4,2 56 12,1 0 0.0 0 0.0
24 100,0 464 100,0 9 100,0 1646 100,0
Nordeste AL 1 5,3 33 4,9 1 10.0 104 3,3
BH 7 36,8 292 43,4 2 20.0 214 6,8
CE 0 0.0 0 0.0 1 10,0 633 20,2
MA 2 10,5 15 2,2 1 10,0 165 5,3
PB 4 21,1 153 22,7 1 10,0 213 6,8
PE 0 0.0 0 0.0 2 20,0 1403 44,8
PI 3 15,8 107 15,9 0 0.0 0 0.0
39
RN 2 10,5 73 10,8 1 10,0 204 6,5
SE 0 0.0 0 0.0 1 10,0 194 6,2
19 100,0 673 100,0 10 100,0 3130 100
Centro-
Oeste
DF 0 0.0 0 0.0 1 16,7 555 29,6
GO 4 44,4 114 38,5 1 16,7 114 6,1
MS 5 55,6 182 61,5 3 50,0 329 17,6
MT 0 0.0 0 0.0 1 16,7 875 46,7
9 100,0 296 100,0 6 100,0 1873 100,0
Sudeste ES 0 0.0 0 0.0 4 15,4 1436 14
MG 67 98,5 1538 98.6 5 19,2 880 8,6
RJ 1 1,5 22 1,4 4 15,4 1303 12,7
SP 0 0.0 0 0.0 12 12,9 5778 52,7
Total 68 100,0 1560 100,0 25 100,0 10291 100,0
Sul PR
RS
0
55
0.0
72,4
0
883
0.0
61,5
2
5
15,4
38,5
533
857
26,4
42,4
SC 21 27,6 553 38,5 6 46,2 631 31,2
Total
Região
76 100,0 1436 100,0 13 100,0 2021 100,0 100
Total
Brasil
196 75,4 4429 18,9 64 24,6 18961 81,1
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
4) Desse modo, a população alvo para a seleção da amostra do estudo está apresentada na
Tabela 5:
Tabela 5 – População alvo para seleção da amostra composta por unidades penitenciárias femininas do Brasil
Região (estrato) Estado N. presídios Total de presidiárias Média de presidiárias DP
Norte AC 1 212 212,0 -
(Estrato1) AM 2 208 104,0 26,9
AP 1 142 142,0 -
PA 2 686 343,0 374,8
RO 2 240 120,0 39,6
RR 1 158 158,0 -
Total Região 9 1646 182.9 164,9
Nordeste AL 1 104 104,0 -
(Estrato2) BA 2 214 107.0 45,3
CE 1 633 633,0 -
MA 1 165 165,0 -
PB 1 213 213,0 -
PE 2 1403 701,5 460,3
RN 1 204 204,0 -
SE 1 194 194,0 -
Total Região 10 3130 313,0 299,0
Centro-oeste DF 1 555 555,0 -
(Estrato3) GO 1 114 114,0 -
MS 3 329 109,7 49,7
40
MT 1 875 875,0 -
Total Região 6 1873 312,2 329,5
Sudeste ES 4 1436 359,0 177,6
(Estrato4) MG 5 880 176,0 101,2
RJ 4 1303 325,8 121,5
SP 12 5778 481,5 683,9
Total Região 25 9397 375,88 486,1
Sul PR 2 533 266,5 178,9
(Estrato5) RS 5 857 171,4 179,5
SC 6 631 105,2 22,8
Total Região 13 2021 155,5 130,6
Brasil Total 64 18961 296,3 363,7
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
5) Para a população privada de liberdade que reside em unidades penitenciárias com 75 ou
mais pessoas, foi considerada a amostragem em múltiplos estágios definida por:
Estágio 1: Definição das regiões com os seus respectivos estratos
(total de 5) cujos elementos considerados para a amostragem são os
estados. Para cada região foram amostrados dois estados e sua
escolha foi realizada por meio de um processo amostral não
probabilístico, considerando as unidades penitenciárias com maior
população carcerária na região;
Por Unidade da Federação, foi considerada a estratificação definida
a partir da localização das unidades prisionais e quantitativo de
presidiárias residentes nos respectivos locais, obedecendo os
seguintes critérios:
i. A localização das unidades prisionais foi considerada,
respectivamente: capital, região metropolitana e interior;
ii. As faixas do quantitativo de detentas considerada foi de 75 a
150, 151 a 500 e >500;
Objetivando tornar mais homogêneo o número de unidades
prisionais em cada estrato, nos municípios do interior do estado de
São Paulo a estratificação dos presídios também considerou o
elemento distância (<190 km e 190 km) dos municípios e capital;
41
Dessa forma, a Tabela 6 demonstra a população alvo e os estados da
amostra.
Tabela 6 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra
Região Estado N. presídios N. de presidiárias Média de presidiárias DP
Norte PA 2 686 343,0 374,8
RO 2 240 120,0 39,6
Nordeste CE 1 633 633,0 -
PE 2 1403 701,5 460,3
Centro-oeste DF 1 555 555,0 -
MT 1 875 875,0 -
Sudeste ES 4 1436 359,0 177,6
SP 12 5778 481,5 683,9
Sul RS 5 857 171,4 179,5
SC 6 631 105, 2 22,8
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
6. Por motivos operacionais que envolveram a falta de respostas a diversos contatos
feitos pelos pesquisadores, na região Sudeste o estado do Espírito Santo foi substituído
por Minas Gerais. Além disso, na região Sul, Santa Catarina foi substituída por
Paraná, conforme demonstra a Tabela 7.
Tabela 7 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra
Região Estado N. presídios Total de presidiárias Média de presidiárias dp
Norte PA 2 686 343,0 374,8
RO 2 240 120,0 39,6
Total região 4 926 231,5 252,8
Nordeste CE 1 633 633,0 -
PE 2 1403 701,5 460,3
Total região 3 2036 678,7 327,9
Centro-oeste DF 1 555 555,0 -
MT 1 875 875,0 -
Total região 2 1430 715,0 226,3
Sudeste MG 5 880 176,0 101,2
SP 12 5778 481,5 683,9
Total região 17 6658 391,6 587,1
Sul PR 2 533 266,5 178,9
RS 5 857 171,4 179,5
Total região 7 1390 198,6 170,2
Total 34 13334 392,2 467,7
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
42
7. Nos estados que pertencem à amostra, foram definidos os estratos, o quantitativo de
unidades prisionais por estrato e os municípios da localização dos estabelecimentos
prisionais (Tabela 8).
8. O número de mulheres privadas de liberdade por estratos, região, estado, município e
unidade prisional estão apresentados na Tabela 9.
Tabela 8 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra por estrato, região, estado, capital ou
interior
Estrato Região Estado Região no estado N. de
residentes
N. de
presídios
Município
1
Município
2
Município
3
1 Norte PA Interior 75 a 150 1 Marabá - -
2 Norte PA Interior > 500 1 Ananindeua - -
3 Norte RO Capital/Região
metropolitana
75 a 150 2 Porto Velho Porto
Velho
-
4 Nordeste CE Capital/Região
metropolitana
> 500 1 Aquiraz - -
5 Nordeste PB Capital/Região
metropolitana
> 500 1 Recife - -
6 Nordeste PB Interior 150 a 500 1 Buíque - -
7 Centro
oeste
DF Capital/Região
metropolitana
> 500 1 Brasília - -
8 Centro
oeste
MT Capital/Região
metropolitana
> 500 1 Cuiabá - -
9 Sudeste MG Capital/Região
metropolitana
75 a 150 1 Belo
Horizonte
- -
10 Sudeste MG Capital/Região
metropolitana
150 a 500 1 Belo
Horizonte
- -
11 Sudeste MG Interior 75 a 150 2 Juiz de Fora Ribeirão
das Neves
-
12 Sudeste MG Interior 150 a 500 1 S. Joaquim
de Bicas
-
13 Sudeste SP Capital/Região
metropolitana
150 a 500 1 São Paulo - -
14 Sudeste SP Capital/Região
metropolitana
> 500 2 São Paulo São Paulo -
15 Sudeste SP Interior/distância
capital < 190 KM
75 a 150 1 S. José dos
Campos
16 Sudeste SP Interior/distância
capital < 190 KM
150 a 500 3 Itapetininga Piracicaba Tremembé
17 Sudeste SP Interior/distância
capital < 190 KM
> 500 1 Campinas - -
18 Sudeste SP Interior/distância
capital >= 190 KM
75 a 150 2 Araraquara Rio Claro -
19 Sudeste SP Interior/distância
capital >= 190 KM
150 a 500 2 Ribeirão
Preto
S. José do
R. Preto
-
20 Sul RS Capital/Região
metropolitana
75 a 150 1 Montenegro - -
21 Sul RS Capital/Região
metropolitana
150 a 500 1 Porto
Alegre
- -
22 Sul RS Interior 75 a 150 3 Caxias do
Sul
Rio
Grande
Torres
23 Sul PR Capital/Região
metropolitana
75 a 150 1 Curitiba - -
24 Sul PR Interior 150 a 500 1 Piraquara - -
Fonte: DEPEN, 2012. Organizado por Gama, 2015.
43
Tabela 9 – População penitenciária feminina brasileira que compôs a amostra por estrato, região, estado, município e estabelecimento penal
Região Estrato Estado Município Estabelecimento penal Nº de residentes
N 1 PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes 78
2 PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino 608
3 RO Porto Velho Penitenciária Feminina 148
3 RO Porto Velho Presídio Provisório Feminino de Porto Velho 92
NE 4 CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora Aurí Moura Costa 633
5 PB Recife Colônia Penal Feminina do Recife 1027
6 PB Buíque Colônia Penal Feminina de Buíque 376
CO 7 DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal 555
8 MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana Maria Do Couto May 875
SE 9 MG Belo Horizonte Centro de Remanejamento Centro-Sul 105
10 MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto 325
11 MG Juiz de Fora Penitenciária Professor Ariovaldo Campos Pires 87
11 MG Ribeirão das Neves Presido Feminino Jose Abranches Goncalves 128
12 MG São Joaquim de Bicas Presidio de São Joaquim de Bicas-II 235
13 SP São Paulo Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista 158
14 SP São Paulo Penitenciária Feminina de Santana 2463
14 SP São Paulo Penitenciária Feminina Dra Marina Cardoso de Oliveira do Butantã +Anexo 656
15 SP São José dos Campos Centro de Ressocialização Feminino de São José dos Campos 115
16 SP Itapetininga Centro de Ressocialização Feminino de Itapetininga 266
16 SP Piracicaba Centro de Ressocialização Feminino Carlos Sidnes Cantarelli 222
16 SP Tremembé Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier de Tremembé 174
17 SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas 1054
18 SP Araraquara Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara 94
18 SP Rio Claro Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro 108
19 SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto 258
19 SP São José do Rio Preto Centro de Ressocialização Feminino de São José do Rio Preto 210
S 20 RS Montenegro Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro 97
21 RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier 492
22 RS Torres Presídio Estadual Feminino de Torres 100
22 RS Caxias do Sul Penitenciária Indústrial de Caxias do Sul 75
22 RS Rio Grande Presídio Estadual de Rio Grande 93
23 PR Curitiba Centro Regime Semi-Aberto Feminino 140
24 PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná 393
44
9. Para os estratos que possuem mais de uma unidade penitenciária, as mesmas foram
escolhidas de maneira aleatória. A amostra final foi composta pelos seguintes locais e
estabelecimentos prisionais (Tabela 10):
Fonte: Adaptado por Gama, 2015.
10. Para as unidades penitenciárias selecionadas, foi realizado o sorteio aleatório pela listagem
de escala das agentes no momento das entrevistas, buscando contemplar 40% do total das
trabalhadoras. O sorteio ocorreu somente no momento da chegada dos pesquisadores às
unidades prisionais para a realização das entrevistas.
Tabela 10 – Presídios selecionados para compor a amostra nacional da população penitenciária feminina
Unidade Estado Município Estabelecimento Penal
1 PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes
2 PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino
3 RO Porto Velho Penitenciária Feminina
4 CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora Aurí Moura Costa
5 PB Recife Colônia Penal Feminina do Recife
6 PB Buíque Colônia Penal Feminina de Buíque
7 DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal
8 MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana Maria Do Couto May
9 MG Belo Horizonte Centro de Remanejamento Centro-Sul
10 MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto
11 MG Ribeirão das Neves Presídio Feminino Jose Abranches Goncalves
12 MG São Joaquim de Bicas Presídio de São Joaquim de Bicas II
13 SP São Paulo Centro de Progressão Penitenciária Feminino de São Miguel Paulista
14 SP São Paulo Penitenciária Feminina de Santana
15 SP São José dos Campos Centro de Ressocialização Feminino de São José dos Campos
16 SP Piracicaba Centro de Ressocialização Feminino Carlos Sidnes Cantarelli
17 SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas
18 SP Rio Claro Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro
19 SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto
20 RS Montenegro Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro
21 RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier
22 RS Caxias do Sul Penitenciária Industrial de Caxias do Sul
23 PR Curitiba Centro Regime Semiaberto Feminino
24 PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná
45
Tabela 11 – Amostra final da população penitenciária feminina brasileira pertencente ao Inquérito Nacional de
Saúde do Sistema Penitenciário Feminino Brasileiro
UF Município Estabelecimento Penal
Pop.
Atual
Agentes
Amostra
Agentes
Coletadas
PA Marabá Centro de Recuperação Mariano Antunes 10 5
PA Ananindeua Centro de Reeducação Feminino 81 34
Total por estado 91 39
RO Porto Velho Penitenciária Feminina 51 21
Total por estado 51 21
CE Aquiraz Instituto Penal Feminino Desembargadora
Aurí Moura Costa
73 29
Total por estado 73 29
PE Recife Colônia Penal Feminina do Recife - -
PE Buíque Colônia Penal Feminina de Buique - -
Total por estado
MT Cuiabá Unidade Prisional Regional Feminina Ana
Maria Do Couto May
52 21
Total por estado 52 21
DF Brasília Penitenciária Feminina do Distrito Federal 93
Total por estado 93
MG Belo Horizonte Complexo Penitenciário Feminino
Estevão Pinto
115 32
MG Ribeirão das Neves Presido Feminino José Abranches
Gonçalves
45 18
MG São Joaquim de Bicas Presídio de São Joaquim de Bicas II 72 30
Total por estado 232 80
SP Campinas Penitenciária Feminina de Campinas 66 20
SP Ribeirão Preto Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto 67 22
Total por estado 133 44
RS Porto Alegre Penitenciária Feminina Madre Pelletier 26 12
RS Caxias do Sul Penitenciária Industrial de Caxias do Sul 9 4
Total por estado 35 16
PR Curitiba Centro Regime Semiaberto Feminino 4 4
PR Piraquara Penitenciária Feminina do Paraná 47 25
Total por estado 51 29
TOTAL AMOSTRA 810 295
46 A população total de ASP nas unidades no momento da coleta de dados foi de
810, sendo estimada uma amostra ideal de 324 pessoas. A amostragem foi procedida de
seleção através de gerador de números aleatórios da Intemodino Group, sendo a identificação
feita através de listagem nominal fornecida em cada unidade prisional. Foram sorteadas 324
ASP. O número de ASP por presídio variou de 4 a 33. Ocorreram 4,6 % de perdas na seleção
inicial (n=17), devido à escolta externa e acompanhamento a serviço de saúde. Ao final,
foram abordadas 371 ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa (n=76),
perfazendo uma amostra final de 295 mulheres. Foram incluídas ASP de todos os turnos e
equipes de trabalho.
5.3 – Coleta de Dados
A presente pesquisa adotou a tecnologia de Audio Computer Assisted Self-
Interviewing (ACASI). A opção pelo ACASI decorre de sua aplicabilidade em pesquisas que
envolvem sujeitos em situações de vulnerabilidade, além de ser indicado quando existe a
necessidade de abordar informações sensíveis, de cunho pessoal e comportamentos de risco
para a saúde. Estudos realizados utilizando o ACASI têm evidenciado a possibilidade desse
método em reduzir barreiras socioculturais e psicológicas no que se refere a questões
relacionadas a comportamentos socialmente indesejáveis (SIMÕES; BASTOS, 2004).
Além disso, pesquisas sugerem que sua utilização tende a render frequências mais
altas de respostas relacionadas a comportamentos sexuais quando comparadas a outros
métodos. Ao ser comparado com o Self-Administered Questionnaries (SAQ) em pesquisa
realizada com 1690 adolescentes do sexo masculino, os participantes que utilizaram o ACASI
relataram maiores práticas homossexuais e uso de drogas injetáveis em relação aos
participantes que utilizaram o SAQ (MORRISON-BEEDY; CAREY; TU, 2006).
Uma pesquisa de revisão sistemática realizada em bases de dados internacionais
abordou a eficiência da utilização do ACASI como ferramenta de coleta de dados para
pesquisas. Dentre as vantagens, destacou-se a padronização das entrevistas, onde todos os
participantes respondem as mesmas perguntas, eliminando parte dos vícios das entrevistas
tradicionais. Além disso, destacou-se também a maior privacidade conferida aos
entrevistados, livrando-os do contato frente a frente com entrevistadores para responder a
questões sobre comportamentos sexuais de risco (SIMÕES et al., 2004).
47 Outro estudo apontou como potencialidade da utilização do ACASI a
possibilidade dos participantes entrarem diretamente com suas respostas no computador ou
tablet, evitando assim, possíveis erros de digitação. Um maior anonimato e descrição por
parte dos entrevistados também foi relatado como uma das vantagens dessa técnica de coleta
de dados, possibilitando respostas mais fidedignas, sobretudo a questões de natureza mais
pessoal ou sensível (ESTES et al., 2010).
Pesquisa realizada por Kim et al. (2008), comparou a utilização de três diferentes
métodos para coleta de dados: entrevistas face a face, questionário autoaplicado em papel e o
ACASI. Dentre os seus resultados, as respostas consideradas mais sensíveis foram reveladas
no ACASI quando comparados aos outros dois métodos.
Em pesquisa realizada com pacientes de uma clínica para tratamento de doenças
sexualmente transmissíveis constatou que, dentre os entrevistados, as mulheres eram mais
propensas a admitir certos comportamentos de risco com o ACASI em comparação a
entrevistas realizadas diretamente com entrevistadores. Isso porque elas consideraram ficar
mais à vontade e livres de pré-julgamentos, favorecendo uma maior fidedignidade nas
respostas (GHANEM; HUTTON; ZENILMAN; ZIMBA; ERBELDING, 2005).
Resultados semelhantes também podem ser observados no estudo realizado por
Estes et al., (2010). Seus achados corroboram que várias mulheres reconheceram o ACASI
como uma ferramenta capaz de garantir confidencialidade e ausência de julgamentos dos
entrevistadores.
O ACASI também demonstrou boa eficácia quando aplicado para avaliação dos
fatores de risco em doenças infectocontagiosas. Nesse sentido, estudo realizado por Riley
(2001) encontrou relatos mais frequentes de diferentes comportamentos de risco para a
transmissão de tuberculose entre os participantes entrevistados pelo ACASI do que em outros
métodos.
No âmbito desta pesquisa, os dados foram coletados em conjunto com equipes de
pesquisadores de cada um dos Estados, mediante a realização de oficinas temáticas buscando
dar uniformidade e consistência em relação ao uso dos instrumentos. Para o recrutamento das
ASP, procedemos com contato prévio junto à Direção da respectiva unidade prisional,
solicitando permissão para a realização do estudo. Em seguida, realizamos um sorteio entre as
agentes em serviço, explicando o intuito da pesquisa.
48
5.4 – Instrumentos e Variáveis Coletadas
O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis
de suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões,
sendo as 4 primeiras relacionadas a sintomas físicos e outras 16 a sintomas psicoemocionais
(COELHO et al., 2009; SANTOS et al., 2011).
A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de
comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de
aspectos subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais,
especialmente em grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas
com a diminuição das funções laborais e sociais (COELHO et al., 2009; SANTOS et al.,
2011).
Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte
para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade.
Nesse estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP,
em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres (ALVES, 2009;
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002; TAVARES, 2010).
O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a
identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto
por 10 itens e avalia tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool,
além de sintomas de dependência (MARTINS et al., 2008). Dentre as potencialidades do
instrumento, destaca-se a facilidade e rapidez na aplicação, além da possibilidade de fornecer
orientações focadas no padrão de consumo do sujeito avaliado (MORETTI-PIRES;
CORRADI-WEBSTER, 2011).
A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas
categorias, de baixo risco e de risco ou alto risco. O consumo de baixo risco refere-se às ASP
que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram
escores acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento (MORETTI-PIRES; CORRADI-
WEBSTER, 2011).
As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa
pesquisa estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da
49
Saúde e da legislação vigente no Brasil (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002;
BRASIL, 2006). As definições de violência física grave relacionam-se aos episódios
envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de enforcamento. As violências físicas
severas relacionam-se a episódios com objetos que causaram ferimentos ou lesões corporais,
tais como armas de fogo, agressões com facas ou instrumentos perfurocortantes. As agressões
ou violências sofridas antes do ingresso no sistema prisional obedeceram às mesmas
definições supracitadas.
A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades
prisionais em que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida
pela própria ASP) ou conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por
colega de trabalho). A violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi
autoreferida.
Aspectos socioeconômicos como idade (estratificadas em menos de 30, 31-35, 36-
40, 41-45, 46-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram investigados.
A raça/cor (parda, negra, branca e amarela) foi autoreferida, obedecendo aos critérios
estabelecidos no Brasil. A renda mensal foi mensurada em salários mínimos e contabilizada
em moeda local (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).
No componente trabalho, perguntou-se sobre a forma de ingresso no sistema
prisional (concurso público ou contrato), a idade de ingresso no presídio, tempo de trabalho
como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao
ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em
que a ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória,
penitenciária, colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as
definições do Ministério da Justiça do Brasil (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2015).
O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos sem
a necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram Rohypnol®,
Valium® ou Dormonid®. Foram incluídas ainda perguntas sobre o consumo de cigarros
(atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas ilícitas atualmente
(maconha, crack, merla).
O autorrelato acerca do atual estado de saúde foi estratificado em três categorias
50
(muito bom, bom e regular ou ruim). O tempo de atividades físicas foi categorizado em: ≥150
minutos e ≤150 minutos por semana, de acordo com os critérios estabelecidos no VIGITEL.
O tempo em horas por dia que costuma assistir televisão foi classificado em dois estratos (<3
horas e >3 horas). A partir desses dois escores, definiu-se a ASP como sedentária (tempo de
atividade física semanal ≤150 minutos + ≥3 horas por dia que costuma assistir televisão) ou
não sedentária (tempo de atividade física semanal ≥150 minutos + ≤3 horas por dia que
costuma assistir televisão) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
A classificação dos hábitos alimentares em saudáveis ou não, também seguiu os
critérios definidos no VIGITEL (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Para o
autorrelato de doenças, foram incluídas as cardiopatias (anginas, derrame ou trombose
cerebral), diabetes, hipercolesterolemia, asma ou bronquite asmática.
5.5 – Análise dos Dados
Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS® versão 20.0 e Stata
®
versão 13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de
Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou
mostraram-se como fatores de confundimento.
A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão Logística.
Foram verificados os fatores que, no contexto multidimensional, aumentaram a probabilidade
da ASP sofrer transtornos mentais comuns e violência no ambiente de trabalho. Aqueles que
demonstraram significância em até 20% foram levados ao modelo logístico.
As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação
bivariada e multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com
a ponderação obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por
estágio de amostragem. O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As
frequências absolutas e relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das
frequências não ponderadas e ponderadas.
51
5.6 – Treinamento da Equipe de Campo
Como forma de promover a disseminação do conhecimento e contribuir na
criação de redes de colaboradores em pesquisa, foi realizada a seleção de pesquisadores locais
mediante o atendimento de critérios como afinidade com o tema e graduação na área da
saúde. Além disso, a equipe de pesquisadores de campo foi treinada nos seguintes
procedimentos: realização das entrevistas, testes rápidos para doenças infecciosas com devida
certificação e treinamento em Unidade Básica de Saúde de referência para o tema no
município de Fortaleza. A mesma foi composta por: supervisor de atividades de campo,
profissionais para a realização dos exames físicos, profissionais para a realização dos exames
laboratoriais e entrevistadores. O número de profissionais envolvidos foi estabelecido em
acordo com o tamanho da amostra calculada para cada unidade prisional.
Para a realização das pesquisas nos diferentes estados, foi solicitado ao setor
saúde responsável pelas respectivas unidades prisionais, a presença de profissionais
devidamente capacitados para a realização dos exames clínicos e laboratoriais.
5.7 – Aspectos Éticos
Conforme referido em momento anterior, o presente estudo faz parte da pesquisa
intitulada “Inquérito Nacional de Saúde na População Penitenciária Feminina e de Servidoras
Prisionais”, realizada em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), do Ministério da Justiça. A mesma obedeceu
todas as recomendações inscritas na Resolução 196/965, do Conselho Nacional de Saúde,
referente à ética em pesquisa envolvendo seres humanos.
Ainda, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) segundo parecer
consubstanciado mediante protocolo N. 188.211, de 31 de Janeiro de 2013 (ANEXO A). Os
Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos sujeitos participantes da pesquisa
foram apresentados no Apêndice A.
As sujeitas da pesquisa, antes de participar da mesma, foram informadas sobre os
objetivos, métodos e benefícios do estudo. Para as que concordaram em participar do estudo,
5 Resolução vigente à época de apreciação no Comitê de Ética em Pesquisa
52
foi lido e posteriormente assinado o TCLE. Foi assegurado ainda as participantes, o direito de
desistir a qualquer momento da pesquisa, sem prejuízo de nenhuma natureza.
Tendo em vista que a pesquisa foi desenvolvida no âmbito de unidades prisionais
e a manipulação dos dados poderá implicar em informações relevantes sobre a rotina de
trabalho das mesmas, todas as informações colhidas durante a pesquisa e após a sua conclusão
deverão ser mantidas sob sigilo por todos os que dela participarem.
Para tanto, os pesquisadores que atuam na pesquisa assinaram, quando da entrega
do protocolo de pesquisa e antes do início dos trabalhos, um termo de confidencialidade.
Dentre as orientações contidas no referido termo, destaca-se a instruir a todos aqueles que
vierem a participar do inquérito, sobretudo os selecionados para atuar em atividades de
entrevistas e coleta de material com agentes penitenciárias.
Os integrantes da pesquisa se comprometeram ainda a não identificar as agentes
penitenciárias, garantindo a confidencialidade dos dados. Ações foram desenvolvidas visando
assegurar o aconselhamento, tratamento e acompanhamento das participantes da pesquisa que
apresentarem algum agravo à saúde identificado no momento da realização do trabalho de
campo.
53
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AOS TRANSTORNOS MENTAIS
COMUNS EM AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA FEMININAS NO
BRASIL
RESUMO
A profissão dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) é considerada como uma das mais
estressantes do mundo. Como consequência, esses profissionais apresentam uma prevalência
elevada de transtornos mentais comuns (TMC) quando comparados a outras categorias
profissionais. Objetiva estimar a prevalência de TMC e fatores associados ao trabalho em
ASP no Brasil. Estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, realizado em 15 unidades
prisionais femininas, nas cinco regiões brasileiras. A população foi composta por ASP do
sexo feminino. A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes nas unidades prisionais
no momento da coleta. Realizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e
Intervalo de Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação
significativa. Cerca de 30,6% das ASP apresentam transtornos mentais comuns. Na análise de
associação, ASP que consideraram seu trabalho estressante (OR = 3: IC95% 1,3 - 6,9) e que
sofreram violência na prisão (OR = 1,8: IC95% 1,6 - 3,3) apresentaram maiores chances de
desenvolver TMC. A prevalência de TMC entre as ASP foi consideravelmente elevada. Nesse
contexto ações intersetoriais são de fundamental importância para a qualificação das
intervenções em saúde do trabalhador junto a essas profissionais.
Palavras-Chave: Transtornos Mentais; Estresse Ocupacional; Agente de Segurança
Penitenciário; Violência Laboral; Saúde do Trabalhador.
54
INTRODUÇÃO
A profissão dos Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) é considerada como
uma das mais estressantes do mundo1. Estima-se que aproximadamente 42,1% dos ASP
apresentem quadros de estresse relacionado ao trabalho2. Esse percentual pode ser
considerado elevado, principalmente quando comparado com a população geral, cuja
prevalência varia de 19 a 30%3.
Nos últimos dez anos, os ASP têm enfrentado índices cada vez mais elevados de
estresse relacionado ao trabalho, produzindo impactos negativos na sua saúde mental4. Uma
investigação realizada com 1.738 ASP de unidades prisionais federais dos Estados Unidos
objetivou mensurar o potencial impacto das condições de trabalho para a saúde mental desses
profissionais. A maioria dos participantes (68,1%) relatou problemas de concentração e sinais
de depressão. Referiram também presença de sintomas como dores de cabeça e de estômago5.
Pesquisa realizada com 241 ASP no Alabama demonstrou que 68% dos
entrevistados classificaram seu trabalho como moderadamente ou muito estressante6. A
experiência de estresse relacionado ao trabalho foi fortemente atribuída aos níveis de
ansiedade e depressão7.
Características inerentes ao processo de trabalho dos ASP são consideradas
fatores estressores, responsáveis por desencadear problemas de saúde. Elementos como o
constante estado de alerta para o enfrentamento de situações de emergência, bem como a
necessidade de intervenções envolvendo o uso de força física para a separação de conflitos
entre os presos foram considerados como estressores no ambiente de trabalho dos ASP3. A
estrutura hierárquica militar, presente em algumas unidades prisionais, também tem sido
apontada como corresponsável para a geração de tensão e irritabilidade8,9
.
Outros fatores responsáveis por gerar estresse entre os ASP relacionam-se a
insatisfação com o salário e o contato direto com detentos que possuem comportamentos
agressivos. Além disso, a superlotação e o número insuficiente de profissionais foram
considerados como importantes fatores de risco prejudiciais à saúde mental desses
profissionais10
.
Essas variáveis estressoras estão relacionadas com a percepção do perigo no
cotidiano laboral. Agentes de Segurança Penitenciária que consideraram seu trabalho como
mais perigoso apresentaram níveis mais elevados de estresse11
. O medo de ser agredido ou de
55
testemunhar situações envolvendo violência entre os reclusos também foi considerado como
fonte estressora para os ASP3.
No Brasil, a literatura apresenta características semelhantes. Pesquisa realizada
com 311 ASP em oito unidades penitenciárias da região metropolitana de Salvador
evidenciou que esses profissionais estão frequentemente suscetíveis às situações geradoras de
estresse, tais como intimidações, agressões e ameaças, correndo o risco, inclusive, de serem
mortos12
.
Fatores estressores presentes no ambiente laboral repercutem de forma negativa
no comportamento dos ASP. Estudo realizado com 91 ASP de unidades prisionais na região
metropolitana de Minas Gerais demonstrou que 70,4% da sua amostra relataram dificuldades
para dormir e 62,7% já acordaram no meio da noite pensando em episódios violentos13
.
Nesse sentido, evidencia-se que os ASP estão submetidos a um conjunto de
atividades e procedimentos que exigem um permanente autocontrole emocional. Além disso,
convivem cotidianamente com fatores organizacionais que envolvem riscos para a sua própria
integridade física e mental14
.
No âmbito do sistema penitenciário, o estresse relacionado ao trabalho repercute
em uma expectativa de vida mais curta para os ASP15
. Associa-se ainda à desordens
emocionais e comportamentais, além do surgimento de transtornos mentais comuns16-18
.
Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) são caracterizados por um conjunto de
sintomas como fadiga, insônia, irritabilidade, comprometimento da memória e dificuldades de
concentração19
. Frequentemente, esses transtornos representam um alto custo social e
econômico, pois constituem causa importante de perda de produtividade, absenteísmo e
diminuição da produtividade20
.
Alguns estudos sugerem maior prevalência de estresse relacionado ao trabalho e
transtornos mentais comuns em ASP do sexo feminino. De acordo com os autores, esses
achados podem estar relacionados à busca por espaço em uma profissão historicamente
dominada pelos homens. Além disso, a conjunção de demandas laborais alinhadas às da vida
diária contribui para o aumento desses episódios entre as mulheres, podendo causar ainda,
situações envolvendo conflitos familiares11;21
.
56 A literatura apresenta importantes lacunas no estudo dos TMC em ASP do sexo
feminino, sobretudo em países em desenvolvimento. O presente manuscrito tem como
objetivo, estimar a prevalência de transtornos mentais comuns e seus fatores associados ao
trabalho em agentes de segurança penitenciária do sexo feminino no Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
Tipo e local de estudo
Realizou-se um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, parte do
projeto intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de
servidoras prisionais”. Desenvolveu-se o trabalho entre janeiro de 2014 a dezembro de 2015,
em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia (Região Norte), Ceará
(Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste), São Paulo, Minas
Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul).
População de estudo e amostra
A população consistiu em ASP do sexo feminino, vinculadas formalmente ao
sistema penitenciário brasileiro, atuando em contato direto com mulheres privadas de
liberdade e que aceitaram participar do estudo. Devido à ausência de informações oficiais
sobre o quantitativo de ASP do sexo feminino no Brasil à época da realização da pesquisa, a
amostra levou em consideração a população carcerária feminina, sendo realizada em
múltiplos estágios.
Inicialmente foram selecionados, intencionalmente, dois estados por região
político-administrativa brasileira que tinham as maiores populações carcerárias femininas22
. A
seguir, os presídios foram estratificados de acordo com o número de presidiárias e localização
(capital, região metropolitana ou interior). Foram incluídos no plano amostral apenas os
presídios com mais de 75 detentas, devido à obrigatoriedade de possuírem serviços de
saúde23
.
A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes no momento de coleta. Em
unidades prisionais onde o quantitativo de ASP era igual ou inferior à 33, todas as agentes
foram incluídas. Foram excluídas do cálculo amostral as ASP em férias, licença ou recém-
57
ingressas (menos de 30 dias).
A seleção das participantes foi realizada por meio de gerador de números
aleatórios Intemodino Group. A identificação foi feita através de listagem nominal fornecida
em cada unidade prisional.
Instrumentos e variáveis coletadas
Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado, utilizando
tecnologia de Audio Computer-Assisted Self-Interviewing – ACASI. A opção pelo ACASI
decorre da sua aplicabilidade em pesquisas, onde existe a necessidade de se abordar
informações sensíveis, de cunho pessoal, ou mesmo relacionadas a comportamentos de risco
para a saúde24
.
O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis
de suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões,
sendo as 4 primeiras relacionadas a sintomas físicos e outras 16 a sintomas
psicoemocionais25,26
.
A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de
comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de
aspectos subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais,
especialmente em grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas
com a diminuição das funções laborais e sociais25,26
.
Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte
para a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade.
Nesse estudo, adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP,
em conformidade com as orientações estabelecidas para mulheres19, 27,28
.
O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a
identificação dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto
por 10 itens e avalia tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool,
além de sintomas de dependência29
. Dentre as potencialidades do instrumento, destaca-se a
facilidade e rapidez na aplicação, além da possibilidade de fornecer orientações focadas no
padrão de consumo do sujeito avaliado30
.
58 A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas
categorias, de baixo risco e de risco ou alto risco. O consumo de baixo risco refere-se às ASP
que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram
escores acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento.
As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa
pesquisa estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da
Saúde e da legislação vigente no Brasil31,32
. As definições de violência física grave
relacionam-se aos episódios envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de
enforcamento. As violências físicas severas relacionam-se a episódios com objetos que
causaram ferimentos ou lesões corporais, tais como armas de fogo, agressões com facas ou
instrumentos perfurocortantes. As agressões ou violências sofridas antes do ingresso no
sistema prisional obedeceram às mesmas definições supracitadas.
A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades
prisionais em que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida
pela própria ASP) ou conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por
colega de trabalho). A violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi
autoreferida.
Aspectos socioeconômicos como idade (categorizadas em menos de 30, 31-35,
36-40, 41-45, 46-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram
investigados. A raça (parda, negra, branca e amarela) foi autoreferida, obedecendo aos
critérios estabelecidos no Brasil. A renda mensal foi mensurada em salários mínimos e
contabilizada em moeda local33
.
No componente trabalho, perguntou-se sobre a forma de ingresso no sistema
prisional (concurso público ou contrato), a idade de ingresso no presídio, tempo de trabalho
como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao
ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em
que a ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória,
penitenciária, colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as
definições do Ministério da Justiça do Brasil34
.
O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos com
59
ou sem a necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram
Rohypnol®, Valium® ou Dormonid®, Foram incluídas ainda perguntas sobre o consumo de
cigarros (atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas ilícitas
atualmente (maconha, crack, merla).
O autorrelato acerca do atual estado de saúde foi estratificado em três categorias
(muito bom, bom e regular ou ruim). O tempo de atividades físicas foi categorizado em: ≥150
minutos e ≤150 minutos por semana, de acordo com os critérios estabelecidos no VIGITEL.
O tempo em horas por dia que costuma assistir televisão foi classificado em dois estratos (<3
horas e >3 horas). A partir desses dois escores, definiu-se a ASP como sedentária (tempo de
atividade física semanal ≤150 minutos + ≥3 horas por dia que costuma assistir televisão) ou
não sedentária (tempo de atividade física semanal ≥150 minutos + ≤3 horas por dia que
costuma assistir televisão)35
.
A classificação dos hábitos alimentares em saudáveis ou não, também seguiu os
critérios definidos no VIGITEL35
. Para o autorrelato de doenças, foram incluídas as
cardiopatias (anginas, derrame ou trombose cerebral), diabetes, hipercolesterolemia, asma ou
bronquite asmática.
Análise dos dados
Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS® versão 20.0 e Stata
®
versão 13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de
Confiança foram estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou
mostraram-se como fatores de confundimento.
As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação
bivariada e multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com
a ponderação obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por
estágio de amostragem. O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As
frequências absolutas e relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das
frequências não ponderadas e ponderadas.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade
60
Federal do Ceará/PROPESQ, mediante protocolo de nº 188.211. Por se tratar de pesquisas
envolvendo seres humanos, todas as participantes leram e concordaram com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta as características socioeconômicas, de violências sofridas
antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho das ASP. A média de idade das
entrevistadas foi de 38,14 (±8,52) anos. Mais de 60% encontram-se na faixa etária de 31 a 45
anos (tabela 1).
Cerca de 64,3% (95%IC: 58,6 - 69,6) das ASP possuem ensino superior
incompleto, completo ou mesmo cursam alguma pós-graduação. Pouco mais de 60% possuem
pelo menos um filho e 44,9% (95%IC: 39,0 - 51,0) são a principal fonte de renda da família.
Aproximadamente 60% das ASP relataram ter sofrido episódios de violência ou
agressão antes do ingresso no sistema penitenciário (95%IC: 54 - 65,6). Dessas, pouco mais
de 1/3 afirmaram ter sido vítima de pelo menos dois ou mais atos violentos. Dentre as formas,
as mais frequentes foram roubo (31,4%), violência física leve (25,8%) e violência psicológica
(21,9%), respectivamente (tabela 1).
O alto percentual de membros da própria família apontados como perpetradores
de violências ou agressões contra as ASP chama a atenção. Mais de 84% foram indicados
como responsáveis por praticarem agressões físicas graves, 81,1% para agressões físicas leves
e 67,2% para abusos ou violência sexual.
Quanto ao regime de trabalho, a distribuição foi praticamente a mesma para
concursadas e contratadas. A média de idade para o ingresso no sistema penitenciário foi de
29,9 (±6,73) anos e 45,8% (95%IC: 40,2 - 51,5) das ASP possuem menos de cinco anos de
experiência.
Com relação a ocupações pregressas, 91,5% (95%IC: 87,8 - 94,3) referiram
trabalhar em outros estabelecimentos antes de ingressarem no sistema prisional com
atividades não relacionadas à segurança. No que diz respeito a sua ocupação atual como ASP,
73% já trabalharam em mais de um estabelecimento prisional. Os estabelecimentos prisionais
mais citados foram penitenciárias, presídios ou casas de privação provisória, respectivamente
(tabela 1).
61 Mais de 2/3 das ASP consideram seu trabalho como de risco e estressante. A
quase totalidade das entrevistadas considera ter conhecimentos suficientes para a sua prática
profissional na área de segurança. Contudo, para as áreas voltadas à saúde reprodutiva e
doenças crônicas, esse quantitativo não chegou a 1/3 das ASP (TABELA 1).
Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral e de violência sofrida antes do ingresso no sistema prisional
das Agentes de Segurança Penitenciária no Brasil, 2016
n
1 %
2 95% IC
2
Idade (anos)
Média (±dp) 295 38,14 (±8,52)
≤ 30 51/295 15,3% 11,8 - 19,8
31 |--| 35 87/295 30,0% 24,8 - 35,7
36 |--| 40 72/295 25,6% 20,7 - 31,2
41 |--| 45 25/295 8,5% 5,7 - 12,4
46 |--| 49 25/295 9,2% 6,3 - 13,7
50 ou mais 35/295 11,3% 8,1 - 15,6
Raça
Negra 41/293 14,8 11 - 19,6
Parda 130/293 44,1 38,4 - 50
Branca 111/293 37,7 32,5 - 43,1
Amarela 11/293 3,4 1,9 - 6,2
Estuda atualmente
Não 226/292 76,6 71,2 - 81,3
Sim 66/292 23,4 18,7 - 28,8
Grau de instrução
Ensino Fundamental ou Médio 109/295 35,7 30,4 - 41,4
Ensino Superior incompleto/ completo ou Pós-graduação 186/295 64,3 58,6 - 69,6
Religião
Não tenho religião ou crença 18/292 5,9 3,6 - 9,4
Católica 160/292 54,8 48,7 - 60,6
Evangélica 93/292 32,2 26,8 - 38
Espírita 13/292 4,3 2,5 - 7,3
Outro(a) 8/292 2,9 1,4 - 5,9
Situação conjugal
Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7 27,2 - 38,7
Casada/União estável 198/294 67,3 61,3 - 72,8
Filhos
Não 116/289 39,9 34,8 - 45,9
Sim 173/289 60,1 54,1 – 66,2
Nº de filhos
1 73/172 44,5% 36,8 - 52,5
2 65/172 36,6% 29,4 - 44,4
62
≥3 34/172 18,9% 13,5 - 25,9
No de pessoas que residem na casa além da ASP
1 86/294 28,9 23,9 - 34,5
2 a 3 142/294 50,5 44,5 - 56,4
4 ou mais 66/294 20,6 16,4 - 25,7
É principal fonte de renda da família
Não 165/294 55,1 49,0 – 61,0
Sim 129/294 44,9 39,0 – 51,0
Renda mensal da ASP
Mais de 1 a 3 salários mínimos 62/294 18,4 14,9 - 22,5
Mais de 3 a 5 salários mínimos 132/294 47,1 42,4 - 51,9
Mais de 5 salários mínimos 100/294 34,5 30,6 - 38,7
Renda mensal da família
Mais de 1 a 3 salários mínimos 35/286 10,3 7,6 - 13,9
Mais de 3 a 5 salários mínimos 70/286 24,0 19,6 - 29,1
Mais de 5 a 10 salários mínimos 121/286 43,2 37,5 - 49,1
Mais de 10 salários mínimos 60/286 22,5 18,4 - 27,2
VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP ANTES DE
TRABALHAR NO SISTEMA PRISIONAL
Sofreu violência antes do trabalho no sistema prisional 171/291 59,9% 54 - 65,6
Nº de violências sofridas antes do trabalho no sistema prisional
0 120/291 40,1 34,4 – 46,0
1 80/291 26,9 21,9 - 32,5
2 51/291 18,2 13,9 - 23,5
≥ 3 40/291 14,8 10,8 - 19,9
Tipos e responsáveis pela prática de violências/agressões sofridas
antes de trabalhar no sistema prisional
Rouboa 86/291 31,4 25,9 - 37,4
Quem roubou fazia parte da família 15/79 17,3 10,5 - 27,2
Dano moralb 48/289 16,9 12,9 - 21,9
Quem ofendeu moralmente fazia parte da família 17/44 36,8 22,6 - 53,7
Violência psicológicac 60/290 21,9 17,2 - 27,4
Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família 30/54 55,2 40,6 – 69,0
Violência sexuald 29/288 11,1 7,8 - 15,5
Quem violou sexualmente fazia parte da família 18/28 67,2 47,6 - 82,2
Violência física leve e 74/290 25,8 20,8 - 31,5
Quem agrediu fazia parte da família 53/68 81,1 70,0 - 88,8
Violência física grave f 21/289 7,9 5,0 - 12,3
Quem agrediu fazia parte da família 17/21 84,5 63,8 - 94,4
Violência física severa g 11/294 3,9 2,0 - 7,4
Quem agrediu fazia parte da família 7/9 77,3 37,4 - 95,1
63
Considera que ficou com algum comprometimento na saúde
física ou mental por conta das violências ou agressões que
ocorreram antes de trabalhar no sistema prisional
27/288 9,3 6,3 - 13,7
Considera que esses problemas aconteceram por falta de
condições para acessar algum tratamento de saúde 23/281 9,0 5,9 - 13,4
CARACTERÍSTICAS LABORAIS
Forma de ingresso no sistema prisional
Concurso público 101/211 51,7 48,8 – 55,0
Contrato 111/211 48,3 45,0 - 51,2
Idade que ingressou no sistema prisional
Média (±dp) 294 29,9 (±6,73)
≤25 anos 83/294 28,8 23,5 - 34,6
26 |--| 35 anos 161/294 53,7 47,5 - 59,8
> 35 anos 50/294 17,5 13,4 - 22,6
Tempo (anos) que trabalha como agente
Média (±dp) 295 8,11 (±6,61)
5 anos ou menos 138/295 45,8 40,2 - 51,5
6 a 10 anos 92/295 31,6 26,6 - 37,1
Mais de 10 anos 64/295 22,6 18,3 - 27,4
Ocupação anterior ao ingresso no sistema prisional
Não 26/289 8,4 5,7 - 12,2
Sim 263/289 91,6 87,8 - 94,3
Militar, guarda, segurança, vigilante 17/289 6,0 3,7 - 9,6
Não relacionada à atividade de segurança 246/289 85,5 80,8 - 89,3
Trabalhou em outro estabelecimento prisional
Não 79/295 27,0 22,5 – 32,0
Sim 216/295 73,0 68,0 - 77,5
1 estabelecimento prisional 162/295 53,8 48,3 - 59,3
2 ou mais estabelecimentos prisionais 54/295 19,2 15,3 - 23,8
Tipos de estabelecimentos prisionais que já trabalhou
Penitenciária 137/295 47,0 41,6 - 52,5
Presídios ou Casas de privação provisória 100/295 35,3 30,8 - 40,2
Cadeia pública 14/295 4,8 2,8 - 8,2
Casas de albergado ou Albergue 13/295 4,7 2,7 - 8,2
Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 13/295 4,1 2,2 - 7,4
Colônia agrícola 10/295 2,7 1,4 - 5,2
Outro(a) 7/295 2,5 1,1 - 5,2
Considera seu trabalho no sistema prisional
Apenas de risco 5/291 1,4 0,6 - 3,3
Apenas estressante 50/291 17,9 13,5 – 23,0
Risco e estressante 236/291 80,9 75,5 - 85,3
64
FORMAÇÃO COMO ASP
Participou de alguma formação especifica antes, durante ou
após iniciar o seu trabalho no sistema prisional 254/291 87,6 83,2 - 91,1
Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional
nas áreas de
Segurança 262/278 94,7 91,3 - 96,8
Drogas ilícitas (maconha, merla, crack) 154/278 55,9 49,8 - 61,8
Drogas lícitas (álcool e tabaco) 152/278 54,5 48,5 - 60,3
Doenças infecciosas 126/278 45,2 39,1 - 51,5
Saúde mental 100/278 36,3 30,6 - 42,3
Doenças crônicas 70/278 24,5 19,9 - 29,8
Saúde reprodutiva 57/278 21,1 16,5 - 26,5
A Tabela 2 apresenta o perfil psicossocial e autorrelato ou conhecimento de
violências sofridas pela ASP e/ou colegas de profissão na unidade prisional em que trabalha
atualmente ou em outra que trabalhou. Pouco mais de 30% (95%IC: 63,4 - 74,8) das
entrevistadas apresentaram níveis compatíveis para transtornos mentais comuns. Dentre os
fatores diagnósticos mais frequentes, destacaram-se o nervosismo, tensão ou preocupação,
seguidos por dificuldades para dormir e presença frequente de dores de cabeça (TABELA 2).
O uso de calmantes, incluindo os benzodiazepínicos, foi referido por 30% das
ASP. Quanto ao consumo de álcool, 32,3% afirmaram fazer uso. Contudo, apenas 8,5%
enquadraram-se no padrão de consumo de risco ou alto risco (TABELA 2).
Cerca de 33,7% (95%IC: 28,3 - 39,5) das ASP afirmaram ter sofrido algum tipo
de violência ou agressão durante o trabalho no sistema penitenciário. Mais de 30% das
entrevistadas relataram ter sofrido pelo menos um episódio de violência no exercício de suas
funções (TABELA 2).
Dentre os tipos de violência autorreferida durante o trabalho, as mais frequentes
foram violência psicológica (22,8%), roubo (11,6%) e violência moral (11,1%). Ao incluir os
casos em que a ASP teve conhecimento de episódios de violência envolvendo colegas de
trabalho, os percentuais elevaram-se consideravelmente (TABELA 2).
Pouco mais de 2/3 das ASP afirmaram ter sofrido ou conhecem colegas de
profissão que foram vítimas de violência no ambiente de trabalho. Quanto ao número de
violências sofridas ou conhecidas, 35,8% (95%IC: 30,4 - 41,7) referiram 3 ou mais episódios.
65
Dentre os tipos, as mais frequentes foram violência psicológica (48,1%), violência física
(47,8%) e roubo (41%) (TABELA 2).
Tabela 2 - Perfil psicossocial/autorrelato ou conhecimento de violências sofridas por ASP e/ou
colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha atualmente ou em outra que trabalhou.
COMPONENTE PSICOSSOCIAL n
1 %
2 95% IC
2
Escore SRQ-20
<7 204/291 69,4 63,4 - 74,8
>=7 87/291 30,6 25,2 - 36,6
Fatores Diagnósticos
Dores de cabeça frequentes 107/291 37,6 31,8 - 43,8
Falta de apetite 40/291 14,8 10,8 - 19,9
Dorme mal 112/291 41,2 35,4 - 47,3
Assusta-se com facilidade 75/290 26,5 21,5 - 32,3
Tremores de mão 38/291 13,9 10,1 - 18,9
Sente-se nervosa, tensa ou preocupada 154/289 53,7 47,5 - 59,8
Tem má digestão 74/290 25,6 20,6 - 31,4
Tem dificuldade para pensar com clareza 51/289 18,8 14,3 - 24,3
Tem se sentido triste ultimamente 97/291 32,9 27,3 - 38,9
Tem chorado mais do que de costume 53/290 19,6 15,1 - 25,2
Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas
atividades diárias 78/289 27,3 22,1 - 33,2
Tem dificuldades para tomar decisões 68/288 24,8 19,8 - 30,6
Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa
sofrimento) 66/286 23,0 18,3 - 28,5
É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida 9/290 3,8 2,0 - 7,3
Tem perdido o interesse pelas coisas 59/290 20,7 16,2 - 26,1
Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo 11/289 4,4 2,3 - 8,1
Tem tido ideias de acabar com a vida 14/289 5,7 3,3 - 9,7
Sente-se cansada o tempo todo 75/291 26,5 21,4 - 32,2
Tem sensações desagradáveis no estômago 88/290 30,9 25,6 - 36,8
Cansa-se com facilidade 86/291 30,0 24,7 - 35,9
Usa algum tipo de calmante atualmente
Não 213/291 72,7 67,0 - 77,7
Sim 78/291 27,3 22,3 – 33,0
Benzodiazepínicos 9/289 3,0 1,5 - 5,9
Outros tipos 75/289 26,5 21,6 - 32,2
66
CONSUMO DE DROGAS LÍCITAS (álcool e cigarro)
Usa ou usou álcool e/ou cigarro 193/285 67,7 61,7 - 73,1
Atualmente consome bebida alcoólica 92/285 32,3 26,9 - 38,3
Classificação do consumo de álcool (AUDIT)
Baixo risco ou abstinência (0 - 7) 258/280 91,5 87,1 - 94,5
Consumo de risco ou alto risco (>= 8) 22/280 8,5 5,5 - 12,9
Fuma ou fumou cigarros
Não 232/290 81,8 77,0 - 85,8
Sim 58/290 18,2 14,2 – 23,0
Usa algum tipo de droga ilícita atualmente
Não 288/291 99,4 97,9 - 99,8
Sim 3/291 0,6 0,2 - 2,1
VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP NA PRISÃO
Sofreu violência na prisão em que trabalha 94/284 33,7 28,3 - 39,5
No de violências sofridas
0 190/284 66,3 60,5 - 71,7
1 - 2 81/284 28,4 23,1 - 34,3
≥ 3 13/284 5,3 3,1 - 8,9
Tipos de violência sofrida durante o trabalho no sistema prisional
Roubo 31/292 11,6 8,1 - 16,3
Violência moral a
30/287 11,1 7,7 - 15,7
Violência psicológica b 63/282 22,8 18,1 - 28,4
Assédio sexual c
9/281 3,1 1,5 - 6,3
Violência física 13/278 4,1 2,3 – 7,0
Violência física leve d 12/283 3,7 2,1 - 6,6
Violência física grave e/ou severa e f 2/282 0,7 0,2 -3,1
AUTORRELATO E/OU CONHECIMENTO DE VIOLÊNCIA
COM COLEGAS DE TRABALHO
Autorrelato de violência ou conhecimento com colega de trabalho
na prisão 207/292 71,2 65,5 - 76,3
No de violências sofridas ou conhecidas
0 94/291 31,6 26,3 - 37,5
1 - 2 94/291 32,5 27,0 - 38,5
≥ 3 103/291 35,8 30,4 - 41,7
Tipos de violência sofrida pela ASP e/ou colega
Roubo 118/292 41,0 35,2 - 47,1
Violência moral a
96/287 34,3 29 - 40,1
Violência psicológica b 136/282 48,1 42 - 54,3
Assédio sexual c
26/281 9,2 6,1 - 13,6
Violência física 134/284 47,8 42,1 - 53,5
Violência física leve d 110/283 40,0 34,4 - 45,9
67
Violência física grave e/ou severa e f 93/285 32,3 27,3 - 37,8
1: valores observados;
2: valores ponderados
a: acusada injustamente de ter cometido algum delito ou ter sido acusada de atitudes que consideram
vergonhosas b: ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou ridicularizada
c: tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que considera sexual
d: tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito
e: esbofeteada, espancada, queimada ou tentativa de enforcamento
f: ferida de propósito com faca, outro objeto perfurocortante, revólver ou outra arma de fogo, além de outros
objetos que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.).
A Tabela 3 apresenta as informações relacionadas aos cuidados com a saúde e
autorrelato para doenças crônicas não transmissíveis. Pouco mais de 82% das ASP
consideram seu estado atual de saúde como muito bom ou bom. Contudo, 17,5% (95%IC:
13,7 - 22,7) classificaram sua saúde como regular ou ruim (TABELA 3).
Com relação às práticas de atividades físicas, 58,8% (95%IC: 52,5 - 64,9) das
ASP gastam menos de 150 minutos por semana com alguma atividade. Mais de 66% foram
classificadas como sedentárias e 65,6% não possuem hábitos alimentares saudáveis
(TABELA 3).
No que tange às doenças crônicas não transmissíveis, cerca de 80,9% (95%IC:
64,0 - 91,0) das ASP que autorrelataram hipertensão e recebem acompanhamento médico. A
hipercolesterolemia e a diabetes estiveram presentes em 11,9% e 5,2% dos autorrelatos,
respectivamente (TABELA 3).
Tabela 3 - Cuidados com a saúde e autorrelato de doenças crônicas não transmissíveis
CUIDADOS COM A SAÚDE n
1 %
2 95% IC
2
Considera o seu estado de saúde atualmente como
Muito bom 91/291 32,5 27 - 38,6
Bom 146/291 49,7 43,5 - 55,9
Regular/Ruim 54/291 17,8 13,7 - 22,7
Possui plano de saúde 242/294 82,7 78,0 - 86,5
Prática de atividade física
Tempo (min) de atividade física/semana
≥ 150min/sem 109/275 41,2 35,1 - 47,5
< 150min/sem 166/275 58,8 52,5 - 64,9
Tempo (horas) por dia que costuma assistir televisão
< 3 horas 228/290 81,1 76,3 - 85,1
≥3 horas 62/290 18,9 14,9 - 23,7
Sedentária
68
Não 87/277 33,9 28,2 - 40,2
Sim 190/277 66,1 59,8 - 71,8
HÁBITOS ALIMENTARES
Hábito alimentar saudável
Não 198/290 65,6 59,6 - 71,2
Sim 92/290 34,4 28,8 - 40,4
AUTORRELATO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS
Cardiopatias 15/292 5,7 3,4 - 9,4
Relata possuir doença do coração 11/287 4,5 2,5 - 8,1
Relata angina ou infarto do coração 4/291 1,4 0,5 - 3,7
Relata derrame ou trombose cerebral 1/292 0,3 0,0 – 1,8
Hipertensão
Recebe acompanhamento médico para hipertensão 34/41 80,9 64,0 – 91,0
Diabetes 17/288 5,2 3,2 - 8,3
Hipercolesterolemia 32/278 11,9 8,3 - 16,7
Asma ou bronquite asmática 21/293 7,7 5,0 - 11,7
Recebe acompanhamento médico para asma ou bronquite
asmática 10/21 51,5 30,8 - 71,6
1: valores observados ;
2: valores ponderados
A Tabela 4 apresenta as análises dos fatores associados aos transtornos mentais
comuns entre as ASP. Não houve associações estatisticamente significativas com relação aos
aspectos socioeconômicos, idade, raça e grau de instrução. Contudo, ASP que são a principal
fonte de renda da família apresentam maiores chances de sofrerem TMC quando comparadas
com as que não são (OR = 3,01 (95%IC: 1,72 - 5,28)) (TABELA 4).
Com relação aos aspectos laborais, o regime de trabalho (concurso público ou
contrato), a idade em que ingressou no sistema prisional e o tempo que trabalha como agente
não foram estatisticamente significativos. As ASP que consideraram seu trabalho estressante
possuem maiores chances de sofrerem TMC (OR = 3,01 (95%IC: 1,30 - 6,92)) (TABELA 4).
O consumo de álcool não apresentou associação com o desenvolvimento de TMC.
Mas, as ASP que fumam atualmente apresentaram maiores chances de desenvolverem TMC
(OR = 1,9 (95%IC: 1,01 - 3,65)). O uso de calmantes apresentou forte associação com TMC
(OR = 4,3 (95%IC: 2,3 - 7,9)). Já para os benzodiazepínicos, não foram identificadas
associações estatisticamente significativas (TABELA 4).
As ASP que sofreram algum tipo de violência antes do ingresso no sistema
penitenciário apresentaram maiores chances de desenvolver TMC (OR = 3,24 (95%IC: 1,81 -
69
6,09)). Dentre os tipos de violência sofrida, a violência sexual (OR = 5,17 (95%IC: 2,19 -
12,21)), os danos morais (OR = 3,56 (95%IC: 1,76 - 7,19)), a violência psicológica (OR =
3,23 (95%IC: 1,72 - 6,06)) e o roubo (OR = 2,79 (95%IC: 1,57 - 4,96)) apresentaram
associação estatisticamente significativa (TABELA 4).
O autorrelato e/ou conhecimento de episódios envolvendo violência no ambiente
prisional também apresentou associação com os TMC. ASP que sofreram violência no
trabalho possuem maiores chances de desenvolverem TMC (OR = 1,87 (95%IC: 1,06 - 3,30))
quando comparadas às que nunca sofreram. O autorrelato ou conhecimento de episódios
envolvendo colegas de trabalho vítimas de violência física (OR = 2,73 (95%IC: 1,53 - 4,88)),
violência psicológica (OR = 2,54 (95%IC: 1,34 - 4,81)) e violência sexual (OR = 2,49
(95%IC: 1,05 - 5,92)) apresentaram associações estatisticamente significativas com o
desenvolvimento de TMC (TABELA 4).
ASP que consideraram seu estado atual de saúde como regular ou ruim
apresentaram maiores chances de desenvolverem TMC (OR = 5,30 (95%IC: 2,30 - 12,20)).
Com relação às doenças crônicas não transmissíveis, ASP que autorrelataram hipertensão (OR
= 2,08 (95%IC: 1,01 - 4,30)) e hipercolesterolemia (OR = 2,83 (95%IC: 1,27 - 6,28))
apresentam maiores chances de sofrerem TMC quando comparadas com as que não referiram
essas patologias (TABELA 4).
70
Tabela 4 - Análise dos fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns em ASP
SRQ ≥ 7 SRQ < 7 p-value OR
2 95%IC (OR)
2
n/N 1
% 2
95%IC2 n/N
1 %
2 95%IC
2
PERFIL SOCIOECONÔMICO
Idade
≤ 30 anos 15/48 31,7 19,8 - 46,6 33/48 68,3 53,4 - 80,2 1,13 0,4 - 2,6
31 |--| 45 anos 55/184 30,8 24,0 - 38,5 129/184 69,2 61,5 - 76,0 1,07 0,5 - 2,1
> 45 anos 17/59 29,2 18,5 – 43,0 42/59 70,8 57,0 - 81,5 0,963 1,00 -
Raça
Parda ou Negra 50/170 30,0 23,3 - 37,8 120/170 70,0 62,2 - 76,7 0,901 1,00 -
Branca ou Amarela 36/119 30,8 22,5 - 40,6 83/119 69,2 59,4 - 77,5
1,03 0,59 - 1,79
Estuda atualmente
Não 70/223 31,5 25,3 - 38,4 153/223 68,5 61,6 - 74,7 0,433 1,00 -
Sim 15/65 26,1 16,4 – 39,0 50/65 73,9 61,0 - 83,6 0,76 0,39 - 1,48
Grau de instrução
Ensino fundamental ou médio 39/108 37,1 27,8 - 47,4 69/108 62,9 52,6 - 72,2 0,089 1,00 -
Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 48/183 27,0 20,8 - 34,3 135/183 73,0 65,7 - 79,2 0,62 0,36 - 1,07
Situação conjugal
Solteira ou sem parceiro estável 34/94 36,8 27,2 - 47,5 60/94 63,2 52,5 - 72,8 0,145 1,00 -
União estável 53/196 27,7 21,4 - 35,1 143/196 72,3 64,9 - 78,6
0,66 0,37 - 1,15
Filhos
Não 26/112 23,7 16,5 - 32,9 86/112 76,3 67,1 - 83,5 0,145 1,00 -
Sim 57/112 33,3 26,1 - 41,4 115/112 66,7 58,6 - 73,9
1,60 0,90 - 2,83
No de filhos
1 26/73 36,8 25,8 - 49,4 47/73 63,2 50,6 - 74,2 0,640 1,43 0,66 - 3,10
2 19/65 28,9 18,5 - 42,2 46/65 71,1 57,8 - 81,5
1,00 -
>= 3 12/34 35,0 20,2 - 53,2 22/34 65,0 46,8 - 79,8
1,32 0,50 - 3,45
No de pessoas que residem na casa além da ASP
71
1 28/85 32,6 23,1 - 43,9 57/85 67,4 56,1 - 76,9 0,243 1,81 0,82 - 4,00
2 a 3 44/139 33,0 25,0 - 42,1 95/139 67,0 57,9 – 75,0 1,84 0,88 - 3,85
4 ou mais 14/66 21,1 12,5 - 33,3 52/66 78,9 66,7 - 87,5 1,00 -
É a principal fonte de renda da família
Não 33/163 20,0 14,3 - 27,4 130/163 80,0 72,6 - 85,7 <0,001 1,00 -
Sim 53/127 43,0 34,1 - 52,5 74/127 57,0 47,5 - 65,9 3,01 1,72 - 5,28
Renda mensal da ASP
1 a 3 salários mínimos 14/60 25,0 15,1 - 38,5 46/60 75,0 61,5 - 84,9 0,429 1,00 -
Mais de 3 a 5 salários mínimos 39/131 29,4 21,9 - 38,3 92/131 70,6 61,7 - 78,1 1,24 0,59 - 2,63
Mais de 5 salários mínimos 34/99 35,3 25,6 - 46,4 65/99 64,7 53,6 - 74,4 1,63 0,75 - 3,56
Renda mensal da família
1 a 3 salários mínimos 6/34 19,3 8,6 - 37,8 28/34 80,7 62,2 - 91,4 0,614 1,00 -
Mais de 3 a 5 salários mínimos 20/69 28,4 18,6 - 40,7 49/69 71,6 59,3 - 81,4 1,65 0,55 - 4,89
Mais de 5 a 10 salários mínimos 38/121 32,5 24,1 - 42,3 83/121 67,5 57,7 - 75,9 2,01 0,72 - 5,58
Mais de 10 salários mínimos 18/58 30,4 19,3 - 44,3 40/58 69,6 55,7 - 80,7 1,81 0,59 - 5,53
CARCATERÍSTICAS LABORAIS
Regime de trabalho
Concurso público 35/101 33,5 24,4 - 43,9 66/101 66,5 56,1 - 75,6 0,291 1,00 -
Contrato 28/110 26,4 18,5 - 36,1 82/110 73,6 63,9 - 81,5 0,71 0,37 - 1,34
Idade que ingressou no presidio
≤ 25 anos 29/81 36,4 25,9 - 48,4 52/81 63,6 51,6 - 74,1 1,51 0,64 - 3,55
25 --| 35 anos 47/160 28,9 22,0 - 36,9 113/160 71,1 63,1 – 78,0 1,07 0,48 - 2,36
> 35 anos 11/49 27,4 15,8 - 43,1 38/49 72,6 56,9 - 84,2 0,485 1,00 -
Tempo (anos) que trabalha como agente
5 anos ou menos 33/134 26,5 19,3 - 35,3 101/134 73,5 64,7 - 80,7 0,398 1,00 -
6 a 10 anos 34/92 35,7 26,0 - 46,7 58/92 64,3 53,3 – 74,0 1,53 0,82 - 2,85
Mais de 10 anos 20/64 32,3 20,9 - 46,2 44/64 67,7 53,8 - 79,1 1,32 0,64 - 2,71
Trabalhou em outro estabelecimento prisional
Sim 69/213 33,3 26,8 - 40,6 144/213 66,7 59,4 - 73,2 0,116 1,00 -
72
Não 18/78 23,2 14,9 - 34,3 60/78 76,8 65,7 - 85,1 0,60 0,32 - 1,13
No de estabelecimentos prisionais que já trabalhou
0 18/78 23,2 14,9 - 34,3 60/78 76,8 65,7 - 85,1 0,318 1,00 -
1 estabelecimento prisional 53/291 33,2 25,8 - 41,4 108/291 66,8 58,6 - 74,2 1,64 0,85 - 3,15
2 ou mais estabelecimentos prisionais 16/52 33,8 21,0 - 49,5 36/52 66,2 50,5 – 79,0 1,68 0,71 - 3,97
Tipos de estabelecimentos prisionais que já trabalhou
Presídios ou casas de privação provisória
Não 61/192 31,5 25,0 - 38,8 131/192 68,5 61,2 – 75,0 0,698 1,00 -
Sim 26/99 29,0 20,0 - 40,1 73/99 71,0 59,9 – 80,0 0,89 0,49 - 1,60
Penitenciária
Não 40/156 26,6 19,9 - 34,7 116/156 73,4 65,3 - 80,1 0,149 1,00 -
Sim 47/135 35,1 26,8 - 44,4 88/135 64,9 55,6 - 73,2 1,49 0,86 - 2,57
Considera seu trabalho na prisão estressante
Não 8/48 14,7 7,3 - 27,6 40/48 85,3 72,4 - 92,7 0,008 1,00 -
Sim 79/241 34,2 28,0 - 40,9 162/241 65,8 59,1 – 72,0
3,00 1,30 - 6,92
COMPONENTE PSICOSSOCIAL
Classificação do consumo de álcool (AUDIT)
Baixo risco ou abstinência (0-7) 78/258 31,2 25,4 - 37,6 180/258 68,8 62,4 - 74,6 0,107 1,00 -
Consumo de risco ou alto risco (>=8) 3/22 13,8 4,2 - 36,8 19/22 86,2 63,2 - 95,8 0,35 0,09 - 1,32
Você fuma ou fumou cigarros
Não 62/232 28,1 22,2 - 34,8 170/232 71,9 65,2 - 77,8 0,042 1,000 -
Sim 25/58 42,9 30,2 - 56,6 33/58 57,1 43,4 - 69,8 1,926 1,017 - 3,645
Você usa ou usou algum tipo de droga ilícita
Não 86/288 30,5 25,1 - 36,6 199/274 72,0 65,9 - 77,4 - - -
Sim 1/3 41,3 5,5 - 89,4 5/15 25,6 10,2 - 51,1 - - -
Usa algum tipo de calmante atualmente
Não 46/213 21,6 16,3 - 28,2 196/269 72,2 66,1 - 77,6 <0,001 1,000 -
Sim 41/78 54,5 42,5 - 66 8/20 36,0 17,7 - 59,6 4,343 2,375 - 7,942
Usa benzodiazepínicos atualmente
73
Não 77/280 28,1 22,8 - 34,1 203/279 72,2 66,1 - 77,5 - - -
Sim 8/9 92,1 58,9 - 99 1/10 7,0 0,9 - 37,7 - -
VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA ASP ANTES DE
TRABALHAR NO SISTEMA PRISIONAL
A ASP sofreu violência antes de ingressar no sistema
penitenciário
Não 20/120 16,7 10,7 - 24,9 100/120 83,3 75,1 - 89,3 <0,001 1,000 -
Sim 67/171 39,9 32,3 - 48,1 104/171 60,1 51,9 - 67,7 3,324 1,812 - 6,098
A ASP foi roubada antes de ingressar no sistema
penitenciário
Não 48/205 23,5 17,9 - 30,2 157/205 76,5 69,8 - 82,1 <0,001 1,000 -
Sim 39/86 46,2 35,1 - 57,6 47/86 53,8 42,4 - 64,9 2,796 1,576 - 4,96
A ASP sofreu algum dano moral antes de ingressar no
sistema penitenciário
Não 59/241 25,1 19,7 - 31,4 182/241 74,9 68,6 - 80,3 <0,001 1,000 -
Sim 26/48 54,4 38,9 - 69,2 22/48 45,6 30,8 - 61,1 3,561 1,761 - 7,198
A ASP sofreu alguma violência psicológica antes de ingressar
no sistema penitenciário
Não 56/230 24,9 19,4 - 31,3 174/230 75,1 68,7 - 80,6 <0,001 1,000 -
Sim 31/60 51,7 38,3 - 64,9 29/60 48,3 35,1 - 61,7 3,230 1,722 - 6,062
A ASP sofreu alguma violência sexual antes de ingressar no
sistema penitenciário
Não 69/259 26,6 21,2 - 32,9 190/259 73,4 67,1 - 78,8 <0,001 1,000 -
Sim 18/29 65,3 45,6 - 80,8 11/29 34,7 19,2 - 54,4 5,173 2,191 - 12,216
A ASP sofreu alguma violência física grave antes de ingressar
no sistema penitenciário
Não 75/268 28,6 23,2 - 34,6 193/268 71,4 65,4 - 76,8 0,022 1,000 -
Sim 11/21 53,7 31,8 - 74,3 10/21 46,3 25,7 - 68,2 2,901 1,131 - 7,439
Considera que ficou com algum comprometimento na saúde
física ou mental por conta das violências ou agressões que
ocorreram antes do ingresso no sistema prisional
Não 67/261 26,3 21,0 - 32,3 194/261 73,7 67,7 – 79,0 <0,001 1,000 -
Sim 19/27 73,0 53,0 - 86,7 8/27 27,0 13,3 – 47,0 7,597 3,061 - 18,851
74
Considera que esses problemas aconteceram por falta de
condições para acessar algum tratamento de saúde
Não 69/258 27,1 21,7 - 33,2 189/258 72,9 66,8 - 78,3 <0,001 1,000 -
Sim 15/23 68,2 46,3 - 84,2 8/23 31,8 15,8 - 53,7 5,777 2,241 - 14,893
AUTORRELATO E/OU CONHECIMENTO DE
VIOLÊNCIA COM COLEGAS DE TRABALHO
Autorrelato ou conhecimento de violência na prisão com
colega
Nunca soube 15/81 19,6 11,8 - 30,9 66/81 80,4 69,1 - 88,2 0,025 1,000 -
Soube 71/207 34,6 27,9 – 42,0 136/207 65,4 58,0 - 72,1
2,166 1,093 - 4,291
Sofreu violência na prisão em que trabalha
Não 45/186 25,4 19,4 - 32,6 141/186 74,6 67,4 - 80,6 0,028 1,000 -
Sim 38/94 39,1 29,0 - 50,2 56/94 60,9 49,8 – 71,0
1,879 1,069 - 3,305
Sofreu violência psicológica na prisão
Não 53/215 25,6 19,8 - 32,3 162/215 74,4 67,7 - 80,2 0,004 1,000 -
Sim 30/63 46,6 33,5 - 60,2 33/63 53,4 39,8 - 66,5
2,544 1,344 - 4,816
Autorrelato ou conhecimento de violência sexual com colega
de trabalho na prisão
Não 68/251 27,9 22,4 - 34,2 183/251 72,1 65,8 - 77,6 0,034 1,000 -
Sim 13/26 49,2 29,7 - 68,9 13/26 50,8 31,1 - 70,3
2,494 1,05 - 5,925
Autorrelato ou conhecimento de violência física com colega de
trabalho na prisão
Não 29/146 19,9 13,9 - 27,8 117/146 80,1 72,2 - 86,1 0,001 1,000 -
Sim 53/134 40,5 31,8 - 49,8 81/134 59,5 50,2 - 68,2
2,739 1,536 - 4,884
Conhecimento de violência física leve com colega de trabalho
na prisão
Não 37/169 22,6 16,5 - 30,2 132/169 77,4 69,8 - 83,5 0,005 1,000 -
Sim 44/110 39,9 30,5 - 50,2 66/110 60,1 49,8 - 69,5
2,273 1,284 - 4,026
CUIDADOS COM A SAÚDE
Considera o seu estado de saúde como
Muito bom 14/90 15,2 8,9 - 24,9 76/90 84,8 75,1 - 91,1 <0,001 1,000 -
75
Bom 49/146 34,5 26,8 - 43,2 97/146 65,5 56,8 - 73,2 2,937 1,432 - 6,024
Regular/Ruim 24/53 48,8 34,8 – 63,0 29/53 51,2 37,0 - 65,2 5,308 2,308 - 12,206
Possui plano de saúde
Não 17/51 32,3 20,2 - 47,4 34/51 67,7 52,6 - 79,8 0,799 1,000 -
Sim 70/239 30,3 24,4 – 37,0 169/239 69,7 63,0 - 75,6 0,913 0,453 - 1,839
AUTORRELATO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO
TRANSMISSÍVEIS
Hipertensão
Não 66/245 27,6 22,0 - 34,1 179/245 72,4 65,9 – 78,0 0,043 1,000 -
Sim 19/42 44,3 29,2 - 60,6 23/42 55,7 39,4 - 70,8 2,089 1,014 - 4,304
Hipercolesterolemia
Não 62/244 25,8 20,4 – 32,0 182/244 74,2 68,0 - 79,6 0,008 1,000 -
Sim 14/32 49,6 31,8 - 67,5 18/32 50,4 32,5 - 68,2 2,833 1,278 - 6,281 1
: valores observados ; 2: valores ponderados
76
DISCUSSÃO
Nossos achados evidenciaram que parcela significativa das ASP apresentam transtornos
mentais comuns. Dentre os fatores associados, destacaram-se: considerar o seu trabalho na prisão
estressante, sofrer violência durante o trabalho no sistema prisional e fazer uso de algum
medicamento calmante.
O nervosismo (53,7%), a dificuldade para dormir (41,2%) e a presença frequente de
dores de cabeça (37,6%) como os distúrbios psicossomáticos mais prevalentes referidos pelas ASP.
Resultados semelhantes foram encontrados no Irã, indicando que os ASP enfrentaram muitos
problemas de natureza psíquica advindos da exposição ao ambiente de trabalho estressante. Em
decorrência, frequentemente desenvolveram problemas emocionais, distúrbios comportamentais,
ansiedade e distúrbios do sono10
.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 19 a 30% da população geral
consideram o seu trabalho estressante36
. Entre os ASP, esse percentual eleva-se para 37%3. No
âmbito da nossa pesquisa, mais de 2/3 das entrevistadas consideraram o seu trabalho de risco e
estressante. Alguns fatores contribuem para tornar o trabalho no ambiente prisional particularmente
estressante. Dentre eles, destacam-se o constante estado de atenção, o regime de trabalho por turnos
e o baixo efetivo de profissionais em relação à população carcerária10
.
A proporção média de ASP para presos na França e Alemanha é de 1:3. Na Inglaterra e
no Japão é de 1:3,3 e 1:4, respectivamente. Até mesmo na China, que possui a segunda maior
população carcerária feminina do mundo, essa proporção é de aproximadamente 1:5,537,22
. No
Brasil, o déficit de ASP para a população carcerária é expressivo. Levantamento recente demonstra
que no país há em média uma proporção de 1 agente para cada 8 pessoas presas. Alguns estados
como Pernambuco possuem 1 ASP para 31,2 presas22
. Importante salientar que de acordo com a
legislação vigente no país, a proporção máxima desejada é de 1 agente para cada 5 presas38
.
Outro fator contributivo para o aumento do estresse no ambiente prisional relaciona-se à
perspectiva de gênero. Pesquisa demonstrou que ASP do sexo feminino sofrem mais estresse no
ambiente prisional quando comparadas com os homens. Isso pode estar relacionado à busca por
espaços em uma profissão historicamente dominada pelo sexo masculino11
. Além disso, somam-se
as diversas demandas advindas do contexto social e familiar para as mulheres. Nesta pesquisa,
quase metade das entrevistadas são a principal fonte de renda da família e 60% possuem filhos.
Esse achado reforça as múltiplas jornadas de trabalho que as mulheres assumem atualmente,
trazendo como consequência uma sobrecarga física e emocional. Isto pode ser evidenciado no
77
nosso estudo, onde pouco mais de 1/3 das ASP que são a principal fonte de renda da família
apresentam TMC.
As ASP que consideraram seu trabalho na prisão estressante, possuem ainda maiores
chances de desenvolver TMC. Estudo aponta para uma forte associação entre as condições laborais
desses profissionais e o surgimento de sofrimento psíquico. Também sugere o aumento de
problemas somáticos, tais como dores de cabeça, de estômago e dores nas costas5, igualmente
identificados em nosso estudo.
A presença de TMC parece estar relacionada também às formas de violências sofridas
por ASP antes do ingresso no ambiente prisional. Nossos achados mostram que as entrevistadas que
passaram por experiências de roubo e de violências física, psicológica e sexual, antes de trabalhar
no presídio, apresentam maiores chances de desenvolver TMC. Esses eventos mostram como a
exposição à violência pode trazer consequências psicológicas em longo prazo, devendo ser
analisada de forma ampliada.
Dentro do ambiente prisional, o elevado nível de estresse contribui para a
susceptibilidade das detentas e ASP às práticas de violência e agressões. Nesta pesquisa, mais de
1/3 das ASP que afirmaram ter sofrido algum tipo de violência no trabalho desenvolveram TMC.
Agentes penitenciários e outros profissionais de segurança estão mais expostos à
violência durante o exercício das suas funções do que outras categorias profissionais. Estudo
realizado em 2010 com 1.529 policiais na Finlândia demonstrou que 23% consideraram-se
frequentemente expostos à violência39
. No Brasil, pesquisa realizada com delegados de polícia na
região nordeste evidenciou que nos 12 meses anteriores à data da realização da pesquisa, 28% da
população entrevistada afirmou ter sofrido agressões por detentos40
.
A regularidade com que os ASP estão expostos a insultos, agressões, ameaças e
violência no trabalho repercute em sobrecargas físicas e psicológicas. Vários estudos relataram uma
prevalência mais elevada de sintomas depressivos em agentes penitenciários cronicamente expostos
à violência35,37,40,41
. Isso contribui ainda para o aumento das taxas de morbidade e mortalidade entre
esses profissionais.
A violência ocorrida durante o trabalho no sistema prisional engloba diversas
manifestações, que acabam por interferir no desempenho profissional e na qualidade de vida das
agentes de segurança. A chance de desenvolver TMC está associada também ao conhecimento de
episódios de violências sofridas pelas colegas no trabalho. As ASP que relataram sofrer ou ter
78
conhecimento de violências com colegas de trabalho possuem mais chances (OR = 2,116 (95%IC:
1,093 - 4,291)) de desenvolver TMC.
O medo de presenciar incidentes violentos envolvendo colegas de trabalho foi associado
a uma constante fonte de estresse para os ASP. Além disso, identificou-se um prejuízo no
desempenho das suas atividades, sobretudo nos aspectos relacionais junto aos detentos, interferindo
no seu papel de ressocializar esses sujeitos na sociedade42
.
O autorrelato e/ou conhecimento da violência sexual (49,2%), violência psicológica
(46,6%) e violência física (40,5%) com colegas no ambiente de trabalho, apresentou associação
estatisticamente significativa à presença de TMC. As agressões verbais, ameaças, insultos e
tentativas de chantagens também estiveram associados a sintomas depressivos em outras pesquisas3.
A exposição constante dos ASP ao estresse no ambiente prisional contribui ainda para o
desenvolvimento de algumas doenças crônicas. Dentre elas, a literatura evidencia uma maior
prevalência de doenças coronarianas, hipertensão arterial e diabetes em ASP quando comparados
com diversas outras ocupações15
.
No âmbito da nossa pesquisa, as ASP que se autodeclararam hipertensas apresentaram
maiores chances (OR = 2,089 (95%IC: 1,014 - 4,304)) de desenvolver TMC. Esses resultados
corroboram com os encontrados em estudo realizado com ASP na China, onde identificou
associação entre doenças crônicas com sintomas depressivos37
.
O ambiente estressante no sistema prisional favorece o uso de medicamentos calmantes
entre os ASP. Nossa pesquisa evidenciou que mais da metade das entrevistadas que referiram uso
dessas substâncias apresentou TMC.
O uso de medicamentos calmantes entre ASP do sexo feminino também foi identificado
em estudo realizado no Canadá. Os dados demonstraram que as mulheres apresentaram uma maior
prevalência no consumo desses medicamentos (18,7%), quando comparadas com os homens
(11,8%)43
.
O autorrelato sobre o estado atual de saúde apresentou associação estatisticamente
significativa com sofrimento psicológico. Em nosso estudo, as ASP que consideraram sua saúde
como regular ou ruim possuem maiores chances de desenvolverem TMC. Esses resultados
corroboram com estudos realizados em ASP no Canadá, onde apontou que os profissionais mais
expostos ao estresse no trabalho relataram mais problemas de saúde44
.
79
CONCLUSÃO
A prevalência de TMC entre ASP no Brasil é superior a 30%. Dentre os principais
fatores associados, destacaram-se considerar o seu trabalho na prisão como estressante, sofrer
violência antes do ingresso no sistema prisional e durante o exercício do trabalho, além do uso de
medicamentos calmantes.
O conjunto dos fatores estressores presentes no ambiente de trabalho prisional repercute
em implicações negativas para a saúde física e mental das ASP. Além disso, contribui para a perda
da eficiência no desempenho das suas funções, o aumento do absenteísmo e um número maior de
afastamentos por conta das doenças relacionadas ao trabalho, sobretudo os transtornos mentais
comuns.
A exposição frequente à violência no ambiente prisional proporciona um aumento dos
níveis de estresse entre as ASP. Além disso, o estado constante de alerta, a superlotação das
unidades penitenciárias e o baixo efetivo de profissionais fomenta o desenvolvimento de problemas
emocionais e de distúrbios comportamentais. Todo esse contexto favorece o aumento no consumo
de medicamentos calmantes por parte das ASP.
A exposição constante ao estresse no ambiente prisional pode acarretar ainda o
surgimento de doenças crônicas. Dentre elas, destacam-se as coronarianas, hipertensão arterial e
diabetes.
Nesse contexto, as políticas públicas voltadas para a Saúde do Trabalhador precisam
estar atentas às complexidades e vulnerabilidades inerentes a categoria profissional dos ASP. O
desenvolvimento de ações intersetoriais envolvendo Ministério da Saúde, da Justiça e entidades
representativas de classe tornam-se fundamentais para a qualificação das intervenções junto a essas
profissionais, atuando de forma resolutiva e sistemática.
80
REFERENCIAS
1. International Labour Organization. Encyclopaedia of Occupational Health and Safety. 4 ed.
Genebra: International Labour Organization; 2012.
2. Summerlin Z, Oehme K, Stern N, Valentine C. Disparate levels of stress in police and
correctional officers: preliminary evidence from a pilot study on domestic violence. Journal of
Human Behavior in the Social Environment. 2010; 20(6):762-77.
3. Tsirigotis K, Gruszczynski W, Peczkowski S. Anxiety and styles of coping with occupational
stress resulting from work with 'dangerous' prisoners in prison service officers. Acta
neuropsychiatrica. 2015; 27(05):297-306.
4. Finney C, Stergiopoulos E, Hensel J, Bonato S, Dewa C. Organizational stressors associated with
job stress and burnout in correctional officers: a systematic review. BMC Public Health. 2013;
13(1):1.
5. Bierie D. The impact of prison conditions on staff well-being. International journal of offender
therapy and comparative criminology. 2010; 03(66)33-53.
6. Lindquist CA, Whitehead JT. Burnout, job stress and job satisfaction among southern
correctional officers: Perceptions and causal factors. Journal of Offender Counseling Services
Rehabilitation. 1996; 10(4):5-26.
7. Brough P, Williams J. Managing Occupational Stress in a high-risk industry: measuring the job
demands of correctional officers. Criminal Justice and Behavior. 2007; 34(4):555-67.
8. Moon B, Maxwell S. The sources and consequences of corrections officers' stress: A South
Korean example. Journal of Criminal Justice. 2004; 32(4):359-70.
9. Morgan R, Van Haveren R, Pearson C. Correctional officer burnout further analyses. Criminal
Justice and Behavior. 2002; 29(2):144-60.
10. Akbari J, Akbari R, Farasati F, Mahaki B. Job stress among Iranian prison employees. The
International Journal of Occupational and Environmental Medicine. 2014; 5(4 October):403-208.
11. Castle T, Martin J. Occupational hazard: predictors of stress among jail correctional officers.
American Journal of Criminal Justice. 2006; 31(1):65-80.
12. Fernandes RCP, Silvany Neto AM, Sena GM, Leal AS, Carneiro CAP, Costa FPM. Trabalho e
cárcere: um estudo com agentes penitenciários da Região Metropolitana de Salvador, Brasil.
Cadernos de Saúde Pública. 2002; 18(3):807-16.
13. Lourenço LC. Batendo a tranca: impactos do encarceramento em agentes penitenciários da
região metropolitana de Belo Horizonte. Dilemas, Rev de Estudos, Conflitos e Controle Social.
2010; 3(10)11-31.
14. Seligmann-Silva E. Psicopatologia e Saúde Mental no Trabalho. In: MENDES R, editor.
Patologia do Trabalho. 3a ed. São Paulo: Editora Atheneu; 2013. p.1053-96.
15. Ghaddar A, Mateo I, Sanchez P. Occupational stress and mental health among correctional
officers: a cross-sectional study. Journal of Occupational Health. 2008; 50(1):92-8.
81
16. Ghaddar A, Ronda E, Nolasco A, lvares N, Mateo I. Exposure to psychosocial risks at work in
prisons: does contact with inmates matter? A pilot study among prison workers in Spain. Stress and
Health. 2011; 27(2):170-6.
17. Griffin M, Hogan N, Lambert E, Tucker-Gail K, Baker D. Job involvement, job stress, job
satisfaction, and organizational commitment and the burnout of correctional staff. Criminal Justice
and Behavior. 2009; 20(10):1-17.
18. Tschiedel RM. O trabalho prisional e suas implicações na saúde mental dos agentes de
segurança penitenciária. [Dissertação]. São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos;
2012.
19. Alves V. Condições de trabalho de funcionários penitenciários de Avaré-SP e ocorrência de
transtornos mentais comuns. [Dissertação]. São Paulo: Universidade Estadual Paulista (UNESP);
2009.
20. Santos DC, Silva DJ, Pereira MBM, Moreira TA, barros DM, Pádua SA. Prevalência de
transtornos mentais comuns em agentes penitenciários. Revista Bras Med Trab. 2010; 8(1).
21. Triplett R, Mullings J, Scarborough K. Examining the effect of work-home conflict on work-
related stress among correctional officers. Journal of Criminal Justice. 1999; 27(4):371-85.
22. Brasil. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Brasília: Departamento
Penitenciário Nacional; 2014.
23. Brasil. Lei No 7.210, de 11 de Julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos. 1984; 11 Jul.
24. Simões AM, Bastos FI. Audio Computer-Assisted Interview: uma nova tecnologia em avaliação
de comportamento de risco em doenças sexualmente transmissíveis, HIV e uso de drogas. Cad.
Saúde Pública. 2004; 20(5):1169-81.
25. Coelho FMC, Pinheiro RT, Horta BL, Magalhães PVS, Garcias CMM, Silva CV. Common
mental disorders and chronic non-communicable diseases in adults: a population-based study. Cad.
Saúde Pública. 2009; 25(1):59-67.
26. Santos KOB, Araújo TM, Pinho PS, Silva ACC. Avaliação de um instrumento de mensuração
de morbidade psíquica: estudo de validação do self-reporting questionnaire (SRQ-20). Revista
Baiana de Saúde Pública. 2011; 34(3):544-60.
27. Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial da Saúde: saúde mental, novas concepções,
nova esperança. Lisboa: Organização Mundial da Saúde; 2002.
28. Tavares JP. Distúrbios psíquicos menores em enfermeiros docentes. [Tese]. Santa Maria:
Universidade Federal de Santa Maria; 2010.
29. Martins RA, Manzatto AJ, Cruz LN, Poiate SMG, Carin ACCF. Utilização do Alcohol Use
Disorders Identification Test (AUDIT) para identificação do consumo de álcool entre estudantes do
ensino médio. International Journal of Psycology. 2008; 42(2):307-16.
82
30. Moretti-Pires RO, Corradi-Webster CM. Adaptação e validação do Alcohol Use Disorders
Identification Test (AUDIT) para a população ribeirinha do interior da Amazônia, Brasil. Cad.
Saúde Pública. 2011; 27(3):497-509.
31. World Health Organization. Directrices macro para afrontar la violencia laboral em el setor de
la salud. Genevre: World Health Organization; 2002.
32. Brasil. Lei 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher. Presidência da República. Brasília. Disponível em:<
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm >. Acesso em: 19 Jul.
2016.
33. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. CENSO demográfico 2014. Rio de
Janeiro: Estudos & Pesquisas; 2015.
34. Ministério da Justiça. Estabelecimentos Prisionais. Portal do Ministério da Justiça do Brasil;
2015. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?View=%7BD574E9CE-3C7D-437A-
A5B6- 22166AD2E896%7D&BrowserType=NN&LangID=ptbr&
params=itemID%3D%7BAB2EF2D9-2895-476E-8516-
E63C78FC7C4C%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-
A26F70F4CB26%7D>. Acesso em: 09 Jul. 2015.
35. Ministério da Saúde. VIGITEL BRASIL: vigilância dos fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Brasília: Ministério da
Saúde; 2015.
36. World Health Organization. Global strategy on occupational health for all. 1 ed. Geneva:
World Health Organization; 1995.
37. Sui GY, Hu S, Sun W, Wang Y, Liu L, Yang XS, et al. Prevalence and associated factors of
depressive symptoms among Chinese male correctional officers. International Archives of
Occupational and Environmental Health. 2014; 87(4):387-95.
38. Brasil. RESOLUÇÃO No 01, de 09 de Março de 2009. Resolve determinar ao Departamento
Penitenciário Nacional que exija a proporção mínima de 5 pessoas por agente penitenciário.
Presidência da República. Diário Oficial da União; 2009.
39. Leino T, Selin R, Summala H, Virtanen M. Violence and psychological distress among police
officers and security guards. Occupational Medicine. 2011; 61:400-06.
40. Oliveira GM, Araújo TM, Carvalho FM. Insegurança e violência no trabalho dos delegados de
polícia civil de salvador, Brasil. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde. 2015; 3(1).
41. Lee SG, Kim D. Workplace violence and depressive symptomatology among police officer.
Occup Environ Med. 2014; 71(Suppl 1):A1-A132.
42. Hao J, Wang J, Liu L, Wu W, Wu H. Perceived Organizational Support Impacts on the
Associations of Work-Family Conflict or Family-Work Conflict with Depressive Symptoms among
Chinese Doctors. International Journal of Environmental Research and Public Health 2016;
13(3):326.
83
43. Lavigne É, Bourbonnais R. Psychosocial work environment, interpersonal violence at work and
psychotropic drug use among correctional officers. International Journal of Law and Psychiatry.
2010; 33(2):122-9.
44. Bourbonnais R, Malefant R, Vézina M, Jauvin N, Brisson I. Work characteristics and health of
correctional officers. Rev. Epidemiol Sante Publique. 2005; 53(2):127-142.
84
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À VIOLÊNCIA NO TRABALHO DAS
AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO BRASIL
RESUMO
A violência no trabalho é um grave problema de saúde pública. Dentre as categorias profissionais
mais acometidas, destacam-se os Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). Objetiva estimar a
prevalência e fatores associados à violência no trabalho das ASP no Brasil. Estudo seccional,
analítico, de abrangência nacional, realizado em 15 unidades prisionais femininas, nas cinco regiões
do Brasil. A população foi composta por ASP do sexo feminino. A amostra foi estipulada em 40%
das ASP presentes nas unidades prisionais no momento da coleta. Realizou-se o teste de qui-
quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalo de Confiança foram estimados para os fatores que
apresentaram associação significativa. A análise multivariada foi realizada através do modelo de
Regressão Logística, com nível de significância de 5%. A prevalência de pelo menos um episódio
de violência nas ASP foi de 28,4% (IC95%: 23,1 - 34,2). Na análise multivariada, os fatores que se
associaram à violência nas ASP foram: escolaridade (OR = 1,8 : IC95% 1,01 - 3,4), trabalhar em
outro estabelecimento prisional (OR = 4,5 : IC95% 2,1 - 9,9) e renda mensal (OR = 3,1 : IC95% 1,2
- 7,6). O tempo de trabalho como ASP apresentou indicativo de risco para a faixa de 6 a 10 anos
(OR = 2 : IC95% 1,06 - 3,9) de experiência profissional. Violências e agressões acometem grande
parcela das ASP no Brasil. Faz-se necessária a adoção de medidas intersetoriais, capazes de intervir
no ambiente de trabalho, de forma a torna-lo mais seguro e menos violento.
Palavras-Chave: Violência Laboral; Agente de Segurança Penitenciário; Agressão; Segurança
Pública; Estresse Ocupacional.
85
INTRODUÇÃO
A violência é considerada um dos grandes problemas sociais e de saúde na atualidade.
De acordo com o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, registram-se anualmente mais de 1,3
milhões de mortes no mundo em consequência da violência, em todas as suas formas de
manifestações1.
A violência no ambiente de trabalho também é considerada um importante problema de
saúde pública. Para o Joint Programme on Workplace Violence, a violência no trabalho é definida
como qualquer incidente onde trabalhadores são abusados, ameaçados ou agredidos em
circunstâncias relacionadas ao ofício que desempenham. Esses incidentes podem assumir a forma
de abusos ou agressões de natureza física ou psicológica, desencadeados tanto por colegas de
profissão, como por empregadores, clientes, pacientes ou acompanhantes2.
A violência no trabalho é um fenômeno comum, porém, muitas vezes não notificado em
diversos países. Apesar disto, o Crime Survey for England and Wales estimou que, durante os anos
de 2011 e 2012, cerda de 1,4% dos trabalhadores adultos foram vítimas de um ou mais incidentes
de violência no trabalho. Outros 0,7% informaram que foram agredidos fisicamente enquanto
estavam trabalhando e 0,8% foram ameaçados. Isso representa cerca de 312.000 vítimas de
violência, 159.000 agressões e 169.000 ameaças nesse período3.
O registro de casos de violência no trabalho é mais frequente em algumas ocupações,
tais como profissionais de Saúde, Educação e Agentes de Segurança Penitenciária (ASP). As
particularidades inerentes ao processo de trabalho dessas categorias profissionais contribuem para
que os trabalhadores estejam mais expostos a esses eventos4.
No caso dos ASP, o contato direto com a população privada de liberdade, a superlotação
e o baixo efetivo de profissionais em relação à população encarcerada figuram entre as principais
causas para o uso da força e a ocorrência de agressões e ameaças no ambiente prisional4. Somam-se
ainda, a diversidade de funções exercidas pelos ASP no âmbito do sistema penitenciário, tais como
ressocializar, vigiar e punir os indivíduos em privação de liberdade5.
Os ASP utilizam-se, muitas vezes, de práticas disciplinares humilhantes e agressivas. A
punição sobre as populações encarceradas torna-se um instrumento de coerção, empregada como
um dispositivo para o disciplinamento dos detentos. Desse modo, não raro constatam-se condutas
abusivas que retratam um cotidiano marcado pela opressão e violência no sistema prisional6.
86 A literatura evidencia que a violência física e psicológica em diferentes intensidades são
fatores que interferem no trabalho e na integridade física dos ASP. Pesquisa realizada entre ASP
norte-americanos durante os anos de 1999 a 2008 registrou a ocorrência de 125.200 agressões não
fatais, o que corresponde a uma prevalência de 3,0% ao ano. No mesmo período, 113 casos de
lesões fatais decorrentes de agressões graves e severas foram registradas, representando uma taxa de
mortalidade de 2,7% ao ano7.
O National Institute for Occupational Safety and Health nos Estados Unidos,
demonstrou que somente no ano de 2011 foram registrados 544 lesões ou doenças relacionadas ao
trabalho por 10.000 ASP, graves o suficiente para perderem pelo menos um dia de trabalho. Esses
dados são quatro vezes maiores do que os encontrados para as demais categorias profissionais (117
casos por 10.000 trabalhadores). Também em 2011, registrou a ocorrência de 254 acidentes de
trabalho por 10.000 ASP decorrentes de agressões ou atos violentos praticados por detentos. Esse
número é consideravelmente mais elevado quando comparado ao restante da população
trabalhadora norte-americana (7 por 10.000)8.
Somente no ano de 2013, o French National Observatory of Crime notificou 12.879
casos de violência física contra ASP. Isso corresponde a uma prevalência anual de 9%, pouco mais
de 4 vezes superior ao estimado para a população trabalhadora francesa em geral (1,7%)9. No
Canadá, foram identificadas associações positivas entre a tensão no trabalho, o baixo suporte social
dos colegas/supervisores e o assédio moral no trabalho10
. ASP italianos apresentaram exaustão
emocional relacionada à exposição a situações estressantes como censuras injustas, trabalho extra e
exposição a insultos/ameaças dos detentos11
.
Violências, agressões e ameaças são consideradas como um dos principais fatores de
risco para o desenvolvimento de problemas de saúde entre ASP. Além disso, estudo evidencia que o
trabalho desses profissionais é extremamente estressante, podendo trazer consequências graves para
a sua integridade física e psicológica, tais como ansiedade, estresse, sensação de desamparo e
ideação suicida12
.
No Brasil, ainda persistem grandes lacunas relacionadas a pesquisas envolvendo
violência no ambiente de trabalho dos ASP. Esses estudos tornam-se ainda mais escassos quando se
trata de ASP do sexo feminino. O presente manuscrito objetiva estimar a prevalência de violência
no trabalho e seus fatores associados em Agentes de Segurança Penitenciária do sexo feminino no
Brasil.
87
MATERIAIS E MÉTODOS
Tipo e local de estudo
Foi realizado um estudo seccional, analítico, de abrangência nacional, parte do projeto
intitulado “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras
prisionais”. Foi desenvolvido em 15 unidades prisionais femininas, nos estados do Pará e Rondônia
(Região Norte), Ceará (Região Nordeste), Distrito Federal e Mato Grosso (Região Centro-Oeste),
São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul (Região Sul) entre janeiro de 2014 a
dezembro de 2015.
População de estudo e amostra
A população consistiu em ASP do sexo feminino, vinculadas formalmente ao sistema
penitenciário brasileiro, atuando em contato direto com mulheres privadas de liberdade e que
aceitaram participar do estudo. Devido à ausência de informações oficiais sobre a população de
estudo no Brasil à época da realização da pesquisa, a amostra levou em consideração a população
carcerária feminina, sendo realizada em múltiplos estágios.
Inicialmente foram selecionados, intencionalmente, dois estados por região político-
administrativa brasileira que tinham as maiores populações carcerárias femininas13
. A seguir, os
presídios foram estratificados de acordo com o número de presidiárias e localização (capital, região
metropolitana ou interior). Foram incluídos no plano amostral apenas os presídios com mais de 75
detentas, devido à obrigatoriedade de possuírem serviços de saúde 14
.
A amostra foi estipulada em 40% das ASP presentes no momento de coleta. Em
unidades prisionais onde o quantitativo de ASP era igual ou inferior à 33, todas as agentes foram
incluídas. Foram excluídas do cálculo amostral as ASP em férias, licença ou recém-ingressas
(menos de 30 dias).
A seleção das participantes foi realizada por meio de gerador de números aleatórios
Intemodino Group. A identificação foi feita através de listagem nominal fornecida em cada unidade
prisional.
88
Instrumentos e variáveis coletadas
Os dados foram coletados através de questionário autoaplicado, utilizando tecnologia de
Audio Computer-Assisted Self-Interviewing – ACASI. A opção pelo ACASI decorre da sua
aplicabilidade em pesquisas onde existe a necessidade de se abordar informações sensíveis, de
cunho pessoal, ou mesmo relacionadas à comportamentos de risco para a saúde15
.
O Self-Reporting Questionnaire-20 (SRQ-20) foi utilizado para mensurar os níveis de
suspeição para transtornos mentais comuns. O instrumento é composto por 20 questões, sendo as 4
primeiras relacionadas à sintomas físicos e outras 16 sobre sintomas psicoemocionais16, 17
.
A aplicação do SRQ-20 permite a detecção precoce de sinais e sintomas de
comprometimento da saúde mental, que incluem fadiga, insônia, irritabilidade, além de aspectos
subclínicos. É altamente recomendado para estudos de bases populacionais, especialmente em
grupos de trabalhadores, tendo em vista a associação dos sinais e sintomas com a diminuição das
funções laborais e sociais16,17
.
Por se tratar de um instrumento de rastreamento, a determinação do ponto de corte para
a detecção dos casos é fundamental para a garantia da sensibilidade e especificidade. Nesse estudo,
adotou-se o escore mínimo de 7 respostas afirmativas do SRQ-20 para as ASP, em conformidade
com as orientações estabelecidas para mulheres18-20
.
O Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) foi utilizado para a identificação
dos diferentes padrões de consumo de álcool entre ASP. O AUDIT é composto por 10 itens e avalia
tanto o uso recente, como problemas relacionados ao consumo de álcool, além de sintomas de
dependência21
. Dentre as potencialidades do instrumento, destaca-se a facilidade e rapidez na
aplicação, além da possibilidade de fornecer orientações focadas no padrão de consumo do sujeito
avaliado22
.
A classificação do consumo de álcool entre as ASP foi estratificada em duas categorias,
de baixo risco e de risco ou alto risco, respectivamente. O consumo de baixo risco refere-se às ASP
que obtiveram de 0 a 7 pontos. O consumo de risco ou alto risco refere-se às que obtiveram escores
acima de 8 pontos após a aplicação do instrumento.
As definições de violência física, psicológica, sexual e moral utilizadas nessa pesquisa
estão em conformidade com os conceitos adotados pela Organização Mundial da Saúde e da
legislação vigente no Brasil23,24
. As definições de violência física grave relacionam-se aos episódios
envolvendo espancamento, queimaduras ou tentativas de enforcamento. As violências físicas
89
severas relacionam-se a episódios com objetos que causaram ferimentos ou lesões corporais, tais
como armas de fogo, agressões com facas ou instrumentos perfurocortantes. As agressões ou
violências sofridas antes do ingresso no sistema prisional obedeceram às mesmas definições
supracitadas.
A frequência das violências ou agressões sofridas pelas ASP nas unidades prisionais em
que trabalha ou trabalhou foi dividida em duas categorias: autorrelato (sofrida pela própria ASP) ou
conhecida (teve conhecimento de algum caso de violência sofrida por colega de trabalho). A
violência sofrida por ASP antes do ingresso no sistema prisional foi autor referida.
Aspectos socioeconômicos como idade (categorizadas em menos de 30, 31-35, 36-39,
40-49 e 50 anos ou mais), grau de instrução e número de filhos foram investigados. A raça (parda,
negra, branca e amarela) foi autorreferida, obedecendo aos critérios estabelecidos no Brasil. A renda
mensal foi medida em salários mínimos e contabilizada em moeda local25
.
No componente trabalho, foi perguntada a idade de ingresso no sistema prisional, tempo
de trabalho como agente (5 anos ou menos, 6 a 10 anos, mais de 10 anos) e ocupações anteriores ao
ingresso no sistema prisional. A definição sobre os tipos de estabelecimentos prisionais em que a
ASP já trabalhou como cadeia pública, presídios, casas de privação provisória, penitenciária,
colônia agrícola, casas de albergado e hospitais de custódia obedeceram as definições do Ministério
da Justiça do Brasil26
.
O consumo de calmantes refere-se aos medicamentos ansiolíticos adquiridos sem a
necessidade de receituário médico no Brasil. Os benzodiazepínicos foram Rohypnol®, Valium® ou
Dormonid®, cuja aquisição depende de receituário médico. Foram incluídas ainda perguntas sobre
o consumo de cigarros (atual ou pregresso), bebidas alcoólicas (sim ou não) e consumo de drogas
ilícitas atualmente (maconha, crack, merla).
Análise dos dados
Os dados foram analisados utilizando os softwares SPSS®
versão 20.0 e Stata® versão
13. Foi realizado o teste de qui-quadrado de Pearson. O Odds Ratio e Intervalos de Confiança foram
estimados para os fatores que apresentaram associação significativa ou mostraram-se como fatores
de confundimento.
A análise multivariada foi realizada através do modelo de Regressão Logística. Foram
90
verificados os fatores que, no contexto multidimensional, aumentaram a probabilidade da ASP
sofrer violência no ambiente de trabalho. Aqueles que demonstraram significância em até 20%
foram levados ao modelo logístico.
As estimativas pontuais e intervalares, bem como as análises de associação bivariada e
multivariada foram realizadas utilizando o módulo de amostragem complexa com a ponderação
obtida pelo inverso do produto das probabilidades de escolha das ASP por estágio de amostragem.
O nível de significância utilizado para os testes estatísticos foi 5%. As frequências absolutas e
relativas foram apresentadas, respectivamente, por meio das frequências não ponderadas e
ponderadas.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do
Ceará/PROPESQ, mediante protocolo 188.211. Por se tratar de pesquisas envolvendo seres
humanos, todas as participantes leram e concordaram com o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
RESULTADOS
A população total nas unidades prisionais durante a coleta foi de 810 ASP, sendo
estimada uma amostra de 324 pessoas. Destas, ocorreram 4,6 % de perdas na seleção inicial devido
à escolta externa e acompanhamento das detentas aos serviços de saúde. Ao final, foram abordadas
371 ASP, tendo ocorrido 20,5% de desistência e/ou recusa, perfazendo uma amostra final de 295
participantes. Foram incluídas ASP de todos os turnos e equipes de trabalho.
Neste estudo, a média de idade das ASP foi de 38,14 (±8,5) anos e 73,4% (95%IC: 68,0
- 78,1) encontram-se na faixa etária de 31 a 50 anos. Aproximadamente 44% se auto declararam
como negras e 37,7% como brancas. Quanto ao nível de escolaridade, 64,3% (95%IC: 58,6 - 69,6)
frequentam a universidade, já completaram o ensino superior ou pós-graduação. Cerca de 2/3 são
casadas ou vivem em união estável. Metade das ASP moram com mais 2 ou 3 pessoas, 81,6%
possuem renda mensal variando de 3 a mais de 5 salários mínimos e 44,9% são a principal fonte de
renda da família (TABELA 1).
A média de idade para o ingresso das ASP no sistema prisional foi de 29,9 (±6,73) anos,
sendo a maior frequência distribuída na faixa etária entre 25 a 35 anos. O tempo médio de trabalho
como agente foi de 8,11 (±6,6) anos, sendo que 22,6% (95%IC: 18,3 - 27,4) trabalhavam há mais de
10 anos. (TABELA 1).
91 Sobre ocupações pregressas, 91,5% (95%IC: 87,8 - 94,3) referiram trabalhar em outros
estabelecimentos antes de ingressarem no sistema prisional. A maioria dessas, nunca desempenhou
funções relacionadas à atividade de segurança nacional/particular. No que diz respeito a ocupação
como ASP, 73% já trabalhou em mais de um estabelecimento prisional (TABELA 1).
Com relação aos conhecimentos adquiridos para o exercício profissional, 94,7%
(95%IC: 91,3 - 96,8) afirmaram ser suficientes na área de segurança, 55,9% (95%IC: 49,8 - 61,8)
sobre drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.) e 54,5% (95%IC: 48,5 - 60,3) sobre drogas lícitas
(álcool e tabaco). A quase totalidade das agentes (80,9%) considera seu trabalho como de risco e
estressante (TABELA 1).
No que tange aos componentes psicossociais, 30,6% (95%IC: 25,2 - 36,6) das ASP
obtiveram níveis compatíveis para transtornos mentais comuns. O consumo atual de calmantes que
não necessitam de receituário médico foi relatado por pouco mais de 22% das entrevistadas. Já em
relação aos benzodiazepínicos, apenas 3% das ASP referiram seu uso.
Sobre o consumo de cigarros, 81,8% (95%IC: 77 - 85,8) das entrevistadas declararam já
ter fumado alguma vez na vida. Contudo, apenas 12% ainda permanecem com hábitos tabagistas
atualmente.
Cerca de 32,3% (95%IC: 26,9 - 38,3) das ASP afirmaram consumir bebidas alcoólicas.
Destas, pouco mais de 91% apresentam consumo de baixo risco ou abstinência e 8,5% em consumo
de risco ou alto risco.
A quase totalidade (99,4%) das ASP declarou não fazer uso de nenhum tipo de drogas
ilícitas atualmente. Esse expressivo percentual pode ser explicado em parte, por se tratar de uma
questão delicada, sobretudo no âmbito do sistema prisional. Dessa forma, o autorrelato pode sofrer
viés de resposta por parte das ASP.
Tabela 1 - Perfil socioeconômico, laboral, psicossocial e de violência sofrida antes do ingresso no sistema
prisional das Agentes de Segurança Penitenciária. n
1 %
2 95%IC
2
Idade (anos)
Media (±dp) 295 38,14 (±8,52)
< 30 51/295 15,3 11,8 ; 19,8
31 |-- 36 87/295 30,0 24,8 ; 35,7
36 |-- 40 63/295 22,4 17,8 ; 27,8
40 |-- 50 59/295 21,0 16,4 ; 26,6
92
≥ 50 35/295 11,3 8,1 ; 15,6
Raça
Parda 41/293 14,8 11,0 - 19,6
Negra 130/293 44,1 38,4 - 50,0
Branca 111/293 37,7 32,5 - 43,1
Amarela 11/293 3,4 1,9 - 6,2
Grau de Instrução
Ensino Fundamental ou Médio 109/295 35,7 30,4 - 41,4
Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 186/295 64,3 58,6 - 69,6
Situação Conjugal Atual
Solteira ou sem parceiro estável 96/294 32,7 27,2 - 38,7
União estável e/ou casada 198/294 67,3 61,3 - 72,8
Filhos 173/289 60,3 54,1 - 66,2
Numero médio (±dp) de filhos 172 1,87 (±1,27)
Idade media (±dp) do filho mais novo 167 11,78 (±7,98)
Idade media (±dp) do filho mais velho 97 20,14 (±8,78)
No de pessoas que residem na casa além da ASP
1 86/294 28,9 23,9 - 34,5
2 a 3 142/294 50,5 44,5 - 56,4
4 ou mais 66/294 20,6 16,4 - 25,7
Renda mensal da ASP em Salários Mínimos
1 a 3 62/294 18,4 14,9 - 22,5
Mais de 3 a 5 132/294 47,1 42,4 - 51,9
Mais de 5 100/294 34,5 30,6 - 38,7
ASP é principal fonte de renda da família 129/294 44,9 39,0- 51,0
COMPONENTE VIOLÊNCIA E/OU AGRESSÃO SOFRIDA
ANTES DO INGRESSO NO SISTEMA PRISIONAL
Sofreu violência antes do trabalho na prisão
Não 120/291 40,1 34,4 - 46
Sim 171/291 59,9 54 - 65,6
No de violências antes do trabalho na prisão
1 80/171 44,9 37,4 - 52,5
2 51/171 30,5 23,5 - 38,4
>=3 40/171 24,7 18,3 - 32,5
Tipos e responsáveis pela prática de violências/agressões sofridas
antes de trabalhar na prisão
Roubo 86/291 31,4 25,9 - 37,4
Quem roubou fazia parte da família 15/79 17,3 10,5 - 27,2
Dano moral 48/289 16,9 12,9 - 21,9
Quem ofendeu moralmente fazia parte da família 17/44 36,8 22,6 - 53,7
Violência psicológica 60/290 21,9 17,2 - 27,4
Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família 30/54 55,2 40,6 - 69
Violência sexual 29/288 11,1 7,8 - 15,5
Quem violou sexualmente fazia parte da família 18/28 67,2 47,6 - 82,2
Violência física leve 74/290 25,8 20,8 - 31,5
Quem agrediu fazia parte da família 53/68 81,1 70 - 88,8
Violência física grave 21/289 7,9 5 - 12,3
Quem agrediu fazia parte da família 17/21 84,5 63,8 - 94,4
Violência física severa 11/289 3,9 2 - 7,4
93
Quem agrediu fazia parte da família
7/9 77,3 34,7 - 95,1
COMPONENTE TRABALHO
Idade que ingressou no presidio
Média (±dp) 294 29,9 (±6,73)
=< 25 anos 83/294 28,8 23,5 - 34,6
25 --| 35 anos 161/294 53,7 47,5 - 59,8
> 35 anos 50/294 17,5 13,4 - 22,6
Tempo (anos) que trabalha como agente
Média (±dp) 294 8,11 (±6,61)
5 anos ou menos 138/294 45,8 40,2 - 51,5
6 a 10 anos 92/294 31,6 26,6 - 37,1
Mais de 10 anos 64/294 22,6 18,3 - 27,4
Ocupação anterior ao ingresso no Sistema Prisional
Não 26/289 8,5 5,7 - 12,2
Sim 263/289 91,5 87,8 - 94,3
Militar, guarda, segurança, vigilante 17/289 6,0 3,7 - 9,6
Não relacionada à atividade de segurança 246/289 85,5 80,8 - 89,3
Trabalhou em outro estabelecimento prisional 216/295 73,0 68,0 - 77,5
Quantos outros estabelecimentos penais trabalhou
0 79/295 27,0 22,5 - 32
1 162/295 53,8 48,3 - 59,3
2 ou mais 54/295 19,2 15,3 - 23,8
Tipos de estabelecimentos penais que já trabalhou
Cadeia pública 14/295 4,8 2,8 - 8,2
Presídios ou casas de privação provisória 100/295 35,3 30,8 - 40,2
Penitenciária 137/295 47,0 41,6 - 52,5
Colônia agrícola 10/295 2,7 1,4 - 5,2
Casas de albergado ou albergue 13/295 4,7 2,7 - 8,2
Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico 13/295 4,1 2,2 - 7,4
Outro(a) local 7/295 2,5 1,1 - 5,2
Considera seu trabalho na prisão
Apenas estressante 5/291 1,4 0,6 - 3,3
Apenas de risco 50/291 17,9 13,5 – 23,0
Risco e estressante 236/291 80,9 75,5 - 85,3
Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional nas áreas de
Segurança 262/278 94,7 91,3 - 96,8
Saúde mental 100/278 36,3 30,6 - 42,3
Saúde reprodutiva 57/278 21,1 16,5 - 26,5
Drogas lícitas (álcool e tabaco) 152/278 54,5 48,5 - 60,3
Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.) 154/278 55,9 49,8 - 61,8
COMPONENTE PSICOSSOCIAL
94
Escore SRQ-20
<7 204/291 69,4 63,4 - 74,8
>=7 87/291 30,6 25,2 - 36,6
Consumo de Calmantes Atualmente
Não 213/291 72,7 67 - 77,7
Sim 78/291 27,3 22,3 - 33
Consumo de Benzodiazepínicos Atualmente
Não 280/289 97 94,1 - 98,5
Sim 9/289 3 1,5 - 5,9
Consumo de Cigarros
Fuma ou já fumou cigarros?
Não 232/290 81,8 77 - 85,8
Sim 58/290 18,2 14,2 - 23
Sim, atualmente 39/290 12,0 8,7 - 16,2
Sim, mas parei 19/290 6,2 4,0 - 9,6
Consumo de Bebidas Alcoólicas
Não 193/285 67,7 61,7 - 73,1
Sim 92/285 32,3 26,9 - 38,3
Classificação do Consumo - AUDIT
Baixo risco ou abstinência (0 - 7) 258/280 91,5 87,1 - 94,5
Consumo de risco ou alto risco 22/280 8,5 5,5 - 12,9
Consumo de Drogas Ilícitas Atualmente
Não 288/291 99,4 97,9 - 99,8
Sim 3/291 0,6 0,2 - 2,1
1: valores observados;
2: valores ponderados
Mais da metade das entrevistadas referiram ter sofrido algum episódio de violência
antes do ingresso no sistema prisional. Quanto ao número de violências, pouco mais de 55% das
entrevistadas referiram ter sido vítimas de dois ou mais episódios (TABELA 1).
Dentre os tipos, o roubo (31,4% (95%IC: 25,9 - 37,4)), a violência física leve (25,8%
(95%IC: 20,8 - 31,5)), a violência psicológica (21,9% (95%IC: 17,2 - 27,4)) e os danos morais
(16,9% (95%IC: 12,9 - 21,9)) foram os mais frequentes, respectivamente (TABELA 1).
Chama a atenção o alto percentual de pessoas que fazem parte da família, apontadas
como responsáveis por praticarem violência ou agressão nas ASP. Mais de 80% das violências
físicas leves e 77,3% das violências físicas severas tiveram como perpetradores, pessoas da própria
família. Cerca de 55,2% dos responsáveis por praticarem violência psicológica e 36,8% dos danos
morais também foram atribuídos à pessoas da própria família das ASP (TABELA 1).
Os eventos envolvendo violência contra as ASP merecem destaque. Apenas 3,7% das
95
ASP declararam não saber e/ou não querer responder se já sofreram algum episódio de violência no
ambiente de trabalho. Esse percentual foi ainda menor (1,4%) quando se tratou do conhecimento em
relação à violência sofrida por colegas de profissão (TABELA 2).
Cerca de 68,4% (95%IC: 62,5 - 73,8) das ASP declararam ter conhecimento de eventos
envolvendo violência com colegas de trabalho na prisão. Já para os eventos de violência auto
relatados, o percentual foi de 33,7% (95%IC: 28,2 - 39,4) (TABELA 2).
Quando estratificadas por tipo, o conhecimento sobre violências sofridas por colegas de
trabalho permanece com uma maior frequência do que entre as relatadas pelas próprias
entrevistadas, distribuídas respectivamente da seguinte maneira: violência física 42,5% (95%IC:
36,8 - 48,4) e 4,1% (95%IC: 2,3 - 7,0); psicológica 42,2% (95%IC: 36,2 - 48,4) e 22,8% (95%IC:
18,1 - 28,4); roubo 38,4% (95%IC: 32,7 - 44,4) e 11,6% (95%IC: 8,1 - 16,3); violência moral
30,9% (95%IC: 25,7 - 36,6) e 11,1% (95%IC: 7,7 - 15,7). Além disso, o conhecimento sobre pelo
menos 3 ou mais formas de violências sofridas pelas colegas de trabalho foi de 35,8% e de 5,3%
(95%IC: 3,1 - 8,9%) com a própria ASP (TABELA 2).
Tabela 2 - Violências sofridas por ASP e/ou colegas de profissão na Unidade Prisional que trabalha
atualmente ou em outra unidade que trabalhou
VIOLÊNCIA SOFRIDA COLEGA ASP
n/N1 %
2 95%IC
2 n/N
1 %
2 95%IC
2
Teve conhecimento de violência na prisão 197/291 68,4 62,5-73,7 93/291 33,7 28,2 - 39,4
Nº de violências sofridas ou conhecidas
0 94/291 31,6% 26,3 ; 37,5 190/284 66,3% 60,5 - 71,7
1 - 2 94/291 32,5% 27,0 ; 38,5 81/284 28,4% 23,1 -34,3
>= 3 103/291 35,8% 30,4 ; 41,7 13/284 5,3% 3,1 - 8,9
Tipo de violência que teve conhecimento
Roubo 109/292 38,4 32,7 - 44,4 31/292 11,6 8,1 - 16,3
Violência moral a 87/287 30,9 25,7 - 36,6 30/287 11,1 7,7 - 15,7
Violência psicológicab 119/282 42,2 36,2 - 48,4 63/282 22,8 18,1 - 28,4
Assédio sexual c 24/281 8,7 5,7 – 13,0 9/281 3,1 1,5 - 6,3
Violência física 116/282 42,5 36,8 - 48,4 13/278 4,1 2,3 - 7,0
Violência física leved 106/283 38,9 33,4 - 44,8 12/283 3,7 2,1 - 6,6
Violência física grave e/ou severa 90/285 31,7 26,6 – 37,3 2/282 0,7 0,2 -3,1
Violência física gravee 61/282 22,1 17,5 - 27,3 1/282 0,5 0,1 - 3,3
Violência física severaf 58/285 20,0 15,6 - 25,1 1/282 0,3 0,0 - 1,9
Objeto usado na violência física severa
Faca ou objeto perfurante 31/285 9,4 6,6 - 13,2 1/282 0,3 0,0 - 1,9
Revolver ou outra arma de fogo 12/285 5,0 2,8 - 8,9 0/282 0,0 -
Outros objetos que causam ferimento 7/285 2,4 1,1 - 5,4 0/282 0,0 -
96
Faca ou objeto perfurante e revolver 3/285 1,2 0,4 – 4,0 0/282 0,0 -
Faca ou objeto perfurante e outro 5/285 1,9 0,8 - 4,6 0/282 0,0 - 1
: valores observados ; 2: valores ponderados
a: acusada injustamente de ter cometido algum delito ou ter sido acusada de atitudes que consideram vergonhosas
b: ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou ridicularizada
c: tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que considera sexual
d: tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito
e: esbofeteada, espancada, queimada ou tentativa de enforcamento
f: ferida de propósito com faca, outro objeto perfurocortante, revólver ou outra arma de fogo, além de outros objetos
que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.).
Para todos os tipos de violência sofridas, as detentas e as próprias ASP aparecem como
as principais suspeitas de execução. Contudo, a natureza das agressões difere para ambas. Conforme
observa-se na Tabela 3, as detentas foram as mais citadas como suspeitas de praticarem violência
física grave e severa 93,1% (95%IC: 80,3 - 97,8), violência física leve 89,4% (95%IC : 79,6 - 94,8)
e violência psicológica 52,4% (95%IC: 43,0 - 61,5) (TABELA 3).
As ASP, por seu turno, foram apontadas como as principais suspeitas de praticarem
roubos (74,6% (95%IC: 62,3 - 84,0%)), violência moral (68,1% (95%IC: 55,9 - 78,3%)) e assedio
sexual (66,8% (95%IC: 43,1 - 84,3%)) entre as próprias colegas de trabalho. Os policiais e/ou
outros funcionários do presídio também foram significativamente citados como suspeitos de
cometer violência moral, 23,5% (95%IC: 14,7 - 35,3%) e violência psicológica, 22,6% (95%IC:
15,3 - 32,0%) (TABELA 4).
Tabela 3 – Formas e pessoas suspeitas de praticarem violência na unidade prisional em que a ASP trabalha
n/N
1 %
2 95%IC
2
Pessoas suspeitas de cometer roubo
Presidiárias/ Detentas. 24/73 32,9 22,6 – 45,0
ASP 55/73 74,6 62,3 – 84,0
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 6/73 7,8 3,5 – 16,6
Visitante 4/73 6,4 2,4 – 16,0
Outro(a) 5/73 8,8 3,4 - 20,6
Frequência de roubo
Raramente 65/90 72,0 60,7 – 81,0
Às vezes 21/90 23,7 15,3 - 34,8
Frequentemente 4/90 4,3 1,6 - 11,5
Pessoas suspeitas de cometer violência moral
Presidiárias/ Detentas. 30/81 38,8 27,9 - 50,9
ASP 55/81 68,1 55,9 - 78,3
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 18/81 23,5 14,7 - 35,5
Visitante 8/81 9,9 4,8 - 19,2
97
Outro(a) 2/81 1,3 0,3 - 5,7
Frequência de violência moral
Raramente 43/85 51,3 40,0 - 62,4
Às vezes 22/85 28,0 18,5 - 39,8
Frequentemente 20/85 20,8 13,7 - 30,2
Pessoas suspeitas de cometer violência psicológica
Presidiárias/ Detentas. 61/116 52,4 43,0 - 61,5
ASP 49/116 39,8 30,7 - 49,7
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 24/116 22,6 15,3 - 32,0
Visitante 13/116 11,6 6,8 - 19,2
Outro(a) 6/116 4,6 1,9 - 10,7
Frequência de violência psicológica
Raramente 39/119 34,2 26,1 - 43,3
Às vezes 37/119 30,7 22,8 - 39,9
Frequentemente 43/119 35,2 26,8 - 44,5
Pessoas suspeitas de cometer assédio sexual
Presidiárias/ Detentas. 9/21 37,4 19,2 - 60,1
ASP 14/21 66,8 43,1 - 84,3
Policiais e ou outros funcionários da prisão 0/21 0,0 -
Visitante 6/21 33,2 15,7 - 56,9
Outro(a) 1/21 4,8 0,7 - 27,5
Frequência de assédio sexual
Raramente 14/22 68,7 46,4 - 84,8
Às vezes 6/22 20,9 9,1 - 41,3
Frequentemente 2/22 10,4 2,4 - 35,4
Pessoas suspeitas de cometer violência física leve
Presidiárias/ Detentas. 85/93 89,4 79,6 - 94,8
ASP 8/93 9,6 4,7 - 18,9
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 0/93 0,0 -
Visitante 2/93 2,5 0,6 – 10,0
Outro(a) 0/93 0,0 -
Frequência da violência física leve
Raramente 56/91 62,2 51,2 - 72,1
Às vezes 24/91 26,8 18,2 - 37,5
Frequentemente 11/91 11,0 6.0 - 19,4
Pessoas suspeitas de cometer violência física grave
Presidiárias/ Detentas. 44/47 93,1 80,3 - 97,8
ASP 3/47 6,9 2,2 - 19,7
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 0/47 0,0 -
Visitante 0/47 0,0 -
Outro(a) 1/47 1,2 0,2 - 8,2
98
Frequência da violência física grave
Raramente 29/47 64,6 49,4 - 77,4
Às vezes 12/47 24,4 13,9 - 39,3
Frequentemente 6/47 11,0 4,8 - 23,2
Faca ou objeto perfurante 1/285 0,3 0,0 - 1,9
Pessoas suspeitas de cometer violência física severa
Presidiárias/ Detentas. 39/42 93,1 80,3 - 97,8
ASP 2/42 3,9 1,0 - 14,3
Policiais e/ou outros funcionários da prisão 1/42 2,0 0,3 - 12,9
Visitante 1/42 1,5 0,2 – 10,0
Outro(a) 2/42 8,8 2,2 - 29,4
Frequência da violência física severa
Raramente 32/42 74,6 58,3 - 86,1
Às vezes 8/42 17,8 8,6 - 33,3
Frequentemente 3/42 7,6 2,3 - 22,5
1: valores observados ;
2: valores ponderados
A Tabela 4 refere-se à análise de associação entre os fatores socioeconômicos,
psicossociais, violência sofrida antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a
violência auto referida pelas ASP no sistema prisional. As ASP que afirmaram ser a principal fonte
de renda da família têm mais chances de sofrerem violência quando comparadas àquelas que não
são (OR = 1,9 (95%IC: 1,1 - 3,3)). Aspectos relacionados à idade, raça, grau de instrução, situação
conjugal e renda mensal não apresentaram associações estatisticamente significativas (TABELA 4).
A idade de ingresso das ASP no sistema prisional demonstrou associação
estatisticamente significativa para a ocorrência de violência no trabalho. As ASP que ingressaram
na faixa etária de 25 a 35 anos possuem as maiores chances (OR = 4,0 (95%IC: 1,6 - 10,8)) de
sofrerem violência no ambiente de trabalho, seguidas das que ingressaram no sistema prisional com
menos de 25 anos (OR = 3,6 ( 95%IC: 1,3 - 9,7)) (TABELA 4).
As ASP que já trabalharam em outro estabelecimento prisional tiveram mais chances de
sofrer violência quando comparadas às que nunca trabalharam em outo estabelecimento prisional
(OR = 4 (95%IC: 1,9 - 8,3)). Quando considerados os números de estabelecimentos prisionais em
que trabalharam, a chance de sofrer violência foi maior para o grupo das ASP que trabalhou em
dois ou mais presídios (OR = 7,2 (95%IC: 3 - 16,9)). A chance de sofrer violência no ambiente de
trabalho aumenta para as mulheres que trabalharam em casas de privação provisória (OR = 1,8
(95%IC: 1,07 - 3,03) e penitenciárias (OR = 2,1 (95%IC: 1,2 - 3,6)) (TABELA 4).
99 As ASP que obtiveram níveis compatíveis com transtornos mentais comuns possuem
mais chances de sofrer violência no ambiente prisional (OR = 1,8 (95%IC: 1,06 - 3,3)). O consumo
de cigarros e de álcool entre as ASP não apresentou associação estatisticamente significativa com
violência no trabalho (TABELA 4).
Contudo, o uso atual de calmantes que não necessitam de prescrição médica apresentou
forte associação com os episódios envolvendo violência no trabalho (OR = 4,3 (95%IC: 2,3 - 7,7)).
Já para os benzodiazepínicos, não foram identificadas associações (TABELA 4).
As ASP que sofreram algum tipo de agressão ou violência antes do ingresso no sistema
prisional obtiveram maiores chances (OR = 4,1 (95%IC: 2,3 - 7,5)) de serem vítimas de violência
no ambiente de trabalho. Dentre os tipos que obtiveram associações estatisticamente significativas
encontram-se o roubo (OR = 2,4 (95%IC: 1,4 - 4,4)), a agressão psicológica (OR = 3 (95%IC: 1,6 -
5,7)) e agressão física leve (OR = 2,6 (95%IC: 1,4 - 4,4)) (TABELA 4).
As demais formas de violência como assédio moral, assédio sexual e agressões físicas
graves não obtiveram associações significativas. Os suspeitos de praticarem os atos violentos ou de
agressões também não obtiveram associação com o desfecho de interesse (TABELA 4).
100
Tabela 4 – Análise de associação entre os fatores socioeconômicos, psicossociais, de violência antes do ingresso no sistema penitenciário e de trabalho com a
violência auto referida pelas ASP no sistema prisional.
VIOLENCIA COM A ASP
n/N1 %
2 95%CI
2 p-value OR 95%CI
Idade (anos)
21 --| 30 anos 12/51 27,2 15,8 - 42,5 0,094 1,48 0,52 - 4,20
30 --| 50 anos 73/200 37,2 30,7 - 44,2 2,35 1,00 - 5,49
≥ 50 anos 9/33 20,1 10,2 - 36,0 1,00 -
Raça
Negra 15/38 34,5 20,8 - 51,3 0,439 1,27 0,56 - 2,85
Parda 36/125 29,3 21,5 - 38,6 1,00 -
Branca 39/109 37,8 28,9 - 47,6 1,47 0,80 - 2,67
Grau de instrução
Ensino fundamental ou médio 38/105 39,2 29,7 - 49,5 0,172 1,46 0,85 - 2,52
Ensino superior incompleto/ completo ou pós 56/179 30,6 24,1 – 38,0 1,00 -
Situação conjugal atual
Solteira ou sem parceiro estável 30/92 32,0 22,7 - 42,9 0,684 1,13 0,63 - 2,02
União estável e/ou casada 64/191 34,7 27,9 - 42,1 1,00 -
Possui filhos
Sim 56/167 34,1 26,9 - 42,1 0,875 1,04 0,60 - 1,81
Não 36/112 33,1 24,7 - 42,7 1,00 -
Sem a ASP, quantas pessoas moram na casa
0 a 1 31/81 39,3 28,6 - 51,1 0,467 1,47 0,70 - 3,09
2 a 3 43/139 31,5 24,1 - 39,9 1,05 0,53 - 2,06
4 ou mais 19/63 30,5 20,0 - 43,7 1,00 -
Renda mensal
101
Mais de 1 a 3 salários mínimos 14/56 24,3 14,5 - 37,8 0,121 1,00 -
Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390) 40/132 32,2 24,4 - 41,2 1,48 0,70 - 3,13
Mais de 5 salários mínimos 40/95 40,8 31,8 - 50,6 2,15 1,00 - 4,55
Você é a principal fonte de renda de sua família
Sim 50/123 41,7 32,8 - 51,1 0,018 1,95 1,12 - 3,39
Não 43/160 26,8 20,2 - 34,7 1,00 -
Idade que ingressou no presidio
≤ 25 anos 27/82 36,7 26,3 - 48,5 3,66 1,38 - 9,75
25 --| 35 anos 60/152 39,1 31,3 - 47,5 4,06 1,6 - 10,28
> 35 anos 7/49 13,7 6,3 - 27,1 0,008 1,00 -
Tempo (anos) que trabalha como agente
5 anos ou menos 35/134 27,5 20,2 - 36,2 0,114 1,00 -
6 a 10 anos 36/88 39,6 29,3 - 50,8 1,73 0,95 - 3,16
Mais de 10 anos 23/61 38,8 28,6 - 50,1 1,68 0,90 - 3,11
Teve outra ocupação antes de trabalhar no SP
Sim 85/253 34,2 28,5 - 40,3 0,840 1,10 0,43 - 2,83
Não 8/25 32,0 16,0 - 53,8 1,00 -
Teve outra ocupação antes de trabalhar no SP
Não 8/25 32,0 16,0 - 53,8 0,918 1,11 0,26 - 4,74
Sim, militar, guarda, segurança, vigilante, etc 5/16 29,8 12,0 - 57,1 1,00 -
Sim, não relacionada segurança nacional/ particular 80/237 34,5 28,6 - 40,9 1,24 0,38 - 4,01
Trabalhou em outro estabelecimento prisional
Sim 83/207 40,8 34,1 - 47,8 < 0,001 4,04 1,95 - 8,37
Não 11/77 14,6 8,0 - 24,9 1,00 -
Quantos outros estabelecimentos penais trabalhou
0 11/77 14,6 8,0 - 24,9 < 0,001 1,00 -
1 55/154 35,5 27,8 – 44,0 3,23 1,51 - 6,90
102
2 ou mais 28/53 55,2 42,2 - 67,4 7,22 3,08 - 16,92
Estabelecimentos penais que já trabalhou
Cadeia pública
Sim 6/13 45,0 20,4 - 72,3 0,403 1,65 0,50 - 5,42
Não 88/271 33,2 27,7 - 39,1 1,00 -
Presídios ou Casas de privação provisória
Sim 38/96 42,3 32,9 - 52,3 0,026 1,80 1,07 - 3,03
Não 56/188 28,9 22,6 - 36,2 1,00 -
Penitenciária
Sim 54/133 42,6 34,5 - 51,2 0,004 2,16 1,28 - 3,63
Não 40/151 25,6 19,0 - 33,6 1,00 -
Colônia agrícola
Sim 3/9 21,3 5,8 - 54,5 - - -
Não 91/275 34,0 28,5 – 40,0
Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
Sim 7/13 56,1 27,6 - 81,2 0,129 2,64 0,74 - 9,35
Não 87/271 32,7 27,1 - 38,8 1,00 -
Casas de albergado ou Albergue
Sim 6/12 43,1 18,5 - 71,6 0,511 1,52 0,43 - 5,35
Não 88/272 33,2 27,6 - 39,4 1,00 -
Considera trabalho na prisão um trabalho de risco
Sim 92/275 34,0 28,6 – 40,0 - - -
Não 2/4 42,8 9,2 - 84,7
Considera trabalho na prisão um trabalho estressante
Sim 82/230 36,0 29,9 - 42,7 0,146 1,82 0,81 - 4,09
Não 11/48 23,7 12,9 - 39,4 1,00 -
Considera ter conhecimentos suficientes para pratica profissional nas
103
seguintes áreas
Segurança
Sim 84/252 33,9 28,2 - 40,1 0,999 1,01 0,31 - 3,26
Não 5/16 33,8 14,0 - 61,6 1,00 -
Saúde mental
Sim 34/95 37,8 28,3 - 48,3 0,356 1,30 0,74 - 2,3
Não 55/173 31,8 24,9 - 39,6 1,00 -
Drogas lícitas (álcool e tabaco)
Sim 57/147 38,8 30,8 - 47,3 0,098 1,62 0,91 - 2,87
Não 32/121 28,1 20,3 - 37,5 1,00 -
Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.)
Sim 59/149 39,6 31,6 - 48,1 0,048 1,79 1,00 - 3,21
Não 30/119 26,7 19,0 - 36,2 1,00 -
Escore SRQ-20
<7 56/197 29,7 23,5 - 36,7 1,00 -
>=7 38/83 44,2 33,5 - 55,5 0,028 1,879 1,069 - 3,305
Fuma ou fumou cigarros
Sim 20/54 34,2 22,5 - 48,2 0,999 1,000 0,524 - 1,906
Não 74/225 34,2 28,2 - 40,8 1,000 -
Consome bebidas alcoólicas
Sim 37/88 41,4 31,3 - 52,4 0,065 1,708 0,966 - 3,023
Não 53/186 29,3 22,9 - 36,7 1,000 -
Escore AUDIT
Consumo de risco ou alto risco 8/20 45,4 24,8 - 67,7 0,227 1,791 0,687 - 4,668
Baixo risco ou abstinência 80/251 31,7 26,2 - 37,7 1,000 -
Utiliza algum tipo de calmante atualmente
Sim 43/75 58,7 47,1 - 69,4 <0,001 4,304 2,382 - 7,779
104
Não 51/205 24,8 19 - 31,7 1,000 -
Utiliza algum benzodiazepínico atualmente
Sim 7/9 64,7 27,8 - 89,7 - - -
Não 85/269 32,5 27 - 38,4 - - -
Utiliza drogas ilícitas atualmente
Sim 8/12 56,1 26,7 - 81,8 0,125 2,646 0,730 - 9,586
Não 84/266 32,6 27,1 - 38,6 1,000 -
Sofreu violência antes do trabalho no sistema prisional
Sim 73/166 45,5 37,9 - 53,2 <0,001 4,168 2,315 - 7,505
Não 21/114 16,7 10,8 - 24,8 1,000 -
No de violências antes do trabalho no sistema prisional
1 27/79 33,9 23,7 - 45,9 0,039 1,000 -
2 27/49 55,9 41,1 - 69,7 - 2,474 1,124 - 5,448
>=3 19/38 54,2 38,1 - 69,5 - 2,309 1,004 - 5,311
Tipos de violência antes do trabalho no sistema prisional
Roubo
Sim 37/82 48,6 37,5 - 59,7 0,002 2,491 1,406 - 4,415
Não 57/198 27,5 21,5 -34,4 1,000 -
Quem roubou fazia parte da família
Sim 3/14 22,5 7,2 - 52,1 0,067 0,281 0,068 - 1,164
Não 30/63 50,9 38,1 - 63,6 1,000 -
Agressão moral
Sim 18/47 43,7 30,4 - 57,9 0,139 1,640 0,847 - 3,175
Não 76/233 32,1 26,1 - 38,8 1,000 -
Quem agrediu moralmente fazia parte da família
Sim 9/17 59,2 34,3 - 80,1 0,112 3,145 0,747 - 13,236
Não 7/26 31,5 16,3 - 52,2 1,000 -
105
Agressão psicológica
Sim 32/59 54,2 41,2 - 66,6 <0,001 3,053 1,635 - 5,703
Não 61/220 27,9 22,0 - 34,7 1,000 -
Quem ofendeu psicologicamente fazia parte da família
Sim 15/29 47,2 29,3 - 65,9 0,217 0,472 0,142 - 1,569
Não 15/24 65,5 44,2 - 82,0 1,000 -
Agressão sexual
Sim 14/29 49,9 31,5 - 68,3 0,065 2,140 0,940 - 4,872
Não 79/249 31,8 26,2 - 37,8 1,000 -
Quem agrediu sexualmente fazia parte da família
Sim 9/18 50,7 27,7 - 73,5 0,619 1,523 0,287 - 8,096
Não 4/10 40,3 15,0 - 72,1 1,000 -
Agressão física leve
Sim 35/70 50,5 38,6 - 62,3 <0,001 2,624 1,446 - 4,763
Não 58/209 28,0 22,0 - 34,8 1,000 -
Quem agrediu fisicamente fazia parte da família
Sim 24/52 47,1 33,7 - 61,0 0,228 0,456 0,124 - 1,673
Não 10/15 66,2 38,1 - 86,1 1,000 -
Agressão física grave
Sim 11/20 56,1 33,3 - 76,6 - -
Não 83/259 32,3 26,7 - 38,5 -
Quem agrediu fisicamente fazia parte da família
Sim 7/16 47,8 24,1 - 72,5 - -
Não 4/4 100 - -
Agressão física severa
Sim 3/10 43,7 15,9 - 76,2 - - -
Não 91/274 33,3 27,7 - 39,4 -
106
Quem agrediu fisicamente fazia parte da família
Sim 2/6 47,3 12,9 - 84,5 - -
Não 1/2 72,7 14,1 - 97,7 -
1: valores observados;
2: valores ponderados
107 A Tabela 5 apresenta os fatores significativos que foram levados ao contexto de
análise multivariada para a predição da violência sofrida pelas ASP.
Tabela 5 – Análise multivariada entre os fatores que apresentaram significância para a predição de
violência sofrida pelas ASP.
FATORES1 p - value
2 OR 95% IC (OR)
Idade (anos) 0,014 0,953 0,918 - 0,991
Qual o seu grau de instrução?
Ensino fundamental ou médio 0,043 1,864 1,017 - 3,416
Ensino superior incompleto/ completo ou pós-graduação 1,000 -
Qual a sua renda mensal?
Mais de 1 a 3 Salários Mínimos 0,018 1,000 -
Mais de 3 a 5 Salários Mínimos 1,357 0,609 - 3,024
5 Salários Mínimos ou mais 3,134 1,283 - 7,658
Tempo (anos) que trabalha como agente
5 anos ou menos 0,089 1,000 -
6 a 10 anos 2,062 1,067 - 3,982
mais de 10 anos 1,911 0,777 - 4,698
Trabalhou em outro estabelecimento prisional
Sim <0,001 4,580 2,117 - 9,910
Não 1,000 -
1:Total de casos válidos - 282 de 295 observados;
2: Nível de significância de 5% e acuraria de 67%;
Controlado por variáveis: Idade (na sua forma quantitativa); Grau de Instrução; Renda Mensal; Raça/Cor;
Principal fonte de renda da família; Tempo (anos) que trabalha como agente; Trabalhou em outro estabelecimento
prisional; Estabelecimentos prisionais que já trabalhou; Presídios ou Casas de Privação Provisória; Considera o
seu trabalho na prisão como estressante; Considera ter conhecimentos suficientes para a prática profissional em
drogas ilícitas; Escore SRQ-20 (<7. >=7); Utiliza algum tipo de calmante atualmente; Sofreu violência antes do
trabalho no sistema prisional.
No contexto de análise multivariada, a idade foi analisada na sua forma quantitativa.
O resultado demonstrou que ela se comportou como um fator de proteção (OR = 0,9 (95%IC: 0,9
- 0,99)) para violência no ambiente de trabalho das ASP (TABELA 5).
As ASP que apresentam menores níveis de escolaridade estão mais sujeitas a sofrerem
violência no ambiente de trabalho prisional. As agentes que possuem apenas o ensino fundamental
ou médio possuem maiores chances de sofrerem violência (OR = 1,8 (95%IC: 1,01 - 3,4)) quando
comparadas às profissionais de nível superior (TABELA 5).
Em contrapartida, as ASP que possuem os maiores rendimentos estão mais propensas
à sofrerem violência. As agentes que possuem renda mensal igual ou superior a cinco salários
mínimos apresentam as maiores chances de sofrerem violência no ambiente de trabalho (OR = 3,1
(95%IC: 1,2 - 7,6)) (TABELA 5).
108 O tempo de trabalho como agente penitenciária comportou-se como boderline no
contexto de análise multidimensional. Apesar de não ter apresentado um p-valor significativo
quando analisado em conjunto, obteve indicativo de risco significativo para a faixa de 6 a 10 anos
(OR = 2 (95%IC: 1,06 - 3,9)) de trabalho (TABELA 5).
O trabalho em outros estabelecimentos prisionais apresentou-se como fator de risco
para a ocorrência de violência. As ASP que referiram trabalhar em mais de um estabelecimento
prisional apresentam maiores chances (OR = 4,5 (95%IC: 2,1 - 9,9)) de sofrerem violência no
trabalho quando comparadas às que trabalharam em apenas uma instituição (TABELA 5).
DISCUSSÃO
Os resultados evidenciaram que mais da metade das ASP declararam ter
conhecimento ou sofrido episódios de violência na prisão. Quanto ao número de violências
sofridas ou conhecidas, parcela significativa das entrevistadas relataram de uma a três ocorrências
no exercício das suas funções. Dentre os tipos de violência, as mais prevalentes foram a
psicológica, a física em geral e a violência física grave e/ou severa, respectivamente.
De acordo com Cashmore12
, 93% dos incidentes de violência no local de trabalho
contra ASP em New South Wales, Austrália, foram deflagrados por detentos. Em nosso estudo,
tanto detentas como as próprias ASP foram apontadas como as principais suspeitas de executarem
os atos de violência. Contudo, a natureza das agressões e ameaças foi diferente. Para os episódios
envolvendo violência física leve, a grande maioria dos casos foi atribuída às detentas. Esse
percentual foi ainda maior quando se tratou de violência física grave e severa.
No que tange a violência auto referida pelas ASP, as que ingressaram no sistema
prisional na faixa etária de 25 a 35 anos possuem mais chances de sofrerem violência no trabalho
quando comparadas com as demais faixas etárias. Nesse quesito, estudo realizado com 992 ASP e
policiais na Finlândia demonstrou que a idade também estava associada à violência no trabalho.
Profissionais com menos de 35 anos apresentaram de 3 a 5 vezes mais chances de serem
acometidos por agressões graves27
.
Trabalhadores mais jovens podem estar mais propensos a sofrerem violências ou
agressões no local de trabalho devido a pouca experiência, pela falta de treinamentos ou por se
envolverem em um volume maior de atividades quando comparados aos profissionais mais
experientes. Além disso, o pouco conhecimento sobre as regras institucionais das unidades
109
prisionais pode contribuir para o aumento na frequência desses eventos entre os profissionais mais
jovens.
Adultos com menos de 30 anos ou os que trabalharam há menos de um ano no
emprego também foram apontados como as principais vítimas de sofrerem violência no ambiente
de trabalho em Portugal. Esse fenômeno pode ser explicado pelo maior grau de escolaridade com
que esta faixa etária ingressa no mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de
sentimentos de ameaça e insegurança quanto à permanência no emprego entre os mais
experientes28
.
Nosso estudo não apresentou associações estatisticamente significativas entre tempo
de trabalho como ASP e eventos envolvendo violência. Entretanto, pesquisa realizada com 1.734
policiais e ASP na Finlândia evidenciou que profissionais com experiência de trabalho entre 4 a 9
anos estavam mais propensos a sofrerem agressões quando comparados a outros com tempo de
serviço inferior27
.
As ASP que trabalharam em mais de um estabelecimento prisional apresentaram
maiores chances de sofrerem violências quando comparadas com as que nunca trabalharam em
outra unidade penitenciária. As profissionais que trabalharam em casas de privação provisória
apresentaram maiores chances de sofrer violência no trabalho.
As casas de privação provisória foram criadas no Brasil com o objetivo de encarcerar
presos que ainda não foram julgados pelos seus crimes. No país, cerca de 30% das mulheres
custodiadas no sistema prisional brasileiro aguardam seu julgamento pela justiça. O elevado
número de presas nessas condições repercute diretamente na superlotação das casas de privação
provisória, deixando detentas e agentes mais vulneráveis às práticas de violência e agressões13
.
Além disso, o relatório Mundial do Human Rights Wacht destaca o baixo quantitativo de ASP nas
instituições penitenciárias, o que compromete a capacidade de manter o controle sobre as prisões,
deixando as populações encarceradas mais vulneráveis à violência29
.
A alta prevalência de eventos envolvendo violência contra as ASP no Brasil não deve
ser entendida como um fenômeno circunscrito apenas ao interior das unidades prisionais ou ao
contato direto com as detentas. Ao contrário, precisa ser compreendida levando-se em
consideração o contexto social em que se inserem tanto os profissionais de segurança como as
mulheres privadas de liberdade.
Nesse sentido, nosso estudo aponta para um dado importante. As ASP que sofreram
110
algum tipo de violência ou agressão antes do ingresso no sistema prisional obtiveram maiores
chances de serem vítimas de violência no trabalho. Sabe-se que o fenômeno da violência é
complexo e multifatorial. Contudo, a literatura evidencia alguns elementos que nos auxiliam na
sua compreensão.
Estudos demonstraram que filhos que sofreram violências ou agressões na infância ou
adolescência, tendem a repetir esse padrão de comportamento violento na vida adulta30
. Outras
pesquisas sugerem que, cerca de 70% dos autores de agressões, sofreram ou presenciaram
situações de violência na infância. Isso demonstra que a exposição a essas vivências no passado
pode influenciar o comportamento de adultos, sobretudo na forma violenta de resolverem
conflitos31,32
.
O uso da violência também é uma prática comum utilizada por policiais fora do
ambiente prisional no Brasil. Frequentemente, as forças de segurança brasileira utilizam força
excessiva ou desnecessária em suas operações, o que as torna mundialmente conhecida como uma
das polícias mais violentas do mundo33
.
O número de pessoas mortas pela polícia brasileira aumentou em quase 40% em 2014,
chegando a mais de 3000 eventos. Somente no estado do Rio de Janeiro, que detêm as maiores
taxas de mortes causadas pela polícia no Brasil, 569 pessoas morreram em decorrência de
operações policiais entre janeiro e outubro de 2015. Isso representa um aumento de 18% em
relação ao mesmo período de 201429
.
Além disso, agentes de segurança, policiais militares, civis e bombeiros fora de
serviço ou já desligados de suas corporações praticaram homicídios e/ou participam de grupos de
extermínio que atuam em diversas cidades do país. De acordo com dados da Anistia Internacional,
a polícia brasileira é a que mais mata no mundo. Em 2012, foram registrados 56 mil homicídios
cometidos por agentes de segurança. Somente no ano de 2014, 15,6% dos homicídios registrados
no Brasil tinham como autor um policial33
.
Outra informação que chama a atenção refere-se a impunidade desses crimes. Das 220
investigações envolvendo homicídios cometidos por policiais no Brasil desde 2011, 183 não
foram, sequer, concluídas29
. Todo esse contexto contribui para o fomento de ambientes violentos e
inseguros, sobretudo no interior das unidades prisionais brasileiras.
Dessa forma, tanto detentas quanto ASP convivem frequentemente com situações
onde a violência está presente, seja fora das unidades prisionais ou mesmo dentro das prisões. Isso
111
repercute de maneira negativa na construção das relações sociais entre todos os que vivenciam o
cotidiano das unidades carcerárias.
Com relação aos eventos que não envolveram agressões físicas, pesquisa realizada
entre os anos de 2007 a 2010 com profissionais de saúde do sistema prisional australiano
demonstrou que 71% dos casos de violência no ambiente de trabalho foram de natureza
psicológica e envolvendo agressão verbal12
. Nossos achados também demonstraram um
percentual elevado para esse tipo de violência. Dentre as pessoas apontadas como suspeitas, as
próprias ASP foram as principais citadas de praticarem roubos (74,6%), violência moral (68,1%),
assédio sexual (66,8%) e violência psicológica (39,8%).
Os resultados acima descritos sugerem um cenário de baixo suporte social entre as
colegas de trabalho. Agressões verbais e ameaças entre colegas de trabalho costumam ser
motivados por sentimentos de inveja, ciúme, competição ou visando obter vantagens pessoais para
uma promoção funcional. Isso traz implicações negativas para a saúde mental das ASP, tornando-
as mais propensas a problemas de natureza psicológica28
.
O suporte social entre colegas no ambiente de trabalho é relatado como um importante
mecanismo para aliviar os efeitos negativos entre os trabalhadores após a ocorrência de episódios
envolvendo agressões e violências, contribuindo para o reestabelecimento do seu bem estar físico
e emocional4. É responsável ainda por diminuir o estresse e o sofrimento psicológico
34,35.
Além disso, o suporte social desenvolvido entre colegas de trabalho e supervisores
têm sido associado a um maior bem estar entre os ASP, fortalecendo os laços de cooperação e
solidariedade entre os trabalhadores36
. Contudo, o trabalho nas unidades prisionais é permeado
por uma considerável sobrecarga de estresse emocional, contribuindo para que frequentemente
colegas de trabalho sejam vítimas de violência interpessoal10
.
O estresse no ambiente de trabalho apresenta forte associação com o aumento de
agressões interpessoais e a diminuição da produtividade na execução das atividades profissionais.
Além disso, a percepção de um local de trabalho inseguro e violento foi relacionada com a
ocorrência de intimidações, assédio moral e sexual entre os próprios colegas de trabalho37
.
Segundo Garbarino38
, o trabalho de ASP e outros profissionais que atuam diretamente
com a segurança são considerados extremamente estressantes, tendo em vista a sua exposição
quase que cotidiana a eventos violentos. Nossos dados corroboram com essa informação, tendo
em vista que cerca de 80,9% das ASP consideraram seu trabalho como de risco e estressante.
112 O trabalho também foi considerado estressante para 70% dos participantes de uma
pesquisa realizada com 167 ASP de duas unidades prisionais de Paris. O clima de trabalho foi
considerado desagradável quando comparado a outras ocupações como policiais, motoristas de
transporte público e seguranças particulares39
.
Policiais e ASP são categorias profissionais reconhecidamente expostas ao risco de
desenvolverem distúrbios relacionados à saúde mental. A excessiva carga de tensão, a constante
ameaça de violências e o baixo suporte social entre colegas de trabalho tornam esses profissionais
mais propensos a desempenharem atitudes agressivas e autoritárias no ambiente prisional38
.
As consequências do estresse e da violência no ambiente de trabalho das ASP tornam-
se particularmente preocupantes, sobretudo no que tange a saúde mental dessas profissionais.
Nossos achados evidenciaram que quase metade das ASP que relataram ter sofrido violência no
trabalho, apresentaram níveis compatíveis com transtornos mentais comuns.
Estima-se que aproximadamente 42,1% dos ASP apresentam quadros de estresse
relacionado ao trabalho40
. Esse percentual pode ser considerado elevado, principalmente quando
comparado com a população geral, cuja prevalência varia de 19 a 30%41
.
Características inerentes ao processo de trabalho dos ASP são consideradas como
importantes fatores estressores, responsáveis por desencadear problemas de saúde mental. O medo
de ser agredido ou de testemunhar situações envolvendo violência no ambiente prisional contribui
como importantes fontes estressoras para os ASP41
.
Fatores estressores presentes no ambiente laboral repercutem de forma negativa no
comportamento dos ASP. Uma investigação realizada com 1.738 ASP de unidades prisionais
federais dos Estados Unidos objetivou mensurar o potencial impacto das condições de trabalho
para a saúde mental desses profissionais. A maioria dos participantes (68,1%) relatou problemas
de concentração e sinais de depressão42
.
Estudos demonstram que a experiência de estresse relacionado ao trabalho foi
fortemente atribuída aos níveis de ansiedade e depressão relatados pelos ASP40
. Esse ambiente de
trabalho ansiogênico e violento pode estar associado ao uso de calmantes pelas ASP. Nosso
estudo evidenciou que 58,7% das ASP que sofreram violência fazem uso de calmantes.
O modelo final de análise multidimensional demonstrou a magnitude da associação de
cada fator na predição da violência sofrida pela ASP. Os fatores que se associaram à variável
desfecho também foram identificados em outros estudos36,38,39,40
. Contudo, o tempo de trabalho
113
como ASP, apesar de não ter apresentado significância estatística quando analisado no conjunto,
obteve indicativo de risco significativo para o estrato de 6 a 10 anos de experiência profissional,
indicando consistência dos resultados do presente estudo com a literatura existente11,12,39
.
Considerando que pouco mais de 30% das ASP possuem entre 6 a 10 anos de
experiência profissional, a possibilidade de cometerem erros de procedimento ou adotarem
práticas exageradas que promovam a violência no ambiente prisional deve ser considerada. Como
consequência, podem pôr em risco a sua própria integridade física, como também a saúde e a
segurança de toda a população que convive no sistema prisional.
CONCLUSÃO
A violência no ambiente de trabalho é um fenômeno global, de graves implicações
para a saúde pública. Dentre as ocupações que mais sofrem com a violência no trabalho, destaca-
se a do Agente de Segurança Penitenciário. O contato direto com a população privada de
liberdade, a superlotação das unidades prisionais e o baixo quantitativo de trabalhadoras são
comumente referenciados como os principais fatores contributivos para a ocorrência de violência
no ambiente prisional.
No Brasil, episódios envolvendo agressões e ameaças no ambiente de trabalho
acometem grande parcela da população das ASP. O uso de práticas violentas como forma de
manter o controle das unidades prisionais e disciplinar as detentas contribui para a conformação
de um ambiente prisional violento.
Além disso, evidenciaram-se contextos laborais com baixo suporte social entre as
ASP. Isso contribui para que o ambiente de trabalho torne-se ainda mais desgastante, inseguro e
perigoso. O conjunto dessas circunstâncias colabora para o aumento do absenteísmo, agressões
interpessoais e diminuição da produtividade na execução das atividades profissionais.
A necessidade de capacitações sistemáticas para as ASP faz-se fundamental. Apesar
da maioria considerar que possui conhecimento suficiente na área de segurança, outras áreas
merecem atenção. Dentre elas, destacam-se a saúde mental e reprodutiva, fundamentais para uma
intervenção qualificada em unidades prisionais femininas.
Por fim, faz-se necessária a adoção de ações e medidas intersetoriais, capazes de
intervir no ambiente de trabalho das ASP de forma a torna-lo mais seguro e menos violento. O
114
setor Saúde no Brasil, por seu turno, precisa ampliar o escopo de suas atuações junto as ASP,
tendo em vista a vulnerabilidade inerente às funções que desempenham nas unidades prisionais.
Nesse sentido, o desenvolvimento de ações sistemáticas de promoção da saúde e prevenção de
doenças no trabalho, sobretudo de natureza psíquica, tornam-se necessárias e urgentes para essa
categoria profissional.
8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após uma profunda imersão sobre o processo de trabalho das Agentes de Segurança
Penitenciária no Brasil, diversos questionamentos e problematizações fazem-se presentes.
Contudo, um esforço apriorístico a guisa de considerações finais torna-se necessário.
Ao abordar o complexo universo das Unidades Prisionais no Brasil, percebemos que o
modelo de encarceramento que hoje presenciamos é transpassado pelo reflexo de sociedade em
que vivemos. As ASP, por seu turno, também são produto e produtoras desse contexto no âmbito
do seu exercício profissional.
A crescente onda de violência e insegurança que permeia a nossa atual sociedade
inflama e reforça discursos e práticas que atentam, por vezes, contra a dignidade humana. Ganha
força, por exemplo, narrativas injuriosas de que “bandido bom é bandido morto”, reverberando
também no interior das unidades prisionais.
Como corolário, comportamentos e práticas violentas instauram-se como único
subterfúgio para o controle da segurança interna dos presídios, deixando tanto a população
carcerária como as ASP expostas a uma situação de exposição crônica a violência. Conforma-se,
portanto, um ambiente em que a ressocialização da população privada de liberdade é colocada em
xeque.
Por outro lado, as prisões assemelham-se muito mais a “depósitos” de pessoas que não
mais servem ao convívio social. Nesse quesito, a história da Saúde Pública no Brasil já nos
apresenta diversos exemplos de como esse modelo “higienista” está fadado ao fracasso.
Assistimos, em um passado recente, ao isolamento de pessoas portadoras de doenças
transmissíveis como tuberculose e hanseníase. Na dimensão da saúde mental, o processo de
internação manicomial até hoje se apresenta como um desafio a ser superado. Quando
enxergaremos que a situação das penitenciárias apresenta-se como análoga, a exigir da sociedade
um outro caminho que não seja o pautado na exclusão de toda monta? Quando perceberemos que
115
o atual modelo carcerário, antes de representar uma solução para os problemas dos que se desviam
da Lei, apresenta-se como mais um ingrediente que coloca toda a sociedade em um ciclo vicioso
de violência, prisão e punição?
O Brasil é o 4º país com a maior população carcerária do mundo. Prende muito e
prende muito mal. Somos detentores de uma Polícia considerada como uma das mais violentas do
mundo. Por outro lado, uma radiografia da nossa comunidade carcerária revela que a população
privada de liberdade é composta, em sua maioria, de jovens negros, com baixo nível de
escolaridade e que vivem em condições onde muitas vezes, o Estado não consegue dar assistência.
Cria-se, portanto, um contexto de Violência Institucional, tanto por parte do braço da Polícia,
como de grande parcela da sociedade que não consegue acessar os mínimos direitos garantidos
por Lei.
Outro ponto de reflexão que identificamos no decorrer desta tese é a dificuldade que o
Sistema Penitenciário tem de se enxergar enquanto um “Sistema”. Muitas das ações
desenvolvidas não consideram a complexidade e a diversidade de situações presentes no ambiente
prisional. As políticas públicas muitas vezes atendem as populações privadas de liberdade, mas
deixam de lado os ASP.
Como consequência, a precarização do trabalho dos ASP vai cada vez mais se
agudizando, tornando essa categoria profissional mais propensa ao desenvolvimento de doenças
de natureza física e psicológica. A Saúde do Trabalhador, por seu turno, precisa estar atenta para o
desenvolvimento de ações sistemáticas e intersetoriais, como forma de minimizar esses impactos
no conjunto desses trabalhadores.
LIMITES DO ESTUDO
Cabe-nos aqui, abordar algumas das principais limitações encontradas nesse estudo.
Iniciamos com a dificuldade que foi o contato e a realização da pesquisa em algumas cidades do
Brasil. Por vezes, a Direção das unidades penitenciárias não contribuía para a realização dos
trabalhos, colocando diversos empecilhos para a sua efetivação.
Como exemplo, citamos o caso de Pernambuco. A equipe de pesquisadores tentou por
diversas vezes o contato prévio para a realização dos trabalhos de campo. Em todas as
oportunidades, o diálogo não conseguia avançar e acabamos por ter de abrir mão desse estado.
116 Mesmo quando os contatos eram estabelecidos, era comum a equipe de pesquisadores
encontrarem dificuldades para acessar o ambiente prisional. Diversos procedimentos rígidos de
segurança dificultavam o contato com a população de estudo.
Além disso, a própria dinâmica complexa de trabalho das Agentes de Segurança
Penitenciária impunha aos pesquisadores uma flexibilidade necessária para contornar diversas
situações. Por vezes, ASP que foram selecionadas para participarem do estudo, desistiam por ter
de assumir algum posto de trabalho, ou mesmo, ter que conduzir alguma detenta. Isso fez com que
enfrentássemos uma perda amostral de pouco mais de 20%.
O grande volume de informações e de procedimentos laboratoriais por que passavam
as ASP, tomava grande parte do tempo da equipe de pesquisa. Além disso, os altos custos de
deslocamento e estadia impediam uma permanência mais prolongada nas cidades. Desse modo,
tornava-se praticamente inviável pensar em estratégias de reposição de amostra.
117
REFERENCIAS
1. Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial sobre a Prevenção da Violência. 1a Edição.
São Paulo: Organização Mundial da Saúde; 2014.
2. International Labour Organization. Directrices Marco para afrontar la violencia laboral en el
sector de la salud. Ginebra: World Health Organization; 2002.
3. Buckley P. Violence at work: Findings from the Crime Survey for England and Wales
2011/12. Health and Safety Executive and Office for National Statistics; 2013.
4. Gadegaard C, Andersen L, Hogh A. Effects of Violence Prevention Behavior on Exposure to
Workplace Violence and Threats A Follow-Up Study. Journal of Interpersonal Violence. 2015;
1(22):1-22.
5. Alves V, Binder M. Trabalhar em penitenciárias: violência referida pelos trabalhadores e (in)
satisfação no trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 2014; 39(129):50-62.
6. Foucault M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes; 1987.
7. Konda S, Reichard AA, Tiesman HM. Occupational injuries among US correctional officers,
1999-2008. Journal of Safety Research. 2012; 43(3):181-6.
8. Konda S, Tiesman H, Reichard A, Hartley D. US correctional officers killed or injured on the
job. Corrections today. 2013; 75(5):122-123.
9. Dares Analyses. Les Risques Professionnels en 2010: des fortes différences d'esposition selon
les secteurs in 2010-2013. France: Ministére du Travail, de L'emplot, de la Formation
Professionnelle et du Dialogue Social; 2013.
10. Lavigne É, Bourbonnais R. Psychosocial work environment, interpersonal violence at work
and psychotropic drug use among correctional officers. International journal of law and
psychiatry. 2010; 33(2):122-9.
11. Prati G, Boldrin S. Organizational stressors, exposure to critical incidents and organizational
well-being among correctional officers. Giornale italiano di medicina del lavoro ed ergonomia.
2010; 33(3 Suppl B):B33-B39.
12. Cashmore A, Indig D, Hampton S, Hegney D, Jalaludin B. Workplace violence in a large
correctional health service in New South Wales, Australia: a retrospective review of incident
management records. BMC health services research. 2012; 12(1):1-10.
13. Brasil. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Brasília: Departamento
Penitenciário Nacional; 2014.
14. Brasil. Lei No 7.210, de 11 de Julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos. 1984; 11 Jul.
15. Simões AM, Bastos FI. Audio Computer-Assisted Interview: uma nova tecnologia em
avaliação de comportamento de risco em doenças sexualmente transmissíveis, HIV e uso de
drogas. Cad. Saúde Pública. 2004; 20(5):1169-81.
118
16. Coelho FMC, Pinheiro RT, Horta BL, Magalhães PVS, Garcias CMM, Silva CV. Common
mental disorders and chronic non-communicable diseases in adults: a population-based study.
Cad. Saúde Pública. 2009; 25(1):59-67.
17. Santos KOB, Araújo TM, Pinho PS, Silva ACC. Avaliação de um instrumento de mensuração
de morbidade psíquica: estudo de validação do self-reporting questionnaire (SRQ-20). Revista
Baiana de Saúde Pública. 2011; 34(3):544-60.
18. Alves, V. Condições de trabalho de funcionários penitenciários de Avaré-SP e ocorrência de
transtornos mentais comuns. [Dissertação]. Botucatu: Faculdade de Medicina de Botucatu; 2009.
19. Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial da Saúde: saúde mental, novas
concepções, nova esperança. Lisboa: Organização Mundial da Saúde; 2002.
20. Tavares JP. Distúrbios psíquicos menores em enfermeiros docentes. [Tese]. Santa Maria:
Universidade Federal de Santa Maria; 2010.
21. Martins RA, Manzatto AJ, Cruz LN, Poiate SMG, Carin ACCF. Utilização do Alcohol Use
Disorders Identification Test (AUDIT) para identificação do consumo de álcool entre estudantes
do ensino médio. International Journal of Psycology. 2008; 42(2):307-16.
22. Moretti-Pires RO, Corradi-Webster CM. Adaptação e validação do Alcohol Use Disorders
Identification Test (AUDIT) para a população ribeirinha do interior da Amazônia, Brasil. Cad.
Saúde Pública. 2011; 27(3):497-509.
23. World Health Organization. Directrices macro para afrontar la violencia laboral em el setor
de la salud. Genevre: World Health Organization; 2002.
24. Brasil. Lei 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Presidência da República. Brasília. Disponível em:<
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11340.htm >. Acesso em: 19 Jul.
2016.
25. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. CENSO demográfico 2014. Rio de
Janeiro: Estudos & Pesquisas; 2015.
26. Ministério da Justiça. Estabelecimentos Prisionais. Portal do Ministério da Justiça do Brasil;
2015. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?View=%7BD574E9CE-3C7D-437A-
A5B6- 22166AD2E896%7D&BrowserType=NN&LangID=ptbr&
params=itemID%3D%7BAB2EF2D9-2895-476E-8516-
E63C78FC7C4C%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-4347-BE11-
A26F70F4CB26%7D>. Acesso em: 09 Jul. 2015.
27. Leino T, Eskelinen K, Summala H, Virtanen M. Injuries caused by Work-Related violence:
frequency, need for medical treatment and associations with adverse mental health and alcohol
use among Finnish police officers. American Journal of Industrial Medicine. 2012; 55(8):691-7.
28. Piñuel YZ. Mobbing: como sobreviver ao assédio psicológico no trabalho. 1 ed. São Paulo:
Edições Loyola; 2003.
119
29. Human Rights Watch. World Report 2016: events of 2015. United States of America: Human
Rights Watch; 2016.
30. Rodrigues L, Chalhub A. Contextos familiares violentos: da violência de filho à experiência
de pai. Pensamento Famílias. 2014; 18(2):77-92.
31. Martins MAF, Bucher-Maluschke JSNF. Bater para educar ou maltratar? Contribuições ao
estudo da violência intrafamiliar. In: Costa LF & Almeida TMC. Violência no cotidiano: do risco
a proteção. Brasília: Universa, 2005; 59-73.
32. Byrd PM, Davis JL. Violent behavior in female inmates: possible predictors. Journal of
Interpersonal Violence. 2008; 24(1):379-92.
33. AMNESTY INTERNATIONAL. Anistia Internacional Informe 2014/15: o estado dos direitos
humanos no mundo. Londres: Amnesty International 2015;
34. Einarsen S. The nature, causes and consequences of bullying at work: The Norwegian
experience. Perspectives interdisciplinaires sur le travail et la santé. [Online]. 2005;(7-3).
35. Cooper CL, Hoel H, Faragher B. Bullying is detrimental to health, but all bullying behaviours
are not necessarily equally damaging. British Journal of Guidance & Counselling. 2004;
32(3):367-87.
36. Steiner B, Wooldredge J. Individual and environmental sources of work stress among prison
officers. Criminal Justice and Behavior. 2015; 20(10):1-19.
37. Bourbonnais R, Jauvin N, Dussault J, Vézina M. Psychosocial work environment,
interpersonal violence at work and mental health among Correctional Officers. International
Journal of Law and Psychiatry. 2007; 30(4):355-68.
38. Garbarino S, Cuomo G, Chiorri C, Magnavita N. Association of work-related stress with
mental health problems in a special police force unit. BMJ Open. 2013; 3(7):e002791.
39. Dang C, Denis C, Gahide S, Chariot P, Lefèvre T. Violence at work: forensic medical
examination of police officers assaulted while on duty: comparisons with other groups of workers
in two centres of the Paris area, 2010-2012. International Archives of Occupational and
Environmental Health. 2016; 1-11.
40. Summerlin Z, Oehme K, Stern N, Valentine C. Disparate levels of stress in police and
correctional officers: preliminary evidence from a pilot study on domestic violence. Journal of
Human Behavior in the Social Environment. 2010; 20(6):762-77.
41. Tsirigotis K, Gruszczynski W, Peczkowski S. Anxiety and styles of coping with occupational
stress resulting from work with ‘dangerous’ prisioners in prison service officers. Acta
Neuropsychiatrica. 2015; 27(05):297-306.
42. Bierie D. The impact of prison conditions on staff well-being. International Journal of
Offender Therapy and Comparative Criminology. 2010; 30(65):388-97.
120
REFERÊNCIAS
ADJEI, A. A.; ARMAH, H. B.; GBAGBO, F.; AMPOFO, W. K.; BOAMAH, I.; DU-GYAMFI,
C. et al. Correlates of HIV, HBV, HCV and syphilis infections among prison inmates and officers
in Ghana: A national multicenter study. BMC.infectious.diseases., v. 8, n. 1, p. 332008.
ADJEI, A. A.; ARMAH, H. B.; GBAGBO, F.; AMPOFO, W. K.; QUAYE, I. K.; HESSE, I. F. et
al. Prevalence of human immunodeficiency virus, hepatitis B virus, hepatitis C virus and syphilis
among prison inmates and officers at Nsawam and Accra, Ghana. Journal of medical
microbiology, v. 55, n. 5, p. 593-597, 2006.
ALARID, L. F. Risk factors for potential occupational exposure to HIV: A study of correctional
officers. Journal of Criminal.Justice., v. 37, n. 2, p. 114-122, 2009.
ALARID, L. F.; MARQUART, J. W. Officer perceptions of risk of contracting HIV/AIDS in
prison: A two-state comparison. The Prison Journal, 2009.
ALVES, V. Condições de trabalho de funcionários penitenciários de Avaré-SP e ocorrência
de transtornos mentais comuns. 2009. – [Tese de Doutorado] Universidade Estadual Paulista
(UNESP), São Paulo, 2009.
ARMSTRONG, G. S. ; GRIFFIN, M. L. Does the job matter? Comparing correlates of stress
among treatment and correctional staff in prisons. Journal of Criminal Justice., v. 32, n. 6, p.
577-592, 2004.
AWOFESO, N. Prisons as social determinants of hepatitis C virus and tuberculosis infections.
Public Health Reports, v. 125, n. Suppl 4, p. 252010, 2010.
BAGATIN, E.; PEREIRA, C. A. d. C.;AFIUNE, J. B. Doenças granulomatosas ocupacionais.
J.Bras Pneumol., v. 32, n. Supl 1, p. S69-S84, 2006.
BELETSKY, L.; MACALINO, G. E.;BURRIS, S. Attitudes of police officers towards syringe
access, occupational needle-sticks, and drug use: a qualitative study of one city police department
in the United States. International Journal of Drug Policy, v. 16, n. 4, p. 267-274, 2005.
BERGMAN, H. ; KALLMÉN, K. Alcohol use among Swedes and a psychometric evaluation of
the alcohol use disorders identification test. Alcohol and Alcoholism, v. 37, n. 3, p. 245-251,
2002.
BETTERIDGE, G. Public health agency says prison needle exchanges reduce risk, do not threaten
safety or security. HIV./AIDS policy & law review/Canadian.HIV./AIDS Legal Network., v.
12, n. 1, p. 20-22, 2007.
121
BINSWANGER, I. A.; O'BRIEN, K.; BENTON, K.; GARDNER, E. M.; HIRSH, J. M.;
FELTON, S. et al. Tuberculosis testing in correctional officers: a national random survey of jails
in the United States. The.International.Journal of Tuberculosis.and Lung Disease., v. 14, n. 4,
p. 464-470, 2010.
Bio-Manguinhos – Fundação Oswaldo Cruz. Ensaio qualitativo para detecção de anticorpos
específicos da infecção pelo HIV - 1/2 em amostras de sangue total, soro, punção digital, plasma
humano. Manual de Treinamento para TR DDP - HIV -1/2 - SSP, (in press).
BRASIL. Doenças Relacionadas ao Trabalho: manual de procedimentos para os serviços de
saúde. 1. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. 580 p.
BRASIL. Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. 1. Brasília: Ministério da Saúde,
2003a. 64 p.
BRASIL. Portaria Interministerial 1777, de 09 de Setembro de 2003. Aprova o Plano
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, destinado a prover atenção integral à saúde da
população prisional confinada em unidades masculinas e femininas, bem como nas psiquiátricas.
Brasília, 2003b.
BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. (2011). Manual de recomendações para o
controle da tuberculose no Brasil. - 288. Brasília, Ministério da Saúde.
BRASIL. PORTARIA INTERMINISTERIAL N. 01, DE 2 DE JANEIRO DE 2014. Institui a
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema
Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2014.
BRASIL. Ministério da Justiça. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias:
INFOPEN - Junho de 2014. Brasília: Departamento Penitenciário Nacional, 2014. 148 p.
BRASIL. PORTARIA N.1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012. Estabelece a Política Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Brasília: 2012.
BUREAU OF LABOR STATISTICS. Nonfatal occupational injuries and ilnesses requiring days
away from work for state government and local governments workers. Bureau of Prisions, (in
press), 2011.
CEZAR, E. S. ; MARZIALE, M. H. P. Problemas de violência ocupacional em um serviço de
urgência hospitalar da Cidade de Londrina, Paraná, Brasil. Cad.Saúde Pública, v. 22, n. 1, p.
217-221, 2006.
COELHO, D. M. M.; VIANA, R. L.; MADEIRA, C. A.; FERREIRA, L. O. C.;CAMPELO, V.
Perfil epidemiológico da tuberculose no Município de Teresina-PI, no período de 1999 a 2005.
Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 19, n. 1, p. 34-43, 2010.
122
COELHO, F. M. C.; PINHEIRO, R. T.; HORTA, B. L.; MAGALHÃES, P. V. S.; GARCIAS, C.
M. M.;SILVA, C. V. Common mental disorders and chronic non-communicable diseases in
adults: a population-based study. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, n. 1, p. 59-67, 2009.
DA SILVA, G. D.; NOGUEIRA, M. F.; BARRETO, A. J. R.; DE GOIS, G. A. S.;TRIGUEIRO,
J. V. S. RISCO OCUPACIONAL DE TUBERCULOSE PULMONAR EM INSTITUIÇÕES
PRISIONAIS: UM RESGATE BIBLIOGRÁFICO (2000-2008). 13 Congresso Brasileiro dos
Conselhos de Enfermagem (Anais), 2014.
DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho: estudos acerca da Psicopatologia no Trabalho. 5 Ed. São
Paulo: Editora Cortez, 1992.
DILLON, B. ; ALLWRIGHT, S. Prison officers' concerns about blood borne viral infections. The
Howard Journal of Criminal Justice, v. 44, n. 1, p. 29-40, 2005.
ESTES, L. J.; LLOYD, L. E.; TETI, M.; RAJA, S.; BOWLEG, L.; ALLGOOD, K. L. et al.
Perceptions of audio computer-assisted self-interviewing (ACASI) among women in an HIV-
positive prevention program. PloS.one., v. 5, n. 2, p. e91492010.
FAZEL S, BAILLARGEON J. The health of prisoners. The Lancet. v.377, n.9769 p:956-65,
2011.
FERNANDES, R. C. P.; SILVANY NETO, A. M.; SENA, G. M.; LEAL, A. S.; CARNEIRO, C.
A. P.;COSTA, F. P. M. Trabalho e cárcere: um estudo com agentes penitenciários da Região
Metropolitana de Salvador, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 18, n. 3, p. 807-816, 2002.
FINNEY, C.; STERGIOPOULOS, E.; HENSEL, J.; BONATO, S.;DEWA, C. S. Organizational
stressors associated with job stress and burnout in correctional officers: a systematic review.
BMC. Public Health, v. 13, n. 1, p. 822013.
GAMA, I.S. Inquérito nacional sobre violência na vida da população penitenciária feminina
brasileira. Tese [Doutorado em Saúde Coletiva] – Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Ceará/Universidade Estadual do Ceará/Universidade de Fortaleza. Fortaleza, 2015.
GELLERT, G. A.; MAXWELL, R. M.; HIGGINS, K. V.; BARNARD, R.;PAGE, B. AIDS
knowledge, occupational precautions, and public education activities among law enforcement
officers and first responders. Journal of public health policy, p. 460-469, 1994.
123
GHANEM, K. G.; HUTTON, H. E.; ZENILMAN, J. M.; ZIMBA, R.;ERBELDING, E. J. Audio
computer assisted self interview and face to face interview modes in assessing response bias
among STD clinic patients. Sexually.transmitted.infections., v. 81, n. 5, p. 421-425, 2005.
GONÇALVES, D. M.; STEIN, A. T.;KAPCZINSKI, F. Avaliação de desempenho do Self-
Reporting Questionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo
com o Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cad.Saúde Pública, v. 24, n. 2, p. 380-390,
2008.
HAHN, K. ; CARLOTTO, M. S. Síndrome de Burnout em monitores de uma fundação de
proteção especial. Diversitas., v. 4, n. 1, p. 53-62, 2008.
INTERNATIONAL LABOUR OFFICE. Education and training in occupational health, safety and
ergonomics. Eighth Report of Join Committee on Occupational Health (Technical report series;
n.663). Geneva: World Health Organization, 1981.
JOCHEM, K.; TANNENBAUM, T. N.;MENZIES, D. Prevalence of tuberculin skin test reactions
among prison workers. Canadian.journal of public health, v. 88, n. 3, p. 202-206, 1996.
JOINT ILO/WHO COMMITTEE ON OCCUPATIONAL HEALTH. Psychosocial Factors at
Work: Recognition and Control International Labour Organisation, 1986. ISBN 922105411X.
JOINT UNITED NATIONS PROGRAMME ON HIV/AIDS. Global report. UNAIDS report on
the global AIDS epidemic. UNAIDS, 2012. ISBN 9291739960.
KIM, J.; DUBOWITZ, H.; HUDSON-MARTIN, E.;LANE, W. Comparison of 3 data collection
methods for gathering sensitive and less sensitive information. Ambulatory.Pediatrics, v. 8, n. 4,
p. 255-260, 2008.
KONDA, S, TIESMAN, H, REICHARD, A; HARTLEY, D. U.S Correctional Officers Killed or
Injured on the Job. National Institute for Occupational Safety and Health, v.1,n.1-4, 2013.
KONDA, S.; REICHARD, A. A.;TIESMAN, H. M. Occupational injuries among US correctional
officers, 1999-2008. Journal of safety research., v. 43, n. 3, p. 181-186, 2012.
LABORÍN, R. L. Tuberculosis in Correctional Facilities. American College of Chest
Physicians, v.119, n.1,p-681-683, 2001.
LANCEFIELD, K.; LENNINGS, C. J.;THOMSON, D. Management style and its effect on prison
officers stress. International Journal of Stress Management, v. 4, n. 3, p. 205-219, 1997.
124
LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. I.; UCHIDA, S.;TUACEK, T. A. O trabalho na rua e a
exposição à violência no trabalho: um estudo com agentes de trânsito. Interface Comunicação,
Saúde e Educação, v. 11, n. 21, p. 79-92, 2007.
LARNEY, S. ; DOLAN, K. Needlestick injuries among prison officers in two Australian states.
Age, v. 26, n. 8, p. 32005, 2005.
LEAL, C. B. Prisão: crepúsculo de uma era. São Paulo: Del Rey, 2001.
LINDQUIST, C. A. ; WHITEHEAD, J. T. Burnout, job stress and job satisfaction among
southern correctional officers: Perceptions and causal factors. Journal of Offender Counseling
Services Rehabilitation, v. 10, n. 4, p. 5-26, 1986.
LORENTZ, J.; HILL, L.;SAMIMI, B. Occupational needlestick injuries in a metropolitan police
force. American journal of preventive medicine, v. 18, n. 2, p. 146-150, 2000.
LOURENÇO, A. S. As Regularidades e as Singularidades dos Processos Educacionais no
Interior de duas Instituições Prisionais e suas Repercussões na Escolarização de
Prisioneiros: um contraponto a noção de sistema penitenciário? – Dissertação (Mestrado em
Educação: História, Política e Sociedade), Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São
Paulo: 2005.
LOURENÇO, A. S. O espaço de vida do agente de segurança penitenciária no cárcere: entre
gaiolas, ratoeiras e aquários. Tese [Doutorado em Psicologia] – Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, Universidade de São Paulo. São Paulo: 2010.
MAERRAWI, IE. Estudo dos fatores de risco associados às infecções pelo HIV, hepatites B e
C e sífilis e suas prevalências em populações carcerárias de São Paulo. Tese [Doutorado em
Ciências Médicas] – Programa de Pós-Graduação em Medicina Preventiva, Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2011.
MACHADO, J. M. H. Perspectivas e Pressupostos da Vigilância em Saúde do Trabalhador.
In: ______. Saúde do Trabalhador na Sociedade Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2011. Cap. 2 , p. 67-86.
MAGNABOSCO, M. B.; FORMIGONI, M. LO. S.;RONZANI, T. M. Avaliação dos padrões de
uso de álcool em usuários de serviços de Atenção Primária à Saúde de Juiz de Fora e Rio Pomba
(MG). Rev Bras Epidemiol, v. 10, n. 4, p. 637-647, 2007.
125
MARTINS, R. A.; MANZATTO, A. J.; CRUZ, L. N.; POIATE, S. M. G.;CARIN, A. C. C. F.
Utilização do Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) para identificação do consumo
de álcool entre estudantes do ensino médio. Interamerican.Journal of Psychology., v. 42, n. 2,
p. 307-316, 2008.
MARTINS, S. R. Clínica do Trabalho. 1.ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009.
MASLACH, C. ; JACKSON, S. E. The measurement of experienced burnout. Journal of
occupational behavior, v. 2, n. 2, p. 99-113, 1981.
MCINTYRE, D.; MARQUART, J. W.;BREWER, V. Toward an understanding of the perception
of HIV/AIDS-related risk among prison officers. Journal of Criminal Justice, v. 27, n. 6, p. 525-
538, 1999.
MCKEE, K. J.; MARKOVA, I.;POWER, K. G. Concern, perceived risk and attitudes towards
HIV/AIDS in Scottish prisons. AIDS care, v. 7, n. 2, p. 159-170, 1995.
MERCHANT, R. C.; BECKER, B. M.; MAYER, K. H.; FUERCH, J.;SCHRECK, B. Emergency
department blood or body fluid exposure evaluations and HIV postexposure prophylaxis usage.
Academic emergency medicine, v. 10, n. 12, p. 1345-1353, 2003.
MERCHANT, R. C.; NETTLETON, J. E.; MAYER, K. H.;BECKER, B. M. HIV post-exposure
prophylaxis among police and corrections officers. Occupational medicine, v. 58, n. 7, p. 502-
505, 2008b.
______. HIV post-exposure prophylaxis among police and corrections officers. Occupational
medicine, v. 58, n. 7, p. 502-505, 2008a.
MINAYO-GOMEZ, C. Campo da Saúde do Trabalhador: Trajetória, Configuração e
Transformações. In: ______MINAYO-GOMEZ (Org). Saúde do Trabalhador na Sociedade
Contemporânea. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011. Cap. Introdução, p.23-36.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. DEPARTAMENTO DE DST/Aids e Hepatites Virais Manual de
treinamento para teste rápido: hepatites B (HBsAg) e C (anti-HCV). Coordenação Geral de
Direitos Humanos Risco e Vulnerabilidade (DHRV), Brasília: 2010.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2011.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da
Previdência Social. Brasília, 2014.
126
MORETTI-PIRES, R. O. ; CORRADI-WEBSTER, C. M. Adaptação e validação do Alcohol Use
Disorder Identification Test (AUDIT) para população ribeirinha do interior da Amazônia, Brasil.
Cad.Saúde Pública, v. 27, n. 3, p. 497-509, 2011.
MORRISON-BEEDY, D.; CAREY, M. P.;TU, X. Accuracy of audio computer-assisted self-
interviewing (ACASI) and self-administered questionnaires for the assessment of sexual behavior.
AIDS and Behavior, v. 10, n. 5, p. 541-552, 2006.
NEW JERSEY. New Jersey Police Suicide Task Force Report: New Jersey Police Suicide Task
Force Report, (in press), 2009.
NOGUEIRA, P. A.; ABRAHAO, R. M. C.; GALESI, V. M. N. Infecção tuberculosa latente em
profissionais contatos e não contatos de detentos de duas penitenciárias do estado de São Paulo,
Brasil, 2008. Rev Bras Epidemiol, v. 14, n. 3, p. 486-494, 2011.
OLIVEIRA, B. S. K.; ARAÚJO, T. M.; SOUSA, P. P.;CONCEIÇÃO, S. A. C. Avaliação de um
instrumento de mensuração de morbidade psíquica: estudo de validação do self-reporting
questionnaire (SRQ-20). Revista Baiana.de Saúde Pública, v. 34, n. 3, p. 5442011.
OLIVEIRA, L. G. D. d.; NATAL, S.; CAMACHO, L. A. B. Análise da implantação do Programa
de Controle da Tuberculose em unidades prisionais no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 31,
n. 3, p. 543-554, 2015.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (2002). Relatório Mundial da Saúde: saúde
mental, nova concepções, nova esperança. OMS Lisboa.
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Guía para el control de la
tuberculosis en poblaciones privadas de libertad de América Latina y el Caribe. 1.
WHASHINGTON DC: ORGANIZACIÓN PANAMERICADA DE LA SALUD, 2008. 98 p.
PÉREZ, C. M.; DEL CARMEN SANTOS, M.; TORRES, A.; GRANA, C.;ALBIZU-GARCÍA,
C. Knowledge of Case Workers and Correctional Officers towards HIV and HCV Infections:
Opportunity for Public Health Education in the Correctional System. Puerto Rico health sciences
journal, v. 34, n. 3, 2015.
PORTO, M. F. S. Análise de riscos nos locais de trabalho: conhecer para transformar. 1. São
Paulo: Instituto Nacional de Saúde no Trabalho, 2000. 41 p.
PRADO, T. N.; CAUS, A. L.; MARQUES, M.; MACIEL, E. L.; GOLUB, J. E.; MIRANDA, A.
E. Perfil epidemiológico de pacientes adultos com tuberculose e AIDS no estado do Espírito
Santo, Brasil: relacionamento dos bancos de dados de tuberculose e AIDS. J.Bras.Pneumol., v.
37, n. 1, p. 93-99, 2011.
127
RAMOS, E. C.; ESPER, M. H. Síndrome de Burnout na penitenciária feminina de regime
semi-aberto. Monografia [Trabalho de Conclusão de Curso] – Curso de Administração com
Habilitação em Recursos Humanos. Faculdade Anchieta de Ensino Superior – FAESP. Paraná:
2007.
RILEY, E. D.; CHAISSON, R. E.; ROBNETT, T. J.; VERTEFEUILLE, J.; STRATHDEE, S.
A.;VLAHOV, D. Use of audio computer-assisted self-interviews to assess tuberculosis-related
risk behaviors. American journal of respiratory.and critical.care medicine, v. 164, n. 1, p. 82-
85, 2001.
SANTOS, M.M. Agente Penitenciário: trabalho no cárcere. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Natal: 2010.
SELIGMANN-SILVA, E. Psicopatologia e Saúde Mental no Trabalho. In:_____R.MENDES.
Patologia do Trabalho. São Paulo: Editora Atheneu, 2013. Cap. 32, p. 1053-1096.
SIMÕES, A. M. ; BASTOS, F. I. Audio Computer-Assisted Interview: uma nova tecnologia em
avaliação de comportamento de risco em doenças sexualmente transmissíveis, HIV e uso de
drogas. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 5, p. 1169-1181, 2004.
SONDER, G. J.; BOVéE, L. P.; COUTINHO, R. A.; BAAYEN, D.; SPAARGAREN, J.;VAN
DEN HOEK, A. Occupational exposure to bloodborne viruses in the Amsterdam police force,
2000-2003. American journal of preventive medicine, v. 28, n. 2, p. 169-174, 2005.
STACCIARINI, J. ; TRÓCCOLI, B. O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev
Latino-am Enfermagem, v. 9, n. 2, p. 17-25, 2001.
STEENLAND, K.; LEVINE, A. J.; SIEBER, K.; SCHULTE, P.;AZIZ, D. Incidence of
tuberculosis infection among New York State prison employees. American. Journal of Public
Health, v. 87, n. 12, p. 2012-2014, 1997.
STIEF ACF, MARTINS RMB, ANDRADE SMOD, POMPILIO MA, FERNANDES SM,
MURAT PG, et al. Seroprevalence of hepatitis B virus infection and associated factors among
prison inmates in state of Mato Grosso do Sul, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical. V.43, n.(5), p:512-5, 2010.
128
TAVARES, J. P. Distúrbios Psíquicos Menores em Enfermeiros Docentes. 2010. -
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.
TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. S.;VILASBÔAS, A. L. SUS, modelos assistenciais e vigilância da
saúde. Informe epidemiológico do SUS, v. 7, n. 2, p. 7-28, 1998.
TIESMAN, H. M.; HENDRICKS, S. A.; BELL, J. L.;AMANDUS, H. A. Eleven years of
occupational mortality in law enforcement: The census of fatal occupational injuries,
1992GÇô2002. American.journal of industrial.medicine, v. 53, n. 9, p. 940-949, 2010.
TSCHIEDEL, R. M. O TRABALHO PRISIONAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE
MENTAL DOS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Clínica) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade do Vale do Rio
dos Sinos. São Leopoldo: 2012.
VASCONCELOS, A. S. F. A Saúde sob Custódia: um estudo sobre Agentes de Segurança
Penitenciária no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Centro de Estudos da
Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana – CESTEH, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro:
2000.
WATSON, R.; STIMPSON, A.;HOSTICK, T. Prison health care: a review of the literature.
International.journal of nursing.studies, v. 41, n. 2, p. 119-128, 2004.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global tuberculosis control: WHO report 2010. World
Health Organization, 2011. ISBN 9241564067.
______. Directrices macro para afrontar la violencia laboral en el setor de la salud.
Organizacion Mundial da la Salud. Genevra: 2002.
CEP:
60.430-270
129
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa: “Inquérito nacional de saúde na população penitenciária e de servidores prisionais do
Brasil”. Pesquisador responsável: Prof. Dr. Roberto da Justa Pires Neto.
Os Ministérios da Saúde e da Justiça, através da Universidade Federal do Ceará, visando estimar
a ocorrência de hipertensão arterial (pressão alta), diabetes, alterações de colesterol e triglicérides
(gordura no sangue), obesidade, desnutrição, anemia, asma, sífilis, infecção por HIV, hepatite B, hepatite
C, tuberculose e hanseníase, na população penitenciária no Brasil, está executando uma pesquisa. Os
resultados desta pesquisa poderão contribuir para a elaboração de ações que visem à melhoria no seu
atendimento e de outras pessoas no que diz respeito à sua saúde.
Para a realização desta pesquisa é necessária à retirada de pequena quantidade de seu sangue.
Uma ou mais coletas posteriores podem ser solicitadas a você, mas a autorização para uma única coleta
agora não o obriga a aceitar coletas posteriores. Caso as informações obtidas por esta pesquisa possam
beneficiá-la, elas serão prontamente repassadas à unidade onde você está sendo acompanhada e estará a
sua disposição e de sua equipe de saúde. Você não tem obrigação alguma de contribuir para este ou
outro estudo e, se decidir não participar, seus direitos à assistência médica e tratamento não serão
afetados.
Se você concordar em participar desta pesquisa, acontecerá o seguinte:
Um pesquisador fará uma rápida entrevista e preencherá um Formulário no qual deverá constar seu
nome, dados de identificação, entre outras informações. Todas essas informações serão anotadas de
forma confidencial. Mesmo participando do estudo você poderá se recusar a fornecer qualquer
informação solicitada. O resultado desta pesquisa, se divulgado, irá garantir o total anonimato das
participantes e o caráter confidencial das informações.
Você terá que responder um questionário com questões sobre sua saúde e sobre doenças que
você tem ou já teve, além de hábitos de vida.
Será retirado cerca de 50 ml de sangue de seu braço. Como em qualquer coleta de sangue, costuma
haver desconforto local (picada da agulha) e risco de formação de hematoma leve. Todas as medidas
serão tomadas para que isso não ocorra.
Você passará por um exame físico com um médico e uma avaliação com um enfermeiro. O enfermeiro
irá tirar algumas medidas, como seu peso e altura.
Eu_______________________________________________, tendo sido devidamente
esclarecida sobre as condições que constam do documento “ESCLARECIMENTOS AO SUJEITO DA
PESQUISA”, de que trata o Projeto de Pesquisa intitulado “Inquérito nacional de saúde na população
penitenciária e de servidores prisionais – componente doenças transmissíveis e não
transmissíveis”, que tem como pesquisador responsável o Dr. Roberto da Justa Pires Neto,
especialmente no que diz respeito ao objetivo da pesquisa, aos procedimentos a que serei submetida, aos
riscos e aos benefícios, declaro que tenho pleno conhecimento dos direitos e das condições que me
foram assegurados, a seguir relacionados:
A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida a respeito
dos procedimentos, riscos, benefícios e de outras situações relacionadas com a pesquisa.
A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a qualquer
momento, sem que isso traga prejuízo à continuidade do meu tratamento. A segurança de que não serei
identificada e que será mantido o caráter confidencial da informação relacionada à minha privacidade.
O compromisso de que me será prestada informação atualizada durante o estudo, ainda que esta
possa afetar a minha vontade de continuar dele participando.
CEP:
60.430-270
130
O compromisso de que serei devidamente acompanhada e assistida durante todo o período de
minha participação no projeto, bem como de que será garantida a continuidade do meu tratamento, após
a conclusão dos trabalhos da pesquisa.
Declaro, ainda, que concordo inteiramente com as condições que me foram apresentadas e que,
livremente, manifesto minha vontade de participar do referido projeto.
Nome:___________________________________________Assinatura:_________________________
____________
Cidade:__________________________________________Data:______________________________
____________
Eu, Roberto da Justa Pires Neto, coordenador da pesquisa, responsabilizo-me pelo cumprimento das
condições aqui expostas.
Assinatura:___________________________________________ Data:_______
( ) Concordo em responder os questionários ( ) Concordo em realizar o teste rápido para sífilis
( ) Concordo em realizar os exames clínicos ( ) Concordo em realizar o teste rápido para
hepatite B
( ) Concordo em realizar o teste rápido para
HIV
( ) Concordo em realizar o teste rápido para
hepatite C
CEP:
60.430-270
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Avaliação das condições de saúde na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais
Pesquisador: Roberto da Justa
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 09471512.6.0000.5054
Instituição Proponente: Departamento de Saúde Comunitária
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 188.211
Data da Relatoria: 31/01/2013
Apresentação do Projeto:
Estudo observacional, transversal, do tipo descritivo, de abrangência nacional financiado pelo
Ministério da Saúde, Fundo Nacional de Saúde. Esta pesquisa será realizada com indivíduos do
sexo feminino privados de liberdade e servidoras prisionais no Sistema Penitenciário brasileiro.
Para as presidiárias foram traçados os seguintes critérios de inclusão: cumprir pena há pelo menos
1 ano em regime fechado ou semi-aberto e cumprir pena em penitenciária com serviço de saúde
(setor de saúde e equipe de saúde). Como critérios de exclusão foram estabelecidos: presidiárias
não acessíveis por qualquer motivo; impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de
pesquisadores; cumprir pena há menos de 1 ano; cumprir pena em regime aberto; Cumprir pena
em penitenciária sem serviço de saúde (setor de saúde e equipe de saúde); estrangeira e não
possuindo domínio da língua portuguesa. Para as servidoras prisionais foram estabelecidos os
critérios de inclusão: serem agentes prisionais e atuar em penitenciárias há pelo menos 2 anos e
em contato direto e frequente com presidiárias. Como critérios de exclusão, foram estabelecidos:
não estarem acessíveis por qualquer motivo; impossibilitadas de serem atendidos pela equipe de
pesquisadores; atuar em penitenciárias há menos de 2 anos; sem contato direto e frequente com
presidiárias. Serão realizadas medidas de tendência central e dispersão, testes de associação e
análises de regressão. O valor-p predeterminado será de 0,05. O estudo trabalhará com
amostragem probabilística realizada em dois estágios: amostragem por conglomerados e
amostragem aleatória simples ou sistemática. Amostragem por conglomerado será utilizada
nicialmente para a escolha aleatória das unidades penitenciárias de cada estado. Amostragem
aleatória simples ou amostragem sistemática será empregada em cada unidade penitenciária, tendo
por base uma listagem das mulheres privadas de liberdade e de servidoras prisionais
existentes em um determinado momento. No estudo das representações sociais será utilizada
CEP:
60.430-270
amostra de conveniência. Para a amostra, foram considerados dois estados de cada uma das 5
regiões do país. Foi definido a seleção dos estados com maior população penitenciária conforme
dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias. Ficou estabelecido também a
inclusão de presídios com 75 ou mais residentes. Com base nestes critérios, ficaram selecionados
os seguintes estados para comporem a amostragem do estudo: Pará, Rondônia, Ceará,
Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina. Serão avaliadas 2.518 detentas e 482 agentes penitenciários. Será utilizado teste
para determinação de anti-HIV, imunoenzimático, 4ª geração, para detecção qualitativa
simultânea de anticorpos contra o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 e tipo 2 (HIV-1/HIV-
2). Será utilizado teste imunoenzimático direto, do tipo ¿sanduíche¿, para detecção qualitativa do
antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBsAg) em amostras de soro e plasma humano.
Será empregado teste imunoenzimático para detecção qualitativa de anticorpos anti-HBc total e
anti-HCV em amostras de soro ou plasma. Será utilizado kit para determinação de anticorpos no
soro ou plasma para determinação da sífilis. Hanseníase será confirmada por pesquisa de BAAR
em linfa de lesão suspeita. Para definição de normotensão arterial, serão aceitas como normais
para indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 85 mmHg de pressão
diastólica e inferiores a 130 mmHg de sistólica. A glicemia será dosada utilizando-se kit para
determinação quantitativa da glicose presente em soro ou plasma, pelo sistema colorimétrico
enzimático. Baixo peso, sobrepeso e obesidade serão definidos a partir do cálculo do Índice de
Massa Corporal (IMC). Colesterol total será dosado utilizando-se kit para determinação
quantitativa de colesterol total presente no soro ou plasma humano, pelo sistema colorimétrico.
Para avaliação do consumo de bebida alcoólica por presidiárias e servidoras prisionais será
utilizado um instrumento desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) O
AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test) tem como finalidade identificar pessoas
com consumo de risco, uso nocivo e dependência de álcool. Este consiste de 10 questões que
avaliam o consumo de álcool nos últimos 12 meses. A avaliação da cárie e doenças da gengivas
será realizada por instrumento específico. Para avaliação da saúde mental, serão usados o
Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Para
conhecer o perfil de consumo de substâncias psicoativas na população penitenciária e de
servidores prisionais, será apresentada aos participantes uma relação das principais substâncias
encontradas no contexto brasileiro (por exemplo, maconha, cocaína, crack, álcool). Na ocasião,
será solicitado que este leia a lista e indique a partir de uma escala de frequência a resposta que
mais identifica o seu padrão de consumo. Esta escala será composta pelos os seguintes valores: 6
= Todos os dias; 5 = Mais de uma vez na semana; 4 = Uma vez na semana; 3 = Uma vez no mês;
2 = Uma vez no ano; 1 = Uma vez na vida. Com o objetivo de levantar as representações
sociais dos participantes pretende-se selecionar, probabilisticamente, da amostra total de
participantes do estudo, uma sub-amostra sistemática. Para tanto, ter-se-á em conta o intervalo de
CEP:
60.430-270
confiança de 95% e o nível de significância de 0,05. A apreensão das Representações Sociais se
dará por meio de um questionário, envolvendo questões abertas sobre os temas de interesse: Aids,
Sífilis, Tuberculose, Hipertensão, Hanseníase, Uso Drogas; e Direito à Saúde. As perguntas serão
respondidas de forma individual, podendo, em função da viabilidade, ser gravadas e depois
transcritas para um editor de texto. O conteúdo da fala dos participantes (respostas abertas às
perguntas do questionário) será estudado por meio da análise de conteúdo. Segundo os autores,
será adotada a tecnologia de auto-entrevista assistida por computador (audio computer-
assisted selfinterviewing ACASI).
Objetivo da Pesquisa:
Gerais:
- Avaliar as condições de saúde, no que diz respeito às doenças transmissíveis e não
transmissíveis mais prevalentes na população de mulheres privadas de liberdade e servidoras
prisionais nas penitenciárias, presídios, cadeias e similares;
- Subsidiar a implantação e implementação do Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário, bem como contribuir para o controle e redução dos agravos mais frequentes à saúde
desses segmentos sociais.
Específicos:
- Estimar a prevalência dos seguintes agravos de natureza transmissível: HIV, hepatite B e C,
sífilis, tuberculose, hanseníase e outras dermatoses (escabiose, micoses e impetigo) na população
penitenciária feminina e de servidoras prisionais;
- Estimar a prevalência das seguintes doenças crônicas não transmissíveis: hipertensão arterial,
diabetes e asma na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais;
- Estimar a prevalência de transtornos mentais maiores na população penitenciária feminina e de
servidoras prisionais (exceto hospitais de custódia);
- Conhecer o perfil de consumo de substâncias psicoativas na população penitenciária feminina e
de servidoras prisionais;
- Estimar a prevalência de cárie dentária e das doenças da gengiva na população penitenciária
feminina e de servidoras prisionais;
- Estimar a prevalência de obesidade, sobrepeso, baixo peso e anemia na população penitenciária
feminina e de servidoras prisionais;
- Avaliar as condições da saúde reprodutiva na população penitenciária feminina;
- Analisar as percepções sobre os principais fatores e práticas de risco para aids, sífilis,
tuberculose, hipertensão, hanseníase e uso de substâncias psicoativas na população
penitenciária feminina e de servidoras prisionais;
- Compreender as percepções e conhecimentos sobre as práticas de prevenção para aids, sífilis,
tuberculose, hipertensão, hanseníase e uso de substâncias psicoativas na população penitenciária
CEP:
60.430-270
feminina e de servidoras prisionais;
- Compreender as percepções e conhecimentos sobre as práticas de prevenção para a saúde
reprodutiva;
- Analisar as representações sociais para aids, sífilis, tuberculose, hipertensão, anseníase e uso de
substâncias psicoativas na população penitenciária feminina e de servidoras prisionais;
- Analisar as representações sociais do direito à saúde na população penitenciária feminina e
servidoras prisionais;
- Estimar a prevalência de violência sofrida nas diferentes fases da vida na população
penitenciária feminina.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
O projeto apresenta riscos físicos e psicológicos. Entre os riscos físicos apontam-se aqueles associados a coleta de material biológico. Entre os riscos psicológicos estão aqueles associados às
descompensações psicológicas devido a reflexão de seu estado atual.
Entre os benefícios estão a determinação do perfil das condições de saúde da população
penitenciária feminina e de servidoras prisionais, segundo as macro-regiões, as populações
masculina e feminina e as particularidades institucionais.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Pesquisa relevante para a área de saúde coletiva. Estudo com coerência entre objetivos
apresentados e metodologia elaborada
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Foram apresentados todos os documentos obrigatórios.
Recomendações:
Sem mais recomendações
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Aprovado
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
FORTALEZA, 23 de Janeiro de 2013
Assinador por:
FERNANDO ANTONIO FROTA BEZERRA
(Coordenador)
CEP:
60.430-270
135
ANEXO B – QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO
Manual Operacional para Coleta de
Dados da População Penitenciária
Feminina e de Servidoras Prisionais
INQUÉRITO NACIONAL
DE SAÚDE NA
POPULAÇÃO
PENITENCIÁRIA
FEMININA E DE
SERVIDORAS PRISIONAIS
CEP:
60.430-270
136
CONTEÚDO
A. Componente - Recrutamento, TCLE e Critérios de Inclusão ................................. 132
Sub-componente: Critérios de inclusão (A1) ................................................... 132
Sub-componente: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (A2) ............ 132
B. Componente - Dados Demográficos .......................................................................... 133
E. Componente- Transtornos Mentais (SRQ) .............................................................. 135
F. Componente – Tabaco, álcool e outras drogas ............................................................. 136
Sub-componente: Tabagismo (F1) .................................................................. 136
Sub-componente: Consumo de Álcool(AUDIT) – Servidoras prisionais (F2) . 137
Sub-componente: Outras drogas (F3) .............................................................. 139
G. Componente – Trabalho e relações com as presidiárias ......................................... 144
H. Componente - Violência ............................................................................................. 145
Sub-componente: Violência ANTES de trabalhar na prisão ............................ 145
Sub-componente: Violência DEPOIS de trabalhar na prisão ........................... 151
CEP:
60.430-270
137
ID Sujeito Pesquisa
Confirmação ID Sujeito Pesquisa
A. Componente - Recrutamento, TCLE e Critérios de Inclusão
A.1. Data do Recrutamento (dd/mm/aaaa)
A.2. Data do Nascimento (dd/mm/aaaa)
A.3. Data de Ingresso no trabalho de Sistema Prisional (mm/aaaa)
Sub-componente: Critérios de inclusão (A1)
A1.1. Qual sua cor ou raça?
1. Preta
2. Parda
3. Branca
4. Amarela
5. Indígena
6. Outro
7. Não sei ou Não quero responder
A1.2. Qual o seu grau de instrução?
1. Analfabeto
2. 1ª a 3ª série do ensino fundamental
3. 4ª a 7ª série do ensino fundamental
4. Ensino fundamental completo (terminou a 8ª ou 9ª série)
5. 1º ou 2º ano do ensino médio
6. Ensino médio completo (terminou 3º ano colegial ou 3º científico)
7. Superior incompleto
8. Superior completo
9. Outro __________________________________________________________
10. Não sei ou Não quero responder
A1.3. Em qual cidade e estado você nasceu?
Cidade: ____________________
Estado: ____________________
Sub-componente: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (A2)
A2.1. TCLE. 1 Critérios de Inclusão
1. Agentes prisionais
2. Atuando há prelo menos 12 meses em contato direto com as mulheres presidiárias
A2.2. TCLE. 2 Critérios de exclusão
1. Não acessíveis por qualquer motivo
2. Impossibilitadas de serem atendidas pela equipe de pesquisadores
A2.3. TCLE. 3 Declarou que compreendeu as informações apresentadas no TCLE e deu consentimento
para participação no estudo?
1. Não
2. Sim
A2.4. TCLE. 4 Declarou concordar que amostras de sangue sejam coletadas para diagnóstico das doenças
em estudo?
1. Não
2. Sim
CEP:
60.430-270
138
A2.5. TCLE. 5 Declarou concordar que o exame clínico seja realizado?
1. Não
2. Sim
B. Componente - Dados Demográficos
B.1. Qual é sua situação conjugal atual?
1. Solteira e sem parceiro ou parceira fixo
2. Possui parceiro fixo
3. Possui parceira fixa
4. Casada ou união estável
5. Separada
6. Desquitada ou divorciada
7. Viúva
8. Outro
9. Não sei ou Não quero responder
B.2. Qual é a sua religião ou crença religiosa?
1. Não tenho religião ou crença
2. Católica
3. Evangélica
4. Espírita
5. Outro
6. Não sei ou Não quero responder
B.3. Qual era a sua ocupação antes de trabalhar no Sistema Prisional?
1. Não trabalhava
2. Alta funcionária do governo, dirigente, gerente ou alta funcionária de empresa
3. Profissional de nível superior
4. Profissional das artes
5. Profissional ou técnica de nível médio
6. Trabalhadora de serviços administrativos
7. Trabalhadora da prestação de serviços e comerciários
8. Trabalhadora de serviços domésticos
9. Trabalhadora agropecuária, florestal de caça e pesca
10. Trabalhadora manual (produção de bens e serviços industriais)
11. Trabalhadora manual da construção civil
12. Trabalhadora manual de reparação e manutenção
13. Membro das forças armadas, policial e bombeiro militar
14. Ocupações mal especificadas do trabalho informal (ambulante, manobrista, guardadora de carro,
etc.)
15. Outro
16. Não sei ou Não quero responder
B.4. Em quais estabelecimentos penais você já trabalhou?(MARQUE QUANTAS OPÇÕES FOREM
VERDADEIRAS)
1. Nunca trabalhei em outro estabelecimento prisional
2. Cadeia Pública
3. Presídios ou Casas de privação provisória
4. Penitenciária
5. Colônia agrícola
6. Casas de albergado ou Albergue
7. Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
8. Outro
9. Não sei ou Não quero responder
CEP:
60.430-270
139
B.5. Está estudando atualmente?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
B.6. Fora você, quantas pessoas moram na sua casa?
1. Mora sozinha
2. Uma
3. Duas
4. Três
5. Quatro
6. Cinco
7. Seis
8. Sete
9. Mais de sete pessoas
10. Não sei ou Não quero responder
B.7. Qual é o grau de instrução de sua mãe?
1. Analfabeta
2. 1ª a 3ª série do ensino fundamental
3. 4ª a 7ª série do ensino fundamental
4. Ensino fundamental completo (terminou a 8ª ou 9ª série)
5. 1º ou 2º ano do ensino médio
6. Ensino médio completo (terminou 3º ano colegial ou 3º científico)
7. Superior incompleto
8. Superior completo
9. Não lembro
10. Outro
11. Não sei ou Não quero responder
B.8. Hoje você é a principal fonte de renda de sua família?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
B.9. Qual a sua renda mensal?
1. Sem rendimento
2. Até 1 salário mínimo (R$ 678)
3. Mais de 1 a 2 salários mínimos (R$ 679 a R$ 1356)
4. Mais de 2 a 3 salários mínimos (De R$ 1357 a R$ 2034)
5. Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390)
6. Mais de 5 a 10 (R$ 3391a R$ 6780)
7. Mais de 10 a 20 (R$ 6789 a R$ 13560)
8. Acima 20 salários mínimos (R$ 13561 ou mais)
9. Não sei ou Não quero responder
B.10. Qual a renda mensal de sua família?
1. Sem rendimento
2. Até 1 salário mínimo (R$ 678)
3. Mais de 1 a 2 salários mínimos (R$ 679 a R$ 1356)
4. Mais de 2 a 3 salários mínimos (De R$ 1357 a R$ 2034)
5. Mais de 3 a 5 (R$ 2035 a R$ 3390)
6. Mais de 5 a 10 (R$ 3391a R$ 6780)
7. Mais de 10 a 20 (R$ 6789 a R$ 13560)
8. Acima 20 salários mínimos (R$ 13561 ou mais)
9. Não sei ou Não quero responder
CEP:
60.430-270
140
B.11. Você possui plano de saúde?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
F. Componente - Transtornos Mentais (SRQ)
K.1. Tem dores de cabeça frequentes?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.2. Tem falta de apetite?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.3. Dorme mal?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.4. Assusta-se com facilidade?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.5. Tem tremores de mão?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.6. Sente-se nervosa, tensa ou preocupada?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.7. Tem má digestão?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.8. Tem dificuldade para pensar com clareza?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.9. Tem se sentido triste ultimamente?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.10. Tem chorado mais do que de costume?
1. Não
2. Sim
CEP:
60.430-270
141
3. Não sei ou Não quero responder
K.11. Encontra dificuldades para realizar com satisfação suas Atividades diárias?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.12. Tem dificuldades para tomar decisões?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.13. Tem dificuldades no serviço (seu trabalho é penoso, causa sofrimento)?
1. Não trabalho
2. Não
3. Sim
4. Não sei ou Não quero responder
K.14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.15. Tem perdido o interesse pelas coisas?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.16. Sente-se uma pessoa inútil, sem préstimo?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.17. Tem tido idéias de acabar com a vida
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.18. Sente-se cansada o tempo todo?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.19. Tem sensações desagradáveis no estômago?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
K.20. Cansa-se com facilidade?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
L. Componente – Tabaco, álcool e outras drogas
Sub-componente: Tabagismo (L1)
CEP:
60.430-270
142
L1.1. Você fuma ou fumou cigarros?
1. Não (PULE PARA SUBCOMPONENTE L2.)
2. Sim (PULE PARA L1. 3)
3. Sim, mas parei de fumar
4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA SUBCOMPONENTE L2.)
L1.2. Quantos cigarros você fumava por dia? (APÓS RESPONDER, PULE PARA
SUBCOMPONENTE L2.)
_______________ CIGARROS
1. Não sei
2. Não quero responder
L1.3. Quantos cigarros você fuma por dia?
1. Menos de 10
2. De 11 a 20
3. De 21 a 30
4. Mais de 31
5. Não sei ou Não quero responder
L1.4. Você fuma mais frequentemente pela manhã?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
L1.5. Quanto tempo após acordar você fuma seu primeiro cigarro?
1. Dentro de 5 minutos
2. Entre 6 e 30 minutos
3. Entre 31 e 60 minutos
4. Após 60 minutos
L1.6. Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação?
1. O primeiro da manhã
2. Outro
3. Não sei ou Não quero responder
L1.7. Você acha difícil não fumar em lugares proibidos como igrejas, bibliotecas, etc.?
1. Não
2. Sim
L1.8. Você fuma mesmo doente, quando precisa ficar de cama a maior parte do tempo?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
L1.9. Alguma das pessoas que moram com você costuma fumar dentro de casa?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
Sub-componente: Consumo de Álcool (AUDIT) – Servidoras prisionais (L2)
L2.1. Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome bebidas alcoólicas (bebida
alcoólica)?
1. Nunca bebi (PULE PARA SUB-COMPONENTE L3)
2. Uma vez por mês ou menos
3. 2 a 4 vezes por mês
4. 2 a 3 vezes por semana
CEP:
60.430-270
143
5. 4 ou mais vezes por semana
L2.2. Quantas doses de bebida alcoólica você consome em um dia normal?
1. 0 ou 1
2. 2 ou 3
3. 4 ou 5
4. 6 ou 7
5. 08 ou mais
L2.3. Com que frequência (quantas vezes por semana) você consome cinco ou mais doses em uma única
ocasião?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
L2.4. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você achou que não conseguiria parar de beber,
uma vez tendo começado?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
L2.5. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você não conseguiu fazer tarefas ou atividades que
você normalmente faz por causa da bebida alcoólica?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
L2.6. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você precisou de uma dose de bebida alcoólica
pela manhã para poder se sentir bem ao longo do dia após ter bebido bastante no dia anterior?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
L2.7. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você se sentiu culpado ou com remorso após ter
consumido bebida alcoólica?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
L2.8. Quantas vezes ao longo dos últimos doze meses você foi incapaz de se lembrar do que aconteceu
na noite anterior porque você estava consumindo bebida alcoólica?
1. Nunca
2. Menos de uma vez por mês
3. Uma vez por mês
4. Uma vez por semana
5. Diariamente ou quase todo dia
CEP:
60.430-270
144
L2.9. Você já causou ferimentos ou prejuízos a você mesmo ou a outra pessoa após ter bebido?
1. Não
2. Sim, mas não no ultimo ano (últimos 12 meses)
3. Sim, durante o ultimo ano (últimos 12 meses)
L2.10. Alguém ou algum parente, amigo ou médico, já se preocupou com o fato de você beber ou sugeriu
que você parasse?
1. Não
2. Sim, mas não no ultimo ano (últimos 12 meses)
3. Sim, durante o ultimo ano (últimos 12 meses)
Sub-componente: Outras drogas (L3)
L3.1. Você usa ou usou Maconha ou haxixe?
1. Não (PULE PARA L3. 4)
2. Sim (PULE PARA L3. 3)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 4)
L3.2. Com que frequência você usava Maconha ou haxixe antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 4
L3.3. Com que frequência você usa Maconha ou haxixe atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.4. Você usa ou usou Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz)?
1. Não (PULE PARA L3. 7)
2. Sim (PULE PARA L3. 6)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 7)
L3.5. Com que frequência você usava Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz) antes de você trabalhar na
prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 7
L3.6. Com que frequência você usa Cocaína cheirada(aspirada pelo nariz) atualmente?
CEP:
60.430-270
145
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.7. Você usa ou usou Cocaína injetável?
1. Não (PULE PARA L3. 10)
2. Sim (PULE PARA L3. 9)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 9)
4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA L3. 10)
L3.8. Com que frequência você usava Cocaína injetável antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 10
L3.9. Com que frequência você usa Cocaína injetável antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.10. Você usa ou usou Ecstasy?
1. Não (PULE PARA L3. 13)
2. Sim (PULE PARA L3. 12)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 12)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 13)
L3.11. Com que frequência você usava Ecstasy antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 13
L3.12. Com que frequência você usa Ecstasy atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
CEP:
60.430-270
146
7. Todos os dias
L3.13. Você usa ou usou LSD?
1. Não (PULE PARA L3. 16)
2. Sim (PULE PARA L3. 15)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 15)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 16)
L3.14. Com que frequência você usava LSD antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 16
L3.15. Com que frequência você usa LSD atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.16. Você usa ou usou merla ou oxi?
1. Não (PULE PARA L3. 19)
2. Sim (PULE PARA L3. 18)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 18)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 19)
L3.17. Com que frequência você usava merla ou oxi antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 19
L3.18. Com que frequência você usa merla ou oxi atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.19. Você usa ou usou Crack?
1. Não (PULE PARA L3. 22)
2. Sim (PULE PARA L3. 21)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 21)
CEP:
60.430-270
147
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 22)
L3.20. Com que frequência você usava Crack antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 22
L3.21. Com que frequência você usa Crack atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.22. Você usa ou usou substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.)?
1. Não (PULE PARA L3. 25)
2. Sim (PULE PARA L3. 24)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 24)
4. Não sei ou Não quero responder (PULE PARA L3. 25)
L3.23. Com que frequência você usava substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.). Antes de você
trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 25
L3.24. Com que frequência você usa substancias inalantes (loló, lança-perfume, etc.) atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.25. Você usa ou usou substancias inalantes (thinner e cola)?
1. Não (PULE PARA L3. 28)
2. Sim (PULE PARA L3. 27)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 27)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 28)
L3.26. Com que frequência você usava substancias inalantes (thinner e cola)antes de você trabalhar na
prisão?
1. Nunca
CEP:
60.430-270
148
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 28
L3.27. Com que frequência você usa substancias inalantes (thinner e cola) atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.28. Você usa ou usou benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou dormonid?
1. Não (PULE PARA L3. 31)
2. Sim (PULE PARA L3. 30)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 30)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA L3. 31)
L3.29. Com que frequência você usava medicamentos benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou
dormonid antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA L3. 31
L3.30. Com que frequência você usa medicamentos benzodiazepínicos como o Roypnol, valium ou
dormonid atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
L3.31. Você usa ou usou algum medicamento calmante?
1. Não (PULE PARA COMPONENTE M)
2. Sim (PULE PARA L3. 33)
3. Sim, mas parei antes de começar a trabalhar na prisão (PULE PARA L3. 33)
4. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA COMPONENTE M)
L3.32. Com que frequência você usava medicamento calmante antes de você trabalhar na prisão?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
CEP:
60.430-270
149
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
DEPOIS DE RESPONDER PULE PARA COMPONENTE M
L3.33. Com que frequência você usa medicamento calmante atualmente?
1. Nunca
2. Uma vez na vida
3. Uma vez no ano
4. Uma vez no mês
5. Uma vez por semana
6. Mais de uma vez por semana
7. Todos os dias
M. Componente – Trabalho e relações com as presidiárias
M.1. Você participou de alguma formação especifica para agentes prisionais antes, durante ou após
iniciar o seu trabalho na prisão?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
M.2. Quais dos temas abaixo você considera ter conhecimentos suficientes para sua pratica profissional
na prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Segurança
2. Doenças infecciosas
3. Doenças crônicas
4. Saúde mental
5. Saúde reprodutiva
6. Drogas lícitas (álcool e tabaco)
7. Drogas ilícitas (maconha, merla, crack, etc.)
8. Não sei ou Não quero responder
M.3. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença crônica como diabetes, hipertensão
arterial, etc.?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
M.4. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença infecciosa como tuberculose, hepatites,
aids, etc.?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
M.5. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem doença algum sintoma de DST (ferida,
corrimento, verrugas)?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
CEP:
60.430-270
150
M.6. Qual sua atitude ao descobrir que uma presa tem transtorno mental como depressão, choro fácil,
irritabilidade, etc.?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
M.7. Qual sua atitude ao detectar que uma presa que era usuária de droga ilícita (maconha, crack, merla,
etc.) está em crise de abstinência?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
M.8. Qual sua atitude ao detectar que uma presa que era usuária de droga lícita (álcool) está em crise de
abstinência?
1. Informa ao responsável do setor de segurança, pois ele deverá dar os encaminhamentos
2. Informa ao responsável pelo setor saúde, pois ele deverá dar os encaminhamentos
3. Informa e monitora os encaminhamentos dados à presa
4. Não faz nada
5. Não sei ou Não quero responder
M.9. Você considera seu trabalho na prisão como um trabalho estressante?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
M.10. Você considera seu trabalho na prisão como um trabalho de risco?
1. Não
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder
N. Componente - Violência
Sub-componente: Violência ANTES de trabalhar na prisão
N.1. Alguém já ficou com seu dinheiro, bens materiais ou objetos pessoais sem sua permissão?
9. Não (PULE PARA N5)
10. Sim
11. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N5)
N.2. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
CEP:
60.430-270
151
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.3. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE
UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.4. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.5. Você já sofreu algum dano moral, ou seja, alguém já acusou você injustamente ter cometido algum
delito ou alguém lhe acusou de ter tido atitudes que consideram vergonhosas?
1. Não (PULE PARA N9)
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N9)
N.6. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE
UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.7. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE
UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Entre 0 e 9 anos
CEP:
60.430-270
152
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.8. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.9. Você já sofreu alguma violência psicológica, ou seja, já foi ameaçada, humilhada, chantageada,
perseguida, ridicularizada, impedida de ver algum familiar ou prenderam você em casa?
1. Não (PULE PARA N13)
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N13)
N.10. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.11. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE
UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.12. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
CEP:
60.430-270
153
N.13. Alguém já lhe deu tapas, empurrou, beliscou ou puxou os seus cabelos para machucar?
1. Não (PULE PARA N17)
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N17)
N.14. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.15. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se
necessário.
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.16. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.17. Alguém já esbofeteou, espancou, queimou ou tentou enforcar você?
1. Não (PULE PARA N21)
2. Sim
3. Não sei ou Não quero responder(PULE PARA N21)
N.18. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
CEP:
60.430-270
154
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
1. Não sabe/Não quer responder
N.19. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se
necessário.
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.20. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.21. Alguém já feriu você com faca, outro objeto perfuro-cortante (estilete, caco de vidro, etc.) revólver
ou outra arma de fogo para lhe machucar, além de outros objetos que causaram ferimento?
1. Sim, com faca ou outro objeto cortante
2. Sim, revólver ou outra com arma de fogo
3. Sim, com outros objetos que causaram ferimento
4. Não(PULE PARA N25)
5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N25)
N.22. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
CEP:
60.430-270
155
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto(s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.23. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? Você pode marcar mais de uma opção se
necessário.
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
6. Não sabe/Não quer responder
N.24. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.25. Alguém já tentou manter relações sexuais com você ou forçou qualquer outra conduta que
considere de cunho sexual sem a sua permissão?
1. Não (PULE PARA N29)
2. Sim
3. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N29)
N.26. Se sim, quem ou quais pessoas fizeram isso com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA
OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Pai
2. Outra pessoa da família
3. Mãe
4. Amigo ou Colega
5. Companheiro, namorado, ex- Companheiro, ex-namorado
6. Algum conhecido da família
7. Filho (s)
8. Alguém na escola e/ou na creche
9. Padrasto
10. Alguém no Abrigo e/ou Instituição
11. Madrasta
12. Estranhos
13. Irmão ou Irmã
14. Alguém no trabalho
15. Tio(s) ou Tia(s)
16. Policiais na rua
17. Avô ou Avó
18. Outros
19. Neto (s)
20. Não sabe/Não quer responder
N.27. Quantos anos você tinha quando fizeram isso com você? V?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE
UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Entre 0 e 9 anos
2. Entre 10 e 19 anos
3. Entre 20 e 24 anos
4. Entre 25 e 59 anos
5. Com 60 anos ou mais
CEP:
60.430-270
156
6. Não sabe/Não quer responder
N.28. Com qual frequência isso aconteceu? VOCÊ DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.29. Você considera que ficou com algum problema físico (problemas no corpo) e/ou psicológico
(problemas emocionais) por causa de alguma dessas situações que aconteceu antes de você trabalhar na
prisão?
1. Não
2. Sim
3. Não sabe/não quer responder
N.30. Você considera que esse ou esses problemas aconteceram pela falta de condições de fazer algum
tratamento de saúde (tratamento físico ou psicológico)?
1. Não
2. Sim
3. Não sabe/Não quer responder
Sub-componente: Violência DEPOIS de trabalhar na prisão
AS PERGUNTAS A SEGUIR, DIZEM RESPEITO AO QUE VOCÊ POSSA TER
PRESENCIADO OU TER TIDO CONHECIMENTO DENTRO DA PRISÃO ATUAL OU EM OUTRA
PRISÃO QUE VOCÊ POSSA TER PASSADO.
N.31. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega
que teve o dinheiro, bens materiais ou objetos pessoais retirados sem a permissão? E isso já aconteceu
com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN34)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN34)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N34)
N.32. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.33. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? Você deve
somente UMA opção.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.34. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega
que sofreu violência moral, ou seja, foi acusada injustamente de ter cometido algum delito ou mesmo
CEP:
60.430-270
157
tenha sido acusada de atitudes que consideram vergonhosas? E isso já aconteceu com você? (VOCÊ
PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARA N37)
2. Não, nunca aconteceu comigo(PULE PARA N37)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer responder (PULE PARA N37)
N.35. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.36. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.37. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega
que sofreu violência psicológica, ou seja, foi ameaçada, humilhada, chantageada, perseguida ou
ridicularizada? E isso já aconteceu com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE
NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN40)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN40)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer (PULE PARAN40)
N.38. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.39. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOC DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
CEP:
60.430-270
158
N.40. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma colega
que já levou um tapa no rosto, empurrões, beliscões ou puxões de cabelos de propósito? E isso já
aconteceu com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN43)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN43)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARAN43)
N.41. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.42. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.43. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou você soube de alguma que
colega foi esbofeteada, espancada, queimada ou sofreu tentativa de enforcamento? E isso já aconteceu
com você? (VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN46)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN46)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N46)
N.44. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.45. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.46. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou, você soube de alguma colega
que foi ferida com faca, outro objeto perfuro-cortante (estilete, caco de vidro, etc.), revólver ou outra
CEP:
60.430-270
159
arma de fogo, além de outros objetos que causaram ferimento (casca de pilha, caneta, etc.) de
propósito? E isso já aconteceu com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE
NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN49)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN49)
3. Sim, com colega: faca ou outro objeto cortante
4. Sim, com colega: revólver ou outra com arma de fogo
5. Sim, com colega: outros objetos que causaram ferimento
6. Sim, comigo: faca ou outro objeto cortante
7. Sim, comigo: revólver ou outra com arma de fogo
8. Sim, comigo: outros objetos que causaram ferimento
9. Não sabe/Não quer responder(PULE PARA N49)
N.47. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.48. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
4. Não sabe/Não quer responder
N.49. Na prisão que você trabalha ou em outra prisão que você trabalhou, você soube de alguma colega
que sofreu assédio sexual, tentativa de manter relações íntimas ou qualquer conduta que você considera
sexual? E isso já aconteceu com você? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE
NECESSÁRIO).
1. Não, nunca soube de alguma colega vítima (PULE PARAN52)
2. Não, nunca aconteceu comigo (PULE PARAN52)
3. Sim, soube de alguma colega vítima.
4. Sim, aconteceu comigo.
5. Não sabe/Não quer responder (PULE PARAN52)
N.50. Se sim, quem ou quais pessoas foram suspeitas de fazer isso com essa colega ou com você dentro
da prisão?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE NECESSÁRIO).
1. Presidiárias/ Detentas
2. Agentes prisionais/carcerárias
3. Policiais
4. Outros funcionários da prisão
5. Visitante
6. Outro
7. Não sabe/Não quer responder
N.51. Com qual frequência fizeram isso com essa colega ou com você dentro da prisão? VOCÊ DEVE
MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Raramente
2. Às vezes
3. Frequentemente
CEP:
60.430-270
160
4. Não sabe/Não quer responder
N.52. Você soube de alguma colega que recebeu de atendimento de saúde por causa de alguma violência
mais grave que aconteceram no ambiente de trabalho? E você recebeu atendimento de saúde por causa
de alguma violência grave dentro da prisão? ?(VOCÊ PODE MARCAR MAIS DE UMA OPÇÃO SE
NECESSÁRIO).
1. Nunca soube de alguém que passou por essas situações (ENCERRA O COMPONENTE)
2. Nunca passei por algumas dessas situações (ENCERRA O COMPONENTE)
3. Sim, a colega recebeu atendimento de saúde
4. Não, a colega não recebeu atendimento de saúde (PULE PARA N54)
5. Sim,eu recebi atendimento de saúde
6. Não, não recebi atendimento de saúde (PULE PARA N54)
7. Não sabe/Não quer (ENCERRA O COMPONENTE)
N.53. Se sim, quem foi a primeira pessoa a atender/socorrer essa colega ou você na prisão? VOCÊ
DEVE MARCAR SOMENTE UMA OPÇÃO.
1. Médico
2. Enfermeiro
3. Auxiliar de enfermagem
4. Psicólogo
5. Dentista
6. Presidiárias/ Detentas
7. Companheira de trabalho
8. Agentes prisionais/ Agente penitenciário
9. Policial
10. Visitante
11. Outro
12. Não sabe/Não quer responder
N.54. Essa colega ficou com alguma sequela física (problemas no corpo) e ou psicológica (problemas
emocionais, pânico, depressão) por causa de alguma dessas situações que aconteceram na prisão atual
ou em prisões anteriores? E você ficou com alguma sequela?
1. Não, eu não fiquei com sequelas (ENCERRA O COMPONENTE)
2. Não, a colega não ficou com sequelas (ENCERRA O COMPONENTE)
3. Sim, a colega ficou com sequelas
4. Sim, eu fiquei com sequelas
5. Não sabe/Não quer (ENCERRA O COMPONENTE)
N.55. Você acha que essa sequela se deu pela falta de algum tratamento de saúde (físico ou psicológico)
dentro da prisão atual ou em prisões anteriores?
1. Não (ENCERRA O COMPONENTE)
2. Sim
3. Não sabe/Não quer responder (ENCERRA O COMPONENTE)